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Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage:https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe
ABSTRACT
The physiographic characterization consists in the survey of the main physiographic parameters of a basin, which can
be extracted from maps, aerial photographs and satellite images, and presents itself as a useful tool for planning and
management of water resources, as a consequence of the influence between the physical characteristics of a river basin
and its hydrological behaviour. The selection of the Beberibe river basin for the development of this research was made
due to their importance for the macrodrainage of the state of Pernambuco, and because they are located in an area of
strong urban activity. Thus, these areas present strong socioeconomic activity, which configures them as spaces where
water planning is crucial for the conscious use of their resources. Faced with this scenario, the present study proposes to
physiographically characterize the Beberibe river basin using LiDAR sensor data with a spatial resolution of 5 m on a
scale of 1:5000, from the PE3D program (Three-Dimensional Pernambuco). The main morphometric parameters
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obtained for the Beberibe River basin were grouped into three groups of characteristics. The geometric characteristics,
which consist of the following parameters: drainage area (A), basin perimeter (P), axial length (L), compacity
coefficient (Kc), shape factor (Kf), and circularity index (IC). The characteristics of the drainage network, which
consists in the survey of the following parameters: length of the main river (Lc), total length of the channels (Lt), basin
order, drainage density (Dd), hydrographic density (Dh), sinuosity index (Is), and average runoff length (𝓵). And
finally the relief characteristics, which are expressed from the following parameters: basin hypsometry; basin slope;
altitude range (Hm); relief ratio (Rr); and channel gradient (Gc). The results obtained on the geometric parameters led to
the conclusion that the Beberibe River basin is not naturally prone to flooding because of its elongated shape. About the
drainage patterns, it was possible to conclude that the basin has a rich drainage and fluid and agile surface flow, that its
channels have rectilinear profiles, and that it is a 6th order basin. About the relief characteristics, it was verified that the
basin does not have high altitude peaks, but a considerable altitude range, besides the fact that in the basin declivity
there are no sudden inclinations. However, the watershed presents different problems related to floods that are related to
unnatural characteristics.
Keywords: watershed management, remote sensing, urban planning, physiography.
em maior magnitude, como apontam os estudos de evidente a necessidade de uma análise integrada
Hsu et al, (2000), Brown et al, (2007), Mason et al. dos fatores atuantes.
(2007), e Gallegos et al. (2009). Os autores No âmbito da bacia hidrográfica do Rio
atribuem alguns fatores como os principais Beberibe, onde os residentes sofrem
ocasionadores desse aumento em ocorrência, e em frequentemente as consequências do mau
intensidade desses eventos, sendo estes: a redução planejamento urbano, conhecer as características
na capacidade de infiltração, como consequência físicas locais da bacia é decisivo para a mitigação
da impermeabilização do solo; o incremento nos de tais problemas, e para uma gestão futura que
índices pluviométricos, em decorrência das promova um ambiente onde as pessoas possam
mudanças climáticas; a elevação do nível do mar, conviver de forma harmoniosa com a água. É
principalmente em bacias litorâneas; e a péssima válido ressaltar ainda, que as formas de uso e
engenharia das redes e sistemas de drenagem ocupação do solo impactam diretamente nas
urbana. Acredita-se que todos os fatores dinâmicas hídricas, e que ainda que uma bacia não
supracitados são de forte influência na dinâmica seja naturalmente propensa a ocorrência de
hidroclimática da bacia hidrográfica do Rio inundações, a alteração nos padrões físicos de uma
Beberibe. bacia pode torná-la um ambiente propício à
Em seu trabalho sobre Canvey island, no ocorrência de tais fenômenos.
Reino Unido, Brown et al (2007), constatou a Diante desta problemática, o presente
necessidade de se considerar a sobreposição dos trabalho se propõe a apresentar e discutir as
fatores ambientais para um planejamento hídrico características fisiográficas da bacia hidrográfica
efetivo. Em uma área de estudo que possui algumas do Rio Beberibe e a influência que exercem sobre
características físicas semelhantes à da bacia do seus padrões hídricos, e a verificar se a
Rio Beberibe, como a localização em uma área de antropização da bacia se apresenta como um fator
planície costeira, e a forte urbanização desta área, externo que implica na ocorrência de eventos
o autor, a partir dos dados do LiDAR desenvolveu extremos na bacia, utilizando dados de alta
um modelo hidrológico para amenizar a ocorrência resolução espacial oriundos do programa
de inundações urbanas nesta ilha. Para tal, o autor Pernambuco 3D, provenientes do sensor LiDAR.
ressalta a importância de uma análise integrada dos
fatores físicos da área em estudo. O trabalho Material e métodos
demonstra ainda, a fidedignidade no uso dos dados Área de Estudo
lidar para o estudo de bacias hidrográficas costeiras A bacia hidrográfica do Rio Beberibe
urbanizadas, o que nos possibilita acreditar na (figura 1) possui toda a sua área de 71 km² inserida
eficácia da aplicação desses dados na na Região Metropolitana do Recife entre os
caracterização fisiográfica da bacia hidrográfica do municípios de Recife, Olinda, Camaragibe e
Rio Beberibe. Paulista, no litoral de Pernambuco, integrando
No estado de Pernambuco, a ocorrência de segundo a APAC (2014) o Grupo de Bacias de
fenômenos de natureza hidroclimática é periódica, Pequenos Rios Litorâneos (GL-1). Campos (2008)
e desencadeia uma gama de transtornos sociais e afirma que o Rio Beberibe nasce a partir da
espaciais à população residente, principalmente confluência dos rios Pacas e Araçá, de onde
nas bacias litorâneas e da zona da Mata, onde percorre até encontrar-se com o rio Capibaribe e
residem cerca de 44% da população do estado, desaguar em uma foz compartilhada no Oceano
segundo Costa e Souza, (2002). A bacia Atlântico. Descreve ainda a vegetação nativa como
hidrográfica do Rio Beberibe é de grande bastante rarefeita e modificada antropicamente,
importância para a macrodrenagem do estado de sendo as principais formações vegetacionais as do
Pernambuco, e nas cidades presentes em seu bioma Mata Atlântica, especialmente os
território se concentram a maior parte da população manguezais e restingas. Sobre as características
do estado, o que impacta diretamente no uso e climáticas, Ayoade (1996) aponta que a bacia
ocupação do solo de tal bacia, e consequentemente hidrográfica do Rio Beberibe se apresenta com um
na gestão dos recursos hídricos locais. clima As’, segundo a classificação de Köppen, por
A falta de informações sobre as predominar um clima quente e úmido, com fortes
características das bacias hidrográficas resulta em índices pluviométricos no período de outono-
uma má gestão de seus recursos. Portanto, a inverno. Geomorfologicamente, Campos (2008),
caracterização fisiográfica se apresenta como uma aponta que a bacia do Beberibe, é composta por:
ferramenta indispensável, especialmente no estudo tabuleiros costeiros, morros e encostas, e áreas de
de bacias litorâneas fortemente urbanizadas, onde planície costeira. Ainda, de acordo com a
ocorrem fenômenos de natureza distintas, e é Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de
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Pernambuco (SRHE-PE) (2012), 590 mil pessoas impacta diretamente nas dinâmicas hídricas
residem na área da bacia do Rio Beberibe, o que naturais.
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(P) se trata do comprimento de uma reta fictícia analisados: o comprimento do rio principal (Lc),
traçada ao longo da bacia. E o comprimento axial comprimento total dos canais (Lt), a ordem da
(L) corresponde ao comprimento da distância bacia, a densidade de drenagem (Dd), a densidade
existente entre a foz do rio, e o ponto mais hidrográfica (Dh), o índice de sinuosidade (Is), e a
longínquo do espigão de sua bacia (Tonello, 2005). extensão média do escoamento superficial (𝑙). Para
O Kc (Coeficiente de compacidade) a obtenção de tais resultados, foram realizados os
calcula a relação entre o perímetro da bacia e a seguintes processos: fill, flow direction, con,
circunferência de um círculo com a mesma área da stream to feature, stream order, e watershed
bacia. Esse coeficiente corresponde a um número contidos nas ferramentas Hydrology e Conditional
adimensional que altera de acordo com forma da em Spatial Analyst Tools, no software ArcGis 9.3.
bacia, portanto quanto mais irregular for a bacia, O comprimento do canal principal foi
maior será o coeficiente; e quanto maior for o obtido em ambiente SIG, a partir da vetorização e
coeficiente em relação à unidade de referência (1), posterior mensuração da extensão do rio, Galvíncio
menos sua forma se aproxima de uma forma e Sousa (2004) definem o comprimento do leito
circular, o que por sua vez a torna menos propícia principal como a distância entre o exutório e a
à ocorrência de enchentes (Villela & Mattos, localidade mais afastada do mesmo. O
1975). O coeficiente de compacidade foi estimado comprimento total dos canais da bacia
a partir da seguinte equação, onde “Kc” representa hidrográfica, foi obtido por meio do somatório do
o coeficiente de compacidade; “P” representa o comprimento dos arcos de toda a hidrografia na
perímetro em km; e “A” representa a área da bacia área de drenagem (Tonello, 2005). A ordem da
em km²: bacia foi definida com base na metodologia
proposta por Strahler (1957), onde o autor aponta
𝑃 que os canais sem tributários são de primeira
𝐾𝑐 = 0,28 (1)
√𝐴 ordem, e que a confluência de dois canais de
primeira ordem origina um canal de segunda
O fator de forma (Kf) da bacia, calcula a
ordem, que só podem receber afluentes dos canais
relação estabelecida entre a área de captação e o
de primeira ordem; consequentemente a
comprimento axial da bacia. Quanto mais elevado
confluência de dois canais de segunda ordem
o valor do fator de forma de uma bacia, mais
originam um de terceira ordem que podem receber
propensa ela é à ocorrência de enchentes (Villela &
afluentes das ordens anteriores, e assim por diante.
Mattos, 1975). O fator de forma é estimado a partir
A ordem da bacia é determinada pela maior ordem
da seguinte fórmula, onde “Kf” representa o fator
dos canais da rede de drenagem.
de forma; “A” representa a área da bacia em km²; e
O índice de sinuosidade (Is) calcula a
“L” representa o comprimento axial da bacia em
relação entre o comprimento do canal principal e a
km:
distância vetorial do mesmo, expressando através
𝐴 desta relação, sua velocidade de escoamento. Na
𝐾𝑓 = (2) medida em que aumenta a sinuosidade do canal, o
𝐿²
escoamento é prejudicado e consequentemente será
mais lento (Freitas, 1952). É calculado pela
O Índice de Circularidade (IC), segundo seguinte equação, onde “Is” representa o índice de
Cardoso et al. (2006), se trata de um índice sinuosidade; “Lc” representa o comprimento do
utilizado para calcular a circularidade da bacia, e canal principal em km; e “Lv” representa o
consequentemente determinar se é mais propensa comprimento vetorial do canal principal km:
ou não à ocorrência de enchentes. Quanto mais
próximo da unidade o índice se apresentar, mais 𝐿𝑐
𝐼𝑠 = (4)
𝐿𝑣
circular é a bacia, e portanto é mais propensa a
ocorrência de enchentes. O índice é definido pela
A densidade de drenagem (Dd ) indica o
seguinte equação, onde “IC” representa o índice de
quão rica é a rede de drenagem de uma bacia
circularidade; “A” é representa a área da bacia em
hidrográfica. E pode ser definida como a relação
km²; e ”P” representa o perímetro em km:
entre o comprimento total dos canais e a área da
12,57.𝐴 bacia. Os valores deste índice podem variar de 0,5
𝐼𝐶 = (3) km.km² em bacias pouco drenadas, a 3,5 km.km²
𝑃²
em bacias bem drenadas (Chorley, 1995; Villela &
No caso da caracterização da rede de Mattos, 1975). É definida pela seguinte equação,
drenagem, os seguintes parâmetros foram onde “Dd” representa a densidade de drenagem em
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km/km2; “Lt” representa o comprimento total dos desnível médio. Pode ser calculada mediante a
canais da bacia em km; e “A” representa a área da seguinte equação, onde “Hm” representa a altitude
bacia, em km²: altimétrica em m; “Hmax” representa a altitude
máxima em m; e “Hmin” representa a altitude
𝐿𝑡 mínima em m:
𝐷𝑑 = (5)
𝐴
Resultados e discussão
Como resultados sobre as características
Os resultados referentes às características
do relevo, estão apresentados neste trabalho os
geométricas (apresentados na Tabela 1), apontam
mapas de declividade e de altitude da bacia
que a bacia hidrográfica do Rio Beberibe possui 71
hidrográfica do Rio Beberibe. Além do cálculo da
km² de área, essa característica atribui à bacia a
amplitude altimétrica, da relação do relevo, e do
classificação de tamanho grande, pois segundo a
gradiente de canais.
classificação de Wisler e Brater (1964), bacias
O mapa de declividade da bacia foi
com mais de 26 km² de área podem ser assim
construído em ambiente SIG a partir do modelo
consideradas. Se apresentam como parâmetros
digital de elevação LiDAR do PE3D. No software
físicos geométricos ainda, o perímetro da bacia,
ArcGIS 10.2.2 foi utilizada a ferramenta “Slope”
quantificado em 56 km; e o comprimento axial da
que gerou os intervalos percentuais da declividade
bacia, quantificado em 19 km.
do relevo. O mapa hipsométrico, que representa
Quanto à forma, para a bacia do Rio
graficamente o relevo médio da área da bacia, foi
Beberibe foram calculados o coeficiente de
igualmente elaborado em ambiente SIG.
compacidade, o fator de forma e o índice de
A amplitude altimétrica (Hm) da bacia
circularidade. Estes índices estão relacionados com
corresponde segundo Strahler (1952) à diferença
a forma geométrica da bacia, que por sua vez é um
altimétrica entre o exutório e a maior altitude
fator que influi diretamente nas dinâmicas
presente na área da bacia, indicando assim seu
hidrológicas em uma bacia hidrográfica, pois
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indica uma maior ou menor susceptibilidade para Segundo Dias (2020) os resultados obtidos
ocorrência de enchentes em uma determinada bacia a partir da caracterização fisiográfica de uma bacia
hidrográfica (Villela & Mattos, 1975). hidrográfica pode proporcionar uma compreensão
A partir do cálculo dos índices aprofundada dos inúmeros parâmetros que
supracitados, foi possível constatar se a bacia em influenciam na vazão e na drenagem de um
estudo possui uma forma alongada, menos propícia determinado corpo hídrico. Portanto, a
à ocorrência de enchentes em decorrência do caracterização destes ambientes se trata de uma
melhor escoamento de águas pluviais, ou se a bacia importante ferramenta, que pode ser utilizada na
possui uma forma circular, o que facilita o acúmulo comparação entre bacias hidrográficas distintas ou
de águas e a consequente ocorrência de enchentes. semelhantes, para a compreensão de eventos
Todos os resultados obtidos acerca dos parâmetros passados e previsão de eventos futuros, baseados
geométricos da bacia hidrográfica do Rio Beberibe no histórico dos fenômenos e na fisiografia da
estão apresentados na Tabela 1. bacia.
.
Área 71 km²
Perímetro 56 km
Comprimento Axial 19 km
Coeficiente de Compacidade 1,86
Fator de Forma 0,18
Índice de Circularidade 0,28
pontos diferentes dentro de uma bacia hidrográfica. importância para a obtenção de bons resultados. Os
Para a representação precisa e realista da rede de cursos são agrupados de acordo com a direção que
drenagem é necessário que haja uma continuidade percorrem, no caso indicada pelos pontos cardeais
topográfica para as direções de fluxo, por isso a e colaterais.
precisão e fidedignidade dos dados é de suma
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A ordem dos canais corresponde ao nível Beberibe foi classificada de acordo com
de ramificação presente em uma bacia, e a ordem classificação de Strahler (1957) como uma bacia de
da bacia é apresentada pela maior ordem de 6ª ordem. Os rios de 1ª ordem da bacia hidrográfica
ramificação presente. A bacia hidrográfica do Rio do Rio Beberibe possuem somados um
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comprimento total de cerca de 248 km. A grande sistema de drenagem bastante ramificado, e
quantidade de ramificações presentes (Figura 4), expressa o padrão de drenagem dendrítico presente
indica que a bacia do Beberibe apresenta um o na bacia.
Altitude Mínima 0m
Altitude Máxima 171 m
Altitude da Nascente 133,9 m
Altitude da Foz 5m
Amplitude Altimétrica 166 m
Relação de Relevo 9,76 m/km
Gradiente de Canais 10, 05 %
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Apesar de todos os seus índices indicarem justamente por se tratar de uma área de forte
que a bacia do Rio Beberibe não é uma área atuação antrópica, o que culmina em uma maior
propensa fisicamente à ocorrência de enchentes, alteração nas formas de uso e ocupação do solo, e
periodicamente os moradores sofrem transtornos consequentemente na modificação e interrupção
ocasionados por enchentes e inundações dos padrões hídricos naturais.
provocados por altos índices pluviométricos. O A partir da necessidade de compreender o
maior exemplo de enchente na área da bacia foi a comportamento hidrológico da água superficial na
ocorrida em 1975, onde os rios Beberibe e bacia hidrográfica do Rio Beberibe, foi elaborado
Capibaribe transbordaram e deixaram Recife e sua o mapa de Acúmulo de Fluxos (Figura 7). O
Região Metropolitana submersa. Porém, os acúmulo de fluxo é um resultado que aponta o grau
impactos das fortes chuvas sobre a vida dos da confluência do escoamento superficial em uma
residentes na área da bacia ainda perduram determinada área. Podendo também ser chamado
atualmente (G1, 2012; JC, 2016). de área de captação, o acúmulo de fluxo apresenta
A forte urbanização das áreas costeiras as características de conexão com divisores de água
impacta diretamente sobre as dinâmicas das áreas a montante, e de confluência e divergência das
litorâneas, pois a partir da impermeabilização do linhas de fluxo. O acúmulo de fluxo possibilita
solo, os padrões de escoamento e infiltração do ainda extrair a drenagem de uma determinada área,
solo são drasticamente alterados, o que acaba por com os valores de acúmulo de água em cada curso
ocasionar inundações urbanas (Tucci, 2000). Áreas d’água presente. Os maiores níveis de acúmulo
como a da bacia hidrográfica do Rio Beberibe, que estão localizados sobre os corpos hídricos, à
se encontra na Região Metropolitana do Recife, são exemplo o Rio Beberibe para onde conflui a maior
fortemente urbanizadas, e por conseguinte, parte do escoamento; nas áreas mais baixas e
enfrentam uma diversidade de problemáticas menos declivosas da bacia, especialmente região
urbanas relacionadas a eventos extremos de costeira da bacia, área onde o adensamento
natureza hidrológica. A problemática das populacional é maior; e nas áreas remanescentes de
inundações urbanas ou alagamentos, é recorrente Mata Atlântica, onde o escoamento segue seu curso
na área da bacia hidrográfica do Rio Beberibe,
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