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A História dos Ritos Maçônicos

Praticados no Brasil

Paulo Maurício de Moraes Magalhães

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Impresso Brasil
Para aquela que me atura diariamente (e olhem que sou bem mais chato ao vivo) Nayara minha Deusa, amiga, amante,
parceira... SLQETA.

Para meus filhos, de sangue e de coração; Luís Henrique, Otávio, Stella e Lorenzo.
Que Deus permita que minha semente seja boa.
Amo vocês
Não escrevo para aqueles que estão imbuídos de preconceitos, que compreendem e sabem tudo, mas que, no entanto, não
sabem nada, pois eles já estão satisfeitos e ricos, mas sim para os simples como eu, e assim me alegro com meus semelhantes.

Jacob Boehme
Índice

Página do título
Direitos autorais
Dedicatória
Epígrafe
Introdução
Escocês, Escocismo ou Escocesismo
Raízes do escocismo na Inglaterra
Raízes do escocismo na França
O Rito de Heredom
A Maçonaria e a revolução Francesa
Os Ritos escoceses
Rito Adonhiramita
O Rito Escocês Antigo e Aceito
Rito Escocês Retificado
Outros ritos Praticados no Brasil
O Rito Moderno
Rito Brasileiro
Rito Schröder
Rito de York x Ritual de Emulação
O Ritual de Emulação
O Rito de York
Diferentes visões York/ Craft
Conclusão
BIBLIOGRAFIA
NOTAS
Agradecimentos
A Árvore dos Ritos
Os Diversos Graus do REAA
Sobre o autor
Sobre o autor
Introdução
Considerações iniciais

História ainda é vista por muitos como um assunto chato. Mesmo no meio maçônico não são
muitos que se preocupam em estudar e compreender a origem das coisas. Creio que uma das razões
possa ser o fato de nossa história ser tão longa, complexa e dispersa. Nosso objetivo com este
trabalho é tentar construir um resumo que sirva de guia para se entender o todo e, quem sabe, de
inspiração para que os Irmãos prossigam em estudos mais profundos.

Por isso entendo que este trabalho não seja mais que uma apostila ou um compêndio. Não sou
historiador, não fui nas fontes primárias. Se tenho algum mérito é de buscar em vários lugares a
informação necessária para tentar colocar tudo junto, tudo interligado. O verdadeiro mérito cabe
àqueles que reviraram os arquivos e encontraram estes dados. Desta forma, meu objetivo não é nem a
originalidade nem a profundidade, mas a correlação. Especialmente as relações de causa e efeito, os
porquês, a linha do tempo.

Há muitas coisas na maçonaria que se propagam por pura tradição, sem um claro liame. Todavia
os seres humanos não agem gratuitamente, algo os move, alguma razão os leva a escolher isto ante
aquilo. Estas razões nem sempre são as mais corretas ou sequer nobres, mas tem uma lógica dentro
de seu contexto. Da mesma forma, contextos históricos semelhantes levam a busca por soluções, nem
sempre semelhantes, mas que tem como ligação esta situação original. São estas ligações, correlações
e oposições que queremos destacar.

Gostaria de propiciar ao leitor uma visão justa da floresta, para que posteriormente ele possa
escolher mais conscientemente a árvore sobre a qual deseja aprofundar seus estudos e entrar em
detalhes. Quero que meus Irmãos possam melhor entender de onde viemos, quais os processos
históricos que nos levaram até aqui; para assim podermos trabalhar melhor para chegarmos ao futuro
que desejamos.

Falarei dos Ritos que são praticados no Brasil com prioridade nos chamados Ritos escoceses,
apenas ressaltando seu caminho histórico, e quais fatos levaram às suas principais características; sem
aprofundar nas minúcias de cada um, o que seria impossível para um único trabalho dada a riqueza da
trajetória de cada rito.

Não faremos aqui uma análise ritualística, nosso enfoque será histórico. Mencionaremos
aspectos ritualísticos apenas quando eles forem diretamente relacionados com a História.

Para delimitar no tempo, pretendo iniciar com o Casamento de Margaret Tudor (Irmã de
Henrique VIII da Inglaterra) com James IV da Escócia, acontecido em 08 de Agosto de 1503, chegando
até o momento em que cada rito tomou a sua configuração atual. Portanto, não vamos parar
necessariamente na mesma data para cada rito.

Nosso objetivo maior são os ritos “escoceses”. Todavia, a fim de propiciar uma visão do todo
Brasileiro, faremos menção aos outros ritos relevantes em nosso país; principalmente para diferenciá-
los dos escoceses. Ao final, esperamos que este trabalho propicie uma visão geral de como estes ritos
chegaram ao Brasil e da bagagem que cada um deles traz.
Escocês, Escocismo ou Escocesismo
É comum em grupos de pessoas que se criem jargões, significados internos das palavras ou
mesmo palavras específicas que adquirem importância para o grupo. É o caso do termo “escocês” para
a maçonaria. Qualquer dicionário simples nos dirá algo como: Natural ou relativo à Escócia.

Parece simples, não é? ... Não, pois os ritos escoceses não nasceram na Escócia, mas
principalmente na França e nos EUA (como veremos). Certamente tiveram influência escocesa, mas o
produto final vai bem além disso. A palavra surgiu na França exatamente derivada do gentílico de
Escócia, pois se referia à Maçonaria que havia vindo para a França com a fuga da corte de Jaime II.
Assim, era natural chamá-la de maçonaria escocesa. Naquela época ela era, de fato, a maçonaria
como praticada na Escócia, nascida e criada lá.

Só que com o tempo muita coisa aconteceu e, apesar de manter suas raízes, a maçonaria
chamada de escocesa se multiplicou em uma miríade de correntes, recebendo diversas influências até
chegar aos ritos que temos hoje. Paralelamente, na mesma França, havia a maçonaria chamada de
inglesa que seguia a linha da Primeira Grande Loja da Inglaterra (de Londres, também conhecida como
Grande Loja dos Modernos). Isso fez com que o termo “escocês” passasse a designar uma linha de
maçonaria e não mais o local de nascimento do rito. Cientes disso, muitos estudiosos passaram a
chamar isso de “escocismo maçônico”, ou apenas “escocismo”. O mestre Castelanni[1] como citado por
João Guilherme; nos diz que o correto em língua portuguesa seria escocesismo. Apesar de correto, a
observação de Castellani não pegou e o termo mais usado atualmente é Escocismo.

Neste momento o que é mais importante é que o leitor saiba que os ritos ditos escoceses, ou
pertencentes ao escocismo maçônico, não nasceram na Escócia e, às vezes, nem mesmo tem ela
como influência primordial. De certa forma, a verdadeira divisão dos ritos maçônicos seria em
Maçonaria Anglo-saxônica e Maçonaria Latina. A primeira mais iluminista e direcionada como uma
escola de moral, alinhada com seu mote “Amor Fraternal, Caridade e Verdade”. A segunda mais
cerimoniosa e ligada à nobreza, embalada pelo mote da revolução francesa “Liberdade Igualdade e
Fraternidade”. Aqui vamos tentar mostrar como e porque isso aconteceu. Começaremos pelo “Ritos
escoceses” (latinos) em função de serem aqueles mais praticados por aqui e esperamos ir aprendendo
no caminho.

Bem, esta é a história que pretendemos contar; vamos a ela!


Raízes do escocismo na Inglaterra
Os Tudors

A Maçonaria como conhecemos hoje é dada como nascida formalmente em 1717 com a
fundação da Primeira Grande Loja da Inglaterra (não confundir com a atual Grande Loja Unida da
Inglaterra GLUI, que é de 1813). Todavia, estudos mostram que de fato ela já existia de forma
semelhante há pelo menos 100 anos na Escócia. Mais à frente explicaremos o porquê desta
divergência de interpretações; no momento trazemos esta consideração para entenderem que teremos
de começar nossa História em 1503. Não que a maçonaria como um todo se origine aí; mas teremos o
primeiro fato que será relevante para o destino do Escocismo Maçônico.

Desde 1485 a Inglaterra era comandada pela Dinastia Tudor. Reinava Henrique VII (1457-1509).
Ele havia casado com Isabel de York ligando as famílias Lancaster e York, pondo fim aos conflitos da
Guerra das Rosas. Usando a mesma lógica e a fim de costurar uma aliança com a Escócia, casou sua
filha Margareth (1489-1541), com o Rei James IV Stuart (1473-1513) daquele país. Esta medida não
funcionou completamente para estabelecer uma paz duradoura, mas estabeleceu um link entre a Casa
Tudor e a Casa Stuart que terá consequências muito importantes.

Henrique VIII (1491 – 1547) sucedeu seu pai e acabou tornando-se famoso pelas várias
esposas, tomadas tanto por sua libido quanto por sua luta na busca de um herdeiro homem. Apesar de
ser um expoente entre os reis da Inglaterra, discorrer sobre o reinado de Henrique VIII seria complexo
e teria poucas consequências para o nosso assunto. Basta dizer que a fim de anular seu primeiro
casamento com Catarina de Aragão (1485-1536) Henrique, desligou-se de Roma e do Papa, criando a
igreja Anglicana. Isso deu grande impulso ao Protestantismo na Inglaterra.

Henrique VIII acabou falecendo e deixando um filho menor (Eduardo VI 1537-1553) como rei por
um período curto. O trono foi herdado por Maria I (1516-1558), filha mais velha de Henrique VIII com
sua primeira esposa, Catarina de Aragão. Ela foi tirada da linha de sucessão por seu pai quando ele
casou com Ana Bolena, mas foi reestabelecida como a herdeira do trono após seu meio-
irmão, Eduardo VI ter aplicado a Reforma Protestante na Inglaterra, proibindo que o Catolicismo fosse
praticado em todo o reino.

Diferente do irmão e do pai, Maria era extremamente católica como a mãe. Ela não apenas
reverteu muitas medidas protestantes como deflagrou forte perseguição aos “hereges”, mandando
muitos para a fogueira. Não apenas por convicção religiosa, mas também por vingança, uma vez que
eles haviam apoiado a separação de Henrique VIII de sua mãe. Isso contribuiu muito para sua
baixíssima popularidade bem como para um grande ressentimento dos ingleses com o catolicismo.
Graças a isso ela ganhou o epíteto de Bloody Mary ou Maria Sangrenta.

A despeito de ter se casado e tido gravidez psicológica por duas vezes, Maria I morreu sem
deixar herdeiros e a coroa foi para sua irmã Elisabeth I; filha de Ana Bolena, segunda mulher de
Henrique VII. Elisabeth I (1533-1603) era protestante e muito dedicada à Inglaterra, sendo dotada de
grande carisma. Ela fez um longo reinado entre 1558 a 1603. Era esperado que ela se casasse e
gerasse um herdeiro para continuar a linhagem da Casa de Tudor. Entretanto, nunca se casou apesar
de vários pretendentes. Elisabeth ficou famosa por sua virgindade que ela mantinha por dizer-se
“casada com a Inglaterra”. Enquanto envelhecia, um culto cresceu ao seu redor sendo ela era
celebrada em pinturas, desfiles e obras literárias.

Naturalmente, quando a Rainha Virgem morreu (em 24 de Março de 1603) não deixou herdeiros,
recaindo a coroa para os descendentes de sua Tia Margareth (lembram dela?); no caso, James VI da
Escócia. O curioso é que mais no início de seu reinado Elisabeth I havia mandado executar a mãe de
James VI (a famosa Mary of the Scoths) por traição. Bem, mas isso é outra história.
Dinastia Stuart

James VI (1566-1625) era filho de Maria da Escócia (assim chamada para não confundir com a
Maria da Inglaterra, a Bloody Mary) e bisneto de Margareth Tudor (a irmã de Henrique VIII). Ao assumir
a coroa da Inglaterra adotou o nome de James I da Inglaterra. Isso às vezes leva a muita confusão,
pois o James VI da Escócia é o mesmo James I da Inglaterra, por isso muitas vezes ele é designado
James VI&I para evitar a confusão assinalando que é a mesma pessoa.

Mas afinal qual a importância de tudo isso para a Maçonaria e os ritos escoceses? Em tese a
História da maçonaria como conhecemos se iniciaria em 1717 com a Primeira Grande Loja da
Inglaterra, mas não é bem assim. Aquela Grande Loja foi um marco, mas a maçonaria não apenas já
existia como já havia iniciado sua transição de operativa para especulativa[2], bem como feito algumas
tentativas de organização nacional. Mais à frente veremos porque esta parte da História não fica bem
clara. O fato é que em James VI&I foi iniciado na maçonaria escocesa, na Loja “Perth and Scone”[3];
na época ele tinha 35 anos e já era rei da Escócia. É o 1º monarca que se tem notícia ter sido iniciado
na Maçonaria. A partir de então seus descendentes e herdeiros foram todos iniciados, criando uma
ligação entre a maçonaria escocesa e a Dinastia Stuart. Se tomarmos este fato como referência,
podemos concluir que a maçonaria já existia bem antes de 1601, posto que já tinha prestígio suficiente
para atrair a atenção de um Rei. Note-se que neste momento do tempo a Maçonaria da Escócia era
muito mais forte que a da Inglaterra, e estamos quase 100 anos antes da Primeira Grande Loja da
Inglaterra. Outras fontes chegam a falar de uma Grande Loja na Alemanha em 1250[4] , mas para este
estudo basta entendermos que ela é bem anterior a 1717.

Apesar de muitas idas e vindas, nesta época a Escócia era principalmente católica e a Inglaterra
mais protestante. Em ambos os países houve várias disputas, muitas delas com sangue, mas para nós
basta aqui este entendimento geral.

James VI&I foi um rei hábil que, mesmo católico em uma Inglaterra protestante, conseguiu levar
seu reinado até o fim, ainda que enfrentando algumas revoltas como a Rebelião da Pólvora. Tinha
interesse por assuntos místicos (mas chegou a caçar bruxas no início de seu reinado na Escócia) e
ficou realmente conhecido pela organização e tradução da chamada “Bíblia King James” uma das
versões mais conhecidas da Bíblia.

Ele foi sucedido por seu filho Charles I (1625-1649), que não teve tanta sorte no reinado,
enfrentando várias revoltas e acabando por ser decapitado. Seu filho Charles II (1630-1685) foi coroado
na Escócia ainda criança, mas a Inglaterra afundou no período conhecido como República de
Cromwell. Charles II se refugiou na França sendo reconduzido ao trono em 1660, após a morte de
Cromwell (1599-1658). Nesta empreitada, Charles II foi muito apoiado pela maçonaria Escocesa,
reforçando o elo que já existia entre a fraternidade e a dinastia Stuart.
A razão de a Maçonaria apoiar os Stuart, ou pelo menos grande parte dela, é mais sutil. As
sociedades maçônicas eram extremamente católicas na Escócia antiga; afinal a igreja era sua grande
fonte de renda. Assim, ela cresceu ao redor do catolicismo e desenvolveu sua ritualística ao redor dos
autos dos santos padroeiros apresentados nas feiras medievais. Só que a igreja propiciava também um
caráter de marcação dos ciclos da vida. Suas cerimonias marcavam as passagens importantes como
casamentos, nascimentos e óbitos.

Com a chegada do protestantismo os maçons operativos perderam os rituais que marcavam


estes ciclos da vida, uma vez que aquele protestantismo nascente falava de uma fé mais intelectual,
mais individual. Por isso, a Maçonaria especulativa nasceu católica, mas com o tempo (e o avanço
protestante) os rituais maçônicos passaram a suprir aquela necessidade de marcação da passagem
dos ciclos; não como uma reação direta à religião, mas uma substituição talvez quase inconsciente.
Para marcar que não tinha interesse de concorrer com a religião, a Maçonaria passou a não apresentar
símbolos religiosos óbvios como uma forma de não abrir guerra direta com as religiões, mas manter
ativos esses “rituais substitutos”.

Estes “rituais substitutos” tem como origem um amálgama de pelo menos três vertentes: a
primeira, os próprios ritos de irmandade dos operativos, originalmente destinados a proteger a arte de
construir. Em segundo lugar, os próprios autos das feiras medievais nos quais cada guilda encenava
situações relativas a seu santo padroeiro. E, finalmente, uma possível influência templária por
intermédio dos Sinclair de Roslyn[5], que a propósito estavam sob o reinado de James V da Escócia,
avô de James VI&I

De qualquer forma, esta ligação com o catolicismo favorecia a ligação da maçonaria escocesa
com a casa Stuart.

Mesmo sendo um católico reinando em um país protestante[6], Charles II foi muito hábil (como
seu avô), mantendo um bom nível de popularidade a despeito de várias disputas com o parlamento.
Em seu reinado, a Maçonaria conheceu um grande crescimento na Inglaterra a despeito da peste em
1665. Ele teve de enfrentar o Grande Incêndio de Londres, esta foi uma das maiores catástrofes da
capital inglesa, tendo destruído as partes centrais da cidade de 2 a 5 de setembro de 1666. Para sua
reconstrução foi necessária muita mão de obra, o que levou a flexibilização das regras da maçonaria
operativa, acabando por dar ainda mais força ao ramo especulativo. Assim, o Reinado de Charles II foi
positivo para a Maçonaria na Inglaterra e na Escócia sedimentando ainda mais a relação de amizade e
até fidelidade da fraternidade com a Dinastia Stuart.
Porém, mais uma vez a sucessão inglesa se complica, pois Charles II morre sem herdeiros e o
trono vai para seu irmão James II (1633-1701, James VII na Escócia, não perca a conta). Assim como
seu irmão, James II era católico, porém menos tolerante e em consequência disso tornou-se menos
popular. James II rapidamente confirmou os piores temores de muitos dos protestantes em seus reinos,
revendo a forte discriminação anti-católica e colocando os católicos em altos cargos no governo, no
exército e no mundo acadêmico.

Uma vez que ele já era mais velho quando assumiu o trono e sua filha e herdeira, Mary (1662-
1694, que viria a ser Mary II da Inglaterra, não confunda com a Mary da Escócia e nem a Bloody Mary)
era protestante, seus opositores esperavam pela morte do Rei e a consequente sucessão protestante.

Todavia, em 1668 o Arcebispo de Canterbury e outros seis bispos peticionaram James II,
pedindo que ele revisasse suas políticas religiosas. Ele respondeu prendendo-os, sendo
posteriormente absolvidos, mas em 10 de junho, Maria de Modena (esposa de James II) deu à luz um
filho, James Francis Edward Stuart (que viria a ser James III). Isso trazia a perspectiva de
prosseguimento de uma dinastia católica, o que as lideranças Inglesas não iriam tolerar. Assim, um
grupo de nobres convenceu Guilherme de Nassau, príncipe de Orange (1650-1702), marido de Mary II
a atacar a Inglaterra tomando o trono de James II.

Até mesmo sua filha mais nova Anne (1665-1714 também protestante) apoiou o golpe. Isso
mesmo, as duas filhas e o genro destronaram o pai e o irmão. Este estigma acompanharia Mary II até
seu túmulo. Este evento deu início a Revolução Gloriosa e a Monarquia constitucional inglesa. Já
James II teve de fugir com seu filho para a França em Dezembro de 1688, levando consigo uma grande
fatia da Maçonaria e criando uma divisão na Maçonaria que estende seus efeitos até hoje.

Dinastia Hanover

O reinado de Mary II e William (Guilherme no português) transcorreu sem aspectos relevantes


para nossa história maçônica, mas a sucessão inglesa ainda estava a perigo, pois Mary e William não
tiveram filhos.

Com a morte de Mary II, durante o reinado solo de William (reinando como William III da
Inglaterra) o Parlamento passou uma lei ditando as regras para a sucessão. Se Anne (1665-1714)
morresse sem herdeiros e William III não tivesse herdeiros de um casamento posterior, a Coroa seria
herdada por uma parenta distante deles, Sophia Eleitor[7] de Hanover (neta de James VI&I) e seus
eventuais herdeiros protestantes. Este Ato descartou os católicos romanos da sucessão ao trono,
excluindo assim a candidatura de várias dezenas de parentes mais próximos de Mary e Anne do que
Sophia, fruto da restrição religiosa.

Acabou por acontecer exatamente o que o Parlamento previa. Guilherme de Orange morreu e foi
sucedido por Anne que também morreu sem herdeiros. O Trono recaiu para Jorge Luís Eleitor de
Hanover (1660-1727), filho de Sofia, que assumiu como George I da Inglaterra[8].

Assim George I assumiria o trono em 1 de Agosto de 1714, e aí começamos a ter outros


aspectos relevantes para a História Maçônica.

George assumira o trono já com 54 anos e “de costas” para a Inglaterra. Era ríspido e impopular,
chegou a Inglaterra já com duas amantes, apelidadas de Maypole e Elephant (o poste e a elefante).
Somando-se ao fato de que ele jamais falou inglês. Ele assumiu uma Inglaterra dividida, pois os Stuarts
no exílio ganharam uma aura romântica, estimulando seus seguidores na ilha. Isso gerou uma divisão
política na Inglaterra que se reflete em uma divisão na Maçonaria até os dias de hoje.

De um lado ficaram os chamados Tories. Eles eram proprietários de terras e nobres, assim
prezavam mais a coroa do que o parlamento; eram em sua maioria católicos e por tudo isso defendiam
a restauração dos Stuarts. Eles viriam a se alinhar com a vertente maçônica da Grande Loja dos
Antigos.
Por outro lado, havia os Whigs. Eles eram compostos de uma maioria da burguesia mercantil e
em consequência prezavam mais o parlamento que o rei. Era um grupo que pregava a diversidade
religiosa (com algum foco protestante). Futuramente será o embrião da Primeira Grande Loja da
Inglaterra (chamada de Grande Loja dos Modernos).

Mas o que eram estas Grandes Lojas? Bem, a maçonaria já existia a muito tempo e mesmo sua
transição de operativa para especulativa não era nova. Basta considerarmos que em 1601 já tinha
prestígio bastante para iniciar um Rei (James VI&I). Na verdade, segundo William Preston (1742-1818)
[9], desde 1558 já existia a Grande Loja de York, que elegeu seus Grão-mestres por mais de 150 anos
consecutivos. Todavia essa Grande Loja não tinha apoio de âmbito nacional e na verdade ficou
esquecida até que pesquisas mais recentes a estão trazendo à tona. Para a maioria naquela época (e
mesmo alguns na atualidade há os que ainda se agarram a história dita oficial) a maçonaria não tinha
nenhuma estrutura unificada em âmbito nacional naquela época. As lojas eram independentes.

Segundo estudiosos mais recentes, após a extinção dos Templários por Felipe, o Belo de
França, eles teriam fugido para a Escócia sob a proteção do Rei Robert Bruce e ajudado ele a manter a
Escócia independente da Inglaterra na Batalha de Bannockburn (24 Jun 1314). Este mesmo Rei teria
um filho chamado David e uma Filha chamada Majorie. Esta filha se casará com Walter Stuart gerando
Robert Stuart. Robert II Stuart, reinará sobre a Escócia de 1371 a 1390 abrindo a Dinastia Stuart.
Assim a Ligação da dinastia com os Templários e com a maçonaria seria muito anterior a iniciação de
James I&VI.

Com isto estes autores sustentam que a ausência de referências à maçonaria especulativa na
Inglaterra antes de 1717 é porque a maçonaria não surgiu aí, mas sim na Escócia e Irlanda. Foi lá que
as ordens de cavalaria religiosas influenciaram as guildas de pedreiros levando a evolução da
Maçonaria Operativa para a especulativa.

Ora, na época de George I Hanover o grande meio de comunicação eram as conversas em


tavernas e nestas mesmas tavernas funcionavam muitas lojas. Pessoas transmitindo informações sob
um juramento de segredo era algo perigoso demais para um rei impopular como George I. Assim ele e
os Whigs fomentaram as lojas que os apoiavam, gerando uma linha de maçonaria pró Hanover.

Foi neste grupo que em 24 Jun 1717[10] quatro lojas se uniram fundando a Grande Loja de
Londres (inicialmente chamada de “Grande Loja de Londres e Westminster”, mudou seu nome em 1725
para “Grande Loja da Inglaterra”). Cabe lembrar que ela foi fundada com apenas dois graus, uma vez
que o Grau de Mestre Maçom (em seu âmbito) só foi criado em 1723. Essa Grande loja acabou por ter
de inserir mudanças nos rituais, algumas por conta de sua visão política e filosófica, mas outras
deflagradas por um problema. Em 1730 Samuel Pritchard publica um livro chamado “Maçonaria
dissecada”, neste livro ele conta tudo, rituais, sinais toques, palavras etc... O livro era tão detalhado que
ainda hoje é usado como referência para se saber como eram os rituais na época.

A fim de evitar que profanos entrassem nas lojas se fazendo passar por maçons foram
introduzidas mudanças nos rituais. As principais foram:

a inversão do pé da marcha,
a inversão das Colunas dos Aprendizes e Companheiros
a mudança das palavras
e a introdução de uma palavra de passe no Grau de Aprendiz.

Além disso os antigos e os modernos tinham as seguintes diferenças:

A cerimônia de Instalação de veneráveis (existia apenas nos Antigos)


A Localização da Bíblia no dispositivo da Loja (no centro ou no venerável)
O Uso de espadas (proibidas nos antigos)
Graus além de mestre (o Real Arco nos antigos)

Todavia estas não foram as únicas mudanças. Eles também tornaram os rituais menos católicos
e mais constitucionais (menos absolutistas). Também foi introduzida certa aversão aos chamados “altos
graus”. Estes graus além do terceiro já existiam na Escócia e Irlanda (sob diversas formas) e
começavam a ter grande sucesso na França, justamente por influência dos Stuart.

Estas mudanças no espirito, a fim de se tornar pró Hanover, podem ser comprovadas de várias
formas, aqui vamos chamar a atenção de uma. O primeiro Livro das Constituições de Anderson (que
era pastor protestante) foram publicadas em 1723 ainda com enfoque claramente cristão. Por sua vez
quando foi redigida a segunda edição destas constituições, publicadas em 1738, a visão já era
ecumênica. Isso mostra a predominância da visão dos Whigs naquele período da maçonaria inglesa.
Colocamos isso apenas para marcar que a criação e condução da Primeira Grande Loja da Inglaterra
seguiu uma visão política e por isso mesmo tinha apoio da estrutura do estado Inglês e mais
especificamente da Família Real Hanover. Assim, com o apoio da coroa, a maçonaria “Hanover” da
Primeira Grande Loja da Inglaterra (GLI) escreveu a história, relevando a segundo plano a maçonaria
escocesa e Irlandesa muito mais antiga.

A ideia de ter uma coordenação central para a maçonaria era boa e em 1751 algumas lojas da
Escócia procuram a Primeira Grande Loja da Inglaterra para se filiar. Estas lojas não foram aceitas,
pois não quiseram se alinhar às regras (pró Hanover). Além da diferença de alinhamento político e
filosófico, para os escoceses as mudanças inseridas eram modernismos inaceitáveis.

Assim elas fundaram a “Grande Loja da Inglaterra Conforme as Antigas Práticas” que ficou
conhecida como “Grande Loja dos Antigos”, assim nomeada exatamente para se opor a outra, que
apelidaram de “Grande Loja dos Modernos”. O apelido pegou e hoje em dia você achará muitas fontes
se referindo a Grande Loja dos Modernos e não a “Grande Loja da Inglaterra” apesar de elas serem a
mesma instituição e o nome correto ser o segundo. Outra confusão que estes nomes geram é o fato
que a Grande Loja dos Antigos ter os rituais mais velhos, mas ser na verdade a mais nova (1751) e a
dos Modernos ter os rituais modificados, mas ser a mais velha (1717).

Os antigos praticavam rituais que se alinhavam mais com a Irlanda e que eram praticados já
antes de 1717. Nesta época eles já tinham o Grau de mestre e os Graus do Real Arco. Estas
diferenças acabaram virando questão de honra com o tempo. Para bem caracterizar isso traremos aqui
na íntegra um texto de Laurence Dermott (1720-1791)[11], citado por Bernheim[12]:

Antigos e Modernos, a eterna rivalidade

Quando o Grande Secretário dos Antigos, o pintor irlandês Laurence Dermott publicou em1764 a segunda edição de seu Aimã
Rezon, livro que é para usa Grande Loja dos antigos o que o de Anderson é para a dos Modernos, vejamos como ele descreve o
início de seus rivais:
“Por volta de 1717, alguns companheiros alegres que tinham recebido o grau de Companheiro (ainda que de maneira
rudimentar) resolveram constituir um Lodge para colocar-se em memória (fazendo) o que lhes havia sido ensinado anteriormente;
ou, se isso revelou-se impossível, para substituir algo novo que poderia mais tarde passar entre eles por Maçonaria. Nesta reunião
foi feita a pergunta: Alguém conhece o ritual de Mestre? A resposta sendo negativa, foi decidido, sem objeção, que isso seria
sanado por uma nova redação … “
Na terceira edição, com seu senso de humor irlandês, Dermott adicionaria isso:
“Depois de observar durante anos os seus engenhosos métodos para se mover, concluo que o primeiro foi inventado por um
homem que sofre de dor ciática severa. O segundo por um marinheiro muito acostumados ao balanço de um navio. E a terceira por
um homem que, como uma piada ou porque ele havia bebido demais, costumava dançar como um camponês bêbado.”

Para melhor entendimento explicamos que Laurence Dermott (1720-1791) chamou de Aimã
Rezon ou Ahiman Rezon a Constituição da Ancient Grand Lodge of England, ou Grande Loja dos
Antigos. Este nome ainda hoje é adotado por muitas potências que seguem a tradição dos antigos,
como várias Grandes Lojas Americanas.
Para clarear um pouco mais esta confusão sobre mais de uma Grande Loja na Inglaterra vamos
explicar o seguinte: A Grande Loja dos Modernos e a Grande Loja dos Antigos são as mais importantes
historicamente; todavia hoje se sabe que chegaram a existir 4 Grandes Lojas, simultaneamente, na
Inglaterra.

A Grande Loja de York, com uma sucessão comprovada de Grandes Mestres desde 1558 e que
já trabalhava com 5 graus; vindo a adormecer em 1792.

As Grandes Lojas dos Antigos e dos Modernos (das quais já falamos) e a Grande Loja de
Preston formalmente nomeada “Grande Loja da Inglaterra ao sul do Rio Trent”. Essa última Grande
Loja surgiu de uma cisão da Grande Loja dos Modernos, quando William Preston (1742-1818) foi
punido pelo Grande Mestre a se afastou, apoiado por 10 Lojas. Em 1789 a Grande Loja dos Modernos
se desculpou com Preston e elas se fundiram outra vez.

Paralelo a estas Grandes Lojas na Inglaterra propriamente dita, existiam ainda as Grandes Lojas
da Irlanda e da Escócia, perfazendo 6 Grandes Lojas nas Ilhas Britânicas, a saber:

Grande Loja de York (1558)


Grande Loja da de Londres e Westminster (modernos) (1717)
Grande Loja da Inglaterra Conforme as Antigas Práticas (antigos) (1751)
Grande Loja da Inglaterra ao Sul do Rito Trent (Preston) (1779)
Grande Loja da Escócia (1736)
Grande Loja da Irlanda (1725)

Apenas como um arremate histórico, o Movimento Jacobita[13] de apoio aos Stuart fez várias
tentativas de retornar ao trono, todavia suas aspirações foram encerradas em definitivo quando foram
derrotados na Batalha de Culloden em 1746 pelas tropas fiéis a George II (1683-1760) filho de George
I. O mesmo George II veria publicar as segundas constituições de Anderson[14] que fariam a transição
definitiva de uma maçonaria Cristã (como a escocesa) para uma maçonaria teísta.

Já Charles Edward Stuart voltou inicialmente para a França; todavia em 18 Ago de 1748 Luís XV
assina a paz de Aix-la-Chapelle, na qual a França reconhece a sucessão da Inglaterra pelos Hanover.
Com Isso Charles Edward tem de fugir para Roma onde morre em 31 Jan de 1778.

Ao nos encaminhar para o final deste capítulo, creio que é interessante sintetizar visualmente
tudo que falamos. Desta forma vemos, abaixo, um gráfico com toda a trajetória das famílias reais
Inglesas relevantes para nosso estudo a frente.
Uma vez que entendemos que este trecho é bastante denso e cheio de datas e inter-relações
complexas; colocamos na página seguinte um fluxograma que, com a síntese acima, esperamos que
possa auxiliar na compreensão que necessitaremos para os capítulos a frente.
Bem caro leitor, para você que esperou até agora temos um prêmio! Acabou a parte introdutória!
Sim, este início era necessário, mas agora vamos entrar no coração da coisa, no lugar onde Os Ritos
escoceses realmente nasceram: A França!
Raízes do escocismo na França

C hegamos ao verdadeiro berço do escocismo, a França. A Maçonaria Operativa também tinha


sua representação na França onde grandes catedrais foram erigidas pelos pedreiros medievais.
Todavia a estrutura de uma maçonaria especulativa nasceu e estava mais adiantada na Inglaterra. Na
verdade, hoje se acredita que sua verdadeira origem foi a Escócia e a Irlanda (Recomendo o Livro “As
Origens da Maçonaria - O século escocês” de David Stevenson). Assim sendo, o impulso á maçonaria
especulativa francesa veio da Escócia.... com os Stuart.

Chegada da Maçonaria

De acordo com relatos datados do século XVIII, a primeira Loja Maçônica (especulativa) a
funcionar em solo francês, denominada “La Parfaite Égualite”, teria sido fundada pelo Regimento Real
Irlandês “Irish Royal Regiment” (conhecido como regimento Walsh) em 25 março de 1688 de acordo
com posicionamento do Grande Oriente de França, datado de 13 de Março de 1777[15]. Este regimento
foi formado por Charles II em 1661, e acompanhou-o ao exílio e depois de volta ao trono.
Posteriormente o mesmo regimento acompanhou James II ao exílio em 23 Dezembro 1688. Vejam que
tudo isso aconteceu antes da fundação da Primeira Grande Loja da Inglaterra.

Todavia a primeira loja oficialmente documentada data na verdade de 35 anos depois (já no
exílio de James II). Como nos indica Kennyo Ismail ela teria sido fundada na verdade em 1725 (há
disputa se teria sido na verdade 1726) por Charles Radcliffe, Conde de Derwentwater.

“Em 1715, os Stuarts foram exilados na França, mais precisamente em Bar le Duc. Nesse mesmo ano, James Radclyffe,
Conde e melhor amigo do pretendente ao trono, James III, “The Od Pretender”, acompanhado de seu irmão Charles Radclyffe,
ambos fiéis declarados à causa Stuart, retornaram à Escócia para participarem de uma rebelião. A rebelião fracassou e ambos
foram presos, sendo que o Conde James Radclyffe foi executado e Charles Radclyffe conseguiu fugir e retornar à França.
Dez anos depois, Charles Radclyffe, então secretário do Príncipe Charles Edward Stuart, conhecido como “The Young
Pretender”, na França, e atendendo o desejo do príncipe e de sua corte, funda a 1ª Loja Maçônica “escocesa” em território francês.
Através de sua liderança, as Lojas conhecidas como “escocesas” rapidamente se proliferam na França.” ....” (ISMAIL 2013)

Aqui cabe uma pequena explicação. Como vimos, Charles II, Irmão de James III, não teve
herdeiros, mas isso não quer dizer que não teve filhos. Na verdade, ele teve vários bastardos. Ele foi
pai de Maria Tudor (nada a ver com a outra dinastia). Ela casou com Edward Radclyffe e foi mãe de
James e Charles Radclyffe. Assim, os Radclyffe eram primos (em segundo grau para ser preciso) de
James III. Por isso era natural que fossem alinhados à causa jacobita e à maçonaria escocesa.

Como referência, a primeira Loja com Carta Patente Inglesa foi fundada em 1725 e, junto com
outras, só foram constituir uma Grande Loja Provincial (vinculada a Londres) em 1736.

Em nosso entendimento não teria transcorrido tanto tempo (entre a chegada dos Stuart e a
fundação da Loja de Radclyffe) sem que os maçons que acompanharam James II tivessem se reunido
em lojas. Certamente a loja que contou com maior apoio e que fomentou o desenvolvimento foi a de
Radclyffe, mas acreditamos que outras iniciativas tenham acontecido entre 1689 e 1725. O ponto para
se guardar é que a primeira influência de maçonaria especulativa na França foi definitivamente uma
maçonaria escocesa e pró Stuart.

Desta forma a França recebeu um impulso maçônico da fonte original, e, inicialmente, sem a
influência Hanover.
Chegada dos Stuart’s

Os Stuart não fugiram para a França de graça; lá reinava Luís XIV, O Rei Sol, um poderoso
monarca absolutista, e católico como eles. Chegando à França, James Stuart era um rei destronado e
sem dinheiro. Nada tinha a oferecer a fim de angariar aliados e recursos para retomar o trono. Nada
exceto prestígio, honrarias.... e graus maçônicos.

Os Maçons Ingleses, quando chegaram, nada tinham além dos 3 graus do simbolismo, já os
escoceses traziam os graus do Arco Real além de outras honrarias a serem concedidas pelos Stuart.
Isso caiu no gosto da Nobreza europeia acostumada a pompa da corte de Luís XIV e vivendo uma
época de despertar místico em várias frentes. Isso fez com que florescesse esta maçonaria Jacobita
alinhada com a futura Grande Loja dos Antigos.

Discurso de Ramsey

Andrew Michael Ramsay (1686? -1743) nasceu na cidade de Ayr na Escócia. Foi preceptor do
Duque de Chateau-Terry e do Príncipe de Turrene. Como se destacou nestas funções foi nomeado
Cavaleiro da Ordem de São Lázaro, tornando-se um Chevalier ou cavaleiro francês. Então, foi
chamado a Roma para cuidar da educação do filho do rei deposto da Inglaterra, Jaime III.

Ramsay estava empolgado com as ideias do iluminismo, era membro da Royal Society e amigo
de Sir Isaac Newton. Após sua trajetória em Roma, fixou residência em solo francês por volta dos anos
1730.

Nesta época, a maçonaria Jacobita atraía alguns nobres, todavia a origem como sociedade de
pedreiros medievais não empolgava alguns membros das classes mais letradas, que a julgavam
simplória. É fato que a Franco-Maçonaria, abordava Ciências Naturais, Filosofia, Matemática,
Geometria, Hermetismo, Neoplatonismo e ideias Rosacruzes mas toda essa bagagem ainda não atraía
a elite, por vir “embrulhada por pedreiros”.

Observando isso e fruto de estudos e visitas à Escócia, Ramsay costurou uma origem nobre
para a Maçonaria, ligando-a à herança templária, como nos diz o Irmão Carlos Alberto Carvalho
Pires[16]

“Ramsay simplesmente afastou a origem da Maçonaria dos obreiros das catedrais e a situou junto a reis, príncipes, nobres,
duques, barões e cavaleiros da Idade Média e da antiguidade. Incorporou a coragem e valentia dos Cruzados à alma maçônica.
Associar um maçom a um cavaleiro cruzado foi um golpe de mestre, pois as Cruzadas ainda eram, na visão de mundo
eurocentrista, o exemplo maior de devoção a uma nobre causa. Ele obviamente não tinha nenhum documento oficial ou fonte de
pesquisas adequada, mas esta nova origem, muito mais “sangue-azul” e repleta de novas personalidades heróicas que
frequentavam o inconsciente coletivo dos novos obreiros em potencial, foram a pedra angular que sustentaria nossa Ordem nestes
momentos cruciais de sua gestação.

Com isso Ramsay colocou a cereja que faltava para a explosão da maçonaria na Europa,
abrindo uma porta para uma segunda explosão, a dos altos graus. Sua visão ficou marcada por um
famoso discurso proclamado por ele na Loja de São Tomás, de Paris, em 21 de Março de 1.737[17] –
não por acaso, na noite do equinócio da primavera no hemisfério norte. Para se ter ideia de sua
repercussão há estudiosos que atribuem a este discurso ser uma das causas da bula “In eminenti
apostolatus Specula”; uma bula fortemente antimaçônica emitida pelo Papa Clemente XII em 1738.

Em seu discurso Ramsay propôs às Lojas inglesas que adicionassem três Graus aos já
existentes (Mestre Escocês, Noviço e Cavaleiro do Templo). Evidentemente a Maçonaria inglesa
rejeitou, afinal esta era uma proposta dos aliados dos Stuart e quem reinava nesta época eram os
Hanover. Ragon afirma que estes graus seriam criação de Ramsay, mas tendo em vista outros
equívocos de Ragon (que veremos mais a frente), fica difícil ter certeza. Ele ainda propôs às Lojas
francesas que criassem mais sete Graus. A França também não aceitou, mas a partir daí começaram
as introduções de ideias templárias e Rosacruzes e os Altos Graus se espalharam por toda a parte.
Este é outro tema polêmico, havendo autores que admitem o papel direto de Ramsay e outros apenas
influência.

A visão de Ramsay atraiu não apenas a nobreza, mas também místicos e ocultistas, agregando
várias fontes e influências à base maçônica original. O “frisson” foi tal que saiu do controle. Houve
tamanha proliferação de ritos e graus que se chegou a ter 135 Graus distribuídos em 81 sistemas ou
ritos.

Cabe ressaltar que esta origem templária não é comprovada, havendo aqueles que a rejeitam
totalmente e aqueles que a defendem como, Michael Baigent e Richard Leigh em “O Templo e a Loja”
da editora Madras.

Segundo Castelanni, na realidade, antes do discurso de Ramsay podia-se falar num "sistema
escocês", e não num rito, pois isso só aconteceria com a introdução dos Altos graus, suma
característica do escocesismo, que visava dar um ar aristocrático à Ordem maçônica. E o sistema
acabou sendo chamado de escocês, sem ter uma ligação evidente com a Escócia (a não ser pelos
Stuart). Por sua vez, segundo Alec Mellor[18](1907-1988) havia um grau chamado de "Mestre Escocês",
que já era praticado em 1735. Como o discurso é de 1737 fica claro que cabe a Ramsay a
popularização, mas não a criação desta visão.

Talvez caiba aqui uma visão pessoal. Ramsay acreditava nesta origem templária ou apenas a
defendeu a fim de propagar a Maçonaria? Bem, apesar de muitos autores mais antigos insistirem na
origem inglesa da maçonaria em 1717, hoje isso já é amplamente questionado. Mas e a origem
templária? Autores como David Stevenson ou Richard Leigh a remontam a Roslyn e os Sinclar, mas
será que esta relação é real ou fantasiosa? Em nossa visão isso não é o mais relevante, pois seja ou
não verdade, quer Ramsay acreditasse nisso ou não, o fato é que hoje essa influência existe. Se não
pela origem de fato, mas pela influência de vários entusiastas do século XVIII que acabaram por
introduzir estes aspectos na maçonaria. Desta forma, entendemos que hoje a maçonaria tem sim
influência templária e cavalheiresca, ficando para outros estudos a conclusão definitiva se essa
influência é do século XVIII ou anterior.

Evidentemente a maioria destes inúmeros ritos não sobreviveu e nem teve consequências para
a atualidade. Abordaremos aqui apenas três deles que “deixaram herdeiros” na maçonaria dos dias de
hoje.

“A Ordem dos Sacerdotes Eleitos do Universo” (Ellus Cohen) foi criada por Martinez de
Paschoally[19] por volta de 1740. Tratava-se daquilo que hoje chamamos de altos Graus ou maçonaria
Filosófica, não possuindo graus simbólicos. Sua doutrina era mística e teúrgica[20] . De acordo com
(FERREIRA 2014) podemos dizer que:
A base do trabalho iniciático dos Ellus Cohen era a reintegração do homem mediante a prática teúrgica. Essa Teurgia, em
última instância, apoiava-se no relacionamento do homem com as hierarquias angélicas, única via, segundo Pasqually, para sua
reconciliação com a Divindade.

Como se vê, tratava-se de um “rito” (se bem que a rigor esta palavra não se encaixaria de
maneira estrita) de alta carga mística; muito distante da maçonaria operativa e mesmo dos rituais mais
simples da maçonaria Hanover. Martinez de Pasqually fez alguns discípulos importantes, entre eles
Louis-Claude de Saint Martin (1743-1803), que nos deixou a atual Ordem Martinista, e Jean-Baptiste
Willermoz (1730-1824) que acabou por nos legar um rito maçônico do qual falaremos mais à frente.

Outro rito que merece nossa atenção foi a Estrita Observância Templária. Este rito foi fundado por
Barão (1722-1776) no início da década de 1750. Von Hund dizia haver sido iniciado por Eques a Pena
Rubro, um suposto “filósofo desconhecido” que seria Charles Edward Stuart, o Young pretender da
casa Stuart. Recentemente Baigent e Leigh[21] acabaram por identificar o verdadeiro Pena Rubra; seria
Alexander Montgomery Seton, Conde de Eglinton, membro de uma antiga família escocesa ligada às
tradições templárias.
O Rito apelou para o orgulho nacional alemão, atraindo os não-nobres. A prática era dedicada à
reforma da Maçonaria, em especial a eliminação das ciências ocultas que, na época, eram amplamente
praticadas em muitas lojas, como vimos na apresentação do Rito Ellus Cohen. Também visava o
estabelecimento de coesão e homogeneidade na Maçonaria por meio da imposição de uma disciplina
rigorosa.

A Visão de Hund pretendia exacerbar a visão de Ramsay da herança templária. Ele entendia
que o objetivo da maçonaria (pelo menos a dele) era a restauração dos templários. Sua ordem ficou
conhecida por estrita observância e intitulava a maçonaria inglesa como observância tardia. Se por um
lado foi Ramsay que visualizou a ligação templária e cavalheiresca da maçonaria, foi Von Hund que a
levou mais a sério.

Sua ordem ganhou muito terreno na Alemanha, mas acabou por atrair charlatães, levando ele
próprio e sua ordem ao descrédito, culminando com sua dissolução em 1782.

Foi este estado de declínio do Rito da Estrita Observância que inspirou ao Irmão Friedrich Ulrich
Ludwig Schröder (1744-1813) em dar um novo Ritual à Maçonaria Alemã que, segundo suas intenções
e concepções representassem uma Maçonaria Humanista. Assim, o Rito Schröder nascerá em reação
à Estrita Observância. Por outro lado, deixou influências que vão afetar o Futuro Rito Escocês
Retificado.
O Rito de Heredom
V amos agora abordar o rito que deixou a mais importante herança no escocesismo maçônico,
O Rito de Heredom. Como vimos, o contexto da época era de uma explosão de ritos com as mais
diferentes vertentes. Alguns agregando fontes filosóficas legítimas, ligadas ou não à origem da
maçonaria, outros apenas para agregar seguidores e recursos para seus criadores. O que era para ser
uma seleção qualitativa daqueles que subiam aos altos graus acabou virando uma seleção econômica
e/ou social.

Isto acaba por deixar a História da maçonaria na França muito complexa e às vezes confusa e
contraditória. Fontes alinhadas a esta ou aquela tendência levam, por vezes a conclusões diferentes e
tornam difícil entender exatamente o que aconteceu e qual a motivação dos envolvidos. Desta forma
tentaremos manter um caminho simples (esperamos que não simplista) mostrando a evolução da
linhagem que nos interessa. Um estudo mais aprofundado mostrará que as coisas em geral
aconteceram de maneira bem mais complicada do que aqui descrita.

Fruto desta situação de confusão geral, era natural que surgissem iniciativas com o intuito de
organizar e regular os altos graus.

A primeira delas relevante a nossa abordagem foi Capítulo Clermont criado em Paris, em 1754,
pelo Cavaleiro de Bonneville. Seu nome foi escolhido em homenagem ao Conde de Clermont[22] (1709-
1771), Grão-Mestre da Grande Loja da França. Foi o primeiro corpo criado para controlar os altos
graus, mas teve existência efêmera e uma história confusa devido as discussões se os altos graus
controlariam o simbolismo ou ao contrário. Apesar disso sua existência permitiu que os altos graus
fossem tornados regulares quando foi fundada a Grande Loja da França, em 1755.

A sua dissolução gerou duas outras organizações. Inicialmente, em 1756, surgiu o “Conselho
dos Cavaleiros do Oriente”, que era um órgão controlado pela classe média e que tencionava
popularizar os altos graus; seus membros de denominavam “Príncipes Soberanos da Ordem”. Em
reação a este foi formado o “Supremo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente”. Este
segundo era dominado pela nobreza e desde o seu nome queria mostrar que era melhor. Afinal, como
diz João Guilherme[23], era supremo, era de Imperadores e abrangia o oriente e o ocidente; logo “tinha”
que ser mais importante. Seus membros ostentavam o título de “Soberanos príncipes maçons”.

O Supremo Conselho acabou dominando o cenário, mais uma vez nos apontando que a
maçonaria se desenvolvia na França mais ligada à nobreza do que à burguesia; diferentemente da
Inglaterra dos Hanover. Só que, como já falamos, a História na França não é simples, e o acaso de
uma destas confusões nos é muito importante.

O Conde de Clermont foi Grão mestre de 1743 até sua morte em 1771. Todavia já no final de
sua vida não tinha condições de tocar as coisas pessoalmente; assim, nomeou seu representante
pessoal Lacorne (também mencionado como Lacombe), que era professor de dança. Isso acabou
gerando um racha na Grande Loja (teve de haver até intervenção da polícia profana no caso), havendo
partidários de ambos os lados. Ragon[24] nos relata em seu Tailleur General de la franc-maçonnerie
que Lacorne teria unido os três graus simbólicos a 22 outros e formado, dentro do Supremo Conselho,
o “Rito de Heredom”, ou “de Perfeição”.

O conselho havia se inspirado em Roma para a escolha de seu símbolo. Uma vez que foi criado
o Império romano do ocidente e do oriente, o símbolo adotado foi a águia bicéfala, olhando para as
duas direções. Este acabou se tornando o símbolo do Rito de Heredom e posteriormente do REAA,
com pequenas modificações em cada caso.

Esta criação do Rito foi feita no escopo de uma grande reforma dos ritos em 1758, visando
(lembremos sempre) organizar a grande confusão de altos graus que reinava na época. Os graus do
rito misturavam pretensões políticas, valores cavalheirescos e temas alquímicos, herméticos e
esotéricos e ainda que feito em um ambiente influenciado por questões de política maçônica, foi o
maior e mais bem estruturado sistema de graus da época; o que lhe garantiu uma rápida proliferação,
já que a Grande Loja de França( de linha inglesa) não podia competir apenas com seus três graus. O
Rito de Heredom teve grande aceitação e acabou circulando com vários nomes como Rito de
Perfeição, Antigo Rito dos 25 graus ou apenas Maçonaria Escocesa. Claro que o Rito não era toda a
maçonaria escocesa, mas ser chamado assim dá a ideia da sua popularidade após um tempo. Na
América o rito também ficou conhecido como “Ordem do Real Segredo”.

Todavia a importância de Lacorne não se encerra aí. Em 27 de Agosto de 1761 ele entrega a um
judeu chamado Stéphan Etienne Morin (1717-1771), de partida para São Domingos, uma carta patente
de Grande Inspetor Deputado para difundir nas américas essa maçonaria de perfeição. Este senhor
será de grande importância para a nossa maçonaria atual, mas a fim de não adiantar o filme, apenas
pedimos que se lembrem dele.

Mas porque o nome Heredom? Qual a origem deste termo? Eis aí uma pergunta difícil. Há várias
interpretações e versões, todas elas com sua lógica particular. Dizem que significaria herança, no
sentido de herança da Escócia. Outros dizem que viria do Grego Hieros domos ou montanha sagrada.
Daí alguns afirmarem que seria este o nome de uma montanha na Escócia, coisa que nunca existiu. O
fato é que há várias interpretações, todavia nenhuma conseguiu ser definida como aquela que
realmente influenciou os criadores do rito.

Cabe aqui pontuar as diferenças que já se mostravam entre a maçonaria Francesa (que era
chamada de Escocesa) e a Inglesa. Estas diferenças são muito semelhantes ao contraponto entre a
Grande Loja dos antigos e a Grande Loja dos modernos já explorados, mas não iguais.

Na França o destaque à nobreza era mais evidente. Um dos aspectos ritualísticos que deixa isso
claro é a elevação do oriente e a balaustrada. O templo no Ritual de Emulação (linha dos modernos) e
no Rito de York (que veremos que segue a linha dos Antigos) é em um único nível, porém no REAA e
no Adonhiramita o oriente é elevado e existe a divisão pela balaustrada. Notem aí que a Inglaterra
focava mais na igualdade enquanto que na França havia a necessidade de destacar a nobreza. Claro
que um irmão de origem simples que atingisse um grau elevado também subiria ao oriente, mas a
estrutura estava lá para destacar a sua nobreza (ainda que de outro tipo). Claro que também influencia
aí a vontade dos nobres de não “perderem” seus direitos como o uso de espada e de chapéu; assim
como o gosto pela pompa. Uma rápida reflexão aí nos mostra claramente o porquê de algumas das
diferenças destes ritos.

Encerrando este tópico, deixamos aqui a lista dos graus que compunham este rito original de
Heredom.

Rito de
Heredom

Grau Título Grau Título


4 Metre secreto 15 Cavaleiro da Espada
5 Mestre Perfeito 16 Príncipe de Jerusalém
6 Secretário Intimo 17 Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
7 Intendente dos Edifícios 18 Cavaleiro Rosacruz
8 Preboste e Juiz 19 Grande Pontífice
9 Mestre Eleito dos Nove 20 Cavaleiro Noaquita ou Prussiano
10 Mestre Eleito dos Quinze 21 Grande Patriarca
Ilustre Eleito Chefe das Doze
11 22 Príncipe do Líbano
Tribos
12 Grande Mestre Arquiteto 23 Cavaleiro do Sol ou Soberano Príncipe Adepto
13 Real Arco de Salomão 24 Ilustre Cavaleiro Comandante da Águia Branca E Negra
Grande Eleito Antigo e Ilustre e Soberano Príncipe da Maçonaria Grande Cavaleiro
14 25
Perfeito Mestre Comandante do Real Segredo
A Maçonaria e a revolução Francesa
A revolução francesa deixou marcas importantes na história da humanidade e, certamente, na
da maçonaria também. Estas marcas até não são as mais relevantes nos ritos escoceses em particular;
mas uma vez que seus sinais estão aí e que não há como falar da História da França sem falar da
revolução, vamos a ela!

Há muita discussão histórica se a Maçonaria foi origem e condutora da revolução Francesa, ou


se como o resto da sociedade foi engolida por ela. A verdade costuma estar no centro e, neste caso,
acreditamos que está mesmo. Para começar não houve uma, mas na verdade quatro revoluções
francesas, ou melhor, um movimento em quatro fases, cada uma delas com suas nuances e valores
específicos convulsionando e engolindo a anterior. Desta forma, tratar tudo como uma coisa só seria
um equívoco já de largada. Todas as reviravoltas e mesmos irmãos matando irmãos foi algo muito
caótico para que pudesse ter sido planejado.

Em particular na primeira fase a Maçonaria certamente contribuiu com o caldo intelectual que
levou a revolução. Filósofos como Diderot e Jean Jacques Rousseau eram de fato maçons, mas sua
influência foi muito além das lojas. Outro ponto é que a maçonaria Francesa era composta
principalmente de nobres e clérigos, sendo forte nos centros urbanos, onde a revolução eclodiu e estas
classes, naturalmente, não seriam republicanas e nem anticlericais como o movimento se caracterizou
em suas fases posteriores.

A tese que a Maçonaria teria deflagrado a revolução veio do fato que o Grão mestre do Grande
Oriente de França na época era o Duque de Orleans (1747-1797) primo de Luís XVI e aspirante ao
trono. Esta visão se alinha com a primeira fase da revolução, que era monarquista, e encontra apoio na
visão do Abade Lefranc. Este clérigo, assassinado logo depois, escreveu um livro em que reputava a
revolução a um plano contra as monarquias europeias engendrado pela Inglaterra e pelos Iluminatti.
Ora, esta fase da revolução era monárquica e não era anticlerical (como os Iluminatti), assim não faz
sentido esta suposta ligação.

Outro ponto que derruba esta tese da autoria é que, apesar do Duque de Orleans ser o Grão
mestre, ele ocupava o cargo somente por deferência a nobreza. Quem realmente conduzia o Grande
Oriente era Charles Emmanuel Sigismond de Montmorency-Luxembourg (1774-1861), adversário de
Orleans e fiel seguidor de Luís XVI. Assim, alguns maçons de algumas lojas favoráveis ao duque de
Orleans podem ter se envolvido na deflagração do movimento, mas não a Maçonaria como instituição.
Maçons participaram também nas outras fases, mas novamente como indivíduos tragados no turbilhão
do momento, sem nenhuma unidade ou mesmo fraternidade. Haja visto, por exemplo, que Robespierre
mandou matar Danton, ambos maçons e aliados na fase anterior.

Na verdade, a grande mudança da maçonaria francesas é exatamente o que prova que ela foi
envolvida na revolução mais do que a deflagrou. Até a revolução, a Maçonaria em França era
primordialmente monárquica, clerical e nobre. A despeito de se basear na igualdade dos irmãos e na
liberdade, certamente ela não era tão paritária quanto os Sans Culottes desejavam. Em 1794,
restavam quatro lojas em Paris. Após a revolução, aí sim, se vê uma maçonaria Francesa com
tendências republicana, constitucional, igualitária e laica. Esta tendência provocou reações e cisões
que permanecem até hoje, especialmente devido à crença em Deus como o Grande Arquiteto do
Universo. Este ponto viria a deflagrar o cisma maçônico de 1877 entre a Maçonaria Regular, liderada
pela GLUI e a Grande Loja de França[26]. Esta questão permanece em aberto até hoje como uma
divisão na maçonaria, havendo hoje sido acrescida de outros aspectos como a aceitação da maçonaria
feminina.

Assim, a ideia segundo a qual os procedimentos das assembleias revolucionárias encontram


suas raízes no ritual maçônico é globalmente falsa: eventualmente, certas influências específicas e
participação de grupos isolados podem e devem ter acontecido. Mas, os revolucionários se inspiraram,
sobretudo nas assembleias paroquiais e/ou na independência Americana para organizar as
assembleias. Portanto, o estabelecimento do ambiente pré-revolucionário não foi um feito
essencialmente maçônico.

Dessa forma vemos que a maçonaria é mais filha do que mãe da Revolução Francesa, tendo
sofrido uma cisão e gerado uma corrente mais laica dentro da família maçônica. Em especial nos ritos
latinos, veremos esta influência mais claramente no rito moderno, que falaremos mais adiante.

Aqui encerramos a base histórica. Apresentamos todo o ambiente a partir do qual cada rito irá se
separar tomando suas características próprias. Sabemos que todo este histórico é complexo (e
acreditem, aqui está muito simplificado), mas sem entender este contexto ficaria difícil compreender
muitas das coisas que estão por vir na evolução específica de cada rito. É pela falta do conhecimento
histórico que muitos irmãos às vezes afirmam coisas equivocadamente.

A simbologia maçônica é muito rica e passível de inúmeras interpretações muito bonitas e até
sensatas, mas nem sempre verdadeiras. Nem sempre o motivo de certas escolhas foi nobre ou
extensamente fundamentado, a despeito das belas e profundas explicações encontradas
posteriormente e adotadas hoje. Este não é um trabalho sobre ritualística, portanto, estamos fazendo a
escolha de apresentar (sempre que isso puder ser determinado) o porquê histórico da escolha, mesmo
que isso nos deixe com dúvidas no aspecto ritualístico. Deixamos esta segunda vertente de trabalho
para aqueles mais capacitados que nós.

Mas sejamos, finalmente, fiéis ao título e comecemos a falar dos Ritos, deixando apenas nosso
quadro resumo.
Os Ritos escoceses
P assaremos agora a abordar cada um dos ritos praticados no Brasil iniciando pelos chamados
“escoceses”. Abordaremos cada rito desde o seu surgimento até o momento em que ele adquiriu as
suas características atuais. Desta forma não iremos abranger necessariamente a mesma janela de
tempo para cada um, mas sim buscaremos abranger o período mais relevante para sua organização e
as principais causas que levaram à sua forma atual.

Em Maçonaria, objetivamente, podemos afirmar que rito seja o conjunto de regras segundo as
quais são celebradas as cerimônias tradicionais e culturais que caracterizam todos os aspectos da vida
maçônica. Segundo Rizzado da Camino, “é o conjunto de regras e preceitos com os quais, praticam-se
as cerimônias, comunicam-se os sinais, toques, palavras e todas as instruções secretas, necessárias
para o bom desempenho dos trabalhos”. Já Nicola Aslan dos diz o seguinte:
“Enquanto o Rito é a cerimônia estabelecida pela lei, pelo costume, tendo um efeito religioso ou mágico, o Ritual é um sistema
de Ritos e Cerimônias. Chama-se também ritual o livro que indica os Ritos ou consigna as formas que se devem observar na prática
de uma religião ou de um cerimonial. Chama-se Ritual, em Maçonaria, o livro que contém a Ordem, as fórmulas e demais instruções
necessárias para a prática uniforme e regular dos Trabalhos Maçônicos em geral.”

Desta forma podemos entender que o rito é o conjunto de preceitos filosóficos, sequência de
graus e simbolismo que caracterizam uma determinada corrente maçônica. Já o ritual são as
cerimônias em si, sua mecânica, suas falas, sua dinâmica de movimento e ações efetivamente
executadas. De uma certa forma o ritual diz a forma de como colocar o rito em prática. Por isso
geralmente o ritual é confundido com o livro de procedimentos em si.

Por uma questão de justiça iremos abordar os ritos em ordem alfabética de nome e não pela sua
data de criação; até porque nem sempre estas datas estão claras e aqui não é nosso objetivo dizer
quem é mais antigo, ou melhor, mas sim mostrar a trajetória de cara rito. A propósito se alguém se
preocupa com a antiguidade pura e simples de um rito, ou acha que existe algo como “o melhor rito”
entendemos que esta pessoa necessita revisar totalmente seus conceitos. Mas então vamos a eles....
Rito Adonhiramita
As Origens do Rito Adonhiramita

A primeira referência ao que vai ser chamado de Rito Adonhiramita se dá no Livro “Catéchisme des
Franc Maçons ou Le Secret des Franc Maçons” (Catecismo dos Franco-Maçons ou o Segredo dos
Franco-Maçons) publicado em 1744. Este livro foi escrito pelo abade Luiz Travenol, sob o pseudônimo
de Leonard Gabanon. Neste livro o autor abordava uma discussão sobre quem seria o arquiteto do
templo, se Hiram ou Adonhiram.

É de entendimento geral que o arquiteto era Hiram Abif, o filho da viúva de Hur (um homem que
trabalhava com cobre) como descrito no primeiro Livro de Reis (VIl, 13-14), e no segundo Livro de
Crônicas (11, 13-14), que havia sido enviado ao Rei Salomão por Hiram, Rei de Tiro.

A controvérsia surgiu, não relativa ao próprio nome, mas a sua devida denominação, ou seja, a
maneira de chamá-lo. Uns chamavam-no de Hiram Abif, e os outros admitiam que seu nome original
seria Adonhiram. Este nome lhe teria sido dado pela habilidade que havia demonstrado na construção
do Templo, fruto da qual se conferiu a ele o afixo memorável de Adon, significando Senhor ou Mestre,
originando assim o nome Adonhiram (Adon + Hiram). Além disso, existiu no Templo outro Adoniram
(nota-se que se tratava de dois homônimos). Este segundo é referenciado em Samuel 24 e depois
novamente em 1 Reis 12-18[27].

Não nos cabe aqui explorar os textos bíblicos buscando definir quem seria o verdadeiro
arquiteto; este seria um estudo muito interessante, mas extenso demais e fora do nosso foco. O ponto
relevante é que nesta época surgiram disputas sobre quem seria o arquiteto e surgiu um rito ao redor
do conceito de Adonhiram como o arquiteto do templo. Cabe frisar que outros Ritos franceses também
tinham esta visão. O Nome Adonhiram continuaria aparecendo em rituais do Rito Moderno até 1788
(Recueil des Trois Premiers Grades de La Maçonnerie – Apprenti, Compagnon, Maitre au Rite
Français – 1788). Assim esta interpretação não foi uma invenção de Louis Travenol e nem indica uma
“irregularidade” na origem do Rito.

Considerando que em 1744 Luiz Travenol entendeu que esta questão era relevante o bastante
para constar do seu livro, vemos que o rito, ou melhor dizendo, suas raízes, já existiam antes desta
data, pois ninguém discute algo que não existe; ninguém escreve sobre uma dúvida que ninguém tem.
Porém o quanto antes de 1744 este embrião do rito já existia? Uma vez que nesta publicação já se
menciona o Grau de Mestre, tal conceito tem que ter surgido após a criação deste grau em 1725.
Desta forma podemos concluir que o Rito Adonhiramita começou a se formar em algum momento após
1725, porém anterior a 1744.

Ao caminharmos para a próxima publicação relevante para a história do Rito devemos


apresentar um personagem: Théodore Henry de Tschoudy, conhecido como O Barão Tschoudy.

Nascido em 1730 e falecido em 1769, o Barão de Tschoudy era de família suíça e membro do
Parlamento de Metz, cidade que era um dos principais centros de estudos e difusão do pensamento
maçônico. Tschoudy era maçom entusiasta e possivelmente o ritualista mais conceituado de seu
tempo.

Tschoudy fez parte do Supremo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, todavia se
desentendeu e separou-se deste grupo, fundando (junto com Lafaiete Pirlet) o “Soberano Conselho dos
Cavaleiros do Oriente”, em 22 Jul 1762. Assim, o rito Adonhiramita, em seus graus filosóficos, é uma
reação ao rito de Heredom considerado por Tschoudy ainda muito grande. Portanto, a fonte essencial
do rito na verdade é o material do Soberano Conselho dos Cavaleiros do Oriente (SCCO) que não foi
publicado e não o material do “Supremo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente”
(SCIOO).
A fim de evitar confusões, dados os nomes semelhantes, sugiro que observem o esquema ao
lado, onde colocamos os Capítulos de altos graus da França no século XVIII, relevantes ao nosso
estudo.

Tschoudy era contra o que acreditava ser uma descaracterização da maçonaria original e um
dos maiores combatentes da proliferação de graus. Na visão dele, mesmo o Rito de Heredom ainda
não era o bastante, ainda era grande demais. Ele queria resgatar a pura tradição da maçonaria
cavalheiresca e cristã.

Cabe aqui observar uma curiosidade histórica. Tschoudy se separou e reformou o rito por achar
que 25 graus já era muito grande, reduzindo para um rito de 12 graus; e hoje o Rito tem 33 graus. São
as voltas que o mundo dá.

Em 1766 Tschoudy publicou L'Étoile Flamboyante ou La Société des Francs-Maçons (a Estrela


Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons), neste livro propôs a criação de uma nova Ordem de
altos graus, a Ordem da Estrela Flamígera, com três graus: Cavaleiro de Santo André, Cavaleiro da
Palestina e Filósofo Desconhecido.

Aí entramos em um terreno pantanoso, onde pairam dúvidas históricas e defesas acaloradas de


posição. Em benefício da clareza colocaremos a narrativa como a entendemos do que pesquisamos e
mais a frente abordaremos os questionamentos.

Após o “Estrela Flamígera”, Tschoudy começa a registrar os Graus do rito Adonhiramita, mas o
faz a partir dos graus filosóficos escrevendo do Grau 5 (Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove) ao 12
(Cavaleiro Rosa-Cruz). O Barão de Tschoudy morre em 1769, sem ter publicado este material.

Aqui torna-se relevante outro irmão, Louis Guillemain de Saint-Victor. Apesar de ser
extremamente importante para história do Rito, sabe-se muito pouco de Saint-Victor[28]. O fato é que
ele foi o mais importante compilador do Rito. Cabe aqui um esclarecimento: Falamos compilador, pois
se entende que não houve um criador. O rito já existia, possivelmente antes de 1744; e a medida que o
amadureceu foi sendo compilado. Voltando ao assunto, Saint-Victor publicou, em 1782[29] (portanto
após a morte de Tschoudy), a primeira parte do “Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite”, ou
“Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita”. Este livro é a base do Rito, abrangendo, nesta
parte, os graus de 1 a 4 (Mestre Secreto). Posteriormente foi publicada, em 1785, uma segunda parte,
indo dos graus 5 ao 12 em trabalho recuperado ou reprocessado a partir de Tschoudy. Cabe ressaltar
aqui que há alguns historiadores que fazem referência a uma publicação em 1782[30]. Finalmente em
1787 há a publicação completa do trabalho, agora já em 2 volumes.

A obra de Saint-Victor teve repercussão extremamente positiva, a ponto de em 1785 (ou seja,
apenas três anos após o lançamento da primeira parte e no mesmo ano do lançamento da segunda), já
estar sendo publicada, ainda em francês, na Filadélfia, EUA. Todavia esta obra também gerou e gera
muita polêmica sobre sua autoria. Acontece que Ragon afirmou em suas publicações que a
Compilação Preciosa seria de autoria de Tschoudy.

Vamos analisar por partes. Em primeiro lugar se ela fosse de autoria de apenas um deles teria
de ser de Saint-Vitor, uma vez que foi publicada após a morte de Tschoudy. Em segundo lugar, as
duas partes têm características bem diferentes. Se por um lado a primeira parte (provavelmente de
Saint-Vitor) é rica em notas explicações e detalhes; a segunda é bastante lacônica; revelando que
provavelmente foram redigidas por pessoas diferentes. Em terceiro lugar é importante entender o termo
“compilação”, que já mencionamos aqui. Em verdade, o Rito foi se desenvolvendo ao longo do tempo e
coube a Tschoudy e Saint-Vitor compilar e organizar o que já estava sendo feito. Assim eles
estruturaram e codificaram o rito, não o criaram. Acreditamos que não exista uma só pessoa que
mereça o título de criador do rito Adonhiramita. Devemos a organização dele a ambos, já a sua
publicação devemos particularmente ao Am∴ Ir∴ Saint-Vitor.

A esta altura, o leitor pode se perguntar como subsiste o dilema desta autoria, se há inclusive um
conflito de datas com a morte de Tschoudy, que tornaria impossível ser ele o autor. Várias ideias podem
ser levantadas a este respeito. Era comum na época se atribuir a alguém famoso a autoria de
documentos. Desta forma, apesar de isso não ter sido feito intencionalmente por Saint-Vitor, é algo que
seria aceito sem estranheza pelos irmãos da época. O fato de pouco se saber de Saint-Vitor já nos diz
que ele não seria muito afeto a “aparecer” e não deve ter feito força contrária a suposta autoria de
Tschoudy; até porque ele poderia se julgar (como nos diz o título do livro) apenas compilador de algo
que existia e não autor da obra.

Finalmente cabe-nos explicar porque as publicações de Ragon acabaram por ter tanta
publicidade. É que Ragon era o editor do primeiro Jornal Maçônico Francês, o “Hermes”, e foi
presidente da célebre Loja Parisiense “Les Vrais Amis”, tudo isso lhe dando bastante celebridade.
Assim, a sua versão foi aceita sem questionamentos por muito tempo, até que pesquisas posteriores
revelaram a impossibilidade.

Porém as confusões a respeito do Rito não se encerram aí. Quando da publicação da segunda
parte em 1785, foi acrescentado, a título de curiosidade, um grau extra. O Grau de “Cavaleiro
Noaquita”. Este grau foi inserido por Tschoudy, como uma tradução sua do alemão, da obra de
Bérage[31]. Ele não era parte do rito, que havia sido concebido em 12 graus. Nesta visão original, o
grau de Cavaleiro Rosacruz era o “Nec Plus Ultra”[32] da maçonaria. Todavia este grau foi entendido
(Ragon mais uma vez) como parte do rito e considerado seu 13º grau, sendo praticado na França a
partir de 1787. Já no Brasil, o grau 13 só foi adotado a partir de 1873. Cabe ressaltar que apesar de
não ser considerado parte do Rito Adonhiramita (isso está claro na Compilação Preciosa), o grau foi
recepcionado pelo “Supremo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente” e incluído no Rito
de Heredom; o que deve ter contribuído ainda mais para a confusão.

Esta não é a única peculiaridade deste Grau, pois na verdade chega a ser estranho que ele faça
parte dos ritos escoceses. É que quando foi emitida a segunda versão das Constituições de Anderson;
houve uma alteração na redação, fazendo com que a Maçonaria fosse aberta não apenas aos cristãos,
mas a todos que fossem “verdadeiros Noaquitas”; ou seja, que aceitassem os três artigos de Noé: 1- O
reconhecimento do Deus único; 2- a recusa da imortalidade; 3- a recusa do sangue derramado. Isso
retirava a característica essencialmente cristã que a maçonaria tinha desde seu nascimento nas
Guildas e colocava no lugar uma visão teísta. Esta era a visão da Primeira Grande Loja da Inglaterra,
alinhada aos Hanover protestante e não da maçonaria Jacobita alinhada aos Stuart. Desta forma um
grau com este nome soa estranho na estrutura de um Rito de influência Stuart.
A fim de permitir melhor visualização, acrescentamos, a seguir, um diagrama da formação deste
livro-mãe para o rito:

Concluindo devemos observar que o Rito de Heredom deu origem aos Ritos Adonhiramita e
REAA. Todavia o rito Adonhiramita já existia em seus graus simbólicos antes disso, antes mesmo de
1744 como já vimos. Se por um lado estes graus simbólicos eram inspirados nos modernos, devido a
influência da Grande Loja da Inglaterra sobre a Grande Loja da França; por outro lado já tinha
características peculiares como nos mostra a compilação preciosa.

Graus da Compilação Preciosa

Grau Título
4 Mestre Perfeito
5 Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove
6 Segundo Eleito ou Eleito de Perignam
7 Terceiro Eleito ou Eleito dos Quinze
8 Aprendiz Escocês ou Pequeno Arquiteto
9 Comp. Escocês ou Grande Arquiteto Escocês
10 Mestre Escocês
11 Cavaleiro do Oriente, da Espada ou da Águia
12 Cavaleiro Rosa-Cruz ou Soberano Príncipe Rosa-Cruz
Extra Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano

Dito isso julgamos pertinente apresentar os graus incluídos na Compilação Preciosa da


Maçonaria Adonhiramita, a saber:

O Rito Adonhiramita teve um grande sucesso inicial na Europa; em especial na França e em


Portugal. Também se espalhou pelas colônias francesas ao redor do mundo. Todavia com a criação e
propagação do Rito Francês (consequência da revolução francesa) ou moderno no século XIX, foi
perdendo espaço e acabou ficando ativo somente no Brasil. Então vamos falar do Rito no Brasil.

O Rito Adonhiramita no Brasil

A vinda do Rito Adonhiramita para o Brasil se confunde com a vinda da própria maçonaria para o
país. Os Primeiros maçons que aqui chegaram, certamente eram Portugueses ou Brasileiros iniciados
na Europa e principalmente em Portugal. Constam dos “Annaes Maçônicos Fluminenses”, publicados
em 1832 que em 1800 haveriam pelo menos 5 maçons na cidade do Rio que se reuniam na “Loja
União”; e que após iniciarem e agregarem outros decidiram fundar uma loja chamada Reunião (1801).

Esta Loja, segundo o mesmo documento, trabalhava no “Antigo Rito dos 12 Graus”. Ora,
Melkizedec[33] nos explica que nesta época o Rito de Heredom tinha 25 Graus, o REAA acabava de ser
criado e tinha 33, o Moderno tinha 7 e o Schröder tinha 3. O Rito de York tinha o Real Arco com
contagem e organização bem diferente. Logo, este Rito de 12 Graus só poderia ser o Rito
Adonhiramita. Além disso, este era o rito dominante à época em Portugal, logo o mais provável de ter
sido trazido.

Consta ainda nestes Annaes, que o Rio foi visitado pela Corveta de Guerra Francesa Hydre, e
que os maçons desta nau visitaram a Loja. Impressionados com a qualidade do seu trabalho
convidaram a Loja para se filiar ao “Grande Oriente da Ilha de França[34]” sendo esta a fonte primeira
de regularidade do Rito e da maçonaria Brasileira.

Devemos aqui trazer ao nosso leitor uma conclusão importante. Existem várias cogitações de
que a maçonaria estaria no Brasil antes de 1808. Uma das provas de que o Rito Adonhiramita chegou
no Brasil antes de 1808 é exatamente que ele chega aqui com 12 graus. É que o décimo terceiro grau
já era praticado na França desde 1787 (devido aquele erro de Ragon); assim sendo, o nosso “ramo” do
rito Adonhiramita tem que ter saído de lá antes desta data.

Em 1815 é Fundada, na Casa do Irmão José Vahia a “Loja Comércio e Artes”; esta loja teve de
passar por um período de adormecimento a partir de 1818, devido a proibição da Maçonaria em
consequência da Revolução Pernambucana. Em 24 Jun 1821 O Capitão Mendes Viana reorganizou a
Loja, agregando inclusive antigos membros da Loja Reunião. Já no ano seguinte, a 24 Jul 1822 a
“Comércio e Artes” se dividiu, fundando as Lojas “União e Tranquilidade” e “Esperança de Niterói”.
Juntas elas formaram o Grande Oriente Brasiliano (ou brasílico), primeira potência Brasileira e origem
do atual Grande Oriente do Brasil. No Processo a Loja mãe alterou seu nome para “Comércio e Artes
na Idade do Ouro”. Em função de lutarem pela Independência do Brasil, e a fim de se distanciar do
Grande Oriente Lusitano, esta nova potência adotou o Rito Moderno e não o Adonhiramita ainda usado
pela potência Portuguesa.

Esta mudança não aconteceu sem atrito. Se observarmos o ritual da “Comércio e Artes na Idade
do Ouro”[35] veremos que na verdade ela ainda usava de fato o Rito Adonhiramita, a despeito do que
constava da documentação. Esta situação provocou até mesmo a dúvida quanto a data do dia do
maçom. O dia do maçom é marcado em 20 de Agosto por ter sido (supostamente) a data do discurso
de Gonçalves Lêdo pela independência do Brasil. Acontece que o Barão do Rio Branco, ao consultar
documentos da época dos fatos, entendeu que a data ali colocada em datação maçonica se referia ao
Rito Moderno (já consolidado no GOB quando ele escrevia), todavia a ata havia sido datada
(provavelmente pela força do hábito do secretário) segundo o Rito Adonhiramita.

Assim ele reputou o famoso discurso de Gonçalves Ledo (1781-1847) em favor da


Independência como tendo acontecido a 20 Agosto 1822, quando na realidade, ele ocorreu a 09 de
Setembro do mesmo ano. Está provada desde 1861, através de uma certidão fornecida pelo próprio
Grande Oriente do Brasil, a verdadeira data da Reunião como sendo 09 de Setembro. Em verdade não
houve reunião no dia 20 de Agosto de 1822. Isso em nada afeta o Brilhantismo e coragem de
Gonçalves Ledo, que naquele momento não sabia da proclamação da independência ocorrida em 7 de
setembro. Este evento serve apenas para marcar que o Rito Adonhiramita era a referência para a
maçonaria em 1822.

A História do Grande Oriente do Brasil e demais potências no Brasil é bastante complexa e cheia
de altos e baixos. Portanto não entraremos em detalhes neste aspecto que seria merecedor de uma
abordagem especial. Mencionaremos aqui apenas os eventos que geraram reflexos para o Rito em
estudo, no caso o Adonhiramita.

Após a proibição da Maçonaria por D. Pedro I, em 11 Out 1822, houve uma pausa e quando do
seu retorno em 1831 o Rito Adonhiramita já não tinha a primazia, fosse no Grande Oriente Brasílico
(dito do Lavradio), fosse no Grande Oriente do Passeio. O Rito nunca deixou de existir e ser praticado,
como prova disso temos a ata de criação da Loja “Asilo da Razão” da cidade de Goiás, antiga capital
do estado homônimo[36].

Foi somente em 1836 que A “Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita” veio para o
Brasil. Foi publicada pela “Typographia Austral” uma tradução a partir da edição de 1810 intitulada
“Coleção Preciosa da Maçonaria Adonhiramita”.

Em 1839 o GOB cria o “Grande Colégio dos Ritos”, que reúne os três ritos então praticados, a
saber: o Adonhiramita, o Moderno e o Escocês Antigo e Aceito. Quando em 1855 o Supremo Conselho
do REAA se separa do GOB, é criado o “Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis”, ainda contendo o
Rito Adonhiramita.

Em 16 Dez 1863, devido a controvérsias na eleição do GOB, Joaquim Saldanha Marinho[37]


(1816-1895) se separa do GOB (lavradio) criando o “Grande Oriente do Vale dos Beneditinos”. Nesta
potência o Rito Adonhiramita teve grande desenvolvimento chegando a angariar lojas do GOB. Em 3
Set de 1872 esta potência cria o “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas”, para coordenar o Rito.
Em reação, o GOB cria seu próprio Capítulo em 24 de Abr de 1873. Aqui devemos ressaltar dois
aspectos.

Em primeiro lugar vigorava na época o conceito que a potência simbólica controlava a filosófica;
assim, o Grão mestre do GOB era automaticamente o chefe da oficina de todos os ritos praticados na
potência. Isso não teve consequências diretas no Rito Adonhiramita neste momento, mas será fator
relevante em mudanças radicais para o REAA e o GOB atingindo o Rito Adonhiramita de maneira
indireta mais à frente.

Em segundo lugar, observe-se que pelo nome da oficina chefe do rito, “Noaquita”, a esta altura o
suposto 13º grau havia sido incorporado a grade do rito, assumindo a configuração equivocada,
apresentada por Ragon.

Quando os dois Grandes Orientes se uniram, em 18 de Janeiro de 1883, os dois Capítulos


também se fundiram, voltando a haver uma única oficina chefe para o Rito Adonhiramita no Brasil. A
despeito de muitos outros problemas no âmbito do GOB, o Rito permaneceu relativamente estável até
1951. Neste ano o GOB finalmente aderiu (em seu decreto Nr 1641 de 23/Mai) ao conceito de
separação entre simbolismo e Altos Graus. Assim, o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas passa
a ser soberano e independente (relativamente vamos ver a frente) do GOB. Logo em seguida, em 1953
o Capítulo ajusta seu nome para “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas
para o Brasil”, marcando sua recém adquirida independência.

No ano de 1968 o Rito passa por uma reformulação importante. Até então o rito era
relativamente simples, particularmente nos graus simbólicos, a semelhança do rito Moderno. Recebeu
aí uma carga mística de inspiração mística e principalmente Teosófica. Nesta época ganhou os rituais
de incensação e o acendimento das velas. Estas mudanças aconteceram, uma vez que o “Grande
Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas” era a única oficina para o rito no mundo, ainda em atividade, não
havendo necessidade de manter uma correspondência com o exterior e ao fazê-lo alinhou a carga
mística que o Rito tinha nos seus graus filosóficos.
É que o Rito tinha seus altos Graus originários dos ritos escoceses, com suas influências
templárias, alquímicas e cabalísticas. Todavia os rituais simbólicos eram muito influenciados pelos
rituais em vigor na França à época, qual sejam os rituais dos modernos[38] [39]. Desta forma, havia um
certo descompasso entre a carga mística dos graus filosóficos e a simplicidade dos simbólicos. Estas
mudanças foram inspiradas principalmente por autores como Helena Blavatsky[40](1831-1891), Charles
Webster Leadbeater[41] (1847-1934) e Jorge Elias Adoum[42](1897-1958). É importante deixar claro aqui
que falamos de influência. Não houve cópia ou adoção dos princípios por eles defendidos de maneira
integral. Porém está claro que houve influência de seu pensamento.

Também devemos ressaltar que o raciocínio acima é uma visão pessoal deste autor; ao meditar
sobre a validade e legitimidade destas mudanças, observamos que evoluir é parte da maçonaria.
Mudar e melhorar são o que nos mantém vivos. Da mesma forma como o que Tschoudy fez poderia
ser encarado como errado em relação ao Rito de Heredom; o que aconteceu ao Rito Adonhiramita é
criticado por muitos. Todavia, a propagação do Rito mostra que ele preencheu uma lacuna e por isso
ganhou um interesse maior. Além disso, estas modificações foram feitas com grande propriedade
mística e ritualística, havendo consonância com várias fontes mais antigas. Se perguntarem se foi uma
modificação de inspiração tradicionalista; a resposta é não! Foram inseridas práticas que não faziam
parte da origem do rito; mas definitivamente foram bem ajustadas e para o melhor da arte.

Em 1973 o GOB mais uma vez sofre uma cisão, fruto de problemas em eleições. Concorreram
os irmãos Athos Vieira de Andrade (1928-2010)[43] pela oposição e Osmane Vieira Rezende (1899-
1986)[44] pela situação. Em um primeiro momento o Ir∴ Athos recebeu mais votos, mas após várias
impugnações o Irmão Osmane foi declarado vencedor. Isso provocou uma cisma que criou a atual
COMAB (Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil) que engloba os Grandes Orientes
Independentes. O Rito Adonhiramita sofreu muito com este fato, pois muitas das Lojas do Rito saíram
do GOB. Além disso, por preceito estatutário na época, os membros do Supremo Capítulo tinham que
ser do GOB (lembram-se da independência relativa entre as potências que falei?).

Para resolver esta situação, o Capítulo, sob o comando do Irmão Aylton Menezes, se torna o
“Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita”. A fim de ficar mais atrativo para os irmãos do REAA, o
Rito é ajustado para 33 Graus, absorvendo os Graus de Kadosh e se tornando paralelo ao Rito
Escocês.

Com esta mudança o Rito atinge a sua configuração atual; com a qual já está se propagando
pela América do Sul e de volta para Portugal. Ainda persiste em Santa Cataria um Capítulo dos
Cavaleiros Noaquitas que trabalha em 13 Graus, todavia sem a relevância do ECMA.

Existe, ainda, o “Supremo Conselho Adonhiramita do Brasil” (SCAB). Este conselho foi fundado
pelo irmão Waldemar Alberto Chaves Coelho. Este conselho surgiu no escopo de desentendimentos
entre o GOB e o ECMA sobre a situação dos Grandes Orientes Independentes. Esta questão evoluiu
de tal forma que acabou por gerar, também, a ruptura do GOSP com o GOB.

Hoje o SCAB tem uma estrutura que replica a do ECMA e uma penetração prioritária dentro das
lojas do GOB. Devido a proximidade do fato envolvido em questões políticas ainda presentes, fica difícil
uma avaliação mais ampla dos fatos; pelo qual deixamos aqui apenas o registro.

Atualmente o Rito Adonhiramita trabalha com os seguintes Graus Filosóficos:

Rito Adonhiramita
Atual
Grau Título Grau Título
4 Mestre Secreto 19 Grande Pontífice ou Sublime Escocês
Venerável Mestre das Lojas Regulares ou
5 Mestre Perfeito 20
Mestre Ad Vitam
6 Preboste e Juiz 21 Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano
Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do
7 Primeiro eleito ou Eleito dos Nove 22
Líbano
8 Segundo Eleito ou Eleito Perignam 23 Chefe do Tabernáculo
9 Terceiro Eleito ou Eleito dos Quinze 24 Príncipe do Tabernáculo
Aprendiz Escocês ou Pequeno
10 25 Cavaleiro da Serpente de Bronze
Arquiteto
Companheiro Escocês ou Grão
11 26 Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário
Mestre Arquiteto
Mestre Escocês ou Grão-Mestre
12 27 Grande Comendador do Templo
Arquiteto
13 Cavaleiro do Real Arco 28 Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto
Grande Eleito ou Perfeito e Sublime
14 29 Cavaleiro de Santo André
Maçom
Cavaleiro do Oriente, da Espada ou
15 30 Cavaleiro Kadosch
da Águia
16 Príncipe de Jerusalém 31 Sublime Iniciado e Grande Preceptor
17 Cavaleiro do Oriente e do Ocidente 32 Prelado Corregedor e Ouvidor Geral
18 Cavaleiro Rosacruz 33 Patriarca Inspetor-Geral

Uma vez que compreendemos que, ainda que resumido, o caminho histórico do Rito é
complexo, deixamos abaixo o quadro resumo e um gráfico que julgamos que facilitarão a
compreensão.
O Rito Escocês Antigo e Aceito
O mundo já viu mais de 250 Ritos maçônicos. Hoje em dia se praticam cerca de 50. Dentre estes
Ritos temos O Rito de York (americano), o Rito (na verdade ritual) de Emulação, e o Rito Escocês
Antigo e Aceito (REAA), em ordem de acordo número de Irmãos praticantes. Estes três ritos juntos
respondem por 99% dos maçons especulativos do mundo. Apenas isso já nos fala da importância
deste rito que é o mais praticado no Brasil. Trata-se de um rito muito rico, exatamente por ter integrado
muita coisa ao longo de sua formação e ter passado por uma boa organização no final de sua trajetória.

Ao mesmo tempo é um rito que tem, em seu nome, várias contradições; afinal ele não nasceu na
Escócia, não é o mais antigo, e aceitos são os maçons, não o rito. Além disso, ele é um rito que de
certa forma começou ao contrário, pois nasceu apenas como um sistema de altos graus e foi ganhar
seu simbolismo somente quando chegou de volta à França.

No início deste trabalho falamos das origens dos ritos escoceses e tivemos de abordar um pouco
da história da Inglaterra e da França. Isso foi feito no início, pois afetava todos os Ritos. Agora para
falar do REAA teremos de falar um pouco da História dos Estados Unidos (EUA).

A Maçonaria nos EUA

O Início

A História oficial da Maçonaria nos EUA começa quando, em 05 de junho de 1730, a primeira
Grande Loja (a dos Modernos) nomeou o Irmão Daniel Coxe (1673-1739) Grão-Mestre Provincial para
Nova York, Nova Jersey e Pensilvânia; na época colônias inglesas. Como sempre as coisas são
nebulosas na maçonaria. Como se nomeia um mestre provincial se não existiam lojas? Claro que
existiam! Mas não se tem qualquer registro. O que se sabe é que o Irmão Jonathan Belcher (1681-
1757), um nativo de Cambridge, Massachusetts e mais tarde Governador das Colônias de
Massachusetts, New Hampshire e Nova Jersey (em períodos diferentes), foi iniciado maçom em
Londres por volta de 1704. Se ele de alguma forma patrocinou ou apenas tomou parte desta
maçonaria, não se tem registros para confirmar.

Outra referência de que possivelmente havia uma maçonaria mais antiga podemos constatar no
Trabalho do Irmão Brent[45]
A Grande Loja da Pensilvânia possui um livro marcado “Liber B”, que contém os registros das primeiras lojas americanas
conhecidas da Pensilvânia. O primeiro registro é de 24 de junho de 1731, e naquele mês Benjamin Franklin[46] (1705-1790) é
lançado como pagando quotizações com atraso de cinco meses. O lançamento de Franklin implica em atividade da Loja a partir de,
pelo menos, Dezembro de 1730 ou Janeiro de 1731.

De qualquer forma, foi a partir de 1730 que a maçonaria começa a realmente se espalhar de
forma organizada nas colônias. O primeiro registro fora da Pensilvânia é da Loja de Boston, em 1733.
Já em 1736, a Loja Solomon N º 1 de Charleston, Carolina do Sul, realizou sua primeira reunião. A
mesma Charleston que virá a ser tão importante para o REAA.

A Maioria das lojas americanas estava ligada a uma das Grandes Lojas Inglesas (Inglaterra,
Irlanda e Escócia). Particularmente, as lojas militares iniciaram muitos civis “semeando” a maçonaria
pelas colônias.

Da mesma forma que na Europa, a divisão entre as Grandes Lojas também se fazia presente lá.
Os Modernos em geral eram conservadores na divulgação da fraternidade, bem como mais prósperos
e legalistas em sua condição social. Já os maçons ligados aos Antigos eram mais proativos na
expansão de lojas, em geral trabalhadores e revolucionários.

Desta forma, no processo de independência os maçons ligados aos modernos apoiaram a coroa
inglesa e, consequentemente, foram contra a independência. Por sua vez, os ligados aos antigos
praticamente lideraram a revolução. Assim, após a independência, a maçonaria dos Estados Unidos
tornou-se quase totalmente “Antiga” em sua organização e prática.

Como vemos, a maçonaria no seu início em terras americanas era primordialmente verbal, não
havendo documentos anteriores a 1730, apenas indícios. Isso gerou uma heterogeneidade na prática
do rito (hoje conhecido como rito de York) que começou a mudar em 1797 quando o Irmão Thomas
Smith Webb (1771-1819) publicou o “Monitor do Maçom ou Ilustrações da Maçonaria”, uma adaptação
e compilação do trabalho de William Preston[47] (1748-1818).

Webb era um dos muitos conferencistas maçônicos que viajavam o país fazendo palestras que
visavam padronizar os procedimentos ritualísticos. Ele passou seus conhecimentos para Jeremy Ladd
Cross (1783-1861). Cross, por sua vez, escreveu o The True Masonic Chart ou Hieroglyphic Monitor de
1819. Este trabalho era basicamente o Monitor de Webb com pequenos ajustes e quarenta e duas
ilustrações de autoria do Irmão Amos Doolittle (1754-1832). Estes dois documentos formaram a base
do simbolismo do Rito de York americano até hoje sendo uma referência comparável à Compilação
Preciosa da Maçonaria Adonhiramita.

A Potência “Prince Hall”

Aqui temos que abrir um parêntesis para uma potência maçônica especial, A Prince Hall; não
apenas por sua peculiaridade em ter membros prioritariamente afrodescendentes, mas também por ser
uma das que adota primordialmente o REAA nos EUA. Ela começa em 1775, quando o Irmão John Batt
iniciou quinze Afrodescendentes libertos. Batt era militar e Venerável de uma Loja de constituição
Irlandesa. Quando o Batalhão partiu em 1776, estes maçons foram deixados com autorização para se
reunirem, mas não de iniciar novos membros. Em 1784 eles conseguiram filiação à Grande Loja dos
Modernos, sendo constituída como African Lodge nº 459 e tendo Prince Hall como primeiro venerável.

Em 1792 a Grande Loja de Massachusetts foi fundada; mas a African Lodge permaneceu ligada
à Inglaterra até 1813. Neste ano houve a fusão das duas Grandes Lojas na Inglaterra e a African
Lodge (junto com todas as lojas independentes ligadas diretamente à Inglaterra nos EUA) foi excluída
da lista da Grande Loja Unida. Assim, em 1827 eles declaram sua independência e fundam uma
grande loja, que é a origem da potência chamada de “Maçonaria Prince Hall”.

Esta potência sofreu muito ao longo do tempo para obter o reconhecimento das demais grandes
Lojas nos EUA. Na verdade, era feito todo o tipo de bloqueio a seu reconhecimento. Em dois
momentos do tempo as Grandes lojas de Washington (em 1898) e de Massachusetts (em 1947),
reconheceram as Lojas Prince Hall, mas várias das demais Grandes Lojas cortaram relações com elas,
forçando-as a recuar. Hoje em dia esta potência é reconhecida pela GLUI e por pelo menos 43 das 51
Grandes Lojas dos EUA[48].

A relevância desta potência maçônica reside no fato de ela usar uma versão própria do REAA,
gerada a partir de material passado pelo próprio Albert Pike para Thornton A. Jackson do supremo
conselho do Grau 33 para a Maçonaria Prince Hall de 1887 a 1904.

O Partido Antimaçônico

Quem vê a pujante maçonaria americana de hoje e relembra quando ela praticamente fez a
independência do país, não imagina que em um período ela quase morreu. Tudo começou em março
de 1826 quando William Morgan, da pequena cidade de Batávia (New York), começou a tentar publicar
os “Segredos da Maçonaria” em um livro. Na verdade, uma perda de tempo, pois já haviam revelações
de ritual disponíveis nos Estados Unidos pelo menos desde 1730, quando Benjamin Franklin republicou
“O Mistério da Maçonaria” ou em edições do “Maçonaria Dissecada” de Pritchard.

De qualquer forma, esta tentativa de inconfidência gerou grande alvoroço na cidade, maçons
tentaram comprar os direitos do livro e a sede da empresa de impressão chegou a ser incendiada (não
se sabe se por maçons ou como golpe publicitário). Ao final de um tempo, Morgan, que era um grande
golpista, acabou preso por uma dívida insignificante. No dia seguinte, o credor (que seria um V∴ M∴)
vai à delegacia com outros maçons, retira a queixa e leva Morgan consigo. Morgan ainda teria ficado
com este grupo até 19 de Setembro, não sendo mais visto após isso.

Se William Morgan foi morto pela sua indiscrição ou não, jamais saberemos ao certo; mas este
fato gerou uma repercussão intensa. Políticos religiosos e outros se mobilizaram para contrapor ao
“poder oculto” da Maçonaria e fundaram o terceiro partido (depois dos Democratas e Republicanos)
relevante na história do país, O Partido Antimaçônico. Este partido ganhou muita força e provocou um
forte baque na maçonaria dos EUA. Recorremos mais uma vez ao Irmão Brent Morris para nos
descrever este período:

O partido atraiu reformadores abolicionistas e idealistas, mas seu objetivo principal era a destruição da Maçonaria e outras
“sociedades secretas”. De cerca de 1826 a 1840 o movimento antimaçônico varreu o país, destruidor em alguns lugares, pouco
notado em outros. Em 1826, Nova York tinha 480 Lojas e até 1835 restavam apenas 75. A Grande Loja de Vermont encolheu a tal
ponto que só o Grão Mestre, o Grande Secretário e o Grande Tesoureiro participavam da Grande Loja, e os Supremos Conselhos
do Rito Escocês estavam adormecidos. Os estados do Nordeste, onde a Maçonaria Simbólica era mais próspera, sofreu a pior
destruição, mas em algumas partes do país foi poupada. Quando o Partido Antimaçônico desmoronou como força política em 1840,
a Maçonaria começou a ressurgir, mas como uma organização mais conservadora e de orientação religiosa.

Como visto, a perseguição foi de tal ordem que quase dizimou certas grandes lojas e forçou o
adormecimento dos conselhos.

Ao falarmos da Maçonaria nos EUA, o mais relevante seria abordar o Rito de York. Como este
rito terá seu tópico próprio mais a frente, vamos parar por aqui, pois já abordamos os aspectos
relevantes daquele país para a história do REAA.

O Nascimento do REAA

Para falarmos do nascimento do REAA propriamente dito, temos que voltar ao Supremo
Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente. Com isso vamos lembrar que Lacorne, o mestre
de dança que gerou tanta confusão no Supremo Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente,
havia concedido uma carta para Stephen Etienne Morin; um comerciante francês, nascido em Cahors
por volta de 1717 que teria sido iniciado em Bordeaux, seguindo logo após para Santo Domingo. Lá
chegando, ele nomeou seis Deputados Inspetores Gerais, sendo o que mais nos interessa Andrew
Henry Francken (1720-1795) (destes seis descenderão um total de 52 inspetores). Foi Francken que
em 07 Out 1767 fundou em Albany (Nova York) o primeiro corpo do Rito de Perfeição na América do
Norte. Cabe lembrar que este ainda é o mesmo Rito de Heredom, que aqui acaba sendo conhecido
com Ordem do Real Segredo.

Registremos que no século XVIII, quando um Maçom recebia um grau adicional, ou seja, além
dos três que hoje conhecemos como simbólicos, ele tinha o direito de transmiti-lo a outro irmão. Na
Europa, não havia ainda a organização em ritos ou sistemas, assim não havia uma autoridade nacional
que controlasse a forma desta concessão de graus; com exceção do Grão Priorado da Helvetia[49]
fundado em 1779.

O Rito foi muito bem aceito, sendo fundadas várias lojas em sequência devido a esta prática de
se instalar outros Deputados Inspetores Gerais que propagavam o rito. Particularmente relevante é a
fundação em 1783 da Loja de Perfeição, Charleston, Carolina do Sul que será a mãe do primeiro
Supremo Conselho, mas aguardemos.

Etienne Morin morre em 1771 e em 1783 Francken já não era tão ativo, com isso e com a
plêiade de Inspetores Gerais[50] propagando o rito a seu modo, o rito foi ficando desorganizado e
muitas vezes objeto de comércio. Em 1795 dois franceses chegam a Charleston, o Conde de Grasse
de Rouville, Marquês de Tilly (mais conhecido como Conde Grasse-Tilly, 1765-1845) e seu sogro Jean
Baptiste Noel De La Hogue (1744-1822). Ambos haviam fugido de São Domingos após a rebelião de
escravos que gerou o Haiti. Há grandes indicações que estes dois eram bastante ambiciosos e se
arvoraram de ser mais do que eram, mas contribuíram muito para o Rito como vamos ver.

O fato é que chegaram a Charleston e se envolveram rapidamente em atividades maçônicas


fundando a loja La Candeur, em 24 de julho de 1796. Esta loja inicialmente era independente, vindo a
se filiar posteriormente à Grande Loja do Estado da Carolina do Sul que era ligada à Grande Loja dos
modernos na Inglaterra.

De acordo com Bernheim[51], em novembro de 1796, chega a Charleston o Irmão Hyman Isaac
Long, Inspetor Geral da Ordem do Real Segredo, que trazia com ele os vinte e cinco graus do rito. Ele
estava em uma situação bastante difícil, tanto de saúde quanto financeira, e foi muito apoiado pela La
Candeur. Por gratidão, Hyman Long[52] conferiu os graus a alguns membros da loja e nomeou-os
Inspetores Gerais Adjuntos criando sob a sua autoridade uma “loja” (hoje são chamados de capítulos)
de Kadosh. Por sua vez, Rizzado da Camino[53] nos conta que Grasse-Tilly, no mesmo dia em que
recebeu a patente do grau 25 de Hyman Long, emitiu outra carta patente do Grau 33 para seu sogro e
outros franceses na região.

De uma forma ou de outra, Grasse-Tilly e De La Hogue se mantinham no centro das ações e


com a fama de profundos conhecedores dos altos graus. Se tal fama era merecida ou não é
irrelevante, mas eles agregaram ao movimento o prestígio da nobreza e uma grande habilidade de
redação e organização de cerimônias com pompa, que serviu de impulso para aqueles que realmente
tinham o conhecimento e os graus.

Em 1799, Grasse-Tilly se afastou da La Candeur e fundou a La Reunion Française desta vez


vinculada à Grande Loja dos Antigos; este pequeno fato terá reflexos no rito mais à frente.

Em 25 Mai 1801 houve um encontro de membros do grau 33 em Charleston no qual Grasse-Tilly


e De La Hogue compareceram para ajudar e acabaram impondo a sua visão. O fato é que este
encontro, onde já estavam Coronel John H. Mitchell (1741-1826) (primeiro Soberano Grande
Comendador) e o reverendo Frédéric Dalcho (1770-1836) (primeiro Tenente Grande Comendador),
culminou com a fundação do Primeiro Supremo Conselho do REAA em, 31 Mai 1801. Tal fundação foi
anunciada ao mundo apenas em 1 Jan 1803, por intermédio de uma circular atribuída a Dalcho. Com
esta circular de fundação, cria-se uma lenda da qual teremos que falar com calma.

A lenda de Frederico II

Assim como os graus simbólicos tomam como base as Constituições de Anderson, o REAA tem
por base as Constituições de 1786 (1º de maio de 1786, para ser exato). Estas constituições são
atribuídas, erroneamente, a Frederico II da Prússia. Tal autoria é inclusive referenciada em rituais e
ainda hoje considerada por alguns como verdadeira; mesmo já tendo sido refutada por autores como
Lindsay, Naudon, Castellani, Findel, Kloss, Mellor, Prober, Le Forestier, Chevallier, Lantoine e tantos
outros. Porém, vamos aqui começar contando a lenda.

É dito que Carlos Stuart, filho de James III, sendo chefe de toda a Maçonaria, passou à
Frederico II a posição de Grão Mestre, e fez dele seu sucessor. Assim sendo, ele seria o chefe legítimo
de todos os Altos Graus. Com esta autoridade ele teria confirmado em 25 de outubro de 1782 as
Constituições e Regulamentos de Bordeaux (observe-se que apenas com 25 graus do Rito de
Heredom). Posteriormente, em 01 de maio de 1786, Frederico II transmitiria sua autoridade a um
Conselho dos Grandes Inspetores Gerais, aumentando a escala para 33 graus e publicando sua
Constituição.

Voltando aos fatos, o original autêntico da tal Constituição de 1786 nunca apareceu. Acredita-se
que na verdade ela foi escrita por Dalcho em sua maior parte, com alguma participação de Grasse-Tilly,
De La Hogue e Mitchel. A constituição afirma que ela foi elaborada em Berlim em 01 de Maio de 1786
com a presença de Frederico II. A questão é que em 1786 não houve nenhuma reunião em Berlim.
Nesta época Frederico II estava gravemente doente e de cama por sete meses, com uma doença
crônica degenerativa, além de gota e hidropisia, vindo a morrer em 17 de agosto 1786.

Frederico II havia de fato sido Grão-Mestre da Grande Loja “Três Globos Terrestres” até 1747.
Depois disso afastou-se das atividades maçônicas. Em 1766 a “Três Globos Terrestres” resolveu adotar
o Rito da Estrita Observância Templária (lembrem que era um rito pomposo e de forte influência
templária que abraçava os altos graus na esteira do discurso de Ramsay); em consequência, Frederico
II abdicou do título de protetor da grande Loja, pois não lhe agradavam os Altos Graus que ele
considerava “ocos para vaidosos”. Todavia, em uma época em que as comunicações eram complexas,
demoradas e não confiáveis a estória pegou e quase virou História.

Mas porque criar esta lenda para a fundação do rito? Podemos elencar uma série de razões.
Primeiro, os EUA não eram referência na comunidade maçônica da época, na verdade eram quase
insignificantes. Assim, não teriam qualquer prestígio para criar um Rito; era necessário agregar na
história algo que desse algum peso a esta criação ou não seriam levados a sério.

Outra possível causa era que Dalcho conhecia a rivalidade existente entre o Sul e Norte dos
Estados Unidos. Assim, ele queria aumentar o prestígio desta fundação para evitar futuras divisões e
disputas dentro do rito no país (veremos a frente que isso funcionou, mas apenas em parte).
Finalmente a Maçonaria já era cheia de lendas sendo quase que natural atribuir a outro mais antigo e
prestigiado, a autoria de novas ideias.

A Escolha de Frederico O Grande, um déspota esclarecido e conhecidamente Maçom era uma


ótima escolha, principalmente para se tentar levar posteriormente o rito de volta ao velho continente.
Lembremos que a comunicação não era a mesma naqueles tempos; assim a situação real da saúde de
Frederico II e mesmo a sua opinião sobre os altos Graus poderia não ser conhecida dos redatores e
mesmo que fosse, dificilmente teria como ser verificada por um eventual leitor.

Além desta lenda, e a fim de organizar o Rito, este Supremo Conselho tinha que achar uma
forma de cooptar os Inspetores gerais que já “distribuíam” até o grau 25. Para isso, todos os Inspetores
Gerais receberiam uma carta patente do Grau 32, desde que entregassem a sua carta patente do Grau
25 e passassem a seguir as regras do Supremo para a concessão dos graus.

Parece que a organização, habilidade de redação e de mistificação de Grasse-Tilly e De La


Hogue vieram a calhar, uma vez que contribuíram sobremaneira para a difusão do Rito.

Albert Pike[54] (1809-1891) nos conta que Grasse-Tilly sempre teve a ideia de algum tipo de
organização ao estilo do que veio a ser o Supremo Conselho e acrescentar mais graus ao Rito. Ele e
De La Hogue, acabaram se aproximando de outros estrangeiros com pensamento semelhante (exceto
James Moultrie que era americano). Os outros do grupo eram: Frederich Dalcho, inglês; Abrahan
Alexander, inglês; Jonh Mitchel, irlandês; Thomas Bartholomew Bowen, irlandês; Moses Clava Levy,
polonês; Emmanuel De La Motta (que será importante na fundação do supremo conselho norte dos
EUA), dinamarquês e Israel De Lieben, Tchecoslovaco.

Grasse-Tilly, acabou não assinando o documento como fundador, apesar de constar


posteriormente como membro do supremo conselho. Recebeu em 21 Fev 1802 uma carta patente, e
com ela veio a fundar (ainda em 1802) um Supremo Conselho para as Ilhas Francesas da América em
São Domingos. Este conselho acabou morrendo com a revolta que criou o Haiti, mas um de seus
membros, Antoine Bideaud, fugiu para Nova York e terá importância posterior na fundação do Supremo
conselho Norte dos EUA.
Mais Tarde Grasse-Tilly criou outro Supremo em Kingston na Jamaica em 1803, que acabou não
vingando também e ele seguiu para a França. Lá fundou em Paris, dia 17 out 1804 o primeiro Supremo
Conselho do Grau 33 da Europa, que será o responsável pelo estabelecimento dos Graus simbólicos
para o Rito. Grasse-Tilly ainda fundaria em 1805 o Supremo Conselho da Itália, em 1811 o da Espanha
e em 1817 o dos Países Baixos. Vê-se aqui mais uma vez a importância de Grasse-Tilly na difusão do
REAA.

O Surgimento do Simbolismo do REAA

Quando Grasse-Tilly chegou à França e fundou o seu Supremo, muitas lojas “escocesas”, não
ligadas ao Grande Oriente da França (GODF), se ligaram a ele. Explicar a situação e disputas que
envolvem o Grande Oriente de França seria por demais complexo para este momento; todavia estas
eram as lojas que praticavam Altos Graus não aprovados pelo GODF. Para elas a chegada de um Rito
organizado com 33 graus e que era “escocês” e “antigo”, era uma grande notícia.

Evidentemente o GODF não aprovou e o Rito ficou sem o suporte para o simbolismo. Ora, o
REAA havia nascido sem os Graus simbólicos, pois nos EUA os Iir∴ cumpriam o simbolismo em suas
lojas mãe (na maioria Rito de York americano seguindo o monitor de Webb) e então começava os altos
graus no REAA. Com o rompimento, havia necessidade de serem criados estes graus.

Antes de seguirmos, vamos abordar rapidamente a situação do simbolismo nesta época.

Na França, após muitos conflitos, prevalecia o simbolismo segundo a Grande Loja dos
Modernos. De acordo com Pierre Nöel[55] suas principais características eram:

Os vigilantes ficam situados no Oeste da loja


Presença do ternário Sol-Lua-Venerável
A loja é suportada por três colunas (Sabedoria-Força-Beleza)
As “palavras” J e B são as do 1º e dos 2º graus, respectivamente
No terceiro grau “a antiga palavra de mestre”, Jeová, não está “perdida”, mas apenas foi substituída por uma palavra
ocasional, M… B….
Por sua vez os Rituais dos Antigos preservavam características mais arcaicas trazendo as seguintes diferenças para os
Modernos (novamente citamos Pierre Nöel):
O primeiro e o segundo vigilantes têm, cada um, na mão, uma coluna de 20 polegadas, que representam os dois pilares do
Templo de Salomão.
O segundo vigilante está colocado no meio da coluna do Sul, enquanto o primeiro vigilante está no Oeste (estão postados
diante das portas do templo).
Eles são assistidos por dois diáconos, função de origem irlandesa, um localizado à direita do venerável, o outro à direita do
primeiro vigilante.
Os candelabros, sempre associados com o ternário sol-lua-mestre da loja, mas chamados de “pequenas luzes” (lesser Lights,
em inglês), são posicionados à direita do venerável e dos vigilantes.
A bíblia, o esquadro e o compasso, colocados no altar diante do venerável, são chamados de “Grandes Luzes da (ou melhor,
“na”) Maçonaria”.
As palavras sagradas são B no primeiro grau e J no segundo.
A antiga palavra de mestre está perdida devido à morte de Hiram porque são necessários três para pronunciá-la (é a famosa
“regra de três” já mencionadas nos primeiros catecismos britânicos). Salomão e o rei de Tiro não podem mais comunicá-la aos
novos mestres, que devem se contentar com uma palavra substituta.

Necessitando compor graus para o Simbolismo do REAA e tendo a sua última filiação simbólica
a uma loja ligada aos antigos (a La Reunion Française - lembram que falamos lá atrás que isso seria
relevante), Grasse-Tilly e seu Supremo elaboraram os graus seguindo o ritual dos antigos.
Evidentemente, também pesou o fato que o “adversário” do momento era o GODF que já usava o ritual
dos modernos.
Os rituais sofreram muitas outras mudanças ao longo do tempo e seu estudo profundo não é
objetivo deste trabalho. Queremos aqui apenas pontuar que a base do simbolismo do REAA hoje é o
Ritual dos antigos.

Por outro lado, cabe uma curiosidade. Observem que o Simbolismo do Rito Adonhiramita é
baseado no Ritual dos Modernos. Assim sendo gera-se uma oposição, onde o REAA apesar de mais
novo como rito, tem por base do simbolismo o ritual dos Antigos. Já o Adonhiramita é o rito mais antigo,
mas tem o simbolismo baseado no ritual mais recente dos Modernos. Isso nos mostra, ainda, que a
posição original das colunas J e B na maçonaria é a do REAA, tendo as do Adonhiramita sido
invertidas devido ao Livro a “Maçonaria Dissecada” de Prichard; como já falamos. Reitero que há
divergências sobre qual seria a posição biblicamente correta, mas esta polêmica ficará para outro dia.
Por hoje colocamos abaixo o gráfico com a origem do simbolismo destes dois ritos importantes no
Brasil.

O terceiro Supremo Conselho criado no mundo foi o da Itália, foi fundado em 1805 por uma
patente que conferia poderes aos Grandes Inspetores Gerais Pyron, Renier e Vital para instituir em
Milão um Supremo Conselho da Itália. Convém salientar que Grasse-Tilly passou a semear Supremos
Conselhos por diversos países, como no caso do Supremo Conselho da Espanha Fundado em 1811.

A Evolução dos Supremos Conselhos

Não seria produtivo detalharmos a história de cada Supremo neste trabalho, por mais que o
REAA, como rito mais praticado no Brasil, mereça destaque. Todavia, três supremos merecem uma
referência em particular. Comecemos pelo da Inglaterra.

Relembremos que quando as duas grandes Lojas da Inglaterra se uniram em 1813, por atuação
dos Irmãos Duque de Kent e Duque de Sussex (1773-1843), ficou acertado que o grão mestrado da
GLUI ficaria com o Duque de Sussex, até então Grão Mestre da Primeira Grande Loja da Inglaterra (os
Modernos). Como seria natural, ele era alinhado aos Hanover (ele era filho do Rei George III) e,
portanto, não gostava dos Altos Graus. Sua aceitação do Real Arco já havia sido “a fórceps”. Assim, ele
controlou a GLUI com mão forte mantendo todos os “escocesismos” afastados.

Com isso o REAA não conseguiu entrar na Inglaterra até 1843, quando o Duque deixou a GLUI
em seu falecimento. Assim, em 1845 foi fundado o Supremo Conselho da Inglaterra; mas com uma
particularidade importante. É o “Supremo Conselho do Rito Antigo e Aceito”; mas não escocês. A
verdade é que a influência do Duque de Sussex ainda era muito forte para que se aceitasse o nome
escocês, que remontava aos adversários políticos.

Passemos agora a falar de um Supremo que é cheio de particularidades; o Supremo conselho


da jurisdição Norte dos EUA. A Região de Nova York acabou por desenvolver, no início dos anos 1800,
três grupos apócrifos que praticavam o REAA/ Real segredo.

O primeiro surgiu em 1806 quando Antoine Bideaud[56], membro do Supremo Conselho das
“Ilhas das Índias Ocidentais Francesas” visitou Nova York. Ele iniciou pessoas a troco de pagamento e
fundou um “Sublime Grande Consistório dos Graus 30, 31 e 32.” A jurisdição de Bideaud se restringia
às ilhas e não a Nova York, que estava sob a jurisdição de Charleston.

Já em 1807, Joseph Cerneau (1767-1840/45)[57], um joalheiro de Cuba, foi nomeado Inspetor


Geral Adjunto para a parte norte de Cuba por Antoine Matthieu Du Potet em julho de 1806, que na
época residia lá. Cerneau de fato tinha uma Carta patente válida do rito; mas elaera restrita e lhe
permitia apenas o seguinte: Conceder até o grau 24 e conceder o grau 25 uma vez por ano para um
único candidato limitado territorialmente à Cuba. Todavia, ao chegar a Nova York ele constitui um
“Soberano Grande Consistório de Sublimes Príncipes do Real Segredo”. Verifica-se, portanto, que
Cerneau tinha ainda menos autoridade que Bideaud para estabelecer o Rito.

Um terceiro grupo, constituído com membros iniciados por Abraham Jacob, que recebeu uma
patente em 1790 (logo somente até o grau 25) na Jamaica, também esteve ativo em Nova York durante
o início dos anos 1800.

No verão de 1813, Emanuel De La Motta (1760-1821), que havia sido fundador do conselho de
Charleston do qual agora era grande tesoureiro, viaja a Nova York por razões de saúde e encontra esta
situação. Inicialmente ele visitou os três grupos a fim de verificar como operavam e quais as suas
verdadeiras origens. De La Motta percebeu muito rapidamente que aquela situação era inaceitável.
Escrevendo ao Supremo Conselho ele recebeu a autoridade para corrigir a situação como achasse
melhor.

Assim, em 05 de Agosto de 1813[58], De La Motta regularizou o grupo de Bideaud fundando o


atual Supremo Conselho da Jurisdição Norte dos EUA. Hoje o Supremo Conselho Norte dos EUA tem
sua sede em Lexington e supervisiona REAA em quinze estados; sua Jurisdição é dividida em "Vales"
(enquanto a do Sul se divide em "Orientes"). Outra particularidade é que ele trabalha com graus
ligeiramente diferentes e usa aventais triangulares. Ao fim deste trabalho temos uma tabela
comparativa dos graus dos vários ritos escoceses que ilustra este fato. Para melhor compreensão dos
paramentos e suas diferenças recomendamos o livro “+ Fios da meada” Volume 2 do irmão João
Guilherme.

Ao falarmos de EUA cabe mencionar a Potência Prince Hall, que mantém uma estrutura
independente também para o seu REAA. O seu Primeiro Supremo Conselho foi fundado em 1820 na
Filadélfia.
Após várias cisões que culminaram em um período com 5 Supremos apenas daquela potência,
os Supremos Prince Hall se fundiram em apenas 2 supremos em 1887; tendo uma estrutura dividida
em jurisdição norte e sul à semelhança dos conselhos regulares.

Na França a história nunca é simples e aqui vamos sintetizar muito apenas para esclarecer a
atual situação do rito naquele país; afinal, a maior influência que temos em nossa maçonaria é
Francesa (talvez por isso tenhamos nossa cota de cisões como eles).

Conde de Grasse-Tilly Funda, em outubro de 1804 o segundo Supremo Conselho do REAA no


mundo. Mas a partir de 1805, o Grande Oriente de França toma o controle do Supremo Conselho do
REAA e o mantém sob sua guarda até hoje. Em 1815 este Supremo Conselho do REAA muda seu
nome para “Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté”. É importante guardar
este nome para podermos acompanhar e mesmo procurar na Internet um determinado conselho.

Em 1821, é fundado o “Suprême Conseil de France”. Ele surge como potência maçônica
independente e soberana. Porém é uma potência híbrida, ou seja, controla do grau 1 ao 33. Este
conselho se considera o Legítimo sucessor do conselho original de Grasse-Tilly. O que faz sentido
apenas em parte, pois se o conselho original foi absorvido, este também não segue a norma de
controlar apenas o filosofismo. Já em 1897 este conselho cria uma Grande Loja (“Grande Loge de
France”). Posteriormente em 1904 acabou delegando a ela a emissão das cartas constitutivas das
lojas; todavia ele mantém a autoridade e a Grande Loja controla o simbolismo apenas por delegação.

Mais recentemente em 1965 uma dissidência do “Suprême Conseil de France” funda o


“Suprême Conseil pour la France”. Este novo conselho é reconhecido pelo Supremo Conselho Sul dos
EUA. Este novo, e único reconhecido, Supremo Conselho na França, trabalha alinhado à “Grande Loge
nationale française”. Mas mantendo sua independência e o controle apenas do Filosofismo.

Para facilitar o entendimento desta complexa situação na França, deixamos aqui mais um de
nossos esquemas.
As Revisões de Albert Pike

Albert Pike (1809-1891) foi um advogado, militar, maçom e escritor dos Estados Unidos, nascido
em Boston, veio a se fixar no Arkansas. Já possuía 41 anos quando solicitou sua admissão na Western
Star Lodge No. 2 (Loja da Estrela do Oriente) em Little Rock, Arkansas, em 1850. A Partir daí tornou-
se membro muito ativo da Grand Lodge of Arkansas, recebendo os 10 Graus do Rito de York entre
1850 e 1853.

Nesta época o supremo conselho de Charleston trabalhava a quase 50 anos para consolidar o
rito nos EUA, todavia não tinha muito sucesso. Talvez por estarem mais acostumados com o sistema
inglês, menos pomposo e mais simples, o REAA não emplacava.

Foi em 1853 que Albert Gallatin Mackey (1807-1881)[59] chamou Pike para ir a Charleston ser
iniciado no REAA indo do grau 4 ao 32. Pike já se destacava por seu conhecimento e dedicação à
maçonaria e a partir de 1855 abraçou a tarefa de revisar os rituais do rito, cumprindo-a em apenas dois
anos. A despeito de O Supremo conselho solicitar pequenos ajustes em seu trabalho, Pike acabou
sendo elevado ao grau 33 em 1858 e eleito Soberano Grande Comendador em 1859; exercendo o
cargo até sua morte.

A Guerra Civil Americana[60] arrefeceu o ímpeto do desenvolvimento e forçando até mesmo o


Supremo Conselho a mudar sua sede para Washington em 1870. Em 1871, Pike publica seu livro
“Moral e Dogma” (Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry). Esta
obra de referência do REAA consiste de uma análise de Pike sobre cada um dos Graus, servindo de
complemento e aprofundamento aos ensinamentos específicos dos graus dentro dos rituais.

Foi somente em 1884 que a revisão de Pike foi oficialmente concluída e aprovada. Sua adoção
foi muito rápida, pois sanava as inconsistências que haviam em muitos graus, tornando o REAA um rito
mais coeso e coerente. Esta medida propiciou um crescimento do rito, mas ainda menor do que se
desejava. Os maçons ainda reclamavam que o rito era muito complexo e exigia demais dos membros
para acompanhar a sua ritualística. A coisa ainda estava devagar.

Então o Supremo Conselho tomou uma decisão que ainda hoje é muito polêmica. Transformou
as iniciações em teatralizações (metodologia já usada no Rito de York). O candidato agora assistia à
encenação dramática dos conteúdos alegóricos do grau. Uma decisão extremamente arriscada para
uma Fraternidade iniciática. Mas funcionou muito bem! Para darmos ideia do quanto, citamos Kennyo
Ismail[61]:
É evidente que as críticas foram muitas, alegando o abandono dos costumes maçônicos, a profanação do conteúdo, a
comercialização vazia dos graus, e o fim da meritocracia pela assiduidade e dedicação. Porém, surgiu uma multidão de Mestres
Maçons interessados pelo “entretenimento maçônico”. Se em 1850, um pouco antes do ingresso de Albert Pike, o Supremo
Conselho contava apenas com um pouco mais de 1.000 adeptos, e em 1890, após a publicação dos rituais revisados por Albert
Pike, esse número ultrapassou a marca de 10.000 adeptos, em 1930 esse número já era superior a 500.000 membros. As
encenações do Rito Escocês eram um verdadeiro sucesso. Mas o preço do sucesso era claro: enquanto a escalada dos 29 graus,
do 4º ao 32º, costumava demorar alguns anos para grupos de algumas poucas dezenas de membros, passou a ser realizado em 3
a 4 dias para grupos de várias centenas, algumas vezes superior a 1.000 membros.

Como dissemos, esta conduta ainda hoje é muito polêmica, não sendo adotada pelos Supremos
Conselhos do Brasil; mas o fato é que garantiu um grande impulso ao Rito nos EUA. Mais uma vez não
mergulharemos na discussão ritualística e iniciática; deixando aqui apenas a nota histórica sobre o fato.

Outra contribuição interessante de Albert Pike é a origem dos novos graus inseridos no de
Heredom para gerar o REAA. Ele nos coloca que estes graus se originaram nos ritos praticados na
França por volta de 1765. Os graus 23 a 27 são parte de um mesmo conjunto que vem de uma mesma
origem escocesa. O Grau 29 “Grande escocês de Santo André” vem da “Ordem da Estrela Flamejante”
de Tchoudy de 1766. Já os dois últimos inseridos (o 31 e o 33) tem sua origem na França na Loge
Écossaise Du contrat social; esta era a loja a qual Grasse-Tilly era vinculado antes de partir para a
América.

O Congresso de Lousanne

Com a disseminação e a abertura de vários Supremos, naturalmente o Rito passou a ter


discrepâncias sérias entre suas “versões”. Assim, começou-se a pensar e realizar reuniões, conselhos
(às vezes chamados de conventos) para padronizar o rito e reformar as convenções de 1786(![62]).

O mais relevante deles aconteceu em Lausanne na Suíça período de 6 a 22 de setembro de


1875. Houve o comparecimento de 11 Supremos conselhos que tinham por objetivo revisar as
Constituições de 1786; fazer uma proclamação de princípios do Rito; firmar um tratado de aliança e
solidariedade entre os Supremos.

Foram basicamente discutidos os seguintes temas:


Foi feita uma revisão das Grandes Constituições de 1786, retirando as
referências a Frederico II.
Foi firmado um Tratado de União, de Aliança e de Confederação dos
Supremos Conselhos;
Foi feita a proclamação de um Manifesto solene;
Foi emitida uma Declaração de Princípios do Rito.
Foi adotado um Monitor (na época chamado de Tuileur, hoje
chamaríamos de Ritual) escocês, especificado para cada grau do 1º ao 33º

Este congresso também estabelece que as potências deveriam se reunir periodicamente a cada
10 anos, mas isso só aconteceu em 1907.

Onze Supremos Conselhos se fizeram representar: uma vez que a Escócia e a Grécia saíram
antes do final, somente nove países efetivamente assinaram as atas[63].

Em 1922 (não se obedeceu ao ciclo de 10 anos, por causa da II Guerra mundial) acontece um
segundo congresso em Lousanne. Este congresso emite uma declaração que será capital para a
História do Rito no Brasil, e mesmo do GOB. O Congresso determina que cada Supremo Conselho
deve ser soberano e livre de toda e qualquer fiscalização. Eles têm que ser completamente
independentes, sendo inadmissível que as potências simbólicas tenham qualquer ingerência, direta ou
indireta na eleição de oficiais dos Supremos ou na sua administração. Apesar de não ter este nome no
meio histórico chamaremos, neste trabalho, de 1º Congresso de Lausanne o de 1875 e de 2º
Congresso de Lausanne o de 1922.

Há ainda mais um que merece nossa atenção que é o Congresso de Paris 1929. Neste houve o
comparecimento de dois Supremos Conselhos do Brasil e a assembleia se decidiu pelo
reconhecimento de apenas um. Exatamente qual nós veremos mais a frente; por hora basta guardar
que estes foram os três congressos de supremos conselhos do REAA mais relevantes para a História
do Rito no Brasil.

Particularmente o 1º Congresso de Lausanne nos serve para abordar um tema polêmico, mas
que vale a pena, uma vez que é historicamente clara a sua solução. Qual a cor do REAA? De posse do
que já aprendemos de História, podemos passar diretamente a uma citação do mestre Castelanni:

1. O Rito nasceu no catolicismo;


2. O Rito foi aristocratizado.
O catolicismo possui cinco cores litúrgicas: branca, negra, verde, roxa e vermelha. Destas, a mais importante é a VERMELHA,
que é a cor do sangue e o símbolo da efusão do sangue por amor; por isso é a cor dos mártires da Igreja, usada durante as
celebrações em homenagem a esses mártires. Além disso, ela é a cor que distingue a alta dignidade cardinalícia; os cardeais, que,
na hierarquia mundana, correspondem aos príncipes, usam o chapéu --- ou solidéu --- vermelho e a faixa vermelha, como sinal de
sua distinção.
E a cor da nobreza, da realeza, também é a vermelha. Todos os antigos reinantes, ao assumir o trono, recebiam, sobre os
ombros, um manto vermelho; famosa é a púrpura imperial, com que os imperadores romanos - os Césares - eram revestidos,
quando de sua ascensão ao trono imperial. A própria púrpura cardinalícia, já referida, é um sinal de nobreza dos príncipes da Igreja.

Ou seja, a cor do Rito é vermelha exatamente pela origem nobre e católica do rito. Isto nos dá o
porquê, a razão histórica e tradicional do fato, mas administrativamente é realmente esta a razão? Há
quem conte uma estória que teria sido pela confusão entre os termos púrpura e vermelha em traduções
antigas. Vejamos o que nos fala o 1º Congresso de Lousanne:

1. O avental terá dimensão variável de 30/35 cm. por 40/45 cm.;


2. O avental do Aprendiz Maçom é branco, de pele de carneiro, com abeta triangular levantada e sem nenhum enfeite;
3. O avental do Companheiro Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada, podendo ter uma orla vermelha;
4. O avental do Mestre Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada; orlado e forrado de vermelho, tendo, no meio,
também em vermelho, as letras M e B;
5. O avental é o símbolo do trabalho e lembra, obreiro, que ele deve ter uma vida laboriosa;
6. A cor do Rito Escocês Antigo e Aceito é a vermelha. [grifo nosso]

Assim não há dúvida que, tanto tradicionalmente quanto administrativamente, a cor do REAA é
vermelha, Certo?? Errado!! Há aqueles que dizem ser vermelha por ser esta a cor do Brasão da casa
Stuart. Apesar dos mais observadores devem ter visto no início deste trabalho que as cores dos Stuarts
são o amarelo e o azul, além de uma série de outras discussões e hipóteses. Aquele que desejar se
embrenhar nesta discussão sugiro a leitura de “+ fios da meada” do Irmão João Guilherme que discute
com equilíbrio e amplitude este assunto apresentando algumas outras hipóteses bem interessantes.

Da mesma forma este e os demais congressos não deram ao REAA a homogeneidade que se
imagina. Na Inglaterra, o Rito além de não se chamar escocês, também é conhecido como Rosy Croix,
pois os candidatos são comunicados do grau 4 ao grau 17 e então iniciados apenas ao grau 18
(Cavaleiro Rosacruz). A jurisdição Norte dos EUA fez bem mais que alterar alguns títulos e a ordem de
alguns graus; alteraram mesmo a lenda de certos Graus, tendo hoje em dia graus baseados em
Benjamin Franklin (25º) e em Abraham Lincoln (26º). Outra particularidade é que eles têm aventais
triangulares e não quadrados como os demais[64]. Parece que as particularidades perseguem a
maçonaria para onde quer que olhemos.

Ao concluirmos o caminho do REAA no exterior, deixaremos aqui o fluxograma que aborda esta
parte da evolução do rito. O foco maior foi naturalmente os EUA, como berço do Rito propriamente
dito. Quando falamos isso muitos poderão questionar: ..., Mas o Rito não é escocês? ..., Mas ele não é
oriundo do Rito de Heredom? Como creio que todos já tenham visto, sua herança é absolutamente
escocesa. Sua estruturação ritualística e formação inicial dos graus é francesa. Já a organização
administrativa, depuração e ajuste final dos graus definitivamente americana. Em resumo o REAA não
tem uma nacionalidade fechada definida; mas integra em sua estrutura aspectos destes três momentos
de sua estruturação.

Passemos, então, ao fluxograma que nos auxilia a entender isso.


O REAA no Brasil

Falar do REAA no Brasil é falar da História do Grande Oriente do Brasil (GOB) também. Além de
ser o Rito mais praticado, sua história está intimamente ligada às várias cisões e fusões que tivemos.
Nossa história, assim como a francesa, é cheia de percalços que tornam bastante difícil acompanhar o
fio da meada (desculpe o empréstimo da expressão João Guilherme[65]). Por isso mesmo iremos aqui
apenas destacar aquilo que terá consequências mais diretas no seguimento do Rito em si. Para auxiliar
neste entendimento do fio de ligação entre as coisas sugerimos acompanhar este capítulo olhando de
perto os dois diagramas no final. Já temos colocado estes diagramas anteriormente, mas vocês verão
que este será essencial para entendermos o caminho da História. Vamos a ela!

A primeira loja Brasileira que se tem registro de trabalhar no REAA chamava-se “Educação e
Moral” e foi fundada por Joaquim Gonçalves Lêdo[66] (1781-1847). Ela foi regularmente “instalada” no
Rito mediante uma carta patente emitida pelo Grande Oriente de França em 29 Ago 1822 de Posse do
Maj Gen João Paulo dos Santos Barreto[67] (1788-1864).
Por outro lado, a primeira carta patente concedida para se abrir um supremo no Brasil foi
concedida a David Jewett (1772-1842)[68] em 1826. Ele a recebeu do Conselho de Cerneau nos EUA.
Já em 29 de Março de 1929 Francisco Gê Acayaba Montezuma[69] (1794-1870), que se encontrava
exilado na Europa, recebe uma carta patente do Supremo Conselho dos Países Baixos. Chegando ao
Brasil, Montezuma se une com Jewett e fundam (com a carta de Montezuma, importante notar) em 12
de novembro de 1832 o primeiro e regular Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito do
Brasil. Por Influência de Jewett, em 1834 o Grande Oriente do Passeio adota o REAA como seu Rito
Oficial. Cabe relembrar que nesta época também estava ativo o Grande Oriente Brasílico (atual GOB)
que adotava desde 1822 o Rito Moderno.

Jewett ter aberto mão em favor de Montezuma, foi bom para o Brasil, pois como já vimos o
Conselho de Cerneau nos EUA acabou sendo declarado irregular em favor do de Bideaud que viria a
ser o Supremo Conselho Norte dos EUA. Assim garantiu-se uma origem legítima para o nosso REAA.

Em 1842 o Supremo Conselho do REAA acaba por se fundir ao Grande Oriente do Passeio
gerando uma potência híbrida. Com híbrida aqui queremos dizer que era uma potência que regia tanto
os graus Simbólicos quanto os Filosóficos. Claro que a esta altura o leitor já entendeu que estes
conceitos não estavam totalmente sedimentados nesta época, mas os usamos aqui para facilitar o
entendimento.

A fim de facilitar um entendimento posterior temos que ressaltar um ponto. Nesta fusão tomaram
parte pelo Supremo Conselho João Vieira de Carvalho, o Marques de Lages (1781-1847) e pelo
Grande Oriente do Passeio Cândido José de Araújo Viana, o Marques de Sapucaí (1793-1875). No
processo, apesar de resultar em uma potência híbrida, ambos mantiveram seus cargos, ou seja, certo
grau de independência. Isso vai fazer a diferença em 1927.

Quando da eleição de Manoel Alves Branco, Visconde de Caravelas, (1797-1855) para o Grande
Oriente do Passeio houve uma cisão, na qual o Supremo Conselho volta a ser independente e o
Grande Oriente cria seu próprio Supremo Conselho do REAA, naturalmente irregular. Apenas para
“amarrarmos esta ponta” registre-se que em 1864 o Grande Oriente do Passeio se funde ao GOB
levando consigo este Supremo Irregular que foi reincorporado ao Supremo legítimo.

Este Supremo Conselho legítimo do REAA, novamente independente, passou logo em seguida
ao Comando de Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), futuro Duque de Caxias. Já a partir de 1849
há registros de Caxias Negociando com o GOB uma fusão; tais esforços alcançariam sucesso em 1854
quando o GOB passa a ser potência híbrida, fundindo-se ao legítimo Supremo Conselho do REAA.

Em 1863, mais uma vez surge dissidência no GOB e Joaquim Saldanha Marinho (1816-1895)
funda o chamado “Grande Oriente dos Beneditinos”. Esta potência acabou se revelando mais forte no
Rito Adonhiramita como o leitor deve se lembrar, mas também fundou seu próprio supremo conselho
para o REAA. Desta forma quando do 1º Conselho de Lausanne, havia dois supremos conselhos em
atividade no Brasil.

Já em 1867 este Supremo Conselho, interno ao GOB, recebe o reconhecimento do Supremo


Conselho Norte dos EUA e três anos depois, em 1870, é reconhecido pelo Supremo Conselho do Sul
dos EUA, de Charleston; o Conselho “mãe do mundo”.

Logo em 1872 o clero da corte desfere vários ataques à maçonaria, até mesmo ao então
Visconde do Rio Branco[70], que era Grão Mestre do GOB. Isso leva a maçonaria a se unir. Desta forma
o GOB (conhecido naquele momento como Grande Oriente do Lavradio) se une em 20/05/1872 ao
Grande Oriente dos Beneditinos de Saldanha Marinho e formam o Grande Oriente Unido do Brasil. Só
que a vaidade atacou outra vez! Quatro meses depois, em 14/09/1872 o Visconde do Rio Branco não
se conforma em perder as eleições e separa novamente criando um “outro” GOB e Supremo
Conselho. Talvez o leitor se pergunte qual a importância deste pequeno “soluço” para a História da
Maçonaria e do REAA. A questão é que à luz das potências no exterior, a primeira fusão já havia
produzido seus efeitos. Assim, a potência Brasileira, tanto simbólica quanto do REAA, reconhecida a
partir deste ponto não era este “segundo GOB” (reinstituído por Rio Branco), mas sim o Grande Oriente
Unido e seu Supremo.

Em 1875 acontece o primeiro Congresso de Lausanne, do qual já falamos aqui. Ele sedimenta a
estrutura do rito e passa a dar a ele certa coordenação Mundial. O Brasil não se posicionou claramente
em relação ao Congresso de Lausanne tomando posições contraditórias ao longo do tempo. Os rituais
mantiveram a posição da lenda de Frederico II (que havia sido retirada no congresso), causando uma
confusão entre os membros.

Isso pode ter acontecido por posições ambíguas do País para com o Congresso e vice-versa.
Para começar o Brasil não compareceu ao congresso, e acabou não constando na lista de Supremos
Conselhos reconhecidos, naquele momento[71]. Todavia na ata da 10ª sessão o conselho menciona que
havia um Supremo no Brasil, mas como havia duas autoridades demandando representá-lo[72] estas
deveriam encaminhar documentação ao Supremo Conselho Suíço para buscar um acordo ou então o
Tribunal (criado naquele mesmo congresso) iria julgar o caso.

Com o tempo aquele segundo Grande Oriente do Lavradio foi perdendo força e em 18 de
dezembro de 1.882 as duas potências aprovam um acordo assinando-o dia 18/01/1883, passando a
chamar-se unicamente, Grande Oriente do Brasil. Temos que ressaltar aqui que: 1) O nome e a sede
ficaram com o G∴ O∴ de Rio Branco (Lavradio), mas que na verdade a legitimidade deste, terceiro e
definitivo GOB, veio do Grande Oriente Unido do Brasil, antigo Grande Oriente dos Beneditinos. Notem
que ao se separar em 1863, o G∴ O∴ dos Beneditinos não era o legítimo. Ao se fundir e separar
novamente de maneira personalista, Rio Branco acabou por “entregar” esta legitimidade a eles.

Apesar desse vai e vem, a partir deste momento o Brasil passa a ter (não por muito tempo) um
único supremo conselho regular para o REAA no país. É muito importante entender que neste
momento o GOB, junto com o Supremo do REAA era potência híbrida, regendo tanto graus simbólicos
quanto os filosóficos. Isto gerava algo que hoje é claramente absurdo. Aquele que fosse eleito Grão
mestre do GOB era, automaticamente, o Soberano Comendador do Supremo Conselho. Isso era uma
bomba relógio, afinal o eleito podia não ser grau 33 e nem mesmo do REAA. A ideia de separação
entre simbolismo e filosofismo já estava em voga desde a fundação do Primeiro Supremo de
Charleston e ganhava força também na Europa (não sem percalços é claro). Era uma questão de
tempo que o conceito cruzasse o atlântico, e ele o fez de maneira explosiva para a maçonaria
Brasileira, provocando o maior racha até hoje.

Tendo em vista a complexidade deste tema e para facilitar o entendimento faremos aqui uma
divisão de bloco. Assim deixaremos um pequeno resumo:

Devemos guardar que Montezuma fundou o Primeiro Supremo Conselho do REAA regular no
Brasil. Após idas e vindas este Supremo se encontrava dentro do GOB em 1863. Este supremo era
potência híbrida com o GOB, sendo que aquele eleito Grão mestre, era automaticamente o Soberano
Comendador.

Para auxiliar deixaremos nosso já tradicional fluxograma deste período, que delimitamos de
1822 (fundação do GOB) a 1823 (reintegração do Grande Oriente Unido do Brasil ao Vale dos
Beneditinos). Nesta oportunidade fazemo-lo de forma fracionada, pois a parte seguinte da história do
REAA envolve várias cisões do GOB e sua complexidade merecerá fluxograma à parte no final deste
capítulo.
A Cisão de 1927

Entre 1893 e 1902 novas separações resultaram em Grandes Orientes Estaduais[73] que criaram
seus próprios Supremos Conselhos, mas acabaram por se extinguir sem deixar maiores
consequências. Em 1921 o irmão Luís Soares Horta Barbosa, então Grão-mestre Adjunto do GOB (e
em consequência também Lugar-Tenente Comendador do Supremo conselho do REAA, uma vez que
isso era automático), faleceu; o que levou a uma eleição extemporânea para o cargo. A eleição foi
vencida por Mario Marinho de Carvalho Behring (1876-1933); não sem muita polêmica.

O então “Grande Oriente Estadoal[74] de São Paulo” era presidido por José Adriano Marrey
Junior (1885-1965) que, inconformado com a anulação dos votos de várias lojas do estado, desligou-se
fundando (em 29 jul 1921) com a franca maioria das lojas, o atual “Grande Oriente do Estado de São
Paulo” (GOSP) independente e separado do GOB. O “Estadoal” acabou por extinguir-se e o GOSP
filiou-se ao GOB em 1929. Como já era “hábito” na época, o GOSP, neste período independente,
manteve seu próprio supremo conselho do REAA, que foi reabsorvido quando de sua filiação ao GOB.
O fato é que Mario Behring já assumia como Grão Mestre adjunto debaixo de muita polêmica e
cisão; mas a polêmica deste evento não se encerra aqui. Como já falamos, a eleição para o Supremo
Conselho do REAA era automática, na verdade era uma nomeação. Só que neste episódio o irmão
Mario Behring fez questão de ser efetivamente eleito no Supremo Conselho já antevendo o que estava
por vir.

Como ele havia sido eleito para apenas terminar um mandato, já em 1922 houve nova eleição
para Grão Mestre, para a qual Mario Behring candidatou-se e venceu. Mais uma vez ele não aceitou
ser indicado por automatismo e fez questão de ser eleito Soberano Comendador do REAA em eleição
à parte e com um detalhe especial. Um mandato de três anos, ou seja, um ano a mais que o mandato
de Grão Mestre do GOB para o qual acabara de ser eleito. Talvez ele estivesse buscando deixar claro
que eram coisas separadas; mas este ano a mais fará diferença capital à frente.

Tal atitude, naquele momento contrariava tanto a constituição do GOB quanto a própria
constituição do Supremo Conselho, mas ainda assim ele foi eleito. Ele argumentava que as leis
internacionais que determinavam a separação de simbolismo e filosofismo se impunham a legislação
Brasileira contrária. A visão de Behring se mostrou pertinente, pois em também em 1922 aconteceu o
2º Congresso de Lousanne. Como vimos, esta reunião determinaria que um Supremo Conselho, para
ser reconhecido e declarado regular tinha que ser independente. No país este conceito ainda levaria
algum tempo para emplacar, e pagaria um preço caro.

Após cumprir este mandato, em 1925, Mario Behring tenta a reeleição em mais um pleito
conturbado. Apesar de ter vencido este pleito, os questionamentos foram de tal ordem que ele e o seu
adversário, Pedro da Cunha, concordaram, pela anulação e a realização de nova eleição. Após outros
percalços a nova eleição foi realizada ainda em setembro de 1925. Desta vez, Behring não concorreu,
havia inclusive renunciado ao cargo de Grão Mestre em julho, mas (atenção ao detalhe) mantido o
cargo de Soberano Comendador. O pleito foi vencido pela chapa de oposição ao irmão Behring,
composta por Vicente Saraiva de Carvalho Neiva (1864-1926), como Grão Mestre e João Severiano da
Fonseca Hermes (1858-1937), como adjunto.

Ainda em novembro de 1925, o irmão Behring reúne as Lojas do Rito Escocês e apresenta um
novo estatuto do Supremo Conselho que teria sido feito em 1922, mas que foi registrado em 1925. Este
estatuto estava de acordo com o Congresso de Lausanne e previa a eleição para Soberano
Comendador do Supremo Conselho do REAA de maneira independente da potência simbólica; o que ia
contra a constituição do GOB do qual o Supremo Conselho ainda fazia parte.

Como se as coisas não estivessem complicadas o bastante, em fevereiro de 1926 o Irmão


Carvalho Neiva faleceu, assumindo interinamente o Grão Mestrado o Irmão Fonseca Hermes que foi
confirmado no cargo em eleição posterior. Fonseca Hermes havia sido apoiado na eleição por Behring
e em outubro de 1926 publica um tratado entre o Grande Oriente do Brasil e o Supremo Conselho do
REAA. Este tratado teria sido a solução do impasse, uma vez que estabelecia uma relação de acordo
com os preceitos de Lausanne e idêntica à que temos hoje. Ou seja, Simbolismo a cargo do GOB e
Filosofismo a cargo do Supremo, com lideranças diferentes e independentes.

A questão é que havia irmãos que não concordavam e viam nisso uma tentativa de dividir a
maçonaria Brasileira, pois entendiam que tudo tinha que estar “sob um único chapéu”. O Tratado
chegou a ser rejeitado pela Assembléia do GOB, mas ante a ameaça de renúncia de Fonseca Hermes
acabou sendo ratificado. Todavia as pressões sobre Fonseca Hermes continuaram e ele se viu forçado
a renunciar ao cargo de Grão Mestre em 29 de Maio de 1927.

Com a renúncia assumiu o Grão Mestrado o Adjunto que havia sido eleito em 1926, Octávio
Kelly (1878-1948). O irmão Octávio Kelly era magistrado (acabou sendo Ministro do Supremo Tribunal
Federal mais tarde) e não compartilhava da visão de seu antecessor. Ele entendia que não se poderia
aviltar a constituição do GOB. Assim, ele tentou retomar o Supremo Conselho e assumir
automaticamente a função de Soberano Comendador do Supremo Conselho do REAA. Naturalmente
Mario Behring não concorda e emite um manifesto deflagrando a total ruptura com o GOB.
Estava configurada a separação! Muitas Lojas Escocesas acompanhavam a visão do irmão
Mario Behring e se separaram do GOB, organizando-se em Grandes Lojas Estaduais que receberam
carta constitutiva do Supremo Conselho para funcionarem. Aqui observamos uma coisa estranha. Mario
Behring defendia, acertadamente, a separação dos graus simbólicos dos filosóficos; todavia ele emitiu,
como chefe de uma potência filosófica, carta constitutiva para potências simbólicas (as novas Grandes
Lojas Estaduais). Ora, este é o mesmo erro cometido no sentido inverso, pois ele não teria autoridade
para legitimar lojas simbólicas, mas assim é o ser humano. Também se estranha que posteriormente
ele tenha permitido a mudança da cor do Rito para azul (supostamente para facilitar o reconhecimento
pelas Grandes Lojas americanas que usavam o azul do Rito de York), contrariando claramente o
primeiro congresso de Lausanne.

A estrutura confederativa de grandes lojas estaduais já era aplicada nos Estados Unidos, de
maneira que foi aceita e reconhecida rapidamente pelas potências daquele país; todavia apenas o
GOB era reconhecido pela GLUI durante algum tempo. Atualmente, o Reconhecimento e regularidade
das Grandes Lojas não é mais motivo de questionamentos. Naturalmente muito mais poderia ser dito a
respeito desta triste cisão; todavia seria discutir a história da nossa maçonaria no campo do Simbolismo
que não é nosso objetivo[75].

Octávio Kelly não aceitou tudo pacificamente declarando, o Supremo Conselho de Behring
irregular e criando mais um novo Supremo Conselho dentro do GOB. Em 1929 os Supremos Conselhos
do mundo se reuniram no Congresso de Paris onde ambos os conselhos Brasileiros compareceram.
Das deliberações resultou reconhecido o Supremo Conselho de Mario Behring (nome oficial: Supremo
Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do
Brasil), que atualmente tem sua sede no Bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro – RJ.

Em 1951, o GOB viria a se ajustar a regra mundial, separando o simbolismo e tornando seu
Supremo Conselho (Nome Oficial: Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo
e Aceito) um órgão Independente, que é aquele que se situa atualmente no bairro de São Cristóvão,
Rio de Janeiro - RJ. À letra fria da lei este Supremo Conselho, apesar de não mais ser vinculado ao
GOB, continua a não ser reconhecido pelos demais supremos conselhos no exterior.

Cisma de 1973

E a cota de Cisões da Maçonaria Brasileira ainda não havia se encerrado. Esta cisão em
particular foi bastante traumática e, por ser recente, ainda deixa consequências sensíveis. Mais uma
vez vamos nos manter focados no que nos interessa; qual seja apenas as consequências no Rito.

Em 1973 era candidato pela situação o irmão Osmane Vieira de Resende; concorria com ele o
irmão Atos Vieira de Andrade. Mais uma vez houve problemas com os resultados. O candidato da
situação perdeu e em função disso foram anulados os votos de 600 lojas (71%) e validou os votos de
apenas 140 lojas (21%).

Com isso, 10 Grandes Orientes Estaduais resolveram se desligar do GOB. Estas lideranças
fundaram O Colégio de Grão-mestres que depois evoluiu para a Confederação Maçônicas do Brasil
(COMAB), gerando os chamados Grandes Orientes Independentes.

Esta cisão foi muito traumática e bem mais complexa do que aqui se coloca, mas, fiéis ao nosso
objetivo, temos apenas que marcar sua consequência para o Rito. O caso foi que a COMAB resolveu
adotar em seu simbolismo as alfaias para o REAA de acordo com o previsto pelo 1º Congresso de
Lausanne. Desta forma eles usam o vermelho como cor do rito e o avental com as letras M e B.

O Azul teria sido adotado pelas Grandes Lojas em função de facilitar o reconhecimento pelas
grandes lojas americanas; uma vez que estas usavam o azul que é a cor do Rito de York.
Posteriormente o GOB acabou seguindo a CMSB neste erro e o REAA Brasileiro ficou azul. Nesta
cisão a COMAB acaba por restituir a cor original ao Rito. Como já falamos a questão das cores é
bastante polêmica, todavia há uma visão que julgamos interessante de trazer aqui. Em seu livro “Mais
fios da meada” o João Guilherme expressa uma visão que sintetiza a questão de fundo de tudo isso.

Os americanos, com sua visão pragmática enxergam uma divisão horizontal na maçonaria;
assim os Graus simbólicos são azuis e os filosóficos vermelhos. Observem que o REAA e o Real Arco
têm esta cor por base. Ao longo de sua evolução histórica foi esta a divisória vista por eles.

Por sua vez na França a divisão era vertical. O Congresso de Lausanne queria separar o REAA
dos demais Ritos. Ou o escocismo da linha defendida pelo grande Oriente de França que usava o azul.
Lembrem que o GODF usava azul seguindo a linha dos Modernos e que não havia recebido bem a
chegada do REAA, além de ter reagido ao escocismo. Claro que há inúmeras explicações místicas,
científicas e mesmo históricas para a polêmica; todavia entendemos que esta visão do irmão João
Guilherme marca a causa de fundo de todas estas escolhas feitas sob alegação de outras razões.

Com isso acreditamos ter trazido o REAA desde sua origem até a sua situação atual no Brasil.
Particularmente neste Rito a História e as fontes são muito ricas (nem sempre precisas) o que nos daria
muito material para verter rios de tinta; mas tentamos aqui trazer da maneira mais sucinta possível os
fatos que levaram o rito a ter “a cara” que ele tem. Particularmente devido ao envolvimento deste rito
com a própria história da maçonaria Brasileira, mais do que nunca julgamos ser necessário apresentar
nosso quadro resumo e fluxograma para auxiliar no entendimento. Apenas observem que adiantamos a
primeira parte do fluxograma para junto do seu texto explicativo. A seguir veremos somente a segunda
parte.
Rito Escocês Retificado
O Rito Escocês retificado é um dos mais recentes no Brasil, mas em verdade um dos mais antigos
dentro da “família” dos ritos escoceses. Aqui ele tem sido conhecido pelo uso do Chapéu tricórneo ao
estilo antigo, mas seu valor está em sua carga de misticismo e no fato de seguir uma linha escocesa
um pouco diferente do que abordamos até agora. Apesar de seguirem caminhos particulares, o REAA
e o Adonhiramita têm em comum a origem no rito de Heredom, o que faz com que tenham uma base
sólida de similaridades a despeito de sua evolução diferente.

O RER separou-se da família antes, como veremos e foi depurado sucessivamente por várias
pessoas, mas seguindo uma linha de pensamento específica. Desta forma o rito tem as características
fundamentais que o distinguem como um rito escocês, mas tem uma estrutura diferente dos “irmãos”. O
Rito é um amálgama da Ordem dos Cavaleiros Maçons Cohens Eleitos do Universo (os Ellus Cohen de
Paschoally), e da Estrita Observância templária (de Von Hundt) sistematicamente depurado em vários
conventos (ou convenções em termos mais atuais) sob a influência capital de Jean-Baptiste Willermoz.

Já falamos anteriormente da Estrita Observância Templária (EOT), mas relembrando, ela era
uma maçonaria cavalheiresca (templária) inicialmente estabelecida na Alemanha em meados do século
XVIII e que se espalhou dali para o resto da Europa. Foi criada a partir de 1764 com a saída de Von
Hundt do Capítulo de Clermont. Suas ideias chave para nós são: Cavalheiresca no sentido de
valorização da nobreza, Templária no sentido de buscar um renascimento da ordem dos Templários. A
EOT também era apelidada de Maçonaria Retificada (Reforma de Dresde ou maçonaria de Dresde).

Já os Ellus Cohem[76] haviam sido criados por Martines de Paschoallly (1727-1779) em 1782.
Era um rito com seus graus azuis (simbólicos) normais, sendo que os altos graus formavam a ordem
propriamente dita, de cunho iniciático sacerdotal, místico e teúrgico[77]. Sua doutrina faz lembrar muito
os ensinamentos dos Cristãos gnósticos dos primeiros séculos. Ela comportava sete graus divididos em
três etapas. Procediam “operações” e atos ritualísticos com a intenção de afastar espíritos malignos e
se purificarem buscando alcançar a revelação ou iluminação; apoiando-se no relacionamento do
homem com as hierarquias angélicas. Vejam aí o uso da magia cerimonial e teurgia que falamos.

O Rito Ellus Cohen foi declarado extinto no Convento de Willemsbad, que veremos mais à
frente. Atualmente há alguns movimentos que se colocam como herdeiros desta tradição, mas para nós
devemos guardar principalmente seu aspecto teúrgico e místico.

Jean-Baptiste Willermoz

Jean-Baptiste Willermoz (1730-1824) é de tal importância para o RER que, em alguns casos, o
Rito também é chamado de Rito de Willermoz. Desta forma, teremos de apresentar alguns aspectos de
sua biografia, pois a sua trajetória e contatos definiram muitos aspectos da trajetória de formação do
rito.

Jean-Baptiste Willermoz nasceu em 10 de julho de 1730 em Lyon. Ele era o mais velho de 12
filhos. Ele viveu principalmente em Lyon. Ele era irmão de Pierre-Jacques Willermoz, médico e químico
que também trabalhou na Encyclopédie de Diderot e D'Alembert. Seguindo os negócios da família,
Jean- Batiste era um negociante de seda e prata na Rue des Quatre-Chapeaux, e foi diretor voluntário
de instituições de caridade. Com seu trabalho conseguiu construir uma confortável situação financeira,
possuindo vários imóveis em Lyon.

Willermoz tinha um senso de religiosidade muito forte, que o levou logo cedo a buscar o
ocultismo. Desta forma foi iniciado em 1750, ainda com 20 anos de idade e já dois anos depois foi
escolhido Venerável Mestre da sua loja, pois o titular se mudou de Lyon. De saída vemos que os
irmãos da época viram algo de especial nele. Jean-Baptiste Willermoz era muito estimado pelos seus
Irmãos e discípulos, destacava-se por suas maneiras cordiais, amigáveis e sedutoras. Ao longo de sua
vida granjeou a admiração de Louis Claude de Saint-Martin (1743-1803), Joseph de Maistre[78] (1753-
1821), Martinez de Pasqually e o famoso Conde de Saint-Germain (1696-1784[79]), alguns
companheiros de estudos, outros seus próprios mestres.

Muito ativo, fundou em 1753 a loja “La parfaite amitié” (a perfeita amizade) que em 1756 obteve
a filiação da sua loja na Grande Loja da França. Já em 1760 fundou sua segunda loja: "Les vrais amis”
(os Verdadeiros amigos); juntamente com o Venerável da sua primeira loja: "A Amizade", Jacques
Irenée Grandon (1723-1763). Nesse mesmo ano, as três lojas Amizade, A Perfeita Amizade, e os
Verdadeiros Amigos, sob a coordenação de Willermoz, fundam a “Grande Loja dos Mestres Regulares
de Lyon”. Apesar de Willermoz ser o articulador da fundação não foi o primeiro presidente. Este será
um mote na vida de Willermoz, apesar de ser ativo na maioria dos fatos ele não buscava a autoridade
ou os holofotes para si. Esses maçons tinham como objetivo a volta às suas origens primitivas, desta
forma tinha um alinhamento natural com a visão da Estrita Observância Templária que falamos
anteriormente.

Por outro lado, Willermoz foi iniciado Ellus Cohen por Martinez Paschoalli em Versailles, perto de
Paris, no equinócio de março de 1767. Em 13 de março de 1768, Bacon de la Chevalerie (1731-1821)
[80], que o havia apresentado a ordem, o ordena no Grau Rosa Cruz, último daquele sistema. Dessa
iniciação e da influência posterior de Saint-Martin, Willermoz acaba se ligando as práticas teúrgicas e
mesmo aperfeiçoando alguns aspectos da teoria de Paschoally. Após ter contato com tudo isso
Willermoz vai absorver mais a parte gnóstica dos Ellus Cohen; mas não em uma vertente judaica como
no original, mas sim com uma visão claramente gnóstica cristã.

Em 1772, Willermoz recebeu uma carta da Loja “La Candeur[81]”, de Estrasburgo, dando conta
de uma Obediência Maçônica fundada por “Superiores Incógnitos” e denominada “Estrita Observância
Templária”. Este Rito atuava sobre as Lojas azuis que não se alinhavam com a linha inglesa (moderna
e Hanôver). Por um natural alinhamento de objetivos, Willermoz adotou as formas da Maçonaria
templária alemã, mas introduz mudanças radicais. Ele desejava tornar a Estrita Observância, uma nova
Maçonaria reformada ou retificada, cuja doutrina também trouxesse a visão Martinista que havia
absorvido dos Ellus Cohen.

Em 1796 casa-se com uma órfã chamada Jeanette Pascal, 41 anos mais nova que ele. Em 1804
ela dá à luz a uma menina, que sobrevive pouco. Em 1808 nasce um menino Jean Baptiste-François
de Sales-Claudius. No ano seguinte ela morre em outro parto deixando Willermoz só com o menino.
Infelizmente ele acaba perdendo também este filho de maneira súbita em 1812. Willermoz nos deixou
escritos destinados ao seu filho, que hoje são guardados no fundo Kloss da biblioteca do Grande
Oriente da Holanda, em Haia.

Entre 1793 e 1795 as atividades maçônicas praticamente pararam devido a revolução Francesa;
na verdade elas já haviam amainado um pouco antes, pois a maioria dos altos graus do rito eram
também nobres e estavam envolvidos de alguma forma mesmo antes do movimento. Jean Baptiste
Willermoz alinhou-se aos patriotas partidários da Revolução, porém mais moderados. Ele era um
monarquista constitucional que pertencia à Sociedade dos Amigos da Revolução, conhecidos como
Feuillants [82].

Com o avanço de outras fases da revolução, em 1793 Willermoz foi acusado e julgado duas vezes.
Ante uma terceira acusação, acabou fugindo para o campo, mas com a morte de Robespierre[83] (1758-
1794) retorna em Julho de 1974. Daí até o final de sua vida, além do casamento (que já abordamos)
dedicar-se-á a várias atividades religiosas e filantrópicas sendo ativo até o final de seus dias.

Origens do Rito
O RER reclama sua origem no próprio início da maçonaria na França, todavia, de maneira mais
formal entendemos que seu início se dá, também, no Capítulo de Clermont onde o Barão Von Hundt se
filiou antes de dar origem a Estrita Observância Templária. Suas raízes remontam a 1754; sendo que
suas bases foram construídas a partir de reuniões chamadas de conventos, tais como os realizados em
Unwürde (1754), Altenberg (1764), Kohlo (1772) além de Brunswick (1775).

Os dois mais importantes destes conventos, que deram real estrutura ao rito, foram o de Lyon
em 1778 (conhecido como Convento das Gálias) e de Wilhelmsbad em 1782. Mas o que levou a estes
conventos? Porque eles aconteceram?

Para entender isso teremos de lembrar que em 1771, com a morte do Conde de Clermont, é
eleito como novo Grão-Mestre da Nova Grande Loja da França o Duque de Chartres[84] (1747-1793).
Com esta mudança, a Grande Loja dos Mestres Regulares de Lyon (GLMRL) se reúne, tendo
Willermoz como arquivista e Chanceler, para deliberar se iria se alinhar ou não a esta nova Grande Loja
de França. Após uma assembleia em 1772, enviaram uma carta em 15 artigos explicitando suas
condições. Logo em seguida (ainda em 1772), o Duque de Montmorency - Luxemburg (o qual já
mencionamos quando falamos da revolução Francesa) que exercia efetivamente o grão mestrado
transformou a Nova Grande Loja no “Grande Oriente de França”. A questão é que tanto a GLMRL
quanto o Diretório de Estrasburgo (que sob a liderança de Von Hundt coordenava o Rito da estrita
Observância) tinham objeções políticas a estrutura deste Grande Oriente o que os levou a se aliarem.

Já em dezembro de 1772 Willermoz escreve a Von Hundt expressando o desejo de melhor


conhecer e filiar-se. O problema é que ele não sabia que, enquanto a GLMRL se reunia e respondia ao
Grande Oriente de França, Von Hundt havia sido praticamente destituído em 24 Jun 1772 por
desconfianças em relação as origens que ele alegava para a EOT.

De qualquer forma, em Jun 1773 Willermoz convence a Assembleia de Lyon que a União com a
Alemanha apenas reforçaria as suas posições frente ao Grande Oriente de França e são enviados
quatro comissários para se informar melhor. Houve questionamentos sobre esta união, em especial
quanto a quatro itens:

O caráter aristocrático
As contribuições Financeiras
A obediência a Superiores Desconhecidos[85]
A moralidade suspeita de Hundt

A despeito destes questionamentos a união acabou sendo firmada em 25/Jul/ 1774 quando
Willermoz e 12 outros Irmãos foram armados cavaleiros da Estrita Observância. O Resultado foi um
tratado de União entre o Grande Oriente de França e “os Diretórios escoceses estabelecidos segundo
o Rito da Maçonaria Retificada da Alemanha”. Desta forma os Lyioneses não se subordinaram ao
Grande Oriente, mas também não se fizeram inimigos.

Nos dois anos seguintes os Maçons de Lyon trabalharam com muito afinco e correção em cima
dos Rituais que recebiam da Alemanha pelas mãos de seu contato, Weiller. Porém, em Nov 1775
Weiller morre em Turim e Von Hund também falece em Out 1776, deixando os Lyoneses carentes de
um contato de qualidade com a Alemanha. Paralelo a isso, Willermoz acabava se confundindo com as
informações desencontradas e diversas brigas políticas internas da EOT. Ele ainda conservava em si
as doutrinas e práticas dos Ellus Cohen. Na verdade, ele encontrará na EOT uma organização e
estrutura melhor que dos Cohen (que se baseava quase que unicamente na pessoa de Paschoally),
mas nunca chegou a concordar com o objetivo de restauração da ordem do templo, expresso pela
EOT. Ela tinha estrutura, mas não tinha uma doutrina que o satisfizesse. Já os Ellus Cohen tinham a
doutrina, mas não a estrutura; aproveitar o melhor de cada uma foi natural.
A gota d’água foi que os Irmãos de Estrasburgo, província da Borgonha, não aceitavam bem a
tutela alemã e queriam acrescentar ao simbolismo um quarto grau que pertencia ao círculo interno da
EOT. Eles apresentam suas ideias a Willermoz que as leva ao Duque de Brunsvique[86] (1735-1806),
que liderava a EOT. Ele sugere aos irmãos que façam um convento das três províncias francesas para
tratar do assunto. Assim, inicia-se o processo de depuração do RER com a abertura do Convento das
Gálias em Lyon aos 28 Ago 1778.

Convento de Gaules - Lyon 1778

O convento deliberou por separar as lojas simbólicas das lojas da Ordem Interior e retirar a
palavra “Templário” substituindo-a por Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa. Os rituais apresentados
pelos Lyoneses de Willermoz foram aprovados, assim como as instruções secretas de Willermoz, que,
por influência Ellus Cohen, estavam inspiradas no "Tratado da Reintegração dos Seres Criados" de
Martinez de Pasqually.

Um ponto importante do Convento das Gálias foi a negação da ligação aos Templários;
suprimiram-se ainda os dois graus sacerdotais de Professo e Grão Professo. A partir daí defende-se
uma ligação espiritual aos templários e não real.

Convento de Wilhelmsbad de 1782

Esta reunião contou com um número maior de participantes do que o anterior em Lyon;
compareceram Willermoz e Saint-Martin, além de representantes dos Iluminados da Baviera, e de
outros ligados à Estrita Observância Templária.

Como uma de suas primeiras atividades, o Convento separou a Ordem dos emergentes
“Iluminados”, que mostravam tendências materialistas e revolucionárias. Os Iluminados haviam
buscado se infiltrar na Maçonaria e outras camadas da sociedade, mas neste convento foram
depurados do que viria a ser o RER.

Em seguida passaram a reformar os rituais dos três primeiros graus, que não mudaram mais
desde então. Os rituais foram modificados substancialmente, diferenciando o sistema da Maçonaria
Tradicional e da sua origem na EOT. Desta forma surgiu o nome de Rito Escocês Retificado.

Existiam ainda, dois graus intermediários entre as Lojas Azuis e a Ordem Interior, os de Mestre
Escocês e Cavaleiro de Santo André. Esses dois graus foram fundidos num só, o de Mestre Escocês
de Santo André. Assim o rito ficou estruturado em: Graus azuis, Mestre Escocês de Santo André e
Ordem interior. Este grau goza até hoje de uma situação particular; pois é considerado complementar
ao simbolismo do rito, mas (até por razões de reconhecimento) não é conduzido pelas lojas simbólicas
(ou azuis) como veremos mais à frente.

O RER após a Revolução Francesa

O Rito Retificado experimentou um grande fervor na França antes da Revolução, sob o impulso
de Willermoz, enquanto ele próprio se mergulhava cada vez mais no misticismo. Em 1793 quando o
Terror da Revolução Francesa chegou a Lyon, Willermoz acabou se refugiando no campo. Neste
período muitos Rituais e cadernos de instrução foram destruídos, mas o rito se manteve.

Após as pressões da Revolução Francesa e dificuldades com o Grande Oriente de França, que
adotou uma linha mais agnóstica, o rito arrefeceu no território Francês, mantendo-se ativo somente na
Suíça.

Foi somente em 1910 que alguns Franceses que haviam sido iniciados em Genebra, em
especial Ribaucourt e Savoire, levam o rito de volta para o Grande Oriente de França. Todavia os
dirigentes do GODF ainda reagiam mal a toda linha maçônica que fosse um pouco mais religiosa, o
que levou a uma cisão.

Ribeaucourt criou a “Grande Loja Nacional e Independente” (GLNI) que foi reconhecida como
regular pela GLUI (que não reconhecia o GODF exatamente devido as questões do GADU). Já Savoire
ficou alinhado ao GODF onde se torna Grão Comendador do Colégio de Ritos conseguindo manter
relações com o Grão Priorado da Helvécia que regia o Rito Retificado na época. Desta forma, cada
uma das correntes manteve-se regular por “um lado”. Ribeaucourt era reconhecido pela Inglaterra, que
não reconhecia o GODF exatamente pelo seu suposto ateísmo. E Savoire tinha o reconhecimento da
oficina chefe do rito. Cabe lembrar que na época não havia este conceito de separação de Simbolismo
e Filosofismo o que tornava a questão de legitimidade ainda mais complicada.

Em 1935 Savoire se afasta do GODF e o Grão Priorado da Helvécia corta o seu contato com o
Grande Oriente de França. Após isso o Priorado da Helvétia dá uma Carta Patente a Savoire, Machon
e Wibaux para criar seu próprio “Grão Priorado das Gálias” gerindo tanto a Ordem Interior quanto as
Lojas Azuis. Veja que a esta altura havia pelo menos três potências na França (GODF, GLNI e o
Priorado das Gálias); isso lhes lembra de algum país? Em 1938, cinco das seis Lojas desta potência se
mudam para a Grande Loja de França. Com 2ª Guerra e a ocupação da França, os trabalhos
maçônicos sofreram uma interrupção, pelo menos na sua forma estruturada e regular, dando uma
pausa a esta grande confusão.

Situação Recente

Em 06/Dez/2008 um grupo de priorados se reúne para tentar padronizar o rito; foram eles:

Grande Priorado Independente de França


Província de Auvergne (GPDP, GPDF, GPDLA, GPDOMTOM)
Grandes Priorados Unidos das Três Províncias
Grão Priorado Escocês Reformado e Retificado de Occitana

Estas potências assinaram um protocolo de boa conduta e uma carta comum. O evento contou
com a presença de mais de 450 Irmãos Mestres Escoceses de Santo André dos quatro Grandes-
Priorados envolvidos. Este documento estabeleceu as regras gerais para o Rito, sendo usado como
referência pelos demais Priorados até hoje.

Características do Rito

O Rito Escocês Retificado é cristão no sentido que era dado por São Justino[87] (100-165). Desta
forma, apesar de ser um Rito Cristão, não tem caráter confessional, mas sim uma forte base em seu
conteúdo esotérico e filosófico. Tem relação com o gnosticismo judaico e o neo-platonismo da escola
de Alexandria. Sua doutrina tem ainda forte influência no Tratado de Reintegração dos seres de
Martinès de Pasqually. O Rito privilegia a mensagem de amor e tolerância do novo testamento, sem
detrimento da Justiça vinculada pelo Antigo Testamento.

Em nossa visão, esta é a base da peculiaridade do rito. Sua filosofia é mais focada no novo
testamento do que no antigo. Da mesma forma que a base dos demais ritos se foca no velho
testamento sem colocá-lo como dogma religioso; o RER faz uso da simbologia da nova aliança (em
particular da Jerusalém celestial) como sua base; sem o caráter de profissão de fé.

Não é possível tornar-se maçom do RER sem ser cristão. Essa é a condição essencial para ser
iniciado em uma Loja do RER. O Código Maçônico das Lojas Reunidas e Retificadas nos informa:
“Nenhum profano pode ser recebido franco-maçom se não professa a religião cristã”. Isto pode gerar
uma dúvida filosófica relevante, pois uma vez que exige a crença em Cristo significa que um judeu,
muçulmano ou budista não poderia ser iniciado; o que não se alinha com o pensamento maçônico
como um todo. Guy Verval[88] nos apresenta uma abordagem que esclarece este aspecto:
2) O discurso retificado, bastante explícito, anuncia ao Maçom a possibilidade reintegração ao estado primordial do homem.
Isto é representado pela visão apocalíptica da Jerusalém celeste e pela doutrina que nos mostra que Hiram, a exemplo do Cristo,
pôde atingir o último estágio do destino humano. Esta iluminação final é vazada em termos e formas cristãs, corretas, mas
desprovidas que toda e qualquer orientação eclesiástica e sem intervenção de nenhum mediador autorizado, ou seja, de um padre.
Além disso, a cristologia do R.’.E.’.R.’. é muito particular e vê em Cristo mais um paradigma do que um redentor. Dito de outra
maneira, o Cristo dá o exemplo, mas por si só isto não salva ninguém.
3) Nos primeiros graus, o R.’.E.’.R.’. é descristianizado até ao seu limite extremo, e a instrução do 4ºgrau o diz explicitamente:
“Tudo o que vistes até ao momento em nossa Loja tem por base única o Antigo Testamento ... “. No 4ºgrau, unicamente, aparece o
anúncio cristão com a visão do último painel, mas a sua exegese é incompatível com os ensinamentos de toda a igreja organizada,
católica ou reformada. (VERVAL, 1987)

Devido à complexidade das nuances filosóficas do Rito, particularmente em relação ao Cristo,


recomendamos àqueles que desejarem se aprofundar neste entendimento a leitura da obra de Verval
referenciada acima.

Como resumo, podemos afirmar que o Rito Escocês Retificado combina em sua filosofia três
tendências:

1) O Escocismo Maçônico Francês;

2) As doutrinas dos Elus Cohens de Martinez de Pasqually;

3) O Sistema da Estrita Observância Templária do Barão Von Hundt

O RER tem a seguinte estrutura formal: 3 graus simbólicos e 3 graus filosóficos. Todavia
veremos a frente que sua divisão em câmaras faz com que na verdade tenha mais estágios e,
principalmente, uma estrutura de simbolismo peculiar.

As Lojas Azuis (também chamadas de Lojas de São João), possuem os três graus tradicionais, a
semelhança do que se fazia no GODF na época de sua formação. Neste nível, o Grau de companheiro
é o que tem mais peculiaridades. Realizam-se apenas três viagens relacionadas à renúncia aos metais,
prata, bronze e ferro. Este gesto tem um simbolismo moral, e um aspecto esotérico dentro do rito.

O segundo estágio são as Lojas verdes ou Lojas de Santo André, nelas trabalham-se
exclusivamente o Grau de Mestre Escocês de Santo André. Este Grau alude à tradição divina do
Templo de Salomão. Também faz uso do símbolo da Nova Jerusalém (Sião) como referência a
redenção do homem.

O Grau tem bastante influência do Barão de Tschoudy (o mesmo que foi capital na criação do
Rito Adonhiramita), que criou o Grau de “Grande Escocês de Santo André d’Escócia”.

O Regime Escocês retificado prega que até chegada ao quarto grau, a iniciação maçônica ainda
permanece incompleta. Vejam que isso faz com que este grau, apesar de não ser oficialmente
simbólico, seja na verdade o último do simbolismo na liturgia do rito. A noção de regime nos remete à
época anterior à separação de simbolismo e filosofismo como nós vemos hoje; indicando este conjunto
de três graus de São João e um de Santo André.

No Séc. XVIII estas lojas viviam sob uma dupla hierarquia, dirigida pelas mesmas pessoas,
porém com títulos diferentes, visando diferenciar a classe simbólica ou Ordem Maçônica (Regime
Escocês Retificado propriamente dito dos graus 1 a 4) e a Ordem Cavalheiresca (Cavaleiros
Benfeitores da Cidade Santa). Essa distinção fundamental ainda acontece no Regime Escocês
Retificado. Na época, cada rito podia ter sua estrutura diferenciada, e assim era o RER em seu
nascimento. Hoje isso é inconcebível no mundo todo, desta forma o rito se ajustou para ter o
reconhecimento necessário.
Mas como isso funciona na prática? Cada Loja de São João se reporta a uma Loja de Santo
André, sendo que esta se reporta a uma Comandadoria de cavaleiros de Santo André. O Venerável
Mestre e os Vigilantes de uma Loja de São João obrigatoriamente são possuidores do grau de Mestre
Escocês de Santo André. Na Loja de São João, mesmo os Mestres Escoceses portam as insígnias de
seu grau, uma vez que ele é encarado como parte do simbolismo.

Algum irmão mais atento poderá questionar a regularidade disso, visto que em tese são apenas
três graus simbólicos e em loja azul só se pode usar insígnias de graus simbólicos. Todavia a própria
GLUI em sua fundação deixou aberta a brecha para graus paralelos ao simbolismo com o
estabelecimento do Arco Real, e foi nesta brecha quer o RER passou. Explicaremos isso melhor mais à
frente.

Prosseguindo nos níveis do RER temos a Ordem interior; nela temos os graus de Escudeiro
noviço e Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa (CBCS). O CBCS na verdade não é exatamente um
grau, mas uma qualidade conferida por cerimônia celebrada pelo Grão-Mestre Nacional, Grão-Prior ou
um visitante Nacional designado pelo Grão-Mestre Nacional. Observem aí a herança cavalheiresca e
templária se fazendo presente, dando a esta cerimônia a pompa da armação de um cavaleiro.

Existe ainda a chamada Classe secreta ou Colégio Metropolitano; ela é composta pelos
Professos e os Grão-Professos que se reúnem nos Colégios Metropolitanos. Esta classe se dedica ao
aperfeiçoamento e estudo profundo da doutrina. Eles não exercem qualquer tipo de cargo
administrativo tendo seu comprometimento total dedicado a doutrina do rito.

O RER no Brasil

O Rito chegou ao Brasil por intermédio do Grande Priorado Independente da Lusitânia. Foram
os Portugueses que outorgaram as Cartas Constitutivas das primeiras Lojas de Mestre escocês de
Santo André Brasileiras. Com um rápido crescimento constituiu uma Delegacia Nacional com sede no
Brasil, cujo primeiro delegado foi Santiago Ansaldo de Aróstegui.

O reconhecimento internacional veio em 7 de Setembro 2008 quando o Grande Priorado da


Helvetia, Mãe do Mundo, de comum acordo e com presença de todos os Grandes Priorados, outorgou
Carta Patente e sagrou o Grande Priorado do Brasil com o título de “Grande Priorado das Terra de Vera
Cruz”. O primeiro Grão Prior/Grão-Mestre foi Santiago Ansaldo de Aróstegui, tendo como Grão Prior
Adjunto Cavaleiro Manoel Oliveira Leite.

Com isso concluímos nosso passeio pelo Rito Escocês Retificado; notemos que apesar de ter
chegado ao país recentemente o rito é bastante antigo. Outro ponto relevante é ver que é um rito muito
místico e de forte cunho filosófico. Também vemos que ele conserva de maneira bastante intensa suas
heranças dos ritos de cavalaria, mais até que o REAA e o Adonhiramita que são os Ritos escoceses
mais conhecidos no Brasil. Assim poderíamos dizer que ele está mais próximo da visão de Ramsay que
seus irmãos.

Devemos deixar claro que esta proximidade não significa ser mais ou menos certo. Apenas nos
diz que ele segue uma visão mais ortodoxa da herança templária do que os demais. Veremos mais à
frente que os ritos Ingleses quase não evocam esta linhagem; sendo isso o que dá as características
peculiares do rito; o seu tempero particular. Cabe a cada Irmão buscar aquilo que mais fala ao seu
coração.
Outros ritos Praticados no Brasil
I niciamos este estudo dos Ritos Praticados no Brasil falando dos Ritos Escoceses, membros do
ramo latino da maçonaria e de forte influência dos Stuart e do Discurso de Ramsey. Assim,
entendemos que dentre os ritos aqui praticados, estes seriam os de maior interesse e os que nosso
leitor poderia ter maior conhecimento prévio.

Agora é hora de abordar aqueles que entendemos ser o grupo dos ritos não-escoceses. Mas
qual o critério para um rito ser considerado escocês ou não? A pergunta parece fácil, mas pode
enganar. Particularmente no caso do Rito Moderno, que nasceu na França, mas tem uma trajetória
peculiar. Ele é claramente um rito latino, mas não é claramente escocês; ou seria? Também outros ritos
receberam influência daqui ou dali, gerando uma teia às vezes difícil de identificar.

Particularmente não encontramos uma “definição oficial” do que seria um rito Escocês. Para
termos uma referência resolvemos elencar nós mesmos algumas características. Esta seleção foi feita
à luz daquilo que vimos até aqui. Tentamos ver o que marcou este movimento e usamos isso para
identificar aqueles que herdaram esta bandeira. Neste processo selecionamos as seguintes
características:

Alinhamento com os antigos. Já de sua origem os graus escoceses tinham suas raízes na
maçonaria escocesa e irlandesa que se opunha aos Hanover e que posteriormente fundaram a
chamada Grande Loja dos Antigos. Certos ritos se originaram antes da fundação desta Grande Loja;
assim, não podemos falar de subordinação e nem mesmo de origem. O que encontraremos será um
alinhamento de visão.

Catolicismo ou forte teísmo. O que mais diferenciou os Stuart dos Hanover, e consequentemente
as linhas de maçonaria que os seguiram foi o catolicismo dos Stuart. Com o tempo a Linha inglesa
tendeu a um maior ecumenismo e até um certo laicismo e os “escoceses” acabaram atenuando a forte
tendência católica inicial, mas sem perder um forte teísmo.

Valorização da Nobreza. O grupo que apoiava os Stuarts era ligado a nobreza e ao direito divino
dos reis. Esta tendência encontrou terreno fértil na França da época e na corte de Luís XIV. Esta linha
de pensamento guiou o estabelecimento de rituais e graus naquele período que favorecem o
detalhamento da ritualística, bem como a existência de adereços como o uso de espada e chapéu ou
até mesmo a estrutura do templo, como é o caso do oriente elevado e da existência da balaustrada[89].

Pompa Ritualística. Até mesmo como consequência da característica anterior; os ritos


escoceses desenvolveram uma pompa cerimonial que contrastava com o estilo mais direto da linha
inglesa dos “modernos”. Assim, encontraremos rituais com mais cerimônias e estas mais cheias de
detalhes.

Forte agregação de outras influências. Os ritos escoceses em sua evolução agregaram muitas
outras tendências em seu seio, como a tradição Templária, teutônica, elementos de teosofia, alquimia e
etc. Cumpre ressaltar que não estamos dizendo que outras correntes maçônicas não beberam destas
fontes. O que acontece é que esta agregação de conhecimentos foi mais intensa nestes ritos
influenciando mais profundamente sua ritualística e estrutura de graus.

Altos Graus. Os graus escoceses têm uma tendência para uma estrutura filosófica grande;
herdeira do frisson dos tempos de suas origens. Assim, eles têm geralmente uma estrutura de graus
filosóficos (termo moderno) grande, bem estruturada e bastante relevante para o conjunto do rito.

Nenhuma destas características é crítica ou decisiva, até mesmo porque não foram pensadas
com esta finalidade. Servem apenas como guia para avaliar a ligação de um determinado rito com a
linha escocesa. A ausência ou presença de um destes critérios é apenas mais um indicador para
orientar uma análise caso a caso. Em verdade esta classificação é menos clara que a divisão entre
maçonaria Latina e Maçonaria Anglo-Saxônica, todavia é mais coloquial e por isso foi tomada por base
neste trabalho.

Apenas como curiosidade, deixamos abaixo um infográfico com as características básicas da


maçonaria latina e Saxônica; que seria a divisão mais correta academicamente falando.

Concluído estre preambulo vamos iniciar nosso passeio pelo Rito Moderno.
O Rito Moderno
A o pensarmos no Rito moderno, também conhecido como francês, logo nos vem a pergunta; mas
se é francês, não faz parte dos ritos escoceses? Esta pergunta pode enganar. Sim, a maioria dos ritos
escoceses nasceu na França; mas como devem ter visto nos itens que selecionamos, o liame que os
conecta é filosófico e não geográfico. Assim, analisemos segundo os fatores já apresentados.

O Rito Francês, desde sua origem, segue a linha da Grande Loja “dos modernos”. Assim sendo,
escapa já em nosso primeiro critério de avaliação. Uma de suas principais características é exatamente
não ser teísta e muito menos católico; distinguindo-o também neste item.

A nobreza influenciou o rito e deixou algumas características nele; não tanto por causa dos
Stuart, mas pela própria maneira de ser dos Franceses naquela época. Todavia a Revolução Francesa
e seus desdobramentos depuraram o rito, restando hoje poucos sinais desta valorização.
Consideremos este ponto como neutro.

Apesar de não ser um rito tão direto quanto os de origem inglesa ou alemã, o Rito moderno
certamente não está entre os mais pomposos, marcando assim mais um ponto para se afastar do
escocismo.

O nível de “sincretismo” com outras influências neste rito é característico da época em que se
desenvolveu. Não chega a ter influências tão intensas quanto o RER; mas aqui temos outro ponto
neutro.

No movimento de sua formação, o Rito Francês chegou a negar os altos graus; posteriormente,
por pressão dos irmãos, acabou mantendo uma escala relativamente pequena de altos graus.

Após analisar item a item vemos o porquê destas dúvidas; afinal, o rito tem sincretismo, alguma
pompa e valorização da nobreza e possui altos graus. Todavia estes itens, em sua maioria, se
apresentam em baixa intensidade; podendo ser considerados apenas a influência daquele ambiente
altamente dominado pelo escocismo onde se gerou.

Por outro lado, o alinhamento com os Modernos é claro e intenso assim como a visão muito
peculiar de religiosidade. Estes aspectos afastam definitivamente o Rito Moderno dos demais Ritos
escoceses; fazendo com que seja algo único. Ele não é propriamente um rito escocês, tampouco
podemos contá-lo como pertencendo a linha inglesa. Em nossa visão ele é um rito singular fruto da
percepção particular francesa do desenvolvimento da maçonaria; influenciado pela história daquele
país.

Apenas como uma observação, devemos pontuar que ele é um Rito de Influência Latina.
Claramente se afasta da linha Anglo-saxônica da Maçonaria; todavia, em nossa visão, não é parte dos
ritos “escoceses” que são a espinha dorsal da maçonaria Latina; mas guardam as características
específicas que não achamos no Rito Moderno. Como veremos ele acabou ficando entre uma coisa e
outra.

Origens do Rito

Desde cedo alguns exilados britânicos na França praticavam o ritual da Grande Loja da
Inglaterra (dos modernos). Esta forma híbrida passou a ser conhecida como Rito Francês ou Moderno
para distingui-lo dos "escoceses” (que praticavam uma forma alinhada com os Antigos). Seguindo a
linha daquela grande loja, contavam apenas com os graus simbólicos. Assim, o Rito Francês aparece
como a versão francesa, em outras palavras, a tradução dos rituais ingleses da primeira Grande Loja
de Londres. Neste momento, a rigor, não se pode falar em um rito, pois não haviam características
próprias a destacar; mas foi o início do processo.

As lojas fundadas sob esta linha acabaram por fundir-se em 1743 fundando a “Grande Loja
Inglesa da França”, dirigida pelo Conde de Clermont. Em 1758 o termo “inglesa” seria retirado e
passaria a se chamar “Grande Loja de França”.

Naquele tempo as lojas eram livres para seguirem o rito que desejassem, sem qualquer
interferência da potência simbólica, posto que este conceito ainda era bastante novo. Como vocês
devem se lembrar, naquela época estava-se em pleno “boom” dos Altos Graus e dos ritos Escoceses.
Assim, a tônica de redução, simplificação e ordenação estava em alta. Com isso, essa grande liberdade
das lojas soava como desorganização. Dessa forma, buscando dar mais homogeneidade ao rito, é
criado em 1761 o Rito Francês, constando apenas dos três graus simbólicos. Cabe ressaltar que essa
“criação” na verdade apenas estruturava as práticas presentes que seguiam basicamente o ritual dos
“modernos”.

Mais à frente o Duque de Chartres (Felipe de Orleans, conhecido como Felipe Égalité) junto com
seu “Administrador Geral” o conde Montmorency-Luxembourg acabam por tornar a maçonaria francesa
independente da Inglesa (até então eram, na prática, uma Loja Provincial) e criam o Grande Oriente de
França[90] em 1772. Como mais uma forma de afirmarem sua soberania, constituem à 24 Dez 1772 o
Rito Francês e o proclamam em 9 Mar 1773. Já em 1774 é constituída uma comissão para estudar a
grande variedade de graus e ritos[91] e conclui pela abolição de todos os altos graus.

Em um primeiro momento a potência acatou este parecer, apesar de grandes protestos. Os


demais ritos seguiram seus caminhos, mas em 1782 o Grande Oriente reabre o assunto em sua
“Câmara dos Ritos” (em alguns lugares referida como câmara dos Graus) que conclui seu trabalho em
1786 propondo um conjunto de 7 Graus, sendo três simbólicos e quatro Altos Graus. Foi nesta reforma
que ele passou a ser conhecido, também, como rito Moderno.

Esta decisão acabou fazendo a Maçonaria Francesa ser proscrita por ambos os lados. A linha
Inglesa era contrária aos altos graus e julgava um erro a criação de outros 4. Por outro lado, os Ritos
“escoceses” achavam absurdo reduzir-se o filosofismo a apenas 4 graus. Realmente as vezes é difícil
agradar.

A despeito destas reações o rito alcançou sucesso na França e se espalhou por suas colônias.
Observe-se que foi neste processo que o Rito Adonhiramita iniciou seu declínio.

Evolução do Rito

Como vemos o Rito Moderno ou Francês constituiu-se a partir de Rituais e Regulamentos


elaborados nos anos 1780 que só foram adotados oficialmente (visto que antes deste ano não existiam
rituais oficiais na França) em 1785 para os três graus simbólicos. Esta compilação do rito acabou sendo
publicada e ganhando publicidade em 1801 no chamado “Regulateur du Maçon”. Está publicação de
Roëttiers de Montaleau (1748-1808)[92], é considerada até hoje a referência máxima do Rito, retratando
a essência dos costumes da maçonaria na França do século XVII.

Da mesma forma, foi entre 1784 e 1786 que foram organizados os graus filosóficos do rito,
basicamente como são até hoje. Ressalva-se aqui a inclusão de dois graus administrativos no final da
escala; mas abordaremos isso mais a frente.

Em 1799 o Grande Oriente de França e a Grande Loja de França se fundem acabando com os
veneráveis mestres vitalícios e determinando a eleição para todos os oficiais. As condicionantes desta
fusão nos mostram o clima no qual o rito evoluía; pregando a liberdade e democracia (influência do
iluminismo e da própria revolução francesa). Nos próximos anos do século XIX, o cenário será
dominado pelo Grande Oriente de França e pelo Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito,
fundado em 1804 por Grasse-Tilly.
Em 1877 ocorre uma grande reforma no Grande Oriente de França. Desde 1872 o Grande
Oriente da Bélgica já havia suprimido de seus Rituais a invocação ao GADU; e após pressões e
articulações, o G∴O∴ de França acaba fazendo o mesmo. Cumpre destacar aqui duas coisas. A
primeira é que foi suprimida a invocação e não o conceito do GADU, como nos lembra Castelanni. A
segunda é que a Grande Loja da Inglaterra não havia se manifestado quando da decisão da Bélgica,
mas reagiu fortemente a esta decisão da França.

A Grande Loja de França, fundada em 1894 (sim, haviam se unificado em 1799 e aqui se
separam outra vez), conserva a fórmula do Grande Arquiteto do Universo que não é mais reconhecido
pelo Grande Oriente desde 1877.

Em 1879 ocorre outra reforma que, agora sim, retira todas as referências ao Grande Arquiteto do
Universo dos rituais bem como toda e qualquer referência religiosa. Esta decisão foi longe demais e
leva a um rompimento com toda a maçonaria regular no restante do mundo. Com isso a G∴ L∴ de
França era potência Regular e o G∴ O∴ de França Irregular.

Em 1886, Louis Amiable (1837-1897), então Grão-Mestre do Grande Oriente da França (ainda
irregular), introduz elementos positivistas e socialistas nos rituais.

Em 1913, Édouard de Ribaucourt (1865-1936), funda a Grande Loja Independente e Regular.


Posteriormente, em 1948, muda seu nome para Grande Loja Nacional Francesa (GLNF). Esta era a
única obediência francesa reconhecida pela Grande Loja da Inglaterra naquele momento.

Durante o governo de ocupação de Vichy os alemães dissolveram as obediências maçônicas


francesas. Maçons foram deportados e mortos nos campos de concentração. Quando do retorno da
paz em 1945 a maçonaria praticamente não existia, tendo levado anos para se reconstituir.

Atualmente as potências francesas são reguladas por lei específica que limita muito o sigilo de
seus membros. São as seguintes as potências mais relevantes:

O G∴ O∴ de França de tendência secular - foi ele que em 1877 excluiu


qualquer referência ao Ser Supremo e removeu o Livro da Lei das Lojas - é considerado irregular;
Grande Loja Nacional Francesa, mais tradicional e única reconhecida pela
GLUI.
A G∴ L∴ de França com uma visão mística e espiritualista; não obteve
sucesso em provar que não tem ligações com o Supremo Conselho da França não sendo
reconhecida por isso.
A Grande Loja mista conhecida como “O Direito Humano” não
reconhecida por aceitar mulheres.

A Questão do GADU

Talvez o aspecto mais polêmico sobre o rito moderno seja a visão dele sobre o GADU. A forma
peculiar deles entenderem este conceito gerou (e ainda gera) muita confusão.

O Rito moderno, particularmente após a reforma de 1877 adotou uma postura não dogmática,
abolindo referências diretas ao GADU bem como invocações em seus rituais. Isso foi feito dentro do
espírito de laicismo e não de ateísmo. O rito ainda demanda que o seu candidato acredite em Deus,
mas não interfere na maneira que este candidato o faz e nem mistura a fé dentro de sua ritualística. O
Rito é agnóstico, mas muitas vezes taxado de ser ateu ou confundido com o Gnosticismo.[93]

Ao ter a Constituição e não a Bíblia na posição de Livro da Lei moral, há uma liberação para que
os membros façam sua escolha religiosa livremente e sem constrangimentos. Esta postura causou
muitos problemas para o Rito e para o Grande Oriente de França.

A origem da maçonaria, como já mostramos, é teísta e mais particularmente católica, o que já


provocaria alguma reação a este movimento. Para complicar a questão, entra a tradicional rivalidade
entre Inglaterra e França. Em 1872 a Bélgica adotou uma postura maçônica agnóstica retirando as
referências ao GADU de seus rituais, sem que a GLUI se manifestasse. Por sua vez quando a França
fez o mesmo em 1877 o Grande Oriente de França foi tornado irregular imediatamente. Fica claro a
assimetria de valores nesta situação.

O interessante é que a primeira constituição de Anderson (1723) dizia: “...O Maçom está
obrigado, por sua vocação, a obedecer a Lei Moral, e se compreender seus deveres, nunca se
converterá em um estúpido ateu nem em um irreligioso libertino”, ou seja, vedava o ateísmo, mas não
obrigava a qualquer fé em especial; exatamente como faz o Rito Moderno.

Já na segunda versão em 1738, Anderson escreve: “Se bem que nos tempos antigos os maçons
fossem obrigados a submeter-se aos usos cristãos de cada país, eles são hoje obrigados a conformar-
se à Lei Moral, como um verdadeiro noaquita”. Vejam que agora ele fecha questão no Cristianismo,
referenciando-se aos princípios de Noé.

Esta divergência de visão nas constituições gerou visões diferentes nos landmarks. Sim, os
landmarks não são uma única e inquestionável lista; vários autores os relacionaram, iguais em
essência, mas cada um com suas particularidades. No Brasil usa-se mais os Landmarks de Mackey
(1807-1881)[94], porém o próprio Ritual de aprendiz maçom do GOB lista outros em seu final.

Os landmarks de Mackey de número 2, 3 e 6 fazem referência ao GADU ou ao Livro da Lei.


Rito Moderno, por sua vez faz uso dos landmarks de Findel (1828-1905)[95]; cuja redação se segue:
1.- A obrigação de cada Maçom de professar a religião universal em que todos os homens de bem concordam. (praticamente
transcrevendo as Constituições de Anderson, primeiro documento oficial da moderna Maçonaria)
2.- Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo religioso ou político.
3.- Cada iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno direito de visitar outras Lojas.
4.- Para ser iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de
idade.
5.- A igualdade de Maçons em Loja.
6.- A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons dentro da Fraternidade.
7.- Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de levar para a Ordem discussões sobre assuntos de
religião e política.
8.- O sigilo sobre assuntos ritualísticos e os conhecimentos, havidos na iniciação.
9.- O direito de cada Maçom de colaborar na legislação maçônica, o direito de voto e o de ser representado no alto corpo. [96]

Como se vê, os landmarks de Findel são fiéis às constituições originais de Anderson sem ser
dogmáticos. Hoje em dia esta questão se resolveu (apesar dos problemas com as potências na França
persistirem) e o Rito não é irregular. Mas isso já rendeu muita tinta e papel. Aqueles que desejarem se
aprofundar há vários artigos na bibliografia deste trabalho que deixam mais claro este processo.

O Rito Moderno no Brasil

Podemos encontrar em algumas fontes a referência à chegada do Rito Moderno ao Brasil em


1802, por intermédio da Loja “Virtude e Razão”, instalada em Salvador. Todavia, algumas destas fontes
atribuem a esta oficina a primazia do país e ao rito o fato de ser o primeiro no Brasil. Como já
explanamos aqui, consta nos “Annaes Maçônicos Fluminenses”, que em 1800 os maçons na cidade do
Rio se reuniam na “Loja União”; e que após iniciarem e agregarem outros decidiram fundar, em 1801, a
loja chamada Reunião. Sendo que esta loja funcionava no “Antigo Rito dos 12 Graus”; ou seja, o Rito
Adonhiramita.

Em 1815 temos a Fundação da Loja Comércio e Artes, sob a égide do Grande Oriente Lusitano.
O lógico seria que ela trabalhasse no rito Moderno, que era o rito oficial daquela potência e isso é o
defendido por alguns irmãos. Todavia, como já vimos, a loja trabalhava no rito Adonhiramita. Tal se
confirma pelo ritual da Loja “Comercio e Artes na idade do Ouro” com inúmeras e claras indicações
Adonhiramitas, mas principalmente pela confusão na datação do Dia do Maçom. Não se trata aqui de
reduzir a relevância do rito, que foi o adotado por aquela oficina e pelo Grande Oriente Brasílico a partir
de 1822; mas apenas de sermos honestos com os indícios que a história nos deixa.

Desta forma entendemos que o Rito Moderno é o Rito Mãe do GOB e um dos maiores
responsáveis pela independência do Brasil; mas o primeiro rito no Brasil, foi na verdade o
Adonhiramita.

O Grande Oriente do Brasil, restaurado em 1832 após o fechamento por D. Pedro I, adotou o
Rito Moderno aderindo a Constituição do Grande Oriente de França de 1826. Até então funcionávamos
com rituais trazidos do exterior, uma vez que somente em 1833 foi impresso um ritual no País.

No período republicano, entre 1891 e 1901, destacamos as ações de Antônio Joaquim de


Macedo Soares (1838-1905), que acentuaram influência francesa buscando aumentar a separação
entre política e Estado, o que levou a um estímulo ao Rito Moderno.

Em 1839 o GOB criou o “Colégio dos Ritos”, que em 1851 se tornaria o “Colégio dos Ritos
Azuis”. Este organismo era a seção do GOB que regulava os graus além de mestre em todos os ritos
praticados, uma vez que era uma potência híbrida de filosofismo e simbolismo (lembrem da confusão
que isso gerou no REAA).

Em 1873, em reação ao Grande Oriente dos Beneditinos, o GOB modifica o “Colégio dos Ritos
Azuis” e Cria o “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas” (mais detalhes na história do rito
Adonhiramita). O Grande Capítulo do Rito Moderno ou Francês é criado em 1874, mas na realidade
funciona em conjunto com o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas.

Após os conflitos que geraram a cisão de 1927, o GOB aderiu, em 1951, à separação entre
filosofismo e simbolismo. Desligando-se efetivamente dos órgãos de altos graus. Tal separação não foi
instantânea, sendo concluída por volta de 1955 com a transformação de todas as antigas lojas
Capitulares em Lojas simbólicas. Foi neste processo que aconteceu a efetiva implantação do “Muito
Poderoso e Sublime Grande Capítulo do Rito Moderno para o Brasil”. Este organismo sofreria ainda
duas outras mudanças de nome para “Supremo Conselho do Rito Moderno do Brasil” e, finalmente,
“Supremo Conselho do Rito Moderno” (SCRM)[97].

Em 2013 o SCRM sofre uma cisão interna, que se iniciou por questões administrativas e acabou
se expandindo para questões relativas às modificações nos rituais e à coerência interna de doutrina.
Desta cisão surgiu o “Supremo Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil” (SCFRMB)[98].

Este novo corpo filosófico reúne irmãos que buscam praticar o Rito Moderno em sua forma pré-
revolucionária e sem as reformas de 1877; desta forma, abandonou os rituais utilizados pelo SCRM,
adotando uma tradução direta dos rituais do Grande Capítulo Geral da França de 1783-1785.

Hoje, o GOB mantém relações com o SCRM, enquanto o SCFRMB alega ser o maior do país e
um dos maiores fora da França. Não cabe a este trabalho expressar juízo de valor sobre tais corpos,
mas apenas pontuar a existência de ambas instituições atuando no país.
Rito Brasileiro
D e todos os ritos que falamos até aqui este é o primeiro que claramente não é escocês. O Rito
Brasileiro é, de fato, nascido no Brasil, tendo uma origem única e sem grandes relações com os demais
ritos.

Primeira referência

Em 1834, um português chamado Miguel Antônio Dias (1805-1878)[99], sob o Pseudônimo de


“Um Cavaleiro Rosa-Cruz”, lança em Lisboa, o livro chamado "Biblioteca Maçônica" ou "Instrução
Completa do Franco-Maçon". Nesta obra, em 3 volumes, o autor analisa os Ritos existentes em 1864.

Porém, o que mais nos interessa é o prólogo dessa importante obra, onde o autor solicitava aos
Orientes de Portugal e do Brasil a criação de um Rito novo e independente. Que possuísse os três
graus simbólicos tradicionais, mas com graus filosóficos ligados às questões da realidade dos países.
Segundo o próprio autor, os graus "seriam formulados sob a influência do meio histórico e geográfico
da Pátria em que se vive, sob sua índole, inspiração e pendores".

Esta proposta não teve nenhuma reação imediata, mas foi a semente adormecida de ações
posteriores.

Maçonaria Especial do Rito Brasileiro

Entre 1878 a 1882, foi fundada pelo o negociante Pernambucano José Firmo Xavier e mais
outros 838(!) irmãos uma sociedade secreta à feição da Maçonaria.

Estes irmãos assinaram uma lista e aprovaram uma constituição colocando-os sob a proteção de
D. Pedro II, da Família Imperial, bem como do Papa. Era a Maçonaria do Especial Rito Brasileiro para
as Casas do Círculo do Grande Oriente de Pernambuco; também conhecida como “A Espada De
Fogo”. Tinham por objetivo a defesa da religião católica e da monarquia e um grande foco na caridade,
em especial voltada para a libertação dos escravos. Além dos ritos simbólicos iniciais tinham uma
hierarquia de mais 20 altos graus.

Todavia, este “rito” tinha alguns problemas. Em primeiro lugar ele só aceitava Brasileiros natos,
católicos e abolicionistas. Esta conduta ia de encontro ao princípio da universalidade; colocando o rito
de saída na irregularidade. Outra questão é que o Imperador não era maçom e não pareceu dar muita
importância ao documento que foi recuperado anos mais tarde nos arquivos da Imperatriz D.
Leopoldina.

Novamente o evento teve repercussões apenas locais. Há historiadores que nem mesmo o
consideram um movimento maçônico de fato, mas desta vez a semeadura estava clara e a colheita
viria.

A Criação Do Rito Brasileiro de Lauro Sodré

Já em 1914, reuniam-se na casa do General Joaquim José do Rêgo Barros, no Quartel da


Antiga Artilharia de Costa, entusiastas da criação de um Rito Brasileiro inspirados por Lauro Nina Sodré
e Silva[100] (1858-1944). Estas articulações culminam no decreto 500 de Dez de 1914, quando o Rito
Brasileiro é incorporado e reconhecido pelo GOB; “com os mesmos ônus e direitos e regido por
constituição particular”. Conta que compareceram naquela reunião os seguintes Irmãos:

General Lauro Sodré


Loureiro de Andrade
Amaro Albuquerque
Mario Behring
A.D. Lima Rodrigues
Monteiro de Souza
Coelho Lisboa
Otacílio Câmara
Eugênio Lapa Pinto
Tomaz Cavalcante
Evaristo de Morais
Veríssimo José da Costa
Firmo Braga
Virgílio Antônio
Floresta de Miranda
Jose Hariano Carneiro da Cunha
Horta Barbosa
Lauro Muller
Joaquim Xavier Guimarães Natal
Nilo Peçanha
Leôncio Correa

Mais à frente, em 1916 e 1917, O Grão Mestre Adjunto[101], Contra-Almirante Veríssimo José da
Costa, publicou mais dois decretos estruturando o Rito. Destacamos o Decreto Nº 554, de 13 Jun 1917,
que declara adotada e incorporada ao patrimônio do Grande Oriente do Brasil a Constituição do Rito
Brasileiro com sua Declaração de princípios, Estatutos, Regulamentos, Rituais e Institutos.

Após este período o rito praticamente adormeceu. Todas a medidas estavam tomadas, mas ele
não tinha rituais, lojas ou “Supremo Conselho”. Cogita-se que Nilo Procópio Peçanha (1867-1924)[102]
em 1919 teria assinado uma constituição do rito com 33 graus, mas não há prova documental deste
fato.

Em 1921 uma loja dissidente do GOB[103], chamada “Campos Sales” imprimiu um ritual do rito
Brasileiro, que era na verdade um plágio do ritual de emulação (para completar chamado erroneamente
de ritual de York inglês, coisa que não existe). Na verdade, até então não havia ritual do Rito
Brasileiro. Para criá-lo foi usado um ritual de Emulação traduzido por J. T. Sadler em 1920. Este ritual
acabou homologado pelo GOSP como rito Brasileiro, sem que se cogitasse os altos graus naquele
momento.

Até 1940, tudo no rito era de enfoque patriótico: a aclamação (Ciência, Razão, Brasil), a palavra
de passe (Brasil), a decoração verde-amarelo dos templos (paredes, altares, dossel), a exigência de
"ser preferencialmente brasileiro".

O próximo movimento concreto aconteceu em 22 de julho de 1940 quando o Grande Conselho


Geral do GOB aprova, após leitura por Octaviano Menezes Bastos, a constituição do Rito Brasileiro.
Em prosseguimento acontecem várias reuniões para organizar a oficina chefe do Rito; impulsionadas
principalmente por Octaviano de Menezes e Álvaro Palmeira (1889-1992). Estes esforços culminaram
em 17 Fev de 1941 com a fundação do Supremo Conclave. Nesta oportunidade criaram-se as
respectivas alfaias, adotando aquele ritual de 1921 e foi publicada uma constituição para o Rito com 19
artigos e alterando a palavra de passe para Cruzeiro do Sul.

Neste momento o Rito tinha graus simbólicos e 4 Títulos de Honra:

Título Equivalência
Cavaleiro do Rito Grau 18 do REAA
Paladino do dever Grau 30 do REAA
Apóstolo do bem público Grau 31 do REAA
Servidor da Ordem, da pátria e da Humanidade Grau 33 do REAA

Em 1945, por desavenças com o Grão Mestre do GOB (Joaquim Rodrigues Neves), Álvaro
Palmeira e vários outros da cúpula do Rito são afastados, prejudicando o funcionamento do Rito. Após
fundar em 1945 a Grande Loja do Brasil e participar em 1948 da Fundação do Grande Oriente
Unido[104]; Álvaro Palmeira acaba por negociar com o Almirante Benjamim Sodré (Filho do Ex Grão
Mestre Lauro Sodré, também um apoiador do rito Brasileiro), então grão-mestre do GOB, a reunião em
uma única potência em 1954.

Em 19 de março de 1968, Álvaro Palmeira, agora Grão Mestre do GOB, constitui uma comissão
especial, composta de 15 irmãos, para rever a Constituição do rito de 1940. A Comissão era composta
dos seguintes nomes:

Benjamin Sodré Cândido Ferreira de Almeida,


Erasmo Martins Pedro Edgard Antunes de Alencar,
Tito Áscoli de Oliva Maia, Humberto Chaves,
Admar Flores, Jorge de Bittencourt,
Alberto Alves Sarda, Jurandyr Pires Ferreira,
Álvaro de Melo Alves Filho, Norberto dos Santos
Ardvaldo Ramos, Oscar Argollo.

Segundo o decreto esta comissão tinha o objetivo de rever a Constituição do Rito Brasileiro de
1940, visando alinhar o Rito com as exigências Maçônicas da Regularidade Internacional conciliando
a Tradição com a Evolução. Ao determinar isso Álvaro Palmeira cunhou uma afirmativa muito sábia que
julgamos pertinente colocar aqui:

“É preciso considerar que tudo quanto houve ou se fez, até aqui, na Maçonaria, foi obra exclusivamente humana, realizada
conforme a conjuntura e as limitações culturais da época. As centenas de Ritos e os milhares de rituais não provieram do céu,
descido do Supr∴ Arq∴ do Univ∴; não houve nenhum Moisés maçônico a receber a revelação no Monte Sinai, e se os Ritos e os
rituais do século XVIII foram obras de maçons, por que não admite que no século XX outros maçons, em face da impressionante
cultura de nossos dias, não possam produzir obra de melhor quilate?”.

Ainda em 1968 O Supremo Conclave do Rito Brasileiro assina um tratado de reconhecimento e


amizade com o GOB. Este tratado acabaria por ter consequências na cisão do GOB em 1973. É que
quando daquela separação, as lojas que seguiram com os Grandes orientes independentes ficaram
sem cobertura para seu filosofismo. Isso acabou por gerar a criação do Conclave dos Servidores da
Ordem e da Pátria, o “’Supremo Conclave autônomo para o Rito Brasileiro” fundado em 10 de fevereiro
de 1974. Ele foi criado inicialmente para dar cobertura às Lojas de Minas Gerais, mas evoluiu para
apoiar a todas as lojas do rito na COMAB.

Desta forma, existem hoje dois supremos conclaves; o “Supremo Conclave autônomo para o
Rito Brasileiro”, alinhado à COMAB e o “Supremo Conclave do Brasil do Rito Brasileiro de Maçons
Livres Antigos e aceitos”, alinhado ao GOB.

Grau Oficina Grau Oficina


4. Mestre da Sublimes Capítulo 19. Missionário da Grandes Conselhos Filosóficos dedicados à
Discrição dedicados à Cultura Moral Agricultura e da Pecuária cultura artística, científica, tecnológica e filosófica.
5. Mestre da 20. Missionário da
Lealdade Indústria e Comércio
6. Mestre da 21. Missionário do
Franqueza Trabalho
7. Mestre da 22. Missionário da
Verdade Economia
8. Mestre da 23. Missionário da
Coragem Educação
9. Mestre da 24. Missionário da
Justiça Organização Social
10. Mestre da 25. Missionário da
Tolerância Justiça Social
11. Mestre da
26. Missionário da Paz
Prudência
12. Mestre da
27. Missionário da Arte
Temperança
Grau Oficina Grau Oficina
13. Mestre da 28. Missionário da
Probidade Ciência
14. Mestre da 29. Missionário da
Perseverança Religião
30. Missionário da
15. Cavaleiro da
Filosofia.
Liberdade
Kadosh filosófico
16. Cavaleiro da 31. Guardião do Bem Altos Colégios
Igualdade Público dedicados à cultura cívica
17. Cavaleiro da
32. Guardião do Civismo
Fraternidade
18. Cavaleiro Rosa‐ 33. Servidor da Ordem
Supremo Conclave
Cruz ou da Perfeição da Pátria e da Humanidade

Características do rito Brasileiro

Como vimos sobre a própria evolução do rito, ele é tipicamente brasileiro, inspirado não em um,
‘mas em vários ritos (Emulação, REAA). É um rito Teísta e completamente coerente com todos os
Landmarks e tem uma base filosófica conectada com a cultura e a nacionalidade, sem nacionalismo ou
xenofobia. O rito se estrutura no simbolismo da mesma forma que os demais ritos, tendo os seguintes
Graus Filosóficos:

Como outras características distintivas do rito podemos mencionar:

Uso de Gravata Bordô


A existência de um sinal de Obediência e do Sinal do Rito
A inexistência da circulação do saco de Propostas
A existência de uma cerimônia das Luzes (semelhante à do Rito Schröder).

O Rito Brasileiro é um rito de abrangência praticamente nacional, mas de características muito


interessantes pois privilegia a nacionalidade sem abrir mão da universalidade. Hoje em dia o Rito é
reconhecido e praticado pelo GOB e pela COMAB, mas não pela CMSB.

Abaixo deixaremos o fluxograma da criação e desenvolvimento do Rito.


Rito Schröder
A Maçonaria surgiu chegou na Alemanha em 6 de dezembro de 1737, no mesmo momento em que
Ramsay estava escrevendo seu discurso, Charles Sarry, fundava a "Loja de Hamburgo". Esta Loja
passaria a se chamar "Absalom” em 1743 e finalmente “Absalom zu den Drei Nesseln” ou “Absalom
das Três Urtigas" em 1765. A loja seguia o Regime da Estrita Observância Templária (EOT) que era
bastante disseminado naquela época. Esta oficina ainda existe e mantém o número 1 entre as oficinas
das Grandes Lojas Unidas da Alemanha, sendo uma das mais antigas lojas ainda em atividade no
mundo.

Quem foi Schröder?

Friedrich Ludwig Schröder[105] (1744-1816), era ator como seus pais. Traduziu para o Alemão,
dirigiu e interpretou as principais obras de Shakespeare; sendo o primeiro a fazê-lo. Chegou a ser
considerado o maior ator da Alemanha. Foi iniciado em 1774 na loja "Emanuel Zur Maienblume"
(Emmanuel da centáurea-azul[106]). Era um grande conhecedor da História e dos Antigos Rituais da
Maçônicos. Redigiu o livro “Materiais para a História da Maçonaria” que é até hoje uma das melhores
fontes de informações sobre a época.

Schröder foi eleito Venerável de sua Loja Mãe em 1785, permanecendo no cargo até 1799.
Posteriormente, se tornou-se Grão-Mestre da Grande Loja de Hamburgo entre1814 a 1816.

Estruturação do Ritual

Para entendermos o processo que levou ao Rito Schröder devemos lembrar que a EOT buscava
ressuscitar a Antiga Cavalaria com seus graus e pompa trazendo toda sorte de adulterações que, de
forma crescente, modificaram o Antigo Ritual Inglês. Houve, ainda, uma grande injeção de ocultismo
que se espalhava pela Europa da época. Como já vimos no estudo do RER, isso (e as dúvidas sobre a
origem do Rito) levou ao declínio do Rito da Estrita Observância Templária. Este declínio se somou
influência do nacionalismo alemão para dar o nascedouro do rito.

Com o Congresso de Wilhelmsbad (1782), deu-se o fim da EOT e, da mesma forma que em
Lyon (origem do RER), surge na Alemanha a necessidade de um novo ritual. Neste país o movimento
se deu sob o espírito de eliminar os erros e dúvidas decorrentes da EOT e de voltar ao “legítimo” ritual
Inglês. Em 1783, constituiu-se uma Comissão para reestruturar a Maçonaria segundo suas origens
mais puras. Foi somente em 1788, que Schröder foi convidado para integrar esta comissão,
começando a reunir o vasto material que já tinha para agregar aos trabalhos.

Em seu trabalho Schröder baseou-se principalmente[107] em duas fontes. O Livro Maçonaria


dissecada de Samuel Prichard, do qual já falamos e o “The Three Distinct Knocks at the Door of the
Most Ancient Free-Masonry” (As Três Batidas Diferentes na Porta da Mais Antiga Franco-Maçonaria)
ou simplesmente TDK.

Esta segunda obra sem dúvida retrata o mais antigo ritual maçônico impresso. O TDK (de abril
de 1760) é a primeira obra em inglês que descreve a abertura da loja. Tem uma estrutura bem diferente
de outras obras do gênero, sejam as inglesas (1723 a 1730), sejam as francesas (1737-1751). Cabe
ressaltar ao leitor mais atento que apesar de ser mais recente em sua publicação ela retratava o ritual
dos “antigos” refletindo como eles eram antes das mudanças incluídas pela Grande Loja de Londres
que geraram o ritual dos “modernos”.
Schröder teve o apoio principalmente de Friedrich Ludwig Wilhelm Meyer (1759-1840) e Johann
Gottfried Herder (1744-1803). A empreitada gerou um rito humanista, focado nas virtudes pessoais e
expressando tendências espirituais da Alemanha do Séc XVIII. O produto final foi apresentado aos
Veneráveis Mestres das Lojas de Hamburgo em 29 de junho de 1801, sendo aprovado por
unanimidade. Hoje na Alemanha ele é conhecido como “Schrödersche Lehrartder”.

Em 1853 aconteceu uma revisão do rito que resultou em uma versão que é criticada atualmente
por ter certos erros e inutilidades, mas que acabou em uso até 1935.

Esta versão foi a base de um trabalho das lojas Absalom das Três Urtigas (N° 1), Frederico ao
Cavalo Branco (N° 19) e Urso Preto (N° 79); gerando o ritual de 1960 da Grande Loja dos Maçons
Antigos, Livres e Aceitos da Alemanha. Estas mudanças geraram versões diferentes do rito que
subsistem na Alemanha até hoje. Da mesma forma cabe ressaltar que o Ritual de Schröder não é o
único e nem mesmo o mais praticado na Alemanha dos dias atuais. Existem lá (entre outros) o Rito
Eclético, Rito dos Três Globos, Rito de York e Ritual de Emulação.

O Rito no Brasil

Em dezembro de 1855 é fundada a Loja “Deutsche Freundschaft” (Amizade Alemã), por


imigrantes alemães e suíços em Joinville-SC, sendo a primeira a trabalhar no rito Schröder no país.

Quando do início da 1ª Guerra Mundial, havia cerca de 49 lojas trabalhando no rito somente no
Rio Grande do Sul. Exatamente devido ao conflito houve a proibição de se falar alemão, o que fez as
lojas abaterem colunas para evitar a perseguição.

A 2ª Guerra Mundial também afetou o rito, levando as lojas que o utilizavam a trocar para o
REAA ou abater colunas. O rito retornou à atividade em 24 de junho de 1958 com a fundação da Loja
Concórdia e Humanitas nº 56 na Grande Loja do RS.

Após este novo hiato a colônia alemã buscava uma forma de fundar uma loja que trabalhasse
em alemão para conservar suas tradições. Inicialmente fundou-se uma loja no REAA, na qual o ritual
era lido e falado em alemão.

A Tradução do Ritual

Em 1957, o irmão Wigando Schmidt da Loja Mozart N0 8 de Joinvillle – SC, traduziu e sua Loja
publicou a 1a versão em Português do Ritual Schröder tendo por base a versão 1853 do Ritual em
Alemão. Esta tradução foi baseada em uma versão contestada do ritual, servindo principalmente de
referência histórica.

Foi somente depois, em 1982, que os irmãos Gerhard Ludwig Richard Reeps e Kurt Max
Hauser[108] trouxeram para o Brasil o ritual de 1960 da Loja Absalom N0 1. Este ritual foi traduzido para
a Loja “Concordia et Humanitas” N0 56 e, posteriormente, homologado pela Grande Loja do RS para
uso de todas as Lojas da sua Jurisdição. Este é o Ritual base de todos rituais adotados pelas demais
Grandes Lojas brasileiras.

Em 1996 a Comissão Ritualística da Loja “Harmonia IV – Zur Eintracht, 1874”, de Porto Alegre,
fez uma nova tradução dos Rituais de 1960, que foram homologados pelo G.O.R.G.S. Estes rituais têm
sido revisados e reimpressos em edição bilíngue nos idiomas Alemão e Português.

O ritual sofreu outras revisões pelo Comissão do Colégio de Estudos do Rito Schröder
culminando em uma terceira tradução do original de 1960 da Loja Absalom N° 1, concluída em 2007.
Este ritual completo (todo o simbolismo) foi homologado pelo GOB marcando a homogeneização do
ritual Schröder no Brasil.
Características

O rito Schröder é de uma ritualística bastante simples, semelhante ao Ritual de Emulação. Cabe
aqui deixar claro que, como já vimos, ele foi baseado principalmente no ritual dos antigos, como
descrito no “Três Batidas Distintas”, com influências do ritual dos modernos como descrito no livro
“Maçonaria dissecada” e da visão filosófica do Humanismo alemão. Assim sendo, ele é um ritual único
e não apenas uma versão do Ritual de Emulação. Até porque o Rito Schröder nasceu em 1801 e o
Emulação só surgiu em 1813 após a fusão das Grandes Lojas.

A seguir abordaremos algumas características marcantes do rito:

Em primeiro lugar o rito não possui Graus Filosóficos. Schröder fez o que outros tentaram e
manteve a “pura” maçonaria original[109].

O Rito não tem o Orador de forma rotineira, sendo ele nomeado pelo VM apenas quando
necessário. Ele usa 3 batidas para todos os graus, variando apenas a cadência delas. Todas as
Sessões são encerradas com a formação da Cadeia de União em um cerimonial próprio. Para a
palavra semestral tem-se que formar uma outra cadeia de união específica após o ritual. Seus
membros usam cartola e luvas brancas durante os rituais tornando sua paramentação bastante
característica.

O templo Schröder usa a coluna J à esquerda de quem entra, como no rito Adonhiramita, todavia
as colunas são postadas fora do templo. Outra característica peculiar é o uso do Tapete da Loja,
contendo os símbolos tradicionais da Ordem, sendo aberto no centro do piso substituindo o painel do
grau.

O Tapete é circulado por 3 colunas onde ficam as “Três Grandes Velas". No abrir e fechar da loja
há uma ritualística específica para iluminar o templo, coisa que não se observa nos demais ritos[110].

O Templo não tem Pavimento Mosaico, Colunas Zodiacais ou Abóbada Celeste, que está
representada no Tapete que também faz o papel dos Painéis dos Graus. Não existe a Balaustrada
entre Oriente e Ocidente, o que faz sentido, uma vez que esta é uma característica da maçonaria
Francesa, da qual o Rito queria se afastar em sua formação.

Não é usado Altar de Juramentos que é a própria mesa do venerável. Esta é uma característica
que, na verdade, constitui-se em uma volta às origens, pois de fato o Altar dos Juramentos como algo
independente é “novidade” recente, não pertencendo às origens maçônicas. Da mesma forma não há
Bolsa de Propostas e Informações. Assim como no Rito de York qualquer correspondência ou matéria
deve ser entregue ao secretário antes da reunião.

Como vemos, o Ritual é simples e direto sem perder sua carga simbólica e humanista, voltando,
de fato, às raízes da ritualística maçônica. Ao concluirmos este bloco, deixamos mais uma vez um
resumo gráfico que esperamos que auxilie a compreender a linha dos acontecimentos.
Rito de York x Ritual de Emulação
P ara uns pode parecer estranho que eu comece a falar aqui de dois ritos juntos. Mas outros podem
estar estranhando que eu tenha colocado no título duas coisas que são sinônimos. Bem, na verdade
este é o problema, não são sinônimos! São duas coisas bem diferentes, mas que devido a um erro
histórico ganharam conotação idêntica no Brasil, tendo muita gente boa que ainda acha que Emulação
é igual a York.

Por uma questão de ordem falaremos aqui inicialmente do Ritual de Emulação que é mais
conhecido no Brasil e depois do Rito de York. Após havermos apresentado exatamente o que é cada
um entenderemos porque acabaram confundidos no Brasil.

Rito e Ritual

Estes dois termos são muitas vezes usados como sinônimos, e outras vezes diferenciados com
as mais exóticas explicações. Uma vez que esta diferença nos será importante neste caso, vamos
apresentar de maneira simples suas diferenças.

Se recorrermos à origem semântica das palavras veremos que Rito vem do Latim “ritus”,
designando o cerimonial próprio de um determinado culto. Já Ritual vem de “Ritualis” que designa algo
relativo ao rito. Assim, vemos de largada que Rito é um conceito mais abrangente. O Rito nos diz mais
amplamente dos princípios, dos valores e da conduta geral. Já o Ritual é a execução, de uma maneira
mais direta, dizendo quem faz o que e quando. Só que estas ações explicitadas no Ritual são a
materialização da linha base expressa no rito.

Kennyo Ismail[111] nos dá uma comparação interessante; ele diz:

Em homenagem aos doutos do direito, os quais compõem parcela significativa dos membros da Ordem Maçônica, utilizemos
de analogia com dois termos jurídicos para explicar o que é Rito e o que é ritual. Pois bem, se Rito fosse lei, ritual seria instrução
normativa.
Um Rito é realmente como uma lei. É um conjunto de preceitos e obrigações gerais que produz efeitos sobre aqueles que
estão sob seu alcance. Assim como uma lei, um Rito reflete princípios que o orientam, possui elementos históricos, além de buscar
um objetivo específico. [...]
Já o Ritual é como uma instrução normativa, um manual de procedimentos que determina e regulamenta como essa lei deve
ser praticada e observada. Uma lei pode ter várias instruções normativas, quando necessário.

Esta diferenciação não é nosso foco aqui, mas para facilitar o entendimento guardem que o rito
é maior e pode ter em si vários rituais.
O Ritual de Emulação
O surgimento do Ritual de Emulação

Para falarmos do Ritual de Emulação temos que relembrar a situação entre as duas mais
importantes[112] Grandes Lojas na Inglaterra. A Grande Loja dos antigos e a Grande Loja dos
modernos. A Grande Loja da Inglaterra (dos Modernos), criada em 1717, tinha o apoio dos Hanover e
havia feito mudanças nos rituais, em reação à divulgação dos rituais por Pritchard em 1730. Por não
concordarem com estas mudanças, foi fundada a Grande Loja dos Antigos.

Com o tempo e o crescimento do poder da Grande Loja de Londres, começaram a surgir


movimentos por uma unificação. Já em 1794 o Príncipe Edward[113], mais tarde duque de Kent e Grão-
Mestre dos “Antigos” recebeu uma petição. John IV[114], Duque de Atthol, Ex-Grão-Mestre dos “Antigos”
e George[115], Príncipe de Gales, Ex-Grão-Mestre dos “Modernos” pediram a ele que gerenciasse os
trabalhos para a unificação das Grandes Lojas.

Ora, um pedido do futuro Rei (e seu irmão de sangue) não era algo para se negligenciar; assim,
em 1809 a Grande Loja dos Modernos fundou a Loja da “Promulgação”. Esta oficina tinha por objetivo
estudar os Landmarks e rituais de ambas as potências de forma a chegar a um denominador comum.
Os “antigos” também fundaram uma Loja com a mesma finalidade. As Grandes Lojas se fundem em
1813 e já em 7 de dezembro de 1813 é criada uma loja com membros de ambas as potências; a
“Lodge of Reconcilition” com a missão precípua de harmonizar os rituais; e em junho de 1816 os rituais
concluídos são apresentados e aprovados pela, agora, Grande Loja Unida da Inglaterra. Neste
processo houve, ainda, a “Lodge of Promulgation”[116], encarregada de divulgar estes novos rituais para
as demais lojas.

A esta altura a Grande Loja dos Modernos era Chefiada pelo Duque de Sussex[117] que
influenciou firmemente no processo a favor dos interesses Hanover. Os rituais em si ficaram bastante
próximos aos dos antigos, mas na verdade não são nem o dos antigos e nem o dos modernos.

Em 2 de Outubro de 1823 os membros das Lojas “Burlington" e "Perseverance", fundam a


“Emulation Lodge of Improvement for Master Masons" (Loja Emulação de Aperfeiçoamento para
Mestres Maçons). Como o nome diz esta loja foi fundada para ser referência e como forma de
treinamento e aperfeiçoamento para aqueles que estavam se preparando para serem mestres em suas
lojas. Esta loja ainda existe e se reúne toda a sexta feira às 18 Hs no Freemasons' Hall.

Como manda a tradição do rito, esta loja executava os rituais de memória e mantém a fidelidade
exatamente pelo esforço e exatidão da memória dos Irmãos. Foi apenas em 1969 que o “Comittee of
The Emulation Lodge of Improvement” publicou seu primeiro ritual, e as instruções só foram editadas
em 1975. Esta é a efetiva origem e referência do Ritual de Emulação, praticado por cerca de 85% das
lojas na Inglaterra.

E olha eu aí outra vez com os conceitos de Rito e Ritual. Mas este é o grande ponto! A GLUI
não tem rituais oficiais! Para ela tudo é Craft Masonry, ou seja, o ofício maçônico. As Lojas podem usar
qualquer ritual desde que obedeça a certos princípios. De uma certa forma estes princípios são o Rito,
logo o Craft inglês é um rito sem altos graus[118] e o Emulation é apenas um de seus Rituais. Assim
sendo, o Ritual de Emulação que se pratica no Brasil é apenas uma parte daquilo que se pode chamar
de “Rito Inglês moderno” ou Craft Masonry. Pode parecer estranho chamar este ritual de “moderno”,
especialmente se ele teve influência dos procedimentos dos antigos; mas daqui a pouco mostraremos
quem seria o Rito Inglês Antigo.

Como curiosidade, na Inglaterra existem ainda os Rituais de:


West End Ritual of Craft Masonry - 1870
The Logic Working of Craft Ceremonies - 1881
Taylor´s Handbook of Craft Freemasonry -1908
The Universal Book of Craft Masonry
The Oxford Ritual of Craft Freemasonry -1870
The Perfect Ceremonies of Craft Masonry -1871
The Standard Ceremonies of the Stability Lodge -1902
Nigerian Ritual as Taught in Emulation Lodge - 1939
The Complete Workings of craft freemasonry - 1974

Cabe aqui um destaque ao “Ritual de Bristol”. Este é o ritual que mais conserva as
características das práticas dos antigos, sendo, de uma certa forma, o elo entre aquelas práticas e as
atuais.

O Arco Real (Inglês)

Como nós já vimos a junção das duas Grandes Lojas foi uma acomodação de interesses. Neste
processo uma das coisas que o lado Hanover não abria mão era sua posição contrária aos altos graus,
pois eles haviam se tornado uma bandeira jacobita, tanto que ganharam na Europa o nome de graus
escoceses.

Por outro lado, os antigos já tinham o Real Arco a algum tempo. Há registros de elevações ao
real arco em 1753 nos EUA(!) além da declaração de Laurence Dermott (1720-1791)[119] de haver
recebido o Grau em 1746 na Irlanda. Desta forma os antigos já praticavam este grau a pelo menos 70
anos, logo não queriam abrir mão dele. Até mesmo alguns irmãos dos modernos que haviam recebido
o grau, não desejavam perdê-lo. Desta forma costurou-se uma solução de compromisso; sintetizada no
segundo artigo do Tratado de União da GLUI em 1813:

“A antiga pura Maçonaria consiste de três graus e somente três, isto é, Aprendiz, Companheiro e
Mestre, incluindo o Sagrado Real Arco […].”

Como vemos o ajuste não foi fácil, gerando um absurdo matemático onde são apenas três
graus, mas na verdade são quatro graus?! Olhemos com calma para entender a (suposta) lógica. A
Grande Loja dos Modernos foi fundada com apenas 2 graus, aprendiz e companheiro. O Grau de
mestre foi surgir na verdade em 1725 e só se tornou realmente disseminado em 1778. Esta antiguidade
dos Graus só era verdade para os Antigos que já tinham os três graus e o Real Arco. Todavia, alguns
corpos já concediam o Grau de mestre, mas muitas vezes em Lojas de mestres, separadas das Lojas
principais.

Desta forma, durante um certo período, o Grau de mestre era (para os modernos) uma espécie
de grau colateral. Daí surgiu a solução para acomodar os interesses. O fechamento nos três graus
simbólicos e a admissão do Arco Real como um grau colateral.

Daqui temos uma conclusão muito importante para o entendimento de nós brasileiros. Qual o
Prosseguimento filosófico do Ritual de Emulação (ou qualquer outro do Craft Masonry inglês)? A
resposta é NENHUM! O Craft não possui graus filosóficos, o Arco Real Inglês é um grau colateral, parte
do simbolismo e por isso mesmo concedido em um Capítulo vinculado a uma loja simbólica, sob os
auspícios de uma potência simbólica. Mais na frente veremos que tal entendimento se reflete até
mesmo nos paramentos usados.

O Ritual de Emulação (Craft Masonry) no Brasil


A primeira referência a uma maçonaria vinculada à Inglaterra na América do Sul aconteceu em
1737, quando a GLUI designa Randolph Took Grão mestre provincial para a América do Sul. Que se
saiba, não havia lojas na américa do sul na época, então esta nomeação deve ter sido meramente
honorífica.

A primeira Loja a funcionar na América do Sul, ligada à maçonaria inglesa, foi a Orphan Lodge,
fundada em 1837 no Rio de Janeiro. A Petição de fundação era de 1833, com a emissão da carta
constitutiva apenas em Dezembro de 1834 e sua efetiva ativação somente em 1837.

Apesar de emitir seus relatórios regularmente, a Loja não recebia retornos da GLUI mesmo após
solicitação de vários veneráveis seguidos. Já em 1842 a Loja estava com problemas para achar um
local de reunião, uma vez que consta na Ata da Loja Saint John’s a oferta de seu templo para que a
Orphan se reunisse e em seguida a Loja some dos registros, tendo existido por cerca de 5 anos.

Um dos fundadores desta loja foi o Joseph Ewbank[120] que é também fundador da Loja
“Comércio e artes” e do próprio GOB.

Em 1839, também no Rio de Janeiro, foi fundada a “St. John’s Lodge” com envio de sua petição
para a GLUI. Assim como a Orphan ela acabou demorando para ser instalada, tendo efetivamente
iniciado seus trabalhos em 1942. Esta Loja cresceu muito, chegando a ter 51 membros em 1949.

Já em 1856, no Recife, foi fundada a “Southern Cross Lodge”. A loja sobreviveu por 15 anos,
mas sem conseguir crescer muito. Seu último relatório consta na GLUI como emitido em 1872 e ela foi
excluída em 1892. Essas eram as 3 Lojas que usavam a língua inglesa e estavam jurisdicionadas
à GLUI praticando o Craft inglês.

Talvez pela falta de suporte da própria GLUI na época, as lojas não duraram muito e a última a
abater colunas foi a de Recife, em 1872-73. Cabe destacar também que havia grande oposição do
GOB contra existência de lojas não vinculadas a ele no território nacional.

As três primeiras lojas de potências brasileiras a funcionar seguindo o Craft inglês na verdade
não estavam trabalhando no Craft inglês. Explicamos.

Em 1872 foi criada a Loja Vésper no Rio de Janeiro, vinculada ao Grande Oriente dos
Beneditinos. Aquela potência queria agradar às Grandes Lojas americanas para facilitar seu
reconhecimento; uma vez que a GLUI reconhecia o Grande Oriente do Lavradio. Assim, quis fundar
lojas no Rito de York (usado pelas potências americanas e que já sabemos não ser a mesma coisa que
o Craft inglês). Na verdade, não existia tal ritual em Português; assim, a Loja foi fundada no Rito
Moderno e mais tarde acabou trabalhando no Adonhiramita.

A Segunda foi a “Loja Washington”, esta sim, fundada por imigrantes americanos e trabalhando
no rito de York Americano em Inglês; porém, mais uma vez, não era usado o Craft inglês e sim o
verdadeiro York. Falaremos mais amiúde desta oficina quando tratarmos do Rito de York propriamente
dito.

A terceira foi a “Loja Lessing” fundada em Santa Cruz do Sul no RS em 1880. Esta loja tem duas
curiosidades. Em primeiro lugar ela nunca trabalhou no Rito de York e nem no Craft inglês, mas sim no
Rito Schröder em idioma alemão[121]. Em segundo lugar é que ela foi dada como extinta em 1928 em
um livro de Peter Swanson (um expoente dos ritos ingleses), todavia funciona até hoje; constando do
Site da Grande Loja Maçônica do RS. Devido a fechamentos por causa das guerras mundiais e crises
internas do Brasil; bem como várias trocas de potência, ela acabou saindo do “radar” das lojas que
seguiam os rituais ingleses no sudeste e acreditavam que ela fosse uma Loja coirmã.

Em 1883 o Grande Oriente dos Beneditinos e o do Lavradio se unem definitivamente e os


Beneditinos trouxeram suas três lojas (supostamente) do Rito de York. Isso fez com que as lojas do
GOB que também trabalhavam em língua inglesa fossem rotuladas como Rito de York. Daí para frente
surgiu a confusão de nomes que fez com que muita gente, até pouco tempo confundisse o Rito de York
com o Craft inglês e, por sua vez, com o Ritual de Emulação. Ao estudarmos o Rito de York veremos
como se “descobriu” este erro e se iniciou o longo caminho para diferenciar devidamente estas
práticas.

A primeira loja jurisdicionada ao GOB a funcionar no Craft Inglês[122] e fazendo uso do idioma
inglês foi a “Eureka Lodge”, fundada em 1891 no Rio de Janeiro. Posteriormente sete outras, todas
usando a língua inglesa, foram fundadas: Duque of Clarence Lodge (1893 na Bahia), Morro Velho
Lodge (1899 em Minas Gerais), Eureka Central (1902 no Rio de Janeiro), Lodge of Unity (1902 em São
Paulo), Saint George Lodge (1904 em Recife), Lodge of Wanderers (1907 em Santos) e Eduardo VII
Lodge (1911 no Pará). Se bem que trabalhassem usando o Rito Inglês Moderno, o GOB utilizava
incorretamente o nome Rito de York para a prática usada nestas lojas.

Segundo Plínio Genz[123], é quase certo que a “Loja Eureka” usava o “Perfect Cerimonies” e que
foi este o ritual usado na tradução que gerou o ritual em português. A tradução foi feita pelos Irmãos
Josephino da Silva Moraes e Joseph Thomas William Sadler. É este o ritual que ficou anos sendo
chamado de Rito de York, mas que na verdade era a tradução de um dos rituais do Craft Inglês; e no
caso nem mesmo do “Ritual de Emulação” e sim do “Perfect Cerimonies”.

Outra ideia importante é que o “Nigerian Ritual” foi criado por A. Lewis para a Grande Loja
Distrital da Nigéria. Como ele tinha uma série de anotações explicativas muito úteis, acabou se
propagando pelo mundo e sendo usado por muitos irmãos das lojas Inglesas no Brasil, até a efetiva
publicação do “Emulation” a partir de 1969. Assim, falar de York ou mesmo de Emulation no Brasil
antes de 1969 é um erro. Na época não existia o York (exceto na loja Washington) e usava-se no Craft
Inglês o “Nigerian” e o “Perfect Cerimonies”

A Grande Loja Distrital

Na virada dos 1900 haviam sete lojas funcionando com o Craft Inglês no GOB. Estas lojas
encontravam algumas dificuldades, pois certas previsões da constituição do GOB não eram
compatíveis com suas práticas. Além disso, havia a questão do reconhecimento. Até então o GOB não
era reconhecido oficialmente e, assim, os Irmãos destas lojas que viajavam também não o eram no
exterior.

A Fim de amenizar os problemas conseguiram um decreto do Grão mestre do GOB que os


autorizava a seguir seu ritual sempre que houvesse qualquer conflito com a constituição; mas isso não
resolvia a questão do reconhecimento. Agravando a situação, aconteceu o congresso maçônico de
1909, onde a maçonaria Brasileira apresentou uma tendência socialista e revolucionária, além de
propor uma unificação de todos os ritos maçônicos e a não obrigatoriedade de crença no GADU[124].

Com isso as lojas “inglesas” escreveram para a GLUI, o que gerou uma missão da GLUI ao
Brasil. Desta missão surgiu o Tratado de 1912; um tratado bilíngue do GOB com a GLUI para constituir
um “Grande Capítulo do Rito de York” (observem o erro de tradução) na versão em português ou um
“Grand Conseil of Craft Masonry of Brazil” (Grande Conselho do Ofício Maçônico do Brasil[125]) na
versão em inglês, constituído pelas 7 Lojas que já funcionavam no GOB. Outras 4 foram posteriormente
agregadas a esse Grande Capítulo: Campos Salles Lodge (SP), Lodge of Friendship (RJ), Centenary
Lodge (SP) e Royal Edward Lodge (RJ). O Capítulo era meramente um corpo administrativo, pois não
conferia graus superiores, inexistentes no Craft Inglês, para o qual os demais graus são “colaterais”,
como já vimos.

Novamente isso não resolvia de todo o problema do reconhecimento, a despeito do esforço da


GLUI em fazer este tratado valer. Todavia um progresso havia sido obtido, pois pela primeira vez a
GLUI reconhecia por escrito ter alguma forma de tutela sobre estas lojas inglesas no Brasil, uma vez
que assinou um tratado em atenção a elas.

Em 1935, este Grande Capítulo iria se transformar em uma Loja Distrital, e exatamente por
causa do Arco Real. É que a maioria dos Ingleses das lojas, eram Maçons do Arco Real em sua origem
e desejavam prosseguir seus estudos aqui. Mas como isso se dá em um Capítulo do Arco Real,
vinculado à Loja Simbólica, e eles estavam vinculados ao GOB, logo isso dependeria do GOB.

Só que o GOB não entendia que o Arco Real fosse simbolismo e, logo, não concedia Carta
Constitutiva aos capítulos. O GOB e a GLUI estavam em um período de relações muito boas, pois a
GLUI havia apoiado o GOB na cisão com as Grandes lojas em 1927. Assim, após uma série de gestões
foi firmado um tratado aceitando a criação de uma Grande Loja distrital no Brasil. Desta forma as Lojas
passariam a vinculação direta a Inglaterra, resolvendo os problemas de reconhecimento e de criação
dos Capítulos do Arco Real. No mesmo pacote, a GLUI reconhecia o GOB como única potência
maçônica no Brasil.

Mas na História nem tudo são flores e logo em 1937 Getúlio Vargas desencadeia seu regime
autoritário, que se soma a segunda guerra em 1939, com o fechamento de todas as atividades
estrangeiras no Brasil, parando a Grande Loja Distrital como um todo. Os trabalhos só viriam a ser
retomados em 1946.

Foi só a partir de 1970 que começou um movimento para a Criação de um Capitulo do Arco Real
vinculado ao GOB. Este movimento começou a tomar corpo com a fundação em 1995 de um primeiro
capítulo, vinculado à Loja James Anderson; e que deveria ser a semente de outros 2, a fim de que
estes três fundassem um Grande Capítulo Brasileiro. Cabe ressaltar que neste momento a Loja era
vinculada ao GOB, mas o capítulo à Inglaterra. Quando da fundação do Grande Capítulo em 2005
estes foram transferidos para o recém-criado Grande Capítulo Brasileiro. Cabe ressaltar que este
grande Capítulo é vinculado ao GOB, pois (lembremos sempre) o Arco real é parte do simbolismo no
craft Inglês.

A partir deste ponto temos a seguinte situação colocada: há lojas em território Brasileiro
vinculadas à Grande Loja Distrital como membros da GLUI, seguindo seu Craft (geralmente em Inglês)
e com seus respectivos graus colaterais subordinados à Inglaterra. O GOB (assim como a COMAB e a
CMSB) também possui Lojas praticando o Craft Inglês (Ritual de Emulação) e Capítulos do Arco Real,
todos subordinados a uma estrutura nacional.

Características do Craft

Mas quais as características do Craft? Bem como já vimos pela evolução, é um rito teísta, ou
seja, acredita em um deus revelado. Todavia não há previsão de uma leitura específica do Livro da Lei
na abertura de loja, o que existe é a previsão de que ele deve estar aberto em II Crônicas 6.

O Rito tem algumas pequenas diferenças, como a inexistência de uma Câmara das Reflexões, o
local onde os companheiros recebem seu salário e as circunstâncias exatas da morte do mestre. Tais
diferenças estão contempladas nos painéis de loja feitos por John Harris (1791-1873)[126]; que
incrivelmente são usados no Brasil em outros ritos sem que se atentem para as inconsistências.

Na verdade, houve uma mistura de certas práticas com os usos no Brasil, provocadas pela
necessidade de agradar os Ingleses em busca de reconhecimento, mas que na verdade alteraram
pequenos aspectos, especialmente no REAA. Podemos citar a posição do segundo vigilante, o uso de
colunetas pelos vigilantes, além do uso dos painéis de Harris. Kennyo Ismail[127] nos clareia este ponto
no trecho abaixo:
Quando da fundação das Grandes Lojas brasileiras, Mário Behring, à frente do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA,
necessitava fornecer os Rituais dos Graus Simbólicos para que as recém-criadas Grandes Lojas pudessem trabalhar. Os
conhecimentos do Irmão Mário Behring não se restringiam ao REAA, tendo sido também um grande conhecedor do Rito de York,
Rito Moderno e do Ritual de Emulação. Como uma forma de aproximar as Grandes Lojas brasileiras da Grande Loja Unida da
Inglaterra e das Grandes Lojas Americanas, Mário Behring incluiu diversas características do Ritual de Emulação e do Rito de York
aos seus rituais do REAA. Alguns dos “empréstimos” do Ritual de Emulação foram as Colunetas e o Jogo de Painéis.

A seguir deixamos nosso esquema para auxiliar a compreensão da evolução do Craft.


O Rito de York
P ara começar, temos que entender que na verdade não existe um Rito de York no sentido estrito
do termo. Da mesma forma que na Inglaterra existe o Craft, para os americanos existem as “Blue
Lodges”, ou lojas azuis, em paralelo ao que chamamos no Brasil de simbolismo. OK, tradicionalmente
este conjunto Blue Lodges + Real Arco passou a ser conhecido como Rito de York, mas temos que
entender que ele não tem uma estrutura formal desde o simbolismo até os Altos Graus como o RER,
por exemplo. No Rito Adonhiramita, você pode estar fazendo os graus simbólicos ou filosóficos que
tudo terá o mesmo nome. Já no York você estará nas Blue Lodges ou no Real Arco (que na verdade
tem mais câmaras também) que é o prosseguimento filosófico da prática.

Apesar de todas as nomenclaturas fazerem sentido dentro de seu raciocínio em particular, talvez
o mais correto fosse chamar de “Rito Americano” ou ainda de “Rito Inglês antigo”, pois constituem um
conjunto coerente e peculiar. Se fossemos chamar de rito inglês, teríamos que acrescentar o termo
“antigo” pois as origens desta prática são anteriores ao atual Craft inglês que é de 1816.

O Rito de York como praticado nas Lojas Simbólicas usa um ritual que descende do Ritual da
Grande Loja dos Antigos (a Loja é de 1751, mas seu ritual é provavelmente ainda mais antigo),
portanto, mais antigo do que os rituais ingleses atuais, todos posteriores à união de 1813. Para evitar
confusões, a partir daqui usaremos neste trabalho o termo “Rito de York”, nos referindo ao conjunto
Blue Lodges mais Real Arco americanos.

O Nascedouro na Inglaterra

Como já vimos, nos Século XVIII havia nas Ilhas Britânicas seis grandes lojas em
funcionamento:

A Grande Loja dos Modernos (Grande Loja de Londres e Westminster e depois


Grande Loja da Inglaterra); fundada em 1717 alinhada com a Coroa Inglesa.
A Grande Loja dos Antigos (Grande Loja de toda a Inglaterra segundo os antigos
costumes); de 1751 mais alinhada com a Escócia e com os Jacobitas. Diziam praticar “a
verdadeira e ANTIGA Maçonaria de YORK”, referindo-se à lenda de Athelstan e da cidade de York
como berço mítico da Maçonaria, esta lenda está contida nas Antigas Obrigações (Old Charges)
que datam do século XIV.
A Grande Loja de York; existente desde pelo menos 1558 e alinhada aos antigos,
fechou em 1792 não se propagando para as colônias.
A Grande Loja de Preston (Grande Loja da Inglaterra ao sul do rio Trent);
dissidência dos modernos de curta duração (1779-1789) que não se propagou para as colônias
E as Grandes Lojas da Irlanda (1725) e da Escócia (1736) ambas alinhadas aos
antigos.

As duas de maior relevância e que polarizavam entre si eram exatamente as dos Antigos e dos
Modernos. Esta polarização foi junto para as colônias, onde as lojas Militares se alinhavam à uma ou à
outra. Tomando aqui como uma linha aquela composta pela Grande Loja dos Antigos, a Grande Loja da
Irlanda e a Grande Loja da Escócia, e como outra linha a representada pela Grande Loja dos
Modernos. O fato é que os Maçons antigos capitanearam a independência dos EUA e os Modernos se
alinharam à coroa.

Com a vitória da independência, as lojas alinhadas aos modernos praticamente desapareceram


do continente. Desta forma, quando aconteceram os ajustes ritualísticos no processo de fusão das
grandes lojas de 1813, os EUA já estavam “separados” e assim mantiveram seus rituais mais antigos.
Com isso podemos dizer que Rito de York é baseado nos rituais do antigo Ofício Maçônico praticado na
Inglaterra nas primeiras décadas de 1700.

Mas porque Rito “de York” se, na verdade eles não eram oriundos exatamente da Grande Loja
de York? Porque esta cidade ganhou tanta importância?

Um dos mais antigos documentos maçônicos é o “Poema Régius” ou, “Manuscrito de Halliwell”.
Ele foi descoberto por James O. Halliwell (1820-1889) nos arquivos do “British Museum” em 1838.
Estudos científicos no material e linguagem concluíram que ele foi escrito por volta de 1390, abordando
vários assuntos ligados à maçonaria. Apesar de escrito no século XIV o manuscrito se refere a
aspectos acontecidos no século X. Este manuscrito remete à Lenda de York, o que justifica a razão da
proeminência (pelo menos mitológica) desta cidade na origem maçônica.

A Lenda relata, resumidamente, o seguinte:

Athelstan, neto de Alfred O Grande, reinou na Inglaterra de 924 a 940 sendo coroado o primeiro
rei de toda a Inglaterra, por haver vencido os últimos núcleos de resistência. O poema Regius e outros
documentos dizem que Athelstan era o grande patrono da Maçonaria, havendo construído inúmeras
catedrais, monastérios, castelos e fortalezas. Ele próprio seria um estudioso da geometria tendo trazido
ao país muitos especialistas nesta ciência.

Para manter a ordem nos trabalhos e punir transgressores, ele teria dado uma carta autorizando
os maçons a realizarem uma Assembléia Geral anual na cidade de York. Ele também teria iniciado
pessoalmente muitos maçons. Segundo a lenda, Athelstan teria designado seu irmão Edwin como seu
sucessor no Grão Mestrado. A primeira reunião desta Grande Loja teria acontecido em York em 926.
Esta lenda está contida em diversas versões das Antigas Obrigações (Old Charges), que datam do
século XIV, tendo sido recontada ao longo dos séculos. Por isso é dado à cidade de York a primazia
tradicional da Maçonaria.

O Rito de York nos EUA


Considera-se que o Rito de York foi fundado no ano de 1797 (26 de setembro de 1797), tendo
como organizador o Irmão Thomas Smith Webb. Em 1797 ele tinha 26 anos e morava em Albany,
capital do estado de New York (EUA), quando escreveu “Freemason’s Monitor or Illustrations of
Masonry”. Webb nasceu em Boston, Massachusetts. Na idade de dezesseis anos, ele foi aprendiz de
uma gráfica em Boston, se mudando depois para Keene onde foi iniciado na Loja "Sol Nascente". Em
1793, ele mudou-se para Albany e foi lá que em 14 de setembro de 1797 publicou seu Monitor. O
volume inicial era em duas partes, contendo também várias músicas maçônicas de sua autoria.

O trabalho de Webb foi feito tendo como base o trabalho de William Preston (1743-1818), que
era um grande estudioso de ritualística. Ele obteve os rituais de Preston por intermédio de John
Hanmer, um maçom inglês e discípulo de Preston. Assim, o “Monitor de Webb” e o Rito de York
refletem os rituais praticados na Inglaterra no início do século XVIII. Este trabalho foi rápida e
largamente aceito como “A” referência nos EUA, tendo como um de seus grandes divulgadores um
aluno de Webb chamado Jeremy Ladd Cross (1783-1860).

Cabe aqui uma pequena explicação. Ora aqueles que estão atentos devem lembrar que Preston
era membro da grande loja dos modernos. Ora como Webb verteu material dos antigos se sua fonte
era Preston? É que a Loja de Preston nasceu nos antigos e, posteriormente, se mudaram para os
modernos e Preston era um estudioso de conhecimento muito amplo tendo escrito também sobre os
rituais dos antigos.

Foi Thomas Webb que organizou Rito de York em corpos separados, uma vez que antes
trabalhavam juntamente às Lojas Simbólicas. Também foi ele quem fundou o “General Grand Royal
Arch Chapter”, para coordenar e organizar os Capítulos.
Quando falamos do REAA explicamos que nos EUA houve um grande ciclo de palestrantes que
rodavam o país padronizando os rituais à luz de monitores. Webb foi um dos mais eminentes destes e
seu trabalho de tradução de Preston é a base da maioria dos rituais usados. Evidentemente em um
país daquele porte há variações e divergências. Assim, não se pode dizer que há um único ritual, mas
Webb é sem dúvida a base mais relevante.

A Convenção de Baltimore

Esta convenção foi uma reunião das grandes lojas americanas acontecida em 1843 que, apesar
de não atingir todos os seus objetivos mudou muito a maçonaria americana e aquilo que temos hoje
como rito de York.

Mas para entender esta convenção e seus objetivos temos que lembrar qual era o clima na
maçonaria americana naquele tempo. Em 1826 houve o desaparecimento de William Morgan e
maçons foram acusados de assassiná-lo.[128] Isso desencadeou uma grande perseguição contra a
Maçonaria e a fundação do partido antimaçônico.

Como resultado, Grandes Lojas não conseguiam quórum para trabalhar. Lojas devolviam suas
cartas constitutivas e maçons deixavam a fraternidade. Por outro lado, muitos tentavam infiltrar-se na
ordem, baseados em publicações de inconfidências, justamente para prejudicar a ordem. Chegou um
ponto que era difícil saber se um visitante era ou não maçom pois as vezes os processos de
identificação não batiam.

O ritual americano era conservado principalmente pelos ritualistas itinerantes. Naturalmente,


muitos destes deixaram de atuar ou morreram. Isso depauperou significativamente as condições de
trabalho das lojas gerando muitas inconsistências.

Diante disso em dezembro de 1839 a Grande Loja do Alabama lançou um convite para as
demais Grandes Lojas a fim de se reunirem para padronizar o modo de trabalho e regular aspectos de
interesse e segurança da ordem. A Convenção foi realizada em 7 de março de 1842, no “Central
Masonic Hall”, mas apesar do comparecimento de 10 das 23 lojas, entendeu-se que não havia
membros o suficiente para se tomar decisões e que os que compareceram não estavam preparados
para certas discussões, em especial sobre ritualística.

Com isso, a convenção foi remarcada para o ano seguinte; mas com uma agenda já definida. Os
principais objetivos desta reunião eram direcionados para a homogeneização dos diversos rituais,
cerimônias e instruções, além de critérios para regularidade e concessão dos graus. Na época não
existia um cartão de afiliação (due card) e às vezes os graus eram concedidos mediante promissórias
que depois nem sempre eram honradas.

O fato é que já neste momento muitas Grandes Lojas já passaram a emitir os cartões e cobrar
antecipadamente as iniciações. Também foi a partir daí que, como forma de proteção, as lojas
passaram a trabalhar normalmente no grau de Mestre Mason, descendo aos demais somente para
ministrar instruções e conferir os graus.

A convenção propriamente dita começou em 8 de maio de 1843 e durou 9 dias. Desta vez, os 16
participantes estavam devidamente preparados e se entendeu que havia número suficiente de Lojas. A
presidência da Convenção foi dada à John Dove (1792-1876), grande secretário da G L de Virgínia e
um ritualista que havia sido aluno de um aluno de Smith Webb.

Houve várias discussões e trabalhos que resultaram em um monitor conhecido como “Baltimore
Work” ou “Moore's Trestle Board” que acabou não emplacando, pois não tinha o apoio de Dove, mas
que no final das contas era basicamente o trabalho de Webb. Neste campo, a única grande mudança
foi em relação aos sinais do Graus e de guarda (due guard). Havia certa confusão entre eles e após as
discussões acabou se optando pela inversão do que era praticado antes. Da mesma forma, as Jóias
Móveis e Fixas foram invertidas. Esta questão fica apresentada aqui de maneira bastante simplificada,
uma vez que ritualística não é nosso objetivo; todavia, é importante que saibamos que foi a partir daqui
que o sinal americano ficou invertido em relação ao sinal inglês usado no Ritual de Emulação.

Resumo da Convenção de 1843:

Introdução de “dues cards” (cartões de identificação) para identificação e


regularidade dos maçons.
Introdução de taxas de iniciação para concessão de graus.
As Grandes Lojas passaram a somente se reunir no grau de MM, salvo
sessões de concessão de graus inferiores.
Estabelecida a suspensão para inadimplentes com as taxas das lojas.
Uniformidade de trabalho foi estabelecida para os três graus (inversão do
“due guard” e Jóias)

Como consequência desta Convenção, houve ainda movimentos no sentido de se criar uma
única Grande Loja dos EUA, mas esta iniciativa acabou morrendo. Sem uma autoridade única para
regular a ritualística, ainda vemos certa heterogeneidade dos trabalhos entre as Grandes Lojas. Estas
diferenças, apesar de existentes, são limitadas pela ampla aceitação do Monitor de Webb como
referência de ortodoxia.

O Real Arco (americano)

Agora é o momento de juntar duas informações. Como vocês lembram, as colônias inglesas
ficaram com as práticas dos antigos quando da independência dos EUA; logo não participaram da
fusão das duas grandes lojas e da criação do Arco Real inglês como grau colateral. Assim, o Real Arco
Americano guarda a forma mais antiga e tradicional. Mas que forma é esta? Para começar eles são
graus filosóficos, ou melhor dizendo, capitulares; separados totalmente das lojas simbólicas (Blue
Lodges).

Aqui aparece um aspecto que havíamos falado anteriormente; até mesmos paramentos dos
graus mostram esta diferença. Os Paramentos do Arco Real (inglês) são tarjados de vermelho e azul.
Mostrando que se trata de um prosseguimento (vermelho), mas que é ligado as lojas simbólicas (azul).
Por outro lado, os paramentos do Real Arco Americano são totalmente vermelhos, indicando que são
graus capitulares e independentes.

Uma curiosidade na tradução Brasileira é o uso das expressões “Real Arco” e “Arco Real”. A
rigor, o termo em inglês é Royal Arch; assim, a tradução correta tem que inverter o substantivo e o
adjetivo. A tradução correta é “Arco Real”. Por razões que este autor não conseguiu identificar, muitas
fontes usam estes termos de maneira diferenciada. Em geral, quando se vê escrito “Arco Real” está se
falando da versão inglesa. Por outro lado, quando se vê “Real Arco” refere-se à versão americana.
Para facilitar a diferenciação respeitamos este uso neste trabalho, mas registramos que
linguisticamente o termo teria que ser o mesmo, como é em língua inglesa.

Há vários indícios da prática do Real Arco anteriormente na Irlanda e na Inglaterra, todavia o


primeiro registro concreto que se tem da colação do grau de Maçom do Real Arco aconteceu
exatamente na América e não na Inglaterra. Ele aconteceu na Loja Friedericksburg, em Virgínia, EUA,
em 22 de dezembro de 1753.

O Real Arco se estrutura da seguinte forma:

Após o Grau de Mestre temos os Graus Capitulares, que são conhecidos como Maçonaria do
Real Arco propriamente dita. Neste ciclo encontramos os graus de “Mestre de Marca”, “Past Master
(virtual)”, “Mui Excelente Mestre” e o ápice em “Maçom do Real Arco”.
A seguir temos os Graus Crípticos. O Conselho Críptico concede, nesta segunda câmara os
graus de “Mestre Real”, “Mestre Eleito” e “Super Excelente Mestre”.

Por fim temos as Ordens de Cavalaria. Uma Comanderia não concede graus, mas sim ordens.
Desta forma, as ordens concedidas neste último estágio são a “Ordem da Cruz Vermelha”, “Ordem de
Malta” e a “Ordem do Templo”.

Rito de York no Brasil


Na maioria das fontes encontraremos que o Rito de York chegou ao Brasil através do Grande
Oriente Unido, também conhecido por “Grande Oriente dos Beneditinos”, com a Loja Vésper, no Rio de
Janeiro em 1872. Todavia, nosso leitor atento já sabe que na verdade esta loja praticava o Rito
Moderno. O incrível é que consta que em 27 de abril de 1874, o Grande Oriente dos beneditinos (
presidido por Saldanha Marinho) teria recebido uma comunicação favorável à fundação da Loja Vésper
por parte da americana “Grand Lodge of Wisconsin”; mas como já vimos eles queriam fazer uma coisa
e acabaram fazendo outra. Nesta linha de supostas lojas York ainda tivemos a “Orphan Lodge” e as
demais que vimos na seção anterior que na verdade praticavam o Rito Inglês moderno ou Craft
Masonry.
A primeira loja no Brasil a efetivamente trabalhar no rito foi a Washington Lodge (19 de
novembro 1874) também fundada sobre os auspícios dos Beneditinos em Santa Bárbara d’Oeste – São
Paulo.

Seus fundadores eram americanos que haviam fugido do Alabama devido à Guerra da
Secessão. O líder do grupo era o Coronel William Hutchinson Norris (1800-1893), que conduziu o grupo
para o Brasil em 17 de Abril de 1868. Quando aqui chegaram foram recebidos por George Nathan e
Charles Nathan, ambos casados com mulheres do Alabama e iniciados maçons na St. John Lodge
n°703 (Loja inglesa no Rio de Janeiro que trabalhava sob a jurisdição da GLUI).

A loja trabalhou durante muitos anos até a morte do líder nato Coronel Norris em 1893. Nesta
época seu filho Robert Norris (1837-1913) já tinha sido Venerável Mestre durante vinte anos. Grande
parte dos imigrantes americanos já haviam falecido ou voltado para os EUA. Com isso, a Washington
Lodge, que trabalhava num ritual desconhecido pelos maçons brasileiros e no idioma inglês, não
conseguiu levantar o interesse para a iniciação de novos membros levando-a a abater colunas no início
do século XX.

O Grande Oriente do Brasil também se aventurou na confusão entre ritos e fundou a Eureka
Lodge nº 440 em data de 22 de dezembro de 1891, no Rio de Janeiro. Mais uma vez uma loja foi
anunciada como York, mas na verdade era Craft Masonry. Como já ficou claro, após a Washington
Lodge, passar-se-iam muitos anos até que o Rito de York voltasse de fato ao Brasil.

O Renascimento do Rito

Em 1992 o rito começa a voltar ao país com a fundação da Loja York 117, no âmbito da Grande
Loja Maçônica do RJ (GLMERJ), por um grupo de irmãos liderados por José Nunes dos Santos. A loja
visava trabalhar no Rito de York, mas na verdade ainda trabalhava, equivocadamente, no Ritual de
Emulação.

Um ano depois, os mesmos irmãos fundam o Capítulo “José Guimarães Gonçalves” de Maçons
do Real Arco. O Capítulo foi fundado por cerca de 40 Irmãos em 08 de Maio de 1993 no Condomínio
Demerval de Souza Barros, em São Cristóvão - RJ. Sua instalação foi feita pelo Capítulo Jerusalém do
Paraná[129], que acabou adormecendo pouco tempo depois.

Estes irmãos prosseguiam em seu desejo de trabalhar o verdadeiro Rito de York (acreditavam
estar certos até então); e fundaram o corpo que daria sequência aos graus simbólicos que já
praticavam. Mas foi aí que a coisa complicou; pois a ritualística e o templo não encaixavam! A triste
conclusão era que o Real Arco estava certo. Eles é que não estavam praticando o Rito de York; sem
saber, na verdade, estavam trabalhando no Ritual de Emulação.

No início havia uma única cópia de ritual; posteriormente se obteve um exemplar americano para
ser feita a tradução. Este processo não foi fácil, por que o material é todo cifrado e pouco explicado,
pois é “óbvio” para os americanos. Isso levou a um longo processo de depuração e correções, versão
após versão. Em 1995 questões políticas dentro da GLMERJ levaram a perseguição e expulsão de
vários irmãos do Real Arco; deflagrando um período difícil para o Rito.

Foi somente em 1997 que o GOB, na gestão de Francisco Murilo Pinto, regulariza aqueles
irmãos e dá novo impulso aos trabalhos. A esta altura o número de irmãos cresceu e começou a se
tornar difícil gerar (em inglês) os relatórios necessários para o General Grand Chapter. Já havia sido
fundado um segundo Capítulo; o Thomas Webb em 1997, e com o suporte do GOB fundou-se
o,Capítulo Keystone. Com três capítulos reconhecidos segue a petição que culminou com a fundação
em 2001 do “Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil”.

Isto gerou um contato ainda mais próximo com os americanos, que viabilizou a tradução dos
rituais da Grande Loja do Estado de Nova York. Assim, em 2007, produziu-se um ritual ilustrado dos
três graus simbólicos em português. Este kit foi oferecido aos Grão-Mestres das Obediências
Regulares. Finalmente o Brasil tinha toda a sequência do Rito de York, desde o simbolismo até os altos
graus, expressa da maneira correta e regular.

Cabe ressaltar que chamar de correto e regular somente a partir desta data não é uma crítica
aos muitos irmãos que trabalhavam antes disso; ao contrário, é o reconhecimento do seu esforço e
dedicação que permitiu que se chegasse a este ponto. Exatamente por isso temos que destacar que,
apesar de ter culminado no Rio de Janeiro não foi apenas lá que o Rito ressurgia.

Em 21 de maio de 2003, cerca de 100 anos após o encerramento das atividades da Washington
Lodge, foi fundada em Cacoal – Rondônia a “Loja Phoenix” jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do
Estado de Rondônia, para a prática do verdadeiro Rito Americano. Apesar de algumas imprecisões,
fruto das dificuldades de obtenção dos rituais, esta loja trabalhava de fato o Rito de York e não o Ritual
de Emulação como muitas, que ostentavam o nome “York” em seus títulos.

Entre elas estava a Loja Cavaleiros do Sol, fundada em 2000 na capital João Pessoa (CMSB).
Foi só em 2006 que esta oficina percebeu que trabalhava no Ritual de Emulação e fez a transição para
o verdadeiro York. Igualmente aconteceu com as lojas “Futura” (COMAB) de Recife e “Segredos da
Pirâmide” (COMAB) também de João Pessoa, que migraram para o verdadeiro York em 2007. Também
estes irmãos tiveram de desprender grandes esforços de tradução, interpretação e adaptação para
trabalhar no rito. Ainda em 2007 fundou-se a Loja Regeneração dos Mistérios em Curitiba-PR e, em
2008, a Loja “7 de Junho” em Natal-RN; estas duas já tiveram a sorte de nascer York desde o início.

Hoje podemos dizer que o Rito de York está estabelecido no Brasil e crescendo. Sua gestão
ocorre da seguinte forma:

Graus Azuis: pelas potências simbólicas (GOB, CMSB e COMAB) que são soberanas nos
assuntos do simbolismo (por isso nem todas ainda adotaram o Rito de York).

Graus Capitulares: pelo “Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil
(SGCMRAB)”, fundado em 2001 e jurisdicionado ao “General Grand Chapter of Royal Arch Masons
International” (EUA).

Graus Crípticos: pelo “Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil (SGCMCB)”,
fundado em 2006 e jurisdicionado ao “General Grand Council of Cryptic Masons International” (EUA).

Ordens de Cavalaria: pela Grande Comanderia de Cavaleiros Templários do Brasil, fundada em


2008 e jurisdicionadas ao “Grand Encampment of Knights Templar”.

Desta forma, vemos que apesar de ser o mais antigo rito praticado no mundo, o Rito de York
(verdadeiro) é o mais recente a ter chegado ao Brasil; exatamente pelas confusões de nomenclatura
que fizeram com se achasse que ele estava aqui há muito tempo. É o exemplo mais bem-sucedido da
maçonaria Anglo-saxônica no mundo e, talvez, o mais fiel às suas origens.

A seguir deixamos o resumo e esquema da evolução deste rito:


Diferentes visões York/ Craft
Bem, a esta altura creio que o leitor já enxergou que York e Craft Masonry (aqui no Brasil
representado principalmente pelo Ritual de Emulação) são coisas diferentes. Sim, ambos são do ramo
da maçonaria Anglo Saxônica; mas dizer que são iguais seria como igualar REAA com RER ou eles
com o Adonhiramita. Apenas para deixar ainda mais claro, colocaremos uma tabela comparativa
destacando alguns contrastes entre estas práticas. Fique claro que a muitas outras diferenças
ritualísticas, estamos apenas apontando algumas.

Aspecto “Craft Masonry” inglesa


Rito de York
considerado (Emulação)
Visão de Deus Cristão Deísta
Não tem
Altos Graus Real Arco, Conselho Críptico e Cavalaria
o Arco Real é grau paralelo
Distribuição
Forte nos EUA Forte na Inglaterra
Geográfica
Sinais
Possui “Due Guard”[130] Não tem este sinal, usa o sinal penal
específicos
sustentando uma o globo celestial e Adornadas com capitéis, e estes capitéis são adornados
As colunas outra o globo terrestre. com redes, lírios e romãs
Cobertura do
Usa Cartola e só ele se cobre Ninguém usa cobertura
Venerável
Instalação do A cerimônia de instalação é simples e
Venerável instalado como aqui no Brasil
Venerável pública

Com este resumo espero ter conseguido clarear as diferenças entre estes ritos; deixando claro
que elas vão bem além disso. Ambos são da vertente anglo saxônica da maçonaria, mas guardam
suas peculiaridades. Assim como o RER e o REAA representam a vertente latina e são bem diferentes
entre si, também são o Craft e o Rito de York.

Se por um lado a maçonaria se espalhou pelo mundo na forma do Craft no período do “império
inglês”, hoje a maçonaria americana é a maior do mundo. De qualquer forma são duas formas de
maçonaria mais ligadas às suas origens (em especial o York) e que valem a pena conhecer.
Conclusão
E sta é uma hora difícil. Como encerrar e concluir uma História tão rica e cheia de reviravoltas e
percepções diferentes como esta? Como encerrar a trajetória de uma instituição que ainda está aí
tentando evoluir e trabalhar pelo melhor de nós? Assim, entendo que vá apenas sintetizar um pouco do
que vimos até aqui e ver que ideias podemos tirar daí; mas, definitivamente, o estudo da História da
Maçonaria sempre será uma estória em aberto, envolta no mistério que lhe é próprio.

Este é o grande objetivo deste trabalho, permitir que as pessoas entendam o conjunto da
evolução dos ritos, mas principalmente, que elas possam se apaixonar por ela. É a história que vai
mostrar porque somos como somos, é ela que vai nos permitir entender o que fazemos, é ela que vai
pavimentar nosso caminho para o futuro.

Neste escopo, a informação mais importante que temos de guardar aqui, é que entender a
rivalidade Hanover x Stuart é a chave para compreender a maioria dos contrastes entre ritos maçônicos
na atualidade. Influenciados por contextos diferentes ou não, foi esta divisão que marcou, e marca, as
diferentes visões dos ritos até hoje. Igualdade ou nobreza; deísta ou cristã; pomposa ou direta; a
maçonaria seguiu diferentes vertentes a partir daquela divisão. Abordamos isso logo no início e, como
viram, voltamos várias vezes a esta dicotomia para explicar várias coisas.

Outro ponto a se reter é que 1717, a fundação da Grande Loja de Londres e Westminster foi
apenas o momento em que “o brotinho saiu da terra”. A semente estava lá muito antes; ou melhor, não
lá na Inglaterra, mas na Escócia e Irlanda. Sim, a maçonaria tem origens bem mais antigas que a
GLUI, reportando-se mesmo à carta de Bologna, mas foi na Escócia e Irlanda que ela efetivamente
começou a tomar a forma que temos hoje. Durante muito tempo a GLUI fechou-se sobre si mesma
acreditando que era a origem de tudo; mas hoje vemos que é justamente mais atrás que estão muitas
das explicações que necessitamos.

A História ata nós sobre si mesma; e um deles é sabermos que os ritos escoceses não
nasceram na Escócia, mas sim na Europa continental (e o REEA na América). O RER é um belíssimo
rito místico e, sem dúvida, da família dos escoceses, mas toda sua origem filosófica é francesa. O Rito
Schroeder é alemão, mas alinhado à maçonaria Anglo saxônica. História é assim mesmo; nem sempre
o que parece à primeira vista é a verdade; porém a verdade sempre tem uma lógica para aqueles que
estão dispostos a estudar e realmente procurar “o Porquê” das coisas.

Infelizmente há muitos chutes, muitos “eu acho”. Pior, às vezes há certezas baseadas em visões
pessoais. Sim, os símbolos maçônicos são passíveis de interpretações e estudos pessoais; mas
apenas quanto a seu cunho moral. A história não é uma ciência exata, mas também não se presta a
invenções. Não temos que ter pré-conceito; temos que pesquisar e buscar a verdade. Às vezes nossos
irmãos do passado tomaram suas decisões por razões tortas ou equivocadas; mas elas sempre tinham
um sentido diante da perspectiva do agente naquele momento; esta é lógica que temos que entender.
Do contrário, acabaremos propagando um erro acreditando estar seguindo uma tradição. Não foi assim
que o GOB trocou os paramentos do REAA para azul após a CMSB? Mário Behring tinha razões
especificas para trocar a cor, e o GOB acabou seguindo uma decisão tomada por questões que não se
aplicavam a ele.

Sim, às vezes as fontes são fugidias. Em muitos casos temos que interpretar, pois não há uma
fonte que feche a questão em definitivo. Por isso História não é uma ciência exata. Mas insisto! É
sempre lógica. Vejamos o caso da autoria da Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita. A
despeito de dados escassos e contraditórios, quando aplicamos a lógica e a maneira de pensar da
época nos surge claramente Saint-Vitor como autor, “compilando” o trabalho prévio de Tchoudy.

Claro que às vezes as pessoas se enganam com a maior boa vontade. Por exemplo, a história
da “Loja York” do Rio de Janeiro, que já em seu nome manifestava o desejo de propagar um rito, mas
que na verdade praticava outro. Mas aí está a beleza de quem se dispõe a estudar de mente aberta!
Foram eles que analisaram as inconsistências do Real Arco com o rito simbólico que praticavam e
assim permitiram o efetivo renascimento do Rito de York no Brasil.

Em vários momentos tivemos que abordar a história das obediências para falar dos ritos.
Infelizmente, o homem é um ser político e cheio de paixões. Muitas vezes estas paixões afetaram a
evolução dos ritos, gerando cizânias e invenções para marcar diferenças que não existiam. É triste,
mas real! E devemos entender estes processos para podermos separar o que é realmente tradição
maçônica e o que é marketing histórico.

Todavia temos que lembrar que diversidade é uma das grandes qualidades humanas. É ela que
traz a riqueza cultural que nos move. Naturalmente isso se reflete nos ritos maçônicos. Não há certo ou
errado. Há beleza na simplicidade do Schroeder ou do Ritual de Emulação e na pompa do RER ou
Adonhiramita. Cada um deles conta sua estória e ensina as suas lições.

Ao finalizar este trabalho espero ter contribuído para a compreensão do todo. Há inúmeras
fontes sobre cada um dos ritos que abordei aqui, mas o que eu realmente queria era ter um trabalho
que concentrasse a visão geral, a visão de conjunto. Desejava que o leitor pudesse ver a relação entre
as coisas e delas com seus momentos históricos. Queria abordar os fatos polêmicos e/ou equivocados
para esclarecer e mostrar o caminho. Até por isso verão a extensa bibliografia que colocamos ao final.
Com ela queremos deixar aberto o caminho para que cada um possa se aprofundar naquilo que mais
lhe interessou, pois acreditem que há MUITA coisa que não abordamos aqui.

Outra razão para que tenhamos tantas referências é um preito de agradecimento e justiça. Meu
trabalho foi de organizar o conhecimento. Foi de coletar e coordenar informações que estavam
dispersas; mas a verdadeira glória deve ser dada àqueles que levantaram estas informações. Foram
eles que garimparam em arquivos e documentos antigos os dados, apresentando-os ao mundo. Este
autor espera tê-los tornado mais acessíveis e fáceis de entender, mas sem os irmãos que foram às
fontes primárias nada disso seria possível. A eles o meu mais profundo reconhecimento e
agradecimento.

Finalmente agradeço a você que chegou até aqui. Não existe trabalho se não existir um leitor.
Espero ter-lhe sido útil. Espero ter-lhe aberto caminhos, ter-lhe dado algo de bom. Quanto a mim, ter
escrito isso foi uma aventura pela qual serei eternamente grato.

Um Triplo e Fraternal Abraço!

Com Fervor e Zelo,

E desejos Paz Profunda!


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NOTAS
[1] José Castellani (1937 — 2004) foi um médico oftalmologista, escritor, jornalista e historiador brasileiro. Autor de uma extensa
obra de livros maçônicos. Como médico foi fundador da Sociedade Paulista de Oftalmologia Preventiva entre outras associações. Como
jornalista colaborou no jornal O Tempo, de São Paulo; jornal Diário do Grande ABC, de Santo André; jornal O Estado de S.Paulo; jornal
História e Fatos, da Academia Brasileira de História entre outros.
[2] Apenas relembrando, a maçonaria operativa é aquela efetivamente de pedreiros, construtores, já aquela especulativa é a que
já havia começado a aceitar nobres e místicos transacionando para a maçonaria que temos hoje.
[3] O nome desta loja é muito significativo, principalmente por ser aquela que iniciou o Rei da Escócia. A Pedra da Coroação
também conhecida como Pedra de Scone, ou Pedra do Destino é um bloco de arenito vermelho que foi usada durante séculos na
coroação dos Reis da Escócia, e mais tarde dos Reis da Inglaterra e Grã-Bretanha. Historicamente, o artefato foi mantido na Abadia de
Scone, perto de Perth, na Escócia. Ele também é conhecido como Pedra Travesseiro de Jacó. Para detalhes ver: http://www.geocities.
ws/akadraven/pedradescone.html
[4] Vale consultar o artigo “A Formação Da Primeira Grande Loja De Maçons Alemanha 1250” Pelo Ir∴ Henning A. Klövekorn,
referenciado na Bibliografia
[5] Para maior profundidade nesta abordagem sugerimos a leitura de “O Templo de a Loja” de Michael Baigent e Richard Leigh
referenciado na bibliografia.

[6] De acordo com a fonte e a época, pode-se encontrar informação divergente sobre a religião de Charles II; justamente por ser
habilidoso ele navegou de acordo com a necessidade declarando uma coisa ou outra.
[7] Maiores informações sobre este título em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%ADncipe-eleitor>
[8] Durante a segunda guerra mundial os Hanover, desejando romper com a origem germânica de seu sobrenome, mudaram seu
nome e sua dinastia para Windsor; que permanecem até hoje no trono com Elisabeth II.
[9] Foi um autor, editor e palestrante escocês. Tornou-se maçom por volta de 1760, instituindo um sistema de preleções de
instrução e publicando “Esclarecimentos sobre Maçonaria”. Foi por causa de Preston que a Lodge of Antiquity se separou da Grande Loja
dos Modernos, assumindo o título de "A Grande Loja de Toda a Inglaterra ao Sul do Rio Trent" por dez anos. Preston está sepultado na
Catedral de São Paulo.
[10] Recentemente Andrew Prescott descobriu que a ata de fundação na verdade é datada de 1721, mas como desde 1725 a
GLUI comemora a data de 1717 ela manteve esta data.
[11] Um irlandês, iniciado em 1741. Foi venerável da loja nº 26 em Dublin no ano de 1746. Posteriormente foi Grande secretário
da Grande Loja dos antigos entre 1752 e 1771. É o autor do Livro das constituições daquela Grande Loja chamado de Ahiman Rezon.
Apesar de não ter sido Grão Mestre foi sua atuação que deu impulsão a Grande Loja dos antigos.
[12] BERNHEIM, Alain. A História Extraordinária do Rito Escocês Antigo e Aceito. Tradução: FILARDO, João. Disponível em:
<https://bibliot3ca.com/a-historia-extraordinaria-do-rito-escoces-antigo-e-aceito/> Acesso em: 29/Jan/2018
[13] Este era o título dado ao movimento dos apoiadores da Casa Stuart, deriva do nome de Jaime em latim, “Iacobus”
[14] É Capital a importância das Constituições de Anderson para a maçonaria, mas como seu impacto foi menor, justamente no
ramo escocês não vamos detalhar este documento.
[15] URSIN, Jean. Criação e História do Rito Escocês Retificado. São Paulo. Madras. 2014.

[16] https://maconariabrasil.wordpress.com/ramsay-e-as-origens/
[17] Texto completo do discurso em português disponível em: https://bibliot3ca.com/o-discurso-de-ramsay-1738-versao-impressa/
[18] Alec Mellor, advogado em Paris, foi um historiador maçônico; ele foi iniciado em 1969 na Grande Loja Nacional da França.
[19] Jacques de Livron Joachin de la Tour de la Casa Martinez de Pasqually (1727 - 1774) foi um maçom francês. Seu pai tinha
uma patente emitida pelo Rei Charles Stuart, outorgando-lhe o cargo de Grão-Mestre Delegado, com autoridade para levantar templos
para o GADU, e para transmitir a Carta Patente a seu filho mais velho. A patente e os poderes foram transmitidos depois de sua morte a
seu filho Martinez de Pasqually que contava então com a idade de 28 anos. Escreveu o livro: Tratado da Reintegração dos Seres, onde
comenta o Pentateuco.
[20] A palavra Teurgia é grega significando não somente "Obra Divina" mas também "Obra de Deus" ou "produzindo a obra dos
deuses", e foi utilizada em contraste com a teologia, que meramente discutia sobre os deuses. É uma forma de magia ritual (cerimonial),
com o objetivo de incorporar a força divina ou em um objeto material como por exemplo uma estátua, ou no ser humano através da
produção de um estado de transe visionário.
[21] BAIGENT, Michael. LEIGH, Richard. O Templo e a Loja. São Paulo. Madras. 2005.

[22] Louis de Bourbon era membro da então Casa de Bourbon. Ele é conhecido por liderar forças francesas na Alemanha
durante a Guerra dos Sete Anos, onde assumiu o comando em 1758, após a fracassada invasão francês dos Hanover. Ele era o Conde
de Clermont desde o nascimento.
[23] RIBEIRO, João Guilherme C. + Fios da Meada 1: Juntando as Pontas Soltas do Rito Escocês Antigo e Aceito. 1° Edição. Rio
de Janeiro. Infinity. 2017.
[24] Jean-Marie Ragon de Bettignies (1781- 1862) Historiador maçônico extremamente ativo no século XIX. Apesar de algumas
afirmações absurdas em suas obras, foi testemunha de muitos fatos, tendo de ser levado em consideração em qualquer estudo mais
amplo.
Para maiores detalhes ver o artigo: YAHIA, Abdel Wahed – René Guénon. Heredom. Tradução: COSTA, Wagner Veneziani.
Disponível em:<https://madras.com.br/blog/wagner/heredom/>. Acesso em:18/Abr/2018.
[26] O Grande Oriente permaneceu ligado a GLUI. Mais uma vez destacamos que a História da Maçonaria na França é bastante
complexa e cheia de reviravoltas. A fim de não gerar confusão mencionaremos apenas aquilo que for relevante para o enfoque deste
trabalho.
[27] Como resumo: Adoniram, era chefe dos trabalhados forçados para a construção do Templo (2Sm.20,24; 1Rs.5,14) e que
acabou sendo morto a pedradas pela revoltada população (1 Rs. 12,18); Hiram Abif, filho de uma viúva da tribo de Naftali e de um
cidadão de Tiro, que era hábil no trabalho com bronze (1Rs. 7, 13-22) e com muitos outros materiais (2Cr. 2, 13-14)

[28] Devemos lembrar, inclusive, que o Rito tem o costume de usar nomes históricos, assim não podemos ter certeza nem
mesmo se Saint-Vitor era o nome profano ou histórico deste personagem.
[29] Ou 1781, segundo Melkisedek em “O Companheiro Adonhiramita” Pag 29 Ed. A Gazeta Maçônica.
[30] Particularmente Alec Mellor, citado por José Daniel da Silva em “Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo”, P 83 Ed. A Gazeta
Maçônica.
[31] Mais detalhes em “A Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo” referenciado na bibliografia.
[32] Do Latim, “nada há além” significando o bem máximo, o ponto onde nada mais existe acima.
[33] MELKISEDEK. Iniciação a maçonaria Adonhiramita: Aprendiz. 1° Edição. Londrina. Gazeta Maçônica. 2003.
[34] Esta expressão “ilha de França” era usada para designar tudo o que era legitimamente Frances, já que esta ilha do rio Sena,
também chamada de Lutécia, foi a origem da cidade de Paris.
[35] OLIVEIRA, Joel Guimarães de(compilação). Ritual da R∴ L∴ de S. João “Commercio e Artes na Idade de Ouro” (1822).
Disponível em:< https://bibliot3ca.com/ritual-da-r∴l∴-de-s-joao-commercio-e-artes-na-idade-de-ouro-1822/>. Acesso em: 27 Fev 2018.

[36] A referida ata é reproduzida na integra nos anexos do Livro de José Daniel da Silva citado na bibliografia.
[37] Joaquim Saldanha Marinho foi jornalista, sociólogo, advogado e político. Foi presidente das províncias de Minas Gerais e de
São Paulo, e deputado por Pernambuco. Foi signatário do Manifesto Republicano. Grão-mestre da maçonaria, teve destacada atuação na
Questão Religiosa na década de 1870 publicando vários artigos com o pseudônimo de Ganganelli.
[38] Como se vê em: NÖEL, Pierre. Tradução: JEREZ, Sergio K. Os Graus Azuis do REAA – Gênese e Evolução. Disponível
em:<https://bibliot3ca.com/os-graus-azuisi-do-reaa-genese-e-evolucao/> Acesso em: 22 Abr 2018.
[39] Desta forma as colunas são “invertidas” exatamente por causa do Livro de Pichardt. Mas cabe lembrar, invertidas em relação
à sua posição original; Há muita controvérsia sobre qual seria a posição bíblica correta, fruto da dúvida se a referência da posição seria
quem entra ou de quem observa à partir da Arca da Aliança.
[40] Elena Petrovna Blavátskaya, mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky, foi uma prolífica escritora russa,
responsável pela sistematização da moderna Teosofia e co-fundadora da Sociedade Teosófica.
[41] Charles Webster Leadbeater, foi sacerdote da Igreja Anglicana e Bispo da Igreja Católica Liberal, escritor, orador, maçom e
uma das mais influentes personalidades da Sociedade Teosófica.
[42] Jorge Elias Adoum ou Mago Jefa, escritor e médico naturista. Nasceu no Líbano, e pertenceu a uma família católica
maronita. Ainda no Líbano, começou processo de sua Iniciação nas Escolas Ocultas. Viveu muitos anos no Brasil e faleceu em Petrópolis,
Rio de Janeiro aos 61 anos.
[43] http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/atos-vieira-de-andrade
[44] https://www.gob.org.br/osmane-vieira-de-resende/
[45] MORRIS, S Brent. Tradução: FILARDO, José. Rito Escocês nos Estados Unidos - Os Altos Graus Nos Estados
Unidos: 1730–1830. Disponível em:<https://bibliot3ca.com/2017/07/26/rito-escoces-nos-estados-unidos/>. Acesso em:29/ Abr/2018.
[46] Benjamin Franklin (1706-1790) foi um jornalista, editor, autor, filantropo, político, abolicionista, funcionário público, cientista,
diplomata e inventor americano. Foi um dos líderes do processo de independência dos EUA, conhecido por suas experiências com a
eletricidade. Foi o primeiro embaixador dos Estados Unidos em França. Era um religioso, calvinista, e uma figura representativa do
iluminismo.
[47] foi um autor, editor e palestrante escocês. Em 1760, mudou-se para Londres e começou uma carreira de destaque com o
impressor William Strahan. Nesta época, tornou-se Maçom, instituindo um sistema de preleções de instrução e publicando
Esclarecimentos sobre Maçonaria, que teve várias edições.

[48] Fonte: http://www.msana.com/princehall.asp


[49] Ligado ao Rito Escocês Retificado como veremos mais a frente.
[50] De acordo com Rizzardo da Camino em 1800 haviam cerca de 50 inspetores gerais, sendo que a maioria na américa central
e não em Charleston.
[51] BERNHEIM, Alain. A História Extraordinária do Rito Escocês Antigo e Aceito. Disponível em: <https://bibliot3ca.com/a-
historia-extraordinaria-do-rito-escoces-antigo-e-aceito/> Acesso em: 29/Jan/2018
[52] De acordo com a fonte consultada pode-se encontrar este nome grafado junto, ou seja, Hymanlong; mas é o mesmo Hyman
Isaac Long.
[53] CAMINO, Rizzardo da. Rito Escocês Antigo e aceito do 1 ao 33. São Paulo. Madras. 2016
[54] Advogado, militar e maçom americano. Um dos Principais doutrinadores e codificadores do REAA.
[55] NÖEL, Pierre. Tradução: JEREZ, Sergio K. Os Graus Azuis do REAA – Gênese e Evolução. Disponível em:
<https://bibliot3ca.com/os-graus-azuisi-do-reaa-genese-e-evolucao/> acesso em: 22 Abr 2018.
[56] Aquele que havia fugido quando da rebelião de escravos que causou o fechamento do Conselho fundado por Grasse-Tilly
em 1802.
[57] Há dúvida quanto a sua exata data de falecimento
[58] Há referências a 24 de dezembro de 1813, todavia o site oficial do Supremo conselho define como 05 Ago
[59] Foi um médico Americano autor de vários livros e artigos sobre a Maçonaria, em especial sua famosa versão dos Landmarks
da Maçonaria.
[60] Também conhecida como Guerra de Secessão, foi uma guerra civil travada entre 1861 e 1865 nos Estados Unidos, depois
de vários estados escravagistas do Sul declararem sua separação e formarem a "Confederação" ou "Sul". Os estados que não se
rebelaram ficaram conhecidos como "União" ou simplesmente "Norte".
[61] ISMAIL, Kennyo. O Dilema do Rito Escocês Antigo e Aceito. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/document/265224123/O-Dilema-Do-REAA-Kennyo-Ismail> Acesso em: 29/Jan/2018
[62] Já explicamos que estas constituições eram baseadas em um mito
[63] Inglaterra, Bélgica, Cuba, França, Hungria, Itália, Peru, Portugal e Suíça. EUA (sul), Argentina, Colômbia e Chile não
compareceram, mas concordaram com as resoluções.
[64] GUILHERME, João. + Fios da Meada 2: Juntando as Pontas Soltas do Rito Escocês Antigo e Aceito. 1° Edição. Rio de
Janeiro. Infinity. 2018.
[65] GUILHERME, João. + Fios da Meada: Juntando as Pontas Soltas do Rito Escocês Antigo e Aceito. 1° Edição. Rio de
Janeiro. Infinity. 2017.
[66] Jornalista e Político considerado um dos articuladores da Independência do Brasil, foi um dos responsáveis pelo Dia do Fico
e pela convocação da Assembleia Constituinte de 1822. Tinha uma visão diferente da de José Bonifácio, tornando-se adversário deste na
maçonaria e na vida profana.
[67] Foi da Marinha do Brasil, duas vezes ministro da Marinha do Brasil, e três vezes ministro da Guerra.
[68] Foi um controvertido militar americano que teve papel na disputa pelas Ilhas Malvinas e foi acusado de Pirataria. Acabou
servindo a Marinha do Brasil e morrendo no Rio de Janeiro.
[69] Seu nome era Francisco Gomes Brandão, foi o primeiro e único visconde de Jequitinhonha; era advogado, jurista e político.
Proclamada a Independência, abandona o nome de batismo, passando a chamar-se Francisco Gê Acayaba de Montezuma –
incorporando assim ao nome todos os elementos que formam a nação brasileira, e uma homenagem ao imperador asteca Montezuma.
Muito ativo em todas as áreas que se envolvia, merece um estudo mais apurado daqueles que desejarem.

[70] O Curioso é que dentro da maçonaria Rio Branco era o Clerical e Saldanha Marinho o Liberal e anticlerical. Desta forma, na
verdade, o Clero da corte estava dando um tiro no pé.
[71] Os supremos reconhecidos foram: Estados Unidos: Jurisdição Norte e Sul, Costa Rica, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Chile,
Cuba, Escócia, Colômbia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, México, Peru, Portugal, Argentina, Suíça, Uruguai e Venezuela.
[72] Na verdade, havia um Supremo dentro do GOB (o Novo Lavradio criado por Rio Branco) e outro dentro do Grande Oriente
Unido do Brasil.
[73] Mais Particularmente São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
[74] Mantemos aqui a grafia antiga para melhor diferenciar de outro que surgirá a seguir.
[75] Para uma visão muito completa deste episódio sugerimos o livro: PIRES, Joaquim da Silva. A cisão Maçônica Brasileira de
1927. Londrina. A Trolha. 2015.
[76] Cohen ou Coën: expressão bíblica, Kohanin Halevim, do livro do Deuteronômio, designa os Sacerdotes propriamente ditos
da tribo de Levi.
[77] A palavra Teurgia é grega e provém de theoi, "Deuses", e ergon, "obra", significando não somente "Obra Divina," mas também
"Obra de Deus" ou "produzindo a obra dos deuses".É uma forma de magia ritual (cerimonial), com o objetivo de incorporar a força divina
ou em um objeto material, ou ser humano.. Busca a perfeita comunhão com Deus, obtida através de técnicas cerimonialistas como
rituais, preces, exercícios e estudos. Possui muita influência do cristianismo esotérico. (fonte wikipedia)
[78] Na verdade Joseph-Marie, Conde de Maistre
[79] Foi uma das figuras mais misteriosas do século XVIII. Tido como místico, alquimista, ourives, lapidador de diamantes,
cortesão, aventureiro, cientista, músico e compositor. Após a data de sua morte (de precisão incerta), várias organizações místicas o
adotaram como figura modelo. Segundo relatos antigos, era imortal e possuía o elixir da juventude e a pedra filosofal.
[80] Além de Maçom Importante, Jean-Jacques Bacon de la Chevalerie era oficial do Exército Frances tendo sido um importante
líder do lado Francês na Resistencia à revolta do Haiti. Observe que nesta mesma revolta tomou parte o Conde Grasse-Tilly que foi
importante para o desenvolvimento do REAA.
[81] Não confundir com a outra “La Candeur” fundada por Grasse-Tilly nos EUA.
[82] O Clube dos Feuillants (fundado em 16 de Julho de 1791), ganhou este nome por ter ocupado um convento de religiosos da
Ordem do Cister. Este Clube reuniu conservadores que haviam deixado o Clube dos Jacobinos. Eram adversários tanto do antigo regime
absolutista quanto da democracia republicana. Eram monarquistas constitucionais com uma primazia burguesa.
[83] Maximilien François Marie Isidore de Robespierre era advogado e político, foi uma das personalidades mais importantes da
Revolução Francesa. Alinhou-se com a tendência mais radical da Revolução, transformando-se numa das figuras mais controvertidas e
temidas deste período. Chegou a ser chamado de “Ditador sanguinário” durante o Período do Terror.
[84] Luís Filipe José de Orleans (Louis Philippe Joseph d'Orléans), também chamado Filipe Igualdade (Philippe Égalité), devido
sua posição liberal e jacobina. Era primo de Luís XVI da França. Usou o título de Duque de Montpensier até a morte de seu avô, quando
se tornou Duque de Chatres; posteriormente assume o título de Duque de Orleans do seu pai em 1787. Apoiou a Revolução Francesa,
chegando a votar favoravelmente a execução do seu próprio primo, o rei de França. Todavia também acabou condenado à guilhotina
durante o Reino do Terror. Após a Revolução de 1830 o seu filho, Luís Filipe I, foi rei da França.
[85] Lembrem que Hundt afirmava que sua delegação seria de um superior desconhecido que ele apenas insinuava ser Charles
Stuart.
[86] Karl Wilhelm Ferdinand von Braunschweig-Wolfenbüttel, foi um príncipe-soberano do Sacro Império Romano-Germânico e
soldado profissional que serviu como General do Reino da Prússia.
[87] O ponto central da visão de Justino entende que Jesus Cristo é o “Lógos” do qual todos os filósofos falaram, e graças à
semente do “Lógos” que neles foi depositada podem dizer-se cristãos.
[88] VERVAL, Guy. Características do Rito Escocês Retificado. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/document/137422202/Rito-Escoces-Retificado-Caracteristicas>. Acesso em:14/Jul/2018
[89] Não queremos dizer que a balaustrada ou outro destes símbolos foi criado por causa da nobreza. Todos eles tiveram
inspiração e simbologia mais profunda. A nobreza influenciou na sua maior aceitação em relação a outros ritos que não valorizavam tanto
estes aspectos.
[90] Já tratamos deste período quando falamos de revolução Francesa e na evolução do RER.

[91] O Capitulo de Clermont já mencionado aqui.

[92] Foi um ourives e medalhista francês. Ele foi uma das figuras mais relevantes do Grande Oriente da França. Testemunhos de
seus contemporâneos reputam que os arquivos da obediência foram salvos durante a Revolução Francesa graças a Roëttiers de
Montaleau.

[93] O Ateu afirma que “Deus não existe”; o agnóstico entende que Deus existe, mas a mente humana não é capaz de
compreendê-lo. Ao se referir a uma instituição, indica que ela está aberta a todas as compreensões de Deus sem se fixar em uma. Já o
Gnosticismo foi um movimento filosófica do início da era cristã que pregava a busca de Deus por meio do conhecimento.
[94] Albert Gallatin Mackey foi um médico Americano autor de vários livros e artigos sobre a Maçonaria, sobretudo sua conhecida
coletânea de landmarks.
[95] Gottfried Joseph Gabriel Findel foi um escritor e editor maçônico alemão, natural de Leipzig e autor de uma das mais
importantes coletâneas de landmarks.
[96] FILHO, José Carlos de Araújo Almeida. O Rito Moderno. Disponível em:<https://www.maconaria.net/o-rito-moderno/>.
Acesso em:02 Ago 2018.
[97] http://www.scrm.org.br/
[98] http://www.ritomoderno.org/
[99] Formado médico em 1833. Grão-mestre da Maçonaria Eclética Portuguesa de 1853 a 1860. Participou da “Guerra da
Patuléia”, nome dado à guerra civil entre Cartistas e Setembristas na sequência da Revolução da Maria da Fonte.
[100] O Irmão Lauro Sodré foi iniciado no Pará e nesta época era Grão Mestre. Sua trajetória pessoal e Maçônica é de grande
interesse e relevância; todavia fora do foco do presente trabalho.
[101] Lauro Sodré havia renunciado por ter sido designado governador do Pará.
[102] Além de Grão Mestre a partir de 21 Jul 1917, foi Presidente da república de 1909 a 1910
[103] Naquela época várias lojas haviam abandonado o “Grande Oriente estadoal de São Paulo” e fundado o Grande Oriente de
São Paulo ao qual a loja estava vinculada.
[104] O curioso é que, na fundação desta potência, estava junto com Álvaro Palmeira o irmão Osmane Resende, o mesmo
Osmane que será o pivot da cisma de 1973 no GOB que criou a COMAB.
[105] Pronuncia-se "chreder"
[106] A Centáurea azul, também conhecida popularmente como escovinha, marianinha, botão de solteiro ou simplesmente
centáurea, é uma pequena planta de flor azul a violeta, nativa da Europa.
[107] Schröder consultou ainda os rituais dos diversos sistemas de graus complementares que proliferavam na Europa daqueles
tempos
[108] Foi Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul no período de 1978-84
[109] O Rito moderno tentou, mas não conseguiu e até mesmo os ingleses ficaram com o Arco Real com o adendo ao grau de
mestre formando um 4º grau.
[110] Algumas lojas de outros ritos usam uma certa forma de acender e apagar o templo no escopo dos seus usos e costumes,
mas exceto no rito Schröder não há previsão ritualística para tal.
[111] ISMAIL, Kennyo. O que é Rito e o que é ritual. Disponível em: <https://www.noesquadro.com.br/ termos-e-expressoes/o-
que-e-rito-e-o-que-e-ritual/> Acesso em: 29/Jan/2018

[112] Apesar destas serem as mais faladas, e da Grande Loja da Inglaterra evocar ser a primeira, a Inglaterra chegou a ter quatro
grandes lojas neste período. Além das duas já mencionadas, havia ainda a Grande Loja de York (depois chamada de Grande Loja de toda
a Inglaterra) e a Grande Loja de Preston (ou Grande Loja da Inglaterra ao sul do rio Trent). Se contarmos as ilhas britânicas teríamos de
acrescentar as Grandes lojas da Irlanda e da Escócia. Com seu prestigio e tamanho a GLUI sufocou estas versões que somente tem
vindo à tona mais recentemente.
[113] Edward August Hanover, 1767-1820 era filho de George III e Irmão de George IV, foi Pai da famosa Rainha Vitória. Muito
cuidado para não confundir, pois o atual Grão mestre de Honra da GLUI também se chama Edward e é duque de Kent.
[114] John Murray foi o 4.º Duque de Atholl e viveu de 1755 a 1830.
[115] Viveu de 1762 a 1830; era filho de filho de Jorge III, assumiu o trono em 1820 como George IV.
[116] Um fato interessante é que esta loja tinha um Brasileiro. Hipólito José da Costa. Um Amigo pessoal do Duque de Sussex e
vulto relevante que vale a pena estudar.
[117] Augusto Frederico Hanover (1773-1843) também era filho de George III, logo era irmão do Rei e do outro Grão mestre.
[118] Nada de estranho aí, lembrem que o Schroeder também não os tem.
[119] Já falamos dele que foi secretário e depois Grão Mestre Adjunto da Grande Loja dos Antigos.

[120] Joseph March Ewbank nascido em 1791 em Dunhan Inglaterra, casou-se com Eufrasia Marques Lisboa Ewbank; teve sete
filhos e faleceu em 1846. Consta que foi iniciado em 1810 em Londres.

[121] Num artigo publicado pelo jornal local Gazeta do Sul em 2010, vê-se que por intermédio de uma entrevista o Venerável
Mestre Henrique Frederico Röhsig relata que os irmãos fundadores adotaram o Rito Schröder para seus trabalhos desde a fundação.

[122] A partir deste ponto seremos criteriosos em usar os termos York, Emulação e Craft (Rito Inglês Moderno) da maneira
correta a fim de evitar as confusões que por tanto tempo se propagaram. Aqui, particularmente, o leitor verá mais a diante que estas
primeiras lojas usavam um outro ritual inglês, sendo o uso do Emulação propriamente dito um pouco mais recente.
[123] GENZ, Plínio Virgílio. A Maçonaria Inglesa no Brasil. São Paulo. Madras. 2013
[124] Lembrem que nossa maçonaria sempre teve grande influência francesa; estas tendências ateístas e políticas também
aconteceram na França; o que gerou muitos problemas. Aqui as ideias não vingaram, mas assustaram os ingleses.
[125] Observem que a tradução do nome pelo GOB fazia referência equivocada ao Rito de York, mais uma vez oficializando o
erro; enquanto o nome em inglês traz a correta designação de “Craft Masonry”
[126] John Harris Jr. (1791 –1873), foi um artista inglês que se especializou em pinturas com pena e tinta, particularmente em
trabalhos para a maçonaria e para catequese.
[127]Artigo disponível em https://www.noesquadro.com.br/ordens-ritos-rituais/rito-escoces/observe-bem-esses-dois-paineis-e-diga/

[128] Abordamos isso quando falamos da maçonaria nos EUA


[129] O Capítulo Jerusalém foi fundado em 1989 por Sidney Pinto e outros Irmãos do Paraná. Seu adormecimento e falta de
comunicação e recolhimento das taxas ao General Grand Chapter fez com que acabasse não recebendo o número “1”. A Carta
Constitutiva enviada pelo Grand Chapter em Out 1997 ao Capitulo José Guimarães Gonçalves reservou a ele esta honra. Todavia, cabe
ressaltar que o primeiro capítulo de Maçons do Real Arco a funcionar no Brasil foi, de fato, o Jerusalém. Esta situação é semelhante à da
Loja “Comércio e Artes” que na verdade não é a primeira do país, mas é a primaz por ser a que “vingou”.
[130] Due Guard é um antigo sinal da Maçonaria que atualmente só é utilizado no Rito de York Americano. Ele alude à posição
das mãos do candidato no momento em que este assume sua Obrigação (juramento). Existe um Due Guard para cada um dos três graus
simbólicos e eles são dados imediatamente antes de se dar o Sinal Penal do grau.
Agradecimentos

O ser humano nunca é uma ilha e, naturalmente, ser grato aqueles que nos ajudaram em nossa
trajetória é no mínimo humilde, para não dizer sábio. Por outro lado, sempre será um ato de injustiça,
pois é grande a chance de esquecer alguém. Em fim o terreno é pantanoso, mas não posso evita-lo.
Em primeiro lugar sempre estará o Grande Arquiteto do Universo, o Deus do meu coração; sem ele
nada seria.
Em seguida vem aqueles que me colocaram na Ordem e me estimularam; Leonardo e Eduardo Mello.
O Leo confiou em mim e me trouxe para a ordem mesmo em uma situação suis generis em que me
afastaria logo em seguida. E o Eduardo por ter recebido este aprendiz e acompanhado minha evolução
na loja que me adotou.
Este livro nasceu de uma palestra que me foi proposta como desafio pelos amigos Ronner e Juarez.
Obrigado por acreditarem que eu poderia abordar o assunto; olha onde isso chegou.
Finalmente uma pessoa que nem imagina que estaria aqui; João Guilherme Ribeiro Foi a fluidez dele
como autor de obras citadas este trabalho que me deu o impulso original para escrever. Apenas depois
o destino fez com que nos conhecêssemos e nos tornássemos amigos, ele me mostrou que é possível
falar de história com correção sem ser mortalmente chato. Se eu consegui ou não fazer isso, deixo para
o julgamento do leitor.
A Árvore dos Ritos
Os Diversos Graus do REAA

Pode parecer estranho; mas a verdade é que o REAA, reconhecido e consolidado mundialmente;
padronizado e acordado em vários conselhos: não é igual no mundo todo. Os diversos Supremos
conselhos, exercendo sua independência, mantem especificidades e diferenças as vezes bem grandes.
Em especial para os paramentos; recomento o Livro “+ Fios da Meada” do Ir João Guilherme que nos
mostra detalhadamente as diferenças. Apenas para aguçar a curiosidade; aviso que os aventais do
Supremo Conselho norte dos EUA são triangulares.
Aqui apenas mostraremos a seguir uma tabela dom todos os graus segundo cada conselho para que o
leitor possa ver que em nenhum lugar há ortodoxia completa; na verdade hoje em dia fica até difícil
saber quem está (ou estaria) certo.
Sobre o autor
Paulo Maurício de Moraes Magalhães

Paulo Maurício de Moraes Magalhães nasceu em Rio Grande – RS em 1965. É oficial do Exército da
turma de 1987, Piloto de Helicópteros e Piloto de testes.
Cursou mestrado em Estudos Estratégicos de Defesa pela Universidade Nacional de Defesa da
China.
É estudante na Ordem Rosacruz AMORC desde 1984, tendo sido Mestre de Capítulo, Mestre de
Artesãos e Monitor Regional.
Foi Iniciado Maçom na Loja Tiradentes Nr 2 GLDF em 2012, sendo atualmente membro da
ARBLS Fraternidade e Integridade Taubateana GOSP.
No campo filosófico, faz seus estudos nos graus Adonhiramitas e exerce o cargo de Sumo
Sacerdote do Capítulo Taubaté de Maçons do Real Arco.
Começou a estudar história maçônica impulsionado pela “Escola Pedra Fundamental”, um grupo de
estudos maçônicos sem vínculo a qualquer potência ou Loja, organizado em Taubaté e neste processo
descobriu os escritos de João Guilherme, apaixonando-se pelo tema. Ao longo deste caminho
surgiram palestras nas lojas da região e os pedidos por um livro sobre o tema.
É casado com Nayara Gazzo Magalhães e tem quatro filhos.
Sobre o autor
Paulo Maurício de Moraes Magalhães

Paulo Maurício de Moraes Magalhães nasceu em Rio Grande – RS em 1965. É oficial do Exército da
turma de 1987, Piloto de Helicópteros e Piloto de testes.
Cursou mestrado em Estudos Estratégicos de Defesa pela Universidade Nacional de Defesa da
China.
É estudante na Ordem Rosacruz AMORC desde 1984, tendo sido Mestre de Capítulo, Mestre de
Artesãos e Monitor Regional.
Foi Iniciado Maçom na Loja Tiradentes Nr 2 GLDF em 2012, sendo atualmente membro da
ARBLS Fraternidade e Integridade Taubateana GOSP.
No campo filosófico, faz seus estudos nos graus Adonhiramitas e exerce o cargo de Sumo
Sacerdote do Capítulo Taubaté de Maçons do Real Arco.
Começou a estudar história maçônica impulsionado pela “Escola Pedra Fundamental”, um grupo de
estudos maçônicos sem vínculo a qualquer potência ou Loja, organizado em Taubaté e neste processo
descobriu os escritos de João Guilherme, apaixonando-se pelo tema. Ao longo deste caminho
surgiram palestras nas lojas da região e os pedidos por um livro sobre o tema.
É casado com Nayara Gazzo Magalhães e tem quatro filhos.

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