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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar, estruturar e sintetizar a importância
da moda e da fotografia como fontes históricas, percebendo elas como importantes
instrumentos utilizados para salvaguardar a memória da cidade de Caxias - MA na década de
50 do século XX. Além de fazer uma discussão teórico-metodológica sobre essas fontes,
procuramos fazer um estudo da cidade de Caxias através das informações obtidas da análise
do material coletado.
INTRODUÇÃO
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Especialista em História do Brasil: Cultura e Sociedade pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano/IESF.
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Especialista em História do Brasil: Cultura e Sociedade pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano/IESF.
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mencionar que devido às poucas, ou até mesmo, a ausência de fontes históricas referentes à
cidade de Caxias na década acima mencionada, a moda e a fotografia se destacaram como
importantes elementos para se perceber a cidade nesse período, pois através delas podemos
visualizar o cotidiano, os costumes, e as práticas culturais.
Diante do exposto, o presente trabalho se baseia na seguinte problemática: Como
possibilitar na produção acadêmica, o uso da fotografia e da moda como fonte histórica de
modo a contribuir para uma vasta possibilidade de problemas digno de estudo?
Levando em consideração esta problemática, o que pretendemos aqui é mostrar a
importância da moda e da fotografia como fontes históricas percebendo elas como elementos
capazes de apresentar os costumes de uma sociedade, que ficaram eternizados em suas
vestimentas e no papel fotográfico, salvaguardando assim a memória de Caxias na década de
50 do século XX.
A luz das contribuições de Vergara (2014) sobre taxionomia das pesquisas, o
presente trabalho se classifica quantos aos fins em explicativa, pois buscamos mostrar como a
moda e a fotografia pode ser utilizada como fontes históricas, e quanto aos meios ela é
bibliográfica e documental. A mesma é bibliográfica, haja vista, que faremos o uso de livros,
fotografias, sites, entre outros recursos, e documental, pois analisaremos as fotografias
conservadas em órgãos públicos e privados, buscando da relevância e consistência para a
pesquisa.
A moda é parte da cultura! Sendo assim, a mesma é um importante documento
histórico repleto de informações sobre os gostos, costumes, moral e valores de determinada
pessoa e/ou época. Já a fotografia por sua vez é um registro visual que nos leva a reviver de
certa forma, a época ali registrada, além de nos permitir observar as mudanças ocorridas nas
paisagens e no comportamento das pessoas. Observando tal pensamento, ambas funcionam
como importante meio de salvaguardar a memória coletiva e perceber as transformações
socioculturais.
De ante do exposto acima, para alcançar o objetivo aqui proposto, primeiramente
analisaremos a moda e a fotografia enquanto documento histórico, posteriormente, procurou
compreender esses campos enquanto instrumento de investigação e interpretação da memória
histórica de Caxias-MA, e por último, buscamos refletir como a moda e fotografia colabora
para a preservação da memória individual e coletiva.
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Quando você pensa no tema Moda talvez a primeira coisa que venha na sua
cabeça seja: roupas, cores, tendências, desfile, supérfluo ou frivolidades. Deve então se
indagar: O que leva uma pessoa a trabalhar com essa temática tão “fútil”? Bem, cabe aqui
então uma resposta a esta indagação tão recorrente, com duas perguntas bem simples: Por que
você está usando essa roupa? Que imagem você acha que esta repassando? Nesse sentido, fica
bem perceptível que trabalhar com essa temática é perceber que ela diz muito sobre nós e o
momento que estamos passamos, ou seja, estudar moda não é apenas falar sobre a última
tendência de Paris, Milão, Nova York ou a nova cor do verão, trabalhar com essa problemática
é ganhar a possibilidade de discutir sobre os costumes, as roupas, o comportamento de
determinadas pessoas, ou ainda, possibilita o estudo de determinada época apenas analisando
a vestimenta usada pelas pessoas desse período.
A moda saiu das passarelas e ganhou os livros, conquistou todas as esferas da vida
social, influenciando comportamentos, gostos, ideias, artes, móveis, roupas, objetos e a
própria linguagem. A vestimenta acompanha as transformações de uma época. Essas podem
ser de origem cultural, um gosto literário, ou molde um traje conforme seu anseio ou desejo.
O vestir marca a individualidade do sujeito e expressa a sociedade (REIS, 2016).
Nos idos das décadas de 50 e 60 do século XX, a Moda fez sua inscrição como
objeto de interesse das ciências humanas. A partir desse momento a moda ganhou uma
relevante atenção, justificada por sua abrangência, pois a mesma pode ser estudada sobre
várias perspectivas, sendo um fenômeno cultural em que coexistem interesses econômicos,
sociológicos, psicológicos, etnológicos, entre outros (SOUZA; CUSTÓDIO, 2005). Nessa
mesma perspectiva, Barnard (2003) afirma que a moda como objeto de pesquisa é um
fenômeno completo, por que propicia um discurso histórico, econômico, etnológico e
tecnológico. Por tanto, podemos considerar a moda uma realidade presente em todos os
períodos históricos, e como tema historiográfico permite investigar tanto a organização
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Percebemos então que a moda como um fenômeno histórico não está relacionado
apenas ao consumo, mas as transformações sociais que caracteriza a modernidade, como a
individualização dos sujeitos através da aparência (LIPOVESTSKY, 1989). Embora esteja em
diversos setores da vida na sociedade contemporânea, é no vestuário, que constituímos aqui
um conjunto de peças utilizadas pelas pessoas no ato do vestir, que a moda se manifesta mais
claramente. Levando em consideração a moda enquanto vestuário, ele afirma que:
[...] o vestuário, sem dúvida alguma, que encarnou mais ostensivamente de moda;
ele foi o teatro das invenções formais mais aceleradas, mais espetaculares. Durante o
imenso período, o domínio da aparência ocupou um lugar predominante na história
da moda, Se ele não traduz, a evidência, toda a estranheza do mundo das futilidades
e da superficialidade, ao menos é sua melhor via de acesso, por que a mais bem
conhecida, a mais discreta, a mais representada, a mais comentada. Não há teoria ou
história da moda que não tome o parecer como ponto de partida e como objeto
central de investigação. Por que exibe traços mais significativos do problema, o
vestuário é por excelência a esfera apropriada para fazer o mais exatamente possível
a meada do sistema da moda; só ele nos proporciona numa certa unidade, toda a
heterogeneidade de sua ordem (LIPOVETSKY,1989, p.24)
11). Sendo assim, a indumentária, ao cobrir o corpo, também transmite informações a respeito
das pessoas e do período em que viveu ou vive, sendo uma importante fonte histórica.
Portanto, ao falarmos em moda, percebemos que ela não tem como principal
objetivo apenas cobrir o corpo, mas que esta, constitui significados que determina usos,
costumes, maneiras e gestos do indivíduo, portanto, a moda permite a distinção de uma
determinada classe e imitação da outra, um processo que incide pelo desejo de participar ou
de se afirmar como ser social e deixar sua identidade. A roupa, em todos os tempos, serviu
para distinguir a classe social a qual o indivíduo pertence, pois, carrega todo o significado do
papel que o indivíduo representa dentro da sociedade. Além disso, a moda tem haver com as
ideias, à forma como vivemos e com o que está acontecendo ao nosso redor. A moda é um
produto do que somos e do tempo que pertencemos, ou seja, o vestir acompanha as
transformações de uma época (SILVA, 2012, p. 18). As roupas têm a capacidade de oferecer
um sentido de pertencimento a um lugar de memória, criando conexões com espaços e tempos
diferentes, são objetos lotados de significações emocionais que afetam quem a usa e também
quem a observa (SCHNEID;MICHELON, 2017, p. 04).
como um documento oficial, e dessa forma, não buscavam questioná-la de forma critica,
concebendo-a como uma mera arte ilustrativa.
Em relação a isso, Boris Kossoy (2001), aponta duas razões para que se possa
esclarecer esse fato, na qual a primeira é de ordem cultural, visto que havia a ideia de ter
somente a fonte escrita como transmissão única do saber, renegando assim a fotografia como
fonte confiável de estudos. Em relação à segunda razão, o autor enfatiza que ela:
culturais “criaram-se subsídios para alimentar a ideia de uma cidade rica, cultural, importante
nacional e internacionalmente e, portanto, com um passado a ser protegido para inspirar a
cidade do presente”. (ALMEIDA, 2010, p.19).
O passado importante dessa cidade é recordado através dos monumentos que se
encontram nela, como casarões, igrejas, praças, que fazem um paralelo com o seu presente.
Ou mesmo, através das memórias de pessoas mais velhas e das fotografias que por muitas
vezes remontam elementos marcantes das décadas passadas que de certa forma não fazem
parte atualmente do cotidiano caxiense, como: cinemas, teatros e as fábricas têxteis, fazendo
com que o passado se faça presente na memória dos caxienses. Partindo dessa premissa,
ressalta-se aqui a importância da fotografia, pois através dela é possível reconstruir alguns
aspectos do cotidiano de pessoas, de uma época ou de paisagens urbanas vivenciadas por elas.
Desse modo, a fotografia age como construtora de memória seja ela particular ou
de um grupo, pois através dela podemos produzir determinadas narrativas nas quais estamos
envolvidos direta ou indiretamente. Analisando-a pelo ponto de vista temporal, verificamos
que a imagem fotográfica permite vivenciar a presença do passado, pois, “a própria fotografia
é um recorte espacial que contém outros espaços que a determinam e estruturam, como, por
exemplo, o espaço geográfico, o espaço dos objetos (interiores, exteriores e pessoais) o
espaço da figuração e o espaço das vivências, comportamentos e representações sociais”
(MAUAD, 1996, p.10).
Assim, o cenário urbano, juntamente com o retrato das pessoas, sempre esteve
ligado intrinsecamente aos registros fotográficos. Seus elementos estruturais – monumentos,
edificações e praças – além dos fatos sociais e políticos, constituíram um tema recorrente no
mundo da fotografia desde o seu início, sendo que passaram a ser gradativamente
documentados pelos mais variados fotógrafos. Os fenômenos urbanos presentes nos registros
fotográficos permitiram o surgimento de discussão sobre a problemática da construção e da
perpetuação de uma memória visual da cidade. Nesse contexto, a fotografia leva aos olhos de
quem a vê uma imagem daquela cidade que já foi um dia, o progresso urbano, cultural e
social. Dessa forma, a fotografia e a cidade possuem elementos privilegiados para uma
aproximação do passado com o presente, um elo entre esses dois períodos.
Sabe-se que em consequência do advento das fábricas têxteis na cidade de Caxias,
o núcleo urbano da cidade vai se delineando, a medida que a elite local vai se preocupando
em ter um espaço mais adequado para sua condição social. Começando a partir desse
momento as modificações na estrutura urbana da cidade, com as construções de
estabelecimentos comerciais, casarões, praças e traçados das ruas (ALMEIDA, 2010, p. 21).
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Dessa forma, os conjuntos de fotografias escolhidos para análise neste artigo representam os
espaços urbanos e o vestuário da elite caxiense na década de 50, retratando além das cenas
arquitetônicas e cotidianas dessa cidade, o modo de vestir das pessoas. O que nos propicia nos
dias atuais, perceber Caxias como um Lugar de Memória, visto que nesta cidade está
impregnada a memória individual e coletiva de seus moradores, a partir das lembranças dos
acontecimentos que aqui ganharam forma, tendo assim a fotografia como elemento
despertador dessa memória.
Entre os registros fotográficos que mais despertam o imaginário da sociedade
caxiense, encontra a fotografia da Rua Afonso Cunha, que é conhecida atualmente como
Calçadão da Afonso Cunha, logradouro este de bastante circulação na cidade, haja vista que
além de se localizar no centro histórico da cidade, abriga os mais variados estabelecimentos
comerciais e um grande número de vendedores ambulantes.
Nota-se que a fotografia foi retirada a partir da Praça Gonçalves Dias, sendo que
no primeiro plano é possível observar dois casarões, onde do lado direito funcionou da década
de 1940 a Caixa Econômica Federal, e o mesmo abrigou farmácias e lojas de confecções e
calçados. Bem como podemos notar o tráfego de pessoas mais livremente, pois ainda não se
fazia presente na rua os vendedores ambulantes. Sobre esta Rua, Albuquerque nos informa
que:
A Rua Afonso Cunha passou a conter um grande número de lojas. Com fachadas
antigas, algumas ainda preservadas; por exemplo, a casa onde morou o ex-prefeito
de Caxias Aniceto Cruz, que prestou relevantes trabalhos à comunidade caxiense.
Esta rua foi ponto de encontro dos jovens da época, pois nela existia um dos cinemas
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mais badalados da cidade, chamava-se “Cine Rex”. Era um dos mais movimentos,
porque tinha aparelhos novos e dava mais conforto aos espectadores, que se
aglomeravam na porta, onde os vesperais atraiam uma grande clientela de jovens.
Mais tarde, também foi chamada de a Rua das Farmácias, pois nela se concentrava
um grande número de farmácias da época, como: a Farmácia de D. Zazá, que
pertencia a Izaura Costa & Irmã, “Farmácia do Povo”, de propriedade do Sr. Hugo
Fonseca, a “Farmácia Enos”, do Sr. Enos Carvalho, “Farmácia dos Pobres”,
“Farmácia de Dr. Pedra”, etc. (MESQUITA, 1992, pp. 23-24)
quem a observa, pois nos mostra elementos que já não se fazem mais presente neste local,
como é o caso do cruzeiro feito de madeira e o canhão que foi usado da Guerra da Balaiada 3,
este que foi retirado do seu lugar original e colocado na Praça Duque de Caxias ao lado do
busto do general Luis Alves de Lima e Silva, e que mais tarde ficou conhecido como Duque
de Caxias, por atuar e vencer o combate contra os revoltosos durante a guerra citada
anteriormente.
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Trata-se de um movimento popular e social que eclodiu em 1838 e prolongando-se até 1841, envolvendo as
mais diversas camadas da população maranhense. O movimento foi marcado pela forte presença das classes
subalternas, tais como escravos, negros forros, vaqueiros, camponeses e artesões, embora contasse também com
a presença de profissionais liberais e intelectuais ligados ao partido Bem-te-vi, como os jornalistas, José Cândido
de Morais e Silva, Estevão Rafael de Carvalho e João Francisco Lisboa. (BOTELHO, 2009, p.99).
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O uniforme de “gala”, que era usado nos dias de festas e reuniões na escola, tinha
a seguinte composição: era de seda, composto de saia azul e blusa de mangas comprida
branca, a saia azul juntava-se com o peitilho, formando um vestido. No peitilho tinha seis
botões, sendo três de cada lado. Era necessário o uso da gravata borboleta na cor azul, sapato
preto, meia branca até o joelho, luvas e boinas. O Colégio São José procurou preservar nas
alunas um ideal de mulher que caberia nas posições de professoras, mães, esposas e
excelentes cristãs por sua vez católicas (MOURA, 2014, p. 95).
Quando nos propomos a trabalhar com a moda enquanto vestimenta, objetivamos
mostrar que a vestimenta não permite apenas a transmissão de certos símbolos, mas também
que sejam identificados por meio dela posições ideológicas, comportamentos. As vestimentas
expõem uma ligação entre o indivíduo e a sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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BETWEEN FLASHES AND LOOKS: The use of photography and fashion as a historical
source.
ABSTRACT
This article aims to analyze, structure and synthesize the importance of fashion and
photography as historical sources, perceiving them as important instruments used to safeguard
the memory of the city of Caxias-MA in the 50's of the twentieth century. In addition to
making a theoretical-methodological discourse about these sources, we seek to make a study
of the city of Caxias through the information obtained from the analysis of the material
collected.
REFERÊNCIAS
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BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo, SP: Ateliê Editorial, 2001.
MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: Fotografia e História Interfaces. Tempo, Rio de
Janeiro, Vol.1, n° 2, 1996. p. 73-98.
MESQUITA, Letícia. Memórias de Caxias: Cada rua, sua história. Câmara Municipal de
Caxias, 1992.
REIS, Jacielma da Cruz dos. Vestidas de azul e branco ao estilo conservador: o uniforme
do colégio São José, em Caxias-MA, na década de 1950 / Jacielma da Cruz dos
Reis.__Caxias-MA: CESC/UEMA, 2016.
SOUZA, Valdete Vazzoler de. CUSTÓDIO, José de Arimathéia Cordeiro. Fotografia: meio e
linguagem dentro da moda. Discursos fotográficos, Londrina, v.1, p.231-251, 2005.