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Ao Cometer Suicídio
Ao Cometer Suicídio
Esse tem sido um dos temas mais controversos ao longo dos anos, e que
lamentavelmente muitos têm respondido de uma maneira emocional e não
através da análise bíblica. Aqueles de nós que crescemos no catolicismo
sempre ouvimos que o suicídio é um pecado mortal que irremediavelmente
envia a pessoa para o inferno. Para muitos que têm crescido com essa
posição, é impossível despojar-se dessa ideia.
1. Todo aquele que comete suicídio, sob qualquer circunstância, vai para o inferno (posição Católica Tradicional).
4. Um cristão pode cometer suicídio, sem que necessariamente perca sua salvação.
A primeira dessas quatro posições foi basicamente a única crença até a época
da Reforma, quando a doutrina da salvação (Soteriologia) começou a ser
melhor estudada e entendida. Nesse momento, tanto Lutero como Calvino
concluíram que eles não podiam afirmar categoricamente que um cristão não
poderia cometer suicídio e/ou o que se suicidava iria ser condenado. Na
medida em que a salvação das almas foi sendo analisada em detalhes, muitos
dos reformadores começaram a fazer conclusões, de maneira distinta, sobre a
posição que a Igreja de Roma tinha até então.
O ser humano é totalmente depravado (primeiro ponto do TULIP calvinista). Com isso, não queremos dizer que o
ser humano é tão mal quanto poderia ser, mas que todas as suas capacidades estão manchadas pelo pecado: sua
continua com a capacidade de cometer qualquer pecado, com a exceção do pecado imperdoável.
O pecado imperdoável é mencionado em Marcos 3:25-32 e outras passagens, e a partir desse contexto podemos
concluir que esse pecado se refere à rejeição contínua da ação do Espírito Santo na conversão do homem. Outros,
a partir dessa passagem citada, atribuem a Satanás as obras do Espírito de Deus. Obviamente, em ambos os casos
fomos declarados justos sem de fato sermos, e o fez como uma só ação que não necessita ser repetida no futuro.
Na cruz, Cristo não nos tornou justificáveis, mas justificados (Romanos 3:23-26, Romanos 8:29-30)
Apesar disso, cremos que, como Jó, Moisés, Elias e Jeremias, os cristãos
podem se deprimir tanto a ponto de quererem morrer. E se esse cristão não
tem um chamado e um caráter tão forte como o desses homens, pensamos
que pode ir além do mero desejo e acabar tirando a própria vida. Nesse caso, o
que Deus permitir acontecer pode representar parte da disciplina de Deus, por
esse cristão não ter feito uso dos meios da graça dentro do corpo de Cristo,
proporcionados por Deus para a ajuda de seus filhos.
A realidade sobre isso é que, quando Cristo morreu na cruz, ele pagou por
nossos pecados passados, presentes e futuros, como já dissemos. Portanto, o
mesmo sacrifício que cobre os pecados que permanecerão conosco até o
momento de nossa morte é o que cobrirá um pecado como o suicídio. A
Palavra de Deus é clara emRomanos 8:38 e 39: “Porque eu estou bem certo
de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem
as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem
a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.Note que o texto diz que
“nenhuma outra coisa criada”. Esta frase inclui o próprio crente. Notemos
também que essa passagem fala que “nem as coisas do presente, nem do
porvir”, fazendo referência às situações futuras que ainda não vivemos. Por
outro lado, João 10:27-29 nos fala que ninguém pode nos arrebatar da mão de
nosso Pai, eFilipenses 1:6 diz que “aquele que começou a boa obra em
vós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus”. Concluindo:
Se estabelecemos que o cristão é capaz de cometer qualquer pecado, por que não conceber que potencialmente
Se o sacrifício na cruz nos tornou perfeitos para sempre, como diz o autor de Hebreus (7:28, 10:14), não seria isso
poderia um paciente esquizofrênico ou na condição de depressão extrema, que não tenha a força de caráter de um
afirmar categoricamente que alguém que deu testemunho de cristão durante sua vida, ao cometer suicídio,
provavelmente é uma ocorrência extraordinariamente rara, devido à ação do Espírito Santo e aos meios de graça
crente é capaz de eliminar a vida humana, como o fez Davi. Se eu posso fazer algo contra alguém, como não
conceber que posso fazê-lo contra mim mesmo? Essa é a nossa posição.
Como você pode ver, não é tão fácil estabelecer uma posição categórica sobre
o suicídio e a salvação. Tudo o que podemos fazer é raciocinar através de
verdades teológicas claramente estabelecidas, a fim de chegar a uma provável
conclusão sobre um fato não estabelecido de forma definitiva. Portanto, quanto
mais coerentemente teológico for meu argumento, mais provável será a
conclusão que eu chegar. Agostinho tinha razão ao dizer: “Naquilo que é
essencial, unidade; naquilo que é duvidoso, liberdade; e em todas as coisas,
caridade”. Minha recomendação é que você possa fazer um estudo exaustivo,
outra vez ou pela primeira vez, acerca de tudo o que Deus disse sobre a
salvação, que é muito mais importante que o suicídio, que é quase nada.