Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LANCE IRRESISTÍVEL
1ª Edição
Um encontro inesperado.
Muita confusão.
Não pude deixar de gargalhar, uma vez que ela tinha razão.
O Catar era melhor que qualquer fruta cítrica que o universo
pudesse me dar. E não tinha problema se eu não falava árabe, ou
era contra alguns aspectos culturais, ainda assim era um local
interessante, principalmente para mim, que queria crescer na minha
profissão de modista.
— Quer saber, você está certa. — Falei, tentando convencer
mais a mim mesma do que a ela.
— Pera aí, não vai me dizer que está nessa deprê por conta
de seu medo INFUNDADO de viajar de avião?!
Ou seria um pesadelo?!
— Charmosa? — minha voz saiu em um sussurro, o apelido
que eu costumava chamá-la saiu da minha boca sem eu nem
perceber. Me recompus depressa e então, com uma entonação
grave como um trovão, emendei. — O que você está fazendo aqui?
Ele era o homem que eu odiava, que nutri raiva por quatro
longos anos, mas ali estava, se preocupando comigo. Meu
estômago se revirou e eu não sabia se era devido a situação
inusitada pela qual estava passando e ou se era por causa do
pequeno sentimento que parecia renascer ali no canto do meu
coração. Deixei a dúvida, entretanto, de lado quando a realidade me
atingiu em cheio.
— Juro que não quis ver, mas estava ali dando sopa e não
resisti. — Cátia cobriu a mão sobre o rosto rubro, mas mal prestei
atenção no que ela falava, eu já estava pensando em quem
convidaria para ser o padrinho de casamento, caso fosse necessário
o matrimônio. — Pena que pedi para ela guardar segredo, porque
tenho certeza de que nossa mãe cairia dura se soubesse disso.
Nossa velha é super gamada em você.
— Você pediu segredo? — minha voz soou baixa, um fio de
esperança surgindo em meu peito.
Bufei zangada. Nem para ele ser feio ou algo do tipo. Por que
ele tinha que ser tão alto e atlético? Cruzei os braços sobre os seios
e fingi que estava sozinha no elevador, não queria ter outra
discussão com Samuel.
— Aconteceu alguma coisa? Você parece chateada — ele
perguntou.
Era muito cínico mesmo. Ele foi para cama com outra mulher
e ainda se fazia de inocente. Que corajoso!
— Eu estou ótima. Melhor impossível.
Não foi fácil dar meia volta, não desejar seus lábios macios e
suculentos em volta dos meus. Porém foi o certo a se fazer. E
mesmo que fosse o tipo de cara que errava muito, era no intuito de
acertar.
— Eu sei, mas não tem hora certa para uma mãe sentir
saudades — disse, tocando meu cabelo como se eu fosse um
garotinho.
— Justamente por isso que tem que ficar longe dele. Não
pode procurá-lo. Mantenha distância. — Mirna falou, cortando meu
raciocínio.
Mirna não disse, mas notei pelo seu olhar que não acreditava
muito na minha história de que tudo era coincidência. Eu não tinha
culpa se o Catar era pequeno a ponto de em todo lugar eu encontrar
a peste do meu ex-namorado.
Me olhei no espelho mais uma vez. Por mais que meu corpo
e o de Sara não fossem similares, o vestido caiu bem em mim. Não
pude deixar de abrir um sorriso ao ver meu reflexo reproduzindo
uma imagem tão inusitada. Eu com um vestido de noiva feito por
mim. Alisei a saia do vestido, estava perfeito, o caimento impecável
e até mesmo a renda não estava machucando, seu contato com a
pele não transmitindo nenhum desconforto. Tudo conforme
planejado!
Sabia que não era a hora certa, mas não pude deixar de
admirá-la no vestido branco. Penélope parecia uma princesa de
contos de fada. O corpinho pequeno coberto por um vestido longo
demais, mas que realçava sua beleza. Meus olhos passearam por
cada detalhe, a cintura marcada, os seios empinados, mas pararam
em seu pescoço. Aquilo era um pingente? Dei dois passos, me
aproximando. Estreitei os olhos em direção ao seu colar, só para ter
a certeza de que era o pingente que eu havia dado para ela. Mordi o
lábio, incapaz de não sentir um frio na barriga por saber que ainda o
usava.
Se trazia sorte para ela não sabia, mas parecia trazer para
mim. Enfiei as mãos nos bolsos ao sentir que elas suavam e encarei
seus olhos verdes.
— Obrigada.
Nos encaramos por um tempo, seus olhos firmes nos meus
como se quisesse dizer algo. Ela, entretanto, não falou nada, pelo
contrário, foi a primeira a quebrar o contato, desviando o olhar.
— Por que você tinha que ser tão grande?! — ela perguntou,
rindo da própria vestimenta.
Sua pergunta foi inocente, mesmo assim minhas bochechas
arderam.
Eu estava aos seus pés que nem bola de futebol e, por mais
que odiasse esse sentimento de entrega, sabia que não conseguiria
resistir.
Fato 02: Por mais que fosse irracional, eu queria que ele
mexesse comigo.
E talvez eu até pudesse acrescentar um terceiro fato. O de
que ele também queria que eu mexesse com ele.
— Penélope, eu...
Meu coração bateu mais forte e nada teve a ver com Samuel
tirando o short e a cueca e ficando nu diante de mim. Não teve a ver
com seu olhar pegando fogo que me incendiava toda vez que o
lançava em minha direção.
Com a mão livre fui até o meio de suas pernas que estava
completamente molhado. Ela estava pronta para mim. Toquei sua
entrada com vontade, primeiro com um dedo, depois com dois, em
movimentos que faziam ela se contorcer embaixo de mim.
— Como assim?
Não era só eu que estava nervosa, pelo jeito. Toda vez que
Samuel aparecia no telão eu notava que algo não estava certo, ele
possuía uma expressão diferente.
— Essa foi sua pior partida. Pior até mesmo do que aquela
em que você perdeu o pênalti.
Eu teria que conviver com meu ex, quem eu queria odiar, mas
que na verdade eu estava apaixonada.
— Eu…
— Não diga nada. Você não precisa dizer nada. — Ele tocou
meu rosto, em um gesto suave. — Penélope, olhe para mim.
Seu pedido, embora parecesse uma ordem, veio de uma
forma suave, como havia sido nos últimos tempos, me lembrando o
homem doce que ele era quando estávamos juntos.
— Eu coloquei a sua felicidade acima da minha — falou, me
encarando com seus orbes escuros. — E não pense errado, eu faria
tudo novamente. Mesmo que você tenha ficado com raiva de mim.
Eu sei que você tem uma ideia diferente sobre relacionamento a
distância e esse obstáculo não teremos já que estou prestes a voltar
para o Brasil. Então eu quero saber, tem a chance de a gente
continuar de onde parou?
Não sabia como seria dali para frente, mas havia decidido
uma coisa. Resolvi mergulhar de cabeça nas suas declarações, iria
entregar meu futuro a Samuel, porque meu coração, eu já tinha
entregue.
Nem acreditei quando Penélope disse “SIM”. Como um
atacante, eu tinha ido com tudo, usado todas as minhas táticas.
Penélope, entretanto, se mostrou abalada com a história do pai e,
claro, tinha toda a razão.
— Não venha falar de justiça quando a única coisa que fez foi
me usar desde que nos conhecemos.
Cerrei o punho. Não esperava a agressividade com a qual
estava me tratando. Ela foi longe demais com suas palavras sem
fundamento. Eu não era nenhum santo, mas também não iria
assumir uma culpa que não era minha, quando tudo o que tinha feito
foi por ela.
Não queria comparar ele e o meu pai, mas era inevitável não
me sentir traída pelo homem que uma hora dizia que queria ir para o
Brasil e na outra estava fazendo planos para morar na França.
Toquei meu braço quase como se quisesse me proteger da
sensação de abandono. Meu irmão, entretanto, não pareceu notar
minha dor.
Era tão verdade o que falei que o Brasil venceu com sobra
nas semifinais, passando para a final do campeonato que
aconteceria mais tarde.
Ela não estava tão abalada que nem da última vez que a
tinha visto. Na verdade, carregava um sorriso enorme nos lábios e
começou a conversar sobre o casamento, como se fôssemos
amigas íntimas.
Passou a mão pelo nariz que escorria, olhando mais uma vez
para o vestido em seu corpo. Um sorriso brotou em meio às
lágrimas e pude notar que ela brilhava. Sara estava deslumbrante,
mesmo com o nariz vermelho e cheio de catarro. Ela estava incrível
ainda que os olhos molhados estivessem pretos de rímel para todo
lado. Era uma noiva linda e que finalmente teria o dia que sempre
sonhou.
— Fico muito feliz que tenha gostado. — Fui sincera, grata
por poder participar desse momento especial. Era isso que eu
queria, não era vender roupas, era produzir sonhos.
Samuel.
Era somente ele que vinha à mente. O único que sempre me
fez ter um frio na barriga e um nervosismo diferente. Era ele,
sempre foi e sempre ia ser, mesmo que morasse do outro lado do
mundo, como fez por tantos anos. Só que dessa vez eu estava
disposta a não repetir meu erro, mesmo que tivesse que encarar
meus medos, porque Samuel valia a pena.
— Ir para onde?
– Sei que vacilei, vacilei bem feio. E talvez tenha sido tarde,
porém eu percebi que eu não tinha por que ter medo. Você é o
Samuel, o cara pelo qual me apaixonei aos dezoito anos e que
continuo apaixonada aos vinte e dois. O mesmo que segurou meus
cabelos no meu primeiro porre e que comemorou mais do que eu
quando passei no vestibular. — Não resisti, comecei a chorar em
meio a soluços que agitavam meu corpo. Eu não podia me entregar.
— Eu confio em você e fui estúpida em cogitar que você me
abandonaria. E saiba que mesmo te odiando, eu nunca deixei de te
amar.
— Você sabe como é, ele tem que estar em dia para ser
convocado para a próxima Copa.
— Não, mas…
Cada detalhe seu fazia meu peito acelerar, desde seu olhar
firme e confiante às expressões quase caricatas. Senti o rosto
queimar quando meu pau começou a criar vida, e me virei de costas
para que não visse minha descarada ereção.
— E o jogo?
Droga! Eu nem tinha pensado no maldito jogo. Olhei do
campo para Penélope, que possuía os olhos tão verdes quanto a
grama. Não precisei ser muito inteligente para fazer a escolha.
— Eu jogo depois. — Dei de ombros, como se não me
importasse, mas ansioso por sua resposta.
30 dias.
Um lance.
Será que isso dá jogo?
Ainda não leu o volume 1 da série Jogadas Imperfeitas?
Ele terá que lidar com Jade, melhor amiga de Lana, uma
mulher independente, confiante e madura, mas que tem como lema
uma vida baseada em astrologia e superstições. Agora, ambos
acabam embarcando na missão de organizar um casamento
encarando a pressão de deixar tudo perfeito em um dia tão
importante da pessoa que eles mais amam. Só não contavam que,
no meio do caminho, sentimentos profundos e arrebatadores,
tumultuariam a relação que eles estavam criando.
HELLEN R. P. nasceu em 1992, na cidade de Teresina, no
Piauí. É engenheira civil, professora, casada e amante dos livros
desde pequena.