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Dois irmãos

Dois irmãos, um solteiro e um casado, tinham um sítio de solo fértil que


produzia grãos em abundância, que os dois repartiam em partes iguais.
No início tudo seguia tranquilo. Porém chegou um momento em que o
irmão casado começou a acordar sobressaltado todas as noites, pensando:
“Isto não é justo”. Meu irmão não é casado e leva a metade da nossa
colheita, mas eu tenho mulher e cinco filhos. Quando eu ficar velho vou
ter tudo o que precisar. Mas quem vai cuidar de meu pobre irmão quando
ficar velho? Ele precisa economizar muito mais para o futuro do que está
economizando agora, porque sua necessidade, com certeza, é muito
maior do que a minha.

Ele se levantava da cama e ia silenciosamente ao lugar onde seu irmão


armazenava seus grãos e ali colocava um saco cheio de cereais.
O irmão solteiro também começou a acordar à noite e dizia o mesmo:
“Isto é uma injustiça. Meu irmão tem mulher e cinco filhos e leva a
metade da nossa colheita.

Mas eu só preciso manter a mim mesmo. Será justo que o meu irmão, cuja
necessidade é muito maior que a minha, receba o mesmo que eu?”
Então se levantava da cama e levava um saco cheio de cereais ao celeiro
do irmão.
Uma noite levantaram-se da cama ao mesmo tempo e tropeçaram um no
outro, cada um com um saco de cereais nas costas.
Muitos anos mais tarde, depois que os dois já haviam morrido, esta
história foi divulgada e quando os cidadãos resolveram construir um
templo ali, escolheram o local onde os irmãos se haviam encontrado,
porque não acreditavam haver naquela aldeia um lugar mais sagrado do
que aquele.

A verdadeira diferença religiosa não é a diferença entre quem presta culto


e quem não o faz, mas entre aqueles que amam e aqueles que não amam.
Anthony de Mello, A Oração da Rã, Editoral Sal Terrae, Santander, 1988,
pp 27-28.

Objetivos:
• Descobrir o que é a cultura da ternura e qual a sua relevância.
• Reconhecer a ternura como uma forma de interação em nossas relações
interpessoais.

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