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Aula 2

Leituras obrigatórias – Debating Governance, Protecting the Global Commons – The


Opportunity of the Commons – The New Public Governance – pg 1-16

Conceito Elinor Ostrom – governo dos comuns – como comunidades locais estão aptas a
utilizar os recursos comuns de forma cooperativa (autossustentável) sem regulações top-down
ou privatização. Dieter Helm contesta (senão não haveria destruição da natureza)

“Commons” – recursos como atmosfera, oceanos, rios, estoques de peixes nos oceanos. Via de
regra são propriedades que não pertencem ao público ou ao privado, mas são mantidos por
membros de uma comunidade, que governa o acesso utilizando estruturas sociais, tradições
ou regras formais.

Nas ciências ambientais tragédia dos comuns é frequentemente citada em conexão com
desenvolvimento sustentável, mesclando crescimento econômico e proteção ambiental.

Tragédia dos comuns – indivíduos que têm acesso a recursos compartilhados por estruturas
sociais ou regras formais e os utilizam de maneira egoísta, causando o esgotamento dos
recursos por meio de uma ação descoordenada.

Pontos importantes dos textos:

1. Debating Governance (edição 2000)

 Desregulação dos mercados financeiros e o aumento da volatilidade do capital


internacional retiraram do Estado a maior parte de suas capacidades de governar a
economia. Ainda, os entes subnacionais aumentaram sua capacidade de enfrentar o
Estado (carcterísticas éticas ou culturais), bem como as redes de políticas
 Anos 90 – estados neoliberais – o problema era o Estado. Criação de semi-autônomas
agências para substituir o comando central do governo (estado minimalista). Mudança
ideológica e cultural de soluções coletivas em direção às individualistas, um ambiente
privado e o mercado como recurso superior de mecanismo de alocação. Diminuição da
legitimidade do Estado.
 Estado busca novas estratégias para articular e perseguir interesses coletivos sem
necessariamente utilizar instrumentos coercitivos. Pergunta do autor: estamos
testemunhando o declínio do Estado ou sua transformação em função dos novos
desafios que estão sendo enfrentados com a mudança do milênio? Novas formas de
governança – devem ser vistas como expressões alternativas de interesses coletivos
que não são substituídos pela busca de interesses coletivos por meio dos tradicionais
ou canais institucionais. Autoridade formal sendo substituída por padrões de
coordenação público-privado. O surgimento da governança deve ser visto não como
prova do declínio do Estado mas sim como habilidade de se adaptar a mudanças
externas.
 Literatura de governança: duplo significado. Por um lado: manifestações empíricas da
adaptação do Estado ao ambiente externo. Por outro: Representação conceitual ou
teórica de coordenação de sistemas sociais e, na maior parte, o papel do estado
nesse processo.
 Old Governance (Guy Peters) – como e em que direção de resultados o estado conduz
a sociedade e a economia, definindo objetivos e prioridades (centrado no Estado) –
principal problema de pesquisa – em que extensão o Estado tem a capacidade política
e institucional de direcionar e como esse papel do estado se relaciona com interesses
de outros atores influentes.
 Segunda abordagem – (centrada na sociedade – New Governance) – foco na
coordenação e na auto-governança, manifestada nos diferentes tipos de redes e
parcerias. Como o governo interage com o ambiente externo para formar decisões que
sejam convenientes para ambos.
 O que era papel indisputável do governo agora é visto como problemas sociais que
podem ser resolvidos por instituições políticas mas também por outros atores.
(instituições políticas não exercem mais o monopólio da orquestração da
governança)
 Nos anos 90, crises fiscais fizeram com que os estados tivessem que cortar serviços e
dividir responsabilidades com a sociedade civil foi uma estratégia. Além disso, a
globalização trouxe como consequência a erosão da tradicional autoridade política
doméstica (limites ao controle político, considerado o desenvolvimento da economia
internacional).
 Se os Estados não podem direcionar a longo prazo, podem os eleitos serem capazes de
prestar contas sobre o desenvolvimento da sociedade sob seu controle?
 Capítulos do livro: 2) a imagem liberal de estado, com a noção de separação entre
estado e sociedade não captura a natureza das democracias modernas. É preciso
reconsiderar o papel do estado e outros formas de governança (governança pode ser
gerada entre estruturas da sociedade civil – redes democráticas), 3) Old Governance x
New Governance, 4) Self-Governing redes são o coração da nova governança.

2. Protecting the Global Commons (2000)

 Importante subconjunto de problemas ambientais entra no escopo global. Muitos


países contribuíram para esse processo e nenhum país individualmente pode
efetivamente endereçar esses problemas de forma individual. (Global Commons).
Colocarão todos os países em risco se ações coletivas não forem tomadas.
 O artigo foca em três temas: o esgotamento da camada de ozônio, mudança de clina e
ameaças à biodiversidade.
 Sem o apoio dos países desenvolvidos, os países pobres têm menos recursos para lidar
com a mudança de clima e, considerando que a concentração de biodiversidade está
nos países em desenvolvimento, a falha em preservar a biodiversidade poderá
também afetar as nações pobres.
 Conferência de Estocolmo – 1972 – governos assinaram mais de 130 tratados, com
aumento da regulação – daí decorreram redução da poluição da água no
Mediterrâneo e forte proteção ao ambiente da Antártica
 Proteger ambiente local às vezes pode contribuir para endereçar um problema global
de meio ambiente. É importante explorar essa sinergia. Linkar ações com payoffs de
curto prazo (controlar a poluição do ar) com aquelas de longo prazo (controlar a
emissão de dióxido de carbono) aumenta a eficiência econômica e a viabilidade
política de reformas desenhadas para promover o desenvolvimento sustentável.
 Reconhecer que políticas de cada uma das nações pode afetar o bem estar de outras
nações é essencial precondição para um efetivo ambiente de cooperação internacional
 De um movimento nacional para um internacional: países não tem suficientes
incentivos para agir sobre problemas de meio-ambiente global porque não conseguem
capturar todos os prêmios por fazer isso (meio-ambiente global é bem público não
excludente e não-rival). O mesmo não ocorre com os oceanos (um país pode explorar
mais a pesca às expensas de outros). O mais importante método de preservação da
biodiversidade global é assegurar que o funcionamento dos mercados e instituições no
nível nacional reflita o valor gerado pelos serviços do ecossistema (por meio de
assistência técnica e conhecimento transferido por meio de organizações globais)

3. The New public governance: a suitable case for treatment? (2010)

 Nova Administração Gerencial é um estágio transitório entre a tradicional


Administração Pública (burocrática) para aquilo que está sendo chamado Nova
Governança Pública (NPG) – os três são considerados como políticas e regimes de
implementação de políticas públicas e entrega de serviços públicos.
 Os três modelos de regimes são uma simplificação – elementos de cada um dos
regimes podem e coexistirão com os demais
 Administração Pública: dominância da “rule of law”, focos em regras e guidelines,
papel central da burocracia em fazer e implementar as políticas, administração política
dentro das organizações públicas, comprometimento com orçamento incremental e
hegemonia do profissional em entregas de serviços públicos. Visão condenada à falha,
já que as necessidades da população inevitavelmente superarão os recursos públicos
disponíveis para atingir.
 NPM – lições do setor privado para o público, crescimento de braços organizacionais
onde a implementação ficava distanciada dos tomadores de decisão, foco em
liderança empresarial dentro das organizações públicas, ênfase em inputs e controles
de produtos e evolução, gestão da performance e auditoria, desagregação de serviços
públicos em unidades mais básicas e focadas em custo
 Observações; AP: tendência de que a implementação seja vista como uma caixa preta
sem capacidade de explicar os complexos subprocessos de gestão das entregas do
processo de políticas. Ainda, políticos podem subverter as intenções de uma nova
política para seus próprios fins. NPM – habilidade em endereçar as complexidades da
caixa preta (gestão da mudança e inovação). No entanto, limitada capacidade de ver o
processo de política pública dentro de um contexto de gestão pública (contesta o
processo democrático na provisão de serviços públicos). Ainda, dificuldades em
capturar o ambiente fragmentado. Ambos falham em capturar a complexa realidade
de desenhar, entregar e gerir serviços públicos.
 NPG – visto não como um novo paradigma, mas sim como uma ferramenta conceitual
com potencial de ajudar nossa compreensão da complexidade dos desafios e uma
reflexão da realidade. Governança e governança pública não são novos termos, e as
críticas advêm de três escolhas da literatura de governança
o Governança corporativa – está preocupada com os sistemas internos e os
processos que providenciam direção e accountability para qualquer
organização. Em serviços públicos está preocupada com a relação entre
tomadores de decisão e/ou administradores públicos de organizações e os
gestores aos quais é dada a tarefa de transformar essas políticas em realidade.
o Boa governança – está preocupada com a promulgação de modelos de
governança social, política e administrativa por meio de organismos como o
Banco Mundial. Em geral trabalha com a abordagem baseada em mercado
para tratar a alocação e a governança de recursos públicos.
o Governança Pública – se divide em cinco distintas vertentes
 Governança sócio-política – se preoocupa com a abrangência das
relações institucionais dentro da sociedade. Kooiman argumenta que
essas relações precisam ser compreendidas na totalidade já que o
governo precisa confiar em outros atores da sociedade para sua
legitimidade e impacto neste campo
 Governança de políticas públicas – se preocupa em como elites de
políticas e redes interagem para criar e governar o processo de
políticas públicas. Recentemente Peters (2008) explorou o conceito de
instrumentos de meta-governança como um caminho por meio do
qual é possível redirecionar a direção política dentro de redes de
políticas multi-stakeholders
 Governança administrativa – preocupada com a efetiva aplicação da
Administração Pública e seu reposicionamento para lidar com as
complexidades do estado contemporâneo.
 Governança contratual – no âmbito da NPM. Preocupada com a
governança das relações contratuais dentro da entrega de serviços
públicos
 Governança de redes – preocupada em como as redes se auto-
organizam (com e sem o governo) para entregar serviços públicos

 AP se situava no campo dos estudos de ciência política, quando o estado era o


responsável por desenhar e implementar as políticas de forma vertical. O principal
mecanismo de implementação era o da hierarquia, com foco na gestão de linha para
assegurar accountability para o uso do dinheiro público.
 NPM – se refere a um estado desagregado, onde a tomada de decisão e a
implementação são parcialmente articulada e desagregada e a implementação é
realizada por meio de unidades independentes. O principal papel do estado passa a ser
o de regulação, frequentemente como principal-agente. Pressupõe competição entre
unidades e os mecanismos de alocação de recursos são uma combinação variável de
competição (mecanismos de preço) e relações contratuais.
 NPG – firmada dentro da teoria de redes e institucional, se posiciona dentro de um
estado plural, onde múltiplos atores interdependentes contribuem para entregar
serviços públicos e um estado pluralista, onde múltiplos processos informam o sistema
de políticas públicas. O mecanismo central de alocação de recursos é a rede
interorganizacional com accountability sendo negociada no nível interorganizacional e
interpessoal dentro das redes (Osborne 1997). Essas redes são raramente alianças
entre iguais, mas sim com desigualdades de poder que precisam ser tratadas para que
funcionem de forma efetiva. NPG é produto e resposta a um aumento da
complexidade, pluralidade e g=fragmentação do processo de implementação de
políticas e de entregas de serviços púbicos no século vinte e um.
 Perguntas a serem feitas pelos pesquisadores agora:
o Qual deve ser nossa unidade de análise básica para explorar a implementação
de políticas públicas e a entrega de serviços púbicos e quais são as implicações
disso para teoria e prática?
o Qual arquitetura organizacional é a melhor para entregar serviços públicos em
um estado plural?
o Como asseguramos a sustentabilidade do sistema de serviços públicos e o que
significa sustentabilidade?
o Quais valores sustentam a implementação de políticas públicas e a entrega de
serviços nesses sistemas?
o Quais são as habilidades chave para o desempenho relacional?
o Qual é a natureza da accountability nos sistemas plural e pluralista?
o Como avaliamos a sustentabilidade, a accountability e a performance
relacional dentro de um sistema aberto de entrega de serviços públicos?

Aula....

Governança: o público e o privado

Gaetani – governança – as regras do jogo relativas aos comportamentos dos participantes e a


como o poder é exercido

Overesxploited – superexplorado, depletion – exaustão

Os oito princípios de Ostrom – versão A/ versão B

Interações – foco nas interdependências

Global Commons – terra de ninguém...

Global Commons II – precisamos de regulação –

Multilateralismo – precisamos discutir a participação dos países nesses organismos

Principios de Governança Corporativa (OCDE)

O advento do tripé ESG

“O cisne verde”

Mitigação: regulação, coordenação, desenho, incentivos, solidariedade, benefícios, auto


governança

Meio-ambiente – Natura, Itau, Unilever (segmentos antes famosos: meio ambiente e


agricultura)

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