Você está na página 1de 7

PROJETO DE UMA EDIFICAÇÃO EFICIENTE EM CLIMA QUENTE

E ÚMIDO

Autores: Heliana Maria Ceballos Aguilar, João Tavares Pinho, Marcos André
Barros Galhardo
GEDAE – Grupo de Energias Alternativas e Eficiência Energética. Universidade Federal
do Pará. Email: aguilar@ufpa.br, pinho@ufpa.br, galhardo@ufpa.br

Abstract: This work describes important concepts to be used in passive and active solar
energy design for buildings, in order to achieve adequate thermal comfort and a rational
use of energy. The techniques are applied in the project of a renewable and efficient
energy laboratory, in the Federal University of Pará, incorporating the characteristics of
bioclimatic architecture and energy efficiency with a high autonomy level. The laboratory
uses electricity generation systems, in order to supply part of its demand; water heating;
as well as passive solar energy systems, adequate to the hot and humid climate of the
region, aiming the use of the maximum natural illumination and ventilation and materials
of the region.

Keywords: thermal comfort, energy, bioclimatic architecture, energy efficient.

Resumo: Este trabalho descreve estratégias de utilização de energia solar passiva em uma
edificação, com intuito de se obter um conforto térmico adequado e um uso racional da
energia na mesma. As técnicas são exemplificadas e aplicadas no projeto de uma
edificação que servirá como Laboratório de Energias Renováveis e Eficiência Energética,
na Universidade Federal do Pará, que incorpora as características de arquitetura
bioclimática e eficiência energética com um alto nível de autonomia. No laboratório são
usados sistemas de geração de energia elétrica, a fim de suprir parte de sua demanda, e de
aquecimento de água, bem como sistemas de energia solar passiva, coerentes com o clima
quente e úmido da região, visando o aproveitamento ao máximo da iluminação e
ventilação naturais e materiais da região.

Palavras Chaves: conforto térmico, energia, arquitetura bioclimática, eficiência


energética.

renováveis não convencionais e como parte integral das


1 INTRODUÇÃO mesmas.

O estudo de eficiência energética nas edificações é Este trabalho apresenta uma edificação localizada na
muito importante para propiciar uma economia efetiva, cidade de Belém – Pará, tomada como estudo de caso, e
além de que, na medida em que reduz o consumo, reduz que utiliza conceitos de arquitetura bioclimática e
a expectativa de demanda do sistema elétrico como um técnicas de energia solar passiva coerentes com o clima
todo e, conseqüentemente, os riscos de racionamento e da região, tendo como objetivo principal estudar e
aumento dos preços. aplicar uma série de medidas para melhorar o conforto
no ambiente construído dos climas quentes e úmidos.
Visando a este fato, arquitetos e engenheiros têm Assim, as estratégias aplicadas e os materiais
desenvolvido projetos arquitetônicos que fazem uso empregados, buscam a diminuição da incidência de
cada vez maior das condições climáticas, buscando radiação solar direta na edificação e a dissipação da
adequar a edificação ao clima de cada localidade, e energia interna, visando a uma relação coerente entre o
melhorando a qualidade do ambiente construído quanto conforto térmico, o usuário e o consumo de energia.
ao conforto, eficiência energética e possibilidade de
geração autônoma de energia, através de fontes
Estas estratégias são apoiadas com técnicas ativas de Tabela 2.2: Radiação solar incidente para a cidade de Belém
geração de energia com fontes renováveis integradas a Meses Rad. solar (Wh/m2dia)
estrutura do prédio, que provocam uma notável Janeiro 4.320
autonomia na edificação.
Fevereiro 4.104
Março 4.176
2 LOCALIZAÇÃO E VARIÁVEIS
Abril 4.104
CLIMÁTICAS
Maio 4.896
2.1 Clima Junho 5.064
Julho 5.664
A cidade de Belém está localizada no Estado do Pará,
com coordenadas geográficas de 01º 23’S e 048º 29’W Agosto 6.024
e altitude média de 11 metros em relação ao nível do Setembro 5.596
mar, possui uma área de 1.065 km², e uma população de Outubro 5.880
mais de 2.000.000 de habitantes (estimativa do IBGE- Novembro 5.616
2006).
Dezembro 5.112
Por sua proximidade ao equador, Belém tem clima
caracteristicamente quente e úmido. A alta pluviosidade A umidade relativa alcança valores médios de 86%
e a alta umidade associam-se à alta temperatura durante durante o ano. A tabela 2.3 mostra diferentes valores de
todo o ano e existe pouca variação entre as umidade obtidos, tendo uma variação diária não
temperaturas diurna e noturna. A tabela 2.1 mostra os superior a 1,6% no mês de novembro. Esta variação do
dados climáticos gerais da cidade. Nota-se que o clima conteúdo de umidade é calculada pela diferença entre o
é demasiado quente e úmido para que hajam condições valor máximo e o valor mínimo do conteúdo de
confortáveis durante o dia e a maior parte da noite umidade ocorrido no dia (Goulart, 1998).
(Castro, 1997). Por isto, é indispensável o movimento Tabela 2.3: Umidade relativa na cidade de Belém
de ar para amenizar as condições climáticas durante o
ano.
Tabela 2.1: Dados climáticos da cidade de Belém
Temperatura média (oC) 25,9
o Os ventos dominantes, representados pela
Temperatura máxima ( C) 31,4
rosa-dos-ventos projetada para Belém, provêm do leste
Temperatura mínima (oC) 22,4 e nordeste, como mostra a figura 2.2, favorecendo a
2 localização das aberturas na edificação para os setores
Insolação menor (Wh/m .dia) 4.100
norte e leste.
Umidade relativa média (%) 86,0
Precipitação Anual Média (mm) 2.834,0
Velocidade do vento a 10 m (m/s) 3,0
Os níveis de radiação solar que atingem as edificações
são muito altos e combinado com temperaturas externas
que superam 30 °C, leva a situações extremas de
desconforto térmico. Como pode ser visto na figura 2.1,
a radiação solar alcança níveis elevados nos meses de Figura 2.2: Características dos ventos dominantes.
julho a novembro e as chuvas são mais intensas nos
meses de janeiro a abril (Liébard, 2004). A tabela 2.2 2.2 Carta bioclimática
mostra a radiação solar incidente na cidade de Belém
durante o ano. Busca-se a utilização adequada de parâmetros mais
próximos as condições climáticas do lugar para
amenizar naturalmente as condições internas da
edificação e minimizar o condicionamento mecânico e
o posterior consumo de energia elétrica.

Baseado no fato de Belém estar caracterizada pelas


altas temperaturas, a alta umidade e uma pequena
amplitude térmica, foi selecionada a carta bioclimática
proposta e posteriormente corrigida por Givony, na
Pluviosidade Radiação global horizontal qual os limites de conforto foram expandidos,
Figura 2.1: Características climáticas de Belém. considerando a fácil aclimatação das pessoas que vivem
em países de clima quente e em desenvolvimento
(Barroso, 2002).
A figura 2.3, mostra a carta para a cidade de Belém,
nota-se na legenda, que os números: 1 (linha amarela)
que corresponde à zona de conforto, 2 (linha azul) zona
de ventilação e 5 à zona de ar condicionado, são as
estratégias mais dominantes.

Figura 3.2: Trajetórias solares em relação à edificação

Assim, a fachada principal está voltada para o lado


norte, com uma inclinação adequada aos ventos
dominantes, que conduz à estratégia de ventilação
cruzada determinada para Belém, e a dimensão
horizontal é alongada e perpendicular aos ventos
dominantes, objetivando a maximização das perdas de
Figura 2.3: Carta bioclimática para Belém. calor por convecção como aconselhável para climas
quentes e úmidos (Frota, 2001).
Segundo os dados gerados pela carta, os percentuais de
horas do ano em que ocorre conforto são só 6,5%, e o A figura 3.3 mostra a distribuição espacial da
desconforto provocado pelo calor e a umidade é edificação. O lado leste (nascer do Sol) tem radiação
percebido em 93,5% das horas do ano; sendo que o ar solar menos intensa e é voltado para a direção do vento,
condicionado é necessário em 23,2% das horas do ano. garantindo assim um acesso mais ameno ao sol e
Isso resulta na necessidade de usar a ventilação como evitando o sobre-aquecimento. Nessa parte, estão
principal estratégia para amenizar a temperatura interna localizados os espaços com uma ocupação constante
da edificação, pois esta resolveria em 70,7% das horas destinados para atividades de escritório e de
do ano o problema de desconforto (Brito, 2002). Como permanência no local.
a umidade relativa também é bastante alta, a circulação
de ar proporcionaria uma melhoria notável no fator Do outro lado (oeste), encontram-se os laboratórios, são
conforto. espaços com uma ocupação menos constante, de áreas
maiores, com menos obstáculos e divisões, nos quais a
renovação de ar é mais fácil, tendo menor acúmulo de
3 DESCRIÇÃO DO PRÉDIO calor latente.

3.1 Trajetórias solares e distribuição Para o lado sul encontram-se os espaços que, pelas suas
espacial características funcionais, precisam se afastar da zona
central pública, pois as atividades ali desenvolvidas
O posicionamento do prédio (orientação) foi concebido geram ruído, calor de equipamentos, além de precisar
com relação as trajetórias solares e os ventos de acessos adicionais. Esses espaços são oficinas, casa
dominantes. de força e almoxarifado.
As trajetórias solares foram projetadas usando o sistema No bloco circular anexo ao volume central, encontram-
de projeção estereográfica horizontal para uma latitude se as áreas destinadas ao alto fluxo de usuários, além de
0°, próxima da cidade de Belém. Como mostram as terem maiores possibilidades de acesso.
figuras 3.1 e 3.2, as fachadas norte e sul, recebem
pouca radiação solar direta no longo do ano, enquanto
as fachadas leste e oeste recebem radiação direta o ano
inteiro, nas horas da manhã e a tarde, respectivamente.

Figura 3.3: Esquema da distribuição espacial da edificação.

3.2 Descrição do prédio


Figura 3.1: Trajetórias solares em relação à edificação. O prédio é de um pavimento, com 1.270 m2 de área,
formado por módulos retangulares e um módulo
circular central. A funcionalidade tecnológica e
arquitetônica do prédio, além de responder à
simbologia requerida, responde também aos critérios
bioclimáticos ligados às necessidades. A figura 3.4 radiação solar direta, simulada com um programa
apresenta a planta baixa geral da edificação. Verifica-se computacional, para a fachada norte no mês de junho,
que o prédio possui toda a estrutura que o laboratório às 15:30, horário considerado crítico nessa época do
precisa para seu funcionamento. ano. Nota-se que o beiral projetado evita que os raios
solares atinjam as aberturas.

Figura 4.1: Projeção de sombras, fachada norte.


Na fachada leste é proposta uma parede fechada, com
aberturas para os corredores de circulação para
favorecer a ventilação e como isolante térmico, uma
pintura aluminizada que reflete a radiação que atinge
esta fachada nas horas da manhã, durante o ano todo.

A fachada oeste (ver figura 3.5 b), é afetada pelos raios


Figura 3.3: Planta baixa geral. solares nas horas da tarde o ano todo; propõe-se nela
A figura 3.4 mostra a maquete volumétrica na vista uma parede dupla, com isolante térmico de um painel
superior, apressentando em destaque a primeira fase do de lã de vidro entre elas, como mostra a figura 4.2, com
projeto já construida; é um módulo de oficinas com aberturas para os corredores de circulação. Propõe-se
uma área de 230 m2, divididos em 4 espaços: também a vegetação exterior para controle da
almoxarifado, oficina elétrica, casa de força e a sala de ventilação e sombreamento.
monitoração e controle.

Figura 4.2: Isolante para parede oeste.


A cobertura é em telha de barro cerâmico tipo Plan,
com estrutura em madeira padrão da região. Como
Figura 3.4: Maquete volumétrica.
isolante térmico, uma manta de lã de vidro 20 mm de
Os outros módulos da edificação serão construídos em espessura com uma face aluminizada e forro interno em
outras fases do projeto, que já se encontram com PVC, afastado da estrutura metálica, como mostra a
recursos liberados. Os corredores entre os módulos, figura 4.3, com a finalidade de criar uma camada de ar
foram projetados para desempenhar importante papel que controla o passo do calor da cobertura para o forro.
na circulação do ar aos diferentes ambientes da Para evitar os ganhos solares por transmissão,
edificação. adicionalmente a estrutura em cima da manta isolante,
possui contra-caibros ou caibros de ventilação para
A figura 3.5 mostra a primeira fase construída, facilitar a circulação de ar e uma inclinação de 25%
notando-se as amplas aberturas na fachada norte (figura para propiciar um deságüe rápido.
a) e na fachada oeste (figura b), sendo esta constituída
de uma parede dupla fechada com tratamento a isolante
térmico.

a) Fachada norte b) Fachada leste


Figura 3.5: Primeira etapa já construída.
Figura 4.3: Estrutura da cobertura.

4 ESTRATÉGIAS APLICADAS 4.2 Ventilação natural


Para regiões como Belém, onde as trocas térmicas
4.1 Vedações e proteções solares geram ganhos de calor no interior da edificação o ano
As fachadas norte e sul, são protegidas com grandes inteiro, além da umidade relativa ser muito alta e as
beirais para evitar a radiação solar direta nas paredes e temperaturas médias maiores que as exigidas para ter
nas aberturas. A figura 4.1, apresenta a incidência da conforto térmico, recomenda-se ventilação, em função
da velocidade do vento, só quando a temperatura
externa é menor que a da pele (37 ºC), com especial esquema de ventilação das áreas menos ocupadas. Nos
cuidado para temperaturas externas superiores a 32 °C, laboratórios, por terem aberturas só em uma parede, a
pois a partir daí os ganhos térmicos por convecção ventilação natural estará apoiada com ventilação
podem tornar esse sistema inadequado (Toledo, 1999). mecânica.

Sabendo que a amplitude da variação da temperatura


não é significativa para promover a ventilação por
diferença de temperatura, determina-se o uso de
grandes janelas para ventilação cruzada, mediante a
circulação de ar pelos ambientes da edificação, apoiada
pela diferença de volumes, os desníveis na cobertura e
o direcionamento de suas águas que produzem uma
grande movimentação no telhado, criando áreas Figura 4.6: Esquema de ventilação para almoxarifado e
importantes de sombreamento e ventilação, que oficinas.
permitem o acesso dos ventos nos diferentes blocos. Na fachada norte para o lado leste, projeta-se uma
As janelas são grandes e tem como corpo principal um grande janela horizontal com partes articuladas
eixo basculante vertical que pode ser controlado pelo pivotantes, formada por uma folha que pode ser
usuário, dependendo das necessidades de ventilação; movimentada mediante rotação em torno de um eixo
procurando que o fluxo de ar atinja o corpo dos vertical. Nas esquadrias que complementam o sistema,
ocupantes e apoiada também com venezianas usam-se pequenas faixas venezianadas (acima e
horizontais superiores e aberturas inferiores nas abaixo), que favorecem o efeito chaminé. Os elementos
paredes, como mostra a figura 4.4. pivotantes permitem o direcionamento do vento, o
controle da água da chuva e permitem um melhor
contato com o ambiente externo como mostra a figura
4.7. Esta possui o mesmo princípio de funcionamento
de uma fachada dupla, pois o corredor entre esta e as
salas de professores, atua como câmara amortecedora
da temperatura exterior.

Figura 4.4: Janelas e balancins para ventilação.


O fluxo de ar para os ambientes internos está
condicionado as necessidades de extração de calor e das
velocidades internas do vento permitidas (por exemplo,
2 m/s para escritórios); assim, nos espaços de ocupação
constante, onde a renovação de ar deve ser melhor
Figura 4.7: Esquadrias da fachada norte.
distribuída dentro do ambiente, são projetadas aberturas
com um área de entrada maior nas paredes laterais e a Nos outros ambientes, as aberturas para ventilação são
de saída menor na parte superior, como mostra o altas e largas favorecidas pela ausência de radiação
esquema da figura 4.5. solar direta, em muros paralelos estrategicamente
diagramadas e com o fluxo de ar orientado
convenientemente para aumentar as perdas de calor por
convecção. Para retirada de ar quente acumulado nas
partes mais elevadas são utilizadas aberturas superiores,
criando assim um fluxo ascendente que retira o excesso
de calor do ambiente.

As saídas superiores de ar estão distribuídas o mais


uniformemente possível em toda a superfície do telhado
do prédio, para minimizar o comprimento dos trechos
de deslocamento do ar aquecido (no máximo 5 m) e
proporcionar uma boa ventilação. São adequadas para
Figura 4.5: Esquema de ventilação para escritórios. saída de ar quente e, aliadas aos diversos volumes,
contribuem significativamente para os processos de
Nos outros espaços como laboratórios, almoxarifado e ventilação natural do edifício. A figura 4.8 mostra as
oficinas, as aberturas para ventilação são janelas superiores de ventilação dispostas na primeira
dimensionadas para obter um número de renovações de etapa da construção.
ar maior, pois são espaços de maior área e
possibilidades de ocupação de equipamentos que geram
calor, além das pessoas, projetando-se então aberturas
de entrada e de saída iguais, a figura 4.6 representa o
aquelas que não são para consumo humano. Serão
instaladas duas redes hidráulicas, uma para a água
tratada e outra para a reusada, com dois reservatórios
que alimentam as redes para cada uso diferente.

Além disso, será instalado um sistema de


monitoramento para o consumo de água, como também
Figura 4.8: Aberturas de ventilação superiores. para a geração e demanda de energia elétrica na
edificação, visando ao uso racional e eficiente.
4.3 Transmissão de calor e inércia
térmica 6 CONCLUSÕES
O prédio do laboratório possui um pé-direito de no A edificação descrita apresenta características especiais
mínimo 3 m. Em uma distância menor que 6 metros a com materiais apropriados, orientação e localização que
cobertura emite uma energia radiante que na sua correspondem às condições do lugar adequadas ao
maioria é de comprimento de onda maior que a luz clima quente e úmido, e que aliadas ao uso de
visível. Esta energia propaga-se através do ar sem equipamentos eficientes proporciona serviços
esquentá-lo, aquecendo somente as pessoas e os corpos adaptados ao uso intencional do edifício; devendo
sólidos (Scigliano, 2001); por esta razão é necessário a operar de tal maneira que se tenha um uso de energia
utilização de forro na totalidade da cobertura do muito mais baixo, quando comparado com outros de
edifício, para bloquear a energia radiante, e para características similares. O conforto da edificação,
amenizar o fluxo térmico da edificação, o forro possui converte-se no objetivo principal do trabalho,
uma distância considerável com o telhado, criando uma procurando amenizar as cargas de calor com sistemas
camada de ar em função da diferença de temperatura de ventilaçao natural, sendo que as aberturas são
entre as partes superior do forro e inferior do telhado. projetadas para uma adequada estanqueidade no
momento do uso do ar condicionado nos espaços
As cargas térmicas climáticas e arquitetônicas e os fechados.
ganhos de calor por condução que elas representam são
reais, ou seja, é evidente a forma como as diferenças O edifício prevê um tratamento especial aos problemas
entre a temperatura exterior e a interior afetam a referentes à alta carga de radiação solar recebida, ao
edificação. Isto somado a outros fatores tais como consumo de energia com fins de resfriamento, à
ganho de calor pelas pessoas (número de usuários por eficiência energética, ao abastecimento de água e ao
ambiente), calor gerado pelas lâmpadas (área iluminada tratamento dos esgotos e resíduos.
pela potência dissipada), e pelos equipamentos e o calor
por infiltração de ar (sensível e latente), determinam o
funcionamento térmico global do edifício, aumentando
7 REFERÊNCIAS
consideravelmente as cargas internas a serem retiradas Barroso C., (2002). Bioclimatismo no projeto de
do interior (Lamberts, 1997). Por esse motivo os arquitetura: dicas de projeto. Rio de janeiro.
materiais utilizados são materiais de inercia térmica
leve, que favorecem as trocas de calor com os sistemas Brito A. U., (2002). Edificações energeticamente
de ventilação propostos. autônomas e eficientes. Dissertação de
mestrado; PPGEE/UFPA Belém.
No referente aos fechamentos transparentes laterais,
estes não têm exposição direta ao sol. Assim, a Castro F., C., (1997). Exemplos de arquitetura tropical
quantidade de calor que entra no ambiente pelas erudita e suas adequações na Amazônia. UFPA
aberturas é menor. Utiliza-se o vidro simples Belém.
transparente, levando em consideração que é altamente
transparente a ondas curtas e opaco a ondas longas. Nas Frota A. B., e Schiffer S. R., (2001). Manual do
aberturas zenitais, corredores e espaço central, é usado conforto térmico. São Paulo.
o policarbonato que é altamente transparente à radiação
Goulart S., (1998). Dados climáticos para projetos e
de onda longa, aumentando as perdas de calor para o
avaliação energética de edificações para 14
exterior; com um fator de proteção solar alto
cidades Brasileiras. Rio de janeiro.
(quantidade de calor que atravessa a abertura), de 87%,
sendo necessário o uso de elementos opacos para Lamberts R., Dutra L, e Pereira F. O. R., (1997).
amenizar a entrada de calor e a radiação direta, Eficiência energética na arquitetura. São Paulo.
principalmente no espaço central.
Liébard A., (2004). Guide de l’architecture
bioclimatique. 3. Construire em climats chauds.
5 SISTEMA HIDROSANITÁRIO
Paris.
Propõe-se utilizar a água da chuva, mediante a
utilização do telhado e calhas para sua captação, a qual Toledo E., (1999). Ventilação natural das habitações.
é dirigida para uma caixa d’água, tratada e usada para EDUFAL; Maceió.
funções diversas, tais como: descarga de vasos
sanitários, rega de jardins, lavagem de pisos e todas
Scigliano, S., (2001). IVN. Índice de ventilação natural. Corbella, O. Yannas S., (2003). Em busca de uma
Conforto térmico em edifícios comerciais e arquitetura sustentável para os trópicos. Rio de
industriais em regiões de clima quente. São Janeiro.
Paulo.

Você também pode gostar