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=o Jovens LGBTQ+ nas escolas portuguesas: uma situacdo dramatica (ovens LST S30 mals vias de ou, presemam ua sale mental marl pecepconam escola ee Jorge Gato Doutorado em Psicologia pela Universidade do Porto. 20 de Outubro de 2022, 18:15 (Biteccberairts ) © Ouga este artigo aqui 10x Assinala-se hoje, dia 20 de Outubro, o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Esta forma de violencia corresponde a um padrao de comportamento intencional e agressivo recorrente contra uma vitima, numa situagao em que ha um desequilibrio real ou percebido de poder e em que a vitima se sente vulneravel e impotente para se defender. Os comportamentos de bullying podem ser fisicos (por exemplo, empurrdes e destruigao de bens), verbais (provocagées, insultos e ameagas) ou relacionais (difamacao e exclusdo de um grupo). De acordo com a UNESCO, este é um problema que afecta desproporcionalmente os membros da comunidade escolar que se encontram numa situagao de maior vulnerabilidade social, nomeadamente as criangas e adolescentes cuja orientagao sexual, identidade ou expressio de género ndo coincide com as normas sociais ou de género tradicionais. Dados recentes recolhidos em Portugal no ambito do Projecto Free (estudo internacional sobre o bem-estar na escola, envolvendo 13 paises europeus), junto de cerca de 1200 estudantes com idades compreendidas entre os 1 € os 19 anos, permitem tracar um retrato exaustivo e factual sobre as suas experiéncias de bullying © seu bemrestar. Um dos nossos objectivos consistiu em averiguar as experiéncias de bullying e a satide mental dos/as jovens LGBTQ+, comparando-as com as dos seus das suas congéneres ndo-LGBTQ: (jovens dentro da dita “norma”. Os resultados do inequivocos: so os/as jovens ndo-heterossexuais, que tém uma identidade trans/ndo binaria e que sao percepcionados/as como tendo uma expressao de género no normativa (rapazes mais “femininos” e raparigas mais “masculinas”) que sofrem, mais bullying (genérico e de caracter LGBTQ-fébico) e que apresentam uma auto- estima mais baixa, indices mais elevados de depressio, ansiedade generalizada, risco de suicidio e comportamentos autolesivos. Sabendo que a mengao explicita dos direitos das criangas e jovens LGBTQ" nos regulamentos escolares ea inclusio de contetidos relacionados com a diversidade sexual e de género nos curriculos tem um efeito positivo no bem-estar destes/as jovens, procuramos também investigar em que medida a populagao escolar inquirida estava consciente da existéncia destas medidas. Apenas uma minoria de estudantes referiu que as suas escolas tinham politicas anti-bullying que mencionavam a orientagao sexual e identidade de género e que o curriculo incluia questdes LGBTQ*. Por sua vez, os/as estudantes de minorias sexuais e de género que percepcionavam as escolas como menos inclusivas apresentavam também uma auto-estima mais baixa e niveis mais elevados de depressdo. Em sintese, os/as jovens LGBTQ: sdo mais vitimas de bullying, apresentam uma satide mental mais fragil e percepcionam a escola como menos inclusiva, comparativamente com colegas nao-LGBTQ*. As linhas orientadoras e os planos nacionais de igualdade (de que Portugal ja disp6e) sdo importantes, mas a realidade mostra que ndo sao suficientes. So necessdrias medidas concretas e especificas nas escolas, que criem um ambiente seguro e inclusivo, por exemplo: 1. A criacdio e implementacao de estratégias de sensibilizacao de pares que potenciem o seu papel enquanto aliados/as;A. 2. A promocao, junto das comunidades escolares e estudantes em particular, de estratégias de prevencao de comportamentos abusivos, e de capacitagao para a adopgao de estratégias assertivas em situagdes em que estes ocorrem; 3. Oreforgo da formacdo e sensibilizacdo de pessoal docente e ndo docente para as tematicas da orientacao sexual, identidade de género e expressdo de género; 4. Assinalizacao junto dos agrupamentos escolares relativamente a prioridade de contribuir para criar um clima escolar mais seguro e inclusivo para jovens LGBTQs, designadamente nos planos anuais de actividades; 5. O fomento e facilitagéo de estruturas informais nas comunidades constituidas por jovens e apoiadas por docentes e pessoal ndo docente, com o formato de clubes ou aliangas (gay-straight aliances); 6. A inclusao de tematicas LGBTQ: nos curriculos e nos manuais escolares, de modo a contrariar esterestipos redutores sobre género e sexualidade; Alertar as comunidades escolares para a necessidade de respeitar as cespecificidacles das vivencias de pessoas jovens trans ou nao binarias, designadamente no respeito pelos pronomes e nome social, assim como na articulacdo para um uso seguro de casas de banho ¢ balnedrios, e no respeito pela identidade de género em todas as actividades curriculares e extracurriculares que envolvem divisio por género.

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