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Marco Aurelio de Mello Castrianni - Unlocked
Marco Aurelio de Mello Castrianni - Unlocked
PUC-SP
MÉTODOS USUAIS
DE INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO:
ADEQUAÇÃO E COMPLEMENTARIDADE
DOUTORADO EM DIREITO
SÃO PAULO
2007
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
MÉTODOS USUAIS
DE INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO:
ADEQUAÇÃO E COMPLEMENTARIDADE
DOUTORADO EM DIREITO
SÃO PAULO
2007
Banca Examinadora
_____________________________________
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_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
A todos aqueles que me incentivaram e
apoiaram nesta empreitada.
RESUMO
ABSTRACT
The logic methods have their basis in Rationalism and Empiricism. For
the former, the knowledge stems from exclusively in the reason; its method is
deductive. For the latter, the knowledge is acquired by experience, either
external or internal; its method is inductive.
Intuition is the no discursive method. Using it, we can reach the values,
the object of Axiology. The values implicate the genesis of the rules and
juridical principles. The phenomenon of the values happens in the society and
interact with the culture. The human being is the source value, and the Justice
is the fundamental value. Equity is a kind of Justice, which surpasses in a
certain way.
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
1
Discute-se sobre a adequação e a interdependência de referidos
métodos para a interpretação e para a aplicação do Direito, ou seja, como se
dá a aplicação e a interpretação, bem como a inter-relação. Constata-se que,
na verdade, são os três adequados e complementares; não sendo possível,
pois, a utilização de maneira isolada de apenas um deles.
2
MÉTODOS USUAIS DE INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO
DIREITO: ADEQUAÇÃO E COMPLEMENTARIDADE
1.1. Lógica
3
É um dos ramos da Filosofia e trata, portanto, das operações
intelectuais que se realizam na busca do verdadeiro. É ciência quando estuda
tais operações; é arte quando define as regras para a condução dos raciocínios.
A primeira é a Lógica pura ou formal; a segunda, a aplicada ou metodologia.
Não se trata de estudar as leis do pensamento de forma geral, mas apenas no
que se refere aos raciocínios. Ela serve de instrumento para a Filosofia e para
as ciências.
4
ciência legítima. Afirma Albert Menne: “Sem sólidas idéias, sem fatos
averiguados, a Lógica é semelhante à roda de um moinho que gira no vazio
sem nada que moer, e que não faz outra coisa senão desgastar-se e produzir
areia”6.
5
há infrações a regras lógicas. Pode haver confusão entre dois tipos de
linguagem ou entre palavras, ou seja, equívocos de linguagem ou equívocos
de termos. Há o exemplo famoso do “cretense que mente”. Sua afirmação era:
“Estou mentindo”. Como ele sempre mentia, essa afirmação parecia uma
verdade. Explica-se: pode existir mais de um plano de linguagem. Quando
alguém se refere diretamente a uma coisa, está empregando uma linguagem
de primeira ordem ou linguagem-objeto; entretanto, quando a referência é
uma linguagem, tem-se a linguagem de segunda ordem ou metalinguagem.
No caso do exemplo, portanto, trata-se de um equívoco de linguagem. Há
também termos que geram confusões lógicas. São os equívocos de termos.
Há, entre os exemplos, o da expressão: “duas vezes dois e três”, que pode ser
escrito: “2 vezes 2 e 3 = 7” ou “10 = 2 vezes 2 e 3”, que daria o resultado:
“logo 10 = 7”. É necessário que o interlocutor defina os termos para se evitar
equívoco deste tipo11.
1.2. Dedução
11
Antonio Xavier Teles, Introdução ao estudo de filosofia, p. 188/190.
12
Ibid., p. 190/191.
13
Francisco Torrinha, Dicionário latino português, p. 232.
14
Charles Lahr, Manual de philosophia, p. 337/338.
6
Os autores se posicionam da seguinte forma:
15
Vocabulário técnico e crítico da filosofia, p. 227.
16
Filosofia, p. 48.
17
Lógica jurídica, p. 113.
18
Introdução ao direito – lições de propedêutica jurídica tridimensional, p. 513.
19
P. 145.
20
Compêndio de filosofia, p. 145.
21
Ibid., p. 351.
7
É interessante a idéia de “inclusão” de Marilena Chauí, ou seja, a
de um fato particular se encaixar dentro de uma regra geral.
1.2.1.1. Idéia
1.2.1.2. Termo
22
Paul Janet. Traité élémentaire de philosophie, p. 369. Tradução própria do original: “(...) est ce qui
représente la vérité de l’objet entendu”.
23
Lógica – pensamento formal e argumentação – elementos para o discurso jurídico, p. 168.
24
Paul Janet, Traité élémentaire de philosophie, p. 368.
25
Alaôr Caffé. Lógica – pensamento formal e argumentação – elementos para o discurso jurídico, p.
169.
8
1.2.2. Juízo e proposição
1.2.2.1. Juízo
1.2.2.2. Proposição
26
Manual de philosophia, p. 331.
27
Iniciação filosófica, p. 110. O autor apresenta a seguinte definição em latim: “operatio intellectus, qua
componit vel dividit affirmando vel negando”.
28
Lógica – pensamento formal e argumentação – elementos para o discurso jurídico, p. 234.
29
Paul Janet, Traité élémentaire de philosophie, p. 384. Tradução própria do original: “c’est l’expression
verbale du jugement”.
9
O estudo clássico da dedução se baseia em
argumentos que contêm proposições categóricas30. Há, porém, ainda as
disjuntivas, conjuntivas e as condicionais, que podem ser hipotéticas ou
modais.
10
atributo é tomado em toda a sua extensão, mas não em toda a sua
compreensão”. Na “definição”, “a extensão e a compreensão do atributo são
idênticas às do sujeito”; exprime-se a identidade total entre sujeito e
atributo33.
11
condicionais, disjuntivas ou conjuntivas. As proposições modais “são aquelas
em que o liame é determinado por um advérbio ou uma locução qualquer
significando a necessidade ou a contingência, a impossibilidade ou
possibilidade. – Essas proposições enunciam a afirmação e o modo da
afirmação”38.
38
Charles Lahr, Manual de philosophia, p. 336.
39
Albert Menne, Introducción a la lógica, p. 80/81.
40
Ibid., p. 81/89.
41
Introdução à lógica, 48.
42
Irving Copi, Introdução à lógica, passim.
12
1.2.3. Raciocínio e argumento
1.2.3.1. Raciocínio
43
Orlando Vilela, Iniciação filosófica, p. 110.
44
Manual de philosophia, p. 337.
45
Irving M. Copi, Introdução à lógica, p. 35.
46
Ibid., p. 38.
47
Ibid., p. 139.
13
No mesmo sentido, afirma Salmon que “validade” é
propriedade de argumentos; “verdade” é propriedade de enunciados
individuais ou isolados48.
1.2.3.2. Argumento
14
O silogismo tem três idéias ou termos. Há o “grande
termo”, que é o atributo da conclusão. É chamado grande por ter a maior
extensão. Há o “pequeno termo”, que é o sujeito da conclusão. Sua extensão é
normalmente a mais restrita. Há o termo médio, assim chamado por ter
extensão média e por ser intermediário, permitindo conhecer a relação entre o
grande e o pequeno. Em oposição ao médio, o grande e o pequeno se chamam
extremos. As duas primeiras proposições são premissas, e terceira, conclusão.
A premissa maior contém o grande termo unido ao médio; a menor contém o
pequeno termo55.
55
Ibid., mesma página.
56
Introducción a la lógica, p. 164. Tradução própria do original: “Se entendiende por silogismo una
consecuencia, en la cual, partiendo de dos proposiciones previas, llamadas premisas, que consituyen cada una
un enunciado acerca de dos clases, combinadas de tal manera que una misma clase, llamada término medio,
aparezca en ambas premisas, se infiere una conclusión, en la que es eliminada esta clase”.
57
Charles Lahr, Manual de philosophia, p. 343/344.
15
resume a teoria do silogismo nestas duas regras: A maior deve conter a
conclusão, e a menor mostrar que nela é contida”.
58
Ibid., p. 345. O autor afirma: “Compreendamos bem o valor dessas regras. Elas não garantem a verdade
intrínseca das proposições que compõem o raciocínio, asseguram somente seu encadeamento lógico, isto é, a
conseqüência. Em outros termos, referem-se à forma do silogismo, não à matéria”.
59
Introdução à lógica, p. 167/168.
60
Filosofia do direito, p. 146.
16
1.2.4.1. A forma, o modo e a figura do silogismo
61
Charles Lahr, Manual de philosophia, p. 345.
62
Irving Copi, Introdução à lógica, p. 168.
63
Ibid., 169. Vide as quatro figuras no apêndice.
64
Ibid., p. 170.
65
Manual de philosophia, p. 346/347.
66
Ibid., p. 346. Charles Lahr traz, como exemplo, um verso da Medéa, de Sêneca: “A quem serviu o crime, é
dele culpado. (Ora, ele te serviu; logo, tu és culpado).
67
Irving Copi, Introdução à lógica, p. 208.
17
Epiquerema vem de ’επιχείρηµα (epichéirema), que
significa “ataque”. As premissas vêm acompanhadas da prova68.
68
Manual de philosophia, p. 346. Charles Lahr traz, como exemplo, a defesa de Cícero “pro Milone”: “É
permitido matar um agressor injusto: – A lei natural, a lei positiva autorizam-no... Ora, Clódio foi agressor
injusto de Milo: – Seus antecedentes, sua escolta, suas armas provam-no. Logo, era permitido a Milo matar
Clódio”.
69
Ibid., mesma página. Charles Lahr traz, como exemplo: “O que é simples não pode ser dissolvido; / Ora, a
alma humana é simples; / Logo, a alma humana não se pode dissolver; / Ora, o que se não pode dissolver é
incorruptível; / Logo, a alma humana é incorruptível”.
70
Ibid., p. 346/347. Charles Lahr traz, como exemplo, o raciocínio da raposa, de Montaigne: “Este regato faz
ruído; o que faz ruído se mexe; o que se mexe não está gelado; o que não está gelado não me agüenta; logo,
este regato não me pode agüentar”.
71
Irving M. Copi, Introdução à lógica, p. 211.
72
Manual de philosophia, p. 347. Charles Lahr traz, como exemplo: “Ou tu estavas no teu posto, ou não
estavas. Se estavas, não cumpriste o teu dever; se não estavas, cometeste um ato vergonhoso; em ambos os
casos, mereces a morte”.
73
Irving M. Copi, Introdução à lógica, p. 218/219.
18
1.2.5. Dedução imediata
1.2.5.1. Oposição
19
que ocorre com as do tipo A e E. São subcontrárias quando não podem ser
ambas falsas, mas podem ser ambas verdadeiras. É o que se passa com as do
tipo I e O. A relação de subalternação existe entre uma proposição universal e
sua correspondente particular. A universal é chamada superalterna ou
subalternante; a particular, subalternada ou subalterna. O superalterno implica
o subalterno, mas tal não ocorre deste para aquele78.
1.2.5.2. Conversão
1.2.5.3. Obversão
20
modo que a obversão é uma forma válida de inferência imediata para qualquer
proposição categórica de forma típica”82.
1.2.5.4. Contraposição
1.3. Indução
82
Introdução à lógica, p. 151/153. Como exemplo, podemos observar: sendo obvertente: “Todo paulista é
brasileiro”, teremos a observa: “Nenhum paulista é não-brasileiro”. Há equivalência.
83
Lógica – pensamento formal e argumentação – elementos para o discurso jurídico, p. 257.
84
Irving M. Copi, Introdução à lógica, p. 153/154. Como exemplo, podemos observar: a proposição: “Todo
paulista é brasileiro” tem como contrapositiva: “Todo não-brasileiro é não-paulista”. Há equivalência.
85
Lógica – pensamento formal e argumentação – elementos para o discurso jurídico, p. 257.
86
Francisco Torrinha, Dicionário latino português, p. 416.
87
Charles Lahr, Manual de philosophia, p. 338.
21
proposição ou a um pequeno número de proposições mais gerais, chamadas
induzidas, tais que implicam todas as proposições indutoras”88.
22
Segundo Flávio Fernandes, John Stuart Mill definiu a indução
“como uma generalização da experiência, esclarecendo que consiste em
inferir de quaisquer casos particulares onde um fenômeno é observado, que
ele se encontra entre todos os casos de uma certa classe, quer dizer em todos
os casos que se assemelham aos primeiros naquilo que eles oferecem de
essencial... E, assim, o que é verdadeiro, para um caso qualquer, é verdadeiro,
também, para todos os casos de uma certa natureza”. Para aquele autor,
“sendo a indução uma generalização da experiência, infunde-se no
conhecimento das circunstâncias dos fenômenos idênticos devidamente
analisados, ampliando a sua conclusão a outros fenômenos não observados,
todavia, da mesma natureza”95.
95
Adequação do costume, da indução e da analogia ao direito. Revista da Faculdade de Direito das
Faculdades Metropolitanas Unidas, ano 7, nº 7, nov., 1993, p. 67.
96
Introdução ao direito – lições de propedêutica jurídica tridimensional, p. 512.
97
Lógica, p. 45/46.
23
Para Charles Lahr, a indução se compreende como “a operação
do espírito que consiste em concluir do particular o geral”. Ele apresenta três
espécies de indução: a socrática, a aristotélica e a baconiana. A socrática é “o
processo de generalização pelo qual nos elevamos do indivíduo ao gênero”. A
aristotélica “consiste em afirmar da coleção inteira o que se reconheceu
convir a cada indivíduo dessa coleção”. Não seria exatamente um raciocínio,
mas uma simples adição; é indutivo apenas na forma; vai do mesmo para o
mesmo; a soma das partes é igual o todo. A baconiana “é o processo que
consiste em generalizar uma relação de causalidade entre dois fenômenos,
ainda que se tenha verificado apenas um número de vezes relativamente
restrito, e em concluir da relação causal, a lei”. É chamada de baconiana por
ter sido Bacon que ressaltou seu alcance científico, formulou regras e
vulgarizou seu emprego nas ciências98.
24
em cada caso ou em cada espécie”. Ensina ainda: “A indução por excelência,
porém, é a amplificadora, porque nosso espírito se eleva a uma conclusão a
respeito de toda uma série, mesmo sem ter conhecido senão alguns de seus
elementos, podendo essa amplificação ser feita de maneira empírica, ou de
maneira metódica ou experimental”100.
1.3.1. Analogia
100
P. 142/143.
101
Ibid., p. 145.
102
Compêndio de filosofia, p. 144.
25
de um dos pares e de um dos termos do segundo. B. Todo raciocínio que
conclui em virtude de uma semelhança entre os objetos sobre os quais se
raciocina”103.
103
Vocabulário técnico e crítico da filosofia, p. 62/64.
104
Introdução à lógica, p. 314/315.
105
Ibid., p. 318/322.
26
ausência não pode haver combustão alguma. Embora seja uma condição
necessária, a presença de oxigênio não é uma condição suficiente para que
haja combustão. Uma condição suficiente para a ocorrência de um evento é
uma circunstância em cuja presença o evento deve ocorrer...”. A palavra
“causa” pode ser usada no sentido de condição necessária ou de condição
suficiente. Há ainda outro sentido, ou seja, incidente ou ação que, juntamente
com outras condições que normalmente prevalecem, assinalam “a diferença
entre ocorrência ou não-ocorrência do evento”. Causas desse tipo podem ser
remotas ou próximas106.
27
Para Estêvão Cruz consiste “em afirmar que certo caráter
novo observado numa coisa pertence também a outra quando essas duas
coisas apresentam certo número de caracteres comuns”. A sua conclusão é
apenas provável111.
28
probabilidade pode ser maior ou menor; será maior quanto maior o número de
casos115.
115
Irving Copi, Introdução à lógica, p. 334.
116
Wesley C. Salmon, Lógica, p. 46/47.
117
Ibid., p. 47.
118
Ibid., p. 47/48.
29
1.3.2.4. Silogismo Estatístico
30
Eliminam-se os antecedentes com exceção daquele que se supõe a causa. Se o
fenômeno ocorre em todos os casos, o antecedente conservado é a causa. A
regra assim se formula: “Se vários casos de um mesmo fenômeno não têm
senão um antecedente comum, este antecedente é a causa de fenômeno”124.
124
Manual de philosophia, p. 393. Francis Bacon quer que o experimentador prepare a “tábua de presença”,
“em que note todas as circunstâncias que acompanham a produção do fenômeno cuja causa procura”.
125
Traité élémentaire de philosophie, p. 471. Tradução própria do original: “cette circonstance peut être
considérée comme la cause du phénomène”.
126
Compêndio de filosofia, p. 385.
127
Dados preliminares de lógica jurídica, p. 38.
128
Irving Copi, Introdução à lógica, p. 340.
31
causa do fenômeno é este fator que está presente e um caso e ausente no
outro. Esse fator faz a diferença. Por isso, o nome método da diferença129.
129
Lógica, p. 58.
130
Manual de philosophia, p. 393. Francis Bacon quer que o experimentador prepare a “tábua de ausência”,
“onde note os casos em que o fenômeno não se dá, tendo o cuidado de marcar os antecedentes presentes e
ausentes”.
131
Traité élémentaire de philosophie, p. 471. Tradução própria do original: “est la contre-épreuve de la
précédente. Elle consiste à supprimer la circonstance que paraît être, d’après la méthode de concordance, la
cause ou du moins l’une des causes du phénomène: si, cette circonstance supprimée, le phénomène cesse de
se produire, c’est une confirmation évidente que la circonstance en question est une des conditions (sinon la
condition unique) de la production du phénomène...”.
132
Compêndio de filosofia, p. 385.
133
Dados preliminares de lógica jurídica, p. 38.
32
1.3.3.3. Método conjunto de concordância e diferença
134
Irving Copi, Introdução à lógica, p. 344.
135
Lógica, p. 60.
136
Introdução à lógica, p. 348.
137
Ibid., p. 349.
138
Manual de philosophia, p. 394.
33
antecedentes que foram negligenciados e cujo efeito era ainda uma
incógnita”139.
139
Traité élémentaire de philosophie, p. 473. Tradução própria do original: “Si l’on retranche d’un
phénomène donné tout ce qui, en vertu d’inductions antérieures, peut être attribué à des causes connues, ce
qui reste sera l’effet des antécédents qui ont été négligés et dont l’effet était encore une quantité inconnue”.
140
Compêndio de filosofia, p. 386.
141
Irving Copi, Introdução à lógica, p. 353.
142
Ibid., p. 352.
143
Lógica, p. 60/61.
34
diferença; lembrando que há casos em que não se pode suprimir a causa
suposta; sendo suficiente fazê-la variar144.
1.3.3.6. Crítica
35
que não os seus métodos. Estes são insuficientes para a descoberta, pois, para
que haja sucesso, é preciso que ocorra uma análise apropriada dos fatores que
estão nos antecedentes; e os métodos não explicam sobre como distinguir uma
análise apropriada. Por outro lado, é necessário levar em conta todas as
circunstâncias relevantes. Já no que se refere à pretensão de que os métodos
sejam demonstrativos, Copi observa que “todos os métodos se desenvolvem a
partir de hipóteses antecedentes, sobre quais são as circunstâncias
causalmente relevantes para o fenômeno sob investigação... Este juízo prévio
pode ser errado e, se for, então, a conclusão inferida pelos Métodos de Mill
deverá estar contaminada por esse mesmo erro... (...) até as circunstâncias
relevantes podem ser analisadas em fatores separados. Essa análise tem que
ser ‘correta’... (...) Tal análise deve ser anterior ao uso dos métodos, mas,
desde que a análise possa ser incorreta, também a conclusão inferida poderá
sê-lo”. Acrescenta Copi que uma correlação “observada entre fenômenos
pode ser uma propriedade fortuita, peculiar aos casos observados, ou uma
propriedade regular, isto é, uma propriedade válida para todos os casos desses
fenômenos. Quanto maior for o número de casos observados (...), tanto maior
será a probabilidade de que a correlação obedeça a uma lei e não seja fortuita.
Mas, por maior que seja o número de casos observados, qualquer inferência
que vá de suas propriedades às propriedades de casos ainda não observados
nunca será certa. Devemos repetir que as inferências indutivas nunca são
demonstrativas... (...) enquanto houver quaisquer casos inobservados,
subsistirá sempre a possibilidade de que a investigação ulterior demonstrou
que é falsa a conclusão indutiva... (...) Além disso, (...) existe sempre a
probabilidade lógica de que qualquer fenômeno particular investigado tenha
mais de uma só causa; se assim for, nenhum dos métodos servirá”149.
149
Ibid., p. 358/364.
150
Ibid., p. 364/365.
36
Os Métodos de Mill são eliminatórios, pois mostram
que “uma certa circunstância particular não é a causa de um fenômeno dado...
(...) patenteiam-se, deste modo, como instrumentos para testar hipóteses. Os
seus enunciados descrevem o método da experiência controlada, que é uma
arma absolutamente indispensável no arsenal da ciência moderna”151.
1.4. Intuição
37
André Lalande traz, em seu dicionário, as noções de intuição: “A.
Conhecimento de uma verdade evidente, seja de que natureza for, que serve
de princípio e de fundamento ao raciocínio discursivo, e que se refere não só
às coisas, mas também às suas relações... (...) B. Visão direta e imediata de
um objeto de pensamento atualmente presente ao espírito e apreendido na sua
realidade individual... (...) C. Todo conhecimento dado de uma só vez e sem
conceitos... (...) D. Conhecimento sui generis, comparável ao instinto e ao
senso artístico, que nos revela aquilo que os seres são em si próprios, por
oposição ao conhecimento discursivo e analítico que no-los faz conhecer do
exterior... (...) E. Segurança e rapidez do juízo; adivinhação instintiva (dos
fatos ou das relações abstratas)... (...) F. Aquilo que é objeto da intuição nos
diferentes sentidos acima definidos”156.
156
Vocabulário técnico e crítico da filosofia, p. 590/596.
157
Antonio Xavier Teles, Introdução ao estudo de filosofia, p. 128.
158
Miguel Reale, Filosofia do direito, p. 131.
159
Filosofia, p. 45/46.
38
objeto, uma verdade ou um valor é imediatamente apreendido; a
demonstração é desnecessária; há evidência. Ele ensina: “Tanto a intuição
quanto o raciocínio possuem seu lugar no conhecimento científico. Por outro
lado, a intuição surge do trabalho científico e raciocinado. De outra feita, para
alguns a intuição tem importante aplicação no plano da descoberta, cabendo
aos raciocínios dedutivos e indutivos a demonstração”160.
160
Lições de introdução ao direito, p. 112.
161
P. 96.
162
Ibid., p. 97/98.
39
intuição volitiva, afirma que há autores, para os quais somente esta espécie
“nos permite conhecer a ‘existência’ das coisas”. O conhecimento seria obtido
pela resistência oferecida pelas coisas. Deste modo, teríamos “convicção da
realidade do mundo interior pela experiência imediata de nossa vontade, pelo
que se dá na intuição volitiva. É ela que nos possibilita a compreensão da
existência, assim como o conhecimento do mundo histórico”163.
163
Ibid, p. 99/107.
164
Curso de filosofia do direito, p. 50/51.
165
Ibid., p. 52/54.
40
a intuição que desarticula as categorias especializadas e pragmáticas do
pensamento”. O mesmo autor faz referência a Dilthey, segundo o qual são
precários os sistemas que “colocam o intelecto como órgão cognoscente para
captar a realidade viva das coisas. Só a intuição volitiva, que consiste na
percepção de si mesmo, como ser que quer, deseja e age, voluntariamente, é
que consegue aprofundar a investigação do sujeito que conhece”. O homem é
um ente de vontade, ou seja, que quer, mas o seu querer esbarra em
dificuldades que se colocam entre o sujeito e o objeto do conhecimento. São
essas dificuldades “que dão ao sujeito cognoscente, intuitivamente, noticia da
existência das coisas”. Outra referência feita é a Husserl. Afirma-se ter sido
retomada a linha platônica, a intuição existencial volitiva ou intuição eidética.
Em seu método, isola-se algo de geral em cada coisa até que se atinja a idéia.
A redução eidética “consiste em elevar-se de uma intuição empírica à intuição
da essência do objeto...”166.
166
Ibid., p. 54/56.
167
P. 119/120.
168
Introdução ao estudo de filosofia, p. 128/129.
41
além de falar sobre ela, demonstrar sua existência”. Lembra ainda que todos
experimentam a intuição, independentemente de sua formação169.
169
A intuição e o direito: um novo caminho, p. 22/23.
170
Ibid., p. 174/177.
42
preocupação consciente que leva a uma investigação com o fito de resolver o
problema dado”171.
171
Ibid., p. 177.
172
Ibid., p. 178/180.
173
Ibid., p. 181/182.
43
Este autor traz relatos de casos de experiência intuitiva. O
primeiro deles é um dos mais famosos para a Filosofia e a Ciência: a ocasião
em que Arquimedes descobriu o princípio da hidrostática. Ele entrou em uma
banheira e observou o desnível da água após sua imersão e percebeu que seu
corpo ficara mais leve mergulhado. Repentinamente, descobriu referido
princípio da Física. Diz a história ou a lenda que o mesmo saiu gritando:
“Hêureka! Hêureka!”, ou seja, “Encontrei! Encontrei!”. O chamado Princípio
de Arquimedes é bastante conhecido: “Todo corpo mergulhado num fluido
sofre uma impulsão vertical de baixo para cima, igual ao peso do volume do
fluido deslocado”174.
174
Ibid., p. 135/136. No original grego: “‘Έυρεκα!, ‘Έυρεκα!”.
44
O que se verifica é que há um contato direto entre o sujeito
cognoscente e o objeto de conhecimento; visão direta e imediata do objeto.
Está presente a idéia de sentir e experimentar, descobrir, contemplar,
perceber, observar, olhar atentamente, considerar, ver, avistar, refletir. Estão
também presentes as idéias de instantaneidade, totalidade, evidência,
consciência imediata.
45
2. FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS LÓGICOS
2.1. Racionalismo
175
Vocabulário técnico e crítico da filosofia, p. 82/83.
176
Estêvão Cruz, Compêndio de filosofia, p. 562.
177
Curso de filosofia, p. 101.
178
Ibid., p. 102/103.
46
Para ele, o homem é um animal racional. Todos possuem razão,
ou seja, “essa capacidade de bem julgar e de discernir o verdadeiro do falso”.
Como a razão não é sempre utilizada de forma correta, surge a necessidade do
método. A finalidade do mesmo é a boa condução da razão e procura da
verdade nas ciências. A sua pretensão foi a de estabelecer um método
universal. Elaborou quatro regras fundamentais: a da evidência, a da análise, a
da síntese e a do desmembramento. Em sua opinião, a intuição, por ser direta
e imediata, permite aceitar algo como verdadeiro. Além dela, é necessário o
raciocínio discursivo, a dedução, ou seja, “uma demonstração capaz de
chegar a uma conclusão certa a partir de um conjunto de proposições que se
encadeiam necessariamente umas às outras obedecendo a uma ordem: cada
proposição deve estar ligada àquela que a precede e àquela que a ela se
segue”179.
179
Ibid., p. 104/106. O autor menciona as seguintes regras: “a) regra da evidência: ‘Jamais admitir coisa
alguma como verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal’; a não ser que se imponha a mim como
evidente, de modo claro e distinto, não me permitindo a possibilidade de dúvida. Em outras palavras,
precisamos evitar toda precipitação e todos os preconceitos. Só devo aceitar o que for evidente, quer dizer,
aquilo do qual não posso duvidar; b) regra da análise: ‘Dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas
quantas forem possíveis’; c) regra da síntese: ‘Concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos
objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para, aos poucos, como que por degraus, chegar aos
mais complexos’; d) regra do desmembramento: ‘Para cada caso, fazer enumerações o mais exatas
possíveis... a ponto de estar certo de nada ter omitido’ (cf. Discurso sobre o método, II Parte)”.
180
Ibid., p. 106.
47
sentidos, porque às vezes podem enganar, bem como aos raciocínios por
poderem induzir a erros. A primeira certeza é descoberta com o famoso
“cogito, ergo sum” ou “penso, logo existo”. Depois disso, “Descartes se
pergunta: quem sou? Identifica o eu à alma, e a alma ao pensamento.
Estabelece o primado do espírito, fazendo dele algo inteiramente distinto do
corpo. É a tese do dualismo: a alma é uma substância completamente distinta
do corpo”. A existência de Deus foi a segunda verdade descoberta. O mundo
material é despojado de realidade própria. A natureza é criada por Deus a
cada instante, sendo “oferecida ao conhecimento e à atividade técnica do
homem”. Tudo se explica pelas leis do movimento que se expressam na
linguagem matemática. “O animal é um autômato. O corpo se explica pelo
mecanicismo. Se Deus existe, não pode me enganar, porque é perfeito.
Portanto, minhas percepções não constituem ficções: elas vêm dos objetos do
mundo exterior”. A essência das coisas materiais é a sua extensão, por sempre
ocuparem um espaço181.
181
Ibid., p. 106/108.
182
Ibid., p. 108/109.
183
Ibid., p. 111.
48
conhecimento, mas é preciso levar em conta que há uma diferença entre
aquilo em que se crê por causa da fé e aquilo que se observa e se demonstra.
2.2. Empirismo
184
Vocabulário técnico e crítico da filosofia, p. 300/301.
185
Irving M. Copi, Introdução à lógica, p. 322.
186
Estêvão Cruz, Compêndio de filosofia, p. 560.
49
Danilo Marcondes afirma que o empirismo é, “juntamente com o
racionalismo, uma das grandes correntes formadoras da filosofia moderna
(séculos XVI-XIX). Enquanto que o racionalismo de Decartes explicava o
conhecimento humano a partir da existência no indivíduo de idéias inatas que
se originavam em última análise de Deus, os empiristas pretenderam dar uma
explicação do conhecimento a partir da experiência, eliminando assim a
noção de idéia inata, considerada obscura e problemática. Para os empiristas,
todo o nosso conhecimento provém de nossa percepção do mundo externo, ou
do exame da atividade de nossa própria mente”187.
187
Curso de filosofia, p. 117.
188
Ibid., p. 117/118.
189
Ibid., p. 118/119.
50
reflexão. Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em
branco, vazio de todos os caracteres, sem quaisquer idéias. Como vem a ser
preenchida? Como lhe vem esse vasto estoque que a ativa e ilimitada fantasia
humana pintou nela com uma variedade quase infinita? Como lhe vem todo o
material da razão e do conhecimento? A isso respondo com uma palavra: pela
experiência. É na experiência que está baseado todo o nosso conhecimento, e
é dela que, em última análise, o conhecimento é derivado. Aplicada tanto aos
objetos sensíveis externos quanto às operações internas de nossa mente, que
são por nós mesmos percebidas e refletidas, nossa observação sempre supre
nosso entendimento com todo o material do pensamento. Essas são as duas
fontes de nosso conhecimento, das quais jorram todas as idéias que temos ou
que podemos naturalmente ter”190.
Citando outra vez aquele filósofo (op. cit., livro I, séc. VI),
afirma que, para ele, não há identidade da consciência individual, como
pretendiam os racionalistas: “Mas não há nenhuma impressão constante e
invariável. Dor e prazer, tristeza e alegria, paixões e sensações sucedem-se
umas às outras, e nunca existem todas ao mesmo tempo. Não pode ser,
portanto, de nenhuma dessas impressões, nem de nenhuma outra, que a idéia
de eu é derivada, e conseqüentemente essa idéia simplesmente não existe”193.
190
Ibid., p. 119.
191
Ibid., p. 119/120.
192
Ibid., p. 121.
193
Ibid., p. 122.
51
No âmbito político, há a defesa da idéia do liberalismo, em
contraposição à do absolutismo, em que haveria o direito divino do soberano.
A legitimidade do poder está no fato de se originar da vontade do povo e pode
ser delegado a uma assembléia ou a um monarca. A finalidade do Estado é a
proteção dos interesses dos cidadãos. O indivíduo é mais importante que a
sociedade e as leis são originalmente convencionais. O mesmo autor cita John
Locke (“Segundo Ensaio sobre o Governo Civil”, cap. VIII): “E, assim, cada
indivíduo, ao consentir com os outros em formar um corpo político com um
governo, coloca-se a si próprio sob a obrigação em relação a todos os outros
membros dessa sociedade de se submeter à determinação da maioria e de
aceitar suas decisões...”. Referido autor traz também citação de Thomas
Hobbes (“Leviatã”, parte II, cap. XVII): “A única maneira de instituir um tal
poder comum, capaz de defendê-los das invasões dos estrangeiros e das
injúrias uns dos outros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para
que, mediante seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam
alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda sua força e poder a um homem,
ou a uma assembléia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades,
por pluralidade de votos, a uma só vontade... (...) Feito isso, à multidão assim
unida numa só pessoa se chama Estado, em latim, civitas”194.
52
generalização, ou indução propriamente dita”. A observação consiste no
exame paciente e minucioso dos fatos. A formulação de leis seguras depende
da estatística e da história. O âmbito de espaço não pode ser acanhado e o
período de história não pode ser curto. A experimentação consiste em
reproduzir os fatos observados, em dados limites e condições, para corrigir
resultados da observação. Mas são insuficientes os fatos considerados de
forma isolada. A comparação é necessária, para se verificar “o que há de
comum, de constante, de geral, em uma determinada série de fenômenos”. A
partir disso, é possível realizar a indução, ou seja, a generalização, a
formulação de leis às quais se subordinam os fatos. A comparação, às vezes,
depende de abstração, que é a separação mental da parte de um todo, que é em
realidade inseparável. A abstração pode ser subjetiva ou objetiva, havendo
inconvenientes em relação à primeira196.
196
Ibid., p. 20/21.
197
Ibid., p. 23/24.
198
Ibid., p. 26/28.
199
Ibid., p. 31/33.
200
Ibid., p. 34.
53
2.2.2. Crítica de Miguel Reale
201
Filosofia do direito, p. 152.
202
Ibid., mesma página.
203
Ibid., p. 320.
204
Ibid., p. 321.
54
A teoria dos aprioristas, levada ao extremo, invalida
qualquer tipo de experiência. Seria como se toda experiência já realizada não
tivesse trazido contribuição alguma ao progresso do conhecimento.
205
Ibid., p. 322.
55
A ciência jurídica, porém, não descreve apenas fatos, mas
também as normas e os valores que a integram. Tem razão Miguel Reale
quando afirma: “A historia do Direito Penal é uma luta permanente contra o
fato da delinqüência, da criminalidade. O Direito, sendo afirmação e
exigência de valores, não é mero resultado da pressão dos acontecimentos
sociais, mas resulta de múltiplos elementos, entre os quais os fáticos são
condição necessária, mas não suficiente à formação do enunciado
normativo206”. Tal é o que realmente ocorre quando surge ou se altera uma
norma. Tudo, entretanto, é fato, ou seja, algo que “é” do ponto de vista da
metalinguagem.
206
Ibid., p. 325.
207
Ibid., p. 327.
208
Ibid., p. 328.
209
Ibid., p. 329.
56
2.3. Empírio-racionalismo
2.4. Axiologia
2.4.1. Conceito
A palavra grega άξιος, -α, -ον (áxios, -a, -on) tem, entre
outros significados, os de “justo”, “que vale, que tem o valor de”211. A
Axiologia, portanto, pode ser considerada Teoria ou Ciência dos Valores.
57
para indicar o preço ou valor de uma coisa, para distinguir uma situação
meritória, ou seja, uma ‘dignidade’ como tal merecedora de nosso apreço, ou
ainda a fim de estimar-se a espécie e o grau de pena a ser aplicada”. Deu-se
maior realce ao adjetivo “áxios”, “quer dizer digno de estima, com que
enalteciam a valentia dos heróis ou dos guerreiros, os seus valorosos
estadistas e artistas e as virtudes válidas dos artífices”. Platão e Aristóteles
usavam a palavra “ágathon”, para fazer referência ao valor mais alto, que
“significa bem, na qual estava inerente o sentido de valor”, sendo que Platão
apresentava o bem como arquétipo ideal, e Aristóteles o via “segundo razões
de proporcionalidade”. Cícero teve a percepção da palavra “aestimabile”, ao
trasladar vocábulos gregos para o latim, ressaltando-se que em português se
diz tanto “mundo dos valores” como “mundo das estimativas”. Os romanos
penderam para a palavra “bonum”, um valor que assume sentido genérico,
“prevalecendo entre os jurisconsultos, como bem supremo, a Justiça,
universalmente entendida como divinarum ac humanarum rerum notitia”. É
possível notar que “os romanos, ao indagarem do bem supremo, acolhiam a
herança dos Estóicos, os quais haviam transferido o tratamento de ágathon, do
bem, do plano ontológico – ainda prevalecente em Platão e Aristóteles – para
o plano ético, dominante em sua cosmovisão naturalista”. Quanto à noção de
valor na antiguidade, “era ainda imprecisa ou reduzida a acepção dos termos
áxia ou aestimabile...”. A palavra valor aparece somente no latim medieval e,
de forma plena, nas línguas neolatinas. Até a época do Humanismo, o valor
está subordinado ao conceito de “ens”, “os discursos axiológicos ficavam, em
suma, ancorados na idéia de Ser e de suas propriedades transcendentais”. Na
idade moderna, supervalorizou-se o homem, mas não houve uma Teoria do
Valor. Houve uma nova consciência gnoseológica mas não axiológica. Em
sua opinião, “a plena revelação do valor em seu status epistemológico próprio
(...)é o resultado de uma longa experiência mundanal, à medida que o homem
veio adquirindo ciência e consciência do valor em distintas esferas de sua
faina histórica...”. Foi no início do século XX que surgiu a palavra
“axiologia”. O homem é o valor fonte de todos os valores, por ser capaz de ter
consciência da própria valia, através da experiência com os demais homens.
Outros valores se revelaram para completá-lo e garanti-lo, sendo o último
deles o ecológico. Concluindo Miguel Reale afirma que “cada época histórica
ou civilização possui sua própria constelação cultural valorativa”. Os valores
são diversos e assumem configurações distintas. Na Antiguidade, predominou
o espírito ontológico; na Idade Média, teológico; na Época Moderna,
gnoseológico; na Contemporânea, axiológico, “o que se compreende à luz da
condição do homem em nossa era, cada vez mais disperso na sociedade de
massa; cada vez mais impotente no círculo da absorvente comunicação
cibernética; cada vez mais temeroso no meio de revolucionárias conquistas
científicas e técnicas, ameaçadoras dos bens da natureza e da vida em nosso
58
planeta, sentindo todos os riscos de perder o valor supremo de seu ser pessoal
no Mundo”213.
213
P. 113/127.
214
Introdução ao estudo do direito, p. 64.
215
Lições de introdução ao direito, p. 114.
216
Filosofia do direito, p. 113/114.
217
Ibid., p. 118/119.
59
2.4.2. Teorias do Valor segundo Miguel Reale
Tratando da teoria subjetiva, afirma Miguel Reale que há
três esferas fundamentais de objetos, podendo ser reduzidas “a objetos
naturais, a objetos ideais, ou a valores...”. Entre as muitas teorias, há uma que
estuda o valor de modo subjetivo; outra que o explica objetivamente. A
primeira corrente reúne teorias psicológicas, como “a de tipo hedonista,
desenvolvida desde Aristipo e Epicuro até Bentham e Meinong (valioso é o
que nos agrada, causando-nos prazer) ou a de tipo voluntarista, como a que,
desde Aristóteles até Ribot e Ehrenfels, liga o problema do valor à satisfação
de um desejo, de um propósito, a uma base sentimental-volitiva (valioso é o
que desejamos ou pretendemos). Tais interpretações “e outras semelhantes
não se excluem, mas se completam, sempre se abandono de processos
subjetivos, no plano da Psicologia empírica, prevalecendo soluções de tipo
eclético, como quando se afirma: valioso é o que nos causa prazer, suscitando
o nosso desejo”. Para essa corrente, “os valores existem como resultado ou
como reflexo de motivos psíquicos, de desejos e inclinações, de sentimento de
agrado ou de desagrado... (...) Os valores seriam (...) uma ordem de
preferências psicologicamente explicável”. A crítica de Miguel Reale é no
sentido de que o apego a valorações individuais deixaria “sem explicação
plausível as preferências estimativas de um grupo ou de uma coletividade”; há
problemas que não podem ser reduzidos a meras explicações subjetivas. As
valorações individuais assentariam valores representando elementos variáveis
e incertos; não seria possível distinguir “entre bons e maus desejos, prazeres
que dignificam ou que degradam, desejos atuais e desejos possíveis. Restaria
sem explicação o fato incontestável de que os valores subsistem mesmo
depois de cessados os desejos, ou quando os desejos não logram ser
satisfeitos”. Não seria possível explicar a “força” ou a “pressão social”,
representada pelos valores, se o indivíduo fosse sua fonte e sua medida. O
valor de um ato, muitas vezes, resultaria do sacrifício de um desejo, da
renúncia de um prazer. Os valores estéticos não dependeriam de qualquer
desejo. Os atos moralmente mais valiosos como o de mártir e de herói
ficariam sem sentido. Tais objeções teriam inclusive levado alguns intérpretes
a alargar muito o significado de “prazer” ou “volição”; acabando por
reconhecer a objetividade que pretendiam contestar218.
218
Filosofia do direito, p. 195/196.
219
Ibid., p. 197.
60
Quanto à teoria sociológica, há autores que admitem que
os valores são produto da sociedade como um todo “como expressão de
crenças ou desejos sociais (Gabriel Tarde) ou produtos da consciência
coletiva (Émile Durkheim)”. Considera-se a sociedade como irredutível a
cada um de seus elementos; aquela “formaria um todo uno e diverso, que não
seria explicável (...) pela simples soma dos indivíduos... (...) O elemento
distintivo do fato social seria dado pela consciência coletiva, insuscetível de
ser explicada à luz da Psicologia individual”. Durkheim teria tomado contato
“com o problema axiológico, vendo a consciência coletiva como repositório
de valores, daí tirando a conclusão de que os valores obrigam e enlaçam nossa
vontade, porque representam as tendências prevalescentes no todo coletivo,
exercendo pressão ou coação exterior sobre as consciências individuais”.
Cada homem se subordina ao mundo dos valores porque são expressão da
consciência coletiva. Do desejável não poderia resultar a obrigação moral,
assim recorrer-se-ia à consciência coletiva que, de acordo com Durkheim, é
“ao mesmo tempo transcendente com referência às consciências individuais e
está nelas imanente, e nós a sentimos como tal”. O obrigatório e o desejável, o
dever e o valor seriam apenas dois aspectos de uma mesma realidade que é a
consciência coletiva. Na história da sociedade surgiriam valores que depois se
imporiam ao homem; seriam elaborados na consciência coletiva, como
resultado de uma longa experiência. Os valores seriam impostos muitas vezes
de forma contrária aos desejos. A forma do nascimento dos valores não
demonstra, entretanto, as razões da obrigatoriedade objetiva. Assim, “a
explicação sociológica e psicológica é válida para a gênese do mundo
estimativo, mas não para sua validade intrínseca”. Segundo Miguel Reale, “a
opinião da maioria não traduz, de forma alguma, a certeza ou a verdade no
mundo das estimativas. Poderá ser indício de verdade ou de validade... (...)
Mas, o acontecer com freqüência é apenas indício, que poderá ser contrariado
no decurso da História”. Por isso, Durkheim idealizou a consciência coletiva,
“para conciliar o mundo do ser com o do dever ser...”220.
61
tentativa incessante de atingir esse mundo transcendente (...) através de
intuições, que seriam as únicas vias de acesso até às realidades estimativas”.
Entra-se no mundo dos valores pela intuição. Miguel Reale afirma ser mais
plausível a explicação dada pelas doutrinas denominadas histórico-
culturais221.
2.4.3. Valores
2.4.3.1. Conceito
221
Ibid., p. 202/204.
222
Ibid., p. 204/207.
223
Introdução ao estudo de filosofia, p. 84.
62
falta, um déficit, uma perda qualquer de um equilíbrio na pessoa”, equilíbrio
que, na Psicologia, se chama “homoestasia”, termo também utilizado para
designar o esforço para se restabelecer o equilíbrio. Quando este se
restabelece, há a satisfação224.
63
mesmos se introjetam e se desenvolvem nos indivíduos, tendo a família papel
importante no processo. Conforme a pessoa vai crescendo, “outros grupos,
como a escola e os amigos, vão atuando de maneira mais significativa na
introjeção de novos valores sociais”229.
2.4.3.2.1. Gênese
229
Sociologia: introdução à ciência da sociedade, p. 330.
230
Hermenêutica, p. 21/28.
231
Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins, Temas de filosofia, p. 117.
64
A atividade humana é movida por valores.
Segundo Paulo Nader, “a necessidade gera o valor; este coloca o homem em
ação, que por sua vez vai produzir algum resultado prático: a obtenção de
algum objeto natural ou cultural, ou a mentalização e vivência espiritual de
objeto ideal ou metafísico...”. Os valores têm quatro caracteres fundamentais:
“a) correspondem a necessidades humanas... (...) b) são relativos... (...) c)
bipolaridade... (...) d) possuem hierarquia”. Assim, a idéia de valor está ligada
à de necessidade; a valoração é relativa ao grau de necessidade; cada valor
positivo tem um corresponde negativo; há uma linha de prioridade entre eles,
que também varia de um ser humano para outro233.
232
Ibid., p. 119.
233
Introdução ao estudo do direito, p. 64/65.
234
Introdução ao direito – lições de propedêutica jurídica tridimensional, p. 41.
235
Ibid., p. 119.
236
P. 305.
237
P. 195.
65
ter a aparência de estar sendo apenas impelida ou carregada pela força das
circunstâncias238.
2.4.3.2.2. Constatação
66
Miguel Reale, na obra “Fundamentos do
Direito”, tratando da obrigatoriedade conferida pelos valores, afirma que os
mesmos “são intuídos na experiência...”, ou seja, apreendidos pela intuição243.
2.4.3.2.3. Implicação
243
P. 303/304.
244
Filosofia do direito, p. 151.
245
Filosofia do direito: uma crítica à verdade na ética e na ciência, p. 177.
246
Uma introdução ao estudo do direito, p. 171/172.
67
sideral. Hoje se fala em crimes na “internet”, inseminação humana “in vitro”,
possíveis viagens turísticas fora da atmosfera terrestre e outras tantas coisas
inimagináveis há algumas décadas. Há, pois, fatos novos sobre os quais antes
nem se pensava. Entretanto, não é apenas isso que muda em relação ao
Direito. Os valores também podem mudar conforme o lugar e a época. Os
mesmos fatos, que até certo momento, geravam repulsa da sociedade e por
isso eram considerados crimes, podem depois já não ser tratados como tão
repulsivos assim. Isso se deu, por exemplo, com o adultério, que era previsto
como crime e deixou de ser. Mas não é só de acordo com a época; os valores
também variam conforme o lugar. Para ilustrar, pode-se verificar o que ocorre
em relação ao comportamento das mulheres; enquanto na Europa podem
praticar o “topless”, são obrigadas a usar véu ou até mesmo burca em certos
países árabes. Portanto, não são apenas os fatos novos que provocam a
iniciativa dos legisladores, mas também a modificação dos valores. Aliás,
estes não só provocam a iniciativa como norteiam a atividade legislativa.
247
Teoria geral do direito: segurança, valor, hermenêutica, princípios, sistema, p. 50/52.
248
Ibid., p. 57.
68
2.4.4.1. Sociedade
2.4.4.2. Cultura
249
Irineu Strenger, Lógica jurídica, p. 205.
250
Hermenêutica e aplicação do direito, p. 131.
251
Lições de introdução ao direito, p. 118.
69
de realidade, a lei cultural tem natureza compreensiva. Nela, além de causa e
efeito, interfere outro elemento que é o valor, há uma tomada de posição252.
252
Ibid., 122/126.
253
Filosofando, p. 3/4.
254
Ibid., p. 5.
255
Introdução ao direito – lições de propedêutica jurídica tridimensional, p. 34.
70
De fato, o homem, buscando a satisfação de suas
necessidades vitais, ou seja, a preservação de si mesmo e a da espécie,
interfere na natureza e age de maneira a atingir a realização de mencionado
intento. E nessa busca sempre tenta aperfeiçoar seus instrumentos.
256
P. 3.
257
P. 2.
258
Paulo Hamilton Siqueira Jr., Lições de introdução ao direito, p. 121.
71
Discorrendo sobre Direito e Cultura, Paulo Nader
afirma: “Como processo de adaptação social, o Direito é gerado pelas forças
sociais, com o objetivo de garantir a ordem na sociedade, segundo os
princípios de justiça. Assim, o Direito é um objeto criado pelo homem e
dotado de valor. Como, por definição, objeto cultural é qualquer ente criado
pela experiência humana, infere-se que o Direito é objeto cultural”. O Direito
está no mundo da Cultura259.
259
Introdução ao estudo do direito, p. 69.
260
Hugo de Brito Machado, Uma introdução ao estudo do direito, p. 47.
261
Teoria geral do direito: segurança, valor, hermenêutica, princípios, sistema, p. 52.
72
se a si mesmo”. O homem altera o que lhe é dado, alterando-se a si próprio,
buscando a realização de fins, que resultam de seu próprio viver. Assim, faz
surgir a cultura. A cultura implica a idéia de valor, critério distintivo das duas
realidades, ou seja, a natural e a cultural. As relações humanas envolvem
juízo de valor, “implicando uma adequação de meios a fins”. A Axiologia é a
teoria dos valores; a Teleologia, a teoria dos fins. A Ética é a “ciência
normativa dos comportamentos humanos”. Tem-se uma regra ou norma
“quando uma lei cultural envolve uma tomada de posição perante a realidade,
implicando o reconhecimento da obrigatoriedade de um comportamento”. A
convivência humana sofre várias influências e se modifica no tempo,
alterando-se de lugar para lugar e de época para época262.
262
P. 24/31.
263
Filosofia e teoria política [ensaios], p. 123/124.
264
Idem, Nova fase do direito moderno, p. 63.
73
(...) referem-se ao homem que se realiza na História, ao processus da
experiência humana de que participamos todos, conscientes ou inconscientes
de sua significação universal”265.
74
significa o próprio homem, que é o único ser capaz de valores. O homem tem
a possibilidade de inovar e superar. Ele instaura novos objetivos de
conhecimento e constitui novas formas de vida. Constitui o mundo da cultura,
compreende os fenômenos naturais e os integra na sua existência, inovando a
natureza. Em razão da capacidade de inovação, é capaz de valorar270.
2.4.6.1. Conceito
270
P. 159/161.
271
André Franco Montoro, Introdução à ciência do direito, p. 163/164.
272
André Lalande, Vocabulário técnico e crítico da filosofia, p. 601/602.
273
Introdução ao estudo do direito, p. 65.
274
Fundamentos do direito, p. 306/307.
75
Em sua obra “Política de Ontem e de Hoje”,
discorrendo sobre a doutrina de Nicolai Hartmann, afirma que a Justiça é um
valor de base e não o mais alto. É “o valor de coordenação harmônica que
torna possível a coexistência e o desenvolvimento das experiências
axiológicas no seu todo”. Não se atribui à Justiça apenas a função negativa de
impedir que desvalores ocorram, mas também a positiva “de influenciar tanto
como as correspondentes normas jurídicas, os comportamentos individuais e
coletivos no sentido da idéia de igualdade, assegurada a homens cada vez
mais livres”275.
275
P. 142/143.
276
Lições de introdução ao direito, p. 114.
277
Ibid., p. 139/141.
76
também da Moral, da Religião e das Regras de Trato Social. “O seu de uma
pessoa é também o respeito moral; um elogio; um perdão. A palavra justo,
vinculada à justiça, revela aquilo que está conforme, que está adequado. A
parcela de ações justas que o Direito considera é a que se refere às riquezas e
ao mínimo ético necessário ao bem-estar da coletividade”. Justiça “é síntese
dos valores éticos... (...) existe sempre em função de uma relação social”278.
278
Introdução ao estudo do direito, p. 101/102.
279
Manual de philosophia, p. 572.
280
Introdução ao estudo do direito – técnica, decisão, dominação, p. 352/353.
281
Introdução à ciência do direito, p. 160.
282
Ibid., p. 167/168.
77
Quanto à alteridade, “consiste fundamentalmente na
disposição permanente de respeitar a pessoa do próximo”. Deve haver uma
pluralidade de pessoas ou pelo menos mais uma outra. Trata-se de virtude
social. Quanto à obrigatoriedade ou exigibilidade, consiste em “dar o que é
‘devido’”, conforme a doutrina de Santo Tomás. Quanto à igualdade, trata-se
de elemento essencial básico. O próprio nome “justiça” contém a noção de
igualdade, pois se diz que está ajustado aquilo que está adequado ou igualado;
sendo que da noção de igualdade pode-se fazer derivar as de pluralidade ou
devido283.
283
Ibid., p. 168/170.
284
Introdução ao estudo do direito – técnica, decisão, dominação, p. 353.
285
Temas de filosofia, p. 119.
78
acordo com uma proporção aritmética”. Novamente aparece a noção de meio-
termo: “A justiça é uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido
que as outras virtudes, e sim porque se relaciona com uma quantia ou
quantidade intermediária, enquanto a injustiça se relaciona com os
extremos”286.
286
P. 81/89.
287
Introducción al estudio del derecho, p. 311. Tradução própria do original: “virtud universal que es suma
y compendio de todas las demás virtudes” e “principal critério o medida ideal para el Derecho”.
288
Ibid., mesma página. Tradução própria do original “la Idea de justicia, como una pauta de armonía, de
igualdad simple o aritmética en unos casos, y de igualdad proporcional en otros casos; un medio armónico de
79
Afirma ainda: “As meras idéias de igualdade, de
proporcionalidade ou de harmonia não nos provê critério algum de medida,
não nos dão o princípio prático mediante o qual possamos determinar ou a
equivalência entre os bens que se trocam, ou a igualdade proporcional ou a
harmonia na distribuição entre pessoas desiguais”. Deve-se verificar quais são
os pontos de vista de igualdade ou de desigualdade que são relevantes289.
cambio y distribución en las relaciones interhumanas, sea entre individuos, o sea entre los individuos y la
colectividad”.
289
Ibid., p. 312. Tradução própria do original: “Las meras ideas de igualdad, de proporcionalidad o de
armonía no nos suministran ningún critério de mensura, no nos dan el principio práctico mediante el cual
podamos determinar o la equivalencia entre los bienes que se cambian, o la igualdad proporcional o la
armonía en la distribución entre personas desiguales”.
290
Ibid., p. 316/317. Tradução própria do original: “el problema consiste en esclarecer cuáles son las
igualdades que deben ser relevantes para el Derecho; cuáles las desigualdades no vienen en cuestión para el
ordenamiento jurídico; y cuáles las desigualdades que éste debe tomar en cuenta”.
291
Ibid., p. 317. Tradução própria do original: “es conocer el critério para la estimación jurídica: los critérios
para la igualdad, los critérios para la equivalência y los criterios para la distribución proporcional”.
80
valores e os primeiros. Em terceiro lugar, verificar que valores, apesar de alto
grau na hierarquia axiológica, não podem ser transcritos em normas jurídicas.
Em quarto lugar, “será necessário inquirir as leis da relação, combinação e
interferência das valorações que confluam a cada um dos tipos de situações
sociais”. Em quinto lugar, “estudar os modos de realização dos valores
jurídicos; e, por fim, ademais, uma série de questões solidárias e adjacentes
das mencionadas”292.
81
homens justos”. Explica ainda: “(...) a justiça deve ser, complementarmente,
subjetiva e objetiva, envolvendo em sua dialeticidade o homem e a ordem
justa que ele instaura, porque esta ordem não é senão uma projeção constante
da pessoa humana, valor-fonte de todos os valores através do tempo. (...) A
justiça, em suma, somente pode ser compreendida plenamente como concreta
experiência histórica, isto é, como valor fundante do Direito ao longo do
processo dialógico da história”294.
2.4.6.2. Classificação
294
Lições preliminares de direito, p. 369/370.
295
Uma questão de princípio, p. 319/328.
296
Charles Lahr, Manual de philosophia, p. 573.
82
Paulo Nader apresenta a classificação de Justiça em
distributiva, comutativa, geral e social. A distributiva tem o Estado como
agente, que tem a atribuição de repartir bens e encargos. Sua orientação é a
igualdade proporcional, de acordo com os graus de necessidade. A comutativa
“preside as relações de troca entre os particulares. O critério que adota é o da
igualdade quantitativa”. A geral “consiste na contribuição dos membros da
comunidade para o bem comum”. É chamada de “legal” por alguns. A social
tem por finalidade a proteção dos menos favorecidos, por critérios que
proporcionem “uma repartição mais equilibrada das riquezas”. Seu critério é o
da igualdade proporcional, considerando-se “a necessidade de uns e a
capacidade de contribuição de outros”297.
2.4.6.3. Eqüidade
297
Introdução ao estudo do direito, p. 107/108.
298
Introdução à ciência do direito, p. 177/178.
299
Ética social (o direito natural no mundo moderno), p. 419/421.
83
não o legalmente justo, e sim uma correção da justiça legal. A razão disso é
que toda lei é universal... (...) Portanto, quando a lei se expressa
universalmente e surge um caso que não é abrangido pela declaração
universal, é justo (...) corrigir a omissão... (...) Por isso o eqüitativo é justo,
superior a uma espécie de justiça (...) E essa é a natureza do eqüitativo: uma
correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua universalidade. E,
mesmo, é esse o motivo porque nem todas as coisas são determinadas pela lei:
em torno de algumas é impossível legislar, de modo que se faz necessário um
decreto. Com efeito, quando a coisa é indefinida, como a régua de chumbo,
usada para ajustar as molduras lésbicas: a régua adapta-se à forma da pedra e
não é rígida, exatamente como o decreto se adapta aos fatos”300.
300
P. 96/97.
301
Isidro Pereira, Dicionário grego-português e português-grego, p. 144.
302
Aristóteles. Ética a nicômaco, livro V, p. 1/14. Disponível em: http://www.mikrosapoplous.gr/em/texts 1
en.htm. Acesso em: 6-3-2006. Transliteração da frase: “Perí dé dikaiosýnes kai adikías skeptéon”. Tradução
própria do original: “Acerca da justiça e da injustiça, deve-se observar...”.
303
Isidro Pereira, Dicionário grego-português e português-grego, p. 144 e 148.
304
Ibid., p. 210.
305
Miguel Reale, Lições preliminares de direito, p. 294/295.
306
Paulo Nader, Introdução ao estudo do direito, p. 109/110.
84
Tem ela “o duplo papel de suprir as lacunas dos
repositórios de normas, e auxiliar a obter o sentido e alcance das disposições
legais. Serve, portanto, à Hermenêutica e à Aplicação do Direito”307.
85
Justiça, uma vez que é a Justiça dos casos particulares, ou seja, a Justiça do
humano”312.
312
P. 82.
313
Ibid., p. 72/75.
314
Ibid., p. 75/76.
86
apenas pode ser implícita, como ainda o recurso a ela decorre do sistema e do
Direito Natural. 2) A Eqüidade, entretanto, supõe a inexistência, sobre a
matéria, de texto claro e inflexível. 3) Ainda que, a respeito do objeto, haja
determinação legal expressa, a Eqüidade tem lugar, se o mesmo for defeituoso
ou obscuro, ou, simplesmente, demasiado geral para abarcar o caso concreto.
4) Averiguada a omissão, defeito, ou acentuada generalidade da lei, cumpre,
entretanto, antes da livre criação da norma eqüitativa, apelar para as formas
complementares de expressão do Direito. 5) A construção da regra de
Eqüidade não deve ser sentimental ou arbitrária, mas o fruto de uma
elaboração científica, em harmonia com o espírito que rege o Sistema e
especialmente com os princípios que informam o instituto objeto da
decisão”315.
315
Ibid., p. 78/79.
316
O direito e a vida dos direitos, p. 92/93.
317
Ibid., p. 94/95.
318
Ibid., p. 95/96.
87
A eqüidade não se pratica somente no momento da
aplicação da lei ao caso concreto, mas também por ocasião de sua própria
elaboração319.
319
Ibid., p. 96.
320
Ibid., p. 100.
88
pode apresentar contradição interna, deve prevalecer a “índole geral do
sistema”321.
321
Introdução ao estudo do direito, p. 112.
322
Revista de Direito Público, ano VI, nº 24, abr./jun., 1973, p. 57.
323
Princípios gerais de direito, p. 220.
89
homens bons respeitem as leis más, para que os maus não aprendam a
desrespeitar as leis boas”324.
324
Lições preliminares de direito, p. 313/314.
325
Paulo Nader, Introdução ao estudo do direito, p. 101.
326
Das leis do espírito: florilégio filosófico, p. 167/168. O autor cita um trecho da Epístola de São Paulo aos
Romanos, no qual o apóstolo afirma que Deus não pode ser injusto, fazendo uma comparação com o oleiro
que escolhe o que vai fazer com a massa, dando-lhe a destinação que quiser. Consta do capítulo IX, versículo
21, do mencionado livro da bíblia: “O oleiro não pode formar da sua massa seja um utensílio para uso nobre,
seja outro para uso vil?”.
90
2.4.6.6. Bem comum
2.4.7. Ética
327
Introdução ao estudo do direito, p. 108/109.
328
Isidro Pereira, Dicionário grego-português e português-grego, p. 166.
329
Paulo Hamilton Siqueira Jr., Lições de introdução ao direito, p. 132/134.
91
complexo processo de opções valorativas, no qual se acha, mais ou menos
condicionado, o poder que decide”330.
330
Lições preliminares de direito, p. 33.
331
Ibid., p. 34.
332
Ibid., p. 35/36.
333
Ibid., p. 39/40.
92
3. A LÓGICA COMO INSTRUMENTO DO DIREITO
334
Estudos de filosofia do direito, p. 134/135.
335
Lógica jurídica, p. 84.
336
Ibid., p. 144.
337
Fábio Ulhoa Coelho, Roteiro de lógica jurídica, p. 47/48.
93
estabelecida pela autoridade e a segunda, produto da ciência do Direito. A
norma é prescritiva; a proposição, descritiva. A validade da norma depende de
dois fatores, que são “mínimo de eficácia e autoridade competente”. Já a
proposição jurídica pode ser verdadeira ou falsa. É verdadeira quando descrita
em fidelidade com a norma estudada. A ordem jurídica é o conjunto de
normas jurídicas e é simplesmente posta. O sistema jurídico é o de
proposições338.
O Direito, para ser lógico, “não pode ser múltiplo, nem ter
antinomias ou lacunas”340.
338
Ibid., p. 49/51.
339
Ibid., p. 52/54.
340
Ibid., p. 56.
94
3.2. Dedução e direito
95
qualidade da lei depende, entre outros fatores, dos princípios escolhidos pelo
legislador. O fundamental, tanto na vida como no Direito, são os princípios,
porque deles tudo decorre. Se os princípios não forem justos, a obra
legislativa não poderá ser justa”. O caminho é o método dedutivo, quando o
legislador, a partir de princípios e valores, elabora a norma. Em sentido
contrário, quando examina as normas, para revelar valores e princípios, o
método é a indução343.
96
Como exemplo, pode-se tomar a discussão em torno da
obrigação ao recolhimento da contribuição social sobre o décimo terceiro
salário, tal como ocorreu na ação ordinária nº 97.0061128-0, da 1ª Vara
Federal Cível de São Paulo, que, em determinado momento, em que se
discutia a natureza salarial de referida verba trabalhista, citou-se a doutrina,
ou seja, um trecho da lição do Professor Amauri Mascaro Nascimento, com o
seguinte teor: “O décimo terceiro salário é uma gratificação compulsória por
força de lei, tem natureza salarial e é também denominada gratificação
natalina”. A doutrina, portanto, foi utilizada como premissa maior, chegando-
se à conclusão de que “sobre o mesmo incide a contribuição social”.
3.2.3. Sentença
97
no qual a premissa menor é o fato, a maior é a lei e a conclusão é o pedido da
parte345. Isso é realmente o que ocorre com o pedido das partes. Na sentença,
também a lei é a premissa maior e o fato a menor; o que muda é que a
conclusão é a decisão do juiz.
345
Sentença – o raciocínio lógico e o direito. Revista Ciência Jurídica, ano VI, vol. 48, nov./dez., 1992, p.
336.
98
3.2.4. Jurisprudência ou decisões dos tribunais
99
circunstâncias de cada caso”. Note-se a expressão: “de acordo com os
costumes da época”. O costume foi aplicado e, a partir dele, chegou-se à
conclusão de que a decisão deveria ser absolutória para o caso em julgamento.
Neste, comprovou-se não ter havido o que seria necessário para caracterizar o
estupro, ou seja, clara resistência e coação física ou moral. Restaria apenas a
presunção de violência; o que foi afastado, como exposto, levando-se em
conta os costumes da época atual, em que “mesmo as meninas do interior
começam a despertar muito cedo para questões de sexo e relacionamento,
especialmente diante das cenas de sexo exibidas pela TV”. Mais uma vez, o
costume foi utilizado como premissa maior, o fato concreto como premissa
menor, chegando-se assim à conclusão346.
346
Catarina França. Presunção de violência sexual contra menor deve ser aplicada de acordo com costumes.
Portal do Superior Tribunal de Justiça. 31/mai./2007.
347
Introdução ao pensamento jurídico, p. 289/290. O autor cita um exemplo da analogia entre o
consentimento no caso de ofensas corporais e no caso de cárcere privado. Afirma que a violação de interesses
pessoais é o que há de comum. Assim, se em um caso o ato é lícito por causa do consentimento, o é também
no outro.
100
diversas a casos idênticos, o que é iníquo”348. Note-se que este autor chega a
afirmar que os casos são “idênticos”. De fato, a semelhança é muito grande,
são quase iguais. A diferença é mínima. Há algo comum ou geral aos crimes
dos artigos 213 e 214 do Código Penal. Os dois crimes são contra os costumes
e contra a liberdade sexual. Em ambos, há o constrangimento mediante
violência ou grave ameaça, bem como o ato libidinoso. A diferença é que, no
caso do estupro, há a chamada “conjunção carnal” e, no caso do atentado
violento ao pudor, é algo diverso da mesma. Em alguns casos, a linha que
distingue um e outro é muito tênue. Tanto é que o crime do artigo 213, em
alguns casos, pode até absorver o do artigo 214; o que ocorre quando não há
atos libidinosos destacados.
348
P. 74. Este autor afirma inclusive que é forçoso “reconhecer que essa espécie de analogia não se opõe ao
princípio da reserva legal, e, depois, casos há em que, na iminência da punição iníqua, deve lançar-se mão
dela”.
349
Neste trabalho não se pretende discutir a existência ou não de um Direito Natural. Pretende-se apenas,
neste momento, verificar a presença do raciocínio dedutivo quando se parte do mesmo para se chegar aos
princípios e às normas.
350
A aplicação dos princípios está prevista, por exemplo, no artigo 4º, da Lei de Introdução do Código Civil;
no artigo 8º, da Consolidação das Leis do Trabalho; no artigo 108, do Código Tributário Nacional; no artigo
3º, do Código de Processo Penal; no artigo 126, do Código de Processo Civil.
101
meio ao qual o julgador deve recorrer para o suprimento de uma determinada
lacuna, para proferir uma decisão351.
102
analogia ou os costumes ou, em último caso, os referidos princípios. Ocorre,
todavia, que os mesmos não são utilizados apenas em casos de lacuna.
Independentemente disso, estão sempre a orientar a atividade do legislador,
do aplicador e do intérprete do Direito.
103
idéia de que as decisões judiciais devem ser justas, ou seja, deve prevalecer o
valor da Justiça.
104
pode-se dizer que em muitos casos os critérios políticos confundem-se com
critérios jurídicos, podendo o juiz adequá-los ao caso concreto. O juiz supre a
deficiência democrática da política que criou a norma, mensurando os valores
subjacentes a ela...”. Note-se a referência que se faz a valores.
105
que configurariam deturpação da “mens legis”. Aqui também o valor da
Justiça é subjacente ao princípio que se invoca. Nota-se ainda a
fundamentação da decisão no princípio da razoabilidade pelo motivo de se ter
silenciado a lei, ou seja, por haver falta de previsão legal.
106
3.2.8. Investigação criminal
352
Paulo Hamilton Siqueira Jr., Lições de introdução ao direito, p. 110.
353
Ibid., mesma página.
107
3.3.1. Norma jurídica: gênese e eficácia
3.3.1.1. Gênese
354
Filosofia do direito, p. 151.
355
Paulo Hamilton Siqueira Jr., Lições de introdução ao direito, p. 111.
356
André Franco Montoro, Dados preliminares de lógica jurídica, p. 40.
357
Revista Ciência Jurídica, ano VI, vol. 48, nov./dez., 1992, p. 337.
108
Ainda no campo do Direito Penal, pode-se observar
alteração que ocorreu em relação ao crime de “redução à condição análoga à
de escravo”. Houve, em 2003, alteração do texto do artigo 149, do Código
Penal, acompanhada do acréscimo de parágrafos. A ocorrência reiterada de
fatos relacionados com o tipo penal provocou a ação do legislador, que deu
nova redação ao dispositivo legal, com o objetivo de abarcar todas as
situações relativas a trabalho forçado ou em condições degradantes ou com
restrições à locomoção. Neste caso, também está presente o método indutivo.
Foi a observação de um número suficiente de casos que levou o legislador a
agir.
109
falsificação de remédios. Os fatos resultaram na aprovação da Lei nº 9.677, de
2 de julho de 1998. Narram que, entre os escândalos da história recente do
país, “um se notabilizou pelo requinte de crueldade, provocando a atenção
não só dos profissionais da saúde, como de toda a população. Este fato deu-se
a partir da descoberta da falsificação dos remédios, especialmente em razão
de sua vileza”358.
358
P. 25.
359
Ibid., 26.
360
Ibid., mesma página.
361
Andreza Matais. Ellen Gracie defende cautela na discussão de projetos sobre violência. Folha Online. 12-
2-2007.
110
Está presente, pois, o método indutivo no momento
em que surge a lei.
3.3.1.2. Eficácia
111
especialista utiliza a indução quando chega à conclusão partindo da análise de
fatos particulares e chegando ao geral363.
112
linhas de ônibus, proximidade de comércio do tipo bares, padarias e
farmácias, distância de quatro quilômetros do centro da cidade, bem como o
fato de o bairro poder ser considerado de famílias com baixa renda e
predominância de residências térreas de padrão modesto; considerou ainda as
características do terreno, como topografia, solo, acessibilidade, posição física
e formato, bem como o fato de se tratar de uma desapropriação total do lote;
consultou quatro imobiliárias. Ao final, chegou à conclusão de que o valor do
m² (metro quadrado) seria R$ 40,00 (quarenta reais) e, com base no mesmo,
calculou o valor total do terreno. Utilizou-se o raciocínio indutivo, pois, com
base em vários fatos, chegou-se a uma conclusão geral relativamente ao
imóvel objeto da desapropriação.
3.3.3. Sentença
368
Revista de Processo, ano 21, nº 84, out./dez., 1996, p. 314.
113
inicialmente a intuição (sentindo se o réu é ou não culpado) e depois caminhar
para a indução, seguindo para a dedução”369.
369
Ibid., p. 317/318.
370
Ibid., p. 323.
371
P. 62.
372
Dados preliminares de lógica jurídica, 40/41.
114
acusado; a moça disse que se tratava de “garota de programa” e que tinha
recebido R$ 150,00 para ficar com o acusado; em poder do acusado, foram
encontradas passagem rodoviária para o Rio de Janeiro e passagem aérea,
para o dia seguinte, com saída do Rio de Janeiro e escalas em São Paulo e
Bruxelas, com destino a Viena; o acusado mentiu ao dizer que a moça iria
com ele até o Rio de Janeiro quando, na realidade, iria apenas até a rodoviária
de São Paulo; o acusado havia passado pela Itália e tinha recebido US$
1.000,00, sendo que o restante seria entregue no destino; a moça se tratava
realmente de “garota de programa”; o comportamento do acusado foi
semelhante ao de outros estrangeiros que vêm ao Brasil por iguais razões;
nenhuma prostituta leva uma mala para um programa de um dia; o objetos,
que estavam na mala, pertenciam ao acusado; o acusado alegou estar portanto
uma mochila que não existia; o acusado foi contraditório ao dizer que não
recebeu ninguém no hotel e, ao mesmo tempo, afirmar que precisava de
médico porque achava que tinha contraído doença venérea com a referida
moça. O raciocínio aplicado foi o indutivo. Trata-se um número suficiente de
fatos para se chegar à conclusão a que se chegou.
115
segunda vez e, além disso, sem trazer solução; a situação da autora foi tratada
com descaso pela ré. Está aqui também presente o método indutivo. Há um
número suficiente de fatos, que levam à conclusão.
373
Dados preliminares de lógica jurídica, p. 41.
374
Lições de introdução ao direito, p. 111.
375
Adequação do costume, da indução e da analogia ao direito. Revista da Faculdade de Direito das
Faculdades Metropolitanas Unidas, ano 7, nº 7, nov., 1993, p. 67/68.
116
as súmulas”. Tanto a lei como a jurisprudência decorrem da “análise da
realidade sensível (...). Isso é um trabalho de indução”376.
376
Revista Ciência Jurídica, ano VI, vol. 48, nov./dez., 1992, p. 337.
377
Revista de Processo, ano 21, nº 83, jul./set., 1996, p. 247/253.
378
Revista de Direito Público, ano VI, nº 24, abr./jun., 1973, p. 54.
379
Ibid., mesma página.
117
Regimento Interno, instituindo a “Súmula da Jurisprudência Predominante no
Supremo Tribunal Federal”, objetivando organizar as teses jurídicas naquele
órgão. A partir de 13 de dezembro daquele ano, passaram a ser editadas as
súmulas de sua jurisprudência, “enunciados sintetizando as decisões em casos
semelhantes, que poderiam ser cancelados ou revistos pelo próprio Plenário”.
As súmulas provêm de uma jurisprudência consolidada, de reiteradas
decisões. O seu processo de formação se caracteriza pela indução, por se
estabelecer a partir da experiência, ou seja, “de um fato particular até uma
conclusão geral. Analisa de modo satisfatório e enumerado, uma série de
julgados, tornando-os uniformes e passam a aplicá-los de forma reiterada,
obtendo uma conclusão geral. Com o objeto dessa conclusão exara-se a
súmula, que a partir daí, é aplicada a todos os casos semelhantes que são
apresentados”380.
118
defendem a importância da “opinio necessitatis” e afirma: “É certo de que não
basta a repetição de quaisquer atos para formação de um costume jurídico.
Mas essa repetição é elemento essencial, inclusive para caracterizar a
convicção de que esse costume é juridicamente obrigatório ou necessário
(‘opinio necessitatis’)”382.
382
Dados preliminares de lógica jurídica, p. 40.
383
Adequação do costume, da indução e da analogia ao direito. Revista da Faculdade de Direito das
Faculdades Metropolitanas Unidas, ano 7, nº 7, nov., 1993, p. 73.
384
P. 27.
119
uma economia menor, com menos chances de expansão e menores índices de
produtividade e eficiência”385.
385
Ibid., 30/32.
386
Introdução ao pensamento jurídico, p. 279/280.
120
semelhante, em igualdade de razões”. Estende-se a um caso semelhante a
resposta dada a um caso particular387.
387
Lições preliminares de direito, p. 292.
388
Manual de direito civil – 1º vol., p. 76.
389
Introdução à ciência do direito, p. 442.
390
Lições de introdução ao direito, p. 111.
391
Introdução ao estudo do direito, p. 188.
392
Compêndio de introdução à ciência do direito, p. 453.
393
Interpretação e aplicação das leis, p. 159.
121
aplicação do raciocínio indutivo analógico é a aplicação da vontade do
legislador394.
122
Temos que discordar de tal posição, pois o fato de se partir
do particular para chegar ao particular não tira o caráter indutivo do
raciocínio.
123
3.3.7. Princípios jurídicos
400
Interpretação e aplicação das leis, p. 160.
401
Carlos Maximiliano. Hermenêutica e aplicação do direito, p. 241.
402
Paulo Nader. Introdução ao estudo do direito, p. 197.
124
3.3.8. Investigação criminal
125
importância da instituição na apreensão dos valores, entre os quais está a
Justiça, que é o valor fundamental do Direito; essa intuição da Justiça atua
poderosamente na sentença e em outros atos da vida jurídica”. No que se
refere à “intuição dos ‘princípios’” explica: “Os princípios, que são a base de
todo o conhecimento científico, são distintos dos princípios obtidos através da
indução e da dedução, pois eles servem de fundamento à própria dedução e
indução, como é o caso do princípio de identidade ou de razão suficientes.
Tais princípios não podem nem precisam ser demonstrados. Impõem-se por si
mesmos. São evidentes. Nós os conhecemos por intuição”. Quanto à intuição
no plano da descoberta, que é a “intuição heurística”, afirma que, muitas
vezes, se tem dificuldade para a solução de determinado caso. Há uma
pesquisa intensa até a súbita descoberta da solução em determinado momento.
Trata-se de intuição. Em seguida, reúnem-se os argumentos dedutivos ou
indutivos para a demonstração lógica da validade da solução encontrada.
Relativamente à “intuição como guia para as pesquisas e investigações”,
afirma: “O jurista pode pressentir, por exemplo, a culpabilidade do réu. Esse
pressentimento intuitivo ainda não constitui prova. Mas serve como guia para
investigações, que poderão conduzir à solução do problema”404.
126
que devem ser aplicados e observados”. Afirma ainda: “O operador do direito
no desempenho de seu mister intui a cada momento o que considera social e
moralmente desejável, devendo ser a principal intuição do jurista o
sentimento de justiça”406.
406
Lições de introdução ao direito, p. 112/113.
407
Manual de introdução ao estudo do direito, p. 334/335.
408
Ibid., p. 336/337.
127
“sentenças como puros atos de razão”. Porém, “o juiz, antes de ser juiz, é
homem partícipe de todas as reservas afetivas, das inclinações e das
tendências do meio social, e (...) nós não podemos prescindir do exame dessas
circunstâncias, numa visão concreta da experiência jurídica, por maior que
deva ser necessariamente a nossa aspiração de certeza e de objetividade”.
Afirma o mesmo autor: “Sentenciar não é apenas um ato racional, porque
envolve, antes de mais nada, uma atitude de estimativa do juiz diante da
prova”. Lembra o que ocorre, por exemplo, no Tribunal do Júri, onde o
jurado, que é o juiz de fato, tem sua convicção formada não apenas por
conjecturas racionais, “pois vem animada sempre de cargas emotivas”409.
128
não deixa dúvidas sobre a forma como se gerou nele a consciência do
princípio de uma responsabilidade especial por uma culpa in contrahendo. De
início, teve lugar a sua valoração ético-jurídica; a ela seguiu-se uma análise
dos casos a que se referia e a sua comparação com outros casos; com base
nisso, formulou o princípio...”411.
411
Ibid., p. 600/601.
412
Ibid., p. 606/607.
129
3.4.3. Aplicação
130
proposições, parecendo haver algo que não combina, até que se chega a uma
solução. Outras vezes há em que, como em qualquer ciência, ocorre uma
iluminação repentina.
3.4.3.3. Sentença
131
tudo o que se observa ou se capta pelos sentidos ou pelo intelecto em uma
audiência413.
413
No que se refere, por exemplo, a depoimentos, a estenotipia permite reproduzir com mais fidelidade o que
é dito por partes ou testemunhas. É possível perceber o modo de falar, frases truncadas, erros de português,
etc.; o que já fica difícil quando o texto se produz por ditado do juiz que, certamente, nem sempre repetirá
exatamente como a parte ou a testemunha falou ou, ainda, as mencionadas frases truncadas ou erros de
português. Às vezes, repete, colocando entre aspas, mas isso nem sempre ocorre. O que se verifica, pois, é
que o que consta dos autos não reproduz todos os detalhes, como por exemplo, a forma mais lenta ou mais
rápida de se falar, as hesitações, o rosto vermelho ou branco, demonstrando cinismo, arrogância, medo, susto
ou vergonha, lágrimas saindo dos olhos, demonstrando a indignação ou o arrependimento, gestos de todo
tipo, demonstrando vários outros sentimentos. Muitas vezes, alguns desses indícios podem ser reveladores,
por exemplo, da sinceridade ou não do depoimento.
132
convicção se constata, por exemplo, pelo modo de as pessoas agirem, ou seja,
de forma indutiva, mas a intuição dá a certeza, pois “percebe-se”, “capta-se” a
existência da mesma.
133
evidências. O investigador pode se deparar com algo em relação ao qual há
uma espécie de resistência, algo que parece não ser congruente ou não
combina com os conhecimentos precedentes. A intuição heurística ocorrerá
quando, após se coletarem e se reunirem as provas e os indícios, o
investigador tiver uma iluminação repentina.
134
4. ADEQUAÇÃO E COMPLEMENTARIDADE DOS MÉTODOS
Cretella Jr. cita Del Vecchio, segundo o qual o método dedutivo seria o
mais adequado às investigações lógica e deontológica, e o indutivo o mais
adequado à fenomenológica. Cita ainda Pedro Lessa, mencionando o fato de
este autor ter atribuído extraordinária importância à matéria, colocando-a em
primeiro lugar em seus estudos, tendo estudado os métodos dedutivo e
indutivo, “inclinando-se de modo manifesto para o segundo”415.
135
a menor são os fatos, a conclusão é o dispositivo. Lembra, ainda, tratando do
aspecto axiológico: “a sentença judiciária, que é o momento culminante do
drama jurídico, não mais se reduz a um mero e frio silogismo. Mais do que
um silogismo, é uma tomada de posição constante, em todo o decurso da lide,
é a resultante de uma série infinita de atitudes valorativas”. Pergunta: “Como,
sem empregar o método intuitivo, vivenciando o fato, procurando reconstituí-
lo, eliminando o acessório do principal, transportando-se para o interior dos
acontecimentos para captá-los naquilo que eles têm de característico, poderia
o magistrado exprimir seu juízo valorativo, consubstanciado na sentença?”416.
416
Ibid., p. 64/66.
417
Ibid., p. 66.
418
Dados preliminares de lógica jurídica, p. 51.
136
entrelaçar à intuição. Aliás, não só elas, mas também outros métodos não
estudados neste trabalho.
Constata-se, pois, ser necessário que haja uma interação entre os vários
métodos, inclusive entre aqueles não estudados neste trabalho, para que se
chegue a soluções plausíveis, de acordo com o Direito e a Justiça, não
somente no ato de decidir ou de se elaborar a norma ou de se constatar um
princípio ou um costume, mas também para se fazer ciência, ou seja, a
Ciência do Direito.
137
abrangentes, sempre é possível partir de algo mais particular para algo mais
geral.
A intuição é importante até mesmo para se notar ou, pelo menos, tentar
notar a sinceridade de quem depõe ou faz alegações em Juízo. É claro que
tudo o que se diz ou se alega precisa ser provado. Entretanto, nos casos
concretos, a prova nem sempre é clara e, muitas vezes, é mal produzida. E a
decisão precisa ser justa. Quando o julgador busca uma solução justa e se
depara com a prova mal produzida, fica diante de um dilema, pois corre o
risco de tomar uma decisão injusta, tanto julgando a ação procedente como
419
Manual de filosofia do direito, p. 233/234 e 274. Citando V. N. Puchkin, Rizzato Nunes conta o caso de
um juiz que tinha, sob seu encargo, um processo criminal. Todos os elementos tinham sido reunidos durante
a instrução. Ele levantara hipóteses, mas as mesmas não eram sustentáveis ou reais. Após, quando assistia
uma peça de teatro, encontrou a solução. Acompanhando o desenvolvimento da apresentação e observando
os objetos, lembrou-se de um objeto que fazia parte da cena do crime e que ele havia desprezado. Surgiu-lhe,
então, uma visão geral do crime, o que lhe permitiu perceber em que sentido deveriam ser realizadas as
diligências para encontrar o seu autor.
138
improcedente. No caso do processo penal, a absolvição por insuficiência de
provas não deixa de ser justa, pois há inclusive o princípio “in dubio pro reo”;
já o mesmo não ocorre no processo civil, pois é muito difícil ao julgador, que
busca uma solução justa, ter que proferir uma decisão de improcedência da
ação e, ao mesmo tempo imaginar que, eventualmente, pode ser que a parte
autora tenha razão, somente não produzindo a prova necessária, e até
necessite de uma decisão favorável, por exemplo, relativamente a direitos
fundamentais ligados à vida, à dignidade, etc.
Por isso, a intuição tem uma função importante, para que o julgador,
levando em conta todos os elementos de que dispõe, possa tentar “encontrar”
a solução mais justa. É preciso também tentar “perceber” a solução mais justa,
para não se deixar envolver em sofismas bem articulados. É claro que o
conhecimento da dedução e da indução, bem como de outros métodos,
também auxilia a evitar armadilhas da retórica. Entretanto, a intuição tem um
papel fundamental para o mesmo fim.
Constata-se, pois, que, pelo menos em parte, tem razão de ser a crítica
que se faz à tendência de se defender a utilização exclusiva de um dos
métodos.
Copi (item 1.3.3.6) tratou da crítica feita, por exemplo, aos Métodos de
420
Mill , resumindo-a a dois tipos: a de que não realizaram o que era esperado
por Bacon e Mill; e a de que “não constituem uma explicação adequada e
completa do método científico”. Para Copi, os referidos métodos são
indispensáveis, mas foi excessiva a pretensão de seus criadores; são
eliminatórios, pois demonstram que uma determinada circunstância não é a
causa de um dado fenômeno; e os resultados de uma experiência confirmam a
hipótese, mas não estabelecem a conclusão com total certeza. Assim, não é
sustentável pretender levar o empirismo ao extremo.
139
Pedro Lessa (item 2.2.1) considera científico o que é obtido pelo método
indutivo422, mas não exclui o dedutivo; afirma que a combinação de ambos
forma o método “positivo”, que é o único para se conhecer “as verdades de
ordem científica”423. Assim, de certa forma, tem razão a crítica que lhe faz
Miguel Reale (item 2.2.2), principalmente ao tratar da questão axiológica.
Afirma este autor que a norma “consagra sempre a escolha de um valor que se
julga necessário salvaguardar”424. Observa-se que também a intuição vai mais
além do que a mera constatação de valores.
422
Estudos de filosofia do direito, p. 17/18.
423
Ibid., p. 23/24.
424
Filosofia do direito, p. 327.
140
seus termos (sujeito, predicado e médio), ou seja, a premissa maior, a
premissa menor e a conclusão.
A intuição não pode, tampouco, ser utilizada de forma isolada; isso pelo
menos de modo geral425, pois as decisões judiciais precisam ser
fundamentadas e o discurso científico exige a demonstração.
425
Exceção à regra da exigência de fundamentação é a decisão dos jurados no julgamento do Tribunal do
Júri. Há casos em que o juiz tem contato direto com o objeto de prova como, por exemplo, em crime de
moeda falsa, em que ele próprio olha o dinheiro e constata a falsidade. Porém, neste caso, ao decidir, o fará
de forma discursiva, utilizando os métodos da dedução e/ou indução.
141
5. CONCLUSÃO
142
8. A linguagem tem diferentes usos, sendo básicos os seguintes:
informativo, expressivo e diretivo. Enunciados e raciocínios podem ser
expressos por símbolos.
143
conhecimento empírico. A intuição espiritual é a projeção direta do espírito
sobre o objeto e pode ser de três espécies: intelectual, emotiva e volitiva. A
primeira capta o objeto em sua essência, a segundo capta o seu valor, a
terceira leva à sua existência.
21. Não se pode confundir a norma, que trata de algo que “deve ser”,
enquanto linguagem, com o Direito enquanto “ser”, ou seja, tratado na
metalinguagem, como ocorre na ciência jurídica. As normas têm conteúdo
axiológico; o que não afasta a aplicação do método indutivo. Há autores que
defendem a idéia de que o conhecimento é adquirido pela inteligência e pela
experiência em conjunto.
22. A axiologia trata dos valores, aos quais se chega pela intuição. A
axiologia jurídica trata dos valores que integram a ordem jurídica. Os valores
são o que dá sentido à ação humana, aquilo que exige uma tomada de posição.
Podem ser positivos ou negativos, há uma hierarquia entre eles, são relativos e
correspondem às necessidades humanas.
144
Implicam a gênese de princípios e normas e atuam em sua interpretação e
aplicação.
145
34. A dedução é utilizada como método de interpretação e aplicação do
Direito. A norma jurídica é a premissa maior; o fato está na premissa menor; a
conclusão é a aplicação da norma ao fato.
146
APÊNDICE
4. SENTENÇAS
147
r-'
r---
r-'
r-. APÊNDICE
r---
r-
~
1. FIGURAS RELATIVAS AO CAPÍTULO 1 - ITENS 1.2.4.1 E 1.2.5.1
"
r"' 2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL - SEÇÃO RELATIVA À EDUCAÇÃO
~ 3. LEI N° 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 - TÍTULOS II E lU
"'"
4. SENTENÇAS
/.~\
5. APELAÇÃO CÍVEL - TRF DA 1a REGIÃO - COSTUME JURÍDICO
~
r-'
8. AGRAVO DE INSTRUMENTO - TRF DA 3a REGIÃO - PRINCÍPIO
f DA PROPORCIONALIDADE
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FIGURAS
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Primeira Segunda Terceira Quarta
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CONSTnnnçÃOFEDERAL
TÍTULO vm - DA ORDEM SOCIAL
CAPÍTULo fiI - DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
Seção I - DA EDUCAÇÃO
r-
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garan-
,.....
tia de:
I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua ofer-
ta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
r- o lnciso I com redação dado. pela Emenda Constitucional n. 14, de 12-9-1996.
11- progressiva universalização do ensino médio gratuito;
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149
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149 Ans. 208 a 211
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t~ . Inciso li com reda.ção dada pela Emenda. ConsrituciClUlI n. 14. de 12-9-1996.
I{
i?'
. A Lei n. 7.853. de 24-10-1989.
lida. as nomuIS de proteção
regulamenratiapelo
à pessoa portada.ra
Decreto
de deficiência.
n. 3.298. de 20-12-1999. conso-
.... f;f';:'
Ir' . Convenção Interamericana para aEliminação de todas as Formas de Discriminação contra
:J: as Pessoas Portada.ras de Dejicibtcia: Decreto n. 3.956. de 8-10-2001.
-- ~..'; . . . Ungua Brasileira de Sinais -
liBRAS: Lei n. 10.436. de 24-4-2002 (meio legal de comuni-
ir cação e expressão de comunidades de pessoas surdas).
.....
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artís-
......
i tica, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
,.... -
vn atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas
~.' Suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à
(.-. saúde.
r
.;
"~o. . A Medida Provis6ria n. 2.178-36. de 24-8-2001. dispõe sobre o repasse de recursosfinan-
~:. ceiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar e institui o Programa Dinheiro Dire-
\'... to na Escola.
,....
'. "---~-j.. rários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
..'
. § 2!!O ensinofundamentalregularseráministradoem línguaportuguesa,asse-
;~y . gorada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e tnn-
;'i..
ie~ . processos próprios de aprendizagem.
~x.. Art. 211.A União,os Estados,o DistritoFederal e os Municípiosorganizarão
i
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" em regime de colaboração seus sistemas de ensino. I
1
~';":
', . Vidcart.60e §§ doADCT.
;!
t: § lI!A União organizará Osistema federal de ensino e o dos Territórios, finan- i
;:X . . "ciaráas instituições de ensino públicas federais e exercerá., em matéria educacipnal, t
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ifi;~: - -- -- ------.. .;
150.
Localização do texto integral Página 1 de 23
ADVERTÊNCIA
Informamos que os textos das normas deste sítio são digitados ou digitalizados, não sendo, portanto, "textos
.-. oficiais". São reproduções digitais de textos originais, publicados sem atualização ou consolidação, úteis apenas para
pesquisa,
m ~---~ ~..m_"__" m m ,_..m..",--", ",..'"""''' m..
,....
Senado Federal
Subsecretaria de Informações
.-.,
TíTULO I
.-
.-.
DA EDUCAÇÃO
§ 10 Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do
.-. ensino, em instituições próprias.
,...
TíTULO 11
""'
-
I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
,-.. 11 -liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgara cultura, o pensamento, a arte e o saber;
r- 111 - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
"'"'
151
-
V coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
-
VI gratuidade do ensino públicoem estabelecimentos oficiais;
~ VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de
ensino;
-
IX garantia de padrão de qualidade;
.......
TíTULO 111
Art. 4° O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
...
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;
,.. 11- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
111 - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino;
~ IV- atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
~
capacidade de cada um;
-
VII oferta de educação escolar regular para jovens e adultos. com características e modalidades
adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as
""
condições de acesso e permanência na escola;
.-.
VIII -
atendimento ao educando, no ensino fundamental público. por meio de programas
'" suplementares de material didático-escolar, transporte. alimentação e assistência à saúde;
..... -
IX padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas,
por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Art. 5° O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo. podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical. entidade de dasse ou outra
legalmente constituída, e, ainda, o MinistérioPúblico, acionar o Poder Público para exigi-Io.
"... § 1° Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da
União:
152
http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102480 28/08/2007
Localização do texto integral Página 3 de 23
,-.
""
-
I recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a
.- ele não tiveram acesso;
§ 3° Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no
Poder Judiciário, na hipótese do § 2° do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito
sumário a ação judicial correspondente.
.-
,.... § 4° Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino
obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.
~
§ 5° Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas
-- alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.
Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de
idade, no ensino fundamental.
TíTULO IV
'"'
,...,
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
,...
,..., I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
""'
..... 11 - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e o
dos Territórios;
""'
111- prestar assistência técnica e financeira aos Estados,ao DistritoFederal e aos Municípios para o
desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória,
exercendo sua função redistributiva e supletiva;
,
153
http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id= 102480 28/08/2007
-.
PODERJUDICIARIO
JUSTiÇA FEDERAL
'"'
--
Vistos, etc.
.....
- Na instrução criminal,
testemunhas arroladas pela acusação (fls. 141/147).
foram ouvidas duas
É O RELArÓRIO.
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DECIDO.
-
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98/101), afirmou que não é viciado.
- 0.015
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PODER JUDICIARIO
.....
JUSTiÇA FEDERAL
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Em sintonia com o depoimento de Aguinaldo, está
o de Roberto Alonso (fls. 145/147). Em razão de um telefonema anônimo, dirigiu-se
..- a hotel em questão. Afirmou que uma moça saiu do hotel e voltou com um táxi,
parando defronte ao mesmo, e que "o réu deixou o hotel e dirigia-se ao táxi quando
--
foi abordado pelo depoente e por seu colega'~
-......
""
entorpecente". Disse que a mala foi aberta na rua, na presença do acusado, da
moça e de um funcionário do hotel, e que, após, a mala, o acusado e a moça foram
levados para o interior do hotel, realizando-se revista mais minuciosa na mala e no
--
--.
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quarto utilizado pelo acusado. ct
li
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..... PODERJUDICIARIO
JUSTiÇA FEDERAL
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É mentirosa a afirmação do acusado quando diz
que a mala em questão pertencia a Cristiane. Conforme bem lembrado pelo
consigo uma mala. Aliás, o que havia dentro da mala, além da cocaína, eram os
objetos pessoais do acusado!
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servir de "mula" para o tráfico intemacional.
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.... PODERJUDICIARIO
JUSTiÇA FEDERAL
,...
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caso é de tráfico com o exterior. Assim o
demonstram a procedência estrangeira do acusado e o provável destino da
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cocaína, ou seja, a Europa, conforme o bilhete de passagem aérea que portava.
-
""". valor unitário de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente ao tempo dos fatos,
corrigido monetariamente, levando-se em conta a sua condição econômica
desfavorável.
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Recomende-se o acusado na prisão em que se
encontra.
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artigo 42, da lei n° 6.368J76.
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PODER JUDICIARIO ":'-':~;.~:~:i
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JUSTiÇA FEDERAL
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Oficie-se às autoridades consulares da Alemanha,
,-..
informando a condenação do acusado, cidadão alemão.
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ELlO DE MELLO CASTRIANI
IZ FEDERAL SUBSTITUTO
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PODERJUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Processo n° 97.0061128-0
Ação Ordinária
Autor: Restaurante América Alameda Santos Ltda.
Réu: Instituto Nacional do Seguro Social- INSS
.... ta Vara Cível de São .Paulo
--
......
-
,.. Vistos. etc.
-
RESTAURANTE AMÉRICA ALAMEDA SANTOS
LTOA., qualificada na inicial, propõe a presente Ação Ordinária em face do INSS -
-., INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a declaração de
inexistência de obrigação ao recolhimento da contribuição social sobre o \ 3° salário,
relativamente aos fatos geradores que ocorreram a partir de dezembro de 1.997.
--
Alegam ser indevida a exigência, argumentando com
normas constitucionais e legais, bem como com a doutrina e precedentes judiciais.
,- É O RELATÓRIO.
--.. DECIDO.
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PODERJUDICIÁRIO
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.JUSTiÇA FEDERAL
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...... 7~~
PODERJUDICIÁRIO
"" JUSTiÇA FEDERAL
9f!-
""' Tal fato, de a gratificação natalina integrar o sa\ário, fOI
reconhecido pela Egrégia Corte antes mesmo de a Lei n° 4.090/62 ter instituído formalmente
""'
a gratificação.
- Além disso, depois da referida Emenda Constitucional
"... n° 20, o artigo 201, da C. F., teve acrescentado o § 11, com seguintes termos:
-- "§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título,
~
serão incorporados ao salário para efeito de contribuiçAo
previdenciária e conseqüente repercussAo em benefícios,
n05 casos e na forma da lei".
...
~
Veja-se, ainda, o ensinamento do Professor Amauri
,... Mascaro Nascimento (in "Iniciação ao Direito do Trabalho", LTr, 1994, lia ed., pág. 334)'.
.....
Diante do exposto e de tudo mai!>que do'l.auto'l.oon'l.ta,
julgo IMPROCEDENTE o pedido constante da inicial. Julgo extinto o processo, com
7"'-
julgamento de mérito, com fundamento no artigo 269, inciso 1, do Código de Processo Civil.
,... ,r Condeno a autora ao pagamento das custa judiciais e de honorários advocatícios, arbitrados
estes em 100.10 (dez por cento) do valor da causa com a devida correção.
""',
/""- P.R.!.
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.... ~'I'" jãl3G/o~
......
PODERJUDICIÁRIO
JUSTiÇA FEDERAL
-.
.....
Processo n° 2001.61.00.010064-4
Mandado de Segurança
Impetrante: Ashland Resinas Ltda.
~
Impetrado: Superintendente Estadual do IDAMA em São Paulo
Ia Vara Cível de São Paulo
~
......
....
...
"...
Vistos, etc.
,.
~-
....
,--
,.. 27/12/2000, que deu nova redação à Lei n° 6.938, de 31/08/1981, é contribuinte
da taxa mencionada, criada como fonte de custeio do IBAMA; que o critério
,..
material da hipótese de incidência é o exercício regular do poder de polícia
exercido pela autarquia para controle e fiscalização das atividades
-, potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais; que a taxa se
reveste de inconstitucionalidade; que o fato jurídico, ao contrário do que dispõe
--
a norma, não é o poder de polícia, mas o exercício de atividade econômica; que
,- a intenção da autarquia é auferir receita desvinculada de qualquer atuação
,- específica; que a base de cálculo corresponde a valor fixo que depende do
enquadramento; que o critério material da hipótese de incidência revela
~
natureza jurídica de verdadeiro imposto.
-.
Argumenta que, como imposto, a instituição
deveria ter sido por lei complementar na forma do artigo 154, mciso I, da C.F.
~ 163
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PODERJUDICIÁRIO
JUSTiÇA, FEDERAL
.....
Alega que a taxa se institui ~o
"-,
contraprestação de um serviço público ou em decorrência do poder de polícia;
que o artigo 78, do CTN, define o que vem a ser o poder de polícia; que o
Poder Público deve realizar a atividade estatal diretamente referida ao
contribuinte, sob pena de se qualificar o tributo como verdadeiro imposto.
Argumenta
. com normas legais e
constitucionais, bem como com â: doutrina e a jurisprudência, reiterando as
alegações.
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTiÇA FEDERAL
I
É O,RELATÓRIO.
DECIDO.
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Afasto a preliminar, argüída nas informações,
no sentido de que a impetração seria contra lei em tese e que faltaria o
pressuposto subjetivo. O presente mandamus tem caráter preventivo, pois a
impetrante buscou não ser compelida a proceder ao recolhimento da taxa em
questão.
-
I impostos;
.... 11 -
taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial. de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos
a sua disposição;
165
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- PODER JUDICIÃRIO
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A taxa, portanto, pode ser instituída em razão
do exercício do poder de polícia.
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PODERJUDICIÁRIO
- JUSTiÇA FEDERAL
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..- 'Art 17-8. Rca instituída a Taxa de Contrôle e Fiscalização
Ambiental- TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do
-- poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - lbama para
#'"-< controle e fiscalização das atividades potencialmente
poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.' (NR)"
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.... PODERJUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
....
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Deve-se reconhecer o enquadramento no que
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prevê o artigo 78, do CTN, pois há a limitação ou a disciplina de direito,
"- interesse ou liberdade individual, bem como se regula a prática de atos ou a
\,...
abstenção de fatos em razão de mencionado interesse público - defesa do meio
ambiente - na atividade desempenhada pelo IBAMA.
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168
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JUSTiÇA FEDERAL
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PODER JUDICIÁRIO
.--,
"' - microempresa e empresa de pequeno porte, ~ssoas
jurídicas que se enquadrem, respectivamente, nas
descrições dos incisos I e 11do caput do art. 2° da Lei n°
~
9.841, de 5 de outubro de 1999;" (AC)
~:::~C::RIO
JUSTiÇA FEDERAL -
E)
i~~ V, C .
~,
.' ':, '
,.,...
" ij"-- -
Diante do exposto e de tudo mais que ~s
const~ julgo improcedente o pedido e DENEGO A SEGURANÇA, na forma
como pleiteada. Julgo extinto 'o processo, com julgamento de mérito, com
fundamento no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil. Por
conseqüência, fica revogada a autorização deferida à fi. 74, para a realização de
depósitos judiciais dos valores referentes à taxa questionada.
P.R.I. e Oficie-se.
r-
São Paulo, 30 de janeiro de 2.004.
.- ÁA:t,C{4J.Ui~/Í/Y;;;v/i1;N (11
/ Marco ~urelio de Mello Castrianni
,/
, Juiz Federal
('
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171
"
POOERJUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
= 1
r--
r Vistos, etc.
r-
r
r-.
r--
Argumenta ter sofrido danos e que o assunto foi
tratado com descaso; que as novas tecnologias agilizaram as operações
"
bancárias e as falcatruas aumentaram, sendo que o consumidor não pode
r--- interferir, tendo que se submeter ao que se oferece; que foi violado o Código de
r- Defesa do Consumidor; que a autora deve ser ressarcida na proporção de vinte
vezes o valor de seu saldo subtraído.
r'
r Sft-
t-
r-'
1'~
""'
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PODERJUDICIÁRIO
,......
JUSTiÇA FEDERAL
r-
06/27.
r
Em audiência, de instrução e julgamento, tomou-se o depoimento pessoal da
autora, tendo-se concedido prazo às partes para alegações [mais (fis. 101/105).
r
É O RELATÓRIO.
r"'
DECIDO.
p.
r
r-
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PODERJUDICIÁRIO
,.-.
JUSTiÇA FEDERAL !I
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r.
/'
Tendo prestado depoimento pessoal (fis.
r- 102/104), a autora confirmou o saque de R$ 8.016,00 e o de R$ 500,00.
r-
r
Afirmou que pretendia sacar R$ 200,00 para
/' uma viagem, quando seu marido tentou fazer o saque e constatou que não havia
r
mais dinheiro. Pode-se notar a sinceridade de seu depoimento quando a mesma
narra a história, dizendo que havia ficado no carro esperando, e "que o seu
.--..
esposo foi até o caixa eletrônico; (..) quando o mesmo tentou fazer o saque,
- houve um apito porque não havia o valor pretendido; (..) seu esposo entrou na
- agência e chamou a moça; (..) então se verificou o saldo que havia".
r
Contou que" essa data de 30 de outubro nunca
r vai sair de sua mente". Perguntada sobre como se sentiam, aflfIDou que "foi
,,- horrível". Perguntada sobre o que o seu marido lhe disse no momento, aflfmou
que ele lhe falou: "não tem mais dinheiro". Disse que "então lhe perguntou se
r
estava brincando e ele lhe disse que era sério ".
r
r
Narrou ainda que estiveram no PROCON; que
r
não tem noção do que possa ter acontecido com a sua conta; que foi a primeira
r vez que isso aconteceu.
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174
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PODERJUDICIÁRIO
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JUSTiÇA FEDERAL
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PODERJUDICIÁRIO
JUSTiÇA FEDERAL
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PODERJUDICIÁRIO
JUSTiÇA FEDERAL
'""'
encontrarem o esperado saldo na conta e depois tiveram que passar por várias
situações desgastantes e constrangedoras, tanto em agências da ré como no
PROCON. Esperaram por mais de dois anos que a ré encontrasse alguma
solução; e nada aconteceu. Depois disso, buscaram o PROCON; e a ré somente
compareceu na segunda tentativa e, mesmo assim, sem trazer solução alguma.
'""'
Tal como se observou no PROCON (fi. 26), a ré "deixou que acreditassem que
um processo seria aberto para averiguação do ocorrido, e hoje [08/10/2002]
~, informam que nada foi registrado, e o pior, o tempo decorrido". A situação da
') autora foi, portanto, tratada com descaso pela ré.
,~
São Paulo, 16 de novembro de 2.005.
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/ L-/ " Jmz Federal
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PODERJUDICIÁRIO
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JUSTiÇA FEDERAL <
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Processo n° 2005.61.00.028966-7
Mandado de Segurança
Impetrante: Wagner Pozzani
Impetrado: Delegado da Receita Federal de Administração Tributária
em São Paulo
1a Vara Cível de São Paulo
-
Vistos, etc.
~
---
PODERJUDICIÁRIO
É o RELATÓRIO.
DECIDO.
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o pedido constante da inicial deve ser julgado
improcedente, com a conseqüente denegação da segurança.
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/.../
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PODERJUDICIÁRIO
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r.
Assim, deve incidir o questionado imposto também
,...
sobre as férias vencidas e as proporcionais, incluindo-se o valor de 1/3 (um terço) que se
acresce às mesmas.
"...
,... 180
-""'
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PODER JUDICIÁRIO
,......
/ TRIBUNAL
APELAÇÃO
REGIONAL
CÍVEL NQ 89.01.06733-1/DF
FEDERAL DA 1& REGIÃO
E ri E N T A
.-
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL - POSSIBILIDADE JURÍDICA
00 PEDIDO DOS FAMILIARES DE PEDIR INFORMAÇÃO SOBRE LOCAL DE
SEPULTAMENTO DE SEUS PARENTES FALECIDOS - APLICAÇÃO 08 COS-
TUME NA AUSÊNCIA DE LEI ESCRITA (ART. 4Q DA LICC) - DIREITO
SUBJETIVO PÚBLICO 00 INDIVIDUO SEPULTAR E HOMENAGEAR SEUS
MORTOS, SEGUNDO SUA CRENÇA RELIGIOSA - DIREITO DA PARTE À
PROVA - DOCUMENTO SIGILOSO.
--. ]81
'"" .,-., ..... _.' .. u"u,-.""."..-".. "..'.-""- --"'. .
........
uabinete 11VáraCivef:-1Ó855õõitiff~ =- -,-.----. ..
,... . " " -~- -.-...
,...
mIà<
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....
EMENTA
RECURSO O~DJNÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIDOR PUBUCO OCUPANTE DE CARGO EM COMISSAO.
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA. IDADE. OMISSÃO
LEGISLATIVA ARTIGO40DA UCC.
1. Nos termos do artigo 40, parágrafo 2°, da Constituição da República,
na lei dispará sobre a aposentadCN'ia em cargos ou empregos temporários. "
2. Por força de nonna constitucional, a aposentadoria dos servidores
ocupantes de cargo em comissão, assim considerados aqueles de
,.. ocupação transitória. será rcguJadapor lei ordinária.
3. A aposentação dos servjdores públicos ocupantes de cargo em
comissão tem seu estatuto lega] na própria Constituição da República.
não se Ihes aplicandoas disposiçõescontidas no artigo 186, incisos I, lI,
-. e m, da Lei 8.112190.
4. Assim como detenninado na Constituição da República, a Lei
Orgânica do Distrito Federal remeteu a disciplina da aposentadoria dos
servidores ocupantes de cargos temporários, subentenda-se servidores
em cargos de ocupação transitória - cargos em comissão, à edição de lei
ordinária (artigo 41 da LODF).
5. Em inexistindo no plano local qualquer nonna que regule
especificamente o regime previdenciário dos servidores públicos
-~ .
d
ocupantes de cargo em comissão, assim como aconteceu no plano
federal, com a edição da Lei n° 8.647, de 13 de abril de 1993, tem
.,~O incidência o artigo 4° da Lei de Introdução ao Código Civil. ver6is:
.~ !5 .g "Quando a lei for omi.~a. o juiz decidirá o ca.,o de acordo com a tlIIi1!ogia. os
,... V1 cn
Q IV
.... costwnes e os princfpios gerais de direito. H
~ ~I 6. Diante da omissão legislativa no âmbito do Distrito Federal e
~ considerando-se que servidor público é gênero do qual faz parte o
ocupante de cargo em comissão (RMS n° 10.423/SP. Relator Ministro
Femando Gonçalves, in DJ 3011012000),aplicam-se ao servidor as
disposições contidas na Lei na 8.112190.recepcionada pela Lei Distrital
~ n° 211/91, impondo-sea sua aposentação compulsória aos setenta anos
de idade.
7. Recurso provido.
2000.'0022C]7-5
- RM811722
,~
\ .
7 Pãgino Jde2
182
"...
--
y~y~~~
.... RECURSO ESPECIAL N° 322.302 -PR (200110051541-0)
RELATÓRIO
.....
O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX(Relator): A CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL, interpôs recurso especial (fis. 96/100), amparado no art. 105, m, "a", da Constituição
Federal, visando reformar o acórdão (fis. 89/93), proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4a
--
Região,cujaementa merece ser transcrita(fis. 93):
-
--
"ADMINISTRATIVO - SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO -
... UTILIZAÇÃO DO B PARA QUITAÇÃO DE DÍVIDA VENCIDA.
1 - É cabível a uti/i; de saldo existente na conta vinculada ao FGTS
...
para. para aquisição de
'GTS, na medida em
em atraso, deve ser
"""' r lei não impõe.
do financiamento em
- 'á utilizar-se desse
,.. conta vinculada, já
vinculada para o
'"
..... 183
/'
g~:r~cd~
FGTS, deve estar em dia com o pagamentodas prestações, o que inocorreu,uma vez que a
recorrente deseja efetuar o pagamentode prestações vencidas e vincendasde resgate do mútuo.
É o relatório.
"'.
....
-
~
,...
r-
.-.
,...
,,-
""
--
Documento: 468153 -RELATÓRIO E VOTO -Site certificado Página 2 de 5
184
r'
,.....
g~Y~ah~
RECURSO ESPECIAL N° 322.302 -PR (200110051541-0)
-
....
FGTS. LEVANTAMENTO DOS SALDOS. PAGAMENTO DE
RESGATE DO MÚTUO. POSSIBILIDADE.
~ 1. A enumeração do art. 20, da Lei 8.036/90,não é taxativa, sendo
possível,em casos excepcionais,o deferimentoda liberaçãodos saldos
,..,
do FGTS em situação não elencada no mencionado preceito legal.
......
Precedentes da 1a Turma.
2. Encontrando-seo mutuárioem dificuldadesfinanceiras,inadimplente
~
perante o SFH, caracteriza-se a "necessidade grave e premente",
.......
prevista no dispostono art. 8°, 11,"c", da Lei n.° 5.107/66e na Lei. n.°
8.036/90,interpretadaextensivamente,de fonna autorizá-Ioa levantaro
....
fundode gara~.ra saldar as prestações em atraso.
3. Ao aplicar,lrl~'o julgador subsunção do fato à nonna, deve estar
. ... . . lentoe aos fins sociais
- o CódigoCivil).
~
--
"'"'
.....
......
sitivo tido por violado
8.036/90, a matéria
"""
ento implícito admitido,
185
,.....
,-.
.....
9~3~ah'~
,-.
grave e premente", disposta no art. 8°,11, "e", da Lei n.O5.107/66, hipótese não elencada no art.
... 20, da Lei n.O 8.036/90, mas que a Primeira Turma tem admitido interpretação extensiva, de
forma a autorizar os mutuários a levantarem os depósitos das contas do FGTS, com a finalidade
única, de saldar as prestações em atraso.
-.
N esse sentido, evidenciam os seguintes aeórdãos:
- , DJ:05/1112002)
'"
,.. UTILIZAÇÃO DO
'E SERVIÇO PARA
..... TRASADAS DE
..- 'E CASA PRÓPRIA.
.....
é no sentido de ser
..... lor Tempo de Serviço
financiamento pelo
-. que evidenciada a
..-
", conne
,... 186
,.-
""
--
g~y~~~
FGTS, para saldar as prestações em atraso. precedentes.
II - Agravo "regimental" improvido."
(AGA 7686800, Min.ReI. ADHEMAR MACIEL, DJ: 16/06/1997)
....
Diante do exposto, conllse que a determinação de liberação dos saldos do
FGTS,no caso dos autos,não afrontou.ara e o espíritodo art. 20, da Lei 8.036/90,motivopelo
,- qual,NEGO PROVIMENTOao recurso.
É como voto.
......
.....
---
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--
Documento: 468153 - RELATÓRIO E VOTO - Site certifICado Página 5 de 5
187
~
,-.
Y~:r~~~
.....
FGTS, para saldar as prestações em atraso. precedentes.
II - Agravo "regimental" improvido."
(AGA 76868/RJ, Min.ReI. ADHEMAR MACIEL, DJ: 16/06/1997)
ir-se à subsunção do
"...
o ordenamento e aos
-
por meta garantir ao
....
desse lançar mão em
r ,ve, ou para adquirir a
~
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Diante do exposto, conllse que a determinação de liberação dos saldos do
,..
FGTS, no caso dos autos, não afrontou.dlflra e o espírito do art. 20, da Lei 8.036/90, motivo pelo
-- qual, NEGO PROVIMENTO ao recurso.
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É como voto.
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""" Revista TRF - 3- Região. Vol. 52, mar. e abr J2002 57
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..... ',.
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da o domínio útil ou a posse de bens imóveis, sub-rogam-se na r
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pess dos seus respectivos adquirentes, salvo quando conste do tí-
10a p va de sua quitação. ij
o mesmo sentido, o art. 131, inciso I, determina serem pes- 1i
1i
soal~ente sponsáveis o adquirente ou remitente, pelos tributos re-
- lativoS\aos b s adquiridos ou remidos.
~
lJ
~
- Por u turno, o art. 22, § 82, da Lei n2 6.830/80 permite a
emenda o .subs' uição da Certidão da Dívida Ativa até a decisão de
.. primeira ins cia, segurando-se ao executado a devolução do pra- I
.~
,... zo para emba os. "
~.
1.
Assim, enqu to não proferida decisão pelo magistrado de
,.. primeiro grau, po a ex üente emendar ou substituir a COA, de for- !!"
ma a fazer constar .pólo assivo da relação processual o adquiren-
te do imóvel - fato ge dor imposto objeto da cobrança.
- Contudo, no
riu .sentença julgando exti
so pr ente, o juízo de primeiro grau profe-
o p cesso, sem apreciação do mérito, a
, qual foi confirmada por esta. Co e.
Com efeito, conform se v ifica às fls. 36/38, os embargos
......
à execução foram julgados pro dent para reconhecer a ilegitimi-
,... dade passiva do embargante e e ingui a execução, nos termos do
art. 267, inciso VI, do Código de PIi so il. Outrossim, às fls. 16/19,
/"' encontra-se acostada cópia do acórd qu negou provimento à re-
messa oficial, confirmando a r. sentenç sub tida. Assim, incabível
a retificação do pólo passivo nesse mom to p cessual.
,... Ademais, deve ser considerado q sen extinto o proces-
so por meio de decisão transitada em julgad a p tensão da agra-
'"" vante consistente no prosseguimento da execu fisc, nos mesmos
autos, contra o sucessor legitimado para figurar o pó passivo da
relação processual, acarretaria violação ao instituto a co a julgada.
Isto posto, nego provimento ao agravo de i rum nto.
É como voto.
,... Desembargador Federal MAIRAN MAlA Relat -
,...
..-
AGRAVO DE INSTRUMENTO N2 50567
Registro 97.03.023199-3
---- Agravante: CLÁUDIOCARMONA
Agravado: INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS
~ Origem: JUfZO DE DIREITO DA 11 VARA DE MOGI MIRIM - SP
Relatora: DESEMBARGADORA FEDERAL SYLVIASTEINER
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58 Revista TRF -
38 Região.Vol.52, mar.e abr.l2002 F
......
--
EMENTA
.....
.....
3.Agravo provido. Agravo regimental prejudicado.
... ACÓRDÃO
--
Vistos',relatadose discutidosestes autos, em que são partes
..... as acima indicadas, acordam os Desembargadores Federais da Se-
gunda Turma do TribunalRegionaJFederal da Terceira Região, por
.....
unanimidade de votos, em dar provimentoao agravo, e julgar preju-
'- dicado o agravo regimental,nos termos do voto da Relatora.
São Paulo, 13 de fevereirode 2001 (data do julgamento).
..... DesembargadoraF.ederalSYLVIASTEINER Relatara -
......-
RELATÓRIO
......
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Revista TRF - 3& Região, VaI. 52, mar. e abr.l2002 59 Jt
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VOTO d ..
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A Exma.Sra. DesembargadoraFederal SYLVIASTEINER
(Relatora):Trata-se de agravo de instrumentointerposto por cLÁu- iJ.
;i
v"
....
DIO CARMONA contra a r. decisão do MM. Juiz de Direito da 1!!
Vara de Mogi Mirim, que determinouo depósito do valor equivalen-
.\i
iji
j
':11
te ao débito, em sede de execução fiscal, sob pena de prisão do
j,
.... agravante.
Tendoem vista o julgamentodo presenteagravo de instru- '!j
~
mento,julgo prejudicadoo agravo regimental.
'- A prisão do depositárioinfiel é medida extrema,como o é !1
...... :ii
das também elas da necessidadede salvaguardar'outros direitos e
---- interessesconstitucionalmenteprotegidos''',afirmando,assim, "o ca- ,~
ráter restritivodas restrições".Assim, para o festejado mestre portu- ~
'- guês Jorge Miranda, as restrições a direitos fundamentais "devem ~
ater-seaos fins em nomedos quais são estabelecidasou permitidas"
~
.,
'"" ij
;;
bem como que "só deverão ser adoptadasse esses fins não pude-
'\..... rem ser alcançadospor meio de medidas menos gravosas"("Manual 1
de Direito Constitucional",Tomo IV, Direitos Fundamentais,Coimbra "
11
......
Ed. Ltda., 1988, p. 303). li
"- Não é tão recenteo desenvolvimento,pela doutrina,do cha- 'r
mado princípio da proporcionalidade,segundo o qual, no âmbito es-
-
"""
pecíficodas restriçõesa direitosfundamentais,a limitaçãoa tais direi- ,
tos deve ser "adequada(apropriada),necessária(exigível) e propor- ,
i
"-
cional (comjusta medida)",trazendo as precisas palavrasde Canoti-
lho ("Direito Constitucional",Livraria Almedina, Cóimbra, 1993, pp.
r
'- 617/8).
Descrevendo cada um de tais elementos, Raquel Denize
'-.,-" Stumm, em sua singular obra "Princípio da Proporcionalidade no Di-
reito Constitucional Brasileiro" (Livraria do Advogado Editora, Porto
'->-
'-
'-
.......
'-'
190
'-
.- ..,
'"'
.-,
-'" ,',
.-.
.-.
....
Alegre, 1995) afirma o princípio da conformidade ou adequação,
como sendo aquele pelo qual a medida restritiva, que pretende rea-
,... lizar o interesse público, deve ser adequada aos fins que visa con-
cretizar; o da necessidade, aquele que pauta a restrição pela certe-
~
za de que o fim não pode ser atingido de outra maneira, sendo a
-- única possibilidade para a obtenção do fim almejado e a de menor
custo ao indivíduo; o da proporçionalidade, em sentido estrito, o que
,.....
traduz avaliar se o resultado obtido com a intervenção é proporcio-
,..
nal à carga coativa da mesma, aqui usando a Autora as expressões
de Canotilho, na já citada obra, que conclui: "os meios legais restri-
tivos e os fins obtidos deyem situar-se numa justa medida".
Dessarte, o exame da legalidade de determinada norma res-
,-..
tritiva de direito não se exaure na contemplação de seu conteúdo for-
mal. Em princípio, e evitando-se digressões acerca da possibilidade
da prisão civil do depositário infiel em face do ordenamento interna-
,......
cional e suprapositivo - já que nesse ponto tenho ressalvado entendi-
.- mento diverso - é certo que a Constituição a excepciona, e a lei civil
que regula suas hipóteses teria assim sido recepcionada pela nova
,- ordem constitucional. Transcrevendo a lição da antes citada Autora,
"o princípio da proporcionalidade é uma exigência substancial do Es-
tado de Direito no sentido de exercício moderado de seu poder". As-
.- sim, "em defesa do princípio da proporcionalidade, pode-se dizer que
em muitos casos os critérios políticos éonfundem-se com critérios ju-
/'"
rídicos, podendo o juiz adequá-Ios ao caso concreto. O juiz supre a
,... deficiência democrática da política que criou a norma, mensurando os
valores subjacentes a ela. O juiz exerce essa função, que constitucio-
,,- nalmente lhe é atribuída, devido a sua vinculação aos direitos funda-
.- mentais. (ou) O controleda legalidadetoma um sentido maiorque ul-
trapassa a mera forma, buscando na aplicação da lei da ponderação,
,-' não a insegurança de limites flexíveis, mas ao contrário, umafinalida-
r
de que reside no fundamento maior da viabilidade do convívio social:
a busca por uma crescente racionalização do sistema jurídico." (pp.
83/85).
No caso dos autos, e ora atenta ao que acima deixei regis-
.-
trado, tenho por certo que a medida restritiva de liberdade não se
mostra proporcional ao dano que se pretende evitar.
Ademais, no presente caso, o agravante não se negou a
apresentar o bem. Na verdade, a r. decisão foi motivada pelo laudo
~' pericial trazido por cópia às fls. 81 e ss., no qual se verificou a deterio-
,'.
, "
,-,-,"-"._-;-'-~~~'~-'-'--'---'-""
]91 .
r
.,
"..
r--
.....
'"""
J, RevistaTRF - 31 Região, Vol.52, mar. e abr.l2002 61
f.
,.....
!~ . ração do bem penhorado. Quanto a esta deterioração, o agravante 'i~
"'" forneceu duas explicações que considero suficientes, ao menos em ~I~"
lii
~
sede de cogniçãosumária, para a concessão do efeito suspensivo ao 1 .
,..... agravo:a) a deterioração é decorrente do fato de o bem penhorado, I
-- uma usina, não ter condições de permanecer em funcionamento,já !~
i
que foidecretada a falênciada empresa proprietária;b) a constatação jI
.-. da aludida deterioração se deu quando o bem não estava mais na
...
posse do depositário,ora agravante, eis que já havia sido arrecadado
nos autos de falência, razão pela qual ele não poderia ser penalizado 11i
i!
,... pelos estragos causados ao bem neste período.
Assim, não possuindo o depositárioa disponibilidadejurídi-
ca sobre o objeto da penhora, durante o período em que vigorou a
!~
r-
falênciada empresa (a 4t\Câmara de DireitoPrivado do EgrégioTri- i~
,.,
bunalde Justiça de São Paulo cassou a sentença de quebra e extin-
guiua ação de falênciasem julgamentode mérito,c1.o v. acórdão tra-
zidopor cópia às fls. 20/23), não há que se cogitar de sua prisão, em
razão da falta de conservação do bem penhorado.
r-- Quanto ao "periculumin mora",evidencia-se na medida em .,j
que a liberdade individualdo agravante está ameaçada, em face do
dispostona r. decisão agravada. i
Por primeiro,não atende ao princípioda adequação. A pri- ~
'""
são do agravante não tem aptidão para recompor o patrimôniopúbli- ~
'~
r- co atingidocom a desvalidação do bem depositado. Em segundo lu-
gar,não está demonstradaa necessidade da constrição,entendidaesta
como a única possibilidade de se obter determinado fim mediante
,-. menor custo para o indivíduo.Por fim,a constrição, nesse caso, fere
de morte o princípioda proporcionalidadeestrita, já que o resultado a I
,... ser supostamente obtidoé desproporcionalà carga coativa do ato. O
jurista,adequando os princípiosjurídicosaos valores a eles subjacen- Itt
,- .:)
tes, não há de vislumbrarsintonia entre o prejuízotrazido pela perda .~
,..... de mil sacas de arroz e a restrição à liberdade individualde um ser ,1
9
humano,levando-oao cárcere, se o prejuízopode ser recompostopor .~
"
outras formas. n
~
Ora, o princípioda proporcionalidade das restrições a direi-
L
a
tos individuaisnão se compadece com tal propósito, pois aí compro-
..... vada a inadequaçãoe a desnecessidade da ordem constritiva.
Por todo o exposto, julgo prejudicadoo agravo regimentale I"
--
dou provimentoao agravo de instrumento. ,3
É como voto. :~
~<'- I~
Desembargadora Federal SYLVIASTEINER- Relatora ;~
- ~.
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'""'
192.
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-
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I
I
- 176 . -
Revista TRF 3" Região, Vol. 60, jul. e agoJ2003 i,
I
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i
I
- i
~
I
jI
i
I
- i
I
I
-
- I
- ~
I
-
- APELAÇÃO CÍVEL
Registro 2002.03.99.013233-5
g
!
- EMENTA ç
;
AMBIENTAL- AÇÃO CML PÚBLICA - VAZAMENTO DE
."... SODA CÁUSTICA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA-
INDENIZAÇÃO DEVIDA - POSSmILIDADE DE APLICA-
,..
çÃO ANALÓGICA DE TRABALHO CONCERNENTE
1j
- A DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO E DERIVADOS,
i
- ",
À FALTA DE MELHOR CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DO
QUANTUM DEBEATUR - PRINCÍPIO DA RAZOABILIDA-
!,
. :
,,- DE QUE DEVE, EM QUALQUER CASO, SER OBSERVADO.
I - A indenização decorrente de dano ao meio ambiente é
,..-
devida independentemente da existência de culpa (art. 14, §
.
j
,,-.
193'
- ~
..
.
"--
t~
-~ ,
;
. i
- imposta ao causador.
IV - A indenização a ser imposta deve obedecer ao princípio
- da razoabilidade, mas sempre com vistas a desestimular a
transgressão das normas ambientais.
:,
,.. ACÓRDÃO
-",
, Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima in-
,..... dicadas.
Decide a Terceira Turma do Egrégio Tribunal Regional Fe-
,....
deral da 3&Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apela-
ção e negar provimento ao recurso adesivo, nos termos do voto da Sra.
Relatora.
São Paulo, 18 de dezembro de 2002 (data do julgamento).
r- Desembargadora Federal CECÍLIA MARCONDES Relatora -
"
194 .
..,
r
~
I.:
I:
~: 178 Revista TRF - 3" Região, Vol. 60, jul. e ago./2003 I
'Ji.
'li.. !
r<i;: iI
-- \l !
I
I
ID I
RELATÓRIO J,
m, ~
ID
iI! daquele produto, em virtude da falta de dispositivo de segurança na \
r
'"""' ~
I
tubulação por onde era transferida a substância, daí decorrendo dano-
~:
!
~; sas conseqüências ambientais para o ecossistema atingido.
i\:j
:1; Contestou o pedido a apelante, aduzindo em preliminar ca-
~\
~! rência de ação por ilegitimidade ativa do Ministério Público, e, no
~ mérito, a inexistência de dano ambiental indenizável, considerando-se
~' a quantidade de poluente lançada ao mar e a quantidade de água ali
t''li existente.
'"""'
'r
'iI;
Ante o deferimento de prova pericial, o Ministério Público
Federal trouxe aos autos tIabalho elaborado por técnicos da CETESB
estabelecendo critérios para quantificação de danos ambientais causa-
I dos por derramamento de petróleo e se~s derivados, de modo a auxiliar
"... Ii o ilustre perito designado no cálculo do quantum indenizável.
~,
Apresentado o laudo, concluiu o expert pela existência de
ir lesão efetiva ao ecossistema local, conclusão esta firmemente contes-
li '
,- tada pelo assistente técnico da apelante. A partir daí desenvolveu-se
~'
ti extenso debate acerca dos métodos utilizados na perícia e da validade
11
:fi. de suas conclusões.
~' A União Federal foi admitida no feito como assistente do
~:
ifj órgão ministerial, vez que o mar territorial é bem de sua propriedade,
~,
!fi havendo, por conseguinte, interesse jurídico na causa (fIs. 220).
~: Prosseguiram os debates, respondendo o perito aos quesitos
~;
formulados pelo d. juiz a quo em laudo suplementar. Novo trabalho
~\
m' também foi apresentado pelo assistente técnico da apelante.
,- ~~
jj'i Prolatou-se sentença, decidindo o ilustre magistrado pela pro-
ii!:
111:
~!'J,
W '!
,-
r
195.
~
-- ..,
-
--
-
cedência do pedido, porquanto configurado o dano ambiental, ainda que
considerada a pequena quantidade do poluente. Anotou, ademais, ser
:~
científico da CETESB.
1
-. Por fim, a apelante ofereceu contra-razões ao recurso adesi-
}
- vo, postulando a sua inadmissibilidade e reiterando os argumentos já
expostos em sua apelação. Contra-razões também foram oferecidas pela
~
- União Federal. 1
- É o relatório.
Desembargadora Federal CECÍLIA MARCONDES - Relatora
1
I
- :a
VOTO ij
~
i)
"
científico elaborado pelos técnicos da CETESB. Como ensina JOSÉ
CARLOS BARBOSA MOREIRA, configura-se o requisito do interesse
i
'-.-,-' '----.. -- __I
~
196-
r
- ..,
,--
- 180
-
Revista TRF - 3" Região, Vo1.60, jul. e ago.l2003
-
- em recorrer "sempre que o recorrente possa esperar, em tese, do julga-
mento do recurso, situação mais vantajosa, do ponto de vista prático,
- do que aquela em que o haja posto a decisão impugnada (utilidade do
- recurso) e, mais, que lhe seja preciso usar as vias recursais para alcan-
çar esse objetivo (necessidade do recurso)"l. Em outras palavras, tam-
bém o Parquet se mostra vencido - ainda que em menor escala - sendo
,- cabível o recurso por não haver obtido tudo o que poderia esperar da
sentença. Conheço, pois, da apelação adesiva.
- Avançando ao mérito, resume-se a discussão a dois tópicos
- pessoas naturais, quer por entes morais, prevendo para tanto a possibi-
lidade de atuação do Poder Público em três frentes distintas, a fim de
-- "
i
li
dar eficácia total ao dispositivo constitucional, a saber:
- L
I
l'
- aplicação de penalidades administrativas, utilizando-se a
Administração de seu poder de polícia para coibir as condutas e ativi-
- dades nocivas ao meio ambiente (Lei 9.605/98, arts. 70 usque 76);
- tipificação de condutas a partir do permissivo constitucio-
,.~ u:
,
~ nal do supracitado parágrafo terceiro, valendo-se o estado da ultima
,t>
~
ratio do Direito Penal para coibir as injustas agressões aos mais diver-
!
~
,-, ~
i I In "O Novo Processo Civil Brasileiro", 20" edição, Forense, 1999, págs. 117/118.
,..., I
1
,...,
F'
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RevistaTRF - 3" Região, Vol. 60, juJ. e ago.l2003 181
.......
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'"'
I
sos ecos sistemas (Lei 9.605/98, arts. 29 usque 69);
- obrigação de reparar os danos causados, por meio de justa
r--
I
indenização a ser fixada criteriosamente pelo juiz segundo as normas
')
do direito civilístico.
No caso em apreço, é relevante unicamente a última das mo-
') ,1
dalidades de reparação do mal causado, razão pela qual merece desta-
')
que a norma do artigo 14, § 1°, da Lei 6.938/81, in verbis:
~, ,
J
"Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste arti- ,
,~
') do fazer, sendo pouco crível possa alguém imaginar que aquela insti-
'\
, )
tuição somente poderia agir quando comprovasse a qualidade de domi- 'j,
,
nus. Está claro, pois, que o Ministério Público é o órgão legitimado para ~
. 1
"') promover a presente ação, quer por expressa disposição da Lei supra- j
j
r') citada, quer pelo disposto no artigo 1°, I, combinado com o artigo 5°, :\
initio, da Lei 7.347/85.
~)
Outro ponto de relevância extrema é a previsão da Lei no sen- j1
') tido de que, em havendo dano ao meio ambiente, a indenização dele 1
~
derivada é devida independentemente da constatação de culpa do agente t
r"')
(ope legis). Daí decorre que, ainda que a lesão ambiental decorra de
~
')
')
]98 '
')
r')
,... .,
..
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182 -
Revista TRF 3" Região, Vol. 60, jul. e ago.l2003
2 In "Curso de Direito Processual Civil", vol. I, Forense, 28" cdição,-1999, pág. 477.
3 Humberto Theodoro Júnior, op. cit., pág. 478.
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199 '
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Revista TRF - 3" Região, Vol. 60, jul. e ago.l2003 183 .t,
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- Revista TRF - 3' Região, Vol. 60, jul. e ago.l2003 185
i8
sa natureza.
li
VII. Apelo da autora improvido. Apelo ministerial e remessa
oficial parcialmente providos." (g. n.) 11
-- (TRF 33 Região, Sexta Turma, AC 97.03.086417-1/SP, ReI. '"
""" Desembargadora Federal Salette Nascimento, decisão unâni-
me, Dm 07/01/2002, pág. 38) l~
.
m
--- 'i
. Considerando-se como incontroverso nos autos que o vazamento se restringiu a algo entre :re
150 e 200 litros, bem como adotando como critério de conversão USS 1,00 = RS 3,00. ~~
J
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-
,.. 186 Revista TRF - 3' Região, Vol. 60, jul. e ago.l2003
--
APELAÇÃO CÍVEL
egistro 2002.03.99.016922-0
,..
,-
,....
--
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203-
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Eng.o IVO ARNALDO VALENTINI
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS .lUDI.CIAIS
caEA 194.0G2/D
....
--
,-..
~
registrado no CREA-SP sob o nQ 194.062/D, honrado como Perito
.-.
,.....
,-..
LAUDO PERICIAL
,....
204
- - ---
,,-.
.......
Eng.o IVO ABNALDO VALENTINI
AV~ÇÕESEPEm~~~UDI~~S
,.. CREA J.94.0G2/D
,...
,...
o presente Laudo constitui-se das
,...
seguintes partes:
.....
.....
.....
..... I. Apresentaçao
--
,... 11. Objetivo da perícia
.- IV. vistoria
,,-.
V. Memorial Descritivo
.....
VI. Avaliaçao
.....
,..
VII. Conclusao
VIII. Quesitos
...
IX. Encerramento
---
.-
anexo I - fotografias
......
anexo 11 - normativos
'" 205
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r-
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I. APRESENTACAO
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\
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lI. OBJETIVO DA PERICIA
-
,...
..-
A presente perícia tem por escopo
".,..
".-
determinar o valor médio atual de venda de mercado do terreno
,-..
r' sem benfeitor ias , situado na Rua Dep. Nelson Fernandes, s/nQ,
"""'
bairro Cidade Kemel, Município de Poá, Estado de Sao Paulo,
""
.....
""' 206
..~ ~ "''''-'~'''''''''''''''''''~","''''''''''''''''''''-'---~''''-'-'-''---'-'-'- . '.' ",,,d.,-......
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Eng.o IVO ARNALDO VALENTINI '
~
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,
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"'" '
.-..
II~. HIS~RICO SINTETIZADO
.....
-. .
ELETRICIDADE DE SAO PAULO S/A contra o expropriado ANTONIO
"'"
"..
feito, a imiss60 da posse da referida área, a citaç60 do
expropriado nas formas da Lei, a procedência da presente
aC;:6o, a nomeaC;:6ode Perito Avaliador, a de seu
.-. indicaC;:6o
"..:
às fls. 65 e 20 dos autos.
.-. 207
,-..
,-
r-.
.....
",....
I~~~
Eng.o IVO ARNALDO VALENTINI
J:L~\
,.....
..-.
'"'
IV. VISTORIA
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS
CREA 194.062/D
.JUD.lCIAl.S
W
i~ fLS
?"'
~
Realizada na data de 11.09.97, por
,...
volta das 8:30 horas.
,...
1"".
IV.1. Localizacao
--
,-
IV.1.1. Endereço
,..
~
Vi
.....
O im6vel em tela situa-se à Ci\ " I
/< '''-_r'
Via
/'"' Rua Dep. Nelson Fernandes, alto nç 468
Bairro Cidade Kemel
?"' Município Poll
",-
'
......
r"
.-
lf"C-
""'"'
.... Lote 14
,~ Quadra 24
.... Zona Z - 01
,-
208
~' = ~ ...-. ...'.
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?-
"...
Eng_O IVO ARNALDO VALENTINI
",~:':'-"
,
':;.:"r;-'":",:;-< ;
~\\
- AVALIAÇÕES E PE.RÍ.CIAS
CREA UW.062/D
.lUOICIAlS
;,:€
\
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1:1- r-5
""",
~QJ
c:\
"..,
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1~~0"l;
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.....
,-.,
r"
')
/"'
\ /
....
IV.l.3. Limítrofes \/1
"""' ,\
,
,
'
'
\ '
.....
- 1 Viela 4
- 2 Viela 5
........
3 Rua Mentha Addas
, ,
,.......
",""
De conformidade com as Normas vigentes
,-
,.... 209
. "~ ~-,..," '''-"'''''''--'''''-''~''~-C'''---'''';C'~'~~~''''",""",,' -'o_." ~"-'-''''''''''''''''''''''''-''''''''''''''''~'''''-'-'''~' ,"., ~~, ,--." ~,. '~~_. ~.~.
"."" "
""" ,',.',
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Eng.o IVO ARNALDO VALENTINI h;"~
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS
CREA 194.06ZID
.lUDICIAJ.S
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--
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......
.... \
\.,'
---
IV.3. Características do terreno avaliando
......
a. topografia: plana, leve aclive da
frente/fundos, alteado de 1,00m do leito carroçável da via
pdblica
b. solo: bom, aparentemente firme
210
-,
--
.
- "
.
--------- -- ", -, '--'---
.- ~~':-.=..':;'":*;,'W.',O-:: ''0,'''':~;:'';'»''''>~ 0,,'- ,; -,,;.~ ,,, .. .- ;.-,. ,
-,
....
e. formato: regular
?-
FT = FD = 10,OOm
LE = LD = 25,42m
área total de ter. = 254,25m2 (delimitado por
muro de alvenaria apenas no flanco esquerdo)
~"
-
...
Em vista da posiçao e situaçao em que
".
se mostra a fraçao de terreno atingida pela servidao de
...
-,
-
V. MEMORIAL DESCRITIVO DA AREA DESAPROPRIADA
'"
~ Conforme já informado anteriormente no
211
",'--~'- . """"",""''-'''';::'-'''':'''-'''''''''''' .
- ';',
-
--
,--
metragem de 70,84m (setenta metros e oitenta e quatro
decimetros quadrados).
,....
,...
p~blica, fazendo divisa na sua lateral esquerda com o
,.....
esquerda num angulo de noventa graus (reto), e segue em linha
212
"0,",','',",o,,"~~'~"" ~.''',o
r""
Eng.o IVO ARNALDO VALENTINI
AVALIA~ÓES E PElÚCIAS .nJDICUIS
C~ 194..OGZID
VI. AVALIACAO
....
...
---
,-
'"
VI.l.l. CAlculo do Valor Atual de Venda de Mercado !)Q
,-.
Terreno ( Vt )
vt = S x q x (Ma/f)**0,50 x (a/r)**0,25 ( I )
...
,....
onde:
,..,
213
. - ..-~~ "-,, .,---'~~~'-" ... - - ~-'"~-
' N ,','
~
.-
?"
VI.l.l.l. C4lculo do Valor Unit4rio Médio Atual
~
de Venda do m2 de terreno na reqiao ( q )
,-.
r-
,p-.
Para a sua determinaç6o, foi realizada
r<
r em particulares.
?"
'\
,....
IMOBILIARIAS CONTACTADAS
--
"'" 1. Imobiliária 9 de Julho
Rua Marina La Regina, 209, centro, teI: 463-2438, Sr.
- Robson
r<.
Como n60 haviam na época da vistoria
r
terrenos disponíveis à venda na área geoecônomica e
/'-
r- 214
,-~-~ "'_oa_~. ...,., O'"
.
, ...N '" ... '. ,
,~. ">~";,,,,,;:,>~;;,,,,,,,,=;-;>;;,,,,,,~;,,,-,X",,,O"'Y;""<" .~.-,', ,'".'., _...
~
,...
;:--.
'-",
Eng.o IVO ARNALDO VALENTINI
AVALIAÇÕES E PERíCIAS .JUDICIAIS
CREA 194..06Z/D
?"
'""'"
"....
,..........
(dez mil cento e setenta reais - base SET/97).
r
",!
Ji
J'"
" ,
-
r
,r
,..."
.-
1) Pesquisa realizada na segunda semana de SET/97i
,...
'""
r, 215
w,'. ,,,....
".."
~
.'
~
r'"'
..-.
VII. CONCLUSAO
'"
--.
"'"'
..-,
-
J'Go.....
r-
o valor médio atual de venda de mercado
?""'
'\
r da Area desapropriada constituída pelo lote 14, quadra
r--
I'- ....
'"
situado na Rua Dep. Nelson Fernandes, altura do nQ
,...,
-
.-
bairro cidade Kemel, Município de PoA, Estado de Sao Paulo, e
"...
.--
r<
r
/'-
r--
,-..
"""
"""
r'" 216
,-..,
---
VIII. OUESITOS
..-.
---
.,....
--
/'
A) DESCRIÇAO
B) LOCALIZAÇAO
C) TOPOGRAFIA
D) MEIOS DE ACESSO
-.
E) MELHORAMENTOS P~BLICOS '\
F) BENFEITORIAS (NATUREZA, EPOCA, DESTINAÇAO, TIPO, ETC)
-
Resposta: Vide capitulos IV.l., IV.2. e IV .3 . retro.
-
,......
r IRA
4. "QUAL A RESTRIÇAO QUE A SERVIDAO A SER CONSTITUIDA
r-- IMPOR AO EXPROPRIADO? TAL RESTRIÇAO CORRESPONDE A QUE
PORCENTAGEM DO VALOR VENAL DESSE IM~VEL?"
",.. 217
"'"'
--
r--
Eng.o IVO ABN~O VALENTINI
r, AVAI,UÇÕES E PERÍCIAS .JUDICLUS
C~ 194..062/D
--
Resposta: Conforme constatado no bojo do presente Laudo, o
lote 14 em tela, foi desapropriado totalmente, ou seja, os
254,25m2.
""
r--
r-
r
/"' 6. 11FACE AS RESPOSTAS AOS QUESITOS ANTERIORES, QUAL O JUSTO
r- VALOR BASICO, ABRANGENDO EVENTUAIS BENFEITORIAS, A SER PAGO
PELA EXPROPRIANTE A TITULO DE INDENIZAÇAO PELA SERVIDAO A SER
"'" CONSTITUIDA OU PELA INCORPORAÇAO DESSE IM~VEL AO SEU
PATRIMONIO NA HIP~TESE DE DESAPROPRIAÇAO PLENA?
".... A QUE DATA E MES CORRESPONDE TAL AVALIAÇAO?"
,.... Resposta: V,ide resposta ao capitulo VII. Conclusao
'" »
,.
--
"'""'
r"'
.--"
r
,,-
r
/'
r
r"
r 218
('
~
IX. ENCERRAMENTO
r---
r-
,,-
-
Vai o presente Laudo impresso no
/"
/"'
/'
todas rubricadas, sendo esta óltima datada e assinada.
-
r-
/'"
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/""
O ARNALDO VALENTINI
r-- rito JUdicial
r
r--
,-.
/"
2]9
í
r--
Folha Online - Cotidiano - Ellen Gracie defende cautela na discussão de projetos so... Página 1 de 2
'.' ,
.-.
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FOLHAONllNE
Opemdora:
LilL .filou!
Palavms sugeridas:
.L -
Assine e receba no seu cel[jar o Folhal~ews m=~:lgJ'
CeI. (ex.: 1100000000~ Personalizada:
,--.
~
12/02/2007 - 13h39
Ellen Gracie defende cautela na
r-
.--.
discussão de projetos sobre violência
~
ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília
,.......
" A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ellen Gracie, criticou nesta
segunda-feira o posicionamento do Congresso de só discutir medidas de
.--. combate à violência quando fatos como a morte do menino João Hélio
Fernandes, 6, de grande comoção nacional, ocorrem. Segundo ela, esses temas
r--
não podem ser discutidos "em clima de forte emoção".
r--.
"Geralmente se discute mudança da legislação quando há clima de comoção e
emoção no país e isso não é a melhor hora da discussão. A questão da
criminalidade é bem mais ampla do que endurecimento de pena e dos regimes
prisionais", disse.
~
Com relação a discussão sobre a maioridade penal, que ganhou força com a
--
morte de João Hélio devido ao envolvimento de um adolescente de 16 anos no
caso, a ministra ressaltou que os outros quatro suspeitos têm mais de 18 anos.
"Dimensionar tudo isso no menor é uma atitude errada em relação a nossa
r- infância que merece educação, oportunidade para que não caia no mundo do
r- crime", afirmou a ministra.
Leia mais
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Redução da maioridade penal não reduzirá crimEt_diz p-Íesidente~.~tOA8.
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Polfcia prende quinto suspeito de arrastar e matar menino no Rio
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Torcedores fazem um minuto de silêncio por João Hélio no Maracanã
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Especial
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Leia o que iá foi publicado sobre o caso João Hélio Femandes
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Portal do Superior Tribunal de Justiça Página 1 de 1
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31/05/2007
,.- A presunção de violência sexual contra menor deve ser analisada de acordo com os costumes da época e de
acordo com as circunstáncias de cada caso. O ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao
negar o prosseguimE-nto de um recurso interposto pelo fl-1inistérioPúblico de Minas Gerais, entendeu que o art.
224 do Código Penal não é absoluto e o própria Código serve também para garantir a liberdade. Dessa forma,
absolveu C. C da prática de estupro contra uma menor de 13 anos.
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O Código Penal é de 1940 e, segundo decisão do Tribunal de Justiça do estado, os tempos mudaram, e a
r- menor tinha arcabouço suficiente para tomar a decisão se queria ou não uma relação sexual. Segundo os
Magistrados que aferiram questão de prova, a menor poderia ter evitado a relaçâo se quisesse e, mesmo
estando levemente alta pela bebida, sabia exatamente do que se tratava e do que viria a seguir.
" Segundo transcrição do relatório e voto do ministro, mesmo as meninas do interior começam a despertar
muito cedo para questões de sexo e relacionamento, especialmente diante das cenas de sexo exibidas pela
" TV. O ministro Nilson Naves entendeu que, para haver estupro, é preciso haver clara resistênCia, coação física
ou moral e, no caso, nada disso aconteceu, segundo aferição das provas. Transcrição de um texto no voto do
r- ministro, ressalta que o papel do Código Penal não é prevenir unicamente o abuso sexual contra o menor,
mas também garantir essa mesma liberdade.
,.... Autor: Catarina França
" Processos:
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