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© 2019 Copyright de Obra Literária

Danyel Reis
Todos os direitos desta publicação são reservados ao Reino de Deus.
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este
material em qualquer formato, desde que informe o autor, não altere
o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Reis, Danyel
Obras Mortas | Doutrina de Cristo - São Paulo
Discipulado Nível 2 | Seminário Bíblico Keryx, 2020.
/ Discipulado Cristão
Índice para catálogo sistemático:

1 . A do u tr i n a d e C ri s t o | 2 . A r r e p e nd i m e n to | 3. O br a s d a c a r -
ne | 4 . P e c a d o s S e xu a i s | 5 . P e c a d o s R e l ig i o so s | 6 . P e c a d o s
R e l a c i o n a i s | 7. P e c a do s co n tr a o t e m p lo | 8 . D e s e n vo l v en do o
f r u to d o e sp í r it o

Número de Registro: 312236091


Timestamp: 2019-09-11 20:18:07 UTC
Registrado por: Danyel Reis
(1981-97-26 / Brasil)
Ano de Conclusão: 2019
Idioma: Português [BR]

:: eDNA da Obra – Identificador Eletrônico ::

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Apresentação

Somos chamados para proclamar o evangelho em


todo mundo, e de certo que podemos fazer isso de
forma natural e sem a necessidade de qualquer tipo
de conhecimento técnico para tal, cremos na total
dependência e inspiração do Espírito Santo para
fazer conhecida a palavra da salvação, porém en-
tendemos que além do chamado a pregar e ganhar
vidas para o Senhor Jesus, também somos chama-
dos a fazer discípulos e isso se dá através do minis-
tério de ensino.

O Seminário Bíblico Keryx foi concebido no cora-


ção de Deus para ser uma ferramenta de ensino na
igreja de Cristo. Tudo começou no Discipulado Ní-
vel 1, com a missão de preparar o novo convertido
para o batismo em águas, por conter assuntos es-
senciais, como a fé e a salvação, recebeu o título de
Primeiros Passos. Porém, não poderia parar por aí,
pois após o batismo, o novo convertido necessita de
um fundamento sólido para perseverar na doutrina
e na fé. Então o Discipulado Nível 2 foi preparado,
com assuntos de profundidade, e uma extensão
muito superior que a do primeiro e recebeu o título
de Lançando o Fundamento.

No decorrer da aplicação do Seminário chegamos


à conclusão que a melhor opção é realizarmos cur-
sos de curta duração para que os seminaristas te-
nham maior flexibilidade para absorver todo o con-
teúdo. Sendo assim, dividimos o Discipulado Nível
2 em seis partes, abordando cada Fundamento da
Doutrina de Cristo de forma individual.

A forma que estruturamos nosso seminário se


deu de maneira que não se tornasse exaustivo, pois
não há leitura maçante ou conceitos complicados,
optamos por elaborar um material de esboço sim-
ples para auxiliar o ministro de discipulado, seja no
individual ou no coletivo. Utilizamos uma metodo-
logia que se baseia no termo grego homi-
lia (ομιλια), que significa: companhia, relação ou
comunhão. Definimos homilia, como um curto dis-
curso doutrinário, caracterizado como uma conver-
sa familiar, que tem por base as escrituras sagra-
das. Foi a partir do termo homilia que surgiu a pa-
lavra homilética (ομοφυλόφιλος), que é uma ferra-
menta teológica, que se ocupa na arte da pregação
da Palavra de Deus e em suas técnicas de exposi-
ção.

Nossos livros são interativos e possui o conceito


de QR Code. Sempre que você encontrar um QR
Code, aponte a câmera do seu smartphone, e caso
ele não leia automaticamente, vá até a Play Store e
baixe qualquer aplicativo leitor de QR CODE para
acessar as ministrações e os questionários.

“Nossa oração é que o Espírito Santo lhe dê a disposição, o


compromisso e a disciplina necessária para mergulhar nessa
longa jornada de ministrações e crescimento espiritual.”

(Pr. Danyel Reis)


Sumário

APRESENTAÇÃO ....................................................................... 4
SOBRE O SEMINÁRIO ................................................................9
SOBRE O AUTOR ....................................................................13
INTRODUÇÃO ........................................................................31
DISCIPULADO NÍVEL 2 ............................................................ 35
PRIMEIRA DOUTRINA DE CRISTO .............................................35
01 - A doutrina de Cristo ................................................ 35
02 - Arrependimento ..................................................... 43
03 - Obras da carne ........................................................ 49
04 - Pecados sexuais ...................................................... 57
05 - Pecados religiosos................................................... 65
06 - Pecados relacionais................................................. 75
07 - Pecados contra o templo ........................................ 83
08 - Desenvolvendo o fruto do espírito ......................... 89
CONTEÚDO EXTRACURRICULAR ............................................. 97
HAMARTIOLOGIA ..................................................................97
O Pecado Original ........................................................... 98
Características do Pecado............................................. 108
Consequências do Pecado............................................. 123
NOTA FINAL ......................................................................... 135
CONTRIBUA COM ESSE MINISTÉRIO ........................................138
Cursos online e E-Books:

https://space.hotmart.com/keryx

Adquira outras obras do autor:

https://bio.uiclap.com/keryx
Seminário Bíblico Keryx

Sobre o seminário

O Seminário Bíblico Keryx foi idealizado em me-


ados de 2016 pelo pastor Danyel Reis, que ao visi-
tar seus esboços de sermões ministrados ao logo de
seu ministério, encontrou um padrão de elaboração,
bem como, uma sequência lógica e progressiva, no
que diz respeito aos assuntos básicos da fé cristã.
Então iniciou sua jornada de ajustes e estrutura-
ções que possibilitaram que o Seminário se tornar
uma realidade.

O termo grego keryx


(κηρυξ), inspirou o nome
do Seminário, pois possui
um significado muito pertinente, significa: Arauto,
um mensageiro investido com autoridade pública,
ou seja, um proclamador público que leva as men-
sagens oficiais dos reis, magistrados, príncipes,
comandantes militares.

Sendo que o trabalho de um arauto consiste em


tornar conhecida a vontade do seu senhor, em
anunciar suas palavras e proclamar suas sentenças

9
Seminário Bíblico Keryx Sobre o seminário

(κηρυγμα kerygma), esse conceito foi de grande


inspiração para que o Seminário fosse não apenas
uma escola bíblica dominical, limitada aos irmãos
da igreja local, mas uma ferramenta para toda a
igreja de Cristo, tornando-se um Ministério Inter-
denominacional.

O arauto, na idade média, era o oficial que fazia


as publicações solenes, anunciava a guerra e pro-
clamava a paz e é esse o objetivo do Seminário Bí-
blico Keryx, formar Arautos, mensageiros do Rei
Jesus, aqueles que transmitem as ordens do Rei do
Universo.

Os cursos oferecidos pelo Seminário Bíblico


Keryx não são reconhecidos pelo MEC (Ministério
da Educação), pois o MEC somente reconhece cur-
sos de graduação e pós-graduação. Nossos cursos
são ministrados conforme decreto federal nº 5.154,
de 23 de julho de 2004, onde os cursos chamados
"livres" não necessitam de prévia autorização para
funcionamento nem reconhecimento de nenhum
órgão educacional para serem ministrados.

10
Seminário Bíblico Keryx Sobre o seminário

Com os avanços tecnológicos que no século XXI


estão cada vez mais presentes no dia a dia da soci-
edade e também da igreja, o Seminário Bíblico
Keryx, além de ministrar cursos presenciais, aderiu
ao conceito de ensino à distância (conhecido como
EAD), que é uma nova alternativa de ensino para
que os irmãos possam adquirir conhecimento bíbli-
co e crescer na Palavra de Deus em sua própria
disponibilidade, e estudar quando quiser.

Estamos no Hotmart que é uma plataforma web


onde são publicados nossos cursos, bem como e-
books que irão abençoar muito sua vida.

11
Seminário Bíblico Keryx Sobre o seminário

Conheça mais sobre nosso seminário:

https://seminario2.webnode.com/

12
Seminário Bíblico Keryx

Sobre o autor

Foi relatado no primeiro livro do Seminário Bí-


blico Keryx (Primeiros Passos) o testemunho de
conversão do autor, e pudemos constatar que ver-
dadeiramente aquele dia foi um divisor de águas
em sua vida, uma conversão relâmpago, ele sim-
plesmente estava andando na rua, quando entrou
em uma igreja e aceitou Jesus como seu único e
suficiente Salvador. Ele não teve a oportunidade de
ser evangelizado, discipulado ou de receber qual-
quer tipo de estudo doutrinário, mas como Deus
estava escrevendo uma nova história em sua vida,
ele não pensou duas vezes, quinze minutos após
fazer a oração do pecador, decidiu descer também
às águas do batismo.
Acesse o QR CODE para
assistir o testemunho
É lindo ver o trabalhar de Deus, quando Ele tem
um plano na vida de alguém, vemos as fortalezas
caírem diante de sua vontade. Deus não invalida o
livre arbítrio do homem, mas o próprio Senhor Je-
sus disse que não fomos nós que o escolhemos, mas
foi Ele que nos escolheu.

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Discipulado Nível 2 Sobre o autor

(João 15-16) - Não me escolhestes vós a mim, mas


Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e
deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que
tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai Ele vos
conceda.
E foi assim, uma conversão legítima, marcada
por transformação e libertação. Era um tanque ba-
tismal muito simples, que até parecia uma banhei-
ra, mas quando ele saiu daquela água, o homem de
Deus olhou dentro de seus olhos e disse: "Seja bem-
vindo", dando-lhe um abraço apertado, mesmo que
isso iria molhar toda a sua roupa, a alegria fluía
naquele simples gesto que demonstrava sinceridade
e amor.

Meio atordoado, por não compreender muito bem


o que estava acontecendo, ele dirigiu-se ao banheiro
da igreja, para tirar as roupas molhadas, quando se
deu conta que havia um isqueiro no bolso de sua
bermuda (ele havia saído de casa para comprar
seus cigarros antes de entrar na igreja), mas algo
extraordinário havia acontecido, quando ele olhou
para aquele isqueiro, aquilo não parecia mais fazer

14
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

parte de sua vida, e com muita naturalidade lan-


çou-o no sexto de lixo.

Ninguém daquela igreja havia dito nada sobre o


que ele deveria fazer agora que era crente, não lhe
foi apresentado nenhuma lista de pecados que de-
veriam ser abandonados, no entanto, o próprio Es-
pírito Santo havia chegado para ficar, e estava
mostrando que agora ele era uma nova criatura.

[Disse Jesus]: Todavia, digo-vos a verdade: que


vos convém que Eu vá, porque, se Eu não for, o
Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, o en-
viarei. E, quando Ele vier, convencerá o mundo
do pecado, e da justiça, e do juízo.
(João 16.7-8)

Ao chegar em casa, depois de uma experiência


tão intensa e inesperada, o Danyel abriu a porta da
geladeira do apartamento e contemplou várias la-
tas de cerveja e algumas garrafas de vodka. Não
que ele fosse um alcoólatra, mas o álcool sempre fez

15
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

parte de sua vida, pois começou beber ainda jovem.


Aquela mesma naturalidade que o fez jogar o is-
queiro fora, voltou à tona, e sem raciocinar muito,
ele derramou todo aquele álcool no ralo da pia, era
como se o velho Danyel estivesse indo embora com
aquela bebida e o novo Danyel acabara de surgir.

Assim que, se alguém está em Cristo, nova cria-


tura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo
se fez novo. (2 Coríntios 5.17)

O fundamento estava sendo lançado. As bases


que sustentariam uma nova construção estavam
sendo postas. Um novo homem acabara de nascer e
um novo e vivo caminho estava diante dele.

Alguns pregam o evangelho do “mar de rosas”,


anunciando que se formos à igreja ou fizermos o
voto da campanha, todos nossos problemas chega-
rão ao fim. Mas esse não é o verdadeiro Evangelho
de Jesus Cristo, pois em nenhum momento Ele dis-
se que seria fácil, pelo contrário, Ele nos alertou
que haveria muitas aflições e tribulações.

16
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

[Disse Jesus]: Tenho-vos dito isto, para que


em mim tenhais paz; no mundo tereis afli-
ções, mas tende bom ânimo, Eu venci o mun-
do. (João 16.33)

Com o Danyel não foi diferente, sua desconstru-


ção estaria prestes a começar. É muito interessante
que Deus opera com uma naturalidade espantosa,
certa vez, alguém contou uma ilustração que reflete
exatamente como foi na história do Danyel.

Ilustração: O anjo e bambuzinho

Era uma vez um bambuzal de bambus evangéli-


cos, todos os dias pela manhã, eles se inclinavam
com o soprar do vento norte, a fim de louvarem ao
Senhor. Certo dia, no momento da adoração, apre-
sentou-se no bambuzal um anjo do Senhor. Sua
glória iluminou a todos, e os bambus ficaram eufó-
ricos, todos a uma só voz, disseram ao anjo:

― Queremos servir ao Senhor!

Respondeu o anjo:

17
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

― Vocês estão dispostos a pagar o preço?

Em coro, disseram SIM!

O anjo desembainhou sua espada e disse:

― Primeiro eu preciso tirar vocês desse bambu-


zal.

Ao ver aquela espada flamejante, os bambus co-


meçaram a recuar e apresentar suas desculpas,
cada um expressou suas razões, uns diziam que não
podiam sair do bambuzal, pois haviam nascido ali e
amavam muito seus parentes, outros argumenta-
vam que exerciam um trabalho importante no
bambuzal que também não podiam sair.

Quando o anjo, já sem esperança, começava a


guardar sua espada na bainha, um pequeno bam-
buzinho levantou a sua mão e disse:

― Eu quero servir ao Senhor!

O anjo respondeu surpreso:

― Você está certo do preço a ser pago?

18
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

Respondeu o bambuzinho:

― Sim, eu quero servir ao Senhor!

O anjo com sua espada na mão se aproximou do


bambuzinho e com a rapidez de um relâmpago...
zaaaap ... Cortou o bambuzinho em um só golpe,
removendo ele da terra.

Meio atordoado por não estar mais preso em seu


lugar, disse o bambuzinho:

― Agora já posso servir ao Senhor?

Replicou o anjo:

― Ainda não, eu preciso cortar todos os seus ga-


lhos, pois eles irão te atrapalhar quando você
começar a servir ao Senhor.

Então o anjo iniciou um processo muito doloroso,


mas necessário, ele começou a cortar galho por ga-
lho daquele bambuzinho. A cada corte o bambuzi-
nho gemia, mas estava convicto de sua decisão e
não iria retroceder.

19
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

Concluído o trabalho do anjo, disse o bambuzi-


nho:

― Agora já posso servir ao Senhor?

Porém, o anjo lhe respondeu:

― Ainda falta uma coisa... O que Deus tem pre-


parado para você é muito especial, e será neces-
sário que eu te corte ao meio, de alto a baixo.

O bambuzinho um pouco aflito, disse:

― Não há outra forma?

O anjo respondeu:

― Se você desejar, eu posso de plantar novamen-


te no bambuzal, seus galhos e raízes voltarão a
crescer, mas para cumprir o propósito de Deus,
não há outra maneira, eu preciso te cortar ao
meio!

Com uma determinação celestial, respondeu o


bambuzinho:

20
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

― Eu quero servir ao Senhor, custe o que custar!

Então o anjo com sua espada, dividiu o bambu-


zinho em duas partes, mas não ao ponto de separá-
las.

Satisfeito o anjo, replicou:

― Agora você pode servir ao Senhor!

Com muito cuidado, o anjo tomou o bambuzinho


em seus braços e foi se afastando do bambuzal. Eles
passaram por um lindo jardim, o bambuzinho,
mesmo longe de sua antiga morada, sem galhos e
partido ao meio, contemplava a beleza do jardim de
Deus.

Ao chegar perto de uma fonte de águas vivas, o


anjo plenamente satisfeito e feliz, olhou dentro dos
olhos do bambuzinho e disse:

― Agora você pode começar a servir ao Senhor!

E posicionou o bambuzinho na nascente de


águas vivas, e imediatamente, as águas começaram

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Discipulado Nível 2 Sobre o autor

a fluir por seu corpo partido. Um grande número de


ovelhas de Deus aproximou-se daquela fonte, todas
estavam sedentas e esperavam por muito tempo
para saciar sua sede, elas começaram a beber da
água que vinha pelo bambuzinho e louvavam a
Deus!

***

Com o Danyel não foi diferente, pois o Senhor o


tirou de sua zona de conforto, cortou seus galhos
que iriam atrapalhar, e por fim o cortou ao meio
para tratar com seu orgulho. Esse fundamento pre-
cisava ser posto, ele precisava entender, que a par-
tir de agora teria que confiar somente em Deus, e
não na força do seu próprio braço.

Ele começou a trabalhar muito cedo, aos doze


anos fazia vassouras com sua tia Lúcia, pregava
prego por prego, fixando as vassouras em seus ca-
bos, poderíamos dizer que ele já era um pregador.
Depois trabalhou em um mercadinho de bairro co-
mo empacotador, no entanto fazia de tudo, desde
lavar banheiros, até repor mercadorias nas prate-

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Discipulado Nível 2 Sobre o autor

leiras, ele se recorda que gostava de fazer “bungee


jump” nas pilhas de papel higiênico que ficavam no
estoque. Depois foi trabalhar em uma lanchonete,
até conseguiu uma vaga de “charriot”, uma espécie
de faz tudo, que ficava recolhendo os carrinhos de
compras em um shopping. Ali passou nove anos,
crescendo profissionalmente, chegou ao cargo de
assistente financeiro e se formou na faculdade de
administração. Ele se sentia “o cara”, e foi justa-
mente nessa área que o Senhor começou a tratar
com seu orgulho.

Após nove anos de empresa, ele pediu demissão


para se aventurar em uma viagem ao nordeste, mas
após seu retorno frustrado, se viu em pleno deses-
pero, sem moradia e desempregado, começou sua
jornada pelo deserto do tratamento de Deus.

E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o


Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quaren-
ta anos, para te humilhar, e te provar, para sa-
ber o que estava no teu coração, se guardarias os
seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te

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Discipulado Nível 2 Sobre o autor

deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que


tu não conheceste, nem teus pais o conheceram;
para te dar a entender que o homem não viverá
só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Se-
nhor viverá o homem. (Deuteronômio 8.2-3)

Não demorou muito e Deus abriu uma porta de


trabalho, era uma cooperativa que estava meio fa-
lida, mas ele se alegrou muito, pois o Senhor estava
enviando o maná para seu sustento.

A situação financeira era bem escassa, ele usava


o dinheiro do transporte para inteirar no aluguel, e
caminhava todos os dias de casa ao trabalho, apro-
ximadamente 5 km.

Mas a coisa começou a se complicar mais ainda,


quando a cooperativa começou a atrasar os salários.
Ele orava todos os dias quando chegava para traba-
lhar, com as seguintes palavras:

― Senhor, que hoje seja o último dia que eu pise


nesse lugar!

24
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

Um dia em pleno desespero, ele ficou esperando


para falar com a diretora da cooperativa, a fim de
conseguir algum dinheiro.

Ele tinha um colega de trabalho, que estava


evangelizando, que morava em outra cidade, e to-
dos os dias corria para não perder o ônibus, mas
aquele dia algo de Deus estaria prestes a acontecer.

Chegou a hora de falar com a diretora, ele se


sentou à mesa, e começou a relatar sua situação,
que o atraso do salário estava ocasionando muitos
problemas e que não tinha nem o que comer em
casa. A diretora ouviu atentamente e com certo
desdém, disse para ele aguardar que ela iria ver se
havia sobrado algum alimento no refeitório.

Aquele foi um golpe que dilacerou sua alma,


aquele Danyel com formação acadêmica, com vasta
experiência administrativa, agora estava sendo
humilhado a um ponto nunca experimentado antes.
Ele agradeceu se levantou extremamente atordoa-
do, sentindo uma tristeza profunda, desprezando a
oferta da diretora.

25
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

Ao deixar as dependências da cooperativa, se-


guiu seu caminho, de repente, encontrou seu cole-
ga, que lhe estendeu a mão e entregou uma nota de
cem reais, dizendo que poderia devolver quando
recebesse o salário.

Aquele gesto trouxe o Danyel para uma nova re-


alidade, agora Deus estava cuidando dele. Aquela
nota de cem reais não tinha o valor em si, mas re-
presentava a totalidade do cuidado divino sobre sua
vida. Ele pegou o dinheiro e desabou a chorar, in-
clusive, foi o trajeto todo em prantos, mas não era
um choro de tristeza, pois o próprio Deus estava se
revelando como seu Provedor.

Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem


segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai ce-
lestial as alimenta. Não tendes vós muito mais
valor do que elas?
(Mateus 6.26)

26
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

O Danyel foi ungido a presbítero no dia 30 de ou-


tubro de 2010, pelas mãos do Apóstolo Newton Sol-
da (Igreja Evangélica Alto Lugar). O período em
que congregou na Alto Lugar, pôde experimentar
na prática, diversas nuances ministeriais, foi líder
de jovens, deu aula para crianças, passou pelo mi-
nistério de intercessão, tocou baixo no grupo de
louvor, liderou um grupo de evangelismo, realizou
vários cultos domésticos, e por fim pôde fazer al-
gumas viagens missionárias.

Foi um grande exemplo cris-


tão no meio secular, por possuir
formação administrativa, pôde
ter acesso a muitas pessoas no
ambiente de trabalho, onde pre-
gou a Palavra do Senhor e mui-
tas pessoas foram alcançadas pela graça do Senhor
Jesus. Trabalhou como professor voluntário em
uma ONG (Núcleo Cristão Cidadania e Vida), mi-
nistrando aulas de administração, contabilidade e
matemática financeira. Foi coordenador no pro-
grama Jovem Aprendiz, onde pregou a Palavra e

27
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

falou do amor de Deus para os muitos jovens caren-


tes na comunidade do Parque Novo Mundo, ga-
nhando vários deles para Cristo.

Passou pela Igreja Evangélica Exército de Deus,


onde trabalhou com novos convertidos, conduzindo
aproximadamente quarenta almas ao batismo em
águas.

Em 29 de setembro de 2012, casou-se com sua


amada esposa Renata, que não somente é uma au-
xiliadora, mas tem completado seu ministério com
muita dedicação e amor. Constituiu uma família
linda, com três presentes de Deus: Kawrê, Kenatiê
e Eloah.

Iniciou seu primeiro contato com dependentes


químicos, na Comunidade Terapêutica Amor e Vi-
da, onde ministrou libertação e discipulou vários
jovens. Foi nesse período em que conheceu os futu-
ros obreiros da Igreja Cristã Rede Acolher.

Em 30 de julho de 2016, recebeu a unção de


pastor, pelas mãos do pastor Edinho Ribeiro, onde

28
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

assumiu o rebanho da Igreja Cristã Rede Acolher.


Começando o trabalho em sua própria casa, trans-
ferindo os cultos posteriormente para o Taboão da
Serra, e por fim, estabeleceu o ministério, junta-
mente com o pastor Edinho, a igreja na Brasilân-
dia.

Em 06 de novembro de 2016, foi reconhecido e


ungido como Mestre, onde idealizou o Seminário
Bíblico Keryx, edificando a igreja através do Minis-
tério de Ensino. Como ele mesmo menciona em su-
as pregações é um apaixonado por Jesus e por sua
Palavra.

Tem um testemunho de vitória em que Deus,


com seus laços de amor o escolheu e tem usado sua
vida poderosamente na pregação do Evangelho e no
Ministério de Ensino.

Crê em uma igreja viva, onde os dons do Espíri-


to Santo são evidentes, tornando a comunidade ca-
da vez mais avivada, caracterizada como um corpo
unido, cheio de alegria e amor de Cristo. Defende a
visão de ganhar vidas para Jesus, consolidando os

29
Discipulado Nível 2 Sobre o autor

irmãos recém-convertidos através do amor manifes-


tado na comunidade, discipulando e crendo que
todos são chamados a exercer uma função específica
no corpo de Cristo, e por fim, enviando os obreiros
para a prática ministerial.

A religião pura e imaculada para com Deus e


Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
(Tiago 1.27)

Pr. Danyel Reis


(11) 96193-3978
seminariokeryx@gmail.com

Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que


vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.

Provérbios 4.18

30
Seminário Bíblico Keryx

Introdução

A escolha do tema “Lançando o Fundamento”


para o Discipulado Nível 2, foi motivada pela im-
portância de estudar a doutrina de Cristo, que é
apresentada pelo escritor da carta aos Hebreus, que
faz uma declaração contundente, de que não lança-
ria novamente o “fundamento”, listando uma se-
quência de seis assuntos que muitos de nós não
compreendem com propriedade. O autor exorta os
cristãos a prosseguirem para a maturidade em Je-
sus Cristo, encoraja a continuarem aprendendo
sobre os assuntos básicos da fé, prosseguindo para o
conhecimento da pessoa de Jesus Cristo, que está
diretamente ligado ao cuidado de observar os fun-
damentos da doutrina.

Conforme mencionamos na Apresentação, en-


tendemos que a melhor opção para aplicarmos o
Seminário, é realizando cursos de curta duração,
para que assim, os seminaristas tenham maior fle-
xibilidade para absorver todo o conteúdo. Dividimos
o Discipulado Nível 2 em seis partes, abordando

31
Obras Mortas Introdução

cada Fundamento da Doutrina de Cristo de forma


individual. Nessa ocasião estudaremos a primeira
doutrina, que é o Arrependimento de Obras Mortas.

Na primeira ministração, intitulada “A doutrina


de Cristo”, faremos um resumo de cada fundamen-
to, iniciando com conceitos de doutrina e a nutrição
espiritual do crente com relação à palavra de Deus.

Após introduzir o assunto da doutrina de Cristo,


prepararemos o coração do discípulo com os concei-
tos de arrependimento, a fim de iniciar o assunto do
pecado, com pontos importantes como: Lágrimas de
tristeza não produzem o arrependimento; Definição
do verdadeiro arrependimento e a tristeza que pro-
duz arrependimento.

Associaremos o conceito de obras mortas às


obras da carne, listadas pelo apóstolo Paulo em sua
carta aos Gálatas no capítulo cinco. A lista é exten-
sa com dezessete pecados, que para efeitos didáti-
cos, dividiremos em quatro categorias, sendo elas:
Pecados sexuais: adultério, fornicação, impureza
e lascívia; Pecados religiosos: idolatria, feitiçaria

32
Obras Mortas Introdução

e heresias; Pecados relacionais: inimizades, por-


fias, emulações, iras, pelejas, dissensões e invejas;
Pecados contra o templo: homicídios, bebedices
e glutonarias.

Após várias ministrações sobre pecados, finali-


zaremos com uma ministração denominada: “De-
senvolvendo o fruto do espírito”, onde ministrare-
mos de forma sucinta os nove aspectos do fruto
(amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bon-
dade, fé, mansidão e temperança), tomando como
base a Pessoa do Senhor Jesus que é o nosso maior
exemplo.

Nossos livros são interativos, pois utilizamos a


tecnologia de QR Code que é um código de barras
bidimensional que pode ser facilmente escaneado,
usado na maioria dos smartphones equipados com
câmera. Esse código é convertido em um endereço
URL para acessar os questionários no fim de cada
ministração, bem como, as ministrações de vídeo
aula.

33
Obras Mortas Introdução

Aponte a câmera do seu smartphone nos QR Co-


des, e caso ele não escanear automaticamente, vá
até sua Play Store e baixe um aplicativo leitor de
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O livro que você tem nas mãos, irá auxiliar a minis-


trar de forma simples, porém aprofundada, sobre os
principais temas da Palavra de Deus de forma sis-
temática.

Ministre palavra de Deus com ousadia, na inspira-


ção do Santo Espírito e com a liberdade que o Se-
nhor concede a seus arautos.

Se esforce, faça discípulos e cumpra seu chamado.

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34
Seminário Bíblico Keryx

Discipulado Nível 2
Primeira doutrina de Cristo

35
A doutrina de Cristo

Texto base: (Hebreus 6.1-3) - Por isso, deixando


os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos
até à perfeição, não lançando de novo o fundamento
do arrependimento de obras mortas e de fé em
Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição
das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo
eterno. E isto faremos, se Deus o permitir.

Introdução: É essencial termos o conhecimento


da doutrina de Cristo, que tem o propósito de rea-
vivar o crescimento espiritual, para sermos levados
ao que é perfeito, a saber, Cristo, e descobrir os te-
souros celestiais de sua Palavra.

1 - Definição de doutrina1: Doutrinas bíblicas


são as verdades reveladas pelo Espírito Santo en-
contradas nas Sagradas Escrituras;

Dogmas2 por sua vez, são apenas declarações de


homens sobre a verdade.

1 Do grego διδασκαλια didaskalia: Aquilo que é ensinado, doutrina,


ensinamentos e preceitos.

36
A doutrina de Cristo

(Marcos 1.22) - E maravilharam-se da sua doutrina,


porque os ensinava como tendo autoridade, e não
como os escribas3.

2 - Nutrição inicial: O autor da carta aos he-


breus chama atenção dos judeus convertidos, que os
princípios da doutrina de Cristo são como o alimen-
to inicial do homem, comparando tais princípios
com o leite materno.

(Hebreus 5.12)4 - Porque, devendo já ser mestres


pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a
ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das
palavras de Deus; e vos haveis feito tais que neces-
sitais de leite, e não de sólido mantimento.

2 Os dogmas nem sempre refletem a vontade de Deus, encontramos


muitas igrejas dogmáticas, cheias de usos e costumes, porém com
pouquíssima manifestação de amor a Deus e ao próximo.
3 Os escribas eram mestres da lei escrita e oral, especializados no estu-

do e na explicação da Torá. Ensinavam com a autoridade dos próprios


escribas. Jesus, porém, falava com a autoridade direta de Deus.
4 Jonathan Edwards pregou um sermão sobre Hebreus 5.12 intitulado:

"A importância e vantagem de um conhecimento completo da verdade


Divina". Ele observou que a repreensão na passagem parece exortar
que aqueles crentes não tinham feito nenhum progresso doutrinário e
que ainda não sabiam o que deveriam saber.

37
A doutrina de Cristo

3 - A falta de conhecimento leva à des-


truição: Nossa vida cristã deve estar firmada nes-
ses fundamentos, que são princípios elementares da
fé, porque por falta de conhecimento dessas verda-
des básicas, muitos irmãos têm sido levados à des-
truição de sua fé, deixando-se levar por qualquer
vento de doutrina.

(Oséias 4.6)5 - O meu povo foi destruído, porque lhe


faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhe-
cimento, também eu te rejeitarei, para que não se-
jas sacerdote diante de mim; e, visto que te esque-
ceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei
de teus filhos.

I - O princípio do arrependimento: Conhecer


o princípio do arrependimento nos ajudará a vencer
nossa natureza pecaminosa e nos iniciar no pro
cesso de santificação, que é essencial para uma vida
cristã abençoada.

5 Observamos na passagem de Oséias que o povo não conhecia os


caminhos de Deus, e não era simplesmente o resultado da negligência,
mas de uma rejeição do conhecimento doutrinário. O texto ainda
atribui a responsabilidade aos sacerdotes, que foram exemplos fracos,
levando Israel para a apostasia e por consequência à destruição.

38
A doutrina de Cristo

(Hebreus 12.14) - Segui a paz com todos, e a santifi-


cação6, sem a qual ninguém verá o Senhor;

II - O princípio da fé em Deus7: É o princípio


que sustenta nossa vida cristã e é a maior riqueza
que podemos adquirir.

(Tiago 2.5) - Ouvi, meus amados irmãos: Porventu-


ra não escolheu Deus aos pobres deste mundo para
serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prome-
teu aos que o amam?

III - O princípio dos batismos: A palavra de


Deus nos fala de vários batismos: batismo nas
águas (para salvação); batismo no Espírito Santo
(para revestimento) e batismo com fogo (para puri-
ficação).

6 A santificação é um processo indispensável que todo cristão deve


buscar, pois a Graça produz salvação, mas a Santificação produz co-
munhão com Deus.
7 Nessa etapa iremos estudar um pouco do que chamamos de teonto-

logia, que é a doutrina que se ocupa em estudar os atributos de Deus.

39
A doutrina de Cristo

IV - O princípio da imposição de mãos8:


Conhecido como o quarto fundamento, é tão impor-
tante quanto os demais e devemos compreender
essa doutrina.

Estudaremos detalhadamente os seguintes princí-


pios: imposição de mãos para consagrar ao Senhor,
imposição de mãos para ministrar cura e imposição
de mãos para ministrar dons espirituais.

V - O princípio da ressurreição dos mor-


tos9: O princípio da ressurreição dos mortos é base
fundamental para a fé cristã, pois o próprio Paulo
em sua primeira carta aos Coríntios, nos diz que se
não houvesse ressurreição a nossa fé seria vã.

(1 Coríntios 15.13-14) - E, se não há ressurreição de


mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo
não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e tam-
bém é vã a vossa fé.

8 As mãos são membros proféticos e transmissores de unção, devem


ser usadas para ministrar e abençoar o corpo de Cristo.
9 A doutrina da ressurreição dos mortos é de extrema importância, e

nos dias de hoje, infelizmente, pouco ouvimos pregações sobre esse tão
empolgante assunto.

40
A doutrina de Cristo

VI - O princípio do juízo eterno10: O juízo


eterno é um ato de julgamento divino que irá divi-
dir a história novamente, no entanto, agregamos
em nosso estudo outros aspectos escatológicos que
norteiam nossa esperança futura.

Veremos os seguintes pontos: O arrebatamen-


to11 da igreja, a vinda de Cristo, a prestação de con-
tas, o galardão segundo as obras, o milênio de Cris-
to, o grande Trono Branco e a Eternidade.

Conclusão: Nossa jornada, mergulhando na dou-


trina de Cristo, e aplicando todo esse conhecimento
em nossas vidas, lançará o fundamento necessário
para vivermos uma vida cristã abençoada e cheia
da plenitude de Cristo.12

10 Dentre os vários fundamentos, um importante alicerce, para a edifi-


cação de uma casa espiritual para o Senhor em nós, é o conhecimento a
respeito do Juízo Eterno.
11
Arrebatamento é um conceito e termo escatológico cristão utilizado
por muitos cristãos, de várias confissões/denominações/ministérios,
referindo-se ao evento inicial do Fim dos Tempos, no qual seguidores
de Cristo, os então vivos e os já mortos, ambos selados com o Espírito
Santo, subirão para o céu ao encontro do Senhor Jesus Cristo nos ares.
12 A doutrina de Cristo permite-nos ter acesso ao poder espiritual que

nos eleva de nosso estado natural para um estado, no qual, poderemos


nos tornar perfeitos!

41
A doutrina de Cristo

Avaliação

1) Qual é o principal propósito em conhecer a dou-


trina de Cristo?

2) Por que o arrependimento é tão importante no


processo de santificação?

3) Qual é a diferença entre Batismo no Espírito


Santo e o Batismo com Fogo?

4) Devemos nos sujeitar à imposição de mãos indis-


criminadamente?

5) Devemos temer o Juízo Eterno?

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Seminário Bíblico Keryx

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Arrependimento

Texto base: (Mateus 9.13) - Ide, porém, e apren-


dei o que significa: Misericórdia quero, e não sacri-
fício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os
pecadores, ao arrependimento.

Introdução: A palavra evangelho1 significa “boas


novas”, ou “boas notícias”. Evangelho é a proclama-
ção da mensagem de esperança para o pecador, pois
é Jesus Cristo que nos chama2 ao arrependimento.

I - Lágrimas de tristeza não produzem o


arrependimento: É comum confundir tristeza
com arrependimento, porém podemos observar que
com Esaú3 não foi dessa maneira;

A palavra de Deus narra as consequências catastró-


ficas, em que Esaú, irmão de Jacó, despreza seu

1 Do grego ευαγγελιον euaggelion: boas novas; recompensa por boas


notícias; o evangelho; a proclamação da graça de Deus manifesta e
garantida em Cristo.
2 A beleza do Evangelho é que o próprio Deus nos faz uma chamada ao

arrependimento.
3 Narrativa sobre Esaú desprezando a primogenitura está em Gênesis

25.

44
Arrependimento

direito de primogenitura4 em troca de um prato de


lentilhas.

(Gênesis 25.34) - E Jacó deu pão a Esaú e o guisado


de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e
saiu. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura.

Posteriormente, sendo rejeitado, Esaú buscou com


lágrimas o arrependimento, porém não encontrou.

(Hebreus 12.16-17) - E ninguém seja devasso, ou


profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o
seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis
que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi
rejeitado, porque não achou lugar de arrependi-
mento, ainda que com lágrimas o buscou.

A consequência de rejeitar bênçãos espirituais é a


rejeição Divina, essa rejeição leva o indivíduo a
perder o caminho do arrependimento.

4 Primogenitura é a tradição comum de herança de toda a riqueza,


estado ou função dos pais pelo primeiro filho; ou, na falta de uma cri-
ança, por parentes próximos, de forma a manter o status da linhagem
familiar.

45
Arrependimento

II - Definição do verdadeiro arrependi-


mento: O verdadeiro arrependimento se dá quan-
do existe uma legítima mudança de mente. A pala-
vra “arrependimento” é a palavra grega metanóia5,
que significa conversão (tanto espiritual como inte-
lectual), mudança de direção e mudança de mente;
mudança de atitudes, temperamentos; caráter tra-
balhado e evoluído.

Arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou


seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada
anteriormente.

(Romanos 12.2)6 - E não sede conformados com este


mundo, mas sede transformados pela renovação do
vosso entendimento, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

5 Do grego μετανοια metanoia: como acontece a alguém que se arre-


pende, mudança de mente (de um propósito que se tinha ou de algo
que se fez).
6 Os crentes não devem se conformar com este mundo, mas devem se

transformar pela renovação de suas mentes. Essa transformação e


renovação, se alcança experimentando e descobrindo que a vontade de
Deus é boa, agradável e perfeita.

46
Arrependimento

III - A tristeza que produz arrependimen-


to7: Para alcançar um arrependimento genuíno, é
preciso compreender que um dos caminhos para o
arrependimento é a tristeza segundo Deus e não a
tristeza segundo o mundo.

(2 Coríntios 7.10) - Porque a tristeza segundo Deus


opera arrependimento para a salvação, o qual não
traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte.

Conclusão: O verdadeiro arrependimento8 é uma


mudança contínua de mente, que começa no mo-
mento em que aceitamos Jesus como único e sufici-
ente Salvador, e vai até o dia que experimentamos
a boa e perfeita vontade de Deus.

(Mateus 9.13) - Ide, porém, e aprendei o que signifi-


ca: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu
não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao
arrependimento.

7 A tristeza segundo Deus produz mudança de mente, que por sua vez
conduz à salvação. Por mais que possa nos afligir interiormente, é a
melhor coisa que pode nos acontecer.
8 Esse é o verdadeiro motivo da metanóia: aprender a pensar e viver

segundo a Palavra de Deus.

47
Arrependimento

Avaliação
1) Qual é o mecanismo que Deus utiliza para nos
chamar ao arrependimento?

2) Por que Esaú não encontrou lugar de arrependi-


mento?

3) Como podemos definir o verdadeiro arrependi-


mento?

4) Por que Deus produziria tristeza no homem?

5) Como podemos interpretar Romanos 12.2 que


diz: "Não sede conformados com este mundo" ?

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Seminário Bíblico Keryx

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Obras da carne

Texto base: (Gálatas 5.19-21) - Porque as obras


da carne são manifestas, as quais são: adultério,
fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dis-
sensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos disse, que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus.

Introdução: As obras da carne1 são os desejos da


velha natureza humana pecadora, que mesmo de-
pois de aceitar a Cristo, ainda somos capazes de
pecar, pois possuímos uma natureza pecaminosa2.

As obras mortas são qualquer obra desprovida de


vida e deixar as obras mortas é primordial.

1 Paulo ao se referir as obras da carne, faz uma advertência assustado-


ra, declarando que os que praticam essas coisas, não herdarão o reino
de Deus.
2 Quando falamos da natureza pecaminosa, refere-se ao fato de que

temos uma inclinação natural ao pecado, dada a escolha de fazer a


vontade de Deus ou a nossa, naturalmente escolheremos fazer a nossa.

50
Obras da carne

Proposição: O único meio de vencermos o pecado


é vivermos uma vida cheia do Espírito Santo, e todo
aquele que possui o coração regenerado deseja esta
vida e quer fazer a vontade de Deus.

I - A inclinação da carne é a morte3: Incli-


nar-se é ter o poder de decidir.

(Romanos 8.5-7) - Porque os que são segundo a car-


ne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que
são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.
Porque a inclinação da carne é morte; mas a incli-
nação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclina-
ção da carne é inimizade contra Deus, pois não é
sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.

II - O que semeia na carne, ceifará cor-


rupção: O significado de corrupção é depravação,
suborno, alteração e sedução.

3 A inclinação da carne é hostil a Deus, não querendo se sujeitar à sua


lei, e a consequência de tal inclinação é a morte espiritual.

51
Obras da carne

(Gálatas 6.8)4 - Porque o que semeia na sua carne,


da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no
Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.

O pecado não é simplesmente atos errados, mas


uma inclinação interior pela pecaminosidade ine-
rente do homem.

O pecado leva cada vez mais longe.

(Salmos 42.7a) - Um abismo chama outro abismo;

O pecado é como um barranco escorregadio, quanto


mais esforço mais é difícil de sair, por isso precisa-
mos encontrar a santificação no temor de Deus.

(2 Coríntios 7.1) - Ora, amados, pois que temos tais


promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da
carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no
temor de Deus.

4Paulo conecta a figura da semeadura e colheita com a carne e o espíri-


to. Cada um colhe exatamente aquilo que também semeou, seja a
corrupção da carne ou os frutos da vida no espírito.

52
Obras da carne

III - Como lidar com a carne5: (1 Coríntios


1.30) - Mas vós sois dEle, em Jesus Cristo, o qual
para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação6, e redenção;

Reconhecer a natureza pecaminosa: (Romanos


3.23) - Porque todos pecaram7 e destituídos estão
da glória de Deus;

É necessário voltar-se contra si mesmo: Não se


trata de mente ou intelecto, mas sim da natureza
pecaminosa que a habita em nós em constante ba-
talha interior.

(Gálatas 5.17) - Pois a carne deseja o que é contrá-


rio ao espírito8; e o espírito, o que é contrário à car-
ne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo
que vocês não fazem o que desejam.

5 Ao lidar com a natureza carnal, é de suma importância compreender


que Jesus Cristo se fez santificação por nós.
6 Jesus é a verdadeira fonte de vida, Ele mesmo fez santificação por nós.
7 O homem é uma criatura imperfeita e não pode alcançar uma

obediência perfeita. O escrito de Paulo indica que todos pecaram, ou


seja, todos dependem da justificação e perdão do próprio Senhor,
somente na pessoa de Jesus Cristo em seu sacrifício na cruz.
8 A interpretação mais adequada é que se trata do espírito do homem e

não do Espírito de Deus.

53
Obras da carne

Os velhos costumes custam a passar: (Lucas


5.39) - E ninguém tendo bebido o velho quer logo o
novo, porque diz: Melhor é o velho.

Fugir é a melhor escolha: (1 Tessalonicenses


5.22) - Abstende-vos de toda a aparência do mal.

Conclusão: Nossa mente pode ser transformada,


renovada e treinada para servir aos propósitos di-
vinos, porém a carne deve ser dominada e sujeitada
ao governo de Cristo.

Para vencer a natureza humana é necessário seme-


ar em uma vida espiritual, buscando incessante-
mente a presença do Senhor, a fim de sermos liber-
tos de toda inclinação da carne, através do poder
que há no nome de Jesus Cristo!

54
Obras da carne

Avaliação
1) O que são obras da carne?

2) Qual é a consequência em viver na prática do


pecado?

3) Como podemos reconhecer a natureza pecamino-


sa e como lidar com ela?

4) Como eliminar os hábitos da natureza carnal?

5) Como podemos semear em nossa vida espiritual


para vencer a natureza da carne?

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55
Obras da carne

Porque as obras da carne são manifestas, as quais


são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idola-
tria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras,
pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios,
bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a es-
tas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos
disse, que os que cometem tais coisas não herdarão
o reino de Deus.

(Gálatas 5.19-21)

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Seminário Bíblico Keryx

(Adultério, fornicação, impureza e lascívia)

57
Pecados Sexuais

Texto base: (Gálatas 5.19-21) - Porque as obras


da carne são manifestas, as quais são: adultério,
fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dis-
sensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos disse, que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus.

Introdução: O pecado não é o assunto principal1


da bíblia, e na verdade é apenas uma sombra, po-
rém perceber essa sombra em nossa vida se faz ne-
cessário, para podermos lançar a luz do Evangelho,
que nos prepara para a grande batalha da luta con-
tra o pecado.

1O assunto do pecado não é o tema principal das escrituras, porém não


é sem importância, o problema começa quando enfatizamos excessiv-
amente o assunto, nos tornando moralistas demais. O importante é
reconhecer que existe uma doutrina específica na Palavra de Deus, que
na teologia é chamada de Hamartiologia.

58
Pecados Sexuais

Para entendermos objetivamente o que é pecado,


iremos analisar termo no original que é hamartia2,
esse termo traz primariamente a ideia de errar o
alvo e desviar-se da lei de Deus. Portanto, partindo
desse prisma, podemos concluir que o ‘alvo’ refere-
se à vontade de Deus e todo ser humano tem a ple-
na capacidade de errar esse alvo, por isso a bíblia
diz que todos pecaram3.

O pecado é um assunto complexo4 e merece ser ana-


lisado com cuidado, principalmente os pecados que
abrangem a área sexual. Paulo os classifica como
obra da carne, pois envolve os impulsos mais imo-
rais da natureza carnal.

I - Adultério: É uma palavra que derivou da ex-


pressão em latim adulterium que significa a prática
da infidelidade conjugal e com o tempo se estendeu

2 Do grego αμαρτια hamartia: errar o alvo; errar, estar errado; errar ou


desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou andar no erro; o
conjunto de pecados cometidos seja por uma única pessoa ou várias.
3 Paulo afirma que todos pecaram em Romanos 3.23.
4 Ao longo da história, o tema tem sido amplamente discutido, porém

hoje o pecado tem sido relativizado e as igrejas têm sido cada vez ais
complacentes com o assunto.

59
Pecados Sexuais

ao sentido de fraudar ou falsificar, que se pode


acrescentar ao verbo "adulterar".

(Mateus 5.27-28) - Ouvistes que foi dito aos antigos:


Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que
qualquer que atentar5 numa mulher para a cobiçar,
já em seu coração cometeu adultério com ela.

A depravação sexual está cada vez mais acentuada


no coração humano, e o adultério está se tornando
algo normal e aceitável pela sociedade, por isso de-
ve ser combatido com grande veemência na Igreja
de Cristo.

II - Fornicação: O termo traduzido como fornica-


ção é a palavra Pornéia6, que abrange as relações
sexuais ilícitas, a homossexualidade, o lesbianismo
e até relação sexual com animais.

5 O Senhor Jesus vai até a raiz da questão, afirmando que o mundo dos
pensamentos, é o local em que se origina a ação. “É do coração que
procede os maus desígnios”.
6 A palavra grega πορνεια pornéia, é definida como “relações sexuais

ilícitas”, inclui, mas não é limitado ao adultério, mas também a depra-


vação de costumes e a libertinagem. Algumas traduções usam a palavra
“fornicação” onde outras usam a expressão “relações sexuais ilícitas”
ou “imoralidade sexual”.

60
Pecados Sexuais

ἔρως (eros) - Amor apaixonado; Apreciação da be-


leza; Desejo sensual.

(Hebreus 13.4) - Venerado seja entre todos o ma-


trimônio e o leito sem mácula7; porém, aos que se
dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.

III - Impureza: De acordo com o dicionário da


língua portuguesa, impureza significa contamina-
ção ou sujeira. Quando analisamos o termo no seu
original observamos que a palavra usada é
akatharsia8 que quer dizer literalmente impureza,
imundícia, e era aplicada figuradamente a vício e
impureza nas questões sexuais.

(Hebreus 12.14) - Segui a paz com todos, e a santifi-


cação, sem a qual ninguém verá o Senhor;

7 A relação sexual é algo de extremo valor para Deus e por isso reserva-
se à aliança do casamento.
8 Do grego ακαθαρσια akatharsia: impureza no sentido moral; impureza

proveniente de desejos sexuais, luxuria, vida devassa; motivos impuro.

61
Pecados Sexuais

IV - Lascívia9: Trata-se de uma conduta promis-


cua, vem do grego aselgeia que trás a ideia de dese-
jo incontrolável pelo sexo a ponto de abusar da mo-
ralidade pública e privada. A lascívia opõe-se dire-
tamente à vergonha do pecado

O sexo pervertido não satisfaz realmente, ele cria


um desejo desenfreado por mais prazer. O resulta-
do disso são casamentos destruídos, doenças, vio-
lência e até morte.

(Colossenses 3.5) - Mortificai, pois, os vossos mem-


bros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impu-
reza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e
a avareza, que é idolatria;

9 Do grego ασελγεια aselgeia: luxúria desenfreada, excesso, licenciosid-


ade, lascívia, libertinagem, caráter ultrajante impudência, desaforo,
insolência.

62
Pecados Sexuais

Conclusão10: Reconheça que as proibições bíblicas


pretendem proteger algo muito precioso, e não ne-
gar algo prazeroso. Mostre para si mesmo que há
mais prazer na presença de Deus do que em uma
vida no pecado.

Mude o foco do seu desejo!

E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se


a si mesmo, como também Ele é puro. Qualquer que
comete pecado, também comete iniquidade; porque
o pecado é iniquidade. E bem sabeis que Ele se ma-
nifestou para tirar os nossos pecados; e nEle não há
pecado.

(1 João 3.3-5)

10Reconhecer que Deus designou o casamento para ser um tipo de


parábola de seu compromisso com a igreja , nos mostra a importância
de uma vida santa e moderada quanto às questões da vida sexual.

63
Pecados Sexuais

Avaliação

1) Qual é a melhor definição do termo grego hamar-


tia.

2) A traição conjugal é o único meio de adultério?

3) Como podemos conceituar a fornicação?

4) Como um cristão pode combater a Lascívia?

5) Por que devemos ter relações sexuais somente na


aliança do casamento?

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64
Seminário Bíblico Keryx

(Idolatria, feitiçaria e heresias)

65
Pecados religiosos

Texto base: (Gálatas 5.19-21) - Porque as obras


da carne são manifestas, as quais são: adultério,
fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dis-
sensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos disse, que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus.

Introdução: A palavra religião vem da palavra


latina religare1, que quer dizer religar ou ligar no-
vamente. Então, a religião, etimologicamente fa-
lando, deveria servir para nos ligar de novo dentro
do bom caminho.

Porém, muitos religiosos estão anunciando falsas


promessas e alvos que estão fora do verdadeiro ca-

1 Do latim religare: “religar, atar, apertar, ligar bem”. A ideia de aplicar


o termo à religião poderia significar de forma poética: atar os laços que
unem a humanidade à esfera Divina, porém não vemos na prática que
toda religião leva a Deus, sendo esse um conceito popular sem em-
basamento bíblico.

66
Pecados religiosos

minho, transformando a religião2 numa espécie de


barreira no meio do caminho, obrigando as pessoas
a errarem o verdadeiro alvo, que é adorar a Jesus
como Senhor e Salvador.

O único caminho que pode religar as pessoas a


Deus, tem um nome e se chama: Jesus Cristo de
Nazaré!

Mesmo Deus amando o homem ao ponto de entre-


gar seu Unigênito, Ele desaprova totalmente o pe-
cado, principalmente os de cunho religioso.

I - Idolatria3: Podemos definir idolatria em um


sentido mais abrangente, como qualquer dedicação
ou amor excessivo prestado a alguém ou algo que
não seja Deus, em outras palavras, é colocar Deus
em segundo plano.

2 Em Tiago 1.27, a Palavra de Deus diz que a religião pura e imaculada


para com Deus e Pai é visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações,
e guardar-se da corrupção do mundo.
3 Do grego ειδωλολατρεια eidololatreia: adoração a deuses falsos,

idolatria; de festas sacrificiais formais celebradas para honrar falsos


deuses; da cobiça, como adoração a Mamom.

67
Pecados religiosos

(1 Coríntios 10.14) - Portanto, meus amados, fugi


da idolatria.

(Salmos 115.4-8 NVI)4 - Os ídolos deles, de prata e


ouro, são feitos por mãos humanas. Têm boca, mas
não podem falar, olhos, mas não podem ver; têm
ouvidos, mas não podem ouvir, nariz, mas não po-
dem sentir cheiro; têm mãos, mas nada podem
apalpar, pés, mas não podem andar; nem emitem
som algum com a garganta. Tornem-se como eles
aqueles que os fazem e todos os que neles confiam.

A idolatria é uma obra da carne que muitas vezes


pode ser encontrada em nosso meio5, e por isso de-
vemos vigiar para não sermos contaminados por
ela, seja em qual for o seu aspecto.

4 Em contraste com os ídolos que não podem fazer coisa alguma, Deus
é o criador de todas as coisas, e confiar em ídolos é uma tolice, pois
como diz o salmista: “tornem-se como eles”, inferindo que a idolatria
trás paralisia espiritual.
5 Muitas vezes a idolatria pode ser encontrada de maneira muito sútil,

através da atenção excessiva para com os filhos, cônjuge, trabalho e até


com a igreja.

68
Pecados religiosos

Qualquer vestígio de idolatria detectado deve ser


imediatamente eliminado, direcionando total ado-
ração a Deus.

II - Feitiçaria6: A prática da feitiçaria opõe-se


diretamente as leis de Deus sendo uma mistura de
mentira, maldade e envolvimento com demônios.

A busca da luz nas trevas7: (Mateus 6.23) - Se,


porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será
tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são tre-
vas, quão grandes serão tais trevas!

Iguala-se a rebelião: (1 Samuel 15.23a)8 - Porque


a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é
como iniquidade e idolatria.

6 Segundo o historiador norte-americano Jeffrey B. Russell, a feitiçaria é


uma forma de religião pagã ou neo-pagã, modernamente conhecida
por wicca.
7 A expressão luz é figurativa no sentido de revelação, ou seja, sendo

aquilo que estava oculto e agora veio à “luz”. No contexto exposto, a


ideia é que se a luz (conhecimento/revelação) vier das trevas, será a
manifestação completa do engano de satanás.
8 Tanto rebelião como feitiçaria são formas de apostasia, uma sendo a

negação da autoridade divina, e a outra o reconhecimento de poderes


sobrenaturais além dos divinos.

69
Pecados religiosos

(Deuteronômio 18.10-12)9 - Entre ti não se achará


quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua fi-
lha, nem adivinhador, nem prognosticador [que faz
previsão], nem agoureiro [que profetiza desgraças],
nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consul-
te a um espírito adivinhador, nem mágico, nem
quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz
tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abo-
minações o Senhor teu Deus os lança fora de diante
de ti.

III - Heresias10: Divergência em ponto de fé ou


de doutrina religiosa; Blasfêmia; Opinião ou dou-
trina diferente às ideias recebidas; Disparate; ab-
surdo; contrassenso.

9 Todas as práticas de superstições, adivinhação, feitiçaria e espiritismo,


são abominações diante do Senhor e merecedoras de condenação
divina. A feitiçaria pagã identificava-se no contexto de Israel como uma
religião.
10 Há um termo grego que se encaixa perfeitamente no contexto das

heresias, απολογεομαι apologeomai, que significa: defender-se, defesa


verbal, discurso em defesa, ou seja, a defesa da fé. Na teologia é
chamada de Apologética.

70
Pecados religiosos

(Mateus 7.15) - Acautelai-vos, porém, dos falsos


profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas,
mas, interiormente, são lobos devoradores.

(1 Coríntios 11.19)11 - E até importa que haja entre


vós heresias, para que os que são sinceros se mani-
festem entre vós.

Como identificar usa seita: Um método12 eficien-


te para identificar uma seita é conhecer as quatro
operações matemáticas, relacionando aos caminhos
seguidos por elas:

Adição (+): O grupo adiciona algo à Bíblia. Sua


fonte de autoridade não leva em consideração so-
mente a Bíblia;

Subtração (-): O grupo tira algo da pessoa de Je-


sus;

11 Somente cristãos não aprovados e imaturos podem deixar-se arrastar


para qualquer tipo de heresia no âmbito da igreja, pois alguns tem tido
ideias tão “profundas” que vem cheirando “enxofre”, ou seja, a igreja
precisa se manifestar com sinceridade contra as heresias.
12 Esse método é apresentado pelo ICP - Instituto Cristão de Pesquisas.

71
Pecados religiosos

Multiplicação (x): Pregam a auto-salvação, crer


em Jesus é importante, mas não é tudo, a salvação
é pelas obras;

Divisão (÷): Dividem a fidelidade entre Deus e a


organização. Desobedecer à organização ou a igreja
equivale a desobedecer a Deus. Não existe Salvação
fora do seu sistema.

Conclusão: Os homens que buscam seguir a pró-


pria vontade estão fadados ao engano das trevas,
pois se desviaram da verdadeira luz, que é Jesus
Cristo nosso Senhor.

(Apocalipse 22.15) - Mas, ficarão de fora os cães e os


feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e
os idólatras, e qualquer que ama e comete a menti-
ra.

72
Pecados religiosos

Avaliação

1) Se a palavra religião significa “religar”, podemos


afirmar que todas as religiões religam as pessoas à
Deus?

2) Como podemos definir a idolatria?

3) Por que é tão perigoso se envolver com feitiçaria?

4) O que são heresias?

5) Qual é a principal evidência que identifica uma


seita?

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73
Pecados religiosos

Porque as obras da carne são manifestas, as quais


são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idola-
tria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras,
pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios,
bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a es-
tas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos
disse, que os que cometem tais coisas não herdarão
o reino de Deus.

(Gálatas 5.19-21)

74
Seminário Bíblico Keryx

(Inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões e invejas)

75
Pecados relacionais

Texto base: (Gálatas 5.19-21) - Porque as obras


da carne são manifestas, as quais são: adultério,
fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dis-
sensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos disse, que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus.

Introdução: O relacionamento entre pessoas é a


forma como elas se tratam e se comunicam.1

Problemas de relacionamento podem ser encontra-


dos em todas as áreas da vida, e precisam ser sub-
metidos ao senhorio de Cristo para serem curados e
reconstruídos.

I - Inimizades2: Significa aversão ou antipatia,


ou seja, trata-se do sentimento de não gostar de
alguém, ou de não amar.

1Quando uma das partes não desenvolve os atributos necessários para


uma boa convivência, o relacionamento se torna difícil.

76
Pecados relacionais

(Romanos 8.7a) - Porquanto a inclinação da carne é


inimizade contra Deus3, pois não é sujeita à lei de
Deus, nem, em verdade, o pode ser.

II - Porfias4: A porfia é uma briga que acontece


quando as pessoas são teimosas e insistem em ga-
nhar uma discussão, não dando o braço a torcer.

A porfia enfraquece a unidade da igreja e por se


tratar de algo exterior, o testemunho cristão é pre-
judicado podendo gerar escândalos.

III - Emulações5: Em algumas traduções a pala-


vra emulações é traduzida como ciúmes. Emulação
significa querer ser como outra pessoa. A Bíblia
condena a emulação.

2 O termo hebraico ‫’ איבה‬eybah, pode ser relacionado à inimizade e ao


ódio.
3 Já é extremamente preocupante ter inimizade contra os homens,

quem dirá ter inimizade contra Deus.


4 Porfia significa disputa pela palavra, discussão, disputa por algo, com-

petição, insistência sem razão e ainda teimosia;


5 Emolução é o sentimento que leva uma pessoa a igualar ou a superar

alguém; Trata-se de competição e rivalidade.

77
Pecados relacionais

(Romanos 12.16) - Sede unânimes entre vós; não


ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às hu-
mildes; não sejais sábios em vós mesmos;

IV - Iras6: A ira dá a ideia de mau temperamento,


oposto a temperança. As explosões de ira criam
sentimentos de hostilidades contra os nossos seme-
lhantes e destroem o espírito de amor cristão.

Os efeitos da ira humana7: (Tiago 1.20) - Porque


a ira do homem não opera a justiça de Deus.

A ira destrói a vida da pessoa: (Jó 5.2) - Por-


que a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.

A ira entristece a Deus: (Efésios 4.30-31) - E


não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no
qual estais selados para o dia da redenção. Toda
a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfê-
mia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós.

6 Vem do grego ζεω zeo que significa ferver, ser quente, é usado o
sentimento de muita raiva.
7 A ira tem diferentes níveis, que vão do simples incômodo ou irritação

por alguma contrariedade até a explosão cega, que leva aos atos mais
destrutivos do ser humano.

78
Pecados relacionais

A ira não produz arrependimento: (Tiago


1.19-20) - Portanto, meus amados irmãos, todo o
homem seja pronto para ouvir, tardio para falar,
tardio para se irar. Porque a ira do homem não
opera a justiça de Deus.

A ira leva às brigas: (Provérbios 15.18; 29.22) -


O homem iracundo suscita contendas, mas o
longânimo apaziguará a luta. O homem irascível
levanta contendas; e o furioso multiplica as
transgressões.

A ira contamina: (Provérbios 22.24-25) - Não


sejas companheiro do homem briguento nem an-
des com o colérico, para que não aprendas as su-
as veredas, e tomes um laço para a tua alma.

O sentimento de ira não é pecado em si mesmo, no


entanto, o pecado consiste em cultivar e externar
esse sentimento com vistas para o mal.

V - Pelejas: As discórdias na igreja geram facções


e levantes contra autoridades, e a consequência é a
divisão no corpo de Cristo.

79
Pecados relacionais

(Efésios 6.12) - Porque não temos que lutar contra a


carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas
deste século, contra as hostes espirituais da malda-
de, nos lugares celestiais.

VI - Dissensões8: O ser humano tem muita difi-


culdade em viver em sociedade sem conflitos, inclu-
sive na igreja. As dissensões são a falta de enten-
dimento ou divergência de opiniões entre as pesso-
as. As dissensões estragam os relacionamentos.

(Romanos 16.17) - E rogo-vos, irmãos, que noteis os


que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.

A palavra dichostasia9 está relacionada às rebeliões


contra a autoridade pastoral ou de qualquer lide-
rança. Resumindo, dissensão e rebelião é a mesma
coisa.

8 A palavra dissensão é sinônimo de diversidade de opiniões, de desin-


teligência e discordância, é a oposição de interesses, conflitos ou ainda
de desavenças. É uma condição de disputa, litígio [Ação entregue em
tribunal], desavença.
9 Do grego διχοστασια dichostasia que significa: sedições, divisões e

levantes.

80
Pecados relacionais

VII - Invejas10: A inveja é oposta à benignidade,


uma pessoa ao sentir inveja de outra, fica triste
com o progresso dela, e sente pesar pela sua felici-
dade chegando até mesmo a desejar o seu mal.

(Provérbios 14.30) - O sentimento sadio é vida para


o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos11.

Conclusão: Cultivar bons relacionamentos é um


dever de todo cristão que deseja viver em conformi-
dade com a Palavra de Deus.

O desejo de Jesus para sua Igreja é a união. Com


todos os nossos defeitos e fraquezas, nós precisamos
uns dos outros, quem acha que pode ser cristão e
seguir Jesus sozinho está muito enganado, pois
viver em comunhão é uma ordem de Jesus e uma
grande bênção. Somente somos Igreja quando es-
tamos juntos.

10 Do grego φθονος phthonos, que significa inveja ou ser motivado pela


inveja.
11 A inveja é causadora de males sem precedentes, ao ponto afetar a

saúde do corpo. Os ossos representam a estrutura do corpo, represen-


tam também o homem em sua inteireza, pois os ossos saudáveis signifi-
cam um homem saudável, ao passo que ossos enfermos significam um
homem física e psicologicamente doentio.

81
Pecados relacionais

Avaliação

1) Por que é importante submeter nossos problemas


de relacionamento ao senhorio de Cristo?

2) Podemos afirmar que é possível ser inimigo de


Deus?

3) Quais são os efeitos da ira humana?

4) Qual é a consequência de pelejas e dissensões na


igreja?

5) Por que a inveja atrapalha o amadurecimento da


igreja?

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82
Seminário Bíblico Keryx

(Homicídios, bebedices e glutonarias)

83
Pecados contra o templo

Texto base: (Gálatas 5.19-21) - Porque as obras


da carne são manifestas, as quais são: adultério,
fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dis-
sensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos disse, que
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus.

Introdução: Fomos criados a imagem e seme-


lhança de Deus1, que colocou em nós o fôlego de
vida e fomos criados para sermos sua habitação.
Ele fez isso para morar dentro de nós, portanto,
nosso corpo deve refletir a santidade d'Ele.2

(Gênesis 1.26) - E disse Deus: Façamos o homem à


nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos

1 O homem reflete a imagem de Deus pela sua capacidade de dominar


sobre as outras coisas criadas. E hoje refletimos a imagem de Cristo,
pois o Espírito Santo habita em nós, e somos transformados dia após
dia.
2 Para isso acontecer temos que cuidar de nosso corpo com muito zelo

e temor diante de Deus.

84
Pecados contra o templo

céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre


todo o réptil que se move sobre a terra.

Fomos criados para o louvor da glória de Deus!

Somos templo do Espírito Santo3: (1 Coríntios


3.16-17) - Não sabei vós que sois templo de Deus, e
que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém
destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque
o templo de Deus, que sois vós é santo.

I - Homicídios4: Ato (voluntário ou involuntário)


caracterizado pela destruição da vida de outra pes-
soa; ação de assassinar outro ser humano; assassí-
nio ou assassinato.

O Senhor é o único detentor do direito de ti-


rar a vida: (1 Samuel 2.6) - O Senhor é o que tira a
vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a
subir dela.

3 O corpo do crente é o templo do Espírito Santo porque o Espírito


Santo mora dentro de cada pessoa salva. Um templo é um lugar sa-
grado. Por isso, o corpo merece respeito e cuidado.
4 No Antigo Testamento, o santuário era um lugar sagrado, que Deus

abençoava com Sua presença. O corpo do cristão é sagrado porque


Deus está presente com ele. Quem atenta contra o corpo (contra sua
vida), atenta contra o próprio Deus.

85
Pecados contra o templo

Jesus considera o ódio como homicídio: (1 Jo-


ão 3.15) - Qualquer que odeia a seu irmão é homici-
da. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida
eterna permanecendo nele.

O homicídio está presente na natureza do di-


abo: (João 10.10a) - [disse Jesus] O ladrão não vem
senão a roubar, a matar, e a destruir;

II - Bebedices: O Cristão não deve se deixar


levar pelas bebedices, e sim, ser cheio do Espírito
Santo, deve ser sóbrio e vigiar, pois o álcool pode
causar sérios danos e pode estar acompanhado da
prostituição, impurezas e iras.

(Provérbios 20.1) - O vinho é escarnecedor, e a be-


bida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles
errar não é sábio.

(Efésios 5.18) - E não vos embriagueis com vinho,


em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;

86
Pecados contra o templo

III - Glutonarias5: É o ato de comer em dema-


sia, em excesso, ultrapassando o limite da sacieda-
de.

(Romanos 14.17) - Porque o reino de Deus não é


comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo.

(1 Coríntios 10.31) - Quer comais, quer bebais, ou


façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória
de Deus.

Devemos manter o equilíbrio em todas as áreas de


nossas vidas que são relacionadas ao nosso corpo, a
fim de glorificarmos a Deus através dele.

Conclusão: Os vícios em geral devem ficar para


trás, pois agora é Deus quem habita em nós, e ser
templo do Espírito Santo é um grande privilégio do
cristão.

5A palavra glutonaria se originou do latim glutto, que significa “o que


come em excesso, com voracidade”, derivada de glutire, que se traduz:
“engolir”.

87
Pecados contra o templo

Avaliação

1) Por que devemos cuidar com zelo do nosso corpo?

2) O que bíblia diz sobre o homicídio?

3) Qual postura o crente deve ter em relação as be-


bidas alcóolicas?

4) O ato de comer em demasia leva o crente ao pe-


cado?

5) Como podemos glorificar a Deus com nosso cor-


po?

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88
Seminário Bíblico Keryx

89
Desenvolvendo o fruto do espírito

Texto base: (Gálatas 5.22) - Mas o fruto do espí-


rito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignida-
de, bondade, fé, mansidão, temperança.

Definição: O fruto do espírito é o caráter do cris-


tão revelado em suas múltiplas facetas. Não se tra-
ta de "frutos do Espírito" no plural, mas do "fruto
do Espírito" no singular.1

O Senhor Jesus é o nosso maior exemplo!

1. Amor: Jesus é amor, só Ele é capaz de nos mos-


trar o verdadeiro amor Ágape2, ou seja, o amor di-
vino em ação.

(João 15.13)3 - Ninguém tem maior amor do que


este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.

1 Esse singular pode tanto dar a ideia de totalidade, como usamos em


expressões como "o fruto do meu trabalho", como uma mexerica que
além da casca e sementes, possui seus gomos que formam a substância
do fruto.
2
Segundo o Léxico Strong Ágape αγαπη significa: amor fraterno, de
irmão, afeição, boa vontade, amor, benevolência. No entanto, é comum
no meio cristão, interpretar a palavra Ágape como: Amor incondicional.
3 A maior expressão de Amor em Cristo, é que ele é sacrificial.

90
Desenvolvendo o fruto do espírito

2. Gozo: Jesus é a fonte de alegria. (alegria, satis-


fação)

(Isaías 29.19) - E os mansos terão gozo sobre gozo


no Senhor; e os necessitados entre os homens se
alegrarão no Santo de Israel.

3. Paz: (bem estar) Shalom4: A paz de Cristo é


uma qualidade diferente de paz, diferente da paz do
mundo.

(João 14.27) - Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;


não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize.

4. Longanimidade5: (suportar as adversidades)


Caráter da pessoa que suporta as adversidades e
que prossegue em seu empenho, apesar dos obstá-
culos.

4Do hebraico ‫ שלם‬Shalom do hebraico significa: Completo, totalidade,


contentamento, segurança, saúde, prosperidade, sossego, tranqui-
lidade, bem estar, paz.
5
Do grego μακροθυμια makrothumia: paciência, tolerância, constância,
firmeza, perseverança.

91
Desenvolvendo o fruto do espírito

(João 12.27) - Agora a minha alma está perturbada;


e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para
isto vim a esta hora.

5. Benignidade: (bom caráter) Qualidade do que


é benigno.

(Isaías 63.7) - As benignidades do Senhor mencio-


narei, e os muitos louvores do Senhor, conforme
tudo quanto o Senhor nos concedeu; e grande bon-
dade para com a casa de Israel, que usou com eles
segundo as suas misericórdias, e segundo a multi-
dão das suas benignidades.

6. Bondade: (desejo de ajudar) Disposição natu-


ral que nos leva a fazer bem.

(Lucas 10.33-34) - Mas um samaritano, que ia de


viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de
íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o
sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e
cuidou dele;

92
Desenvolvendo o fruto do espírito

7. Fé6: (fidelidade) Com esse fruto, aprendemos a


não somente crer em Deus, mas nos tornamos fiéis
e confiar de todo o coração, pois Deus é fiel.

(Salmos 36.58) - A tua misericórdia, Senhor, está


nos céus, e a tua fidelidade chega até às mais excel-
sas nuvens.

8. Mansidão: (domínio próprio) Jesus demonstrou


um domínio próprio que excede as dores e aflições.

(Isaías 53.7)7 - Ele foi oprimido e afligido, mas não


abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao
matadouro, e como a ovelha muda perante os seus
tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.

9. Temperança8: (brandura): Refere-se a sobrie-


dade, ser temperante, temperamento ou ainda o
hábito de moderar.

6 Do grego πιστις pistis - Convicção da verdade de algo; fidelidade,


lealdade; Caráter de alguém em quem se pode confiar.
7 Jesus não abriu a boca diante de admirável dor e sofrimento. Ele tinha

a plena consciência dos motivos de sua flagelação e morte, e o imenso


amor do Pai pela humanidade caída que precisava de redenção.
8 A palavra temperança vem do latim “temperantia” que significa:

guardar o equilíbrio.

93
Desenvolvendo o fruto do espírito

(João 8.7)9 - E, como insistissem, perguntando-lhe,


endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós
está sem pecado seja o primeiro que atire pedra
contra ela.

Conclusão: Procure enxergar o fruto do Espírito


como os atributos de Jesus Cristo em nós, que são
produzidos pelo Espírito de Deus em uma cami-
nhada cristã abençoada.

(João 15.4) – [Disse Jesus] Permanecei em mim, e


eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma
não pode dar fruto, se não permanecer na videira,
assim também vós, se não permanecerdes em mim.

9 É notória a sobriedade de Jesus no caso da mulher adúltera.

94
Desenvolvendo o fruto do espírito

Avaliação

1) Como podemos definir o fruto do espírito?

2) Qual é a maior manifestação do amor ágape?

3) Qual é a verdadeira fonte de alegria?

4) Quando passamos a viver a fé como fruto do es-


pírito?

5) O que é temperança?

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95
Desenvolvendo o fruto do espírito

Mas o fruto do espírito é: amor, gozo, paz, longani-


midade, benignidade, bondade, fé, mansidão, tem-
perança.

(Gálatas 5.22)

96
Seminário Bíblico Keryx

Conteúdo extracurricular

Hamartiologia
(A doutrina do pecado)

✓ O Pecado Original
✓ Características do Pecado
✓ Consequências do Pecado

97
Hamartiologia

O pecado original

Introdução ao tema

Hamartiologia (do grego transliterado hamartia


= erro, pecado + logos = estudo), como sugere o pró-
prio nome, é a ciência que estuda o pecado e as suas
origens e consequências, ou o estudo sistematizado
do tema. Referir, pois, hamartia como "pecado" no
sentido espiritual justifica-se por sua comprovada
presença nos textos do Novo Testamento e da Bíblia
Sagrada, fato comprovável por várias traduções e
versões de renome mundial.

Embora, a concepção de pecado, em si, varie com


as culturas, posto que com as variadas concepções
de espiritualidade e religiosidade, o estudo do peca-
do e sua origem inevitavelmente incorrem na ques-
tão da natureza do mal, assim como da relação des-
te com o homem. Conquanto usualmente concebido
como ramo da teologia cristã, não é necessariamen-
te a esta vinculado, pois esse conceito, em sua
abrangência, complexidade e diversidade de enten-

98
Hamartiologia

dimentos culturais enseja também, necessariamen-


te, várias concepções em seu estudo.

O ensino bíblico a respeito do pecado apresenta


nitidamente dupla face: a depravação da humani-
dade e a sobrepujante glória de Deus. A sombra do
pecado está sobre cada aspecto da existência hu-
mana. Fora de nós, o pecado é um inimigo que se-
duz; por dentro, compele-nos ao mal, como parte de
nossa natureza caída. Nesta vida, o pecado é inti-
mamente conhecido, ainda que permaneça estranho
e misterioso. Promete a liberdade, mas escraviza,
produzindo desejos que não podem ser satisfeitos.
Quanto mais nos debatemos para escapar ao seu
domínio, tanto mais inextricavelmente nos enlaça.

Compreender o pecado nos ajuda no conhecimen-


to de Deus, porém o pecado distorce até mesmo
nosso conhecimento do próprio-eu. Mas se a luz da
iluminação divina consegue penetrar essas trevas,
e não somente as trevas, mas também a própria
luz, então poderão ser melhor analisadas. Percebe-
se a importância prática do estudo do pecado na

99
Hamartiologia

sua gravidade. O pecado é contra Deus. Afeta a


totalidade da criação, inclusive a humanidade. Até
mesmo o menor dos pecados pode provocar o juízo
eterno. E o remédio para o pecado é nada menos
que a morte de Cristo na cruz.

Os resultados do pecado abrangem todo o terror


do sofrimento e da morte. Finalmente, as trevas do
pecado demonstram, num contraste nítido e terrí-
vel, a glória de Deus.

O começo do pecado

A bíblia apresenta o pecado como um evento an-


terior à experiência humana, em que o pecado se
tornou uma realidade. Uma criatura extraordiná-
ria, a serpente, já estava confirmada na iniquidade
antes de “o pecado entrar no mundo” através de
Adão (Romanos 5.12; ver Gêneses 3). Essa antiga
serpente aparece em outros lugares como o grande
dragão, Satanás e o diabo (Apocalipse 12.9; 20.2). O
diabo tem andado pecando e assassinando desde o
princípio (João 8.44; 1João 3.8). O orgulho
(1Timóteo 3.6) e uma queda de anjos (Judas 6; Apo-

100
Hamartiologia

calipse 12.7-9) também se associam a essa catástro-


fe cósmica.

As Escrituras também nos ensinam a respeito de


outra queda: Adão e Eva foram criados “bons” e
colocados no jardim do Éden, desfrutando de estrei-
ta comunhão com Deus (Gêneses 1.26-2.25). Por
não serem divinos e porque eram capazes de pecar,
era necessária uma contínua dependência de Deus.
Precisavam comer regularmente, isto foi sugerido
pelo convite a comer de todas as árvores, inclusive
da árvore da vida, antes da queda (Gêneses 2.16), e
pela rigorosa proibição depois desta (Gêneses
3.22,23). Houvessem obedecido, teriam sido frutífe-
ros e alegres para sempre (Gêneses 1.28-30). Alter-
nativamente, após um período de prova, poderiam
conseguir um estado mais permanente de imortali-
dade, mediante a trasladação para o céu (Gêneses
5.21-24; 2Reis 2.1-12) ou pela ressurreição do corpo
sepultado na terra (cf. os crentes, 1Coríntios 15.35-
54).

101
Hamartiologia

Deus permitiu que o Éden fosse invadido por sa-


tanás, o qual tentou Eva com astúcia (Gêneses 3.1-
5). Desconsiderando a Palavra de Deus, Eva entre-
gou-se ao desejo por beleza e sabedoria. Tomou do
fruto proibido, ofereceu-o ao seu marido e juntos
comeram-no (Gêneses 3.6). Eva fora enganada pela
serpente, mas Adão parece ter pecado em plena
consciência (2Coríntios 11.3; 1Timóteo 2.14; Deus
concorda com esse fato em Gêneses 3.13-19). É pos-
sível que Adão tenha recebido do próprio Deus a
proibição de comer da árvore e que Eva a tenha
ouvido somente através do marido (Gêneses 2.17;
cf. 2.22). Adão, portanto, tinha mais responsabili-
dade diante de Deus, e Eva era mais suscetível di-
ante de Satanás (cf. João 20.29). Talvez seja esta a
explicação da ênfase que a bíblia atribui ao pecado
de Adão (Romanos 5.12-21; 1Coríntios 15.21,22),
embora, na realidade, Eva tenha pecado primeiro.
Finalmente, é crucial observar que o pecado deles
começou na sua livre escolha moral, e não na tenta-
ção (a que poderiam ter resistido: 1Coríntios 10.13;
Tiago 4.7). Isto é, embora a tentação os incentivasse

102
Hamartiologia

a pecar, a serpente não colheu o fruto tampouco os


forçou a comê-lo. O casal optou por assim fazer.

O primeiro pecado da humanidade abrangeu to-


dos os demais pecados: a afronta e desobediência a
Deus, o orgulho, a incredulidade, desejos errados, o
desviar outras pessoas, assassinato em massa da
posteridade e a submissão voluntária ao diabo. As
consequências imediatas foram numerosas (observe
cuidadosamente Gêneses 1.26-3.24). O relaciona-
mento entre Deus e os homens, de comunhão, amor,
confiança e segurança, foi trocado por isolamento,
autodefesa, culpa e banimento. Adão e Eva, bem
como o relacionamento entre eles, entraram em
degeneração. A intimidade e a inocência cederam
lugar à acusação (jogavam a culpa um sobre o ou-
tro). Seu desejo rebelde pela independência resul-
tou em dores de parto, labuta e morte. Seus olhos
realmente foram abertos, e eles conheceram o bem
e o mal (mediante um atalho), mas era pesado esse
conhecimento sem o equilíbrio de outros atributos
divinos, como o amor, a sabedoria e o conhecimento.
A criação, confiada aos cuidados de Adão, foi amal-

103
Hamartiologia

diçoada, gemendo pela libertação dos resultados da


infidelidade dele (Romanos 8.20,22). Satanás, que
oferecera a Eva as alturas da divindade e promete-
ra ao homem e à mulher que estes não morreriam,
foi mais amaldiçoado que todas as criaturas e con-
denado à destruição eterna pela descendência de
Eva (ver Mateus 25.41). Finalmente, o primeiro
casal humano trouxe a morte a todos os seus filhos
(Romanos 5.12-21; 1Coríntios 15.20-28).

As Escrituras ensinam que o pecado de Adão


afetou muito mais que a ele próprio (Romanos 5.12-
21; 1Coríntios 15.21,22). Esta questão é chamada
pecado original e postula três perguntas: até que
ponto, por quais meios e em que base o pecado de
Adão é transmitido ao restante da humanidade?
Qualquer teoria do pecado original precisa respon-
der as três perguntas e satisfazer os seguintes cri-
térios bíblicos:

Solidariedade

Toda a humanidade, em algum sentido, está


unida ou vinculada, como numa única entidade, a

104
Hamartiologia

Adão (por causa dele, todas as pessoas estão fora da


bem-aventurança do Éden; Romanos 5.12-21;
1Coríntios 15.21,22).

Corrupção

Por estar a natureza humana tão deteriorada pe-


la queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer
o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa
de Deus. A esta condição chamamos corrupção to-
tal, ou depravação da natureza. Não significa que
as pessoas não possam fazer algum bem aparente,
apenas que nada do que elas façam será suficiente
para torná-las merecedoras da salvação. Armínio
descreveu o “livre-arbítrio do homem em favor do
verdadeiro Bem”, na condição de “preso, destruído e
perdido... não tem nenhuma capacidade a não ser
aquela despertada pela graça divina”. A intenção de
Armínio não era manter a liberdade humana a des-
peito da queda, mas asseverar que a graça divina
era maior até mesmo que a destruição provocada
pela queda.

105
Hamartiologia

Assim a corrupção é reconhecida na bíblia. Sal-


mos 51.5 menciona Davi sendo concebido em peca-
do, ou seja: seu pecado remontava à concepção.
Romanos 7-7-24 sugere que o pecado, embora mor-
to, estava em Paulo desde o princípio. Mais catego-
ricamente, Efésios 2.3 declara que todos somos “por
natureza filhos da ira”. “Natureza” (phusis) fala da
realidade fundamental ou origem de uma coisa. Daí
ser corrupto o “conteúdo” de todas as pessoas.

A natureza corrupta produzindo filhos corruptos


é a melhor explicação da universalidade do pecado.
Embora vários trechos dos Evangelhos se refiram à
humildade e à receptividade espiritual das crianças
(Mateus 10.42; 11.25,26; 18.1-7; 19.13-15; Marcos
9.33-37,41,42; 10.13-16; Lucas 9.46-48; 10.21;
18.15-17), nenhum as afirma incorruptas. Real-
mente, algumas crianças são até mesmo endemoni-
nhadas (Mateus 15.22; 17.18; Marcos 7.25; 9.17).

A pecaminosidade de todos

Romanos 5.12 declara que “todos pecaram”. Ro-


manos 5.18 diz que mediante um só pecado todos

106
Hamartiologia

foram condenados, o que subentende que todos pe-


caram. Romanos 5.19 diz que mediante o pecado de
um só homem todos foram feitos pecadores. Textos
que falam da pecaminosidade universal não fazem
exceções à infância. Crianças impecáveis seriam
salvas sem Cristo, mas isto é (antibíblico João 14.6;
Atos 4.12). Ser merecedor de castigo também indica
o pecado.

Ser merecedor de castigo

Todas as pessoas, até mesmo as crianças peque-


nas, estão sujeitas ao castigo. “Filhos da ira” (Efé-
sios 2.3) é um semitismo que indica o castigo divino
(cf. 2Pedro 2.14). As imprecações bíblicas contra
crianças (Salmos 137.9) indicam esse fato. E Ro-
manos 5.12 diz que a morte física (cf. 5.6-
8,10,14,17) chega a todos porque todos têm pecado,
aparentemente até as crianças. As crianças, antes
da idade de responsabilidade ou consentimento
moral (a idade cronológica provavelmente varia
com o indivíduo), não são pessoalmente culpadas.
As crianças não têm o conhecimento do bem e do

107
Hamartiologia

mal (Deuteronômio 1.39; cf. Gêneses 2.17). Roma-


nos 7-9-11 declara que Paulo “vivia” até à chegada
da lei mosaica (cf. 7.1), a qual fez “reviver o peca-
do”, que o enganou e matou espiritualmente.

Características do pecado

Muitas das facetas do pecado estão refletidas


nas características a seguir, tiradas do registro bí-
blico.

O pecado como incredulidade, ou falta de fé, é


visto na queda, na rejeição da humanidade à reve-
lação geral (Romanos 1.18; 2.2) e naqueles conde-
nados à segunda morte (Apocalipse 21.8). Está es-
treitamente vinculado à desobediência de Israel no
deserto (Hebreus 3.18,19). A palavra grega apistia
(“incredulidade”, Atos 28.24) combina o prefixo ne-
gativo a com pistis (“fé”, “confiança”, “fidelidade”).
Tudo o que não é de fé é pecado (Romanos 14.23;
Hebreus 11.6). A incredulidade é o antônimo da fé
salvífica (Atos 13.39; Romanos 10.9) e leva à con-
denação eterna (João 3.16; Hebreus 4.6,11).

108
Hamartiologia

O orgulho é a auto-exaltação. Ironicamente, é


tanto o desejo de ser semelhante a Deus (como na
ocasião em que satanás tentou Eva) quanto a rejei-
ção a Ele (Salmos 10.4). A despeito do terrível cus-
to, não tem valor diante de Deus (Isaías 2.11) e é
por Ele odiado (Amós 6.8). O orgulho engana (He-
breus 3) e leva à destruição (Provérbios 16.18; Oba-
dias 4; Zacarias 10.11). Ajudou a tornar a incredu-
lidade de Cafarnaum pior que a depravação de So-
doma (Mateus 11. 23; Lucas 10.15), e é a antítese
da humildade de Jesus (Mateus 11.29; 20.28; cf.
Filipenses 2.3-8). No Juízo Final, os orgulhosos se-
rão humilhados, e os humildes, exaltados (Mateus
23.1-12; Lucas 14.7-14). Embora apresente um lado
positivo, o hebraico ga’on (Amós 6.8) e o grego hu-
perêphanos (Tiago 4.6) tipicamente denotam uma
arrogância profunda e permanente.

Intimamente relacionado ao orgulho, o desejo


mal orientado, e seu egocentrismo são pecado e mo-
tivam ao pecado (1João 2.15-17). Epithumia (“dese-
jo”, Tiago 4.2), usado num mau sentido, leva ao as-
sassínio e à guerra, e pleonexia, a apaixonada “cobi-

109
Hamartiologia

ça” ou o “desejo de ter mais”, é equiparada à idola-


tria.

Consequentemente, são condenados todos os de-


sejos iníquos (Romanos 6.12). Quer se trate da de-
sobediência de Adão ou da falta de amor no crente
(1Coríntios 14.15,21; 15.10), todo pecado consciente
é rebelião contra Deus. Em hebraico, pesha' envolve
a “rebelião” deliberada e premeditada (Isaías
59.13). A rebelião também é refletida em marah
(“ser refratário, obstinado”, Deuteronômio 9.7) e em
sarar (“ser teimoso”, Salmos 78.8), e no grego
apeitheia (“desobediência”, Efésios 2.2), apostasia
(“apostasia” ou “abandono, rebelde, traição”,
2Tessalonissesses 2.3) e parakoê (“recusa de ouvir”,
“desobediência”, 2Coríntios 10.6). E assim, a rebe-
lião é equiparada ao pecado da adivinhação, que
busca orientação em outras fontes que não Deus ou
sua Palavra (1Samuel 15.23).

O pecado, que provém do “pai da mentira” (João


8.44), é a antítese da verdade de Deus (Salmos
31.5; João 14.6; 1João 5.20). Desde o princípio tem

110
Hamartiologia

sido enganoso nas suas promessas, incitando pes-


soas enganadas a cometer mais prevaricação (João
3.20; 2Timóteo 3.13). Pode outorgar prazer dramá-
tico, mas sempre temporário (Hebreus 11.25). O
hebraico ma'al (“infidelidade”, “engano”, Levítico
26.40) e o grego paraptõma (“passo em falso”,
“transgressão”, Hebreus 6.6), podem igualmente
significar traição devida à incredulidade.

O lado objetivo da mentira que é o pecado é a


distorção real do bem. “Iniquidade” (‘awon), que
provém da ideia de torcido ou pervertido, represen-
ta esse conceito (Gêneses 19.15; Salmos 31.10; Za-
carias 3.9). Vários compostos de strephõ (“virar”-
apo-, Lucas 23.14; dia-, Atos 20.30; meta-, Gálatas
1.7; ek-, Tito 3.11) também apresentam o mesmo
sentido em grego, assim como skolios (“Perverso”,
“inescrupuloso”, Atos 2.40).

De modo genérico, o conceito bíblico do mal


abrange tanto o pecado quanto o seu resultado. O
hebraico ra' apresenta uma ampla variedade de
usos: animais inadequados para o sacrifício (Levíti-

111
Hamartiologia

co 27.10), as dificuldades da vida (Gêneses 47.9), a


árvore proibida do Éden (Gêneses 2.17), as imagi-
nações do coração (Gêneses 6.5), atos iníquos (Êxo-
do 23.2) , pessoas perversas (Gêneses 38.7), a retri-
buição (Gêneses 31.29) e o justo juízo de Deus (Je-
remias 6.19). O grego, kakos tipicamente designa
coisas más ou desagradáveis (Atos 28.5). No entan-
to, kakos e os seus compostos podem ter um signifi-
cado mais amplo, moral, que designa pensamentos
(Marcos 7.21), ações (2Coríntios 5.10), pessoas (Tito
1.12) e o mal como uma força (Romanos 7.21;
12.21). Ponêria e a sua classe de palavras desenvol-
vem conotações fortemente éticas no Novo Testa-
mento, inclusive satanás como o “maligno” (Mateus
13.19; ver também Marcos 4.15; cf. 1João 2.13) e o
mal coletivo (Gálatas 1.4).

Os pecados especialmente repugnantes para


Deus são designados como detestáveis (“abomina-
ções”). To'evah (“coisa abominável, detestável, ofen-
siva”) pode referir-se aos ímpios (Provérbios 29.27),
ao transvestismo (Deuteronômio 22.5), ao homosse-
xualismo (Levítico 18.22), à idolatria (Deuteronô-

112
Hamartiologia

mio 7.25,26), ao sacrifício infantil (Deuteronômio


12.31) e a outros pecados graves (Provérbios 6.16-
19). A palavra grega correspondente, bdelugma,
fala de grande hipocrisia (Lucas 16.15), da profana-
ção final do Lugar Santo (Mateus 24.15; Marcos
13.14) e do conteúdo da taça nas mãos da prostituta
Babilônia (Apocalipse 17.4).

Força extensão do pecado

Uma força maligna real e pessoal está operando


no universo, contra Deus e contra o seu povo. Esse
fato sugere a importância crucial da libertação, da
guerra espiritual e de coisas semelhantes, mas sem
o histerismo pouco religioso que tão frequentemen-
te acompanha esses esforços.

O pecado não consiste apenas de ações isoladas,


mas também é uma realidade, ou natureza, dentro
da pessoa (ver Efésios 2.3). O pecado, como nature-
za, indica a “sede” ou a sua “localização” no interior
da pessoa, como a origem imediata dos pecados.
Inversamente, é visto na necessidade do novo nas-
cimento, de uma nova natureza a substituir a ve-

113
Hamartiologia

lha, pecaminosa (João 3.3-7; At 3.19; 1Pedro 1.23).


Esse fato é revelado na ideia de que a regeneração
só pode acontecer de fora para dentro da pessoa
(Jeremias 24.7; Ezequiel 11.19; 36.26,27; 37-1-14;
1Pedro 1.3).

O Novo Testamento relaciona a natureza peca-


minosa com sarx (a “carne”). Embora a palavra ori-
ginalmente se referisse ao corpo material, Paulo
equiparou-a à natureza pecaminosa (Romanos 7.5-
8.13; Gálatas 5.13,19). Neste sentido, sarx é o cen-
tro dos desejos pecaminosos (Romanos 13.14; Gála-
tas 5. 16,24; Efésios 2.3; 1Pedro 4.2; 2Pedro 2. 10;
1João 2.16). O pecado e as paixões surgem da carne
(Romanos 7.5; Gálatas 5.17,21), onde não habita
nenhuma coisa boa (Romanos 7.18), e os pecadores
mais sórdidos dentro da igreja são entregues a sa-
tanás, “para destruição da carne”, possivelmente
uma enfermidade que os leve ao arrependimento
(1Coríntios 5.5; cf. 1Timóteo 1.20). Soma (“corpo”) é
usado de modo semelhante apenas em algumas
ocasiões (Romanos 6.6; 7.24; 8.13; Colossenses

114
Hamartiologia

2.11). O corpo físico não é considerado um mal em


si mesmo.

O hebraico lev, ou levav (“coração”, “mente” ou


“entendimento”), indica a essência da pessoa. O
coração do homem pode ser pecaminoso (Gêneses
6.5; Deuteronômio 15.9; Isaías 29.13) acima de to-
das as coisas (Jeremias 17.9). Pois isso precisa de
renovação (Salmos 51.10; Jeremias 31.33; Ezequiel
11.19). Dele fluem as más intenções (Jeremias 3.17;
7.24), e todas as suas inclinações são más (Gêneses
6.5). O grego kardia (“coração”) também indica a
vida interior e o próprio-eu. Tanto o mal quanto o
bem são dele provenientes (Mateus 12.33-35; 15.18;
Lucas 6.43-45). Pode significar a pessoa essencial
(Mateus 15.19; Atos 15.9; Hebreus 3.12). Kardia
pode ser duro (Marcos 3.5; 6.52; 8.17; João 12.40;
Romanos 1.21; Hebreus 3.8). Assim como sarx, kar-
dia pode ser a origem de desejos errados (Romanos
1.24). Da mesma forma a mente (nous) pode ser má
nas suas operações (Romanos 1.28; Efésios 4.17;
Colossenses 2.18; 1Timóteo 6.5; 2Timóteo 3.8; Tito
1.15) e necessitar de renovação (Romanos 12.2).

115
Hamartiologia

O pecado luta contra o espírito. A natureza pe-


caminosa está além do controle da pessoa (Gálatas
5.17; cf. Romanos 7.7-25). E morte para o ser hu-
mano (Romanos 8.7,8; 1Coríntios 15.50). Dela pro-
vém epithumia, a inteira gama de desejos malignos
(Romanos 1.24; 7.8; Tito 2.12; 1João 2.16). O pecado
até mesmo habita dentro da pessoa (Romanos 7.17-
24; 8.5-8), como um princípio ou lei (Romanos
7.21,23,25).

Os pecados propriamente ditos começam na na-


tureza pecaminosa, frequentemente como resultado
de tentações mundanas ou sobrenaturais (Tiago
1.14,15; 1João 2.16). Uma das características mais
insidiosas do pecado é a de dar ainda vazão a mais
pecado. O pecado, por ser crescimento maligno, avo-
luma-se por conta própria a proporções fatais, tanto
na intensidade, a não ser quando freado pela puri-
ficação no sangue de Cristo. A maneira como o pe-
cado reproduz a si mesmo pode ser vista na queda
(Gêneses 3.1-13), na maneira de Caim descer da
inveja ao homicídio (Gêneses 4-1-15) e na concupis-
cência de Davi, que deu à luz o adultério, o assassí-

116
Hamartiologia

nio e gerações de sofrimentos (2Samuel 11 e 12).


Romanos 1.18-32 relata a caminhada descendente
da humanidade, desde a rejeição à revelação até
sua reprovação por Deus e a consequente perversi-
dade total. Semelhantemente, os “sete pecados
mortais” (um catálogo antigo de vícios contrastados
com virtudes paralelas) têm sido considerados não
somente pecados radicais, como também uma se-
quência descendente de pecados.

O processo de pecado se alimentando de pecado é


levado a efeito através de muitos mecanismos. O
ambicioso autor da iniquidade, satanás, é o antago-
nista principal desse drama maligno. Como gover-
nante da presente era (João 12.31; 14.30; 16.11;
Efésios 2.2), ele tem procurado constantemente
enganar, tentar, peneirar e devorar (Lucas 22.31-
34; 2Coríntios 11.14; 1Tessalonissesses 3.5; 1Pedro
5.8), até mesmo por incitamento direto ao coração
(1Crônicas 21.1). A inclinação natural da carne, que
ainda aguarda a redenção plena, também desem-
penha o seu papel. As tentações do mundo apelam
ao coração (Tiago 1.2-4; 1João 2.16). O pecado mui-

117
Hamartiologia

tas vezes requer mais pecados para alcançar o seu


alvo, assim como aconteceu, a Caim, que tentou
esconder de Deus o seu crime (Gêneses 4.9). O pra-
zer do pecado (Hebreus 11.25,26) pode reforçar o
próprio pecado. Os pecadores provocam as suas
vítimas a reagir de modo pecaminoso (observe as
exortações contrárias: Provérbios 20.22; Mateus
5.38-48; 1Tessalonissesses 5.15; 1Pedro 3.9). Os
pecadores seduzem outras pessoas ao pecado (Gê-
neses 3.1-6; Êxodo 32.1; 1Reis 21.25; Provérbios
1.10-14; Mateus 4.1-11; 5.19; Marcos 1.12,13; Lucas
4.1-13; 2Timóteo 3.6-9; 2Pedro 2.18,19; 3.17; 1João
2.26). Os pecadores encorajam outros pecadores ao
pecado (Salmos 64.5; Romanos 1.19-32). Os indiví-
duos endurecem seus corações contra Deus, procu-
rando evitar a aflição mental do pecado (1Samuel
6.6; Provérbios 28.14; Romanos 1.24,26,28; 2.5; He-
breus 3.7-19; 4.7). Finalmente, o endurecimento do
coração por Deus pode facilitar esse processo.

Nunca se deve confundir tentação com pecado.


Jesus sofreu maiores tentações (Mateus 4.1-11;
Marcos 1.12,13; Lucas 4.1-13; Hebreus 2.18; 4.15) e

118
Hamartiologia

permaneceu sem pecado (2Coríntios 5.21; Hebreus


4.15; 7.26-28; 1Pedro 1.19; 2.22; 1João 3.5; e as
provas da divindade). Além disso, se a tentação
fosse pecado, Deus não providenciaria socorro para
ajudar a suportá-la (1Coríntios 10.13). Embora
Deus realmente submeta à provas os que são seus
(Gêneses 22.1-14; João 6.6) e obviamente permita a
tentação (Gêneses 3), Ele mesmo não tenta (Tiago
1.13). Na prática, a Bíblia admoesta a respeito do
perigo da tentação e da necessidade de evitá-la e
livrar-se dela (Mateus 6.13; Lucas 11.4; 22.46;
1Coríntios 10.13; 1Timóteo 6.6-12; Hebreus 3.8;
2Pedro 2.9).

A Bíblia contém abundantes descrições de atos


pecaminosos e advertências contra eles, inclusive
catálogos de vícios (tipicamente em Romanos 1.29-
31; 13.13; 1Coríntios 5.10,11; 6.9,10; 2Coríntios
12.20,21; Gálatas 5. 19-21; Efésios 4.31; 5.3-5; Co-
lossenses 3.5,8; Apocalipse 21.8; 22.15). Essas listas
indicam a gravidade do pecado e demonstram sua
incrível variedade. No entanto, por si só, podem
incitar o desespero mórbido em razão de pecados

119
Hamartiologia

passados ou futuros. Mais grave ainda, podem ser


entendidas no sentido de reduzir o pecado a meras
ações, sem se levar em conta sua profundidade co-
mo lei, natureza e força dentro da pessoa e do uni-
verso. Nesse caso, a pessoa acabaria vendo apenas
os sintomas, sem tomar consciência da própria en-
fermidade.

As Escrituras descrevem muitas categorias de


pecados. Podem ser cometidos por incrédulos ou por
crentes, sendo que estes dois grupos são lesados
pelos pecados e precisam da graça. Os pecados po-
dem ser cometidos contra Deus, contra o próximo,
contra o próprio-eu ou contra alguma combinação
destes. Em última análise, porém, todo o pecado é
contra Deus (Salmos 51.4; cf. Lucas 15.18,21). O
pecado pode ser confessado e perdoado. Não sendo
perdoado, continuará exercendo o seu domínio so-
bre a pessoa. A bíblia ensina que uma atitude pode
ser tão pecaminosa quanto um ato. Por exemplo, a
fúria contra alguém pode ser tão pecaminosa quan-
to o assassinato, e um olhar de concupiscência, tão
pecaminoso quanto o adultério (Mateus

120
Hamartiologia

5.21,22,27,28; Tiago 3.14-16). A atitude pecaminosa


inutiliza a oração (Salmos 66.18). O pecado pode ser
ativo ou passivo, ou seja, a prática do mal ou a ne-
gligência à prática do bem (Lucas 10.30-37; Tiago
4.17). Os pecados sexuais físicos são lastimáveis
para os cristãos, porque abusam o corpo do Senhor
na pessoa do crente e porque o corpo é o templo do
Espírito Santo (1Coríntios 6.12-20).

Os pecados podem ser cometidos por ignorância


(Gêneses 20; Levítico 5.17-19; Números 35.22-24;
Lucas 12.47-48; 23.34). O salmista, com muita sa-
bedoria, pede ajuda para discerni-los (Salmos
19.12). Parece que aqueles que só possuem a lei da
natureza (Romanos 2.13-15) cometem pecados da
ignorância (Atos 17.30). Todas as pessoas são, até
certo grau, responsáveis e sem desculpa (Romanos
1.20), e a ignorância deliberada, como a de Faraó,
proveniente do contínuo endurecimento do próprio
coração, é condenada vigorosamente. O pecado se-
creto é tão iníquo quanto o praticado em público
(Efésios 5.11-13). Assim acontece especialmente no
caso da hipocrisia, uma forma de pecado secreto no

121
Hamartiologia

qual a aparência exterior serve de máscara à reali-


dade interior (Mateus 23.1-33; note o v. 5). Os pe-
cados cometidos abertamente, no entanto, tendem à
presunção e à subversão da comunidade (Tito 1.9-
11; 2Pedro 2.1,2). Muitos rabinos acreditavam que
o pecado secreto também era, na prática, uma ne-
gação da onipresença de Deus.

Os pecados cometidos por fraqueza têm origem


no desejo dividido, usualmente após uma luta con-
tra a tentação (Mateus 26.36-46; Marcos 14.32-42;
Lucas 22.31-34,54,62; talvez Romanos 7.14-25). Os
pecados presunçosos são cometidos com intenção
profundamente iníqua, ou “à mão levantada” (Nú-
meros 15.30). Os pecados de fraqueza constituem
menor afronta a Deus que os presunçosos. Indicam
esse fato a severidade com que as Escrituras consi-
deram os pecados presunçosos (Êxodo 21.12-14;
Salmos 19.13; Isaías 5.18-25; 2Pedro 2.10) e a au-
sência de expiação para eles na lei mosaica (não no
Evangelho, porém). Mesmo assim, a distinção entre
fraqueza e presunção jamais deve ser usada como

122
Hamartiologia

desculpa para tratar levianamente qualquer peca-


do.

Descrever o pecado é uma tarefa difícil. Talvez a


dificuldade provenha da sua natureza parasítica,
posto que não tem existência em separado, mas
está diretamente condicionado por aquilo a que se
agarra.

Consequências do pecado

O pecado, por sua própria natureza, é destruti-


vo. Já descrevemos boa parte dos seus efeitos.
Mesmo assim, é necessário aqui um breve resumo.

O estudo das consequências do pecado devem


considerar a culpa e o castigo. Há vários tipos de
culpa (heb. 'asham, Gêneses 26.10; gr. enochos,
Tiago 2.10). A culpa individual ou pessoal pode ser
distinguida da comunitária, que pesa sobre as soci-
edades. A culpa objetiva refere-se à transgressão
real, quer posta em prática pelo culpado, quer não.
A culpa subjetiva refere-se à sensação de culpa
numa pessoa, que pode ser sincera e levar ao arre-

123
Hamartiologia

pendimento (Salmos 51; Atos 2.40- 47; cf João 16.7-


11). Pode, também, ser insincera (com a aparência
externa de sinceridade), mas ou desconhece a reali-
dade do pecado (e só corresponde quando apanhada
em flagrante e exposta à vergonha e castigada, etc.)
ou evidencia uma mera mudança temporária e ex-
terna, sem uma reorientação real, duradoura e in-
terna (por exemplo, Faraó). A culpa subjetiva pode
ser puramente psicológica na sua origem e provocar
muitas aflições sem, porém, fundamentar-se em
qualquer pecado real (1João 3.19,20).

A penalidade, ou castigo, é o resultado justo do


pecado, infligido por uma autoridade aos pecadores
e fundamentado na culpa destes. O castigo natural
refere-se ao mal natural (indiretamente da parte de
Deus) incorrido por atos pecaminosos (como a doen-
ça venérea provocada pelos pecados sexuais e a de-
terioração física e mental provocada pelo abuso de
substâncias). O castigo positivo é infligido sobrena-
tural e diretamente por Deus. Os possíveis propósi-
tos do castigo são relacionados a seguir.

124
Hamartiologia

A retribuição ou a vingança pertencem exclusi-


vamente a Deus (Salmos 94.1; Romanos 12.19); A
expiação traz a restauração do culpado (esta reali-
zada em nosso favor pela expiação vicária oferecida
por Cristo); O julgamento leva o culpado a dispor-se
a restituir o que foi tirado ou destruído, e assim
pode ser comprovada a obra que Deus realizou nu-
ma vida (Êxodo 22.1; Lucas 19.8); A correção influ-
encia o culpado a não pecar no futuro. Esta é uma
expressão do amor de Deus (Salmos 94.12; Hebreus
12.5-17); O castigo do culpado serve para dissuadir
a outros do mesmo comportamento. A dissuasão é
usada frequentemente nas advertências divinas
(Salmos 95.8-11; 1Coríntios 10.11).

Os resultados do pecado são muitos e comple-


xos. Podem ser considerados em termos de quem e o
que é afetado por ele.

O pecado tem seu efeito sobre Deus. Embora


sua justiça e sua onipotência não sejam prejudica-
das pelo pecado, as Escrituras dão testemunho de
seu ódio por ele (Romanos 1. 18), de sua paciência

125
Hamartiologia

para com os pecadores (Êxodo 34.6; 2Pedro 3.9), de


sua, busca pela humanidade perdida (Isaías 1.1 8;
1João 4.9-10,19), de sua mágoa por causa do pecado
(Oséias 11.8), de sua lamentação pelos perdidos
(Mateus 23.37; Lucas 13.34) e de seu sacrifício em
favor da salvação da humanidade (Romanos 5.8;
1Jo 4:14; Apocalipse 13.8).

Todas as interações de uma sociedade humana


outrora pura estão pervertidas pelo pecado. As Es-
crituras protestam, repetidas vezes, contra as in-
justiças praticadas pelos pecadores contra os “ino-
centes” (Provérbios 4.16; sociais, Tiago 2.9; econô-
micas, Tiago 5.1-4; físicas, Salmos 11.5;).

O mundo físico também sofre os efeitos do peca-


do. A decadência natural do pecado contribui para
os problemas da saúde e do meio ambiente. Os efei-
tos mais variados do pecado podem ser notados na
mais complexa criação de Deus: a pessoa humana.
Ironicamente, o pecado traz benefícios (segundo as
aparências). O pecado pode até mesmo produzir
uma alegria transitória (Salmos 10.1-11; Hebreus

126
Hamartiologia

11.25,26). O pecado também produz pensamentos


enganosos, segundo os quais o mal parece bem.
Como consequência, as pessoas mentem e distor-
cem a verdade (Gêneses 4.9; Isaías 5.20; Mateus
7.3-5), negando o pecado pessoal (Isaías 29.13) e até
mesmo a Deus (Romanos 1. 20; Tito 1.16). Em úl-
tima análise, o engano do que parece ser bom reve-
la-se como mau. A culpa, a insegurança, o tumulto,
o medo do juízo e coisas semelhantes acompanham
a iniquidade (Salmos 38.3,4; Isaías 57.20,21; Ro-
manos 2.8,9; 8.15; Hebreus 2.15; 10.27).

O pecado é futilidade. A palavra hebraica 'awen


(“dano”, “aflição”, “engano”, “nulidade”) evoca a
imagem da infrutuosidade do pecado. É o mal an-
gustioso ceifado por quem semeia iniquidade (Pro-
vérbios 22.8) e é a inutilidade prevalecente em Be-
tel (chamada com desprezo: Beth’ Awen - “casa de
nulidade”) apesar da grande tradição de que antes
desfrutava (Oséias 4.15; 5.8; 10.5, 8; Amós 5.5; cf.
Gêneses 28.10-22). Hevel (“nada”, “vazio”) é a repe-
tida “vaidade” - ou “irrelevância” - de Eclesiastes e
do frio consolo dos ídolos (Zacarias 10.2). Seu equi-

127
Hamartiologia

valente em grego, mataiotês, retrata o vazio ou a


futilidade da criação amaldiçoada pelo pecado (Ro-
manos 8.20) e as palavras enfatuadas dos falsos
mestres (2Pedro 2.18). Em Efésios 4.17, os incrédu-
los são apanhados “na vaidade do seu sentido” por
causa do seu entendimento entenebrecido e da se-
paração de Deus causada pela dureza de coração.

O pecado envolve o pecador numa dependência


cada vez mais exigente (João 8.34; Romanos 6.12-
23; 2Pedro 2.12-19), tornando-se uma lei ímpia no
íntimo (Romanos 7.23,25; 8.2). Desde Adão até ao
Anticristo, o pecado é caracterizado pela rebelião,
que pode assumir a forma de “tentar a Deus”
(1Coríntios 10.9) ou de hostilidade contra Ele (Ro-
manos 8.7; Tiago 4.4). O pecado nos separa de Deus
(Gêneses 2.17, cf. 3.22-24; Salmos 78.58-60; Mateus
7.21-23; 25.31-46; Efésios 2.12-19; 4.18). O resulta-
do pode ser não somente a ira de Deus, mas tam-
bém o seu silêncio (Salmos 66.18; Provérbios 1. 28;
Miquéias 3.4-7; João 9.3 1).

128
Hamartiologia

A morte (heb. maweth, gr. thanatos) teve sua


origem no pecado, e é o resultado final do pecado
(Gêneses 2.17; Romanos 5.12-21; 6.16,23;
1Coríntios 15.21,22,56; Tiago 1.15). É possível dis-
tinguir entre a morte física e a espiritual (Mateus
10.28; Lucas 12.4). A morte física é uma penalidade
ao pecado (Gêneses 2.17; 3.19; Ezequiel 18.4,20;
Romanos 5.12-17; 1Coríntios 15.21,22) e pode vir
como um juízo específico (Gêneses 6-7,11-13;
1Crônicas 10.13,14; Atos 12.23). Entretanto, para
os crentes (que estão mortos para o pecado, Roma-
nos 6.2; Colossenses 3.3; em Cristo, Romanos 6.3,4;
2Timóteo 2.11) significa uma restauração mediante
o sangue de Cristo (Jó 19.25-27; 1Coríntios
15.21,22) porque Deus tem triunfado sobre a morte
(Isaías 25.8; 1Coríntios 15.26,55-57; 2Timóteo 1.10;
Hebreus 2.14,15; Apocalipse 20.14).

Os não-salvos vivem na morte espiritual (João


6.50-53; Romanos 7.11; Efésios 2.1-6; 5.14; Colos-
senses 2.13; 1Timóteo 5.6; Tiago 5.20; 1Pedro 2.24;
1João 5.12), que é a derradeira expressão da alie-
nação entre a alma e Deus. Até mesmo os crentes,

129
Hamartiologia

quando pecam, experimentam uma separação par-


cial de Deus (Salmos 66.18), mas Ele está sempre
disposto a perdoar (Salmos 32.1-6; Tiago 5.16;
1João 1.8,9).

A morte espiritual e a morte física estão associ-


adas e serão plenamente realizadas após o Juízo
Final (Apocalipse 20.12-14). Embora Deus tenha
ordenado o triste fim dos pecadores (Gêneses 2.17;
Mateus 10.28; Lucas 12.4), este fim não lhe dá pra-
zer (Ezequiel 18.23; 33. 11; 1Timóteo 2.4; 2Pedro
3.9).

A única maneira de se lidar com o pecado é


amando a Deus em primeiro lugar, e então passar a
ser um canal para levar ao próximo o seu amor,
mediante a graça divina. Somente o amor é capaz
de opor-se ao pecado, que se opõe a tudo (Romanos
13.10; 1João 4.7 -8). Somente o amor pode cobrir o
pecado (Provérbios 10.12; 1Pedro 4.8) e, em último
lugar, ser o remédio contra ele (1João 4.10). E so-
mente “Deus é amor” (1João 4.8). No que diz respei-

130
Hamartiologia

to ao pecado, o amor pode expressar-se de maneiras


específicas.

O conhecimento do pecado deve gerar santidade


na vida do indivíduo e uma ênfase à mesma santi-
dade, na pregação e no ensino à igreja. A igreja de-
ve reafirmar a sua identidade, a de uma comunida-
de de pecadores salvos por Deus, ministrando na
confissão, no perdão e na cura. A humildade deve
caracterizar todos os relacionamentos cristãos, à
medida que os crentes tomam consciência, não so-
mente da vida e morte terríveis das quais foram
salvos, mas também do preço ainda mais terrível
daquela salvação. Quando uma pessoa é salva da
mesma natureza pecaminosa, nenhuma quantidade
de dons espirituais, ministérios ou autoridade pode
justificar a elevação de uma pessoa acima de outra.
Pelo contrário, cada pessoa deve preferir e honrar
as outras mais que a si mesma (Filipenses 2.3).

A amplidão universal e a profundidade sobrena-


tural do pecado devem levar a igreja a correspon-
der, com a dedicação de todos os membros e o reves-

131
Hamartiologia

timento do poder milagroso do Espírito Santo, ao


imperativo da Grande Comissão (Mateus 28.18-20).

A compreensão da natureza do pecado deve re-


novar a nossa sensibilidade diante das questões do
meio ambiente e levar-nos a retomar a comissão
original de cuidar do mundo de Deus, o qual não
devemos deixar nas mãos daqueles que preferem
adorar a criação ao invés de ao Criador.

Questões de justiça social e necessidade huma-


na devem ser advogadas pela igreja como testemu-
nho da veracidade do amor, em contraste à mentira
que é o pecado. Mesmo assim, semelhante teste-
munho deve apontar sempre para o Deus da justiça
e do amor, que enviou o seu Filho a morrer por nós.
Somente a salvação, e não a legislação ou um
“evangelho” social que desconsidera a cruz ou ainda
a ação violenta ou militar, pode curar o problema e
seus sintomas.

Finalmente, a vida deve ser vivida na esperança


certa de um futuro além do pecado e da morte
(Apocalipse 21 e 22). Então, purificados e regenera-

132
Hamartiologia

dos, os crentes verão a face daquele que já não lem-


bra mais do seu pecado.

E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem


cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor até ao
maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a
sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus
pecados. (Jeremias 31.34)

133
Hamartiologia

Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles


dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus
corações, E as escreverei em seus entendimentos;
acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados
e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão des-
tes, não há mais oblação pelo pecado. Tendo, pois,
irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo san-
gue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que Ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, E tendo
um grande sacerdote sobre a casa de Deus, Che-
guemo-nos com verdadeiro coração, em inteira cer-
teza de fé, tendo os corações purificados da má
consciência, e o corpo lavado com água limpa, Rete-
nhamos firmes a confissão da nossa esperança;
Porque fiel é o que prometeu.

(Hebreus 10.16-23)

134
Seminário Bíblico Keryx

Nota final

O Seminário Bíblico Keryx é composto por qua-


tro níveis de discipulado, não pare por aqui, adqui-
ra os demais volumes e seja um legítimo arauto de
Jesus Cristo!

Ninguém pode se tornar cristão sem dar


os primeiros passos da fé, e isso vai
muito além do fato de simplesmente
acreditar em Deus. A verdadeira fé
transforma nosso interior e nos impul-
siona em direção ao Senhor. Esse é o
objetivo do Discipulado Nível 1, ajudar o
recém-convertido a dar os Primeiros
Passos e crescer na graça e no conheci-
mento.

A escolha do tema “Lançando o Fun-


damento” para o Discipulado Nível 2,
foi motivada pela importância de estu-
dar a doutrina de Cristo, que é
apresentada pelo escritor da carta aos
Hebreus, fazendo uma declaração con-
tundente, de que não lançaria nova-
mente o “fundamento”, listando uma
sequência de seis assuntos que são
abordados detalhadamente neste curso.

135
Seminário Bíblico Keryx

O discipulado Nível 3, denominado:


"Dons do Ministério", tem como objeti-
vo apresentar uma perspectiva bíblica
e doutrinária, acerca das estruturas
organizacionais da Igreja, sem a pre-
tensão de esgotar o assunto e nem em
ser os "donos da Verdade", pois cremos
na multiforme sabedoria de Deus,
manifestada através de seu Corpo que
é a Igreja de Cristo. Apresentamos
assuntos pertinentes a prática minis-
terial.

O discipulado Nível 4, denominado:


"Batalha Espiritual", foi elaborado
para equipar os guerreiros de Cristo
que possuem aptidão ao ministério de
Libertação e Intercessão. Um tema
polêmico, onde muitos extremistas, ou
amam ou odeiam. Nosso discipulado
possui uma forte base bíblica, porém
temos ministrações elaboradas com
base filosófica em algumas obras de
autores experimentados na batalha
espiritual.

https://bio.uiclap.com/keryx

136
Seminário Bíblico Keryx

Outros livros publicados

137
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“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não


com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama
ao que dá com alegria.”

(2 Coríntios 9.7)

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