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DOI: 10.1590/1413-81232015202.

17332013 315

Micropolítica do desejo:

ARTIGO ARTICLE
a clínica do sujeito na instituição de saúde mental

The micropolitics of desire:


the clinic of the individual in the mental health institution

Doris Luz Rinaldi 1

Abstract The scope of this article is to discuss Resumo Este artigo tem por objetivo discutir
clinical practice issues in public mental health in- questões da prática clínica em instituições públi-
stitutions, their predicaments and potential con- cas de saúde mental, seus impasses e condições
ditions, focusing especially on the practice “among de possibilidade, focalizando em especial a prá-
others” of the psychoanalyst in this clinic. The tica “entre vários” do psicanalista nessa clínica.
mental health field is a field in permanent revital- O campo da saúde mental está em permanente
ization, marked by the heterogeneity and plurality construção, marcado pela heterogeneidade e plu-
of guidelines, permeated by tensions between old ralidade de orientações, permeado por tensões en-
models of care, new political objectives to redeem tre velhos modelos de assistência, novos objetivos
the minimum rights of a population traditional- políticos de resgate dos direitos mínimos de uma
ly excluded from social coexistence and proposals população tradicionalmente excluída do convívio
for a new clinical practice that concentrates on the social e propostas de uma nova clínica que privile-
individual. Based on clinical perceptions, I intend gie o sujeito. A partir de fragmentos clínicos, pre-
to approach the clinical treatment of the individ- tende-se abordar a clínica do sujeito na instituição
ual in a mental health institution, as well as the de saúde mental, assim como os desafios do traba-
challenges of working in a team, bearing in mind lho em equipe, frente às injunções da política de
the impositions of mental health policy arounnd saúde mental que orienta os serviços. A presente
which the services are structured. Our proposal is proposta é pensar a clínica como uma micropolíti-
to think of the clinic as the micropolitics of desire ca do desejo, que sustenta o trabalho cotidiano de
that sustains the daily work of monitoring the acompanhamento do percurso de cada sujeito em
course of treatment for each individual. tratamento.
Key words Mental health, Psychoanalysis, Indi- Palavras chave Saúde mental, Psicanálise, Sujei-
vidual, Clinic, Micropolitics to, Clínica, Micropolítica

1
Instituto de Psicologia,
Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. R. São
Francisco Xavier 524/10º
andar/Bloco B/sala 10024,
Maracanã. 20551-030 Rio
de Janeiro RJ Brasil.
doris@uerj.br
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Introdução não se esgota, portanto, nas reformas das políti-


cas públicas em seus avanços e retrocessos, sendo
Este artigo tem por objetivo discutir algumas imperioso repensar constantemente a micropolí-
questões sobre a prática clínica em instituições tica que sustenta o trabalho cotidiano das equi-
públicas de saúde mental, seus impasses e condi- pes no enfrentamento das questões que tanto o
ções de possibilidade, focalizando em especial a real da clínica quanto o real da política impõem.
prática “entre vários” do psicanalista nessa clínica. Partindo da crítica à padronização e homoge-
Passadas quase três décadas do surgimento neização dos procedimentos que caracterizavam
no país das primeiras experiências de assistência o velho modelo manicomial e excludente, no
em saúde mental de caráter não manicomial, são qual o tratamento dos chamados doentes men-
inúmeros os desafios enfrentados pelos profis- tais, sob o inquestionável domínio do saber mé-
sionais engajados nos serviços de saúde mental, dico resumia-se a compensar o paciente, a refor- Ainda é presente hoje
criados a partir da Reforma Psiquiátrica no Bra- ma introduziu novos dispositivos de tratamento, este discurso, atrelado
sil. Pode-se dizer que, em um primeiro momento, que reconfiguraram o quadro da assistência em ao discurso
a tarefa de criação de novos dispositivos de tra- saúde mental no País. O novo campo da atenção manicomial, que prevê
tamento, tais como os Centros de Atenção Psi- psicossocial caracteriza-se pela articulação entre internações para que o
cossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas, os diversos saberes com a instituição do trabalho paciente compense.
Ambulatórios de Saúde Mental e outros, foi em em equipe multidisciplinar, onde estão presen-
grande parte atingida pela reforma, instituindo tes várias orientações clínico-assistenciais, desde
uma rede de serviços em todo o país. Entretanto, as que privilegiam a reabilitação psicossocial e o
a sustentação de novos modos de acolhimento resgate dos direitos de cidadania dos usuários,
e tratamento do sofrimento psíquico na esfera ponto de partida da própria reforma, até aquelas
pública impõe uma reflexão permanente sobre que tomam como eixo a clínica de cada sujeito
as práticas clínicas nesse campo, a partir dos em sua singularidade, esta última de inspiração
impasses encontrados. Vários autores chamam psicanalítica.
a atenção para a importância dessa reflexão per- É no trabalho cotidiano, quando a equipe de
manente, entre eles Ana Maria Pitta, quando nos cada serviço desenvolve com a população assisti-
convida a travar o “debate inadiável sobre os no- da, que se pode observar os diferentes modos de
vos desafios que a Reforma Psiquiátrica precisa articular as determinações político-institucionais
enfrentar para alimentar ou reciclar a antiga uto- que criaram os serviços à clínica propriamente
pia de “cidadania plena para todos, numa socie- dita, levando em conta a singularidade de cada
dade sem manicômios”1. Em um sentido duplo, sujeito que procura tratamento. Entretanto, as
procuraremos discutir alguns desses desafios, dificuldades nesse caminho não são pequenas.
indagando sobre a inserção do psicanalista nesse De um lado, pelas impossibilidades que atraves-
campo: qual a contribuição que ele pode dar à sam todo trabalho clínico, no qual nos depara-
prática clínica nas instituições públicas e o que mos não raramente com pontos de impasse, e de
essa prática pode, por outro lado, lhe ensinar? outro, pela própria institucionalização dos novos
dispositivos, assentada em normas de caráter
O campo da saúde mental universalizante que podem engessar práticas, in-
correndo no risco de reprodução, sob novas rou-
O campo da saúde mental é um campo em pagens, de antigas práticas.
permanente construção, marcado pela heteroge- A proposta de reinserção social presente na
neidade e pluralidade de orientações, permeado reforma, ao ser tomada como um imperativo,
por tensões entre velhos modelos de assistência, pode reduzir a clínica a procedimentos de reabi-
novos objetivos políticos de resgate dos direitos litação psicossocial, com seu caráter pedagógico
mínimos de uma população tradicionalmente e normatizador, a partir da crença na existência
excluída do convívio social, e propostas de uma de um saber prévio sobre o que é melhor para o
nova clínica que privilegie o sujeito. Como temos sujeito. Mais do que isso, tal estratégia pode con-
podido observar, esse processo de construção é duzir a uma “nova cronicidade”, em consequên-
atravessado por movimentos contraditórios que cia da redução do tratamento do usuário a um
muitas vezes impõem retrocessos em relação a al- programa de assistência social, que dura por toda
gumas conquistas que, à primeira vista, pareciam a vida2. A discussão sobre a produção de uma
consolidadas. A luta por novas formas de acolhi- “nova cronicidade”, nos serviços substitutivos ao
mento e de tratamento do autismo, da psicose, da modelo manicomial, vem sendo realizada por vá-
BPC x iniciativas de
neurose grave e da toxicomania na esfera pública rios autores, que apontam, dentre outras causas
inserção no mercado
de trabalho.
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para esse fenômeno, as limitações da estratégia mecanismo próprio à psicose. Aquilo que não foi
reabilitadora3. simbolizado, foi rejeitado, retorna do real sob a
Quais os efeitos sobre o tratamento de psi- forma de um Outro avassalador que se presen-
cóticos da prevalência desse tipo de orientação? tifica nas alucinações e nos delírios. Para Lacan,
Sem negar a importância da tentativa de resga- a foraclusão recai sobre o significante do Nome-
te de habilidades sociais, como forma de trazer do-Pai, a função paterna que permite ao sujeito
o psicótico para o espaço social das trocas e da situar-se no campo simbólico, no movimento
contratualidade, não se pode deixar de assinalar dialético de alienação e separação do Outro a par-
que a estratégia clínica baseada apenas na reabili- tir do destacamento do objeto. É esta função que
tação psicossocial, que impõe aos sujeitos a lógica abre para o sujeito as vias de orientação no cam-
da cidadania a partir da busca de direitos iguais e po social. Na psicose, em virtude da foraclusão, o
da participação produtiva na sociedade capitalis- Outro se apresenta de forma maciça e absoluta,
ta, tem suas limitações. Qual é a contribuição que não simbolizada, o que fragiliza a constituição do
a psicanálise pode dar neste contexto? laço social e impõe a necessidade de um trabalho
A pesquisa que desenvolvemos nesses servi- clínico especialmente cuidadoso para que o tra-
ços4 tem evidenciado de diversas formas que uma tamento não se transforme, ele mesmo, em mais
política de inclusão e reinserção social de uma uma manifestação de invasão deste Outro sem
população tradicionalmente excluída do laço so- furo, gozador, que toma o sujeito como objeto. A
cial só terá alguma chance de sucesso se tomar posição do analista deve ser, portanto, uma posi-
como ponto de partida o trabalho singular com ção discreta, que Lacan chamou de secretário do
cada sujeito, levando em consideração a sua for- alienado7, para seguir o sujeito no caminho que
ma particular de se endereçar ao Outro. ele mesmo traça para o seu tratamento, que não é
Ao precisar o conceito de sujeito a partir dos senão tratamento do gozo desse Outro mortífero.
ensinamentos freudianos como correlativo do Nesse sentido, todas as tentativas de reabilitar
conceito de inconsciente, a teoria da clínica psi- o psicótico, de reinseri-lo em seu meio social, de-
canalítica tem uma contribuição importante a vem levar em conta estas características clínicas,
dar à clínica da atenção psicossocial, ao permitir que se apresentam de forma singular para cada
distinguir modos diferentes de endereçamento sujeito. O risco presente nas propostas políticas
ao Outro que caracterizam as estruturas clínicas: reabilitadoras que desconhecem a clínica do su-
neurose, psicose e perversão. jeito ou se superpõe a ela é o de tentar, através de
Algumas palavras sobre a estrutura da psicose uma “ortopedia”, enquadrar o psicótico em um
são necessárias, tendo em vista que esta é a es- cardápio de atividades que supostamente possi-
trutura prevalente nos diagnósticos dos usuários bilitariam a sua recuperação, a partir de deman-
dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Um das que não são as suas, atropelando o sujeito e,
traço importante que a caracteriza é o fato de desta forma, reforçando a sua posição de objeto
ser refratária ao laço social. Freud já anunciara frente ao Outro. Nesse caso, o tratamento se re-
a ruptura que a psicose apresenta em relação à sumirá a um adestramento para o laço social que
realidade5, que podemos definir como o campo não poderá ser sustentado de forma ativa por este
do sentido e das significações compartilhadas, sujeito. Ou pior, poderá levar a um agravamen-
onde são estabelecidos os laços sociais. O delírio to de seu quadro clínico. Como afirma Viganó,
psicótico é uma tentativa de reconstruir estes la- “uma reabilitação só pode ter sucesso na condi-
ços, através da construção de outra realidade e, ção de seguir o estilo subjetivo do psicótico, por
por isso, é um sintoma positivo, uma tentativa de seus sintomas”8.
cura empreendida pelo próprio sujeito, que deve Seguir o estilo do sujeito, acompanhando-o
ser levado em conta e não abolido, como também em seu trabalho subjetivo, valorizando a sua fala,
nos ensinou Freud6. os seus sintomas, é a proposta clínica da psicaná-
Lacan procurou caracterizar esta estrutura lise para as novas instituições de saúde mental. A
clínica, valendo-se de formulações freudianas, construção de um lugar social para os portadores
em especial da noção de Verwerfung, para apre- de grave sofrimento psíquico não é possível sem
sentar a sua teoria da foraclusão como marca da um trabalho clínico rigoroso, que vise à singula-
psicose. O termo Verwerfung pode ser traduzido ridade do sujeito em questão, o que pode criar
por rejeição, mas Lacan se valeu de um termo do um campo de tensão com o ideal de cidadania,
vocabulário jurídico – forclusion, que se refere que possui um caráter mais universal. Entretanto,
à privação de um direito que não foi exercido isso não significa que as dimensões da clínica e
dentro do prazo estabelecido, para designar o da política não possam coexistir. Pelo contrário,
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a clínica do sujeito possibilita a atenção psicos- sejo que coloca o sujeito como eixo do trabalho
social, a partir da implicação do sujeito em suas clínico.
próprias questões. Esta é uma das mais impor- Que desafios ele enfrenta? Por um lado, os
tantes contribuições da psicanálise ao trabalho desafios da clínica propriamente dita, com sua
coletivo e plural que se desenvolve nas institui- imprevisibilidade, em que o real da psicose e da
ções de saúde mental. Sustentar a clínica na ins- neurose grave acossa a todos, através de casos
tituição nessa perspectiva ética – que não é a da bastante graves de desamparo psíquico, aos quais
moral assistencialista, que já sabe de antemão o se soma o desamparo socioeconômico. Mas há
que é melhor para o sujeito – deve ser pensada também as dificuldades do próprio trabalho na
também como uma proposta política, em um instituição, fundamentalmente coletivo, que co-
processo que pretende reconstruir as formas de loca em questão a prática tradicional do psica-
assistência pública a saúde mental a partir de ou- nalista, habituado à solidão de seu consultório.
tros paradigmas. Na instituição ele está entre muitos “técnicos” e o
Nessa direção ético-política, é fundamen- seu trabalho, ainda que tenha a sua especificida-
tal refletir sobre os efeitos da clínica do sujeito de, não existe sem os demais, sendo no âmbito da
na organização dos serviços e nas articulações equipe, com suas múltiplas intervenções, que ele
da rede de atenção psicossocial, assim como nas pode se realizar. Não se pode, portanto, trabalhar
proposições da política de saúde mental. Cha- sozinho, ainda que a experiência seja sempre de
ma-nos a atenção, no momento, a maneira como cada um, que deve se responsabilizar pelo seu ato.
esta política vem sendo implementada, em franca No âmbito dos serviços de saúde mental, há
contradição com os próprios princípios nortea- diferenças na conformação e na orientação do
dores da reforma psiquiátrica, especialmente no trabalho das equipes, ainda que todas estejam
tratamento de usuários de álcool e drogas, mas subordinadas às determinações normativas da
que tem seus efeitos sobre todo o campo da saúde política nacional de saúde mental, que definem
mental. Assim, da macro à micropolítica, em que formas de gestão, objetivos, competências e dis-
esta última diz respeito aos jogos de força e poder positivos de tratamento.
no espaço das instituições de saúde mental, trata- Em alguns serviços a presença da psicanáli-
se de ressaltar o lugar da clínica no conjunto das se é mais marcante na direção do trabalho em
ações institucionais e na gestão dos serviços. equipe, em outros menos, mas não é essa a dife-
rença que importa, pois, como se pode constatar
Os psicanalistas “entre vários” na prática, a psicanálise não é uma panaceia, um
nas instituições de saúde mental antídoto para os problemas da clínica institucio-
nal, muito pelo contrário, ela os deixa à mostra.
A presença de psicanalistas nesse campo não Quando a psicanálise é tomada como um saber
é uma novidade e vem se consolidando desde o idealizado sobre a clínica, uniformizando o dis-
final do século passado nos diversos dispositivos curso, teremos certamente um reforço da resis-
criados pela Reforma Psiquiátrica, entre eles os tência. Talvez a diferença mais importante seja
Centros de Atenção Psicossocial, que acolhem os entre equipes mais abertas às interpelações do
casos de psicose e neurose grave, autismo e psico- inconsciente e outras menos abertas, em que a
se infantil, assim como os de toxicomania (CAPS, resistência se apresenta mais fortemente. De todo
CAPSis e CAPS-AD). modo, qualquer trabalho clínico que tenha como
Seu trabalho se efetiva no âmbito da equipe eixo o sujeito do inconsciente e seus efeitos, só é
multidisciplinar instituída pela reforma, a partir possível ao se levar em conta a resistência, como
da quebra da hegemonia do saber médico. É no Freud mostrou desde cedo9. Lacan acrescentou
bojo dessa transformação que os psicanalistas que, em última instância, a resistência está do
passaram a se inserir de forma mais efetiva nesses lado do analista10, o que é uma indicação bastante
serviços. Composta por profissionais de diferen- oportuna para pensar o trabalho institucional de
tes disciplinas, esta equipe enfrenta os desafios analistas e não analistas nas instituições.
do trabalho clínico-assistencial nos Centros de Há equipes em que o saber, ainda que pro-
Atenção Psicossocial, entre a reprodução de ve- veniente de diferentes formações disciplinares,
lhas práticas e o reinventar permanente que se apresenta-se de forma consistente, fechado a in-
impõe ao trabalho clínico. Nesse campo o psica- terpelações, cristalizando os discursos. Exemplo
nalista está entre “vários”, seja como técnico, seja disso são reuniões clínicas de discussão de casos,
na função de supervisor clínico, e é desses lugares conduzidas de tal forma que os sujeitos e seu so-
que ele deve sustentar uma ética fundada no de- frimento são tomados como objetos (casos), so-
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bre os quais se debruçam saberes, cultos ou não, manifesta em seu discurso e também nos sinto-
em que se fala muito sobre eles, mas pouco ou mas corporais que apresenta, aspectos esses que
nenhum espaço é aberto para escutar o que eles apontam para a peculiaridade do caso. Queixa-se
falam, ou seja, para “lhes dar voz”. Nos casos de de dores nas pernas, nos joelhos e costas que se-
pacientes “crônicos”, há muitos anos vinculados riam devido a um acidente de trânsito do qual foi
aos serviços, isso fica evidente no descrédito que vítima ou fruto de alguma “macumba”. Todavia,
se dá à sua palavra, na medida em que ela é feita anda normalmente quando não está sob todos os
de repetições. Indagamos: de que lado estará a re- olhares, chegando às vezes até a “rodopiar” en-
petição, na fala dos pacientes ou na escuta surda quanto dança em umas das oficinas do CAPS,
dos técnicos? Podemos pensar aqui em uma nova após reclamar de dores.
cronicidade em um sentido diferente do já referi- Situações como essas levaram uma psicana-
do, que não está do lado do paciente, mas do lado lista do serviço a levantar a hipótese de que se
dos técnicos assentados em um saber já sabido. tratava de um caso grave de histeria e não de psi-
Ou em um não querer saber de nada disso atra- cose. Essa nova hipótese diagnóstica foi sugerida
vés da burocratização e rotinização das práticas. em meio à banalização da fala de Solange feita
Para enriquecer essa discussão, apresentare- por grande parte da equipe, diante das constan-
mos alguns fragmentos clínicos que trabalhamos tes repetições de seu discurso e do longo tempo
em nossa pesquisa. Fiéis a Freud, partimos do de permanência no serviço. Tal banalização, con-
princípio metodológico de que pesquisa e tra- tratastada com o início de uma oferta de escuta,
tamento coincidem11, ou seja, tomamos a clínica teve efeitos sobre a usuária, provocando a seguin-
como lócus privilegiado de investigação. te fala, carregada de angústia: “Você acredita em
mim? Ninguém acredita em mim”.
1. Solange e o diamante A nova hipótese diagnóstica foi, contudo,
corroborada por um residente de psiquiatria, a
Solange (nome fictício) é usuária do CAPS e partir da observação de algumas características
há muito diagnosticada como psicótica12, devido de comportamento e de traços do discurso da
a um delírio místico em que o significante “dia- usuária. No momento em que o próprio repre-
mante” ocupa lugar central. Em seus delírios con- sentante do saber médico se dispôs a discutir
sidera-se portadora de um diamante que contém um diagnóstico já cristalizado, surgiu na equipe
o bem da humanidade, sendo, por isso mesmo, maior interesse pela fala da usuária, quebrando
objeto de cobiça. Poder-se-ia dizer que tais de- a surdez dos técnicos que, tal qual o diagnóstico,
lírios são típicos de casos de psicose. Dizer isso, se apresentava cristalizada. Ao estagiário que já a
entretanto, é pouco. Através da escuta da fala de acompanhava foi solicitado fazer um atendimen-
Solange, podemos lançar a hipótese de que o con- to regular com a usuária. Tal fato obteve efeitos
teúdo central de seu delírio é o “amor” e o sig- rápidos que se evidenciaram em um sonho rela-
nificante diamante, além de representar uma jóia tado por Solange, em que o “psicólogo” a guiava
poderosa, pode ser lido também como “de-aman- durante uma missão em um hospital – provavel-
te”. Através dele a usuária busca o cuidado de si mente o local da sua primeira internação – para
e a conquista do amor do outro. O amor é algo cuidar da saúde das pessoas. A usuária se refe-
sempre presente em seu discurso, preocupada em re a este devaneio com grande prazer e alegria,
cuidar dos outros nas missões que realiza em suas ainda que já relatasse o cansaço decorrente de
“viagens” para fazer o bem. Em troca, quer ser suas “viagens”. De alguma forma parecia querer
amada, o que se manifesta em seu jeito sedutor. dividir o “peso” da sua missão com aquele que
Solange diz ter se apaixonado por um enfer- a acompanhava, indicando uma abertura para a
meiro que na sua concepção é Jesus, a quem “deu transferência, em que o lugar de “secretário do
a sua sorte” através de seu diamante, tornando-o alienado”11 era ocupado por quem se dispôs a
assim “o homem mais poderoso”. Ao longo dos escutá-la, testemunhando suas “viagens” e aco-
atendimentos feitos por um estagiário de psico- lhendo os desejos expressos em sua “missão pela
logia, fica evidente que a usuária se utiliza desse paz mundial”.
artifício para, dessa forma, recobrar o seu “favor”. Este fragmento clínico chama a atenção não
Ela diz: “como eu dei a sorte, ele poderia me aju- só para o valor da discussão diagnóstica, mas
dar”. Apesar de eleger “X” como o seu amado, ela fundamentalmente para a importância da escuta
o tem como um homem proibido seja por con- da fala do sujeito. Só é possível acompanhá-lo a
siderá-lo casado ou por ser Jesus. Vale ressaltar partir disso. Há muitos anos frequentando o ser-
que esta situação a deixa insatisfeita, o que se viço, Solange tinha sua palavra banalizada por
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parte dos técnicos, a partir de um diagnóstico exames clínicos. Percebeu-se que o CAPS poderia
consolidado que para equipe reverberava sob a ser um local para que seu tratamento fosse efeti-
forma de um saber rígido e prévio acerca da usu- vado, em virtude dos sintomas que apresentava,
ária. Foi justamente o questionamento desse sa- como também poderia ser um local de enrique-
ber que possibilitou a construção de um espaço cimento de seu cotidiano, através das atividades
para a manifestação do sujeito em sua singulari- e do relacionamento com os seus frequentadores
dade, na medida em que sua fala passou a ser va- e técnicos. No tratamento intensivo, a frequência
lorizada, independentemente de um diagnóstico do usuário deve ser em tempo integral (das nove
definitivo. às dezessete horas), de segunda a sexta. Assim foi
combinado com Leila, a partir de sua participa-
2. Leila, dor e angústia ção nas oficinas: de culinária, bijuteria, mosaico,
geração de renda, café dançante e oficina da pa-
O segundo fragmento clínico refere-se a uma lavra, oficinas escolhidas pela usuária. Além das
situação comum nos CAPS, envolvendo aque- oficinas foi estabelecido atendimento individual,
les usuários que não participam das atividades semanal com a psicóloga/psicanalista, ao que se
coletivas da instituição, como oficinas, grupos seguiu, com a saída desta do serviço, o atendi-
terapêuticos, etc., mas que frequentam o CAPS, mento feito por uma estudante de psicologia.
permanecendo no espaço de convivência, mui- Inicialmente, a usuária participava de todas as
tas vezes isolados e/ou dormindo. Em geral, es- oficinas, fazia todas as atividades, chegava e saía
tas situações provocam angústia na equipe, por nos horários certos. Apresentava melhora em sua
trazerem à tona o seu não saber. A discussão so- higiene pessoal e melhora no ânimo para execu-
bre uma usuária nesta situação foi suscitada na tar as atividades. No entanto, queixava-se da dor
reunião de equipe do serviço por um profissional e falava pouco sobre ela com a equipe. Deixava o
que atuava na instituição há cerca de seis meses. momento do atendimento individual para falar
Ele questionou qual seria a função do CAPS para um pouco mais sobre sua dor. Em suas palavras,
esta usuária, que chamaremos de Leila, que fica uma dor de “angústia”. Após atendimentos indi-
deitada, não participa das oficinas e, por isso, viduais e no lidar cotidiano com Leila, a psicana-
nada produz13. lista que a atendia levantou a hipótese diagnósti-
Qual o trabalho possível com os usuários que ca de histeria.
não participam das oficinas e outras atividades Em meio diagnósticos divergentes, um fato
coletivas? De início, pode-se dizer que são situ- era certo: tratava-se de um sujeito que se quei-
ações que demandam uma condução clínica que xava de uma dor muito forte na barriga, que a
acompanhe o sujeito em outros espaços, respei- angustiava e angustiava a equipe. Leila apresenta-
tando a sua diferença, aliada a uma convocação va dificuldade de elaborar algo sobre a dor, bem
à equipe a arriscar-se a novas maneiras de tra- como a equipe demonstrava dificuldade para
tamento. acolher o seu sofrimento. Leila gradualmente
Leila foi encaminhada ao CAPS pela equipe deixou de participar das oficinas e passou a des-
de psiquiatras da instituição hospitalar na qual se cuidar-se do corpo. A equipe questionava o que
encontrava internada devido aos maus cuidados Leila tinha.
com seu próprio corpo e irregularidade de sua Foram realizados exames clínicos, sem êxito,
higiene pessoal. Apresentava algumas lesões pru- para identificar a dor. Então, como acolher o seu
riginosas na pele como escabiose e lesões no cou- sofrimento? Oferecer uma escuta para que ela fa-
ro cabeludo devido à pediculose. Demonstrava- lasse sobre a dor era uma possibilidade e essa foi
se inapetente, apática, pouco reativa e queixan- a aposta encaminhada pela psicanalista, seguida
do-se de fortes dores abdominais. Após algumas pela estudante de psicologia que a substituiu. Lei-
semanas de internação foi encaminhada para o la percebia não ter espaço para falar de seu sofri-
CAPS com o diagnóstico de episódio depressivo mento nas atividades das oficinas. Relatava que
moderado e retardo mental leve. “incomodava” a equipe ao queixar-se da dor. Di-
Ao chegar ao CAPS foi atendida pela equipe zia que “falar sobre a dor, dói, dói muito”. Preferia
de acolhimento constituída por uma psicanalista ficar deitada no espaço de convivência “remoen-
e uma técnica de enfermagem. A equipe a intro- do a dor”. Quando participava da oficina era para
duziu no tratamento intensivo após algumas en- “prender a dor”. Repetia que “tinha que aguentar
trevistas com ela e sua família, devido à queixa de tudo calada”.
uma dor abdominal que não correspondia a uma Em meio a esta dinâmica clínica, a maioria
dor orgânica, pois já tinha sido investigada em dos profissionais da equipe preocupava-se em
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oferecer “direitos sociais” para Leila, que lhe da- Flávia (nome fictício) chegou ao serviço em
riam “mais dignidade”. A condução clínica sus- 2003, após diversas internações com quadro clí-
tentada pela psicanalista era de não oferecer, de nico que se caracterizava por agitação e heteroa-
imediato, benefícios, mas antes escutar o sujeito. gressividade. Sua história no CAPS é atravessa-
A oferta de benefícios, no caso, tinha a função da por episódios de intimidação e agressão aos
de apaziguar a angústia da equipe, mais do que técnicos e usuários, quando por alguma razão
seguir o trabalho do sujeito. Enquanto alguns não tinha suas solicitações atendidas. Muitos fo-
profissionais se perguntavam sobre o que fazer ram os episódios de passagens ao ato no CAPS:
para lidar com a usuária e seu sofrimento, outros tentativas de agressões aos técnicos; ameaças de
pensavam em dar entrada nos pedidos de cesta colocar fogo no próprio cabelo; tentativa de en-
básica, no Benefício de Prestação Continuada forcamento e destruição dos espaços coletivos
(BPC), no Riocard e no trabalho assistido pela do CAPS quando irritada ou contrariada. Esses
saúde mental, alegando que a usuária tinha direi- comportamentos são a repetição sintomática da
to a esses benefícios. forma como essa jovem se coloca no mundo e na
Nesse contexto, as orientações de tratamento relação com as pessoas.
conflituosas dentro da própria equipe do CAPS Ao longo dos anos de tratamento no CAPS
revelaram o que se apresentou como fundamen- sua história clínica mudou pouco. Foi atendida
tal neste caso. Leila queixava-se de uma dor enig- em psicoterapia por uma psicóloga, mas esse
mática que causava angústia e quando deixou de atendimento pareceu não configurar para a pa-
participar das oficinas e passou a ficar deitada, ciente um trabalho que produzisse efeitos. No
toda a equipe se angustiou, desestabilizando-se ano de 2006, após a chegada de um novo profis-
frente à dor de Leila. Seu sintoma e seu sofrimen- sional médico ao CAPS, algo na história clínica
to “escaparam” ao que foi estabelecido em seu de Flávia mudou. Ela o elegeu como médico e ele
projeto terapêutico e isso “desprotegeu” a equipe. e a equipe acolheram tal pedido. Estabeleceu-se
O fato de não estar participando das oficinas pa- nesta relação de trabalho um forte vínculo trans-
rece ter desencadeado um sentimento de culpa, ferencial da paciente com o profissional. O médi-
um “mal-estar” que fez com que vários técnicos co a atendia como médico e terapeuta, realizando
passassem a buscar o bem da usuária a partir de um trabalho de escuta da paciente. Cabe ressal-
idéias preconcebidas, desconsiderando sua pró- tar que a partir desse trabalho, este profissional
pria fala que indicava uma “vontade de melho- mudou a hipótese diagnóstica de Flávia, antes
rar” e de “voltar a trabalhar”. Soluções de cunho diagnosticada como psicótica e posteriormente
assistencial que, contudo, não resolveram a dor tomada em trabalho pelo referido profissional
de Leila. como histérica.
Diante do que surge de enigmático, do real da Esse trabalho clínico resultou em uma evi-
clínica, ou seja, o que escapa ao sentido, o que se dente estabilização de Flávia, diminuindo as
desvela é um vazio de saber e a tentativa de pre- internações da paciente, amenizando as reações
enchê-lo a partir da utilização de fórmulas pron- hostis dela no serviço, cessando os episódios de
tas. De forma distinta do fragmento apresentado auto-agressividade. Toda esta estabilização trou-
antes, nesse caso o não saber não abre espaço xe ganhos clínicos na vida de Flávia que conse-
para a escuta de Leila, ao contrário, favorece a via guiu trabalhar como assistente da administração
assistencialista. Poder escutar e tomar o caminho do CAPS, recebendo uma bolsa-auxílio pelo de-
do sujeito como ensinamento está relacionado à sempenho do trabalho. Apesar dessa visível me-
postura de aprendiz da clínica14, no qual o não lhora, alguns episódios institucionais delicados
saber tem valor dinâmico, a partir de uma ética não deixaram de ocorrer, como, por exemplo, a
que resguarda a palavra e a diferença do sujeito. venda das medicações que seriam para o seu uso
Passemos ao último fragmento. no tratamento. Porém, era inegável a sua melho-
ra clínica.
3. Flávia e os limites do trabalho em equipe Durante um período de férias de 15 dias de
seu médico, Flávia apresentou importante deses-
Trata-se de um pequeno relato de um caso tabilização, marcada por diversas e graves passa-
clínico15 que ilustra a gravidade dos casos aten- gens ao ato. Dentre estas, pode-se destacar: danos
didos nos CAPS, a importância da escuta clíni- à unidade de saúde, ameaças físicas a usuários e
ca para os mesmos e as repercussões que a falta tentativas sérias de agressão física a técnicos e à
desta mesma escuta traz para a clínica e para a direção da unidade. Quando o médico retornou
instituição. Flávia não mais o aceitou. Sua intensa hostilidade
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Rinaldi DL

e as atitudes de repulsa e ódio apontavam para locamentos discursivos que possibilitem a ela-
um quadro erotomaníaco. Após muitas tentati- boração, no âmbito da equipe, de novos saberes,
vas, o médico desistiu de atender à usuária. sempre não todos.
Durante meses Flávia acossou a equipe e os Para o psicanalista, esta prática é antes de
usuários. Porém, a posteriori, foi possível perce- tudo, formadora, porque é diante do real e do
ber que muitas das atitudes e atos de Flávia foram vazio de saber que ele deve sustentar a sua fun-
uma resposta ao funcionamento clínico-institu- ção, inventando um saber fazer ali, cujos efeitos
cional que, em alguns momentos parecia rivali- só serão recolhidos a posteriori, seja diretamente
zar com Flávia. A crescente tensão que o compor- na clínica com cada sujeito ou no trabalho em
tamento de Flávia trazia ao funcionamento do equipe.
CAPS e à equipe fez com que a resposta a essas Lacan ao referir-se em Radiofonia16 aos qua-
situações fossem imperativos institucionais e leis tro discursos através dos quais pensa o laço social
rígidas que pareciam evidenciar um Outro insti- – o discurso do mestre, como avesso do discurso
tucional sem furo. do analista, o discurso da histérica e o discurso
Assim, a relevância deste fragmento clínico universitário – afirma que é o inconsciente, com a
está no fato de ele apontar o quanto os membros sua dinâmica, que precipita a passagem brusca de
da equipe, diante de passagens ao ato graves, res- um discurso para outro. Na clínica institucional
ponderam de forma normativa, fixando-se aos pública essa indicação é particularmente valiosa,
aspectos fenomenológicos do caso e perdendo pois não se trata de defender a prevalência de
de vista a dimensão clínica do agir de Flávia. Um qualquer discurso que seja sobre os outros, nem
dos exemplos da atuação da equipe, aí incluída a mesmo o discurso do analista, mas de ressaltar
direção, foi a suspensão de Flávia do cotidiano do a presença dos quatro discursos: o discurso do
CAPS. Suspensão que ela jamais cumpriu e que mestre, que funda a instituição, o discurso uni-
acentuou sua postura hostil e agressiva com o co- versitário que orienta o seu funcionamento e a
letivo do CAPS. burocracia, o discurso da histérica que questiona
Em todos os fragmentos apresentados, o o saber constituído e o discurso do analista que
que se observa são os impasses da clínica que dá lugar à fala do sujeito17. É o próprio exercício
questionam o saber constituído, desde a dúvida da clínica, em seus impasses, que traz a tona os
diagnóstica até as diferentes propostas de dire- furos desses discursos, ou seja, o seu real, e per-
ção do tratamento, evidenciando os momentos mite uma circulação discursiva em que o saber se
de resistência. O que eles nos ensinam é que na mostra em sua impotência.
clínica institucional (mas não só nela) os saberes Nessa prática, em que se combinam a clí-
da equipe são constantemente furados pelo que nica singular de cada sujeito, na psicanálise em
vem do real, trazido pela própria clínica, onde intenção, e o trabalho com a equipe, no âmbito
algo de insuportável se apresenta. Os chamados da psicanálise em extensão18, o psicanalista opera
casos difíceis, considerados intratáveis, que mo- a partir de uma ética que coloca o sujeito e seu
bilizam e angustiam a todos, são exemplares para desejo como eixo do trabalho. Mas é principal-
movimentar a equipe, porque eles colocam em mente no trabalho em equipe que essa ética pode
questão sua suposta suficiência ou competência. ser sustentada como uma política, na medida em
A repetição de protocolos já instituídos, através que ela incide justamente sobre o que não anda,
dos quais se procura apaziguar a angústia, já não o que faz obstáculo, sobre o impossível do real,
funciona. no sentido de sustentar esse furo no saber que fa-
Mas é justamente nesses impasses, nas difi- vorece o reviramento discursivo, que movimenta
culdades de conduzir o trabalho com determina- a instituição e dá lugar à clínica que é sempre de
dos sujeitos que uma abertura se instaura, o que cada sujeito.
é especialmente importante para impedir o imo- É nesse sentido que ele pode também contri-
bilismo tão frequentes nas instituições. Um vazio buir para a reflexão sobre a política pública para
de saber se abre e é nessa brecha que se pode in- a saúde mental, em seus avanços e retrocessos,
serir a novidade que a psicanálise traz: de que há levando em conta, em especial, a micropolítica
saber inconsciente, isto é saber não sabido, que que sustenta o trabalho cotidiano das equipes no
está do lado do sujeito e não do lado dos técnicos. enfrentamento das questões que tanto o real da
É ao levar isso em conta que podem ocorrer des- clínica quanto o real da política impõem.
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Ciência & Saúde Coletiva, 20(2):315-323, 2015


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