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mais complexa é uma coisa mais numerosas sio as diferentes combinagOcs que as suas partes componentes podem formar, Daf resulta que o tipe especifico nao apresenta, para além das caracteristicas mais gorais e mais simples, contomnos tio defi- nidos como em biologi” Quando redigims este capiule pare a primeira edigdo desta obras mada issomas d) melodo que consist em clessiticar as sociedades segundo o seu grav te civiizagho, Com efelio, naquele iment, a8o cxisiam clsifcagies éeste éroro pronosias por sacisloges competenies, salvo, taver, a de Comte. sind que. evidertemants rctiea, Dede ent, vers tentiv foram fia neste sen fio, ne mendamente por Viekaadt (oDie Kultstypen der Mensch» in Arh £. antiropotoyie, WOR), por Setherand (The Origin and Growth ofthe More Tastinet) ¢ por Steinmelz («Classification ées Types Sociwux*, in Année Sociologigee Il pp. 43-147), No obstanle, nao nos deterernos ara discuss pporgue nic responder ao problema levantada nese expielo, Enoontartc Clasificadss, no espécies sociis, mas, 0 que é muito diferente, faseshistirieas. Desde as suas orgens, a France passou por formas de evilizago multodiferer tes, someyow purser agriota, pastando em seguida 3 indistrin antesaaal, camiéicio, depois ¥ manufictura e, por dlimo, & sande insta, Ora ssivel admicr que uma mesma individuctidale colectiva possa mudar de s. Una especie deve defini-ve pur vaacteres mais constantes. estado ccanémive,tecnolugico, et. aresentafendmenas dems dio instiveis e demasiado complexes para fornecer a base de una classfieacto E inelusivamente mito possivel que Uma mesma civiizacto industria, Riss aliens diferente. O Jando poderd adopter as nossas ares, a nossa insti, até mesmo fe nosse orginizai police; has ro deixard de pertonoer & uma espéce socia dliferenco da da Fraagh © da Alenaina, Acrscentetnos quo estas tonativas, sind ue enipreandides por socidlogos de var, $6 deram resullados vagos, contest Sched pues uid, vosiedades de consti 116 CAPITULO V REGRAS RELATIVAS A EXPLICACAO, DOS FACTOS SOCIAIS A constituigio das espévies & antes de mais, um modo de agrupar os factos a fim de facilitar a sua interpretagio: a morfologia social é um caminlio que nos leva & parte verdadei- ramente explicativa da ciéncia. Qual é 0 método proprio desta? A maior parte dos socidlogos julgam ter oxplicado os fend- menos logo que mostraram para que servem e o papel que de- sempenham. Raciocina-se como se eles s6 existissem para desempenhar esse papel ¢ tivessem como iinica causa determi- ante 0 sentimento, claro ou confiaso, dos servicas que so chu- mados a prestar. E por isso que se julga ter dito tudo 0 que é necessArio para os tornar inteligiveis quando se estabeleceu a tealidade desses services ¢ se mostrou que necessidade social satisfazem, Comte, por exemplo, reduz toda a orca progressiva da espécie humana & tendéncia fundamental «que incita directa- mente o homem a melherar continuamente ¢ sob todos os uspec- tos a situagdo em que se encontran', e Spencer, ao deeajo de uma maior felicidade. | Cours de Philasephie Positive, 1, p. 262, Wn E em virtude desse prinefpio que explica a formacao da sociedade pelas vantagens que cesultam da cooperacto, @ insti- tui¢o do govemo pela utilidade que ha em regularizar a coo peragao militar’, as wansformagdes por que passou a familie pela uecessidade de conciliar cada vez mais perfeitamente os interesses dos pais, dos filhos ¢ da sociedade. ‘Mas este método confunde duas questdes muito diferentes. Mostrar a utilidade de um facto nfo ¢ explicar como nasceu nem como & 0 que 6, pois as fungGes para que serve supiem as propriedades especiicas que 0 caracterizam, mas nao o oriam. ‘A nossa accessidade das coisas no pode fazer que sejam assim ou de outro modo e, por conseguinte, nao é tal necessidade que pode extraf-las do nada e conferir-Ihes existéncia. Esta depende de causas de um outro género. © sentimento que temos da sua utilidade bem pode incitar-nos a fazer sctuar estas casas © a aproveitar os resultados que implicam, mas nfo a suscitar estes resultados a partir do nada, Esta proposicdo é evidente quando se trata apenas de fendmenos materiais on mesmo psicolégicos. Também cla nio seria contestada em sociologia se os factos sociais, dada a sua imaterialidade extrema, ndo nos parecessem, cerradamente, destituidos de qualquer realidade intrinseca. Como 86 vemos neles combinagdes puramente mentais. julgamos que devem surgir por si mesmos logo que pensemos neles, pelo menos se os achamos titeis. Mas como cada um deles € um forga, ¢ domina a nossa, pais é dotado de uma natureza que The 6 pripria, nem o desejo nema vontade bastam para Ihe dar exis- téncia. Mesmo assim, € necessdrio que foreas eapazes de pro- duzir esta forga determinada, naturezas capares de produzir esta natureza especial, existam, $6 com esta condigio seré isso pos- sivel. Para reavivar 0 espirito de familia onde este enfraquecev. no basta que todos compreendam as suas vantagens: € neces: sario fazer agir directamente as causas que. s6 elas, siio suscep: tiveis de o engendrar, Pera restituir a um govemo a autoridade que Ihe & necessfria, nfo basta sentir esta necessidade: & preciso voltarse para as tinicas fontes de onde deriva qualquer autori- Soelalogie, UL. p. 1g dade, isto €, constituir tradigdes, um espirito comum, ete... ete: ‘para tal, € preciso retroceder ainda mais na cadeia das causas ¢ dos efeitos até se encontrar um ponto em que a acgao do homem possa inserir-se eficazmente, ‘Oque nos mostra bem a dualidade destas duas ordens de inves- tigagdes é que um facto pode existir sem servir para nada, por nunca ter sido aplicado nenhum fim vital ou por, depois de ter ido til, ter perdido toda a utilidade, continuando « existie unice- ‘mente pela forga do habito. De facto, hd ainda mais remanescén- cias na sociedade que no organismo. HH mesmo casos em que um costume ou uma institui¢ao social mudam de fungdes sem por isso mudarem de natureza. A regra is pater est quem justae nuptiae declarant permanecea materialmente no nosso cédigo idéntica Aquilo que era no velho dircito romano; mas, ao passe que nto tinha como abjectivo salvaguardar os direitos de propriedade do pai sobre os filhos da mulher legftima, & hem mais os direitos dos filhos que protege hoje em dia. O juramento comecou por seruma espécie de prova judiciaria para se tornar simplesmente uma forma solene e imponente de testemunho. Desde ha séculos que os dog- mas teligiosos do cristianismo nZio mudaram; mas o papel que desempenham nas nossas soci¢dades modernas ja nao é o mesmo que na Idade Média, Da mesma forma ainda, as palavras servem para exprimir ideias novas sem que a sua contextura se modit que. De resto, € uma proposigio Wo verdadeira em sociologia como em biologia que o drgio é independente da fumed, isto & que cmbora permanecendo o mesmo, ele pode servir para fins diferentes. Isto significa que as causas que 0 fazem existir so independentes dos fins para que serve. Nao pretendemos dizer, aliés, que as tendéncias, as neces- idades ou os desejos dos homens nunca intervém de uma mancira activa na evolugio social. Pelo conwario, nao hé ditvida de que Ihes € possivel, conforme a maneira como pesam sobre as condi¢de: de que depende vm facto, apressar ou moderar 0 seu desenvolvimento. Porém, e além de nunca poderem fazer alguma coisa de nada, a sua propria interveacto, quaisquer que sejam os seus efeitos, s6 pode ter lugar em virlude de causas efi- cientes. Com efeito, uma tendéncia s6 pode contribuir, mesmo nesta medida restrita, para a producdo de um fenémeno novo se ela prépria for nova, quer se tenha constituido inteirameate de novo quer seja devida a alguma trensformagio de uma wendén- cia anterior. Porque, a menos que s¢ postule uma harmonia pre- estabelecida verdadeirumente providencial, nll se pode admitir que. desde a origem, 0 homem tromxesse em si, em estado vir- tual mas prestes a despertar ao apclo das circunstancias, todas us tendéncias cuja oportunidade devia fazer sentir-se no decorrer da evolucdo. Ora, uma tendéncia é também ela, uma coisa; no pode, pois, constituir-se nem modificar-se s6 porque a julgamos til, E uma forga que tem a sua natureza propria: para que esta nalureza seja suscitada ou alterada, ago basta que nisso achemos alguma vantagem. Para delecminar tais modificagdes, € nece sétio que acter causas que as impliquem fisicamente, Por exemplo, explicsimos os progressos constantes da divi- sto do trabalho social mostrando cue so necessdrios para que co homem possa manter-se nas novas condicées ce existéncia em que se acha colocado & medida que avanca na hist6ria; auribus- mos, pois, a esta tendéncia, a que se chama muito impropria- ‘mente o instinto de conservacdo. um papel importante na nossa explicagdo. Mas, primeiro, ela nunca poderia explicar por si s6 a especializagaio, mesmo a mais rudimentar, pois cla nada pode se as condigdes de que degende este fendmeno nio se encon isto & se us diferencus individuais nBo tram j4 tealizadas, aumentarem suficientemente devido a indeterminap&o progres siva da consciéncia comum e das influéncias hereditérias’. Seria alé necessdrio que a divisdo do trabalho ji tivesse surgido para que a sus utilidade fosse notada ca sua necessidade se fizesse Sentir: ¢ o simples desenvolvimento das divergéncias individu- ais, implicando uma maior diversidade de gostos e de aptidées. devia necessariamente provocar este primeiro resultado, Mas. além disso. 0 instinto de conservagio nfo velo por si s6, e sem ausa, Fecundar este primeira gérmen de especializagia. Se sc orientou e nos orientou nesta nova via, foi. primeiro, porque 0 camino que seguia e nos fuzia seguir anteriormente se acho ‘A Diivisdo do Trabalho Sei, 2° vot falas I e1V 120 ——— como que bloqueado, pois a maior intensidade da Iuta, devida 4 maior condensacio das sociedades, tornou cada vez mais difi- cil a sobrevivéncia dos individuos que continuavam a dedicar-se a tarefas gemis, Foi assim obrigado a mudar ce direcgdo. Por outro lado, se se desviou e se preferiu desviar a nossa activi- dade, no sentido de uma divisio do trabalho cada vez mais desenvolvida, € porque era também o sentido da menor resis. téncia. As outras solugdes posstveis eram a emigraedo, o sulci dio, o crime. Ora, em regra, os lagas que nos ligam 20 nosso pais, 2 vida, a simpatia que temos pelos nossos semelhantes, so sentimentos mais fortes ¢ mais resistentes que os habitos que podem afastar-nos de uma especializacio mais estrita. Eram. portanto, estes tltimos que deviam inevitevelmente ceder a cada impulso que se produzia. Logo, nao voltamos, nem mesmo par- cialmente, ao finalismo, pois nZo nos recusamos a dar lugar 3s necessidades humanas nas explicagSes sociolégicas: pois clas 86 podem influir na evoluedo social se evolufrem também, ¢ as modificagSes por que passam niio podem ser explicadas sendio por causas que nada tém de final. Mas mais convincente ainda que as consideragdes prece- dentes € a propria prética dos factos sociais, Onde reina o fina~ lismo, reina também uma maior ou menor contingéncia, pois nao hd fins, ¢ ainda menos meios, que se imponham necessaria- mente a todos as homens. mesmo supondo-os colocados nas mesmas cireunstancias. No mesmo meio, cada individuo, con forme o seu temperamento, adaptz-se & sua maneira, que pre- fere a qualquer outra. Um, tentaré modifieé-lo a fim de 0 pér em harmonia com as suas necessidades; outro, preferiré modi- ficar-se a si mesmo e refrear os desejos, Para chegar a um mesmo fim, quantas vias diferentes podem ser e sao efectiva- mente seguidas! Se foxse, pois, verdade que o desenvolvimento hist6rico se processa em vista de fins clara ou obscuramente sentidos, os factos sociais deveriam upresentar a mais infinita diversidade ¢ qualquer comparag2o deveria ser quase impos- sivel. Ora, € 0 contratio que é verdade, Sem dtivida, os aconte- cimentos exteriores cuja tama constitui a parte superficial da vida social variam de um povo para outro. Mas € assim que 121 cada individuo tem a sua histéria, embora as bases da organi- zagao fisica e moral sejam as mesmas para todos. De facto. quando se entrou um pouco em contacto com os fenémencs soviais, fica-se, pelo contrdrio, surpreendido com a espantosa regularidade com que eles se reproduzem nas mesmas circuns- tancies. Mesmo as pritieas mais minucioses, e aparentemente mais pucris, se repetem com a mais espantosa uniformidade Certa ceriménia nupcial, puramente simbdlica, ao que parece, comoo rapto da noiva, encontra-se exactamente em toda a parte onde existe um cer tipo familiar, ligado por sua ver a toda uma organizacao politica, Os costumes mais estranhos, como a cou vade, 0 Ievirato, a exogamia, ete., observain-se entre os povos mais diversos e sio sintométicos de um certo estado social. O direito de fazer testamento surge numa determinada fase da histétia e, de acordo com as restrig6es mais ou menos impor- tantes que o limitam, pode dizer-se em que momento da evolugdo social nos encontramos. Seria facil multiplicar os exemnplos. Ora, esta goncralidade das formas colectivas seria inexplicavel se as causas finais tivessem em sociologia 2 preponderincia que se Ihes atribui. Portanto, quando tentamos explicar um fendmeno social, devemos investigar separadamente a causa éficiente que 0 pro- duz e a funcao que ele desempenha. Preferimos servir-nos do termo funcdo em ver. do de fim ou de objectivo, precisamente porque os fenémenos sociais ndo existem geralmente em vista dos resultados titeis que produzem. O que é necessatio deter- minar € se existe correspondéncia entre o facto considerado v as nevessidades gerais do organismo social e em que consiste esta correspondéncia, sem nos preccuparmos em saber se foi ow nao intencional. ‘Todas csias questées de intengdo so, aliés, demasiado subjectivas para poder ser tratadas cientificamente. 'stas dues ordens de problemas devem nao sé ser desl; das uma da onira, como convém. em geral, tratar a primeira antes da segunda. Essa ordem coresponde, com efeito, & dos factos. E natural que se procure a causa de um fenémeno antes de tentar determinar os seus efeitos. Este método é tanto mais I6gico quanto, uma vez resolvida a primeira questio, esta 122 ajudard frequentemente aresolver a segunda. Comefeito, o lago de solidariedade que une a causa ao efeito tem um cardcter de reciprocidade que nao tem sido suficientemente reconhecido. Sem duvida, 0 efeito nao pode existir sem a causa, mas esta, por sua ver, tem necessidade do efeito. F dela que este tira a sua energia, mas também as vezes Iha restitui e. por conse- guinte, nio pode desaparecer sem que ela se ressinta com isso’ Por exemplo, a reacco social que a pena constitui é devida & intensidade dos seatimentos colectivos que o crime ofende: mas, por outro lado, tem como fungéo util conservar estes sentimen- tos no mesino grau de intensidade, pois age tardariam a entra- quecer se as ofensas que sofrem ndo fossem castigades®. Da mesma forma, 2 medida que o meio social se torna mais com- plexo e mais instdvel, as tradicdes e as crencas adquicidas des- moronam-se, tornam-se algo de mais indeterminado e flexivel eas faculdades de reflexio desenvolvem-se; mas estas mesmas faculdades so indispensdveis as sociedades € aos individuos para se sdaptatem a um meio mais mével e mais complexo*. A medida que os homens sao obrigados a produzir um trabalho mais intenso, os produtos deste trabalho tornam-se mais nume- rosos ¢ de qualidade superior; mas estes produtos, melhores ¢ muis abundantes, (0 nevesstirios para compensar as energias despendidas por este irabalho mais considerivel’. Assim, longe de a causa dos fenémenos sociais consistir numa antecipacao mental da funcio que eles so chamados a desempenhar, esta funedo consiste, pelo contrério, num grande nfimero de casos, pelo menos, em conservar a causa preexistente de que derivam; Portanto, se a segunda jé for conhecida, encontrar-se-a mais facilmente a primeira. Nie queremos levantar aqui problemas de Glosofin geral, que estariam des- Tocados. Observemos, no e1tans, que se for estadsca mis culdadosamente, esta rociprocidaile entre a causa ¢ 0 efeio podaria Forneser um meio da recencilar © rmecenismo cicalifico ¢ o Binalismo que a cxisténcis , sobreiude, a persisténcia a vide, implicam. ¥ A Divi do Treholhy Social, 2" vol, Capito Th © 4 Divisio do Trabalho Secil, 1." vol. pp. 105-107 Ibid, 2 vol. pp. 47 « sees. Mas. se s6 se deve proceder a determinagio da funcao em segundo lugar, ela nao deixa de ser necessaria para que a expl cagao do feadmeno seja completa. Com efeito, sc nfo a utili- dade do facto o que o faz existir, é geralmente necessério que ele seja dtil para poder manter-se. Pois basta que nfo sirva para nada para ser, por isso mesmo, prejudicial, visto que, nesse caso, custa sem nada render. Se, portanto, a generalidade dos fend- menos sociais tivesse este cardeter parasitétio, 0 oreamento do organismo estaria em défice e a vida social seria impossivel Logo, para desta apresettar um conhecimento satisfatorio, é preciso mostrar como os fenémenos que constiluem a sua maté- ria concorrem ente si de forma.a por a sociedade em harmonia consigo mesma e com 0 exterior. Sem difvide, a fS:mula cor reate que define a vida como uma correspondéncia entre 0 meia interno ¢ 0 meio externa ago € sen&o aproximada; contudo, verdadeira em geral e, portanto, para explicar um facto de ordem vital nao basta mostrar a causa de que depende, é ainda necessério, pelo menos na maior parte dos casos, achar a parte que Ihe cabe no estabelecimento desta harmonia geral, 1 Discriminadas estas dues questées, temos de determinar 0 método segundo 0 qual devem ser resolvidas ‘Ao mesmo tempo que é finalista, 0 método de explicagao geralmente seguido pelos socidlogos € essencialmente psicol givo. Estas duas tendéncias s20 solidarias. Com efeito, se a socie- dade € apenas um sistema de meios institufdos pelos homens em vista de certos fins, estes fins s6 podem ser individuais, pois, antes da sociedade, s6 podiam existir individuos. f, portante, do individuo que emanam as ideias ¢ as necessidades que determi- naram a formaciin das sociedades e, se indo provém dele, é necessarlamente através dele que tudo deve ser explicado. Alias. na sociedade 86 existem consciéncias particulares; € portanto. nnestas tiltimas que se encenira a fonte de toda a evolugio social Logo, as leis socioldgicas nao poderio ser sendo um corokirio 124 das leis mais gerais da psicologia; a explicagao suprema da vida colectiva consistiré em mostrar como cla deriva da natureza humana em geral, seja deduzindo-a directarnente dela sem obscr- -vagiio prévia, seja atribuindo-Iha depois de a ter obscrvado, Estes termos sto mais cu menos textualmente os utilizados por Auguste Comte para caracterizar 0 seu método. Diz cle: «Visio que 0 fenémeno social, concebido na totalidade. no é, no fundo, senéo wn simples desenvolvimento da hwnanidade, sem qualquer espévie de criagdo de faculdades, como mais acima estabeleci, todas as disposigdes efectives que a observa- Ho socioldgice podera sucessivamente revelar deverao, portanto, reencontrar-se pelo menos em gérmen neste tipo primordial que a biologia elaborou aatecipadamente para a sociologia’» Fi que, segundo ele, 0 facto deminante da vida social & 0 progresso ° este. por outro lado, depende de um factor exclusivamente pst- quico, a saber, a tendéncia que leva o homem a desenvolver cada vez mais a sua naturera. Os factos sociais derivariam até de modo tao imediato da namureza humana que, durante as primeiras fases da histria, poderiam dela ser directamente deduzidos sem que fosse necessirio recorrer @ observagio’. E verdade que Comte confessou ser impossfvel aplicar este método dedutivo aos perfodos mais avangados da evolugao. ‘Mas ests impossibilidade é puramente pratica Provém do facto de a distincia entre 0 ponto de partida eo ponto de chegada se tomar demasiado grande para que o espitito humano, se ten- tasse percorrer essa distancia sem guia, no se arriscasse a per- der-se"’, Mas a relacio entre as leis fundamentais da natureza humana e os resultados finais do progresso 40 deixa de s analttica, As formas mais complexas da civilizagao nao sao scno vida psiquica desenvolvida. Por isso, mesmo quando as teorias da psicologia néio podem bastar come premissas do racio- cinio sociolgico, elas constituem a pedra-de-toque tinica que permite pdr 3 prova a validade das proposigées estabelecidas Caurs de Philoserphie Positive, IV, ps 333. * Bip. 345. ® Cours de Pitlosophie Positive, . 348 ingutivamente.

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