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o reflexo no espelho
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MENDONÇA, Míriam da Costa Manso Moreira de. O fenômeno moda. In: ____. O reflexo no espelho.
Goiânia: Editora UFG, 2006. pp.17-27.
CDU: 391
MENDONÇA, Míriam da Costa Manso Moreira de. O fenômeno moda. In: ____.
O reflexo no espelho. Goiânia: Editora UFG, 2006. pp.17-27.
o FENÔMENO MODA
O vesruário, espelho do tempo, uma se às transformações periódicas nas
manifestação humana tão anúga quanto formas dos trajes e demais detalhes de
a própria cxis[ência do homem, reflete, ornamentação pessoal. É esse último as-
em sua composição, toda a filosofia que pecto, o vestuário com suas .inovações "r
organiza a trama da vida social dos formais mais rápidas e caprichosas, que
indivíduos, em qualquer época ou lugar. incorpora mais clara e positivamente o
É inconcescável que as roupas, desde os processo da moda, enquanto manifes-
tempos mais remotos, foram ucil..izadas tação mais divulgada e mais significativa
como mcio de expressão simbólica e ar- do fenômeno. Interessará à presente aná-
dsuca. Verifica-se, no entanto, gu e a lise, portanto, a moda como o estilo ou
moda vem ocupando, cada vez mais, um estilos dominantes de roupas, acessórios
lugar de destaque nas formações sociais e correlatos, usados_l2?r um g_rE_PO de
contemporâneas l]UC !:,'Tavirmn em rorno indivíduos_em uma época pru.L!_cular.
dQ.Sonsumo e da comunicação de mas- t\natole Francc conforme relata
sa. Em tempo relativamente pequeno, a Flügel ( 1966), afirmava que, se lhe fosse
compreensão do fenômeno deixou o permitido escolher entre publicações
terreno das frivolidades, a que era rele- posteriores a sua morte, escolheria um
gado, para assumir um expressivo lugar jornal de modas, pois o vestuário usado
na organização da vida coletiva e na pelas mulheres um século após o final de
consolidação das sociedades liberais. sua vida poderia dizer-lhe mais sobre a
Rm sentido lato, a moda compreen- humanidade futura~que todos os
de todas as manifestações exteriores de filósofos, romancistas, pregadores c
uso~cos rumcs consagradas dentro de sábios. Tratando o rema com o mais
um dercnninado período, desde compor- profundo rigor científico c lamentando
tamentos SOClaJS c conceitos morais, até que alguns o considerem frívolo, Flügel
o estilo prevalecente nas formas dos defende, dessa forma, a imponância de
objetos produzidos c do vestuário ado- seu objeto de estudo, salientando que "os
rado. Em scmido restrito, o termo aplica- contatos com as roupa s, através das
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A moda, regida pela eclosão do sen- vestir foram bastante lentas c menos
timento individualista e pelo prazer da profundas, o que leva os estudiosos a
sedução, fez seu aparecimento sistemá- localizarem a origem do fenômeno no
tico a arti.r do final da Idade Média, fascinante período final da Idade Média,
quando os mais corajosos, geralmente em que o amor e a elegância lançaram
membros destacados das elites2Qc.iais, suas raízes nos palácios e nos meios eru-
ousaram imprimir toques pessoais à d itos, que pass aram, desde então, a
maneira de vestir coletivamente aceita. cultivar com esmero as regras de corte-
Não mais, simplesmente, seguir a linha Sia.
adotada pela maioria dos poderosos, mas As damas - env ergando seus vesti-
acrescentar a ela seu pró prio estilo de dos suntuosos, com fartas caudas e man-
encantar, ou até mesmo de chocar e, em gas tão longas que por vezes tombavam
última instância, de trazer sobre si olhares até o chão abertas no antebraço de modo
admirativos. a não deixar de exibir o luxuoso tecido
Da Antigüidade até a época_medie- do fo.rro -,adquiriam um porte majestoso
val, as transformações nos modos de e requintado, em uma Europa que se