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PRIMEIROS

SOCORROS
PRIMEIROS
SOCORROS

São Paulo
março/2016

Nome do aluno
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO SENAC
NO ESTADO DE SÃO PAULO

Gerência de Desenvolvimento
Roland Anton Zottele

Coordenação Técnica
Ana Maria Galvão de Carvalho Pianucci

Apoio Técnico
Adriana Ferreira Dutra Tomida

Elaboração do Recurso Didático


Marisa Amaro Malvestio

Ilustrações
Bruno Ginde Mazzilli

Editoração Eletrônica
Manuela Ribeiro

Revisão de Texto
Luiza Elena Luchini (coord.)

© Senac São Paulo, 2016


Proibida a reprodução sem autorização expressa.
Todos os direitos reservados ao Senac São Paulo.
sumário
DICA DA AUTORA / 7

INTRODUÇÃO / 9

1 AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA E RCP PARA LEIGOS / 17

2 AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA E RCP PARA PROFISSIONAIS DA


SAÚDE / 35

3 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO / 57

4 EMERGÊNCIAS CLÍNICAS / 65

5 FERIMENTOS DIVERSOS / 73

6 QUEIMADURAS / 83

7 INTOXICAÇÕES / 91

8 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS / 97

9 LESÕES DE OSSOS E ARTICULAÇÕES / 107

10 MATERIAIS BÁSICOS DE PRIMEIROS SOCORROS / 115

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / 117


Dica
da autora

Para o instrutor
• O aprendizado dos procedimentos de primei-
ros socorros será mais efetivo se forem utiliza-
das técnicas de encenação em sala de aula. In-
centive seus alunos a participar como vítimas,
encenando os principais sinais e sintomas, e
como socorristas, na prestação dos cuidados
preconizados.
• Estimule o trabalho em equipe na prestação
dos cuidados.
• Avaliações práticas também são muito úteis e
solidificam o aprendizado. Recorra ao “Passo a
passo” e à “Revisão” ao final de cada capítulo
para ratificar o aprendizado das técnicas e soli-
dificar o conhecimento sobre as sequências de
abordagem.
• Muita atenção aos alunos com os quais esti-
ver trabalhando. Lembre que há diferenças na
abordagem de primeiros socorros para profis-
sionais de saúde e para socorristas leigos trei-
nados. Escolha os conteúdos apropriados a
cada grupo. A definição desses grupos é apre-
sentada no capítulo 1.
• Estimule os alunos a divulgar as informações
mais simples sobre primeiros socorros aos
membros de suas famílias. A informação mais
vital é sobre o acionamento de serviços de
emergência. Lembre-se de que os familiares
deverão ser considerados leigos (não treina-
dos).

Para o aluno
• Participe ativamente das encenações e ensine
os procedimentos mais simples aos membros
de sua família.

Bom trabalho a todos!

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Introdução

Ao longo das últimas décadas, os problemas car-


diovasculares, as neoplasias e os traumas trans-
formaram-se nas principais causas de doença e
morte em todo o mundo. O estresse da vida agita-
da, o sedentarismo, a alimentação desregrada e a
violência dos grandes centros urbanos são alguns
dos fatores predisponentes para esses problemas.
Mesmo assim, o conhecimento sobre essas do-
enças e sobre como enfrentá-las está permitindo
uma sobrevida cada vez maior para aqueles que
são afetados por elas.
As pessoas estão expostas a doenças ou aciden-
tes ainda que de forma pouco percebida. No am-
biente de trabalho ou de lazer, na escola ou mesmo
em casa, adultos e crianças estão sempre sob o
risco de sofrer uma queda, um engasgamento, um
ferimento ou queimadura. Todas essas circunstân-
cias têm potencial para colocar a vida da vítima
em risco, fazendo com que ela fique na imediata
dependência de ajuda prestada por terceiros.

Sempre haverá alguém disposto a ajudar, mesmo


que não tenha a menor ideia do que deve ser fei-
to. Nessa disponibilidade pessoal para ajudar, en-
contramos uma demonstração de cidadania e de
solidariedade, que são alguns dos princípios fun-
damentais para a vida em sociedade. No entan-
to, é preciso mais que isso para salvar ou manter
uma vida até a chegada de socorro especializado;
é preciso conhecimento sobre primeiros socorros.

SENAC SÃO PAULO | 9


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Inúmeros estudos demonstram a importância dos primeiros socorros realizados de forma correta pela
pessoa mais próxima à vítima. Pode ser a secretária de um diretor de empresas, o colega que traba-
lha na máquina ao lado, uma vizinha ou a equipe de brigadistas e a equipe médica de uma grande
indústria.
Olhe ao seu redor. Quem você vê? E se você precisasse de socorro agora? Essa pessoa que está
próxima de você saberia lhe ajudar?
Tenha certeza de que esse colega ou familiar que está ao seu lado poderá lhe ajudar muito se dominar
algumas informações relativamente simples e se tiver um mínimo treinamento prático.
A proposta da apostila é apresentar os procedimentos de primeiros socorros em um formato e lingua-
gem acessíveis ao público leigo ou a profissionais de nível médio ou técnico, como forma de apoio ao
aprendizado prático dos procedimentos durante aulas ministradas por professores treinados.
Seja você também uma pessoa preparada. Sorte de quem estiver ao seu lado!

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS


Primeiros socorros é o conjunto de avaliações e procedimentos voltados ao atendimento imediato
de um agravo à saúde ocorrido fora do ambiente hospitalar. São medidas simples, que não exigem
muitos conhecimentos ou materiais e que podem ser realizadas por qualquer cidadão treinado, até
que o socorro especializado esteja disponível. Com essas medidas, espera-se aumentar as chances
de sobrevivência de uma pessoa, dando a ela a oportunidade de chegar viva a um hospital e se be-
neficiar do cuidado especializado.
Os princípios fundamentais dos primeiros socorros são:
• atender no local da ocorrência;
• avaliar e detectar situações de risco para a vida da vítima;
• atendimento às prioridades com o objetivo de manter a vítima com vida e/ou impedir o agrava-
mento da situação;
• acionar o serviço de emergência e/ou transportar com segurança até uma unidade hospitalar
próxima.
Alguns autores preferem denominar as técnicas de primeiros socorros de técnicas de suporte bá-
sico à vida (SBV), já enfatizando na nomenclatura sua característica principal, que é a busca pela
manutenção da vida. No entanto, essa denominação é mais apropriada quando os procedimentos
são realizados por profissionais da saúde treinados, uma vez que o SBV engloba intervenções mais
elaboradas e exige um grupo maior de habilidades e organização técnico-operacional. O Corpo de
Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) executam, entre outras, atividades
de SBV.
Nas últimas décadas, as técnicas de primeiros socorros têm sido amplamente divulgadas para os
trabalhadores da área da saúde, para militares e principalmente para leigos. Os leigos são profis-
sionais do turismo, de segurança do trabalho, professores, trabalhadores da indústria e comércio e
tantas outras áreas que, em comum, possuem interesse no assunto por motivos legais, profissionais
ou pessoais.
Os profissionais da saúde ou de outras áreas e também os leigos, quando treinados em primeiros
socorros, tornam-se um importante elo na cadeia de sobrevivência da vítima, e sua correta atitude
pode significar a diferença entre a vida e a morte.

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REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


As regras básicas dos primeiros socorros são:
• peça ajuda;
• avalie a segurança da cena;
• acione o serviço de emergência de sua cidade;
• utilize medidas de prevenção contra infecções;
• impeça aglomerações;
• avalie a vítima sob o princípio da priorização;
• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;
• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

Peça ajuda
Em qualquer circunstância, solicite sempre a presença de outra pessoa para lhe ajudar, seja para
acionar o serviço de emergência ou para abrir uma janela, afrouxar roupas ou realizar outro proce-
dimento qualquer. Se necessário, afaste-se brevemente da cena e vá buscar ajuda retornando em
seguida.

Avalie a segurança da cena


Muito cuidado ao se aproximar da vítima. A avaliação da segurança da cena deve ser a prioridade
de quem socorre, principalmente em um evento de natureza traumática. Trata-se de uma ação que
antecede a avaliação da vítima e os procedimentos de ajuda.

Na prática, deve-se observar se a cena em que a vítima está é segura para o socorrista e para todos
em volta. Observe riscos potenciais como:

Riscos ambientais e climáticos Riscos diversos

• Tempestades e inundações
• Instabilidade de estruturas
• Fogo, fumaça
• Fio e rede elétrica em risco
• Produtos químicos
• Explosivos
• Árvores em risco de queda
• Materiais perigosos (óleo, agentes intoxicantes, etc.)
• Baixa iluminação
• Tráfego intenso
• Nevoeiros
• Animais perigosos
• Vento
• Vítima agressiva
• Relevo acidentado (encostas, etc.)

Se houver riscos, solicite auxílio da polícia ou dos bombeiros informando sobre a situação. Se a vítima
puder ser alcançada e movimentada, mova-a para uma área segura para o início dos procedimentos
de socorro.
Lembre-se de que manobras heroicas só aumentam os riscos e não devem ser incentivadas. É im-
portante que o socorrista execute apenas os procedimentos para os quais foi preparado e está apto
a executar. Se a situação é de risco, afaste-se e aguarde a ajuda solicitada.
Se a vítima está agressiva ou hostil (portando armas, por exemplo) ou foi agredida (e o agressor ainda
se encontra na cena), acione imediatamente o socorro e informe a situação da mesma maneira.
É preciso ressaltar que a cena deve ser monitorada constantemente, pois algo que parecia seguro
pode se transformar em uma cena hostil ou de risco após alguns minutos.

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Diante da importância da avaliação da cena para o sucesso do atendimento, ao final deste capítulo
há algumas considerações práticas que servirão muito aos profissionais da saúde que atuam em
empresas e aos profissionais de segurança.

Acione o serviço de emergência de sua cidade


O acesso rápido ao atendimento especializado é crucial para o sucesso do atendimento. É a ação
mais importante que um socorrista pode realizar. É também o mínimo que se espera.
Atualmente, o Brasil conta com um sistema organizado de atenção a urgências e emergências ocorri-
das fora do ambiente hospitalar, chamado Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O sis-
tema é encontrado em cerca de 50% das cidades do país, e as equipes que compõem esse sistema
atendem vítimas de todo o tipo de agravos, incluindo os clínicos, traumáticos, cirúrgicos ou mesmo
psiquiátricos. Verifique se sua cidade conta com este recurso. Outro serviço de atenção a urgências
presente em nosso país é o promovido pelo Corpo de Bombeiros de cada estado. Prioritariamente,
os bombeiros atendem vítimas de traumas e/ou que necessitem de ações de salvamento (aquático,
em altura, em incêndio, etc.).
O mais importante é saber que estes serviços geralmente atendem em números telefônicos padroni-
zados para todo o Brasil: para o SAMU, disque 192, e para os Bombeiros, 193. A ligação é gratuita e
não necessita cartão. Ao ligar, passe informações sobre:
• endereço exato do local onde está a vítima;
• o que ocorreu e o que já foi feito;
• seu nome e telefone para contato.
Se sua cidade não possui serviços do tipo, busque saber a alternativa que a prefeitura local tem
para esses casos. Geralmente, há um serviço de ambulâncias acionado diretamente pelo telefone do
hospital mais próximo ou até mesmo por um dígito telefônico próprio. Se for o caso de sua cidade,
aproveite para anotar o número ao lado.

Utilize medidas de prevenção contra infecções


A exposição e/ou o contato com fluidos corporais, como sangue e outras secreções, aumenta o risco
do socorrista contrair infecções. Por essa razão, se possível, durante os procedimentos, utilize algu-
mas medidas de precaução contra infecções:
• lave as mãos antes e após os procedimentos;
• use luvas de borracha fina (luvas hospitalares);
• não manuseie objetos que tenham entrado em contato com sangue ou fluídos.
Na impossibilidade do uso de luvas, evite contato direto com sangue e outras secreções. Lembre-se
de descartar as luvas no lixo ao final do atendimento.

Impeça aglomerações
Muitos curiosos podem se aproximar de você e da vítima, dificultando as ações de socorro e, até
mesmo, a circulação de ar. Oriente-os para que se afastem, informando da importância de espaço
para o sucesso do atendimento.
Procure não se exaltar, pois haverá sempre muitos palpites e observações sobre a vítima e o modo
de agir. Peça a alguém para organizar o ambiente, para que isso não o distraia. Aos mais exaltados,
é uma boa atitude pedir algum favor, como: “Se você quer ajudar, arrume um cobertor para aquecer
a vítima”, ou então “Arrume panos limpos e secos”. Ele se afastará para cumprir a tarefa, deixando o
ambiente mais calmo.

Peça a alguém para controlar o ambiente e dê tarefa aos mais exaltados.

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Avalie a vítima sob o princípio da priorização


Se a cena é segura para você, a prioridade passa a ser a vida da vítima. Procure não se apavorar com
as lesões, por mais que sejam muito severas. O princípio de atendimento é identificar rapidamente
situações que coloquem a vida em risco, como agravos ao sistema respiratório e circulatório, proble-
mas com a respiração, coração e presença de sangramentos.

Se a cena é segura, a prioridade é identificar situações que coloquem em risco a vida.

Não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica


Sempre haverá alguém sugerindo o uso de medicamentos ou a conhecida água com açúcar. Jamais
ofereça e/ou administre quaisquer medicamentos ou água para a pessoa que estiver sendo socorrida.
Devido a alimento, água ou medicamento administrado, a cirurgia que a vítima precisará para ser sal-
va pode ter de ser adiada ou, então, o medicamento pode ter um efeito adverso e piorar a condição
inicial, causando até mesmo engasgamento. No capítulo 4, apresentaremos uma exceção.
Caso a vítima tenha sede, se houver demora no atendimento especializado, apenas molhe sua boca
com um pano limpo umedecido com água potável. O alívio trará mais calma, confiança e cooperação.

Indicar medicamentos é atribuição exclusiva do médico.

Zele pelo conforto e privacidade da vítima


Atitudes simples podem trazer conforto e privacidade para a vítima:
• afaste curiosos;
• promova o aquecimento corporal;
• proteja-a da chuva e do sol;
• mantenha-a informada sobre tudo o que está sendo feito;
• ouça as queixas e observações da vítima;
• preserve os pertences pessoais (ou peça a alguém para fazê-lo);
• mantenha o ambiente claro e arejado;
• afrouxe cintos, sapatos e roupas.
O socorrista pode solicitar a outra pessoa que lhe ajude a fazer tudo isso.
Saiba que, até o socorro especializado chegar, a vítima de trauma não deve ser movimentada, mes-
mo que seja para colocá-la em posição mais confortável ou para fugir de condições adversas (sol,
chuva, terra, trânsito, etc.).

Informe o que está sendo feito e ouça as queixas da vítima; isso a tranquilizará.

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ASPECTOS PRÁTICOS DA AVALIAÇÃO DE SEGURANÇA DA CENA


Já indicamos a importância da avaliação da segurança da cena. A seguir, apresentaremos algumas
dicas sobre como efetivar essa avaliação.

Colha informações sobre riscos potenciais


Enquanto caminha até a vítima, aproveite para observar a cena e colher informações.

Observe Ouça Perceba odores


• Número de vítimas • A vítima • Medicamentos
• Riscos potenciais • As pessoas ao redor • Gases
• A vítima se movimenta? • Fumaça
• A vítima fala? • Combustível
• Há sangue? Fluidos? • Hálito da vítima
• O que aconteceu?

Observe abaixo como esses aspectos podem lhe dizer muito sobre a segurança da cena e sobre os
primeiros passos a serem tomados:
• a vítima movimentar-se ou falar é um bom sinal. Ao falar, ela demonstra que está respirando e que
há circulação sanguínea. Ao se movimentar, demonstra algum grau de consciência;
• o conhecimento sobre o que se passou é fundamental. Um colega que sofreu uma queda de dois
degraus pode ter uma perspectiva de gravidade diferente de outro cuja queda foi de um andar.
Busque informações;
• diante de fogo, produtos químicos, fiação elétrica caída e outras circunstâncias do tipo, o so-
corrista deve imediatamente solicitar auxílio especializado, afastar-se e aguardar a chegada do
serviço solicitado;
• alguém pode dizer que a vítima rolou escada abaixo, ou então que teve fortes dores no peito antes
de ficar inconsciente e rolar pela escada. Possivelmente, ela teve um mal-estar antes de cair. Ouça
com atenção as pessoas que presenciaram os fatos;
• hálito com odor etílico pode significar intoxicação alcoólica. Use os seus sentidos na busca de
informações.
Esses são apenas exemplos de como uma boa comunicação, um olhar atento, saber ouvir e utilizar
o olfato são ferramentas importantes para o socorrista.

Cena de acidente de trânsito com vítimas


Em um acidente de trânsito, a primeira ação a ser tomada é sinalizar o local.
Em seguida, se houver vítimas, acione o serviço especializado de emergên-
cias.
Se o primeiro socorrista que chegar à cena do evento também estiver em um
veículo, ele deve estacionar em um local seguro, alguns metros antes do aci-
dente, e sinalizar a área com o triângulo e luzes de emergência pelo menos 40
metros para trás de seu veículo no sentido contrário do fluxo de carros. Isso
permitirá que os veículos tenham tempo para visualizar o acidente e diminuir
a velocidade sem frear bruscamente, o que poderia causar acidentes extras.
Quanto maior a velocidade da via, maior deve ser a distância da sinalização.
Isso também é válido para situações de chuva ou neblina.

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Em caso de acidente em via pública, o ideal seria interromper o fluxo de trân-


sito. No entanto, o engarrafamento provocado seria uma fonte de problemas
para outras pessoas, além de dificultar a chegada do socorro especializado.
A opção mais comum é, com a ajuda de outras pessoas, desviar o fluxo do
local do acidente. Nessas situações, é mais seguro manter o menor número
de pessoas na via e sinalizar aos outros condutores com cones ou movimen-
tos de braço e arbustos, além dos sinalizadores obrigatórios dos veículos
(triângulo).

Situações que exijam salvamento e resgate


O socorrista pode encontrar situações em que a vítima necessite de salva-
mento especializado, como desencarceramento de veículos após acidentes
de trânsito ou estruturas colapsadas após desabamentos e deslizamentos.
Há ainda situações em que é necessário o salvamento aquático, em incêndio,
em altura e outras, exigindo a atuação do Corpo de Bombeiros ou de outras
equipes especializadas.
Nessas condições, o socorrista deve acionar o serviço, zelar pela segurança
do ambiente e das pessoas ao redor e aguardar a chegada do serviço em local
seguro.
Lembre-se de que, ao acionar o melhor socorro e impedir a ocorrência de no-
vos acidentes e o surgimento de novas vítimas, sua atuação já terá concorrido
para um desfecho de sucesso.

Situações hostis e de violência


Uma cena hostil envolve situações de violência interpessoal, presença de animais
ou armas e pessoas muito ansiosas ou intoxicadas por álcool e drogas. São si-
tuações que podem colocar o socorrista em risco e, por essa razão, se perceber
uma ameaça, retire-se calmamente da cena e acione o policiamento.

Recusa de atendimento
Diante de agravos percebidos como de pouca importância, a vítima pode recusar ajuda. Nessas cir-
cunstâncias, mesmo que ela não permita uma abordagem, enfatize a importância da avaliação por
um médico e do consequente encaminhamento para um hospital para esclarecimento da situação.
Cena que envolva produtos perigosos
O socorrista pode se ver em situações que envolvam produtos perigosos, como produtos químicos
com características tóxicas, radioativas, etc., utilizados na indústria e no comércio. Além disso, vários
itens de mobiliário doméstico e de escritórios, quando submetidos a fogo, resultam em uma fumaça
altamente tóxica devida à combustão dos produtos químicos utilizados em sua confecção.

Eventos envolvendo corrente elétrica


Eventos em que a vítima tenha sofrido ação de corrente elétrica também exigem socorro especializa-
do. No entanto, pequenas ações, antes da equipe chegar, podem auxiliar para um desfecho positivo.
Se a vítima ainda estiver em contato com corrente elétrica, não toque nela, nem se aproxime demais.
A primeira ação é desligar a chave de força central (Figura 1).
Se houver fios caídos próximo à vítima, não toque neles com as mãos ou pés. Para isso, utilize um
cabo de vassoura longo ou qualquer outro pedaço comprido de madeira que não conduza a corrente
até o socorrista (Figura 2).

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Cuidado com fios elétricos caídos sobre veículos ou peças e maquinários elétricos. Ao tocá-los, você
pode ser atingido por descarga elétrica. Use uma madeira longa para afastá-los.
Objetos elétricos próximos a lugares úmidos ou com acúmulo de água também exigem atenção do
socorrista. Lembre-se de desligar a corrente elétrica ou desligá-los da tomada antes de manusear.

Figura 1. Desligando a energia. Figura 2. Afastando os fios elétricos.

Qual é sua dúvida?

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1. Avaliação
inicial da vítima
e RCP para leigos

Há diferenças na complexidade das ações quando


os primeiros socorros são prestados por socorris-
tas leigos ou por profissionais da saúde. Em geral,
os procedimentos destinados aos leigos enfatizam
as ações básicas e fundamentais. Essa diferença
na abordagem tem como objetivo simplificar o trei-
namento de socorristas leigos, encorajando-os na
realização dos procedimentos que podem salvar
vidas.
Para diferenciar esses grupos consideramos:
• Profissionais da saúde: médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, farmacêuticos e profissionais
de nível médio e técnico da saúde que rece-
bem treinamento formal de primeiros socorros
durante sua formação profissional e em cursos
complementares.
• Socorristas leigos: pessoas da comunidade e/
ou profissionais da área de segurança, indús-
tria, comércio e outros (exceto os da saúde)
que recebem orientação ou treinamento com-
plementar em primeiros socorros por força da
legislação, da área de atuação ou por interesse
próprio.
Apresentaremos neste capítulo, as fases da avalia-
ção inicial da vítima e as manobras de reanimação
cardiopulmonar (RCP) para socorristas leigos.
Recomendamos ao instrutor que atente para a for-
mação de seu grupo de alunos, apresentando a
abordagem mais adequada e encorajando a par-
ticipação nas aulas práticas que propiciam habili-
dades psicomotoras e confiança na realização das
manobras.

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PRIMEIRO SOCORROS

AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA

Objetivo e importância
Se a cena está segura e não há riscos para o socorrista, o próximo passo dos primeiros socorros
é entrar em contato com a vítima para realizar a “avaliação inicial”. O objetivo dessa avaliação é
identificar a situação e já corrigir condições que possam colocar a vítima em risco de morte imediato.

1o passo da avaliação inicial: Avaliação da responsividade e da presença de respira-


ção
Consiste em avaliar se a vítima está acordada ou é capaz de responder quando chamada e se está
respirando.
A avaliação começa quando o socorrista se aproxima da vítima:
• se ela apresenta movimentos normais, está falando ou tossindo, consideramos que a vítima está
responsiva, possui respiração e circulação.
• na ausência de movimentos e/ou fala e tosse durante a aproximação, é necessário estimular a
vítima para a obtenção dessas respostas.

Para estimular a vítima e realizar a avaliação, aproxime-se de sua cabeça e de seu tronco, chamando-
-a e tocando seu ombro (Figura 1). Dê preferência a chamá-la pelo nome e insista por 3 vezes com a
pergunta: “Você está bem?”.

AVALIAÇÃO DA RESPONSIVIDADE:
• Aproxime-se da vítima;
• Toque seu ombro e chame-a em voz alta
por pelo menos 3 vezes.
• Pergunte: Você está bem?

Figura 1. Avaliação da responsividade


e da respiração.

Vítima responsiva
Considera-se a vítima responsiva se ela atende ao chamado do socorrista com movimentos, abrindo
os olhos, tossindo e/ou balbuciando palavras.

Para a vítima responsiva, insista no contato, realizando três perguntas adicionais:


• “Qual é seu nome?”
• “Sabe onde está?”
• “O que aconteceu?”

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PRIMEIROS SOCORROS

Respostas coerentes a essas perguntas caracterizam temporariamente um bom grau de consciência


e, por sua vez, condições das funções respiratórias, circulatórias e cerebrais suficientes. Alterações
podem significar comprometimento dessas funções. A partir das informações e da queixa mais evi-
dente da vítima, será possível determinar quais cuidados de primeiros socorros serão necessários e
possíveis.
Peça ajuda às pessoas no entorno e acione o serviço de emergência se for necessário, informando
as alterações detectadas. Siga as orientações do operador ao telefone.

Considerar
Vítima responsiva Estimule com
alterações e queixa
perguntas:
Atende ao e acionar o serviço
chamado com Qual é seu nome?
de emergência.
movimentos, tosse Sabe onde está?
LIGUE para
ou palavras. O que aconteceu?
192 ou 193

Vítima irresponsiva
Para a vítima que não se movimenta ou não fala e que não responde ao estímulo da voz e ao
contato do socorrista, dizemos que ela está irresponsiva. Nesses casos, o socorrista leigo pode pedir
ajuda às pessoas no entorno e ligar imediatamente para o serviço de emergência pelo celular ou tele-
fone fixo (dígitos 192 ou 193 ou outro serviço disponível na sua cidade). Evite se afastar do paciente
e só o faça se não houver ninguém que possa ajudá-lo.
Após o acionamento do serviço de emergência, o socorrista leigo deve avaliar rapidamente se a víti-
ma respira sem dificuldades, observando se o tórax se movimenta e se a respiração é normal.
Se a vítima está irresponsiva, mas respira sem dificuldades e tem pulso, coloque a vítima em
posição de recuperação (Figura 2) e mantenha a observação até a chegada do socorro. Essa posição
favorecerá a circulação, a respiração, o conforto e a drenagem de secreções pela boca, enquanto se
aguarda a chegada da equipe profissional.

POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO
É indicada para vítimas de agravos clí-
nicos, irresponsivas e com respiração
normal.
• Lateralize o corpo à esquerda.
• Posicione braços e pernas flexiona-
dos e apoiados na superfície.

Figura 2. Posição de recuperação.

Pedir ajuda
Vítima imediatamente e Colocar em posição
irresponsiva ligar para o serviço de recuperação,
Respira sem de emergência pelo (lateralizada à
dificuldades. celular ou telefone esquerda).
fixo: 192 ou 193

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PRIMEIRO SOCORROS

Se a vítima está inconsciente e não respira ou apresenta respiração fora do normal (muito lenta
e/ou com esforço e agonizante), caracteriza-se comprometimento grave da respiração e circulação
e risco de morte em alguns minutos. Nesse caso, os procedimentos de RCP devem ser iniciados
imediatamente (os procedimentos serão detalhados a seguir).

Vítima
Pedir ajuda
inconsciente e
imediatamente e
sem respirar Iniciar os
ligar para o serviço
ou inconsciente procedimentos de
de emergência pelo
e com respiração RCP.
celular ou telefone
muito lenta ou
fixo: 192 ou 193
agônica.

2o passo: Avaliação da circulação


Na avaliação realizada por leigos, consideramos que “na vítima que respira há circulação presente”,
porém outro importante aspecto a observar na avaliação da circulação é se há presença de sangra-
mentos externos.
A avaliação da presença de sangramentos exter-
nos deve ser realizada em todas as vítimas. Trata-
-se de uma inspeção rápida em busca de sinais de
sangramento, mesmo sob as vestes. Na presença
de sangramento ativo externo visível, deve ser apli-
cada compressão imediata diretamente na lesão
(Figura 3) para conter a perda sanguínea.
A compressão poderá ser realizada com pano seco
e limpo posicionado diretamente sobre a lesão. O
capítulo sobre ferimentos apresentará mais deta-
lhamento sobre os primeiros socorros em caso de
ferimentos.

Figura 3. Compressão direta da lesão.

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PRIMEIROS SOCORROS

Considerações especiais para socorristas leigos em casos de suspeita de trauma


Caso o profissional suspeite de que a vítima tenha sofrido uma queda, atropelamento ou qualquer
outro tipo de trauma, serão necessários cuidados especiais para evitar lesões na coluna ou o agra-
vamento do trauma durante o procedimento de primeiros socorros. Diante da suspeita de trauma:

• solicite à vítima consciente que não se movimente e não permita que outras pessoas tentem mo-
vimentá-la até a chegada do socorro especializado;
• não movimente a vítima para a posição de recuperação;
• se ela estiver respirando sem dificuldades, mantenha a posição encontrada e use as mãos para
segurar firmemente a cabeça da vítima na posição em que estiver, impedindo os movimentos e
promovendo a estabilização manual da cabeça e da coluna (Figura 4). Mantenha essa estabiliza-
ção até a chegada do socorro especializado.

ESTABILIZAÇÃO MANUAL DA CABEÇA


Indicada para vítimas com suspeita de trauma.
• Posicione as mãos espalmadas uma de
cada lado da cabeça da vítima;
• Aplique força suficiente apenas para evitar
movimentos.

Figura 4. Estabilização manual da cabeça.

Considerações especiais no acionamento de serviços de emergência


Como vimos no capítulo anterior, o acesso rápido aos serviços de emergência é crucial para o su-
cesso do atendimento e é uma das ações mais importante que um socorrista leigo pode realizar.
Verifique se sua cidade conta com esse recurso de saúde e certifique-se do dígito telefônico usado
para acioná-lo (192, 193 ou outro).
Quando necessário, peça ajuda utilizando celular ou telefone fixo, ou oriente para que alguém o faça.
Evite deixar a vítima sozinha, porém se necessário (não há ninguém para ajudar), afaste-se e vá bus-
car ajuda, retornando em seguida.

Ao ligar para o serviço de emergência, mantenha a calma e esteja pronto para fornecer os seguintes
dados:
• endereço exato do local onde está a vítima;
• o que ocorreu e o que já foi feito;
• seu nome e telefone para contato.

Alguns serviços de emergência já estão preparados para auxiliar na identificação de problemas por
meio de perguntas e podem dar orientações sobre como prosseguir com os procedimentos de pri-
meiros socorros para essas situações. Essa ajuda com orientação por telefone pode ser muito útil ao
socorrista leigo. Esteja preparado para seguir orientações.
Acompanhe a seguir o passo a passo da avaliação inicial para socorristas leigos.

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PRIMEIRO SOCORROS

Passo a passo: avaliação inicial da vítima em cena segura

Avalie a
responsividade.

Vítima responsiva Vítima irresponsiva


(fala, tosse, se (mesmo após
movimenta ou abre estimulo verbal e
os olhos). toque no ombro).

Pergunte:
Qual o seu nome?
Sabe onde está?
O que aconteceu?
Considere a queixa
principal.

Peça ajuda às pessoas Peça ajuda às pessoas


no ambiente e acione o no ambiente e acione o
serviço de emergência. serviço de emergência.

Avalie rapidamente
a presença de
respiração.

Respira com
Respira sem
dificuldade
dificuldade.
(respiração agônica).

Inicie a
Coloque a vítima em
ressuscitação
posição de recuperação.
cardiopulmonar
Se suspeita de trauma,
(RCP).
mantenha na posição
encontrada e estabilize
manualmente a cabeça.

Avalie a presença de sangramentos externos e realize


compressão direta, se necessário.

22 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR PARA LEIGOS

Importância e conceituação básica


No paciente inconsciente com ausência de respiração e circulação adequadas, caracteriza-se a pa-
rada cardiorrespiratória (PCR).
As causas mais comuns de PCR em adultos estão ligadas a problemas cardíacos como as arritmias.
Nas crianças, as causas mais comuns são de origem respiratória, como infecções e obstrução das
vias aéreas, por exemplo.
Em uma situação de PCR, o reconhecimento rápido da situação por um leigo, um pedido de ajuda e
a realização de procedimentos que incluem compressões torácicas e até mesmo o uso de um desfi-
brilador externo automático podem aumentar muito as chances de sobrevivência de uma pessoa. O
conjunto desses procedimentos é chamado de ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
A realização de RCP por um socorrista leigo até que uma equipe de socorro profissional chegue na
cena ou o paciente retorne à circulação espontânea pode impedir o aparecimento de lesões cere-
brais decorrentes da falta de oxigenação no cérebro e, consequentemente, evitar a morte em poucos
minutos.
Para identificar os elementos cruciais que compõem o atendimento à vítima com PCR, uma impor-
tante instituição internacional que desenvolve diretrizes de atendimento às emergências cardiovascu-
lares, a Associação Americana do Coração, idealizou a cadeia de sobrevivência (Figura 5):

Reconhecimento RCP Rápida Atendimento Suporte


precoce da PCR imediata desfibrilação. básico e avançado
e acionamento de alta avançado de de vida e
do serviço de qualidade. emergências. cuidados
emergência. pós-PCR.

Figura 5. Corrente da sobrevivência da AHA, Guidelines CPR 2010.

Note a importância dada ao reconhecimento e à solicitação de ajuda, seguidos da realização da RCP


e da desfibrilação. Observe que as ações previstas nos três primeiros elos podem ser providenciadas
por um leigo ainda na fase dos primeiros socorros, antes mesmo da chegada da equipe profissional
de socorro.

RCP para socorristas leigos: adultos


Como já vimos na cadeia de sobrevivência, a sequência da RCP em primeiros socorros inclui:
• reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência;
• RCP precoce com ênfase nas compressões;
• rápida desfibrilação (utilização de DEA, se disponível).

SENAC SÃO PAULO | 23


PRIMEIRO SOCORROS

1o passo: Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência


O reconhecimento da necessidade de RCP por socorrista leigo começa na avaliação inicial que inclui
a checagem da responsividade e da presença de respiração. Acompanhe a descrição na Figura 6.
Se a vítima estiver irresponsiva e com respiração ausente ou agônica, caracteriza-se a imediata ne-
cessidade de RCP.

AVALIAÇÃO DA RESPONSIVIDADE
E DA RESPIRAÇÃO:
• Aproxime-se da vítima.
• Toque o ombro da vítima e chame-a em voz
alta por pelo menos 3 vezes. Pergunte: Você
está bem?
• Na ausência de resposta, consideramos a víti-
ma irresponsiva.
• Solicite ajuda imediatamente e chame um ser-
viço de emergência.
Figura 6. Avaliação da responsividade
• Na vítima irresponsiva, avalie rapidamente se a
e da respiração.
respiração está ausente ou há respiração agô-
nica (há movimentos de elevação no tórax ?).

Se a vítima está irresponsiva, o socorrista leigo deve pedir ajuda às pessoas que estão próximas e
imediatamente acionar o serviço de emergência (192, 193 ou outro) utilizando celular ou telefone fixo.
Uma pessoa pode ser orientada para acionar o serviço de emergência. O socorrista deve evitar deixar
a vítima sozinha, porém se necessário, pode afastar-se e buscar ajuda, retornando em seguida. Se
disponível, já deve ser providenciado o desfibrilador externo automático (DEA).

2o passo: RCP precoce com ênfase nas compressões


Diante de vítima irresponsiva, com ausência de respiração ou respiração agônica, e após o acio-
namento do serviço de emergência, o socorrista leigo deve imediatamente realizar no mínimo,
somente compressões torácicas de alta qualidade.
Compressões torácicas externas realizadas no local correto, na frequência correta e na profundi-
dade correta fornecem fluxo sanguíneo mínimo e vital ao coração e ao cérebro e devem ser priori-
dade na RCP.
A técnica de realização de compressões torácicas de alta qualidade é descrita na Figura 7.

24 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

COMPRESSÕES TORÁCICAS DE ALTA


QUALIDADE:
• Posicione a vítima em uma superfície plana e
rígida, de preferência no chão;
• Ajoelhe-se à altura do tronco da vítima;
• Posicione as mãos, uma sobre a outra com os
dedos entrelaçados, no centro do tórax, entre
os mamilos da vítima;
• Mantenha os cotovelos estendidos e os om-
bros na direção das mãos;
• Execute compressões fortes, rápidas e sem
Figura 7. Compressões torácicas parar a uma velocidade de 100 a 120 com-
de alta qualidade. pressões por minuto;
• Em adultos as compressões devem rebaixar
o tórax em pelo menos 5 cm (evitando com-
pressões acima de 6 cm);
• Evite apoiar-se sobre o tórax entre as com-
pressões para permitir o retorno total da pa-
rede do tórax;
• Evite ao máximo as interrupções da RCP para
não reduzir o número de compressões por mi-
nuto.

O socorrista leigo deve continuar a RCP somente com compressões torácicas até a chegada e a pre-
paração de um DEA e/ou até a chegada de outro socorrista com treinamento ou equipes de emergên-
cia capazes de prosseguir com as manobras. Obviamente, se o paciente apresentar sinais de retorno
da circulação (respiração, tosse ou movimento), a RCP deve ser interrompida.
Para garantir uma RCP de qualidade, se houver mais de um socorrista, deve-se alternar a pessoa
responsável pelas compressões a cada 2 minutos, minimizando ao máximo o tempo de interrup-
ção. Uma pessoa pode ser orientada por telefone ou na cena diretamente por um socorrista, viabili-
zando a alternância a cada 2 minutos.

Características de uma RCP de alta qualidade:


• Comprimir o tórax rápido (100 a 120 compressões/minuto);
• Comprimir o tórax forte (rebaixando o tórax em 5 cm);
• Permitir o retorno total do tórax a cada compressão;
• Minimizar interrupções entre as compressões;
• Alternar o socorrista responsável pelas compressões a cada 2 minutos.

3o Passo: Rápida desfibrilação


Embora a RCP bem realizada garanta o fluxo sanguíneo mínimo e vital ao coração e ao cérebro, ela
não corrige a causa mais frequente de PCR, uma arritmia chamada fibrilação ventricular (FV), que
está presente em mais de 60% desses casos.

SENAC SÃO PAULO | 25


PRIMEIRO SOCORROS

A única forma de reverter a FV é a oferta de uma corrente elétrica externa o mais rápido possível, ou
seja, ofertar um choque elétrico que tecnicamente é chamado de “desfibrilação”. A desfibrilação é o
terceiro elo da cadeia de sobrevivência (Figura 6) e é possível com o auxílio de um equipamento que
pode ser manipulado por leigos denominado “desfibrilador externo automático”, conhecido como DEA.
O DEA (Figura 8) é um equipamento eletrônico simples e portátil que analisa automaticamente o ritmo
cardíaco a cada 2 minutos e utiliza comandos de voz e luzes para guiar o socorrista leigo durante a
sequência de RCP. Se o ritmo detectado for uma FV, o dispositivo fornece corrente elétrica de forma
automática e sem a necessidade do comando do socorrista. Apesar dos vários modelos diferentes
de equipamento, a técnica básica de utilização do DEA é comum a todos e é descrita na Figura 8.

DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA)


Técnica básica de utilização:
• Para minimizar as interrupções na RCP, mante-
nha as compressões torácicas até que o DEA
esteja ligado e em condições de uso;
• Ligue o equipamento;
• Conecte o cabo dos eletrodos autoadesivos
no equipamento;
• Instale os eletrodos no tórax desnudo do pa-
ciente;
• Siga as orientações do comando de voz do
equipamento que fará automaticamente a ava-
liação do ritmo cardíaco, informando a neces-
sidade ou não de desfibrilação;
• Se choque indicado, interrompa as compres-
sões e afaste-se do paciente (não toque no
paciente);
• Após o choque retome imediatamente as com-
pressões;
• O DEA fará automaticamente a avaliação do
ritmo cardíaco a cada 2 minutos, informando
a necessidade ou não de desfibrilação. Siga
Figura 8. Técnica básica de utilização do as orientações do comando de voz do equi-
Desfibrilador Externo Automático (DEA). pamento.

O DEA pode ser muito útil na determinação dos 2 minutos de RCP, pois, por meio dos comandos de
voz, ele informa a necessidade de análise automática do ritmo a cada 2 minutos, o que permite além
da análise do ritmo, a troca do responsável pela compressão torácica.
O socorrista leigo deve continuar a RCP somente com compressões torácicas e DEA instalado até a
chegada de um socorrista com treinamento ou equipes de emergência profissionais que assumam
a RCP. Obviamente, se o paciente apresentar sinais de retorno da circulação (respiração, tosse ou
movimento), a RCP deve ser interrompida e a posição de recuperação deve ser considerada.

Você sabia que...


A cada 1 minuto de atraso na realização da desfibrilação,
a chance de sobrevivência diminui 10%?

26 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Considerações especiais
Sobre compressões e ventilações
Assim como enfatizamos nesse capítulo, todos os socorristas leigos devem no mínimo realizar so-
mente compressões torácicas no adulto em PCR. Se o socorrista leigo receber treinamento, possuir
dispositivos de barreira para ventilação e se sentir hábil e confortável na realização de ventilações, ele
poderá realizar ciclos de 30 compressões e 2 ventilações com dispositivo de barreira. As pesquisas
mostram que os resultados são similares para o paciente, quando atendido por socorristas leigos
somente com compressões ou quando associado a ventilações.
O instrutor de primeiros socorros deve avaliar a composição do grupo de alunos, os objetivos do
treinamento e o tempo disponível para definir as práticas e habilidades que deverão ser alcançadas.
A RCP com compressões e ventilações será abordada e detalhada no capítulo 3.

Sobre a disponibilidade do DEA na comunidade


Atualmente, o DEA pode ser encontrado em clubes, academias, condomínios, shoppings, em várias
empresas e indústrias, fazendo parte do rol de equipamentos de aeronaves e equipes de policiamen-
to, bombeiros, etc. Considerando a disponibilidade cada vez maior do equipamento e a necessidade
da desfibrilação rápida, solicitar precocemente um DEA é um ato importante que pode agilizar os
primeiros socorros e aumentar as chances de sobrevivência da vítima.

Sobre a interrupção da RCP 4


A interrupção da RCP poderá ser considerada nas seguintes situações:
• Exaustão do responsável pela realização de RCP e na ausência de alguém que o substitua;
• Condições ambientais ou de segurança comprometidas.

SENAC SÃO PAULO | 27


PRIMEIRO SOCORROS

Passo a passo: RCP (adultos) por socorristas leigos

Se a cena é
segura, avalie a
responsividade.

Vítima irresponsiva
(após estimulo verbal
e toque no ombro).

Peça ajuda às pessoas no ambiente e


acione o serviço de emergência (192,
193 ou outro). Solicite um DEA.

Avalie rapidamente a
presença de respiração.

Não respira ou respira com


dificuldade (respiração agônica)
Nesse ponto, o ideal é
que o DEA e o serviço
de emergência ou apoio
estejam a caminho.
Inicie ressuscitação cardiopulmonar (RCP) somente com compressões.
Comprimir o tórax rápido (100 a 120 compressões/minuto).
Comprimir o tórax forte (rebaixando o tórax em 5 cm).
Permitir o retorno total do tórax a cada compressão.
Minimizar interrupções entre as compressões.
Alternar responsável pela compressão a cada 2 minutos.

Instalar o DEA assim que disponível e seguir as instruções.

Se choque não indicado:


Se choque indicado:
Seguir as instruções do equipamento.
Seguir as instruções do equipamento.
Reiniciar imediatamente
Reiniciar imediatamente as
as compressões após
compressões após o choque.
a avaliação do ritmo.
Permitir a reavaliação do ritmo
Permitir a reavaliação do ritmo
cardíaco a cada 2 minutos e alternar
cardíaco a cada 2 minutos e alternar
o responsável pela compressão.
o responsável pela compressão.
Manter compressões e DEA até a
Manter compressões e DEA até a
chegada do serviço de emergência
chegada do serviço de emergência
ou a vítima apresentar sinais de
ou a vítima apresentar sinais de
retorno a circulação.
retorno a circulação.

28 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

RCP PARA SOCORRISTAS LEIGOS: BEBÊS E CRIANÇAS


A RCP em crianças tem os mesmos princípios e passos previstos para o adulto, mas difere em alguns
aspectos em relação à causa da PCR e quanto à técnica de compressão de acordo com a idade.
Para essa abordagem, vamos considerar apenas as diferenças de interesse em relação ao adulto e
às seguintes faixas etárias:
• Bebês: até 1 ano de idade (exceto os recém-nascidos);
• Crianças: de 1 ano até a puberdade (que é definida com o aparecimento das mamas nas meninas
e de pelos axilares nos meninos).
As causas mais frequentes de PCR em bebês e crianças são de origem respiratória e, por essa razão,
o ideal é que o socorrista leigo execute compressões torácicas e ventilações com dispositivos de
barreira. No entanto, se o leigo não recebeu treinamento ou não se sente hábil na realização de ven-
tilações, ele poderá realizar apenas compressões torácicas, até que um socorrista com treinamento
assuma sua posição.
A RCP para bebês e crianças com compressões e ventilações será abordada e detalhada no capítulo
3. Para decidir pelo mais adequado conteúdo, o instrutor de primeiros socorros deve avaliar as ca-
racterísticas do grupo de alunos, os objetivos do treinamento e o tempo disponível a fim de definir as
práticas e habilidades que deverão ser alcançadas.

RCP precoce para bebês e crianças: principais modificações em relação ao adulto


A sequência da RCP para bebês e crianças em primeiros socorros inclui:
• reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência assim que a irrespon-
sividade for detectada;
• realização de RCP precoce em caso de irresponsividade acompanhada de ausência ou dificulda-
de para respirar.
• rápida desfibrilação (utilização de DEA, se disponível).
A técnica de compressão torácica em bebês e crianças é demonstrada nas Figuras 9 e 10:

TÉCNICA DE COMPRESSÃO
TORÁCICA EM BEBÊS
• Posicione apenas dois dedos no centro do tórax 1
cm abaixo da linha dos mamilos.
• A profundidade da compressão deve ser de 4 cm.
Todas as demais observações realizadas para o adulto
devem ser seguidas nessa faixa etária (frequência, mi-
nimização das interrupções e retorno do tórax).

Figura 9. Técnica de compressão em


bebês (até 1 ano).

SENAC SÃO PAULO | 29


PRIMEIRO SOCORROS

TÉCNICA DE COMPRESSÃO TORÁCICA EM


CRIANÇAS
• Posicione as duas mãos ou apenas uma de-
las (opcional para crianças muito pequenas) no
centro do tórax, entre os mamilos da vítima.
• A profundidade deve ser de 5 cm (como no
adulto).
Todas as demais observações realizadas para o
adulto devem ser seguidas nessa faixa etária (fre-
quência, profundidade, minimização das interrup-
Figura 10. Técnica de compressão em ções e retorno do tórax).
crianças (1 ano à puberdade)

Alguns modelos de desfibrilador possuem eletrodos autoadesivos próprios para o público infantil que
devem ser utilizados nesses casos. A forma de utilização do DEA em crianças é igual para os adultos.
Veja a seguir um resumo comparativo das diretrizes e da técnica de RCP nas diferentes faixas etárias
quando aplicada por socorristas leigos.

30 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Resumo da RCP quando aplicada por socorrista leigo

CRIANÇA BEBÊ
ADULTO
DE 1 A 8 ANOS (menor de 1 ano)
Avalie a responsividade e a presença de respiração normal.
RECONHECIMENTO Considere a RCP na vítima irresponsiva e com ausência de respiração ou
respiração agônica.
Solicite ajuda das pessoas que estão a sua volta.
Acione o serviço de emergência 192, 193 ou outro pelo celular ou
ACIONAMENTO telefone fixo.
DO SERVIÇO DE Se possível, solicite que alguém acione o serviço de emergência e
EMERGÊNCIA providencie um DEA.
Se necessário, deixe a vítima para buscar socorro e retorne com um DEA
antes de iniciar a RCP.
Só compressões com as mãos
Obs.: O ideal é ofertar compressões torácicas e ventilações com
RCP “SÓ
dispositivos de barreira, porém se o leigo não recebeu treinamento ou
COMPRESSÕES”
não se sente hábil na realização de ventilações, ele poderá realizar apenas
compressões torácicas, até que um socorrista com treinamento assuma
sua posição. O serviço de emergência acionado poderá disponibilizar
orientações de RCP por telefone, na cena.
1 mão (crianças
2 dedos no centro do
LOCALIZAÇÃO DAS 2 mãos no centro do pequenas) ou
tórax, 1 cm abaixo da
COMPRESSÕES tórax 2 mãos no centro do
linha mamilar
tórax

FREQUÊNCIA DAS 100 a 120/min


COMPRESSÕES Alternar responsável pela compressão a cada 2 minutos.
PROFUNDIDADE
No mínimo 5 cm No mínimo 5 cm
DAS 4 cm
(não ultrapassar 6 cm) (não ultrapassar 6 cm)
COMPRESSÕES
RETORNO DO Deve-se aguardar o retorno completo da circulação após cada
TÓRAX compressão.
Precoce: Utilização do DEA assim que estiver em condição de uso.
Seguir as orientações do comando de voz.
DESFIBRILAÇÃO Interromper as compressões a cada 2 minutos para avaliação do ritmo.
Reiniciar imediatamente as compressões após a avaliação do ritmo e o
choque (se indicado).
Minimizar interrupções durante a RCP.
Manter compressões e DEA até a chegada do serviço de emergência
ou a vítima apresentar sinais de retorno à circulação (respiração,
INTERRUPÇÃO
movimentos ou tosse).
DA RCP
A interrupção fora dessas condições deve ser considerada apenas
em caso de exaustão do socorrista ou em funções das condições de
segurança e do ambiente.
ADAPTADO DE: AMERICAN HEART ASSOCIATION, CPR, 2015.

SENAC SÃO PAULO | 31


PRIMEIRO SOCORROS

A cena de uma PCR é bastante tumultuada e pode exigir muitos socorristas. Mesmo assim, os socor-
ristas podem não se lembrar de todos os detalhes necessários. A sugestão é treinar muito e sempre.
Mobilize as pessoas que podem estar envolvidas nesse tipo de atendimento e trabalhe a integração
entre todos, usando uma abordagem sequencial e coreografada em que cada um reconhecerá seu
papel nas várias etapas.

Dúvidas comuns sobre a RCP


1. Quais são as complicações mais comuns da RCP?
A complicação mais comum é a distensão gástrica, que acontece devido à entrada de ar no estôma-
go durante as ventilações. Essa distensão pode levar a ocorrência de vômito durante a RCP. Se o vô-
mito ocorrer, posicione a vítima lateralizada à esquerda para impedir que aspire o conteúdo expelido.
Outras complicações esperadas são: desarticulação das costelas, fratura do esterno e costelas, além
de lacerações de órgãos internos. Na ocorrência desses agravos não interrompa a RCP, prossiga.

2. Em quais situações não se deve iniciar a RCP?


Não devemos iniciar as manobras de RCP nos casos em que a morte é óbvia, isto é, quando não há
dúvida de que a vítima esteja morta. São os casos de decapitação, segmentação de tronco, carboni-
zação, estado de putrefação e natimorto (criança que acaba de nascer).
Em qualquer outra circunstância, somente o médico poderá decidir sobre o tema e, portanto, iniciar
a RCP.

3. Quando interromper a RCP?


Devemos interromper a RCP quando:
• a vítima dá sinais de retorno da circulação (movimentos, tosse e fala);
• um profissional da saúde assumir as manobras de RCP;
• um médico orientar para a interrupção;
• a situação não oferecer segurança para continuidade (incêndio iminente, risco de explosão, aglo-
meração de pessoas com risco para a violência, etc.);
• o socorrista ficar exausto e incapaz de continuar as manobras de RCP (nesse caso, uma alter-
nativa interessante é solicitar a um leigo que execute só compressões, sob a orientação de um
socorrista treinado).

4. Se a respiração e a circulação forem recuperadas antes da chegada do socorro especializa-


do, o que deve ser feito?
Se a respiração e a circulação forem restabelecidas, é fundamental manter vigilância sobre a vítima
nos momentos seguintes à PCR:
• realize a avaliação inicial repetidamente;
• mantenha a vítima aquecida;
• procure manter um amigo ou familiar próximo;
• se não houver suspeita de trauma, coloque a vítima em posição de recuperação;
• aguarde o socorro especializado ou providencie o encaminhamento da vítima a uma unidade hos-
pitalar (dê preferência ao transporte por unidade do serviço de emergência de sua cidade);
• se o socorro especializado já foi chamado durante a fase de detecção da PCR, telefone novamen-
te para o serviço solicitado informandoa mudança do quadro.

32 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

5. Quais são os erros mais comuns durante a realização da RCP?


Os erros mais comuns que um socorrista pode cometer são:
• dobrar os cotovelos durante a compressão torácica externa;
• não localizar o ponto correto de compressão;
• fazer compressões bruscas ou sem força o suficiente para rebaixar o tórax até o ponto desejado;
• manter ritmo incorreto (mais lento).

Qual é sua dúvida?

SENAC SÃO PAULO | 33


2. Avaliação inicial
da vítima e RCP
para profissionais
da saúde
Há diferenças na complexidade das ações quando
os primeiros socorros são prestados por socorris-
tas leigos ou por profissionais da saúde. Em geral,
os procedimentos destinados aos leigos enfatizam
as ações básicas e fundamentais. Essa diferença
na abordagem tem como objetivo simplificar o trei-
namento de socorristas leigos, encorajando-os na
realização dos procedimentos que podem salvar
vidas. Já para os profissionais de saúde, os proce-
dimentos incluem o uso de técnicas mais comple-
xas, com sequenciamento e o uso de dispositivos
auxiliares.
Para diferenciar esses grupos consideramos:
• Profissionais da saúde: médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, farmacêuticos e profissionais
de nível médio e técnico da saúde que rece-
bem treinamento formal de primeiros socorros
durante sua formação profissional e em cursos
complementares.
• Socorristas leigos: pessoas da comunidade e/
ou profissionais da área de segurança, indús-
tria, comércio e outros (exceto os da saúde)
que recebem orientação ou treinamento com-
plementar em primeiros socorros por força da
legislação, da área de atuação ou por interesse
próprio.
Apresentaremos neste capítulo, as fases da avalia-
ção inicial da vítima e as manobras de reanimação
cardiopulmonar (RCP) em primeiros socorros para
profissionais da saúde. Dependendo do público-
-alvo, objetivos e tempo disponível para a execu-
ção de práticas no curso de primeiros socorros,
esse capítulo poderá servir de base também para
o treinamento de leigos.
Recomendamos ao instrutor que atente para a for-
mação de seu grupo de alunos, apresentando a
abordagem mais adequada e encorajando a par-
ticipação nas aulas práticas que propiciam habili-
dades psicomotoras e confiança na realização das
manobras.

SENAC SÃO PAULO | 35


PRIMEIRO SOCORROS

AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA


Se a cena está segura e não há riscos para o profissional, o próximo passo dos primeiros socorros
é entrar em contato com a vítima para realizar a “avaliação inicial”. O objetivo dessa avaliação é
identificar a situação e corrigir condições que possam colocar a vítima em risco de morte imediato.

1o passo da avaliação inicial: Avaliação da responsividade e da presença de respiração


Consiste em avaliar se a vítima está acordada ou é capaz de responder quando chamada e se está
respirando.
A avaliação começa quando o socorrista se aproxima da vítima:
• se ela apresenta movimentos normais, está falando ou tossindo, consideramos que a vítima está
responsiva, possui respiração e circulação.
• na ausência de movimentos e/ou fala e tosse durante a aproximação, é necessário estimular a
vítima para a obtenção dessas respostas.

Para estimular a vítima e realizar a avaliação, aproxime-se de sua cabeça e de seu tronco, chamando-
-a e tocando seu ombro (Figura 1). Dê preferência a chamá-la pelo nome e insista por 3 vezes com a
pergunta: “Você está bem?”.

AVALIAÇÃO DA RESPONSIVIDADE:
• Aproxime-se da vítima;
• Toque seu ombro e chame-a em voz alta
por pelo menos 3 vezes.
• Pergunte: Você está bem?

Figura 1. Avaliação da responsividade


e da respiração.

Vítima responsiva
Considera-se a vítima responsiva se ela atende ao chamado do profissional com movimentos, abrin-
do os olhos, tossindo ou balbuciando palavras.

Para a vítima responsiva, insista no contato, realizando três perguntas adicionais:


• “Qual é seu nome?”
• “Sabe onde está?”
• “O que aconteceu?”

Respostas coerentes a essas perguntas caracterizam temporariamente um bom grau de consciência


e, por sua vez, condições das funções respiratórias, circulatórias e cerebrais suficientes. Alterações
podem significar comprometimento dessas funções. A partir das informações e da queixa mais evi-
dente da vítima, será possível determinar quais cuidados de primeiros socorros serão necessários e
possíveis.

36 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Peça ajuda às pessoas no entorno e acione o serviço de emergência se for necessário, informando
as alterações detectadas. Siga as orientações do operador ao telefone.

Considerar
Vítima responsiva Estimule com
alterações e queixa
perguntas:
Atende ao e acionar o serviço
chamado com Qual é seu nome?
de emergência.
movimentos, tosse Sabe onde está?
LIGUE para
ou palavras. O que aconteceu?
192 ou 193

Vítima irresponsiva
Para a vítima que não se movimenta ou não fala e que não responde ao estimulo da voz e do
contato do socorrista, dizemos que ela está irresponsiva. Nesses casos, o socorrista deve pedir ajuda
às pessoas no entorno e ligar imediatamente para o serviço de emergência do celular ou telefone fixo
(dígitos 192 ou 193 ou outro serviço disponível na sua cidade). Evite se afastar do paciente e só o faça
se não houver ninguém que possa ajudá-lo.

Vítima
irresponsiva Acionar o serviço
Não responde ao de emergência.
estímulo da voz LIGUE para
e do contato do 192 ou 193
socorrista.

2o passo da avaliação inicial: Avaliação da respiração e da circulação


Após o acionamento do serviço de emergência, o socorrista deve avaliar simultaneamente a presen-
ça de respiração e de pulso:
• Presença de respiração: observe se o tórax se movimenta e se a respiração é normal.
• Presença de pulso: checar pulso central, de preferência o pulso carotídeo (é possível sentir o pulso
em 10 segundos?), Figura 2.

CHECAGEM DO PULSO CAROTÍDEO


• Realizada apenas por profissionais da saúde em
vítimas irresponsivas e com respiração ausente
ou agônica.
• Palpe a traqueia à altura da linha média do corpo
com os dedos indicador e médio.
• Deslize os dedos lateralmente por cerca de 2 cm.
• Analise se há presença de pulsação na artéria
carótida com firmeza, porém sem agressividade.

Figura 2. Checagem do pulso carotídeo.

SENAC SÃO PAULO | 37


PRIMEIRO SOCORROS

• Se a vítima está irresponsiva, mas respira sem dificuldades e tem pulso, coloque a vítima em
posição de recuperação (Figura 3) e mantenha a observação até a chegada do serviço de emer-
gência. Essa posição favorecerá a circulação, a respiração, o conforto e a drenagem de secreções
pela boca, enquanto se aguarda a chegada da equipe profissional.

POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO
É indicada para vítimas de agravos clíni-
cos, irresponsivas e com respiração nor-
mal.
• Lateralize o corpo à esquerda.
• Posicione braços e pernas flexionados
e apoiados na superfície.

Figura 3. Posição de recuperação

Se a vítima está inconsciente e não respira ou apresenta respiração fora do normal (muito lenta
e/ou com esforço e agonizante) e não possui pulso central, caracteriza-se a parada cardiorrespira-
tória (PCR) e a necessidade de RCP imediata por comprometimento grave da respiração e circulação
e risco de morte em alguns minutos. Os procedimentos de RCP serão detalhados a seguir.

Vítima inconsciente
e sem respirar,
PCR:
ou com respiração
Iniciar os
muito lenta ou
procedimentos de
agônica,
RCP.
e sem pulso
central (carotídeo).

Se a vítima está inconsciente e não respira ou apresenta respiração fora do normal (muito lenta
e/ou com esforço e agonizante), mas possui pulso central, caracteriza-se a parada respiratória e a
necessidade de reanimação imediata por comprometimento grave da respiração com risco de evo-
lução para PCR e risco de morte em alguns minutos. Os procedimentos de reanimação ventilatória
serão apresentados a seguir.

Vítima inconsciente
e sem respirar,
Parada respiratória:
ou com respiração
iniciar os
muito lenta ou
procedimentos
agônica,
ventilação.
e com pulso
central (carotídeo).

Uma vez que o pulso carotídeo já foi avaliado, outro importante aspecto a ser observado na avaliação
da circulação é se há presença de sangramentos externos.
A avaliação da presença de sangramentos externos deve ser realizada em todas as vítimas, princi-
palmente naquelas que sofreram traumas. Trata-se de uma inspeção rápida em busca de sinais de
sangramento, mesmo sob as vestes. Na presença de sangramento ativo externo visível, deve ser
aplicada compressão imediata diretamente da lesão (Figura 4) para conter a perda sanguínea.

38 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

A compressão poderá ser realizada com pano seco


e limpo posicionado diretamente sobre a lesão. O
capítulo sobre ferimentos apresentará maior deta-
lhamento sobre os primeiros socorros em caso de
ferimentos.

3o passo: Avaliação e desobstrução das vias


aéreas
Essa fase é especialmente importante nas vítimas
inconscientes devido ao relaxamento da muscula-
tura da língua por perda do tônus muscular, levan-
do a língua a cair para trás ocluindo as vias aére-
as. Essa ocorrência pode levar à morte por parada
respiratória. Figura 4. Compressão direta da lesão.
A desobstrução das vias aéreas consiste na realização de manobra manual para manter as vias aére-
as abertas, permitindo a passagem de ar durante a respiração. A “manobra de inclinação da cabeça
e elevação do queixo”, promove a elevação da língua aliviando essa obstrução nas vítimas sem sus-
peita de trauma (Figura 5).

MANOBRA MANUAL DE INCLINAÇÃO


DA CABEÇA-ELEVAÇÃO DO QUEIXO
Indicada para vítimas inconscientes com difi-
culdade para respirar.
• Posicione uma de suas mãos sobre a testa
da vítima.
• Posicione dois dedos da outra mão sob o
queixo da vítima.
• Realize um leve movimento de inclinação
da cabeça da vítima para trás, elevando-lhe
o queixo.
• Se a vítima estiver inconsciente e respiran-
do, a manobra deve ser mantida (a língua
pode causar nova obstrução).
Figura 5. Manobra de inclinação da
cabeça-elevação do queixo.

Com a abertura das vias aéreas e consequentemente da boca, é possível realizar uma breve inspeção
para avaliar se há sangue, líquidos, alimentos e próteses soltas na boca que possam comprometer
a ventilação. As próteses podem ser retiradas manualmente. Se houver secreções em excesso e a
vítima demonstrar dificuldades para respirar, coloque-a em posição de recuperação para favorecer a
drenagem.

SENAC SÃO PAULO | 39


PRIMEIRO SOCORROS

Considerações especiais
Em casos de suspeita de trauma
Caso o profissional suspeite de que a vítima tenha sofrido uma queda, atropelamento ou qualquer
outro tipo de trauma, serão necessários cuidados especiais para evitar lesões na coluna ou o agra-
vamento do trauma durante o procedimento de primeiros socorros. Diante da suspeita de trauma:

• solicite à vítima consciente que não se movimente até a chegada do socorro especializado;
• não movimente a vítima nem permita que alguém o faça;
• se ela estiver respirando sem dificuldades, mantenha a posição encontrada e use as mãos para
segurar firmemente a cabeça da vítima na posição em que estiver, impedindo os movimentos e
promovendo a estabilização manual da cabeça e da coluna (Figura 6). Mantenha essa estabiliza-
ção até a chegada do socorro especializado;

ESTABILIZAÇÃO MANUAL DA CABEÇA


Indicada para vítimas com suspeita de trauma.
• Posicione as mãos espalmadas uma de
cada lado da cabeça da vítima;
• Aplique força suficiente apenas para evitar
movimentos.

Figura 6. Estabilização manual da cabeça.

• caso a vítima com suspeita de trauma tenha indicação de ressuscitação (respiratória ou cardior-
respiratória), deve-se realizar a “manobra da mandíbula” ou “jaw thrust” (Figura 7), que é uma
manobra manual que auxilia na abertura das vias aéreas nesses casos.

MANOBRA DA MANDÍBULA
(Socorrista de cabeçeira)
Exclusiva para profissionais da saúde em atendi-
mento a agravos traumáticos em vítimas incons-
cientes e com respiração ausente ou agônica.
• Posicione-se na cabeceira do paciente.
• Coloque as mãos uma de cada lado da cabe-
ça, com os dedos apontando em direção aos
pés, para estabilizar manualmente a cabeça.
• Espalhe seus dedos pela face do paciente ao
longo do ângulo da mandíbula.
• Aplique força simétrica apenas com os dedos
para mover a mandíbula para frente e discre-
Figura 7. Manobra da mandíbula tamente para baixo (em direção dos pés da
vítima).

40 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

No acionamento de serviços de emergência


Como vimos no capítulo 1, o acesso rápido aos serviços de emergência é crucial para o sucesso do
atendimento e é uma das ações mais importantes que um socorrista pode realizar. Verifique se sua
cidade conta com esse recurso de saúde e certifique-se do dígito telefônico usado para acioná-lo
(192, 193 ou outro).
Quando necessário, peça ajuda utilizando celular ou telefone fixo, ou oriente para que alguém o faça.
Evite deixar a vítima sozinha, porém se necessário (não há ninguém para ajudar), afaste-se e vá bus-
car ajuda, retornando em seguida.
Ao ligar para o serviço de emergência, mantenha a calma e esteja pronto para fornecer os seguintes
dados:
• endereço exato do local onde está a vítima;
• o que ocorreu e o que já foi feito;
• seu nome e telefone para contato.

Alguns serviços de emergência já estão preparados para auxiliar na identificação de problemas por
meio de perguntas e podem dar orientações sobre como prosseguir com os procedimentos de pri-
meiros socorros para essas situações. Essa ajuda com orientação por telefone pode ser muito útil.
Acompanhe a seguir o passo a passo da avaliação inicial para socorristas.

SENAC SÃO PAULO | 41


PRIMEIRO SOCORROS

Passo a passo: avaliação inicial da vítima em cena segura

Avalie a
responsividade.

Vítima responsiva Vítima irresponsiva


(fala, tosse, se (mesmo após
movimenta ou abre estímulo verbal e
os olhos). toque no ombro).

Pergunte:
Qual o seu nome?
Sabe onde está?
O que aconteceu?
Considere a queixa
principal.

Peça ajuda às pessoas


Peça ajuda às pessoas
no ambiente, acione o
no ambiente e acione o
serviço de emergência
serviço de emergência.
e peça um DEA.

Avalie rapidamente a
presença de respiração
e de pulso carotídeo.

Respira sem Sem respiração Sem respiração


dificuldade e pulso normal e pulso normal e pulso
presente presente ausente

Coloque a vítima em
Inicie a ressuscitação
posição de recuperação Inicie a reanimação
cardiopulmonar
e mantenha a atenção. ventilatória.
(RCP).
Se suspeita de trauma:
mantenha na posição
encontrada e estabilize
manualmente a cabeça.

Avalie a presença de sangramentos externos e realize


compressão direta se necessário.

42 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE


Importância e conceituação básica
No paciente inconsciente, com ausência de respiração e circulação adequadas caracteriza-se a pa-
rada cardiorrespiratória (PCR).
As causas mais comuns de PCR em adultos estão ligadas a problemas cardíacos, como as arritmias.
Nas crianças, as causas mais comuns são de origem respiratória, como infecções e obstrução das
vias aéreas, por exemplo.
Em uma situação de PCR fora do hospital, o reconhecimento rápido da situação, um pedido de ajuda
e a realização de procedimentos que incluem compressões torácicas associadas a ventilações e ao
uso de um desfibrilador externo automático, podem aumentar muito as chances de sobrevivência
de uma pessoa. O conjunto desses procedimentos é chamado de ressuscitação cardiopulmonar
(RCP).
A realização de RCP por profissionais da saúde até que uma equipe de socorro profissional chegue
na cena ou o paciente retorne à circulação espontânea pode impedir o aparecimento de lesões cere-
brais decorrentes da falta de oxigenação no cérebro e, consequentemente, pode evitar a morte que,
do contrário, ocorreria em poucos minutos.
Para identificar os elementos cruciais que compõem o atendimento à vítima com PCR, a Associação
Americana do Coração, importante instituição internacional que desenvolve diretrizes de atendimento
às emergências cardiovasculares, idealizou a cadeia de sobrevivência (Figura 8):

Reconhecimento RCP Rápida Atendimento Suporte


precoce da PCR imediata desfibrilação. básico e avançado
e acionamento de alta avançado de de vida e
do serviço de qualidade. emergências. cuidados
emergência. pós-PCR.

Figura 8. Cadeia de sobrevivência – American Heart Association, 2015.

Note a importância dada ao reconhecimento e à solicitação de ajuda, seguidos da realização da RCP


e a desfibrilação. Observe que as ações previstas nos três primeiros elos podem ser providenciadas
por um socorrista ainda na fase dos primeiros socorros, antes mesmo da chegada da equipe profis-
sional de socorro.

RCP em adultos por profissionais da saúde


Como já vimos na cadeia de sobrevivência, a sequência da RCP que pode ser realizada ainda na fase
de primeiros socorros inclui:
• reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência;
• RCP precoce com ênfase nas compressões associadas a ventilações;
• rápida desfibrilação (utilização de DEA, se disponível).

SENAC SÃO PAULO | 43


PRIMEIRO SOCORROS

1o passo: Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência


O reconhecimento da necessidade de RCP começa na avaliação inicial que inclui a checagem da
responsividade e da presença de respiração e circulação (simultaneamente se possível).
Se a vítima estiver irresponsiva, com respiração ausente ou agônica e com ausência de pulso central,
caracteriza-se a PCR (Figura 9) e a imediata necessidade de RCP.
Se a vítima está irresponsiva, o socorrista deve pedir ajuda às pessoas que estão próximas e imedia-
tamente acionar o serviço de emergência (192, 193 ou outro) utilizando celular ou telefone fixo. Uma
pessoa pode ser orientada para acionar o serviço de emergência. O socorrista deve evitar deixar a
vítima sozinha, porém se necessário, pode afastar-se e buscar ajuda, retornando em seguida. Se
disponível já deve ser providenciado o desfibrilador externo automático (DEA).

RECONHECIMENTO IMEDIATO DA PCR


CHECAGEM DA RESPONSIVIDADE
• Aproxime-se da vítima;
• Toque o ombro e chame-a em voz alta por pelo
menos 3 vezes. Pergunte: Você está bem?
• Na ausência de resposta considere a vítima ir-
responsiva.
• Solicite ajuda e um DEA imediatamente e acione
um serviço de emergência.

CHECAGEM DA RESPIRAÇÃO e CIRCULAÇÃO


Profissionais da saúde podem avaliar simulta-
neamente a respiração e a presença de pulso
em 10 segundos.
Na vítima irresponsiva avalie:
• Os movimentos de elevação no tórax para de-
tectar rapidamente se a respiração está presen-
te, ausente ou se ocorre com muita dificuldade
(respiração agônica);
• Realize a avaliação da presença de pulso caro-
Figura 9. Reconhecimento tídeo:
imediato da PCR.
• palpe a traqueia à altura da linha média do
corpo com os dedos indicador e médio;
• deslize os dedos lateralmente por cerca de
2 cm;
• avalie se há presença de pulsação na arté-
ria carótida em até 10 segundos.

2o passo: RCP precoce com ênfase nas compressões


Diante de vítima irresponsiva, com ausência de respiração ou respiração agônica e ausência de pul-
so, e uma vez que já foi realizado o acionamento do serviço de emergência, o socorrista deve ime-
diatamente realizar 30 compressões torácicas de alta qualidade seguidas de 2 ventilações de 1
segundo com visível elevação do tórax por 2 minutos (ou 5 ciclos de 30:2).
Compressões torácicas externas realizadas no local correto, na frequência correta e na profundi-
dade correta fornecem fluxo sanguíneo mínimo e vital ao coração e ao cérebro e devem ser priori-
zadas.

44 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

A técnica de realização de compressões torácicas de alta qualidade para profissionais da saúde é


descrita na Figura 10.

COMPRESSÕES TORÁCICAS DE ALTA


QUALIDADE:
• Posicione a vítima em uma superfície plana e rí-
gida, de preferência no chão;
• Ajoelhe-se à altura do tronco da vítima;
• Posicione as mãos, uma sobre a outra com os
dedos entrelaçados, no centro do tórax, entre
os mamilos da vítima;
• Mantenha os cotovelos estendidos e os ombros
na direção das mãos;
• Execute 30 compressões fortes, rápidas e sem
Figura 10. Compressões parar a uma velocidade de 100 a 120 compres-
torácicas de alta qualidade. sões por minuto;
• Em adultos as compressões devem rebaixar o
tórax em pelo menos 5 cm (evitando compres-
sões acima de 6 cm);
• Evite apoiar-se sobre o tórax entre as compres-
sões para permitir o retorno total da parede do
tórax;
• Evite ao máximo as interrupções da RCP para
não reduzir o número de compressões por mi-
nuto.
• É fortemente recomendado que haja rodízio/
troca de socorristas na execução das compres-
sões a cada 2 minutos, pois a qualidade da RCP
tende a cair com o cansaço.

Ao final das primeiras 30 compressões, a via aérea deve ser aberta com a manobra de inclinação da
cabeça-elevação do queixo (Figura 5) e devem ser aplicadas 2 ventilações sequenciais de apenas 1
segundo, que promovam elevação visível do tórax. Esta sequência de 30 compressões fortes, rápi-
das e sem parar e 2 ventilações deve ser repetida por 2 minutos, ininterruptamente.
As duas ventilações de 1 segundo e com visível elevação do tórax devem ser realizadas preferen-
cialmente com o auxílio de um dispositivo de barreira que sirva de proteção ao contato com saliva,
sangue e secreções da vítima, ou por meio da técnica do boca a boca. Entre os dispositivos dispo-
níveis estão a máscara de bolso para RCP, a barreira plástica para o boca a boca e a bolsa-válvula-
-máscara (Figura 11).

SENAC SÃO PAULO | 45


PRIMEIRO SOCORROS

MÁSCARA DE BOLSO PARA RCP


• Promove a cobertura simultânea da boca e
do nariz, facilitando a insuflação.
• Seu uso exige a manobra de inclinação da
cabeça e elevação do queixo.
• Pode ser reutilizável (silicone) ou descar-
tável (plástico). Se reutilizáveis, devem ser
lavadas com água e sabão seguida de de-
sinfecção com gaze embebida em álcool.

BOLSA-VÁLVULA-MÁSCARA
• Sua utilização correta exige duas pessoas:
• uma para posicionar e manter a más-
cara sobre a face da vítima com as
vias aéreas abertas; e
• outra para comprimir a bolsa com as
duas mãos.
• O socorrista hábil pode utilizá-la sozinho,
mas é possível haver redução de até 50%
no volume ofertado devido à insuficiente
vedação da máscara e da compressão do
balão.

BARREIRA PLÁSTICA DESCARTÁVEL


PARA O BOCA A BOCA
• Confeccionada à base de polietileno.
• Mais apropriada para treinamentos de
RCP.
• Alguns modelos possuem válvula unidire-
cional, que impedem o retorno de ar e fluí-
dos da vítima para o socorrista.

Figura 11. Dispositivos de barreira para


ventilação na RCP.

46 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Os segredos da utilização de qualquer tipo de barreira para a ventilação na RCP são: a abertura cor-
reta das vias aéreas e o ótimo ajuste da máscara com a face da vítima.
Durante a primeira insuflação, se houver dificuldade na elevação do tórax, refaça o movimento de
abertura das vias aéreas e reajuste a máscara à face da vítima. Se ainda assim houver dificuldade,
deve-se considerar a possibilidade de “obstrução das vias aéreas” (ver capítulo 4).
A ventilação boca a boca (Figura 12) é uma opção de técnica sem uso de nenhuma barreira, porém
os socorristas podem não se sentir seguros com a realização do procedimento em virtude do risco
de contrair doenças, embora os estudos não comprovem essa relação.

VENTILAÇÃO
VENTILAÇÃO BOCA A BOCA
BOCA A BOCA
• Execute a manobra de abertura das vias aé-
•reas.
Execute a manobra de abertura das vias aéreas.
• •Use os os
Use dedos de uma
dedos mãomão
de uma parapara
fechar as na-as na-
fechar
rinas.
rinas.
• •Inspire normalmente.
Inspire normalmente.
• Cubra com sua boca aberta toda a boca da
• Cubra com sua boca aberta toda a boca da ví-
vítima.
tima.
• Com um movimento expiratório sem esforço,
• Com um movimento expiratório sem esforço,
insufle o ar para a vítima de maneira uniforme
insufle o ar para a vitima de maneira uniforme
durante 1 segundo.
durante 1 segundo.
• Repita o passo, iniciando pela sua inspiração
Figura20.
Figura 12.Ventilação
Ventilaçãoboca
bocaaaboca.
boca. • Repita o passo, iniciando pela sua inspiração.

Ao final de 2 minutos ou 5 ciclos de RCP (30 compressões e 2 ventilações), o socorrista deve manter
a via aérea aberta e observar rapidamente se a vítima continua irresponsiva e com respiração e circu-
lação inadequadas. Em caso positivo, prossiga com novo ciclo de RCP por mais 2 minutos. Repita
essas ações até a chegada do DEA ou a chegada da equipe de socorro especializado, ou até que a
vítima comece a dar sinais de presença de responsividade e respiração (sem dificuldade).

3o passo: Rápida desfibrilação (utilização do DEA assim que disponível)


Embora a RCP bem realizada garanta o fluxo sanguíneo mínimo e vital ao coração e ao cérebro, ela
não corrige a causa mais frequente de PCR, uma arritmia chamada fibrilação ventricular (FV) que está
presente em mais de 60% desses casos.
A única forma de reverter a FV é a oferta de uma corrente elétrica externa ou um “choque elétrico”
que tecnicamente é chamado de “desfibrilação”. A desfibrilação é o terceiro elo da cadeia de sobre-
vivência (Figura 6) e é possível com o auxílio de um equipamento denominado “desfibrilador externo
automático”, conhecido como DEA.
O DEA (Figura 13) é um equipamento eletrônico simples e portátil que analisa automaticamente o
ritmo cardíaco a cada 2 minutos e utiliza comandos de voz e luzes para guiar o socorrista durante a
sequência de RCP. Se o ritmo detectado for uma FV, o dispositivo fornece corrente elétrica de forma
automática e sem a necessidade do comando do socorrista. Apesar dos vários modelos diferentes
de equipamento, a técnica básica de utilização do DEA é comum a todos e é descrita na Figura 13.

SENAC SÃO PAULO | 47


PRIMEIRO SOCORROS

DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA)


Técnica básica de utilização:
• Para minimizar as interrupções na RCP, mante-
nha as compressões torácicas até que o DEA
esteja ligado e em condições de uso;
• Ligue o equipamento;
• Conecte o cabo dos eletrodos autoadesivos
no equipamento;
• Instale os eletrodos no tórax desnudo do pa-
ciente;
• Siga as orientações do comando de voz do
equipamento que fará automaticamente a ava-
liação do ritmo cardíaco, informando a neces-
sidade ou não de desfibrilação;
• Se choque indicado, interrompa as compres-
sões e afaste-se do paciente (não toque no
paciente);
• Após o choque retome imediatamente as com-
pressões;
• O DEA fará automaticamente a avaliação do
ritmo cardíaco a cada 2 minutos, informando
a necessidade ou não de desfibrilação. Siga
Figura 13. Técnica básica de utilização do as orientações do comando de voz do equi-
Desfibrilador Externo Automático (DEA). pamento.

Como vimos na descrição acima, o socorrista deve continuar a RCP 30:2 até a chegada e a prepara-
ção de um DEA, sem retardar ou interromper as compressões enquanto outra pessoa abre e prepara
o equipamento. Isso é necessário para minimizar as interrupções nas compressões.
Caso o choque tenha sido indicado, é de extrema importância que as compressões sejam retomadas
logo em seguida. Este procedimento aumenta a possibilidade de o choque ter sucesso. Portanto,
prossiga com as compressões e ventilações por 2 minutos após o choque até a próxima análise.
O DEA pode ser muito útil na determinação dos 2 minutos de RCP, pois, por meio dos comandos de
voz, ele informa a necessidade de análise automática do ritmo a cada 2 minutos, o que permite além
da análise do ritmo, a troca do responsável pela compressão torácica.
Garanta a realização da RCP 30:2 com avaliação do ritmo pelo DEA a cada 2 minutos até a chegada
de equipes de emergência que assumam a RCP. Obviamente, se o paciente apresentar sinais de
retorno da circulação (respiração, tosse ou movimento), a RCP deve ser interrompida e a posição de
recuperação deve ser considerada.

Você sabia que...


A cada 1 minuto de atraso na realização da desfibrilação,
a chance de sobrevivência diminui 10%?

48 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Parada respiratória: vítima irresponsiva, com respiração anormal e pulso presente


Já sabemos que se a vítima estiver irresponsiva, associada à respiração ausente ou agônica e ausên-
cia de pulso central, caracteriza-se a imediata necessidade de RCP. Porém se o pulso estiver presen-
te caracteriza-se outro quadro também grave, denominado PARADA RESPIRATÓRIA.
Nesses casos, o socorrista deve realizar: 1 ventilação a cada 6 segundos, resultando em 10 ventila-
ções/min no adulto. As ventilações devem ter a duração de 1 segundo e podem ser realizadas com
dispositivos de barreira. A cada 2 min de ventilação exclusiva, avalie novamente a respiração, o pulso
e o ritmo (se houver um DEA disponível). Mantenha atenção a ocorrência de PCR.
O algoritmo apresentado a seguir apresenta as fases do atendimento a PCR-RCP e da reanimação
ventilatória quando executadas por profissional da saúde:

Algoritmo: atendimento à PCR-RCP

Vítima irresponsiva? Peça ajuda.


Acione o serviço de emergência pelo celular ou peça para alguém
fazê-lo. Solicite um DEA.

Avalie a presença de
respiração e pulso
simultaneamente em 10
segundos.
Realizar 1 ventilação a
cada 5 a 6 segundos
ou cerca de 10 a 12
Posição de
respirações/min.
recuperação e manter
RESPIRAÇÃO RESPIRAÇÃO Mantenha ventilações
observação até a
NORMAL, AUSENTE, e a cada 2 min avalie
chegada do serviço de
PULSO PULSO respiração e pulso.
emergência.
PRESENTE PRESENTE
Mantenha atenção
para a ocorrência de
PCR

Possivelmente nessa fase,


o serviço de emergência já
foi acionado e o DEA estará
disponível ou a caminho.
RESPIRAÇÃO AUSENTE ou
AGÔNICA, PULSO AUSENTE

Iniciar RCP
Ciclos de 30 compressões
para cada 2 ventilações
por 2 minutos.
Utilizar o DEA assim que
disponível e preparado.

DEA indica choque?

SIM! NÃO!
Choque Choque
indicado! não indicado!

Aplique o choque.
Reinicie RCP 30:2 imediatamente após
Reinicie RCP 30:2 imediatamente após o choque mantendo por 2 min até
o choque mantendo por 2 min até próxima análise pelo DEA. Mantenha até
próxima análise pelo DEA. Mantenha até a chegada do serviço de emergência
a chegada do serviço de emergência ou até que a vítima comece a se
ou até que a vítima comece a se movimentar ou tossir.
movimentar ou tossir.

SENAC SÃO PAULO | 49


PRIMEIRO SOCORROS

Considerações especiais
Na suspeita de trauma
Caso a vítima com suspeita de trauma atendida por profissionais da saúde tenha indicação de RCP,
a manobra manual indicada para a abertura das vias aéreas é a “manobra da mandíbula” ou “jaw
thrust” (Figura 7). Considerando a importância das compressões e ventilações no resultado de sobre-
vivência, se o profissional não se sente seguro na realização dessa manobra e/ou a ventilação está
prejudicada pela dificuldade com a manobra no trauma, deve ser realizada a manobra de inclinação
da cabeça para não atrasar os procedimentos.

Sobre compressões e ventilações para profissionais de saúde e socorristas leigos com trei-
namento
Todos os socorristas leigos devem no mínimo realizar somente compressões torácicas no adulto em
PCR. Assim como os profissionais de saúde, se o socorrista leigo receber treinamento, possuir dis-
positivos de barreira para ventilação e se sentir hábil e confortável na realização de ventilações, ele
poderá realizar ciclos de 30 compressões e 2 ventilações com dispositivo de barreira.
O instrutor de primeiros socorros deve avaliar a composição do grupo de alunos, os objetivos do
treinamento e o tempo disponível para definir as práticas e habilidades que deverão ser alcançadas.

Sobre a disponibilidade do DEA na comunidade


Atualmente, o DEA pode ser encontrado em clubes, academias, condomínios, shoppings, em várias
empresas e indústrias, fazendo parte do rol de equipamentos de aeronaves e equipes de policiamen-
to, bombeiros, etc. Considerando a disponibilidade cada vez maior do equipamento e a necessidade
da desfibrilação rápida, solicitar precocemente um DEA é um ato importante que pode agilizar os
primeiros socorros e aumentar as chances de sobrevivência da vítima.

Sobre a interrupção da RCP


A interrupção da RCP poderá ser considerada nas seguintes situações:
• Exaustão do responsável pela realização de RCP e na ausência de alguém que o substitua;
• Condições ambientais ou de segurança comprometidas.

RCP para profissionais de saúde: bebês e crianças


A RCP em crianças tem os mesmos princípios e passos previstos para o adulto, mas difere em alguns
aspectos em relação à causa da PCR e quanto a técnica de compressão de acordo com a idade e
número de socorristas.
Para essa abordagem, vamos considerar apenas as diferenças de interesse em relação ao adulto e
as seguintes faixas etárias:
• Bebês: até 1 ano de idade (exceto os recém-nascidos)
• Crianças: de 1 ano até a puberdade (que é definida com o aparecimento das mamas nas meninas
e de pelos axilares nos meninos).
As causas mais frequentes de PCR em bebês e crianças são de origem respiratória e por essa razão,
o ideal é que o socorrista execute compressões torácicas e ventilações com dispositivos de barreira.
No entanto, se o socorrista leigo mesmo treinado não se sente hábil na realização de ventilações em
crianças, ele poderá realizar apenas compressões torácicas, até que um socorrista com treinamento
assuma sua posição.
Para decidir pelo mais adequado conteúdo, o instrutor de primeiros socorros deve avaliar as carac-
terísticas do grupo de alunos, os objetivos do treinamento e o tempo disponível a fim de definir as
práticas e habilidades que deverão ser alcançadas.

50 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

RCP precoce para bebês e crianças: principais modificações em relação ao adulto 3


A sequência da RCP para bebês e crianças em primeiros socorros inclui:
• reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência assim que a irrespon-
sividade for detectada;
• realização de RCP precoce em caso de irresponsividade acompanhada de ausência ou dificulda-
de para respirar.
• rápida desfibrilação (utilização de DEA, se disponível).

As principais modificações da RCP em bebês e crianças em relação aos adultos é demonstrada nas
Figuras 14 e 15:

RCP EM BEBES
1 socorrista
• Opção para checagem do pulso braquial
• Durante a manobra de inclinação da cabeça-
-elevação do queixo realizar apenas uma leve
extensão.
• Posicione apenas dois dedos no centro do tórax
1 cm abaixo da linha dos mamilos.
• A profundidade da compressão deve ser de 4
cm.
• Execute 30 compressões para cada 2 ventila-
ções com dispositivo de barreira.
• A mascara do dispositivo de barreira deve cobrir
boca e nariz.

2 socorristas
• Posicione as mãos ao redor do tórax com po-
legares no centro do tórax, logo abaixo da linha
mamilar.
• A profundidade da compressão deve ser de 4 cm.
• Execute 15 compressões para cada 2 ventila-
ções com dispositivo de barreira.

Para crianças e bebês: se a PCR não foi presencia-


da pelo socorrista, considerar a realização de RCP
por 2 min antes de se afastar para buscar ajuda.
Para crianças e bebês: se a PCR não foi presencia-
da pelo socorrista, considerar a realização de RCP
por 2 min antes de se afastar para buscar ajuda.
Na parada respiratória: Administre 1 ventilação a
cada 6 segundos para adultos ou 3 a 5 segundos
para as crianças e bebês.
Figura 14. Principais diferenças da
Todas as demais observações realizadas para o
RCP em bebês (até 1 ano) quando
adulto devem ser seguidas nessa faixa etária (fre-
comparada aos adultos.
quência, minimização das interrupções e retorno
do torax).

SENAC SÃO PAULO | 51


PRIMEIRO SOCORROS

RCP EM CRIANÇAS
• Posicione as duas mãos ou apenas uma de-
las (opcão para crianças muito pequenas) no
centro do tórax, entre os mamilos da vítima.
• A profundidade deve ser de 5 cm (como no
adulto).
Para crianças e bebês: se a pcr não foi presen-
ciada pelo socorrista, considerar a realização de
rcp por 2 minutos antes de se afastar para bus-
car ajuda.
Na parada respiratória: administre 1 ventilação a
cada 6 segundos para adultos ou 3 a 5 seg para
Figura 15. Técnica de compressão as crianças e bebês.
em crianças (1 ano à puberdade). Todas as demais observações realizadas para
o adulto devem ser seguidas nessa faixa etária
(frequência, profundidade, minimização das in-
terrupções e retorno do torax).

Alguns modelos de desfibrilador possuem eletrodos autoadesivos próprios para o público infantil que
devem ser utilizados nesses casos. A forma de utilização do DEA em crianças é igual para os adultos.
Veja a seguir um resumo comparativo das diretrizes e da técnica de RCP nas diferentes faixas etárias
quando aplicada por profissionais da saúde.

Resumo da RCP quando aplicada por profissional da saúde

CRIANÇA BEBÊ
ADULTO
DE 1 A 8 ANOS (menor de 1 ano)
Avalie a responsividade e a presença de respiração normal.
RECONHECIMENTO Considere a RCP na vítima irresponsiva e com ausência de respiração
ou respiração agônica.
Solicite ajuda das pessoas que estão à sua volta.
Acione serviço de emergência 192, 193 ou outro de preferência pelo
celular.
Se possível, solicite que alguém acione o serviço de emergência e
ACIONAMENTO providencie um DEA.
DO SERVIÇO DE Se necessário, deixe a vítima para buscar socorro e retornar com
EMERGÊNCIA um DEA antes de iniciar a RCP.
Para crianças e bebês: se a PCR não foi presenciada pelo socorrista,
considerar a realização de RCP por 2 min antes de se afastar para
buscar ajuda.
1 socorrista
1 ou 2 socorristas 30:2
RCP
30:2 2 socorristas
15:2

52 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

1 socorrista
2 dedos no centro do
tórax, 1 cm abaixo da
1 mão (crianças
linha mamilar.
2 mãos pequenas) ou
LOCALIZAÇÃO DAS no centro do tórax 2 mãos no centro do
COMPRESSÕES tórax 2 socorristas
(ou metade inferior do
esterno) (ou metade inferior do 2 mãos ao redor do
esterno) tórax com polegares
no centro do tórax,
logo abaixo da linha
mamilar.
FREQUÊNCIA DAS 100 a 120/min
COMPRESSÕES Alternar responsável pela compressão a cada 2 minutos
PROFUNDIDADE No mínimo 5 cm No mínimo 5 cm
DAS 4 cm
COMPRESSÕES (não ultrapassar 6 cm) (não ultrapassar 6 cm)

RETORNO DO
Permitir retorno total do tórax após cada compressão.
TÓRAX
Precoce: uso do DEA assim que estiver em condição de uso.
Seguir as orientações do comando de voz.
DESFIBRILAÇÃO Interromper as compressões a cada 2 minutos para avaliação do ritmo.
Reiniciar imediatamente as compressões após a avaliação do ritmo e o
choque (se indicado).
Minimizar interrupções durante a RCP.
Manter compressões e DEA até a chegada do serviço de emergência
ou a vítima apresentar sinais de retorno à circulação (respiração,
INTERRUPÇÃO
movimentos ou tosse).
DA RCP
A interrupção fora dessas condições deve ser considerada apenas
em caso de exaustão do socorrista ou em funções das condições de
segurança e do ambiente.
Atenção para a manobra adequada de abertura das vias aéreas:
manobra de inclinação da cabeça e elevação do tórax ou jaw thrust?
OUTRAS
Atenção para a ocorrência de parada respiratória (respiração ausente
OBSERVAÇÕES
com pulso presente): administre 1 ventilação a cada 6 segundos para
adultos ou 3 a 5 segundos para as crianças e bebês.
ADAPTADO DE: AMERICAN HEART ASSOCIATION, CPR, 2015.

A cena de uma PCR é bastante tumultuada e pode exigir muitos socorristas. Mesmo assim, os socor-
ristas podem não se lembrar de todos os detalhes necessários. A sugestão é treinar muito e sempre.
Mobilize as pessoas que podem estar envolvidas nesse tipo de atendimento e trabalhe a integração
entre todos, usando uma abordagem sequencial e coreografada onde cada um reconhecerá seu
papel nas várias etapas.

SENAC SÃO PAULO | 53


PRIMEIRO SOCORROS

Dúvidas comuns sobre a RCP


1. Quais são as complicações mais comuns da RCP?
A complicação mais comum é a distensão gástrica, que acontece devido à entrada de ar no estôma-
go durante as ventilações. Esta distensão pode levar a ocorrência de vômito durante a RCP. Se o vô-
mito ocorrer, posicione a vítima lateralizada à esquerda para impedir que aspire o conteúdo expelido.
Outras complicações esperadas são: desarticulação das costelas, fratura do esterno e costelas, além
de lacerações de órgãos internos. Na ocorrência desses agravos, não interrompa a RCP, prossiga.

2. Em quais situações não se deve iniciar a RCP?


Não devemos iniciar as manobras de RCP nos casos em que a morte é óbvia, isto é, quando não há
dúvida de que a vítima esteja morta. São os casos de decapitação, segmentação de tronco, carboni-
zação, estado de putrefação e natimorto (criança que acaba de nascer) já em estado de putrefação.
Em qualquer outra circunstância, somente o médico poderá decidir sobre o tema.

3. Quando interromper a RCP?


Devemos interromper a RCP quando:
• a respiração e o batimento cardíaco forem restabelecidos à normalidade;
• um profissional da saúde assumir as manobras de RCP;
• um médico orientar para a interrupção;
• a situação não oferecer segurança para se continuar (incêndio iminente, risco de explosão, aglo-
meração de pessoas com risco para a violência, etc.);
• o socorrista ficar exausto e incapaz de continuar as manobras de RCP (nesse caso, uma alter-
nativa interessante é solicitar a um leigo que execute só compressões, sob a orientação de um
socorrista treinado).

4. Se a respiração for recuperada antes da chegada do socorro especializado, o que deve ser
feito?
Se a respiração e a circulação forem restabelecidas, é fundamental manter vigilância sobre a vítima
nos momentos seguintes à PCR:
• realize a avaliação inicial repetidamente;
• mantenha a vítima aquecida;
• procure manter um amigo ou familiar próximo;
• se não houver suspeita de trauma, coloque a vítima em posição de recuperação;
• aguarde o socorro especializado ou providencie o encaminhamento da vítima
• para uma unidade hospitalar (dê preferência ao transporte por unidade do serviço de emergência
de sua cidade);
• se o socorro especializado já foi chamado durante a fase de detecção da PCR, telefone novamen-
te para o serviço solicitado informando da mudança do quadro.
• Isso poderá agilizar o atendimento.

5. Quais são os erros mais comuns durante a realização da RCP?


Os erros mais comuns que um socorrista pode cometer são:
• não abrir as vias aéreas de forma suficiente para afastar a língua da passagem de ar;
• deixar escapar ar durante as ventilações por qualquer um dos métodos;
• dobrar os cotovelos durante a compressão torácica externa;

54 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

• não localizar o ponto correto de compressão;


• fazer compressões bruscas ou sem força o suficiente para rebaixar o tórax até o ponto desejado;
• manter ritmo incorreto (mais lento).

SENAC SÃO PAULO | 55


3. Obstrução das
vias aéreas
por corpo estranho

IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO
BÁSICA
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho
(OVACE) é o termo técnico para o que costumei-
ramente chamamos de engasgamento. Na maio-
ria das vezes, a OVACE é causada por alimentos,
líquidos ou pequenos objetos, como próteses
dentárias e tampinhas, que ficam presos nas vias
aéreas e bloqueiam a passagem do ar. Esse blo-
queio é extremamente grave, pois impede a vítima
de respirar normalmente, podendo levar à morte
por parada cardiorrespiratória em alguns minutos.
O objetivo deste capítulo é apresentar as mano-
bras que devem ser realizadas para reverter qua-
dros de OVACE com a prestação de primeiros so-
corros para vítimas responsivas e irresponsivas.

OVACE EM VÍTIMAS RESPONSIVAS


A vítima consciente pode ter uma obstrução leve
ou grave.

Obstrução leve
Nesse tipo de obstrução, a vítima (adulto, criança
ou bebê) ainda consegue respirar, tossir e falar (ou
balbuciar), mas, mesmo assim, precisa de acom-
panhamento, uma vez que o quadro pode se agra-
var repentinamente.

OBSTRUÇÃO LEVE
(vítima consegue tossir e falar)

Procedimentos de primeiros socorros:


• mantenha-se próximo à vítima;
• tente acalmá-la;
• incentive a inspiração pelo nariz e a tosse.

SENAC SÃO PAULO | 57


PRIMEIRO SOCORROS

Obstrução grave
Nessa situação, a vítima apresenta um ou mais sinais:
• muita ansiedade;
• tosse muito fraca ou “silenciosa” (sem ar);
• chiado alto durante a inspiração;
• extrema dificuldade para respirar, tossir e falar;
• cianose labial (arroxeamento);
Figura 1. Sinal universal de
• sinal universal de asfixia (Figura 1);
asfixia (mãos ao redor da
• parada respiratória. garganta e boca aberta, para
tentar puxar ar).

OBSTRUÇÃO GRAVE

Procedimentos de primeiros socorros:


• mantenha-se próximo à vítima;
• tente acalmá-la;
• realize a manobra de desengasgamento de Heimlich.

Manobra de desengasgamento para vítimas responsivas


Essa manobra, chamada de “manobra de Heimlich”, é recomendada para adultos e crianças acima
de 1 ano. A vítima pode estar sentada ou em pé (mais favorável).

MANOBRA DE DESENGASGAMENTO DE HEIMLICH


Para vítimas responsivas acima de 1 ano de idade
• Posicione-se atrás da vítima.
• Mantenha as pernas levemente afastadas para ampliar
sua base de apoio, evitando a perda do equilíbrio.
• Passe os braços por baixo das axilas da vítima ao lon-
go da cintura.
• Feche uma das mãos e encoste-a no centro do abdo-
me da vítima, acima do umbigo.
• Posicione a outra mão sobre a primeira, junto ao
abdome.
• Golpeie o abdome com movimentos de compressão
para dentro e para cima (em direção à cabeça), até a
saída do objeto ou até a vítima conseguir tossir efe-
tivamente.
Obs.: Para a vítima obesa ou em gravidez adiantada, não golpeie o ab-
Figura 2. Manobra de dome. Execute compressões torácicas semelhantes a RCP (mão fecha-
desengasgamento de Heimlich da na altura entre os mamilos, no centro do tórax).
para vítimas conscientes.

58 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Para as crianças de 1 a 8 anos, ao executar as compressões abdominais, lembre-se de não utilizar


força excessiva, para não causar lesões aos órgãos internos.
Apesar das compressões, a vítima pode manter-se em obstrução grave, e nesse caso é esperado
que ela fique inconsciente, devido à diminuição de oxigenação do cérebro. Nessa situação, passe a
executar as manobras recomendadas para vítimas inconscientes.

OVACE EM VÍTIMAS IRRESPONSIVAS


Se a vítima se tornar inconsciente ou se for encontrada inconsciente, execute a avaliação inicial e
analise a necessidade de usar manobras de RCP. Essa regra serve para todas as idades.

MANOBRA DE DESENGASGAMENTO
PARA VÍTIMAS IRRESPONSIVAS
OVACE EM VÍTIMAS IRRESPONSIVAS
Procedimentos de primeiros socorros:
• Deite a vítima de costas no chão.
• -
piração.
• Para vítima irresponsiva e com respiração au-
sente ou agônica, solicite o serviço de emer-
gência especializado e o DEA.
• Inicie a RCP com 30 compressões.
Figura 3. RCP usada como manobra
de desengasgamento para • Abra as vias aéreas e examine rapidamente a
vítimas inconscientes. boca para ver se há objetos ou próteses atra-
palhando a respiração (retire com os dedos so-
mente o que puder visualizar).
• Execute 2 ventilações de 1 segundo. Se necessário, refaça a manobra de abertura das vias aéreas.
• Prossiga com os procedimentos padronizados de RCP por 2 minutos, ou até a vítima tossir.

Na vítima inconsciente, a confirmação da ocorrência de OVACE poderá se dar durante as tentativas


de execução das duas ventilações da RCP, pois, nessa fase, é possível que ocorra dificuldade na
passagem do ar, resultando em ausência de elevação do tórax.
Se tiver dificuldade para realizar a primeira ventilação, execute nova tentativa de inclinação da ca-
beça-elevação do queixo para abrir as vias aéreas, antes da segunda ventilação. Não atrase a reali-
zação de compressões por tentar provocar a elevação do tórax com ventilações repetitivas. Mesmo
que o ar não tenha passado pelas vias aéreas e a elevação do tórax não tenha ocorrido, execute
mais 30 compressões torácicas e, em seguida, outras 2 ventilações, até a saída do objeto ou até a
vítima conseguir respirar sozinha.
Lembre-se de que, durante a abertura das vias aéreas, antes da ventilação é necessário verificar se
há algum objeto na boca que possa ser retirado com as mãos. Se for o caso, retire o objeto.
A tosse é um ótimo sinal de retorno à respiração espontânea. Nesse caso, as manobras de desen-
gasgamento na vítima inconsciente podem ser interrompidas e a vítima pode ser posicionada em
posição de recuperação para evitar a aspiração de secreções. Isso também é válido para o caso de
vômitos. Após a lateralização da vítima, execute nova avaliação inicial.

SENAC SÃO PAULO | 59


PRIMEIRO SOCORROS

OVACE EM VÍTIMAS MENORES DE 1 ANO (BEBÊS)


Crianças com menos de 1 ano são as maiores vítimas de obstrução de vias aéreas, por aspiração de
leite, alimentos ou pequenos objetos. Nesse grupo, é preciso estar atento a sinais, como dificuldade
para respirar, chiados, arroxeamento dos lábios, palidez da pele e ansiedade, que podem significar
dificuldade para respirar.
A manobra de desobstrução em crianças conscientes menores de 1 ano é diferente daquela utilizada
nos adultos, principalmente por não se realizarem golpes abdominais (Heimlich), que poderiam cau-
sar lesão no fígado.
A técnica recomendada consiste de uma associação de 5 palmadas nas costas seguidas de 5 com-
pressões torácicas, semelhantes a RCP para essa faixa etária, ou seja, um dedo abaixo da linha entre
os mamilos, bem ao centro do tórax.
Observe a sequência de desengasgamento para o bebê (Figuras 4 e 5):

OVACE EM CRIANÇAS RESPONSIVAS


MENORES DE 1 ANO

Procedimentos de primeiros socorros:

• Execute a avaliação da responsividade e da


respiração.

• Se responsiva e com dificuldade respiratória


vire a criança de bruços, sobre os braços ou
as pernas do próprio socorrista e com a cabe-
ça mais baixa que o corpo.
Figura 4. Desobstrução em bebês
responsivos: “golpes” no dorso. • Aplique 5 golpes firmes no dorso, entre as
escápulas (figura 4).

• Retorne a criança à posição dorsal (barriga


para cima) e, ainda com a cabeça mais bai -
xa, aplique 5 compressões torácicas, iguais
às realizadas na RCP, 1 dedo abaixo da linha
entre os mamilos, bem ao centro do tórax
(figura 5).

• Verifique se há algum objeto na boca que


possa ser retirado com as mãos.

• Continue alternando palmadas e compres-


sões torácicas até que o objeto seja expelido
Figura 5. Desobstrução em bebês ou a criança se torne irresponsiva.
responsivos: compressões torácicas.

60 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Qual é sua dúvida?

SENAC SÃO PAULO | 61


PRIMEIRO SOCORROS

PASSO-A-PASSO
Passo a passo: manobra
MANOBRA DE de desengasgamento
DESENGASGAMENTO DEde Heimlich para vítimas responsivas
HEIMLICH
acima dePARA
1 anoVÍTIMAS
de idade
RESPONSIVAS ACIMA DE 1 ANO DE IDADE

Vítima responsiva

Mantenha as pernas levemente


Posicione-se afastadas para ampliar
atrás da vítima sua base de apoio, evitando
a perda do equilíbrio.

Passe os braços por baixo


das axilas da vítima
ao longo da cintura

Posicione as mãos
cerradas no centro
do abdome da vítima,
acima do umbigo

Golpeie o abdome com movimentos Para a vítima obesa ou em


de compressão para dentro e para cima, gravidez adiantada, não golpeie
(em direção à cabeça), até a saída o abdome. Execute compressões
do objeto ou até a vítima conseguir torácicas semelhantes a RCP
(mão fechada na altura entre os
tossir efetivamente ou mesmo
mamilos, no centro do tórax) .
tornar-se inconsciente

62 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Passo a passo: manobra de desengasgamento de Heimlich para vítimas irresponsivas


PASSO-A-PASSO
MANOBRA DE DESENGASGAMENTO DE HEIMLICH PARA VÍTIMAS IRRESPONSIVAS

Avalie responsividade

Vítima Vítima
responsiva irresponsiva

Avalie rapidamente
se há respiração

Respira sem Respiração ausente, lenta


ou agônica: PCR

Acione serviço de
emergência e solicite DEA

Utilize método com barreira ou boca a boca.


Durante a abertura, examine rapidamente
Inicie 30 compressões torácicas a boca para ver se há objetos ou próteses
checar o pulso carotídeo antes
de iniciar as compressões. fortes, rápidas e sem parar atrapalhando a respiração (retire com os
dedos somente o que puder visualizar).

Abra vias aéreas (inclinação da cabeça-elevação


do queixo) e realize 2 ventilações

Se necessário, refaça a manobra Mantenha 30 compressões torácicas intercaladas


de abertura das vias aéreas com 2 ventilações (30:2) por 2 minutos
entre as ventilações.
ou até a vítima tossir ou vomitar

A cada 2 minutos, reavalie rapidamente a presença


de responsividade e respiração, e também
de corpos estranhos nas vias aéreas

Mantenha procedimentos de RCP até a


chegada do socorro especializado

SENAC SÃO PAULO | 63


PRIMEIRO SOCORROS

Resumo das manobras de desengasgamento para vítimas responsivas segundo a


idade
RESUMO DAS MANOBRAS DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS RESPONSIVAS SEGUNDO A IDADE
RESUMO DAS MANOBRAS DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS RESPONSIVAS SEGUNDO A IDADE
Adulto Criança de 1 a 8 anos Lactente (menor de 1 ano)
Adulto Criança de 1 a 8 anos Lactente (menor de 1 ano)
AVALIE SINAIS Vítima respira, tosse ou fala?
DE DIFICULDADE
AVALIE SINAIS Obstrução leve: tosse ou fala?
Vítima respira, chiados, arroxeamento
RESPIRATÓRIA
DE DIFICULDADE •Obstrução
Mantenha-se
leve:próximo; dos lábios,
chiados, palidez da
arroxeamento
RESPIRATÓRIA • Mantenha-se próximo; pele, ansiedade.
dos lábios, palidez da
pele, ansiedade.

Obstrução grave:
Obstrução grave:

MANOBRA DE Manobra de Heimlich: Compressões 5 palmadas no dorso


DESENGASGAMENTO
MANOBRA DE abdominais
Manobra de com golpes
Heimlich: rápidos e
Compressões seguidas de no dorso
5 palmadas
(HEIMLICH)
DESENGASGAMENTO sequenciais,
abdominais compara golpes
dentro rápidos
e para cima,
e até a 5seguidas
compressões
de torácicas
(HEIMLICH) saída do objeto
sequenciais, oudentro
para até a vítima
e paraconseguir
cima, até a (como na RCP). torácicas
5 compressões
executar, sem ajuda,
saída do objeto uma
ou até boa tosse.
a vítima conseguir (como na RCP).
executar, sem ajuda, uma boa tosse.
• Esteja atento para a ocorrência de
inconsciência;
• Esteja neste
atento para caso, execute
a ocorrência de a técnica
para irresponsivos.
inconsciência; neste caso, execute a técnica
paravítimas
• Para irresponsivos.
obesas ou em gravidez
• Para vítimas obesascompressões
adiantada, execute com as
ou em gravidez
mãos no centro do tórax entre os
adiantada, execute compressões com mamilos.
as
mãos no centro do tórax entre os mamilos.

Resumo das manobras de desengasgamento para vítimas irresponsivas segundo a


RESUMO DAS MANOBRAS DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS IRRESPONSIVAS SEGUNDO A IDADE
idade
RESUMO DAS MANOBRAS DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS IRRESPONSIVAS SEGUNDO A IDADE
Adulto Criança de 1 a 8 anos Bebê (menor de 1 ano)
Adulto Criança de 1 a 8 anos Bebê (menor de 1 ano)
VERIFIQUE Vítima irresponsiva e sem respiração ou com respiração agônica:
RESPONSIVIDADE
VERIFIQUE •Vítima
Chame serviço de e
irresponsiva emergência especializado;
sem respiração ou com respiração agônica:
ERESPONSIVIDADE
RESPIRAÇÃO •• Solicite um DEA.
Chame serviço de emergência especializado;
E RESPIRAÇÃO • Solicite um DEA.
VIAS AÉREAS • Inclinação da cabeça-elevação do queixo;
VIAS AÉREAS • Inclinação da cabeça-elevação do queixo;
• Observe presença de objetos nas vias aéreas: se visíveis, retire com os
• dedos.
Observe presença de objetos nas vias aéreas: se visíveis, retire com os
dedos.
RESPIRAÇÃO • Execute 2 ventilações;
RESPIRAÇÃO • Execute 2 ventilações;
• Tente reposicionar a cabeça entre uma respiração e outra;
• Tente reposicionar a cabeça entre uma respiração e outra;
OVACE;
• Progrida
OVACE; com a RCP.
• Progrida com a RCP.
MANOBRAS DE 30:2 (com qualquer 30:2 (socorrista leigo treinado);
DESOBSTRUÇÃO
MANOBRAS DE número
30:2 (comdequalquer 15:2
30:2 (exclusivo
(socorristapara
leigodois socorristas
treinado);
DESOBSTRUÇÃO socorristas)
número de 15:2 (exclusivo para dois socorristas
socorristas)
CHECAGEM DAS VIAS • A cada 2 minutos, ou na presença de tosse, vômito e à saída do objeto;
AÉREAS E RESPIRAÇÃO
CHECAGEM DAS VIAS •• Se respiração
A cada ausente
2 minutos, oupresença
ou na agônica, de
reinicie
tosse,ciclos;
vômito e à saída do objeto;
• Tente reposicionar a cabeça entre uma ventilação e outra;
AÉREAS E RESPIRAÇÃO • Se respiração ausente ou agônica, reinicie ciclos;
• Mantenha até a chegada do sistema de emergência.
• Tente reposicionar a cabeça entre uma ventilação e outra;
• Mantenha até a chegada do sistema de emergência.

64 | SENAC SÃO PAULO


4. Emergências
clínicas

As emergências clínicas tratadas neste capítulo


são dor no peito (de origem cardíaca), convulsão e
desmaio (inconsciência). Outras emergências clíni-
cas já foram abordadas, como a PCR e a obstru-
ção de vias aéreas.

CONVULSÃO
A convulsão ou crise convulsiva é decorrente de
uma desordem elétrica involuntáriae repentina do
cérebro. Caracteriza-se por perda de consciência,
acompanhada de contrações musculares, que va-
riam de leves a violentas e que podem surgir de
maneira espontânea ou decorrente de alguma al-
teração metabólica no corpo ou mesmo na estru-
tura cerebral. As causas mais comuns são:
• tumores cerebrais;
• má formação vascular cerebral;
• febre (em crianças até 5 anos);
• infecções, como meningite;
• desequilíbrios bioquímicos;
• hipoglicemia (diminuição da glicose no san-
gue);
• abuso de drogas ou álcool;
• abstinência de drogas ou álcool;
• trauma na cabeça;
• acidente vascular encefálico (derrame);
• redução no fluxo sanguíneo do cérebro;
• epilepsia.
Existem várias formas de manifestação da crise
convulsiva, que podem ser classificadas como ge-
neralizadas ou parciais.
A convulsão generalizada é muito comum, e re-
cebe este nome em função da desordem elétrica
acometer o encéfalo como um todo, de maneira
simétrica. É sempre acompanhada de perda de

SENAC SÃO PAULO | 65


PRIMEIRO SOCORROS

consciência, e pode durar de 2 a 5 minutos. Os sinais podem aparecer de forma combinada ou não,
e os mais comuns são:
• enrijecimento da musculatura (pernas e braços ficam estendidos), que pode culminar em queda;
• contrações involuntárias, repetidas e violentas dos músculos, levando a movimentos abruptos e
desordenados;
• dificuldade respiratória, com arroxeamento da pele (cianose);
• contração dos músculos da mastigação, o que pode resultar em mordedura da língua;
• perda do controle dos esfíncteres (levando a perda de urina ou fezes);
• salivação excessiva.
Ao final das contrações, há um relaxamento do corpo e um período de alteração da consciência ca-
racterizado por confusão mental e sonolência, marcando o final da convulsão. Gradualmente, a vítima
retomará a consciência, mas pode haver sonolência acompanhada de dores de cabeça por horas.
A convulsão parcial dura poucos segundos, pois as alterações elétricas atingem apenas algumas
áreas cerebrais. Podem ser acompanhadas de alteração de consciência ou não. Nas vítimas que
perdem a consciência, é comum encontrarmos:
• olhar fixo e ausente;
• rápido piscar de olhos;
• movimentos com a boca que lembram mastigação (em alguns casos).
A crise parcial pode evoluir e tornar-se generalizada, no entanto, costuma ser autolimitada a alguns
minutos e não demanda maiores cuidados, exceto a garantia de privacidade. Deve-se orientar a víti-
ma a procurar ajuda médica em caráter ambulatorial.

Primeiros socorros a vítimas durante convulsão generalizada


Durante os primeiros socorros, a maioria das vítimas de convulsão pode ser auxiliada apenas com
medidas de manutenção à vida e observando-se as regras básicas de primeiros socorros apresenta-
das no Capítulo 1.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


• peça ajuda;

• avalie a segurança da cena;

• acione o serviço de emergência de sua cidade;

• utilize medidas de prevenção contra infecções;

• impeça aglomerações e afaste curiosos;

• avalie a vítima sob o princípio da priorização;

• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;

• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

Os objetivos do atendimento de primeiros socorros à vítima com convulsão são proteger contra le-
sões e monitorar a respiração e a circulação, por meio da avaliação inicial. Além das regras básicas,
diante de uma vítima em convulsão, o socorrista leigo treinado ou o profissional da saúde deve:
• se possível, proteger a vítima da queda contra o chão;
• afastar objetos que possam causar ferimentos (móveis, pedras, etc.);

66 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

• proteger a cabeça de impactos no chão durante as contrações, colocando um acolchoamento;


• se não houver suspeita de trauma, lateralizar a cabeça sem forçar, para evitar o engasgamento
por aspiração da saliva;
• aguardar o final da crise convulsiva (fase de relaxamento).
Há um aspecto de muita importância a considerar enquanto se aguarda o fim da convulsão: se a ví-
tima apresentar convulsões repetidas, sem voltar totalmente à consciên­cia, caracteriza-se o “estado
mal epilético”. Essa condição é grave, pois o encéfalo pode sofrer com a insuficiência respiratória
progressiva – e, nesses casos, a mortalidade é muito alta. Insista com o serviço de emergência, avi-
sando dessa condição grave, ou providencie atendimento médico urgente. Esteja preparado para a
necessidade de RCP.
Algumas atitudes do socorrista podem ser muito negativas para a vítima que está em convulsão. Veja
algumas ações que um socorrista jamais deve executar:
• não tente impedir os movimentos da vítima segurando seus braços e pernas;
• não jogue água ou bata no rosto da vítima;
• não tente abrir a boca, mesmo que ela esteja sangrando;
• não coloque objetos de qualquer tipo na boca da vítima;
• não ofereça alimentos, líquidos ou medicamentos.

Primeiros socorros a vítimas no período pós-convulsão generalizada


• Se não houver suspeita de trauma, coloque a vítima em posição de recuperação (Figura 1) para
facilitar a drenagem de secreções;
• Monitore a circulação e a respiração realizando a avaliação inicial;
• Esteja preparado para a necessidade de RCP;
• Se necessário, faça a contenção de sangramentos;
• Fique atento às regras básicas de primeiros socorros;
• Oriente para o repouso até o transporte.

Figura 1. Posição
Figura 1. Posiçãode
de recuperação.
recuperação.

SENAC SÃO PAULO | 67


PRIMEIRO SOCORROS

DÚVIDAS COMUNS

1. É possível fingir uma convulsão?


É possível fingir uma convulsão, e muitas vezes será impossível para o socorrista diferenciar um fato
real de um forjado. Não se arrisque querendo identificar a situação e desmascarar a vítima. Faça o
atendimento como apresentado anteriormente e oriente a vítima e a família para procurar ajuda es-
pecializada.

2. O que fazer para evitar convulsões em uma criança que apresenta febre alta?
As convulsões por febre alta em crianças são mais comuns até os 5 anos de idade. Se a temperatura
exceder 37,5º deve ser providenciado acompanhamento médico, mas alguns procedimentos podem
auxiliar no controle:
• retirar o excesso de roupas;
• arejar o ambiente;
• providenciar um banho morno;
• compressas frias.
Medicamentos devem ser ministrados apenas por médicos.

3. Há muitas crendices sobre convulsão. Saliva “passa” convulsão?


Há muito preconceito e desconhecimento sobre convulsão. Fala-se que o indivíduo enrola a língua,
que a saliva é contagiosa e que epilepsia se pega no contato com o corpo da vítima em convulsão.
Como se trata de uma alteração elétrica, a saliva não passa convulsão ou epilepsia. E a vítima não
enrola a língua. Na verdade, os músculos da língua sofrem contrações, assim como todos os mús-
culos do corpo.

Qual é sua dúvida?

DOR NO PEITO
As doenças do coração são a principal causa de morte da população adulta. Isso se deve, entre
outras coisas, ao aumento da expectativa de vida da população e às modificações no estilo de
vida ocorridas nos grandes centros. As pessoas estão cada vez mais sedentárias e obesas, com
maior risco para distúrbios de pressão arterial e colesterol.

68 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Cerca de 50% das mortes por problemas cardíacos acontecem subitamente e antes que a vítima
consiga chegar ao hospital. Geralmente, esses quadros evoluem para a PCR devido a ocorrência
de fibrilação ventricular, arritmia sobre a qual falamos no Capítulo 2.
Entre os problemas cardíacos destacam-se aqueles que se originam da dificuldade de oxigenação
das células do coração, como o infarto agudo do miocárdio e a angina, cujo sinal mais evidente é a
dor no peito, chamada tecnicamente de dor torácica de origem cardíaca. Seus sinais e sintomas são
(Figura 2):
• sensação de aperto ou de opressão, de peso e de queimação no
centro do tórax, por até 20 minutos;
• essa sensação pode irradiar para todo o tórax (mais comumente
para o lado esquerdo) e também para ombros, pescoço, mandíbu-
la, braços e mãos;
• é comum a vítima esfregar as mãos no peito durante o episódio de
dor;
• mencionar sensação de morte iminente.
A dor torácica pode ser acompanhada de dificuldade para respirar,
náuseas, vômitos, palidez e sudorese. Se a dor perdurar por mais de
30 minutos, é grande a probabilidade de existência de infarto agudo Figura 2.
Figura 2.Dor
Dorno
nopeito
peito.
do miocárdio.
Idosos e diabéticos podem apresentar quadros semelhantes à dor descrita acima, porém sem dor ou
com uma dor mínima, difícil de caracterizar. São os chamados infartos silenciosos ou assintomáticos.
Não subestime esses quadros, na suspeita siga o protocolo e providencie auxilio médico urgente.
Existem ainda outras doenças que podem levar a dor torácica ou provocar dificuldades na sua de-
tecção. Há casos por exemplo, em que a dor no peito pode melhorar simplesmente com o repouso.
Somente uma equipe especializada poderá fazer tal diferenciação. Por isso, chame sempre o serviço
de emergência.

Primeiros socorros a vítimas de dor no peito


Diante da alta incidência deste problema e seu alto potencial de mortalidade em curto espaço de
tempo, os objetivos dos primeiros socorros para este grupo de pacientes são:
• reconhecimento precoce do problema por meio dos sinais e sintomas referidos;
• acionamento do serviço de socorro especializado (medida inicial básica);
• medidas precoces de manutenção da vida, que incluem promover a redução do consumo de
oxigênio pelo coração.
Além das regras básicas de primeiros socorros, devem-se realizar as seguintes medidas precoces de
manutenção até a chegada do socorro especializado:
• tranquilize a vítima;
• mantenha-a em repouso absoluto;
• impeça esforços e emoções, mesmo que mínimos;
• mantenha a vítima preferencialmente sentada, aquecida e confortável;
• areje o ambiente e afrouxe roupas, cintos, etc.;
• realize frequentemente a avaliação inicial na busca de intercorrências com a respiração e a circu-
lação;
• esteja preparado para a ocorrência de PCR;
• se houver DEA disponível, peça para alguém mantê-lo por perto.A Associação Americana do Co-
ração (AHA) não incentiva que socorristas façam o transporte de vítimas responsivas com dor
no peito até o hospital mais próximo; ela orienta para que seja chamado o socorro especializado

SENAC SÃO PAULO | 69


PRIMEIRO SOCORROS

e enquanto se aguarda sua chegada, sejam tomadas as medidas mencionadas acima e, princi-
palmente se a vítima não for alérgica e se não houver nenhuma contraindicação, seja oferecida
1 aspirina do tipo adulto ou 2 aspirinas do tipo infantil. Trata-se da única exceção quanto ao
fornecimento de medicamentos por parte de socorristas em situações de primeiros socorros.
Entre os exemplos mais comuns de contraindicação a aspirina está a presença de sangramentos
recentes, incluindo sangramento gástrico.

Qual é sua dúvida?

DESMAIO
Dizemos que uma pessoa está consciente quando ela tem a percepção de si mesma e do ambiente.
Basicamente, é capaz de abrir os olhos e fazer contato, e sabe seu nome, onde está e o que está
acontecendo.
O desmaio caracteriza-se por um episódio repentino e breve perda da consciência. Também chama-
do de síncope, por si só o desmaio não determina uma doença, mas é um sinal de inúmeras delas, e
por essa razão as vítimas devem ser encaminhadas a ajuda médica.
Suas causas mais comuns são alterações no fornecimento de oxigênio e glicose para o encéfalo, que
é muito sensível à falta de qualquer um desses dois nutrientes básicos. Essas alterações costumam
ocorrer, por exemplo, na exposição prolongada a ambientes quentes, alimentação precária e exercí-
cios físicos excessivos. Dor, medo e excitação excessiva também são causas prováveis.

Os sinais e sintomas mais comuns do desmaio são:


• perda da responsividade;
• relaxamento dos músculos;
• palidez;
• pele fria e úmida;
• retomada rápida da consciência (1 a 2 minutos).

Primeiros socorros a vítimas de desmaio


• Realize a avaliação inicial da vítima:
–– determine a irresponsividade e a presença de respiração;
–– chame o serviço de emergência e solicite o DEA;
–– realize compressões, se necessário;
–– abra vias aéreas e tome medidas pela ventilação, se necessário.

70 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

• Se a vítima estiver responsiva e respirando sem dificuldades, mantenha-a deitada e aquecida;


• Se não houver suspeita de trauma, eleve os membros inferiores para facilitar a circulação cerebral;
• Areje o ambiente e afrouxe roupas, cintos, etc.;
• Repita a avaliação primária na busca de intercorrências com a respiração e a circulação;
• Durante a retomada da consciência, não permita que a vítima se levante imediatamente;
• Não havendo melhora após 1 ou 2 minutos, execute nova avaliação inicial e, em seguida, coloque
a vítima em posição de recuperação (Figura 1).
O socorrista não deve jogar água na face da vítima na tentativa de fazê-la acordar, nem mesmo ofe-
recer éter ou álcool para inalação. São medidas não tecnicamente aceitas, com potencial de causar
danos. As regras gerais de atendimento também devem permear toda a abordagem.

Qual é sua dúvida?

SENAC SÃO PAULO | 71


PRIMEIRO SOCORROS

Resumo dos primeiros socorros as principais emergências clínicas


RESUMO DOS PRIMEIROS SOCORROS ÀS PRINCIPAIS EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

CONVULSÃO DURANTE A CRISE:


• Siga as regras básicas de primeiros socorros;
• Se possível, proteja a vítima de quedas;
• Afaste objetos que possam causar ferimentos;
• Proteja a cabeça de impactos no chão;
• Se não houver suspeita de trauma, lateralize a cabeça sem forçar;

APÓS A CRISE:
• Se não houver suspeita de trauma, coloque a vítima em posição de recuperação;
• Monitore a circulação e a respiração realizando a avaliação inicial;
• Prepare-se para RCP;
• Se necessário, faça contenção de sangramentos;
• Fique atento às regras básicas de primeiros socorros;
• Oriente para o repouso até o transporte;
• Siga as regras básicas de primeiros socorros.

NÃO:
• Impeça movimentos;
• Jogue água ou bata no rosto;
• Tente abrir a boca ou colocar algo dentro dela;
• Ofereça alimentos; medicamentos ou bebidas;
• Transporte a vítima durante a crise.

DOR NO PEITO • Acione o serviço de emergência;


• Tranquilize a vítima;
• Impeça esforços e emoções, mesmo que mínimos;
• Mantenha a vítima preferencialmente sentada, aquecida e confortável;
• Areje o ambiente e afrouxe roupas, cintos, etc.;
• Realize frequentemente a avaliação;
• Prepare-se para a ocorrência de PCR;
• Se houver DEA disponível, providencie.

DESMAIO • Realize a avaliação inicial da vítima;


• Mantenha a vítima deitada e aquecida;
• Eleve os membros inferiores para facilitar a circulação cerebral;
• Areje o ambiente e afrouxe roupas, cintos, etc.;
• Repita a avaliação primária;
• Durante a retomada da consciência, não permita que a vítima se levante.

72 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

5. Ferimentos
diversos

CONCEITOS BÁSICOS
Os ferimentos são lesões nos tecidos da superfí-
cie interna ou externa do corpo humano, incluindo
as diferentes camadas da pele, os músculos e os
órgãos internos.
Existem inúmeros critérios para a classificação
dos ferimentos. No geral, eles podem ser fecha-
dos ou abertos.
Nos ferimentos fechados, não há ruptura da pele e
pode haver sangramento interno devido à ruptura
de vasos internos com extravasamento de sangue.
Se superficial, pode formar uma área arroxeada de
contorno bem definido, chamada hematoma. O
hematoma subgaleal, conhecido como “galo”, é
um exemplo comum de ferimento fechado.
Nos ferimentos abertos, há ruptura da pele e a
possibilidade de sangramentos externos visíveis.
Entre as lesões mais comuns estão as abrasões
(ou escoriações), os cortes (ou incisões) e as avul-
sões (ou retalhos). Regra geral, todo sangramento
visível deve ser controlado, e por vezes esse san-
gramento está sob as roupas.
A gravidade de um ferimento é medida pela inten-
sidade do sangramento e pelo local atingido. A in-
tensidade do sangramento varia pelo tipo de vaso
sanguíneo atingido (Figura 1).

Figura
Figura 1. 1. Características
Características do sangramento
do sangramento em relação ao tipo de
vaso atingido (apresentação de sangramento externo).
em relação ao tipo de vaso atingindo
(apresentação de sangramento externo).

SENAC SÃO PAULO | 73


PRIMEIRO SOCORROS

Sangramento arterial: Sangramento venoso: Sangramento capilar:

vermelho vivo; • fluxo bem lento;


• vermelho escuro;
em jato; • baixa intensidade;
• fluxo estável e lento;
intenso e pulsátil; • uniforme;
• graves se não controlado.
sempre grave. • baixa gravidade.

O maior risco de um sangramento excessivo ou não controlado é a evolução para o estado de cho-
que. Se o sangramento for intenso, o corpo humano pode não conseguir compensar a perda de
líquido e evoluir para o estado de choque.
O estado de choque é a falência progressiva do sistema cardiovascular, em que o corpo não tem
como distribuir sangue oxigenado para os tecidos. Em sua evolução, pode se tornar um quadro irre-
versível cujo evento final é a morte.
As causas mais comuns de sangramentos externos são: arranhaduras, ferimentos com agentes pon-
tiagudos (por exemplo, pregos), perfuro-cortantes (por exemplo, faca ou tesoura), mordedura de ani-
mais e ferimentos por arma de fogo, entre outros.
Apesar de muitas vezes os ferimentos terem uma aparência drástica e serem acompanhados de mui-
ta dor, nem sempre são classificados de graves, a menos que estejam sangrando de forma descon-
trolada ou comprometam a respiração, como no caso dos ferimentos das vias aéreas, face, pescoço
ou tórax.

PRIMEIROS SOCORROS A VÍTIMAS COM FERIMENTOS


As ações de primeiros socorros a uma pessoa com ferimentos incluem basicamente as regras bási-
cas de atendimento e a execução de técnicas básicas de contenção de sangramentos.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


• peça ajuda;
• avalie a segurança da cena;
• acione o serviço de emergência de sua cidade;
• utilize medidas de prevenção contra infecções;
• impeça aglomerações e afaste curiosos;
• avalie a vítima sob o princípio da priorização;
• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;
• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

74 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Lembre-se de que a contenção das hemorragias faz parte da avaliação inicial e é ponto primordial
para as vítimas de ferimentos. Qualquer sangramento deve ser controlado.

Técnicas básicas de contenção de sangramentos


A compressão direta da lesão é a principal técnica de conten-
Figura 2. Lavagem de ferimentos.
ção de sangramentos. A aplicação de gelo ou compressas frias
é outra opção aplicável nas lesões fechadas de extremidades
(braços e pernas). Em ambas as situações, faça uma breve ins-
peção do ferimento.
Em sangramentos visíveis de pouca intensidade, antes de apli-
car uma dessas técnicas, deve se limpar o ferimento com água
e sabão (Figura 2) para retirar a sujidade mais grosseira. Ao final,
deve se secar com um pano seco e limpo. Na lavagem de fe-
rimentos não devem ser utilizados álcool, mertiolate, água oxi-
genada ou outro tipo de medicamento, que são prejudiciais à Figura
Figura2.2.Lavagem deferimentos.
Lavagem de ferimentos.
cicatrização.

Compressão direta da lesão


É o método mais simples e usual no controle de sangramentos. Promove diminuição do fluxo de
sangue e favorece a formação de coágulo no local do ferimento. Pode ser realizado com bandagens,
curativos prontos, gazes, ataduras ou mesmo com as próprias mãos da vítima ou do socorrista até
que se consiga outro material. O uso de camisetas limpas ou outros tecidos (lençóis, toalhas, etc.)
também é incentivado. Jamais utilize papel absorvente, algodão hidrófilo ou fita crepe, pois se en-
charcam facilmente e tendem a favorecer o sangramento. Não se deve executar pressão direta sobre
ferimentos com objetos encravados ou sobre ossos fraturados,
pois isso pode causar mais danos.
A técnica consiste em (Figura 3):
• coloque o material escolhido ou as mãos protegidas direta-
mente sobre a lesão;
• pressione firmemente por cerca de 10 a 15 minutos;
• observe o curativo, não permitindo que fique ensopado de
sangue (neste caso, não o remova, apenas coloque outro por
cima, reaplicando a pressão com a mão).
Nos ferimentos com grandes cortes, ao aplicar compressão di-
reta procure aproximar as bordas do corte para favorecer o con-
trole do sangramento. Figura 3.3.Compressão
Figura diretada
Compressão direta dalesão.
lesão.

Aplicação de gelo ou compressas frias


Este recurso promove a constrição dos vasos na região do
ferimento, diminuindo levemente o fluxo sanguíneo para o lo-
cal e, em consequência, o sangramento (Figura 4). São bem
indicados em lesões fechadas (contusões), como auxiliares
no controle da formação de hematomas decorrentes do ex-
travasamento interno de sangue.
Figura 3. Compressão direta da lesão.
São cuidados importantes em sua aplicação:
• não coloque o gelo ou a compressa diretamente sobre a
pele;

Figura 4.
Figura 4. Aplicação
Aplicaçãodede
gelo.
gelo.

SENAC SÃO PAULO | 75


PRIMEIRO SOCORROS

• Providencie um pano fino (meia, pano de prato, camiseta, gaze, etc.) para colocar entre o saco de
gelo e a pele do local;
• controle o tempo de aplicação das compressas (máximo de 10 a 15 minutos).

FERIMENTOS ESPECIAIS
Alguns ferimentos são considerados especiais em virtude de
suas características, localização ou possibilidade de complica-
ções e sequelas. Na maioria dos casos, comprometem funções
vitais e as vítimas devem ser encaminhadas a atendimento mé-
dico imediato. São considerados especiais os ferimentos:
• nos olhos: pelo comprometimento da visão;
• no pescoço: pelo comprometimento da respiração e a alta
possibilidade de sangramento;
• no tórax: pelo risco à respiração;
• no abdome: pela possibilidade de sangramento interno;
• na cabeça: pela possibilidade de comprometimento das fun- Figura
Figura 5. Ferimentonos
5. Ferimento nos olhos.
olhos.
ções neurológicas;
• amputações: pela possibilidade de perda da parte amputada e sangramento;
• encravados: pela possibilidade de ferimentos internos e sangramento.

Ferimentos nos olhos


• Se há corpo estranho solto, utilize água corrente para limpar;
• Se houver objetos encravados, estabilize sem remover, com a ajuda de ataduras, gazes e/ou co-
pos descartáveis;
• Se houver ferimentos abertos ao redor dos olhos, não execute compressão sobre o globo ocular,
apenas sobre a pele;
• No caso de impactos fechados (soco, impacto com bola, etc.), não utilize compressas de gelo
sobre o globo ocular;
• Para evitar o agravamento da lesão, cubra os dois olhos com gazes ou tecido limpo, mantendo-os
em repouso até a chegada ao atendimento médico (Figura 5).

Ferimentos no pescoço
• Contenha os sangramentos com compressão local direta;
• Não exerça compressão sobre a traqueia, de modo a não comprometer a respiração e a circula-
ção.

Ferimentos no tórax
• Se há hematomas, esteja atento à ocorrência de sinais de dificuldade para respirar;
• Para ferimentos abertos em que se perceba a saída de ar:
• cubra o ferimento com um plástico ou gaze e fixe 3 pontas (ou lados) com fita adesiva;
• se o ferimento for por arma de fogo ou arma branca, observe se há mais de 1 orifício (execute
curativos de 3 pontas com plástico em todos eles);
• mantenha a vítima lateralizada sobre o lado afetado ou em posição semissentada até a che-
gada ao serviço médico.

76 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Veja o capítulo de imobilizações, para os casos de suspeita de fratura de costelas e clavícula.

Ferimentos no abdome
• Para os ferimentos fechados, com presença de hematomas, esteja atento a informação de dor
abdominal e a sinais de choque. A dor acompanhada de rigidez no abdome pode significar lesões
internas importantes, com presença de sangramento. Esteja atento também a sangramentos por
via vaginal, anal ou uretral, pois também significam sangramento do abdome;
• Para os ferimentos com lesão aberta no abdome, se não houver exposição de vísceras, faça mo-
derada compressão da lesão;
• Se houver exposição de vísceras (evisceração):
• jamais tente recolocar as vísceras para dentro da cavidade abdominal; mantenha-as na posi-
ção em que foram encontradas;
• lave com água limpa ou soro fisiológico para retirar as sujidades e manter a umidificação;
• cubra com compressas umedecidas com água limpa ou soro (no lugar das compressas
umedecidas, pode-se utilizar plástico limpo para a cobertura das lesões);
• proteja o local com um curativo fechado sobre as compressas umedecidas ou sobre o plás-
tico, prendendo-o com esparadrapo às bordas;
• se não houver suspeita de trauma, mantenha os membros inferiores fletidos.

Ferimentos por amputação


• Execute compressão direta da lesão;
• Para a parte amputada, observe os seguintes cuidados:
• se possível, enxágue brevemente para retirar sujidades;
• envolva em gaze seca ou tecido seco e limpo;
• coloque em saco plástico bem fechado e, em seguida, em um recipiente com gelo (não sendo
possível usar gelo e estando a parte amputada bem coberta com plástico, pode-se usar água
gelada como alternativa, mas não pode haver contato da parte com o líquido);
• identifique o recipiente de gelo com nome, parte amputada, data e hora do acidente;
• o recipiente deve acompanhar a vítima até o hospital.

Ferimentos na cabeça
• Sempre que houver lesão na cabeça, deve-se suspeitar de lesão na coluna cervical e realizar a
estabilização manual da cabeça;
• Para os ferimentos fechados, com presença de hematoma subgaleal, esteja atento aos sinais de
comprometimento da função neurológica como: confusão mental ou agitação, sono excessivo,
sangramento pela orelha ou nariz, dificuldade para falar ou para andar, náuseas e vômitos, dor de
cabeça;
• Para os ferimentos abertos, faça leve compressão direta;
• Não tente impedir a saída de líquidos pela orelha e pelo nariz, apenas cubra com gaze ou pano
limpo para absorver o fluxo de sangue.

Ferimentos com objetos encravados


• Jamais remova um objeto encravado no corpo, exceto se ele estiver na face e dificultando
• a respiração;

SENAC SÃO PAULO | 77


PRIMEIRO SOCORROS

• Exponha o ferimento e não mexa no objeto;


• Controle o sangramento externo, com compressão direta;
• Imobilize o objeto com curativos macios e volumosos;
• Mantenha o repouso;
• Não tente quebrar ou encurtar o objeto, a menos que seu tamanho impeça o transporte.

ESTADO DE CHOQUE
Identificar o estado de choque é a única maneira de intervir precocemente nesta ocorrência. Veja no
quadro abaixo os principais sinais e sintomas (e suas causas) que determinam a instalação do estado
de choque:

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DO CHOQUE

SINAIS E SINTOMAS POR QUÊ?

Respiração rápida Para compensar a baixa oxigenação dos tecidos e


eliminar o acúmulo de gás carbônico.

Fraqueza, tontura, ansiedade


ou inquietação evoluindo para inicia o processo de perda das capacidades, incluindo
inconsciência o controle motor e o controle da consciência.

Palidez ou arroxeamento da pele, A contração compensatória dos vasos sequestra


pele fria e úmida sangue da pele, deixando-a pálida, fria e úmida.

Sede e frio intensos, A perda de líquidos e o sequestro de sangue da pele


pulso rápido levam à sensação de sede e à perda da temperatura
e fraco corporal.

Queda da pressão arterial Diminuição do volume de líquido circulante.

Diante de uma vítima de trauma com possibilidade de choque, providencie os seguintes cuidados de
emergência:
• chame imediatamente um serviço de emergência ou providencie transporte imediato;
• execute a avaliação primária e esteja preparado para a RCP;
• coloque a vítima em posição dorsal (barriga para cima), com as pernas elevadas a 45º (cerca de
30 a 40 cm de altura), para favorecer a circulação cerebral;
• se for impossível mantê-la com as pernas elevadas, mantenha o decúbito dorsal apenas (no caso
de mulheres grávidas, o decúbito lateral esquerdo é o mais indicado);
• aqueça a vítima com cobertores ou com o que for possível (jornais, roupas, toalhas, etc.), para que
o corpo não consuma toda a energia tentando promover seu próprio aquecimento;
• tente promover conforto à vítima para acalmá-la.

78 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

POSIÇÃO IDEAL DO CHOQUE


Não eleve as pernas se houver:
• dificuldade respiratória;
• lesão torácica;
• trauma craniano;
• fratura nas pernas;
• objeto encravado no olho;
dor no peito, não ofereça medica-
mentos ou líquidos sem prescrição
médica;
• zele pelo conforto e privacidade da
Figura 6.6.Posição
Figura Posição ideal nochoque.
ideal no choque.
vítima.
Nesses casos, mantenha o decúbito dorsal. Na presença de vômitos, lateralize a vítima para
a esquerda (posição de recuperação).

Diante de alguns ferimentos muito pequenos, o socorrista pode ter dúvidas a respeito da real neces-
sidade de encaminhar a vítima ao hospital. Abaixo, apresentamos alguns indicadores da necessidade
de encaminhamento:

Se houver:
• sangramento arterial ou incontrolável;
• objetos encravados ou possibilidade de contaminação;
• envolvimento de cabeça, vias aéreas, face ou genitais;
• envolvimento de arma branca e de fogo ou mordedura de animais.

Se o ferimento:
• for profundo e/ou maior que 1 cm;
• envolver camadas profundas da pele ou músculos.

DÚVIDAS MAIS COMUNS

1. Não se usa mais torniquete?


O uso de torniquetes pode trazer inúmeros problemas graves, caso não ocorra sob a mais cuida-
dosa atenção. Por isso, o aprendizado da técnica é limitado ao pessoal da área da saúde.

2. O que fazer no caso de um sangramento nasal que não seja causado por trauma na cabeça?
Essa situação é muito comum e pode ser decorrente de hipertensão arterial, excessivo calor ou
frio e atividades físicas muito intensas, entre outros. Nesses casos:
• mantenha a vítima sentada e imóvel;
• não tente interromper o sangramento;
• cubra as narinas com uma gaze apenas para não escorrer sangue sobre as vestes;
• se possível, aplique compressas frias na testa e nas laterais do nariz, longe dos olhos;
• busque ajuda médica para avaliar as causas.

SENAC SÃO PAULO | 79


PRIMEIRO SOCORROS

3. O que fazer nas mordeduras de cães e gatos?


Siga a avaliação inicial e as regras básicas relativas a ferimentos externos. Proceda normalmente
com feridas pequenas, lavando, secando e fazendo uma cobertura seca com tecido ou gazes.
Nos ferimentos maiores, use técnicas de contenção para sangramento, cobrindo em seguida
com tecidos limpos e secos ou gazes. Esteja atento à existência de choque. Para as medidas
preventivas contra a raiva, encaminhe a vítima ao hospital, onde receberá mais instruções.

4. Por que as lesões do couro cabeludo, face e mãos sangram tanto?


É comum observarmos grandes sangramentos na face e no couro cabeludo, mesmo diante de
lesões pequenas. Isso se deve à alta vascularização dessas regiões.

5. Devemos retirar anzóis no caso de encravamento nos dedos ou em outra parte do corpo?
É preferível encaminhar a vítima ao hospital. Na impossibilidade, se a ponta do anzol não possuir
gancho, não há muitos problemas em removê-lo fazendo o mesmo trajeto de entrada, porém em
sentido inverso. De qualquer forma, esteja preparado para sangramento. No caso do artefato
possuir um gancho na ponta, é premente o encaminhamento a uma unidade hospitalar.

6. Como proceder no caso de um pequeno inseto penetrar na orelha e não sair?


Para esta situação simples, existem as seguintes alternativas:
• utilize uma lanterna para atrair o inseto e fazê-lo sair; ou
• no caso de zumbido excessivo, derrame gotas de óleo de cozinha no orifício da orelha para
neutralizar as asas e matar o animal.
Em ambos os casos, recomenda-se a procura de um médico para confirmar a saída e/ou retirar
o inseto. Jamais utilize objetos pontiagudos na tentativa de retirar o inseto.

Qual é sua dúvida?

80 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

RESUMO
Resumo DAS
das REGRAS
regras GERAISde
gerais DEprimeiros
PRIMEIROS socorros
SOCORROSaAvítimas
VÍTIMAS de
DE FERIMENTOS
ferimentosESPECIAIS
especiais

FERIMENTOS ESPECIAIS

OLHOS • Corpo estranho solto: utilize água corrente;


• Objetos encravados: estabilize sem remover;
• Ferimentos abertos: não execute compressão sobre o globo ocular;
• Impactos fechados: não utilize compressas de gelo sobre o globo ocular;
• Para evitar o agravamento, cubra os dois olhos com gazes ou tecido
limpo.

PESCOÇO • Contenha sangramentos com compressão local direta;


• Não exerça compressão sobre a traqueia para não comprometer a
respiração e a circulação.

TÓRAX
• Para os ferimentos abertos em que se perceba a saída de ar:

– mantenha a vítima lateralizada ou em posição semissentada.

ABDOME • Para ferimentos fechados, com presença de hematomas, esteja atento à


informação de dor abdominal e aos sinais de choque;
• Para ferimentos com lesão aberta no abdome, se não houver exposição
de vísceras, faça moderada compressão da lesão;
• Se houver exposição de vísceras (evisceração):
– jamais tente recolocar as vísceras dentro da cavidade abdominal,
mantenha-as na posição em que foram encontradas;

– cubra com compressas umedecidas com água limpa ou soro;


– proteja o local com um curativo fechado sobre as compressas
umedecidas ou sobre o plástico, prendendo-o com esparadrapo às
bordas;
– se não houver suspeita de trauma, mantenha os membros inferiores

CABEÇA • Sempre que houver lesão na cabeça, deve-se suspeitar de lesão na coluna
cervical e realizar a estabilização manual da cabeça;
• Para os ferimentos fechados, esteja atento aos sinais de
comprometimento da função neurológica como: confusão mental ou

para falar ou para andar, náuseas e vômitos e dor de cabeça;


• Para os ferimentos abertos, faça leve compressão direta;
• Não tente impedir a saída de líquidos pela orelha e pelo nariz.

SENAC SÃO PAULO | 81


PRIMEIRO SOCORROS

FERIMENTOS ESPECIAIS

ENCRAVAMENTOS • Jamais remova um objeto encravado no corpo, exceto se ele estiver na

• Exponha o ferimento e não mexa no objeto;


• Controle o sangramento externo com compressão direta;
• Imobilize o objeto com curativos macios e volumosos;
• Mantenha a vítima em repouso.

AMPUTAÇÃO • Execute compressão direta da lesão;


• Para a parte amputada, observe os seguintes cuidados:
– se possível, enxágue brevemente para retirar sujidades;
– envolva em gaze seca ou tecido seco e limpo;
– coloque em saco plástico bem fechado e em um recipiente com gelo
(não tendo gelo por perto e estando a parte amputada bem coberta
com plástico, pode-se usar água gelada como alternativa, mas não
pode haver contato da parte com o líquido);

hora do acidente;
– o recipiente deve acompanhar a vítima até o hospital.

CHOQUE • Chame imediatamente o serviço de emergência;


• Execute a avaliação primária e esteja preparado para RCP;
• Coloque a vítima em posição dorsal com as pernas elevadas a 45º;
• Aqueça-a.

82 | SENAC SÃO PAULO


6. Queimaduras

CONCEITUAÇÃO BÁSICA
A pele é o maior órgão do corpo humano e é uma
barreira natural de proteção contra agentes físicos
(calor e frio), químicos (água, ácidos e outros) e
biológicos (bactérias, fungos, etc.), auxiliando ain-
da no controle da temperatura e da função sensi-
tiva. Se a pele sofrer uma agressão, essas capaci-
dades são imediatamente alteradas.
As queimaduras mais comuns são as produzidas
pelo sol ou pelo calor em ambiente doméstico
(fogo, objetos ou líquidos quentes), mas ainda po-
dem acontecer por contato por agentes químicos.
A maioria das lesões por queimadura é leve, pois
atinge apenas a camada mais superficial da pele.
No entanto a queimadura pode alcançar estrutu-
ras ainda mais profundas, como músculos, ossos,
nervos e vasos sanguíneos, e alterar o funciona-
mento de múltiplos sistemas corporais, repercu-
tindo sobre o coração, os pulmões e o encéfalo,
causando a morte.

ANÁLISE DA GRAVIDADE DAS QUEI-


MADURAS
A gravidade das queimaduras pode ser classifica-
da de acordo com o agente causador, a profun-
didade (camadas de pele que atinge), a extensão
(área corporal atingida) ou a localização (parte do
corpo atingida).

SENAC SÃO PAULO | 83


PRIMEIRO SOCORROS

De acordo com o agente causador, a queimadura pode ser:


De acordo com o agente causador, a queimadura pode ser:

Agente Fontes e características

Térmica São as mais comuns. Produzidas pelo calor (fogo, vapor, líquidos quentes, objetos
aquecidos) e pelo frio (gelo).

Química São graves. Produzidas por produtos ácidos e alcalinos.

Elétrica São graves, produzindo lesões internas, principalmente com risco ao coração.
Geralmente causadas por correntes elétricas e raios.

Radiação Nuclear, ultravioleta (do sol) e infravermelha.

De acordo com a profundidade, podem ser classificadas em:


De acordo com a profundidade, podem ser classificadas em:
De acordo com o agente causador, a queimadura pode ser:

Profundidade
Agente Características
Fontes e características

Primeiro grau
Térmica São as mais comuns. Produzidas pelo calor (fogo, vapor, líquidos quentes, objetos
vermelhidão
aquecidos) ee certo
pelo frioinchaço
(gelo). no local, com muita dor.

Segundo grau
Química Atinge
São umaProduzidas
graves. camada mais profunda
por produtos(epiderme e derme). Caracteriza-se por
ácidos e alcalinos.
vermelhidão, inchaço, dor intensa e presença de bolhas de tamanhos variados.
Elétrica São graves, produzindo lesões internas, principalmente com risco ao coração.
Terceiro grau Pode atingir causadas
Geralmente além das por
camadas profundas
correntes da pele,
elétricas geralmente acompanhada de
e raios.
lesões de primeiro e segundo graus. Pode ser indolor e apresentar coloração seca
Radiação e esbranquiçada,
Nuclear, ou (do
ultravioleta escura
sol)com aparência de carbonização. É bastante grave.
e infravermelha.

Quarto grau São as que alcançam todas as camadas da pele e ainda queimam tecidos,
músculos, podem
De acordo com a profundidade, ossos e ser
atéclassificadas
órgãos internos.
em:
Podem ocorrer vários graus de profundidade em uma mesma área corporal.
A análise da extensão
Profundidade é o fator de maior influência na avaliação de gravidade da queimadura. Quanto
Características
maior a extensão, maior o risco de morte da vítima, pois pode haver perda excessiva de líquidos do
corpo, perda
Primeiro de temperatura e altíssimo risco de infecções. Em primeiros socorros, o objetivo não é
grau
determinar a extensão, mas manter
vermelhidão a vítima
e certo comnovida,
inchaço prevenir
local, danos
com muita dor.adicionais e parar o processo
de queimadura.
Segundo
Quanto grau Atinge
à localização, uma camada
é preciso mais profunda
considerar (epidermeem
que queimaduras e derme).
algumasCaracteriza-se por
regiões específicas do
vermelhidão, inchaço, dor intensa e presença de bolhas de tamanhos variados.
corpo são muito críticas, por favorecerem a infecção da ferida ou causarem danos à respiração ou
mesmo por serem altamente incapacitantes para o trabalho e comprometedoras no aspecto estético.
Terceiro grau Pode atingir além das camadas profundas da pele, geralmente acompanhada de
É o caso das mãos, face, pés, genitais, pescoço, vias aéreas e tórax, chamadas de “áreas críticas”.
lesões de primeiro e segundo graus. Pode ser indolor e apresentar coloração seca
Uma queimadura nessas áreas é sempre
e esbranquiçada, grave.com aparência de carbonização. É bastante grave.
ou escura
Baseado nos quatro aspectos que traduzem a gravidade de uma queimadura, dizemos que:
Quarto grau São as que alcançam todas as camadas da pele e ainda queimam tecidos,
• Queimaduras leves: são aquelas de primeiro e segundo graus e pequenas (menores que a palma
músculos, ossos e até órgãos internos.
da mão);
• Queimaduras moderadas: são aquelas de primeiro grau e extensas (como as produzidas pelo sol);
segundo grau, de média extensão; e as de terceiro grau de pequenas áreas.
• Queimaduras graves: são aquelas de segundo e terceiro graus que envolvem face, pescoço, tó-
rax, mãos, pés, genitais e articulações em qualquer extensão. São graves também as extensas de
segundo e terceiro graus, além das químicas e elétricas.

84 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Além de todos os fatores já comentados, há outros que contribuem para a gravidade da queimadura:
a idade da vítima (crianças e idosos respondem muito mal a queimaduras) e a presença de outros
traumas ou lesões associadas (diabetes, hipertensão, etc.) que alteram a resposta corporal ao feri-
mento.

PRIMEIROS SOCORROS A QUEIMADURAS


As primeiras e mais fundamentais ações de primeiros socorros a uma pessoa queimada são comuns
a todos os tipos de queimadura, não importando a causa ou profundidade. Essas ações estão previs-
tas nas regras básicas de atendimento e nas regras gerais de atendimento a queimaduras.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


• peça ajuda;
• avalie a segurança da cena;
• acione o serviço de emergência de sua cidade;
• utilize medidas de prevenção contra infecções;
• impeça aglomerações e afaste curiosos;
• avalie a vítima sob o princípio da priorização;
• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;
• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

As regras gerais de atendimento a queimaduras são:


• interrompa o processo de queimadura utilizando água na temperatura ambiente e em abundância
para resfriar a área, seja com muita água corrente ou sob imersão por 15 minutos (Figuras 1 e 2);

Figura 1 e1 2.
Figuras e 2.Resfriamento da área
Resfriamento da áreaqueimada
queimada.

• sempre inicie o atendimento pela avaliação inicial com a checagem da responsividade e da res-
piração;
• retire joias, roupas e sapatos, se não estiverem grudados à pele;
• não perfure bolhas;
• não aplique pomadas, vaselinas, sprays, medicamentos ou pasta de dente, pois esses produtos
podem atrasar o atendimento definitivo no hospital e/ou causar mais dano aos tecidos;
• não aplique antídotos ou neutralizantes, pois as reações químicas podem provocar ainda mais
calor e piorar a queimadura;
• cubra o ferimento com gazes esterilizadas ou tecidos limpos e secos;
• no caso de queimaduras nas mãos ou pés, separe os dedos queimados com gazes limpas; se
estiverem grudados, não force a separação;

SENAC SÃO PAULO | 85


PRIMEIRO SOCORROS

• no caso de queimaduras nos olhos, o resfriamento deve ser mais intenso e mantido até o cuidado
definitivo no hospital. A cobertura deve ser feita com gazes úmidas e em ambos os olhos;
• promova aquecimento até a chegada ao atendimento final.
• procure saber:
• o que causou a queimadura?: de acordo com a causa, os cuidados podem se alterar;
• houve outro trauma?: a vítima pode ter sofrido uma queda, por exemplo, e possuir traumas
associados que pioram o resultado;
• houve inalação de vapor, gazes ou fumaça?: pode ser um indicativo de queima- duras por
inalação que comprometam as vias aéreas;
• providencie transporte para avaliação e tratamento hospitalar – nas queimaduras pequenas, con-
sidere a possibilidade de transportar a vítima por conta própria.
Os primeiros socorros a vítimas de queimaduras térmicas podem ser efetivados apenas com a aten-
ção a essas regras gerais de atendimento. Em relação a outras causas, algumas especificidades
precisam ser abordadas.

Aspectos específicos dos primeiros socorros a queimaduras quimicas


As substâncias químicas continuam a queimar enquanto estiverem em contato com o corpo.
Afastar o agente agressor é fundamental. Para isso, utilize água em abundância.
1. Use luvas ou outro método de barreira para não entrar em contato com o produto químico.
2. Lave a região com muita água corrente por tempo superior a 15 minutos, utilizando, se possível,
um chuveiro. (Veja no quadro abaixo as situações em que não se deve utilizar água no resfria-
mento.)
3. Não tentar usar neutralizantes ou antídotos.
4. Para substâncias em pasta ou em pó, antes de resfriar com água, primeiro remova o excesso com
uma escova ou tecido seco e, em seguida, resfrie. Isso evita que o produto escorra pelas roupas
ou pela pele, causando queimaduras por onde passa.
5. Se possível, identifique prontamente o agente químico.

EXCEÇÕES AO USO DA ÁGUA


• Pó de cal: torna-se corrosivo depois do contato com a água e pode piorar a queimadura.
• Ácido sulfúrico: em contato com a água, produz mais calor e piora a lesão; só pode rece-
ber água se em extrema abundância.
• Ácido carbólico (fenol): deve ser removido com álcool e, em seguida, receber irrigação
com água.

Aspectos específicos dos primeiros socorros a queimaduras por inalação


Este tipo de queimadura pode acontecer por inalação de fumaça proveniente da combustão de pro-
dutos químicos e por gazes ou vapores aquecidos.
A fumaça de incêndios ou produtos químicos é altamente tóxica e pode provocar irritação nos olhos
e lesões nas vias aéreas, com consequente dificuldade para respirar. Os sinais e sintomas de inalação
de fumaça são: dificuldade respiratória, tosse, ar da expiração com cheiro de fumaça ou de produto
químico, resíduos acinzentados da fuligem da fumaça ao redor da boca e nariz.

86 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

A queimadura por inalação de vapores quentes leva a ressecamento e inchaço da mucosa do nariz e
nas vias aéreas em geral, tornando a respiração muito dificultada diante da obstrução. Esse edema
pode ser leve e imperceptível no início e se agravar com o passar do tempo. Os sinais mais comuns
de queimaduras por inalação são: queimaduras na face, dificuldade respiratória, rouquidão, tosse e
respiração ruidosa.
No caso de queimaduras por inalação, esteja preparado para:
• se possível, retirar a vítima do ambiente e colocar em local bem arejado;
• posicionar a vítima consciente e sem traumas adicionais na posição sentada;
• se inconsciente, colocar a vítima em posição de recuperação;
• abrir as portas e janelas para melhorar a ventilação;
• aquecer a vítima;
• monitorar a respiração com a ajuda da avaliação inicial;
• providenciar transporte ou socorro especializado.

Aspectos específicos dos primeiros socorros às queimaduras elétricas


Gravíssimas, essas queimaduras podem provocar alterações importantes no funcionamento da ati-
vidade elétrica do coração, levando até à morte por parada cardiorrespiratória. Suas características
mais comuns são:
• lesão por queimadura em dois pontos diferentes do corpo (uma no ponto de entrada da corrente
e outra no ponto de saída da corrente elétrica);
• tremores ou flacidez dos músculos;
• dificuldade respiratória;
• agitação ou inconsciência;
• convulsões (em casos graves).

No caso de queimaduras desse tipo, esteja preparado para iniciar a abordagem pela
avaliação primária e realizar RCP, se necessário.

SENAC SÃO PAULO | 87


PRIMEIRO SOCORROS

DÚVIDAS MAIS COMUNS


1. Como proceder no caso de queimaduras por raios?
Nesse tipo de acidente, deve-se considerar a hipótese de múltiplas lesões simultâneas, quei-
maduras graves e PCR. Leve a vítima para um lugar protegido, inicie a avaliação inicial e esteja
preparado para realizar RCP. Acione o serviço de emergência.
2. Como é feito o cálculo da extensão de área queimada?
Não cabe ao socorrista que presta primeiros socorros calcular a superfície corpórea queimada.
Isso deve ser realizado por profissionais da saúde pertencentes a serviços de emergência pré-
-hospitalar e pelas equipes de atendimento hospitalar.
Apenas para ilustrar, são duas as principais formas de cálculo utilizadas: a regra dos 9 e a regra
da palma da mão.
A regra dos 9 divide o corpo em regiões atribuindo valores percentuais derivados do 9 para cada
região. Para os adultos, considera-se: cabeça e pescoço = 9%; região posterior e anterior do
tronco = 18% cada uma; membros superiores = 9% cada um; membros inferiores = 18% cada
um; genitais = 1%. Para as crianças, cabeça e pescoço equivalem a 18%, e cada membro inferior
é equivalente a 13,5%.
A regra da palma da mão prevê que cada área de queimadura do tamanho da palma da mão da
vítima seja correspondente a 1%. Em ambas as regras, a somatória de todas as regiões em per-
centuais corresponde ao percentual de área queimada.

Qual é sua dúvida?

88 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Resumo das regras gerais de primeiros socorros à vítimas de queimaduras


RESUMO DAS REGRAS GERAIS DE PRIMEIROS SOCORROS A VÍTIMAS DE QUEIMADURAS

ASPECTOS GERAIS • Pare o processo de queimadura utilizando água na temperatura


DE ATENDIMENTO A ambiente em abundância por 15 minutos;
QUEIMADURAS • Inicie o atendimento pela avaliação inicial;
(inclui queimaduras térmicas)
• Retire joias, roupas e sapatos, se não estiverem grudados à pele;
• Não perfure bolhas;
• Não aplique pomadas, vaselinas, sprays, medicamentos ou pasta
de dente;
• Não aplique antídotos ou neutralizantes;
• Cubra o ferimento com gazes esterilizadas ou tecidos limpos e
secos;
• No caso de queimaduras nas mãos ou nos pés, separe os dedos
queimados com gazes limpas, exceto se estiverem grudados;
oe
cubra os olhos com gazes úmidas;
• Aqueça a vítima;
• Busque informações: o que causou a queimadura?, houve outro
trauma?, houve inalação de vapor, gazes ou fumaça?;
• Providencie transporte para avaliação e tratamento hospitalar;
• Nas queimaduras pequenas, considere transportar a vítima por
conta própria.

ASPECTOS ESPECÍFICOS • Retire a vítima do ambiente e coloque em local bem arejado;


DO ATENDIMENTO A • Posicione a vítima consciente na posição sentada;
QUEIMADURAS POR
• Se irresponsiva, coloque em posição de recuperação;
INALAÇÃO
• Melhore a ventilação;
• Aqueça a vítima;
• Monitore a respiração com a ajuda da avaliação inicial;
• Providencie transporte ou socorro especializado.

ASPECTOS ESPECÍFICOS • Prepare-se para realizar RCP;


DO ATENDIMENTO A • Esteja atento à presença de dois pontos de queimaduras.
QUEIMADURAS ELÉTRICAS

ASPECTOS ESPECÍFICOS • Use método de barreira para não entrar em contato com o produ-
DO ATENDIMENTO A to químico;
QUEIMADURAS QUÍMICAS • Lave a região com muita água corrente por tempo superior a 15
minutos, utilizando, se possível, um chuveiro (observe as exce-
ções);
• Não use neutralizantes ou antídotos;
• Para substâncias em pasta ou em pó, primeiro remova o excesso
com uma escova ou tecido seco e, em seguida, resfrie.

SENAC SÃO PAULO | 89


7. Intoxicações

IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO
BÁSICA
Intoxicações carcterizam-se por distúrbios nas
funções do corpo humano devido à interação com
substâncias químicas de qualquer natureza, seja
de forma acidental ou intencional.
Algumas dessas substâncias podem produzir efei-
tos tóxicos somente quando em quantidade eleva-
da. É o caso de inúmeros medicamentos.
Entre as substâncias que podem produzir intoxi-
cações estão:
• medicamentos (analgésicos, antidepressivos,
estimulantes e xaropes, etc.);
• produtos de limpeza em geral (ceras, desinfe-
tantes, água sanitária, etc.);
• cosméticos (acetona, talcos, etc.);
• derivados do petróleo (gasolina, graxa, óleo
diesel, etc.);
• pesticidas, raticidas, inseticidas;
• gases (fumaça de incêndio, monóxido de car-
bono, amônia, etc.);
• produtos químicos usados em empresas, alca-
linos e ácidos (soda cáustica, etc.);
• plantas (comigo-ninguém-pode, espirradeira,
trombetas, etc.);
• drogas ilícitas (cocaína, maconha, ecstasy,
LSD, etc.);
• bebidas alcoólicas (destiladas ou fermentadas)
e outras (cafeína e chás).

SENAC SÃO PAULO | 91


PRIMEIRO SOCORROS

As vias de acesso para a entrada destas substâncias no corpo humano são:


• ingestão: deglutição de substâncias por via oral (álcool, medicamentos, produtos de limpeza, etc.);
• inalação: por meio de movimentos da respiração (monóxido de carbono, aerossóis, fumaça, etc.);
• absorção: contato com a pele (plantas, tinta, etc.);
• injeção: inoculação de substâncias no corpo por meio de agulhas ou peçonha (medicamentos,
cocaína, etc.).
O objetivo do atendimento de primeiros socorros a vítimas com suspeita de intoxicação é a manuten-
ção da vida até o atendimento definitivo.
Não se trata de tentar determinar o agente causador pelos sinais e sintomas, pois são inúmeros os
agentes causadores e inúmeros os sinais e sintomas apresentados. Trata-se apenas de suspeitar da
ocorrência de contato com um agente intoxicante e providenciar as medidas de manutenção da vida
e de transporte ao atendimento final.

SUSPEITE QUE UMA VÍTIMA


ESTEJA INTOXICADA QUANDO HOUVER:
• história compatível;
• alterações na avaliação primária;
• alterações de comportamento;
• convulsão;
• antecedentes médicos ou na história pessoal;
• caixas de medicamentos, seringas, frascos de bebida, tinta ou
outros indícios no ambiente;
• uso de produtos químicos no ambiente profissional.

PRIMEIROS SOCORROS A VITIMAS NA SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


• peça ajuda;
• avalie a segurança da cena;
• acione o serviço de emergência de sua cidade;
• utilize medidas de prevenção contra infecções;
• impeça aglomerações e afaste curiosos;
• avalie a vítima sob o princípio da priorização;
• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;
• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

Siga as regras básicas de primeiros socorros, garantindo principalmente a sua segurança, evitando
entrar em contato com a substância:
• remova a vítima do local de risco, colocando-a em um ambiente arejado e seguro;

92 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

• realize a avaliação primária da vítima iniciando pela res-


ponsividade (Figura 1) e tratando os problemas conforme
encontrados (atente para a ocorrência de obstrução das
vias aéreas e parada cardiorrespiratória);

• remova as roupas que tiverem sinais de contaminação


ou contato com a substância envolvida;

• no caso de substâncias químicas em contato com a pele,


lave intensamente com água corrente (Figura 2) para diluí-
-las – caso seja um produto químico em pó, antes de lavar,
retire o excesso de substância com um pano seco; Figura
Figura 11

• no caso da retirada de roupas ou lavagem com água


corrente, esteja atento à ocorrência de hipotermia
mantenha a vítima aquecida enquanto aguarda o socorro
profissional;

• se for necessário transportar a vítima:

• vítimas inconscientes sem outros traumas devem ser


transportadas em posição de recuperação (decúbito
lateral esquerdo); Figura
Figura 22

• vítimas conscientes com dificuldade respiratória devem ser transportadas em posição semis-
sentada;

• leve junto à vítima potes, frascos ou outros recipientes que contenham restos da substância;
• esteja atento à ocorrência de vômito na vítima inconsciente – nesse caso, posicione a vítima
em decúbito lateral esquerdo e, se possível, recolha parte do líquido para encaminhar ao
hospital, auxiliando na detecção do agente intoxicante.

Considerações sobre a intoxicação aguda por álcool


A intoxicação aguda por álcool ou o alcoolismo agudo, como é chamado tecnicamente, pode ser
considerada a causa mais comum de intoxicação em nosso meio.
Os sinais e sintomas apresentados são dependentes da substância envolvida (tipo de bebida) e
do teor alcoólico em relação a peso, altura e condições físicas do indivíduo.
A ingestão de bebida alcoólica sofre grande influência da cultura de uma população e chega a ser
um comportamento socialmente aceito, como em nosso país. No entanto, há estreita relação entre
a ingestão excessiva de bebida alcoólica e a violência interpessoal, a ocorrência de acidentes e de
doenças como pancreatite e problemas hepáticos.
O etanol (álcool contido nas bebidas mais comuns) é um líquido volátil, incolor, inflamável e com alto
poder de penetração no corpo humano. É absorvido no estômago (20%) e nos intestinos (80%), sen-
do eliminado pelos rins e pulmões através da urina e expiração, respectivamente.
O principal efeito do etanol é a potente depressão do sistema nervoso central. Contudo, níveis baixos
dessa substância no sangue levam a certa desinibição, euforia e aumento da autoconfiança, além
de fala arrastada, diminuição da coordenação motora e rubor facial, que são efeitos toleráveis e que
causam sensação de bem-estar.
Níveis moderados ou altos de álcool no sangue deprimem as funções do encéfalo e levam à sonolên-
cia, instabilidade emocional, diminuição das respostas motoras e da consciência e até depressão do
sistema respiratório, podendo evoluir para morte diante de complicações respiratórias. A associação
do etanol com drogas sedativas, anticonvulsivantes, antidepressivas e analgésicas pode potenciali-
zar tais efeitos.

SENAC SÃO PAULO | 93


PRIMEIRO SOCORROS

Na abordagem em primeiros socorros a vítimas de intoxicação aguda por álcool, siga os princípios
determinados anteriormente, porém esteja alerta para a ocorrência de dificuldades com a respiração.
É importante ressaltar que a depressão do sistema nervoso central leva o indivíduo intoxicado por ál-
cool a alguns comportamentos que geram descaso e desprezo por parte das outras pessoas. Nunca
é demais lembrar que o Conselho Federal de Medicina considera o alcoolismo agudo uma enfermi-
dade que leva a dependência física e psíquica do usuário e não deve ser considerado simplesmente
um vício.
Não se deixe levar pelo comportamento usual. Seja diferente. Ajude. Preste socorro.

Considerações sobre a intoxicação aguda por drogas ilícitas


É alta a incidência de intoxicação por drogas ilícitas em nosso país, principalmente por maconha,
cocaína e seus derivados, como o crack.

Maconha
A maconha é a mais comum e mais usada, provavelmente pelo seu menor custo e maior facilidade
de obtenção. Geralmente consumida na forma de cigarro, como se fosse inalada, seus efeitos variam
de acordo com a pureza da droga e condições físicas e psicológicas do usuário:
• doses menores levam a alucinações visuais e auditivas, pensamento lento e diminuição da per-
cepção da realidade e da própria identidade, olhos vermelhos, sedação e sono;
• doses mais elevadas levam a agitação, delírio e ansiedade.

Cocaína
A cocaína é um pó fino e branco que pode ser aspirado por via nasal ou injetado na veia. Seu derivado
mais consumido é o crack, encontrado em formato de cristais (como pequenas pedras), que pode ser
inalado como um cigarro. Seu uso leva a:
• euforia e instabilidade emocional, com agitação e alucinações (inicialmente);
• exacerbação da instabilidade emocional (em uma fase mais avançada);
• comprometimento das funções do coração (incluindo dor no peito e PCR), que é o mais grave
sinal;
• convulsões;
• coma.
Esse grupo de vítimas precisa de atendimento médico, psicológico e social em longo prazo e na fase
aguda, principalmente ajuda médica. Promova os cuidados de primeiros socorros descritos e provi-
dencie transporte imediato ao atendimento definitivo. Na medida do possível, possibilite um ambiente
confortável e tranquilo, sem cobranças. Seja cooperativo.

Qual é sua dúvida?

94 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

DÚVIDAS MAIS COMUNS


1. O que é monóxido de carbono? O que fazer em caso de intoxicação?
O monóxido de carbono é um gás incolor e inodoro liberado durante a combustão de inúmeros
materiais tipicamente domésticos, como celulose, madeira e algodão, e também pelo escapa-
mento de veículos. Esse tipo de intoxicação leva rapidamente à morte.
Suspeite de problemas do tipo no caso de vítimas inconscientes após incêndios ou períodos pro-
longados de exposição a produtos exalados do escapamento de carros. Os sinais mais comuns
são dores de cabeça, fraqueza, náuseas e/ou vômitos e alterações de consciência. Muitas vezes,
como sinal tardio, aparece uma intensa coloração rósea na pele.
Nesses casos, siga os fundamentos de primeiros socorros já apresentados.

Resumo dos primeiros socorros a vítimas com suspeita de intoxicação


RESUMO DOS PRIMEIROS SOCORROS A VÍTIMAS COM SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO

1. Siga as regras básicas de primeiros socorros.

2. Ambiente arejado e seguro.

3. Avaliação primária da vítima.

4. Estar atento à ocorrência de problemas res-


piratórios e cardíacos (PCR e dor no peito),
ocorrência de vômitos e alteração no com-
portamento habitual.

5. Remova roupas em contato com as substân-


cias. Se forem substâncias químicas em pó,
lave com água abundante.

6. Aqueça a vítima.

7. Enquanto aguarda o socorro, posicione a ví-


tima da maneira mais adequada.

8. Transporte junto à vítima potes, frascos e recipien-


tes que contenham restos da substância suspeita.

9. Se há suspeita do abuso de álcool ou drogas ilíci-


tas, promova o atendimento como previsto e seja
cooperativo.

10. Providencie transporte.

SENAC SÃO PAULO | 95


8. Acidentes
com animais
peçonhentos

IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO
BÁSICA
Animais peçonhentos são aqueles que possuem
aparelho inoculador de veneno, capaz de injetar
essa substância no corpo humano. São exemplos
de animais peçonhentos cobras, aranhas, escorpi-
ões, vespas e abelhas.
Animal venenoso é aquele que possui veneno, po-
rém não possui aparelho inoculador (como a ara-
nha caranguejeira e seus pelos urticantes). Na prá-
tica, incorretamente, ambos os termos são usados
para designar o mesmo grupo de animais.
Trata-se de um tipo de acidente comum em áreas
urbanas e rurais. Muitas vezes, em comunidades
rurais, os ferimentos são tratados com medidas
caseiras e pouco confiáveis.
Neste capítulo, serão abordados os principais as-
pectos dos acidentes e o atendimento de primei-
ros socorros em casos de:
• ofidismo: acidente com cobras;
• escorpionismo: acidente com escorpiões;
• araneísmo: acidente com aranhas;
• acidentes com abelhas e vespas.

ATENÇÃO!
Idosos e crianças são mais suscetíveis ao
efeito de venenos em geral!

SENAC SÃO PAULO | 97


PRIMEIRO SOCORROS

OFIDISMO
Em nosso país, os acidentes com cobras são comuns, principalmente
nos meses quentes (novembro a abril) e durante o período diurno. As
serpentes que mais causam acidentes são:
• jararaca e outras do gênero, como a jararaca pintada, jararacuçu e
a urutu (88,2% dos acidentes desse tipo);
• cascavel (8,2%): única a possuir chocalho ao final da cauda, é a
responsável pelo maior número de mortes;
• surucucu (2,9%): enormes e com escamas, são comuns em grandes florestas;
• coral (0,7%): com halos de cores bem marcantes, têm hábitos noturnos e são pouco agressivas;
só atacam se abordadas.

ATENÇÃO!
Não cabe ao socorrista identificar o tipo de cobra, ou mesmo capturá-la. A identificação
pode ser feita por meio dos sinais e sintomas da vítima, e a captura deve ser realizada apenas
por pessoal especializado. Preste socorro à vítima.

É muito comum que a vítima não consiga dar informações suficientes sobre o animal a ponto de
permitir sua identificação. Por essa razão, a observação dos sinais ou sintomas referidos pela vítima
é fundamental para o médico durante o atendimento definitivo.
Veja abaixo algumas características da ação do veneno desses animais sobre o corpo humano:

Tipo de
Ação do veneno Local da picada Outras observações e sinais
cobra
Destrói as proteínas
Se for inoculada grande
dos tecidos, gerando Muita dor, inchaço
quantidade de veneno, pode
Jararaca necrose, e têm ação e formação de
haver hemorragia nas gengivas
anticoagulante levando bolhas de sangue.
e pelo nariz.
a hemorragias.
Dor muscular, paralisia dos
músculos da face, pálpebras
Tóxica ao tecido Formigamento e caídas, visão turva e até parada
Cascavel
nervoso e muscular. discreta dor local. respiratória. A lesão de tecidos
musculares pode levar a graves
problemas nos rins.

98 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Outras observações
Tipo de cobra Ação do veneno Local da picada
e sinais
Semelhante ao da
Muita dor, inchaço
jararaca e ainda com Inoculam grande quantidade
Surucucu e formação de
ação tóxica para o de veneno.
bolhas de sangue.
tecido nervoso.
Paralisa da musculatura
das costelas causando
Tóxica para o tecido Dormência e
Coral dificuldade para respirar.
nervoso. discreta dor.
Pálpebras caídas, visão dupla
e excesso de salivação.

Com o objetivo de evitar acidentes com esse grupo de animais, observe os seguintes cuidados:
• mantenha sua residência livre de entulhos;
• em ambientes rurais, use botas, sapatos fechados ou botinas sempre com cano alto;
• não coloque a mão em buracos na terra, em madeira oca ou qualquer local em que não haja vi-
sibilidade;
• antes de ultrapassar troncos caídos ou andar por barrancos ou margens de rios e lagos, examine
o local.

ESCORPIONISMO
Os escorpiões são animais da família das aranhas. São aracnídeos que vi-
vem junto a lixo, entulho, sujeira e umidade. Com hábitos noturnos, saem
para caçar animais vivos com os quais se alimentam.
Alcançaram importância diante do alto número de acidentes ocorridos nos
centros urbanos e pela gravidade dos sinais e sintomas, principalmente em
idosos e crianças abaixo de 7 anos ou desnutridas.
Os escorpiões que mais causam acidentes no Brasil são o escorpião amarelo (ao lado) e o marrom,
sendo que o primeiro possui o veneno com maior toxicidade, capaz de provocar sintomas de maior
intensidade.

ATENÇÃO!
Não cabe ao socorrista tentar capturar o animal. A captura deve ser realizada apenas por
pessoal especializado. Preste socorro à vítima.

SENAC SÃO PAULO | 99


PRIMEIRO SOCORROS

Os sinais e sintomas produzidos por esse tipo de acidente são:


• dor e formigamento local;
• náuseas, excesso de salivação, diarreia e dor abdominal;
• alterações no ritmo do coração e alterações de pressão arterial;
• problemas pulmonares, levando a dificuldade para respirar;
• hipotermia;
• dor de cabeça, escurecimento da visão, tonturas e coma.

ARANEÍSMO
Mesmo com baixa mortalidade, esse tipo de acidente tem impor-
tância diante da possibilidade de lesões graves e por acontecer
mais em áreas urbanas e no período diurno durante todo o ano.
As aranhas que provocam maior número de acidentes são a aranha
armadeira (ao lado), com 60,7% dos casos, a aranha marrom, a vi-
úva-negra ou flamenguinha, a aranha de jardim e as caranguejeiras.

ATENÇÃO!
Não cabe ao socorrista identificar o tipo de aranha, ou mesmo capturá-la. A identificação
pode ser feita por meio dos sinais e sintomas da vítima, e a captura deve ser realizada apenas
por pessoal especializado. Preste socorro à vítima.

Veja abaixo algumas características desses animais e a ação de seu veneno sobre o corpo humano:

Ação do Local
Tipo de cobra Outras observações e sinais
veneno da picada
• Acidente mais comum.
• Agressivas e grandes, têm 5 cm e
Dor intensa, alcançam até 15 cm de envergadura.
inchaço e • Habitat: residências, folhagens de
Tóxico para reções locais bananeiras e de jardim.
ARMADEIRA o sistema que podem se
nervoso. irradiar para • Normalmente só sinais locais.
outras partes • Casos graves podem evoluir para
próximas. tremores, distúrbios visuais e até
convulsões.
• Em crianças, pode levar ao choque.

100 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

TIPO AÇÃO LOCAL CARACTERÍSTICAS


DE ARANHA DO VENENO DA PICADA GERAIS

MARROM Destrói as Ausência de • Comuns no sudeste do Brasil.


proteínas dor. • Hábitos noturnos.
dos tecidos, • Vivem no interior das residências (atrás
levando a de móveis, em porões, sótãos, sapatos e
necrose. outros locais escuros e quentes).
• São mansas e pequenas.
• Picam quando comprimidas contra o
corpo.
• A ausência de dor no ato da picada leva
a vítima a não dar valor, nem perceber o
acidente.
• A demora na busca de ajuda pode produ-
zir graves lesões no local da picada e até
necrose.

VIÚVA-NEGRA Tóxico para Dor intensa • Habitat: regiões praianas.


o sistema com • Possuem o abdome de cor vermelha e
nervoso. irradiação. preta.
• A picada leva a dor muscular intensa,
contraturas generalizadas e convulsões.

ARANHA Leve Dor local. • Menores que as armadeiras.


DE JARDIM destruição • Não são agressivas.
das proteínas. • Habitat: gramados próximos a residên-
cias.
• Possuem um desenho no formato de
uma seta no dorso.

CARANGUEJEIRAS Ação Coceira • São assustadoras, mas não possuem


urticante. extrema. peçonha.
• Lançam pelos urticantes do dorso do
abdome, causando reações locais como

respirar.

ACIDENTES COM ABELHAS


Os acidentes com abelhas tornaram-se mais comuns no Brasil após os anos 1960, quando as abe-
lhas africanas foram trazidas ao país. Hoje encontramos aqui abelhas alemãs, italianas, africanizadas
e africanas, sendo as duas últimas as mais agressivas.
O veneno das abelhas possui inúmeras substâncias ativas potentes que levam a reações locais e
por todo o corpo. Essas reações ocorrem devido a lesão nas células, lesão aos glóbulos vermelhos,
lesão neurológica e até alteração nos vasos sanguíneos. Resta o conforto de saber que, ao picarem,
as abelhas perdem o seu aparelho inoculador (ferrão) e parte do abdome, culminando em sua morte.
Esse tipo de acidente pode provocar manifestações muito diferentes em cada indivíduo, dependendo
da sensibilidade ao veneno e do número de picadas recebidas. A sensibilidade tem relação com a
resposta imunológica do indivíduo. Na prática, uma pessoa pode nem saber que é alérgica a um dos
componentes do veneno da abelha, vindo a descobrir apenas após a picada e a ocorrência de sinais
e sintomas. Por outro lado, um indivíduo pode tornar-se sensibilizado a um dos componentes após

SENAC SÃO PAULO | 101


PRIMEIRO SOCORROS

ter sido picado uma primeira vez, e só descobrirá a partir da reação alérgica desencadeada por uma
segunda picada.
Basicamente, existem três tipos de resposta de um indivíduo ao contato com o veneno das abelhas:
• acidentes com uma ou poucas picadas em um indivíduo não sensibilizado: leva a fortes dores
locais, inchaço, vermelhidão e calor local, que regridem rapidamente.
• acidentes com uma ou mais picadas em indivíduo sensibilizado: muito grave e com risco de mor-
te, diante da possibilidade de choque anafilático que se inicia em alguns minutos. Leva a sinais
de dificuldade respiratória e rápida evolução para parada respiratória e cardíaca. Esteja preparado
para realizar RCP.
• acidentes com múltiplas e simultâneas picadas como num ataque por um enxame: em números
aproximados, 300 ou mais picadas em um adulto de 55 kg, ou cerca de 30 picadas em uma crian-
ça de menos de 2 anos são capazes de produzir essa reação. Caracteriza-se por dor e inchaço
generalizado, agitação e dificuldade respiratória, que pode evoluir para parada respiratória e car-
díaca. Atenção para a necessidade de RCP.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS A VÍTIMAS DE ACIDENTES


COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


• peça ajuda;
• avalie a segurança da cena;
• acione o serviço de emergência de sua cidade;
• utilize medidas de prevenção contra infecções;
• impeça aglomerações e afaste curiosos;
• avalie a vítima sob o princípio da priorização;
• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;
• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

102 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

• siga as regras básicas de primeiros socorros, garantindo principalmente a sua segurança para
evitar um acidente enquanto o animal estiver próximo;
• remova a vítima do local de risco, colocando-a em um ambiente seguro;
• realize a avaliação inicial da vítima, começando pela checagem da responsividade, tratando os
problemas conforme encontrados (atente para a ocorrência de complicações respiratórias);
• mantenha a vítima deitada e em repouso;
• retire anéis e adornos;
• lave o ferimento com água e sabão e cubra com tecido limpo seco ou gazes secas se possível;
• busque transporte rápido para o hospital, se não houver serviço de emergência na sua localidade;
• geralmente, é possível identificar o tipo de animal de acordo com a história relatada pela vítima
– informe a equipe do atendimento hospitalar de todos os detalhes do animal que lhe foram pas-
sados;
• atente para as ações que jamais devem ser realizadas:
• garrotear o membro para conter o avanço do veneno pelo corpo;
• incisões no local da picada na tentativa de drenar o veneno para fora do corpo;
• injetar soro ou água no local da picada do animal.

CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS

Sobre a utilização de soro em ambiente hospitalar:


• para os acidentes com cobras, escorpiões e algumas aranhas, é indicado o uso de soro específico
ou polivalente (antiofídico, antiaracnídeo e antiescorpiônico respectivamente);
• o soro previne o agravamento das lesões, mas não regenera o que já foi lesado – por isso, quanto
mais precoce sua administração, menores os efeitos do veneno sobre a vítima;
• providencie transporte rápido para o atendimento hospitalar.

Sobre o ofidismo:
• nos acidentes com jararacas e surucucus, diante da possibilidade de inchaço acentuado no local
da picada, pode-se elevar o membro afetado, na tentativa de reduzir e impedir o agravamento do
problema;
• nos acidentes com cascavel, se a vítima chegar muito precocemente ao hospital, ela pode estar
ainda sem sinais de gravidade. Isso pode confundir o atendimento e atrasar a utilização do soro
indicado. Se possível, descreva o animal, buscando facilitar o diagnóstico.

Sobre os acidentes com abelhas:


• a área da picada pode ter um círculo mais claro, circundado
por um halo avermelhado. O ferrão deve estar na área clara;
• a rápida remoção do ferrão é benéfica, pois impede seu
aprofundamento e a inoculação do restante do veneno con-
tido nele mesmo;
• não use pinças, o dedo ou nada que comprima o ferrão e
sua bolsa de veneno;
• o ferrão deve ser empurrado para fora com ajuda de movi-
mentos próximos à pele e de baixo para cima.

SENAC SÃO PAULO | 103


PRIMEIRO SOCORROS

Qual é sua dúvida?

104 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Resumo das regras gerais de primeiros socorros a vítimas de acidentes com animais
peçonhentos RESUMO DAS REGRAS GERAIS DE PRIMEIROS SOCORROS
A VÍTIMAS DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

1. Siga as regras básicas de primeiros socorros.

2. Ambiente arejado e seguro.

3. Avaliação primária da vítima.

4. Esteja atento à ocorrência de problemas res-


piratórios.

5. Mantenha a vítima deitada e em repouso.

6. Retire anéis e adornos.

7. Limpe o ferimento com água e sabão e cubra


com tecido limpo seco ou gazes secas, se pos-
sível.

8. Providencie transporte.

9. Na medida do possível, relate as característi-


cas do animal para a equipe do atendimento
definitivo.

10. Se ofidismo, há inchaço no local? Eleve o membro


afetado. Se acidentes com abelhas, retire o ferrão,
se possível.

SENAC SÃO PAULO | 105


9. Lesões
de ossos e
articulações

CONCEITOS BÁSICOS
Os ossos e as articulações e, ainda, os múscu-
los, tendões e ligamentos fazem parte do sistema
músculo-esquelético que dá forma, sustentação,
proteção e movimento ao corpo humano.
As lesões envolvendo o sistema músculo-esquelé-
tico são muito comuns:
• Fraturas: caracterizam-se pela quebra do osso.
Podem ser fechadas ou abertas (expostas).
Nas fraturas fechadas, não há rompimento da
pele. Na aberta ou exposta, pontas de ossos
podem forçar a pele e rompê-la, caracterizando
claramente a fratura.
• Entorses: acontecem quando a articulação é
subitamente levada além de seus limites de
movimentação. Lesões graves podem até rom-
per ligamentos. Exemplo: entorses de tornoze-
lo, conhecidos por “virar o pé”.
• Luxações: caracterizam-se pela saída de um
osso de sua posição normal na articulação
(“saída do encaixe normal”). Exemplo: luxa-
ções de joelho, ombro, cotovelo.
• Distensões: lesões por estiramento dos mús-
culos (com ou sem ruptura das fibras muscula-
res), acontecem quando os músculos são for-
çados além de sua capacidade ou quando os
músculos estão tensos e frios e são forçados
repentinamente.
Após um evento traumático (quedas, acidente de
trânsito, violência, etc.), suspeite imediatamente de
uma lesão deste tipo quando a vítima apresentar:
• dor ou sensibilidade anormal (a vítima tende a
segurar o local afetado, tentando proteger-se
da dor, tomando uma atitude antiálgica);
• inchaço no local da dor;
• deformidade do local (encurtamento, desali-
nhamento em relação a outro membro, etc.);

SENAC SÃO PAULO | 107


• presença de áreas arroxeadas (hematomas);
• ausência ou dificuldade de movimentar-se; Até que se prove o con-
• presença de pontas de ossos atravessando a pele; trário, sempre trate lesões
• sensação de ossos quebrados sob a pele (crepitação). com estas características
como se fossem fraturas!

PRIMEIROS SOCORROS A VÍTIMAS


DE LESÕES OSTEO-ARTICULARES
Diante da suspeita de uma lesão nos ossos e articulações, os primeiros socorros incluem a adoção
das regras básicas de primeiros socorros e de medidas específicas para evitar o agravamento e re-
duzir a dor, que se iniciam com repouso, gelo, elevação e imobilização.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


• peça ajuda;
• avalie a segurança da cena;
• acione o serviço de emergência de sua cidade;
• utilize medidas de prevenção contra infecções;
• impeça aglomerações e afaste curiosos;
• avalie a vítima sob o princípio da priorização;
• não ofereça medicamentos ou líquidos sem prescrição médica;
• zele pelo conforto e privacidade da vítima.

• Repouso: não movimente ou permita movimentos na parte afetada, de modo a evitar agrava-
mento e aumento da área de edema (devido ao aumento da circulação);
• Gelo ou compressas frias: para diminuição da dor e da circulação local, abreviando o edema;
lembre-se de proteger a área de pele com tecido fino;
• Elevação: para ajudar na redução do edema, deve ser cuidadosa e realizada somente se não
causar aumento da dor;
• Imobilização: para impedir o agravamento da lesão.

108 | SENAC SÃO PAULO


PRINCÍPIOS DE IMOBILIZAÇÃO
A imobilização garante conforto, diminuição da CARACTERÍSTICAS
dor e a redução da possibilidade de agravamento DE UMA BOA TALA IMPROVISADA:
(por evitar maiores danos aos nervos, vasos e teci- • é rígida e bem leve;
dos, reduzindo ainda o sangramento interno). Por • é larga;
sua vez, a redução da dor auxilia na redução do
• é longa o suficiente para abranger
estresse da vítima, que é um grave componente
uma articulação acima e outra abai-
da sintomatologia.
xo da lesão.
A imobilização poderá ser feita com uma tala im-
provisada ou comercial. Os tipos mais comuns
de talas improvisadas são pedaços de madeira,
papelão, revistas, travesseiros, cobertores e até
mesmo o próprio corpo da vítima. Entre as comer- CARACTERÍSTICAS
ciais destacam-se as rígidas, flexíveis e as inflá- DE UMA BOA FIXAÇÃO DE TALA:
veis (pouco indicadas, atualmente). • é larga (para não garrotear);
As talas podem ser fixadas ao corpo da vítima • é longa;
com ataduras de crepe, bandagens triangulares
• é firme.
ou com agentes improvisados, como camisetas,
gravatas, cintos e meias, entre outras opções.
Uma imobilização mal feita pode comprometer a
circulação e a função nervosa da parte afetada e, ainda, agravar a lesão óssea e dos tecidos do
entorno. Por isso, tenha sempre em mente os seguintes princípios fundamentais das imobiliza-
ções:
1. Solicite ajuda para executar a imobilização.
2. Providencie todo o material necessário.
3. Se não for possível visualizar a lesão, corte a roupa que está sobre a parte afetada.
4. Proteja ferimentos abertos com gaze ou pano limpo, sem forçar o reposicionamento de ossos ou
articulações.
5. Se houver múltiplas lesões simultâneas e não houver serviço de emergência na sua cidade, siga
a ordem de prioridade para imobilização: coluna, tórax, pelve, membros inferiores, membros su-
periores.

VOCÊ SABIA QUE...


Para todos os casos de trauma, mesmo os mais simples, é conveniente executar a estabi-
lização manual da cabeça e, se possível, utilizar um colar cervical até que se comprove a
ausência de lesão na coluna.

SENAC SÃO PAULO | 109


PRIMEIRO SOCORROS

6. Respeite sempre a posição encontrada, não fazendo nenhuma correção ou tração na tentativa de
tornar mais próximo da “normalidade”.
7. Respeite a posição em que a vítima indica sentir menos dor (posição antiálgica).
8. Aplique e fixe a tala sempre em uma articulação acima e outra abaixo do local afetado.
9. Se possível, eleve a parte imobilizada para diminuir o inchaço e a dor.
10. Não aperte excessivamente as amarrações nem as fixe sobre o local afetado.
11. Acolchoe os espaços entre as talas e o corpo, utilizando toalhas, tecidos, etc.
12. Imobilize pés e mãos em posição anatômica.
13. Mantenha descobertas as pontas das mãos e pés, para avaliar a circulação e a sensibilidade.
14. Na ausência de pulso ou se a extremidade da parte lesada estiver arroxeada e/ou fria, agilize a
imobilização na posição encontrada e o transporte para o cuidado definitivo. Se for o caso, ligue
novamente para o serviço de emergência para agilizar o atendimento.
15. Sobre as fixações:
• passe sob as curvaturas anatômicas naturais, sem elevar ou movimentar o corpo;
• faça nós bem firmes sempre sobre as talas ou sobre o acolchoamento, para não machucar a
pele da vítima.
16. No caso de imobilização de articulações, imobilize na posição encontrada, mantendo o ângulo
de flexão encontrado.
17. Transporte ou providencie transporte da vítima para uma unidade hospitalar, para os exames de
confirmação diagnóstica e o tratamento definitivo.
Se o socorrista for um profissional da área de saúde e possuir treinamento, pode ainda verificar o pulso
e avaliar a sensibilidade e a função motora abaixo da área da lesão antes e após a imobilização.

AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE E DA FUNÇÃO MOTORA


Peça à vítima que:
• abra e feche as mãos ou estique os dedos;
• mova os pés.é firme.
Atente para queixas de:
• sensação de formigamento;
• paralisia;
• ausência completa de sensibilidade na região.

110 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

TÉCNICAS BÁSICAS DE IMOBILIZAÇÃO


Acompanhe agora algumas indicações de como imobilizar diferentes partes do corpo. A sequência
apresentada parte da imobilização mais simples até a mais complexa.
Na prática, o socorrista deverá seguir a ordem de prioridade prevista para as imobilizações.

Antebraço e punho
Utilize uma tala de madeira, revista dobrada ou até um guarda-chuva fecha-
do sob o antebraço. Os dedos devem ficar expostos e em posição natural
(não esticados). Utilize uma atadura ou material em tecido para fixar e im-
provise uma tipoia para que o braço não fique abaixado (Figura 1).

Braço (úmero)
Respeite a posição em que o braço foi encontrado. Caso esteja estendido Figura 1
ao longo do corpo, imobilize-o ao lado do corpo da vítima. Se dobrado so-
Figura
Figura 11
bre o abdome, utilize materiais em tecido, fazendo uma tipoia para apoiar
o braço e, em seguida, outras duas amarrações, sendo uma acima e outra
abaixo da lesão (Figura 2).

Ombro e clavícula
Utilize como tala o próprio corpo da vítima. Fixe o braço no tronco com um
material em tecido, sob a forma de tipoia, deixando os dedos visíveis. Se
quiser intensificar a fixação, utilize um segundo material em tecido para fixar
o braço no tronco, como no caso da imobilização de braço. A Figura 2 apre-
senta uma opção de imobilização adequada para inúmeras circunstâncias,
Figura
Figura 22
como ombro, braço (úmero), clavículas, esterno e costelas.
Figura 2

Costelas e esterno
Graves por causarem enorme dificuldade respiratória, devem ser imobi-
lizadas como os ombros e a clavícula, respeitando-se o lado afetado, no Figura 3
Figura 33
Figura
caso das costelas. Transporte imediatamente.

Membros inferiores
Utilize talas firmes que se estendam do joelho até além dos pés, fixadas
com material em tecido (Figura 3). Fixe bem as duas articulações (joelho
e tornozelo), executando a “amarração em 8” (Figura 4). Na ausência de
talas firmes, utilize a perna sadia para imobilizar. Figura 4
Figura
Figura 44

Pé e tornozelo
Para esta região, além da opção de imobilização semelhante à da
perna, uma forma fácil e rápida é a utilização de toalhas ou travessei-
ros que devem ser fixados acima e abaixo da lesão associada à figura
em “8” nos pés (Figura 5).

Figura
Figura 555
Figura

SENAC SÃO PAULO | 111


PRIMEIRO SOCORROS

Figura 5
Joelho
O joelho pode ser encontrado estendido ou dobrado. Se dobrado, faça um apoio com travesseiros e
utilize talas para impedir que se estendam. Se estendido, imobilize-o como no caso do fêmur.

Fêmur
O fêmur pode ser imobilizado com talas longas, que vão do quadril até além do pé, ou até mes-
mo utilizando-se a perna sadia como tala. Neste caso, antes de amarrar uma perna na outra,
acolchoe e utilize amarrações de tecido bem largas para não garrotear.

Pelve (bacia)
A imobilização da pelve é semelhante à de fêmur. Para garantir um
bom procedimento, serão necessárias talas longas que se esten-
dam das axilas até os pés da vítima, imobilizando toda a extensão
dos membros inferiores. Como alternativa, o próprio corpo da víti-
ma servirá para imobilizá-la.
Em seguida, prepare a madeira longa, que servirá como maca, co-
locando-a perto da vítima, que será rolada sobre a mesma, como
um bloco único. Para transportar a vítima, antes devemos fixá-la
na maca usando amarrações firmes, como cintos de segurança,
para que ela não caia (Figura 6).

Coluna Figura
Figura 66

Graves e com grande possibilidade de sequelas incapaci-


tantes, essas lesões são normalmente originárias de gran-
des acidentes e traumas como quedas de altura, atropela-
mentos, colisões, acidentes de mergulho e até ferimentos
por arma de fogo. Alguns sinais e sintomas que são fortes
indicativos de lesão na coluna:
• paralisia (vítima não consegue se movimentar);
• perda da sensibilidade de membros superiores e/ou so-
mente de membros inferiores;
• formigamento nas pernas e braços;
• forte dor nas costas e pescoço;
• dificuldade respiratória;
• perda do controle da evacuação e urina.

Figura
Figura 77

112 | SENAC SÃO PAULO


PRIMEIROS SOCORROS

Diante de um acidente grave ou de qualquer uma destas queixas, acione imediatamente o serviço de
emergência de sua cidade. Proceda como nos casos de imobilização da bacia (imobilização asso-
ciada a maca para transporte), providenciando a fixação adicional dos braços sobre o tórax e conse-
guindo auxílio e uma tábua/maca. Para transportar a vítima, antes devemos fixá-la na maca usando
amarrações firmes, como cintos de segurança, para que ela não caia (Figura 7).
Para os profissionais da saúde, é conveniente avaliar a sensibilidade e a força motora e providen-
ciar a estabilização manual da cabeça.

DÚVIDAS MAIS COMUNS


Como improvisar uma tipoia?
As tipoias são úteis para as lesões de membros superiores como agentes de imobilização provi-
sória e para elevação da parte afetada. Podem ser confeccionadas de improviso com camisetas e
bandagens simples, ou com modelos comerciais e de bandagem triangular. Na ilustração ao lado,
apresenta-se uma opção de tipoia com bandagem triangular.

Qual é sua dúvida?

SENAC SÃO PAULO | 113


PRIMEIRO SOCORROS

Passo a passo princípios fundamentais:


• Avaliação primária;
• Princípios fundamentais de imobilização.

ANTEBRAÇO, PUNHO,
BRAÇO, OMBRO, CLAVÍCULA, PERNAS E JOELHOS PÉ E TORNOZELO
COSTELAS E ESTERNO

FÊMUR E PELVE COLUNA

114 | SENAC SÃO PAULO


10. Materiais
básicos de
primeiros socorros

Como você já conhece os princípios e as técni-


cas fundamentais de primeiros socorros, talvez
sinta a necessidade de se preparar melhor para
uma situação de emergência, organizando itens
básicos em uma caixa ou mesmo em um local
predeterminado de seu ambiente de trabalho ou
residência. Estamos falando da famosa caixinha
de primeiros socorros, encontrada em todos os
lares brasileiros.
A proposição abaixo segue com rigor os princípios
apresentados em toda a apostila, portanto você
não encontrará lista de medicamentos ou mate-
riais muito elaborados.
Observe que há uma lista de itens que não podem
faltar (fundamentais) e outra com itens adicionais,
que podem ser adquiridos conforme sua disponi-
bilidade e nível de treinamento e habilidades.
A quantidade proposta de cada item baseia-se no
princípio de atendimento a uma vítima de cada
vez, sendo necessário repor o material a cada uti-
lização. A maioria dos itens pode ser improvisada
com materiais de sua casa ou adquirida na farmá-
cia mais próxima.
Preocupe-se em observar os prazos de validade.

Lista de itens fundamentais


• 1 máscara para reanimação boca a boca
• 1 sabonete cortado em fatias
• 1 toalha de rosto dobrada
• 5 pacotes de gaze
• 5 rolos de atadura de crepe
• 1 rolo de esparadrapo de mais de 3 cm de lar-
gura ou 1 rolo de fita crepe
• 1 lençol de solteiro
• 3 sacos plásticos simples vazios e dobrados
• 3 frascos de soro fisiológico a 0,9%

SENAC SÃO PAULO | 115


PRIMEIRO SOCORROS

Lista de itens adicionais


Além dos itens propostos na lista fundamental, observe a possibilidade de adicionar:
• 1 reanimador ventilatório manual tipo Ambu
• 2 jogos de talas flexíveis de imobilização comercial (de diferentes tamanhos)
• 1 colar cervical tamanho pequeno
• 1 colar cervical tamanho médio
• 1 colar cervical tamanho grande
• 1 colar cervical tamanho pediátrico
• 1 prancha longa rígida de madeira
• 1 fixador de cabeça
É importante ressaltar que em nosso país há uma legislação regulamentadora que institui a obrigato-
riedade de formação de brigadistas em primeiros socorros e a manutenção de material de primeiros
socorros, incluindo DEA, em empresas, indústrias e demais instituições que alcancem um determina-
do número de trabalhadores ou que trabalhem com produtos químicos. Tais normas regulamentado-
ras não serão abordadas nesta apostila.

116 | SENAC SÃO PAULO


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PRIMEIROS SOCORROS

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SENAC SÃO PAULO | 119


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