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Grupo 1 - Empresa, Familia e Propriedade - J (1) .Davis Revista HSM
Grupo 1 - Empresa, Familia e Propriedade - J (1) .Davis Revista HSM
Uma radiografia
da relação empresa +
família + propriedade
São sempre intrincados os laços que unem família e negócios.
Nesta entrevista exclusiva, entretanto, o guru da empresa
familiar John Davis mostra como é possível traduzi-los em
um modelo objetivo, do qual é um dos criadores
O que o levou a desenvolver o modelo de três círculos?
O modelo surgiu das pesquisas que realizei com Renato Tagiuri, meu colega na Harvard
University. Concluímos que, para entender a dinâmica das empresas familiares, seria preciso
considerá-las como três subsistemas, independentes, mas sobrepostos: negócio (a empresa),
família e estrutura da propriedade.
A interseção dos círculos que representam esses subsistemas dá origem a sete posições
com perspectivas diferentes (veja quadro na próxima página). A posição 1, por exemplo, cor-
responde a membros da família que não têm participação na empresa nem trabalham nela.
Na posição 7, por sua vez, estão as pessoas que, além de pertencer à família, são acionistas e
trabalham na empresa.
nea da empresa em determinado momento. No entanto, alguns dos dilemas mais importantes
que as empresas familiares enfrentam estão relacionados à passagem do tempo. Os pais envelhe-
cem, há casamentos, nascem netos, e essas pessoas se juntam ao negócio e a empresa muda.
Em outras palavras, ao longo de gerações vão ocorrendo mudanças lentas, mas constantes, na
natureza da família, e o mesmo ocorre com a empresa. No princípio, é uma organização simples
e pequena, porém depois se torna mais complexa. E, em alguns casos, declina ou desaparece.
A estrutura da propriedade também se modifica. Geralmente, no início, as empresas têm
um único fundador ou proprietário; mais tarde, a propriedade se transfere a seus filhos; e,
três ou quatro gerações adiante, acaba nas mãos de primos.
Embora muitas dessas idéias não sejam viáveis, o fundador as leva em consideração e elas
parecem atraentes, mesmo que ainda não tenham sido analisadas racionalmente. O funda-
dor precisa, portanto, desenvolver a capacidade de fazer uma análise objetiva e, ao mesmo
tempo, manter viva a paixão por seu sonho.
Por outro lado, como na primeira etapa a empresa concentra toda a energia e o capital
no projeto de ingressar no mercado e obter lucros, quase sempre com apenas um produto
ou serviço, o desafio da sobrevivência surge quando esse produto ou serviço não dá os resul-
tados esperados no curto prazo e a principal fonte de financiamento –geralmente os recur-
sos pessoais do fundador– se esgota.
As empresas que conseguem superar a incerteza dos anos iniciais ingressam na segunda
etapa, que se caracteriza pela expansão de algumas áreas, pelo aumento do número de
funcionários e por estruturas e processos organizacionais mais formais. É quando se impõe
uma mudança nas funções do proprietário-gerente.
No entanto, isso é difícil para ele, que está acostumado a controlar pessoalmente as ope-
rações diárias, mesmo sabendo que a expansão exige que contrate profissionais –nem sem-
pre pertencentes à família– para postos gerenciais e que delegue autoridade a eles. Devido à
ambivalência que mostra, outorgando poder aos novos gerentes e, mais tarde, reassumindo
o controle, muitas vezes ele gera confusão ou conflitos. Quando ocorre dessa forma, o pro-
cesso de profissionalização se mostra instável.
Os proprietários decisões e algumas medidas eram postergadas indefinidamente. Como resolver um dilema
desse tipo, se os dois irmãos forem proprietários com igual participação e ambos quiserem
de uma empresa trabalhar na empresa?
Quando o conflito não for profundo e eles estiverem dispostos a encontrar uma solução,
madura tendem eu recomendaria que contratassem um consultor profissional e que também, na medida do
possível, deixassem as decisões fundamentais nas mãos da diretoria, de assessores ou do
a considerá-la conselho familiar. Assim, a gestão da empresa não sofreria interrupções.
Existe uma diretriz clara sobre quem deve integrar esse conselho?
Não. A composição varia de acordo com as diferentes etapas em que se encontra a em-
presa. Nas empresas de primeira e segunda geração, por exemplo, os integrantes costumam
ser, em geral, o proprietário-gerente, seu cônjuge e filhos mais velhos, com seus respectivos
cônjuges.
Algumas famílias optam pela inclusão de contraparentes como membros permanentes;
outras preferem que intervenham apenas em determinados assuntos. A vantagem da partici-
pação dos contraparentes é que diminuem as probabilidades do aparecimento de triângulos
familiares nocivos; a desvantagem é que nos grupos mais numerosos o tamanho do conselho
aumenta consideravelmente e sua eficácia diminui.
Em seu livro De Geração para Geração – Ciclos de Vida das Empresas Familiares, em co-autoria
com Kelin Gersick e Ivan Lansberg, entre outros, o sr. menciona algumas diretrizes que
favorecem a criação de conselhos familiares bem-sucedidos. Poderia descrevê-las brevemente?
Os conselhos que conseguem os melhores resultados estabelecem e executam um crono-
grama de reuniões regulares, cuja freqüência é de duas a quatro vezes ao ano.
O mais recomendável é realizar as reuniões fora da empresa e de casa, para reduzir ao
mínimo as interrupções. Às vezes convém analisar alguns temas em subgrupos, antes de
discuti-los em conjunto. Por exemplo: os membros da primeira geração de um lado e os da
segunda de outro.
Além disso, os conselhos eficazes caracterizam-se por responsabilidades de direção clara-
mente delineadas; em geral, um dos líderes da família preside o conselho. Também se distin-
guem por não vacilar em recorrer a assessores externos quando considerarem que é necessá-
rio, especialmente nas primeiras etapas de formação do conselho. Um último ponto é que
organizam suas atividades em um “plano familiar”.
lia e para a empresa. Esse último tópico se relaciona à parte seguinte, a declaração da mis-
são, que inclui os valores éticos da família e sua opinião sobre o papel da empresa na comu-
nidade, entre outros pontos.
Por fim, o plano de ação detalha medidas concretas vinculadas às atividades dos mem-
bros da família. Por exemplo: os programas de capacitação em liderança. Além disso, cria
processos ou fixa pautas para resolver ou minimizar os eventuais conflitos e melhorar a
comunicação entre os membros da família.