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NAO SE APRENDE SAMBA NO COLEGIO? folguedos populares e processos pedagégicos! Alexandra Gowea Dumas presente texto nace da reflex acerca de uma frase de uma cangio do compositor Noel Rosa (RJ, 1910-1937) eo seu parecio Vadico, que a= ‘nano se aprende samba no coléio". Considerando o alcance territorial ¢ populacional dessa manifestagio brasileira e seus desdobramentos estticos ‘a noss cult, e ainda, sabendo da rlevincia de se fazer pontesconeet ‘as entre o saber denominado formal, presen na insides de ensino,e ‘altura que pulsa para alm das escoas,pereebe-se que a mse catada pelo ambista Noel Ros, asia mica Feito de Orago (1933), encontra eco fealidade escolar brasileira aafnmagao do sambist, surge a pergunta: Porque a educasto for- ‘mal no abord a cultra popular no seu sistema de ensino? Seria possvel ou tera relevineiatrazer conhecimentos que se propagam de maneia informal ara serem ensinadospelas vas escolaes? A inrodusio de conteddosete- ‘as vindos d cultra popular provocaria ua descaractrizago negative de ‘as manifestagdes? Important sallentar que a cultura popula, nesse texto, pode ser entendda como "..] aqueleconjunto de prodagdes om manifes: fapbes que, inseridas nos atuais cntextos de prodigio e cominicagao de ‘massa, prevervam ainda ~ ao menos no camo simbelico — consistentes di ‘mens0es ou aspects de valores ecaracteristicas das ultras taicioais™ (RABETTI, 2000, p. 04), (0 samba, o maracatu, 0 bumba-meu-boi a cheganga, as cavalhadas raramente oeupam palcos¢ caress das nosss escolas, Save em dis c= peificos, como a semana do flclre. Em ger, tema & tatado deforms ‘aricatral, excéntricae specifica na sua data ¢ do como uma referencia ‘etética au como um comportamento cultural de um determinado grupo. Praticamente,o sab ests ausente do coligio como também ds universi- dads, em seus cursos de Are. Para a professrae pesquisadra da rea de literate infantile ensio Andréa Maria de Arai Lacerda, essa auséncia pode ser explicada pela seguinte zo: “..]derontamo-nos com medo & ‘om a insepuranga dos pressor em tabslhar um género pou extudado ‘rants a propria formayao académiea” (LUCIO, 2085p. 119-120), “Tragando umn breve observardo sobre pojtos pedagégicos,planos de \i'ah seu aspectoesteti, Posy a relagdo com 0 belo assegura u presen theuma platia que ont & ago espetacular dos brineantes naelaboragao {de aesow, de igurino, de vor ete. Enietanto, para 0 campo das pesquisas ‘Katmieas voltadas para a critica, a eriagao,Ievando-se em cont 0 vaso enco de manifestagaes populares radicionais brasileira, pode-se observat ma presenga de estos ainda mito restita no seu aspecto quanttatvo, Ha algumas pesquisa volladas pars ciag20, mais constantes na ea daz ‘matigic,plisteae formago do ator, que revelam as aes de interedmbio {te 0 univers fear e 0 dos espetdculs tradicionais, mesmo que tii ‘Tsmente, na produgto artitica brasileira. Para a pesquisa Beti Rabe, ‘Considerando a eriagdo atstica tetra, o dlogo entre o eontempotineo © 0 popular pode ser produtivo, indicando que: [dove ser efintando um eto popular que, ns as debe, ole ne pra tages; en so a pespectiva de una mecinicatanspo- Sie cna defolloes © que se quer assim sr, final, que o espe {da lembvangasé dos mais ecunsos para oFralecimento de campos indices: do produto edo rceptor das maniestagdes aristicas em {er Assim, onde nose encontrar “zona de consersagio" no seat ‘seopreo regioal os nacional), fazer, através do erteeizaento ‘do scosivas eamadas de interpretago,rocantos de mena cultural, par eles procurar encontrar viloresc expresses que se trem Fontes om es qs dlp, ones atigas a seem wabulhada (reesboradas ‘So atatzades como manifertagdescontemporineas dearte(RABETTI, 2000, . 005) ‘Outs pesquisas, mesmo que poueas, no campo das artes consideram a cultura popular como objeto espetaculartranscrevendo sus agBese sentido. Nas, se voltrmos para o ensino, de nivel superior, por exemplo, pereebe-s¢ time auséneia dessesfolguedos no elenco dos referencias eséicos esta {ln Ow ocupam o lugar reservado as “expressbes dramiticas!flelrieas tyasieras” ou s80, ent, ignoradas como poteneialidade histori, estti- Grou metodoldpin. As referencias de conteidos, estticas © métdos vém {Ge eatudossistematizados balizados pela etrtura europe, no seu formato rin csi de nano Tae Dart = priortariamente escrito. Ou seja, quando se samba no coli, parece que os ‘ucadores apesentam.se como "ruins da cabeca ou doentes dope". ‘Amplindo ofoco para a produgao oreanizacio de fendmenos espe- taculares para além do samba, © propssitoagui apresentado &refltir sobre 1 sua podtca na perspectiva de recanbecer potencilidades estica e, por ‘onsoquéncia, posibildades de inclusto de seas conteddes e metodos no nsino formal de ate no easino. Para tanto, esse texto € consid tendo ‘como base os dais pontos abaixo destcados + Adimensioetéica presente em manifestages cultura populares fe 0 reconhecimento de possibildades.refiexivas, criativas © ‘Sducativas, especialmente no que tage o ensinoe aprendizado do ‘te, mais especficamente, o tetra; + Aspotencaldades e posibilidaes de transposicdo metodoligica ‘de procedimentos tcnicosvindss de manifesta populares ¢ ‘an migra para processosartstico- pedagogies Antes de se adentrar na especificidades aristicas de tais manifest es, faze importante contextualizar seus significados no imaginirio cul fara A auséncia de sambs e batugues nas grades curicularesbraileras ‘eflete uma questo histéricaassociada 8 uma cultura comparimentalizada em repesentagdes de nichos eeondmicos e de pode. O samba, assim como ‘nuits ouras manifestagdes de carter popula, teve sua origem em grupos {de representagdo sociale econtimica considerades de menor relevancia€, por esse raz, vistas pela instncias de poder como wna producto de bi ‘xt qualidade, sendo em alguns momentos até pribida de ser realizada, 3 ‘xetplo do que jf a capoeira. Opondo-se ao que aqui & denominado de popular, cso erudito, que Tem nas insitugdes escolares um dos seus igs es de representa, ‘Os conhevimentos abordados pela escola exploram a vada eta da “seri como principal meio de extruturagio do conhocimento. Essa tenica fm cddigas de ltrs ¢ imeros Tem um poder representative de um tipo ‘de saber que ocupou e ainda ocupa, para muitos,» eoloeaglo de supeio ‘idade cultul, A oposigfo que coioca 0 popular “em termos inconciit- ‘eis, como aponta Paul Zumthor, ao erudito, expande-se em outros pares, a cxemplo do “iletado letragio, 0 vocal tansitrio bcternidade da escrita” (ZUMTHOR, 2005, p. 170. (0s bindmios colocados de forma antaginica excluem a convivéneia © ‘dilogo entre as diferengas. Se escola lege contetidos © métodesvistos ‘como erat, o conhecimento de cariter popular desenvolvido em grande pute plas vis cSnica eral de forma geal, excluido de aprendizados ede Fellees no imbio esol. Salvo, se eonsidrarmos as prodtes indivi tis, Numa eve aise date braieira,& posivel peteberalgumas bem was incatvas de vag onde a eliminaso do ntagonismo entre a8 wee icronerm crags produtivas tendo como base 2 ite “levine Peper eo enaifo, Na msca, desac-se Vila Labs, Carlos Ca operon eno tearo Aviano Susssunae Newon Mavens, ce cam dierengae no na sua condo valoratva ou de ‘els, assim esta. Fon oe pots peagicos relacionados & tra popular a Tea compres su entra. Mes com carats Te are oy roscmados plas lugar formas, ee=bese cee argniaro de ensino-apenizagem ota Para ts Pog {Re a ee gonlmentc a arena, um perencmento comuniio sa ene Smt ocontat sm das cases das opesetagS cio amir ge xtra os einamentose ua lag JEP somata eligi, «pede da tra da manifesto a un priate tano de cm asst, as, eis sera erin pss a negrar um eoetivo de um determinado figued pul a re fur, progress gic podem se perceias de fom a aa prt deeasio formal o ave no ica qu as mai ST hemos Gs manfxtacdes popes 8s crate {aE Saja acces, ssi vids de uma oa forma aimee em qe aguas orgarizases soils eis no Férum a cp cptecs e radicona ea Rede ds Cale Populares rename isergo as arava ois inlsive em esc Traian ef de er quest Poltca Nacional Gri, pra proveto arto eaumsin os sberes e fazer de tipo oa”, ens rr epic enolvndo no on mets, mts o prio OTesor Fre tae rnver a ealrizago as expresses cncocuuras do fave bro, como peveoretendoprjeto dee a co conbccmentoprduidonacscola pose sts como omni, dacs poplar tbe ua oposgio ao gue Not Koss pegs Fa cap compost cia exalia na sea composi oad Teatro una condo tral, coro ace qe nace do cor Po ee samba ao se arende no colegio™ 0 compositor demiaca eres Scars fsso ensente ene a ulus scolar ¢ popu Hee Sr Oswald Barroso expe 0 pensamento de mestes dt cal eee, segundo ely afriam equentemens “aie ae no se ular Po etclngs mace com agusc panes. E seg expond: Ccabe ao apni sentir nassew ou mo para aguel as, expen ea Soo mms apes, ma mbm suas aides. Fao mete cae Hatincay seo candies aprendiz, quem nase para a en ‘demtificar, entre 05, Cant aan no eueatve ajodi-io a tirar 6 brificante tent nso. Tet eDanea 18 dent des, como o esc qu tira sua fa de det do atrial ‘qe ulizs (BARROSO, 2000, p85). Entretnto © que se quer nesse texto & pensir numa outa perspective: compreender esse abismo e especifcidads entre os campos culturis, sem perder de vista a necesidade de se repensaressas fontiras estabelecias, ‘abrir formas de dilogo entre os diferentes tpos de manifestagbes,convo™ ‘and o senso crtco part 0 reconhccimentoesttico de determinadss mani- Festagdes populares, Em seguda, eaminho para um entendimentosistematizado da estrus ‘ espetacular através do rconhecliento de meétodos epriica recorrentes os process de ensino-aprendizagem. Coasiderando o processo de ensino fprendizagem como uma constragao,& possvel deniicar nas agDes que ‘hvolvem manifestasBestrdicionis a Cultura popular principios comuns ‘qe esruturam boa parte dessesfestjos.Apesar da predomindnia da infor- Thaldade, existe uma recortneia de componentes de aprendizagem como: estos, movimentos,confeego de roupas eaderegs, 0 eantico das misieas textos, Como o Mestre aprende e como ele conduz processo de aprendi- ‘agen de novos brineantes? ‘Um item constane em processos de aprendizagem sobre tas folgue- dos diz respeito & aprciag2o, onde se estabeleee ums relsso entre consiu- fo do conhecimento ea experéncia da asssténca do evento espetacul. ‘Muitos dos brincantes ao exporem seu proesso de inserpoe conhesimento de um folguedo revelam a experiencia da apreciao direta como fnte de pereeppio e encantamento, o que os tornam espectadores atentos do que Eapresentad, Por ser de cunho tradicional, o que pressupde uma permanéncia reco- nbseivel aad apresentago assstneia de uma estrturaespetscular des- ‘2 mitureza proporciona & spreciagao de gesos, vores, canges que poUco Se modifcam. A repetigto favoroce 0 aprendizado através da memorza530 Caso evento espetaculr tena uma esruradramatirgica complexa, om ‘um ented constuido com diversas etapasdeseavolvidas num long periodo ‘dehoras ou dase nem sempre encadeado em cenas sueessivas, a reprodusio ‘sem grandes moiieagGes atua como um elemento libertador para pblio, deixando-o com a seguranga de que, caso no aprecie aqucle momento espe ‘ifieo, 0 mesmo poders ser vsto em outa casio, sem grandes alterades ‘Ao asatirrepeidas vezesd mesma onganizagao dramatic, as posi dads deassociagese intrpretaeao das cenas tomate mais suscetiveis & ‘compreensio da plobalidade do espeticul. 7h apreciago repetida do mesmo evento espetacular favorece a fem- banc posterior iit, © que pode parecer uma limitago no proceso ‘hativotransforma-se em possbilidades de dominio de uma live rig, ‘como afirma a professora Ana Cristina Marinho Licio: ‘A repetgo, na tao popular (ents, dans, ents), no significa “pobrecinento A cul poola no za peta cath da novidde ‘Gide boa aqua qu ode sabe cna qe otro se epte emo | tm core de vot nlundo aqusles que faze parte da comunidad © ‘gue poral pam no momento da Bina (LUCTO, 2008, 31. Em muitas das manifestages dessa natureza érecorente a reprodugao de gests, figurinos eflasftos por jogos infantis pertencentes ao ambiente ‘onde ela acontece. Assim, a apreiaglo, a memorizaeao e a imitago consi fem uma trade que se repete em muitos relatos referents ao aprendizado ‘de um evento espetacular tradicional ‘A apreiago aeontece, basicamente, como 2580 espontine. Por se pssar, geralment, no espago da ra, as oporunidades de contato com as Eprescoagies sto faciitadas c ainda reforgadas polos lagos comunitrios ‘ou de parentescos. O carter lidico das expressdespaulado em situagdes de fexpontaneidade permite a0 pblico e a possivesiniiantes 0 execicio do jogo com a brinadeira Por aconecer, ma sua maiora, no espayo piblicofavoreee a interaglo& «a relagho aproximads do objeto esptacular com quem o assist. A rua pet~ Inite que o conto se estaeleya de forma mais intima onde a observagao, a ‘traso estes, oencantamento, amit ea reprodusao de gestos vores pocdem acontecer ali mesto, no momento da apreiago, estendendo-se aos ‘as seguites. ‘Aexperimentapo através debrineadirs jogos de imitasdo possibii ta, de forma dascontraia,areprodusio de moviinentos eo seu aprenizado, mesmo que sem a intncionalidade dreta de se adguirir agueleconhecimen- to, objeto do jogo edo bringued de imitagao Barroso aims Ia cena tradicional, o apreniz comega muito cedo, © 6 rincante foxma-se a longo da vid, pela observa. E commum vers mas comm= Dados onde tr agar uma manifesta nia tacional as viangas trincrem error cen, pston de dang, ponts de espada ou pss cantons. Pra, dant os espeticolo, ele buscar observa © omportamento ds meses ebrincntes ais destacados para imii-los [BARROSO, 2000, p96) A repetifao como ovorréeiaestétca est presente na esrutura demu tos folguedos, sea de uma apresentago para outa, seja na esata que tonvida o cola formado por atuantes plates partiparem etico ou tmovimentosrepetidos. A presenga deste pincipiopade apurecer nas misicas tom refes que repetem uma frase mica, nos pasos ritmados, na simi Tariade de gestos. Assim, a toca eoltivavivenotad pela possibiidade de particpasioem pesos sons repetidos proporiona uma rlagdo de grupo. cer ecno afiruna, foana Adee: “Tneae Seieneemateatatenta ea veeepyae er esi, do outro edo todo, a brincadsra proporcione uma situago favorivel para construo da nogdo de grupo, de eonjunt." (ABREU, 3010, p. 121) ‘Vista como uma categoria na estruturago do conhecimento de eventos ‘spetaculares trdiionas, a repetieao pode ser idemificada, como afma ‘Joana Abrea, em sentids diferentes: “repstir para 0 aprendzado; repetie ‘como um caminho de reeriagdo, que 6 que acontece a cada apresentaeo da brincadeira ou de um espetdcuo: reps para crar cilos de superaglo dos Timites do compo" (ABREU, 2010, p11). NNo sentido podagézico, a0 se pensar o planejamento do ensino de ‘Ane nas esol, repetigdo pode ser explorads como va metodoldgica na sahordagem de contedos © métodos, 0 que nao implica, necessariamente a Timitagio do desenvolvimento da eriatvidad, Partindo de gests, falas © 1misieas pertencentes a um sistema etic previameate coiicado de uma taco coletiva, pode se instigarprocessos de cragio segintes i autome- ‘fo. Considerase ainda que mesmo dentro des sistemas codificados haja ‘spagos para a individuagoe personficago de movimento e vores, Joana ‘Abreu ama que: "Nesse setio, aradoxalmente, a codificagio pode de ‘ar de serum elemento que limita riage o novo para serum tampolim «que possibilita que a transtarmasi0, a orgialidadee a composiglo aconte- fam" (ABREU, 2010, 111). ‘Uma outa etapa a trjetéria do desenvolvimento do aprendizado esti ‘elacionad ao eonvivio comunitiri. De forma ger as relies interpesso- ts eotidians do sustentao aos eventos coletivos que aconccem em tomo dos fendmenos espetaculares tradcionis, Enguanto os eventos cénicos que 'scontecem nos pals de testros convencionas, nde hum fempo de inicio «fim muito bem denis do espeticuloe da relago entre publicoe ators, rs manifestabes de carter popular acontece uma especie de proiongamen to aravés do contato aproximado com os seus brineanesartistas. Para as cides de pequeno pare, vilarejs e bairos 0 contato com os participan- tes dos folguedos € proporeionado pela ppria geografia do lugat. Assim, 4 conversa informal sobre o folguedo vinda de encontrosimprevsiveis, © “ontato com a prepara do espeticulo pela oranizaso cenogrfica ee8- nica acentua o sentido de perencimento a um mesmo cletivo, mesmo ue em grausdifereneiads de paticipago. A proximidade espacial proporciona ‘uma relagio mais diet entre o evento espetacular ea comunidade que ha- bia © mesmo testo, (0 vinculos parents sto frequents nos processos de maior informs ‘20 sabre ofolguedo. A presenga de pessoas mais vlad Faia que pa "eipam de Flsvedostradiconais é elemento presente no aprofundamento «do conhocimento, gerando, muitas vezes, a formagao de novos partieipantes. "A escola endo ti instituigdo que atende parte signifcativa de ui ‘comunidad poe explorar essa Taiidades de conto e peoporcionat © “vesso de estes participants de falguedos para tas seus coe ‘chnentapiiiiiilltttiiiatactnn, ectorsiots 0 stolons. Agten-pedapigl «kessanatueza,além de promovero aprofundamento da apreciago, valida ‘ evidenci arelevineiaatstica dessas manifestades perate a sociedade ‘0s Parimetros Curculares Nacionas sugrer, ao eonsideraro teatro como odo altura, que seja uabalhada a divesidade de eonceppesestticas Ineluindo a “comprecnsto, aprciagao e anise das diferentes manifesta ‘es dramatizadas da regio, a "pesquisa efrequéncia junto aos grupos de ‘eato, de manifestagto popula e tos espeticulesrealizads em sua regio” (PCN, 1997, p88), ‘Considerando que a discipina Arte engloba as mila linguagens, ‘como as artes plistcas & misica, 0 teatro ea dang, identifici-se um ponto ‘de conato com grande parte de folguedos, a exemplo do maracau, do bum ‘ucmet-boi, dts cavaladas, em que figurines eobjetos enicos evidenciam ‘aspect visual, a nisi eos dilogos os aspoctos sonres, a dana € ges tualidadesinterprettias 0 aspect oénico. Assim, um dco olgucdo pode ‘er uma via de aprendizada de miltiplas pritias artisticas proporcionando ‘aperiénciasestétiens nas varadaslinguagens. “Alem de ser pensada na perspectiva da experignciaartistica que envol- ‘ea apreciagto, oconitoaproximado como espeticulo ese participants, 2 repeligio’imitago de gests sons, ¢possvelestruurara cultura popular fm teenicas e metodo? E possvel repens para além do seu meio do seu paleo de origem? ‘Seo se humano tem um potencial de conhecimento a ser desenvolvido pla procesco de aprendizagem, espera-st que os estimulos para o seu senso len sejam varios, gerando moativapdes enecessidades diversificadas. ‘Sendo a escola a instiuigt formal volta para o ensino,espera-se que el ‘mesma ete situagdes de apeendizagem relacionadas também & cultura po pla eo apenas depositar nos processs informaise esponineos caracte Fisiios dessae manifestagdes as prtunidades de aprend-las econhece-Las fem perspeetvashistrieas, erties criatves ‘Consideranda a diversidade, a assocacio e a hibridizaglo como cle~ entos positivos no processa de desenvolvimento cultural, a inlusio de “lementos populares como conteidos efou métodes no processo de ensino tie anc pode mpliae as perspectives eriativas sem desprezar a producto ‘nil de Valor reconhecido. A cultura popular pode ser consierada como ‘Componente de ensino eno soa 6 a rut deve sera escola do “samba ‘Una determinada expresso flclrica, dente outta referencias, poe ser eomsderada come objeto na formagio do gosto de criangasc joven cia pelo seu carter socal sea pela si qualidade e ainda como un referencial fn forma de aeadgmicos. Considerando a eddeag2o esttica como a onstrugto socal, vése que os citrios qualitatves dedicados 3 escolha “Jterminados conteidos © métndos na formaga0 em teat arte pode se “diveriicar em cores, lees, formas, gests e sm vindos da ras, temeitos e canos © ndo apenas se concentarexclusivamente em aes rr tas esi eT 00 ud LLevando- se em conta elementos que se desteam na pita eno conhe- iment artistic, como a dramaturgia, exerci de interpreta e impro- ‘isaglo com téeicas corporis e vocals, a confeeso de elementos visti, ‘Serio aprevntadas, deforma breve, roposigdes metodolzicas que compre ‘endem ensno de teatro, aa discipina Arte “Tendo como exempio uma manifesta do municipio de Larajeras, cidade onde ests localizado o campus da Universidade Federal de Serge, ‘ue abriga os curso de Dang e Teatro, dente outros, elege-se aqui o Lambe ‘Sajoe Caboclnhos, que se configura como uma representaglo de combates tnt Indi e negros © grupo dos indios, denominado Caboclinos, age ‘em conformidade com os interesses dos seitores de engenho,propritirios ‘dos negros que fogem pelas matas pela recusa da exploragao do trabalbo ‘excravo, © Togvedo em quosto é eomposto de cenas que to seu conjunto ‘compicm uma naraiva dramalirgicacomplexs, nem sempre compreenida ‘na sa primeira asisténcia, Considerando-o na sua potencisldad esc, podem clencaralgumas apes pedagogicasasociadas ao ensino de teatro ‘ve poderiam ser desenvolvidas tendo-o como objeto ‘Destacando a dramaturia, esta que apresenta com cera complexida- «de consierando a rama sprescatada no folguedo, pode-se pensar em erat textos, em jogos de improvise, tendo como base as cenas eos seus encade- amentos, no Formato do teatro de bonecos. O elemento lio dessa rig pode proporsionaro sprofundamento do coahecimentoobtido pea rig, [prectgao e reflexdo, Assoiando a disciplinas como Histia, a escravidao pode ser compreendida deforma erica com os seus pontos de vistas diver fos, mas tras de uma priticaKdica tendo como elemento motivador uma, expresso cultural conherida Familiar os alunos. 'No elemento interpreta teatro jogos de improvisagaoe de eri ‘lo podem ser adsptados e tabalhados tendo como elemento motivador 35 ‘ends do folguedo, Conte no caso do Lambe Sj e Caboclinhos arama gra fm tomo do combate e resolu de um confit entre dois grupos, pode-se pensar recriagdes das microbistcias com apresentapdo de censs. Na parte "Visual a comfecso de bonecos come personagens do folguedo & um recurso Imetadoldgica que envolve o trabalho coletivo e estéico tomando a tare, ‘ase sempre, mais envolvente. As cangdes, com melodias simples elas ‘epettivas, oferesem a possbilidade de ropeodugo coltiva de movimentos ‘vis eriages em rimas e pasos ritmades. 'As possbilidades de adaptagao, associa ecriagio de jogos cats © ‘nica tend como referencias flguedos Sto vasts. A inseryo ds man ‘estas leas nos conteidos © métodos a abalhados convencionalmente rns site escola pode contribu de forma signifcaiva na valorizago da di ‘etsidade cultura anpliando o enconte e dillogo com outros tpos de sabe yes, Promovero samen ere cultura tadiionas eos conhecimento da {ndstria de massa eonsumids pelos alunos e dos conbecimentos desenval ‘vidoe neat I aeelesdares pote proponicuer » sodimentaglo ‘lo papel da escola como mediadora ene trig econtemporancidide, en ite saberes ditos informa com o conheeimento erudite reforgando assim, sua relagdo com a comunidade ‘A inroduio da cultura local, popular come conteido nas aulas de Arte (ou demas disciplins), raz pare a escola o ambiente que ja ¢ aii os alunos, que pode gear um maior intresse pelo abjetoe assim pelo apren- izado. Tanto se pode parr do objeto popular como meio para aprendizado ‘de outras matéras, textos, cultura esteties (montage de textos esses ‘da dramaturgia mondial entreeruzados com elementos da cultura popu, local) como ele pode sero foco do coaheciment, ay enterica dun pictur tanto noma ops etica qn _Dessa forma, muiias das eriangas ¢adolescenteseestudantes em ger chegam, de antemio, nas escolas €om o conhecimento das manifests ‘espetacularestradicionais da sua cidade, da sua comunidade. Portal 730, € possvel nicar um processo gradativo de aprendizado em Art, especial. ‘mente de teatro, partindo de um conhecimento que ji the & familia, onde clemenos visuais esonoros, nrrativas dramatineas, interpretagese eid 68s gstuassurjam de um repertro ja auirdo podendo tla um cami- bo de cheyada a outras referencias estticas, REFERENCIAS ABREU, J Teatro ¢ Cuturas Populares didlogos para formasio do ator ‘Teatro Caleidoso6pio, Brasilia: Dulein, 2010, BRASIL, Parimetros Curriculares Nacionais: arte/Secrearia de Educapie Fundamental. Brasilia: MECISER, 1997, LUCIO, A. C.M. Teatro Infantile Cultura Popular. Camping Grande: Bagagem, 2005. RABETTI, B. Meméria ceulturas do popular no tet: 0 tipicoe a ten cas. In: Anis do Teatro e Cultura Popular Revista O Percevelo. Progra ‘de Pés-graduayao em Teatto, UNIRIO, a. 8,9. 8, p.03-18, 2000 roa ssoua sy Jy -ay sxea -11eq Apuee Tow yea '30k saa30q "9u Bxea © (ayanoo) HoTunz JO wow sorpuvo eaetoooys WaTA Treq STReyININE © TY ‘rye zewaqom “az0ddne oTy a0 ‘Fobupy Stbuys & ZT prnon 50 9uoN “wots Jo TTY 02 =n: ok Fy ~z0u3Ted BOTS MA yeu “nok droy Atpere 17H 1 SF Teep seu3 oye. uu) “pu RATA Trop © oxew e773 4n4 HOTINE gO WOAH 210330 Suv 0A 03 Guyazvas oF WaTd *30U3 02 (poarmasyp -BONWIHAWHL puneze BurATS. ott 30 © svesoys osteoad 2201200 aya ususosbe ue Yorsr Toh pT Stetgord e eq prezeus UH 4 (omar ai ‘nou 03 uot © peel om “bu ‘Waym puog © 932570 01 povtl om Fos sued fu anoqe nok TT soueys oun 396 3,UDTP 1 Aup. eq2 ‘wosstzex “Im **"utepout ONWTHAN ung ‘Buryaenos ex,Aoqs, +44 UuBysep v sy oy ‘wou soxou U HOTWN 40 WOAH

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