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BETÃO ARMADO I

MÓDULO 1

INTRODUÇÃO
1
RUY MOREIRA CRAVO
 PhD, MSc, MBA.
 ruycravo@mail.telepac.pt
 moreiracravoruy@gmail.com
 00258-843 841 557
 00258-822 897 294

2
SISTEMA INTERNACIONAL DE
3 UNIDADES S.I.
BETÃO SIMPLES (sem armaduras)
4
 O betão é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia) e
agregado graúdo (pedra ou brita), e ar.
 Pode também conter adições (cinza volante, pozolanas, etc.) e aditivos químicos com a
finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas.
 A pasta é o cimento misturado com a água,
 A argamassa é a pasta misturada com a areia
 O betão é a argamassa misturada com a pedra ou brita, também chamado betão simples
(betão sem armaduras).
 Definição de betão simples (sem armaduras):
 “elementos estruturais elaborados com betão que não possui qualquer tipo de armadura
ou que a possui em quantidade inferior ao mínimo exigido para o betão armado”.
CIMENTO
5
AREIA
6
BRITA
7
PASTA DE CIMENTO E ÁGUA
8
ARGAMASSA
9
BETÃO SIMPLES
10
CIMENTO
11
 O cimento portland, tal como hoje mundialmente conhecido, foi descoberto em Inglaterra por
volta do ano de 1824, e a produção industrial foi iniciada após o ano de 1850.
 O cimento portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes,
que endurece sob ação da água.
 Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido à acção da água, o cimento
portland não se decompõe mais.
 O cimento é o principal elemento do betão e é o responsável pela transformação da mistura
de materiais que compõem o betão (areia, brita, água e cimento) no produto final betão.
 O cimento é composto de clínquer e de adições, sendo o clínquer o principal componente,
presente em todos os tipos de cimento.
 O clínquer tem como matérias-primas básicas o calcário e a argila.
 A propriedade básica do clínquer é que ele é um ligante hidráulico, que endurece em contacto
com a água.
HISTÓRICO DO BETÃO ARMADO
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 A cal hidráulica e o cimento pozolânico (de origem vulcânica) já eram conhecidos pelos romanos
como aglomerante.
 O cimento Portland, tal como hoje conhecido, foi descoberto na Inglaterra por volta do ano de
1824, e a produção industrial foi iniciada após 1850.
 A primeira associação de um metal à argamassa de pozolana remonta à época dos romanos. No
ano de 1770, em Paris, associou-se ferro com pedra para formar vigas como as modernas, com
barras longitudinais na tração e barras transversais ao cortante.
 Considera-se que o cimento armado surgiu na França, no ano de 1849, com o primeiro objeto do
material registrado pela História sendo um barco, do francês Lambot, o qual foi apresentado
oficialmente em 1855. O barco foi construído com telas de fios finos de ferro preenchidas com
argamassa. Embora os barcos funcionassem, não alcançaram sucesso comercial.
 A partir de 1861, outro francês, Mounier, que era um paisagista, horticultor e comerciante de
plantas ornamentais, fabricou uma enorme quantidade de vasos de flores de argamassa de cimento
com armadura de arame, e depois reservatórios (25, 180 e 200 m3) e uma ponte com vão de 16,5 m.
HISTÓRICO DO BETÃO ARMADO
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 Foi o início do que hoje se conhece como “Betão Armado”. Até cerca do ano de 1920 o
betão armado era chamado de “cimento armado”.
 Em 1850, o norte americano Hyatt fez uma série de ensaios e vislumbrou a verdadeira
função da armadura no trabalho conjunto com o concreto. Porém, seus estudos não
ganharam repercussão por falta de publicação.
 Na França, Hennebique foi o primeiro após Hyatt a compreender a função das armaduras
no betão. “Percebeu a necessidade de dispor outras armaduras além da armadura reta de
tração.
 Imaginou armaduras dobradas, prolongadas em diagonal e ancoradas na zona de
compressão.
 Foi o primeiro a colocar estribos com a finalidade de absorver tensões oriundas da força
cortante e o criador das vigas T, levando em conta a colaboração da laje como mesa de
compressão”.
HISTÓRICO DO BETÃO ARMADO
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 Os alemães estabeleceram a teoria mais completa do novo material, toda ela
baseada em experiências e ensaios. “O verdadeiro desenvolvimento do betão
armado no mundo iniciou-se com Gustavo Adolpho Wayss” que fundou sua
firma em 1875, após comprar as patentes de Mounier para empregar no norte
da Alemanha.
 A primeira teoria realista ou consistente sobre o dimensionamento das peças de
betão armado surgiu com uma publicação, em 1902, de E. Mörsch, eminente
engenheiro alemão, professor da Universidade de Stuttgart (Alemanha).
 As suas teorias resultaram de ensaios experimentais, dando origem às
primeiras normas para o cálculo e construção em betão armado.
 A treliça clássica de Mörsch é uma das maiores invenções em betão armado,
permanecendo ainda aceita, apesar de ter surgido há mais de 100 anos.
HISTÓRICO DO BETÃO ARMADO
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 As fissuras (trincas de pequena abertura, ≈ 0,05 a 0,4 mm),
causadas pela tensão de tração no concreto, atrasaram o
desenvolvimento do concreto armado devido à dificuldade de
como tratar e resolver o problema.
 Como forma de contornar o problema da fissuração no concreto,
M. Koenen propôs, em 1907, tracionar previamente as barras de
aço, para assim originar tensões de compressão na seção, como
forma de eliminar a tração no betão e consequentemente eliminar
as fissuras.
 Surgia assim o chamado “Betão pré-esforçado”.
DESVANTAGENS DO BETÃO ARMADO
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 a) Peso próprio elevado, relativamente à resistência: peso
específico
γconc = 25 kN/m3 = 2,5 tf/m3 = 2.500 kgf/m3
 b) Reformas e adaptações são de difícil execução;
 c) Fissuração (existe, ocorre e deve ser controlada).
 d) Transmite calor e som.
VANTAGENS DO BETÃO ARMADO
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 O betão armado é um material que vem sendo largamente usado em todos os países do
mundo, em todos tipos de construção, em função de várias características positivas,
como por exemplo:
 a) Economia: especialmente no Brasil e Moçambique, os seus componentes são
facilmente encontrados e relativamente a baixo custo;
 b) Conservação: em geral, o betão apresenta boa durabilidade, desde que seja utilizado
com a dosagem correta. É muito importante a execução de recobrimentos mínimos para
as armaduras;
 c) Adaptabilidade: favorece à arquitectura pela sua fácil modelagem;
 d) Rapidez de construção: a execução e o recobrimento são relativamente rápidos;
 e) Segurança contra o fogo: desde que a armadura seja protegida por um cobrimento
mínimo adequado de betão;
 f) Impermeabilidade: desde que doseado e executado de forma correta;
 g) Resistência a choques e vibrações: os problemas de fadiga são menores.
CLINQUER
18
CLINQUER
19
 Para a fabricação do clínquer, a rocha calcária inicialmente britada
e moída é misturada com a argila moída.
 A mistura é submetida a um calor intenso de até 1450°C e então
bruscamente resfriadas, formando pelotas (o clínquer).
 Após processo de moagem, o clínquer transforma-se em pó.
 As adições são matérias-primas misturadas ao clínquer no processo
de moagem, e são elas que definem as propriedades dos diferentes
tipos de cimento.
 As principais adições são o gesso, as escórias de alto-forno e os
materiais pozolânicos e carbonáticos.
AGREGADOS
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 Os agregados podem ser definidos como os materiais granulosos e inertes
que entram na composição das argamassas e betões.
 São muito importantes no concreto porque cerca de 70 % da sua
composição é constituída pelos agregados, e são os materiais de menor
custo dos betões.
 Os agregados são classificados quanto à origem em naturais e artificiais.
 Os agregados naturais são aqueles encontrados na natureza, como areias
de rios e pedregulhos, também chamados cascalho ou seixo rolado.
 Os agregados artificiais são aqueles que passaram por algum processo para
obter as características finais, como as britas originárias da trituração de
rochas.
AREIA NATURAL
21
SEIXO ROLADO
22
DIMENSÕES DO AGREGADO
23
 Na classificação quanto às dimensões os agregados são chamados de miúdo,
como as areias, e graúdo, como as pedras ou britas.
 O agregado miúdo tem diâmetro máximo igual ou inferior a 4,8 mm, e o
agregado graúdo tem diâmetro máximo superior a 4,8 mm.
 Os agregados graúdos (britas) têm a seguinte numeração e dimensões
máximas:
 - brita 0 – 4,8 a 9,5 mm;
 - brita 1 – 9,5 a 19 mm;
 - brita 2 – 19 a 38 mm;
 - brita 3 – 38 a 76 mm;
 - pedra-de-mão - > 76 mm.
SIMBOLOGIA-letras minúsculas
24  a - Distância ou dimensão, deslocamento máximo (flecha);
 b – Largura de um retângulo;
 bw - Largura da alma de uma viga;
 c - Cobrimento da armadura em relação à face do elemento;
 d - Altura útil, dimensão ou distância;
 f – Resistência;
 h – Dimensão, altura;
 k – Coeficiente;
 l - Altura total da estrutura ou de um lance de pilar, comprimento, vão;
 r - Raio de curvatura interno do gancho, rigidez;
 s - Espaçamento das barras da armadura;
 u – Perímetro;
 w - Abertura de fissura;
 x - Altura da linha neutra;
 z - Braço de alavanca, distância.
SIMBOLOGIA-Letras Maiúsculas
25  Ac - Área da seção transversal de betão;
 As - Área da seção transversal da armadura longitudinal de tração;
 A´s - Área da seção da armadura longitudinal de compressão;
 D – diâmetro dos pinos de dobramento das barras de aço;
 E - Módulo de elasticidade;
 (EI) – Rigidez;
 F – Força;
 G - Ações permanentes;
 Gc - Módulo de elasticidade transversal do betão;
 H – Altura;
 Ic - Momento de inércia da seção de concreto;
 M - Momento flector;
 M1d - Momento flector de 1ª ordem de cálculo;
SIMBOLOGIA-Letras Maiúsculas
26  M2d - Momento flector de 2ª ordem de cálculo;
 MRd - Momento flector resistente de cálculo;
 MSd - Momento flector solicitante de cálculo;
 Nd - Força normal de cálculo;
 NRd - Força normal resistente de cálculo;
 NSd - Força normal solicitante de cálculo;
 Q - Ações variáveis;
 R - Reação de apoio;
 Rd - Esforço resistente de cálculo;
 Sd - Esforço solicitante de cálculo;
 T – Temperatura, momento torçor;
 TRd - Momento torçor resistente de cálculo;
 TSd - Momento torçor solicitante de cálculo;
 Vd - Força cortante de cálculo.
SIMBOLOGIA-letras gregas
27  γc - Coeficiente de ponderação da resistência do betão;
 γf - Coeficiente de ponderação das ações;
 γm - Coeficiente de ponderação das resistências;
 γs - Coeficiente de ponderação da resistência do aço;
 ε – Deformação;
 εc - Deformação específica do betão;
 εs - Deformação específica do aço da armadura passiva;
 λ - Coeficiente para cálculo de comprimento de ancoragem, índice de esbeltez;
 ρ - Taxa geométrica de armadura longitudinal de tração;
 ρmín - Taxa geométrica mínima de armadura longitudinal de vigas e pilares;
 σc - Tensão à compressão no betão;
 σct - Tensão à tração no betão;
 σRd - Tensões normais resistentes de cálculo;
SIMBOLOGIA-letras gregas
28  σs - Tensão normal no aço de armadura passiva;
 σSd - Tensões normais solicitantes de cálculo;
 τRd - Tensões de cisalhamento resistentes de cálculo;
 τSd - Tensão de cisalhamento de cálculo usando o contorno adequado ao fenómeno
analisado;
 τTd - Tensão de cisalhamento de cálculo, por torção;
 τwd - Tensão de cisalhamento de cálculo, por força cortante;
 φ - Diâmetro das barras da armadura;
 φ - Diâmetro das barras de armadura longitudinal de peça estrutural;
l

 φn - Diâmetro equivalente de um feixe de barras;


 φt - Diâmetro das barras de armadura transversal;
 φvibr - Diâmetro da agulha do vibrador;
BRITAS 0, 1, 2 e 3
29
CONCEITO DE BETÃO ARMADO
30
 O betão é um material que apresenta alta resistência às tensões de
compressão, porém, apresenta baixa resistência à tracção (cerca de 10
% da sua resistência à compressão).
 Assim sendo, é imperiosa a necessidade de juntar ao betão um material
com alta resistência à tracção, com o objetivo deste material, disposto
convenientemente, resistir às tensões de tracção atuantes.
 Com esse material composto (betão simples e armadura – barras de
aço), surge então o chamado “betão armado”, onde as barras da
armadura absorvem as tensões de tracção e o betão absorve as tensões
de compressão, no que pode ser auxiliado também por barras de aço
(caso típico de pilares, por exemplo).
ADERÊNCIA
31
 O conceito de betão armado envolve o fenómeno da aderência, que é
essencial e deve obrigatoriamente existir entre o betão e a armadura,
pois não basta apenas juntar os dois materiais para se ter o betão
armado.
 Para a existência do betão armado é imprescindível que haja real
solidariedade entre ambos, o betão e o aço, e que o trabalho seja
realizado de forma conjunta.
 Em resumo, pode-se definir o betão armado como a união do betão
simples e de um material resistente à tração (envolvido pelo betão) de
tal modo que ambos resistam solidariamente aos esforços solicitantes.
ADERÊNCIA
32
 Com a aderência, a deformação εs num ponto da barra de aço e a
deformação εc no concreto que a circunda, devem ser iguais, isto é: εc =
εs .
 A norma brasileira NBR 6118/03 (item 3.1.3) define:
 Elementos de betão armado: “aqueles cujo comportamento estrutural
depende da aderência entre betão e armadura e nos quais não se
aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização
dessa aderência”.
 Armadura passiva é “qualquer armadura que não seja usada para
produzir forças de protensão, isto é, que não seja previamente
alongada”.
ARMADURA PASSIVA
33
 A armadura do betão armado é chamada “armadura
passiva”, o que significa que as tensões e deformações nela
aplicadas devem-se exclusivamente aos carregamentos
aplicados nas peças onde está inserida.
 Como armadura tem-se que ter um material com altas
resistências mecânicas,principalmente resistência à tração.
 A armadura não tem que ser necessariamente de aço, pode
serde outro tipo de material, como fibra de carbono, bambu,
etc.
COEFICIENTES DE DILATAÇÃO TÉRMICA
34
 O trabalho conjunto do betão e do aço é possível porque os
coeficientes de dilatação térmica dos dois materiais são
praticamente iguais.
 Outro aspecto positivo é que o betão protege o aço da oxidação
(corrosão), garantindo a durabilidade do conjunto.
 Porém, a protecção da armadura contra a corrosão só é garantida
com a existência de uma espessura de betão entre a barra de aço e a
superfície externa da peça (denominado camada de recobrimento),
entre outros factores também importantes relativos à durabilidade,
como a qualidade do betão, por exemplo.
VIGA DE BETÃO SIMPLES (A) E ARMADO (B)
35
Fissuraçã o devido ao momento fector e ao esforço transverso
36
Esforço Transverso

37
 Os primeiros modelos de estudo a resistência ao esforço transverso de elementos de
betão armado surgiram na primeira década do século 20 e foram desenvolvidos por
Mörch.
 Estes modelos foram se aperfeiçoando ao longo dos anos, tendo a maioria como base
a treliça plana proposta por Mörch. Estes modelos , tem uma forte componente
empírica e resultam de campanhas de ensaios experimentais realizadas um pouco por
todo o mundo.
 Para a resistência aos esforços transversos utilizam-se armaduras de alma ( estribos)
para evitar a rotura dos elementos de betão armado. A roptura por esforço transverso
é uma rotura frágil, sem aviso prévio e, por vezes catastrófica.
 Assim, as pecas devem ser sobredimensionadas para a capacidade resistente ao
esforço transverso. Desta forma, é evitado esse modo de rotura, obtendo-se uma
rotura dúctil por flexão.
Antes da rotura, os elementos de betão armado fissuram dos seguintes modos

38
Resistência de elementos de betão armado com
39 armadura transversal
 Por motivos de segurança e economia, os elementos deverão esgotar a sua
capacidade de carga e romper por flexão.
 Assim, é vantajoso colocar armadura transversal para aumentar a
resistência ao esforço transverso.
 A armadura transversal para resistir ao esforço transverso pode ser
realizada de diversas formas conforme a figura do slide seguinte.
a) Estribos verticais ou inclinados que envolvem a armadura longitudinal de
tracção e a zona de compressão;
b) Varões inclinados, também designados por cavaletes;
c) Estribos ou outras armaduras que, não envolvendo a armadura longitudinal,
estejam devidamente amarrados nas zonas comprimidas e tracionadas.
Armadura transversal para resistir ao esforço transverso
40
41
 Os modelos de cálculo que permitem prever o
comportamento de um elemento com armadura transversal
foi desenvolvido pelo modelo de treliças de Mörch.
 Baseado-se no comportamento do elemento fissurado, é
desenvolvido um modelo de escoras e tirantes.
 As escoras representam o betão comprimido na corda
superior e nas diagonais, e os tirantes representam a
armadura longitudinal de tracção e os estribos.
CONCEITO DE BETÃO PRÉ-ESFORÇADO
42
 O betão protendido é um refinamento do betão armado,
onde a idéia básica é aplicar tensões prévias de compressão
nas regiões da peça que serão tracionadas pela acção do
carregamento externo aplicado.
 Desse modo, as tensões de tracção são diminuídas ou até
mesmo anuladas pelas tensões de compressão pré-existentes
ou pré-aplicadas.
 Com a protensão contorna-se a característica negativa de
baixa resistência do betão à tracção.
43
Fissuraçã o devido ao esforço transverso
44
Funcionamento de treliças de Mö rch
45
Modelo de Treliça
46
APLICAÇÃO DE PROTENSÃO NUMA VIGA BIAPOIADA
47
Ensaio de resistência à tração na flexão
48
BETÃO PRÉ ESFORÇADO
49
 A norma brasileira NBR 6118/03 (item 3.1.4) define:
 Elementos de betão protendido: “aqueles nos quais parte das
armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de
protensão com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou
limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura e propiciar o
melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado limite
último (ELU)”.
 Armadura activa (de protensão): “constituída por barra, fios
isolados ou cordoalhas, destinada à produção de forças de
protensão, isto é, na qual se aplica um pré-alongamento inicial”.
PRÉ TENSÃO E PÓS TENSÃO
50
 São diversos os sistemas de protensão aplicados nas fábricas e nos estaleiros
de obra.
 No sistema de pré-tensão, por exemplo, a protensão faz-se pelo estiramento
(tracionamento) da armadura ativa (armadura de protensão) dentro do regime
elástico, antes que haja a aderência entre o concreto e a armadura activa.
 Terminado o estiramento o betão é lançado para envolver a armadura de
protensão e dar a forma desejada à peça.
 Decorridas algumas horas ou dias, tendo o betão a resistência mínima
necessária, o esforço que estirou a armadura é gradativamente diminuído, o
que faz com que a armadura aplique esforços de compressão ao betão ao
tentar voltar ao seu estado inicial de deformação zero.
ESTIRAMENTO
51

Estrutura formada
por perfis metálicos
para
estiramento da
armadura de
protensão e
duas peças em linha
já betonadas;
PRÉ TENSÃO
52
Lançamento
e
adensamento
do betão
com
vibrador de
agulha
PRÉ TENSÃO
53
Adensamento
com
vibrador de agulha.
PÓS TENSÃO
54
 Um outro sistema de protensão é a pós-tensão, onde a
força de protensão é aplicada após a peça estar betonada
e tendo o betão já resistência suficiente para receber a
força de protensão.
 Nas figuras seguintes vamos ver o Sistema de protensão
pós-tensão (Dywidag, 2000).
SISTEMA PÓS-TENSÃO (DYWIDAG, 2000)

55
Fabrico de
travessas
monobloco de
caminho de
ferro em betão
pré-esforçado
pós tensionado
SISTEMA PÓS-TENSÃO (DYWIDAG, 2000)

56

Retirada dos
tubos para
colocação da
armadura
de protensão
SISTEMA PÓS-TENSÃO (DYWIDAG, 2000)

57

Armadura
de
protensão
SISTEMA PÓS-TENSÃO (DYWIDAG, 2000)

58
Aplicação
da força de
protensão
FISSURAÇÃO NO BETÃO ARMADO
59
 A fissuração nos elementos estruturais de betão armado é causada pela baixa
resistência à tração do betão.
 Apesar de indesejável, o fenómeno da fissuração é natural (dentro de certos
limites) no betão armado.
 O controle da fissuração é importante para a segurança estrutural em serviço,
condições de funcionalidade e estética (aparência), desempenho (durabilidade,
impermeabilidade, etc.). Deve-se garantir, no projeto, que as fissuras que
venham a ocorrer apresentem aberturas menores do que os limites
estabelecidos considerados nocivos.
 Pequenas aberturas de fissuras, mesmo sem colocar em risco a durabilidade da
estrutura, podem provocar alarme nos usuários leigos pelo efeito psicológico.
FISSURAÇÃO NO BETÃO ARMADO
60
 Num tirante de betão armado, por exemplo, se a tensão de tração aplicada
pelo carregamento externo é pequena e inferior à resistência do concreto à
tração (fct), não aparecem fissuras na superfície do tirante.
 Porém, se o carregamento for aumentado e a tensão de tração atuante igualar
a resistência do betão à tração, surge neste instante a primeira fissura.
 Quando o betão fissura ele passa a não resistir mais às tensões de tração,
vindo daí a necessidade de uma armadura resistente.
 Com o aumento do carregamento e das tensões de tração, novas fissuras vão
surgindo, e aquelas existentes vão aumentando a abertura.
 Analogia semelhante pode ser feita com a região tracionada de uma viga
flectida.
FISSURAÇÃO NO BETÃO ARMADO
61
 O betão armado deve conviver com as fissuras, que não serão eliminadas e sim
diminuídas a valores de abertura aceitáveis (geralmente até 0,3 mm) em função do
ambiente em que a peça estiver, e que não prejudiquem a estética e a durabilidade.
 No projecto de elementos estruturais o procedimento é verificar o comportamento
da peça nos chamados Estados Limites de Serviço, como os Estados Limites de
Formação de Fissuras e de Abertura das Fissuras, em função da utilização e
desempenho requeridos para o elemento estrutural.
 No betão armado, a armadura submetida a tensões de tração alonga-se, até o limite
máximo de 10 ‰ (1 % = 10 ‰ = 10 mm/m), imposto pela norma brasileira NBR
6118/03 a fim de evitar fissuração excessiva no betão.
 Pode-se imaginar um tirante com 1 m de comprimento tendo dez fissuras com
abertura de 1 mm, distribuídas ao longo do seu comprimento.
FISSURAS NUM TIRANTE COM DEFORMAÇÃO DE
ALONGAMENTO DE 10 ‰
62
FISSURAÇÃO NO BETÃO ARMADO
63
 O betão, aderido e adjacente às barras da armadura, fissura, porque não
tem capacidade de alongar-se de 10 ‰ sem fissurar, de modo que as
tensões de tração têm que ser totalmente absorvidas pela armadura.
 Segundo LEONHARDT & MÖNNIG (1982), dispondo-se barras de
aço de diâmetro não muito grande e de maneira distribuída, as fissuras
terão apenas características capilares, não levando a o perigo de
corrosão do aço.
 As fissuras surgem no betão armado também devido à retração do
betão, que pode ser significativamente diminuída por uma cura
cuidadosa nos primeiros dez dias de idade do concreto, e com a
utilização de armadura suplementar (armadura de pele).
Fissuras de flexão numa travessa ferroviária de betão protendido.
64
Fissuras de flexão numa travessa ferroviária de betão protendido.
65
IDADE DO BETÃO: Resistência à Compressão

 A resistência à compressão aumenta com a idade do


betão, admitindo-se as seguintes relações entre as
resistências a diversas idades e a resistência aos 28
dias:
 Resistência aos 3 dias: σ3 = 0,40 σ28
 Resistência aos 7 dias: σ7 = 0,65 σ28
 Resistência aos 90 dias: σ90 = 1,20 σ28
 Resistência aos 360 dias: σ360 = 1,35 σ28

 Estas relações dependem do valor da resistência, da


relação água-cimento e do tipo de cimento. 66
CENTRAL
DE
BETÃO

67
CAMIÃO BETONEIRA A SER CARREGADO

68
Caçamba de betonagem com descarga manual.

69
ELEMENTOS LINEARES
70
A classificação dos elementos estruturais segundo a sua geometria
se faz comparando a ordem de grandeza das três dimensões
principais do elemento (comprimento, altura e espessura):
Elementos lineares:
 são aqueles que têm a espessura da mesma ordem de grandeza da
altura, mas ambas muito menores que o comprimento.
 São os elementos chamados “barras”.
 Como exemplos mais comuns encontram-se as vigas e os pilares.
 Perfis de aço aplicados nas construções com estruturas metálicas
são exemplos típicos de elementos lineares de secção delgada.
ELEMENTOS BIDIMENSIONAIS
71
Elementos bidimensionais:
 são aqueles onde duas dimensões, o comprimento e a largura, são da mesma
ordem de grandeza e muito maiores que a terceira dimensão (espessura).
São os chamados elementos de superfície.
 Como exemplos mais comuns encontram-se as lajes, as paredes de
reservatórios, etc.
 As estruturas de superfície podem ser classificadas como cascas, quando a
superfície é curva e placas ou chapas quando a superfície é plana.
 As placas são as superfícies que recebem o carregamento perpendicular ao
seu plano e as chapas têm o carregamento contido neste plano.
 O exemplo mais comum de placa é a laje.
 O exemplo mais comum de chapa é a viga-parede.
ELEMENTOS TRIDIMENSIONAIS
72
Elementos tridimensionais:
 são aqueles onde as três dimensões têm a mesma
ordem de grandeza.
 São os chamados elementos de volume.
 Como exemplos mais comuns encontram-se os
blocos e sapatas de fundação, consolas, etc.
Classificação geométrica dos elementos estruturais
73
Exemplos de estrutura em forma de casca.
74
Exemplos de estrutura em forma de casca.
75
Exemplos de estrutura em forma de casca.
76
LAJES
77
 As lajes são os elementos planos que se destinam a receber a maior
parte das ações aplicadas numa construção, como de pessoas, móveis,
pisos, paredes, e os mais variados tipos de carga que podem existir em
função da finalidade arquitetónica do espaço físico que a laje faz parte.
 As ações são comumente perpendiculares ao plano da laje, podendo
ser divididas em: distribuídas na área (peso próprio, revestimento de
piso, etc.), distribuídas linearmente (paredes) ou forças concentradas
(pilar apoiado sobre a laje).
 As ações são geralmente transmitidas para as vigas de apoio nas
bordas da laje, mas eventualmente também podem ser transmitidas
diretamente aos pilares.
LAJES
78
 Os tipos mais comuns de lajes são: maciça apoiada nas bordas, nervurada, lisa e
cogumelo. Laje maciça é um termo que se usa para as lajes sem vazios apoiadas
em vigas nas bordas. As lajes lisa e cogumelo também não têm vazios, porém, tem
outra definição.
 “Lajes cogumelo são lajes apoiadas diretamente em pilares com capitéis, enquanto
lajes lisas são as apoiadas nos pilares sem capitéis” (NBR 6118/03, item 14.7.8).
 As lajes lisa (Figura 24) e cogumelo (Figura 25) também são chamadas pela norma
como lajes sem vigas.
 Elas apresentam a eliminação de grande parte das vigas como a principal vantagem
em relação às lajes maciças, embora por outro lado tenham maior espessura. São
usuais em todo tipo de construção de médio e grande porte. Apresentam como
vantagens custos menores e maior rapidez de construção.
79
Betonagem de lajes maciças
80
Betonagem de lajes maciças
81
Laje lisa (apoiada diretamente nos pilares).
82

Laje cogumelo
sem capiteis
Capitel de laje cogumelo.
83
Capitel é a região nas
adjacências dos pilares
onde a espessura da laje
é aumentada com o
objetivo de aumentar a
sua capacidade
resistente nessa região
de alta concentração de
esforços
cortantes e de flexão
Laje nervurada moldada no local
84
Lajes nervuradas são
as lajes moldadas no
local ou com nervuras
pré-moldadas, cuja
zona de tração para
momentos positivos
está localizada nas
nervuras entre as
quais pode ser
colocado material
inerte
LAJE NERVURADA
85
LAJE NERVURADA
86
CAPITEL DO PILAR EM LAJE NERVURADA
87
LAJES ALIGEIRADAS
88

Laje
nervurada
pré-fabricada
do tipo
treliçada
LAJES ALIGEIRADAS
89
 Treliça
LAJES ALIGEIRADAS
90
Laje pré-
fabricada do
tipo
treliçada
com
enchimento
em blocos
cerâmicos e
de isopor.
LAJE ALIGEIRADA
91
PRÉ-FABRICAÇÃO
92
Lajes
Alveolares
protendidas
PRÉ-FABRICAÇÃO
93
Lajes
Alveolares
protendidas
Exemplos de lajes lisa e cogumelo
94
Características dos carregamentos nas placas e nas chapas.
95
VIGAS
96
 Pela definição da NBR 6118/03 (item 14.4.1.1), vigas “são
elementos lineares em que a flexão é preponderante”.
 As vigas são classificadas como barras e são normalmente
rectas e horizontais, destinadas a receber ações das lajes, de
outras vigas, de paredes de alvenaria, e eventualmente de
pilares, etc.
 A função das vigas é basicamente vencer vãos e transmitir
as ações nelas atuantes para os apoios, geralmente os
pilares.
VIGAS
97
 As ações são geralmente perpendicularmente ao seu eixo
longitudinal, podendo ser concentradas ou distribuídas.
 Podem ainda receber forças normais de compressão ou de tração,
na direção do eixo longitudinal. A
 s vigas, assim como as lajes e os pilares, também fazem parte da
estrutura de contraventamento responsável por proporcionar a
estabilidade global dos edifícios às ações verticais e horizontais.
 As armaduras das vigas são geralmente compostas por estribos,
chamados “armadura transversal”, e por barras longitudinais,
chamadas “armadura longitudinal”.
EXEMPLO DE VIGAS
98
EXEMPLO DE VIGAS
99
EXEMPLO DE VIGAS
10
0
EXEMPLO DE VIGAS
10
1
Vigas com
mudação de
direção, onde
onde os
momentos de
torção devem
ser
considerados.
EXEMPLO DE VIGAS
10
2
Vigas com
mudação de
direção, onde
onde os
momentos de
torção devem ser
considerados.
PILARES
10
3  Pilares são “elementos lineares de eixo recto,
usualmente dispostos na vertical, em que as forças
normais de compressão são preponderantes” (NBR
6118/2003, item 14.4.1.2).
 São destinados a transmitir as ações às fundações,
embora possam também transmitir para outros
elementos de apoio.
 As ações são provenientes geralmente das vigas, bem
como de lajes.
PILARES
10
4 Os pilares são os elementos estruturais de maior
importância nas estruturas, tanto do ponto de vista da
capacidade resistente dos edifícios quanto no aspecto
de segurança.
 Além da transmissão das cargas verticais para os
elementos de fundação, os pilares podem fazer parte
do sistema de contraventamento responsável por
garantir a estabilidade global dos edifícios às ações
verticais e horizontais.
PILAR
10
5
Pilar a ser
betonado
PILAR
10
6
Cofragem
metálica do
pilar a ser
betonado
PILARES
10
7
Montagem da
cofragem do
pilar
PILARES
10
8
Pilar sobre
um bloco de
fundação
Camada de recobrimento da armadura
10
9
A dimensão máxima característica
do agregado graúdo (dmáx) utilizado
no betão não
pode superar em 20 % a espessura
nominal da camada de recobrimento
SAPATAS
11
0
 As sapatas recebem as ações dos pilares e as transmitem diretamente ao
solo.
 Podem ser localizadas ou isoladas, conjuntas ou corridas.
 As sapatas isoladas servem de apoio para apenas um pilar.
 As sapatas conjuntas servem para a transmissão simultânea do
carregamento de dois ou mais pilares e as sapatas corridas têm este nome
porque são dispostas ao longo de todo o comprimento do elemento que
lhe aplica o carregamento, geralmente paredes de alvenaria ou de betão.
 São comuns em construções de pequeno porte onde o solo tem boa
capacidade de suporte de carga a baixas profundidades.
SAPATAS
11
1
SAPATAS
11
2
Sapata isolada numa construção de pequeno porte.
113
ADENSAMENTO DO BETÃO
11
4 O adensamento do betão faz-se necessário para se eliminarem os vazios no
seu interior, aumentando sua capacidade.
 O efeito da vibração na massa de betão só se faz sentir em frequências
superiores a 3.000 vibrações por minuto.
 O vibrador de imersão é geralmente mais eficaz nas peças de grandes
volumes.
 Sua posição dentro da massa deve ser na vertical para transmitir os efeitos
com maior intensidade.
 A vibração de placas pode ser feita com vibradores de superfície.
 O tempo de vibração é suficiente quando a pasta começa a fluir na superfície.
 Deve-se estabelecer um raio de acção dos vibradores para se evitar que
alguns pontos fiquem supervibrados e outros com vibração deficiente.
ADENSAMENTO DO BETÃO
11
5 Cada camada betonada tem de ser vibrada para assegurar a
uniformidade total do betão.
 Nas juntas de betonagem deve-se vibrar bem para garantir a aderência
entre os dois betões, de idades diferentes.
 Geralmente, os defeitos da betonagem são provenientes da falta de
vibração, sendo raros os casos de excesso dela.
 A revibração tem sido recomendada em certos casos para corrigir as
falhas da primeira vibração.
 Pode ser feita antes de o betão iniciar a presa, estando ainda num estado
plástico.
 A revibração é mais aplicada para eliminar as fissuras provenientes da
deformação plástica do betão e os efeitos da exsudação interna.
ADENSAMENTO DO BETÃO
116
Betonagem de
laje
REQUISITOS DE QUALIDADE DA ESTRUTURA
117
 a) Capacidade Resistente: significa que a estrutura deve ter a
capacidade de suportar as ações previstas de ocorrerem na construção,
com conveniente margem de segurança contra a ruína ou a rotura;
 b) Desempenho em Serviço: consiste na capacidade da estrutura
manter-se em condições plenas de utilização durante toda a sua vida
útil, não devendo apresentar danos que comprometam em parte ou
totalmente o uso para o qual foi projetada;
 c) Durabilidade: consiste na capacidade da estrutura resistir às
influências ambientais previstas e definidas entre o engenheiro
estrutural e o contratante.
DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO

118
 As estruturas de betão armado devem ser projetadas e construídas de
modo que, quando utilizadas conforme as condições ambientais previstas
no projeto, conservem suas segurança, estabilidade e aptidão em serviço,
durante o período correspondente à sua vida útil (NBR 6118/03, item
6.1).
 Por vida útil de projeto entende-se o período de tempo durante o qual se
mantêm as características das estruturas de betão armado, desde que
atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e
pelo construtor.
 No projeto visando a durabilidade das estruturas devem ser considerados
os mecanismos de envelhecimento e deterioração da estrutura de betão
armado.
MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO BETÃO

119
Os principais mecanismos de deterioração do betão são (NBR 6118/03, item
6.3.2):
 a) lixiviação: por ação de águas puras, carbónicas agressivas ou ácidas que
dissolvem e carreiam os compostos hidratados da pasta de cimento;
 b) expansão por ação de águas e solos que contenham ou estejam contaminados
com sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de
cimento hidratado;
 c) expansão por ação das reações entre os álcalis do cimento e certos agregados
reativos;
 d) reações deletérias superficiais de certos agregados decorrentes de
transformações de produtos ferruginosos presentes na sua constituição
mineralógica.
MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DA ARMADURA

120

Os principais mecanismos de deterioração da


armadura descritos pela norma brasileira são:
 a) despassivação por carbonatação, ou seja,
por ação do gás carbónico da atmosfera;
 b) despassivação por elevado teor de ião
cloro (cloreto).
DESPASSIVAÇÃO POR CARBONATAÇÃO
121
 A carbonatação é um fenómeno que ocorre devido as reações químicas
entre o gás carbónico presente na atmosfera, que penetra nos poros do
betão, e o hidróxido de cálcio e outros constituintes provenientes da
hidratação do cimento.
 A carbonatação inicia-se na superfície da peça e avança progressivamente
para o interior do betão, ocasionando a diminuição da alta alcalinidade do
betão, de pH próximo a 13, para valores próximos a 8.
 A alta alcalinidade do betão origina a formação de um filme passivante de
óxidos, resistente e aderente à superfície das barras de armadura existentes
no interior das peças de betão armado, que protege a armadura contra a
corrosão.
DESPASSIVAÇÃO POR CARBONATAÇÃO
122
 A frente de carbonatação, ao atingir a armadura, destrói o filme protetor,
possibilitando o início da corrosão da armadura, que ocorre com
expansão de volume e leva ao surgimento de fissuras, descolamento do
camada de recobrimento de betão aderente à armadura, e principalmente
a redução da área de armadura por oxidação.
 A corrosão obriga à necessidade de reparos nas peças, com sérios
prejuízos financeiros aos proprietários.
 A espessura a camada de recobrimento do betão é o principal fator para
a proteção das armaduras, ao se interpor entre o meio corrosivo e
agressivo e a armadura, evitando que a frente de carbonatação alcance
as armaduras.
MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DA ESTRUTURA

123
 São todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica,
impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação (para o betão pré-esforçado).
 As movimentações de origem térmica são provocadas pelas variações naturais nas
temperaturas ambientes, que causam a variação de volume das estruturas e fazem surgir
consequentemente esforços adicionais nas estruturas.
 As variações de temperatura podem ser também de origem não natural, como aquelas que
ocorrem em construções para frigoríficos, siderúrgicas, metalúrgicas, etc., como fornos e
chaminés.
 As ações cíclicas são aquelas repetitivas, que causam fadiga nos materiais. Podem ou não
variar o esforço de tração para compressão e vice-versa.
 A retração e a fluência são deformações que ocorrem no betão e que levam a diminuição
do seu volume, o que pode induzir esforços adicionais nas estruturas.
CUIDADOS NA DRENAGEM VISANDO A DURABILIDADE

124
Para a adequada drenagem das estruturas devem ser tomados os seguintes cuidados:
 a) presença ou acúmulo de água proveniente de chuva ou decorrente de água de limpeza e
lavagem, sobre as superfícies das estruturas de betão;
 b) superfícies expostas que necessitem ser horizontais, tais como coberturas, pátios,
garagens, estacionamentos e outras, devem ser convenientemente drenadas, com
disposição de ralos e condutores;
 c) todas as juntas de movimento ou de dilatação, em superfícies sujeitas à ação de água,
devem ser convenientemente seladas, de forma a torná-las estanques à passagem
(percolação) de água;
 d) todos os topos de platibandas e paredes devem ser protegidos por chapins. Todos os
beirais devem ter pingadeiras e os encontros a diferentes níveis devem ser protegidos por
rufos.
DEFORMAÇÕES NO BETÃO ARMADO
125
 O betão sob ação dos carregamentos e das forças da natureza,
apresenta deformações que aumentam ou diminuem o seu volume,
podendo dar origem a fissuras, que, dependendo da sua abertura e
do ambiente a que a peça está exposta, podem ser prejudiciais para
a estética e para a durabilidade da estrutura.
 As principais deformações que ocorrem no betão são as devidas:
 à retração,
 à fluência ou deformação lenta
 e à variação de temperatura.
Deformação por Variação de Temperatura

126
 Todo material tem um coeficiente chamado “coeficiente de dilatação térmica” (αte),
com o qual se pode calcular variações de volume e de comprimento de peças
fabricadas com aquele material.
 O coeficiente define a deformação correspondente a uma variação de temperatura
de 1° C.
 No caso do betão armado, para variações normais de temperatura, o valor para αte
recomendado é de 10-5/ºC (NBR 6118/03, item 8.2.3).
 Na versão anterior da NBR 6118, de 1980, era permitido dispensar-se a variação de
temperatura em estruturas de concreto interrompidas por juntas de dilatação a cada
30 m, no máximo.
 A norma actual (NBR 6118/03), porém, não traz recomendações de como o
problema da dilatação térmica nas estruturas pode ser tratado de modo simplificado.
Deformação por Variação de Temperatura

127
 Neste caso, pelo menos nas estruturas correntes ou de pequeno porte,
sugerimos que esta simplificação seja mantida, isto é, prever juntas de
dilatação a cada 30 m de comprimento da estrutura em planta.
 Em construções onde não se deseja projetar juntas de dilatação os efeitos
da variação de temperatura sobre a estrutura devem ser cuidadosamente
avaliados pelo projetista estrutural, durante a concepção estutural e nos
cálculos de dimensionamento da estrutura.
 A junta de dilatação é uma separação real da construção e da estrutura em
blocos independentes, e quando convenientemente espaçadas permitem
que a estrutura possa ter variações de volume livremente, sem que esforços
adicionais importantes sejam impostos à estrutura e que, por isso, podem
ser desprezados.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
128
 O uso do cimento de baixo calor de hidratação é um
recurso de que o tecnologista lança mão para reduzir a
produção de calor.
 A escolha de agregados de propriedades térmicas
convenientes – tais como condutividade térmica, calor
específico e coeficiente de dilatação – é outra alternativa
que, em muitos casos, não é viável pela indisponibilidade
de materiais com essas características.
 Do ponto de vista construtivo, podem-se adotar processos
que permitam a dissipação rápida do calor gerado.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
129
Dentre as técnicas construtivas tem-se:
a)Subdivisão de camadas de pequena espessura para facilitar a dissipação
do calor;
b)Construção de juntas verticais de resfriamento, podendo ser vedadas
posteriormente;
c)Execução de uma rede de poços interligados com as galerias;
d)Aumento de intervalos de tempo de lançamentos consecutivos;
Uso de equipamentos especiais, tais como:
a) Refrigerador do betão fresco;
b) Rede de tubos com circulação de água refrigerada durante um
determinado tempo;
c) Recobrimento das superfícies das camadas com material isolante,
durante um certo tempo.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
130 Betão Refrigerado
 O fluxo de calor no betão refrigerado se processa de dentro para fora até atingir
o equilíbrio.
 Após o equilíbrio, o sentido do fluxo se inverte dissipando o calor do betão para o
meio externo.
 A redução do fluxo inicial é importante para aproveitar os efeitos da pré-
compressão de forma que as tensões de tração finais não prejudiquem o betão.
 Empregando-se o betão refrigerado surge o problema do choque térmico
provocado pelo lançamento do betão sobre a camada inferior com temperatura
superior.
 O choque térmico dá origem a tensões de tração na camada inferior.
 Esse problema pode ser atenuado com aumento da espessura dos lances,
diminuindo-se o número de juntas com aspersão de água refrigerada, ou
empregando-se isolante para manter a camada inferior mais fria, reduzindo-se a
diferença de temperatura entre essa camada e a subsequente.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
131
PROCESSOS DE REFRIGERAÇÃO DO BETÃO:
 Pré-resfriamento;
 Pós-resfriamento;
 O pré-resfriamento é o processo mais usual, pois atende melhor à moderna tecnologia de
lançamento. Os agregados graúdos são refrigerados nos silos e na betoneira, a água de
amassamento entra gelada à 2° C e o gelo em escamas a -10° C. A areia, o cimento e a
pozolana entram com a temperatura normal. A mistura sai da betoneira a 5° C, chegando à
fôrma com, aproximadamente, 7° C. Esse processo foi empregado no Brasil na barragem da
Ilha Solteira.
 Em Moçambique na Ponte da Catembe foi utilizada água gelada no fabrico de betão a
aplicar em grandes volumes.
 A refrigeração posterior é realizada por intermédio de uma rede de tubos embutidos no
betão, pela qual circula o líquido refrigerado.
 A grande vantagem desse processo é que ele pode actuar justamente no período crítico de
geração de calor maciço.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
132
CIMENTO
 O cimento é o que contribui decisivamente para a
geração de calor no betão por seu próprio calor de
hidratação.
 O calor específico do betão varia com os valores
específicos do cimento e dos agregados.
 Recomenda-se, portanto, empregar cimento de
moderado ou baixo calor de hidratação e dosagens
com consumo mínimo de cimento, porque a
quantidade de calor desprendido é proporcional ao
consumo de cimento por m³ de betão.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
133

Factor água/cimento (A/C)


 O factor A/C influi nos valores finais do
calor de hidratação do cimento.
 As experiências já comprovaram que
para menores valores de A/C origina-se
um aumento de calor de hidratação.
Técnicas de Redução do Efeito Térmico
134
POZOLANAS
 A substituição de parte do cimento por
pozolana, na proporção entre 15% e 40%, já é
uma prática bastante usada nos betões de
barragens.
 A pozolana concorre para retardar a reação
exotérmica do cimento, além de reduzir a
permeabilidade do betão.
RETRACÇÃO
135
 Define-se retracção como a diminuição de volume do betão ao longo do tempo, provocada
principalmente pela evaporação da água não utilizada nas reações químicas de hidratação do
cimento.
 A retração do betão ocorre mesmo na ausência de acções ou carregamentos externos e é uma
característica comum e natural dos betões. A retracção é um fenómeno complexo, sendo
dividida em três partes, onde a principal é a que se chama retracção capilar.
 Para a hidratação de 100 g de cimento são necessárias aproximadamente 26 g de água, isto é,
uma relação água/cimento de 0,26.
 Ocorre que, nos betões correntes, para proporcionar a trabalhabilidade requerida, a quantidade
de água adicionada ao betão é bem maior que a necessária, levando a relações a/c superiores a
0,50.
 A posterior evaporação da água não utilizada nas reações químicas de hidratação do cimento é
a principal responsável pela diminuição de volume do betão, o que se denomina “retração
capilar”.
RETRACÇÃO
136
 Existem também outras causas para a retracção,
denominadas “retração química”, que decorre do fato
das reações de hidratação do cimento ocorrerem com
diminuição de volume, e a “retração por carbonatação”,
onde componentes secundários do cimento reagem com
o gás carbónico presente na atmosfera, levando também
a uma diminuição de volume do betão.
 Essas causas de retração são menos intensas que a
retração capilar e restringem-se basicamente ao período
de cura do betão.
RETRACÇÃO
137
Os factores que mais influem na retracção são os seguintes:
 a) Composição química do cimento: os cimentos mais resistentes e os de
endurecimento mais rápido causam maior retração;
 b) Quantidade de cimento: quanto maior a quantidade de cimento, maior a
retração;
 c) Água de amassamento: quanto maior a relação água/cimento, maior a retração;
 d) Humidade ambiente: o aumento da humidade ambiente dificulta a evaporação,
diminuindo a retracção;
 e) Temperatura ambiente: o aumento da temperatura, aumenta a retracção;
 f) Espessura dos elementos: a retração aumenta com a diminuição da espessura
do elemento, por ser maior a superfície de contacto com o ambiente em relação
ao volume da peça, possibilitando maior evaporação.
RETRACÇÃO
138
 Os efeitos da retracção podem ser diminuídos tomando-se cuidados
especiais em relação aos factores indicados acima, executando uma
cuidadosa cura, durante pelo menos os primeiros dez dias após a
betonagem da peça.
 Cura do betão são os cuidados que devem ser tomados no período de
endurecimento do betão, visando impedir que a água evapore e o
cimento não seja correctamente hidratado.
 Uma solução muito empregada e eficiente em vigas e outros
elementos é a utilização de uma armadura, chamada "armadura de
pele", composta por barras finas colocadas próximas às superfícies
das peças.
FLUÊNCIA ou Deformação Lenta
139
 A retração e a expansão são deformações que ocorrem no betão mesmo na
ausência de carregamentos externos.
 A “deformação lenta” ou “fluência” (εcc), são as deformações no betão
provocadas pelos carregamentos externos, que originam tensões de
compressão.
 Define-se como deformação lenta como o aumento das deformações no betão
sob tensões permanentes de compressão ao longo do tempo, mesmo que não
ocorram acréscimos nessas tensões.
 A deformação que antecede a deformação lenta é chamada “deformação
imediata” (εci), que é aquela que ocorre imediatamente após a aplicação das
primeiras tensões de compressão no betão, devida basicamente à acomodação
dos cristais que constituem a parte sólida do betão.
EXPANSÃO
140
 Em peças submersas ocorre a “expansão” da peça,
fenómeno contrário ao da retracção, decorrente do
fluxo de água de fora para dentro da peça, em direção
aos poros formados pela retração química.
 Nas estruturas mais comuns e de pequenas
espessuras, o fenómeno da retração é considerado
praticamente concluído no período de dois a quatro
anos.
 Para peças de espessuras maiores que 1,0 m, este
período pode atingir até quinze anos.
AÇOS PARA ARMADURA
141
 Os aços utilizados em estruturas de concreto armado CA no Brasil são
estabelecidos pela norma NBR 7480/96.
 A norma classifica como barras os aços de diâmetro nominal 5 mm ou superior,
obtidos exclusivamente por laminação a quente e como fios aqueles de diâmetro
nominal 10 mm ou inferior, obtidos por trefilação ou processo equivalente, como
estiramento e laminação a frio.
 Conforme o valor característico da resistência de escoamento (fyk), as barras de
aço são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50 e os fios de aço na categoria
CA-60.
 As letras CA indicam concreto armado e o número na seqüência indica o valor de
fyk, em kgf/mm2 ou kN/cm2.
 Os aços CA-25 e CA-50 são, portanto, fabricados por laminação a quente, e o CA-
60 por trefilação.
AÇOS PARA ARMADURA
142
 Por indicação da NBR 6118/03 (item 8.3) os seguintes valores podem ser considerados para os
aços:
 a) Massa específica: 7.850 kg/m3;
 b) Coeficiente de dilatação térmica: 10-5/ºC para intervalos de temperatura entre – 20ºC e 150ºC;
 c) Módulo de elasticidade: 210 GPa ou 210.000 MPa.
 Segundo a NBR 6118/03, os aços CA-25 e CA-50 podem ser considerados como de alta
ductilidade e os aços CA-60 podem ser considerados como de ductilidade normal.
 “Para que um aço seja considerado soldável, sua composição deve obedecer aos limites
estabelecidos na NBR 8965. A emenda de aço soldada deve ser ensaiada à tração segundo a
NBR 8548. A carga de ruptura mínima, medida na barra soldada, deve satisfazer ao
especificado na NBR 7480 e o alongamento sob carga deve ser tal que não comprometa a
ductilidade da armadura. O alongamento total plástico medido na barra soldada deve atender
a um mínimo de 2%” (item 8.3.9).
PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DAS ARMADURAS
143

As propriedades geométricas dos varões que têm maior interesse


são o diâmetro, o comprimento e a configuração da
superfície.
Os diâmetros dos varões variam de país para país, apresentando a
norma europeia EN10080 os seguintes valores:

6 – 8 – 10 – 12 – 16 – 20 – 25 – 32
IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM DAS ARMADURAS
144
IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM DAS ARMADURAS
145
ARMADURA LISA
146
ARMADURA NERVURADA
147
ARMADURA ENTALHADA
148
ARMADURA PARA PILARES
149
TELAS SOLDADAS
150
 Um produto muito útil nas obras e que leva à economia de
tempo e mão-de-obra são as telas soldadas, assim chamadas
por terem as barras soldadas entre si nos encontros (nós).
Existem várias telas soldadas padronizadas, com variações
nas distâncias e nos diâmetros dos fios.
 Podem ser aplicadas em lajes, pisos, calçamentos, piscinas,
elementos pré-fabricados, argamassas de
impermeabilização, etc.
TELAS SOLDADAS
151
152

TELAS
SOLDADAS
TELAS SOLDADAS
153
TELAS SOLDADAS
154
ARAMES RECOZIDOS
155

As amarrações entre as armaduras são


efectuadas com arames recozidos,
geralmente duplos e torcidos, no
diâmetro de 1,24 mm.
Pode ser usado também o arame com
diâmetro de 1,65 mm, em fio único.
ARAMES RECOZIDOS
156
Amarração do estribo à
armadura longitudinal da viga
com fio de arame recozido

Arame duplo
recozido
CORROSÃO DAS ARMADURAS
157
 A corrosão das armaduras pode causar a deterioração das estruturas de
betão armado.
 A corrosão das armaduras é o resultado da reação química e
electroquímica do aço com o meio.
 A fórmula da corrosão é a seguinte:
 Aço + Meio ↔ Produção da corrosão + Energia
2 Fe + 2 H2 O + O2 → 2 Fe2+ + 4 OH–
2 Fe2+ + 4 OH– → 2 Fe(OH)2 → ferrugem
A presença de Cl– no meio acelera a corrosão dos aços.
Define-se o produto da corrosão como a volta do metal à sua forma
primitiva (minério).
Isso quer dizer que a corrosão é o inverso do processo de metalurgia.
CLASSES DE RESISTÊNCIA DO BETÃO
158
 As classes de resistência baseiam-se em valores característicos da resistência referido
a provetes cilíndricos e/ou provetes cúbicos, com (fck), determinado aos 28 dias.
 Os provetes cilíndricos de referencia tem 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura,
enquanto os provetes cúbicos tem 15cm de aresta.

 As classes de betão são designadas através de: C YY/CC

 C-Betão

 YY- Valor característico de resistência em cilindros, fck , em Mpa;

 CC- Valor característico de resistência em cubos, fck , em Mpa.


CLASSES DE BETÃO
159
CLASSES DE BETÃO
160

 NP EN1 206-1 C30/37 XC3(P) CI 0,2 Dmax 22 S3

 NP EN1 206-1 – a referencia à norma portuguesa;

 C30/37 – a classe de resistência à compressão;

 XC3(P) – a classe de exposição ambiental com a indicação de (P) Portugal;

 CI 0,2 – a classe de teor de cloretos;

 Dmax 22 - dimensão máxima do agregado (22 mm no exemplo);

 S3- classe de abaixamento slump test


COMPOSIÇÃO DO BETÃO
161

Os parâmetros fundamentais que servem de guia à definição da composição do betão são:

 Dosagem do cimento;
 Composição dos agregados (granulometria e máxima dimensão);
 Massas volúmicas dos componentes;
 Razão água/cimento (A/C);
 Volume de vazios;
 Trabalhabilidade pretendida.
CIMENTO
162

 O cimento (ligante hidráulico) é um material inorgânico finamente


moído que, quando misturado com água, forma uma pasta que faz
presa e endurece em virtude das reacções e processos de hidratação e
que, depois de endurecer, mantém a sua resistência e estabilidade
mesmo debaixo de água.

 O cimento é obtido pela cozedura, a temperaturas da ordem de


1450oC, de uma mistura devidamente proporcionadas de calcário e
argila.
CIMENTO
163

 O ligante assim obtido é designado correntemente por cimento Portland.

 No processo de cozedura destas matérias-primas (calcário e argila) são


originadas diversas reacções químicas, formando-se novos compostos
que, ao arrefecerem, aglomeram-se em pedaços com dimensões variáveis
(2 a 20mm) designados por clínquer.

 Após o arrefecimento, o clínquer é moído juntamente com adjuvantes,


para facilitar a moagem, e gesso para regular o tempo de presa.
CIMENTO
164

Os principais componentes do cimento Portland são os seguintes:

 · silicato tricálcico: 3CaO. SiO2;

 · silicato bicálcico: 2CaO. SiO2;

 · aluminato tricálcico: 3 CaO. Al2O3;

 · aluminoferrato tetracálcico: 4 CaO. Al2O3. Fe2O3.


AGREGADOS
165
 Os agregados podem classificar-se em: naturais, artificiais ou reciclados (resultantes de matérias
previamente usadas na construção).
 Os agregados artificiais são de origem mineral resultante de um processo industrial envolvendo
modificações térmicas ou outras (p.e. argila ou xisto expandidos).

 Os agregados reciclados resultam do processamento de materiais inorgânicos anteriormente utilizados


na construção (p.e. trituração de betão endurecido).

 Podem também classificar-se quanto à massa volúmica (ρ) em:

 agregados leves (ρ < 2000kg/m3);

 agregados normais (2000 ≤ ρ ≤ 3000kg/m3);

 e agregados muito densos (ρ > 3000kg/m3)


ÁGUA DE AMASSADURA
166
A água de amassadura desempenha dois papéis importantes na massa fresca e na fase de endurecimento do
betão.

No betão fresco, a água confere à massa a trabalhabilidade adequada para permitir uma boa colocação e
compactação.

Na fase de endurecimento a água participa nas reacções de hidratação do cimento que conferem a resistência
necessária ao betão.

Todavia, deve-se limitar ao mínimo a quantidade de água utilizada no fabrico de betão, pois a água em
excesso evapora-se criando no betão uma rede de poros capilares que prejudicam a sua resistência e
durabilidade.

Assim, a quantidade de água a utilizar deverá ser a indispensável para se obter a trabalhabilidade pretendida.
Refira-se que com o desenvolvimento dos adjuvantes plastificantes com elevado desempenho é actualmente
possível utilizar quantidades muito pequenas de água no fabrico do betão sem prejudicar a trabalhabilidade.
ÁGUA DE AMASSADURA
167

 Todas as águas potáveis e ainda as que não o sendo mas que não tenham cheiro
nem sabor podem ser utilizadas na amassadura do betão.

 Esta lei, perfeitamente geral, permite que se utilise na fabricação do betão a água

canalizada da distribuição para consumo público.

 As desconfianças surgem quando as águas não são potáveis, têm sabor ou cheiro
anormais e começam a apresentar turvação.

 Efectivamente a água de amassadura influi nas propriedades do betão através


das substâncias dissolvidas e em suspensão.
ÁGUA DE AMASSADURA
168

 As substãncias dissolvidas podem afectar as resistências mecânica e química


do betão e das armaduras.

 As substâncias em suspensão podem afectar a compacidade e especialmente o

crescimento cristalino dos produtos da hidratação do cimento.

 De um modo geral , visto os inertes e a água serem produtos naturais, todas as


impuresas a que se fez referência no estudo dos inertes podem estar contidas
na água em concentrações elevadas devido ao poder dissolvente da água,
podendo ainda aparecer outras impuresas não contidas nos inertes.
ADJUVANTES
169
 A NP EN 206-1: 2007 define adjuvante como o material adicionado durante o processo de mistura do

betão, em pequenas quantidades em relação à massa do ligante, com o objetivo de modificar as


propriedades do betão fresco ou endurecido.
 Actualmente quase não se consegue conceber a formulação de um betão sem o recurso a um adjuvante de modo

a melhorar uma ou mais das suas propriedades, sendo as mais comuns as seguintes:

 aumentar a trabalhabilidade, mantendo ou reduzindo a água;


 reduzir a água com o objectivo de aumentar a resistência;
 acelerar ou retardar o processo de presa;
 acelerar ou retardar o endurecimento;
 diminuir a permeabilidade à água;
ADJUVANTES
170
 melhorar a resistência ao ciclo gelo/degelo;

 inibir ou diminuir a corrosão das armaduras;

 modificar a viscosidade;

 compensar a retracção;

 reduzir a exsudação;

 reduzir a absorção capilar do betão endurecido.

 A MAIORIA DOS ADJUVANTES É OBJECTO DE SEGREDO INDUSTRIAL, NÃO SE


CONHECENDO ASSIM AS SUAS PROPRIEDADES E COMPOSIÇÃO QUÍMICA.

 EM GERAL, APENAS SÃO DIVULGADOS OS EFEITOS SOBRE OS BETÕES.


ENSAIO DE CONSISTÊNCIA
171

 Ensaio do consistência (NP EN 1235)

 A consistência deve ser especificada através de uma classe ou, em casos especiais,
através de um valor pretendido, tendo em consideração o método de ensaio mais
adequado.

 Mede a trabalhabilidade do betão.

 O ensaio mais utilizado nas obras correntes é o Ensaio de Abaixamento ou Cone


de Abrams ou Slump test.
SLUMP TEST
172
SLUMP TEST
173
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
174
 A classificação das acções ambientais tem em consideração os dois principais factores de
ataque ao betão armado ou pré-esforçado:

 ataque sobre o betão (ataque pelo gelo-degelo ou ataque químico);

 ataque sobre as armaduras ou outros metais embebidos (corrosão induzida por


carbonatação ou por iões cloreto).
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
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EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
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EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
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EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
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EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
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180
DIMENSÃO MÁXIMA DO AGREGADO
181
 A máxima dimensão do agregado mais grosso, Dmax, corresponde à dimensão D do agregado de

maior dimensão utilizado no betão, de acordo com a NP EN 12620 “Agregados para betão”.

 A especificação da máxima dimensão do agregado deve ter em conta as condições específicas da obra

(p.e.: dimensão da secção, espessura de camada de recobrimento e espaçamento entre armaduras).

 Para assegurar uma adequada colocação e compactação do betão, a máxima dimensão do agregado não

deverá exceder:

 1⁄4 da menor dimensão do elemento estrutural;

 a distância entre as armaduras diminuída de 5 mm;

 recobrimento mínimo das armaduras.


CLASSE DO BETÃO
182

 NP EN1 206-1 C30/37 XC3(P) CI 0,2 Dmax 22 S3


BETÃO PRONTO
183

VANTAGENS DE USAR O BETÃO PRONTO.

 A utilização do betão pronto afigura-se como uma opção natural, pois constitui o meio mais eficiente e eficaz de
produzir e fornecer betão com as propriedades e os requisitos funcionais pretendidos em qualquer projecto da
construção, conduzindo à satisfação dos seguintes objectivos:

 Melhoria da qualidade e segurança na construção;

  Maior rapidez, racionalidade e eficácia na execução da obra;

 Redução dos custos da não qualidade;

 Protecção ambiental do meio e do consumidor; e

 Garantia da satisfação do utilizador final.


Distribuiçã o de tensõ es no betã o
184
SISTEMA INTERNACIONAL DE
185 UNIDADES S.I.

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