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BRUNO CARVALHO MACEDO, RG, nascido em, demais qualificações

nestes autos, foi denunciado por ter, em tese, infringido o disposto nos artigos 305, 306,
§2º e 309, todos do Código de Trânsito Brasileiro. Consta da denúncia que, no dia 29 de
março de 2019, por volta das 10h30m, na rua Evaldo Calabrez, 700, Guaianases, nesta
capital, o réu teria dirigido veículo automotor sob a influência de substância capaz de
alterar sua capacidade psicomotora (álcool) e que causa dependência. Na mesma
oportunidade, teria dirigido o mesmo veículo sem habilitação ou permissão para dirigir,
gerando perigo de dano; e afastando-se do local do acidente, para fugir à
responsabilidade penal ou civil que lhe poderia ser atribuída.

A denúncia (fls. 47-48) foi recebida em 9 de setembro de 2021.

O acusado foi citado e apresentou resposta à acusação (fls. 168-169).

No curso da instrução foram ouvidas duas testemunhas. O réu é revel. O


Ministério Público pediu a condenação no réu, em alegações finais orais, nos termos da
denúncia. A defesa, por sua vez, requereu a absolvição do réu por ausência de provas.

É o relatório,.

Fundamento e decido.

O pedido condenatório é procedente.

Em audiência de instrução, José Rogério Pereira de Franca, testemunha,


policial militar, afirma que estava em patrulhamento de rotina. Que, na rua dos fatos, os
moradores disseram que um veículo vermelho havia colidido com outro veículo e
praticava direção perigosa. Que deram ordem de parada ao réu, que dirigia o referido
veículo, e empreendeu fuga. Que encaminharam, quando o abordaram, ao distrito
policial. Afirma que o réu estava apenas em direção perigosa. Afirmou que o réu
aparentava estar embriagado. Não se recordou de eventual exame etilométrico. Afirma
que o réu estava alterado e nervoso, mas que não falou muito.

Welison dos Santos, testemunha, policial militar, afirma que estava em


patrulhamento na rua dos fatos. Que escutaram um barulho de batida e foram para a
direção do local. Que populares informaram que um veículo vermelho se evadira do
local e que, após alguma busca, o encontraram. Que, diante dos sinais de parada, o réu
se evadiu. Fizeram breve acompanhamento pelas ruas da área. Que o réu parou o
veículo, em algum momento, e iniciaram a abordagem. Foi preciso usar de força
moderada para conter o autor. Que o réu afirmou não ser habilitado, na data, e que
também admitiu a ingestão de álcool. Disse que o réu exalava forte odor etílico. Não se
recordou se houve encaminhamento ao IML. Relata que o réu informou, na data, ter
feito ingestão de bebida alcoólica.

Como se sabe, o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro prevê não apenas
os exames etilométrico e de sangue como legítimos para a obtenção da prova de
alcoolemia, mas também a prova testemunhal e o exame clínico. São suficientes os
relatos testemunhais feitos em juízo e sob o crivo do contraditório, que apresentaram
narrativa coerente a respeito da embriaguez do acusado. Afirmaram que havia claros
indícios de sua embriaguez, como o hálito etílico. O exame clínico de fls. 29-31
documenta de modo pormenorizado a embriaguez do réu, descrevendo os sinais
seguintes: hálito acentuadamente etílico, marcha ebriosa, dificuldade de fixar a
memória, desorientação no espaço, sonolência, além de atenção e concentração
dispersivas.

Reforçaram as testemunhas também, em uníssono, que o réu tentou se evadir


do local em que colidiu com outro veículo (art. 305 do CTB), e que não possuía
habilitação ou permissão para dirigir (artigo 298, III, do CTB).

De rigor, assim, a condenação do réu, nos termos requeridos pelo Ministério


Público.

Passo à dosimetria da pena em três fases.

- Em relação ao artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro

As circunstâncias previstas no artigo 59 do Código Penal, consideradas em face


da pena prevista no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, permitem fixar a pena-
base em 06 (seis) meses de detenção, pagamento de 10 (dez) dias-multa e 02 (dois)
meses suspensão do direito de dirigir veículo automotor. 

O réu não detinha o direito de dirigir na data dos fatos (fl. 3), pelo que agravo a
pena em 1/6 do inicialmente estabelecido, nos termos do artigo 298, III, do Código de
Trânsito Brasileiro.

Não há causas de aumento ou diminuição de pena a serem considerados.

- Em relação ao artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro.


As circunstâncias previstas no artigo 59 do Código Penal, consideradas em face
da pena prevista no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, permitem fixar a pena-
base em 06 (seis) meses de detenção.

O réu é reincidente (fls. 72/73) pelo que agravo a pena em 1/6 do inicialmente
estabelecido, nos termos do artigo 298, III, do Código de Trânsito Brasileiro.

Não há causas de aumento ou diminuição de pena a serem considerados.

Ao todo, deverá o réu cumprir UM ANO e DOIS MESES de detenção,


pagamento de ONZE dias-multa, bem como suspensão de seu direito de dirigir por
DOIS MESES e DEZ DIAS.

Tendo em vista sua reincidência e comportamento criminal anterior, impossível


a aplicação dos artigos 44 e 77 do Código Penal Brasileiro.

Fixo o regime SEMI-ABERTO para o cumprimento da pena.

Ante o exposto e tudo o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a


pretensão punitiva deduzida na presente ação penal movida pelo Ministério Público do
Estado de São Paulo, e, por via de consequência, CONDENO o acusado BRUNO
CARVALHO MACEDO, qualificado nos autos, pela conduta prevista artigo 306,
“caput”, §2º, art. 298, III, e artigo 305 todos do CTB, a UM ANO e DOIS MESES de
detenção, a serem cumpridos no regime SEMI-ABERTO, pagamento de ONZE dias-
multa, bem como suspensão de seu direito de dirigir por DOIS MESES e DEZ DIAS.

Após o trânsito em julgado, feitas as devidas anotações e comunicações,


expeça-se o necessário ao cumprimento das penas impostas ao acusado, inclusive o
DETRAN, para que se proceda à suspensão do direito de dirigir.

ESTA DECISÃO VALE COMO OFÍCIO.

Publique-se. Intime-se. Cumpra-se

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