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Comutação Analógica e Digital:

13.1. Introdução

O mercado para CPCT (Central Privada de Comutação Telefônica) de pequeno e médio porte vem
crescendo a procura por este tipo de equipamento em indústrias, pequenas empresas, escritórios comerciais,
residências, etc.
Torna-se necessário para o técnico um constante aprendizado em relação aos novos modelos, pois as
programações de facilidades, as novas implementações e a parte operacional variam com os modelos.

Nos primórdios da Telefonia, a comutação telefônica era feita manualmente através de uma operadora.
Após a 1ª Guerra Mundial surgiu os Sistemas Automáticos de Comutação Telefônica, inicialmente Comando Direto,
baseados em seletores comandados diretamente por pulsos gerados nos discos dos aparelhos telefônicos.
De acordo com as aplicações, as centrais telefônicas podem ser:
- Central Publica: é aquela que atende a muitos assinantes, utilizando-se de uma rede de acesso externa;
- Central Privada: é aquela utilizada para atender a uma rede particular, por exemplo, uma rede de ramais
telefônicos de um escritório de vendas, ramais esses que têm acesso às linhas telefônicas das centrais públicas.
As Centrais Privadas são divididas em:
- PBX (Private Branch Exchange): onde os ramais dependem de uma telefonista para fazer ligações
externas e precisam de auxílio para a comunicação entre si;
- PAX (Private Automatic Exchange): os ramais fazem ligação entre si automaticamente, não havendo
troncos;
- PABX (Private Automatic Branch Exchange): os ramais fazem ligações entre si automaticamente. A
operadora atende as ligações da Central Pública, conectando-as aos ramais. As ligações de saída para a central
pública se processam automaticamente. Além das funções básicas, o PABX incorpora funções específicas tais como:
categoria de ramais, captura de ligações, chamadas em espera, etc.

13.2. Instalação da Rede Elétrica

Normalmente o Micro PABX pode ser ligado em 110/127VAC ou 220VAC. Por norma, os equipamentos
com mais de 6 linhas telefônicas devem possuir equipamentos que garanta a continuidade dos serviços, numa
eventual falta de energia elétrica.
Este equipamento pode ser um No-Break, instalado externamente no PABX com potência mínima de saída
de 50VA e uma saída senoidal de 60Hz. Em locais onde houver variação muito acentuada na tensão da rede elétrica
ou estiverem sujeitos a transientes elétricos, um Estabilizador de Tensão com potência adequada ao porte do
equipamento e transformador com núcleo saturado deve ser instalado. Em locais sujeitos a transientes elétricos ou
descargas atmosféricas, protetores contra transientes devem ser instalados na entrada AC.
Os transientes ou Surtos de tensão são picos de tensão de pouquíssima duração, com cerca de alguns
microssegundos, isto é, uma elevação muito rápida da tensão, proveniente de duas formas:
- Interna: quando na mesma rede elétrica participam equipamentos de grande porte, tais como: motores
com alta potência, compressores de ar, condicionadores de ar etc.
- Externa: este em particular provoca maiores danos ao Micro PABX, pois sua origem é atribuída a Raios
que, descarregados nas proximidades, podem atingir tanto os troncos, os ramais externos, quanto a própria rede
elétrica. Um outro agente externo é quando há o restabelecimento da energia elétrica pela concessionária local, após
uma interrupção do seu fornecimento.
O aterramento é a parte fundamental para uma efetiva proteção do equipamento. O aterramento não deve
ser ignorado e o usuário precisa ser conscientizado de sua importância.
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Os fabricantes de PABX recomendam que a resistência de terra não seja superior a 5 , para uma efetiva
proteção. Para se medir essa resistência é empregado o Terrômetro.

13.3. Proteção de Ramais e Linhas

Apesar da maioria dos PABX possuírem varistores e centelhadores a gás, para proteção contra transientes
elétricos, nos troncos deve-se fazer uma proteção, fora do gabinete do PABX, pois a capacidade de dissipação de
energia dos varistores é pequena. Os centelhadores a gás devem funcionar como proteção primária, devendo ser
colocado um resistor de fio entre o varistor e o centelhador à gás.
Como proteção extra, tanto para linha como para ramal, coloca-se um Módulo de Proteção, por exemplo,
MP6X, com carvão e gás como elementos de atuação. Esses módulos são inseridos num BLP que possui
capacidades para 2, 5, 10 ou mais módulos.
O centelhador a gás é um dispositivo que tem a sua vida útil limitada pelo número de atuações e quantidade
de energia dissipada. Esgotada a sua vida útil o centelhador torna-se inoperante, geralmente sem apresentar sintoma
de tal fato. Desta forma, aconselha-se a substituição periódica do centelhador, de preferência anualmente.
Outro problema que pode acontecer num ramal ou num tronco é a interferência de RF, ocasionada por
transmissores de rádio próximos ao local onde é instalado o PABX. Para minimizar ou eliminar o problema, utiliza -
se circuito de filtro de RF que deverá ser ligado em série com o ramal ou tronco sob interferência.

13.4. Instalaçãodo PABX

O funcionamento perfeito do PABX depende de uma correta instalação. Procure sempre seguir as
recomendações do fabricante. Vamos dar uma seqüência básica para instalação do equipamento.
O local onde será instalado o PABX deve ser escolhido, observando-se as seguintes recomendações:
- Não instale o equipamento em local sem ventilação, úmido ou próximo de fontes de calor ou vibrações;
- Evite instalar o equipamento em paredes onde a incidência de sol é intensa, atrás de portas, embaixo de
janelas ou em locais de circulação (corredores, passagens, etc.);
- Procure um local o mais próximo possível dos pontos de aterramento e a tomada de energia elétrica;
- Na tomada onde for instalado o PABX não deve ser ligado qualquer outro equipamento;
- Não instale o PABX próximo à passagem de cabos de energia elétrica;
- Não é indicada a instalação próxima de equipamentos que emitam RF ou magnetismo alto;
- Local deve ser o mais próximo possível dos troncos e dos ramais;
- O PABX deve ficar a cerca de 1,30m do piso e com no mínimo 20cm de espaço nas laterais.
Definindo o local onde será colocada a central, siga os seguintes procedimentos para a sua fixação:
- Marque na parede a altura de 1,30m;
- Se o equipamento possuir gabarito de furação, fixe a folha de papel na parede, centralizando-a com a
marcação de 1,30m. Caso não tenha gabarito de furação, as medidas entre os furos devem ser tiradas da base do
equipamento. Ao fixar o equipamento próximo a um canto, deixe no mínimo 30 cm de espaço livre na lateral;
- Utilize-se do nível para que a central não fique desnivelada;
- Bata com um punção nos pontos indicados no gabarito e retire a folha da parede;
- Faça os furos e coloque as buchas;
- Retire a tampa da central e fixe -a na parede com os parafusos adequados;
- Caso a central não esteja com as placas de ramais, troncos etc., encaixe -as nos devidos lugares.
Se o PABX possuir placas balanceadas, a fiação poderá ser feita através de cabo CI estanhado ou cabinho
CCI de pares, dos conectores dos ramais até um bloco BLI-10, daí para os ramais deverá ser feita com cabinho CCI.
Dependendo da situação, pode-se utilizar canaletas e tomadas do sistema "X" proporcionando um
acabamento mais adequado à instalação.
As canaletas para sistema "X" e seus arremates serão utilizados quando a tomada for fixa em caixa externa.
Normalmente, esse sistema é empregado nas instalações dos ramais, pois proporciona um acabamento razoável
ficando toda a fiação embutida.
As canaletas são vendidas com as seguintes medidas: comprimento 2.200mm, largura 20mm e altura
10mm. Em cada canaleta podem ser instalados até 8 ramais. Existem canaletas maiores, que comportam mais pares
de fios, normalmente são colocadas na saída do PABX, onde o número de fios que saem é grande. Por esta razão é
que o PABX deve ser instalo sempre no centro do sistema, onde os fios são divididos entre as canaletas.
Com os locais determinados para os ramais, recomendamos os seguintes procedimentos para a instalação
do Sistema “X”:
- Corte um pedaço de canaleta com 27cm de comprimento. Utilize uma lâmina de serra, cortando a canaleta
e sua tampa juntas. Este pedaço de canaleta servirá como medida padrão de altura para as caixas de sobrepor;
- Nas laterais da caixa, a parede é mais fina. Com um alicate de bico, quebre o lado no qual a canaleta for
entrar. Caso esta caixa seja também de passagem, o lado que for encaixada a outra canaleta, também deve ser
quebrado;
- Encoste a canaleta cortada na parede e sobre ela apóie a caixa de sobrepor;

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- No fundo da caixa existem dois rasgos em diagonal marque com um lápis os pontos para os furos na
parede;
- Após a marcação dos pontos, com a furadeira e broca adequada, faça os furos, encaixe as buchas e fixe a
caixa na parede. Antes de dar o aperto final nos parafuso, coloque novamente o nível em cima da caixa e ajuste para
que a mesma fique nivelada;
- Repita todo o processo nos demais pontos de ramais;
- Para o nivelamento das caneletas, meça a altura do piso até a borda superior do rasgo, essa medida será
sua referência para a fixação das caneletas.
- A instalação das linhas telefônicas ao Micro-PABX dependerá da quantidade de linhas que estiverem
disponíveis e da distância que estarão do equipamento. Normalmente, acima de 10 linhas utiliza -se cabo CI para
levá-las até os módulos protetores.
Veja os procedimentos básicos para a colocação dos blocos que comportam os módulos de proteção:
- Visualize o bloco dos módulos por baixo. Os terminais indicados A e B, são os terminais de entrada da
linha, ou seja, a linha desprotegida. Os terminais sem nenhum fio enrolado são os terminais de saída, isto é, a linha
após a proteção, com os módulos inseridos. A barra soldada, que une dois pontos dos módulos entre si e as bases
metálicas de alumínio, esse ponto em comum deverá receber o aterramento;
- Determine o local para a fixação do bloco. Normalmente, o bloco é instalado ao lado da central ou
próximo a ela, para facilitar a manutenção do sistema;
- Marque os pontos para a furação e colocação das buchas, quando o bloco for instalado em parede de
alvenaria;
- Fixe o bloco sem os módulos;
- Se forem instalados mais blocos, fixe -os um ao lado do outro, deixando um espaço aproximado de 3cm
entre eles;
- Cada bloco de proteção vem com um rabicho contendo terminais na extremidade, esse rabicho deve ser
usado para a interligação do aterramento entre eles.
- Faça o aterramento do bloco.
O próximo passo é interligar o bloco à central, o que deve ser feito através de um cabo CI com capacidade
um pouco superior ao número de pares que a central pode comportar, para que haja pares de reserva, num eventual
reparo.
Pode-se adotar os procedimentos a seguir:
- Determine o tamanho do cabo a ser instalado e corte um pedaço com folga suficiente para o corte da capa;
- Fixe-o com braçadeiras para o seu diâmetro;
- Corte a capa da extremidade da central e fixe os pares de acordo com tabela padrão de cores para cabo
telefônico;
- Repita o processo do lado do bloco de proteção, retirando a base plástica do suporte de alumínio e
enrolando os pares nos terminais de saída;
- Fixe a base plástica nos suportes de alumínio;
- Insira os módulos de proteção nos devidos lugares;
- Se o ramal for externo, este também deverá ser protegido por módulo de proteção;
- Não se recomenda que a rede telefônica seja feita de modo aparente;
- Não tente aproveitar os materiais da instalação anterior, instale tudo com materiais novos de qualidade.

13.5. As Partes que Compõem um Micro-PABX

Existe uma tendência entre os fabricantes de montar as centrais telefônicas privadas em subconjuntos, isto é,
dividindo o circuito em diversas placas menores. O Micro PABX basicamente divide-se nas seguintes partes: Placa
Principal ou Placa da CPU, formada pelo cérebro do equipamento; Placa da Fonte de Alimentação; Placas de
Troncos; Placas de Ramais; e, em alguns modelos, existe uma placa de proteção contra surtos de tensão nas entradas
das linhas telefônicas:
- Placa de Ramais: é formada pelos circuitos eletrônicos de cada ramal, podendo possuir modularidade de
2 em 2, de 5 em 5 etc., ou seja, cada placa de ramais pode conter 2, 5 ou mais ramais. A forma da modularidade foi
adotada pelos fabricantes para facilitar a manutenção desses circuitos e também para que o usuário não precise
adquirir, por exemplo, 10 ramais se vai precisar de somente de 5. As placas de ramais são conectadas na Placa da
CPU do Micro PABX, normalmente por intermédio de conectores especiais par circuito impresso. Quando o Micro
PABX sai de fábrica com a placa de Ramais Desbalanceados, ou seja, há um ponto comum na alimentação dos
ramais; isto faz com que, ao se utilizar um cabo telefônico para encaminhar os ramais, pode haver quebra de sigilo
nas conversações, provocada pela Diafonia (indução do sinal de voz de um ramal para outro);
- Placa de Tronco: dependendo do modelo de equipamento, a modularidade das placas de tronco em
relação ao número de linhas pode ser de: 1 em 1, 2 em 2, 4 em 4 etc. Quando possuem circuitos de proteção
embutidos, as linhas telefônicas são ligadas numa placa de proteção de troncos. Alguns modelos de placas de
troncos possuem um jumper de habilitação de linha, ou seja, se o tronco estiver disponível, este jumper deve ser
ligado, caso contrário, deve ser desligado. Isso é necessário para que numa requisição de linha pelo usuário, o PABX
não caia no vazio, isto é, se a linha estiver habilitada e não houver alimentação, o usuário pensará que está com

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Curso de Telefonia - Central Privada de Comutação Telefônica

defeito. No mesmo esquema das placas de ramais, as placas de troncos são conectadas na placa da CPU por
intermédio de conectores especiais para circuito impresso;
- Placa de Proteção: é uma placa que contém os componentes (varistores, resistores, centelhadores)
utilizados para proteger as linhas telefônicas contra surtos de tensão e corrente que, por ventura, surjam nas mesmas,
normalmente provocados por raios;
- Placa da CPU: é a principal do sistema, onde são alojadas todas as outras placas, possuindo ainda os
conectores das interfaces, jumpers de configuração, o processador central, a memória de armazenamento do
software etc. Esta placa deve ser manuseada com cuidado, pois há circuitos integrados que podem ser danificados
com a eletricidade estática do corpo humano.
Detalhes importantes a serem observados:
- Antes de ligar a central, faça uma revisão nos encaixes das placas e dos circuitos integrados e verifique a
tensãode alimentação;
- Refaça o aperto nos parafusos que fixam as placa, pois, em alguns modelos eles servem também para
fazer o contato do aterramento entre a placa e a base metálica do equipamento.

13.6. Acessórios para PABX

Algumas empresas e os próprios fabricantes de PABX produzem acessórios, e ultimamente têm lançado
vários modelos de equipamentos e softwares que incrementam a central telefônica, implementando para os usuários
mais facilidades ou exe rcendo algumas funções específicas. Esses acessórios, quando se trata de hardware, podem
vir montados em gabinetes próprios (geralmente quando são fabricados por empresas que não fazem o PABX) ou
em placas de circuito impresso para serem inseridas na placa principal do equipamento.
Os acessórios mais comuns montados em placas são: Placa de Atendimento Digital, Placa Identificadora de
chamadas, Placa de tarifação Remota, etc. Dentre os acessórios, podemos destacar alguns:
- Tarifador: este tipo de acessório é utilizado para que sejam emitidos relatórios sobre a utilização genérica
do Micro-PABX, que contém informações tais como:
- Ligações efetuadas e seu custo;
- Ligações não identificadas como: fonogramas, tele-900, etc;
- Data, horário e telefone chamado;
- Número de ligações recebidas;
- Taxas administrativas como, por exemplo: Aluguel de Linhas, Assinatura Mensal, etc.
O Tarifador é muito usado em empresas que desejam controlar suas ligações, uma vez que as informações
que o equipamento fornece são distribuídas por ramais e a conta telefônica pode ser dividida por usuário ou
departamento da empresa.
O Micro PABX tem saídas (serial e paralela), uma delas ligada diretamente numa impressora, para
imprimir a bilhetagem, ou seja, as ligações que são efetuadas, porém não são tarifadas. A funçã o do tarifador é
justamente essa, ligado numa dessas saídas, obtém as ligações armazenadas da CPU, aplica os valores dos degraus
tarifários, convertendo-as em valores de moeda corrente. Todos os dados que forem fornecidos à memória do
tarifador, bem como o comando para a emissão de relatórios, são enviados via teclado telefônico, que vem acoplado
no equipamento.
- Software Tarifador: faz a mesma coisa que o tarifador, porém precisa de um computador para completar
o serviço. O usuário adquire este software da empresa que o desenvolveu ou de um distribuidor autorizado, instala-o
no computador, configura alguns parâmetros, interliga a saída do PABX com uma saída do computador, conecta
uma impressora (se precisar imprimir) no computar e obtém as informações desejadas via monitor ou impressora.
- Atendedor Digital: trata-se de um acessório utilizado para atender automaticamente as ligações que
chegam ao PABX e transferi-las após emitir mensagens explicativas para quem ligou. As mensagens são gravadas
num chip e podem ser personalizadas de acordo com o usuário. O tempo de gravação em alguns equipamentos
ultrapassa 30 segundos. Normalmente, esse aparelho faz o anúncio do Bom Dia, Boa Tarde ou Boa Noite, de acordo
com o horário de entrada da ligação, pois com o relógio embutido no atendedor, é feito o reconhecimento da hora e
selecionado o cumprimento correto. A interligação é feita como se fosse um ramal normal, sendo compatível com
qualquer modelo de PABX.
- Espera Personalizada: dispositivo utilizado para reproduzir mensagens digitalmente quando algum
ramal coloca na espera a ligação que entrou. A vantagem desse equipamento é que se pode personalizar a espera,
colocando-se mensagens de divulgação da empresa, de algum produto, de serviços executados, etc, com capacidade
para até 180s. Sua ligação é feita diretamente na entrada da música do PABX, possui um potenciômetro para regular
o volume da mensagem e quando se quiser trocar a mensagem gravada, o chip deverá ser substituído por outro
previamente gravado.
- Interface para Porteiro: o Micro-PABX permite que seja ligado um porteiro eletrônico no sistema,
intercalando-se uma Interface para Porteiro. Quando o botão do porteiro é acionado, a interface interpreta o sinal
enviado e informa à central o ocorrido. Imediatamente, o ramal que foi programado como atendedor do porteiro é
chamado. Caso o ramal atendedor do porteiro desejar, poderá acionar a fechadura elétrica teclando o código de
abertura. Também é possível ao ramal programado como atendedor, chamar o porteiro sem que o mesmo esteja
chamando, e acionar a fechadura. Na placa principal da central existe um conector que envia o comando para
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atuação externa, nesse conector é ligada a Interface para Porteiro, devendo-se antes acertar alguns jumpers de
configuração, de acordo com o modelo de porteiro eletrônico utilizado. Os fabricantes da interface anexam junto ao
equipamento um pequeno manual de instalação, que contém uma tabela de configuração com os modelos de
porteiros possíveis para aquela interface.
- Interface para Bilhetagem: algumas centrais precisam de uma interface para gerar a bilhetagem. Para
este tipo de controle, a interface deve ser intercalada entre o PABX e a impressora, podendo o equipamento ficar até
uma distância de 50m da impressora. Caso haja problemas de comunicação entre o equipamento e a impressora, os
bilhetes serão armazenados na memória do PABX e assim que o problema for solucionado, as ligações serão
descarregadas para a impressão devida. A capacidade de armazenamento da central varia de acordo com o modelo e
de versão da Interface. Convém lembrar que, se a comunicação falhar, um alarme será dado pela central, desde q u e
se tenha mais um acessório opcional. Aqui também poderá ser implementado um software tarifador, com a
instalação de um computador. Em modelos recentes de centrais, o Kit bilhetador não é mais necessário, bastando
apenas ligar uma impressora e os bilhetes serão impressos normalmente, ou ainda, tarifando com o Software.

13.7. Tecnologia de Centrais Telefônicas Analógicas (CPA-E)

13.7.1. Estruturas Básicasdeuma UnidadedeComutação

Podemos representar uma unidade de comutação genérica para uma central CPA-E e seus órgãos funcionais
pelo diagrama de blocos seguinte, em que:
OC - Órgão de Controle
CCA – Circuito de Assinante Analógico
GDS - Geração e Detecção de Sinais
FA - Fonte de Alimentação
CJA – Circuito de Juntor Analógico
MCA - Matriz de Comutação Analógica

MCA
LT
LA
CAA CJA
LT
LA

RTL

GDS OC Software FA

O dispositivo elementar de um sistema de comutação é a chave. As primeiras centrais automáticas


utilizaram componentes eletromagnéticos, em que as chaves nada mais eram do que contatos de “Relés”,
comandados por sinais eletrônicos.

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A evolução tecnológica introduziu os dispositivos semicondutores, com a utilização das “chaves
analógicas” comandadas por sinais digitais.

13.7.2. Matrizde Comutação Analógica (MCA)

Uma matriz analógica é constituída por um conjunto de chaves agrupadas de tal maneira que lembra um
sistema de coordenadas "X-Y”.
A figura abaixo mostra uma matriz de comutação formada por quatro colunas e três linhas. O número de
chaves nesta matriz é igual a 12. Note que para o assinante "A" se comunicar com o assinante "B", basta fechar a
chave número 8, conectando a linha 2 à coluna 4.

Vamos analisar uma matriz de maior capacidade, matriz "8x16", constituída por 128 chaves analógicas.
Observe os pontos de cruzamento, conectando o assinante "A" ao assinante "B" e o assinante "C" ao assinante "D",
com o absoluto sigilo entre as conversações.
Note também que foram necessárias duas conexões para fechar o caminho de voz, de cada uma das
ligações, AB e CD. Na realidade, um lado é reservado para interligação dos terminais telefônicos e o outro é
dividido em grupos dedicados a cursar tráfegos de chamadas internas e de chamadas externas. Cada coluna é
denominada de “enlace”.

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Os fabricantes fornecem matrizes analógicas encapsuladas em pastilhas (Circuito Integrado - CI), com
capacidades predefinidas e limitadas. Abaixo, temos uma relação dos modelos mais comuns que utilizam tecnologia
CMOS de baixo consumo.

Modelo Capacidade Número de Pinos Fabricante


MC42100 4x4 16 Motorola
MT8816 8 x 16 40 Mitel

Os símbolos lógicos para dois CIs acima são representados pelas figuras seguintes que mostram também a
identificação de cada pino.

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As funções dos pinos são:
- X e Y: entradas e saídas analógicas;
- END: entradas de endereço para seleção da chave;
- Data: liga (1) ou desliga (0) a chave selecionada;
- STroBE : controle do sinal de seleção de pastilha;
- CS: seleção de pastilha (chip select);
- Reset: reinicialização (desliga todas as chaves).
Para a seleção de uma chave em uma matriz 8x16 são necessárias sete linhas de endereço para acessar as
128 chaves (27 = 128 combinações).
A palavra de comando para as matrizes analógicas pode ser definida, para um microprocessador de oito
bits, da seguinte maneira:
Palavra de comando de uma matriz 8x16.

Percebe-se que para conseguir uma matriz de maior capacidade, tem que recorrer a arranjos de matrizes,
utilizando os modelos padrões, de maneira analógica à expansão de memória em sistemas microprocessados.
Arranjo "32x16" (4 CIs M3494).

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A seleção de chip se faz por meio de decodificadores de endereços. O barramento de endereços e datas são
comuns a todos os CIs.

13.7.3. Órgão de Controle (OC)

Uma matriz de comutação, por si só, não faz absolutamente nada. Para haver comutação, deve haver um
órgão de controle responsável pelo recebimento, registro e análise dos dígitos discados pelo assinante originador (A)
e, então, comandar o fechamento da chave específica que vem estabelecer o caminho de voz com o assinante
chamado (B). Antes, porém, o assinante chamado (B) deve receber o comando de toque de campainha e acusar o
atendimento ao órgão de controle.
O OC executa funções tais como: leitura dos estados dos ramais, análise e processamento de discagens,
encaminhamento de chamadas, etc.
O processamento é feito em “tempo real”. O OC supervisiona todo o funcionamento e integridade dos
circuitos internos e fornecem dados para relatórios de configuração, histórico de eventos, alarmes, bilhetagem e
tarifação.
Controle por Programa Armazenado (CPA): qualquer sistema microprocessado possui uma memória de
programa e uma memória de dados.
A memória de programa é constituída por um banco de memórias do tipo EPROM ou FLASH que
acomoda o programa controlador (firmware) da central.
A memória de dados se divide em dois tipos. Um tipo constituído por um banco de memórias do tipo RAM
Não-Volátil ou EEPROM, utilizados para armazenar dados temporários, tais como: contadores de tarifação,
registros de bilhetagem, histórico de eventos, alarmes e até mesmo a configuração da central de acordo com a
capacidade, localização, plano de numeração e encaminhamento etc.
O segundo tipo utiliza apenas memória do tipo RAM para armazenar dados rotineiros, para o processo de
tempo real, como estado dos terminais, comutação dos sinais, toque etc.
O Órgão de Controle em centrais tipo CPA é um microcomputador que roda um programa específico para
gerenciar um processo de comutação para conexões telefônicas.
No OC, estão incluídos os seguintes elementos:
- Processador responsável pelo gerenciamento das funções do sistema com base nos dados de configuração;
- Memórias diversas para dados e programas (RAM, ROM, EPROM, FLASH e/ou EEPROM);
- Relógio de Tempo Real com calendário para registro de data e hora;
- Controlador de Interrupções;
- Timer Programável;
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- Wachdog Timer (WDT) para supervisão do processador;
- Circuito de interface de barramento (dados, endereço e controle) para acesso e interação (supervisão e
controle) com os demais órgãos da central;
- Interfaces seriais do tipo UART para comunicação com equipamentos OMS (Operação, Manutenção e
Supervisão) local;
- Interface paralela para impressora;
- Modem para comunicação com OMS remoto;
- Placa LAN (rede local) para comunicação com outras unidades de comutação em sistemas distribuídos;
- Terminal SSCC#7 quando a central utilizar o sistema de sinalização SSCC#7;
- Unidade de memória de massa para centrais de médio a grande porte.
Os microcontroladores utilizados em centrais de pequeno porte incorporem muitos dispositivos, como
microprocessador, timer, UART, controlador de interrupções, WDT, memória parcial ou total e "port" paralelo,
integrados no próprio chip (CI).
A manutenção da central fica então dividida em dois aspectos: “Hardware” (equipamentos e instalações
físicas) e “Software” (programação). Logo, qualquer mudança de programação que implicavam antes na alteração
das condições físicas de instalação (equipamento, fiações etc), hoje é feita alterando apenas o programa ou dados na
memória do órgão de controle.
A figura abaixo mostra o diagrama em blocos de um microprocessador (OC).

13.7.4. Circuitode Assinante Analógico(CAA)

O módulo “CAA” faz a interface entre os terminais de assinantes e a matriz de comutação. Ele contém
circuitos que, além de alimentarem os aparelhos telefônicos, fazem acoplamento de áudio à matriz de comutação e
permitem troca de sinalização entre o órgão de controle e os assinantes. Suas funções são:
- Prover alimentação para os aparelhos telefônicos;
- Monitorar o estado de loop dos terminais;
- Comutar a corrente de toque e campainha (ring);
- Acoplar os sinais de voz e sinalizações acústicas à matriz de comutação;
- Promover inversão de polaridade para coleta de fichas em TPs e TSPs;
- Proteger os circuitos internos contra intempéries.

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CR – Comando de Ring
TL – Teste de Linha
DT – Detector de Loop

A “Híbrida” tem como função acoplar o sinal de áudio à matriz de comutação e promover a conversão dos
sinais de duas para uma linha, de modo a obter um único ponto de comutação para cada linha e isolar,
galvanicamente, os circuitos de assinante e da matriz que trabalham com alimentações diferentes, e proteger melhor
os circuitos da matriz.
A central deve fornecer uma tensão contínua de 48V +/- 25% à linha do assinante, sem que o sinal de áudio
escoe pela fonte DC. O circuito aproveita os indutores da híbrida, de forma a permitir apenas a circulação da
corrente contínua de alimentação, tipicamente de 20mA, e bloquear o escoamento do sinal alternado (áudio).
A alimentação deve ser “balanceada”, isto é, deve possuir a mesma impedância entre as linhas "a" e "b" e
terra (Za = Zb). Isto é importante para cancelar sinais indesejáveis que são induzidos na linha do assinante, como
diafonia, radriofreqüência, ruídos diversos, etc.
O circuito “Detector de Loop” é utilizado para detectar a circulação da corrente quando o assinante retira o
telefone do gancho. Ele deve converter a corrente em um nível de tensão compatível com os circuitos digitais, de
forma que o OC possa associar níveis lógicos aos estados de loop do assinante.

Os pulsos gerados a partir de um aparelho com discagem decádica também são mostrados na saída do
detector, já que eles consistem na abertura e fechamento do loop por períodos prefixados.
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O OC, por meio do loop, reconhece as seguintes situações:
- O assinante deseja uma ligação A
- O assinante inicia a discagem A
- Contabiliza os pulsos decádicos A
- Identifica assinante livre ou ocupado B
- Reconhece o atendimento B
- Acionamento de tecla FLASH A ou B
- Reconhece a desistência ou término da chamada A ou B
Para tocar a campainha do aparelho telefônico, o OC faz atuar o relé RG, por um período de 1s. A linha
então é comutada para o circuito Gerador de Ring, que fornece uma tensão alternada de 75VRMS / 25Hz. O sinal é
sobreposto à alimentação de -48V, de forma a permitir a detecção do loop durante o toque. Após o atendimento, o
OC deve retirar o ring por no máximo 200ms, evitando que o usuário receba o sinal no ouvido.
O relé RT é utilizado para comutar a linha ao módulo de Teste de Linha.
A central telefônica fica muito exposta a intempéries, ocorrendo descargas elétricas constantes nas linhas
de assinante e linhas tronco, principalmente em linhas aéreas e longas. Os circuitos de assinante são protegidos com
“proteção secundária” interna por protetores de estado sólido do tipo transorb, trisil, varistor, PTC, etc. Os diodos
zener protegem a entrada da matriz de comutação, de modo que o nível do sinal não ultrapasse a alimentação da
própriamatriz.
- Subscriber Line Interface Circuit (SLIC): o circuito de interface de linha de assinante eletrônico
desempenha as mesmas funções descritas anteriormente. Os relés foram substituídos por atuadores de estado sólido e
a híbrida passou a se chamar Híbrida Eletrônica, com a utilização de circuitos operacionais.
A alimentação de linha utiliza duas fontes de corrente constante, a transistor, complementares, o que
proporciona balanceamento da linha e dispensa o uso do indutor.

- Rng - Corrente de toque de campainha


- TL - Comanda teste delinha
- CR - Comanda ring (toque de campainha)
- DL - Detector de loop
- IP - Comando de inversão de polaridade
- EI - Enlace interno

- Interface de Barramento (IB): existem também no módulo CAA, assim como em qualquer módulo,
circuitos de interface de barramento, tais como: Lactches e Buffers, decodificadores de endereços e arranjos lógicos
discretos ou programáveis (PAL, GAL etc), entre o módulo funcional e o OC.
Tomando o módulo CAA como exemplo, pode-se ter, no mesmo bloco, vários circuitos de assinantes.
Portanto, o controle dos assinantes é feito por meio de manipulação de bits, em que cada bit possui uma função
específica.

214
O circuito seguinte ilustra o circuito elétrico de uma placa de ramal de uma central tipo PABX. Na placa,
estão inclusa as matrizes de comutação analógicas e a interface de barramento (CIs 3, 4, 5, 6, 7, e 8).

215
216
13.7.5. Circuito deJuntor Analógico (CJA)

O módulo “CJA” é o responsável pela interface entre centrais, permitindo abrangência ao longo da rede de
telecomunicações. Para isso, a central utiliza linhas de junções com protocolo de sinalização apropriado para o
intercâmbio de informações entre elas.
O entroncamento entre centrais públicas é feito por intermédio de circuitos denominados Juntores, podendo
ser:
- Juntor analógico a 2 fios com sinalização de linha por corrente contínua;
- Juntor analógico a 4 ou 6 fios com sinalização E&M contínua ou pulsada;
- Juntor a 8 fios com sinalização de linha R2 Digital;
- Juntor digital com sinalização por canal associado E&M pulsada/contínua, R2 Digital, MFC (5B/5C/5S)
ou canal comum (SSCC#7).
O juntor analógico a 2 fios pode ter sinalização de registro decádica (nível de assinante) ou MFC e pode
cursar tráfego de entrada ou de saída. Os juntores a 2 fios têm aplicações principalmente em entroncamento com
equipamentos tipo PABX. São funções dos juntores analógicos a dois fios:
- Juntor de entrada fornece alimentação para juntor de saída (Loop);

217
- Juntor de saída informa ocupação ao juntor de entrada por meio do loop de corrente (fecha loop);
- Juntor de saída gera sinalização de registro decádica, quando for o caso;
- Juntor de entrada informa atendimento e tarifação para juntor de saída por meio de inversão de polaridade
ou sinal de 12KHz;
- Juntor de entrada informa desconexão para juntor de saída por meio da abertura do loop de corrente;
- Juntor de saída informa desconexão por intermédio de abertura de loop de corrente (alta impedância);
- Provêem acoplamento de áudio, e sinais de sinalização MF, se for o caso, entre matriz de comutação e a
linha de junção;
- Convertem os circuitos de dois fios, da linha de junção, para um único ponto de comutação e referência
(híbrida);
- Protegem os circuitos internos contra sobretensão por meio de supressores de estado sólido, como
transorbs, centelhadores, termistores, varistores e zeners.

Os juntores a 4 ou a 6 fios, geralmente, são entroncados por meio de equipamentos MUX/Rádio, podendo
cursar tráfegos de entrada, de saída ou bidirecional. O sentido do tráfego é programado via software. Nesses
juntores, o que muda é o processo de sinalização de linha que ocorre pelos fios E e M (sinalização E&M Contínua
ou Pulsada), e não pela corrente de loop. Nos juntores a 6 fios, os sinais de transmissão e recepção cursam caminhos
separados. A sinalização de registro é MFC e a híbrida deve converter o circuito de 2 para 4 fios.

218
Podemos ter ainda o juntor a 8 fios, que utiliza sinalização de linha R2 Digital. São utilizados um par de
fios para Tx, um para Rx e o restante é utilizado na sinalização de linha, que ocorre pelos fios E1, M1, E2, M2.
Um PABX interliga-se com uma central pública por meio de “linhas de tronco”. O circuito de tronco,
utilizado em PABX analógico de pequeno porte, funciona simulando um terminal telefônico capaz de executar as
seguintes funções:
- Detectar a corrente de toque (ring) para uma chamada de entrada;
- Promover a abertura e fechamento da corrente de loop para sinalizar atendimento ou processar discagens
decádicas;
- Efetuar o acoplamento de áudio e sinalização (acústica e DTMF para discagem por tom) entre a linha
externa e a matriz de comutação com conversão de duas para uma linha;
- Proteger os circuitos contra intempéries.
A figura seguinte mostra o circuito de um tronco simples de PABX, cujas partes denotam suas principais
funções.
- Acoplamento de áudio (híbrida);
- Circuito "fecha loop", simulando um indutor ativo;
- Silenciador para discagens decádicas;
- Detector de ring;
- Comando de atendimento e discagem decádica;
- Proteção deentrada.

A interligação de CPCTs tipo PABX, normalmente, em médias e grandes empresas, se faz por meio de
linhas denominadas “Tie-Line”, que é um tipo de entroncamento proprietário com algumas diferenças ou recursos
particulares. Tipos de Tie-Lie:
- Decádico a 4 fios: Utiliza dois fios para o caminho de áudio (a e b) e dois para a sinalização de linha
(E&M). É bidirecional, sendo o reconhecimento e o processamento das discagens realizados por meio dos fios E &
M respectivamente;.
- DTMF a 4 fios: É o tipo mais comum. A troca de sinalização de linha ocorre pelos fios E & M
(ocupação, atendimento e término) e o processamento de chamadas por meio de tons multifreqüenciais tipo DTMF;
- Digital: Utiliza acesso básico 2B+D ou acesso primário 30B+D, dependendo do porte do sistema.
Modos de operação do Tie-Lie:
- Direto: pormeio deplanosde numeração diferentes, como, porexemplo, 411.xxxx, 412.xxxx,etc.
- Indireto: por intermédio de uma determinada rota, a partir da qual, após o recebimento do novo tom de
discar proveniente do outro equipamento, enviam-se os dígitos do ramal destino.

219
220
13.7.6. Discagem Diretaa Rama(DDR)

Suponha uma ligação para um equipamento CPCT equipado com um tronco de PABX em nível de terminal
de assinante, como descrito anteriormente. A linha possui, portanto, um único número-chave.
O equipamento será capaz de receber chamadas, mas não identificará para quem se destina, sendo
necessário, portanto, um(a) atendente para receber e transferir as ligações.
O DDA é um equipamento que atende automaticamente a uma determinada chamada, emite uma
mensagem ao usuário, como "após o sinal disque o número do ramal desejado", reconhece o número do ramal e
transfere a ligação.
O DDR disponível em centrais com entroncamento à nível de juntor e opera em modo direto, em que o
assinante originador disca o prefixo da central e em seguida fornece os dígitos referente ao assinante destino (MCDU
- milhar, centena, dezena e unidade).

13.7.7. Geração e Detecção de Sinais (GDS)

O módulo GDS é responsável pela geração e detecção de todos os sinais envolvidos na troca de sinalização,
acústica e multifreqüencial, entre central/assinantes e central/central. Suas principais funções são discriminadas em
seguida:
- Geração de tons de 425Hz (sinalização acústica);
- Geração das 12 freqüências utilizadas na troca MFC (sinalização de registro);
- Geração das 8 freqüências utilizadas na troca DTMF (bina e tie-lie);
- Geração da freqüência de 12KHz para a tarifação de TPs;
- Música interna enviada durante a retenção de tranco e/ou ramais (PABX);
- Envio e detecção dos sinais MFC;
- Envio e detecção dos sinais DTMF;
- Detecção da sinalização acústica para juntor em nível de terminal ou tronco de PABX (referência para
discagem e tarifação temporizada);
221
- Gravação, armazenamento e reprodução de mensagens de serviço;
- Interface para música e/ou mensagens externas;
- Interface para a facilidade de busca pessoa e/ou som ambiente (PABX).

Os sinais podem ser gerados por circuitos osciladores ou geradores de ondas senoidais e ao serem enviados
são comutados às linhas de assinante ou tronco sob o comando do OC.

Durante a recepção, os sinais passam por filtros seletivos, "passa-faixa", e detectores digitais. Em seguida,
eles são decodificados em palavras binárias, de forma que possam ser lidas pelo OC.
Atualmente, temos componentes dedicados para função de geração, envio e detecção de sinais DTMF e
MCF (receptor DTMF MT8870C e o transceptor completo MT8889).

222
.
Alguns circuitos utilizam ainda processadores de sinais, gravação, armazenamento e
reprodução das mensagens.
13.7.8. Fontede Alimentação (FA)

O módulo FA é responsável pela alimentação do sistema. A fonte de uma central pública recebe
alimentação de –48V, proveniente de um sistema de energia, constituído por um retificador e um banco de baterias.
Dela, a fonte da central deriva todas as outras tensões de saída requeridas pelos diversos circuitos internos.
As CPCTs do tipo PABX possuem uma fonte de alimentação completa, dentro do próprio gabinete,
podendo ser interligadas diretamente à rede alternada de 110 ou 220Vac.
A tecnologia empregada, geralmente, envolve o projeto de fonte chaveada, com circuitos supervisores de
alimentação, protegendo escrita indevida na memória, quando a tensão atinge valores fora de faixa de operação dos
dispositivos. Antes que a tensão caia a zero, o microprocessador é informado por meio de uma interrupção de mais
alta ordem de prioridade, fazendo com que este execute uma sub-rotina de emergência de proteção do sistema.
Assim que a energia for restabelecida, um circuito denominado de “power-up” irá reiniciá-lo.

Tensão [V] Utilização


-48 Alimentação dos circuitos de assinantes e troncos
-12 Circuitos de interface de barramento e matrizes analógicas
-5 Alimentação dos circuitos digitais
Terra de Sinal (retorno ou referência)
Terra de proteção
+/-12 Interface serial RS232/C Modem
75Vac / 25Hz Gerador de toque de camp ainha (Ring)

A fonte deve fornecer ainda informações visuais e/ou sonoras sobre a integridade dos circuitos, como:
ligada/desligada, fusível(eis) queimado(s), falta de AC, baterias em carga ou flutuação etc.
Em Micro-PABX são aceitáveis alimentações positivas e alimentação de linha de assinante, entre 24 e 52V.

13.7.9. Composição da Estrutura

Após a montagem e testes, as placas são guiadas sob trilhos, em uma estrutura mecânica, até se encaixarem
numa placa comum a todas as outras, denominadas de “Motherboard ou Placa-mãe”. A Placa-mãe não possui
componentes, salvo os conectores, e sua função é interligar todos os módulos funcionais da unidade.
Uma unidade de comutação possui configuração limitada e definida em projeto. À estrutura mecânica que
acomoda e compõe uma unidade de comutação chamamos de “Sub-bastidor ou Gabinete”.
O exemplo de uma estrutura mecânica de uma unidade de comutação:
- Capacidade Máxima:
- 64 Terminais (assinantes ou ramais);
- 16 Enlaces Externos (juntores ou troncos e tie-lines);
- 16 Enlaces Internos.
- Configuração mínima:
- 16 Terminais (assinantes ou ramais);
- 8 Enlaces Externos (trocos ou juntores e tie-lines).
- Modularidade:
- 16 Terminais (assinantes ou ramais);
- 8 Enlaces Externos (trocos ou juntores e tie-lines).

223
Observe que o equipamento, em sua configuração máxima, foi dividido em quatro placas para interfac e de
assinantes, duas placas para interface de troncos e quatro placas (32 x 32) para composição da matriz de comutação
analógica.
Para centrais de maior porte, ou seja, centrais com grande número de terminais e troncos, utilizam-se vários
gabinetes, interligando as unidades entre si, de forma a obter a configuração desejada. Os gabinetes são montados,
geralmente, sob uma estrutura vertical, denominada de Bastidor. Essa hierarquia ainda pode crescer na horizontal,
formando uma estrutura denominada Multibastidor.
Cada unidade de comutação possui um OC independente, gerenciado por um microprocessador autônomo.
Dessa forma, temos um sistema Modular, implementado por uma filosofia de Processamento Distribuído, projetado
de tal forma a garantir flexibilidade plena a todos os assinantes.
O sistema modular permite dimensionar a configuração de acordo com as necessidades do cliente e, ainda,
prever expansões futuras. Traz também vantagens na implantação e manutenção do sistema, que na maioria das
vezes se resume na simples substituição de placa.
Os OC (CPU) são interligados via interface serial ou rede local (LAN). Uma das unidades deve funcionar
como unidade Mestre, de modo a manter a homogeneidade dos dados de configuração, entre as unidades, e
possibilitar o intercâmbio de informações entre a central e o equipamento OMS. Quando a unidade mestre, por
algum motivo, sair de operação, o sistema deve eleger, automaticamente, uma outra unidade para assumir a função
de mestre, até que esta se restabeleça.
Os juntores ou troncos podem ser de entrada, de saída ou bidirecionais, com entroncamentos analógicos ou
mesmo os digitais, embora a tecnologia de comutação seja analógica.
No entroncamento digital, entretanto, o módulo deve converter 30 enlaces analógicos em digitais e
multiplexar os 30 canais em um feixe PCM, inserindo informações de sinalização e sincronismo durante a
transmissão. Na recepção, o processo é o inverso, o módulo deve extrair a informação de sinalização e sincronismo,
mais os 30, seguindo pela demultiplexação e conversão D/A.
Processadores Regionais, Central e Redundância: como alternativa de projeto, alguns fabricantes adotam
sistemas modulares com filosofia de Processadores Regionais reportando-se a um Processador Central, trabalhando
em multiprocessamento (vários processadores). A estrutura mecânica segue a mesma filosofia de multibastidores.
Os processadores regionais controlam os Módulos de Periferia (interface de assinantes, troncos e matrizes
de comutação) em tempo real, com reserva ativa duplicada por motivo de segurança. A Redundância aumenta a
confiabilidade do sistema, prevalecendo o lema em que “O sistema não pode parar”.

13.8. Tecnologia de Centrais Telefônicas Digitais (CPA-T)

Na década de 60, as companhias telefônicas iniciaram estudos para facilitar e otimizar os entroncamentos
entre centrais.
Nos anos 80, o aumento de tráfego gerado pelas novas tecnologias disponíveis e pela conseqüente redução
das tarefas motivou o crescimento das contratações de novos serviços, incluindo, principalmente, comunicação de
dados.
O termo "T1" refere-se à transmissão digital sobre dois pares de fio, um para transmissão e outro para
recepção. É utilizado para transmissão de voz, dados e imagens, para pequenos, médios e grandes empreendimentos.
T1 é o padrão utilizado nos Estados Unidos, Canadá e Japão, e específica a utilização da técnica de Modulação por
Código de Pulsos (PCM) e Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM), com 24 canais a 64Kbps
(PCM-24), formando um sinal de banda básica com agregado de 1,544Mbps.
Os europeus desenvolveram uma tecnologia, paralelamente, denominada de "E1", baseadas no mesmo
princípio e com algumas diferenças básicas.
O padrão E1 especifica o PCM de primeira ordem, com 32 canais de 64Kbps, transmitido a uma taxa de
2,048Mbps. Dos 32 canais, 2 são utilizados para sinalização de serviço e sincronismo, o restante são informações de
voz/dados/imagens (30 canais). O padrão E1 foi adotado no Brasil.
À medida que os sistemas T1/E1 foram crescendo, simultaneamente, em importância e uso, foram criados
equipamentos de transmissão com maiores capacidades, dando origem a sistemas hierárquicos de segunda, terceira e
quarta ordens, de acordo com o padrão estabelecido.
Veja, na tabela, as características principais dos sistemas e a comparação entre eles:

Sistema Europeu Japonês Americano


Hierarquia Canais Taxa Canais Taxa Canais Taxa
1 30 2048 24 1544 24 1544
2 120 8448 96 6312 96 6312
3 480 34368 480 32064 672 44736
4 1920 139264 1440 97728 4032 274176
5 7680 565148 5760 397200

224
As amostragens de sinal devem ser a cada 125s por canal de voz. Isto implica em uma base de tempo com
uma freqüência de 8KHz.
Cada amostragem confere uma palavra de código PCM de 8 bits, que deve ser transmitida em série,
portanto a uma taxa de 64Kbps ( 8 bits x 8KHz). Para agrupar 32 canais em um único feixe PCM (padrão europeu),
devemos elevar essa taxa de transmissão a 2,048Mbps (32 canais x 64Kbps).
Na transmissão e recepção, são enviados e recebidos quadros consecutivos, sendo estabelecido um
empacotamento organizado, formado por quadros e mulltiquadro, a partir do qual o processo se repete.
De acordo com a padronização (G-704), a composição do feixe PCM de 2,048Mbps e a estrutura dos dados
ficam então definidas da seguinte maneira:

Os canais, também designados como Timeslot (TS) ou Intervalo de Tempo de Canal (IT), transportam
informações de VDI, sinalização e sincronismo. Veja em seguida a distribuição e ocupação dos intervalos de canais.
- Canais 1 a 15 e 17 a 31: transportam informações digitalizadas de voz, dados ou imagem (VDI).
- Canal 0: utilizado para sincronismo ou alinhamento de quadro e palavra de serviço, transmitidos
alternadamente da seguinte maneira:

- Canal 16: no primeiro quadro (Q1), o canal 16 é utilizado para alinhamento de multiquadro e alarme
remoto.

225
Nos quadros subseqüentes (Q2 ao Q16), o canal 16 pode ser utilizado para troca de sinalização de linha
associada a canal (E&M ou R2-Digital), Sinalização por Canal Comum (SCC) ou canal de dados, se for utilizado o
sistema de sinalização por canal comum.

Para a sinalização E&M, são utilizados os bits 2 ou 6 do canal de transmissão, para sinalização do fio M, e
os mesmos bits na recepção para sinalização do fio E. A presença do terra no fio E ou M é convencionada como
nível lógico 1 e a ausência, como nível 0.
Para o protocolo R2-Digital, os sinais af, bf, ab e bb correspondem aos bits 1, 2, 5 e 6 respectivamente. Na
sinalização de registro, os sinais multifreqüenciais são inseridos nos próprios canais de voz (áudio), assim como a
sinalização acústica (425Hz), que passam pelo mesmo processo de digitalização, antes de serem transmitidos.
Sabemos que a tecnologia de uma central digital envolve comutação temporal (PCM - TDM) e espacial.
Seguindo essa tendência, os grandes fabricantes de componentes eletrônicos investiram no desenvolvimento de
dispositivos com interfaces seriais, compatíveis com a codificação PCM.
Assim como as matrizes digitais, os dispositivos de interface de linha e tronco utilizam, igualmente, entrada
e saídas seriais do tipo PCM. Portanto, os circuitos internos de um sistema de comutação digital estão todos
centrados nessa estrutura de barramento.
Com o que já foi apresentado, até então, podemos apontar algumas das principais vantagens dos sistemas
digitais, comparados aos sistemas analógicos:
- A confiabilidade e eficiência na multiplexação digital (MUX TDM);
- Capacidade de integração de VDI com Integração da Rede e Serviços (RDSI);
- Padronização na interface entre módulos e circuitos integrados dedicados, com interfaces seriais PCM de
alta velocidade;
- Redução do número de componentes e módulos fundamentais, possibilitando a compactação dos
equipamentos;
- Diminuição do consumo, exigindo menores sistemas de energia;
- Facilidades de implantação, manutenção e monitoração de performance;
- Facilidade de encriptação;
- Redução de custos em quase todos os aspectos.
Considerando as desvantagens, que são poucas, como, por exemplo, a exigência de maior largura de banda
e sistemas de sincronismo complexos e de grande precisão, elas são compensadas pelos outros fatores que são muito
mais relevantes.

13.8.1. Estrutura Básica de uma Unidadede Comutação Digital

Podemos representar uma unidade de comutação genérica para uma central CPA-T, e seus órgãos
funcionais, por meio do diagrama em blocos seguinte. Os módulos principais são:
- OC – Órgão de Controle
- CAD– Circuito de Assinante Digital
- MTL – Robô de Teste de Linha
- MPS – Módulo de Processamento de Sinais
- FA – Fonte de Alimentação
- CJD – Circuito de Juntor Digital
- MCD – Matriz de comunicação Digital
Os módulos CAD e CJD são específicos para as centrais de comutação digital (CPA-T), embora possamos
ter entroncamentos digitais em centrais analógicas (CPA-E), e entroncamentos analógicos em centrais digitais. As
interfaces de linhas digitais incluem circuitos para usuários analógicos, digitais ou RDSI.

226
MCD
L
T
L
A
CAD CJD L
T
L
A

RTL

MPS OC Software FA

13.8.2. Matrizde Comutação Digital(MCD)

Assim como as matrizes analógicas, as matrizes digitais são fornecidas sob a forma de circuitos integrados
dedicados, e desenvolvidos para chaveamento de VDI, por codificação PCM, sob controle de microprocessad or,
para aplicações em PABX, centrais públicas ou equipamentos multiplex.
A capacidade total da matriz é dada em canais e a tecnologia digital utiliza a estrutura Espaço - Temporal
(TST). Exemplos de alguns modelos de CIs:

Modelo Canais PCM Encapsulamento Denominação Fabricante


MT 8982 64x64 2x2 16 DIL ou 16 SOIC SDS MITEL
MT 8981 128x128 4x4 40 DIP ou 44 PLCC DX MITEL
MT 8980 256x256 8x8 40 DIP ou 44 PLCC DX MITEL
M3488 256x256 8x8 40 DIP ou 44 PQFP DX SGS-THOMSON
PEB 2046 256x256 8x8 40 DIP ou 44 PLCC MTSS SIEMENS

Como pode ser observado, uma das grandes vantagens dos sistemas digitais está no módulo de comutação,
que apresenta um alto grau de integração e compactação, reduzindo o número de módulos, o tamanho do
equipamento e, conseqüentemente, os custos, além de facilitar a manutenção e a monitoração de performance do
sistema . Compare um único CI DX com uma matriz de comutação analógica.
Os exemplos acima são considerados de matrizes digitais de pequeno e médio portes (Small Digital Switch
ou Memory Time Small Switch). Os CIs MT90820 (Large Digital Switch – LDS) e PEB2447 (Memory Time
Switch eXtended Large – MTSXL) possuem capacidade para 2048x2048 canais.
Tomemos o CI MT8980, como exemplo. Internamente, existem duas memórias denominadas de Memórias
de Dados ou voz (DM) e Memória de Conexão ou Controle (CM).
Os dados seriais de 8 bits de cada quadro PCM de entrada são convertidos em dados paralelos e
armazenados na memória de dados (DM) de 32 bytes, associada a cada feixe.
A memória de conexão (CM), de cada feixe, consiste de 32 palavras de 11 bits e mantém a correspondência
entre os sinais de entrada e saída. Os três bits de mais alta ordem são usados para controle de canal.

227
Há dois modos de operação, a saber: Comutação e Mensagem. No modo Comutação, o valor da memória
de conexão baixa (CM–Low) é usado como um ponteiro para memória de dados (DM) para o canal entrante. Nesse
modo, a matriz chaveia automaticamente o dado de entrada para o canal de saída específico, associado à CM–Low.
Os dados de saída são novamente convertidos no formato serial PCM.

No modo Mensagem, o valor do byte CM–Low é enviado ao canal de saída correspondente após a leitura e
interpretação do dado de entrada pelo microprocessador.

228
O modo mensagem é utilizado para funções de controle de dispositivos seriais e comunicações entre
processadores, comunicação interchip, facilitando o desenvolvimento de sistemas de comutação com arquitetura de
processamento distribuído ou com multiprocessadores.

229
A matriz digital possui interface paralela para comunicação com microprocessadores de oito bits e um
Registro de Controle (CR) utilizado para seleção de número de feixe, tipo de memória (DM ou CM) para operações
de leitura ou escrita de canal e modo de operação. O microprocessador não pode ter acesso de escrita na DM.
As principais operações de controle realizadas pelo microprocessador são:
- Conexão ou desconexão decanal;
- Carga ou inserção de um byte no canal de saída PCM;
- Amostragem de um simples canal PCM;
- Leitura de uma palavra de controle de canal e sinalização;
- Transferência de \ para registro de controle.

As funções dos bits utilizados nas operações de controle entre o processador e memória são descritivas em seguid a.

230
Mapa de Endereçamento (barramento de endereços do CI):

A5 A4 A3 A2 A1 A0 HEX ADDRESS LOCATION


0 X X X X X 00 – 1F Control Register
1 0 0 0 0 0 20 Channel 0
1 0 0 0 0 0 21 Channel 1
• • • • • • • •
• • • • • • • •
• • • • • • • •
1 1 1 1 1 1 3F Channel 31

A figura seguinte proporciona uma visão espacial da matriz digital e sua organização interna.

As matrizes digitais trabalham apenas com sinais digitais, portanto utilizam alimentação única de 5V com
tecnologia avançada CMOS de baixo consumo, devendo manter compatibilidade com os níveis de sinais de controle
TTL e CMOS.

231
Necessitam de um sinal de relógio para a taxa de transmissão de bit de 2,048MHz (C4) e um sinal de
alinhamento de quadro de 8KHz (FO) (125s).

13.8.3. Expansão de Matrizes Digitais

A expansão de matrizes Digitais é análoga à expansão de matrizes analógicas, utilizando-se de associações


de DX e lógica discreta ou programável para decodificação de endereços e seleção de chip (CS).
Seguem três exemplos de expansão de matrizes digitais. O primeiro mostra um simples estágio, com 16
dispositivos, numa configuração de 32x32. Seguindo o mesmo raciocínio, apresentamos, também, um arranjo de
2048 links ou 65536 canais.

232
É bom lembrar que os sinais de voz para os sistemas digitais cursam caminhos separados. Logo, um
sistema de comutação digital tem que ter um arranjo duplicado (ou dividido) para a transmissão e a recepção.

233
13.8.4. Circuitode Assinante Digital(CAD)

A tecnologia digital introduzir um novo elemento as SLIC, capaz de interface usuários analógicos a
sistemas de comutação digital. Esse elemento, denominado COMBO, é um dispositivo dedicado de alta performance
(chip) com funções analógicas e digitais complexas.
- COMBO (CODEC+Filtros): trata-se de um subsistema composto por conversores analógicos/digital e
digital/analógico com codificação e decodificação PCM–CODEC, amplificador com ajuste de ganho de entrada,
filtro ativo passa-baixa, para eliminar os ruídos de alta freqüência, e filtro passa-faixa por capacitor-chaveado, que
rejeita sinais abaixo de 300Hz e acima de 3.400Hz.
Como exemplo de COMBO, mais comumente utilizado no mercado nacional, podemos citar o CI TP3057 e
o ETC5057.

No SLIC, a híbrida eletrônica separa de transmissão (Tx) e de recepção (Rx), utilizando conversão de 2
para 4 fios, que passam a cursar caminhos diferentes.
O sinal de transmissão, ao entrar no COMBO, passa por um amplificador operacional, cujo o ganho é
obtido pela seguinte equação:
Ganho (Tx) = 20 log (R1+R2) / R2
Em que: (R1+R2)> 10KÙ
O sinal analógico de transmissão é amostrado a cada 125µs. Após digitalização, cada sinal irá ocupar um
canal (TimeSlot) do quadro PCM, a ser designado no momento oportuno da comutação pela entrada TA (TimeSlot
Assignment Circuit).
A entrada CK (Clock) fornece a base de tempo de 2,048Mbps para deslocamento da palavra de 8 bits, em
código PCM, por meio da saída TxD, o que corresponde à informação de transmissão digitalizada em série. A
entrada FS (Frame Syncrhonism) é utilizada para sincronismo de quadro (8KHz).
As palavras PCM, de cada circuito, dentre 32 canais, são então agrupadas de forma serial, formando um
enlace PCM (Link Digital), e finalmente enviado à entrada da matriz de comutação digital (TxD).
Na recepção, o processo é o inverso. A informação digital (recepção) chega pela entrada RxD, à velocidade
de 2,048Mbps, sendo convertida na forma paralela e, em seguida, na forma analógica. A figura seguinte ilustra o
diagrama de tempo simplificado dos sinais de controle, sincronismo e dados envolvidos.

234
Geralmente, a alimentação do COMBO é simétrica, +5 e –5V, com terra de referência separada em
analógico (GNA) e digital (GND).
A parte analógica possui ajustes de ganho e de Trans-híbrida, circuito responsável pelo cancelamento do
sinal de transmissão que tende a retornar pelo canal analógico adjacente.
Atualmente, está disponível a família COMBO II de Segunda geração (T3007x ou TS5007x). Eles são
programáveis via software, por meio de interface serial padrão com microprocessador, com aplicações como
interface de linha de assinante, RDSI e telefone digital. Incorporam funções programáveis como:
- Ajuste de ganho ou atenuação para Tx e Rx, em passos de 0,1dB;
- Designação de Intervalo de Canal (TA);
- Filtro consistente para balanceamento da híbrida eletrônica;
- Escolha da lei A (PCM-30) ou lei µ (PCM-24);
- Teste por realimentação analógica ou digital (loopback);
- Pinos de entradas/saídas de propósito geral, configuráveis;
- Controle de modo “power-up/down” (ativo/desativo).

No exemplo, temos quatro linhas utilizadas na comunicação com o OC, que ocorre de maneira serial
síncrona. Duas são entrada e saída de dados seriais CO e CI (Control Data I/O), a terceira é a seleção de chip CS e a
última CK, a base de tempo de sincronis mo que desloca a informação para dentro ou para fora do dispositivo.
As linhas de entrada/saída são utilizadas para controle de estados dos ramais, como estado de loop,
comando de ring, inversão de polaridade e outros (detecção e/ou atuação).
Certamente, a função mais complexa introduzida no COMBO II é o circuito de balanceamento da híbrida
para o cancelamento de eco (trans-híbrida), designado para atender às especificações internacionais, não somente em
loops locais, mas também em circuitos de serviços especiais e interface de tronco.
Para entender melhor a importância desse circuito, veja a figura seguinte que ilustra um simples link entre
dois assinantes e duas centrais. Repare a imperfeição dos circuitos (analógicos) na separação dos sinais, em que uma
porção do sinal tende a retornar pelo canal adjacente.

235
Para uma melhor performance do circuito de voz, esse sinal de eco deve ser cancelado. Isso é conseguido
por meio de um amplificador diferencial, em que uma amostra do sinal é invertida, atenuada e somada ao sinal
original.
Os circuitos tradicionais utilizam uma malha RC externa, enquanto no COMBO II é possível programar a
habilitação, a inversão de fase e a atenuação do sinal amostrado, sem necessidade de componentes externos,
independente de SLIC com híbrida a transformador ou eletrônica. A performance do filtro para cancelamento no
COMBO II é consideravelmente melhor do que a obtida com malha RC.
- CODEC de Dados: trata-se de um codificador e decodificador de dados de baixa velocidade de e para
54/64Kbps, utilizando técnica TEM (Transition Encoded Modulation), compatível com os canais de voz PCM, no
formato padrão (ST-Bus).
O CODEC de dados é um dispositivo transparente, utilizado para transmissão de dados na faixa de
MODEMs analógicos, e pode funcionar em paralelo com o CODEC de voz. Enquanto o CODEC de voz converte
sinais analógicos em formato PCM e vice-versa, o CODEC de dados faz a conversão dos dados em baixa
velocidade.
A informação no formato PCM pode ser comutada via matriz de comutação digital para qualquer outra
interface, transmitida por intermédio de uma linha apropriada para o destino remoto.
O sinal é regenerado por outro CODEC no outro extremo, por um equipamento remoto, que pode ser parte
de uma LAN ou via entroncamento digital com interfaces do tipo T1 ou E1.
A interface fica simplificada para o padrão RS232. Os níveis do sinal de transmissão são convertidos em
níveis TTL, antes de entrar no CODEC, em seguida, no formato PCM e, então, transmitido via barramento PCM em
um intervalo de canal designado pelo sistema. O processo é inverso para o sinal de recepção.

Um cartão com vários circuitos de assinantes para um sistema de processamento distribuído é representado
pela figura seguinte. O processador local pode ser um microcontrolador destinado ao gerenciamento e controle de
um único cartão com até 32 circuitos.
O circuito que faz a interface entre o processador local e os outros dispositivos do cartão, e que usa
barramento PCB, é denominado de TSAC (TimeSlot Assignment Circuit) ou DLIC (Digital Line Interface Circ uit).
Ele contém dois barramentos PCM, o primeiro é para o transporte de voz, dados e sinalização, entre o CODEC e a
saída serial, operando com o relógio mestre.
O segundo barramento é usado exclusivamente pelo processador local, por meio do qual o process ador
apaga e carrega o mapa de “Intervalo de Canal”, recebe e envia informações de controle e sinalização de e para
qualquer dispositivo, inclusive com o processador central do sistema.

236
Os circuitos anteriores são considerados interfaces para usuários analógicos. No entanto, podemos ter
assinantes digitais a 64Kbps, irrestritos, e comutados, acessados por MODEM digital, e interfaces para RDSI, acesso
básico (2B+D) ou acesso primário (30B+D).

13.8.5. Circuito de Juntor Digital(CJD)

Os juntores digitais são responsáveis pelos entroncamentos, locais ou remotos, entre duas centrais públicas,
via enlaces digitais PCM, cujas interligações podem ser por par trançado, cabos coaxiais ou fibra ótica, dependendo
da hierarquia do sistema e da situação operacional.
Para sistemas remotos é utilizado multiplex/rádio digital ou equipamento óptico. Podemos citar alguns
equipamentos de transmissão, como o MCP30B, que é um MUX digital de primeira ordem (2,048Mbps); o MUX de
segunda ordem MCP120B (8Mbps), capaz de agregar em um único canal, as informações transportadas por quatro
sistemas tributários MCP30 (120 canais); e o MCP480B, de terceira ordem, para canais a 34Mbps.
O ELO-34transmite em meios ópticos, sinais oriundos do MCP480, a velocidade de 34Mbps, com código
delinha HDB3.

Sistemas de rádio digital trabalham com enlaces de 3 a 30GHz, sendo adotados e bem-sucedidos, no Brasil,
enlaces entre 15 e 18GHz, para faixa de transmissão de 2 a 16Mbps e distâncias de 20 a 30km.

237
Funções do Juntor Digital:
a) Sentido de Transmissão:
- Formação do quadro PCM com 30 canais de voz, mais 2 canais para sinalização, sincronismo e alarmes,
em um único feixe E1 - PCM 30 (Brasil), constituindo o MUX digital de primeira ordem;
- Inserção das palavras de alinhamento de quadro e multiquadro;
- Inserção de palavras de serviço, sinalizações e alarmes;
- Codificação dos sinais de transmissão (unipolar/bipolar) por meio de códigos de linha, como o AMI ou
HDB3 para interface elétrica ou óptica;
- Acoplamento e driver do sinal de saída ao equipamento de transmissão;
- Ajuste do nível de transmissão via software.
b) Sentido daRecepção:
- Detecção do sinal de linha e taxa de erros para geração de alarmes;
- Detecção das palavras de sincronismo de alinhamento de quadro e multiquadro;
- Detecção das palavras de serviço, sinalizações e alarmes;
- Extração do sinal de relógio de 2,048MHz, de modo a obter um sinal de referência externa, usado para
gerar sinais de controle de recepção e sincronismo do relógio de transmissão;
- Decodificação dos sinais de transmissão (bipolar/unipolar);
- Desacoplamento do sinal proveniente do equipamento de transmissão;
- Ajuste do nível de recepção via software;
- Supervisão do sinal de entrada, a fim de detectar problemas de escorregamento, falha de sinal ou falta de
sincronismo.
c) Outros:
- Seleção de sentido do tráfego (entrada, saída ou bidirecional) e protocolo de sinalização, via software;
- Sinalização externa de alarmes, com indicação visual de bloqueio, ocupação, falta de sincronis mo e
escorregamento de sinal;
- Interface com o órgão de controle.
O CJD constituiu-se, basicamente, de um controlador E1/T1, destinado ao empacotamento e separação da
mensagem que sai e que entra, respectivamente, sob gerenciamento do OC, por meio de interface serial ou paralela e
uma unidade de interface de linha (Line Interface Unit - LIU), responsável pela extração de relógio, codificação e
decodificação dos sinais externos.

Tomemos como exemplo o par de Circuitos Integrados MT9079 e MT89793.


O MT9079 é um subsistema com interface e controlador de link avançado E1 (PCM -30/2,048Mbps).
Permite interface com o OC de forma paralela, serial ou ST-Bus. Possui altíssima performance de monitoração e
diagnósticos de erros, bem como extensivos recursos para o tratamento de alarmes.

O MT89793 é um LIU que incorpora todos os componentes analógicos necessários para realizar uma
completa interface com a terminação E1. Inclui extrator de clock, line driver/receiver, transformadores de pulso e
resistores de 75 ou 120Ù, selecionado por hardware, para casamento de impedância. Não requer nenhum
componente externo e nem sinal de sincronismo, uma vez que extrai a referência do sinal de recepção. Apenas a
alimentação de 5V e dispositivos de proteção são necessários.

238
13.8.6. Sistemas de Realimentação de Fase(Phase Locked Loop - PLL)

São circuitos geradores de forma de onda, cuja saída possui uma relação fixa de fase com um sinal de
referência na entrada.
Basicamente, um PLL é constituído por um Oscilador controlado por tensão (VCO), um Comparador de
Fase para medir a diferença de fase entre o sinal de saída do VCO e o sinal de referência, e um Filtro RC, que gera
um sinal de erro usado como tensão de controle do VCO.
O circuito é projetado de forma que, se o sinal de saída começar a se mover em relação ao sinal de entrada,
a tensão de erro muda, a fim de modificar a freqüência do VCO e restabelecer a condição de "fase amarrada".

239
- Códigos de Linha (Banda Base): a codificação dos sinais digitais para os circuitos de linha é necessária
para diminuir os efeitos da linha de transmissão, distorção e degradação, sobre o sinal digital. O objetivo é eliminar
as componentes DC e melhorar a recuperação do sinal.
Dentre os códigos de linha mais comuns, podemos cit ar o AMI, Bifase, B8RZ, HDB3, MDB, NRZ, RZ,
2B1Q, 3B2T, 4B3T. Para linhas de junção especificamente utilizam-se o NRZ, o AMI e o HDB3.
A forma mais simples de codificar uma informação é por meio de código binário, eletricamente
denominado de código unipolar, em que os dois dígitos binários são representados por dois níveis de tensão.
Exemplo: 0 e 5V.
- Non Return-to-Zero (NRZ): trata-se de uma forma mais eficiente de codificar uma informação binária
em linha de transmissão, promovendo balanceamento de linha e redução no consumo de energia.
Entretanto, as longas seqüências de uns e zeros provocam a perda de sincronismo.

- Alternate Mark Inversion (AMI): é um código bipolar projetado para eliminar as componentes DC do
sinal. Sucessivos "1" (Mark) são normalmente alternados, em polaridades (+/-) e mesma amplitude, enquanto o "0"
(Espaço) permanece com magnitude igual a zero. O resultado é um nível médio de tensão igual a zero volt, porém o
problema continua com as longas seqüências de zero.

- High Density Bipolar – 3 (HDB-3): utiliza um recurso denominado "violação forçada". Na seqüência de
quatro ou mais zeros consecutivos, pulsos de violação são introduzido no sinal, quebrando a rotina de zeros. Essa
violação de bits é arranjada para formar um tipo de código AMI modificado.
O HDB3 é usado em entroncamentos digitais, nos enlaces PCM de primeira ordem E1/T1, ou acesso
primário para RDSI, em interfaces S1 ou S2.

240
Se a cadência escrita for maior do que a de leitura, haverá perda de informação; se for o contrário, poderá
ocorrer uma dupla leitura da mesma informação. Fenômeno este denominado de Escorregamento.
Se houver perda ou ganho de uma ou mais posições de bits, ou um conjunto consecutivo de bits, em um
sinal digital, resultando em uma anomalia no processo de temporização, associada à transmissão ou comutação do
sinal digital, corresponde a um escorregamento não controlado. O tamanho ou o instante da perda ou gan ho não são
controlados.
A ocorrência no terminal de recepção, de uma replicação ou supressão de todos os bits de um quadro
inteiro, corresponde a um escorregamento controlado. O dispositivo possui recursos para gerenciamento de
escorregamento.
O controlador E1 possui buffer para recepção de dois quadros PCM (60 canais), que absorve o desvio de
fase e o Jitter de baixa freqüência. Trata-se de uma pequena memória com dois barramentos independentes, sendo
um para escrita e outro para leitura.
Os dados PCM-30 são chaveados para dentro do buffer com referência ao clock E2i, e para com referência
ao clock E2i é extraído do próprio sinal de recepção e o clock C4i vem do gerador interno, pertinente à central que
recebe o sinal.
O controlador pode funcionar em modo mestre, escravo ou independentemente. Em operação normal, isto
é, em aplicações com equipamentos do tipo PABX ou onde a central trabalha como escravo, o clock E2i está
amarrado ao clock C4i por um PLL. Logo, os dados de recepção estão em fase com o clock externo (central
distante) e as posições escrita e leitura do buffer elástico estarão sincronizadas.
Quando C4i e E2i não estão amarrados, a taxa com a qual os dados estão sendo escritos no buffer pode ser
diferente da taxa de leitura. Se esta situação persiste, o estado limite do atraso será violado, que é de 26 canais, e o
buffer realizará um "escorregando controlado".
A rede digital tem função básica de transporte de bits contendo informações de usuários, sinalização e
controle. Os circuitos de ponta utilizam processadores especializados de telecomunicações, trabalhando num ritmo
de funcionamento demarcado por um relógio interno.
O sincronismo é o modo de transmissão em que o envio e a recepção do sinais entre equipamentos
terminais ocorrem na mesma velocidade e são mantidos a uma relação de fase desejada por uma medida apropriada.
Devido a fatores externos e imperfeições na construção dos relógios, a cadência de leitura do sinal de
recepção pode sofrer desvio ao longo do tempo, com relação à cadência de escrita do sinal de transmissão.

Os parâmetros físicos de uma linha de transmissão, assim como os distúrbios elétricos externos, podem
provocar distorções no sinal digital de recepção, resultando em pequenas variações entre o instante significativo do
sinal e a sua posição original.
Os sinais podem sofrer variações de amplitude, tempo, freqüência ou fase, e são capazes de causar erros na
transmissão de dados, particularmente em alta velocidade. O resultado da instabilidade do sinal na linha do relógio é
referido como JITTER.

241
As soluções propostas e aplicáveis para resolver problemas de sincronismo são:
- Alta precisão dos relógios internos;
- Aumento da memória elástica;
- Sincronismo da rede.
No primeiro caso, quanto maior for a precisão dos relógios internos, maior será o custo e a complexidade
dos circuitos. Precisão da ordem de 10 -11 é requerida para centrais de trânsito internacional.
O aumento da memória elástica com o afastamento dos ponteiros de leitura e escrita pode absorver as
pequenas variações (jitter) ocasionadas por interferências externas. Entretanto, o atraso máximo permitido em
entroncamentos com PCM de 32 canais está limitado a dois quadros PCM, ou seja, 512 bits.
A sincronização da rede pode utilizar uma fonte de referência externa ou a própria cadência de sinais
recebidos nos enlaces.
Podemos destacar dois métodos básicos de sincronismo em uma rede de telecomunicações: Mestre -Escravo
e Mútuo.
No método Mestre-escravo, de implementação mais simples, a central de maior hierarquia na rede é eleita
como mestre. As demais centrais tomam o relógio da mestre como referência.
A fim de evitar perda de sincronismo em grandes trechos da rede quando um enlace falhar, são utilizadas
rotas alternativas de extração de relógio baseadas em uma tabela hierárquica programada. Os relógios são mais
precisos nas centrais de mais alta hierarquia, de modo a garantir maior confiabilidade ao sistema.
Uma central digital com processamento distribuído (modular), possui mais de um relógio interno. Um é
eleito como mestre. Se este falhar, o segundo é eleito e assim sucessivamente. Tão logo o relógio em falha volte a
funcionar, ele assume novamente a condição de mestre.
As unidades devem receber os sinais de todos os relógios internos da central, que são distribuídos aos
módulos por meio de cabos coaxiais. Um circuito denominado de votador de maioria é que determina o relógio
mestre.
Quando a central é conectada a uma referência externa de sincronismo, ela inicia automaticamente o
processo de recuperação de relógio.
Diz-se que uma central funciona no modo plesiócrono quando ela utiliza apenas o seu relógio interno, sem
referência externa de sincronismo. Para ter uma idéia de erro, consideremos duas centrais funcionando no modo
plesiócrono e com memória elástica de dois quadros. Pode ocorrer escorregamento nas seguintes condições:

Precisão do Relógio Escorregamento


10-11 144,7 dias
10-10 14,7 dias
10-9 34,7 horas
10-8 3,4 horas
10-7 20,8 minutos
10-6 2,0 minutos
10-5 12,4 segundos

Do ponto de vista de serviços afetados, o sinal de voz admite um escorregamento a cada três segundos.
Maior tolerância que o sinal de dados a 64Kbps irrestrito que requer qualidade melhor do que 10 -6, ou seja, um
escorregamento a cada dois minutos.
- Single Chip Transceiver E1: solução mais avançada para interfaceamento de linhas E1/T1 utiliza
tecnologia combinada "controlador + LIU" encapsulado em um único circuito integrado. Como exemplo, temos o CI
MT9075 e o DS215x.
- Interface entre Sistemas E1 e T1: utilizam memória elástica que absorve a freqüência e fase entre
diferentes relógios e convertem a taxa E1/T1 e vice-versa. Exemplo: DS2175-2Q Elastic Store.
Os fabricantes têm investido na tecnologia de interfaces E1/T1, de forma a torná-las ideais para uma grande
variedade de aplicações, como:
- Entroncamento entre centrais de serviço (Central Office) - CO x CO;
- Entroncamento entre centrais de serviço e privadas - CO x PABX;
- Interface para acesso primário em RDSI (nó);
- Sistemas de conexão digital - redes DAC (Digital Access Cross-Connect);
- Link de alta velocidade para computadores;
- Interface para equipamentos de teste;
- Interface para satélites;
- Mux E1.

242
13.8.7. Entroncamento com Central Analógica

A central digital é o resultado da evolução dos sistemas de comutação. No entanto, o número de centrais
analógicas implantadas na rede nacional de telecomunicações ainda é grande.
As centrais analógicas eletrônicas funcionam muito bem para comutação de voz e mesmo de dados, com
menos recursos, é claro, mas atendendo, satisfatoriamente e de forma transparente para o usuário, a maior parte das
aplicações, principalmente em pequenos centros urbanos. Portanto, elas devem permanecer no mercado, ainda, por
um bom tempo e, obviamente, não justifica a substituição integral e imediata de todas as centrais analógicas do país.
O aumento da demanda do número de assinantes implicará na implantação de um grande número de
centrais. Embora as recomendações sejam que todas as centrais, doravante adquiridas, sejam digitais, há uma
tendência de que as novas centrais digitais devam ser instaladas nos centros maiores, em substituição às centrais
analógicas, que deverão ser remanejadas para pequenos municípios no interior dos estados.
Com isso, as centrais digitais têm que manter compatibilidade e funcionar em perfeita harmonia com
centrais analógicas. Existem duas formas de uma central digital entroncar com uma central analógica:
- Entroncamento Analógico: Central Digital com Juntor Analógico;
- Entroncamento Digital:Central Analógica com Juntor Digital.
O entroncamento analógico pode ser a 2 fios, de saída, com sinalização de linha por corrente contínua ou
em nível de terminal de assinante; ou a 6 fios, com sinalização E&M pulsada ou contínua, ou ainda a 7 fios para
aplicações via satélite.
Semelhante à interface de linha, cada circuito de juntor utiliza um COMBO para filtragem e conversão A/D
e D/A, e interface analógica com as funções de juntores analógicos.
No juntor a 6 fios, não há a necessidade de híbrida, uma vez que os sinais são transmitidos e recebidos
separadamente (4 fios). A interface do COMBO com a linha externa é feita por um circuito, com amplificador
operacional, que permite o controle de atenuação e casamento de impediência, um transformador de pulso para o
isolamento galvânico e acoplamento do sinal e proteção para cada canal de transmissão (Tx e Rx).
O sentido de tráfego (entrada, saída ou bidirecional), o tipo de sinalização (pulsada ou contínua) e o ajuste
do nível de atenuação são controlados por software.

243
No caso de Entroncamento Digital a partir da Central Analógica os sinais vêm da matriz de comutação
analógica e passam por uma híbrida eletrônica, de forma a separar os sinais de transmissão e de recepção, antes do
tratamento pelo COMBO. Cada enlace da matriz destinado à função de juntor constitui um canal que será agrupado
com outros canais para formar um quadro PCM-30.
O barramento serial PCM será então enviado para uma matriz DX ou diretamente à entrada do controlador
E1/T1. A partir daí, o circuito comporta-se como o juntor digital descrito anteriormente. Na recepção, o processo é o
inverso, visto que existem dois barramentos digitais para cada módulo de juntor (ST -Bus), sendo um para Tx e outro
para Rx.

- Adaptive Differential PCM (ADPCM): é um dispositivo capaz de codificar e decodificar um ou mais


canais, ou mesmo um quadro PCM, por meio de técnica de compressão de dados, em que por um lado, os octetos
podem ser comprimidos em palavras ADPCM são expandidas aos octetos a 64Kbps, permitindo assim aumentar a
capacidade dos sistemas de transmissão.
Para uma taxa de transmissão de 32Kbps, o sistema dobra de capacidade (razão 2/1). No caso do sistema
E1, o feixe passa a transportar 60 canais de voz digitalizadas, por meio de alguns módulos com algoritmos de
compressão por diferenciação adaptativa.
Neste caso, o sistema de transcodificação reduz o número de níveis de quantização para 16 níveis. O
processo baseia-se na subtração de um valor previsto por um valor atual, permitindo a representação de cada valor
amostrado por uma palavra binária de 4 bits. Após a transmissão, o sinal é reconstituído pelo acréscimo da diferença
do valor previsto, que é conhecido também pelo receptor.
O sinal de voz não muda significativamente entre uma amostragem e outra, portanto a diferença entre o
valor real e o valor previsto é muito pequena, sendo suficiente e precisa a representação binária de 4 bits.
O ADPCM pode ser utilizado em interfaces de assinantes, troncos e RDSI, com aplicações principalmente
em ganho de par, sistemas de correio de voz, sistemas de telefone sem fio, etc.

13.8.8. Módulode Processamentode Sinais (MPS)

O módulo de processamento de sinais (TMS320, por exemplo) é responsável pela troca de sinalização da
central com os assinantes ou entre centrais, por intermédio das linhas de junções.
A interface com a matriz digital ocorre diretamente pelo barramento PCM.

244
As funções adicionais, com relação ao módulo de Geração e Detecção de Sinais, em centrais analógicas,
são:
- Envio e recepção de sinais DTMF;
- Envio e recepção de sinais MFC;
- Atendedores digitais e/ou interface para máquina anunciadora;
- Gravação e reprodução de mensagens com circuitos digitais;
- Interface para MODEM interno (placa CPU);
- Geração e envio de música externa / interna sintetizada;
- Conferência entre interlocutores.
Um único enlace PCM de entrada e mais um de saída podem ser suficientes para o intercâmbio de
sinalização em uma unidade básica de comutação. Atribuindo uma função para cada canal, teríamos 32 funçõe s de
recepção simultaneamente. Como exemplo, veja a distribuição de um quadro destinado ao envio de sinalização.

DTMF01 DTMF02 DTMF03 DTMF04 DTMF05 DTMF06 DTMF07 DTMF08 DTMF09 DTMF10
DTMF11 DTMF12 MF01 MF02 MF03 MF04 MF05 MF06 MF07 MF08
MF09 MF10 MF11 MF12 425Hz 425Hz 425Hz Mensagem 1600Hz Modem
12KHz 12KHz

Obviamente, os canais não precisam ser prefixados, como no exemplo. Eles são tomados à medida que são
solicitados, em função do tráfego e da tarefa mais requisitada.
Durante o envio, os sinais analógicos devem, primeiro, ser codificados para digital (A/D), e então ser
designados para ocupar um intervalo de canal. Na recepção, o sinal chega em um canal predeterminado. Depois de
sua conversão D/A, ela será codificado em uma palavra binária, pelo dispositivo apropriado, para poder ser
interpretado pelo OC. Veja as etapas e sinais envolvidos na emissão e recepção de sinais DTMF.

Abaixo, temos um exemplo de conexão com dispositivos analógicos e, em seguida, um exemplo de


conexão com um dispositivo trocador MF com barramento PCM.

245
13.8.9. Fontede Alimentação (FA)

A fonte de alimentação é responsável por gerar as tensões necessárias ao funcionamento dos diversos
circuitos do sistema. A matriz digital necessita de alimentação simples de 5V, enquanto o COMBO utiliza
alimentação simétrica de +/- 5V para a parte analógica.

13.8.10. Órgão de Controle (OC)

Considerando que apenas 20% do tempo de desenvolvimento de uma central telefônica é dedicado ao
projeto de hardware, a maior parte do tempo se deve ao desenvolvimento de software. Neste caso, o hardware
permanece o mesmo, enquanto o software é alterado.
O Órgão de Controle principal continua sendo um "microcomputador" com software específico, destinado
ao gerenciamento de processos de telecomunicações em centrais digitais. Lembre-se, o hardware é universal,
enquanto o software é específico.
Os microcomputadores evoluem, acompanhando a evolução do setor de informática. Os novos modelos são,
obviamente, cada vez mais rápidos e possuem maior capacidade de armazenamento de dados. Entretanto, eles devem
manter a compatibilidade com os programas já existentes.

246
Os programas em centrais de grande porte, geralmente, são desenvolvidos em linguagens de médio e alto
níveis (C, Pascal, Forth, etc.). Algumas placas de interface são desenvolvidas para interface com a placa mãe de um
microcomputador padrão, utilizando os slots disponíveis.
Para centrais de pequeno porte, como PABX, são utilizados microcontroladores com programas escritos em
linguagens de baixo e médio níveis (Assembly e C). O OC fica personalizado e específico para aquele equipamento.
Também, as centrais de grande porte podem fazer uso de microcontroladores em seus módulos funcionais,
utilizando técnicas de processamento distribuído.

13.8.11. Robô de Teste de Linhas (RTL)

Com a era da digitalização e dos processadores digitais de sinais - DSP, o Robô de Teste se transforma em
um poderoso instrumento de medidas, com funções de multímetro, teste de linha, gerador e medidor de sinais, etc.
Associado a um banco de memória e interface com o OC principal, permite a geração de relatórios e
gráficos, levantamento de dados estatísticos e até autodiagnose.
Os dispositivos com interface PCM serial, geralmente, estão preparados para teste de loopback
(realimentação) em vários pontos do circuito.
Com isso, o Robô não se resume, necessariamente, a um simples testador de linha, mas pode ser preparado
para executar rotinas de supervisão e manutenção do sistema.

13.8.12. Estrutura Composta

As dimensões, números de placas, capacidades, facilidades, dentre outros fatores, fazem diferença, mas
fisicamente o princípio é análogo às estruturas dos sistemas analógicos mais modernos.
Vimos que a matriz digital trabalha com enlaces PCM de 32 canais, em feixes de 2Mbps, assim como todos
os órgãos funcionais envolvidos na comutação digital e comunicação interchip.
Desta forma, as matrizes digitais (CI) são combinadas de tal forma que a sua expansão, propositalmente,
seja dividida em dois grupos funcionais diferentes, denominados de Matriz Intramodular e Matriz Intermodular.
A matriz intramodular é responsável pela comutação interna de uma unidade básica de comutação. Os
enlaces PCM são distribuídos entre os módulos de assinantes, juntores/troncos e módulos auxiliares (MPS, RTL,
etc.). Alguns enlaces devem ser reservados para comutação externa com outras unidades, quando for o caso.

A matriz intermodular, por sua vez, é responsável pela comutação entre as unidades básicas. Sua função é
concentrar os enlaces externos das matrizes intramodulares e realizar a comutação entre eles. Cada matriz
intermodular constitui então um Plano de Comutação.

247
As matrizes intermodulares podem estar presentes em um ou mais unidades básicas de comutação de
assinantes, dependendo da configuração da central, ou em uma unidade específica de comutação.

248

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