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Resumo do filme “A mulher Rei”, sob um olhar antropológico

“A Mulher Rei” é um filme de drama histórico que se passa no antigo


Reino de Dahomey, no século XVIII. O filme é baseado em eventos reais e
conta a história de uma mulher guerreira, Nawi, que lidera uma unidade militar
feminina, conhecida como as Amazonas do Dahomey, em uma guerra contra
os franceses que buscam colonizar o território africano.
O filme em questão apresenta uma visão antropológica interessante da
sociedade Dahomey, que é apresentada como uma sociedade altamente
estratificada e patriarcal, onde os homens ocupam cargos de liderança e poder,
e as mulheres são subjugadas e relegadas a papéis secundários. No entanto,
Nawi e sua unidade de Amazonas são retratadas como desafiando essas
normas de gênero e se tornando uma força poderosa na luta contra a
colonização francesa.
É destacado também as práticas culturais únicas dos dahomeanos,
incluindo sua religião, que é baseada em adoração aos antepassados, e a
prática da escravidão doméstica, que é retratada como uma parte aceita da
sociedade. O filme não faz uma análise aprofundada dessas práticas culturais,
mas as apresenta como um aspecto importante da vida no Reino de Dahomey.
No entanto, o filme aqui em pauta também pode ser criticado por
perpetuar algumas das narrativas coloniais e patriarcais que ele pretende
desafiar. A representação das mulheres como exceções notáveis em uma
sociedade dominada por homens, por exemplo, pode reforçar a ideia de que as
mulheres são naturalmente menos capazes ou menos valorizadas do que os
homens, ao invés de questionar as estruturas sociais que mantêm as mulheres
em posições de subordinação.
“A Mulher Rei” é um filme interessante que oferece uma visão única da
história e cultura do Reino de Dahomey, bem como uma narrativa empolgante
sobre uma mulher guerreira que desafia as expectativas de gênero e liderança
em sua sociedade. No entanto, é importante abordá-lo com um olhar crítico e
consciente das narrativas culturais e históricas que ele reproduz.
Uma das questões antropológicas interessantes que o filme aborda é a
relação entre as tradições culturais e a mudança social. O Reino de Dahomey é
apresentado como uma sociedade altamente estratificada, com normas de
gênero rígidas e práticas culturais que incluem sacrifícios humanos e
escravidão doméstica. No entanto, à medida que os franceses se aproximam,
essas tradições são desafiadas e questionadas, levando a mudanças
significativas na sociedade. Por exemplo, vemos personagens como o general,
que inicialmente se opõe à ideia de permitir que as mulheres lutem na guerra,
mas é forçado a mudar de opinião quando percebe que elas são capazes de
contribuir significativamente para a luta contra os franceses.
Outra questão interessante que o filme aborda é a natureza das
relações entre as sociedades africanas e europeias durante a era colonial. Os
franceses são retratados como uma força invasora, que busca colonizar o
território africano e subjugar sua população. No entanto, o filme também
destaca as complexidades dessas relações, incluindo alianças temporárias
entre africanos e europeus e a presença de africanos que colaboram com os
colonizadores. O filme também apresenta a questão da escravidão, mostrando
como os franceses tentam justificar sua própria participação no comércio de
escravos, retratando a escravidão doméstica no Reino de Dahomey como um
sistema cruel e desumano.
Por fim, o filme também destaca a importância das histórias e da
memória na construção das identidades culturais e nacionais. A personagem
Nawi é retratada como uma figura histórica importante no Reino de Dahomey,
mas também como uma figura mitológica e inspiradora para as pessoas.
Vemos personagens contando histórias sobre Nawi e suas Amazonas,
destacando sua coragem e determinação, e essas histórias ajudam a unir a
população em torno de um objetivo comum: resistir à colonização francesa. O
filme sugere que as histórias que contamos sobre nós mesmos e nossas
comunidades são importantes para a construção de nossas identidades e para
a resistência contra forças externas que tentam nos subjugarmos.

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