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Capítulo 2

Coleta e Organização de dados

2.1 Introdução
O material básico com que o pesquisador trabalha são os dados, sendo que a coleta
destes é o passo inicial na avaliação estatística de um estudo. Os dados da forma como
foram coletados representam os dados brutos, e sempre se apresentam desordenados. Os
dados colocados em ordem crescente ou decrescente representam os dados elaborados.
O passo seguinte é sintetizar os valores que uma ou mais variáveis podem assumir,
para que se tenha uma visão global da variação dessas variáveis. Inicialmente esses valores
são apresentados em tabelas e gráficos, que irão nos fornecer rápidas e seguras
informações a respeito das variáveis em estudo.

2.2 Representação Tabular


Tabela é um quadro que resume um conjunto de dados.
Segundo Crespo (1993), uma tabela pode ser dividida em duas partes: principais e
secundárias.
As partes principais são:
i) Corpo
Conjunto de linhas e colunas que contêm informações sobre a variável em
estudo.
ii) Cabeçalho
Parte superior da tabela que especifica o conteúdo das colunas.
iii) Coluna indicadora
Parte da tabela que especifica o conteúdo das linhas.
iv) Linhas
Retas imaginárias que facilitam a leitura, no sentido horizontal, de dados que se
inscrevem nos seus cruzamentos com as colunas.
v) Casa ou célula:
Espaço destinado a um só número.
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 9

As partes secundárias são:


i) Título
Conjunto de informações, as mais completas possíveis. Deve responder as
seguintes perguntas: O quê? Quando? Onde? relativa à variável estudada.
ii) Rodapé
É um espaço na parte inferior da tabela, utilizado para colocar informações
necessárias referentes aos dados.
iii) Fonte
É a indicação da entidade responsável pela elaboração da tabela. Deve ser
colocada no rodapé, no final da tabela. Esse procedimento garante a honestidade
científica e serve como indicativo para posteriores consultas.
iv) Notas
Também devem ser colocadas no rodapé, depois da fonte, de forma sintética.
As notas têm caráter geral, referindo-se à totalidade da tabela. Devem ser enumeradas
em algarismos romanos, quando existirem duas ou mais.
v) Chamadas
As chamadas têm caráter particular, referindo-se a um item específico da tabela.
São enumeradas em algarismos arábicos, entre parênteses.

EXEMPLO:
TABELA 1 – Alunos matriculados nos cursos de graduação da Universidade Federal de
São João Del-Rei, São João Del-Rei, MG, 2007. Título
Cabeçalho CURSO MATRICULADOS Coluna
Numérica
Coluna Administração 422
Indicadora Casa ou
Ciências Biológicas 123
Célula
Corpo Ciências Econômicas 323
Engenharias 904 Linhas

Outros 2.018
TOTAL 3.790
Rodapé Fonte: PROEN, 2007.
Estatística e Probabilidade 10

2.2.1 Tabela de Distribuição de Freqüências


Um das maneiras de se organizar e resumir um conjunto de dados é através de uma
Tabela de Distribuição de Freqüências. As Tabelas de Distribuição de Freqüências
permitem identificar características de interesse dos dados sob análise. Essas tabelas
podem ser de dois tipos:
i) Tabela de Distribuição de Freqüências Simples
Os dados são agrupados sem intervalos de classes com as respectivas freqüências
de ocorrência.
ii) Tabela de Distribuição de Freqüências com dados agrupados em classes
Os dados são agrupados em intervalos de classes com as respectivas freqüências de
ocorrência.

Na Tabela de Distribuição de Freqüências, podem ser identificadas as seguintes


freqüências:
i) Absoluta (Fi): número de dados ocorridos em cada nível ou categoria da variável
sob estudo. A soma das freqüências absolutas corresponde ao total de dados
(tamanho da amostra);
ii) Relativa (Fri): obtida pela divisão da freqüência absoluta pelo número total de
dados;
iii) Percentual (Fpi): freqüência relativa multiplicada por 100;
iv) Freqüência acumulada para baixo (Fc): mostra quantos dados são menores que
um determinado valor;
v) Freqüência acumulada para cima (Fc): mostra quantos dados são maiores que um
determinado valor.

Para se organizar um conjunto de dados em uma Tabela de Distribuição de


Freqüências, primeiro deve-se conhecer qual é o tipo de informação que se está
trabalhando, isto é, que tipo de variável corresponde os dados coletados, se qualitativos ou
quantitativos.

2.2.1.1 Variáveis Qualitativas


No caso de variáveis qualitativas, nominal ou ordinal, utiliza-se de uma Tabela de
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 11

Distribuição de Freqüências Simples para se organizar e resumir tais variáveis.


EXEMPLO:
Um Engenheiro conduziu um estudo, com o objetivo de se conhecer o nível de
tecnologia (baixo, médio ou alto) adotado pelas micro-indústrias, da região do Alto
Paraopeba, Minas Gerais. Foi avaliada uma amostra de 50 micro-indústrias e os resultados
estão apresentados no Quadro 1.
QUADRO 1 – Nível de tecnologia adotado pelas micro-indústrias da região do Alto
Paraopeba, Minas Gerais, 2009 (dados brutos).
Baixo Baixo Alto Médio Médio
Baixo Alto Médio Alto Médio
Alto Baixo Alto Médio Médio
Baixo Médio Baixo Médio Médio
Médio Médio Médio Médio Baixo
Médio Baixo Médio Médio Médio
Alto Baixo Alto Médio Médio
Baixo Médio Médio Baixo Alto
Baixo Alto Médio Médio Médio
Médio Médio Baixo Médio Médio

O próximo passo é ordenar os dados pelo nível de tecnologia (baixo, médio e alto),
obtendo-se os dados elaborados dispostos no Quadro 2.
QUADRO 2 – Nível de tecnologia adotado pelas micro-indústrias da região do Alto
Paraopeba, Minas Gerais, 2009.
Baixo Baixo Médio Médio Médio
Baixo Baixo Médio Médio Alto
Baixo Baixo Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto
Baixo Médio Médio Médio Alto

A seguir conta-se o número de micro-indústrias com nível de tecnologia baixo,


médio e alto, ou seja, a freqüência absoluta. O próximo passo é organizar os dados em uma
tabela, dividida em classes (baixo, médio e alto) com as respectivas freqüências de
Estatística e Probabilidade 12

ocorrência. Os resultados estão apresentados na Tabela 2.


TABELA 2 – Nível de tecnologia adotado pelas micro-indústrias, da região do Alto
Paraopeba, Minas Gerais, 2009.
Nível de Freqüência Freqüência Freqüência
Tecnificação absoluta (Fi) relativa (Fri) percentual (Fpi)
Baixo 13 0,26 26,0
Médio 28 0,56 56,0
Alto 9 0,18 18,0
Total 50 1,00 100,0
Fonte: dados fictícios.

Observando os resultados da Tabela 2, vê-se que 56,0% das micro-indústrias


adotam um nível médio de tecnologia, porém apenas 18,0% empregam altas tecnologias, e
26,0% utilizam de baixas tecnologias de produção.

2.2.1.2 Variáveis Quantitativas


2.2.1.2.1 Discretas
Se os dados de uma amostra estiverem representados por variáveis quantitativas
discretas, eles estarão naturalmente classificados, isto é, separados em classes distintas.
Para se ter uma idéia do modo como os dados se distribuem, basta escrever em uma coluna
os valores da variável discreta estudada em ordem crescente e assinalar, em outra coluna
paralela, o número de vezes em que cada um desses valores foi observado, isto é, a
freqüência absoluta de cada valor. Neste caso utiliza-se de uma Tabela de Distribuição de
Freqüências Simples para se organizar e resumir tais variáveis.
EXEMPLO:
Um Engenheiro examinou um lote de 150 caixas contendo componentes eletrônicos
(cada caixa tinha 250 componentes), escolhidos aleatoriamente num carregamento de
10.000 caixas, de uma Fábrica XX, anotando o número de componentes eletrônicos que
apresentavam algum tipo de defeito. Os dados estão apresentados no Quadro 3.
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 13

QUADRO 3 – Número de componentes eletrônicos com defeito (dados brutos).


2 3 1 1 0 0 2 2 3 5
4 0 4 0 1 1 0 6 5 0
1 1 0 4 0 0 5 0 0 2
0 4 5 0 4 0 2 1 1 1
2 0 0 1 0 4 0 5 0 0
0 5 0 4 1 0 1 0 2 1
0 1 1 0 2 5 0 2 0 0
3 5 0 1 0 0 1 4 3 3
2 0 4 0 3 4 0 0 1 1
0 2 1 3 2 1 2 3 1 0
1 5 2 2 1 2 1 1 2 3
3 2 6 1 5 3 2 1 1 1
6 2 2 4 1 4 1 6 3 4
1 4 1 3 3 1 3 2 4 1
3 1 3 2 2 3 2 3 4 3

Após coletar os dados o Engenheiro ordenou os dados em ordem crescente,


obtendo-se assim os dados elaborados apresentados no Quadro 4.
QUADRO 4 – Número de componentes eletrônicos com defeito.
0 0 0 1 1 2 2 3 4 4
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 0 1 1 2 2 3 4 5
0 0 1 1 1 2 2 3 4 5
0 0 1 1 1 2 2 3 4 5
0 0 1 1 1 2 3 3 4 5
0 0 1 1 1 2 3 3 4 6
0 0 1 1 1 2 3 3 4 6
0 0 1 1 1 2 3 3 4 6
0 0 1 1 1 2 3 3 4 6

Ordenado os dados o Engenheiro contou quantas caixas tinham componente


eletrônico sem defeito, quantas tinham um componente eletrônico com um defeito, dois
defeitos e assim por diante, e organizou os dados com as respectivas freqüências de
Estatística e Probabilidade 14

ocorrências na seguinte tabela (Tabela 3).


TABELA 3 – Número de componentes eletrônicos com defeito. Fábrica XX, Belo
Horizonte, MG, 2009.
Número de Freqüência Freqüência Freqüência
defeitos
absoluta (Fi) relativa (Fri) percentual (Fpi)
0 38 0,2533 25,33
1 37 0,2467 24,67
2 25 0,1667 16,67
3 20 0,1333 13,33
4 16 0,1067 10,67
5 10 0,0667 6,67
6 4 0,0266 2,66
Total 150 1,0000 100,00
Fonte: Dados fictícios.

Observa-se pelos resultados apresentados na Tabela 3 que das 150 caixas de


componentes eletrônicos inspecionadas, apenas 38 caixas, ou seja, 25,33% não tinham
nenhum defeito, e que 10,67% continham quatro defeitos. Estes resultados poderiam estar
orientando o Engenheiro a direcionar suas ações no sentido de melhorar a qualidade do
produto.

2.2.1.2.2 Contínuas
Quando os dados estão representados por variáveis quantitativas contínuas é
evidente que não existem classes naturais. Neste caso pode-se usar o recurso de grupar os
dados em classes com um determinado número de intervalos. Tais classes terão dois
valores limites, isto é, um limite inferior e um limite superior. Assim utiliza-se de uma
Tabela de Distribuição de Freqüências com dados agrupados em classes para se organizar e
resumir tais variáveis.
Para a construção da Tabela de Distribuição de Freqüências devem ser seguidos os
seguintes passos:
i) Determinar o número de classes (K)
O número de classes pode ser determinado adotando-se o critério baseado no
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 15

número de observações (n), dado por:


Número de Obs. (n) Número de classes (K)
Até 100 n (inteiro mais próximo)
Acima de 100 5 log10 (n ) ( inteiro mais próximo)

ii) Determinar a amplitude de classe (c)


Obtida pela diferença entre os limites superior e inferior de uma determinada
classe, dada por:
A
c ,
K -1
em que:
- A = Amplitude Total = Maior dado – Menor dado;
- K = número de classes.
iii) Determinar o limite inferior da primeira classe (LI1a), dado por:
c
LI1a = Menor dado – .
2
iv) Determinar o limite superior da primeira classe (LS1a), dado por:
LS1a = LI1a + c.
v) Os demais limites de classe são obtidos somando-se o valor de c até completar
as K classes.
vi) Determinar o ponto médio de classe (Xi) e as freqüências: absoluta (Fi),
relativa (Fri) e percentual (Fpi), dados por:
LS i  LI i
- Xi  ;
2
- Fi = Número de dados contidos na classe “i”;
F
- Fri  i ;
n
- Fpi = (Fri)*100.

Em geral, usa-se as seguintes notações para os intervalos de classes:


[a ; b) ou a | b.
Na contagem do número de dados contidos em um intervalo de uma determinada
Estatística e Probabilidade 16

classe (freqüência absoluta), deve-se incluir o valor do limite inferior (a) e excluir o valor
do limite superior (b) de cada classe. O valor do limite superior passa a ser contado na
classe posterior.
EXEMPLO:
Um Engenheiro observou a resistência à compressão de 50 corpos de prova de uma
liga de alumínio-lítio, em psi (libras por polegada ao quadrado). Os resultados estão
apresentados no Quadro 5.
QUADRO 5 – Resistência à compressão de 50 corpos de prova de uma liga de alumínio-
lítio (dados brutos).
26,8 24,3 23,7 31,0 22,2 25,2 29,5 24,2 33,0 27,2
25,9 23,0 25,6 26,5 26,0 22,8 31,8 21,0 29,3 27,8
24,1 26,9 24,5 26,2 29,8 21,6 27,2 26,8 26,9 25,0
29,6 31,3 22,1 26,1 29,2 25,3 26,0 27,2 28,1 26,2
28,5 27,2 28,6 25,8 26,5 28,1 24,9 30,5 28,7 24,5

Os dados foram colocados em ordem crescente e estão apresentados no Quadro 6.


QUADRO 6 – Resistência à compressão de 50 corpos de prova de uma liga de alumínio-
lítio.
21,0 23,0 24,5 25,3 26,0 26,5 27,2 28,1 29,2 30,5
21,6 23,7 24,5 25,6 26,1 26,8 27,2 28,1 29,3 31,0
22,1 24,1 24,9 25,8 26,2 26,8 27,2 28,5 29,5 31,3
22,2 24,2 25,0 25,9 26,2 26,9 27,2 28,6 29,6 31,8
22,8 24,3 25,2 26,0 26,5 26,9 27,8 28,7 29,8 33,0

Para a construção da Tabela de Distribuição de Freqüências devem ser seguidos os


passos descritos anteriormente, obtendo-se os seguintes resultados:
i) K  n  50  7,0711
K = 7 classes.
A 33  21 12
ii) c  
K -1 7 1 6
c = 2,0 psi.
c 2,0
iii) LI1a = Menor dado - = 21,0 – = 21,0 – 1,0
2 2
LI1a = 20,0 psi.
iv) LS1a = LI1a + c = 20,0 + 2,0
LS1a = 22,0 psi.
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 17

v) Os demais limites dos intervalos de classe são obtidos somando-se o valor de c


até completar as K classes. Assim, tem-se:
1a classe 20,0 a 22,0 psi;
2a classe 22,0 a 24,0 psi;
3a classe 24,0 a 26,0 psi;
4a classe 26,0 a 28,0 psi;
5a classe 28,0 a 30,0 psi;
6a classe 30,0 a 32,0 psi;
7a classe 32,0 a 34,0 psi.
vi) Obtidas os intervalos de classes o próximo passo é contar o número de dados
que estão contidos em cada intervalo, ou seja, a freqüência absoluta (Fi). São
determinadas também as freqüências relativas (Fri) e percentuais (Fpi) de cada
classe e também o ponto médio de classe (Xi).
E assim constrói-se a Tabela de distribuição de freqüências conforme a Tabela 4.
TABELA 4 – Resistência à compressão, em psi, de 50 corpos de prova de uma liga de
alumínio-lítio. UFSJ, Ouro Branco, MG, 2009.
Classes Xi Fi Fri Fpi
[20,0 ; 22,0) 21,0 2 0,04 4,0
[22,0 ; 24,0) 23,0 5 0,10 10,0
[24,0 ; 26,0) 25,0 12 0,24 24,0
[26,0 ; 28,0) 27,0 16 0,32 32,0
[28,0 ; 30,0) 29,0 10 0,20 20,0
[30,0 ; 32,0) 31,0 4 0,08 8,0
[32,0 ; 34,0) 33,0 1 0,02 2,0
Total 50 1,00 100,0
Fonte: Dados fictícios.

Obtida a Tabela de Distribuição de Freqüências pode-se descrever o modelo de


variação dos dados através de uma análise superficial da distribuição dos dados. Observa-
se, por exemplo, através da Tabela 4, que:
i) 76,0% dos corpos de prova têm resistência à compressão entre 24,0 e 30,0 psi (24,0
+ 32,0 + 20,0);
Estatística e Probabilidade 18

ii) 14,0% estão abaixo de 24,0 psi (4,0 + 10,0);


iii) 10,0% estão acima de 30,0 psi (8,0 + 2,0).

As freqüências acumuladas para baixo e para cima estão apresentadas nas Tabelas 5
e 6, respectivamente.
TABELA 5 – Resistência à compressão, em psi, de 50 corpos de prova de uma liga de
alumínio-lítio. UFSJ, Ouro Branco, MG, 2009.
Resistência (psi) Fc
Menores que 20,0 0
Menores que 22,0 2
Menores que 24,0 7
Menores que 26,0 19
Menores que 28,0 35
Menores que 30,0 45
Menores que 32,0 49
Menores que 34,0 50

Por exemplo: menores que 26,0 psi  2 + 5 + 12 = 19.

TABELA 6 – Resistência à compressão, em psi, de 50 corpos de prova de uma liga de


alumínio-lítio. UFSJ, Ouro Branco, MG, 2009.
Resistência (psi) Fc↑
20,0 ou mais 50
22,0 ou mais 48
24,0 ou mais 43
26,0 ou mais 31
28,0 ou mais 15
30,0 ou mais 5
32,0 ou mais 1
34,0 ou mais 0

Por exemplo: 28,0 psi ou mais  10 + 4 + 1 = 15.


Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 19

2.3 Representação Gráfica


Num trabalho de descrição e apresentação de dados os gráficos podem ser
considerados como uma continuação das tabelas. A sua função é a de transmitir uma idéia
visual do comportamento de um conjunto de dados. Para tal são utilizados diversos
formatos gráficos de acordo com o problema a ser descrito, ou até mesmo de acordo com a
preferência do apresentador. Os gráficos têm a vantagem de facilitar a compreensão do
fenômeno em estudo que se queira descrever, permitindo a interpretação rápida das suas
principais características.

2.3.1 Variáveis Qualitativas


No caso de variáveis qualitativas, nominal ou ordinal, existem vários tipos de
gráficos para descrevê-las, mas apresentaremos apenas dois tipos: gráficos em barras e de
setores (pizza).
EXEMPLO:
Considerando o exemplo dado na pag. 11, os gráficos de barras e de setores para os
dados da tabela 2 (pag. 12) estão representados nas Figuras 1 e 2, respectivamente.

30
28
26
24
22
Número de micro-indústrias

20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Baixo Médio Alto
Nível de tecnologia

FIGURA 1 – Nível de tecnologia adotado pelas micro-indústrias da região do Alto


Paraopeba, Minas Gerais, 2009.
Estatística e Probabilidade 20

Alto, 18,0 %
Baixo, 26,0 %

Médio, 56,0 %

FIGURA 2 – Nível de tecnologia adotado pelas micro-indústrias da região do Alto


Paraopeba, Minas Gerais, 2009.

2.3.2 Variáveis Quantitativas


2.3.2.1 Discretas
No caso de variáveis quantitativas discretas pode-se utilizar o gráfico em barras
para descrevê-las.
EXEMPLO:
Considerando o exemplo dado na pag. 12, o gráfico de barras para os dados da
tabela 3 (pag. 14) está representado na Figura 3.
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 21

40

35

30

25
Número de caixas

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6
Número de componentes com defeito

FIGURA 3 – Número de componentes eletrônicos com defeito. Fábrica XX, Belo


Horizonte, MG, 2009.

2.3.2.2 Contínuas
No caso de variáveis contínuas a Tabela de Distribuição de Freqüências pode ser
representada graficamente através de:

i) Histograma
É um gráfico formado por retângulos cujas bases são proporcionais às
amplitudes de classe e as alturas proporcionais às freqüências absoluta (Fi) das classes.
ii) Polígono de Freqüências
É um gráfico formado por linhas. Para a construção do Polígono de
Freqüências os pontos médios das classes no topo do retângulo do histograma são
unidos por linhas. O polígono começa e termina nos pontos médios das classes
anterior à primeira e posterior à ultima, respectivamente.
iii) Ogivas
É o polígono de freqüências utilizando as freqüências acumuladas para
baixo ou para cima.
Estatística e Probabilidade 22

EXEMPLO:
Para o exemplo da resistência à compressão de 50 corpos de prova de uma liga de
alumínio-lítio (pag. 16) tem-se o seguinte histograma e polígono de freqüências para os
dados apresentados na tabela 4 (pag. 17).

18

16
Histograma
14

12
Polígono de Freqüências
Freqüência absoluta

10

0
18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
Resistência à compressão (psi)
FIGURA 4 – Resistência à compressão, em psi, de 50 corpos de prova de uma liga de
alumínio-lítio. UFSJ, Ouro Branco, MG, 2009.

A Figura 5 apresenta o gráfico (ogivas) das freqüências acumuladas para cima e


para baixo.
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 23

Ogiva decrescente(Fc) Ogiva crescente (Fc)


50

40
Frequência Acumulada

30

20

10

18 20 22 24 26 28 30 32 34 36
C la s s e s
Resistência à compressão (psi)
FIGURA 5 – Resistência à compressão, em psi, de 50 corpos de prova de uma liga de
alumínio-lítio. UFSJ, Ouro Branco, MG, 2009.

2.4 Classificação da Distribuição dos Dados


No caso de variáveis quantitativas contínuas a forma do polígono de freqüências
permite classificar a distribuição dos dados quanto à simetria em:
i) Simétrica;
ii) Assimétrica à direita;
iii) Assimétrica à esquerda.

Para tanto devem-se comparar a forma do Polígono de Freqüências com as


seguintes curvas, chamadas Curvas de Freqüências:

Simétrica
Estatística e Probabilidade 24

Assimétrica à direita

Assimétrica à esquerda

EXEMPLO:
No exemplo da resistência à compressão de 50 corpos de prova de uma liga de
alumínio-lítio segundo a forma do polígono de freqüência (pag. 22) a distribuição é
simétrica.

2.5 Gráfico de Ramo e Folhas


Foi visto que a forma do Polígono de Freqüências dá uma idéia da forma da
distribuição da variável sob estudo. Um procedimento alternativo para resumir um
conjunto de dados com o objetivo de se obter uma idéia da forma de sua distribuição é o
gráfico de Ramo e Folhas. Uma vantagem deste diagrama é que não se perde, ou perde-se
pouca, informação sobre os dados em si.
Na construção do gráfico de Ramo e Folhas a idéia básica é dividir cada observação
em duas partes: a primeira, chamada de ramo, é colocada à esquerda de uma linha vertical,
e a segunda, a folha, é colocada à direita.
No gráfico de Ramo e Folhas observa-se que um ramo com muitas folhas significa
maior incidência daquele ramo.
Capítulo 2 – Coleta, Organização e Apresentação de Dados 25

EXEMPLO:
Considerando os dados da resistência à compressão de 50 corpos de prova de uma
liga de alumínio-lítio (Quadro 6), tem-se o seguinte gráfico de Ramo e Folhas:
RAMO FOLHAS
21 0 6
22 1 2 8
23 0 7
24 1 2 3 5 5 9
25 0 2 3 6 8 9
26 0 0 1 2 2 5 5 8 8 9 9
27 2 2 2 2 8
28 1 1 5 6 7
29 2 3 5 6 8
30 5
31 0 3 8
32
33 0

FIGURA 6 – Resistência à compressão, em psi, de 50 corpos de prova de uma liga de


alumínio-lítio. UFSJ, Ouro Branco, MG, 2009.

Por exemplo, para as resistências 21,0 e 21,6: o 21 é o ramo e o 0 e 6 são as folhas.


Algumas informações que se obtêm deste ramo-e-folhas são:
a) Os valores estão concentrados entre 24,1 e 29,8;
b) Um valor mais ou menos típico para este conjunto de dados poderia se, por
exemplo, 26,0;
c) A distribuição dos dados é simétrica.

2.6 Hipótese Tabular Básica


Nos cálculos estatísticos para dados de variáveis contínuas dispostas em uma
Tabela de Distribuição de Freqüências, todos os dados contidos em uma determinada
classe são considerados iguais ao ponto médio da classe (Xi).

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