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04/10/2022 23:08 Cabeça dos crentes: ‘fui criado num regime totalitário’

A cabeça dos crentes: ‘aos 16


anos, descobri que tinha sido
criado num regime
totalitário’
Não havia mais como negar que era uma fé antidemocrática. É o país dos
evangélicos pentecostais em que vivem mais de 22% dos brasileiros.
Fábio Marton

19 de Junho de 2020, 1h03

Pastor-mirim (o maior) relaxando com o primo e o irmão, 1980 e telefone de cadeado.


Foto:
Acervo Pessoal/Fábio Marton

Foi numa noite em mil novecentos noventa e quatro e


lá-se-vão-vinte-e-seis-anos que descobri que tinha sido criado num re-

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gime totalitário. O adolescente secundarista miseravelmente solitário


havia entrado numa igreja pentecostal. Era um nômade, não tinha
uma congregação para chamar de sua. A f é a cada dia mais perto de
descarrilar, os valores dos crentes me soando cada dia mais
alienígenas.

Não era alienígena a palavra que estava procurando. Foi a que encon-
trei naquele dia.

Do púlpito, o pastor, um homem firmemente na média de classe mé-


dia, criatura de apartamento, mesmos trejeitos e mesma medida de
carisma de um gerente de concessionária de carros.

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Convido a Igreja a Abrir a Palavra do Senhor em Romanos, ca-


pítulo 13.

1. Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois


não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que
existem foram por ele estabelecidas.

2. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se co-


locando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim pro-
cedem trazem condenação sobre si mesmos.

3. Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos

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que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autori-


dade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá.

A igreja na qual congregava naquele dia havia sido uma escolha alea-
tória. Havia visto no caminho para o estágio, do ônibus. Descera do
ponto e lá estava. Era uma igreja em um bairro remediado. Uma “co-
munidade”, como era moda então batizar igrejas pentecostais novas
em Curitiba. Igreja de crentes que não se vestem para parecer cren-
tes. Calça, camiseta, maquiagem, salto, banda com guitarra elétrica e
bateria. Do tipo que quem está fora costuma relacionar com atitudes
mais arejadas, menos fanáticas. Do tipo de seu colega de trabalho que
faz piada com tudo, só não aparece no happy hour e costumava não
gostar de falar de política até 2018.

Deus escolhe tudo neste mundo, não há folha que caia de uma
árvore sem a permissão de Deus. Toda a autoridade emana de
Deus e é escolhida por ele. E isso não é só o governo: é o traba-
lho, é dentro de casa. Filhos obedecem à mãe, a mãe ao pai, o
pai ao chefe, o chefe ao patrão, o patrão ao presidente.

Eu não sabia naquela época, mas a história da folha caindo da árvore


não é bíblica. É uma citação do Corão, 6ª Surata versículo 59. Imagino
que muitos dos pastores que repetem a frase até hoje não a fariam se
soubessem da origem.

Jesus vivia sob o Império Romano. A maioria dos judeus então


se revoltava e tentava até mesmo assassinar os invasores – e
eles seriam castigados por Deus perdendo seu país. Revoltar
não é o que ensinou Nosso Senhor. Jesus disse: “a César, o que
é de César, a Deus, o que é de Deus”. Pois a autoridade na Terra
é também a autoridade dos céus. Deus havia colocado César
para controlar Israel, e quem enfrentou Roma não fez como
Deus queria. O cristão que realmente entrega sua vida nas
mãos do Senhor aceita sua vontade.

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Era mais uma tentativa de se reconciliar com a f é em que havia sido


criado. Saltava de igreja em igreja – deviam ter sido umas sete nos úl-
timos dois anos. Eu ia um dia, tentava frequentar, mas me desencan-
tava na segunda ou terceira visita. Inevitavelmente, começava a per-
ceber que havia algo de errado com as pessoas, algo que eu não conse-
guia apontar exatamente. Uma espécie de u ncanny valley da persona-
lidade – como máquinas que imitam humanos se tornam mais repul-
sivas quanto mais parecidas são, aqueles crentes tão integrados, tão
de classe média, estavam a um milímetro de soarem naturais, mas
uma coisa escapava, traía, como a esquisitice perturbadora de um
robô. Isso estava também em meus parentes, mas esses eu conhecia
desde sempre, em suas falhas, sua hipocrisia. Em desconhecidos, era
repulsivo. Aos 16 anos, eu era crente, mas não queria mais saber de
crente.

E a paz está em aceitar Seu plano. Crianças obedecem à mãe, a


mãe ao pai, o pai ao chefe, o chefe ao patrão, o patrão ao presi-
dente. Não cabe ao cristão contestar a hierarquia que Deus ter-
minou. Se todos aceitam seu lugar, há felicidade na Terra.
Amém?

Não disse amém. Saí do banco, fui para fora da igreja. Com a luz e o
barulho saindo da janela, fiquei pensando no que aquilo significava.
Por que aquilo me incomodava. Por que havia feito eu me levantar. E
o que não havia mais como negar é que era uma f é política. Antide-
mocrática. Totalitária. “Esse pastor é um fascista”, pensei. “Todos
são.” Nesse dia, dei as costas para a igreja. Enfiei as mãos no bolsos e
andei.

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04/10/2022 23:08 Cabeça dos crentes: ‘fui criado num regime totalitário’

A régua errada
“Fascista” não era uma palavra exótica para alguém de 16 anos que
tinha em história sua matéria favorita e acabaria virando jornalista
de história (isso existe). Fascismo era a ditadura voluntária em que vi-
via minha família, uma na qual Deus, um monarca tirânico da Idade
do Ferro, e o Diabo, seu inimigo designado, na prática cúmplice, dis-
putam cada pensamento e cada ação sua – e qualquer dissidência só
pode ser Satã falando na sua orelha. Uma “crimideia”, “pecadoideia”,
melhor rezar e se arrepender agora, vai que Ele decida acabar com o
mundo daqui a 15 segundos e você vá parar no andar errado? Um ado-
lescente descobrindo que o mundo em que fora criado era um ninho
de “pecadoideias”.

Nunca mais pisaria numa igreja, exceto por casamento e velório. Vi-
rei um dissidente, um refugiado. Exilado do Brasil de Bolsonaro, que
já existia quando ele ainda gastava suas tardes cogitando explodir
bomba em quartel. É o país em que vivem mais de 22% dos
brasileiros.

Vindo dessa experiência, muito da interpretação feita por jornalistas


e alguns acadêmicos me parece errar a marca. Dezenas milhões de
brasileiros aderem a essas ideias e as apregoam a quem quiser ouvir,
literalmente dia e noite, no meio da madrugada, mas ainda parece ter
algo de misterioso.

A confusão começa pelos termos: “evangélico” e “neopentecostal”. No


censo e na imprensa, evangélico é sinônimo para protestante. O pro-
testantismo é imensamente diverso e engloba igrejas que aceitam
pastores gays e igrejas que celebram mortes de guerra gays. Na histó-
ria do protestantismo, evangelismo é um movimento fervoroso e ul-
traconservador: o born again christian, sinônimo para fundamentalista
no uso comum (no uso estrito, fundamentalistas são um ramo especí-
fico dos evangélicos). O contraste é o bem mais discreto protestan-
tismo tradicional.
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A opinião de um “evangélico”, assim, pode não querer dizer nada. Se


parte de um protestante tradicional, não é mais representativa dos
evangélicos que a de um padre. Quem procura pelo “evangélico pro-
gressista” encontra: em denominações tradicionais, que permitem
esse progressismo, ou um pastor livre-pensador isolado, balde no oce-
ano. Tentar achá-lo em denominações radicais é literalmente querer
achar um progressista de extrema direita.

Eu cresci nesse protestantismo teocrático e totalitário que no Brasil é


representado em sua imensa maioria pelos pentecostais. O “neo” não
faz diferença nenhuma. No mundo pentecostal, neopentecostal não
existe. Não há uma igreja que coloque na fachada: “Igreja Neopente-
costal Boleto de Cristo”. Malafaia e Feliciano são da Assembleia de
Deus, de 1911, muito antes do “neo” nos anos 1970.

“Pentecostal” vem do milagre de Pentecostes, quando os apóstolos fa-


laram em línguas estrangeiras (Atos, capítulo 2). A glossololia, o
“dom” de línguas, é o que caracteriza universalmente essas igrejas.
Ela é o maior sinal de que a pessoa foi batizada no Espírito Santo, um
segundo batismo puramente espiritual e milagroso, e que passa daí
potencialmente a contar com poderes milagrosos ela própria.

Eu fui “batizado no Espírito Santo” – e não sei se preciso de aspas,


porque todo mundo reconheceu isso então – aos 15 anos. Então, a
coisa se manifestou não só pelas línguas, como por meio de uma ob-
turação na minha boca que se transformou milagrosamente em ouro
branco, com uma pomba esculpida em cima. (Cinco anos depois, o
dentista trocou o material, dizendo que não era um amálgama co-
mum, mas um tipo vagabundo e cheio de infiltrações e que, por
acaso, tinha a mesma cor do ouro branco. Sobre o dom de línguas,
quando acabar a epidemia, me pague uma cerveja que eu demonstro
para você.)

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Eu (no meio) com a família na Festa Junina Gospel 2009: tio, tia, irmão, prima, tudo bebendo
o “crentão”, que é só com açúcar, sem pinga.
Foto: Acervo Pessoal/Fábio Marton

O presente de Deus
Quando você entende o autoritarismo teocrático dos protestantes ra-
dicais, seu casamento com Bolsonaro parece algo que sempre esteve
prestes a acontecer. Podia ser uma mera preferência eleitoral – e cren-
tes sempre votaram em gente que não representa sua religião, ao me-
nos para o Executivo. Mas é muito mais. É uma divinificação.

Não é muito difícil imaginar por quê, mas vivo em outra galáxia que
minha família e faço questão de viver. Mas, em 2018, o algoritmo do
Facebook parece ter notado meu interesse na palavra “Bolsonaro” e
começou a me trazer o que andavam dizendo. É um roteiro que todo
mundo que tem família conhece, mas talvez um pouco mais dramá-
tico: no fim do primeiro turno, uma prima jogou uma imagem do
hoje famoso estilo bolsonarista dizendo que iria começar o governo
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de Deus na Terra. Como não deu primeiro turno, dias depois, ela cir-
culava outra imagem lamentando que a democracia tinha falhado e
infelizmente ia ter que ser ditadura militar.

Eu fervi. Falei para ela se sabia o que acontecia com gente da minha
profissão numa ditadura. Disse que ia me lembrar dela no pau-de-
arara. “Respeite minha opinião!”, foi a última coisa que ouvi dela
desde então. Me bloqueou.

A lógica de endeusar Bolsonaro tem a ver com esse determinismo di-


vino, de tudo ser uma escolha ativa de Deus. Mas há uma aparente
contradição nisso: Deus, que escolhe tudo, só pode ter escolhido tam-
bém os petistas, aqueles da exposição que faz crianças virarem trans,
kit gay e mamadeira de partes pudendas que não cabe a um crente
mencionar em público. O PT que botou no armário suas propostas so-
bre aborto, fez uma aliança profana com a Universal e mais ou menos
empatou com Aécio entre pentecostais em 2014 (inclusive foi melhor
entre eles do que entre protestantes tradicionais, que deram a Aécio
60%). O que, em 2018, seria execrado por 71% dos protestantes, pela
última pesquisa do Datafolha (a pesquisa não diferenciou pentecos-
tais de tradicionais, mas é quase certo que votaram ainda mais em
peso).

Leia Nossa Cobertura Completa


Vozes

Deus deixou esse partido governar porque é um deus caprichoso, e o


capricho é explicado na história de Jó. O rico servo de Deus levou ao
Diabo uma provocação: questionar se ele não tinha tanta f é apenas
por ser tão afortunado. Deus topou a aposta e permitiu ao Diabo des-
truir tudo o que Jó possuía: sua família, seus servos, sua propriedade,
sua riqueza, sua saúde. Jó nunca traiu sua f é e, vencida a aposta, Deus

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devolveu sua riqueza, em dobro. “Devolveu” também a família, mas


era uma nova, já que a primeira havia morrido.

Como com Jó, Deus testa o crente hoje. É necessário: se Deus tudo es-
colhe, então coisas negativas também são sua escolha. Podem ser
mero castigo, Deus dando a crise como punição ao um país que
apoiou um partido que era “contra o cristianismo, a favor do comu-
nismo e aborto”. E pode ser prova de f é. Dilma “satanista” como uma
decisão de Deus pode ser entendida como Deus testando a f é dos
crentes, dando a eles o tratamento de Jó. Passada a provação, Bolso-
naro seria o presente Deus devolvendo aos fiéis em dobro.

Os radicais evangélicos nunca tiveram suas ideias representadas no


Executivo. É a dita pauta dos costumes, que é um erro mortal acredi-
tar ser cosmética. É a base. Finalmente, o cristão se sente justificado
em dizer que gays são possuídos pela pomba-gira, no lugar de criarem
leis anti-homofobia. Que religiões afro são coisa de satã, no lugar de
serem promovidas como parte do patrimônio cultural brasileiro. Que
artistas são uma categoria particularmente maligna de pessoas. Bolso-
naro só pode ser Deus premiando sua perseverança em enfrentar o
que o mundo profano vê como civilidade básica.

Importante notar: crentes também pensam em coisas práticas, é ób-


vio. Ou não funcionariam em sociedade. A parte religiosa vai em con-
junto com razões seculares, e sempre que alguém não é de Deus tem
outros vícios – e vice-versa. Crentes tendem a ser meritocratas pró-
mercado: ser rico é uma dádiva de Deus, uma visão herdeira do calvi-
nismo do século 17. Corrupção e crime são preocupações centrais.
Ajudar os necessitados é cristão, mas o estado arranca o dinheiro dos
bolsos dos crentes para dar a quem não é de Deus (como os – esteja
reprimido! – artistas e professores comunistas).

Por fim, como se viu com o PT, o apoio dos crentes é frágil. Se hoje
você é presente de Cristo (ou ao menos uma escolha aceitável), ama-
nhã é descoberto como uma farsa do “outro cara”. Bolsonaro pode
bem acabar como um falso profeta. E a epidemia, pelo pouco contato
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que ainda tenho com a parentada, parece dividir seriamente os cren-


tes. Talvez pastores passem a mencionar que é um “idólatra católico”
e compartilhar memes com suas fotos no santuário de Nossa Senhora
Aparecida. Como fizeram um dia com o PT, vão agir como se nunca
tivessem apoiado. Pecados passados, Deus tudo perdoa, todo mundo
está sujeito a ser tentado por satã. A cobra volta para o ovo, o cristo-
fascismo persevera em busca do próximo escolhido.

Este depoimento não é para ser um manifesto contra os crentes. Mas


contra teologias cristofascistas. A esperança seria os radicais se torna-
rem protestantes tradicionais. Não me parece provável: há certos pra-
zeres, emoções, convicções que não podem ser atingidas em igrejas à
moda antiga, para as quais o mundo não é mágico e não se vive em
cruzada eterna com tudo que é de fora.

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