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NITERÓI
2022
GABRIEL SOARES DE ALMEIDA
Orientador:
Prof. Dr. Emmanoel Vieira da Silva Filho
Coorientador:
Dr. Eduardo Duarte Marques (CPRM)
NITERÓI
2022
RESUMO
A presente pesquisa teve como intuito caracterizar o comportamento hidrogeoquímico
das águas da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de
Tócos, elaborando um diagnóstico ambiental e propor medidas relacionadas a um plano
de gestão de seus recursos hídricos. Este trecho da microbacia está localizado no
município de Rio Claro, Estado do Rio de Janeiro e possui uma importância estratégica
para o município do Rio de Janeiro e sua região metropolitana, fornecendo 96% da água
que abastece o Reservatório de Ribeirão das Lajes, que por sua vez, é responsável por
cerca de 40% da água disponível no Sistema Guandu, sistema esse que atende
aproximadamente 9 milhões de pessoas. Com o aumento do consumo de água,
diminuição da vazão do Rio Paraíba do Sul e recorrentes crises hídricas relacionadas as
mudanças climáticas, este trecho da microbacia se tornou ainda mais importante para
evitar um colapso hídrico na capital fluminense. Para esta caracterização ambiental,
foram realizadas coletas de água superficial em 5 pontos ao longo do seu curso principal
em um espaço temporal de 3 anos (2012, 2016 e 2019) em 3 épocas do ano distintas
(fevereiro, junho e outubro). Para a interpretação dos resultados, foram utilizadas
informações geoambientais e técnicas estatísticas, que permitiram a determinação das
características e processos físico-químicos atuantes na água, além de identificar as
principais fontes relacionadas aos impactos ambientais existentes. Pode ser observado
que a química das águas deste trecho da microbacia tem influência de parâmetros
naturais, porém o aumento da descarga de efluentes domésticos e a expansão da
agricultura e pastagens, estão colaborando processos de eutrofização, erosões e
deslizamentos de encosta. A análise do uso e ocupação do solo ao longo dos anos de
amostragem mostrou que a influência antrópica vem degradando a qualidade das águas
do rio e medidas a curto, médio e longo prazo precisam ser tomadas, indicando uma
intervenção de um plano gestor. Esse plano gestor deverá promover projetos de
proteção e restauração de nascentes, incentivos fiscais baseado em consumo de água e
planos de reflorestamento, desenvolver tecnologias para conservação e melhor uso do
solo, investir em prevenção de enchentes e secas, impulsionar investimentos em
recursos para coleta e tratamento de esgoto e realizar programas de conscientização e
educação ambiental.
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geração de energia elétrica para 9 milhões de moradores da cidade do Rio de Janeiro e
municípios adjacentes (CABRAL, 2006; PIRES & CERQUEIRA, 2021).
O trecho a montante do Túnel de Tócos na microbacia do Rio Piraí teve sua
primeira intervenção no início do século XX. Com o crescimento populacional e
consequentemente a necessidade de oferta de água potável e energia elétrica para a
população, o governo autorizou, em 1907 a construção de barragens, túneis e represas
na região de Piraí (BARBOSA et al., 2016).
Primeiramente, houve a construção do Reservatório de Lajes, onde teria
capacidade para 224 milhões de litros de água, o reservatório geraria eletricidade para a
cidade do Rio de Janeiro e dezenas de municípios vizinhos. Inicialmente, o reservatório
era abastecido apenas pelo Ribeirão das Lajes. Vendo a necessidade de aumentar sua
capacidade, foram construídos o Reservatório de Tócos, que barrava o Rio Piraí, e o
Túnel de Tócos, um desvio do Rio Piraí através de um túnel subterrâneo com 8,5 km de
comprimento e capacidade de vazão de 12m³/s.
Em consequência do aumento populacional progressivo e a diminuição da vazão,
devido a diversas obras de transposição do Rio Paraíba do Sul no Estado de São Paulo,
o Reservatório de Ribeirão das Lajes, que era utilizado apenas para geração de energia,
tornou-se fundamental para fornecer água a bacia do Rio Guandu, principal bacia
hidrográfica utilizada para abastecimento público da região metropolitana do Rio de
Janeiro.
Sendo assim, as águas da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à
montante do Túnel de Tócos que são transportadas para o Reservatório de Ribeirão das
Lajes através do Túnel de Tócos e posteriormente ao Sistema Guandu assumiram uma
grande importância. O monitoramento da qualidade de suas águas e a identificação das
atividades exercidas ao longo de seu curso se tornaram essenciais para evitar
adversidades em relação ao seu uso e também reduzir custos relacionados ao
tratamento.
Outro fator que torna esse estudo importante é a manutenção da disponibilidade
dos recursos hídricos, tornando possíveis crises hídricas menos impactantes. De acordo
com o relatório do IPCC (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMA CHANGE,
2014), o Brasil está vulnerável às mudanças climáticas atuais e futuras, podendo vir a
prejudicar a produção agrícola do país e os eventos de extremos climáticos podem se
tornar mais frequentes, principalmente relacionados a enchentes e secas. Essa conclusão
foi corroborada pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), onde as
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modificações nos regimes pluviais poderão influenciar a quantidade e a qualidade dos
recursos hídricos disponíveis para o abastecimento das cidades, provocando crises
hídricas cada vez mais constantes.
A crise hídrica na região Sudeste não é uma problemática recente, remonta a
intervenções antrópicas realizadas desde o século XIX, onde houve um grande projeto
de recomposição florestal do Maciço da Tijuca, conhecido atualmente como a maior
floresta urbana do mundo. À época, a cidade do Rio de Janeiro estava passando por um
desmatamento intenso para ampliação da produção cafeeira e a contaminação desta
monocultura juntamente com sedimentos erodidos fizeram com que as águas que
abasteciam a cidade se tornassem de péssima qualidade (SANTANA, 2002).
Adiciona-se a este cenário, situações de severas secas, escassez de alimentos em
consequência desta seca e a proliferação de doenças associadas às impurezas da água
consumida (SANTANA, 2002). Foi a partir de um cenário caótico que surgiu a Teoria
do Dessecamento, a qual relacionava a destruição da vegetação nativa com a redução da
umidade, das chuvas e dos mananciais (PÁDUA, 2002) e a Teoria das Torrentes, que
descrevia que a falta de matas que cobriam o topo e as encostas das montanhas,
acarretaria na seca dos leitos dos rios em determinadas épocas do ano e se converteriam
em torrentes quando uma forte chuva caía em suas cabeceiras (DRUMOND, 1997).
Entre os anos de 1844 e 1890, o governo sancionou instrumentos normativos
afim de promover a preservação da floresta original e impulsionar o replantio em áreas
devastadas com o propósito de garantir o abastecimento de água à população
(DRUMOND, 1997). No entanto, a Floresta da Tijuca como é conhecida hoje, não foi
inteiramente replantada, tendo sua configuração atual o resultado de um processo de
regeneração natural (DEAN, 1996).
Atualmente, a crise hídrica na região Sudeste pode ser atribuída a diversos
fatores, como o desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, ecossistemas capazes
de afetar o clima na região Sul e Sudeste do Brasil, além de políticas inadequadas para a
gestão de recursos hídricos (MARENGO et al., 2015; LYRA et al., 2017;
ALVARENGA et al., 2018; ZÁKHIA, et al., 2022).
Recentemente, as crises hídricas se tornaram mais frequentes a partir de 2001,
principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais, onde as
chuvas foram inferiores a 50% da média histórica nas cabeceiras do rio Paraíba do Sul
(CAVALCANTI & KOUSKY, 2004). Até o início de 2004, o baixo volume dos
reservatórios para distribuição e abastecimento público ainda era um problema a ser
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contornado. Em 2012, uma nova redução na pluviosidade que causou impactos graves
na oferta de água para o abastecimento público, irrigação e geração de energia elétrica
(ANA, 2014).
Novamente a escassez hídrica se tornou assunto em 2014, sendo considerada a
pior crise hídrica do Estado de São Paulo. Em 2021, a crise hídrica superou todos os
patamares anteriores, sendo considerada a pior dos últimos 91 anos. Essas crises estão
mais frequentes, com menores intervalos e maior intensidade (FERREIRA, 2015).
Esses cenários tornaram a crise da água nessa região um tema de constante e
acalorada discussão entre governantes estaduais e municipais e órgãos e comitês
gestores dos recursos hídricos. A crise da água e a poluição do rio está provocando uma
“guerra hídrica” entre os Estados e os municípios da bacia hidrográfica do rio Paraíba
do Sul. Essa “guerra” é motivada por um panorama principal: o uso das águas do Rio
Paraíba do Sul.
Com a crise hídrica, o governo estadual de São Paulo e os municípios paulistas
que utilizam as águas do Paraíba do Sul elaboraram um projeto de construção de mais
duas barragens na região das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que por sua
vez já estão na fase de conclusão. Apesar do acordo promovido entre os Estados que
recebem as águas desta bacia, as intervenções irão reduzir mais ainda a vazão do Rio
Paraíba do Sul que chega até o Estado do Rio de Janeiro.
A região metropolitana do Rio de Janeiro e diversos municípios adjacentes não
contam com nenhum grande rio para abastecer os seus mais de 15 milhões de
habitantes. Os rios encontrados na região estão em estágios avançados de degradação,
com um grande volume de descartes de efluentes diários. A falta de água potável já é
considerada uma realidade tanto na capital quanto na região metropolitana, que depende
apenas de um rio principal, o Rio Guandu.
As águas do Rio Guandu são as responsáveis pelo abastecimento de grande parte
da população da cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana. No entanto, o Rio
Guandu não possui uma nascente própria, sendo formado pela transposição das águas
do Rio Paraíba do Sul e da represa de Ribeirão das Lajes. Com a diminuição da vazão
do Rio Paraíba do Sul, o trecho à montante do Túnel de Tócos do Rio Piraí, se torna
responsável pelo abastecimento praticamente integral do Reservatório de Lajes,
tornando-se um elemento essencial e estratégico no assunto relativo à disponibilidade de
recursos hídricos a uma das maiores cidades do Brasil e do mundo, já que a
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disponibilidade de água para abastecimento público pode ser atenuada com a maior
captação de água vindo do Reservatório de Ribeirão das Lajes.
Com a alta variabilidade das precipitações, com grandes volumes de chuvas em
curto espaço de tempo e grandes intervalos sem chuvas, cada vez mais tem ocorrido
períodos de secas e enchentes, ocasionando impactos na produtividade agrícola,
alagamentos, disseminação de doenças veiculadas pela água, erosão do solo,
escorregamento de encostas, etc. Por conta disso, é de suma importância o entendimento
das características e da dinâmica da água nesta microbacia, a fim de solucionar e evitar
a degradação de seus recursos hídricos (SWAROWSKY et al., 2012).
A avaliação das possíveis alterações e contaminações a que está sujeita a
microbacia de drenagem, sobretudo, devido ao aumento da ocupação demográfica e da
agropecuária pode ser realizada através de diferentes metodologias, principalmente por
meios de estudos hidrogeoquímicos, tais como caracterização físico-química das águas,
aporte de material em suspensão, comportamento hidrológico da bacia, influência
antrópica das cargas dissolvida e particulada e remoção de solo (MORTATTI, 1995).
O conhecimento desses parâmetros permite um melhor entendimento da
dinâmica dessa microbacia, servindo como subsídios para os responsáveis pela gestão
planejarem um manejo adequado da área de drenagem.
A realização dessa pesquisa possibilitará identificar os aspectos ambientais e a
qualidade das águas do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de Tócos, bem como,
identificar a presença de possíveis fontes poluentes e suas variações ao longo de
períodos sazonais, através da análise de mapas temáticos e parâmetros físico-químicos
realizados em campanhas de monitoramento. Além disso, a aplicação de indicadores
ambientais e posteriormente um diagnóstico ambiental baseado no uso e ocupação do
solo se tornam essenciais para a elaboração de um plano gestor de bacia hidrográfica.
2. OBJETIVOS
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hidrícos.
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O capítulo 5 é o estudo hidrogeoquímico das águas do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos e mostra toda a composição química das águas do Rio Piraí, seus
processos e classificações geoquímicas, faz uma avaliação da origem e evolução desses
corpos hídricos, classifica as águas quanto a utilização para a irrigação e calcula o
volume de material retirado e transportado.
O capítulo 6 apresenta o estudo do diagnóstico ambiental da área, relacionando
os resultados obtidos no estudo hidrogeoquímico com avaliação de mapas
geoambientais e de uso e ocupação do solo, além de observações in situ.
O capítulo 7 refere-se à identificação dos impactos que ocorrem na microbacia e
possíveis medidas mitigadoras com o objetivo de formular um plano de gestão de
recursos hídricos para este trecho da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à
montante do Túnel de Tócos.
O capítulo 8 são discorridas as conclusões e recomendações com sugestões para
elaboração de futuras pesquisas e práticas de gestão na área de estudo.
3. BASE TEÓRICA
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subafluentes, que abastecem esses afluentes secundários (CRUZ & TAVARES, 2009).
Devido ao tamanho desses componentes, as bacias podem ser classificadas
proporcionalmente ao seu tamanho: grandes bacias, com tamanho superior a 700 km²;
sub-bacias, com tamanho entre 100 e 700 km² ou como pequenas ou microbacias com
tamanho inferior a 100 km² (FAUSTINO, 1996; MACHADO, 2002).
Sendo assim, o trecho do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos pode ser
classificada como uma microbacia, possuindo características como uniformidade da
distribuição da precipitação em praticamente toda a área da microbacia e a origem do
escoamento superficial e do fluxo de sedimentos ocorrem em suas vertentes. Além da
classificação devido ao seu tamanho espacial, é possível classificar e caracterizar as
bacias hidrográficas de acordo com sua forma, características de cursos d’água,
escoamento superficial e geometria.
A forma de uma bacia hidrográfica é uma categorização baseada no
comportamento relacionado as cheias e se apresenta de duas maneiras: circulares ou
elípticas (alongadas) (MACHADO, 2002). As circulares possuem uma maior tendência
de promover enxurradas com altas possibilidades de enchentes, enquanto as elípticas
estabelecem uma maior distribuição desta enxurrada, amenizando as vazões e limitando
as ocorrências de enchentes.
Em relação aos cursos d’água, a bacia hidrográfica pode conter três principais
condições: perenes, intermitentes e efêmeros. Os cursos d’água classificados como
perenes possuem água durante todo o tempo e são constantemente alimentados por
lençol freático, os intermitentes estão presentes durante a estação chuvosa e secam
durante os períodos de estiagem e os efêmeros existem apenas durante ou
imediatamente após os períodos de precipitação.
Segundo Christofoletti (1974), a classificação do escoamento é dividida em
quatro classes: exorreicas, endorreicas, arreicas e criptorreicas. A classificação exorreica
é o escoamento da água de modo contínuo até o mar, endorreica são drenagens internas
e não possuem escoamento até o mar, a arreica é quando não há qualquer estruturação
em bacias, (áreas desérticas) e a criptorreica são bacias são subterrâneas (áreas cársicas).
A geometria, por sua vez, é categorizada em seis diferentes tipos: dendrítica,
treliça, retangular, paralela, radial e anelar. A geometria dendrítica é representativa de
regiões onde predomina rocha de resistência uniforme, a treliça é formada em regiões
com acentuado controle estrutural, a retangular é caracterizado devido às bruscas
alterações nos cursos fluviais, relacionado também a controle estrutural, a paralela
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ocorre em regiões de vertentes com acentuada declividade, a radial é formada vários
tipos e estruturas rochosas e pôr fim a anelar é o modelo de drenagem que encaixa-se
nos afloramentos das rochas menos resistentes.
Portanto, de acordo com todos esses conceitos, a microbacia hidrográfica do Rio
Piraí à montante do Túnel de Tócos pode ser classificada como uma bacia elíptica, com
a presença de rios perenes e uma parcela significativa de cursos d’água intermitentes e
efêmeros, escoamento endorreico e uma geometria dendrítica.
Igualmente importante, outros fatores devem ser levados em consideração: a
cobertura vegetal, a cobertura pedológica, a geologia, a geomorfologia, a hidrografia e a
climatologia. A cobertura vegetal e a cobertura pedológica são fundamentais para
caracterização do ambiente e controle da dinâmica da água dentro da bacia hidrográfica,
sendo responsáveis por características como evapotranspiração e retenção da
precipitação e os solos pelos processos de infiltração de água, escoamento superficial e
transporte de sedimentos.
Já a geologia e a geomorfologia são responsáveis por configurações espaciais
dos canais fluviais e pelo conteúdo de material particulado e dissolvido presente nas
águas, enquanto a hidrografia e a climatologia são encarregadas dos aspectos de vazão,
precipitação e temperatura.
O reconhecimento destes aspectos que compõe o sistema hidrológico auxilia nas
conclusões sobre a qualidade ambiental e dos efeitos antrópicos sobre a bacia
(BOTELHO & SILVA, 2004), já que a ocorrência de eventos em uma bacia
hidrográfica, de origem natural ou antrópica, pode vir a interceder na dinâmica desse
sistema (BOTELHO, 1999; SANTOS, 2004).
Sendo assim, a bacia hidrográfica é a escala espacial satisfatória e pertinente
para a avaliação dos impactos urbanos sobre os processos hidrológicos e cargas de
poluentes e medidas para a proteção e valorização das drenagens fluviais (BERNARDI
et al., 2012). Além disso, é um recurso importante para diversos tipos de atividades
humanas como a produção de energia, uso doméstico, industrial, agrícola, entre outros.
Portanto, o entendimento da bacia hidrográfica como uma unidade territorial formada
por elementos físicos, biológicos, políticos, econômicos e sociais que interagem entre si
é fundamental para uma gestão apropriada (SCHUSSEL & NASCIMENTO, 2015).
Nesse processo de entendimento da bacia hidrográfica como unidade territorial
de gestão é necessário aderir a um diagnóstico consistente de conjunção de dados
qualitativos e quantitativos, os quais vão possibilitar a identificação de elementos que
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possam estar interferindo no equilíbrio hidrológico (VON SPERLING, 1996;
MARTINEZ, 2004; SCHUSSEL & NASCIMENTO, 2015). Segundo Von Sperling
(1996), os critérios de identificação podem ser divididos em dois aspectos. O primeiro
aspecto seria ambiental, onde a qualidade da água possui relação direta com a água de
escoamento, infiltração ou de percolação. O segundo seria antrópico, onde as
interferências de atividades humanas geram impacto na qualidade da água, devido a
lançamento de efluentes domésticos, industriais e agrícolas ou no escoamento
superficial relacionada ao uso do solo.
Para proporcionar o desenvolvimento socioeconômico da população que utiliza
recursos hídricos de uma bacia hidrográfica e ao mesmo tempo diminuir os impactos
negativos sobre ela, é primordial o conhecimento do potencial da bacia e da sua
estrutura biofísica, de maneira que, sua área de drenagem deve ser estudada,
interpretada e planejada, sempre com a finalidade de interceder, executar e manusear as
melhores formas de apropriação e exploração de seus recursos naturais e uso e ocupação
do solo e prevenir alterações predatórias em seus mananciais e margens (RUHOFF &
PEREIRA, 2004; ROCHA et al., 2000).
Para isto, são necessárias abordagens metodológicas e fundamentações teóricas
sobre a área da bacia hidrográfica que incluem o conhecimento das estruturas e
dinâmicas ambientais, a ponderação dos seus potenciais e limitações e a determinação e
a avaliação dos impactos associados, como problemas de erosão dos solos,
desmoronamento de margens, sedimentação de canais, enchentes, perda da qualidade da
água etc.
A partir de todo esse conhecimento adquirido, é possível desenvolver um projeto
completo, que contempla inicialmente um plano ambiental e posteriormente uma gestão.
Segundo Browner (1996), um projeto de planejamento de bacias hidrográficas deverá
incluir: (i) caracterização dos recursos naturais e do conjunto dependente da exploração
destes recursos; (ii) elaboração de objetivos a serem atingidos baseados entre a
vulnerabilidade e o equilíbrio dos recursos naturais e da população; (iii) identificação
dos problemas, desenvolvimento, implementação e monitoramento de planos de ação.
Portanto, o planejamento ambiental em bacias hidrográficas pode contribuir para
a formação de planos de recursos hídricos e estabelecer políticas públicas municipais,
estaduais e federais que possam vir a garantir uma gestão e proteção da água, bem como
sua disponibilidade, em quantidade e qualidade (STEINITZ, 1990; LEAL, 2012).
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Por sua vez, a adesão da bacia hidrográfica como uma unidade de
gerenciamento, caso posterior ao planejamento, representa uma estratégia com a
finalidade do desenvolvimento sustentável com igualdade socioeconômica e
sustentabilidade ambiental daquela área.
O conceito sistêmico de planejamento e gestão proporcionado pela bacia
hidrográfica adequa-se perfeitamente aos sistemas de gestão de recursos hídricos. Esse
gerenciamento torna-se um instrumento de orientação de desenvolvimento sustentável
tanto para poderes públicos quanto para a sociedade levando em consideração a melhor
forma de monitorar e utilizar os recursos econômicos e naturais presentes na bacia.
Contudo, a delimitação das bacias hidrográficas possui um papel essencial para a
gestão destes recursos naturais e para a intervenção do poder público. Através dela, a
formulação de políticas, o direcionamento e reconhecimento de demandas e a
operacionalização dos comitês adquirem maiores chances de êxito (ALBUQUERQUE,
2012).
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Com base nessas informações, é possível extrair informações sobre o regime
hídrico, demonstrando os períodos do ano que ocorrem o excedente hídrico e o déficit
hídrico e com isso compreender e projetar as possibilidades de utilização de uma bacia
hidrográfica (FILL et al., 2005). Quando se tem um intervalo grande de dados, como no
caso deste estudo, o armazenamento de água na bacia hidrográfica pode ser desprezado,
já que os valores médios compensam a variação de valores das séries históricas
(ENGELBRECHT et al., 2019).
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resultado do estudo possibilita a determinação das características e propriedades locais,
seus potenciais, possíveis limitações de uso e mecanismos para a sua melhor utilização,
visando o interesse público e principalmente, o equilíbrio e a sustentabilidade do meio
ambiente. Este termo foi adotado pela International Union of Geological Sciences
(IUGS), com o objetivo de denominar a aplicação de conhecimentos técnicos do meio
físico com instrumentos de gestão ambiental empregando ferramentas cartográficas
como o Sistema de Informação Geográfica (SIG).
A utilização da ferramenta cartográfica aponta para a busca do entendimento
entre as compatibilidades do meio físico, fatores biológicos e uso e ocupação do solo
(CENDERO, 1990). O mapeamento geoambiental é um processo que envolve a
obtenção dos dados, suas análises e interpretações e por fim, a aplicação de medidas
considerando potencialidades, fragilidades, impactos e interações, seja por constituintes
antrópicos, socioculturais ou bióticos (VEDOVELLO, 2004).
A pesquisa integrada do meio ambiente visa a caracterização interdisciplinar,
buscando a descrição, classificação, espacialização e possíveis restrições quanto a
geodiversidade local (CARDENAS, 1999). Neste trabalho, foram utilizadas
informações de temas relevantes para a bacia hidrográfica como, por exemplo, dados e
mapas de geologia, hidrologia, geomorfologia, uso e ocupação dos solos, aptidão
agrícola, cobertura vegetal, pedologia, clima, declividade e favorabilidade
hidrogeológica, objetivando primeiramente o planejamento ambiental e ordenamento do
território, seguindo uma gestão de sustentabilidade e preservação.
3.4 Hidrogeoquímica
A água é uma substância quimicamente muito ativa, sendo capaz de reagir com
o meio, já que possui uma grande capacidade de dissolução e é uma das principais
responsáveis por processos químicos de intemperismo sobre solos e rochas (LIBÂNIO,
2010; MOHAMED et al., 2015; DASH et al., 2015; ALI et al., 2019).
A hidrogeoquímica estuda a composição química da água e suas relações com a
crosta terrestre. É uma ferramenta de análise empregada para identificar os elementos
presentes na água, tendo como objetivo entender suas possíveis origens, estabelecer
quais processos e reações estão ocorrendo, interpretar seus comportamentos e avaliar as
mudanças em sua qualidade (PICHAIAH, 2013). Estudos hidrogeoquímicos são
utilizados para entender processos e alterações em águas de rios associados a aspectos
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climáticos, geomorfológicos ou antrópicos (STALLARD & EDMOND, 1983; PROBST
et al., 1992; MORTATTI et al., 2003).
A composição química da água pode ser caracterizada a partir das análises de
seus parâmetros físico-químicos e constituintes iônicos dissolvidos ou em suspensão.
Isso ajudará na interpretação de possíveis anomalias, reconhecimento de fontes de
contaminação, compreensão dos processos intempéricos, bem como na compreensão da
relação água-rocha, indicando a origem destes constituintes e a evolução destas águas
em consequência de processos como dissolução, precipitação, troca iônica, evaporação
e intemperismo (DREVER & CLOW, 1995; MORTATTI, 1995; CARNEIRO, 2013).
A origem dos constituintes iônicos nas águas pode ser dividida em cinco
componentes principais: vulcanogênicos, biogênicos, atmosféricos, cosmogênicos e
litogênicos (CARVALHO, 1995). Os componentes vulcanogênicos são elementos
incorporados à água através de atividades vulcânicas e de seus fenômenos associados;
os componentes biogênicos são resultantes de atividades biológicas; os componentes
atmosféricos são compostos gasosos presentes na atmosfera que se incorporam no
sistema aquoso através de precipitação; os componentes cosmogênicos são originados a
partir de materiais extraterrestres, como meteoritos; e por fim, os componentes
litogênicos, que tem sua origem relacionada com a litologia através do intemperismo
químico que agem sobre ela.
A composição natural das águas superficiais pode ser controlada por inúmeros
processos naturais, como geológicos, pedológicos, geomorfológicos, climáticos e
biológicos, assim como por processos antrópicos, com significativas alterações em
função do uso e ocupação do meio, como despejo de efluentes domésticos, resíduos
industriais e agrícolas (pesticidas e fertilizantes) e rejeitos e águas drenadas de
mineração (PROBST et al., 1994; MORTATTI et al., 1997; VENDRAMINI, 2013).
No entanto, analisar e classificar as águas superficias de uma bacia hidrográfica
utilizando parâmetros físico-químicos e componentes iônicos não é o suficiente. É
necessário entender toda a dinâmica que ocorre na bacia de drenagem com o propósito
de restabelecer o bem estar ambiental. Deste modo, o estudo hidrogeoquímico se torna
essencial para que isto ocorra.
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Cunhambebe e da Área de Proteção Ambiental do Alto Piraí. No entanto, nas últimas
avaliações, o município perdeu esta posição.
O diagnóstico ambiental visa compreender os fatores que contribuem para uma
possível depreciação, identificando e localizando atividades impactantes ao longo do
rio, utilizando mapas geoambientais, caracterização hidrogeoquímica e uso e ocupação
do solo, com a finalidade de apresentar propostas para solucionar os problemas de
impactos ambientais e manejo sustentável dos recursos naturais.
A etapa de diagnóstico ambiental resume a análise das reais condições
ambientais atuais frente à interferência antrópica, sendo composta pelo levantamento de
dados sobre o ambiente físico, químico, biológico e socioeconômico, identificando
áreas críticas com situação ambiental problemática. A elaboração do diagnóstico
ambiental possui capacidade de estimar impactos já ocorridos (como desmatamentos ou
urbanização desordenada) e possíveis ocorrências futuras, propondo-se medidas
preventivas e mitigadoras. Sendo assim, o diagnóstico ambiental pode ser considerado
uma ferramenta essencial e estratégica para orientar eventuais políticas públicas que
tenham como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população local e a busca por
novas maneiras de conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental.
O diagnóstico ambiental também é utilizado para reconhecer a realidade dos
impactos antrópicos de uma área. Sua análise e interpretação serve de base para gerar o
prognóstico ambiental e assim promover a integração das análises ambientais, políticas
e econômicas que compõem um plano gestor de uma bacia hidrográfica (PEREIRA,
2000). Para essa avaliação ambiental, questões relacionadas as propriedades físicas
(clima, geologia, geomorfologia, pedologia, hidrologia), químicas (qualidade da água da
bacia hidrográfica) e as atividades sociais e econômicas (uso da terra, demografia,
infraestrutura e serviços) foram relacionadas com metodologias adaptadas de processos
de zoneamento ecológico-econômico (ZEE) e ordenamento territorial, ferramentas
estratégicas para o êxito das políticas públicas ambientais.
O estudo e avaliação das propriedades físicas está diretamente relacionada com
os impactos ambientais. Ou seja, a partir das características biogeofísicas da paisagem,
como declividade do terreno, tipo de solo, arcabouço geológico, hierarquia fluvial e
pluviosidade, é possível determinar se a região possui maiores ou menores
vulnerabilidades a degradação ambiental (MANFRÉ et al., 2013).
Por sua vez, a caracterização e o monitoramento da qualidade das águas da bacia
hidrográfica considerando seus parâmetros físicos, químicos e biológicos constitui um
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dos principais aspectos do diagnóstico ambiental, sendo um indicativo de possíveis
alterações ambientais.
As relações entre o desenvolvimento das atividades antrópicas (sistema
socioeconômico) e a manutenção da qualidade do meio ambiente estão diretamente
relacionadas ao uso e a ocupação do solo (ROMEIRO, 2004). O diagnóstico ambiental
auxilia nas tomadas de decisões a fim de distribuir o uso e a ocupação do solo de modo
sustentável, preservando as áreas de suporte ao equilíbrio do meio ambiente, já que a
forma de ocupação e uso do solo, na grande maioria das vezes, se deu de maneira
conflituosa e negligenciada por órgãos de fiscalização, favorecendo a degradação do
meio ambiente.
Desequilíbrio de espécies com aumento de insetos e consequentemente pragas
para as culturas agrícolas, alterações na qualidade da água devido a contaminação por
dejetos de animais e de humanos, depreciação do solo por agrotóxicos e resíduos de
origem doméstica e industrial, manejo incorreto causando erosão e insuficiência de
reposição de nutrientes, ocupação de áreas propícias a escorregamentos, modificações
nas regiões de vegetação natural sendo substituídas por urbanização e expansão
agropecuária ou desenvolvimento e ampliação da silvicultura são alguns dos transtornos
ocasionados pelas mudanças no uso e ocupação do solo sem uma efetiva
regulamentação de políticas efetivas com a finalidade de preservar o meio ambiente
(ALMEIDA & SCHWARZBOLD, 2003; LOPES et al., 2018).
Estas condições ajudam a entender a relação entre as atividades humanas e a
qualidade ambiental e auxiliam nas tomadas de decisões através de políticas públicas.
Os efeitos dessas condições são notadamente perceptíveis em pequenas e microbacias
hidrográficas onde as populações humanas e suas atividades estão inseridas.
Sendo assim, o zoneamento ecológico-econômico (ZEE) tem como finalidade
reconhecer, retratar e mitigar estes impactos antrópicos no meio ambiente, propondo
estratégias para minimizá-los, levando em consideração os fatores econômicos
envolvidos (CARVALHO, 2002). Através de diagnósticos socioeconômicos, físico-
bióticos e jurídico-institucionais, a ZEE mostra as potencialidades e fragilidades dos
ambientes naturais, indicando um uso sustentável com melhor ocupação dos espaços a
partir de uma racionalidade ecológica nos processos de ordenamento territorial
(ACSELRAD, 2002) (Figura 1).
O ZEE está relacionado à Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº
6.938/1981) e pode ser considerado como uma ferramenta alternativa para o
28
fortalecimento de políticas sobre os recursos naturais e setoriais como agricultura,
saúde, educação visando a prevenção de desastres ambientais e consequentemente
econômicos (ROCHA, 1998). Para isto, o ZEE tem por princípio considerar, além do
aspecto ambiental como citado anteriormente, mais dois tipos de aspectos: os aspectos
políticos e os aspectos técnicos.
Figura 1: Fluxograma da estruturação das etapas de um Zoneamento Ecológico-
Econômico (ZEE).
29
representações destes espaços biogeofísicos de acordo com as dinâmicas e relações que
esses sistemas apresentam entre si.
Posteriormente aos processos de determinação desses aspectos políticos,
econômicos, sociais, culturais e ecológicos, surge a necessidade de um ordenamento
territorial, que tem por finalidade a organização física e a utilização racional do espaço,
o desenvolvimento socioeconômico equilibrado, a gestão responsável para a proteção
do meio ambiente dos recursos naturais visando a melhora na qualidade de vida da
população (PUJÁDAS & FONT, 1998).
30
Devido aos seus múltiplos usos, seja para uso industrial, para abastecimento
público ou irrigação, a preocupação com os recursos hídricos, além da consequência
ambiental, tem grande importância na economia regional. Isso faz com que haja
necessidade de articulação de múltiplos usuários de diversos setores distintos, como
politicas municipais, estaduais e federais, responsável por áreas como habitação,
transporte e saúde e líderes locais não vinculados a órgãos políticos (SILVA & PORTO,
2003). Portanto, para enfrentar esta causa faz-se necessário ampliar a participação da
comunidade e órgãos públicos e desenvolver tecnologias de monitoramento e gestão dos
recursos hídricos.
Segundo Binotto (2012), a gestão de recursos hídricos pode ser estabelecida
como uma utilização e administração integrada, racional, democrática e participativa
das águas. Para aumentar sua efetividade, aspectos físicos, sociais e econômicos devem
ser levados em consideração (World Meteorological Organization - WMO, 1992), além
de bases de dados acessíveis, informações confiáveis, direitos de uso estabelecidos e
planos de mitigação visando reduzir e prevenir danos ao sistema hídricos (PORTO &
PORTO, 2008). Essa concepção ampla e multisetorial permite um melhor
desenvolvimento social e manutenção das estruturas ambientais (MUÑOZ, 2000).
Nas últimas décadas, diversos autores descrevem as bacias hidrográficas como
unidades básicas de desenvolvimento, planejamento e gestão de recursos hídricos
(PAIVA & PAIVA, 2001; TUCCI & MENDES, 2006; NASCIMENTO & VILAÇA,
2008; NASCIMENTO, 2010; RODRIGUEZ et al., 2011; ALBUQUERQUE, 2015). A
gestão dos recursos hídricos, através da bacia hidrográfica pode ser justificado pelo fato
da água ser um indicador fundamentado e fidedigno para modelagens de simulação,
basta a inserção de informações corretas de usos da água e características fisiográficas
da bacia (RIZZATTI et al., 2016).
A gestão de bacias hidrográficas tem sido alvo de debates, pesquisas,
diagnósticos, análises, considerações, ponderações, propostas, recomendações e ações
que propõem compartilhar problemas e proporcionar decisões conjuntas (TUNDISI,
2003; SOMLYODY & VARIS, 2006). O planejamento e o gerenciamento das bacias
devem integrar um amplo conjunto de atributos ambientais, não apenas hídrico, mas
levando em consideração fauna, flora, geomorfologia, geologia abordando juntamente
aspectos sociais, econômicos e políticos visando o aumento da produtividade e a
redução dos impactos e riscos ambientais na bacia de drenagem (LORANDI &
CANÇADO, 2002). É necessário atender valores de proteção, conservação e utilização
31
sustentável dos recursos naturais colocando-os acima de interesses particulares,
privados ou de classes políticas (TUNDISI, 2008).
Os principais mecanismos de gestão de recursos hídricos são listados como
planos de recursos hídricos, ou seja, uma base de planejamento e gestão que estão
diretamente vinculados a políticas públicas, levam em consideração o enquadramento
de corpos d’água, outorga de direito de uso da água, a cobrança por seu uso e um
sistema de informação e monitoramento destes recursos (MATOS & DIAS, 2013). A
partir destes planos, são definidos pelos órgãos competentes as metas de qualidade e os
potenciais usos da água (MEDEIROS et al., 2009).
Contudo, a gestão dos recursos hídricos se torna complexa a partir do momento
que haja divergências tanto culturais, como políticos ou institucionais, problemática
comum em território brasileiro devido a sua extensão e complexidade (VAN LEUSSEN
et al., 2007).
A fim de solucionar essa problemática, Nascimento (2013) sugere uma
delimitação de bacias a partir do reconhecimento dos recursos hídricos e parâmetros
como: relevo, solo, vegetação e interferência antrópica, já que uma mesma bacia pode
estar em um ou mais limites territoriais. A desconformidade entre comandos
administrativos e agrupamentos físicos e sociais – que representam a dinâmica de bacias
hidrográficas – tornam-se complicadores para o processo de gestão ambiental (CUNHA
& COELHO, 2003). Consequentemente, a bacia hidrográfica se configura como um
sistema complexo que transpõem limites de divisão de águas e territoriais (VOINOV &
COSTANZA, 1999; NASCIMENTO, 2003).
32
graves e comuns (CONEJO, 1993). Assim sendo, esse desenvolvimento desordenado
traz sérias implicações no que se diz respeito a quantidade e qualidade dos recursos
hídricos ofertados para diversos setores como sociais, privados e públicos, como por
exemplo, consumo humano, irrigação, uso industrial, mineração, pesca, energia,
pecuária etc. (CAVALCANTI & CAVALCANTI,1998).
A origem para a gestão e planejamento territorial e consequentemente de bacias
hidrográficas, teve início em um decreto estabelecido em 1934 através da Lei
24.643/1943 nomeada como Código das Águas. Este código assegura o uso gratuito da
água que visa as necessidades básica da vida e permite a todos usar águas públicas.
Impede a derivação das águas públicas para aplicação na agricultura, indústria e higiene,
sem a existência de concessão, dando preferência ao abastecimento das populações.
Este decreto estabelece também que a concessão ou a autorização deve ser feita
sem prejuízo a navegação, salvo nos casos de uso para as primeiras necessidades da
vida. Caso venha a ocorrer algum tipo de contaminação, os trabalhos para a salubridade
das águas serão realizados à custa dos infratores que, além da responsabilidade criminal,
responderão pelos danos que causarem.
Na década de 60, mais especificamente em 1965, surgiu a necessidade de
reformulação do Código de Águas de 1934. O avanço da mecanização agrícola, das
monoculturas e da pecuária extensiva poderia vir a causar danos irreparáveis, caso o uso
da água e a exploração florestal não fossem melhor regulamentados. Sendo assim, foi
criado o Código Florestal Brasileiro através da Lei nº 4.771/65, com o escopo de
preservar as florestas, regularizando a exploração dessas, a proibição da ocupação de
encostas íngremes e a determinação para que proprietários rurais mantivessem uma
parte da vegetação nativa de sua fazenda (Reserva Florestal Legal), de forma que em
todos os lugares fossem preservadas parte das matas existentes (VALLE, 2011).
A partir da década de 70, o conceito de gestão ambiental era diretamente
relacionado com a criação de reservas naturais, porém, estas áreas se tornavam custosa
para o Estado e consequentemente resultavam em abandono e negligencia por parte dos
governos (TOZI, 2007). Em 1973, foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente,
subordinado as políticas econômicas do Estado Militar, a qual era responsável por
analisar, planejar e gerir a problemática ambiental (TOZI, 2007). Em 1978, os
Ministérios das Minas e Energia e Interior criaram em conjunto o Comitê Especial de
Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas que teria como objetivo a realização de
pesquisas, acompanhamentos e classificação dos recursos hídricos do país afim de obter
33
uma exploração sustentável e minimizar possíveis danos ao meio ambiente
(BURSZTYN & ASSUNÇÃO NETA, 2001). Esse quadro foi modificado em 1981 com
a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (MMA, 1998).
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída em 1981 pela Lei
6938 tendo como objetivos a “preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental” (RUHOFF & PEREIRA, 2004; TOZI, 2007). Nestas condições, foram
adotados seis principais conceitos: i) o meio ambiente é patrimônio público a ser
preservado; ii) planejar e fiscalizar o uso de recursos naturais; iii) controle das
atividades com potencial poluidor; iv) incentivo a pesquisas com finalidades para o
desenvolvimento do uso sustentável e proteção dos recursos naturais; v) recuperação de
áreas degradadas; vi) inserção da educação ambiental em todas as categorias de ensino
(MMA, 1998).
Através da Constituição Federal de 1988, a União se tornava responsável por
estabelecer um sistema de gerenciamento específico de recursos hídricos, definindo
critérios de proteção e outorga de direito de uso das águas. Em 1990, para dar maior
suporte e fazer valer esses conceitos, foram criados o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)
(RUHOFF & PEREIRA, 2004). O SISNAMA pode ser definido como a integração de
diversos órgãos ambientais de todos os níveis, sejam eles órgãos federais, estaduais e
municipais, tendo como objetivo descentralizar a gestão ambiental e proporcionar uma
tomada de decisão democrática (TOZI, 2007). Já o CONAMA, é um órgão superior ao
SISNAMA e tem como objetivo uma participação na negociação ambiental, ou seja,
estabelecer normas, critérios e padrões para licenciamento ambiental e controle de
qualidade ambiental (TOZI, 2007).
A gestão dos recursos hídricos no Brasil começou a ser formulada durante a
ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, onde a ideia sobre uma gestão integrada de
recursos hídricos (GIRH), a qual tinha por finalidade uma gestão descentralizada,
integrada e participativa, foi amplamente debatida. Com propostas do modelo francês de
gerenciamento hídrico, que previa uma participação da sociedade na gestão das águas,
um sistema de cobrança e a implantação de um comitê e uma agência financeira
específica para uma bacia hidrográfica (JACOBI, 2009), foi instituída, em 1997, a Lei
9433/97, que deu origem ao Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
(SNGRH) e estabelecendo a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)
(POMPEU, 2006; SILVA et al., 2017).
34
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem como objetivo
principal implementar a PNRH, mas também fica responsável pela gestão integrada das
águas, administrar os conflitos, planejando, regulando e controlando o uso, a
preservação e a recuperação dos recursos hídricos e posteriormente promover a
cobrança pelo uso da água (PORTO & PORTO, 2008). Possui uma diversidade em sua
composição, contando com o conselho nacional de recursos hídricos federais e
estaduais, os comitês de bacia hidrográfica e a agência de águas.
A PNRH institui que a água é um bem de domínio público, a qual possui valor
econômico e seus usos prioritários são o abastecimento humano e a dessedentação de
animais (PORTO & PORTO, 2008). Para isso, tem como estratégias para assegurar a
disponibilidade de água, a implantação dos planos de recursos hídricos, que abrange a
prevenção e proteção contra eventos hidrológicos críticos, a produção e atualização de
sistemas de informação acerca dos recursos hídricos, o enquadramento dos corpos de
água, a outorga de direito de uso, a cobrança pelo uso da água e o direito a compensação
aos municípios (RUHOFF & PEREIRA, 2004; PORTO & PORTO, 2008).
A Lei 9433 torna cada região hidrográfica única, com uma abordagem
individual, respeitando suas particularidades e desenvolvendo métodos e mecanismos de
gestão específica, que variam de acordo com as condições e parâmetros observados
(BERNARDI et al., 2012). Essa lei reconhece a água como um bem finito e vulnerável,
a necessidade de implementar padrões de qualidade com a finalidade de assegurar a
disponibilidade futura e adota a bacia hidrográfica como unidade de planejamento
(RUHOFF & PEREIRA, 2004). A homologação da lei 9433/97 efetiva a gestão
descentralizada e participativa de órgãos públicos juntamente com os usuários das
comunidades e torna o Brasil um dos países com a legislação mais avançada do mundo
no setor de recursos hídricos (PORTO & PORTO, 2008).
Todos os instrumentos e princípios citados ainda se encontraram em fase de
implementação por Estados e municípios. A demora da aprovação da lei até a execução
se dá através das dificuldades consideráveis encontradas. Os principais obstáculos
envolvem a outorga, onde as concessões estão sendo executadas de maneira isolada dos
outros instrumentos; a escassez de critérios para instituir a cobrança pelo uso da água
justificada pela insuficiência de dados e a elaboração dos planos de recursos hídricos
que não envolvem a comunidade local (NASCIMENTO & CASTRO, 2016).
Com isso, em 2001, foi criada a Agencia Nacional de Águas (ANA), com o
objetivo de promover e complementar a estrutura institucional da gestão de recursos
35
hídricos do país e tornar operante a política nacional de recursos hídricos, efetuando o
poder outorgante de fiscalização e de cobrança pelo uso da água (PORTO & PORTO,
2008).
Considerando o quinto item do artigo 1º da Lei 9344/97, as bacias hidrográficas
são classificadas como unidades territoriais para gestão de recursos hídricos. Afim de
adequar as necessidades hídricas de acordo com sua configuração física e características
locais, foram definidos critérios de divisão regional no país chamado de Regiões
Hidrográficas para um melhor planejamento de cada bacia (PORTO & PORTO, 2008).
O Brasil foi então dividido em 12 principais regiões hidrográficas (Figura 2) de acordo
com critérios hidroambientais, socioeconômicos e político-institucionais (ANA, 2006).
Figura 2: Principais regiões hidrográficas do Brasil.
36
No Estado do Rio de Janeiro, este mesmo critério foi adotado e por seguinte as
regiões hidrográficas foram divididas, resultando em 9 regiões (Figura 3).
Figura 3: Principais regiões hidrográficas do Rio de Janeiro.
37
plano de recursos hídricos proposto, da implantação da cobrança e sua precificação
(PORTO & PORTO, 2008).
Os Comitês são responsáveis também por avaliar a qualidade da água, monitorar
processos de situação e recuperação ambiental e formar um entendimento sobre os
recursos naturais da bacia (RUHOFF & PEREIRA, 2004). Para isto, são utilizados
diversos indicadores de controle de atividades antrópicas, do estado do meio ambiente e
das qualidades de programas sustentáveis para preservação ambiental (RUHOFF &
PEREIRA, 2004).
Um dos grandes obstáculos que os Comitês de Bacia Hidrográfica possuem são
os conflitos de interesse. A descentralização da gestão dos recursos hídricos é complexa
e em níveis locais, ela encontra dificuldades em sua viabilização, principalmente em
problemas que tangem a gestão territorial e administrações insatisfatórias.
38
A avaliação da disponibilidade hídrica e do comportamento hidrológico de
pequenas e microbacias hidrográficas também se tornam necessárias para fins de melhor
aproveitamento de recursos hídricos, visando a preservação ambiental e a formalização
de outorga de uso dos recursos hídricos (SILVEIRA & TUCCI, 1998). Contudo, por
falta de um monitoramento constante e adequado e praticamente inexistente no Brasil, a
maioria dos dados sobre disponibilidade hídrica de uma pequena bacia hidrográfica é
admitida por meio de informações de grandes bacias (SILVEIRA & TUCCI, 1998;
TUCCI et al., 2000).
4. ÁREA DE ESTUDO
A Bacia Hidrográfica do Rio Piraí tem sua nascente localizada no Estado do Rio
de Janeiro, na microrregião do Vale do Paraíba Fluminense, no município de Rio Claro,
mais precisamente no distrito de Lídice e percorre as cidades de Rio Claro, Piraí e Barra
do Piraí até desaguar no Rio Paraíba do Sul, totalizando 1034 km² de área de drenagem
(ARAÚJO et al., 2009). Seu curso possui duas alterações significativas, sendo uma a
inversão do curso do rio seguida da transposição de parte das águas do Rio Paraíba do
Sul à jusante na cidade de Barra do Piraí-RJ, alterando a foz do Rio Piraí e a segunda,
alvo deste estudo, que é o desvio de suas águas através de um túnel conhecido como
Túnel de Tócos, que por sua vez, possui a finalidade de abastecer o Reservatório de
Ribeirão das Lajes (CABRAL, 2006).
O trecho alvo deste estudo é descrito como microbacia hidrográfica do Rio Piraí
à montante do Túnel de Tócos, a qual possui cerca de 90 km² de área de drenagem,
ocupando cerca de 12% dos 846 km² de área total do município de Rio Claro (Figura 4).
A população estimada total do município de Rio Claro é de 18677 habitantes, nos quais
aproximadamente 6000 habitantes, usufruem diretamente das águas disponibilizadas
nesta microbacia (IBGE, 2021).
As águas desviadas do Rio Piraí, na altura do túnel de Tócos, integra o
Subsistema Lajes (composto pelo reservatório de Lajes e pela Usina Fontes Nova) e são
responsáveis por 96% das águas que chegam até o reservatório de Ribeirão das Lajes.
Estas águas chegam no Reservatório de Lajes através de um túnel com 8,5 km de
extensão e com uma vazão de 12 m³.s-1. O desvio de parte das águas do Rio Piraí
39
através deste túnel foi realizado com o objetivo de aumentar a disponibilidade hídrica
do reservatório de Ribeirão das Lajes (LIGHT, 2011).
O reservatório de Lajes, por sua vez, tem importância estratégica para o
município do Rio de Janeiro e seus municípios adjacentes, para a geração de energia e
reserva hídrica estabelecida pelo setor elétrico podendo abastecer a região metropolitana
do Rio de Janeiro por cerca de 8 dias em caso de interrupção no bombeamento em Santa
Cecília ou acidente no Rio Paraíba do Sul (SONDOTÉCNICA/ANA, 2006;
GEOPROJETOS, 2007).
Figura 4: Mapa de Localização da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos.
4.2 Hidrografia
40
A Bacia Hidrográfica do Rio Piraí está localizada na Região Hidrográfica do
Atlântico Sudeste, em termos de divisão nacional. Esta bacia está inserida na Bacia do
Rio Paraíba do Sul, que por sua vez, é setorizado em cinco partes, estando a Bacia do
Rio Piraí situada no setor Médio Paraíba do Sul. No entanto, o trecho à montante do
Túnel de Tócos tem suas águas são administradas pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do
Rio Guandu, na Região Hidrográfica II do Estado do Rio de Janeiro (Figura 5).
41
transposição. Além disso, possui uma característica que pode vir a afetar seu fluxo e sua
vazão. No trecho à montante do Túnel de Tócos, a diferença entre a rede de drenagens
no período seco e no período chuvoso é bastante significativa, sendo justificada pelo
alto número de córregos intermitentes (Figura 6).
Figura 6: Comparação entre a rede de drenagens em período chuvoso e seco da
Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí até o túnel de Tócos.
4.3 Clima
42
temperatura como subquente, ficando entre 15 a 18ºC em pelo menos um mês (Figura
7).
Figura 7: Mapa do clima da área da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de
Tócos.
As estações pluviométricas com séries de dados mais longas são de Lídice, UHE
Vigário e UHE Santa Cecília, que são caracterizadas por uma temperatura média anual é
de 21.5ºC, precipitação média anual de 1756 mm com média mensal de 146 mm, com
máxima de 301 mm e mínima de 41 mm (Figura 8).
43
Figura 8: Precipitação mensal média e médias das temperaturas máximas e mínimas
mensal.
Fonte: INMET.
44
é a água que deixa de ser evapotranspirada no período seco, enquanto o EXC se refere a
água sujeita a infiltração, percolação e/ou escoamento superficial no período chuvoso.
Figura 9: Balanço hídrico da série histórica da Microbacia do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos.
4.4 Geologia
45
Neoproterozóico e o Cambriano (880 Ma – 480 Ma) com orientação nordeste-sudoeste,
abrangendo uma área que vai da Bahia até o Uruguai (ALMEIDA et al., 1981;
HEILBRON et al., 2004). Essa província geotectônica é dividida em três setores:
setentrional, meridional e central, esta última onde está localizada a área de estudo
(HEILBRON et al., 2004).
A parte central da Província Mantiqueira é dividida em duas faixas: Faixa
Brasília e Faixa Ribeira. A região do Rio Piraí está situada na Faixa Ribeira, um
complexo cinturão de dobramentos, empurrões, falhas e zonas de cisalhamento que se
estende por aproximadamente 1400 km (HEILBRON et al., 2000). Essa faixa tectônica
é formada por gnaisses e granitos gerados principalmente durante o Ciclo Brasiliano,
porém existe a presença de rochas metavulcanossedimentar e metassedimentares
(HASUI et al., 1975; ALMEIDA et al., 1981; HEILBRON et al., 2000).
A geologia local da microbacia tem como principal constituinte o Grupo Raposo
– Unidade Conservatória, no entanto, diversas litologias influenciam na composição
desta microbacia hidrográfica (Figura 10).
O Grupo Raposo – Unidade Conservatória é composto principalmente por
granada-biotita gnaisse e sillimanita-granada-biotita gnaisse bandado e lentes de rochas
calcissilicáticas, além de intercalações de anfibolito e quartzito (HEILBRON et al.,
2016). Inserido neste grupo, está o Complexo Graminha, um corpo lenticular gerado
pela fusão parcial dos granulitos do Complexo Juiz de Fora e composto por hornblenda
ortognaisse porfiróide com enclaves de rochas básicas e biotita granito foliado
(MACHADO et al., 1996).
Em sua porção sul, a microbacia hidrográfica tem como principal litologia o
Complexo Juiz de Fora, com formações constituídas por gnaisses em sua maior parte e
em menor quantidade, rochas metabásicas, granitos colisionais e granitóides
calcioalcalinos (HEILBRON et al., 2004; HEILBRON et al., 2010). Existe também em
uma pequena parcela, o Complexo Rio Negro, uma litologia constituída por
ortognaisses (tonalitos a granitos cálcio-alcalinos e gabros), metadioritos,
metagranitóides e granitoides homogêneos (HEILBRON et al., 2008).
Em alguns trechos do Rio Piraí com traçados mais acentuados, encontram-se
depósitos aluvionares quaternários recentes, compostos por areia, siltes e argilas
resultantes de processos de erosão, transporte e deposição a partir de diferentes
litologias (NEGRÃO et al., 2015).
46
Figura 10: Mapa Geológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos.
4.5 Geomorfologia
47
Na região da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos, é possível
identificar dois principais atributos geomorfológicos: domínio montanhoso e escarpas
(Figura 11). Ambos apresentam altitudes significativas e vales com partes planas.
Figura 11: Mapa Geomorfológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.
4.6 Declividade
49
O mapa de declividade foi gerado em porcentagem definindo cinco classes, que
variam de plano a montanhoso, seguindo a classificação da EMBRAPA (2009), onde as
classes foram separadas da seguinte forma:
0 – 3% (plano);
3 – 8% (suave ondulado);
8 – 20% (ondulado);
20 – 45% (forte ondulado);
45 – 75% (montanhoso);
> 75% (escarpado).
A região da microbacia foi caracterizada, em sua maior parte como uma
declividade de ondulado a forte ondulado (Figura 12).
4.7 Altimetria
50
Figura 13: Mapa de declividade da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.
51
levando em consideração parâmetros como relevo e solos (Figura 14). Na região
Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos, os resultados apresentados para
a favorabilidade hidrogeológica corroboram as interpretações geomorfológicas e
pedológicas.
Figura 14: Mapa de Favorabilidade Hidrogeológica da Microbacia do Rio Piraí à
montante do Túnel do Tócos.
53
Figura 15: Mapa Pedológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.
54
como agropecuária, mineração, ações industriais e especulação imobiliária (MYERS et
al., 2000; CICCHI et al., 2009).
Sua vegetação original é dominada pela transição entre floresta ombrófila densa
e floresta estacional semidecidual, porém ambas já sofreram grande processo de
fragmentação florestal, principalmente nas áreas mais baixas e planas. Essas áreas
foram transformadas em pastagens ou aproveitadas para a plantação de culturas, como
hortaliças, banana, cana de açúcar entre outros (Figura 16).
Figura 16: Mapa de Cobertura Vegetal da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel
do Tócos.
A Floresta Ombrófila Densa é caracterizada por ter uma mata sempre verde,
vegetação arbustiva com presença de árvores medianas de até 15 metros, com exceções
que podem ultrapassar os 40 metros de altura e está condicionada a contexto climáticos
que envolvem temperaturas elevadas, acima de 20ºC, e altas precipitações distribuídas
durante o ano (VELOSO et al., 1991; OLIVEIRA FILHO, 1994). Geralmente, o
latossolo é o tipo de solo dominante em regiões com esse tipo de vegetação.
55
Já a Floresta Estacional Semidecidual é caracterizada pela presença de árvores
maiores de 20 metros, grande quantidade de plantas trepadeiras e localizada em
ambientes com menos umidade do que a Ombrófila Densa (VELOSO et al., 1991). Está
relacionada também a cenários climáticos tipificado por duas estações bem definidas.
Uma é a tropical, com chuvas intensas no verão e a outra é a subtropical, com períodos
restritos de seca e temperaturas mais frias. Nessa categoria de cobertura vegetal, os
solos predominantes são o argissolo e o latossolo.
Figura 18: Mapa de Uso e Ocupação do Solo Microbacia do Rio Piraí à montante do
Túnel do Tócos.
58
-do processos erosivos e intensificando o carreamento de pesticidas, fertilizantes e
inseticidas (MILLER, 2007; SANTOS, 2009; CARVALHO et al., 2009).
A principal atividade de pecuária é a criação de aves (galos, frangos, galinhas e
pintos), devido a instalação no município de grandes granjas, como o caso da RICA
(Rica Reginaves Indústria e Comércio de Aves). O efetivo de bovinos também é alto,
justificando a grande ocupação do município com áreas de pastagem.
Em relação à agricultura, o produto com maior valor de produção na região foi a
banana, com cerca de 400 ha de área cultivada. Já entre os produtos identificados como
de lavoura temporária se destaca a cana-de-açúcar (cerca de 120 ha), os cultivos de
feijão (com 200 ha) e milho (com 150 ha) (IBGE, 2017).
Cabe ressaltar que o município de Rio Claro correspondeu a segunda maior
arrecadação de ICMS verde do Estado do Rio de Janeiro em 2011 e terceira no ano de
2015. Segundo a Lei Estadual 5.100/2007, os componentes ambientais (gestão
ambiental, preservação florestal, índices de qualidade da água, controle de resíduos
sólidos) são incorporados ao cálculo de repasse do ICMS e pontuados de acordo com
execução e otimização. É um incentivo do Estado no qual corrobora a importância da
gestão ambiental para o melhor desenvolvimento local e regional.
Em relação as atividades socioeconômicas, segundo dados do IBGE (2010), o
município de Rio Claro possui uma densidade demográfica de 20,81 hab/km², nível de
escolarização entre 6 a 14 anos de 97,7%, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
de 0,683 e um PIB per capita de aproximadamente 21 mil reais. Também de acordo com
esse levantamento, 65% da sua área possui esgotamento sanitário adequado e 37% de
suas vias públicas são urbanizadas com algum tipo de calçamento. Sua economia é
baseada em produção primária, com uma expressiva pecuária, além do cultivo de
produtos de subsistência e de hortaliças.
5. MATERIAIS E MÉTODOS
59
diagnóstico ambiental e sugerir soluções através de um plano de gestão de recursos
hídricos.
A pesquisa bibliográfica foi feita analisando estudos publicados e materiais
cartográficos da região, além de dados obtidos através do Comitê das Bacias
Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim, organização esta que é
responsável pelo monitoramento, diagnóstico e soluções hierarquizadas deste trecho da
microbacia.
Nessa primeira etapa, para análise da precipitação da microbacia, foi construída
uma série histórica de precipitação pluviométrica média mensal dos anos amostrados do
município de Piraí com dados disponíveis na plataforma on-line HIDROWEB da
Agência Nacional de Águas (ANA). Os dados foram extraídos de duas estações
pluviométricas que abrangem a área de estudo: UHE Nilo Peçanha Lídice – 58335000 e
UEL Vigário Passa Três – 2244107. Ambas as estações não possuem nenhum registro
sobre evapotranspiração.
A amostragem de campo foi dividida em três períodos sazonais, caracterizando
um período seco, um período chuvoso e um período de transição do seco para o
chuvoso, ao longo de três anos não sequenciais. Estas campanhas tiveram como
finalidade a coleta de amostras de água superficial, observação in situ de características
geológicas, geomorfológicas, pedológicas, ocupação do solo e cobertura vegetal.
Por sua vez, a etapa laboratorial compreendeu a preparação das amostras
coletadas em campo para as respectivas análises químicas. A etapa final foi
fundamentada com base nos resultados obtidos pelas análises laboratoriais, sendo
interpretada em conjunto com as informações adquiridas tanto na pesquisa bibliográfica
como nas observações de campo. Esse conjunto de dados e informações passou por
técnicas estatísticas univariadas, bivariadas e multivariadas, tais como correlações,
diagramas e equações, gerando gráficos, modelos geoquímicos e elaboração de mapas
temáticos.
60
próximo a nascente, passando pelo distrito de Lídice até o Reservatório de Tócos, onde
está localizado o Túnel de Tócos (Figura 19).
Figura 19: Distribuição espacial dos pontos de amostragem.
61
transição entre o seco e chuvoso, respectivamente, ao longo de 3 diferentes anos: 2012,
2016 e 2019.
Os principais critérios de seleção, detalhes relevantes e de potencial crítico em
relação aos pontos monitorados (Figuras 20-24) foram os seguintes:
P1 – Ponto mais próximo da nascente do Rio Piraí. Localmente conhecido como Rio
das Pedras. Presença de canais de contribuição fluvial que passam por dentro de granjas
de alta produção, áreas de pecuária próximas ao leito principal e solo exposto nas
margens.
Figura 20: Presença de granjas e degradação de margens no P1.
62
P3 – Este ponto apresenta uma correnteza mais forte devido a quedas d’água e mais a
jusante do ponto, o Rio Piraí encontra com o Rio do Braço, afluente com águas com
níveis muito baixos de eutrofização. É observado uma criação de gado leiteiro e búfalos
as margens do rio. Essas margens, por sua vez, estão completamente degradadas. Nos
morros adjacentes vistos ao longo de suas margens, há falta de vegetação e solo exposto
com presença de ravinas.
Figura 22: Criação de búfalos nas margens expostas e presença de ravinas nos morros
adjacentes.
63
P5 – Este ponto está localizado na planície de inundação conhecida como Reservatório
de Tócos, próxima ao Túnel de Tócos. Grande área com exposição de solo com trechos
desmatados para expansão de pastos. Há também a presença de diversos tipos e
tamanhos de dejetos antrópicos. Uma das características relevantes do local é a
mudança brusca em relação aos períodos sazonais.
Em épocas de estiagem, o volume diminui consideravelmente, deixando a
planície com grandes áreas expostas, enquanto nas épocas chuvosas, a área alagada se
expande e em alguns locais ultrapassa as margens.
Além destas áreas amostradas, existem outros pontos com uma considerável
influência sobre as águas do Rio Piraí, como extração de areia do fundo do leito (A)
entre os pontos P3 e P4, desmatamento da vegetação natural para expansão de pastos
(B) bem próximo ao P5 e também para ampliação da silvicultura (C) também próximo
ao P5 (Figura 25).
64
Figura 25: Extração de areia do fundo do leito (A); Desmatamento da vegetação natural
para expansão de pastos (B); e Ampliação da silvicultura (C).
65
SO42-, Na+, K+, Ca2+, Mg2+) foi utilizado ácido nítrico (HNO3) suprapuro com o objetivo
de acidificar as amostras a pH<2, o que aumenta o limite de conservação da água.
Para medições in situ foram utilizados uma sonda multiparamétrica da marca
modelo HANNA HI9828, onde foram obtidos os parâmetros físico químicos:
temperatura (ºC), condutividade elétrica (CE – μS/cm), oxigênio dissolvido (OD –
mg/L), potencial hidrogeniônico (pH) e clorofila (ug/L), além de um turbidímetro
modelo PoliControl AP2000. Ambos os aparelhos foram calibrados anteriormente a ida
a campo.
A trena foi utilizada para a medida da profundidade, onde um chumbo de pesca
foi lançado em 5 locais diferentes do ponto de amostragem (um no meio e dois em cada
lateral) e para medir a largura do canal de uma margem a outra.
Seguindo a metodologia proposta por Santos et al., (2001) e Collischonn (2005)
(Figura 26), onde a medida da vazão é fundamental para o entendimento da dinâmica
fluvial, foi necessário o uso de um molinete digital que forneceu a velocidade média (V)
do fluxo de água e juntamente com as medidas de profundidade das seções (H) e
largura (L), foi calculada a vazão (Q) de acordo com a Equação 1:
Q (m³/s) = L (m) x H (m) x V (m/s)
Equação 1: Cálculo de Vazão.
Figura 26: Medição de vazão em uma seção do rio com indicações das profundidades e
distâncias horizontais e verticais.
66
de filtração com auxílio de uma bomba a vácuo, sendo utilizados filtros de membrana
de celulose com abertura de poros de 0,45 µm e diâmetro de 47 mm.
As amostras filtradas foram encaminhadas para a determinação dos ânions (F- ,
Cl- , Br-, NO3- , PO43- , SO42- ) e cátions (Na+, NH4+, K+, Ca2+, Mg2+) por cromatografia
iônica da marca Metrohm (Modelo 850 Professional) com metodologia padrão do
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (Method 9056a) e de
sílica (SiO2) por colorimetria, seguindo a metodologia descrita por Grasshoff et al.,
(1983), utilizando o equipamento Instrutherm (Modelo UV-2000A).
Os filtros utilizados na filtragem da água coletada passaram por tratamento
prévio, sendo descontaminados com banho com 10% de ácido nítrico durante uma hora,
secos a uma temperatura de cerca de 50ºC em uma estufa e quando totalmente secos,
transferidos para um dessecador. Após isso, eles foram pesados e recolocados no
dessecador. As amostras foram filtradas até o filtro ficar saturado de material.
Ao final, foi registrado o volume total filtrado, enquanto os filtros foram
devidamente secos e novamente pesados. Para se ter a concentração de sólidos
suspensos totais, o peso final do filtro foi diminuído do peso inicial e dividido pelo
volume de água filtrado.
A alcalinidade total foi determinada utilizando o método da técnica com
fenolftaleína e, considerando a variabilidade de pH das águas fluviais, entre 4,5 a 8,5,
onde o bicarbonato é o ânion mais representativo para alcalinidade, adotou-se para o
presente estudo que a alcalinidade representou HCO3- (CHAPMAN & KIMSTACK,
1992).
Para a determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio, utilizou o método da
NBR 12614, a qual consiste na determinação do Oxigênio Dissolvido (OD) em uma
amostra e após um período de 5 dias de incubação desta amostra, a uma temperatura de
20ºC e sem nenhuma exposição de radiação luminosa, mede-se novamente o OD. Estas
amostras foram coletadas em recipientes de vidro borosilicato envolvidos em papel
laminado e com seu volume totalmente preenchido, a fim de evitar bolhas de ar no seu
interior.
Com o objetivo de quantificar bactérias do grupo Coliformes, foi usado o
método Colilert (patenteado por IDEXX Laboratories), que consiste na utilização da
tecnologia do substrato definido para determinação de coliformes totais em água natural
ou tratada. É uma metodologia que emprega açucares e radicais orgânicos, fazendo com
que microrganismo produzam uma fluorescência dentro do sistema.
67
A coleta é feita utilizando um frasco de polipropileno de 100 ml que recebe o
meio Colilert e em laboratório, o frasco é distribuído em uma cartela (Quanti-
Tray/2000), posteriormente selada e incubada durante 24 horas a uma temperatura de
35ºC. Após esse período, a cartela é exposta a uma luz ultravioleta, sendo contabilizado
os cubos amarelos para coliformes totais e o número obtido mais provável (NMP) é
sobreposto a uma tabela de probabilidade.
68
pode ter sido causado por íons com concentração consideráveis não analisados ou por
erros sistemáticos relacionados à instrumentação, calibração, etc.
O cálculo do balanço iônico e seus erros analíticos tem por objetivo constatar a
adequabilidade dos resultados laboratoriais obtidos. O somatório das concentrações, em
meq/L, de cátions e de ânions devem ser semelhantes, atingindo um desvio percentual
entre 5 a 10% (FEITOSA et al., 2008). Descartando erros e interferências nas etapas de
amostragem e laboratorial, foi utilizado a Equação 2 proposta por Barzegar et al.,
(2018).
69
Mg+2, Ca+2) e aniônicos (HCO3-, SO4-2, Cl-) dividindo-os em três campos de plotagem,
sendo dois triângulos menores e um losango maior, sendo o losango representando um
domínio químico total da água através da intersecção entre os dois triângulos menores
(Figura 27). (BACK, 1966).
O tipo químico da água pode ser classificado como: água bicarbonatada cálcica
ou magnesiana, água bicarbonatada sódica, água cloretada ou sulfatada sódica, água
cloretada ou sulfatada cálcica ou magnesiana. O diagrama foi desenvolvido e construído
através do software DIAGRAMMES.
Figura 27: Representação do Diagrama de Gibbs.
70
A partir dos parâmetros plotados no diagrama, podem ser obtidos 8 modelos de
processos hidrogeoquímicos das águas superficiais (Figura 28), que são: (1) alcalinos
terrosos excedem metais alcalinos; (2) metais alcalinos excedem alcalinos terrosos; (3)
ânions ácidos fracos excedem ânions ácidos fortes; (4) ânions ácidos fortes excedem
ânions ácidos fracos; (5) domínio de íons Ca2+, Mg2+ e HCO3- (água com dureza
temporária); (6) domínio de íons Ca2+, Mg2+ e Cl- (água com dureza permanente); (7)
domínio de íons Na+ e Cl- (água com problema de salinidade para uso doméstico e/ou
irrigação); (8) domínio de íons Na+ e HCO3- (águas com excessivos problemas para uso
doméstico).
Figura 28: Representação do Diagrama de Chadha.
71
a troca reversa é a substituição de íons de cálcio e magnésio nas argilas por íons de
sódio presente na água (BARZEGAR et al., 2018).
72
O Percentual de Sódio (%Na), representada pela Equação 4, indica a
porcentagem de sódio solúvel em água (AHAMED et al., 2015). Uma alta %Na pode
causar a dispersão de partículas de argila, danificando a estruturação e permeabilidade
dos solos (KUMAR et al., 2007; BOZDAĞ & GÖÇMEZ, 2013). De acordo com
Wilcox (1955), as águas de irrigação com base na porcentagem de sódio são divididas
em excelentes, boas, permissíveis, duvidosas e inadequadas.
73
5.3.7 Índice de qualidade de água (IQA)
74
Contudo, a avaliação da qualidade da água por meio do cálculo do IQA pode
apresentar limitações, já que o índice não pondera alguns parâmetros importantes que
podem vir a ser prejudiciais, como por exemplo metais pesados, pesticidas e patógenos.
75
responsáveis pelas alterações na química da água.
Além dos fatores identificados pelos resultados da análise fatorial, é possível
identificar os scores. Os scores funcionam como uma medida de importância de cada
fator na caracterização de cada amostra. Os scores são uma média ponderada das
variáveis observadas em cada um dos pontos amostrados, onde os pesos são dados
justamente através das cargas fatoriais. Esses scores representam uma estimativa das
contribuições dos fatores à cada elemento original e podem ser utilizados na
classificação de amostras. Os scores são padronizados para que tenham uma média de 0
e um desvio-padrão de 1.
As análises fatoriais foram realizadas por meio do software STATISTICA 10,
utilizando a metodologia de extração de componentes principais e o método de rotação
varimax normalized. Foram selecionados os autovalores superiores a 0,5 ou inferiores a
-0,5 para a interpretação hidrogeoquímica dos resultados.
76
medida na desembocadura do rio, dada em m³/s, S é o tempo médio do período
amostrado (1,0368.107 s – 4 meses) e A é a área da bacia hidrográfica (90km²).
D=
6. HIDROGEOQUÍMICA
77
Tabela 3: Série histórica de precipitação e temperatura média mensal dos períodos
amostrados.
Precipitação (mm) Temperatura (ºC)
Mês / Ano
2012 2016 2019 2012 2016 2019
78
No ano de 2019, o volume de chuvas no verão decaiu significativamente, com
ocorrências mais volumosas nos meses de setembro e outubro, como pode ser
observado também na Figura 30. Essa redução significativa no volume de chuvas ao
longo desses anos, pode vir a afetar a manutenção das águas da represa a qual a
microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos abastece.
O resultado pode ser observado na Figura 31, onde no ano de 2012, houve um
grande volume de excedente hídrico com começo no mês de agosto e atingindo seu pico
em dezembro e decaindo a partir do meio de janeiro até ficar em um limite entre
fevereiro e final de julho, com uma variação muito baixa entre excedente e déficit. Esse
déficit ocorre entre meio de abril e meio junho.
79
hídrico, corroborado pelos menores volumes de precipitação neste intervalo de março a
julho.
80
5.3.3 Vazão
81
Figura 32: Vazões dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019.
82
Mín 21,5 102,86 6,38 4,38 8,01 220 1,02 158,25 14,23 1,1
Máx 27,36 139 6,56 6,93 99,8 2419 3,58 213,85 53,12 3,9
Fevereiro
Média 23,64 125,64 6,45 5,77 34,25 1488 2,17 193,29 33,56 2,72
DesvPad 2,43 15,12 0,07 1,01 37,08 824 0,93 23,27 15,37 1,22
Mín 17,31 141,05 6,84 3,89 13,53 450 3,08 217 12,61 0,4
Máx 19,43 223,22 7,35 7,5 46,2 1940 4,85 343,42 36,54 4,7
2016 Junho
Média 18,03 178,3 7,03 5,87 27,64 1360 3,81 274,31 25,13 1,64
DesvPad 0,82 29,81 0,22 1,56 14,41 590 0,68 45,86 9,88 1,85
Mín 23,3 115,02 7,25 5,02 22,42 350 2,33 176,95 2,14 0,2
Máx 34,36 239,57 7,6 6,63 49,17 2419 3,81 368,57 46,88 8,6
Outubro
Média 28,66 178,58 7,4 5,96 34,57 1646 3,13 274,74 31,71 2,48
DesvPad 4,05 46,59 0,14 0,58 9,57 815 0,56 71,67 18,45 3,46
Mín 21,97 85,14 4,97 8,1 12,46 278 5,25 130,98 11,35 0,9
Máx 23,8 127,88 6,46 9,14 64,42 2419 7,91 196,73 35,67 2,6
Fevereiro
Média 22,73 108,43 5,74 8,59 31,8 1609 6,15 166,82 22,04 1,96
DesvPad 0,72 17,27 0,55 0,42 19,61 871 1,06 26,58 8,9 0,76
Mín 17,47 115,82 6,33 6,85 11,26 280 1,78 178,18 12,18 0,3
Máx 20,3 203,99 6,64 7,72 42,11 2050 3,57 313,84 32,57 4,3
2012 Junho
Média 19,09 159,97 6,49 7,19 24,85 1404 2,7 246,11 21,02 1,44
DesvPad 1,08 32,59 0,13 0,33 12,76 753 0,76 50,14 8,85 1,74
Mín 20,9 108,63 5,51 5,73 19,51 260 1,92 167,13 1,55 0,2
Máx 23,03 216,62 6,97 7,2 67,22 1980 3,98 333,26 38,74 7,3
Outubro
Média 22,07 166,7 6,32 6,54 34,26 1132 3,16 256,46 15,88 2,12
DesvPad 1,03 40,68 0,55 0,55 19,16 811 1,04 62,59 14,91 2,92
5.3.3.1 pH
83
apresentados na Figura 33, os resultados oscilaram entre 4,97 no P1 em fevereiro de
2012 a 8,46 também no P1 em junho de 2019.
A grande maioria dos pontos ao longo dos períodos de amostragem
apresentaram-se dentro do intervalo proposto pelo CONAMA, sendo então enquadrados
como rios de classe 1, categoria destinada a águas com condição de abastecimento
público com tratamento simplificado.
Figura 33: Valores de pH dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.
84
É sabido que valores mais ácidos estão associados, principalmente, a ambientes
com maior decomposição de matéria orgânica e valores mais básicos com
concentrações mais elevadas de bicarbonato. Esse aumento do pH pode estar
relacionado a influência sazonal e atividades antrópicas desenvolvidas no entorno, que
estão sendo cada mais ampliadas e também pelo melhoramento das práticas
desenvolvidas nas granjas próximas ao P1, com a redução do aporte de elementos
químicos e maior controle e tratamento sobre essas emissões.
5.3.3.2 Temperatura
85
Figura 34: Valores de temperatura dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.
86
85,14 μS/cm e Fevereiro/2016 de 102,86 μS/cm. As maiores medidas de condutividade
ocorreram todas no P5, sendo de 254,55 μS/cm em outubro de 2019 a maior delas,
enquanto os menores resultados foram no P1 de 85,14 μS/cm em fevereiro de 2012. A
partir dos resultados de desvio padrão de cada campanha, observou-se que a
condutividade apresentou uma variação significativa entre as campanhas.
Figura 35: Valores de CE dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.
87
5.3.3.4 Oxigênio dissolvido
88
Figura 36: Valores de OD dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.
89
temperatura da água aumentam a solubilidade do OD. O aumento da precipitação e da
vazão também auxiliam nesse aumento.
5.3.3.5 Turbidez
90
Figura 37: Valores de turbidez dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.
Os resultados de STD oscilaram entre 130,98 a 391,62 mg/L, com média de 246
mg/L (± 60,89 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios mais elevados de STD
ocorreram nos meses de junho e outubro de 2019, de 287,47 mg/L (± 46,61 mg/L) e
290,57 (± 72,7 mg/L), respectivamente. As menores concentrações médias foram
registradas em fevereiro/2012 de 166,82 mg/L (± 26,58 mg/L) e fevereiro/2016 de
193,29 mg/L (± 23,27 mg/L).
92
Os meses de período seco (junho) apresentaram altas concentrações, chegando a
máximas de 360 mg/L, enquanto nos períodos chuvosos (fevereiro), tiveram as menores
concentrações, com mínimas no P1 de 130 mg/L, em razão de processos de diluição
causados pela precipitação pluviométrica. Já o período de transição apresentou
concentrações intermediárias entre os períodos secos e chuvosos, porém, em alguns
pontos, atingiram máxima de 392 mg/L. Observou-se também um comportamento
crescente na concentração dos STD com o aumento da vazão em direção a jusante.
Foi possível constatar em campo que ao longo do rio existem diversos processos
que influenciam diretamente na concentração de STD. Processos erosivos ocasionados
principalmente por mineração de areia de origem fluvial e manejo inadequado de
pastagens. A retirada da vegetação das margens tanto para extração de areia, como para
manejos de áreas agrícolas e de pastagens causam diversos problemas na qualidade da
água. O preparo do solo, abertura e manutenção de estradas e uso frequente de fogo para
limpeza de vegetação são alguns processos que levam a diminuição da permeabilidade
do solo e aumenta o volume de escoamento superficial, como resultado há o aumento da
concentração de STD (VON SPERLING, 1996; ALLAN & CASTILLO, 2007).
93
no meio aquático e estimular o surgimento de microrganismos nocivos (PÁEZ-OSUNA,
2003).
As concentrações de SST oscilaram de 1,55 a 77 mg/L, com média de 24,60
mg/L (± 14,98 mg/L, desvio padrão) (Figura 39). O resultado médio de SST encontrado
em fevereiro/2016 de 33,56 mg/L (± 15,37 mg/L, desvio padrão) foi superior às demais
campanhas. As menores médias ocorreram em outubro de 2012 com 15,88 mg/L (±
14,91 mg/L, desvio padrão) e junho de 2012 com 21,02 mg/L (± 8,85 mg/L, desvio
padrão).
Figura 39: Valores de SST dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.
94
A microbacia em estudo é bastante influenciada por culturas agrícolas, além de
regiões com extração de areia e descarte de efluentes domésticos diretos, como já
citado. Esses fatores influenciam no aumento da concentração de SST. A região também
apresenta relevo irregular, com encostas íngremes e cortes de estrada as margens do rio,
isso oferece maiores possibilidades de erosão, fazendo com que o carreamento de
material para as drenagens seja mais intenso.
96
inexistência de coliformes totais para que esta água esteja dentro dos padrões
microbiológicos de potabilidade (BRASIL, 2004).
Figura 41: Valores de Coliformes dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.
97
5.3.3.10 Clorofila-a
98
Figura 42: Valores de Coliformes dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.
99
Tabela 5: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos
parâmetros físico químicos.
HCO3- F- Cl- Br- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2
Ano Mês Valores
mg/L
Mín 165 0,1 0,46 0,15 0,1 0,01 0,24 1,11 0,19 0,32 1,47 0,14
Máx 211 0,8 4,21 0,23 0,71 0,01 1,27 4,19 0,21 1,31 2,71 0,71
Fevereiro
Média 194,2 0,3 2,52 0,2 0,47 0,01 0,81 2,61 0,2 0,97 1,89 0,53
DesvPad 19,3 0,3 1,45 0,03 0,26 0 0,39 1,19 0,01 0,38 0,49 0,23
Mín 206 0,13 2,1 1,3 0,5 0,01 0,54 2,64 0 0,83 1,57 0,69
Máx 334 0,9 3,22 1,74 0,69 0,09 1,01 9,44 0,26 1,95 11,9 1,68
2019 Junho
Média 264 0,3 2,56 1,52 0,63 0,03 0,8 4,86 0,05 1,23 5,79 1
DesvPad 46,7 0,34 0,44 0,2 0,08 0,03 0,17 2,85 0,11 0,48 4,65 0,39
Mín 176 0,12 1,14 0,75 0,03 0,02 0,32 2,12 0,07 0,85 1,79 0,68
Máx 361 0,18 4 1,2 0,78 0,33 0,84 6,81 0,13 2,13 11,05 2,37
Outubro
Média 268,8 0,13 2,45 0,91 0,25 0,16 0,66 4,19 0,1 1,27 4,38 1,13
DesvPad 68,4 0,03 1,08 0,17 0,31 0,13 0,21 1,81 0,02 0,55 4,02 0,71
Mín 145 0,07 1,57 0,14 0,18 0,01 0,33 1,27 0,07 0,8 1,33 0,35
Máx 202 0,48 2,82 0,2 0,29 0,01 0,82 3,88 0,14 1 2,52 0,62
Fevereiro
Média 181 0,19 2,18 0,17 0,22 0,01 0,61 2,45 0,1 0,91 1,8 0,51
DesvPad 23,2 0,17 0,46 0,02 0,04 0 0,19 0,97 0,03 0,1 0,46 0,11
Mín 194 0,13 2,28 1,12 0,1 0,01 0,66 2,57 0,01 0,8 1,55 0,71
Máx 316 0,76 3,51 1,58 0,23 0,46 0,99 7,51 0,03 1,43 8,97 1,59
2016 Junho
Média 252,6 0,28 2,61 1,37 0,17 0,18 0,79 4,38 0,01 1,05 3,9 1,02
DesvPad 43,6 0,27 0,53 0,2 0,05 0,24 0,14 2,1 0,01 0,24 2,95 0,34
Mín 162 0,11 0,85 0,62 0,11 0,01 0,39 1,95 0,04 0,81 1,35 0,53
Máx 343 0,15 2,33 1,03 0,51 0,26 0,74 5,4 0,11 1,76 9,21 1,99
Outubro
Média 256 0,12 1,83 0,76 0,28 0,1 0,59 3,62 0,07 1,13 3,75 0,92
DesvPad 68,2 0,02 0,58 0,16 0,16 0,1 0,14 1,42 0,03 0,37 3,38 0,6
Mín 120 0,05 1,43 0,12 0,01 0 0,24 1,51 0,01 0,67 1,05 0,31
Máx 187 0,33 2,01 0,17 0,17 0,01 0,76 3,43 0,1 0,84 2,13 0,49
Fevereiro
Média 156,8 0,14 1,67 0,15 0,1 0,01 0,48 2,2 0,04 0,76 1,55 0,42
DesvPad 26,8 0,12 0,22 0,02 0,07 0 0,19 0,75 0,03 0,07 0,41 0,07
Mín 165 0,12 2,11 0,9 0,05 0,01 0,66 1,67 0,02 0,6 1,22 0,65
Máx 292 0,88 2,95 1,22 0,26 0,37 0,82 2,17 0,09 0,86 5,82 1,52
2012 Junho
Média 229,4 0,29 2,41 1,05 0,12 0,09 0,73 1,88 0,04 0,76 3,06 0,91
DesvPad 46,7 0,33 0,35 0,13 0,08 0,16 0,07 0,18 0,03 0,1 1,79 0,35
Mín 155 0,1 0,61 0,44 0,05 0,06 0,35 2,27 0,06 0,92 1,07 0,43
Máx 315 0,14 1,98 0,89 0,13 0,49 0,51 2,94 0,23 1,25 6,78 1,57
Outubro
Média 241,4 0,11 1,5 0,61 0,09 0,25 0,44 2,58 0,12 1,15 2,75 0,73
DesvPad 60,5 0,01 0,54 0,18 0,03 0,17 0,07 0,3 0,07 0,13 2,42 0,48
100
pelo HCO3-, seguido pelo Ca2+, Na+, Cl-, além de K+ e Mg2+. Isso sugere processos
naturais de intemperismo químico, onde reações de dissolução ou hidrólise de minerais
primários, principalmente silicáticos e contribuições atmosféricos fornecem esses
elementos no rio. As configurações iônicas dos períodos amostrados seguem ordem
decrescente vista na Tabela 6.
Em fevereiro, período com maior quantidade de chuvas, o Na+ juntamente com o
Cl- possuem maior grande importância iônica nas águas do que o Ca2+. Isso pode indicar
aportes oriundos de áreas expostas utilizadas para agricultura, onde a precipitação
pluviométrica ajuda a carrear esses materiais para o rio. Além disso, neste período, o
SO42- intensifica seu grau de importância, possivelmente com origem em efluentes
também carreados pelas chuvas.
Nos períodos amostrados referentes ao mês de junho, há uma alternância na
ordem entre Na+, Cl- e Ca2+. No entanto, o íon Br- torna-se um elemento mais
concentrados nas águas, apresentando-se como o quinto íon mais relevante, no lugar do
K+. A origem do íon Br- pode ser associada com aportes de esgotos, onde em período de
baixa vazão ficam mais destacados. Já a configuração iônica relativo aos meses de
outubro, o Ca2+ se torna mais relevante do que Na+ e Cl-, podendo estar relacionado com
o maior intemperismo de rochas e solos.
2019 Junho HCO3- Ca+2 Cl- Na+ Br- K+ Mg+2 SO4-2 NO3- F- NH4+ PO43-
Outubro HCO3- Ca+2 Na+ Cl- K+ Mg+2 Br- SO4-2 NO3- PO43- F- NH4+
Fevereiro HCO3- Na+ Cl- Ca+2 K+ SO4-2 Mg+2 NO3- F- Br- NH4+ PO43-
2016 Junho HCO3- Na+ Ca+2 Cl- Br- K+ Mg+2 SO4-2 F- PO43- NO3- NH4+
Outubro HCO3- Ca+2 Na+ Cl- K+ Mg+2 Br- SO4-2 NO3- F- PO43- NH4+
Fevereiro HCO3- Na+ Cl- Ca+2 K+ SO4-2 Mg+2 Br- F- NO3- NH4+ PO43-
2012 Junho HCO3- Ca+2 Cl- Na+ Br- Mg+2 K+ SO4-2 F- NO3- PO43- NH4+
Outubro HCO3- Ca+2 Na+ Cl- K+ Mg+2 Br- SO4-2 PO43- NH4+ F- NO3-
101
efluentes industriais e domésticos (AYRES & WESTCOT, 1991; SAWYER et al.,
1994; VON SPERLING, 1996; SEMHI et al., 2000; VENDRAMINI, 2013).
O HCO3- se mostrou o íon com maior concentração nas águas do Rio Piraí à
montante do Túnel de Tócos com concentrações variando entre 120 mg/L a 361 mg/L,
com média de 227,1 mg/L (± 58,03 mg/L, desvio padrão) (Figura 43). O resultado
médio registrado em outubro de 2016 de 268,8 mg/L (± 68,4 mg/L, desvio padrão) foi
superior as demais campanhas e os resultados médios inferiores ocorreram em fevereiro
de 2016 de 181 mg/L (± 23,2 mg/L, desvio padrão) e fevereiro de 2019 de 194,2 mg/L
(± 19,3 mg/L, desvio padrão).
Figura 43: Concentração de HCO3- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.
102
O HCO3- pode precipitar com muita facilidade como carbonato de cálcio
(CaCO3) e pode vir a provocar efeitos nocivos no solo a partir de concentrações
superiores a 500 mg/L, (AYERS & WESTCOT, 1994; ZOBY & OLIVEIRA, 2005;
ALMEIDA, 2010).
Além disso, suas maiores concentrações estão em locais identificados como
eutrofizados, como no P5. De maneira geral, as águas do Rio Piraí apresentaram
concentrações crescentes em direção a jusante, possibilitando que o HCO3- possui
origens diferentes dependendo dos pontos de amostragem e também um aumento
gradativo ao longo dos anos, o que pode indicar aumento do despejo de efluentes
domésticos e industriais e maior exposição de solos devido ao desmatamento das matas
ciliares.
103
maior parte dos resultados se apresentaram abaixo de 0,2 mg/L de F-, com exceção do
P3 nos períodos de fevereiro e junho, que apresentaram valores de 0,8 e 0,9 mg/L em
2019 e 0,5 e 0,7 mg/L em 2016.
Figura 44: Concentração de F- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.
O íon cloreto está presente em quase todos os ambientes hídricos e tem como
características a alta solubilidade, estabilidade em solução e de difícil precipitação, ou
seja, um íon conservativo (OLIVEIRA et al., 2010; LIMA et al., 2014). Normalmente
associado ao sódio (Na+), o Cl- tem sua ocorrência associada a intemperismo de
depósitos minerais, como a (NaCl) e a silvita (KCl), a contribuição atmosférica e é
considerado também como um indicador de contaminação antrópica (NEGREL et al.,
1993; SILVA & MIGLIORINI, 2014).
A presença em altas concentrações, acima de 1000 mg/L, torna as águas
impróprias para o consumo, além de influenciar nas características dos ecossistemas
aquáticos e indicar a presença de efluentes domésticos e industriais.
104
As concentrações de cloreto oscilaram entre 0,61 a 4 mg/L, com média de 2,17
mg/L (± 0,82 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios registrados em junho de 2016
de 2,61 mg/L (± 0,2 mg/L, desvio padrão) e junho de 2019 de 2,56 mg/L (± 0,44 mg/L,
desvio padrão) foram superiores as demais campanhas, enquanto os resultados médios
inferiores ocorreram em fevereiro de 2012 de 1,67 mg/L (± 0,22 mg/L, desvio padrão),
outubro de 2016 de 1,83 mg/L (± 0,58 mg/L, desvio padrão) e outubro de 2012 de 1,98
mg/L (± 0,54 mg/L, desvio padrão).
Figura 45: Concentração de Cl- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.
105
domésticos sem tratamento prévio, além de contribuição agrícola. Nos meses de
fevereiro, estão associados também ao aporte atmosférico, devido a maior precipitação
pluviométrica.
O íon Br- possui características similares ao íon Cl- tendo sua origem dada
através de recristalização de minerais, atuação do intemperismo no material geológico e
intrusão da água do mar em aquíferos costeiros (DAVIS et al., 1998). Esgotos
domésticos e industriais podem contribuir para aumentar a sua concentração em
ambientes aquáticos. Assim como o Cl-, a presença de Br- pode estar associada também
a deposição atmosférica (ALCALÁ & CUSTODIO, 2008). Apesar de não possuir
nenhum efeito adverso, o Br- em altas concentrações, confere sabor salgado à água ou
propriedades laxativas.
As concentrações de brometo variaram de 0,124 a 1,736 mg/L, com média de
0,748 mg/L (± 0,507 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios registrados em junho
de 2016 de 1,37 mg/L (± 0,2 mg/L, desvio padrão) e junho de 2019 de 1,52 mg/L (± 0,2
mg/L, desvio padrão) foram superiores as demais campanhas, enquanto os resultados
médios inferiores ocorreram em fevereiro de todos os anos de amostragem, em 2012 de
0,15 mg/L (± 0,02 mg/L, desvio padrão), em 2016 de 0,17 mg/L (± 0,02 mg/L, desvio
padrão) e 2019 de 0,2 mg/L (± 0,03 mg/L, desvio padrão).
Em relação aos pontos de amostragem, o P2 e P5 apresentaram concentrações
médias superiores aos demais pontos amostrados, exceto e junho de 2012, onde o P3
obteve uma concentração superior ao P2, porém inferior ao P5. Os menores resultados
médios de brometo foram registrados, em sua maioria, no P4.
A Resolução CONAMA 357/05 não indica um limite máximo para brometo,
mas de acordo com determinações da APHA, as águas coletadas nas campanhas de
junho estão todas acima do máximo estabelecido, exceto no P1 e P2 de 2012, além do
P3 em outubro de 2016 e 2019. Em águas doces superficiais, sua concentração média é
de 0,01 mg/L, não excedendo 1 mg/L (APHA et al., 2005). No entanto, essa
concentração é excedida em diversos pontos e em diversos períodos de amostragem,
principalmente durante os períodos de menor precipitação (Figura 46). Nas campanhas
referentes aos meses de outubro, este elemento já apresenta tendência de queda,
justamente por ser o início do período de maior precipitação. Esse indicativo de maior
106
concentração de Br- no período seco indica que a fonte deste íon pode ser de atividades
antrópicas, como despejo de esgoto.
Figura 46: Concentração de Br- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.
O nitrato (NO3-) são solúveis em água e são de grande importância para o ciclo
do nitrogênio, sendo a principal fonte de nitrogênio para as plantas. Podem ser
utilizados como fertilizantes, herbicidas ou pesticidas. Porém, a utilização excessiva
deles não é recomendada, pois podem contaminar a água e os lençóis freáticos.
(MEURER, 2004; GONÇALVES, 2011). Suas fontes estão associadas a materiais
alóctones lixiviados de origem orgânica e inorgânica e fixação de nitrogênio molecular
(ESTEVES, 1998).
A presença de NO3- indica processos biológicos ativos, provocados por poluição
orgânica recente, presença de águas residuais sem tratamento e oxidação de excreções
humanas ou de animais, sendo assim, é utilizado como indicador de contaminação
ambiental através da lixiviação de solos agrícolas que fazem uso de fertilizantes e aporte
107
de efluentes domesticos (MOTA & VON SPERLING, 2009; BIGUELINI & GUMY,
2012).
Figura 47: Concentração de NO3- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.
108
200 mg/L e em águas próximas a áreas com uso intenso de fertilizantes é possível
verificar concentrações maiores que 600 mg/L (SANTIAGO et al., 2004).
Os índices de potabilidade proposto pela legislação estimulam concentrações
menores do que 10 mg/L e em todos os pontos de amostragem, a concentração de
nitrato não ultrapassa esse limite.
109
efluentes industriais proporcionados pelos criadouros e abatedouros de frango
localizados bem próximos a este ponto.
Figura 48: Concentração de PO43- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.
110
sulfato foram encontrados em fevereiro de 2019 de 0,81 mg/L (± 0,39 mg/L, desvio
padrão) e em junho do mesmo ano, com concentração média de 0,80 mg/L (± 0,17
mg/L, desvio padrão), e os menores resultados médios ocorreram em fevereiro de 2012
de 0,48 mg/L (± 0,19 mg/L, desvio padrão) e outubro do mesmo ano, de 0,44 mg/L (±
0,07 mg/L). Em relação aos pontos amostrados, os resultados médios mais elevados de
sulfato foram observados no P4 e no P5 e as menores concentrações ocorreram no P4
em períodos chuvosos.
Figura 49: Concentração de SO42- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.
111
domésticos, com presença de produtos de limpeza derivados de sabão (MORTATTI et
al., 2012). As concentrações associadas ao período chuvoso (fevereiro) podem sugerir
lixiviação de biomassa e rejeitos agrícolas.
112
uma concentração significativa de Na+, tornando-o, em determinadas épocas, o segundo
íon constituinte principal. Como observado na Figura 50, a concentração de Na+ vem
aumentando de acordo com o passar dos anos. Em 2012, sua concentração máxima foi
3,43 mg/L no P1, já em 2019, no mesmo ponto e no mesmo período (fevereiro) essa
concentração foi de 4,19 mg/L. Em junho de 2019, apresentou uma concentração de
9,44 mg/L neste mesmo ponto.
Figura 50: Concentração de Na+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.
Uma das possíveis fontes de Na+ para este ponto são as atividades agrícolas
(hortifrutigranjeiras). Novos aportes acontecem ao longo da drenagem, fazendo com que
as fontes sejam pontuais e difusas. As principais fontes identificadas são os despejos de
efluentes domésticos e lixiviação de solo utilizado para a agricultura. No entanto, todas
as concentrações encontradas estão bem abaixo do limite proposto pelo CONAMA.
O amônio (NH4+) é o produto da reação da NH3 (amônia) com a água, que tem
sua origem atrelada a decomposição de matéria orgânica, emissões do solo e atividades
antrópicas, como queima de combustíveis fósseis, uso de fertilizantes nitrogenados e de
113
processos degradativos de materiais residuais de origem animal (TRIVELIN et al.,
2002; GUIMARÃES & MELO, 2006). Uma das principais fontes do nitrogênio em sua
forma amoniacal são as fossas sépticas, comuns em regiões sem coleta e tratamento de
esgoto (CANTER & KNOX, 1998).
A presença de NH4+ é um indicador de poluição orgânica recente e tal espécie
pode desencadear a diminuição da oxigenação e do pH do ambiente aquoso (FELIX &
CARDOSO, 2004). O NH4+ não é tóxico e não causa problemas para os organismos.
Figura 51: Concentração de NH4+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.
114
Como visto na Figura 51, a concentração de NH4+ está mais associada aos
períodos chuvosos, podendo estar relacionada a presença de bactérias decompositoras
de matéria orgânica. A consequência é a liberação de amônio na água a partir da
amonificação do nitrogênio orgânico, processo este, realizado por microrganismos
decompositores (ESTEVES 1998). Este fator pode estar também relacionado ao caso do
período relativo a junho de 2019 (período seco), onde a concentração de amônio
apresentou um grande pico.
115
Figura 52: Concentração de K+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.
116
5.3.4.11 Cálcio (Ca2+)
117
Figura 53: Concentração de Ca2+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.
118
5.3.4.12 Magnésio (Mg2+)
119
maior concentração encontrada no P5 corrobora com a sua característica de precipitação
ser mais lenta, se acumulando no reservatório de Tócos.
Figura 54: Concentração de Mg2+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.
120
menor sua granulometria, mais instável ele se encontra e vem a se transformar em
H4SiO4 (DOUCET et al., 2001).
O silício pode ser encontrado em diversas formas nas águas fluviais, como na
forma de silício dissolvido (silicato), silício inorgânico particulado (litogênico) e silício
biogênico (TREGUÉR et al., 1995). Este último pode representar até cerca de 70% da
carga total de silício encontrado em um rio, podendo ser transportado como material em
suspensão, acumular no sedimento e precipita ou ser dissolvido de acordo com a
concentração de sal ou atividade bacteriana do local (ROUBEIX et al., 2008;
CARBONNELL et al., 2013).
A deposição de silício e a sua solubilização tem sua origem essencialmente em
processos de intemperização de minerais primários e secundários, relacionadas por
reações de hidratação e desidratação catalisadas por íons OH-, onde sua solubilidade é
constante na faixa de pH entre 2 a 9, onde o pH ideal para sua precipitação é
aproximadamente de 4,5 (GOMES et al., 2018).
A disponibilidade de SiO2 dissolvido em ambientes aquáticos também tem como
uma de suas fontes o intemperismo sobre rochas silicáticas, como demonstra a reação de
hidrolise na Equação 10, que demonstra que esta reação intempérica também é
responsável por aportes significativos de HCO3-.
177Na0,62Ca0,38Al1,38Si2,62O8 + 246CO2 + 367H2O → 123Al2Si2O5(OH)4 + 110Na+ +
68Ca2+ + 246HCO3- + 220SiO2(aq)
Equação 10: Reação de intemperismo em rochas silicáticas.
121
clara relação com os níveis de precipitação. Sua média em fevereiro de 2012 foi a mais
baixa, com 2,5 mg/L (± 0,47 mg/L, desvio padrão), seguido de fevereiro de 2016 com
3,13 (± 0,55 mg/L, desvio padrão) e fevereiro de 2019 com 4,27 (± 1,61 mg/L, desvio
padrão).
122
O P5 apresenta uma concentração maior do que os demais pontos, já que a
silício pode se acumular nessa região devido ao represamento de suas águas. Além
disso, este ponto de amostragem é visualmente o local que se encontra com maior
quantidade de plantas aquáticas e isto pode auxiliar na justificativa da alta concentração
de sílica (origem biogênica).
123
Os resultados das análises químicas da água foram plotados no diagrama
apresentado na Figura 56, que demonstra a dominância, em todos os períodos de
amostragem, da interação água-rocha, sugerindo o intemperismo químico de rochas e
minerais e uma variedade de outros tipos de aporte antrópicos em escala hidrológica de
toda a microbacia, associados a drenagem urbana e agrícola.
O intemperismo sobre as rochas é um dos principais processos controladores do
ciclo geoquímico, onde diversos elementos são liberados e carreados para corpos d’água
(GAILLARDET et al., 1995). Esse intemperismo atuante sobre silicatos e carbonatos
faz com que a água receba Ca2+, Na+ e HCO3-, aumentando proporcionalmente os
valores de STD.
124
Figura 57: Classificação química das águas superficiais por meio do diagrama de Piper.
125
Figura 58: Classificação das águas superficiais por meio do diagrama de Chadha.
A) STD X Cl+SO4/HCO3
B) Mg/Na x Ca/Na
C) HCO3/Na x Ca/Na
D) Na+K/HCO3 x Ca+Mg/HCO3
126
E) Na++K+ x ƩCátions
F) Na+ x Cl-
G) Na/Cl x Cl
H) Ca2++Mg2+ x HCO3-+SO42-
I) SO42- x Ca2+
J) Ca2++Mg2+ x ƩCátions
As razões iônicas apresentadas nos gráficos A, B, C e D (Figuras 59 e 60)
representam as relações iônicas que indicam os tipos de rochas que atuam de maneira
mais significativa na relação geoquímica da água. Entre rochas evaporíticas,
carbonáticas e silicáticas, as rochas silicáticas, mais abundantes na região, são as mais
representativas no controle da química da água, mesmo apresentando fatores menos
susceptíveis ao intemperismo se comparado com os carbonatos e evaporitos (ROY et
al., 1999).
Figura 59: Gráficos de Razão Iônica A e B.
127
Figura 60: Gráficos de Razão Iônica C e D.
No gráfico E (Figura 61), foi aplicada uma relação entre o somatório das
concentrações de Na+ e K+ em função do somatório dos cátions totais. O resultado dessa
razão pode sugerir a origem do K+ como sendo derivada da dissolução de K-feldspato
(BARZEGAR et al., 2018), segundo a reação abaixo:
13KAlSi3O8 + 13CO2 + 19,5H2O → 6,5Al2Si2O5(OH)4 + 13K+ + 26SiO2 + 13HCO3
Figura 61: Gráficos de Razão Iônica E e F.
128
De acordo com os gráficos, os resultados referentes ao mês de fevereiro estão
totalmente sobre a linha de razão 1:0,5, resultado do balanço estequiométrico do K-
feldspato, sugerindo que a dissolução deste mineral é a principal fonte de K+, sugerindo
que a dissolução do K-feldspato é a principal fonte de K+. Já nas amostragens referentes
aos meses de junho e outubro, alguns resultados estão sobre a linha de razão e outros se
encontram afastados. Isso pode ser justificado por um menor aporte antrópico de K+,
principalmente de origem agrícola.
Por seguinte, nos gráficos F e G (Figuras 61 e 62, respectivamente), são
utilizadas relações entre os íons Na+ e o Cl-, buscando analisar e classificar suas
possíveis fontes (GUO et al., 2018). A origem dos íons Na+ e Cl- representam mais
esgoto doméstico do que evaporitos, já que a área de estudo não está localizada próxima
ao litoral. No gráfico F, a relação direta entre Na+ e Cl- aponta um possível resultado da
dissolução da halita (NaCl → Na+ + Cl-), sendo plotada no gráfico a linha 1:1.
Figura 62: Gráficos de Razão Iônica G e H.
129
A análise e interpretação das relações entre Ca2+/Mg2+ podem indicar diversos
processos e fontes que influenciam na evolução geoquímica das águas. As principais
fontes destes íons são a dissolução de minerais carbonatados, como a calcita e a
dolomita, sulfatados, como a gipsita e dos silicatos, como a biotita e o k-feldspato
(REDDY & KUMAR, 2010). Além disso, podem estar presentes devido a trocas
iônicas, influência atmosférica e atividades antrópicas.
No gráfico H (Figura 62), foram feitas razões entre o somatório das
concentrações iônicas de Ca2+ e Mg2+ sobre o somatório das concentrações de HCO3- e
SO42-. Essa razão pode indicar se a fonte vem da dissolução de minerais como a calcita,
dolomita ou gipsita ou de troca iônica. A proximidade dos resultados da linha da razão
sugere que a fonte dos íons de Ca2+ e Mg2+ origina-se da dissolução destes minerais
citados. No entanto, o resultado apresenta os pontos plotados abaixo dessa linha e
deslocado para a direita, provocado por concentrações excessivas de SO42- ou HCO3-,
indicando que a fonte seria a troca iônica direta e uma parcela desses íons são
removidos da água (BARZEGAR et al., 2018; GUO et al., 2018; MOSAAD et al.,
2019).
O gráfico I (Figura 63) apresenta a razão entre o SO42- e Ca2+ a fim de apontar
se minerais sulfatados, como a anidrita (CaSO4), influencia na concentração de Ca2+ nas
águas do Rio Piraí, já que a relação entre eles é de 1:1, de acordo com a equação
CaSO4.2H2O ↔ Ca2+ + SO42- (BARZEGAR et al., 2018; MOSAAD et al., 2019). Todas
as amostragens em todos os períodos ficaram bem abaixo dessa razão, indicando que a
contribuição da gipsita é praticamente inexistente.
Por fim, foi utilizado no gráfico J (Figura 58) a relação de soma entre Ca2+ e
Mg2+ e o somatório total dos cátions. Essa razão é uma ferramenta utilizada para
compreender a contribuição da dissolução de rochas silicáticas e carbonáticas e seus
efeitos na química da água AHMED et al., 2012; REDDY et al., 2012; MOSAAD et al.,
2019). Os resultados se apresentaram semelhantes aos demonstrados em relação ao K+
no gráfico E.
Nas amostragens de fevereiro, as razões ficaram plotadas sobre a linha 1:0,5,
indicando que a contribuição da dissolução dos silicatos e consequentemente a liberação
de íons Ca2+ e Mg2+ são bastante significativas. Isso pode ser justificado pela
intensidade da precipitação que faz com que o escoamento superficial carreie esses
elementos em direção as águas.
130
Figura 63: Gráficos de Razão Iônica I e J.
131
A qualidade da água para irrigação é geralmente definida em termos de sólidos
totais dissolvidos, principais cátions e ânions (ETTEIEB et al., 2017). Os três principais
problemas associados a qualidade da água são a salinidade, a permeabilidade reduzida e
o aumento toxicidade de íons específicos (PHAM, 2017; SINGH et al., 2018)
Vários métodos têm sido aplicados para avaliar o efeito da água de irrigação em
plantas e solos. Nesta pesquisa, foram calculados os índices RAS, %Na, CSR e o RM a
fim de avaliar a qualidade da água para fins de irrigação. Os resultados estão
apresentados nas Tabelas 8, 9 e 10.
Tabela 8: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de fevereiro.
Fevereiro
132
P1 2012 0,23 31,48 2,51 32,68
P2 2012 0,29 38,91 3,3 39,91
P3 2012 0,19 21,87 3,69 19,4
P4 2012 0,39 49,77 3,69 46,75
P5 2012 0,21 24,71 4,48 40,31
Com isso, na avaliação da qualidade da água para irrigação, são utilizados três
cálculos em relação ao Na+: Relação de Adsorção de Sódio (RAS), Percentual de Sódio
(%Na) e o Carbonato de Sódio Residual (CSR).
A Relação de Adsorção de Sódio é uma classificação publicada por Richards
(1954) com a finalidade de categorizar as águas disponíveis para irrigação através de
dois critérios: perigo de salinidade (C1 a C4) e do perigo de sodificação (S1 a S4). O
primeiro critério é baseado na condutividade elétrica, sendo dividida em quatro classes
(salinidade baixa, salinidade média, salinidade alta e salinidade muito alta). O segundo
critério leva em consideração a atividade relativa dos íons de sódio em reações de troca
catiônica com o solo e é dividida também em quatro classes (baixo, médio, alto e muito
alto).
Todos pontos monitorados em todos os períodos apresentaram a mesma
classificação de RAS: C1 - S1, exceto o P5 de outubro de 2019, que apresentou uma
classificação de C2 – S1 (Figura 64). Isso significa que as águas do Rio Piraí à montante
133
do Túnel de Tócos são caracterizadas por sua baixa salinidade (<250 uS/cm), podendo
ser usada para irrigação na maior parte dos cultivos em quase todos os tipos de solo,
com pouca probabilidade de desenvolver problemas de salinidade e de sodificação, já
que possui um baixo teor de sódio. No caso do ponto em exceção, sua condutividade é
um pouco acima de 250 uS/cm, sendo classificado como salinidade média.
Figura 64: Diagrama para classificação de águas para irrigação (RAS) segundo USSL.
134
de concentrações de bicarbonato, magnésio e cálcio. Uma quantidade excessiva de
bicarbonato é considerada prejudicial às propriedades físicas dos solos, pois causa a
dissolução de matéria orgânica no solo, além de aumentar a precipitação de Ca2+ e
Mg2+, possibilitando o aumento de bicarbonato de sódio no solo. Águas com CSR até
1,25 meq/l não oferece nenhum perigo, sendo considerada aceitável, com valores entre
1,25 e 2,5 meq/l é considerada regular ou tolerável e acima de 2,5 meq/l é considerada
uma água inaceitável ou inadequada para irrigação.
De acordo com o CSR, todos os pontos em todos os períodos de amostragem
ficaram acima do limite classificado como inadequado para irrigação, exceto o P1 em
fevereiro e outubro de 2012 que foram classificadas como toleráveis. Esse índice se
mostra maior em períodos com menores precipitações. Esse resultado é embasado na
alta disponibilidade e concentração de HCO3.
Por fim, o cálculo de Risco de Magnésio (RM) é um índice que indica se há
excesso de magnésio nas águas, o que pode reduzir a qualidade do solo, aumentando sua
alcalinidade e reduzindo sua produtividade (HOWLADAR et al., 2017). Todas as
amostragens ficaram abaixo do limite proposto para uma água de qualidade para uso
adequado de irrigação. Sua média geral ficou em 33%, variando desde 10% a valores
próximos a 47%.
135
Figura 65: Gráfico do IQA ao longo dos períodos de amostragem.
136
É possível observar que os rios responsáveis pelo abastecimento público do
Estado do Rio de Janeiro são todos classificados como de qualidade ‘razoável’. No
entanto, cada região tem sua especificidade em relação ao ambiente que o rio percorre.
O Rio São João percorre regiões interioranas, com pouco tratamento de esgoto e áreas
agrícolas extensas. O Rio Paraíba do Sul atravessa diversos centros urbanos, regiões
agrícolas e industriais e áreas de mineração.
Tabela 12: Comparação do IQA dos Rios responsáveis pelo abastecimento público do
Estado do Rio de Janeiro.
IQA ANO
Rio Paraíba do Sul¹ 61,6 2021
Rio Paraíba do Sul² 59,8 2020
Rio Macacu 65,6 2019
Rio São João 58,8 2020
Rio Guandu 67 2021
Rio Piraí (trecho do estudo) 62,2 2019
¹Trecho em Volta Redonda. ²Trecho em Campo dos Goytacazes.
Por sua vez, o Rio Macacu tem uma grande parte de sua bacia hidrográfica
localizada em áreas de preservação ambiental e mais a jusante que percorre regiões
urbanas com lançamento de efluente sem tratamento. Já o Rio Guandu é abastecido por
rios completamente poluídos, como o caso do Rio Queimados, que possui
concentrações exorbitantes de efluentes domésticos, industrias e agrícolas. No entanto,
em seu canal principal, o rio recebe as águas de Ribeirão das Lajes, vindas do Rio Piraí,
amenizando significativamente as adversidades trazidas por seus afluentes.
137
correlações ≥ 0,65. As correlações foram separadas por ano de amostragem (2012, 2016
e 2019) e os coeficientes de correlação entre as variáveis e suas significâncias são
apresentados nas Tabelas 13, 14 e 15 e os correlogramas apresentados nas Figuras 66-
68.
Na correlação referente ao ano de 2012 (Tabela 13 e Figura 66), pode-se
observar correlação significativa positiva da variável sílica com as variáveis Mg2+ (r =
0,82), HCO3- (r = 0,89), STD (r = 0,91) e pH (r = 0,81), vindo a corroborar as definições
sobre o intemperismo sobre os silicatos na área de estudo. Outras correlações positivas
encontram-se entre os parâmetros HCO3- e pH (r = 0,83), sugerindo que a composição
da água pode estar sendo controlada pela dissolução de minerais carbonatados e que
essa dissolução pode estar influenciada pelo pH da água. Essa composição carbonática
pode ter sua origem relacionada a práticas de uso e manejo do solo para a agricultura, já
que este elemento se encontra em insumos agrícolas. Há também uma correlação
positiva entre Cl- e SO42- (r = 0,80), o qual pode estar associado a presença de efluentes
domésticos, mas também com fontes geogênicas com a presença de minerais sulfetados
e minerais com biotita e apatita em sua composição.
Além disso, a mais expressiva é a correlação entre HCO3- e STD (r = 1), que
indica que a composição dos sólidos totais dissolvidos depende da variação da
concentração de HCO3-. Por sua vez, o parâmetro OD apresentou correlação negativa
com a SiO2 (r = -0,79), K+ (r = -0,78), PO43- (r = -0,75), HCO3- (r = -0,71) e STD (r = -
0,75). Isso significa que as concentrações de oxigênio dissolvido na água só
influenciadas principalmente pela variação destes parâmetros. Quando a concentração
destes elementos aumenta, o OD presente na água do rio diminui e quando a
concentração cai, o OD se eleva.
Para a amostragem feita no ano de 2016, verificou-se correlação significativa
positiva (r = 0,55) entre a Mg2+ com o Na+ (r = 0,67) Ca2+ (r = 0,70), SiO2 (r = 0,88),
HCO3- (r = 0,65) e com o STD (r = 0,69), essa correlação é formada por constituintes de
origem natural, associados a microbacia de drenagem e ao intemperismo dos solos e
rochas silicáticas, além de atividades antropogênicas e aumento do regime fluvial,
aumentando assim o fluxo de escoamento superficial.
138
Tabela 13: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2012.
pH OD DBO STD SST HCO3- F- Cl- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2 SiO2
pH 1
OD -0,51 1
DBO -0,51 0,57 1
STD 0,82 -0,75 -0,61 1
SST 0,49 0 0,3 0,41 1
HCO3- 0,83 -0,71 -0,59 1 0,43 1
F- 0,62 -0,19 -0,35 0,59 0,53 0,59 1
Cl- 0,28 -0,02 -0,35 0,14 0,15 0,13 0,5 1
NO3- 0,05 -0,03 -0,2 0,07 0,04 0,1 -0,19 -0,03 1
PO43- 0,43 -0,75 -0,52 0,59 -0,21 0,58 -0,06 -0,05 -0,08 1
SO4-2 0,35 0,04 -0,47 0,2 0,1 0,18 0,65 0,8 -0,24 -0,14 1
Na+ -0,26 -0,13 -0,11 -0,01 -0,53 -0,02 -0,59 -0,47 0,13 0,44 -0,43 1
NH4+ 0,3 -0,22 -0,05 0,28 -0,08 0,29 -0,17 -0,34 -0,4 0,6 -0,21 0,5 1
K+ 0,39 -0,78 -0,36 0,66 0,08 0,63 0,14 -0,27 -0,05 0,57 -0,22 0,26 0,45 1
Ca2+ 0,33 -0,34 -0,55 0,45 -0,01 0,47 0,26 0,3 0,37 0,14 0,17 -0,01 -0,2 0,21 1
Mg2+ 0,66 -0,57 -0,65 0,79 0,31 0,79 0,7 0,56 0,04 0,43 0,44 -0,3 -0,01 0,29 0,59 1
SiO2 0,81 -0,79 -0,7 0,91 0,33 0,89 0,55 0,39 0,2 0,57 0,34 -0,12 0,12 0,55 0,4 0,82 1
Figura 66: Correlograma do período de amostragem referente ao ano de 2012.
139
Tabela 14: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2016.
pH OD DBO STD SST HCO3- F- Cl- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2 SiO2
pH 1
OD 0 1
DBO 0,4 -0,52 1
STD 0,43 -0,24 0,65 1
SST -0,11 -0,42 0,26 0,37 1
HCO3- 0,41 -0,28 0,62 0,99 0,41 1
F- 0,02 -0,16 0,64 0,54 0,43 0,54 1
Cl- -0,13 -0,26 0,31 0 -0,23 0,01 0,42 1
NO3- -0,06 0,5 -0,46 -0,12 0,03 -0,09 -0,08 -0,36 1
PO43- 0,42 0,45 0,02 0,19 -0,27 0,11 -0,12 -0,1 0,1 1
SO4-2 0,08 -0,44 0,5 0 -0,2 0 0,42 0,82 -0,45 -0,29 1
Na+ 0,25 0,2 0,19 0,31 -0,37 0,23 0,02 0,22 -0,37 0,36 0,14 1
NH4+ -0,31 -0,24 -0,4 -0,45 0,51 -0,38 -0,34 -0,36 0,3 -0,25 -0,32 -0,69 1
K+ -0,04 -0,1 0,15 0,53 0,09 0,47 0,06 0,06 -0,05 0,21 -0,09 0,6 -0,22 1
Ca2+ 0,06 0,08 0,18 0,48 -0,19 0,44 0,26 0,16 -0,24 0,06 0,05 0,64 -0,62 0,65 1
Mg2+ 0,4 -0,06 0,52 0,69 -0,09 0,65 0,55 0,48 -0,33 0,33 0,33 0,67 -0,78 0,48 0,7 1
SiO2 0,55 -0,22 0,64 0,8 0,07 0,75 0,47 0,16 -0,32 0,37 0,15 0,54 -0,64 0,47 0,56 0,88 1
140
Tabela 15: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2019.
pH OD DBO STD SST HCO3- F- Cl- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2 SiO2
pH 1
OD 0,64 1
DBO 0,47 0,37 1
STD 0 0,3 -0,48 1
SST -0,13 0,36 -0,45 0,56 1
HCO3- -0,01 0,32 -0,41 0,97 0,52 1
F- 0,31 0,34 -0,05 0,57 0,53 0,54 1
Cl- -0,13 -0,6 -0,35 -0,03 -0,15 -0,12 0,19 1
NO3- 0,14 0,35 0,44 0,11 0,25 0,17 0,51 -0,14 1
PO43- 0,1 0,27 -0,17 0,5 0,11 0,48 -0,19 -0,18 -0,11 1
SO4-2 0,54 0,33 0,24 0,11 0,19 0,05 0,76 0,35 0,48 -0,27 1
Na+ 0,05 -0,19 -0,32 0,26 -0,12 0,14 0,11 0,39 -0,42 0,05 -0,01 1
NH4+ -0,77 -0,81 -0,24 -0,25 -0,15 -0,18 -0,22 0,3 0,04 -0,37 -0,38 -0,19 1
K+ -0,22 -0,32 -0,39 0,31 0,11 0,27 0,26 0,22 -0,12 -0,16 -0,03 0,74 0,19 1
Ca2+ 0,21 0,13 -0,34 0,47 0,05 0,41 0,27 0,15 -0,23 -0,03 0,1 0,72 -0,36 0,59 1
Mg2+ 0,17 0,01 -0,56 0,73 0,24 0,63 0,44 0,3 -0,34 0,31 0,15 0,75 -0,3 0,62 0,69 1
SiO2 -0,03 -0,14 -0,66 0,66 0,4 0,54 0,46 0,36 -0,39 0,2 0,16 0,56 -0,13 0,5 0,44 0,9 1
141
As relações entre STD e HCO3- (r = 0,99), SiO2 e STD (r = 0,80) e Cl- e SO42- (r
= 0,82) permaneceram constantes em relação ao ano anterior. A correlação negativa
destacada na amostragem anterior, reduziu drasticamente, atingindo resultados
inferiores a r = -0,25.
Para a amostragem de 2019, as correlações positivas significativas foram as
mesmas observadas na campanha anterior (2016). Com correlação entre as variáveis
SiO2 (r = 0,90), Na+ (r = 0,75), STD (r = 0,73) e Ca2+ (r = 0,75) com o Mg2+,
corroborando a conceito de que o intemperismo de rochas silicáticas estão diretamente
relacionadas com a composição química da água neste trecho do Rio Piraí.
A correlação positiva entre o SO42- e o F- (r = 0,76) e a correlação negativa entre
OD e NH4+ (r = 0,81) sugerem a contribuição de efluentes oriundos de atividades
domésticas. A presença de fluoreto pode estar associada ao tratamento de água para
abastecimento público ou originado de excreções através da urina. Por sua vez, o NH4+
provém, geralmente, de processos degradativos de materiais residuais, de origem
vegetal ou animal e para realização desses processos é utilizado o oxigênio dissolvido
disponível na água, reduzindo sua concentração.
Ficou evidenciado que, além do intemperismo atuante sobre rochas silicáticas e
solos, os diferentes usos e ocupações do solo ao longo do rio podem provocar alterações
nas relações entre as variáveis, como no trecho do Rio Piraí à montante do Túnel de
Tócos. A agricultura é uma das responsáveis por alterações da composição da água e
entre suas correlações, principalmente devido à ocorrência de processos erosivos e o uso
de insumos agrícolas, como fertilizantes, pesticidas e adubos. Outro fator responsável e
evidente após a correlação, é a contaminação pode efluentes agrícolas, aportando
diversos elementos e aumentando suas concentrações normais.
142
Tabela 16: Análise fatorial dos parâmetros amostrados nas águas do Rio Piraí.
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
pH 0,571 0,475 0,277 0,102 0,118
OD -0,163 0,757 -0,254 -0,22 -0,034
DBO -0,003 0,77 0,016 -0,085 -0,06
STD 0,891 0,019 0,027 0,288 0,28
SST 0,306 -0,111 -0,215 0,744 0,069
HCO3- 0,902 0,001 0,001 0,292 0,224
-
F 0,238 0,099 0,424 0,657 -0,102
-
Cl -0,019 -0,083 0,836 -0,045 0,387
-
NO3 0,17 0,418 0,295 0,208 0,061
PO43- 0,674 -0,099 -0,259 -0,524 0,02
-2
SO4 0,114 0,044 0,915 0,047 0,026
+
Na 0,193 0,148 0,18 -0,236 0,855
+
NH4 0,007 -0,66 -0,054 -0,255 -0,294
+
K 0,427 -0,084 0,11 -0,018 0,756
+2
Ca 0,204 0,208 0,01 0,39 0,708
+2
Mg 0,623 -0,09 0,317 0,116 0,586
SiO2 0,821 -0,027 0,218 0,134 0,294
4 (+) SST, F- (-) PO42- fases minerais (biotita e apatita); acúmulo de matéria orgânica
143
matéria orgânica. A decomposição de material orgânico requer condições ambientais
favoráveis. Em condições aeróbias, o oxigênio é o principal produto a ser consumido
(VON SPERLING, 2005). Esse fator indica também a presença e o crescimento de
plantas aquáticas causando o processo conhecido como eutrofização.
O fator 3 apresentou variância de 11,45%, com correlações positivas entre o Cl-
e o SO42-, associada ao aporte direto de efluentes domésticos sem tratamento nas águas
do Rio Piraí. O sulfato pode estar presente também através de fontes geogênicas já
descritas na região.
O fator 4, com variância de 10,03%, aponta correlações positivas entre o SST e o
F- e negativa para PO42-. A relação positiva pode representar fases minerais presentes
nos sólidos em suspensão, como biotita e apatita, minerais que possuem flúor em sua
composição. A contraparte negativa do fator representada pelo PO42- pode indicar
vazões menores (fluxos laminares), que por sua vez, propiciam o acúmulo de matéria
orgânica na coluna d’água na fase dissolvida.
O fator 5 explica 6,43% da variância total, com correlações positivas entre o
Na+, Ca2+, K+ e o Mg2+. Essas relações podem estar associadas ao intemperismo de
rochas silicáticas, principalmente de k-feldspatos e plagioclásios, influência de
carreamento de material geológico e pedológico, além de contribuição de produtos de
origem agrícola e efluentes domésticos.
A determinação dos fatores através da análise fatorial está relacionada com o
resumo dos dados obtidos na amostragem e após a sua interpretação é atingindo um
número muito menor de conceitos do que de variáveis individuais originais (HAIR,
2009). Através do cálculo dos scores é possível criar um conjunto menor de variáveis
para substituir o conjunto original (HAIR, 2009). Os valores dos scores são
apresentados na Tabela 8 do apêndice e nas respectivas figuras a seguir.
O fator 1 (Figura 69) apresentou scores relacionado ao incremento de carga
dissolvida associada ao processo de diluição através da lavagem da microbacia. É
possível visualizar nos meses de fevereiro que os scores apresentam resultados
negativos, justificando essa diluição da carga dissolvida nas águas do Rio Piraí.
O fator 2 (Figura 70) apresentou scores negativos e positivos. Os scores
negativos indicam um maior aporte de matéria orgânica, provavelmente originados de
despejo de efluentes domésticos ou dejetos de criação de animais. Já os scores positivos
indicam um ambiente mais oxidado. Nos anos de 2012 e 2016, há a predominância de
scores negativos, podendo estar relacionados também com a diminuição da vazão.
144
Figura 69: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 1 nos períodos de amostragem.
Figura 70: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 2 nos períodos de amostragem.
Por sua vez, o fator 3 (Figura 71) mostra os scores com uma mudança de
comportamento tanto do Cl- quanto do SO42-, principalmente nas amostragens referentes
a 2019. Há um maior aporte de ambos os elementos e isso pode estar associado com o
aumento significativo do número de fontes relacionadas a esgoto doméstico. Existe
145
também uma maior concentração nos períodos secos de 2012 e 2016 e esse padrão
muda em 2019, podendo ser justificada pela mudança dos regimes de chuvas.
Figura 71: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 3 nos períodos de amostragem.
Por fim, o fator 5 (Figura 73) exibe scores sem um padrão, podendo estar
associado aos regimes de chuvas durante os períodos de amostragem. Pode representar
146
também a carga dissolvida de cátions oriundos do intemperismo e de atividades
antropogênicas. O aumento das atividades antropogênicas ao longo do tempo fez os
scores aumentarem no último ano de amostragem.
Figura 73: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 5 nos períodos de amostragem.
147
próximo ao ano de 2016, com 0,76 ton/km².quadr-1. Nesse período, fica evidenciado que
a maior influência sobre a denudação é o aumento da precipitação média.
Tabela 18: Valores da Denudação Química dos períodos amostrados, somatório anual e
média anual.
Denudação da Denudação da Denudação
Denudação por Denudação
Microbacia por Microbacia Média da
período por ano
período por ano Microbacia
Ano Mês
ton/km2/quadrimestre ton/km2/ano ton/quadrimestre ton/ano ton/ano
Fevereiro 0,76 68,4
2019 Junho 0,3 1,3 27 117
Outubro 0,24 21,6
Fevereiro 0,82 73,8
2016 Junho 0,48 1,49 43,2 134,1 116,4
Outubro 0,19 17,1
Fevereiro 0,54 48,6
2012 Junho 0,36 1,09 32,4 98,1
Outubro 0,19 17,1
7. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
148
conjunto de informações confiáveis e objetivas que caracterizam a área de estudo e com
o auxílio de ferramentas gráficas foi possível elaborar uma linha temporal que indica as
alterações no uso e ocupação do solo e pode corroborar os resultados visualizados na
caracterização hidrogeoquímica das águas deste trecho do Rio Piraí (Figura 68).
No caso do trecho da microbacia hidrográfica do rio Piraí à montante do Túnel
de Tócos, realizou-se uma análise da evolução do uso e ocupação do solo entre os anos
de 2007, 2013, 2015 e 2019, tornando possível perceber que, durante estes períodos
houveram mudanças. A Figura 74 apresenta os resultados desta evolução e na Tabela 19
é possível encontrar uma explicação da evolução mais detalhada.
Tabela 19: Área em percentual da evolução do uso e ocupação do solo entre os anos de
2007, 2013, 2015 e 2019.
2007 2013 2015 2019
Uso e Ocupação do Solo
Área em percentual (%)
Vegetação Nativa 50,71 40,38 34,76 26,78
Área Urbana 0,46 0,72 0,84 1,12
Solo Exposto e Afloramentos 0,65 0,84 1,24 2,33
Área Agrícola e de Pastagens 45,56 55,21 59,87 64,84
Reflorestamento 0,58 0,69 0,97 2,38
Água 2,04 2,16 2,33 2,54
149
Figura 74: Comparação temporal do uso e ocupação do solo na área da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos.
150
Figura 75: Comparação entre a evolução do uso e ocupação do solo entre vegetação
nativa e áreas agrícolas e pastagens.
151
vegetação nativa. Essa exposição de rochas e solos também ocorre ao longo do rio,
sobretudo em suas margens, porém, nesse caso, é devido a exploração de bens minerais
como a areia.
O reflorestamento citado nessa análise é a evolução da silvicultura, prática que
utiliza técnicas de manejo florestal para restaurar e melhorar o povoamento de florestas,
a fim de atender às exigências do mercado. Essas áreas são compostas majoritariamente
por eucaliptos e pinus (Figura 76). Houve um crescimento significativo entre 2007 e
2019, com um aumento de 1,8% em área. Esse aumento é justificado pelo crescimento
industrial e agropecuário no decorrer dos anos e consequentemente o aumento da
demanda de papel e celulose para embalagens e de madeira para energia (lenha, cavaco
e carvão vegetal).
Figura 76: Áreas de reflorestamento utilizando práticas de plantio de eucalipto.
152
terrestres e aquáticos, principalmente em função das atividades econômicas e ocupações
desordenadas dos ambientes.
O aumento desses impactos relacionados ao uso da terra representa ameaças
consideráveis à biodiversidade e o resultado é a fragmentação ambiental (XIE et al.,
2017). Visto isso, a interpretação dos mapas de evolução de uso e ocupação do solo de
cada ponto de amostragem tem seus problemas, impactos e mitigações e foram
classificados de acordo com as classes de fragilidade ambiental propostas por Ross
(2012).
Estudos de fragilidade ambiental estão relacionados ao risco potencial de erosão,
deslocamento de massas de terra, desertificação, destruição de habitats, diminuição dos
mananciais, inundações, poluição, desmatamento, entre outros. Essa classificação
descreve áreas com menor ou maior indícios de fragilidade ambiental e são divididas
em cinco categorias: baixa, levemente baixa, média, alta e extremamente alta.
Áreas que apresentam condição de equilíbrio e estabilidade físico-naturais
possuem uma fragilidade ambiental considerada baixa, se apresentar uma característica
que não se inclui na classe anterior são classificadas como levemente baixas. Para ser
considerada com fragilidade ambiental média, a área deverá apresentar indícios de
impacto ambiental e requerem um estágio de maior atenção voltada para conservação e
proteção dos recursos hídricos, das florestas nativas e do solo.
Para uma fragilidade ambiental ser considerada alta, a área deverá apresentar
processos de degradação ambiental (física, química e biológica) que provocam
restrições as atividades antrópicas de ocupação e uso. Por fim, áreas com intensa
sensibilidade ambiental, inaptas a qualquer tipo de atividade antrópica são consideradas
com fragilidade ambiental extremamente alta.
Na área a montante do P1 é possível observar o crescimento de áreas agrícolas e
de pastagens em função da redução das áreas de vegetação nativa, indicando
desmatamento de locais vulneráveis a impactos ambientais, como as nascentes. Há
também um aumento de locais com exposição do solo e afloramento, pode ocasionar
processos erosivos devido a maior velocidade de escoamento e consequentemente
menor quantidade de água armazenada no solo.
Por sua proximidade com a vegetação nativa mais densa e locais de maiores
altitudes, a região do P1 é propícia para a expansão de horticultura e essa atividade pode
contribuir com a poluição originada pelo uso de fertilizantes e contaminações com
biocidas, elevando o nível de toxidade da água. Outro fator que pode contribuir para o
153
aumento da fragilidade ambiental é a presença de grandes granjas (Figura 77). O
despejo de matéria orgânica proveniente da avicultura pode aumentar os níveis de DBO
na água do rio.
Figura 77: Localização das granjas e do P1.
154
educação ambiental junto às comunidades juntamente com o aumento da fiscalização
dos órgãos públicos responsáveis.
Figura 78: Lançamento in natura de esgoto doméstico diretamente no rio Piraí.
155
Figura 79: No ponto P3 há currais com a presença de búfalos nas margens do rio (A e
B), margens assoreadas (C) e morros que apresentam processos erosivos em
desenvolvimento (D).
Essas características podem ser vistas também no trecho a jusante do P4, região
com morros arredondados com pouca ou nenhuma vegetação devido a expansão de
pastagens. Essa área passou por uma perda crescente da vegetação nativa, sendo
caracterizada pelo aumento da compactação do solo, diminuindo assim a capacidade de
infiltração das águas de chuva, interferindo no abastecimento do lençol freático e
recarga do rio e consequentemente interferindo no ciclo hidrológico local,
comprometendo a disponibilidade de água, alterando sua quantidade e qualidade.
No trecho próximo ao P4, é observado afloramento de gnaisses, formando
pequenas quedas com escoamento turbulento, contribuindo para o processo de
autodepuração, recuperando um pouco a qualidade da água. Apesar de passar por
processo de depuração, o rio continua tendo variáveis fora do enquadramento, pois
recebe mais contaminação de diversas fontes, em especial da localização de um posto de
gasolina em uma de suas margens (Figura 80). Este trecho tem classificação média.
156
Figura 80: Ponto P4 localiza-se escoamento turbulento ocasionado pela presença de
rochas aflorantes e posto de gasolina localizado em sua margem.
157
Figura 81: Extração de areia nas margens e leito do rio Piraí através de “dragas” e as
formas de armazenamento do material extraído localizado entre os pontos P4 e o P5.
A região que está localizado o P5 recebe todos esses impactos relatados nos
pontos anteriores, já que o rio Piraí sofre um barramento e o rio transforma-se em uma
larga área alagada. Essa área alagada altera-se constantemente de acordo com os
períodos de chuva e seca e de menor e maior vazão do rio Piraí (Figura 82). É possível
observar nessa região, um grande volume de dejetos sólidos boiando ou presos na
vegetação das margens e nas comportas da Barragem de Tócos. No entanto, uma
parcela desses materiais consegue transpor e alcançar o Túnel de Tócos, com destino ao
Reservatório de Ribeirão das Lajes. Além disso, grandes volumes de material
particulado de variadas granulometrias também conseguem transpor essa barragem e
chegar ao Reservatório.
158
Figura 82: Variação do volume de água no ponto P5 entre os períodos de menor e
maior vazão do rio de acordo com época do ano.
Nesta região também se encontram locais onde a vegetação nativa foi substituída
por pastagens para criação de gado bovino (Figura 83). Por ser uma área
temporariamente alagadiça, a presença de animais do porte de bois e vacas causam a
compactação do solo, principalmente em períodos de transição para estações secas.
Com o passar do tempo, há o enfraquecimento das gramíneas deixando o solo mais
exposto aos processos erosivos, impulsionado pelo acesso do gado e ausência de mata
ciliar em muitos trechos do rio.
Figura 83: Lamaçal pisoteado por bois na margem desmatada do rio Piraí. Criação de
bois e larga pastagem na margem do rio próxima ao ponto P5.
160
diretos ou indiretos da bacia hidrográfica e a interação entre todos os setores em prol do
manejo sustentável será benéfico a todos.
161
Além disto, é observado que construções de barragens e reservatórios, tanto para
abastecimento de propriedades privadas quanto para a produção de energia por meio de
pequenas centrais hidrelétricas, pode estar afetando significativamente a microbacia
hidrográfica em estudo.
Apesar de toda a legislação existente e vigente, além de órgãos e comitês
reguladores e gestores capacitados para executar os Planos de Recursos de Hídricos, as
organizações político-administrativas da União, dos Estados e dos Municípios são
limitadas, setores privados possuem interesses conflitantes com a legislação ambiental e
a sociedade pouco inserida nas decisões da gestão.
A partir do conhecimento das características físicas, químicas, biológicas e
socioeconômicas, dos impactos existentes e da falta de estrutura administrativa relatada,
é possível elaborar diversos projetos para solucionar e executar os planos de gestão de
recursos hídricos dividindo-os em curto, médio e longo prazo.
Os principais pontos a serem ofertados a curto e médio prazo são a retirada de
lixo sólido das águas e margens, diminuir a proliferação de algas, assinalar e monitorar
as nascentes, investir na captação e armazenamento de águas pluviais e no controle de
consumo da água na irrigação, em centros urbanos e na indústria, identificar e reduzir as
perdas durante a distribuição, criar e organizar programas de educação ambiental e
desenvolver projetos de reflorestamento.
A limpeza de material sólido de pequeno a grande porte leva em consideração a
retirada destes resíduos tanto da água superficial, com a colocação de ecobarreiras,
como das margens com a coleta manual e do fundo do rio, empregando técnicas de
dragagem. A redução da proliferação de algas pode ser feita utilizando sistemas
biodigestores, que consistem em câmaras sem luz e oxigênio, que usam bactérias
naturais (obtidas de restos de matéria vegetal) para digerir a matéria orgânica.
Para a preservação das nascentes, é necessário mapear e identificar todas as
nascentes ao longo do Rio Piraí e monitorá-las mensalmente, medindo a vazão e a
qualidade da água, além de aplicar programas de reflorestamento nessas áreas, com o
intuito de protegê-las e preservá-las. Com o objetivo de reduzir a quantidade de água
que é retirada do rio, cisternas e barreiros podem ser construídos a baixo custo e
posteriormente utilizados para captação e armazenamento de águas pluviais, além de
identificar perdas por vazamento em redes de distribuição de água e adotar medidas de
controle de consumo, tanto agrícola, através de técnicas de gotejamento, como urbano e
industrial, através de práticas de utilização de água de reuso.
162
A realização de programas de educação ambiental em locais públicos e privados
visam à conscientização da população e à proteção dos corpos d'água, informando,
ensinando e esclarecendo conceitos relacionados com o meio ambiente,
sustentabilidade, preservação e conservação. Por sua vez, os projetos de
reflorestamento, principalmente da mata ciliar, terão como objetivo promover e acelerar
a restauração de ambientes naturais degradados através da recomposição da cobertura
vegetal, a fim de melhorar a estabilização dos solos, reduzindo os riscos de
desmoronamento de margens e encostas, formar corredores ecológicos visando a
preservação da fauna, reduzir o carreamento de sedimentos prevenindo o assoreamento
de rios e canais e melhorar a qualidade da água.
Já para um planejamento a médio e longo prazo, é possível, segundo Tucci et al.
(2001), desenvolver e aplicar projetos gestores institucionais, urbanístico, ruralista e
energético. Órgãos institucionais político-administrativos federais, estaduais e
municipais precisam se fortalecer, descentralizar a gestão, dando maior controle à
gestão municipal e a população, além de implementar e regular comitês.
O desenvolvimento urbanístico deve tratar como prioridade a criação ou
melhoramento dos sistemas de drenagem pluvial e fluvial a fim de evitar enchentes,
incentivar e financiar obras para tratamento de efluentes domésticos e industriais e
monitorar e conservar áreas de reservatório, através de reflorestamento de suas áreas e
de controle da sua captação.
Possíveis soluções para o âmbito rural estão associadas a melhoria e fiscalização
do uso apropriado do solo, desenvolvimento de programas de financiamento agrícola
com foco na melhor eficiência quando se trata de irrigação e da criação de animais e
reduzir o uso de pesticidas e fertilizantes. No contexto energético, a diminuição da
dependência de recursos hídricos é a decisão mais sensata.
Um País com dimensões continentais tem recursos suficientes para diversificar
sua matriz energética. Investimentos em pesquisa, construção e crescimento de parques
eólicos, usinas termoelétricas a gás e sistemas de energia solar acessíveis e de baixo
custo são soluções de médio prazo.
Essas propostas podem ser financiadas com recursos público, através de fundos
como o FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente) e FNCA (Fundo Nacional de
Compensação Ambiental), recursos público-privado, instaurando Comitês de Bacia e
recursos privados, através de incentivos fiscais baseado em consumo de água,
reflorestamento e impacto gerado pela atividade.
163
Segundo Gallopin e Rijsberman (1999), três classes de cenários futuros podem
ser desenvolvidas para o uso de recursos hídricos em pequenas e microbacias
hidrográficas. O primeiro cenário seria uma representação do contexto atual, ou seja,
um cenário critico onde a exploração inadequada e política de gestão insignificante
levem à exaustão o sistema hídrico. O segundo cenário apresenta uma base conceituada
em representar o recurso hídrico como um bem econômico, com cobrança do uso da
água, tendo como propósito alcançar padrões sustentáveis, permitir o desenvolvimento
de tecnologias e ampliar a colaboração e integração pública, privada e social. O terceiro
cenário expõe valores sociais amplos e plurais. Indica a tentativa de priorizar a vontade
coletiva com ênfase na educação e qualidade de vida para todos.
Em suma, para o desenvolvimento do planejamento e a execução da gestão dos
recursos hídricos no Rio Piraí e em pequenas e microbacias hidrográficas em geral, a
reavaliação do Plano Nacional de Recursos Hídricos juntamente com a implementação
dos comitês de bacia se torna prioridades. Estes dois projetos têm como intenção
promover a proteção e restauração de mananciais e mata ciliares, ampliar o
desenvolvimento em pesquisa e tecnologias para conservação e melhor uso do solo,
melhorar a eficácia na prevenção de enchentes e secas e impulsionar investimentos em
recursos para tratamento de esgoto (TUCCI et al., 2001).
As pequenas e microbacias hidrográficas são fundamentais para o futuro e está
sendo fundamental para o abastecimento de água em todo o planeta. Não é uma tarefa
simples elaborar, de forma participativa, o planejamento da gestão de recursos hídricos,
mas o maior desafio é torná-lo uma realidade.
9. CONCLUSÃO
164
Piraí estão se tornando mais alcalinas, devido a intensificação da influência antrópica na
região, como o maior aporte de efluentes domésticos e resíduos agropecuários,
contribuindo para aumento da comunidade de algas fotossintetizantes. Essas questões
são corroboradas pelo crescimento ao longo dos anos por parâmetros como
condutividade elétrica, turbidez, clorofila-a, DBO, STD e SST.
A química da água da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel
de Tócos é controlada pelo HCO3-, seguido pelo Ca2+, Na+, Cl-, K+ e Mg2+, sugerindo
processos de intemperismo químico, como reações de dissolução ou hidrólise de
minerais primários e o aporte de material oriundos de atividades agrícolas e efluentes
domésticos. As concentrações de elementos como o Cl-, Br-, SO42- e NH4+ estão
relacionadas ao aumento do lançamento de efluentes domésticos sem tratamento prévio
e contaminação via fossas sépticas.
Por sua vez, a concentração dos íons F-, NO3-, PO43-, K+, Ca2+ e o Na+ podem
estar relacionados com aplicação de fertilizantes na região e ao consequente escoamento
superficial devido a maior exposição de solos. Por sua vez, o Mg 2+ e a SiO2
apresentaram concentrações que possibilitaram evidenciar possíveis aportes difusos
associados a alterações de rochas, tendo como principal fonte seria o intemperismo dos
silicatos.
Para entender as relações físico-químicas, os processos atuantes e
comportamentos dos elementos foram utilizadas diversos diagramas, relações diretas e
ferramentas estatísticas Primeiramente, o Diagrama de Gibbs apresentou a dominância
da interação água-rocha, sugerindo o intemperismo químico como principal mecanismo
que controla a química das águas. O Diagrama de Piper indicou que a maior parte das
fácies hidrogeoquímicas identificadas variam entre bicarbonatadas cálcicas e
bicarbonatadas mistas. Já o Diagrama de Chadha apresentou uma classificação onde os
ânions ácidos fracos excedem ânions ácidos fortes. As relações iônicas indicaram que o
intemperismo dos silicatos é o processo que atua de maneira mais significativa na
relação geoquímica da água, podendo estar associadas a troca iônica direta, dissolução
de sais presentes no solo e nas rochas, além de contribuições de atividades antrópicas
pontuais e difusas.
A qualidade da água para fins de irrigação foi classificada como de baixa
salinidade, baixa probabilidade de desenvolver problemas de salinidade, o que apresenta
uma boa qualidade para o uso para irrigação. Os resultados de IQA apresentaram um
resultado classificado como ‘bom’. Comparando essa classificação com outros rios
165
voltados para o abastecimento público do Estado do Rio de Janeiro, o trecho do Rio
Piraí à montante de Tócos possui uma qualidade melhor do que de outros rios
estrategicamente importantes, como o Guandu, Paraíba do Sul e São João.
Em relação as matrizes de correlação e análise fatorial, os resultados obtidos
corroboraram as relações de intenso intemperismo de silicatos, a presença de efluentes
domésticos, o consumo de matéria orgânica, atuação de processos de eutrofização e
contribuição de produtos de origem agrícola, como fertilizantes e pesticidas.
O cálculo da denudação química permitiu quantificar a quantidade de material
dissolvido removido e transportado pelo rio onde foi mensurado para todo o trecho da
microbacia hidrográfica do Rio Piraí a montante do Túnel de Tócos uma média de 116,4
ton/ano de material removido e transportado. Contudo, esse volume total calculado não
é aportado diretamente no reservatório de Ribeirão das Lajes, já que uma parte fica
retida no Reservatório de Tócos devido a abertura e fechamento das comportas do Túnel
de Tócos.
Por sua vez, o diagnóstico ambiental demonstrou as condições ambientais atuais
frente à interferência antrópica da área estudada. Foi identificada a diminuição de quase
24% em relação a vegetação nativa, enquanto as áreas agrícolas e pastagens evoluíram
em 19,28%. Essas mudanças podem ter relação com os impactos físicos identificados na
área de estudo como a erosão das margens, degradação da qualidade das águas com o
aporte de efluentes agrícolas, assoreamento e desmatamento da mata ciliar nativa.
O crescimento urbano aumentou de 0,46% da área ocupada na microbacia para
1,12%, gerando a degradação da água do rio com a presença de dejetos sólidos e
líquidos causando odor e ajudando na propagação de insetos e também o desmatamento
das margens, que aceleram processos erosivos causando instabilidade e
escorregamentos de encostas e a intensificação de cheias do rio a partir do assoreamento
e desvios irregulares de suas águas. Esses fatores causam impactos socioeconômicos de
curto a longo prazo para a população, tanto local como também para os futuros usuários
destas águas, já que aumenta o custo de seu tratamento.
A degradação ambiental da microbacia hidrográfica do rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos vem ocorrendo de forma lenta, porém progessiva, possivelmente por
um uso e ocupação do solo mais intensivo e executado de formas equivocadas,
principalmente em relação a agricultura, a expansão de pastagens e o desenvolvimento
da silvicutura. Outro fator observado que contribui para a degradação é a falta de coleta
e tratamento de efluentes domésticos.
166
Para conter o estado de degradação contínuo, a ideia é implantar um plano de
gestão de recursos hídricos com a formação de um comitê de bacia hidrográfica
composto por órgãos governamentais, agentes privados e agentes da sociedade civil.
Sua finalidade seria de promover ações de recuperação e preservação de suas águas,
margens e matas ciliares, elementos de suma importância para a manutenção das
qualidades das águas da microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos.
Essa gestão de recursos hídricos deverá atuar com três principais problemáticas
atuantes no Rio Piraí. São elas: o aumento da demanda de água devido ao crescimento
populacional e a ampliação de áreas cultivadas, a expansão da pecuária para áreas
próximas as margens do rio e a coleta e tratamento das águas utilizadas nos centros
urbanos.
Com esse conjunto de informações, este estudo sugere a formação de um comitê
representativo de diversas camadas sociais para a elaboração de programas de gestão da
Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de Tócos como um
dos processos fundamentais de desenvolvimento regional, atendendo variáveis
ambientais, sociais, econômicas e culturais. O planejamento sobre a gestão de seus
recursos hídricos é visto como essencial para conter as crises hídricas que vem se
tornando cada vez mais frequentes e garantir assim, um recurso tão importante para a
população.
167
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APÊNDICE
Tabela 1: Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas do Rio Piraí referente ao mês de fevereiro.
fev/19 fev/16 fev/12
Parâmetros Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
Prof. da estação m 1,3 1,2 1,5 1,3 3,5 0,8 1,6 1,2 2,5 2,5 0,9 1,1 1,4 2 3,2
Temp. da água ºC 22,88 22,3 23,14 23,04 23,15 21,5 21,7 23 24,6 27,4 22,18 21,97 23,8 22,9 22,8
Condutividade uS/cm 117,36 144,17 146 125,05 146,57 102,86 134,92 139 117,6 133,81 85,14 108,52 127,88 98,79 121,84
pH - 6,84 7,04 7,1 6,98 6,48 6,39 6,42 6,56 6,38 6,48 4,97 5,9 5,86 5,5 6,46
OD mg/L 8,07 8,23 8,39 8,52 3,94 6,38 5,14 6,93 6,02 4,38 8,9 9,14 8,48 8,1 8,34
Turbidez UNT 11,6 21,3 49,3 48,7 192 8,01 21 21,3 21,15 99,8 12,46 22,89 27,25 31,98 64,42
Vazão m³/s 4,49 13,08 16,24 31,38 - 5,62 14,06 18,63 36,76 - 3,69 11,21 13,44 28,26 -
Coliformes NMP/100mL 345 1510 1510 1955 2419 220 1230 1770 1800 2419 278 1200 2020 2130 2419
DBO mg/L 7,96 8,17 8,21 7,81 3,44 2,09 1,02 2,35 1,82 3,58 5,25 6,17 5,98 7,91 5,43
STD mg/L 180,6 221,8 224,6 192,4 225,5 158,2 207,6 213,8 180,9 205,9 131 166,9 196,7 152 187,4
SST mg/L 6,78 12,63 17 25,17 45,2 14,23 22,48 37,17 40,82 53,12 11,35 18,2 21,57 23,41 35,67
Clorofila ug/L 1,4 2,2 5,5 4,2 3,5 1,1 1,8 3,7 3,9 3,1 0,9 1,4 2,4 2,6 2,5
Bicarbonato mg/L 165 206 211 184 205 145 195 202 171 192 120 157 187 143 177
Fluoreto mg/L 0,099 0,134 0,799 0,11 0,356 0,072 0,095 0,482 0,113 0,206 0,045 0,056 0,331 0,095 0,155
Cloreto mg/L 2,725 3,363 1,816 0,458 4,213 1,987 2,354 2,163 1,566 2,816 1,632 1,755 1,542 1,431 2,013
Brometo mg/L 0,231 0,152 0,229 0,194 0,171 0,199 0,143 0,187 0,168 0,158 0,165 0,124 0,167 0,155 0,133
Nitrato mg/L 0,358 0,703 0,71 0,101 0,491 0,21 0,21 0,29 0,23 0,18 0,158 0,115 0,027 0,167 0,009
Fosfato mg/L 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,005 0,01 0,005 0,004 0,003
Sulfato mg/L 0,673 1,025 0,86 0,235 1,27 0,533 0,703 0,661 0,33 0,815 0,436 0,455 0,495 0,237 0,762
Sódio mg/L 4,19 2,88 1,8 1,11 3,07 3,88 2,55 1,91 1,27 2,64 3,43 2,36 1,97 1,75 1,51
Amônio mg/L 0,189 0,213 0,197 0,19 0,204 0,07 0,1 0,09 0,11 0,14 0,021 0,102 0,041 0,014 0,046
Potássio mg/L 1,07 1,1 1,07 0,32 1,31 0,957 0,998 0,795 0,81 0,976 0,665 0,741 0,786 0,786 0,842
Cálcio mg/L 2,71 1,92 1,65 1,47 1,68 2,52 1,95 1,58 1,33 1,62 2,13 1,74 1,31 1,05 1,51
Magnésio mg/L 0,53 0,65 0,61 0,14 0,71 0,45 0,58 0,57 0,35 0,62 0,31 0,43 0,49 0,41 0,45
Sílica mg/L 2,77 3,65 3,87 4,05 7,01 2,36 2,88 3,11 3,64 3,68 1,98 2,06 2,57 2,88 3,01
196
Tabela 2: Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas do Rio Piraí referentes ao mês de junho.
jun/19 jun/16 jun/12
Parâmetros Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
Prof. da estação m 1,1 1,3 1,3 1,7 1,2 1,3 1,4 1,1 1,1 0,5 1 1,2 1,6 2,4 1,5
Temp. da água ºC 17,12 17,04 18,34 17,23 18,24 17,31 17,65 18,04 17,73 19,43 18,9 18,97 20,3 19,8 17,47
Condutividade uS/cm 154,4 171,46 196,08 178,35 234,01 141,05 170,77 184,99 171,47 223,22 115,82 146,63 173,49 159,93 203,99
pH - 8,46 7,9 7,72 7,54 6,84 6,87 6,93 7,18 7,35 6,84 6,41 6,33 6,6 6,64 6,48
OD mg/L 9,13 9,15 9,46 9,78 7,28 7,5 7,42 5,43 5,1 3,89 7,25 7,02 7,12 7,72 6,85
Turbidez UNT 17,62 28,15 37,46 39,15 42,42 13,53 15,02 24,87 38,59 46,2 11,26 15,13 22,57 33,18 42,11
Vazão m³/s 1,65 2,98 3,58 8,91 - 3,27 4,49 4,14 15,22 - 3,52 3,96 4,26 12,84 -
Coliformes NMP/100mL 450 1010 1010 1860 2419 450 1170 1450 1790 1940 280 990 1750 1950 2050
DBO mg/L 8,32 7,32 7,76 8,6 5,25 3,08 3,32 3,88 3,9 4,85 3,57 2,43 1,78 3,39 2,31
STD mg/L 237,54 263,78 301,66 274,39 360,01 217 262,73 284,6 263,8 343,42 178,18 225,58 266,91 246,05 313,84
SST mg/L 22,29 25,71 26,29 25,57 24,4 12,61 18,14 25,88 36,54 32,47 12,18 14,98 17,22 28,13 32,57
Clorofila ug/L 0,9 0,6 6,7 0,6 2,6 0,5 0,5 4,7 0,4 2,1 0,4 0,3 4,3 0,3 1,9
Bicarbonato mg/L 206 246 275 259 334 194 245 260 248 316 165 211 247 232 292
Fluoreto mg/L 0,133 0,133 0,899 0,133 0,213 0,126 0,128 0,755 0,143 0,245 0,115 0,132 0,875 0,136 0,206
Cloreto mg/L 2,104 2,772 2,431 2,274 3,22 2,278 2,657 2,34 2,286 3,513 2,11 2,521 2,352 2,121 2,953
Brometo mg/L 1,341 1,298 1,736 1,522 1,705 1,117 1,214 1,583 1,415 1,538 0,895 0,961 1,216 1,013 1,149
Nitrato mg/L 0,644 0,677 0,668 0,689 0,496 0,2 0,198 0,23 0,1 0,13 0,051 0,074 0,261 0,109 0,124
Fosfato mg/L 0,01 0,02 0,01 0,09 0,01 0,46 0,43 0,01 0,01 0,01 0,01 0,37 0,01 0,04 0,01
Sulfato mg/L 0,544 0,831 0,773 0,84 1,014 0,671 0,655 0,805 0,815 0,993 0,662 0,681 0,711 0,779 0,82
Sódio mg/L 9,44 3,56 2,84 2,64 5,8 7,51 3,34 2,57 2,93 5,54 1,67 1,91 1,81 2,17 1,86
Amônio mg/L 0 0,012 0 0 0,257 0,01 0,01 0,01 0,03 0,01 0,025 0,025 0,024 0,09 0,018
Potássio mg/L 1,95 0,99 0,9 0,83 1,5 1,13 0,933 0,945 0,796 1,43 0,595 0,805 0,86 0,739 0,817
Cálcio mg/L 9,59 2,4 11,9 1,57 3,48 3,52 2,12 8,97 1,55 3,32 2,58 1,96 5,82 1,22 3,71
Magnésio mg/L 0,98 0,84 0,82 0,69 1,68 0,81 0,96 1,05 0,71 1,59 0,76 0,79 0,85 0,65 1,52
Sílica mg/L 5,48 5,21 5,35 5,08 10,07 5,17 5,08 5,33 5,01 9,1 3,71 4,35 5,12 4,98 8,65
197
Tabela 3: Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas do Rio Piraí referentes ao mês de outubro.
Outubro-19 out/16 out/12
Parâmetros Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
Prof. da estação m 0,9 1,1 1,1 1,8 1,5 1 1,2 0,6 1,7 1 1 1,1 1,6 2 1,2
Temp. da água ºC 21,18 21,35 23,72 23,56 24,41 23,3 26,82 29,55 29,26 34,36 20,9 21,02 22,5 23,03 22,9
Condutividade uS/cm 126,1 166,91 195,74 201,05 254,55 115,02 155,08 187,77 195,47 239,57 108,63 147,76 176,28 184,21 216,62
pH - 7,66 7,19 7,04 6,88 6,98 7,6 7,44 7,43 7,3 7,25 5,51 6,07 6,45 6,97 6,59
OD mg/L 8,37 7,72 8,55 8,77 8,43 6,63 5,02 6,06 6 6,11 6,84 7,2 6,35 6,56 5,73
Turbidez UNT 15,12 20,94 28,85 19,38 115,4 22,42 35,25 32,7 33,32 49,17 22,41 32,35 19,51 29,8 67,22
Vazão m³/s 1,78 2,52 3,36 7,17 - 1,29 1,69 2,23 5,93 - 1,6 1,79 3,71 6,48 -
Coliformes NMP/100mL 410 2419 2419 2419 2419 350 1606 1597 2259 2419 260 340 1230 1850 1980
DBO mg/L 7,97 7,58 6,18 7,77 4,35 2,33 3,47 3,13 3,81 2,9 3,97 2,15 1,92 3,8 3,98
STD mg/L 194,01 256,78 301,14 309,3 391,62 176,95 238,59 288,88 300,72 368,57 167,13 227,33 271,2 283,41 333,26
SST mg/L 3,85 6,2 16,59 25,59 77 2,14 27,15 35,85 46,52 46,88 1,55 4,8 12,98 21,35 38,74
Clorofila ug/L 0,4 0,9 1,7 1 9,4 0,2 0,7 1,4 1,5 8,6 0,2 0,8 1,2 1,1 7,3
Bicarbonato mg/L 176 239 273 295 361 162 223 264 288 343 155 214 252 271 315
Fluoreto mg/L 0,12 0,12 0,124 0,125 0,178 0,111 0,113 0,116 0,121 0,154 0,103 0,104 0,112 0,114 0,135
Cloreto mg/L 4 2,89 1,86 1,14 2,37 2,33 2,05 1,77 0,85 2,13 1,98 1,62 1,43 0,61 1,85
Brometo mg/L 0,871 0,827 1,2 0,884 0,751 0,712 0,683 1,031 0,732 0,623 0,591 0,481 0,887 0,665 0,442
Nitrato mg/L 0,251 0,026 0,032 0,783 0,157 0,354 0,11 0,188 0,51 0,258 0,045 0,071 0,126 0,086 0,101
Fosfato mg/L 0,02 0,19 0,02 0,33 0,22 0,03 0,26 0,01 0,06 0,13 0,06 0,23 0,13 0,49 0,35
Sulfato mg/L 0,837 0,777 0,756 0,596 0,318 0,742 0,655 0,631 0,524 0,388 0,512 0,487 0,477 0,368 0,351
Sódio mg/L 3,58 3,31 5,12 2,12 6,81 3,12 2,88 4,76 1,95 5,4 2,53 2,94 2,85 2,32 2,27
Amônio mg/L 0,089 0,11 0,071 0,125 0,09 0,062 0,087 0,035 0,11 0,05 0,068 0,226 0,056 0,132 0,098
Potássio mg/L 0,85 0,97 1,5 0,9 2,13 0,81 0,93 1,12 1,05 1,76 0,92 1,16 1,21 1,2 1,25
Cálcio mg/L 1,79 1,97 11,05 1,79 5,32 1,35 1,78 9,21 1,51 4,88 1,07 1,34 6,78 1,32 3,26
Magnésio mg/L 0,7 0,9 0,99 0,68 2,37 0,62 0,71 0,76 0,53 1,99 0,43 0,55 0,61 0,47 1,57
Sílica mg/L 4,9 5,69 5,41 4,83 9,9 4,71 5,33 5,25 4,77 7,81 3,82 4,12 4,53 4,63 6,58
198
Tabela 4: Concentração, em meq/L, dos íons dissolvidos nas águas do Rio Piraí
referentes ao mês de fevereiro.
Fevereiro Cl- SO4-2 HCO3- Na+ K+ Mg+2 Ca+2 NO3-
Pontos Ano (meq/L)
P1 2019 0,076872 0,014012 2,70435 0,182265 0,027371 0,043587 0,135229 0,005775
P2 2019 0,09487 0,021341 3,37634 0,12528 0,028138 0,053456 0,095808 0,011339
P3 2019 0,051229 0,017905 3,45829 0,0783 0,027371 0,050166 0,082335 0,011452
P4 2019 0,01292 0,004893 3,01576 0,048285 0,008186 0,011514 0,073353 0,001629
P5 2019 0,118849 0,026441 3,35995 0,133545 0,03351 0,05839 0,083832 0,00792
Tabela 5: Concentração, em meq/L, dos íons dissolvidos nas águas do Rio Piraí
referentes ao mês de junho.
Junho Cl- SO4-2 HCO3- Na+ K+ Mg+2 Ca+2 NO3-
Pontos Ano (meq/L)
P1 2019 0,059354 0,011326 3,37634 0,41064 0,049881 0,080595 0,478541 0,010388
P2 2019 0,078198 0,017301 4,03194 0,15486 0,025324 0,069082 0,11976 0,01092
P3 2019 0,068579 0,016094 4,50725 0,12354 0,023022 0,067437 0,59381 0,010775
P4 2019 0,06415 0,017489 4,24501 0,11484 0,021231 0,056746 0,078343 0,011114
P5 2019 0,090836 0,021111 5,47426 0,2523 0,03837 0,138163 0,173652 0,008
199
Tabela 6: Concentração, em meq/L, dos íons dissolvidos nas águas do Rio Piraí
referentes ao mês de outubro.
Outubro Cl- SO4-2 HCO3- Na+ K+ Mg+2 Ca+2 NO3-
Pontos Ano (meq/L)
P1 2019 0,112812 0,017426 2,88464 0,15573 0,021743 0,057568 0,089321 0,004049
P2 2019 0,081583 0,016177 3,91721 0,143985 0,024813 0,074016 0,098303 0,000419
P3 2019 0,052471 0,01574 4,47447 0,22272 0,03837 0,081418 0,551395 0,000516
P4 2019 0,032188 0,012409 4,83505 0,09222 0,023022 0,055923 0,089321 0,01263
P5 2019 0,066971 0,006621 5,91679 0,296235 0,054485 0,194909 0,265468 0,002532
200
Tabela 7: Resultados das razões iônicas em todos os períodos amostrados.
Mg/Na Ca/Na HCO3/Na Cl+SO4/HCO3 Na+K/HCO3 Ca+Mg/HCO3 ƩCations Na+K Na/Cl Ca+Mg HCO3+SO4
Razões Iônicas
mg/L mEq/L
Fevereiro
P1 2019 0,1265 0,6468 39,3795 0,0206 0,0319 0,0196 0,3885 0,2096 2,371 0,1788 2,7184
P2 2019 0,2257 0,6667 71,5278 0,0213 0,0193 0,0125 0,3027 0,1534 1,3205 0,1493 3,3977
P3 2019 0,3389 0,9167 117,2222 0,0127 0,0136 0,0107 0,2382 0,1057 1,5284 0,1325 3,4762
P4 2019 0,1261 1,3243 165,7658 0,0038 0,0078 0,0088 0,1413 0,0565 3,7372 0,0849 3,0207
P5 2019 0,2313 0,5472 66,7752 0,0267 0,0214 0,0117 0,3093 0,1671 1,1237 0,1422 3,3864
P1 2016 0,116 0,6495 37,3711 0,0174 0,0334 0,0205 0,356 0,1933 3,0111 0,1628 2,3876
P2 2016 0,2275 0,7647 76,4706 0,0157 0,0182 0,013 0,2815 0,1365 1,6704 0,145 3,2107
P3 2016 0,2984 0,8272 105,7592 0,014 0,0134 0,0106 0,2291 0,1034 1,3616 0,1257 3,3245
P4 2016 0,2756 1,0472 134,6457 0,0111 0,0122 0,0098 0,1711 0,076 1,2505 0,0952 2,8096
P5 2016 0,2348 0,6136 72,7273 0,0189 0,0188 0,0117 0,2716 0,1398 1,4456 0,1318 3,1638
P1 2012 0,0904 0,621 34,9854 0,0172 0,0341 0,0203 0,298 0,1662 3,2409 0,1318 1,9759
P2 2012 0,1822 0,7373 66,5254 0,0141 0,0198 0,0138 0,2438 0,1216 2,0736 0,1222 2,5827
P3 2012 0,2487 0,665 94,9239 0,0109 0,0147 0,0096 0,2115 0,1058 1,97 0,1057 3,0752
P4 2012 0,2343 0,6 81,7143 0,0117 0,0177 0,0102 0,1823 0,0962 1,8858 0,0861 2,3487
P5 2012 0,298 1 117,2185 0,0157 0,0133 0,0111 0,1996 0,0872 1,1567 0,1124 2,9169
Junho
P1 2019 0,1038 1,0159 21,822 0,0129 0,0553 0,0513 1,0197 0,4605 6,9185 0,5591 3,3877
P2 2019 0,236 0,6742 69,1011 0,0146 0,0185 0,0132 0,369 0,1802 1,9804 0,1888 4,0492
P3 2019 0,2887 4,1901 96,831 0,0117 0,0136 0,0463 0,8078 0,1466 1,8014 0,6612 4,5233
P4 2019 0,2614 0,5947 98,1061 0,012 0,0134 0,0087 0,2712 0,1361 1,7902 0,1351 4,2625
P5 2019 0,2897 0,6 57,5862 0,0127 0,0219 0,0154 0,6025 0,2907 2,7775 0,3118 5,4954
P1 2016 0,1079 0,4687 25,8322 0,0152 0,0445 0,0223 0,5979 0,3556 5,0836 0,2423 3,1936
P2 2016 0,2874 0,6347 73,3533 0,0135 0,0174 0,0126 0,3539 0,1692 1,9384 0,1847 4,0292
201
P3 2016 0,4086 3,4903 101,1673 0,0121 0,0135 0,0385 0,6699 0,136 1,6936 0,534 4,2782
P4 2016 0,2423 0,529 84,6416 0,0125 0,015 0,0091 0,2836 0,1478 1,9764 0,1357 4,0817
P5 2016 0,287 0,5993 57,0397 0,0143 0,0221 0,0155 0,574 0,2776 2,4317 0,2964 5,1999
P1 2012 0,4551 1,5449 98,8024 0,0168 0,0137 0,0202 0,2791 0,0879 1,2205 0,1912 2,7181
P2 2012 0,4136 1,0262 110,4712 0,0152 0,0129 0,013 0,2665 0,1037 1,1683 0,1628 3,4725
P3 2012 0,4688 3,2101 136,2383 0,0124 0,0108 0,027 0,4612 0,1009 1,1886 0,3603 4,0631
P4 2012 0,2995 0,5622 106,9124 0,0125 0,0125 0,0081 0,2276 0,1133 1,5776 0,1143 3,8187
P5 2012 0,8172 1,9946 156,9892 0,0129 0,0092 0,0179 0,4119 0,1018 0,9713 0,3101 4,803
Outubro
P1 2019 0,1955 0,5 49,162 0,0275 0,0252 0,0141 0,3244 0,1775 1,3804 0,1469 2,9021
P2 2019 0,2719 0,5952 72,2054 0,0154 0,0179 0,012 0,3411 0,1688 1,7649 0,1723 3,9334
P3 2019 0,1934 2,1582 53,3203 0,0096 0,0242 0,0441 0,8939 0,2611 4,2447 0,6328 4,4902
P4 2019 0,3208 0,8443 139,1509 0,0059 0,0102 0,0084 0,2605 0,1152 2,8651 0,1452 4,8475
P5 2019 0,348 0,7812 53,0103 0,0075 0,0248 0,0213 0,8111 0,3507 4,4234 0,4604 5,9234
P1 2016 0,1987 0,4327 51,9231 0,019 0,0243 0,0122 0,2748 0,1564 2,0648 0,1184 2,6706
P2 2016 0,2465 0,6181 77,4306 0,0121 0,0171 0,0112 0,2963 0,1491 2,1663 0,1472 3,6686
P3 2016 0,1597 1,9349 55,4622 0,0091 0,0223 0,0378 0,7578 0,2357 4,1469 0,5221 4,3401
P4 2016 0,2718 0,7744 147,6923 0,0048 0,0104 0,0071 0,2306 0,1117 3,5375 0,1189 4,7312
P5 2016 0,3685 0,9037 63,5185 0,0073 0,0209 0,02 0,6871 0,2799 3,9093 0,4072 5,6298
P1 2012 0,17 0,4229 61,2648 0,0161 0,0223 0,0097 0,2223 0,1336 1,9703 0,0888 2,5511
P2 2012 0,1871 0,4558 72,7891 0,0098 0,0192 0,0088 0,2697 0,1576 2,7985 0,1121 3,5176
P3 2012 0,214 2,3789 88,4211 0,0076 0,0161 0,0293 0,5434 0,1549 3,0732 0,3885 4,1402
P4 2012 0,2026 0,569 116,8103 0,0036 0,013 0,0066 0,2361 0,1316 5,8647 0,1045 4,4494
P5 2012 0,6916 1,4361 138,7665 0,007 0,0112 0,0153 0,4225 0,1307 1,8921 0,2918 5,1702
202
Tabela 8: Scores da Análise Fatorial
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
P1 -2,82 0,15 -1,07 -0,56 0,8
P2 -1,58 0,32 -0,9 -0,47 0,01
Fevereiro P3 -1,12 0 -0,58 0,69 -0,61
P4 -1,75 0,35 -1,56 0,36 -0,19
P5 -1,14 -0,22 -0,1 0,58 -0,63
P1 -0,94 -0,27 0,19 -0,04 -0,46
P2 0,36 -0,72 0,12 -0,81 -0,55
2012 Junho P3 -0,03 -0,43 0,67 1,69 -0,29
P4 0,41 -0,26 0,27 -0,19 -1,02
P5 0,66 -0,75 0,62 1,05 -0,12
P1 -0,93 -0,65 0,09 -2,14 -0,23
P2 0,2 -0,96 -0,55 -1,69 -0,05
Outubro P3 0,25 -0,85 -1,1 -0,12 0,82
P4 1,42 -0,29 -2,01 -0,65 -0,86
P5 1,51 -0,92 -1,2 0,06 0,3
P1 -1,75 -0,71 -0,26 -0,3 0,9
P2 -0,92 -1,74 0,3 0,36 0,3
Fevereiro P3 -0,49 -0,47 0,48 1,27 -0,91
P4 -0,81 -1,04 -0,98 0,92 -0,78
P5 -0,61 -1,25 0,85 0,9 -0,21
P1 0,16 0,08 0,02 -1,35 1,16
P2 0,86 0,01 0,16 -0,93 -0,07
2016 Junho P3 0,18 -0,11 0,8 1,85 0,19
P4 0,31 -0,54 0,62 0,49 -0,54
P5 0,77 -1,06 1,28 0,76 1,08
P1 -0,23 0,02 1,31 -1,78 -0,56
P2 0,87 -0,74 0,13 -0,62 -0,5
Outubro P3 0,03 -0,2 -0,46 0,89 1,29
P4 1,24 -0,06 -1,02 0,51 -1,12
P5 1,47 -0,65 -0,91 0,3 1,61
P1 -1,15 0,78 0,61 -1,04 0,55
P2 -0,28 0,85 1,42 -0,59 -0,31
Fevereiro P3 0,13 1,05 1,09 0,73 -1,41
P4 -0,16 1,16 -2,49 0,69 -2,69
P5 -0,08 -1,42 2,14 0,9 -0,15
P1 -0,55 2,61 -0,39 0,4 2,8
P2 0,52 1,44 0,76 -0,2 -0,16
2019 Junho P3 0,08 2,65 0,51 2,14 0,41
P4 0,72 2,54 0,37 -0,11 -0,64
P5 1,08 -0,03 1,14 0,14 0,91
P1 -0,2 1,05 1,65 -1,72 -0,32
P2 0,86 0,21 0,61 -1,87 -0,27
Outubro P3 0,17 0,29 -0,51 -0,15 1,7
P4 1,56 1,02 -0,71 -0,53 -1,28
P5 1,7 -0,21 -1,44 0,17 2,1
203