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INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS – GEOQUÍMICA

GABRIEL SOARES DE ALMEIDA

CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA APLICADA AO DIAGNÓSTICO


AMBIENTAL E A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DA MICROBACIA
DO RIO PIRAÍ NO TRECHO À MONTANTE DO TÚNEL DE TÓCOS – RJ

NITERÓI
2022
GABRIEL SOARES DE ALMEIDA

CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOQUÍMICA APLICADA AO DIAGNÓSTICO


AMBIENTAL E A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DA MICROBACIA
DO RIO PIRAÍ NO TRECHO À MONTANTE DO TÚNEL DE TÓCOS – RJ

Tese apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Geociências da
Universidade Federal Fluminense como
requisito parcial para a obtenção do
Grau de Doutor. Área de concentração:
Geoquímico Ambiental.

Orientador:
Prof. Dr. Emmanoel Vieira da Silva Filho

Coorientador:
Dr. Eduardo Duarte Marques (CPRM)

NITERÓI
2022
RESUMO
A presente pesquisa teve como intuito caracterizar o comportamento hidrogeoquímico
das águas da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de
Tócos, elaborando um diagnóstico ambiental e propor medidas relacionadas a um plano
de gestão de seus recursos hídricos. Este trecho da microbacia está localizado no
município de Rio Claro, Estado do Rio de Janeiro e possui uma importância estratégica
para o município do Rio de Janeiro e sua região metropolitana, fornecendo 96% da água
que abastece o Reservatório de Ribeirão das Lajes, que por sua vez, é responsável por
cerca de 40% da água disponível no Sistema Guandu, sistema esse que atende
aproximadamente 9 milhões de pessoas. Com o aumento do consumo de água,
diminuição da vazão do Rio Paraíba do Sul e recorrentes crises hídricas relacionadas as
mudanças climáticas, este trecho da microbacia se tornou ainda mais importante para
evitar um colapso hídrico na capital fluminense. Para esta caracterização ambiental,
foram realizadas coletas de água superficial em 5 pontos ao longo do seu curso principal
em um espaço temporal de 3 anos (2012, 2016 e 2019) em 3 épocas do ano distintas
(fevereiro, junho e outubro). Para a interpretação dos resultados, foram utilizadas
informações geoambientais e técnicas estatísticas, que permitiram a determinação das
características e processos físico-químicos atuantes na água, além de identificar as
principais fontes relacionadas aos impactos ambientais existentes. Pode ser observado
que a química das águas deste trecho da microbacia tem influência de parâmetros
naturais, porém o aumento da descarga de efluentes domésticos e a expansão da
agricultura e pastagens, estão colaborando processos de eutrofização, erosões e
deslizamentos de encosta. A análise do uso e ocupação do solo ao longo dos anos de
amostragem mostrou que a influência antrópica vem degradando a qualidade das águas
do rio e medidas a curto, médio e longo prazo precisam ser tomadas, indicando uma
intervenção de um plano gestor. Esse plano gestor deverá promover projetos de
proteção e restauração de nascentes, incentivos fiscais baseado em consumo de água e
planos de reflorestamento, desenvolver tecnologias para conservação e melhor uso do
solo, investir em prevenção de enchentes e secas, impulsionar investimentos em
recursos para coleta e tratamento de esgoto e realizar programas de conscientização e
educação ambiental.

Palavras-chave: Bacia hidrográfica; água superficial; gestão territorial.


ABSTRACT
This research intended to characterize the hydrogeochemical behavior of the waters of
Piraí river micro watershed in the stretch upstream of the Tócos tunnel, developing an
environmental diagnosis and proposing measures related to a management plan for its
water resources. This stretch of the micro watershed is located in the municipality of
Rio Claro, State of Rio de Janeiro and has strategic importance for the municipality of
Rio de Janeiro and its metropolitan region, providing 96% of the water that supplies the
Ribeirão das Lajes Reservoir, which in turn, it is responsible for about 40% of the water
available in the System, a system that serves approximately 9 million people. With the
increase in water consumption, decrease in the flow of the Paraíba do Sul River and
recurrent water crisis related to climate changes, this stretch of the micro watershed has
become even more important to avoid a collapse in water supply in the Rio de Janeiro
State capital. For this environmental characterization, surface water collections were
performed at 5 points along its main course in 3 different years (2012, 2016 and 2019),
at 3 different times of the year (February, June, and October). In order to interpret the
results, geoenvironmental information and proper statistics were used, which allowed
the determination of the characteristics and physical-chemical processes acting on the
water, in addition to identify the main sources related to the existing environmental
impacts. It may be observed that the water chemistry of this stretch of the micro
watershed is influenced by natural parameters, however, the increase in discharge of
domestic effluents and the expansion of agriculture and pastures, are contributing to
processes of eutrophication, erosion and landslides. The analysis of the soil use and
occupation over the years of sampling showed that the anthropic influence has been
degrading the water quality of this river, and short-, medium- and long-term measures
need to be taken, indicating an intervention of a management plan. This management
plan should promote protection and restoration of springs, tax incentives based on water
consumption and reforestation plans, developing technologies for the conservation and
better use of the soil, invest in flood and drought prevention, boost investments in
resources for sewage collection and treatment and carry out environmental awareness
and education programs.

Keywords: Hydrographic basin; surface water; territorial management.


LISTA DE FIGURAS

Figura 2: Principais regiões hidrográficas do Brasil. ................................................................. 36


Figura 3: Principais regiões hidrográficas do Rio de Janeiro. ................................................... 37
Figura 4: Mapa de Localização da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel
de Tócos. ..................................................................................................................................... 40
Figura 6: Comparação entre a rede de drenagens em período chuvoso e seco da Microbacia
Hidrográfica do Rio Piraí até o túnel de Tócos. .......................................................................... 42
Figura 8: Precipitação mensal média e médias das temperaturas máximas e mínimas mensal. 44
Figura 9: Balanço hídrico da série histórica da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de
Tócos. .......................................................................................................................................... 45
Figura 10: Mapa Geológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos. ........ 47
Figura 11: Mapa Geomorfológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos.48
Figura 12: Mapa de declividade da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos. .. 49
Figura 13: Mapa de declividade da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos. .. 51
Figura 15: Mapa Pedológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos. ....... 54
Figura 16: Mapa de Cobertura Vegetal da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos. .......................................................................................................................................... 55
Figura 17: Mapa de Aptidão Agrícolas da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos. .......................................................................................................................................... 57
Figura 19: Distribuição espacial dos pontos de amostragem. .................................................... 61
Fonte: Elaborado pelo autor. ....................................................................................................... 61
Figura 20: Presença de granjas e degradação de margens no P1. .............................................. 62
Figura 21:Centro da cidade de Lídice e tubulações de esgoto com descarte direto no rio ........ 62
Figura 22: Criação de búfalos nas margens expostas e presença de ravinas nos morros
adjacentes. ................................................................................................................................... 63
Figura 23: Posto de gasolina bem próximo as margens do rio. Queda d’água com fins
recreativos. .................................................................................................................................. 63
Figura 24: Barragem de Tócos e Túnel de Tócos. ..................................................................... 64
Figura 26: Medição de vazão em uma seção do rio com indicações das profundidades e
distâncias horizontais e verticais. ................................................................................................ 66
Figura 28: Representação do Diagrama de Chadha. .................................................................. 71
Figura 30: Volume de chuvas nos meses amostrados. ............................................................... 79
Figura 31: Balanço hídrico referente aos anos de amostragem do estudo. ................................ 80
Figura 34: Valores de temperatura dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019. ............................................................................................................................................ 86
Figura 35: Valores de CE dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019.. 87
Figura 36: Valores de OD dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019. 89
Figura 37: Valores de turbidez dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019. ............................................................................................................................................ 91
Figura 38: Valores de STD dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019.
..................................................................................................................................................... 92
Figura 39: Valores de SST dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019.94
Figura 40: Valores de DBO dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019.
..................................................................................................................................................... 95
Figura 41: Valores de Coliformes dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019. ............................................................................................................................................ 97
Figura 42: Valores de Coliformes dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019. ............................................................................................................................................ 99
Figura 43: Concentração de HCO3- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016
e 2019. ....................................................................................................................................... 102
Figura 44: Concentração de F- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016 e
2019. .......................................................................................................................................... 104
Figura 47: Concentração de NO3- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016 e
2019. .......................................................................................................................................... 108
Figura 48: Concentração de PO43- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016
e 2019. ....................................................................................................................................... 110
Figura 49: Concentração de SO42- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016
e 2019. ....................................................................................................................................... 111
Figura 50: Concentração de Na+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016 e
2019. .......................................................................................................................................... 113
Figura 51: Concentração de NH4+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016
e 2019. ....................................................................................................................................... 114
Figura 52: Concentração de K+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016 e
2019. .......................................................................................................................................... 116
Figura 54: Concentração de Mg2+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012, 2016 e
2019. .......................................................................................................................................... 120
Figura 56: Distribuição das amostras das águas superficiais por meio do diagrama de Gibbs.123
Figura 58: Classificação das águas superficiais por meio do diagrama de Chadha. ................ 126
Figura 61: Gráficos de Razão Iônica E e F. ............................................................................. 128
Figura 63: Gráficos de Razão Iônica I e J. ............................................................................... 131
Figura 64: Diagrama para classificação de águas para irrigação (RAS) segundo USSL. ........ 134
Figura 65: Gráfico do IQA ao longo dos períodos de amostragem. ........................................ 136
Figura 69: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 1 nos períodos de amostragem.......... 145
Figura 71: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 3 nos períodos de amostragem.......... 146
Figura 72: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 4 nos períodos de amostragem.......... 146
Figura 74: Comparação temporal do uso e ocupação do solo na área da Microbacia
Hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos. ........................................................ 150
Figura 75: Comparação entre a evolução do uso e ocupação do solo entre vegetação nativa e
áreas agrícolas e pastagens. ....................................................................................................... 151
Figura 76: Áreas de reflorestamento utilizando práticas de plantio de eucalipto. ................... 152
Figura 77: Localização das granjas e do P1. ............................................................................ 154
Figura 79: No ponto P3 há currais com a presença de búfalos nas margens do rio (A e B),
margens assoreadas (C) e morros que apresentam processos erosivos em desenvolvimento (D).
................................................................................................................................................... 156
Figura 80: Ponto P4 localiza-se escoamento turbulento ocasionado pela presença de rochas
aflorantes e posto de gasolina localizado em sua margem. ....................................................... 157
Figura 81: Extração de areia nas margens e leito do rio Piraí através de “dragas” e as formas de
armazenamento do material extraído localizado entre os pontos P4 e o P5. ............................. 158
Figura 82: Variação do volume de água no ponto P5 entre os períodos de menor e maior vazão
do rio de acordo com época do ano. .......................................................................................... 159
Figura 83: Lamaçal pisoteado por bois na margem desmatada do rio Piraí. Criação de bois e
larga pastagem na margem do rio próxima ao ponto P5. .......................................................... 159
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Coordenadas e altitude dos pontos de amostragem. ................................................... 61
Tabela 2: Classificação da Qualidade de Água (IQA). .............................................................. 74
Tabela 4: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos parâmetros
físico químicos. ........................................................................................................................... 82
Tabela 5: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos parâmetros
físico químicos. ......................................................................................................................... 100
Tabela 6: Ordem decrescente das configurações iônicas baseadas nas concentrações médias.101
Tabela 7: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos parâmetros
físico químicos. ......................................................................................................................... 121
Tabela 8: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de fevereiro. ....................................... 132
Tabela 9: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de junho. ............................................. 132
Tabela 10: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de outubro. ....................................... 133
Tabela 11: Resultados dos Índices de Qualidade de Água....................................................... 135
Tabela 12: Comparação do IQA dos Rios responsáveis pelo abastecimento público do Estado
do Rio de Janeiro. ...................................................................................................................... 137
Tabela 13: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2012. .... 139
Tabela 14: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2016. .... 140
Tabela 15: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2019. .... 141
Tabela 16: Análise fatorial dos parâmetros amostrados nas águas do Rio Piraí. ..................... 143
Tabela 17: Fatores, Associações geoquímicas e explicação de fatores. ................................... 143
Tabela 18: Valores da Denudação Química dos períodos amostrados, somatório anual e média
anual. ......................................................................................................................................... 148
Tabela 19: Área em percentual da evolução do uso e ocupação do solo entre os anos de 2007,
2013, 2015 e 2019. .................................................................................................................... 149
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1: Cálculo de Vazão. ................................................................................................... 66
Equação 2: Cálculo de Erro Analítico. ...................................................................................... 69
Equação 3: Cálculo do RAS. ..................................................................................................... 72
Equação 4: Cálculo do %Na. ..................................................................................................... 73
Equação 5: Cálculo do CSR. ...................................................................................................... 73
Equação 6: Cálculo do RM. ....................................................................................................... 73
Equação 7: Cálculo do Índice de Qualidade da Água. ............................................................... 74
Equação 8: Cálculo da denudação química................................................................................ 77
Equação 9: Matéria Orgânica + O2 + bactérias → CO2 + H2O + energia .................................. 89
Equação 10: Reação de intemperismo em rochas silicáticas. .................................................. 121
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12
2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 16
2.1 Objetivo geral .......................................................................................................................16
2.2 Objetivos específicos.............................................................................................................17
2.3 Estrutura da tese ................................................................................................................. 17
3. BASE TEÓRICA.................................................................................................................. 18
3.1 Bacias hidrográficas ............................................................................................................ 18
3.3 Caracterização geoambiental ............................................................................................. 23
3.4 Hidrogeoquímica ................................................................................................................. 24
3.5 Diagnóstico ambiental ......................................................................................................... 25
3.6 Gestão de recursos hídricos ................................................................................................ 30
3.6.1 Gestão de recursos hídricos no Brasil ................................................................................ 32
3.6.2 Gestão de pequenas e microbacias hidrográficas ............................................................... 38
4. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................ 39
4.1 Localização e descrição ....................................................................................................... 39
4.2 Hidrografia .......................................................................................................................... 40
4.3 Clima .................................................................................................................................... 42
4.4 Geologia................................................................................................................................ 45
4.5 Geomorfologia ..................................................................................................................... 47
4.6 Declividade ........................................................................................................................... 49
4.7 Altimetria ............................................................................................................................. 50
4.8 Favorabilidade hidrogeológica ........................................................................................... 51
4.9 Cobertura pedológica.......................................................................................................... 53
4.10 Cobertura vegetal .............................................................................................................. 54
4.11 Aptidão agrícola ................................................................................................................ 56
4.12 Uso e ocupação do solo ...................................................................................................... 57
5. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................ 59
5.1 Etapa de amostragem de campo ........................................................................................ 60
5.2 Etapa laboratorial ............................................................................................................... 66
5.3 Tratamento e interpretação de dados................................................................................ 68
5.3.1 Erro analítico ...................................................................................................................... 68
5.3.2 Diagrama de Gibbs ............................................................................................................. 69
5.3.3 Diagrama de Piper .............................................................................................................. 69
5.3.4 Diagrama de Chadha .......................................................................................................... 70
5.3.5 Razões iônicas .................................................................................................................... 71
5.3.6 Avaliação de irrigação ........................................................................................................ 72
5.3.7 Índice de qualidade de água (IQA) .................................................................................... 74
5.3.8 Matriz de coeficientes de correlação .................................................................................. 75
5.3.9 Análise fatorial ................................................................................................................... 75
5.3.10 Denudação química .......................................................................................................... 76
6. HIDROGEOQUÍMICA....................................................................................................... 77
6.1 Resultados e discussões ....................................................................................................... 77
6.1.1 Precipitação e temperatura ................................................................................................. 77
5.3.2 Balanço hídrico .................................................................................................................. 79
5.3.3 Vazão.................................................................................................................................. 81
5.3.3 Parâmetros físico-químicos ................................................................................................ 82
5.3.3.1 pH .................................................................................................................................... 83
5.3.3.2 Temperatura .................................................................................................................... 85
5.3.3.3 Condutividade elétrica..................................................................................................... 86
5.3.3.4 Oxigênio dissolvido......................................................................................................... 88
5.3.3.5 Turbidez .......................................................................................................................... 90
5.3.3.6 Sólidos totais dissolvidos ................................................................................................ 91
5.3.3.7 Sólidos suspensos totais .................................................................................................. 93
5.3.3.8 Demanda bioquímica de oxigênio ................................................................................... 95
5.3.3.9 Coliformes totais ............................................................................................................. 96
5.3.3.10 Clorofila-a ..................................................................................................................... 98
5.3.4 Íons maiores ....................................................................................................................... 99
5.3.4.1 Bicarbonato (HCO3-) ..................................................................................................... 101
5.3.4.2 Fluoreto (F-)................................................................................................................... 103
5.3.4.3 Cloreto (Cl-)................................................................................................................... 104
5.3.4.4 Brometo (Br-) ................................................................................................................ 106
5.3.4.5 Nitrato (NO3-) ................................................................................................................ 107
5.3.4.6 Fosfato (PO43-) ............................................................................................................... 109
5.3.4.7 Sulfato (SO42-) ............................................................................................................... 110
5.3.4.8 Sódio (Na+) .................................................................................................................... 112
5.3.4.9 Amônio (NH4+).............................................................................................................. 113
5.3.4.10 Potássio (K+) ............................................................................................................... 115
5.3.4.11 Cálcio (Ca2+)................................................................................................................ 117
5.3.4.12 Magnésio (Mg2+) ......................................................................................................... 119
5.3.4.13 Sílica (SiO2)................................................................................................................. 120
5.3.5 Diagrama de Gibbs ........................................................................................................... 123
5.3.6 Diagrama de Piper ............................................................................................................ 124
5.3.7 Diagrama de Chadha ........................................................................................................ 125
5.3.8 Razões iônicas .................................................................................................................. 126
5.3.9 Avaliação de irrigação ...................................................................................................... 131
5.3.10 Índice de qualidade de água (IQA)................................................................................. 135
5.3.11 Matriz de coeficientes de correlação .............................................................................. 137
5.3.12 Análise fatorial ............................................................................................................... 142
5.3.13 Denudação química ........................................................................................................ 147
7. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ....................................................................................... 148
8. GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: PROBLEMAS, SOLUÇÕES E CENÁRIOS
FUTUROS ................................................................................................................................ 161
9. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 164
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 168
APÊNDICE .............................................................................................................................. 196
1. INTRODUÇÃO

A qualidade das águas superficiais é uma questão prioritária, estratégica e


crítica. Ela depende muito das atividades industriais, agrícolas e domésticas que atuam
em uma bacia hidrográfica (SINGH et al., 2004). A disponibilidade de água é
potencialmente um dos maiores problemas a serem enfrentados pela comunidade
mundial nos próximos anos, já que água doce existe em pequena escala, totalizando
menos de 2,5 % do total de água presente no planeta (GLEICK, 2000), sendo que pouco
mais de 2% estão nas geleiras (em estado sólido) e, portanto, menos de 1% está
disponível para consumo (ESTEVES, 1998; WETZEL, 2001).
Nas últimas cinco décadas, a exploração de água doce de lagos, rios e aquíferos
triplicaram motivado pelo crescimento populacional e das atividades humanas,
transformando os recursos hídricos além de uma questão ecológica, mas também em
uma questão política, econômica e social (TUNDISI, 2003). No entanto, a falta de
planejamento voltada para abastecimento público, a ineficácia da coleta e tratamento de
efluentes domésticos, agrícolas e industriais e a superexploração tem tornado a água um
bem de alto valor estratégico e econômico.
Neste cenário, encontra-se a sub bacia do Rio Piraí, município de Rio Claro e
Piraí, no Estado do Rio de Janeiro. Uma bacia hidrográfica pertencente a Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, responsável por abastecimento de diversas cidades
entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A realização de estudos
ambientais em bacias com nível de importância como a do Rio Piraí e do Rio Paraíba do
Sul são capazes de fornecer informações para o planejamento e desenvolvimento de
projetos de gestão. Tais ações são capazes de garantir os padrões adequados de
qualidade ambiental e possibilitar o uso múltiplo dos recursos hídricos e ambientais
presentes na bacia.
O conhecimento e o monitoramento das características ambientais da Microbacia
Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de Tócos, alvo deste estudo,
impacta diretamente no planejamento sobre o uso das águas do Reservatório de Ribeirão
das Lajes, que por sua vez, é uma das principais fontes de água doce para a região
metropolitana do Rio de Janeiro. O trecho a montante do Túnel de Tócos da microbacia
do Rio Piraí possui uma importância estratégica fundamental, já que é responsável por
96% do abastecimento de água para o Reservatório de Ribeirão das Lajes, visto que,
fornece cerca de 40% da água para abastecimento público do Sistema Guandu e 20% da

12
geração de energia elétrica para 9 milhões de moradores da cidade do Rio de Janeiro e
municípios adjacentes (CABRAL, 2006; PIRES & CERQUEIRA, 2021).
O trecho a montante do Túnel de Tócos na microbacia do Rio Piraí teve sua
primeira intervenção no início do século XX. Com o crescimento populacional e
consequentemente a necessidade de oferta de água potável e energia elétrica para a
população, o governo autorizou, em 1907 a construção de barragens, túneis e represas
na região de Piraí (BARBOSA et al., 2016).
Primeiramente, houve a construção do Reservatório de Lajes, onde teria
capacidade para 224 milhões de litros de água, o reservatório geraria eletricidade para a
cidade do Rio de Janeiro e dezenas de municípios vizinhos. Inicialmente, o reservatório
era abastecido apenas pelo Ribeirão das Lajes. Vendo a necessidade de aumentar sua
capacidade, foram construídos o Reservatório de Tócos, que barrava o Rio Piraí, e o
Túnel de Tócos, um desvio do Rio Piraí através de um túnel subterrâneo com 8,5 km de
comprimento e capacidade de vazão de 12m³/s.
Em consequência do aumento populacional progressivo e a diminuição da vazão,
devido a diversas obras de transposição do Rio Paraíba do Sul no Estado de São Paulo,
o Reservatório de Ribeirão das Lajes, que era utilizado apenas para geração de energia,
tornou-se fundamental para fornecer água a bacia do Rio Guandu, principal bacia
hidrográfica utilizada para abastecimento público da região metropolitana do Rio de
Janeiro.
Sendo assim, as águas da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à
montante do Túnel de Tócos que são transportadas para o Reservatório de Ribeirão das
Lajes através do Túnel de Tócos e posteriormente ao Sistema Guandu assumiram uma
grande importância. O monitoramento da qualidade de suas águas e a identificação das
atividades exercidas ao longo de seu curso se tornaram essenciais para evitar
adversidades em relação ao seu uso e também reduzir custos relacionados ao
tratamento.
Outro fator que torna esse estudo importante é a manutenção da disponibilidade
dos recursos hídricos, tornando possíveis crises hídricas menos impactantes. De acordo
com o relatório do IPCC (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMA CHANGE,
2014), o Brasil está vulnerável às mudanças climáticas atuais e futuras, podendo vir a
prejudicar a produção agrícola do país e os eventos de extremos climáticos podem se
tornar mais frequentes, principalmente relacionados a enchentes e secas. Essa conclusão
foi corroborada pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), onde as

13
modificações nos regimes pluviais poderão influenciar a quantidade e a qualidade dos
recursos hídricos disponíveis para o abastecimento das cidades, provocando crises
hídricas cada vez mais constantes.
A crise hídrica na região Sudeste não é uma problemática recente, remonta a
intervenções antrópicas realizadas desde o século XIX, onde houve um grande projeto
de recomposição florestal do Maciço da Tijuca, conhecido atualmente como a maior
floresta urbana do mundo. À época, a cidade do Rio de Janeiro estava passando por um
desmatamento intenso para ampliação da produção cafeeira e a contaminação desta
monocultura juntamente com sedimentos erodidos fizeram com que as águas que
abasteciam a cidade se tornassem de péssima qualidade (SANTANA, 2002).
Adiciona-se a este cenário, situações de severas secas, escassez de alimentos em
consequência desta seca e a proliferação de doenças associadas às impurezas da água
consumida (SANTANA, 2002). Foi a partir de um cenário caótico que surgiu a Teoria
do Dessecamento, a qual relacionava a destruição da vegetação nativa com a redução da
umidade, das chuvas e dos mananciais (PÁDUA, 2002) e a Teoria das Torrentes, que
descrevia que a falta de matas que cobriam o topo e as encostas das montanhas,
acarretaria na seca dos leitos dos rios em determinadas épocas do ano e se converteriam
em torrentes quando uma forte chuva caía em suas cabeceiras (DRUMOND, 1997).
Entre os anos de 1844 e 1890, o governo sancionou instrumentos normativos
afim de promover a preservação da floresta original e impulsionar o replantio em áreas
devastadas com o propósito de garantir o abastecimento de água à população
(DRUMOND, 1997). No entanto, a Floresta da Tijuca como é conhecida hoje, não foi
inteiramente replantada, tendo sua configuração atual o resultado de um processo de
regeneração natural (DEAN, 1996).
Atualmente, a crise hídrica na região Sudeste pode ser atribuída a diversos
fatores, como o desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, ecossistemas capazes
de afetar o clima na região Sul e Sudeste do Brasil, além de políticas inadequadas para a
gestão de recursos hídricos (MARENGO et al., 2015; LYRA et al., 2017;
ALVARENGA et al., 2018; ZÁKHIA, et al., 2022).
Recentemente, as crises hídricas se tornaram mais frequentes a partir de 2001,
principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais, onde as
chuvas foram inferiores a 50% da média histórica nas cabeceiras do rio Paraíba do Sul
(CAVALCANTI & KOUSKY, 2004). Até o início de 2004, o baixo volume dos
reservatórios para distribuição e abastecimento público ainda era um problema a ser

14
contornado. Em 2012, uma nova redução na pluviosidade que causou impactos graves
na oferta de água para o abastecimento público, irrigação e geração de energia elétrica
(ANA, 2014).
Novamente a escassez hídrica se tornou assunto em 2014, sendo considerada a
pior crise hídrica do Estado de São Paulo. Em 2021, a crise hídrica superou todos os
patamares anteriores, sendo considerada a pior dos últimos 91 anos. Essas crises estão
mais frequentes, com menores intervalos e maior intensidade (FERREIRA, 2015).
Esses cenários tornaram a crise da água nessa região um tema de constante e
acalorada discussão entre governantes estaduais e municipais e órgãos e comitês
gestores dos recursos hídricos. A crise da água e a poluição do rio está provocando uma
“guerra hídrica” entre os Estados e os municípios da bacia hidrográfica do rio Paraíba
do Sul. Essa “guerra” é motivada por um panorama principal: o uso das águas do Rio
Paraíba do Sul.
Com a crise hídrica, o governo estadual de São Paulo e os municípios paulistas
que utilizam as águas do Paraíba do Sul elaboraram um projeto de construção de mais
duas barragens na região das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que por sua
vez já estão na fase de conclusão. Apesar do acordo promovido entre os Estados que
recebem as águas desta bacia, as intervenções irão reduzir mais ainda a vazão do Rio
Paraíba do Sul que chega até o Estado do Rio de Janeiro.
A região metropolitana do Rio de Janeiro e diversos municípios adjacentes não
contam com nenhum grande rio para abastecer os seus mais de 15 milhões de
habitantes. Os rios encontrados na região estão em estágios avançados de degradação,
com um grande volume de descartes de efluentes diários. A falta de água potável já é
considerada uma realidade tanto na capital quanto na região metropolitana, que depende
apenas de um rio principal, o Rio Guandu.
As águas do Rio Guandu são as responsáveis pelo abastecimento de grande parte
da população da cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana. No entanto, o Rio
Guandu não possui uma nascente própria, sendo formado pela transposição das águas
do Rio Paraíba do Sul e da represa de Ribeirão das Lajes. Com a diminuição da vazão
do Rio Paraíba do Sul, o trecho à montante do Túnel de Tócos do Rio Piraí, se torna
responsável pelo abastecimento praticamente integral do Reservatório de Lajes,
tornando-se um elemento essencial e estratégico no assunto relativo à disponibilidade de
recursos hídricos a uma das maiores cidades do Brasil e do mundo, já que a

15
disponibilidade de água para abastecimento público pode ser atenuada com a maior
captação de água vindo do Reservatório de Ribeirão das Lajes.
Com a alta variabilidade das precipitações, com grandes volumes de chuvas em
curto espaço de tempo e grandes intervalos sem chuvas, cada vez mais tem ocorrido
períodos de secas e enchentes, ocasionando impactos na produtividade agrícola,
alagamentos, disseminação de doenças veiculadas pela água, erosão do solo,
escorregamento de encostas, etc. Por conta disso, é de suma importância o entendimento
das características e da dinâmica da água nesta microbacia, a fim de solucionar e evitar
a degradação de seus recursos hídricos (SWAROWSKY et al., 2012).
A avaliação das possíveis alterações e contaminações a que está sujeita a
microbacia de drenagem, sobretudo, devido ao aumento da ocupação demográfica e da
agropecuária pode ser realizada através de diferentes metodologias, principalmente por
meios de estudos hidrogeoquímicos, tais como caracterização físico-química das águas,
aporte de material em suspensão, comportamento hidrológico da bacia, influência
antrópica das cargas dissolvida e particulada e remoção de solo (MORTATTI, 1995).
O conhecimento desses parâmetros permite um melhor entendimento da
dinâmica dessa microbacia, servindo como subsídios para os responsáveis pela gestão
planejarem um manejo adequado da área de drenagem.
A realização dessa pesquisa possibilitará identificar os aspectos ambientais e a
qualidade das águas do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de Tócos, bem como,
identificar a presença de possíveis fontes poluentes e suas variações ao longo de
períodos sazonais, através da análise de mapas temáticos e parâmetros físico-químicos
realizados em campanhas de monitoramento. Além disso, a aplicação de indicadores
ambientais e posteriormente um diagnóstico ambiental baseado no uso e ocupação do
solo se tornam essenciais para a elaboração de um plano gestor de bacia hidrográfica.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem objetivo geral identificar as características ambientais e


hidrogeoquímicas da microbacia hidrográfica do Rio Piraí no trecho à montante do
Túnel de Tócos indicando aspectos das influências naturais e antrópicas afim de
elaborar um diagnóstico ambiental com foco no uso e ocupação do solo e sugerir
processos, critérios e mecanismos para formação de um comitê de gestão dos recursos

16
hidrícos.

2.2 Objetivos específicos

• Descrever o cenário que está localizada a microbacia do Rio Piraí no trecho à


montante do Túnel de Tócos utilizando características geoambientais.
• Produzir e desenvolver um monitoramento hidrogeoquímicos, levando em
consideração fatores espaciais e temporais.
• Elaborar uma caracterização hidrogeoquímica baseada em análises e medições
de parâmetros físico-químicos, quantificando variáveis indicadoras de qualidade
da água tanto para fins de abastecimento público, como para irrigação e
indústria, assim como possíveis fontes poluidoras e identificar os principais
processos geoquímicos atuantes.
• Analisar a evolução temporal do uso e ocupação do solo utilizando
geotecnologia para elaborar um diagnóstico ambiental, caracterizando pontos de
relevância relacionados a erosão, contaminação e supressão de margem ciliar e
atividades antrópicas desenvolvidas.
• Sugerir abordagens de curto, médio e longo prazo para as autoridades
responsáveis afim de implementar um plano de gestão de recursos hídricos na
microbacia em estudo.

2.3 Estrutura da tese

Esta tese divide-se em oito capítulos:


O capítulo 1 traz a parte introdutória, com considerações gerais e da motivação
para a realização do estudo, além do objetivo principal e dos objetivos específicos.
O capítulo 2 aborda uma revisão bibliográfica acerca dos estudos em uma bacia
hidrográfica, sua importância e suas características.
O Capítulo 3 apresenta as características ambientais gerais da área de estudo em
seus aspectos físicos, tais como: localização e descrição, clima, geomorfologia,
declividade, geologia regional e local, pedologia, uso e ocupação do solo, aptidão
agrícola, cobertura vegetal, hidrografia e favorabilidade hidrogeológica.
O capitulo 4 refere-se aos materiais e métodos empregados para a realização dos
estudos hidrogeoquímicos desta pesquisa.

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O capítulo 5 é o estudo hidrogeoquímico das águas do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos e mostra toda a composição química das águas do Rio Piraí, seus
processos e classificações geoquímicas, faz uma avaliação da origem e evolução desses
corpos hídricos, classifica as águas quanto a utilização para a irrigação e calcula o
volume de material retirado e transportado.
O capítulo 6 apresenta o estudo do diagnóstico ambiental da área, relacionando
os resultados obtidos no estudo hidrogeoquímico com avaliação de mapas
geoambientais e de uso e ocupação do solo, além de observações in situ.
O capítulo 7 refere-se à identificação dos impactos que ocorrem na microbacia e
possíveis medidas mitigadoras com o objetivo de formular um plano de gestão de
recursos hídricos para este trecho da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à
montante do Túnel de Tócos.
O capítulo 8 são discorridas as conclusões e recomendações com sugestões para
elaboração de futuras pesquisas e práticas de gestão na área de estudo.

3. BASE TEÓRICA

3.1 Bacias hidrográficas

As bacias hidrográficas podem ser definidas como áreas de captação de águas


pluviais que, compostas por um rio e seus afluentes, drenam a precipitação e a escoam
formando um curso d’água ou podem se infiltrar no solo, formando nascentes e/ou
abastecendo lençóis freáticos (BARRELLA et al., 2007). São compostas por um
conjunto de vertentes e uma rede de drenagens que convergem a água precipitada até
resultar em um leito único localizado em um ponto mais baixo, chamado de exutório
(TUCCI, 1997; BRAGA et al., 2005; AZEVEDO & BARBOSA, 2011).
A bacia hidrográfica pode ser denominada como um sistema aberto, onde sua
energia é resultante de fatores naturais e/ou antrópicos (LIMA & ZAKIA, 2000), sendo
caracterizada como uma unidade para o estudo e o entendimento do ciclo hidrológico de
uma dada região, já que o balanço de entrada, proveniente da chuva e o cálculo de saída
através do exutório, pode ser classificado como um elemento sistêmico (PORTO &
PORTO, 2008; LIU, 2015).
Os principais componentes que formam uma bacia hidrográfica são: a linha de
fluxo de água principal, a qual liga a nascente à foz; seus drenos secundários, chamados
de afluentes ou tributários, que conduzem a água diretamente ao rio principal e seus

18
subafluentes, que abastecem esses afluentes secundários (CRUZ & TAVARES, 2009).
Devido ao tamanho desses componentes, as bacias podem ser classificadas
proporcionalmente ao seu tamanho: grandes bacias, com tamanho superior a 700 km²;
sub-bacias, com tamanho entre 100 e 700 km² ou como pequenas ou microbacias com
tamanho inferior a 100 km² (FAUSTINO, 1996; MACHADO, 2002).
Sendo assim, o trecho do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos pode ser
classificada como uma microbacia, possuindo características como uniformidade da
distribuição da precipitação em praticamente toda a área da microbacia e a origem do
escoamento superficial e do fluxo de sedimentos ocorrem em suas vertentes. Além da
classificação devido ao seu tamanho espacial, é possível classificar e caracterizar as
bacias hidrográficas de acordo com sua forma, características de cursos d’água,
escoamento superficial e geometria.
A forma de uma bacia hidrográfica é uma categorização baseada no
comportamento relacionado as cheias e se apresenta de duas maneiras: circulares ou
elípticas (alongadas) (MACHADO, 2002). As circulares possuem uma maior tendência
de promover enxurradas com altas possibilidades de enchentes, enquanto as elípticas
estabelecem uma maior distribuição desta enxurrada, amenizando as vazões e limitando
as ocorrências de enchentes.
Em relação aos cursos d’água, a bacia hidrográfica pode conter três principais
condições: perenes, intermitentes e efêmeros. Os cursos d’água classificados como
perenes possuem água durante todo o tempo e são constantemente alimentados por
lençol freático, os intermitentes estão presentes durante a estação chuvosa e secam
durante os períodos de estiagem e os efêmeros existem apenas durante ou
imediatamente após os períodos de precipitação.
Segundo Christofoletti (1974), a classificação do escoamento é dividida em
quatro classes: exorreicas, endorreicas, arreicas e criptorreicas. A classificação exorreica
é o escoamento da água de modo contínuo até o mar, endorreica são drenagens internas
e não possuem escoamento até o mar, a arreica é quando não há qualquer estruturação
em bacias, (áreas desérticas) e a criptorreica são bacias são subterrâneas (áreas cársicas).
A geometria, por sua vez, é categorizada em seis diferentes tipos: dendrítica,
treliça, retangular, paralela, radial e anelar. A geometria dendrítica é representativa de
regiões onde predomina rocha de resistência uniforme, a treliça é formada em regiões
com acentuado controle estrutural, a retangular é caracterizado devido às bruscas
alterações nos cursos fluviais, relacionado também a controle estrutural, a paralela

19
ocorre em regiões de vertentes com acentuada declividade, a radial é formada vários
tipos e estruturas rochosas e pôr fim a anelar é o modelo de drenagem que encaixa-se
nos afloramentos das rochas menos resistentes.
Portanto, de acordo com todos esses conceitos, a microbacia hidrográfica do Rio
Piraí à montante do Túnel de Tócos pode ser classificada como uma bacia elíptica, com
a presença de rios perenes e uma parcela significativa de cursos d’água intermitentes e
efêmeros, escoamento endorreico e uma geometria dendrítica.
Igualmente importante, outros fatores devem ser levados em consideração: a
cobertura vegetal, a cobertura pedológica, a geologia, a geomorfologia, a hidrografia e a
climatologia. A cobertura vegetal e a cobertura pedológica são fundamentais para
caracterização do ambiente e controle da dinâmica da água dentro da bacia hidrográfica,
sendo responsáveis por características como evapotranspiração e retenção da
precipitação e os solos pelos processos de infiltração de água, escoamento superficial e
transporte de sedimentos.
Já a geologia e a geomorfologia são responsáveis por configurações espaciais
dos canais fluviais e pelo conteúdo de material particulado e dissolvido presente nas
águas, enquanto a hidrografia e a climatologia são encarregadas dos aspectos de vazão,
precipitação e temperatura.
O reconhecimento destes aspectos que compõe o sistema hidrológico auxilia nas
conclusões sobre a qualidade ambiental e dos efeitos antrópicos sobre a bacia
(BOTELHO & SILVA, 2004), já que a ocorrência de eventos em uma bacia
hidrográfica, de origem natural ou antrópica, pode vir a interceder na dinâmica desse
sistema (BOTELHO, 1999; SANTOS, 2004).
Sendo assim, a bacia hidrográfica é a escala espacial satisfatória e pertinente
para a avaliação dos impactos urbanos sobre os processos hidrológicos e cargas de
poluentes e medidas para a proteção e valorização das drenagens fluviais (BERNARDI
et al., 2012). Além disso, é um recurso importante para diversos tipos de atividades
humanas como a produção de energia, uso doméstico, industrial, agrícola, entre outros.
Portanto, o entendimento da bacia hidrográfica como uma unidade territorial formada
por elementos físicos, biológicos, políticos, econômicos e sociais que interagem entre si
é fundamental para uma gestão apropriada (SCHUSSEL & NASCIMENTO, 2015).
Nesse processo de entendimento da bacia hidrográfica como unidade territorial
de gestão é necessário aderir a um diagnóstico consistente de conjunção de dados
qualitativos e quantitativos, os quais vão possibilitar a identificação de elementos que

20
possam estar interferindo no equilíbrio hidrológico (VON SPERLING, 1996;
MARTINEZ, 2004; SCHUSSEL & NASCIMENTO, 2015). Segundo Von Sperling
(1996), os critérios de identificação podem ser divididos em dois aspectos. O primeiro
aspecto seria ambiental, onde a qualidade da água possui relação direta com a água de
escoamento, infiltração ou de percolação. O segundo seria antrópico, onde as
interferências de atividades humanas geram impacto na qualidade da água, devido a
lançamento de efluentes domésticos, industriais e agrícolas ou no escoamento
superficial relacionada ao uso do solo.
Para proporcionar o desenvolvimento socioeconômico da população que utiliza
recursos hídricos de uma bacia hidrográfica e ao mesmo tempo diminuir os impactos
negativos sobre ela, é primordial o conhecimento do potencial da bacia e da sua
estrutura biofísica, de maneira que, sua área de drenagem deve ser estudada,
interpretada e planejada, sempre com a finalidade de interceder, executar e manusear as
melhores formas de apropriação e exploração de seus recursos naturais e uso e ocupação
do solo e prevenir alterações predatórias em seus mananciais e margens (RUHOFF &
PEREIRA, 2004; ROCHA et al., 2000).
Para isto, são necessárias abordagens metodológicas e fundamentações teóricas
sobre a área da bacia hidrográfica que incluem o conhecimento das estruturas e
dinâmicas ambientais, a ponderação dos seus potenciais e limitações e a determinação e
a avaliação dos impactos associados, como problemas de erosão dos solos,
desmoronamento de margens, sedimentação de canais, enchentes, perda da qualidade da
água etc.
A partir de todo esse conhecimento adquirido, é possível desenvolver um projeto
completo, que contempla inicialmente um plano ambiental e posteriormente uma gestão.
Segundo Browner (1996), um projeto de planejamento de bacias hidrográficas deverá
incluir: (i) caracterização dos recursos naturais e do conjunto dependente da exploração
destes recursos; (ii) elaboração de objetivos a serem atingidos baseados entre a
vulnerabilidade e o equilíbrio dos recursos naturais e da população; (iii) identificação
dos problemas, desenvolvimento, implementação e monitoramento de planos de ação.
Portanto, o planejamento ambiental em bacias hidrográficas pode contribuir para
a formação de planos de recursos hídricos e estabelecer políticas públicas municipais,
estaduais e federais que possam vir a garantir uma gestão e proteção da água, bem como
sua disponibilidade, em quantidade e qualidade (STEINITZ, 1990; LEAL, 2012).

21
Por sua vez, a adesão da bacia hidrográfica como uma unidade de
gerenciamento, caso posterior ao planejamento, representa uma estratégia com a
finalidade do desenvolvimento sustentável com igualdade socioeconômica e
sustentabilidade ambiental daquela área.
O conceito sistêmico de planejamento e gestão proporcionado pela bacia
hidrográfica adequa-se perfeitamente aos sistemas de gestão de recursos hídricos. Esse
gerenciamento torna-se um instrumento de orientação de desenvolvimento sustentável
tanto para poderes públicos quanto para a sociedade levando em consideração a melhor
forma de monitorar e utilizar os recursos econômicos e naturais presentes na bacia.
Contudo, a delimitação das bacias hidrográficas possui um papel essencial para a
gestão destes recursos naturais e para a intervenção do poder público. Através dela, a
formulação de políticas, o direcionamento e reconhecimento de demandas e a
operacionalização dos comitês adquirem maiores chances de êxito (ALBUQUERQUE,
2012).

3.2 Balanço hídrico

O estudo das variáveis hidroclimatológicas fornecem informações essenciais


para o desenvolvimento de planos de irrigação, projetos para conservação do solo, obras
de infraestrutura e avaliação dos impactos causados pelo uso e ocupação do solo
(SANTOS, 2004). Uma das ferramentas utilizadas para auxiliar as tomadas de decisão
acerca de informações sobre análise quantitativa de uma bacia hidrográfica é o balanço
hídrico.
O balanço hídrico é uma análise do ciclo hidrológico, onde os resultados
mostram a quantidade de água que o sistema possui caracterizando um ciclo fechado
(FILL et al., 2005), ou seja, é o somatório da quantidade de água que entra e sai do
sistema levando em consideração um intervalo de tempo.
Em bacias hidrográficas, o estudo do balanço hídrico se torna fundamental para
compreender a disponibilidade de água, ou seja, se a precipitação existente é suficiente
para ocorrer excedente e também identificar os períodos de possível estresse hídrico
(RHODEN et al., 2016). As quantidades de água superficial e subterrânea armazenadas
em uma bacia hidrográfica podem ser caracterizadas através de seus fluxos, como
evapotranspiração, escoamento e precipitação.

22
Com base nessas informações, é possível extrair informações sobre o regime
hídrico, demonstrando os períodos do ano que ocorrem o excedente hídrico e o déficit
hídrico e com isso compreender e projetar as possibilidades de utilização de uma bacia
hidrográfica (FILL et al., 2005). Quando se tem um intervalo grande de dados, como no
caso deste estudo, o armazenamento de água na bacia hidrográfica pode ser desprezado,
já que os valores médios compensam a variação de valores das séries históricas
(ENGELBRECHT et al., 2019).

3.3 Caracterização geoambiental

Os estudos geoambientais vêm se tornando uma importante ferramenta para o


entendimento e planejamento ambiental, já que utiliza uma compartimentação
fisiográfica representada por elementos naturais que integram o meio físico, como por
exemplo a geologia, geomorfologia, pedologia, hidrologia, vegetação e clima
(KEMPER & MACDONALD, 2009; PARTRIDGE et al., 2010; MALLICK et al.,
2014; REIS et al., 2018). Essas características quando empregadas simultaneamente
podem fornecer diversas informações interdisciplinares que irão auxiliar na organização
do espaço físico e proporcionar metodologias de desenvolvimento e subsídios técnicos
para inúmeros e diferentes setores (LIMA, 1995).
Setores como a mineração podem utilizar os resultados gerados por um estudo
geoambiental para traçar a melhor estratégia de extração de recursos minerais. A
agricultura, por sua vez, pode utiliza-lo para melhorar a fertilidade do solo ou corrigir
possíveis degradações do solo como salinização, erosão ou acidificação. O conteúdo
gerado por esse estudo também pode auxiliar os órgãos públicos na tomada de decisões
sobre desenvolvimento, planejamento e ordenamento de território assim como na
limitação ou expansão de obras urbanísticas, como construção de vias públicas,
saneamento básico e tratamento de água para distribuição.
Além disso, esta pesquisa geoambiental tem como objetivo definir possíveis
potencialidades e fragilidades da área estudada. A partir do agrupamento de
informações e confecções de mapas, são elaboradas interpretações a fim de analisar,
classificar e diagnosticar às regiões onde são necessárias medidas de mitigação,
recuperação e monitoramento (JUNIOR, 2021).
Segundo Aswathanarayana (1995), o termo “geoambiental” está relacionado
com ambientes naturais afetados direta ou indiretamente por ações antrópicas, onde o

23
resultado do estudo possibilita a determinação das características e propriedades locais,
seus potenciais, possíveis limitações de uso e mecanismos para a sua melhor utilização,
visando o interesse público e principalmente, o equilíbrio e a sustentabilidade do meio
ambiente. Este termo foi adotado pela International Union of Geological Sciences
(IUGS), com o objetivo de denominar a aplicação de conhecimentos técnicos do meio
físico com instrumentos de gestão ambiental empregando ferramentas cartográficas
como o Sistema de Informação Geográfica (SIG).
A utilização da ferramenta cartográfica aponta para a busca do entendimento
entre as compatibilidades do meio físico, fatores biológicos e uso e ocupação do solo
(CENDERO, 1990). O mapeamento geoambiental é um processo que envolve a
obtenção dos dados, suas análises e interpretações e por fim, a aplicação de medidas
considerando potencialidades, fragilidades, impactos e interações, seja por constituintes
antrópicos, socioculturais ou bióticos (VEDOVELLO, 2004).
A pesquisa integrada do meio ambiente visa a caracterização interdisciplinar,
buscando a descrição, classificação, espacialização e possíveis restrições quanto a
geodiversidade local (CARDENAS, 1999). Neste trabalho, foram utilizadas
informações de temas relevantes para a bacia hidrográfica como, por exemplo, dados e
mapas de geologia, hidrologia, geomorfologia, uso e ocupação dos solos, aptidão
agrícola, cobertura vegetal, pedologia, clima, declividade e favorabilidade
hidrogeológica, objetivando primeiramente o planejamento ambiental e ordenamento do
território, seguindo uma gestão de sustentabilidade e preservação.

3.4 Hidrogeoquímica

A água é uma substância quimicamente muito ativa, sendo capaz de reagir com
o meio, já que possui uma grande capacidade de dissolução e é uma das principais
responsáveis por processos químicos de intemperismo sobre solos e rochas (LIBÂNIO,
2010; MOHAMED et al., 2015; DASH et al., 2015; ALI et al., 2019).
A hidrogeoquímica estuda a composição química da água e suas relações com a
crosta terrestre. É uma ferramenta de análise empregada para identificar os elementos
presentes na água, tendo como objetivo entender suas possíveis origens, estabelecer
quais processos e reações estão ocorrendo, interpretar seus comportamentos e avaliar as
mudanças em sua qualidade (PICHAIAH, 2013). Estudos hidrogeoquímicos são
utilizados para entender processos e alterações em águas de rios associados a aspectos

24
climáticos, geomorfológicos ou antrópicos (STALLARD & EDMOND, 1983; PROBST
et al., 1992; MORTATTI et al., 2003).
A composição química da água pode ser caracterizada a partir das análises de
seus parâmetros físico-químicos e constituintes iônicos dissolvidos ou em suspensão.
Isso ajudará na interpretação de possíveis anomalias, reconhecimento de fontes de
contaminação, compreensão dos processos intempéricos, bem como na compreensão da
relação água-rocha, indicando a origem destes constituintes e a evolução destas águas
em consequência de processos como dissolução, precipitação, troca iônica, evaporação
e intemperismo (DREVER & CLOW, 1995; MORTATTI, 1995; CARNEIRO, 2013).
A origem dos constituintes iônicos nas águas pode ser dividida em cinco
componentes principais: vulcanogênicos, biogênicos, atmosféricos, cosmogênicos e
litogênicos (CARVALHO, 1995). Os componentes vulcanogênicos são elementos
incorporados à água através de atividades vulcânicas e de seus fenômenos associados;
os componentes biogênicos são resultantes de atividades biológicas; os componentes
atmosféricos são compostos gasosos presentes na atmosfera que se incorporam no
sistema aquoso através de precipitação; os componentes cosmogênicos são originados a
partir de materiais extraterrestres, como meteoritos; e por fim, os componentes
litogênicos, que tem sua origem relacionada com a litologia através do intemperismo
químico que agem sobre ela.
A composição natural das águas superficiais pode ser controlada por inúmeros
processos naturais, como geológicos, pedológicos, geomorfológicos, climáticos e
biológicos, assim como por processos antrópicos, com significativas alterações em
função do uso e ocupação do meio, como despejo de efluentes domésticos, resíduos
industriais e agrícolas (pesticidas e fertilizantes) e rejeitos e águas drenadas de
mineração (PROBST et al., 1994; MORTATTI et al., 1997; VENDRAMINI, 2013).
No entanto, analisar e classificar as águas superficias de uma bacia hidrográfica
utilizando parâmetros físico-químicos e componentes iônicos não é o suficiente. É
necessário entender toda a dinâmica que ocorre na bacia de drenagem com o propósito
de restabelecer o bem estar ambiental. Deste modo, o estudo hidrogeoquímico se torna
essencial para que isto ocorra.

3.5 Diagnóstico ambiental

O Brasil possui uma situação privilegiada em relação à diversidade de recursos


naturais, porém, há uma inexistência ou ineficiência na gestão desses recursos, causado
25
por ocupações e explorações irregulares, poluição e desmatamento (TEODORO &
SANTOS, 2009). As políticas públicas responsáveis pela fiscalização, controle e
monitoramento ambiental são uma resposta do poder público às necessidades da
sociedade junta a uma preservação ambiental economicamente justa a fim de minimizar
os problemas ambientais existentes (LIMA et al., 2017).
Um exemplo de política pública ambiental é a atuação da Agência Nacional de
Águas (ANA, 2012), que propôs uma remuneração aos proprietários rurais que adotam
novas práticas de uso, manejo e recuperação do ambiente natural com a finalidade de
preservar recursos hídricos em diversas bacias hidrográficas estaduais (LIMA et al.,
2017). Sendo assim, em 2010 foi instituída a Lei 12.188/2010 que estabelece as
diretrizes e metas para os serviços públicos de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Pronater) no País. É elaborada anualmente, com ações de assistência técnica e extensão
rural para cada Plano de Agricultura Familiar, com base nas políticas da Secretaria de
Agricultura Familiar e nos Programas Estaduais do Pronater.
No Estado do Rio de Janeiro, essa remuneração ocorre diretamente aos
municípios através do ICMS Ecológico (Lei Estadual nº 5.100/2007), onde são
utilizados critérios ambientais qualitativos para definir os valores a serem repassados a
cada município. Esta lei tem por finalidade ressarcir os municípios pela restrição ao uso
de seu território, (unidades de conservação da natureza e mananciais de abastecimento)
e recompensar os municípios pelos investimentos ambientais realizados. Os valores
repassados aos municípios através do ICMS Ecológico correspondem ao percentual de
2,5% do total de ICMS arrecadado pelo Estado. Para efetuar o cálculo de repasse
através destes critérios ambientais, é necessário quantificar as áreas pertencentes às
unidades de conservação ambiental, apresentar índices de qualidade ambiental dos
recursos hídricos, investir em saneamento básico, gerir resíduos sólidos urbanos e
ampliar e melhorar a coleta e o tratamento de efluentes.
Estes critérios colocaram o município de Rio Claro, onde está localizada a o
trecho da microbacia hidrográfica do Rio Piraí, na primeira posição no índice de
participação dos municípios nos repasses do ICMS Ecológico do Estado do Rio de
Janeiro por diversos anos. Esta posição pode ser explicada pelas iniciativas de
preservação da qualidade das águas do Rio Piraí, a qual possui importância estratégica e
essencial para a Bacia Hidrográfica do Rio Guandu e a alta relevância da região para a
biodiversidade da Mata Atlântica através da reserva da biosfera do Parque Estadual

26
Cunhambebe e da Área de Proteção Ambiental do Alto Piraí. No entanto, nas últimas
avaliações, o município perdeu esta posição.
O diagnóstico ambiental visa compreender os fatores que contribuem para uma
possível depreciação, identificando e localizando atividades impactantes ao longo do
rio, utilizando mapas geoambientais, caracterização hidrogeoquímica e uso e ocupação
do solo, com a finalidade de apresentar propostas para solucionar os problemas de
impactos ambientais e manejo sustentável dos recursos naturais.
A etapa de diagnóstico ambiental resume a análise das reais condições
ambientais atuais frente à interferência antrópica, sendo composta pelo levantamento de
dados sobre o ambiente físico, químico, biológico e socioeconômico, identificando
áreas críticas com situação ambiental problemática. A elaboração do diagnóstico
ambiental possui capacidade de estimar impactos já ocorridos (como desmatamentos ou
urbanização desordenada) e possíveis ocorrências futuras, propondo-se medidas
preventivas e mitigadoras. Sendo assim, o diagnóstico ambiental pode ser considerado
uma ferramenta essencial e estratégica para orientar eventuais políticas públicas que
tenham como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população local e a busca por
novas maneiras de conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental.
O diagnóstico ambiental também é utilizado para reconhecer a realidade dos
impactos antrópicos de uma área. Sua análise e interpretação serve de base para gerar o
prognóstico ambiental e assim promover a integração das análises ambientais, políticas
e econômicas que compõem um plano gestor de uma bacia hidrográfica (PEREIRA,
2000). Para essa avaliação ambiental, questões relacionadas as propriedades físicas
(clima, geologia, geomorfologia, pedologia, hidrologia), químicas (qualidade da água da
bacia hidrográfica) e as atividades sociais e econômicas (uso da terra, demografia,
infraestrutura e serviços) foram relacionadas com metodologias adaptadas de processos
de zoneamento ecológico-econômico (ZEE) e ordenamento territorial, ferramentas
estratégicas para o êxito das políticas públicas ambientais.
O estudo e avaliação das propriedades físicas está diretamente relacionada com
os impactos ambientais. Ou seja, a partir das características biogeofísicas da paisagem,
como declividade do terreno, tipo de solo, arcabouço geológico, hierarquia fluvial e
pluviosidade, é possível determinar se a região possui maiores ou menores
vulnerabilidades a degradação ambiental (MANFRÉ et al., 2013).
Por sua vez, a caracterização e o monitoramento da qualidade das águas da bacia
hidrográfica considerando seus parâmetros físicos, químicos e biológicos constitui um

27
dos principais aspectos do diagnóstico ambiental, sendo um indicativo de possíveis
alterações ambientais.
As relações entre o desenvolvimento das atividades antrópicas (sistema
socioeconômico) e a manutenção da qualidade do meio ambiente estão diretamente
relacionadas ao uso e a ocupação do solo (ROMEIRO, 2004). O diagnóstico ambiental
auxilia nas tomadas de decisões a fim de distribuir o uso e a ocupação do solo de modo
sustentável, preservando as áreas de suporte ao equilíbrio do meio ambiente, já que a
forma de ocupação e uso do solo, na grande maioria das vezes, se deu de maneira
conflituosa e negligenciada por órgãos de fiscalização, favorecendo a degradação do
meio ambiente.
Desequilíbrio de espécies com aumento de insetos e consequentemente pragas
para as culturas agrícolas, alterações na qualidade da água devido a contaminação por
dejetos de animais e de humanos, depreciação do solo por agrotóxicos e resíduos de
origem doméstica e industrial, manejo incorreto causando erosão e insuficiência de
reposição de nutrientes, ocupação de áreas propícias a escorregamentos, modificações
nas regiões de vegetação natural sendo substituídas por urbanização e expansão
agropecuária ou desenvolvimento e ampliação da silvicultura são alguns dos transtornos
ocasionados pelas mudanças no uso e ocupação do solo sem uma efetiva
regulamentação de políticas efetivas com a finalidade de preservar o meio ambiente
(ALMEIDA & SCHWARZBOLD, 2003; LOPES et al., 2018).
Estas condições ajudam a entender a relação entre as atividades humanas e a
qualidade ambiental e auxiliam nas tomadas de decisões através de políticas públicas.
Os efeitos dessas condições são notadamente perceptíveis em pequenas e microbacias
hidrográficas onde as populações humanas e suas atividades estão inseridas.
Sendo assim, o zoneamento ecológico-econômico (ZEE) tem como finalidade
reconhecer, retratar e mitigar estes impactos antrópicos no meio ambiente, propondo
estratégias para minimizá-los, levando em consideração os fatores econômicos
envolvidos (CARVALHO, 2002). Através de diagnósticos socioeconômicos, físico-
bióticos e jurídico-institucionais, a ZEE mostra as potencialidades e fragilidades dos
ambientes naturais, indicando um uso sustentável com melhor ocupação dos espaços a
partir de uma racionalidade ecológica nos processos de ordenamento territorial
(ACSELRAD, 2002) (Figura 1).
O ZEE está relacionado à Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº
6.938/1981) e pode ser considerado como uma ferramenta alternativa para o

28
fortalecimento de políticas sobre os recursos naturais e setoriais como agricultura,
saúde, educação visando a prevenção de desastres ambientais e consequentemente
econômicos (ROCHA, 1998). Para isto, o ZEE tem por princípio considerar, além do
aspecto ambiental como citado anteriormente, mais dois tipos de aspectos: os aspectos
políticos e os aspectos técnicos.
Figura 1: Fluxograma da estruturação das etapas de um Zoneamento Ecológico-
Econômico (ZEE).

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com Carvalho (2002), os aspectos políticos são divididos em três


condições: conceituar o território, a sustentabilidade ecológica e econômica e a
participação democrática. A primeira refere-se a uma distribuição de atividades no
território levando em consideração suas limitações, vulnerabilidades e fragilidades
naturais, bem como os riscos e potencialidades de uso. A segunda condição deve avaliar
a capacidade de um ambiente em suportar impactos relacionados a processos de uso e
ocupação e sejam economicamente viáveis. Por fim, a terceira condição está relacionada
a participação da comunidade (representantes de classes e sociedade no geral) nos
processos decisórios.
Já os aspectos técnicos são separados em quatro categorias: abordagem
sistêmica, valorização da multidisciplinaridade, utilização de sistemas de informações
geográficas e elaboração de cenários. No entanto, todos estão associados entre si.
A abordagem sistêmica e a valorização da multidisciplinaridade indicam que
todos os componentes dos sistemas físico-biótico e sócio-econômico-político são
interdependentes e correlacionados e deverão ser produzidos e elaborados por técnicos
de diferentes áreas. Essa produção utilizada principalmente os sistemas de informações
geográficas, que vinculam esses sistemas físico-biótico e sócio-econômico-político a um
determinado lugar no espaço. Com isso, realize-se a elaboração de cenários, que são as

29
representações destes espaços biogeofísicos de acordo com as dinâmicas e relações que
esses sistemas apresentam entre si.
Posteriormente aos processos de determinação desses aspectos políticos,
econômicos, sociais, culturais e ecológicos, surge a necessidade de um ordenamento
territorial, que tem por finalidade a organização física e a utilização racional do espaço,
o desenvolvimento socioeconômico equilibrado, a gestão responsável para a proteção
do meio ambiente dos recursos naturais visando a melhora na qualidade de vida da
população (PUJÁDAS & FONT, 1998).

3.6 Gestão de recursos hídricos

O uso e ocupação do solo, a expansão urbana e o aumento exponencial das


atividades industriais e agropecuárias, são as principais causas dos problemas
ambientais atuais (HUANG et al., 2010) e estão diretamente relacionadas às mudanças
climáticas que vem afetando todo o planeta. As alterações climáticas estão promovendo
modificações relevantes no ciclo hidrológico e com isso alterações na quantidade, na
distribuição e na qualidade da água disponível (TUNDISI, 2008). Com isso, a potencial
situação de crise e escassez hídrica, ocorrência de enchentes, poluição de mananciais e
padrões não sustentáveis de abastecimento são comumente verificados em inúmeras
regiões do Brasil (FRANCISCO & CARVALHO, 2004).
De forma resumida, diversos autores compactam estas modificações em duas
principais ocorrências: extremos hidrológicos e contaminações. A primeira tem relação
com eventos extremos de chuvas (enchentes, deslizamentos) e de seca (aumento da
aridez, problemas na irrigação de insumos agrícolas e dessedentação de animais). A
segunda possui duas causas relevantes: o uso do solo e o despejo de efluentes.
Processos agrícolas mal desenvolvidos podem ocasionar processos de
salinização, acumulo de metais pesados e aporte excessivo de fósforo e nitrogênio
(MARTINELI et al., 1999) e com a precipitação atuante, esse solo é carreado até as
bacias hidrográficas, contaminando nascentes, rios e margens. O despejo de efluentes
sem tratamento em rios e lagos, sejam eles domésticos ou industriais, é um dos
problemas que mais afetam tanto áreas urbanas como áreas rurais. Esses efluentes
podem modificar a temperatura da água, concentrar metais pesados e agravar a
eutrofização com o florescimento de cianobactérias e algas (PAERL & HUSSMANN,
2008).

30
Devido aos seus múltiplos usos, seja para uso industrial, para abastecimento
público ou irrigação, a preocupação com os recursos hídricos, além da consequência
ambiental, tem grande importância na economia regional. Isso faz com que haja
necessidade de articulação de múltiplos usuários de diversos setores distintos, como
politicas municipais, estaduais e federais, responsável por áreas como habitação,
transporte e saúde e líderes locais não vinculados a órgãos políticos (SILVA & PORTO,
2003). Portanto, para enfrentar esta causa faz-se necessário ampliar a participação da
comunidade e órgãos públicos e desenvolver tecnologias de monitoramento e gestão dos
recursos hídricos.
Segundo Binotto (2012), a gestão de recursos hídricos pode ser estabelecida
como uma utilização e administração integrada, racional, democrática e participativa
das águas. Para aumentar sua efetividade, aspectos físicos, sociais e econômicos devem
ser levados em consideração (World Meteorological Organization - WMO, 1992), além
de bases de dados acessíveis, informações confiáveis, direitos de uso estabelecidos e
planos de mitigação visando reduzir e prevenir danos ao sistema hídricos (PORTO &
PORTO, 2008). Essa concepção ampla e multisetorial permite um melhor
desenvolvimento social e manutenção das estruturas ambientais (MUÑOZ, 2000).
Nas últimas décadas, diversos autores descrevem as bacias hidrográficas como
unidades básicas de desenvolvimento, planejamento e gestão de recursos hídricos
(PAIVA & PAIVA, 2001; TUCCI & MENDES, 2006; NASCIMENTO & VILAÇA,
2008; NASCIMENTO, 2010; RODRIGUEZ et al., 2011; ALBUQUERQUE, 2015). A
gestão dos recursos hídricos, através da bacia hidrográfica pode ser justificado pelo fato
da água ser um indicador fundamentado e fidedigno para modelagens de simulação,
basta a inserção de informações corretas de usos da água e características fisiográficas
da bacia (RIZZATTI et al., 2016).
A gestão de bacias hidrográficas tem sido alvo de debates, pesquisas,
diagnósticos, análises, considerações, ponderações, propostas, recomendações e ações
que propõem compartilhar problemas e proporcionar decisões conjuntas (TUNDISI,
2003; SOMLYODY & VARIS, 2006). O planejamento e o gerenciamento das bacias
devem integrar um amplo conjunto de atributos ambientais, não apenas hídrico, mas
levando em consideração fauna, flora, geomorfologia, geologia abordando juntamente
aspectos sociais, econômicos e políticos visando o aumento da produtividade e a
redução dos impactos e riscos ambientais na bacia de drenagem (LORANDI &
CANÇADO, 2002). É necessário atender valores de proteção, conservação e utilização

31
sustentável dos recursos naturais colocando-os acima de interesses particulares,
privados ou de classes políticas (TUNDISI, 2008).
Os principais mecanismos de gestão de recursos hídricos são listados como
planos de recursos hídricos, ou seja, uma base de planejamento e gestão que estão
diretamente vinculados a políticas públicas, levam em consideração o enquadramento
de corpos d’água, outorga de direito de uso da água, a cobrança por seu uso e um
sistema de informação e monitoramento destes recursos (MATOS & DIAS, 2013). A
partir destes planos, são definidos pelos órgãos competentes as metas de qualidade e os
potenciais usos da água (MEDEIROS et al., 2009).
Contudo, a gestão dos recursos hídricos se torna complexa a partir do momento
que haja divergências tanto culturais, como políticos ou institucionais, problemática
comum em território brasileiro devido a sua extensão e complexidade (VAN LEUSSEN
et al., 2007).
A fim de solucionar essa problemática, Nascimento (2013) sugere uma
delimitação de bacias a partir do reconhecimento dos recursos hídricos e parâmetros
como: relevo, solo, vegetação e interferência antrópica, já que uma mesma bacia pode
estar em um ou mais limites territoriais. A desconformidade entre comandos
administrativos e agrupamentos físicos e sociais – que representam a dinâmica de bacias
hidrográficas – tornam-se complicadores para o processo de gestão ambiental (CUNHA
& COELHO, 2003). Consequentemente, a bacia hidrográfica se configura como um
sistema complexo que transpõem limites de divisão de águas e territoriais (VOINOV &
COSTANZA, 1999; NASCIMENTO, 2003).

3.6.1 Gestão de recursos hídricos no Brasil

Apesar de ser um dos países detentores dos maiores potenciais hídricos do


mundo, a crise na gestão de recursos hídricos no Brasil é evidente. A prática de políticas
gerenciais inadequadas ou inexistentes em diversas bacias hidrográficas proporciona
momentos de crise hídrica como em 2013 e 2015 na região Sudeste e em outros
momentos na região Centro Oeste (BUSS et al., 2003; JARDIM, 2015).
Com proporções continentais, o Brasil possui uma grande diversidade espacial,
temporal e sazonal muito significativa e associada com descasos públicos referentes a
ocupação e uso do solo, crescimento urbano desordenado e falta de investimentos em
infraestrutura, problemas de escassez e deterioração da água se tornam problemas

32
graves e comuns (CONEJO, 1993). Assim sendo, esse desenvolvimento desordenado
traz sérias implicações no que se diz respeito a quantidade e qualidade dos recursos
hídricos ofertados para diversos setores como sociais, privados e públicos, como por
exemplo, consumo humano, irrigação, uso industrial, mineração, pesca, energia,
pecuária etc. (CAVALCANTI & CAVALCANTI,1998).
A origem para a gestão e planejamento territorial e consequentemente de bacias
hidrográficas, teve início em um decreto estabelecido em 1934 através da Lei
24.643/1943 nomeada como Código das Águas. Este código assegura o uso gratuito da
água que visa as necessidades básica da vida e permite a todos usar águas públicas.
Impede a derivação das águas públicas para aplicação na agricultura, indústria e higiene,
sem a existência de concessão, dando preferência ao abastecimento das populações.
Este decreto estabelece também que a concessão ou a autorização deve ser feita
sem prejuízo a navegação, salvo nos casos de uso para as primeiras necessidades da
vida. Caso venha a ocorrer algum tipo de contaminação, os trabalhos para a salubridade
das águas serão realizados à custa dos infratores que, além da responsabilidade criminal,
responderão pelos danos que causarem.
Na década de 60, mais especificamente em 1965, surgiu a necessidade de
reformulação do Código de Águas de 1934. O avanço da mecanização agrícola, das
monoculturas e da pecuária extensiva poderia vir a causar danos irreparáveis, caso o uso
da água e a exploração florestal não fossem melhor regulamentados. Sendo assim, foi
criado o Código Florestal Brasileiro através da Lei nº 4.771/65, com o escopo de
preservar as florestas, regularizando a exploração dessas, a proibição da ocupação de
encostas íngremes e a determinação para que proprietários rurais mantivessem uma
parte da vegetação nativa de sua fazenda (Reserva Florestal Legal), de forma que em
todos os lugares fossem preservadas parte das matas existentes (VALLE, 2011).
A partir da década de 70, o conceito de gestão ambiental era diretamente
relacionado com a criação de reservas naturais, porém, estas áreas se tornavam custosa
para o Estado e consequentemente resultavam em abandono e negligencia por parte dos
governos (TOZI, 2007). Em 1973, foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente,
subordinado as políticas econômicas do Estado Militar, a qual era responsável por
analisar, planejar e gerir a problemática ambiental (TOZI, 2007). Em 1978, os
Ministérios das Minas e Energia e Interior criaram em conjunto o Comitê Especial de
Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas que teria como objetivo a realização de
pesquisas, acompanhamentos e classificação dos recursos hídricos do país afim de obter

33
uma exploração sustentável e minimizar possíveis danos ao meio ambiente
(BURSZTYN & ASSUNÇÃO NETA, 2001). Esse quadro foi modificado em 1981 com
a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (MMA, 1998).
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída em 1981 pela Lei
6938 tendo como objetivos a “preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental” (RUHOFF & PEREIRA, 2004; TOZI, 2007). Nestas condições, foram
adotados seis principais conceitos: i) o meio ambiente é patrimônio público a ser
preservado; ii) planejar e fiscalizar o uso de recursos naturais; iii) controle das
atividades com potencial poluidor; iv) incentivo a pesquisas com finalidades para o
desenvolvimento do uso sustentável e proteção dos recursos naturais; v) recuperação de
áreas degradadas; vi) inserção da educação ambiental em todas as categorias de ensino
(MMA, 1998).
Através da Constituição Federal de 1988, a União se tornava responsável por
estabelecer um sistema de gerenciamento específico de recursos hídricos, definindo
critérios de proteção e outorga de direito de uso das águas. Em 1990, para dar maior
suporte e fazer valer esses conceitos, foram criados o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)
(RUHOFF & PEREIRA, 2004). O SISNAMA pode ser definido como a integração de
diversos órgãos ambientais de todos os níveis, sejam eles órgãos federais, estaduais e
municipais, tendo como objetivo descentralizar a gestão ambiental e proporcionar uma
tomada de decisão democrática (TOZI, 2007). Já o CONAMA, é um órgão superior ao
SISNAMA e tem como objetivo uma participação na negociação ambiental, ou seja,
estabelecer normas, critérios e padrões para licenciamento ambiental e controle de
qualidade ambiental (TOZI, 2007).
A gestão dos recursos hídricos no Brasil começou a ser formulada durante a
ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, onde a ideia sobre uma gestão integrada de
recursos hídricos (GIRH), a qual tinha por finalidade uma gestão descentralizada,
integrada e participativa, foi amplamente debatida. Com propostas do modelo francês de
gerenciamento hídrico, que previa uma participação da sociedade na gestão das águas,
um sistema de cobrança e a implantação de um comitê e uma agência financeira
específica para uma bacia hidrográfica (JACOBI, 2009), foi instituída, em 1997, a Lei
9433/97, que deu origem ao Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
(SNGRH) e estabelecendo a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)
(POMPEU, 2006; SILVA et al., 2017).

34
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem como objetivo
principal implementar a PNRH, mas também fica responsável pela gestão integrada das
águas, administrar os conflitos, planejando, regulando e controlando o uso, a
preservação e a recuperação dos recursos hídricos e posteriormente promover a
cobrança pelo uso da água (PORTO & PORTO, 2008). Possui uma diversidade em sua
composição, contando com o conselho nacional de recursos hídricos federais e
estaduais, os comitês de bacia hidrográfica e a agência de águas.
A PNRH institui que a água é um bem de domínio público, a qual possui valor
econômico e seus usos prioritários são o abastecimento humano e a dessedentação de
animais (PORTO & PORTO, 2008). Para isso, tem como estratégias para assegurar a
disponibilidade de água, a implantação dos planos de recursos hídricos, que abrange a
prevenção e proteção contra eventos hidrológicos críticos, a produção e atualização de
sistemas de informação acerca dos recursos hídricos, o enquadramento dos corpos de
água, a outorga de direito de uso, a cobrança pelo uso da água e o direito a compensação
aos municípios (RUHOFF & PEREIRA, 2004; PORTO & PORTO, 2008).
A Lei 9433 torna cada região hidrográfica única, com uma abordagem
individual, respeitando suas particularidades e desenvolvendo métodos e mecanismos de
gestão específica, que variam de acordo com as condições e parâmetros observados
(BERNARDI et al., 2012). Essa lei reconhece a água como um bem finito e vulnerável,
a necessidade de implementar padrões de qualidade com a finalidade de assegurar a
disponibilidade futura e adota a bacia hidrográfica como unidade de planejamento
(RUHOFF & PEREIRA, 2004). A homologação da lei 9433/97 efetiva a gestão
descentralizada e participativa de órgãos públicos juntamente com os usuários das
comunidades e torna o Brasil um dos países com a legislação mais avançada do mundo
no setor de recursos hídricos (PORTO & PORTO, 2008).
Todos os instrumentos e princípios citados ainda se encontraram em fase de
implementação por Estados e municípios. A demora da aprovação da lei até a execução
se dá através das dificuldades consideráveis encontradas. Os principais obstáculos
envolvem a outorga, onde as concessões estão sendo executadas de maneira isolada dos
outros instrumentos; a escassez de critérios para instituir a cobrança pelo uso da água
justificada pela insuficiência de dados e a elaboração dos planos de recursos hídricos
que não envolvem a comunidade local (NASCIMENTO & CASTRO, 2016).
Com isso, em 2001, foi criada a Agencia Nacional de Águas (ANA), com o
objetivo de promover e complementar a estrutura institucional da gestão de recursos

35
hídricos do país e tornar operante a política nacional de recursos hídricos, efetuando o
poder outorgante de fiscalização e de cobrança pelo uso da água (PORTO & PORTO,
2008).
Considerando o quinto item do artigo 1º da Lei 9344/97, as bacias hidrográficas
são classificadas como unidades territoriais para gestão de recursos hídricos. Afim de
adequar as necessidades hídricas de acordo com sua configuração física e características
locais, foram definidos critérios de divisão regional no país chamado de Regiões
Hidrográficas para um melhor planejamento de cada bacia (PORTO & PORTO, 2008).
O Brasil foi então dividido em 12 principais regiões hidrográficas (Figura 2) de acordo
com critérios hidroambientais, socioeconômicos e político-institucionais (ANA, 2006).
Figura 2: Principais regiões hidrográficas do Brasil.

Fonte: PNRH (2003).

Segundo a ANA (2006), os critérios hidroambientais propostos levam em


consideração bacias hidrográficas representativas e suas principais interligações (bacias
doadoras e receptoras), unidades de conservação ambiental, incluindo reservas
indígenas, aquíferos subterrâneos e reservatórios de produção de energia elétrica. Os
critérios socioeconômicos apreciam regiões metropolitanas, unidades de planejamento e
mesorregiões econômicas segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Por fim, os critérios político-institucionais se referem aos comitês de
bacia de rios de domínio da União ou Estadual e unidades federadas.

36
No Estado do Rio de Janeiro, este mesmo critério foi adotado e por seguinte as
regiões hidrográficas foram divididas, resultando em 9 regiões (Figura 3).
Figura 3: Principais regiões hidrográficas do Rio de Janeiro.

Fonte: CBHs (2013)

Afim de potencializar a descentralização do poder de gestão dos recursos


hídricos e direcionar estrategicamente as políticas de planejamento foram formados os
Comitês e Agências de Bacias Hidrográficas (VALE et al., 2016; SILVA et al., 2017).
No momento atual, o Brasil possui 173 Comitês de Bacias Hidrográficas. Esses comitês
e agências de gerenciamento são definidas como unidades administrativas
descentralizada, integrada e participativa e traz a decisão para um nível local
(DELEVATI et al., 2010).
De acordo com o MMA (2007), os principais dispositivos agregados aos
Comitês são o Plano de Recursos Hídricos, definidos como órgãos normativos e
deliberativos que promovem o gerenciamento dos recursos hídricos de determinada
bacia como o enquadramento dos cursos d’água, a outorga dos direitos, a cobrança de
uso e o sistema de informações sobre recursos hídricos, as Agências de Bacia, que
prestam apoio técnico-administrativos e financeiro aos seus respectivos Comitês e o
Fundo de Bacia, responsável pela viabilidade econômica de diversas atividades e a
possibilidade de descentralização da gestão de recursos hídricos.
Os Comitês de Bacia são compostos por integrantes dos diversos níveis de
governo, agentes privados e agentes da sociedade civil e tem em suas atribuições a
obrigação de articulação e inclusão desses integrantes no planejamento e gestão, a
atuação em casos de conflitos de interesse ou por uso de recursos e as aprovações do

37
plano de recursos hídricos proposto, da implantação da cobrança e sua precificação
(PORTO & PORTO, 2008).
Os Comitês são responsáveis também por avaliar a qualidade da água, monitorar
processos de situação e recuperação ambiental e formar um entendimento sobre os
recursos naturais da bacia (RUHOFF & PEREIRA, 2004). Para isto, são utilizados
diversos indicadores de controle de atividades antrópicas, do estado do meio ambiente e
das qualidades de programas sustentáveis para preservação ambiental (RUHOFF &
PEREIRA, 2004).
Um dos grandes obstáculos que os Comitês de Bacia Hidrográfica possuem são
os conflitos de interesse. A descentralização da gestão dos recursos hídricos é complexa
e em níveis locais, ela encontra dificuldades em sua viabilização, principalmente em
problemas que tangem a gestão territorial e administrações insatisfatórias.

3.6.2 Gestão de pequenas e microbacias hidrográficas

A definição de pequenas e microbacias hidrográficas possui bastante


subjetividade se levar em consideração apenas suas diversidades físicas, como relevo,
solo e vegetação (GOLDENFUM, 2001). Segundo Ponce (1989), pequenas bacias
hidrográficas possuem propriedades especificas como a uniformidade da precipitação
em relação ao espaço e ao tempo, o fornecimento de água e sedimentos se originam
predominantemente através do escoamento superficial e regimes de fluxo e retenção de
água são pouco importantes.
Para a caracterização física da bacia leva-se em conta elementos topográficos
como sua área e forma, a densidade da sua rede de drenagem, o comprimento da bacia e
do canal principal e sua declividade (GREGORY & WALLING, 1973). Segundo
Silveira (1997), pequenas e microbacias hidrográficas têm fatores limitantes de
caracterização, como mecanismos de variação chuva-vazão em escala espacial e
temporal e dificuldades de especificação de regiões hidrologicamente homogêneas
devido à redução de sua escala de detalhamento.
Com o intuito de aperfeiçoamento dessa caracterização, metodologias de
monitoramento são aplicadas afim de comparar, analisar e estimar sua rede hídrica e
para isso são definidos diversos parâmetros como precipitação, qualidade das águas
superficiais, processos de infiltração, erosão e sedimentação e dados climatológicos
(GOLDENFUM, 2001).

38
A avaliação da disponibilidade hídrica e do comportamento hidrológico de
pequenas e microbacias hidrográficas também se tornam necessárias para fins de melhor
aproveitamento de recursos hídricos, visando a preservação ambiental e a formalização
de outorga de uso dos recursos hídricos (SILVEIRA & TUCCI, 1998). Contudo, por
falta de um monitoramento constante e adequado e praticamente inexistente no Brasil, a
maioria dos dados sobre disponibilidade hídrica de uma pequena bacia hidrográfica é
admitida por meio de informações de grandes bacias (SILVEIRA & TUCCI, 1998;
TUCCI et al., 2000).

4. ÁREA DE ESTUDO

4.1 Localização e descrição

A Bacia Hidrográfica do Rio Piraí tem sua nascente localizada no Estado do Rio
de Janeiro, na microrregião do Vale do Paraíba Fluminense, no município de Rio Claro,
mais precisamente no distrito de Lídice e percorre as cidades de Rio Claro, Piraí e Barra
do Piraí até desaguar no Rio Paraíba do Sul, totalizando 1034 km² de área de drenagem
(ARAÚJO et al., 2009). Seu curso possui duas alterações significativas, sendo uma a
inversão do curso do rio seguida da transposição de parte das águas do Rio Paraíba do
Sul à jusante na cidade de Barra do Piraí-RJ, alterando a foz do Rio Piraí e a segunda,
alvo deste estudo, que é o desvio de suas águas através de um túnel conhecido como
Túnel de Tócos, que por sua vez, possui a finalidade de abastecer o Reservatório de
Ribeirão das Lajes (CABRAL, 2006).
O trecho alvo deste estudo é descrito como microbacia hidrográfica do Rio Piraí
à montante do Túnel de Tócos, a qual possui cerca de 90 km² de área de drenagem,
ocupando cerca de 12% dos 846 km² de área total do município de Rio Claro (Figura 4).
A população estimada total do município de Rio Claro é de 18677 habitantes, nos quais
aproximadamente 6000 habitantes, usufruem diretamente das águas disponibilizadas
nesta microbacia (IBGE, 2021).
As águas desviadas do Rio Piraí, na altura do túnel de Tócos, integra o
Subsistema Lajes (composto pelo reservatório de Lajes e pela Usina Fontes Nova) e são
responsáveis por 96% das águas que chegam até o reservatório de Ribeirão das Lajes.
Estas águas chegam no Reservatório de Lajes através de um túnel com 8,5 km de
extensão e com uma vazão de 12 m³.s-1. O desvio de parte das águas do Rio Piraí

39
através deste túnel foi realizado com o objetivo de aumentar a disponibilidade hídrica
do reservatório de Ribeirão das Lajes (LIGHT, 2011).
O reservatório de Lajes, por sua vez, tem importância estratégica para o
município do Rio de Janeiro e seus municípios adjacentes, para a geração de energia e
reserva hídrica estabelecida pelo setor elétrico podendo abastecer a região metropolitana
do Rio de Janeiro por cerca de 8 dias em caso de interrupção no bombeamento em Santa
Cecília ou acidente no Rio Paraíba do Sul (SONDOTÉCNICA/ANA, 2006;
GEOPROJETOS, 2007).
Figura 4: Mapa de Localização da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2 Hidrografia

A hidrologia é a ciência que associa a presença de água com sua ocorrência,


circulação, distribuição e sua relação com meio ambiente, dando suporte a estudos
ambientais, energéticos e planejamento urbano, tendo como uma de suas finalidades o
desenvolvimento do uso sustentável dos recursos hídricos de determinada bacia (TUCCI
et al., 1993).

40
A Bacia Hidrográfica do Rio Piraí está localizada na Região Hidrográfica do
Atlântico Sudeste, em termos de divisão nacional. Esta bacia está inserida na Bacia do
Rio Paraíba do Sul, que por sua vez, é setorizado em cinco partes, estando a Bacia do
Rio Piraí situada no setor Médio Paraíba do Sul. No entanto, o trecho à montante do
Túnel de Tócos tem suas águas são administradas pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do
Rio Guandu, na Região Hidrográfica II do Estado do Rio de Janeiro (Figura 5).

Figura 5: Mapa Hidrográfico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de


Tócos.

Fonte: Elaborado pelo autor.


O Rio Piraí, como um todo, é um rio cujas características hidráulicas encontram-
se muito modificadas, já que possui dois barramentos (Tócos e Santana) e uma

41
transposição. Além disso, possui uma característica que pode vir a afetar seu fluxo e sua
vazão. No trecho à montante do Túnel de Tócos, a diferença entre a rede de drenagens
no período seco e no período chuvoso é bastante significativa, sendo justificada pelo
alto número de córregos intermitentes (Figura 6).
Figura 6: Comparação entre a rede de drenagens em período chuvoso e seco da
Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí até o túnel de Tócos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.3 Clima

O mapa climático é a representação desses padrões climáticos médios, baseado


em fatores como médias de precipitação, temperatura e umidade. Para esta pesquisa, foi
utilizada a classificação proposta pelo IBGE (2002), representando as diferentes zonas
climáticas do território brasileiro agrupadas pela temperatura e umidade. Essa
classificação identifica também os tipos climáticos, caracterizado por: quente,
subquente, mesotérmico brando e mesotérmico mediano.
A região da microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos está
localizada em altitudes que variam de 500 a 1600 metros de altitude, representada por
um clima classificado como Tropical Brasil Central, subdividido, em grande parte, por
uma umidade super-úmida sem seca, com temperatura definida como mesotérmica
branda. Em sua parte norte, sua úmida é definida como super-úmida subseca e a

42
temperatura como subquente, ficando entre 15 a 18ºC em pelo menos um mês (Figura
7).
Figura 7: Mapa do clima da área da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de
Tócos.

Fonte: IBGE, 2002.

As estações pluviométricas com séries de dados mais longas são de Lídice, UHE
Vigário e UHE Santa Cecília, que são caracterizadas por uma temperatura média anual é
de 21.5ºC, precipitação média anual de 1756 mm com média mensal de 146 mm, com
máxima de 301 mm e mínima de 41 mm (Figura 8).

43
Figura 8: Precipitação mensal média e médias das temperaturas máximas e mínimas
mensal.

Fonte: INMET.

4.3.1 Balanço hídrico

Diversas metodologias são aplicadas no cálculo do balanço hídrico. Para esse


estudo, utilizou-se a metodologia proposta por Thornthwaite & Mather (1955), devido
ao fato de os únicos dados obtidos terem sido os dados de precipitação pluviométrica e
temperatura e está metodologia necessita somente dessas informações (VAREJÃO-
SILVA, 2006).
Os dados adquiridos de temperatura média mensal e de pluviosidade total
mensal foram fornecidos através do banco de dados históricos da rede de estação
meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Para a Capacidade
Máxima de Água Disponível (CAD) foi estipulado a CAD 100 mm para aplicação do
balanço hídrico. Esse valor é comumente adotado para a caracterização da
disponibilidade hídrica regional e pode variar entre 75 a 125 mm (PEREIRA et al.,
2002). Já para a evapotranspiração potencial, os valores referentes foram estimados
seguindo metodologia referenciada.
Para o efetivo cálculo, foi utilizado um programa de computador ambientado no
EXCEL nomeado de "BHnorm.xls" desenvolvido por Rolim et al. (1998). Esse
programa segue rigorosamente a metodologia proposta por Thornthwaite & Mather
(1955). Os resultados são obtidos através de dois índices: Deficiência Hídrica (DEF) e
Excedente Hídrico (EXC). A DEF corresponde a insuficiência de água no solo, ou seja,

44
é a água que deixa de ser evapotranspirada no período seco, enquanto o EXC se refere a
água sujeita a infiltração, percolação e/ou escoamento superficial no período chuvoso.
Figura 9: Balanço hídrico da série histórica da Microbacia do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos.

Fonte: Elaborado pelo autor.


A partir dos cálculos de balanço hídrico proposto por Thornthwaite & Mather
(1955) baseado na precipitação e temperatura média registrado na série histórica da
região da microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos (Figura 9) foi possível
observar que apenas entre os meses de junho a agosto, a microbacia não atinge o
excedente hídrico, sinalizando um intervalo de déficit hídrico. Se ocorre devido as
baixas precipitações ocasionadas pelo clima ser mais frio e seco, diminuindo também a
evapotranspiração. No entanto, o intervalo de meses que representam o excedente
hídrico possui volume muito maior do que o pequeno intervalo de déficit.

4.4 Geologia

A descrição da geologia é um dos fatores fundamentais para o entendimento da


dinâmica ambiental de uma região, já que baseado nas informações geológicas é
possível realizar diagnósticos de processos físico-químicos que ocorrem tanto no solo,
como na água, além de reconhecer locais de potencial energético e extrativista, auxiliar
no planejamento urbano e rural e atentar para áreas com eventuais problemas
ambientais, como processos de desertificação, contaminação de água e solos e
deslizamentos de encostas (BACCI, 2009).
A microbacia hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos está
inserida na Província Mantiqueira, um sistema orogênico que se desenvolveu entre o

45
Neoproterozóico e o Cambriano (880 Ma – 480 Ma) com orientação nordeste-sudoeste,
abrangendo uma área que vai da Bahia até o Uruguai (ALMEIDA et al., 1981;
HEILBRON et al., 2004). Essa província geotectônica é dividida em três setores:
setentrional, meridional e central, esta última onde está localizada a área de estudo
(HEILBRON et al., 2004).
A parte central da Província Mantiqueira é dividida em duas faixas: Faixa
Brasília e Faixa Ribeira. A região do Rio Piraí está situada na Faixa Ribeira, um
complexo cinturão de dobramentos, empurrões, falhas e zonas de cisalhamento que se
estende por aproximadamente 1400 km (HEILBRON et al., 2000). Essa faixa tectônica
é formada por gnaisses e granitos gerados principalmente durante o Ciclo Brasiliano,
porém existe a presença de rochas metavulcanossedimentar e metassedimentares
(HASUI et al., 1975; ALMEIDA et al., 1981; HEILBRON et al., 2000).
A geologia local da microbacia tem como principal constituinte o Grupo Raposo
– Unidade Conservatória, no entanto, diversas litologias influenciam na composição
desta microbacia hidrográfica (Figura 10).
O Grupo Raposo – Unidade Conservatória é composto principalmente por
granada-biotita gnaisse e sillimanita-granada-biotita gnaisse bandado e lentes de rochas
calcissilicáticas, além de intercalações de anfibolito e quartzito (HEILBRON et al.,
2016). Inserido neste grupo, está o Complexo Graminha, um corpo lenticular gerado
pela fusão parcial dos granulitos do Complexo Juiz de Fora e composto por hornblenda
ortognaisse porfiróide com enclaves de rochas básicas e biotita granito foliado
(MACHADO et al., 1996).
Em sua porção sul, a microbacia hidrográfica tem como principal litologia o
Complexo Juiz de Fora, com formações constituídas por gnaisses em sua maior parte e
em menor quantidade, rochas metabásicas, granitos colisionais e granitóides
calcioalcalinos (HEILBRON et al., 2004; HEILBRON et al., 2010). Existe também em
uma pequena parcela, o Complexo Rio Negro, uma litologia constituída por
ortognaisses (tonalitos a granitos cálcio-alcalinos e gabros), metadioritos,
metagranitóides e granitoides homogêneos (HEILBRON et al., 2008).
Em alguns trechos do Rio Piraí com traçados mais acentuados, encontram-se
depósitos aluvionares quaternários recentes, compostos por areia, siltes e argilas
resultantes de processos de erosão, transporte e deposição a partir de diferentes
litologias (NEGRÃO et al., 2015).

46
Figura 10: Mapa Geológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos.

Fonte: CPRM, 2016

4.5 Geomorfologia

O conhecimento sobre a geomorfologia torna possível identificar os


compartimentos das diferentes formas de relevo, seus aspectos de litologia,
morfogênese e modelagem (MOURA & DIAS, 2012). Além disso, está associada a
processos geológicos e climáticos atuantes (CUNHA et al., 2003). Sua cartografia é um
instrumento que representa a superfície terrestre, fornecendo também informações
cruciais sobre suas potencialidades, vulnerabilidades e possíveis intervenções
(CHORLEY & HAGGETT, 1975; ROSS 1990).

47
Na região da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos, é possível
identificar dois principais atributos geomorfológicos: domínio montanhoso e escarpas
(Figura 11). Ambos apresentam altitudes significativas e vales com partes planas.
Figura 11: Mapa Geomorfológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.

Fonte: CPRM, 2001.

O domínio montanhoso apresenta um relevo muito acidentado, característico da


parte reversa da escarpa da Serra do Mar. Suas vertentes são predominantemente
retilíneas a côncavas, com topos de cristas alinhadas ou levemente arredondadas. Há
também a ocorrência pontual de compartimentos de morros suaves e colinas
arredondadas, em seções alveolares nos vales principais. A densidade da drenagem é
alta com perfis dendríticos com ocorrência de colúvios e depósitos de tálus, solos rasos
e afloramentos de rocha.
As escarpas serranas também possuem um relevo acidentado com vertentes
retilíneas a côncavas, escarpadas e topos de cristas alinhadas ou levemente
arredondados. Sua densidade de drenagem é muito alta com padrão de drenagem
48
variável, de paralelo a dendrítico, apresentando também ocorrência de colúvios e
depósitos de tálus, solos rasos e afloramentos de rocha.

4.6 Declividade

O uso de mapas de declividade auxilia nas interpretações dos resultados dos


mapas geomorfológicos. É uma ferramenta importante também no apoio de estudos
geológicos e hidrológicos de um território (LADEIRA, 2013). Com a cartografia de
declividade, é possível identificar áreas críticas para deslizamento de encostas, constatar
regiões suscetíveis à ocorrência de inundações, definir questões de planejamento de
lavouras agrícolas, entre outros fatores importantes na análise ambiental e no estudo do
espaço integrado (VALERIANO, 2008).
Figura 12: Mapa de declividade da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.

Fonte: EMBRAPA, 2009.

49
O mapa de declividade foi gerado em porcentagem definindo cinco classes, que
variam de plano a montanhoso, seguindo a classificação da EMBRAPA (2009), onde as
classes foram separadas da seguinte forma:
0 – 3% (plano);
3 – 8% (suave ondulado);
8 – 20% (ondulado);
20 – 45% (forte ondulado);
45 – 75% (montanhoso);
> 75% (escarpado).
A região da microbacia foi caracterizada, em sua maior parte como uma
declividade de ondulado a forte ondulado (Figura 12).

4.7 Altimetria

A altimetria, também chamada de hipsometria, é responsável pela representação


de cotas altimétricas da superfície de um território (LIMA et al., 2014). Utiliza-se um
sistema de graduação de cores, que comumente seria de tons de verde claro, seguindo
para tons de amarelo, laranja, vermelho, violeta e a cor branca para áreas de neve, de
acordo com o aumento da elevação.
A altimetria de uma bacia hidrográfica permite ter uma noção do comportamento
do relevo e de sua hidrografia. Para isto, foram utilizados Modelos Digitais de Elevação
(MDE) elaborados a partir dos dados SRTM disponibilizados pelo USGS para gerar os
modelos altimétricos.
O mapa altimétrico da região da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel
do Tócos (Figura 13) apresentou maiores cotas altimétricas no setor oeste da
microbacia, região com maior dissecação do relevo e onde está localizada a nascente,
enquanto que a região leste, onde encontram-se uma maior densidade de pastagens,
apresenta elevações mais baixas. Na área onde está localizada o Túnel de Tócos, é
encontrado um aspecto mais plano nesse setor da microbacia. O mapa altimétrico
corrobora com as análises realizadas no mapa de declividade.

50
Figura 13: Mapa de declividade da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.

Fonte: INPE, 2008.

4.8 Favorabilidade hidrogeológica

A favorabilidade hidrogeológica é uma das ferramentas utilizadas para definir


áreas mais favoráveis a exploração de água subterrânea de uma determinada região, a
fim de proporcionar alternativas para o abastecimento público, amenizando ou
solucionando problemas com disponibilidade hídrica (BRITO et al., 2019).
As águas subterrâneas podem estar associadas a aquíferos ou escoamento de
base e em função de suas características, podem apresentar melhor proteção contra
fontes poluidoras (AYER et al., 2017).
Desse modo, o mapa foi confeccionado a partir do banco de dados da CPRM
(2001) que classifica a favorabilidade em níveis, desde muito alta até desfavorável,

51
levando em consideração parâmetros como relevo e solos (Figura 14). Na região
Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos, os resultados apresentados para
a favorabilidade hidrogeológica corroboram as interpretações geomorfológicas e
pedológicas.
Figura 14: Mapa de Favorabilidade Hidrogeológica da Microbacia do Rio Piraí à
montante do Túnel do Tócos.

Fonte: CPRM, 2001.


É uma região com baixa favorabilidade, com diversas áreas desfavoráveis, já que
apresentada um relevo ondulado, com presença de escarpas e solos poucos espessos.
Sendo assim, a recarga da microbacia hidrográfica é decorrente do escoamento de base
e de suas nascentes.
52
4.9 Cobertura pedológica

Os solos são formados pela decomposição das rochas a partir de processos


complexos de intemperismo químico, físico e biológico e são classificados a partir do
seu perfil, delimitado por horizontes e também por sua textura e pela presença de areia e
argila (LIMA & LIMA, 2007; ZIMBACK, 2003). São essenciais para o
desenvolvimento de plantas e de animais, mas também para implementação e expansão
de atividades econômicas, como a agricultura e o extrativismo (LEPSCH, 2016).
Os mapas pedológicos são produzidos a partir da classificação pedológica
obtidos a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos
de um perfil. Possuem informações para a formulação de políticas públicas visando o
planejamento territorial, pode indicar áreas com potencial agrícola, apontar regiões com
mais suscetibilidade para erosão, compactação, entre outros (SANTOS et al., 2018).
De acordo com o mapeamento de solos e a classificação proposta pela
EMBRAPA (2009), a área da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos
possui três tipos de solos: neossolo litólico, cambissolo háplico e latossolo vermelho-
amarelo, este último abrange quase a totalidade da área de estudo (Figura 15).
Os latossolos vermelho-amarelo são compostos por minerais altamente
intemperizados que originam uma fração argila de baixa atividade, sendo comum a
presença de argilo-minerais do tipo 1:1 e de óxidos de ferro e alumínio (PALMIERI &
LARACH, 2004). Geralmente, são solos profundos, com excelentes propriedades
físicas, textura argilosa, normalmente bem drenados, fortemente ácidos e em geral,
apresentam fertilidade natural baixa e pouca quantidade de matéria orgânica
(KLUTHCOUSKI & STONE, 2003).
O cambissolo háplico, devido à grande diferença de características regionais e
locais como material de origem, formas de relevo e condições climáticas, possui
definições muito variáveis, podendo apresentar-se de fortemente à imperfeitamente
drenados e de rasos à profundos e podem apresentam argila de atividade baixa e baixa
saturação por bases (EMBRAPA, 2006). Por sua vez, o o neossolo litólico, é
comumente encontrado em relevos caracterizados por escarpas, sendo encontrado
diretamente sobre a rocha, portanto apresentam pequena espessura e teores elevados de
minerais primários menos resistentes ao intemperismo (CARVALHO FILHO et al.,
2000; EMBRAPA, 2009).

53
Figura 15: Mapa Pedológico da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do
Tócos.

Fonte: EMBRAPA, 2009.

4.10 Cobertura vegetal

A cobertura vegetal de uma região exerce funções primordiais nos processos


morfogenéticos, como a erosão e degradação do solo, além de estimular o ciclo da água
e de nutrientes, melhora as características químicas, físicas e biológicas no solo, auxilia
na regulagem de temperatura e na preservação de nascentes e margens.
A região da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos está sob
domínio da Mata Atlântica. Este bioma é caracterizado por sua grande biodiversidade,
estando entre os principais biomas do mundo abrigando mais de 8000 espécies
endêmicas, por sua complexidade com inúmeras formações florestais e ecossistemas
associados, além de estar extremamente ameaçado devido as atividades exploratórias,

54
como agropecuária, mineração, ações industriais e especulação imobiliária (MYERS et
al., 2000; CICCHI et al., 2009).
Sua vegetação original é dominada pela transição entre floresta ombrófila densa
e floresta estacional semidecidual, porém ambas já sofreram grande processo de
fragmentação florestal, principalmente nas áreas mais baixas e planas. Essas áreas
foram transformadas em pastagens ou aproveitadas para a plantação de culturas, como
hortaliças, banana, cana de açúcar entre outros (Figura 16).
Figura 16: Mapa de Cobertura Vegetal da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel
do Tócos.

Fonte: IBGE, 2015.

A Floresta Ombrófila Densa é caracterizada por ter uma mata sempre verde,
vegetação arbustiva com presença de árvores medianas de até 15 metros, com exceções
que podem ultrapassar os 40 metros de altura e está condicionada a contexto climáticos
que envolvem temperaturas elevadas, acima de 20ºC, e altas precipitações distribuídas
durante o ano (VELOSO et al., 1991; OLIVEIRA FILHO, 1994). Geralmente, o
latossolo é o tipo de solo dominante em regiões com esse tipo de vegetação.

55
Já a Floresta Estacional Semidecidual é caracterizada pela presença de árvores
maiores de 20 metros, grande quantidade de plantas trepadeiras e localizada em
ambientes com menos umidade do que a Ombrófila Densa (VELOSO et al., 1991). Está
relacionada também a cenários climáticos tipificado por duas estações bem definidas.
Uma é a tropical, com chuvas intensas no verão e a outra é a subtropical, com períodos
restritos de seca e temperaturas mais frias. Nessa categoria de cobertura vegetal, os
solos predominantes são o argissolo e o latossolo.

4.11 Aptidão agrícola

As informações sobre as características e classificações de solos, cobertura


vegetal, geologia e hidrologia dão embasamento para uma avaliação da aptidão agrícola
das terras de uma determinada área (LEPSCH et al., 1991). A aptidão agrícola é o uso
desses fatores para o planejamento do uso das terras, visando reduzir os danos
ambientais possíveis e maximizar a produção. É uma classificação técnica e
interpretativa, onde leva-se em consideração também os tipos de uso e ocupação da
terra, como no caso de culturas perenes ou permanentes e dos meios de produção
agrícola, como o uso de fertilizantes, tipos de colheita, reaproveitamento de resíduos
vegetais etc (QUARTAROLI et al., 2006).
A aptidão agrícola direciona os objetivos de interesse público ou privado para
apontar as potencialidades e limitar o uso do solo de acordo com sua capacidade
produtiva (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995). A expansão das áreas agrícolas e a
intensificação de seu uso são as principais fontes de degradação do meio ambiente,
sendo assim, o estudo de aptidão agrícola assinala áreas com uso adequado,
sobreutilizado ou subutilizado (QUARTAROLI et al., 2006).
Como visto na Figura 17, grande parte da microbacia hidrográfica está inserida
em áreas com aptidão restrita para culturas especiais de ciclo longo. São áreas que
necessitam de um custeio baseados em práticas agrícolas de nível tecnológico médio a
alto, pesquisas de manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das
lavouras.
Em certos trechos da microbacia e principalmente em suas áreas adjacentes, se
destaca regiões sem aptidão agrícola. Alguns fatores podem justificar essa classificação,
como o tipo de solo da região, o relevo mais acidentado, o qual dificulta e encarece
práticas agrícolas. Essas terras são indicadas para preservação de flora e fauna e
manutenção e proteção dos recursos hídricos.
56
Figura 17: Mapa de Aptidão Agrícolas da Microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel
do Tócos.

Fonte: EMBRAPA, 2017.

4.12 Uso e ocupação do solo

O uso e ocupação do solo é um parâmetro que define o desenvolvimento de


ocupação de um território, levando em consideração fatores ambientais e sociais, que
possam alterar processos físicos, químicos e biológicos do meio ambiente e a
compreensão entre esta ocupação com uma possível degradação se torna profundamente
necessária a fim de evitar impactos futuros, como alagamentos, poluição de solo, ar e
água, alterações na fauna e flora, deterioração de recursos naturais, etc (DAMAME,
2019).
Os níveis de uso e ocupação do solo em uma bacia hidrográfica atingem
diretamente a qualidade da água, principalmente o mau uso relacionado a urbanização
(aumento de áreas impermeáveis, ocupação irregular, despejo de efluentes orgânicos),
atividades agrícolas (aumento na concentração de nitrogênio, fosforo, cálcio) e
57
industriais (aporte de metais pesados) (WOLI et al., 2004; LI et al., 2009; KANG et al.,
2010; DUPASA et al., 2015; FIA et al., 2015).
Os dados utilizados na descrição do uso e ocupação do solo no trecho da
microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos foram gerados em 2018. A
microbacia está localizada em uma zona rural (Figura 18), portanto, os efeitos de
crescimento urbano se tornam menos cruciais nas análises, no entanto, com a expansão
da agropecuária na região, as áreas de vegetação nativa estão se transformando em
pastagens ou em campos de lavoura. Com isso, a exposição do solo aumenta, estimulan-

Figura 18: Mapa de Uso e Ocupação do Solo Microbacia do Rio Piraí à montante do
Túnel do Tócos.

Fonte: INEA, 2018

58
-do processos erosivos e intensificando o carreamento de pesticidas, fertilizantes e
inseticidas (MILLER, 2007; SANTOS, 2009; CARVALHO et al., 2009).
A principal atividade de pecuária é a criação de aves (galos, frangos, galinhas e
pintos), devido a instalação no município de grandes granjas, como o caso da RICA
(Rica Reginaves Indústria e Comércio de Aves). O efetivo de bovinos também é alto,
justificando a grande ocupação do município com áreas de pastagem.
Em relação à agricultura, o produto com maior valor de produção na região foi a
banana, com cerca de 400 ha de área cultivada. Já entre os produtos identificados como
de lavoura temporária se destaca a cana-de-açúcar (cerca de 120 ha), os cultivos de
feijão (com 200 ha) e milho (com 150 ha) (IBGE, 2017).
Cabe ressaltar que o município de Rio Claro correspondeu a segunda maior
arrecadação de ICMS verde do Estado do Rio de Janeiro em 2011 e terceira no ano de
2015. Segundo a Lei Estadual 5.100/2007, os componentes ambientais (gestão
ambiental, preservação florestal, índices de qualidade da água, controle de resíduos
sólidos) são incorporados ao cálculo de repasse do ICMS e pontuados de acordo com
execução e otimização. É um incentivo do Estado no qual corrobora a importância da
gestão ambiental para o melhor desenvolvimento local e regional.
Em relação as atividades socioeconômicas, segundo dados do IBGE (2010), o
município de Rio Claro possui uma densidade demográfica de 20,81 hab/km², nível de
escolarização entre 6 a 14 anos de 97,7%, IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
de 0,683 e um PIB per capita de aproximadamente 21 mil reais. Também de acordo com
esse levantamento, 65% da sua área possui esgotamento sanitário adequado e 37% de
suas vias públicas são urbanizadas com algum tipo de calçamento. Sua economia é
baseada em produção primária, com uma expressiva pecuária, além do cultivo de
produtos de subsistência e de hortaliças.

5. MATERIAIS E MÉTODOS

A elaboração e organização metodológica para o estudo hidrogeoquímico da


microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos foi baseada em quatro etapas:
levantamento bibliográfico, amostragem e coleta de campo, análises laboratoriais e
interpretações dos dados obtidos através de técnicas estatísticas e ferramentas de
geoprocessamento. Com estes resultados e interpretações, foi possível elaborar um

59
diagnóstico ambiental e sugerir soluções através de um plano de gestão de recursos
hídricos.
A pesquisa bibliográfica foi feita analisando estudos publicados e materiais
cartográficos da região, além de dados obtidos através do Comitê das Bacias
Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim, organização esta que é
responsável pelo monitoramento, diagnóstico e soluções hierarquizadas deste trecho da
microbacia.
Nessa primeira etapa, para análise da precipitação da microbacia, foi construída
uma série histórica de precipitação pluviométrica média mensal dos anos amostrados do
município de Piraí com dados disponíveis na plataforma on-line HIDROWEB da
Agência Nacional de Águas (ANA). Os dados foram extraídos de duas estações
pluviométricas que abrangem a área de estudo: UHE Nilo Peçanha Lídice – 58335000 e
UEL Vigário Passa Três – 2244107. Ambas as estações não possuem nenhum registro
sobre evapotranspiração.
A amostragem de campo foi dividida em três períodos sazonais, caracterizando
um período seco, um período chuvoso e um período de transição do seco para o
chuvoso, ao longo de três anos não sequenciais. Estas campanhas tiveram como
finalidade a coleta de amostras de água superficial, observação in situ de características
geológicas, geomorfológicas, pedológicas, ocupação do solo e cobertura vegetal.
Por sua vez, a etapa laboratorial compreendeu a preparação das amostras
coletadas em campo para as respectivas análises químicas. A etapa final foi
fundamentada com base nos resultados obtidos pelas análises laboratoriais, sendo
interpretada em conjunto com as informações adquiridas tanto na pesquisa bibliográfica
como nas observações de campo. Esse conjunto de dados e informações passou por
técnicas estatísticas univariadas, bivariadas e multivariadas, tais como correlações,
diagramas e equações, gerando gráficos, modelos geoquímicos e elaboração de mapas
temáticos.

5.1 Etapa de amostragem de campo

Para determinação dos locais a serem amostrados ao longo do curso principal do


Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos, foram utilizados mapas topográficos e
hidrológicos, além de imagens de satélites e fotografias atuais da região. Os pontos de
amostragem foram distribuídos desde um local com baixa vazão, pouco habitado e

60
próximo a nascente, passando pelo distrito de Lídice até o Reservatório de Tócos, onde
está localizado o Túnel de Tócos (Figura 19).
Figura 19: Distribuição espacial dos pontos de amostragem.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Com o auxílio de um GPS, os pontos de amostragem foram marcados para
serem exatamente os mesmos em todas as campanhas, portanto, não há variação
associada aos locais de aquisição de dados (Tabela 1).
Tabela 1: Coordenadas e altitude dos pontos de amostragem.

PONTOS COORDENADAS ALTITUDE (m)


P1 -44.19556 -22.84889 553
P2 -44.19889 -22.83139 534
P3 -44.17722 -22.79250 496
P4 -44.13639 -22.77028 456
P5 -44.12472 -22.75389 448

As coletas de campos foram realizadas nos meses de fevereiro, junho e outubro,


com o objetivo de caracterizar o período chuvoso, período seco e um período de

61
transição entre o seco e chuvoso, respectivamente, ao longo de 3 diferentes anos: 2012,
2016 e 2019.
Os principais critérios de seleção, detalhes relevantes e de potencial crítico em
relação aos pontos monitorados (Figuras 20-24) foram os seguintes:
P1 – Ponto mais próximo da nascente do Rio Piraí. Localmente conhecido como Rio
das Pedras. Presença de canais de contribuição fluvial que passam por dentro de granjas
de alta produção, áreas de pecuária próximas ao leito principal e solo exposto nas
margens.
Figura 20: Presença de granjas e degradação de margens no P1.

P2 – Ponto localizado sob uma ponte no centro do Distrito de Lídice. É verificado a


falta de coleta e tratamento de esgoto na cidade – foi observado diversas tubulações ao
longo das margens descartando diretamente efluentes domésticos. Há também
assoreamento na lateral, margens com solos expostos e diversos tipos de rejeitos
antrópicos.
Figura 21:Centro da cidade de Lídice e tubulações de esgoto com descarte direto no rio

62
P3 – Este ponto apresenta uma correnteza mais forte devido a quedas d’água e mais a
jusante do ponto, o Rio Piraí encontra com o Rio do Braço, afluente com águas com
níveis muito baixos de eutrofização. É observado uma criação de gado leiteiro e búfalos
as margens do rio. Essas margens, por sua vez, estão completamente degradadas. Nos
morros adjacentes vistos ao longo de suas margens, há falta de vegetação e solo exposto
com presença de ravinas.

Figura 22: Criação de búfalos nas margens expostas e presença de ravinas nos morros
adjacentes.

P4 – Este ponto localiza-se próximo a estrada principal (Rodovia Engenheiro Francisco


Saturnino Braga) Condições delicadas em relação ao posto de gasolina presente na
margem direita do rio, onde calhas existentes no local estão direcionadas para o corpo
d’água.
Área com pequenas quedas d’água que são utilizadas para fins recreativos e a
poucos metros a montante, encontra-se o deságue do Rio Cascata, que atravessa áreas
de cobertura vegetal intacta. As margens deste trecho do rio são formadas por lajeados
de rochas gnáissicas.
Figura 23: Posto de gasolina bem próximo as margens do rio. Queda d’água com fins
recreativos.

63
P5 – Este ponto está localizado na planície de inundação conhecida como Reservatório
de Tócos, próxima ao Túnel de Tócos. Grande área com exposição de solo com trechos
desmatados para expansão de pastos. Há também a presença de diversos tipos e
tamanhos de dejetos antrópicos. Uma das características relevantes do local é a
mudança brusca em relação aos períodos sazonais.
Em épocas de estiagem, o volume diminui consideravelmente, deixando a
planície com grandes áreas expostas, enquanto nas épocas chuvosas, a área alagada se
expande e em alguns locais ultrapassa as margens.

Figura 24: Barragem de Tócos e Túnel de Tócos.

Além destas áreas amostradas, existem outros pontos com uma considerável
influência sobre as águas do Rio Piraí, como extração de areia do fundo do leito (A)
entre os pontos P3 e P4, desmatamento da vegetação natural para expansão de pastos
(B) bem próximo ao P5 e também para ampliação da silvicultura (C) também próximo
ao P5 (Figura 25).

64
Figura 25: Extração de areia do fundo do leito (A); Desmatamento da vegetação natural
para expansão de pastos (B); e Ampliação da silvicultura (C).

Para a amostragem hidrogeoquímica das águas superficiais da microbacia do Rio


Piraí à montante do Túnel de Tócos foram utilizados um balde acoplado em um cabo
extensível sempre lavados entre 3-4 vezes com a própria água do local de amostragem,
frascos de polietileno de 1000 ml, recipientes falcon de 50 ml, frascos de vidro
borosilicato de 350 ml e polipropileno de 100 ml com tiossulfato previamente
descontaminados, luvas cirúrgicas a fim de evitar contaminações no manuseio das
amostras, pisset e água deionizada para auxiliar na limpeza e uma trena retrátil para
medir largura e profundidade.
A cada estação de amostragem foram coletados 4 recipientes Falcon de 50 ml
para análise de cátions, ânions e sílica, 1 frasco de polietileno de 1000 ml para
quantificação de material particulado em suspensão, 1 frasco de vidro borosilicato de
350 ml para análise de DBO, 1 frasco de polipropileno de 100 ml para análise de
coliformes. Posteriormente, as amostras foram acondicionadas e mantidas resfriadas a
temperaturas de 4º C até o momento da análise no laboratório de Hidrogeoquímica do
Departamento de Geoquímica da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para a
melhor preservação das amostras utilizadas para a análise de íons maiores (F-, Cl-, Br-,

65
SO42-, Na+, K+, Ca2+, Mg2+) foi utilizado ácido nítrico (HNO3) suprapuro com o objetivo
de acidificar as amostras a pH<2, o que aumenta o limite de conservação da água.
Para medições in situ foram utilizados uma sonda multiparamétrica da marca
modelo HANNA HI9828, onde foram obtidos os parâmetros físico químicos:
temperatura (ºC), condutividade elétrica (CE – μS/cm), oxigênio dissolvido (OD –
mg/L), potencial hidrogeniônico (pH) e clorofila (ug/L), além de um turbidímetro
modelo PoliControl AP2000. Ambos os aparelhos foram calibrados anteriormente a ida
a campo.
A trena foi utilizada para a medida da profundidade, onde um chumbo de pesca
foi lançado em 5 locais diferentes do ponto de amostragem (um no meio e dois em cada
lateral) e para medir a largura do canal de uma margem a outra.
Seguindo a metodologia proposta por Santos et al., (2001) e Collischonn (2005)
(Figura 26), onde a medida da vazão é fundamental para o entendimento da dinâmica
fluvial, foi necessário o uso de um molinete digital que forneceu a velocidade média (V)
do fluxo de água e juntamente com as medidas de profundidade das seções (H) e
largura (L), foi calculada a vazão (Q) de acordo com a Equação 1:
Q (m³/s) = L (m) x H (m) x V (m/s)
Equação 1: Cálculo de Vazão.

Figura 26: Medição de vazão em uma seção do rio com indicações das profundidades e
distâncias horizontais e verticais.

5.2 Etapa laboratorial

As amostras de águas fluviais foram devidamente identificadas e acondicionadas


sob refrigeração. Com exceção das amostras coletadas para cálculo de DBO, coliformes,
alcalinidade, NO3- e NH4+, as amostras foram acidificadas e passaram por um processo

66
de filtração com auxílio de uma bomba a vácuo, sendo utilizados filtros de membrana
de celulose com abertura de poros de 0,45 µm e diâmetro de 47 mm.
As amostras filtradas foram encaminhadas para a determinação dos ânions (F- ,
Cl- , Br-, NO3- , PO43- , SO42- ) e cátions (Na+, NH4+, K+, Ca2+, Mg2+) por cromatografia
iônica da marca Metrohm (Modelo 850 Professional) com metodologia padrão do
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (Method 9056a) e de
sílica (SiO2) por colorimetria, seguindo a metodologia descrita por Grasshoff et al.,
(1983), utilizando o equipamento Instrutherm (Modelo UV-2000A).
Os filtros utilizados na filtragem da água coletada passaram por tratamento
prévio, sendo descontaminados com banho com 10% de ácido nítrico durante uma hora,
secos a uma temperatura de cerca de 50ºC em uma estufa e quando totalmente secos,
transferidos para um dessecador. Após isso, eles foram pesados e recolocados no
dessecador. As amostras foram filtradas até o filtro ficar saturado de material.
Ao final, foi registrado o volume total filtrado, enquanto os filtros foram
devidamente secos e novamente pesados. Para se ter a concentração de sólidos
suspensos totais, o peso final do filtro foi diminuído do peso inicial e dividido pelo
volume de água filtrado.
A alcalinidade total foi determinada utilizando o método da técnica com
fenolftaleína e, considerando a variabilidade de pH das águas fluviais, entre 4,5 a 8,5,
onde o bicarbonato é o ânion mais representativo para alcalinidade, adotou-se para o
presente estudo que a alcalinidade representou HCO3- (CHAPMAN & KIMSTACK,
1992).
Para a determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio, utilizou o método da
NBR 12614, a qual consiste na determinação do Oxigênio Dissolvido (OD) em uma
amostra e após um período de 5 dias de incubação desta amostra, a uma temperatura de
20ºC e sem nenhuma exposição de radiação luminosa, mede-se novamente o OD. Estas
amostras foram coletadas em recipientes de vidro borosilicato envolvidos em papel
laminado e com seu volume totalmente preenchido, a fim de evitar bolhas de ar no seu
interior.
Com o objetivo de quantificar bactérias do grupo Coliformes, foi usado o
método Colilert (patenteado por IDEXX Laboratories), que consiste na utilização da
tecnologia do substrato definido para determinação de coliformes totais em água natural
ou tratada. É uma metodologia que emprega açucares e radicais orgânicos, fazendo com
que microrganismo produzam uma fluorescência dentro do sistema.

67
A coleta é feita utilizando um frasco de polipropileno de 100 ml que recebe o
meio Colilert e em laboratório, o frasco é distribuído em uma cartela (Quanti-
Tray/2000), posteriormente selada e incubada durante 24 horas a uma temperatura de
35ºC. Após esse período, a cartela é exposta a uma luz ultravioleta, sendo contabilizado
os cubos amarelos para coliformes totais e o número obtido mais provável (NMP) é
sobreposto a uma tabela de probabilidade.

5.3 Tratamento e interpretação de dados

Buscando entender as relações físico-químicas, os comportamentos dos


elementos químicos nas águas do Rio Piraí e verificar sua qualidade foram utilizados
diagramas como Piper, Gibbs e Chadha, cálculos matemáticos como razões iônicas e
avaliação de irrigação, além de ferramentas estatísticas, como Matriz de Coeficientes de
Correlação e Análise Fatorial para interpretação dos resultados obtidos a partir das
análises in situ e laboratorial.
Além disso, foi utilizado dados e informações disponibilizados em órgãos como
a Agência Nacional de Água – ANA, o Instituto Estadual do Ambiente – INEA,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais – CPRM.
Além disto, tanto a variabilidade espacial quanto a sazonal foram empregadas a
fim de elaborar um diagnóstico mais preciso. A variabilidade espacial se refere a
distribuição de pontos de amostragem abrangendo fatores como geologia e pedologia,
parâmetros capazes de afetar diretamente os resultados.
Por sua vez, a variabilidade sazonal está relacionada com a dinâmica climática
da região, alterando resultados a partir de modificações em fatores como precipitação e
a temperatura, os quais podem afetar diretamente a vazão, transporte e intemperismo.

5.3.1 Erro analítico

Os resultados das concentrações referentes aos íons estão predispostos a erros e


incertezas, independente de processos de coleta, dispositivos de transporte e
armazenamento, metodologia de tratamento ou calibração de equipamento. O cálculo do
erro analítico configura um desvio percentual na proporção de cátions e ânions, que

68
pode ter sido causado por íons com concentração consideráveis não analisados ou por
erros sistemáticos relacionados à instrumentação, calibração, etc.
O cálculo do balanço iônico e seus erros analíticos tem por objetivo constatar a
adequabilidade dos resultados laboratoriais obtidos. O somatório das concentrações, em
meq/L, de cátions e de ânions devem ser semelhantes, atingindo um desvio percentual
entre 5 a 10% (FEITOSA et al., 2008). Descartando erros e interferências nas etapas de
amostragem e laboratorial, foi utilizado a Equação 2 proposta por Barzegar et al.,
(2018).

Equação 2: Cálculo de Erro Analítico.

5.3.2 Diagrama de Gibbs

O Diagrama de Gibbs (1970) é uma ferramenta gráfica utilizada para identificar


os principais mecanismos naturais que controlam a composição química das águas. Para
a elaboração do diagrama é aplicado uma relação entre sólidos totais dissolvidos e uma
equação entre sódio e cálcio. Segundo Gibbs (1970), os principais fatores responsáveis
pela influência sobre a química são divididos em três categorias:
(i) precipitação pluvial (diluição);
(ii) (ii) intemperismo (fatores geológicos);
(iii) (iii) cristalização e evaporação.
A primeira categoria é dominada por íons de sódio e cloreto, indicando uma
influência de sal marinho na atmosfera, a segunda categoria é dominada por cálcio e
bicarbonato com contribuições de potássio e sílica, sugerindo um controle por parte da
lixiviação de rochas e a terceira categoria é controlada pela por sódio e cloreto com altas
concentrações de sólidos totais dissolvidos e contribuições de cálcio (GIBBS, 1970).

5.3.3 Diagrama de Piper

O diagrama de Piper (PIPER, 1944) é uma ferramenta utilizada na classificação


dos grupos de águas. Através deste diagrama, é justificável interpretar processos
hidrogeoquímicos que possam ocorrer no meio aquoso e a composição iônica
dominante (BACK, 1966). Esse diagrama utiliza constituintes catiônicos (Na+, K+,

69
Mg+2, Ca+2) e aniônicos (HCO3-, SO4-2, Cl-) dividindo-os em três campos de plotagem,
sendo dois triângulos menores e um losango maior, sendo o losango representando um
domínio químico total da água através da intersecção entre os dois triângulos menores
(Figura 27). (BACK, 1966).
O tipo químico da água pode ser classificado como: água bicarbonatada cálcica
ou magnesiana, água bicarbonatada sódica, água cloretada ou sulfatada sódica, água
cloretada ou sulfatada cálcica ou magnesiana. O diagrama foi desenvolvido e construído
através do software DIAGRAMMES.
Figura 27: Representação do Diagrama de Gibbs.

5.3.4 Diagrama de Chadha

O diagrama proposto por Chadha (1999) é baseado na diferença entre elementos


alcalinos, plotados no eixo X e na diferença entre ânions de baixa e alta mobilidade,
plotados no eixo Y. Ambos os valores representados em porcentagem miliequivalente
(%meq/L).

70
A partir dos parâmetros plotados no diagrama, podem ser obtidos 8 modelos de
processos hidrogeoquímicos das águas superficiais (Figura 28), que são: (1) alcalinos
terrosos excedem metais alcalinos; (2) metais alcalinos excedem alcalinos terrosos; (3)
ânions ácidos fracos excedem ânions ácidos fortes; (4) ânions ácidos fortes excedem
ânions ácidos fracos; (5) domínio de íons Ca2+, Mg2+ e HCO3- (água com dureza
temporária); (6) domínio de íons Ca2+, Mg2+ e Cl- (água com dureza permanente); (7)
domínio de íons Na+ e Cl- (água com problema de salinidade para uso doméstico e/ou
irrigação); (8) domínio de íons Na+ e HCO3- (águas com excessivos problemas para uso
doméstico).
Figura 28: Representação do Diagrama de Chadha.

5.3.5 Razões iônicas

As razões iônicas é uma ferramenta que utiliza diagramas bivariados entre os


constituintes dissolvidos encontrados nas águas do Rio Piraí que podem evidenciar o
equilíbrio entre as diferentes espécies iônicas e auxiliar na interpretação dos processos
hidrogeoquímicos (MERCHÁN et al., 2015). Diversas relações iônicas são expostas a
fim de compreender as possíveis trocas iônicas diretas ou reversas que acontecem no
meio aquoso estudado.
A troca iônica direta pode ser representada, por exemplo, pela substituição de
íons de sódio em argilas por outros cátions, como cálcio e magnésio, na água, enquanto

71
a troca reversa é a substituição de íons de cálcio e magnésio nas argilas por íons de
sódio presente na água (BARZEGAR et al., 2018).

5.3.6 Avaliação de irrigação

A alta concentração de íons dissolvidos na água utilizada para irrigação pode


afetar as propriedades físico-químicas dos solos e consequentemente a ruptura do
metabolismo da planta, levando a curto prazo uma diminuição na produtividade e a
longo prazo a degradação da estrutura do solo, causado por processos como
acidificação, salinização e aumento da permeabilidade (KUMAR et al., 2007;
BOZDAĞ & GÖÇMEZ, 2013).
O conhecimento da qualidade da água aplicada no plantio é indispensável para
um melhor gerenciamento da produtividade agrícola de longo prazo
(SRINIVASAMOORTHY et al., 2014). Esta adequação dos recursos hídricos com
objetivos de irrigação está diretamente relacionada com valores de alguns coeficientes
hidrogeoquímicos. Para a avaliação de risco da água de irrigação na área de estudo
foram empregados a razão de absorção de sódio (RAS), porcentagem de sódio (%Na),
carbonato de sódio residual (CSR) e risco magnésio (RM).
A razão de adsorção de sódio (RAS), representada pela Equação 3, determina a
grau em que as partículas de argila podem ser dispersas no solo, ou seja, quanto maior o
teor de sódio, maior o grau de floculação, enquanto valores mais altos de cálcio e
magnésio a diminuem (EGBUERI et al., 2019). Quando íons de sódio são mais
elevados em água, acarreta na substituição de íons de cálcio e magnésio, ocasionando
problemas de infiltração, reduzindo a permeabilidade do solo e como resultado expondo
as plantas ao risco de redução da atividade osmótica (SUBRAMANI et al., 2005;
ARVETI et al., 2011). A classificação da RAS é representada por uma escala que
correlaciona o valor calculado com a condutividade elétrica, sendo classificada em
quatro classes: baixo, médio, alto e muito alto (RICHARDS, 1954).

Equação 3: Cálculo do RAS.

72
O Percentual de Sódio (%Na), representada pela Equação 4, indica a
porcentagem de sódio solúvel em água (AHAMED et al., 2015). Uma alta %Na pode
causar a dispersão de partículas de argila, danificando a estruturação e permeabilidade
dos solos (KUMAR et al., 2007; BOZDAĞ & GÖÇMEZ, 2013). De acordo com
Wilcox (1955), as águas de irrigação com base na porcentagem de sódio são divididas
em excelentes, boas, permissíveis, duvidosas e inadequadas.

Equação 4: Cálculo do %Na.

A equação 5 se refere ao cálculo de carbonato de sódio residual (CSR).


Representa a diferença das concentrações, expressas em meq/L, entre o bicarbonato e o
somatório de cálcio e magnésio na água. Este coeficiente é empregado para classificar a
facilidade de uso da água para irrigação, já que, a precipitação de cálcio e magnésio
pelo bicarbonato pode provocar um enriquecimento do teor de sódio no solo, tornando-
os mais argilosos e alcalinos e reduzindo sua permeabilidade (KAMTCHUENG et al.,
2016; EGBUERI et al., 2019). De acordo com Wilcox (1955), valores de CSR > 2,5 é
considerado inadequado para irrigação, um valor entre 1,25 e 2,5 é de qualidade
duvidosa e um valor inferior a 1,25 é seguro para irrigação.

Equação 5: Cálculo do CSR.

O risco de magnésio (RM) descreve o efeito do excesso da concentração de


magnésio na água para irrigação, onde valores inferiores a 50% indicam que a água é
adequada para irrigação, enquanto valores superiores a 50% apontam que a água
utilizada pode causar danos ao solo e a produção agrícola (PALIWAL, 1972). Esses
valores podem ser encontrados a partir da Equação 6:

Equação 6: Cálculo do RM.

73
5.3.7 Índice de qualidade de água (IQA)

O IQA é o principal índice de qualidade da água utilizado no país, no qual foi


desenvolvido para avaliar a qualidade de corpos hídricos para fins de abastecimento
público e seus parâmetros são indicadores de contaminação (ANA, 2017).
A representação destes resultados segue a recomendação em acordo com a
Resolução CONAMA nº 357/2005, água doce, classe 2, o qual foi realizado o
diagnóstico dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos da qualidade da água
através da metodologia desenvolvida pela CETESB (2021).
Este índice leva em consideração nove parâmetros e seus pesos atribuídos são
respectivamente: oxigênio dissolvido (0,17), coliformes fecais (0,15), pH (0,12), DBO
(0,10), nitrogênio total (0,10), fósforo total (0,10), temperatura (0,10), turbidez (0,08) e
resíduo total (0,08).
O cálculo é realizado pelo produtório ponderado das qualidades da água
correspondentes aos parâmetros demonstrada na Equação 7, onde:
IQA: índice de qualidade da água pode variar entre 0 a 100;
qi: qualidade do parâmetro i obtido através da curva média especifica de qualidade;
wi: peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade, entre 0 e
1.

Equação 7: Cálculo do Índice de Qualidade da Água.

A interpretação dos dados também foi feita utilizando a metodologia onde o


índice pode variar entre um número de 0 a 100, sendo o número obtido mais próximo a
100 considerado como de melhor qualidade e mais próximo a zero como o de menor
qualidade, como mostrado na Tabela 2.
Tabela 2: Classificação da Qualidade de Água (IQA).
Categoria Nível de Qualidade
Ótima 80 ≤ IQA ≤ 100
Boa 52 ≤ IQA < 80
Regular 37 ≤ IQA < 52
Ruim 20 ≤ IQA < 37
Péssima 0 ≤ IQA < 20

74
Contudo, a avaliação da qualidade da água por meio do cálculo do IQA pode
apresentar limitações, já que o índice não pondera alguns parâmetros importantes que
podem vir a ser prejudiciais, como por exemplo metais pesados, pesticidas e patógenos.

5.3.8 Matriz de coeficientes de correlação

A matriz dos coeficientes de correlação linear simples foi estabelecida para


evidenciar os relacionamentos entre as concentrações das principais espécies químicas e
os principais parâmetros físico-químicos que controlam a química das águas fluviais.
Entretanto, esses fatores podem sofrer alterações em consequencias de diferenças em
regimes hidrolólogicos e climáticos, propriedades geológicas e pedológicas, além de
influências antropogenicas (MEYBECK, 1987).
Para este estudo, com o auxílio do software STATISTICA 10, foi utilizado a
Correlação de Spearman, onde foram destacados os coeficientes com alto grau de
significância (p < 0,01). Além disso, para identificar as variáveis mais relevantes para a
discussão foram utilizados graus de correlação, onde valores acima de ± 0,8 indicam
forte grau de correlação (direta ou indireta), entre ±0,60 e ±0,79 indicam grau de
correlação médio e entre ±0,59 e ±0.50 indicam um baixo grau de correlação.
O coeficiente de correlação de Spearman é uma medida do grau de correlação
entre duas variáveis quantitativas, na qual pode variar entre -1 e 1. Se a correlação está
próximo a zero, não significa necessariamente que não existe uma correlação entre os
elementos, significa apenas que não há uma relação linear. Este teste não-paramétrico
empregado como uma ferramenta estatística exploratória é adequada para observar
tendências sobre concentrações quimicas e seu espaço ou tempo (SIEGEL &
CASTELLAN, 1975; GAUTHIER, 2001).

5.3.9 Análise fatorial

A análise fatorial é um método estatístico de modelagem onde o resultado é


gerado a partir de um grupo de fatores que seguem uma ordem crescente de
representatividade, de maneira que, o primeiro fator tem uma importância maior na
variabilidade estudada com relação ao segundo fator e assim posteriormente (HAIR et
al., 1998). Isso permite que cada fator seja interpretado de acordo com sua interferência
sobre a variância total e possibilita entender quais os parâmetros hidroquímicos são os

75
responsáveis pelas alterações na química da água.
Além dos fatores identificados pelos resultados da análise fatorial, é possível
identificar os scores. Os scores funcionam como uma medida de importância de cada
fator na caracterização de cada amostra. Os scores são uma média ponderada das
variáveis observadas em cada um dos pontos amostrados, onde os pesos são dados
justamente através das cargas fatoriais. Esses scores representam uma estimativa das
contribuições dos fatores à cada elemento original e podem ser utilizados na
classificação de amostras. Os scores são padronizados para que tenham uma média de 0
e um desvio-padrão de 1.
As análises fatoriais foram realizadas por meio do software STATISTICA 10,
utilizando a metodologia de extração de componentes principais e o método de rotação
varimax normalized. Foram selecionados os autovalores superiores a 0,5 ou inferiores a
-0,5 para a interpretação hidrogeoquímica dos resultados.

5.3.10 Denudação química

Informações importantes sobre a fonte, comportamento e o destino dos


principais produtos dos processos de intemperismo e o consumo associado de CO2 é
denominado como denudação química (GAILLARDET et al., 1997; BASAK &
MARTIN, 2013; KOGER et al., 2018; NOUR et al., 2020). A denudação é a perda de
material em solução de áreas de superfície continentais através de bacias hidrográficas
devido à ação de processos intempéricos químicos (SUMMERFIELD, 1991;
ANDERSON et al., 2002). Tais processos mostram relação com a resistência do litotipo
exposto, como carbonatos, silicatos e evaporitos, e na densidade da rede de drenagens
(SCHMIDT & MORCHE, 2006; SALGADO et al., 2004).
A denudação química, em escala de bacia hidrográfica, pode ser considerada um
importante sumidouro de carbono atmosférico, já que o CO2 é absorvido durante
processos de dissolução de silicatos e carbonatos, convertendo-os em CO2 aquoso e
posteriormente lixiviados nos corpos hídricos como íons de HCO3- principalmente
(GAILLARDET et al., 1999; JHA et al., 2009; MAHER & CHAMBERLAIN, 2014).
Para o cálculo da taxa de denudação química da microbacia do Rio Piraí à montante
do Túnel de Tócos, utilizou-se a equação adaptada de Thomas (1994) (Equação 8).
Onde D representa a taxa de denudação química anual dada em ton/km²/ano, STD é a
concentração média dos sólidos totais dissolvidos na água, dada em ton/m³, Q é a vazão

76
medida na desembocadura do rio, dada em m³/s, S é o tempo médio do período
amostrado (1,0368.107 s – 4 meses) e A é a área da bacia hidrográfica (90km²).

D=

Equação 8: Cálculo da denudação química.

Apesar das contribuições atmosféricas e antrópicas, neste trabalho foram


considerados apenas os dados relativos às águas fluviais. Com o resultado apresentado
pela Equação 8, é possível obter a taxa quadrimestral por km², a taxa quadrimestral total
da microbacia e as taxas anuais, tanto por km² como da área total da microbacia, de
material removido através da denudação química.

6. HIDROGEOQUÍMICA

6.1 Resultados e discussões

6.1.1 Precipitação e temperatura

A precipitação é um importante processo hidrológico que atua sobre a bacia


hidrográfica, visto que, provoca modificações na composição da água através de ações
como diluição das águas, desagregação de rocha e carreamento de material, como
rejeitos antrópicos, até o corpo d’água por meio do escoamento superficial (TUCCI &
MENDES, 2006; STEVAUX & LATRUBESSE, 2017).
Na Tabela 3 e Figura 29 observa-se um regime de chuvas bem marcado com
estação seca e chuvosa em todos os anos de amostragem.
Em 2012, primeiro ano de amostragem, o regime pluviométrico apresentou um
padrão relacionado com a média histórica, com inverno com menor volume de
precipitação e o verão com maior volume, principalmente nos meses entre outubro e
janeiro, com uma média de 192,1 mm mensal. Enquanto nos meses mais secos, maio e
junho, o volume mensal total precipitado não ultrapassou 17 mm.
No ano de 2016 o volume de chuvas aumentou na estação chuvosa, porém foi o
menor nível no período dentre os anos estudados. Junho se caracterizou por um volume
muito baixo (3,4 mm) e pode ser justificado pela queda de temperatura provocada
possivelmente por entradas de frentes frias, as quais não permitem formação de chuvas.

77
Tabela 3: Série histórica de precipitação e temperatura média mensal dos períodos
amostrados.
Precipitação (mm) Temperatura (ºC)
Mês / Ano
2012 2016 2019 2012 2016 2019

Janeiro 156,1 136,3 115,1 23,06 26,69 26,07


Fevereiro 78,5 181,2 68 24,57 25,12 24,78
Março 69,7 55,4 35,9 23,65 24,78 24,05
Abril 46,2 16,8 27,3 22,65 23,6 23,28
Maio 9,6 35,1 25,6 19,03 20,03 21,69
Junho 16,5 3,4 13,9 19,92 17,49 19,85
Julho 53,7 44,6 34,7 18,39 18,42 17,62
Agosto 51,6 42,8 106,8 18,65 19,72 18,88
Setembro 76,9 45,5 92 20,86 20,88 21,53
Outubro 127,8 130,1 176,6 23,4 21,96 23,18
Novembro 156,6 161,1 170 22,01 22,39 22,76
Dezembro 329 186 130,3 25,69 24,08 23,98

Figura 29: Média mensal de precipitação e temperatura durante os anos amostrados.

78
No ano de 2019, o volume de chuvas no verão decaiu significativamente, com
ocorrências mais volumosas nos meses de setembro e outubro, como pode ser
observado também na Figura 30. Essa redução significativa no volume de chuvas ao
longo desses anos, pode vir a afetar a manutenção das águas da represa a qual a
microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos abastece.

Figura 30: Volume de chuvas nos meses amostrados.

5.3.2 Balanço hídrico

Como dito anteriormente, a metodologia proposta para o cálculo do balanço


hídrico da microbacia leva em consideração a precipitação e a temperatura do ar. Sendo
assim, foi consultado através do banco de dados do INMET, os valores médios mensais
de precipitação e temperatura da área da microbacia em estudo para construir um
balanço hídrico de cada ano de amostragem.

O resultado pode ser observado na Figura 31, onde no ano de 2012, houve um
grande volume de excedente hídrico com começo no mês de agosto e atingindo seu pico
em dezembro e decaindo a partir do meio de janeiro até ficar em um limite entre
fevereiro e final de julho, com uma variação muito baixa entre excedente e déficit. Esse
déficit ocorre entre meio de abril e meio junho.

Já para 2016, houve um grande volume de excedente hídrico a partir de


setembro até março, com picos representativos do meio de novembro até janeiro e
depois no mês de fevereiro. Neste ano, houve uma maior parcela de meses com déficit

79
hídrico, corroborado pelos menores volumes de precipitação neste intervalo de março a
julho.

Figura 31: Balanço hídrico referente aos anos de amostragem do estudo.

Em 2019, a precipitação média decaiu em todos os meses do ano e isso foi


refletido no balanço hídrico deste ano. Houve um grande volume de excedente hídrico
com começo em julho, e atingiu seu pico entre setembro e novembro e a partir de
dezembro decaiu substancialmente. Neste ano, o balanço hídrico apresentou seu maior
volume de déficit com o maior intervalo de tempo, entre fevereiro e julho.

80
5.3.3 Vazão

A medida da vazão de um rio é um parâmetro essencial para a avaliação da


conservação e quantificação do volume de água de uma bacia. Atividades desenvolvidas
em bacias hidrográficas como, captação de água para abastecimento público,
dessedentação de animais, irrigação de lavouras etc, interferem diretamente no regime
temporal e espacial da vazão (TUCCI, 2002; MORTATTI et al., 2004; CRUZ &
TUCCI, 2008).
A vazão tem relação direta com o escoamento superficial, causado pela
precipitação, e pelo fluxo de base, o qual é mantido pela descarga de água subterrânea
nos corpos d’água de superfície. O estudo e monitoramento da vazão do Rio Piraí à
montante do Túnel de Tócos tem uma importância estratégica, já que este rio abastece
quase que integralmente o reservatório de Ribeirão das Lajes, responsável direto pelo
fornecimento de água para o abastecimento público do município do Rio de Janeiro.
Foi observado que as vazões são significativamente maiores no mês de
fevereiro, justificada pelo volume precipitado durante o verão, época mais quente na
qual há também maior evaporação (Figura 32 e Tabelas 1, 2 e 3 do apêndice). Em 2012,
essa vazão foi de 28,26 m³/s no P4 e esse valor foi decaindo com o passar dos anos,
indo para 26,76 m³/s em 2016 e 21,38 m³/s. Esse resultado apresentou variação similar
com a precipitação.
No mês de junho, com menores volumes de precipitação, os canais
intermitentes são reduzidos drasticamente, tornando a vazão dependente do fluxo de
base. O ano de 2016 apresentou a maior vazão relativa a esse período, 15,22 m³/s,
enquanto 2019, apresentou um valor bem abaixo da média histórica e dos outros anos
amostrados, com apenas 8,91 m³/s.
Nos meses de outubro dos anos amostrados, apesar da precipitação ser mais alta
do que nos meses de junho, a vazão ainda continua baixa, podendo ser justificada ainda
pela insuficiência do abastecimento através dos rios intermitentes e maior infiltração de
água no solo. Porém, nesse período de amostragem, o maior valor encontrado foi em
2019, com 7,17 m³/s, também com variação similar a precipitação.
O ponto P5 não possui medida de vazão já que é um ponto de amostragem
localizado dentro do lago que forma o reservatório de Tócos.

81
Figura 32: Vazões dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e 2019.

5.3.3 Parâmetros físico-químicos

Os resultados podem ser observados na Tabela 4, que descreve os valores


mínimos, máximos, médios e o desvio padrão dos períodos amostrados e nas Tabelas 1,
2 e 3 do apêndice encontram-se os resultados referentes a cada ponto de cada período.
Tabela 4: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos
parâmetros físico químicos.
Temp CE pH OD Turb Coliformes DBO STD SST Chl-a
Ano Mês Valores
ºC uS/cm mg/L UNT NMP/100mL mg/L mg/L mg/L ug/L
Mín 22,3 117,36 6,48 3,94 11,6 345 3,44 180,56 6,78 1,4
Máx 23,15 146,57 7,1 8,52 192 2419 8,21 225,5 45,2 5,5
Fevereiro
Média 22,9 135,83 6,89 7,43 64,58 1548 7,12 208,97 21,35 3,4
DesvPad 0,35 13,65 0,25 1,96 73,15 770 2,06 21,01 14,92 1,6
Mín 17,04 154,4 6,84 7,28 17,62 450 5,25 237,54 22,29 0,6
Máx 18,34 234,01 8,46 9,78 42,42 2419 8,6 360,01 26,29 6,7
2019 Junho
Média 17,59 186,86 7,69 8,96 32,96 1350 7,45 287,47 24,85 2,28
DesvPad 0,64 30,3 0,59 0,98 10,08 782 1,33 46,61 1,59 2,61
Mín 21,18 126,1 6,88 7,72 15,12 410 4,35 194,01 3,85 0,4
Máx 24,41 254,55 7,66 8,77 115,4 2419 7,97 391,62 77 9,4
Outubro
Média 22,84 188,87 7,15 8,37 39,94 2017 6,77 290,57 25,85 2,68
DesvPad 1,48 47,25 0,31 0,39 42,48 898 1,52 72,7 29,88 3,79

82
Mín 21,5 102,86 6,38 4,38 8,01 220 1,02 158,25 14,23 1,1
Máx 27,36 139 6,56 6,93 99,8 2419 3,58 213,85 53,12 3,9
Fevereiro
Média 23,64 125,64 6,45 5,77 34,25 1488 2,17 193,29 33,56 2,72
DesvPad 2,43 15,12 0,07 1,01 37,08 824 0,93 23,27 15,37 1,22
Mín 17,31 141,05 6,84 3,89 13,53 450 3,08 217 12,61 0,4
Máx 19,43 223,22 7,35 7,5 46,2 1940 4,85 343,42 36,54 4,7
2016 Junho
Média 18,03 178,3 7,03 5,87 27,64 1360 3,81 274,31 25,13 1,64
DesvPad 0,82 29,81 0,22 1,56 14,41 590 0,68 45,86 9,88 1,85
Mín 23,3 115,02 7,25 5,02 22,42 350 2,33 176,95 2,14 0,2
Máx 34,36 239,57 7,6 6,63 49,17 2419 3,81 368,57 46,88 8,6
Outubro
Média 28,66 178,58 7,4 5,96 34,57 1646 3,13 274,74 31,71 2,48
DesvPad 4,05 46,59 0,14 0,58 9,57 815 0,56 71,67 18,45 3,46
Mín 21,97 85,14 4,97 8,1 12,46 278 5,25 130,98 11,35 0,9
Máx 23,8 127,88 6,46 9,14 64,42 2419 7,91 196,73 35,67 2,6
Fevereiro
Média 22,73 108,43 5,74 8,59 31,8 1609 6,15 166,82 22,04 1,96
DesvPad 0,72 17,27 0,55 0,42 19,61 871 1,06 26,58 8,9 0,76
Mín 17,47 115,82 6,33 6,85 11,26 280 1,78 178,18 12,18 0,3
Máx 20,3 203,99 6,64 7,72 42,11 2050 3,57 313,84 32,57 4,3
2012 Junho
Média 19,09 159,97 6,49 7,19 24,85 1404 2,7 246,11 21,02 1,44
DesvPad 1,08 32,59 0,13 0,33 12,76 753 0,76 50,14 8,85 1,74
Mín 20,9 108,63 5,51 5,73 19,51 260 1,92 167,13 1,55 0,2
Máx 23,03 216,62 6,97 7,2 67,22 1980 3,98 333,26 38,74 7,3
Outubro
Média 22,07 166,7 6,32 6,54 34,26 1132 3,16 256,46 15,88 2,12
DesvPad 1,03 40,68 0,55 0,55 19,16 811 1,04 62,59 14,91 2,92

5.3.3.1 pH

O Potencial Hidrogeniônico (pH) é usado para representar a intensidade da


condição ácida ou básica das águas superficiais, medida em função do gás carbônico
dissolvido e da alcalinidade (FEITOSA, 1997). O pH das águas naturais superficiais
encontra-se geralmente entre 6 a 8,5, sendo que valores mais baixos ocorrem em águas
com alto conteúdo orgânico e os mais altos em águas eutróficas e águas subterrâneas
(ESTEVES, 1988).
O pH pode ser alterado pelo aumento ou diminuição das concentrações de íons
H+ originados da dissociação do ácido carbônico, da introdução de CO2 nos corpos
d´água pelas chuvas, pela presença de organismos fotossintetizantes, pela decomposição
da matéria orgânica do solo, além da poluição antrópica, sejam efluentes industriais
como esgotos domésticos (SAWYER et al., 1994; OLIVEIRA et al., 2014).
Com propósito de consumo, o Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA) estabelece valores de pH entre 6 e 9. De acordo com os resultados

83
apresentados na Figura 33, os resultados oscilaram entre 4,97 no P1 em fevereiro de
2012 a 8,46 também no P1 em junho de 2019.
A grande maioria dos pontos ao longo dos períodos de amostragem
apresentaram-se dentro do intervalo proposto pelo CONAMA, sendo então enquadrados
como rios de classe 1, categoria destinada a águas com condição de abastecimento
público com tratamento simplificado.
Figura 33: Valores de pH dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.

No entanto, no ano de 2012, foram encontrados os menores valores para todos os


meses, apresentando valores menores ou mínimos ao proposto pela legislação para água
de consumo. Esse resultado caracterizou a água como levemente ácida, com médias de
5,74 (± 0,55, desvio padrão) em fevereiro, 6,49 (± 0,13, desvio padrão) em junho e 6,32
(± 0,55, desvio padrão) em outubro.
É possível observar também que, ao longo dos anos de amostragem, as águas
estão se tornando mais alcalinas. Em 2019, essas médias foram de 6,48 (± 0,25, desvio
padrão) em fevereiro, 6,84 (± 0,59, desvio padrão) em junho e 6,88 (± 0,31, desvio
padrão) em outubro. No mês de junho deste ano, o pH apresentou o maior valor
encontrado neste estudo, de 8,46.

84
É sabido que valores mais ácidos estão associados, principalmente, a ambientes
com maior decomposição de matéria orgânica e valores mais básicos com
concentrações mais elevadas de bicarbonato. Esse aumento do pH pode estar
relacionado a influência sazonal e atividades antrópicas desenvolvidas no entorno, que
estão sendo cada mais ampliadas e também pelo melhoramento das práticas
desenvolvidas nas granjas próximas ao P1, com a redução do aporte de elementos
químicos e maior controle e tratamento sobre essas emissões.

5.3.3.2 Temperatura

A temperatura da água é um dos principais fatores físico-químicos para a


manutenção da vida aquática, influenciando de maneira direta parâmetros como pH,
condutividade e oxigênio dissolvido, além de estar associada aos processos físico,
químicos e biológicos que ocorrem na água superficial (PORTO et al., 1991;
RUSSELL, 1992). A temperatura pode modificar reações, influenciar nas solubilidades
de minerais e controlar a taxas de atividades metabólicas e reprodutivas de ambientes
aquáticos (PARANHOS, 1996; HYPOLITO et al., 2011).
Este parâmetro pode ser influenciado por condições climáticas, como ventos,
precipitação e variação da radiação solar, pela profundidade e vazão do rio e também
pelo aumento de material lançado em suas águas (PORTO et al., 1991).
De acordo com os resultados apresentados na Figura 34, as amostragens do mês
de junho de todos os anos representaram as menores temperaturas, com mínimas
atingindo 17ºC e média de 18,2ºC, resultado justificado pelas temperaturas mais baixas
na região durante essa época.
Apesar do mês de fevereiro ser verão e possuir temperaturas mais elevadas do
que em outros períodos de amostragem, as águas coletadas nos meses de outubro foram
vistas como mais elevadas, principalmente no ano de 2016, atingindo um máximo de
34ºC no P5 e média de 28,6ºC. Isso pode ser fundamentado pelo volume e profundidade
da lâmina de água presente no rio ser menor quando comparada aos outros períodos.
O aumento da temperatura pode facilitar a sedimentação de sólidos em
suspensão, aumentar a degradação de matéria orgânica e reduzir a solubilidade de gases
(BRANCO, 1986).

85
Figura 34: Valores de temperatura dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.

5.3.3.3 Condutividade elétrica

A condutividade elétrica (CE) é o parâmetro que mede a capacidade que a água


possui em conduzir corrente elétrica. O conhecimento de valores da condutividade
elétrica traz consigo informações relevantes sobre a qualidade da água, além de estar
diretamente relacionada com parâmetros como a temperatura e os sólidos totais
dissolvidos (FENZL, 1988). Uma água doce considerada como potável são aquelas que
apresentam condutividade elétrica com índices abaixo de 500 μS/cm (HERMES &
SILVA, 2004; PINTO et al., 2009).
Os valores apresentados na Figura 35 mostram uma condutividade elétrica maior
do que 100 μS/cm em praticamente todos os pontos ao longo de todo o período
amostrado, com exceção apenas do P1 em fevereiro de 2012.
Os resultados de condutividade oscilaram de 85,14 a 239,57 μS/cm. Os
resultados médios mais elevados de condutividade ocorreram nos meses de Junho/19 de
186,86 μS/cm (± 30,3 μS/cm, desvio padrão) e Outubro/19 de 188,87 μS/cm (± 47,25
μS/cm, desvio padrão) e as menores medidas foram registradas em Fevereiro/12 com

86
85,14 μS/cm e Fevereiro/2016 de 102,86 μS/cm. As maiores medidas de condutividade
ocorreram todas no P5, sendo de 254,55 μS/cm em outubro de 2019 a maior delas,
enquanto os menores resultados foram no P1 de 85,14 μS/cm em fevereiro de 2012. A
partir dos resultados de desvio padrão de cada campanha, observou-se que a
condutividade apresentou uma variação significativa entre as campanhas.

Figura 35: Valores de CE dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.

Os resultados de aumento da condutividade podem estar relacionados a


crescente urbanização do entorno e ao aumento do descarte de esgotos nesse trecho do
Rio Piraí. No P5, apesar de não possuir fontes potenciais evidentes, as características
naturais desse local, como a menor velocidade de suas águas, tempo de residência
influenciado pela abertura e fechamento das comportas do Túnel de Tócos, maior
presença de sedimentos de cor escura e com granulometria mais fina, sugerem uma
maior concentração de íons, contribuindo para a condutividade ser maior (ESTEVES,
2011).

87
5.3.3.4 Oxigênio dissolvido

O Oxigênio Dissolvido (OD) é um parâmetro utilizado para caracterizar a


qualidade dos meios aquáticos e verificar as condições provocadas pela eutrofização e
poluição orgânica, sendo possível detectar impactos ambientais (CARMOUZE, 1994).
Para ser considerado um rio em condições naturais, ou seja, sem poluição, os valores de
OD deverão estar entre 7 e 10 mg/L, porém essa concentração está vulnerável a
variações diárias, devido a fatores como temperatura, atividade fotossintética e vazão
(FARIAS, 2006). Outros fatores que podem influenciar o OD são a presença de sais
dissolvidos e a atividade biológica (SPERLING, 1996).
O oxigênio dissolvido em águas superficiais origina-se tanto de fonte exógena,
como de fonte endógena. A fonte exógena se refere ao oxigênio atmosférico, transferido
para água através de uma relação líquido-gasoso chamada difusão, enquanto a fonte
endógena é atribuída organismos fotossintetizantes que produzem oxigênio
(SPERLING, 1996).
Como é visto na Figura 36, apesar de diversos pontos identificados com
lançamento de efluentes não tratados, não foi observado um padrão definido no
comportamento do OD. Isso pode ser fundamentado pela alternância de correntezas,
com locais com quedas d’água, fazendo com que o atrito da água com o leito rochoso
renove essa oxigenação.
As concentrações de oxigênio dissolvido (OD) neste monitoramento variaram de
3,89 a 9,78 mg/L, com média de 7,18 mg/L (± 1,23 mg/L, desvio padrão). Os teores
mais elevados ocorreram nos meses de junho/19 de 9,78 mg/L (± 1,96 mg.L-1) e
fevereiro/2012 de 9,14 mg/L (± 0,42 mg/L), e as menores concentrações foram
registradas em junho/2016 de 3,89 mg/L (± 1,56 mg/L) e fevereiro/2019 de 3,94 mg/L
(± 1,96 mg/L).
Uma característica identificada foi o aumento das concentrações de OD nas
águas do Rio Piraí neste trecho à montante do Túnel de Tócos foi que, após uma
redução na concentração de OD durante todos os períodos de amostragem do ano de
2016, suas concentrações apresentaram uma elevação no ano de 2019. As baixas
concentrações em 2016 podem estar associadas com o aumento da temperatura das
águas, já que a solubilidade dos gases em água que diminuem com a elevação da
temperatura (ESTEVES, 1998).

88
Figura 36: Valores de OD dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.

A baixa concentração no P5 em 2019 pode ser justificada por um maior tempo


de residência das águas no reservatório de Tócos e consequentemente a isso, nas etapas
posteriores há o aumento de matéria orgânica acumulada e o aumento do número de
organismos decompositores, resultando em maior consumo de O2. Nessas etapas ocorre
uma reação de consumo de oxigênio, que é a oxidação da matéria orgânica (Equação 9).
Além disso, as águas do P5 são mais calmas e com fluxo sub-superficial, o que ajuda a
diminuir a renovação do oxigênio dissolvido.

Equação 9: Matéria Orgânica + O2 + bactérias → CO2 + H2O + energia

Comparando os resultados obtidos com a resolução CONAMA 357 das classes 1


e 2 (6 e 5 mg/L respectivamente), apenas o P5 em fevereiro de 2019 e 2016 e junho de
2016 estiveram abaixo deste limite. Sendo assim, as águas monitoradas apresentaram
resultados favoráveis a legislação vigente e a ambientes bem oxigenados.
As maiores concentrações de OD também pode estar relacionada a influência
sazonal, onde a diminuição da temperatura do ar e consequentemente a diminuição da

89
temperatura da água aumentam a solubilidade do OD. O aumento da precipitação e da
vazão também auxiliam nesse aumento.

5.3.3.5 Turbidez

A turbidez é um parâmetro associado a quantidade de partículas em suspensão


na água superficial, dessa maneira a luz incidente sobre as águas que auxilia os
organismos fotossintetizantes tem maior dificuldade de atravessa-la (FEITOSA et al.,
2008). Áreas com elevada turbidez podem apresentar concentrações elevadas de silte,
argila, matéria orgânica e inorgânica, poluentes e microorganismos patogênicos
(OLIVEIRA, 2008).
O conhecimento da turbidez no ambiente aquático auxilia na avaliação da
potabilidade da água, principalmente se as partículas coloidais em suspensão estiverem
associadas a elementos tóxicos (VILAGINÈS, 2003).
De acordo com a Figura 37, os valores de turbidez estão aumentando ao longo
dos anos amostrados. Isso pode ser justificado pelo aumento do desmatamento de
margens, deixando solos mais expostos e provocando assim, maior erosão. Esse
material é carreado para o rio, tornando a concentração de partículas em suspensão
maior.
Os resultados de turbidez oscilaram de 8,01 a 192 UNT, com média de 37,5
UNT (± 31,86 UNT, desvio padrão). O resultado médio mais elevado de turbidez
ocorreu em fevereiro/2019 de 64,58 UNT (± 73,15 UNT, desvio padrão) enquanto as
menores concentrações foram registradas em junho/2012 de 24,85 UNT (± 12,76 UNT,
desvio padrão) e junho/2016 de 27,64 UNT (± 14,41 UNT, desvio padrão). Nos pontos
amostrados, os valores mais elevados de turbidez foram registrados sempre no P5,
enquanto as menores concentrações médias ocorreram no P1.
A turbidez também tem uma tendência de aumento de montante para jusante em
todos os períodos, devido ao aumento de volume do rio nesta direção. É possível
visualizar valores de 192 UNT, em fevereiro de 2019, e 115 UNT em outubro do
mesmo ano, ambos no P5. Esses valores podem ser explicados pelo aumento da vazão
do Rio Piraí provocado pela precipitação, o que faz com que os sedimentos de fundo
sejam soerguidos, além da influência do escoamento superficial erodindo margens onde
estão localizadas áreas de pastagem, com vegetação muito reduzida.

90
Figura 37: Valores de turbidez dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.

Portanto, de acordo com a resolução CONAMA 375/05, que prevê índices


menores do que 100 UNT, só estaria fora das conformidades neste último ponto nestes
dois períodos. No entanto, os valores encontrados na grande maioria dos pontos dos
períodos amostrados indicam uma influência de material particulado em suspensão.

5.3.3.6 Sólidos totais dissolvidos

Os sólidos totais dissolvidos (STD) é o somatório das concentrações de minerais


na água, ou seja, é um parâmetro que indica o peso total pela unidade de volume de
todos os elementos orgânicos e inorgânicos, sejam sob formas moleculares, iônicas ou
microgranulares (CARVALHO & OLIVEIRA, 2003). A alta concentração de STD atua
de maneira negativa no sistema aquático. Pode reduzir ou impedir a entrada de luz,
influenciando na temperatura e nos processos fotossintetizantes, este último faz com que
a concentração de oxigênio na água diminua (LOUGON et al., 2009).
É um parâmetro utilizado também para determinar a qualidade da água. Se a
água apresentar valores menores que 500 mg/L de STD, ela é considerada satisfatória
para uso doméstico com tratamento simples, uso industrial e agrícola, já acima desse
91
valor, a água pode se tornar inadequada para diversos fins, como consumo e irrigação
(CARVALHO & OLIVEIRA, 2003).
Na microbacia hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos,
encontram-se diversos processos que contribuem para o aumento dos sólidos totais
dissolvidos, como erosão do solo, principalmente das margens, emissão de efluentes
domésticos, atividades mineradoras, escoamento superficial de áreas agrícolas etc.
Todos os valores obtidos durante os períodos de amostragens estão acima de 100
mg/L (Figura 38), porém ainda seguem abaixo dos 500 mg/L estabelecido pela
resolução CONAMA 357/05.
Figura 38: Valores de STD dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.

Os resultados de STD oscilaram entre 130,98 a 391,62 mg/L, com média de 246
mg/L (± 60,89 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios mais elevados de STD
ocorreram nos meses de junho e outubro de 2019, de 287,47 mg/L (± 46,61 mg/L) e
290,57 (± 72,7 mg/L), respectivamente. As menores concentrações médias foram
registradas em fevereiro/2012 de 166,82 mg/L (± 26,58 mg/L) e fevereiro/2016 de
193,29 mg/L (± 23,27 mg/L).

92
Os meses de período seco (junho) apresentaram altas concentrações, chegando a
máximas de 360 mg/L, enquanto nos períodos chuvosos (fevereiro), tiveram as menores
concentrações, com mínimas no P1 de 130 mg/L, em razão de processos de diluição
causados pela precipitação pluviométrica. Já o período de transição apresentou
concentrações intermediárias entre os períodos secos e chuvosos, porém, em alguns
pontos, atingiram máxima de 392 mg/L. Observou-se também um comportamento
crescente na concentração dos STD com o aumento da vazão em direção a jusante.
Foi possível constatar em campo que ao longo do rio existem diversos processos
que influenciam diretamente na concentração de STD. Processos erosivos ocasionados
principalmente por mineração de areia de origem fluvial e manejo inadequado de
pastagens. A retirada da vegetação das margens tanto para extração de areia, como para
manejos de áreas agrícolas e de pastagens causam diversos problemas na qualidade da
água. O preparo do solo, abertura e manutenção de estradas e uso frequente de fogo para
limpeza de vegetação são alguns processos que levam a diminuição da permeabilidade
do solo e aumenta o volume de escoamento superficial, como resultado há o aumento da
concentração de STD (VON SPERLING, 1996; ALLAN & CASTILLO, 2007).

5.3.3.7 Sólidos suspensos totais

Os sólidos suspensos totais (SST) são diretamente proporcionais a turbidez da


água, caracterizados por partículas menores que 0,45 µm (MORTATTI & PROBST,
1998). Essas partículas em suspensão são compostas por argila, areia, silte, algas,
substancias inorgânicas, organismos microscópicos, entre outras partículas (ESTEVES,
2011) e estão presentes nas águas devido a processos naturais ou antrópicos, estando
associada as características hidrológicas da região, como vazão e precipitação,
características químicas, como formações pedológicas e geológicas e também as
características antropogênicas, como uso e ocupação do solo (GALVÃO et al., 2012;
VENDRAMINI, 2013).
A retirada da mata ciliar, a influência de chuva e o escoamento superficial em
regiões de pastagens ou erodidas fazem com que a concentração de sólidos suspensos
totais aumente nas águas do rio. Esse aumento pode reduzir processos fotossintetizantes
e aumentar a demanda bioquímica de oxigênio, reduzindo assim o oxigênio dissolvido
(VON SPERLING, 2005; BEVERIDGE, 2008). Além disso, a alta concentração pode
reduzir o crescimento de algas que possuem papel essencial na renovação do oxigênio

93
no meio aquático e estimular o surgimento de microrganismos nocivos (PÁEZ-OSUNA,
2003).
As concentrações de SST oscilaram de 1,55 a 77 mg/L, com média de 24,60
mg/L (± 14,98 mg/L, desvio padrão) (Figura 39). O resultado médio de SST encontrado
em fevereiro/2016 de 33,56 mg/L (± 15,37 mg/L, desvio padrão) foi superior às demais
campanhas. As menores médias ocorreram em outubro de 2012 com 15,88 mg/L (±
14,91 mg/L, desvio padrão) e junho de 2012 com 21,02 mg/L (± 8,85 mg/L, desvio
padrão).
Figura 39: Valores de SST dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016 e
2019.

Em relação aos pontos amostrados, as maiores concentrações ocorreram no P5 em


todos os períodos e os menores resultados no P1 em todos os períodos e no P2 em
outubro de 2019 e 2012. É possível observar um crescimento no SST de montante para
jusante.

O CONAMA não estabelece uma concentração padrão ou máxima para os sólidos


suspensos totais, porém sua alta concentração pode provocar surgimento de problemas
de cor, odor e sabor na água.

94
A microbacia em estudo é bastante influenciada por culturas agrícolas, além de
regiões com extração de areia e descarte de efluentes domésticos diretos, como já
citado. Esses fatores influenciam no aumento da concentração de SST. A região também
apresenta relevo irregular, com encostas íngremes e cortes de estrada as margens do rio,
isso oferece maiores possibilidades de erosão, fazendo com que o carreamento de
material para as drenagens seja mais intenso.

5.3.3.8 Demanda bioquímica de oxigênio

A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) é a determinação da parcela de


oxigênio dissolvido nas águas fluviais fundamentais para a decomposição microbiana
oxidar a matéria orgânica, convertendo-a para uma forma inorgânica (CETESB, 2021).
É um dos principais parâmetros que podem medir a poluição de um corpo hídrico
evidenciando a influência antrópica causada por efluentes domésticos, industriais e
agrícolas.
Figura 40: Valores de DBO dos pontos de amostragens durante os anos de 2012, 2016
e 2019.

Na classificação do CONAMA 357/05, águas com DBO menores do que 5 mg/L


são enquadradas na classe 1 e 2, destinadas ao abastecimento urbano após tratamento
95
simplificado e convencional, respectivamente. Acima disso são consideradas de classe
3, destinadas ao abastecimento para consumo humano, após tratamento avançado.
Os resultados de DBO nas águas do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos são
apresentados na Figura 40. As concentrações de DBO oscilaram de 2,09 a 8,6 mg/L,
com média de 4,71 mg/L (± 2,28 mg/L, desvio padrão). O resultado médio de DBO
encontrado em junho de 2019 de 7,45 mg/L (± 1,33 mg/L, desvio padrão) foi superior às
demais campanhas. As menores médias ocorreram em fevereiro de 2016 de 2,17 mg/L
(± 0,93 mg/L, desvio padrão) e em junho de 2012 de 2,7 mg/L (± 0,76 mg/L, desvio
padrão).
Em relação aos pontos amostrados, as maiores concentrações ocorreram no P4
de 8,6 mg/L em junho de 2019, 7,91 mg/L em fevereiro de 2012 e 7,81 mg/L em
fevereiro de 2019 e os menores resultados no P2 e P3, nos períodos amostrados nos
anos de 2016 e 2012.
As concentrações de DBO variaram bastante em relação aos meses amostrados,
no entanto, é observado uma alta significativa em 2019, último ano de amostragem.
Esse aumento pode estar relacionado com a maior atividade microbiana, indicando o
crescimento de fontes poluidoras. Nos anos de 2012 e 2016, a DBO apresentou valores
menores do que em 2019 em todos os pontos, em todos os períodos de amostragem,
sugerindo um menor despejo de cargas orgânicas e uma maior renovação de oxigênio.

5.3.3.9 Coliformes totais

A quantificação dos Coliformes Totais é uma análise microbiológica importante


para determinar a qualidade da água, a fim de evitar doenças de veiculação hídrica e
verificar a potabilidade da água para abastecimento e consumo (NOGUEIRA et al.,
2003; YAMAGUCHI et al., 2013; SANTOS et al., 2014). Os Coliformes Totais são
compostos por bactérias encontradas na microbiota intestinal de humanos, assim como a
de outros mamíferos, em solos, vegetais e em matéria orgânica em geral (SILVA &
ARAÚJO, 2003; BAIN et al., 2012; PEDROSA et al., 2015). A presença de coliformes
totais, por si só, não implica que a água esteja comprometida ou que indicam
obrigatoriamente a contaminação fecal, mas pode indicar a presença de bactérias
potencialmente patogênicas.
Na legislação brasileira, a Portaria n° 518/2004 do Ministério da Saúde faz a
regulamentação da água destinada para consumo humano, onde estabelece a

96
inexistência de coliformes totais para que esta água esteja dentro dos padrões
microbiológicos de potabilidade (BRASIL, 2004).
Figura 41: Valores de Coliformes dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.

Como observado no gráfico da Figura 41, em todos os anos e períodos de


amostragem, foram encontradas nas águas do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos,
concentrações fora do padrão de potabilidade.
As concentrações de coliformes totais oscilaram de 220 NMP/100mL a 2419
NMP/100mL, valor máximo obtido por esta metodologia, com média de 1506
NMP/100mL. O resultado médio mais elevado ocorreu na campanha de outubro de
2019 de 2017 NMP/100mL (± 898 NMP/100mL, desvio padrão). A campanha de
outubro de 2012 apresentou a menor concentração média de coliformes totais de 1132
NMP/100mL (± 811 NMP/100mL, desvio padrão).
Em relação aos pontos amostrados, o P1 ficou bem abaixo dos demais pontos,
por ser um ponto mais a montante, com menor impacto ocasionado por emissão de
efluentes domésticos. Do P2 até o P5, essa concentração de coliformes aumenta, sendo
estimulado pelo despejo de efluentes domésticos (P2), escoamento superficial sobre
áreas de pastagens (P3 e P4) e o acúmulo de matéria orgânica (P5).

97
5.3.3.10 Clorofila-a

A clorofila-a é uma variável que indica os níveis dos processos de eutrofização


de águas superficiais através da presença de fitoplânctons, como algas e cianobactérias
(ESTEVES, 1998; BASTOS, 2004). A eutrofização é o processo de crescimento de
organismos em um ecossistema através do aporte de nutrientes como fósforo e
nitrogênio e consequentemente maior produção algal (ANDERSON et al., 2002). Além
disso, a presença da clorofila-a pode provocar mudanças na cor das águas (ESTEVES,
2009).
A clorofila-a é a substância mais indicativa para entender o estado trófico de um
corpo hídrico. Com isto, Toledo (1990) classificou os níveis tróficos das águas através
da medição de clorofila-a e os separou em 5 grupos: ultraoligotróficos, com
concentração ≤ 0,51 ug/l; oligotrófico, com concentração entre 0,52 – 3,81 ug/l;
mesotrófico, com concentração entre 3,82 – 10,34 ug/l; eutrófico, com concentração
entre 10,35 – 76,06 ug/l e hipereutrófico, com concentração superior a 76,06 ug/l.
As concentrações de clorofila-a oscilaram entre 0,2 a 9,4 ug/L, com média de
2,29 ug/L (± 2,26 ug/L, desvio padrão) (Figura 42). O resultado médio de clorofila-a
encontrado em fevereiro de 2019 de 3,4 ug/L (± 1,6 ug/L, desvio padrão) foi superior às
demais campanhas. As menores médias ocorreram em junho de 2016 de 1,64 ug/L (±
1,85 ug/L, desvio padrão) e em junho de 2012 de 1,44 ug/L (± 1,74 ug/L, desvio
padrão).
Em relação aos pontos amostrados, as maiores concentrações de clorofila-a
ocorreram no P5 de 9,4 ug/L em outubro de 2019, 8,6 ug/L em outubro de 2016 e 7,3
ug/L em outubro de 2012 e os menores resultados foram no P1 e P2, em todos os
períodos amostrados, variando entre 0,2 em outubro de 2012 e 2016 a 2,2 ug/L em
fevereiro de 2019.
Portanto, a concentração de clorofila-a nas águas do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos se enquadram, em sua maioria, no nível oligotrófico e em alguns
pontos, especialmente no P3 e no P5, no nível mesotrófico. O nível oligotrófico
significa que as águas possuem um baixo enriquecimento com nutrientes com pouco
desenvolvimento planctônico, poucas plantas aquáticas e elevado teor de oxigênio
dissolvido. Já o nível mesotrófico pode ser caracterizado como moderado
enriquecimento com nutrientes e crescimento planctônico, com acumulação de
sedimentos na maior parte do fundo.

98
Figura 42: Valores de Coliformes dos pontos de amostragens durante os anos de 2012,
2016 e 2019.

Este parâmetro é, constantemente, suscetível a alterações, já que a mudança das


estações do ano, tendo como principais fatores a temperatura e a precipitação, o uso e
ocupação dos terrenos da microbacia hidrográfica e as enxurradas que carreiam material
para o corpo d'água, podem ajudar a criar novos ambientes, onde estes podem ser
favoráveis ou não para a sobrevivências desses organismos fitoplactônicos.

5.3.4 Íons maiores

A caracterização e o monitoramento hidrogeoquímico das concentrações dos


principais íons dissolvidos na água superficial, foram representados por HCO3-, F-, Cl-,
Br-, NO3-, PO43-, SO42-, Na+, NH4+, K+, Ca2+, Mg2+ em mg/L. Os resultados estão
apresentados na Tabela 5, com valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão e
com valores integrais nas Tabelas 1, 2 e 3 no Apêndice. Portanto, a partir desses
resultados, foi possível identificar algumas tendências e comportamentos das principais
espécies químicas das águas superficiais analisadas, além de explicar a composição
química e suas possíveis mudanças em determinados períodos.

99
Tabela 5: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos
parâmetros físico químicos.
HCO3- F- Cl- Br- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2
Ano Mês Valores
mg/L
Mín 165 0,1 0,46 0,15 0,1 0,01 0,24 1,11 0,19 0,32 1,47 0,14
Máx 211 0,8 4,21 0,23 0,71 0,01 1,27 4,19 0,21 1,31 2,71 0,71
Fevereiro
Média 194,2 0,3 2,52 0,2 0,47 0,01 0,81 2,61 0,2 0,97 1,89 0,53
DesvPad 19,3 0,3 1,45 0,03 0,26 0 0,39 1,19 0,01 0,38 0,49 0,23
Mín 206 0,13 2,1 1,3 0,5 0,01 0,54 2,64 0 0,83 1,57 0,69
Máx 334 0,9 3,22 1,74 0,69 0,09 1,01 9,44 0,26 1,95 11,9 1,68
2019 Junho
Média 264 0,3 2,56 1,52 0,63 0,03 0,8 4,86 0,05 1,23 5,79 1
DesvPad 46,7 0,34 0,44 0,2 0,08 0,03 0,17 2,85 0,11 0,48 4,65 0,39
Mín 176 0,12 1,14 0,75 0,03 0,02 0,32 2,12 0,07 0,85 1,79 0,68
Máx 361 0,18 4 1,2 0,78 0,33 0,84 6,81 0,13 2,13 11,05 2,37
Outubro
Média 268,8 0,13 2,45 0,91 0,25 0,16 0,66 4,19 0,1 1,27 4,38 1,13
DesvPad 68,4 0,03 1,08 0,17 0,31 0,13 0,21 1,81 0,02 0,55 4,02 0,71
Mín 145 0,07 1,57 0,14 0,18 0,01 0,33 1,27 0,07 0,8 1,33 0,35
Máx 202 0,48 2,82 0,2 0,29 0,01 0,82 3,88 0,14 1 2,52 0,62
Fevereiro
Média 181 0,19 2,18 0,17 0,22 0,01 0,61 2,45 0,1 0,91 1,8 0,51
DesvPad 23,2 0,17 0,46 0,02 0,04 0 0,19 0,97 0,03 0,1 0,46 0,11
Mín 194 0,13 2,28 1,12 0,1 0,01 0,66 2,57 0,01 0,8 1,55 0,71
Máx 316 0,76 3,51 1,58 0,23 0,46 0,99 7,51 0,03 1,43 8,97 1,59
2016 Junho
Média 252,6 0,28 2,61 1,37 0,17 0,18 0,79 4,38 0,01 1,05 3,9 1,02
DesvPad 43,6 0,27 0,53 0,2 0,05 0,24 0,14 2,1 0,01 0,24 2,95 0,34
Mín 162 0,11 0,85 0,62 0,11 0,01 0,39 1,95 0,04 0,81 1,35 0,53
Máx 343 0,15 2,33 1,03 0,51 0,26 0,74 5,4 0,11 1,76 9,21 1,99
Outubro
Média 256 0,12 1,83 0,76 0,28 0,1 0,59 3,62 0,07 1,13 3,75 0,92
DesvPad 68,2 0,02 0,58 0,16 0,16 0,1 0,14 1,42 0,03 0,37 3,38 0,6
Mín 120 0,05 1,43 0,12 0,01 0 0,24 1,51 0,01 0,67 1,05 0,31
Máx 187 0,33 2,01 0,17 0,17 0,01 0,76 3,43 0,1 0,84 2,13 0,49
Fevereiro
Média 156,8 0,14 1,67 0,15 0,1 0,01 0,48 2,2 0,04 0,76 1,55 0,42
DesvPad 26,8 0,12 0,22 0,02 0,07 0 0,19 0,75 0,03 0,07 0,41 0,07
Mín 165 0,12 2,11 0,9 0,05 0,01 0,66 1,67 0,02 0,6 1,22 0,65
Máx 292 0,88 2,95 1,22 0,26 0,37 0,82 2,17 0,09 0,86 5,82 1,52
2012 Junho
Média 229,4 0,29 2,41 1,05 0,12 0,09 0,73 1,88 0,04 0,76 3,06 0,91
DesvPad 46,7 0,33 0,35 0,13 0,08 0,16 0,07 0,18 0,03 0,1 1,79 0,35
Mín 155 0,1 0,61 0,44 0,05 0,06 0,35 2,27 0,06 0,92 1,07 0,43
Máx 315 0,14 1,98 0,89 0,13 0,49 0,51 2,94 0,23 1,25 6,78 1,57
Outubro
Média 241,4 0,11 1,5 0,61 0,09 0,25 0,44 2,58 0,12 1,15 2,75 0,73
DesvPad 60,5 0,01 0,54 0,18 0,03 0,17 0,07 0,3 0,07 0,13 2,42 0,48

Com base em suas concentrações iônicas médias, a química da água da


microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel do Tócos é controlada em sua maior parte

100
pelo HCO3-, seguido pelo Ca2+, Na+, Cl-, além de K+ e Mg2+. Isso sugere processos
naturais de intemperismo químico, onde reações de dissolução ou hidrólise de minerais
primários, principalmente silicáticos e contribuições atmosféricos fornecem esses
elementos no rio. As configurações iônicas dos períodos amostrados seguem ordem
decrescente vista na Tabela 6.
Em fevereiro, período com maior quantidade de chuvas, o Na+ juntamente com o
Cl- possuem maior grande importância iônica nas águas do que o Ca2+. Isso pode indicar
aportes oriundos de áreas expostas utilizadas para agricultura, onde a precipitação
pluviométrica ajuda a carrear esses materiais para o rio. Além disso, neste período, o
SO42- intensifica seu grau de importância, possivelmente com origem em efluentes
também carreados pelas chuvas.
Nos períodos amostrados referentes ao mês de junho, há uma alternância na
ordem entre Na+, Cl- e Ca2+. No entanto, o íon Br- torna-se um elemento mais
concentrados nas águas, apresentando-se como o quinto íon mais relevante, no lugar do
K+. A origem do íon Br- pode ser associada com aportes de esgotos, onde em período de
baixa vazão ficam mais destacados. Já a configuração iônica relativo aos meses de
outubro, o Ca2+ se torna mais relevante do que Na+ e Cl-, podendo estar relacionado com
o maior intemperismo de rochas e solos.

Tabela 6: Ordem decrescente das configurações iônicas baseadas nas concentrações


médias.
Fevereiro HCO3- Na+ Cl- Ca+2 K+ SO4-2 Mg+2 NO3- F- NH4+ Br- PO43-

2019 Junho HCO3- Ca+2 Cl- Na+ Br- K+ Mg+2 SO4-2 NO3- F- NH4+ PO43-

Outubro HCO3- Ca+2 Na+ Cl- K+ Mg+2 Br- SO4-2 NO3- PO43- F- NH4+

Fevereiro HCO3- Na+ Cl- Ca+2 K+ SO4-2 Mg+2 NO3- F- Br- NH4+ PO43-

2016 Junho HCO3- Na+ Ca+2 Cl- Br- K+ Mg+2 SO4-2 F- PO43- NO3- NH4+

Outubro HCO3- Ca+2 Na+ Cl- K+ Mg+2 Br- SO4-2 NO3- F- PO43- NH4+

Fevereiro HCO3- Na+ Cl- Ca+2 K+ SO4-2 Mg+2 Br- F- NO3- NH4+ PO43-

2012 Junho HCO3- Ca+2 Cl- Na+ Br- Mg+2 K+ SO4-2 F- NO3- PO43- NH4+

Outubro HCO3- Ca+2 Na+ Cl- K+ Mg+2 Br- SO4-2 PO43- NH4+ F- NO3-

5.3.4.1 Bicarbonato (HCO3-)

O bicarbonato (HCO3-) pode estar presente no meio aquático através de reações


do CO2, através da dissolução e hidrólise de rochas silicáticas ou carbonáticas, reação
do CO2 com a água, reações de CO2 provenientes da atmosfera, por meio de reações de
decomposição da matéria orgânica intermediada por íons SO42- e por meio de aporte de

101
efluentes industriais e domésticos (AYRES & WESTCOT, 1991; SAWYER et al.,
1994; VON SPERLING, 1996; SEMHI et al., 2000; VENDRAMINI, 2013).
O HCO3- se mostrou o íon com maior concentração nas águas do Rio Piraí à
montante do Túnel de Tócos com concentrações variando entre 120 mg/L a 361 mg/L,
com média de 227,1 mg/L (± 58,03 mg/L, desvio padrão) (Figura 43). O resultado
médio registrado em outubro de 2016 de 268,8 mg/L (± 68,4 mg/L, desvio padrão) foi
superior as demais campanhas e os resultados médios inferiores ocorreram em fevereiro
de 2016 de 181 mg/L (± 23,2 mg/L, desvio padrão) e fevereiro de 2019 de 194,2 mg/L
(± 19,3 mg/L, desvio padrão).
Figura 43: Concentração de HCO3- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

Em relação aos pontos, o P5 apresentou concentração média superior aos demais


pontos amostrados em todos os anos de campanha. Os menores resultados médios de
bicarbonato foram registrados em P1, variando entre 120 mg/L (fevereiro de 2012) e
206 mg/L (junho de 2019).
A Resolução CONAMA 357/05 não apresenta uma concentração máxima para
classificação de águas superficias em relação a esse parâmetro.

102
O HCO3- pode precipitar com muita facilidade como carbonato de cálcio
(CaCO3) e pode vir a provocar efeitos nocivos no solo a partir de concentrações
superiores a 500 mg/L, (AYERS & WESTCOT, 1994; ZOBY & OLIVEIRA, 2005;
ALMEIDA, 2010).
Além disso, suas maiores concentrações estão em locais identificados como
eutrofizados, como no P5. De maneira geral, as águas do Rio Piraí apresentaram
concentrações crescentes em direção a jusante, possibilitando que o HCO3- possui
origens diferentes dependendo dos pontos de amostragem e também um aumento
gradativo ao longo dos anos, o que pode indicar aumento do despejo de efluentes
domésticos e industriais e maior exposição de solos devido ao desmatamento das matas
ciliares.

5.3.4.2 Fluoreto (F-)

O fluoreto (F-) é um elemento que possui alta mobilidade e ocorre naturalmente


em pequenas quantidades nas águas naturais (0,1 a 2,0 mg/L). Pode estar presente em
rochas graníticas, gnáissicas, vulcânicas, sedimentos de origem marinha, etc
(OZSVATH, 2006; GUO et al., 2007; CHAE et al., 2007). Tem sua origem como
produto de intemperismo de minerais como a fluorita (CaF2), fluoroapatita (F10(PO4)6) e
criolita (Na3AlF6) ou como elemento secundários na apatita (Ca5(PO4)3(F,OH,Cl)),
topázio (Al2SiO4(OH,F)2) e muscovita (KAl2Si3AlO10(OH,F)2) e devido as
contribuições de fontes antropogênicas, como a agricultura com a aplicação de
fertilizantes (fluorapatita, gesso e formulações NPK) (CONCEIÇÃO & BONOTTO,
2005; NANNI, 2008).
As águas superficiais representam o mais importante meio de consumo de flúor,
principalmente se o consumo de água for de maneira direta, como acontece em diversos
países do mundo, incluindo o Brasil (GUIMARÃES, 2006). O fluoreto, em pequenas
quantidades, é benéfico para saúde humana, favorecendo e estimulando o
endurecimento e resistibilidade de dentes e osso, no entanto, em concentrações maiores,
pode causar doenças relacionadas com a perda de resistência dos dentes, como por
exemplo a fluorose dental (PINESE et al., 2001).
De acordo com a regulamentação proposta pelo CONAMA 357/05, a
concentração de F- permitida é de, no máximo, 1,5 mg/L. Todos os pontos, em todos os
períodos, apresentaram concentrações abaixo desse valor, como visto na Figura 44. A

103
maior parte dos resultados se apresentaram abaixo de 0,2 mg/L de F-, com exceção do
P3 nos períodos de fevereiro e junho, que apresentaram valores de 0,8 e 0,9 mg/L em
2019 e 0,5 e 0,7 mg/L em 2016.
Figura 44: Concentração de F- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.

5.3.4.3 Cloreto (Cl-)

O íon cloreto está presente em quase todos os ambientes hídricos e tem como
características a alta solubilidade, estabilidade em solução e de difícil precipitação, ou
seja, um íon conservativo (OLIVEIRA et al., 2010; LIMA et al., 2014). Normalmente
associado ao sódio (Na+), o Cl- tem sua ocorrência associada a intemperismo de
depósitos minerais, como a (NaCl) e a silvita (KCl), a contribuição atmosférica e é
considerado também como um indicador de contaminação antrópica (NEGREL et al.,
1993; SILVA & MIGLIORINI, 2014).
A presença em altas concentrações, acima de 1000 mg/L, torna as águas
impróprias para o consumo, além de influenciar nas características dos ecossistemas
aquáticos e indicar a presença de efluentes domésticos e industriais.

104
As concentrações de cloreto oscilaram entre 0,61 a 4 mg/L, com média de 2,17
mg/L (± 0,82 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios registrados em junho de 2016
de 2,61 mg/L (± 0,2 mg/L, desvio padrão) e junho de 2019 de 2,56 mg/L (± 0,44 mg/L,
desvio padrão) foram superiores as demais campanhas, enquanto os resultados médios
inferiores ocorreram em fevereiro de 2012 de 1,67 mg/L (± 0,22 mg/L, desvio padrão),
outubro de 2016 de 1,83 mg/L (± 0,58 mg/L, desvio padrão) e outubro de 2012 de 1,98
mg/L (± 0,54 mg/L, desvio padrão).
Figura 45: Concentração de Cl- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.

Em todas as campanhas, o P5 apresentou concentração média superior aos


demais pontos amostrados, exceto em outubro de 2019 e outubro de 2012, onde o P1
apresentou as maiores concentrações (4 mg/L e 1,98 mg/L, respectivamente). Os
menores resultados médios de cloreto foram registrados, em sua maioria, no P4.
Todas as concentrações de cloreto estiveram abaixo do limite máximo
estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 (250 mg/L).
Através da Figura 45 é visto que a concentração de íon Cl- apresentou um
aumento do período de 2012 para 2019, porém segue um padrão independentemente dos
meses amostrados. Isso pode ser explicado por meio de lançamento de efluentes

105
domésticos sem tratamento prévio, além de contribuição agrícola. Nos meses de
fevereiro, estão associados também ao aporte atmosférico, devido a maior precipitação
pluviométrica.

5.3.4.4 Brometo (Br-)

O íon Br- possui características similares ao íon Cl- tendo sua origem dada
através de recristalização de minerais, atuação do intemperismo no material geológico e
intrusão da água do mar em aquíferos costeiros (DAVIS et al., 1998). Esgotos
domésticos e industriais podem contribuir para aumentar a sua concentração em
ambientes aquáticos. Assim como o Cl-, a presença de Br- pode estar associada também
a deposição atmosférica (ALCALÁ & CUSTODIO, 2008). Apesar de não possuir
nenhum efeito adverso, o Br- em altas concentrações, confere sabor salgado à água ou
propriedades laxativas.
As concentrações de brometo variaram de 0,124 a 1,736 mg/L, com média de
0,748 mg/L (± 0,507 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios registrados em junho
de 2016 de 1,37 mg/L (± 0,2 mg/L, desvio padrão) e junho de 2019 de 1,52 mg/L (± 0,2
mg/L, desvio padrão) foram superiores as demais campanhas, enquanto os resultados
médios inferiores ocorreram em fevereiro de todos os anos de amostragem, em 2012 de
0,15 mg/L (± 0,02 mg/L, desvio padrão), em 2016 de 0,17 mg/L (± 0,02 mg/L, desvio
padrão) e 2019 de 0,2 mg/L (± 0,03 mg/L, desvio padrão).
Em relação aos pontos de amostragem, o P2 e P5 apresentaram concentrações
médias superiores aos demais pontos amostrados, exceto e junho de 2012, onde o P3
obteve uma concentração superior ao P2, porém inferior ao P5. Os menores resultados
médios de brometo foram registrados, em sua maioria, no P4.
A Resolução CONAMA 357/05 não indica um limite máximo para brometo,
mas de acordo com determinações da APHA, as águas coletadas nas campanhas de
junho estão todas acima do máximo estabelecido, exceto no P1 e P2 de 2012, além do
P3 em outubro de 2016 e 2019. Em águas doces superficiais, sua concentração média é
de 0,01 mg/L, não excedendo 1 mg/L (APHA et al., 2005). No entanto, essa
concentração é excedida em diversos pontos e em diversos períodos de amostragem,
principalmente durante os períodos de menor precipitação (Figura 46). Nas campanhas
referentes aos meses de outubro, este elemento já apresenta tendência de queda,
justamente por ser o início do período de maior precipitação. Esse indicativo de maior

106
concentração de Br- no período seco indica que a fonte deste íon pode ser de atividades
antrópicas, como despejo de esgoto.
Figura 46: Concentração de Br- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.

5.3.4.5 Nitrato (NO3-)

O nitrato (NO3-) são solúveis em água e são de grande importância para o ciclo
do nitrogênio, sendo a principal fonte de nitrogênio para as plantas. Podem ser
utilizados como fertilizantes, herbicidas ou pesticidas. Porém, a utilização excessiva
deles não é recomendada, pois podem contaminar a água e os lençóis freáticos.
(MEURER, 2004; GONÇALVES, 2011). Suas fontes estão associadas a materiais
alóctones lixiviados de origem orgânica e inorgânica e fixação de nitrogênio molecular
(ESTEVES, 1998).
A presença de NO3- indica processos biológicos ativos, provocados por poluição
orgânica recente, presença de águas residuais sem tratamento e oxidação de excreções
humanas ou de animais, sendo assim, é utilizado como indicador de contaminação
ambiental através da lixiviação de solos agrícolas que fazem uso de fertilizantes e aporte

107
de efluentes domesticos (MOTA & VON SPERLING, 2009; BIGUELINI & GUMY,
2012).
Figura 47: Concentração de NO3- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

As concentrações de nitrato oscilaram de 0,027 a 0,71 mg/L, com média de 0,26


mg/L (± 0,223 mg/L, desvio padrão). A maior concentração média de nitrato foi
encontrada em junho de 2019 de 0,63 mg/L (± 0,08 mg/L, desvio padrão) e os menores
resultados médios ocorreram em 2012, como em outubro de 0,09 mg/L (± 0,03 mg/L,
desvio padrão), 0,12 mg/L (± 0,08 mg/L, desvio padrão) em junho e em fevereiro de 0,1
mg.L-1 (± 0,07 mg/L). Na distribuição das concentrações entre os pontos amostrados,
os resultados médios mais elevados de nitrato foram encontrados no P2 e P3 e as
menores concentrações ocorreram no P1.
Através da Figura 47, é possível observar um aumento significativo nas
concentrações de NO3- ao longo dos anos de amostragem, sugerindo um maior aporte
de efluentes antrópicos e desenvolvimento urbano sem coleta adequada de esgoto e
lixiviação de solos agrícolas, que também aumentaram em área. O nitrato em águas
naturais aparecem na faixa de 0,1 a 10 mg/L, em águas muito poluídas pode chegar a

108
200 mg/L e em águas próximas a áreas com uso intenso de fertilizantes é possível
verificar concentrações maiores que 600 mg/L (SANTIAGO et al., 2004).
Os índices de potabilidade proposto pela legislação estimulam concentrações
menores do que 10 mg/L e em todos os pontos de amostragem, a concentração de
nitrato não ultrapassa esse limite.

5.3.4.6 Fosfato (PO43-)

O fosfato (PO43-) pode estar presente nas águas através da dissolução de


compostos no solo, decomposição de matéria orgânica, intemperismo de minerais como
a apatita, atribuídos aos fertilizantes fosfatados, lançamento de efluentes domésticos
(NASH & HALLIWELL, 2000; MARINS et al., 2007; ZHU et al., 2013).
Sua alta concentração, juntamente com a presença de compostos nitrogenados,
pode causar a eutrofização, que é a proliferação de algas em ambientes aquáticos,
consumindo o O2 presente, sendo um bom indicativo da presença de esgoto
(LÉVEQUE, 2002). Além disso, pode levar a mudanças biológicas na água, tais como
perda de biodiversidade, desordenação da população bacteriana e bioacumulação em
peixes (SONDERGAARD et al., 2003).
Apesar da maioria dos pontos monitorados em diferentes períodos apresentarem
concentrações muito baixas de PO43-, pode ser observado alguns picos desse elemento,
conforme visto na Figura 48.
As concentrações de fósforo total variaram de 0,005 a 0,49 mg/L, com média de
0,09 mg/L (± 0,14 mg/L, desvio padrão). A maior concentração média encontrada foi
em outubro de 2012 de 0,25 mg/L (± 0,17 mg/L, desvio padrão) e os menores resultados
médios de fosfato foram registrados todos nos meses de fevereiro dos períodos de
amostragem (0,01 mg/L, ± 0,001 mg/L, desvio padrão). Em relação a distribuição da
concentração de fosfato por pontos de amostragem, as maiores concentrações são
encontradas no P2, P4 e P5 e as menores concentrações no P1.
As concentrações altas do P2 sugerem uma contaminação através de efluentes
domésticos oriundo do centro de Lídice, assim como no P4, porém com descarte de
efluentes possivelmente originados no posto de gasolina.
A concentração anômala no P1 no período seco referente a junho de 2016 indica
uma eventual contaminação pontual por efluentes originados de áreas agrícolas e de

109
efluentes industriais proporcionados pelos criadouros e abatedouros de frango
localizados bem próximos a este ponto.
Figura 48: Concentração de PO43- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

De maneira geral, as concentrações de fosfato estiveram abaixo dos limites


máximos estipulados pela Resolução CONAMA 357/2005 para águas da Classe 1 e 2
(0,1 mg/L).

5.3.4.7 Sulfato (SO42-)

O sulfato (SO42-) é um dos íons mais abundantes na natureza, muito solúvel e


estável (FEITOSA, 1997). Sua origem está associada a dissolução de minerais em solos
e rochas, lixiviação de compostos sulfatados como a anidrita (CaSO4) e gipsita
(CaSO4.2H2O), oxidação de sulfetos, como a pirita (Fe2S) (CARVALHO, 1995), além
de aportes atmosféricos e fontes antrópicas como esgotos domésticos, efluentes
industriais e queima de combustíveis fosseis e biomassa (CONCEIÇÃO et al., 2010).
As concentrações de sulfato oscilaram de 0,235 a 1,27 mg/L, com média de
0,655 mg/L (± 0,22 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios mais elevados de

110
sulfato foram encontrados em fevereiro de 2019 de 0,81 mg/L (± 0,39 mg/L, desvio
padrão) e em junho do mesmo ano, com concentração média de 0,80 mg/L (± 0,17
mg/L, desvio padrão), e os menores resultados médios ocorreram em fevereiro de 2012
de 0,48 mg/L (± 0,19 mg/L, desvio padrão) e outubro do mesmo ano, de 0,44 mg/L (±
0,07 mg/L). Em relação aos pontos amostrados, os resultados médios mais elevados de
sulfato foram observados no P4 e no P5 e as menores concentrações ocorreram no P4
em períodos chuvosos.
Figura 49: Concentração de SO42- nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

O SO42- em concentrações superiores a 250 mg/L pode provocar efeito laxativo


quando ingerido. A partir dessa concentração, o CONAMA (2008) caracteriza a
potabilidade da água como imprópria. Sendo assim, todos os períodos amostrados estão
muito abaixo deste limite.
Apesar da sua concentração está bem abaixo do limite de potabilidade sugerida,
como visto na Figura 49, é possível observar o crescimento da presença de SO42- de
2012 até 2019. Esse aumento pode estar relacionado ao maior descarte de efluentes

111
domésticos, com presença de produtos de limpeza derivados de sabão (MORTATTI et
al., 2012). As concentrações associadas ao período chuvoso (fevereiro) podem sugerir
lixiviação de biomassa e rejeitos agrícolas.

5.3.4.8 Sódio (Na+)

O sódio (Na+) é um elemento muito abundante na crosta terrestre, é altamente


solúvel, pode apontar um aumento de salinidade na água e também indicar possíveis
contaminações (FEITOSA, 1997). Sua origem tem como fontes principais as águas
meteóricas, alterações e intemperismo de rochas, além de atividades antrópicas
(MORTATTI & PROBST, 2012).
Por ser muito solúvel e móvel, o Na+ é facilmente intemperizado e lixiviado a
partir de minerais como plagioclásios, feldspatos, anfibólios e piroxênios,
principalmente se estas rochas contiverem albita (NaAl3SiO8), que se altera para formar
caulinita (Al,Mg,Fe)4(Si4O10)(OH)8), liberando o Na+ para o ambiente (RODRIGUES et
al., 2007; HORBE & SANTOS, 2009).
Contudo, o Na+ também pode ter sua origem associada as descargas de efluentes
não tratados nos sistemas aquáticos, principalmente relacionadas a esgoto de múltiplas
fontes, além de fatores como a geologia local e o uso de fertilizantes na agricultura.
Neste último caso, o Na+ presente em altas concentrações podem ser bastante
prejudicial ao desenvolvimento de culturas, já que afeta as atividades celulares das
plantas, reduz a permeabilidade do solo e pode se acumular nas folhas, provocando
necrose (AYRES & WESTCOT, 1991; HORIE & SCHROEDER, 2004).
As concentrações de sódio oscilaram de 1,11 a 9,44 mg/L, com média de 3,19
mg/L (± 1,72 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios mais elevados de sódio foram
encontrados em junho de 2019 de 4,86 mg/L (± 2,85 mg/L, desvio padrão) e junho de
2016 de 4,38 mg/L (± 2,1 mg/L, desvio padrão), e os menores resultados médios
ocorreram em juho de 2012 de 1,88 mg/L (± 0,18 mg/L, desvio padrão) e fevereiro de
2012 de 2,2 mg/L (± 0,75 mg/L, desvio padrão).
Em relação aos pontos amostrados, os resultados médios mais elevados de sódio
foram encontrados no P1 e P5, principalmente e no P3 nas últimas duas campanhas
relativas ao mês de outubro e as menores concentrações ocorreram em P2 e P4.
Segundo o CONAMA 357/05, o valor máximo recomendável de Na+ em água
potável é de 200 mg/L. As águas do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos possuem

112
uma concentração significativa de Na+, tornando-o, em determinadas épocas, o segundo
íon constituinte principal. Como observado na Figura 50, a concentração de Na+ vem
aumentando de acordo com o passar dos anos. Em 2012, sua concentração máxima foi
3,43 mg/L no P1, já em 2019, no mesmo ponto e no mesmo período (fevereiro) essa
concentração foi de 4,19 mg/L. Em junho de 2019, apresentou uma concentração de
9,44 mg/L neste mesmo ponto.
Figura 50: Concentração de Na+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.

Uma das possíveis fontes de Na+ para este ponto são as atividades agrícolas
(hortifrutigranjeiras). Novos aportes acontecem ao longo da drenagem, fazendo com que
as fontes sejam pontuais e difusas. As principais fontes identificadas são os despejos de
efluentes domésticos e lixiviação de solo utilizado para a agricultura. No entanto, todas
as concentrações encontradas estão bem abaixo do limite proposto pelo CONAMA.

5.3.4.9 Amônio (NH4+)

O amônio (NH4+) é o produto da reação da NH3 (amônia) com a água, que tem
sua origem atrelada a decomposição de matéria orgânica, emissões do solo e atividades
antrópicas, como queima de combustíveis fósseis, uso de fertilizantes nitrogenados e de

113
processos degradativos de materiais residuais de origem animal (TRIVELIN et al.,
2002; GUIMARÃES & MELO, 2006). Uma das principais fontes do nitrogênio em sua
forma amoniacal são as fossas sépticas, comuns em regiões sem coleta e tratamento de
esgoto (CANTER & KNOX, 1998).
A presença de NH4+ é um indicador de poluição orgânica recente e tal espécie
pode desencadear a diminuição da oxigenação e do pH do ambiente aquoso (FELIX &
CARDOSO, 2004). O NH4+ não é tóxico e não causa problemas para os organismos.
Figura 51: Concentração de NH4+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

As concentrações de amônio oscilaram de 0,001 a 0,226 mg/L, com média de


0,081 mg/L (± 0,069 mg/L, desvio padrão). A maior concentração média de amônio foi
encontrada em fevereiro de 2019 de 0,2 mg/L (± 0,01 mg/L, desvio padrão) e os
menores resultados médios ocorreram em 2016 no mês de junho com 0,01 mg/L (± 0,01
mg/L, desvio padrão) e 0,04 mg/L (± 0,03 mg/L, desvio padrão) em junho de 2012. Na
distribuição das concentrações entre os pontos amostrados, os resultados médios mais
elevados de amônio foram encontrados no P2 e P4 e as menores concentrações
ocorreram no P1.

114
Como visto na Figura 51, a concentração de NH4+ está mais associada aos
períodos chuvosos, podendo estar relacionada a presença de bactérias decompositoras
de matéria orgânica. A consequência é a liberação de amônio na água a partir da
amonificação do nitrogênio orgânico, processo este, realizado por microrganismos
decompositores (ESTEVES 1998). Este fator pode estar também relacionado ao caso do
período relativo a junho de 2019 (período seco), onde a concentração de amônio
apresentou um grande pico.

5.3.4.10 Potássio (K+)

O Potássio (K+), apesar de ser extensamente distribuído no meio ambiente, em


águas naturais se apresenta em baixas concentrações se comparadas ao cálcio e
magnésio. Isso se deve ao fato do K+ ser altamente solúvel, participar de trocas iônicas,
de seus sais serem consumido por vegetais e por serem rapidamente incorporados nas
estruturas minerais ou acumulados na biota aquática (FEITOSA, 1997). Origina-se,
naturalmente, por meio do intemperismo de rochas resistentes ao intemperismo como o
feldspato potássico ((K,Na,Ca)(Si,Al)4O8), muscovita (KAl2(Si3Al)O10(OH,F)2) e biotita
(K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(F,OH)2) (QUEIROZ et. al., 2012).
A presença de K+ também pode estar associada a fontes antrópicas, como por
escoamento superficial de solos utilizados para produção agrícola e descargas de
efluentes industriais (DOVIDAUSKAS et al., 2017). É visto como um importante
macronutriente no desenvolvimento de plantas, sendo largamente utilizado na
adubagem do solo (DIAS & ALVAREZ, 1996).
As concentrações de potássio se encontram entre 0,32 a 2,13 mg/L, com média
de 1,03 mg/L (± 0,34 mg/L, desvio padrão). A maior concentração média de potássio foi
encontrada em junho de 2019 de 1,27 mg/L (± 0,55 mg/L, desvio padrão) e em outubro
do mesmo ano, de 1,23 mg/L (± 0,48 mg/L, desvio padrão) enquanto os menores
resultados médios ocorreram em 2012 nos meses de fevereiro e junho com 0,76 mg/L (±
0,07 mg/L e ± 0,1 mg/L, desvio padrão, respectivamente). Na distribuição das
concentrações entre os pontos amostrados, os resultados médios mais elevados de
potássio foram encontrados no P1 e P5 e as menores concentrações ocorreram no P2.
outubro de 2019 se mostrou o mês entre todos amostrados com as maiores
concentrações.

115
Figura 52: Concentração de K+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.

Na Figura 52, constata-se uma elevação da concentração de K+ ao longo dos


anos. Esse aumento gradual pode ser justificado pela ampliação das atividades agrícolas
na região. Com a substituição da vegetação nativa por pastagens e áreas agricultáveis,
houve uma maior exposição do solo. Sendo assim, o potássio, utilizado na fertilização
do solo pode ser carreado para os corpos hídricos. Além disso, este elemento compõe
diversas rochas da área de estudo e pode ser originado através do intemperismo químico
destas formações.
Por ser um elemento que se incorpora facilmente em outros constituintes, não há
valores de referências para potabilidade de águas de consumo, segundo o CONAMA. A
OMS utilizado a concentração máxima de 20 mg/L para conferir esta potabilidade.
Portanto, as águas do rio Piraí à montante do Túnel de Tócos, em todos os períodos,
estão dentro desse índice.

116
5.3.4.11 Cálcio (Ca2+)

Assim como Na+, o cálcio (Ca2+) é um elemento muito presente na crosta


terrestre. Apresenta solubilidade moderada que se eleva na presença de CO2. A
disponibilidade do Ca2+ em ambientes aquáticos podem ser provenientes de rochas
silicatadas, como hidrólise do plagioclásio, rochas magmáticas e metamórficas, como a
anortita (CaAl2Si2O8) e a apatita (Ca5(PO4)3(F,OH,Cl)), através da dissolução de
carbonatos, como a calcita (CaCO3) e dolomita (CaMg(CO3)2), além de aporte
atmosférico e resíduos agrícolas, devido a práticas de calagem do solo com gesso
(CaSO4) e calcário (BORTOLETO JUNIOR, 2004; CHAE et al., 2006; MORTATTI et
al., 2008; BATISTA & GASTMANS, 2015).
O Ca2+ é um nutriente essencial para à saúde humana e é um elemento
importante para a agricultura, tanto para o solo tanto para as plantas, já que este
elemento está envolvido nas atividades bioquímicas (PAGANINI, 1997), além de ser
capaz de corrigir o pH, reduzir a relação de adsorção de sódio (RAS) para que não haja
salinização do solo, permitindo uma melhor estabilidade estrutural do solo (AYERS &
WESTCOT, 1991).
Concentrações elevadas de Ca2+ podem ocasionar um gosto desagradável à água
e prejudicar o desenvolvimento agrícola, visto que o excesso pode causar deficiência
nutricional nas plantas, através das interações com nutrientes como o Mg e K (DIAS &
ALVAREZ, 1996). O limite proposto pelo CONAMA é de 500 mg/L.
As concentrações encontradas nas águas do Rio Piraí à montante do Túnel de
Tócos estão bem abaixo do limite proposto pela legislação e em conformidade para uso
agrícola, segundo a Figura 53.
As concentrações de cálcio se encontraram entre 1,05 a 11,90 mg/L, com média
de 3,21 mg/L (± 2,81 mg/L, desvio padrão). A maior concentração média de potássio foi
encontrada em junho de 2019 de 5,79 mg/L (± 4,65 mg/L, desvio padrão) e em outubro
do mesmo ano, de 4,38 mg/L (± 4,02 mg/L, desvio padrão) enquanto os menores
resultados médios ocorreram em fevereiro de 2012 com 1,55 mg/L (± 0,41 mg/L, desvio
padrão), em fevereiro de 2016 de 1,8 mg/L (± 0,46 mg/L, desvio padrão) e fevereiro de
2019 de 1,89 mg/L (± 0,49 mg/L, desvio padrão). Observa-se que este elemento possui
relação direta com o volume de precipitação do período amostrado e a vazão do rio,
devido a sua fácil diluição e transporte.

117
Figura 53: Concentração de Ca2+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de 2012,
2016 e 2019.

O Ca2+ se destaca no P3, com concentrações de 5,82 mg/L em junho de 2012


e 6,78 mg/L em outubro do mesmo ano, com aumento continuo em 2016 e chegando a
concentrações de 11,90 mg/L em junho de 2019 e 11,05 mg/L em outubro de 2019.
Além disso, outro resultado que deva ser destacado é o P1 em junho de 2019 com 9,59
mg/L.
Esses resultados podem ser justificados de acordo com as atividades
agropecuárias bem próximas das margens, que por sua vez, estão completamente
expostas, sem vegetação igualmente ao pequeno morro adjacente, que apresenta solos
expostos e início de ravinamento. Este solo e os resíduos agrícolas são carreados pelo
escoamento superficial e em épocas de menores precipitações, se concentram mais. O
aumento da concentração de Ca2+, ao longo dos anos amostrados, no P1 também pode
estar relacionado com práticas agrícolas de correção do solo, já que nesta área tem-se
cultivos de hortaliças próximas a margem do rio.

118
5.3.4.12 Magnésio (Mg2+)

O magnésio (Mg2+) apresenta características e comportamentos semelhantes ao


do Ca2+, no entanto é mais solúvel e sua precipitação possui um intervalo mais
prolongado (SERRA, 1984; SILVA & MIGLIORINI, 2014). Suas principais fontes são
o intemperismo de rochas e solos, aporte atmosférico e atividades agrícolas.
O Mg2+ dissolvido em ambientes aquáticos resulta principalmente de rochas
carbonáticas, como dolomitos (CaMg(CO3)2) e magnesita (MgCO3) e minerais de
rochas magmáticas e metamórficas, como a biotita (K(Mg,Fe)3AlSi3O10(OH)2),
actinolita ((Ca,Na)2(Mg,Fe)5 (Si,Al)8O22(OH)2) e tremolita (Ca2Mg5Si8O22(OH)2)
(SILVA & MIGLIORINI, 2014; ALMEIDA, 2017).
Apesar do teor de Mg2+ não ser considerado como parâmetro de potabilidade
pelo CONAMA, altas concentrações podem dar gosto não palatável, além de causar
interferências no desenvolvimento agrrícola. Por ser um elemento essencial na atividade
fotossintética, a presença excessiva de Mg2+ pode causar insuficiencia de Ca2+ devido a
troca iônica intensa que há entre os dois íons (AYERS & WESTCOT, 1991). O Mg2+
também possui grande importância na participação na formação da molécula de
clorofila.
As concentrações de magnésio se encontraram entre 0,14 a 2,37 mg/L, com
média de 0,80 mg/L (± 0,45 mg/L, desvio padrão). Os resultados médios mais elevados
de magnésio foram encontrados em outubro de 2019 de 1,13 mg/L (± 0,71, desvio
padrão) e junho de 2016 de 1,02 mg/L (± 0,34 mg/L, desvio padrão) e os menores
valores médios ocorreram sempre nos meses de fevereiro, sendo em 2012, o menor de
0,42 mg/L (± 0,07 mg/L, desvio padrão), em seguida em 2016 de 0,51 mg/L (± 0,11
mg/L) e 2019 de 0,53 mg/L mg/L (± 0,23 mg/L, desvio padrão).
Em relação aos pontos amostrados, as concentrações médias mais elevadas
foram obtidas no P2 e no P5. Este último ponto atingindo valores bem mais acentuados
que os demais, como em outubro de 2019 de 2,37 mg/L, 1,99 mg/L em outubro de 2016
e 1,68 mg/L em junho de 2019. Por outro lado, os menores resultados ocorreram em P1
e no P4, principalmente nas estações chuvosas (fevereiro), como valores de 0,31 mg/L
em fevereiro de 2012 no P1 e 0,14 mg/L em fevereiro de 2019 no P4.
O Mg2+ apresentou concentrações que possibilitaram evidenciar possíveis
aportes difusos associados principalmente a alterações de rochas (Figura 54). Com
concentrações maiores nos meses mais secos e um crescimento em direção a jusante. A

119
maior concentração encontrada no P5 corrobora com a sua característica de precipitação
ser mais lenta, se acumulando no reservatório de Tócos.
Figura 54: Concentração de Mg2+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

É notável também um aumento de concentração ao longo dos anos amostrados.


Esse resultado sugere um maior aporte de fertilizantes agrícolas com magnésio em sua
fórmula, além de rochas e solos com minerais de Mg2+ em sua composição estarem
mais expostos devido ao desmatamento de matas ciliares.

5.3.4.13 Sílica (SiO2)

A sílica (SiO2) é o elemento mais abundante na crosta terrestre e muito relevante


em processos geológicos e biológicos (LAZZERINI & BONOTTO, 2014). Possui alta
condutividade térmica e quando dissolvido é facilmente adsorvido por argilominerais
(SZIKSZAY, 1993; DOUCET et al., 2001). O quartzo é uma das principais fontes de
silício na crosta terrestre e, apesar da sua grande resistência ao intemperismo, quanto

120
menor sua granulometria, mais instável ele se encontra e vem a se transformar em
H4SiO4 (DOUCET et al., 2001).
O silício pode ser encontrado em diversas formas nas águas fluviais, como na
forma de silício dissolvido (silicato), silício inorgânico particulado (litogênico) e silício
biogênico (TREGUÉR et al., 1995). Este último pode representar até cerca de 70% da
carga total de silício encontrado em um rio, podendo ser transportado como material em
suspensão, acumular no sedimento e precipita ou ser dissolvido de acordo com a
concentração de sal ou atividade bacteriana do local (ROUBEIX et al., 2008;
CARBONNELL et al., 2013).
A deposição de silício e a sua solubilização tem sua origem essencialmente em
processos de intemperização de minerais primários e secundários, relacionadas por
reações de hidratação e desidratação catalisadas por íons OH-, onde sua solubilidade é
constante na faixa de pH entre 2 a 9, onde o pH ideal para sua precipitação é
aproximadamente de 4,5 (GOMES et al., 2018).
A disponibilidade de SiO2 dissolvido em ambientes aquáticos também tem como
uma de suas fontes o intemperismo sobre rochas silicáticas, como demonstra a reação de
hidrolise na Equação 10, que demonstra que esta reação intempérica também é
responsável por aportes significativos de HCO3-.
177Na0,62Ca0,38Al1,38Si2,62O8 + 246CO2 + 367H2O → 123Al2Si2O5(OH)4 + 110Na+ +
68Ca2+ + 246HCO3- + 220SiO2(aq)
Equação 10: Reação de intemperismo em rochas silicáticas.

Tabela 7: Valores mínimos, máximos, médios e desvio-padrão dos resultados dos


parâmetros físico químicos.
SiO2 (mg/L)
Fevereiro Junho Outubro
Ano
Mín Máx Média DesvPad Mín Máx Média DesvPad Mín Máx Média DesvPad
2019 2,77 7,01 4,27 1,61 5,08 10,07 6,24 2,15 4,83 9,9 6,15 2,13
2016 2,36 3,68 3,13 0,55 5,01 9,1 5,94 1,77 4,71 7,81 5,57 1,28
2012 1,98 3,01 2,5 0,47 3,71 8,65 5,36 1,92 3,82 6,58 4,74 1,08

A concentração de sílica apresentou concentrações variando entre 1,98 mg/L e


10,07 mg/L, com média de 4,88 mg/L (± 1,90 mg/L, desvio padrão). O maior resultado
médio foi registrado na campanha de junho de 2019 de 6,24 mg/L (± 2,15 mg/L, desvio
padrão) e outubro do mesmo ano com concentração de 6,15 mg/L (± 2,13 mg/L, desvio
padrão). Enquanto as menores médias estão relacionadas aos períodos chuvosos, com

121
clara relação com os níveis de precipitação. Sua média em fevereiro de 2012 foi a mais
baixa, com 2,5 mg/L (± 0,47 mg/L, desvio padrão), seguido de fevereiro de 2016 com
3,13 (± 0,55 mg/L, desvio padrão) e fevereiro de 2019 com 4,27 (± 1,61 mg/L, desvio
padrão).

Em relação aos pontos de amostragem, as menores concentrações de sílica foram


observadas no P1, atingindo mínimas de 1,98 mg/L em fevereiro de 2012, 2,36 mg/L
em fevereiro de 2016 e 2,77 mg/L em fevereiro de 2019. Já o ponto com maior
concentração foi o P5, atingindo concentrações de 10,07 mg/L em junho de 2019, 9,9
mg/L em outubro do mesmo ano e 9,1 mg/L em junho de 2016.

A distribuição das concentrações de SiO2 é caracterizada por aportes difusos,


com concentrações um pouco maiores em períodos secos e mantém um leve
crescimento ao longo dos anos de amostragem (Figura 55). Isso sugere que a fonte de
SiO2 é através das reações de intemperismo dos silicatos (MORTATTI & PROBST,
2012), rochas predominantes da região da microbacia hidrográfica. Contudo, a SiO2
também pode ter como fonte a poluição associada a regiões agrícolas devido a práticas
incorretas de uso e manejos de solos (BORTOLETTO JÚNIOR, 2004).
Figura 55: Concentração de Mg2+ nos pontos de amostragem ao longo dos anos de
2012, 2016 e 2019.

122
O P5 apresenta uma concentração maior do que os demais pontos, já que a
silício pode se acumular nessa região devido ao represamento de suas águas. Além
disso, este ponto de amostragem é visualmente o local que se encontra com maior
quantidade de plantas aquáticas e isto pode auxiliar na justificativa da alta concentração
de sílica (origem biogênica).

5.3.5 Diagrama de Gibbs

O Diagrama de Gibbs auxilia na investigação dos mecanismos naturais que


controlam a química das águas, avaliando fontes de constituintes dissolvidos,
apresentando três assinaturas hidroquímicas principais: a precipitação, da interação
água-rocha e da evaporação (GIBBS, 1970).
A precipitação tem composição dominada por íons de Na+ e Cl- que é uma
indicação que a água pode ser controlada pelo sal marinho no ar, predominantemente
cloretada sódica e com baixas concentrações de STD, já a interação água-rocha
revelando o intemperismo químico de minerais formadores da rocha, onde há um
aumento de STD mediante o aumento da proporção de Ca2+ e HCO3- em relação ao Na+
e Cl-.
Por fim, a evaporação pode ser controlada por Na+ e Cl-, porém, com alto teor de
sólidos totais dissolvidos, o efeito da evaporação aumenta a salinidade e a precipitação
de carbonato de cálcio, aumentando assim a concentração de Na+ e Ca2+ da água
(GIBBS, 1970; DATTA & TYAGI, 1996; MOHAMED et al., 2015).
Figura 56: Distribuição das amostras das águas superficiais por meio do diagrama de
Gibbs.

123
Os resultados das análises químicas da água foram plotados no diagrama
apresentado na Figura 56, que demonstra a dominância, em todos os períodos de
amostragem, da interação água-rocha, sugerindo o intemperismo químico de rochas e
minerais e uma variedade de outros tipos de aporte antrópicos em escala hidrológica de
toda a microbacia, associados a drenagem urbana e agrícola.
O intemperismo sobre as rochas é um dos principais processos controladores do
ciclo geoquímico, onde diversos elementos são liberados e carreados para corpos d’água
(GAILLARDET et al., 1995). Esse intemperismo atuante sobre silicatos e carbonatos
faz com que a água receba Ca2+, Na+ e HCO3-, aumentando proporcionalmente os
valores de STD.

5.3.6 Diagrama de Piper

O diagrama de Piper é uma ferramenta muito utilizada para analisar um grupo de


dados hidroquímicos em conjunto, possibilitando avaliar as diferenças entre grupos
hidroquímicos, sua evolução e possíveis processos que ocorrem nas águas (PIPER,
1944). A água pode ser classificada como: bicabornatada cálcica ou magnesiana;
bicabornatada sódica; cloro sulfatada sódica e cloro sulfatada cálcica ou magnesiana,
além das águas mistas.
Como observado no diagrama de Piper (Figura 57), há a predominância do
HCO3- em todos os períodos. As maiores influências de cátions, são do Ca 2+ e Na+. Sob
a classificação das águas superficiais proposto por Piper, a classificação dessas águas
varia entre bicabornatadas cálcicas e bicabornatadas mistas.
A maior parte das fácies hidrogeoquímicas identificadas na área de estudo são
do tipo misto, indicando a predominância da interação água-rocha e influência
antrópica, corroborando a interpretação do diagrama de Gibbs, confirmando a forte
interação água-rocha.

124
Figura 57: Classificação química das águas superficiais por meio do diagrama de Piper.

5.3.7 Diagrama de Chadha

O Diagrama de Chadha é uma ferramenta utilizada para definir o caráter global


de uma água. Este diagrama está dividido em 8 subcampos, como esclarecido
anteriormente, cada um representando um tipo de água (CHADHA, 1999). O gráfico é
baseado nas diferenças entre os eixos X e Y, os quais correspondem à diferença entre os
sedimentos alcalinos e metais alcalinos (coordenada X) e à diferença entre ânions de
baixa e alta mobilidade (coordenada Y) (CHADHA, 1999).
O Diagrama de Chadha apresentou uma classificação do tipo 3, um resultado
onde os ânions ácidos fracos excedem ânions ácidos fortes com uma leve tendência para
o campo do tipo 5 onde Ca2+, Mg2+, cátions geoquimicamente móveis e principalmente
o HCO3-, formando uma água de recarga com escoamento, podendo modificar o tipo de
água com dureza temporária (Figura 58).

125
Figura 58: Classificação das águas superficiais por meio do diagrama de Chadha.

5.3.8 Razões iônicas

As razões iônicas são ferramentas gráficas utilizadas para auxiliar na


interpretação de processos geoquímicos baseado nas propriedades químicas da água
com o objetivo de analisar e estabelecer as variações composicionais da água superficial
(MERCHÁN et al., 2015). Essas razões estabelecem também a representatividade de
cada elemento químico diante das alterações hidrogeoquímicas, identificando processos
e influências em determinados meios (REDDY & KUMAR, 2010).
Para o melhor entendimento das principais rochas controladoras das cargas
iônicas presentes na composição das águas do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos,
foram pesquisados os principais processos e fatores, como trocas iônicas diretas ou
reversas, razões de evaporação, atividades antrópicas na água e dissolução e
precipitação mineral, utilizando relações entre diversas concentrações iônicas nos
períodos de amostragem, como apresentado na Tabela 7 no apêndice e nos gráficos
(Figuras 59-63), as razões calculadas foram:

A) STD X Cl+SO4/HCO3
B) Mg/Na x Ca/Na
C) HCO3/Na x Ca/Na
D) Na+K/HCO3 x Ca+Mg/HCO3
126
E) Na++K+ x ƩCátions
F) Na+ x Cl-
G) Na/Cl x Cl
H) Ca2++Mg2+ x HCO3-+SO42-
I) SO42- x Ca2+
J) Ca2++Mg2+ x ƩCátions
As razões iônicas apresentadas nos gráficos A, B, C e D (Figuras 59 e 60)
representam as relações iônicas que indicam os tipos de rochas que atuam de maneira
mais significativa na relação geoquímica da água. Entre rochas evaporíticas,
carbonáticas e silicáticas, as rochas silicáticas, mais abundantes na região, são as mais
representativas no controle da química da água, mesmo apresentando fatores menos
susceptíveis ao intemperismo se comparado com os carbonatos e evaporitos (ROY et
al., 1999).
Figura 59: Gráficos de Razão Iônica A e B.

O intemperismo dos silicatos pode ser relacionado também aos de períodos de


maior temperatura e maior volume de chuvas (FAN et al., 2014). Há uma tendência
crescente na do aumento do intemperismo dos silicatos em direção à jusante. Estas
quatro relações evidenciam que as rochas silicáticas são as responsáveis pelo controle
da carga iônica no Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos com contribuições de
atividades antrópicas pontuais e difusas, além de aportes atmosféricos.

127
Figura 60: Gráficos de Razão Iônica C e D.

No gráfico E (Figura 61), foi aplicada uma relação entre o somatório das
concentrações de Na+ e K+ em função do somatório dos cátions totais. O resultado dessa
razão pode sugerir a origem do K+ como sendo derivada da dissolução de K-feldspato
(BARZEGAR et al., 2018), segundo a reação abaixo:
13KAlSi3O8 + 13CO2 + 19,5H2O → 6,5Al2Si2O5(OH)4 + 13K+ + 26SiO2 + 13HCO3
Figura 61: Gráficos de Razão Iônica E e F.

128
De acordo com os gráficos, os resultados referentes ao mês de fevereiro estão
totalmente sobre a linha de razão 1:0,5, resultado do balanço estequiométrico do K-
feldspato, sugerindo que a dissolução deste mineral é a principal fonte de K+, sugerindo
que a dissolução do K-feldspato é a principal fonte de K+. Já nas amostragens referentes
aos meses de junho e outubro, alguns resultados estão sobre a linha de razão e outros se
encontram afastados. Isso pode ser justificado por um menor aporte antrópico de K+,
principalmente de origem agrícola.
Por seguinte, nos gráficos F e G (Figuras 61 e 62, respectivamente), são
utilizadas relações entre os íons Na+ e o Cl-, buscando analisar e classificar suas
possíveis fontes (GUO et al., 2018). A origem dos íons Na+ e Cl- representam mais
esgoto doméstico do que evaporitos, já que a área de estudo não está localizada próxima
ao litoral. No gráfico F, a relação direta entre Na+ e Cl- aponta um possível resultado da
dissolução da halita (NaCl → Na+ + Cl-), sendo plotada no gráfico a linha 1:1.
Figura 62: Gráficos de Razão Iônica G e H.

Todas as amostras registraram razões maiores do que 1, demonstrando que as


concentrações de Na+ são superiores à de Cl-, indicando que o intemperismo de silicato
foi o principal processo responsável pela liberação de Na+ nas águas (REDDY &
KUMAR, 2010). O gráfico G (Figura 62) utiliza a razão entre a divisão Na+ e Cl- em
relação ao Cl- e apresentou resultado semelhante a razão calculado anteriormente no
gráfico F, apresentando resultados superiores a 1, sugerindo que a concentração de Na+
em relação ao Cl- pode ter como fonte as trocas iônicas (AHMED et al., 2012).

129
A análise e interpretação das relações entre Ca2+/Mg2+ podem indicar diversos
processos e fontes que influenciam na evolução geoquímica das águas. As principais
fontes destes íons são a dissolução de minerais carbonatados, como a calcita e a
dolomita, sulfatados, como a gipsita e dos silicatos, como a biotita e o k-feldspato
(REDDY & KUMAR, 2010). Além disso, podem estar presentes devido a trocas
iônicas, influência atmosférica e atividades antrópicas.
No gráfico H (Figura 62), foram feitas razões entre o somatório das
concentrações iônicas de Ca2+ e Mg2+ sobre o somatório das concentrações de HCO3- e
SO42-. Essa razão pode indicar se a fonte vem da dissolução de minerais como a calcita,
dolomita ou gipsita ou de troca iônica. A proximidade dos resultados da linha da razão
sugere que a fonte dos íons de Ca2+ e Mg2+ origina-se da dissolução destes minerais
citados. No entanto, o resultado apresenta os pontos plotados abaixo dessa linha e
deslocado para a direita, provocado por concentrações excessivas de SO42- ou HCO3-,
indicando que a fonte seria a troca iônica direta e uma parcela desses íons são
removidos da água (BARZEGAR et al., 2018; GUO et al., 2018; MOSAAD et al.,
2019).
O gráfico I (Figura 63) apresenta a razão entre o SO42- e Ca2+ a fim de apontar
se minerais sulfatados, como a anidrita (CaSO4), influencia na concentração de Ca2+ nas
águas do Rio Piraí, já que a relação entre eles é de 1:1, de acordo com a equação
CaSO4.2H2O ↔ Ca2+ + SO42- (BARZEGAR et al., 2018; MOSAAD et al., 2019). Todas
as amostragens em todos os períodos ficaram bem abaixo dessa razão, indicando que a
contribuição da gipsita é praticamente inexistente.
Por fim, foi utilizado no gráfico J (Figura 58) a relação de soma entre Ca2+ e
Mg2+ e o somatório total dos cátions. Essa razão é uma ferramenta utilizada para
compreender a contribuição da dissolução de rochas silicáticas e carbonáticas e seus
efeitos na química da água AHMED et al., 2012; REDDY et al., 2012; MOSAAD et al.,
2019). Os resultados se apresentaram semelhantes aos demonstrados em relação ao K+
no gráfico E.
Nas amostragens de fevereiro, as razões ficaram plotadas sobre a linha 1:0,5,
indicando que a contribuição da dissolução dos silicatos e consequentemente a liberação
de íons Ca2+ e Mg2+ são bastante significativas. Isso pode ser justificado pela
intensidade da precipitação que faz com que o escoamento superficial carreie esses
elementos em direção as águas.

130
Figura 63: Gráficos de Razão Iônica I e J.

Já nos meses de junho e outubro, quando a precipitação diminui


substancialmente, as fontes de Ca2+ e Mg2+ podem estar além do intemperismo dos
silicatos. O aporte desses elementos pode vir de atividades agrícolas e descarte de
efluentes.
As razões iônicas expostas corroboram os diagramas de Gibbs, Piper e Chadha
conferindo uma relação direta e significativo em relação ao intemperismo sobre rochas,
principalmente as silicáticas, além de identificar possíveis aportes antropogênicos. A
dominância de HCO3- e possíveis enriquecimentos em Ca2+, Na+ e Cl- na composição
iônica podem ainda caracterizar uma importante contribuição da dissolução de sais
presentes no solo.

5.3.9 Avaliação de irrigação

A água é um importante recurso para o desenvolvimento de diversas atividades


econômicas, entre elas, a agricultura. As informações sobre a qualidade da água
utilizada na agricultura têm importância crítica com o intuito de entender as mudanças
em sua composição, como os sais presentes em sua composição e possíveis níveis de
toxicidade especialmente em relação aos íons Na+ e Cl- e baseado nessas informações,
planejar as alterações necessárias em sua gestão (RAMAKRISHNAIAH et al., 2009).

131
A qualidade da água para irrigação é geralmente definida em termos de sólidos
totais dissolvidos, principais cátions e ânions (ETTEIEB et al., 2017). Os três principais
problemas associados a qualidade da água são a salinidade, a permeabilidade reduzida e
o aumento toxicidade de íons específicos (PHAM, 2017; SINGH et al., 2018)
Vários métodos têm sido aplicados para avaliar o efeito da água de irrigação em
plantas e solos. Nesta pesquisa, foram calculados os índices RAS, %Na, CSR e o RM a
fim de avaliar a qualidade da água para fins de irrigação. Os resultados estão
apresentados nas Tabelas 8, 9 e 10.
Tabela 8: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de fevereiro.
Fevereiro

Pontos Ano RAS %Na CSR RM (%)

P1 2019 0,61 53,97 2,53 24,38


P2 2019 0,46 50,69 3,23 35,81
P3 2019 0,3 44,37 3,33 37,86
P4 2019 0,23 39,95 2,93 13,57
P5 2019 0,5 54,01 3,22 41,06
P1 2016 0,59 54,28 2,21 22,74
P2 2016 0,41 48,48 3,05 32,9
P3 2016 0,33 45,13 3,19 37,29
P4 2016 0,25 44,39 2,71 30,25
P5 2016 0,45 51,47 3,02 38,68
P1 2012 0,58 55,78 1,84 19,35
P2 2012 0,42 49,88 2,45 28,94
P3 2012 0,37 50,03 2,96 38,14
P4 2012 0,37 52,77 2,26 39,16
P5 2012 0,28 43,7 2,79 32,94

Tabela 9: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de junho.


Junho

Pontos Ano RAS %Na CSR RM (%)

P1 2019 0,78 45,16 2,82 14,41


P2 2019 0,5 48,83 3,84 36,58
P3 2019 0,21 18,14 3,85 10,2
P4 2019 0,44 50,18 4,11 42,01
P5 2019 0,64 48,25 5,16 44,31
P1 2016 0,94 59,48 2,94 27,5
P2 2016 0,48 47,8 3,83 42,74
P3 2016 0,22 20,3 3,73 16,17
P4 2016 0,49 52,13 3,93 43,02
P5 2016 0,63 48,36 4,88 44,11

132
P1 2012 0,23 31,48 2,51 32,68
P2 2012 0,29 38,91 3,3 39,91
P3 2012 0,19 21,87 3,69 19,4
P4 2012 0,39 49,77 3,69 46,75
P5 2012 0,21 24,71 4,48 40,31

Tabela 10: Índices para Avaliação da Irrigação no mês de outubro.


Outubro

Pontos Ano RAS %Na CSR RM (%)

P1 2019 0,57 54,71 2,74 39,19


P2 2019 0,49 49,48 3,74 42,95
P3 2019 0,4 29,21 3,84 12,87
P4 2019 0,34 44,24 4,69 38,5
P5 2019 0,62 43,24 5,46 42,34
P1 2016 0,56 56,93 2,54 43,08
P2 2016 0,46 50,31 3,51 39,66
P3 2016 0,41 31,1 3,8 11,97
P4 2016 0,35 48,43 4,6 36,65
P5 2016 0,52 40,74 5,21 40,19
P1 2012 0,52 60,08 2,45 39,84
P2 2012 0,54 58,43 3,4 40,35
P3 2012 0,28 28,51 3,74 12,91
P4 2012 0,44 55,74 4,34 36,98
P5 2012 0,26 30,94 4,87 44,25

Com isso, na avaliação da qualidade da água para irrigação, são utilizados três
cálculos em relação ao Na+: Relação de Adsorção de Sódio (RAS), Percentual de Sódio
(%Na) e o Carbonato de Sódio Residual (CSR).
A Relação de Adsorção de Sódio é uma classificação publicada por Richards
(1954) com a finalidade de categorizar as águas disponíveis para irrigação através de
dois critérios: perigo de salinidade (C1 a C4) e do perigo de sodificação (S1 a S4). O
primeiro critério é baseado na condutividade elétrica, sendo dividida em quatro classes
(salinidade baixa, salinidade média, salinidade alta e salinidade muito alta). O segundo
critério leva em consideração a atividade relativa dos íons de sódio em reações de troca
catiônica com o solo e é dividida também em quatro classes (baixo, médio, alto e muito
alto).
Todos pontos monitorados em todos os períodos apresentaram a mesma
classificação de RAS: C1 - S1, exceto o P5 de outubro de 2019, que apresentou uma
classificação de C2 – S1 (Figura 64). Isso significa que as águas do Rio Piraí à montante

133
do Túnel de Tócos são caracterizadas por sua baixa salinidade (<250 uS/cm), podendo
ser usada para irrigação na maior parte dos cultivos em quase todos os tipos de solo,
com pouca probabilidade de desenvolver problemas de salinidade e de sodificação, já
que possui um baixo teor de sódio. No caso do ponto em exceção, sua condutividade é
um pouco acima de 250 uS/cm, sendo classificado como salinidade média.
Figura 64: Diagrama para classificação de águas para irrigação (RAS) segundo USSL.

O Percentual de Sódio (%Na) é outra ferramenta que auxilia na compreensão da


composição e qualidade da água. Uma água com sódio em excesso resulta em um solo
com drenagem deficiente, restringindo a circulação de água e ar fazendo com que o solo
se torne duro e seco (SALEH et al., 1999).
Os resultados desse índice mostraram que as águas do Rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos possuem uma qualidade boa para o uso para irrigação. Seus percentuais
variaram entre 60% a 20%, com média de 45%. Apesar de diversos pontos em
diferentes períodos apresentarem percentuais acima de 40%, a condutividade elétrica
está sempre abaixo de 250 uS/cm.
Além desses dois índices, é usual utilizar o cálculo de Carbonato de Sódio
Residual (CSR), onde Wilcox (1955) avalia a qualidade da água para irrigação através

134
de concentrações de bicarbonato, magnésio e cálcio. Uma quantidade excessiva de
bicarbonato é considerada prejudicial às propriedades físicas dos solos, pois causa a
dissolução de matéria orgânica no solo, além de aumentar a precipitação de Ca2+ e
Mg2+, possibilitando o aumento de bicarbonato de sódio no solo. Águas com CSR até
1,25 meq/l não oferece nenhum perigo, sendo considerada aceitável, com valores entre
1,25 e 2,5 meq/l é considerada regular ou tolerável e acima de 2,5 meq/l é considerada
uma água inaceitável ou inadequada para irrigação.
De acordo com o CSR, todos os pontos em todos os períodos de amostragem
ficaram acima do limite classificado como inadequado para irrigação, exceto o P1 em
fevereiro e outubro de 2012 que foram classificadas como toleráveis. Esse índice se
mostra maior em períodos com menores precipitações. Esse resultado é embasado na
alta disponibilidade e concentração de HCO3.
Por fim, o cálculo de Risco de Magnésio (RM) é um índice que indica se há
excesso de magnésio nas águas, o que pode reduzir a qualidade do solo, aumentando sua
alcalinidade e reduzindo sua produtividade (HOWLADAR et al., 2017). Todas as
amostragens ficaram abaixo do limite proposto para uma água de qualidade para uso
adequado de irrigação. Sua média geral ficou em 33%, variando desde 10% a valores
próximos a 47%.

5.3.10 Índice de qualidade de água (IQA)

Os resultados de IQA, apresentados na Tabela 11 e Figura 65, levam em


consideração as médias dos períodos amostrados. A maior parte dos pontos
apresentaram um resultado de IQA classificado como ‘bom’, com exceção do P5 em
fevereiro de 2019 e o mesmo ponto em outubro de 2015, que foram classificados como
razoáveis. Nenhum deles obteve uma classificação excelente ou ruim.
Tabela 11: Resultados dos Índices de Qualidade de Água.
fev/19 fev/16 fev/12
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
IQA 75 62 67 64 46 74 65 67 63 54 75 76 74 71 64
IQA médio 62,8 64,6 72
jun/19 jun/16 jun/12
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
IQA 73 61 64 62 55 75 62 64 63 54 72 62 67 65 63
IQA médio 63 63,6 65,8
out/19 out/16 out/12
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
IQA 74 61 64 61 51 72 59 64 62 61 74 65 65 58 55
IQA médio 62,2 61,5 63,4

135
Figura 65: Gráfico do IQA ao longo dos períodos de amostragem.

Como é visto na Figura 65, o Índice de Qualidade de Água está em declínio


neste trecho da microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos. A justificativa
deste declínio se reflete devido a três parâmetros: coliformes totais, turbidez e resíduo
total. Estes índices representam indicativos do desenvolvimento urbano e agrícola com a
presença de poluentes no corpo hídrico. Levando em consideração a ausência de fontes
industriais, a depreciação da qualidade da água do rio está relacionada ao lançamento de
efluentes domésticos in natura e ao aumento da atividade agrícola relacionado ao
desmatamento de margens, uso de fertilizantes e exposição do solo.
Como dito, o Rio Piraí a montante de Tócos abastece o Reservatório de Ribeirão
das Lajes, que por sua vez, fornece uma parte significativa de suas águas para o Rio
Guandu, principal responsável pelo abastecimento público do município do Rio de
Janeiro. Além do Rio Guandu, existem outros rios que são considerados como
essenciais e estratégicos para o abastecimento completo de todo o Estado. Portanto, se
destacam os rios Guapiaçu e Macacu, que abastecem três municípios da Região
Metropolitana; o Rio São João, que abastece oito municípios da Região dos Lagos; e o
Rio Paraíba do Sul, responsável pelo fornecimento de água para 17 municípios ao longo
de seu percurso, além de nove cidades na Região Metropolitana (INEA, 2022).
Com base nos dados disponíveis pelo INEA (2021), a fim de comparar o índice
de qualidade de águas do Rio Piraí com outros rios estaduais responsáveis também por
abastecimento público, temos a Tabela 12.

136
É possível observar que os rios responsáveis pelo abastecimento público do
Estado do Rio de Janeiro são todos classificados como de qualidade ‘razoável’. No
entanto, cada região tem sua especificidade em relação ao ambiente que o rio percorre.
O Rio São João percorre regiões interioranas, com pouco tratamento de esgoto e áreas
agrícolas extensas. O Rio Paraíba do Sul atravessa diversos centros urbanos, regiões
agrícolas e industriais e áreas de mineração.
Tabela 12: Comparação do IQA dos Rios responsáveis pelo abastecimento público do
Estado do Rio de Janeiro.
IQA ANO
Rio Paraíba do Sul¹ 61,6 2021
Rio Paraíba do Sul² 59,8 2020
Rio Macacu 65,6 2019
Rio São João 58,8 2020
Rio Guandu 67 2021
Rio Piraí (trecho do estudo) 62,2 2019
¹Trecho em Volta Redonda. ²Trecho em Campo dos Goytacazes.
Por sua vez, o Rio Macacu tem uma grande parte de sua bacia hidrográfica
localizada em áreas de preservação ambiental e mais a jusante que percorre regiões
urbanas com lançamento de efluente sem tratamento. Já o Rio Guandu é abastecido por
rios completamente poluídos, como o caso do Rio Queimados, que possui
concentrações exorbitantes de efluentes domésticos, industrias e agrícolas. No entanto,
em seu canal principal, o rio recebe as águas de Ribeirão das Lajes, vindas do Rio Piraí,
amenizando significativamente as adversidades trazidas por seus afluentes.

5.3.11 Matriz de coeficientes de correlação

O método estatístico escolhido foi a correlação de Spearman, tem por finalidade


estabelecer a variância comum entre variáveis. Ela é um ranqueamento entre os dados
de duas variáveis envolvidas. Essa correlação não paramétrica foi escolhida já que as
variáveis analisadas possuem distribuição normal, permitindo que as relações entre as
variáveis não sejam lineares e nem sejam medidas em intervalos (ZAR, 1999;
NAGHETTINI & PINTO, 2007; JOHNSON & BHATTACHARYYA, 2019).
Para este estudo, foram considerados 17 parâmetros e adotou-se valores de
coeficiente de correlação ≥ 0,80 para definir que as correlações são fortemente
significativas marcados de vermelho, entre 0,79 e 0,6 são significativos marcados de
amarelo e entre 0,59 e 0,50 são relevantes, marcados de verde. Nos diagramas das
associações geradas pelas correlações (CAMPOS & LICHT, 2021), foram sinalizadas as

137
correlações ≥ 0,65. As correlações foram separadas por ano de amostragem (2012, 2016
e 2019) e os coeficientes de correlação entre as variáveis e suas significâncias são
apresentados nas Tabelas 13, 14 e 15 e os correlogramas apresentados nas Figuras 66-
68.
Na correlação referente ao ano de 2012 (Tabela 13 e Figura 66), pode-se
observar correlação significativa positiva da variável sílica com as variáveis Mg2+ (r =
0,82), HCO3- (r = 0,89), STD (r = 0,91) e pH (r = 0,81), vindo a corroborar as definições
sobre o intemperismo sobre os silicatos na área de estudo. Outras correlações positivas
encontram-se entre os parâmetros HCO3- e pH (r = 0,83), sugerindo que a composição
da água pode estar sendo controlada pela dissolução de minerais carbonatados e que
essa dissolução pode estar influenciada pelo pH da água. Essa composição carbonática
pode ter sua origem relacionada a práticas de uso e manejo do solo para a agricultura, já
que este elemento se encontra em insumos agrícolas. Há também uma correlação
positiva entre Cl- e SO42- (r = 0,80), o qual pode estar associado a presença de efluentes
domésticos, mas também com fontes geogênicas com a presença de minerais sulfetados
e minerais com biotita e apatita em sua composição.
Além disso, a mais expressiva é a correlação entre HCO3- e STD (r = 1), que
indica que a composição dos sólidos totais dissolvidos depende da variação da
concentração de HCO3-. Por sua vez, o parâmetro OD apresentou correlação negativa
com a SiO2 (r = -0,79), K+ (r = -0,78), PO43- (r = -0,75), HCO3- (r = -0,71) e STD (r = -
0,75). Isso significa que as concentrações de oxigênio dissolvido na água só
influenciadas principalmente pela variação destes parâmetros. Quando a concentração
destes elementos aumenta, o OD presente na água do rio diminui e quando a
concentração cai, o OD se eleva.
Para a amostragem feita no ano de 2016, verificou-se correlação significativa
positiva (r = 0,55) entre a Mg2+ com o Na+ (r = 0,67) Ca2+ (r = 0,70), SiO2 (r = 0,88),
HCO3- (r = 0,65) e com o STD (r = 0,69), essa correlação é formada por constituintes de
origem natural, associados a microbacia de drenagem e ao intemperismo dos solos e
rochas silicáticas, além de atividades antropogênicas e aumento do regime fluvial,
aumentando assim o fluxo de escoamento superficial.

138
Tabela 13: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2012.
pH OD DBO STD SST HCO3- F- Cl- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2 SiO2
pH 1
OD -0,51 1
DBO -0,51 0,57 1
STD 0,82 -0,75 -0,61 1
SST 0,49 0 0,3 0,41 1
HCO3- 0,83 -0,71 -0,59 1 0,43 1
F- 0,62 -0,19 -0,35 0,59 0,53 0,59 1
Cl- 0,28 -0,02 -0,35 0,14 0,15 0,13 0,5 1
NO3- 0,05 -0,03 -0,2 0,07 0,04 0,1 -0,19 -0,03 1
PO43- 0,43 -0,75 -0,52 0,59 -0,21 0,58 -0,06 -0,05 -0,08 1
SO4-2 0,35 0,04 -0,47 0,2 0,1 0,18 0,65 0,8 -0,24 -0,14 1
Na+ -0,26 -0,13 -0,11 -0,01 -0,53 -0,02 -0,59 -0,47 0,13 0,44 -0,43 1
NH4+ 0,3 -0,22 -0,05 0,28 -0,08 0,29 -0,17 -0,34 -0,4 0,6 -0,21 0,5 1
K+ 0,39 -0,78 -0,36 0,66 0,08 0,63 0,14 -0,27 -0,05 0,57 -0,22 0,26 0,45 1
Ca2+ 0,33 -0,34 -0,55 0,45 -0,01 0,47 0,26 0,3 0,37 0,14 0,17 -0,01 -0,2 0,21 1
Mg2+ 0,66 -0,57 -0,65 0,79 0,31 0,79 0,7 0,56 0,04 0,43 0,44 -0,3 -0,01 0,29 0,59 1
SiO2 0,81 -0,79 -0,7 0,91 0,33 0,89 0,55 0,39 0,2 0,57 0,34 -0,12 0,12 0,55 0,4 0,82 1
Figura 66: Correlograma do período de amostragem referente ao ano de 2012.

139
Tabela 14: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2016.
pH OD DBO STD SST HCO3- F- Cl- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2 SiO2
pH 1
OD 0 1
DBO 0,4 -0,52 1
STD 0,43 -0,24 0,65 1
SST -0,11 -0,42 0,26 0,37 1
HCO3- 0,41 -0,28 0,62 0,99 0,41 1
F- 0,02 -0,16 0,64 0,54 0,43 0,54 1
Cl- -0,13 -0,26 0,31 0 -0,23 0,01 0,42 1
NO3- -0,06 0,5 -0,46 -0,12 0,03 -0,09 -0,08 -0,36 1
PO43- 0,42 0,45 0,02 0,19 -0,27 0,11 -0,12 -0,1 0,1 1
SO4-2 0,08 -0,44 0,5 0 -0,2 0 0,42 0,82 -0,45 -0,29 1
Na+ 0,25 0,2 0,19 0,31 -0,37 0,23 0,02 0,22 -0,37 0,36 0,14 1
NH4+ -0,31 -0,24 -0,4 -0,45 0,51 -0,38 -0,34 -0,36 0,3 -0,25 -0,32 -0,69 1
K+ -0,04 -0,1 0,15 0,53 0,09 0,47 0,06 0,06 -0,05 0,21 -0,09 0,6 -0,22 1
Ca2+ 0,06 0,08 0,18 0,48 -0,19 0,44 0,26 0,16 -0,24 0,06 0,05 0,64 -0,62 0,65 1
Mg2+ 0,4 -0,06 0,52 0,69 -0,09 0,65 0,55 0,48 -0,33 0,33 0,33 0,67 -0,78 0,48 0,7 1
SiO2 0,55 -0,22 0,64 0,8 0,07 0,75 0,47 0,16 -0,32 0,37 0,15 0,54 -0,64 0,47 0,56 0,88 1

Figura 67: Correlograma do período de amostragem referente ao ano de 2016.

140
Tabela 15: Correlação de Spearman do período de amostragem referente ao ano de 2019.
pH OD DBO STD SST HCO3- F- Cl- NO3- PO43- SO4-2 Na+ NH4+ K+ Ca+2 Mg+2 SiO2
pH 1
OD 0,64 1
DBO 0,47 0,37 1
STD 0 0,3 -0,48 1
SST -0,13 0,36 -0,45 0,56 1
HCO3- -0,01 0,32 -0,41 0,97 0,52 1
F- 0,31 0,34 -0,05 0,57 0,53 0,54 1
Cl- -0,13 -0,6 -0,35 -0,03 -0,15 -0,12 0,19 1
NO3- 0,14 0,35 0,44 0,11 0,25 0,17 0,51 -0,14 1
PO43- 0,1 0,27 -0,17 0,5 0,11 0,48 -0,19 -0,18 -0,11 1
SO4-2 0,54 0,33 0,24 0,11 0,19 0,05 0,76 0,35 0,48 -0,27 1
Na+ 0,05 -0,19 -0,32 0,26 -0,12 0,14 0,11 0,39 -0,42 0,05 -0,01 1
NH4+ -0,77 -0,81 -0,24 -0,25 -0,15 -0,18 -0,22 0,3 0,04 -0,37 -0,38 -0,19 1
K+ -0,22 -0,32 -0,39 0,31 0,11 0,27 0,26 0,22 -0,12 -0,16 -0,03 0,74 0,19 1
Ca2+ 0,21 0,13 -0,34 0,47 0,05 0,41 0,27 0,15 -0,23 -0,03 0,1 0,72 -0,36 0,59 1
Mg2+ 0,17 0,01 -0,56 0,73 0,24 0,63 0,44 0,3 -0,34 0,31 0,15 0,75 -0,3 0,62 0,69 1
SiO2 -0,03 -0,14 -0,66 0,66 0,4 0,54 0,46 0,36 -0,39 0,2 0,16 0,56 -0,13 0,5 0,44 0,9 1

Figura 68: Correlograma do período de amostragem referente ao ano de 2019.

141
As relações entre STD e HCO3- (r = 0,99), SiO2 e STD (r = 0,80) e Cl- e SO42- (r
= 0,82) permaneceram constantes em relação ao ano anterior. A correlação negativa
destacada na amostragem anterior, reduziu drasticamente, atingindo resultados
inferiores a r = -0,25.
Para a amostragem de 2019, as correlações positivas significativas foram as
mesmas observadas na campanha anterior (2016). Com correlação entre as variáveis
SiO2 (r = 0,90), Na+ (r = 0,75), STD (r = 0,73) e Ca2+ (r = 0,75) com o Mg2+,
corroborando a conceito de que o intemperismo de rochas silicáticas estão diretamente
relacionadas com a composição química da água neste trecho do Rio Piraí.
A correlação positiva entre o SO42- e o F- (r = 0,76) e a correlação negativa entre
OD e NH4+ (r = 0,81) sugerem a contribuição de efluentes oriundos de atividades
domésticas. A presença de fluoreto pode estar associada ao tratamento de água para
abastecimento público ou originado de excreções através da urina. Por sua vez, o NH4+
provém, geralmente, de processos degradativos de materiais residuais, de origem
vegetal ou animal e para realização desses processos é utilizado o oxigênio dissolvido
disponível na água, reduzindo sua concentração.
Ficou evidenciado que, além do intemperismo atuante sobre rochas silicáticas e
solos, os diferentes usos e ocupações do solo ao longo do rio podem provocar alterações
nas relações entre as variáveis, como no trecho do Rio Piraí à montante do Túnel de
Tócos. A agricultura é uma das responsáveis por alterações da composição da água e
entre suas correlações, principalmente devido à ocorrência de processos erosivos e o uso
de insumos agrícolas, como fertilizantes, pesticidas e adubos. Outro fator responsável e
evidente após a correlação, é a contaminação pode efluentes agrícolas, aportando
diversos elementos e aumentando suas concentrações normais.

5.3.12 Análise fatorial

A Análise Fatorial é uma ferramenta de modelagem estatística na qual permite


interpretar uma estrutura de um conjunto multivariado de dados, a partir da confecção
de matrizes de variância-covariância. Essa técnica tem como finalidade a redução do
número de variáveis, relaciona-las para que sejam classificadas e identificar os
principais parâmetros hidroquímicos que determinam a variância dos dados (JOHNSON
& WICHERN, 2002; BAKKE et al., 2008; HAIR et al., 2009). A análise fatorial foi
realizada para o conjunto de 45 amostras e 17 variáveis, apresentados nas Tabelas 16 e
17.

142
Tabela 16: Análise fatorial dos parâmetros amostrados nas águas do Rio Piraí.
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
pH 0,571 0,475 0,277 0,102 0,118
OD -0,163 0,757 -0,254 -0,22 -0,034
DBO -0,003 0,77 0,016 -0,085 -0,06
STD 0,891 0,019 0,027 0,288 0,28
SST 0,306 -0,111 -0,215 0,744 0,069
HCO3- 0,902 0,001 0,001 0,292 0,224
-
F 0,238 0,099 0,424 0,657 -0,102
-
Cl -0,019 -0,083 0,836 -0,045 0,387
-
NO3 0,17 0,418 0,295 0,208 0,061
PO43- 0,674 -0,099 -0,259 -0,524 0,02
-2
SO4 0,114 0,044 0,915 0,047 0,026
+
Na 0,193 0,148 0,18 -0,236 0,855
+
NH4 0,007 -0,66 -0,054 -0,255 -0,294
+
K 0,427 -0,084 0,11 -0,018 0,756
+2
Ca 0,204 0,208 0,01 0,39 0,708
+2
Mg 0,623 -0,09 0,317 0,116 0,586
SiO2 0,821 -0,027 0,218 0,134 0,294

Autovalores 5,824 2,221 1,947 1,705 1,093


% Variância Total 34,257 13,062 11,454 10,032 6,428

A análise fatorial apresentou 5 principais fatores que somados totalizam 75% de


representação, no qual o fator 1 explica 34,26% da variância total, apresentando
correlações positivas entre o pH, STD, HCO3-, PO43-, Mg2+ e SiO2. Essa relação entre
STD, HCO3-, Mg2+ e SiO2 está associada preferencialmente a processos de
intemperismo de rochas silicáticas e argilominerais. O aumento da concentração de
HCO3- é diretamente relacionado com o aumento de pH, promovendo águas mais
básicas.
Tabela 17: Fatores, Associações geoquímicas e explicação de fatores.
Fatores Associação Geoquímica Explicação do Fator
1 (+) pH, STD, HCO3-, PO42-, Mg2+, SiO2 intemperismo de rochas silicáticas e argilominerais
decomposição de material orgânico; crescimento de plantas
2 (+) OD, DBO (-) NH4+
aquáticas

3 (+) Cl-, SO42- aporte direto de efluentes domésticos; fontes geogênicas

4 (+) SST, F- (-) PO42- fases minerais (biotita e apatita); acúmulo de matéria orgânica

intemperismo de rochas silicáticas; contribuição de produtos de


5 (+) Na+, Ca2+, K+, Mg2+
origem agrícola e efluentes domésticos.

O fator 2, com variância total de 13,06%, apresentou correlações positivas entre


OD e DBO e negativa para o NH4+. Esse fator pode estar relacionado ao consumo de

143
matéria orgânica. A decomposição de material orgânico requer condições ambientais
favoráveis. Em condições aeróbias, o oxigênio é o principal produto a ser consumido
(VON SPERLING, 2005). Esse fator indica também a presença e o crescimento de
plantas aquáticas causando o processo conhecido como eutrofização.
O fator 3 apresentou variância de 11,45%, com correlações positivas entre o Cl-
e o SO42-, associada ao aporte direto de efluentes domésticos sem tratamento nas águas
do Rio Piraí. O sulfato pode estar presente também através de fontes geogênicas já
descritas na região.
O fator 4, com variância de 10,03%, aponta correlações positivas entre o SST e o
F- e negativa para PO42-. A relação positiva pode representar fases minerais presentes
nos sólidos em suspensão, como biotita e apatita, minerais que possuem flúor em sua
composição. A contraparte negativa do fator representada pelo PO42- pode indicar
vazões menores (fluxos laminares), que por sua vez, propiciam o acúmulo de matéria
orgânica na coluna d’água na fase dissolvida.
O fator 5 explica 6,43% da variância total, com correlações positivas entre o
Na+, Ca2+, K+ e o Mg2+. Essas relações podem estar associadas ao intemperismo de
rochas silicáticas, principalmente de k-feldspatos e plagioclásios, influência de
carreamento de material geológico e pedológico, além de contribuição de produtos de
origem agrícola e efluentes domésticos.
A determinação dos fatores através da análise fatorial está relacionada com o
resumo dos dados obtidos na amostragem e após a sua interpretação é atingindo um
número muito menor de conceitos do que de variáveis individuais originais (HAIR,
2009). Através do cálculo dos scores é possível criar um conjunto menor de variáveis
para substituir o conjunto original (HAIR, 2009). Os valores dos scores são
apresentados na Tabela 8 do apêndice e nas respectivas figuras a seguir.
O fator 1 (Figura 69) apresentou scores relacionado ao incremento de carga
dissolvida associada ao processo de diluição através da lavagem da microbacia. É
possível visualizar nos meses de fevereiro que os scores apresentam resultados
negativos, justificando essa diluição da carga dissolvida nas águas do Rio Piraí.
O fator 2 (Figura 70) apresentou scores negativos e positivos. Os scores
negativos indicam um maior aporte de matéria orgânica, provavelmente originados de
despejo de efluentes domésticos ou dejetos de criação de animais. Já os scores positivos
indicam um ambiente mais oxidado. Nos anos de 2012 e 2016, há a predominância de
scores negativos, podendo estar relacionados também com a diminuição da vazão.

144
Figura 69: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 1 nos períodos de amostragem.

Figura 70: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 2 nos períodos de amostragem.

Por sua vez, o fator 3 (Figura 71) mostra os scores com uma mudança de
comportamento tanto do Cl- quanto do SO42-, principalmente nas amostragens referentes
a 2019. Há um maior aporte de ambos os elementos e isso pode estar associado com o
aumento significativo do número de fontes relacionadas a esgoto doméstico. Existe

145
também uma maior concentração nos períodos secos de 2012 e 2016 e esse padrão
muda em 2019, podendo ser justificada pela mudança dos regimes de chuvas.
Figura 71: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 3 nos períodos de amostragem.

Os scores do fator 4 (Figura 72) apresentam correlações significativas


associadas ao aumento da vazão ao longo do canal principal do Rio Piraí. Esse aumento
da vazão pode estar relacionado a maior disponibilidade de material em suspensão, que
por sua vez, apresenta uma relação maior com fases minerais do que com a matéria
orgânica.
Figura 72: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 4 nos períodos de amostragem.

Por fim, o fator 5 (Figura 73) exibe scores sem um padrão, podendo estar
associado aos regimes de chuvas durante os períodos de amostragem. Pode representar

146
também a carga dissolvida de cátions oriundos do intemperismo e de atividades
antropogênicas. O aumento das atividades antropogênicas ao longo do tempo fez os
scores aumentarem no último ano de amostragem.

Figura 73: Gráfico da distribuição dos scores do Fator 5 nos períodos de amostragem.

5.3.13 Denudação química

Os resultados dos cálculos de denudação possibilitam compreender a influência


do substrato geológico, pedológico e geomorfológico na quantidade de material
dissolvido removido e transportado pelo Rio Piraí.
Apesar das contribuições atmosféricas e antrópicas, neste trabalho foram
considerados apenas os dados relativos às águas fluviais. Através do resultado
apresentado pela Tabela 18, é possível observar a taxa por período e a taxa anual de
material removido através da denudação (intemperismo químico). A partir desses
resultados, foram calculadas as taxas de denudação referentes aos anos de amostragem e
a média anual.
O comportamento denudacional durante os períodos secos, referentes a junho,
mostraram-se menores do que os demais períodos, com valores de 0,3 ton/km².quadr-1
em 2019, 0,48 ton/km².quadr-1 em 2016 e 0,36 ton/km².quadr-1 em 2012, o que pode ser
relacionado com a sua baixa vazão e baixo volume de precipitação.
Já no período chuvoso, os valores denudacionais se apresentam com valores
consideravelmente maiores. Na campanha de 2012, o valor é de 0,54 ton/km².quadr-1,
em 2016, esses valores aumentam para 0,82 ton/km².quadr-1 e em 2019, se mantém

147
próximo ao ano de 2016, com 0,76 ton/km².quadr-1. Nesse período, fica evidenciado que
a maior influência sobre a denudação é o aumento da precipitação média.
Tabela 18: Valores da Denudação Química dos períodos amostrados, somatório anual e
média anual.
Denudação da Denudação da Denudação
Denudação por Denudação
Microbacia por Microbacia Média da
período por ano
período por ano Microbacia
Ano Mês
ton/km2/quadrimestre ton/km2/ano ton/quadrimestre ton/ano ton/ano
Fevereiro 0,76 68,4
2019 Junho 0,3 1,3 27 117
Outubro 0,24 21,6
Fevereiro 0,82 73,8
2016 Junho 0,48 1,49 43,2 134,1 116,4
Outubro 0,19 17,1
Fevereiro 0,54 48,6
2012 Junho 0,36 1,09 32,4 98,1
Outubro 0,19 17,1

Nota-se uma denudação química de 1,09 ton/km².ano-1 para o primeiro ano, de


1,49 ton/km².ano-1 para o segundo ano da campanha e 1,30 ton/km².ano-1 para o último
ano de amostragem. Como dito anteriormente, a microbacia possui 90 km² de área,
portanto os valores denudacionais para toda a microbacia hidrográfica do Rio Piraí a
montante do Túnel de Tócos são de 98,1 ton/ano no primeiro ano, de 134,1 ton/ano no
segundo ano e 117 ton/ano no terceiro ano.
Com isso, leva-se a uma média de 116,4 ton/ano de material removido e
transportado neste trecho do Rio Piraí. Contudo, esse volume de material não
necessariamente é aportado no reservatório de Ribeirão das Lajes. Uma parte dele fica
retida no Reservatório de Tócos, que é o local onde a água vinda do Rio Piraí fica um
período e sua vazão é controlada pela abertura e fechamento das comportas do Túnel de
Tócos. Ou seja, há tempo hábil para parte deste material ser precipitado.
O material carreado através dos rios pode ter sua origem a partir de lixiviação de
margens e solos expostos devido a atividades agrícolas e silvicultura, material geologico
intemperizado e declividades no relevo.

7. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Para analisar a área da microbacia hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel


de Tócos relacionada com os impactos sobre os recursos naturais foram reunidos um

148
conjunto de informações confiáveis e objetivas que caracterizam a área de estudo e com
o auxílio de ferramentas gráficas foi possível elaborar uma linha temporal que indica as
alterações no uso e ocupação do solo e pode corroborar os resultados visualizados na
caracterização hidrogeoquímica das águas deste trecho do Rio Piraí (Figura 68).
No caso do trecho da microbacia hidrográfica do rio Piraí à montante do Túnel
de Tócos, realizou-se uma análise da evolução do uso e ocupação do solo entre os anos
de 2007, 2013, 2015 e 2019, tornando possível perceber que, durante estes períodos
houveram mudanças. A Figura 74 apresenta os resultados desta evolução e na Tabela 19
é possível encontrar uma explicação da evolução mais detalhada.
Tabela 19: Área em percentual da evolução do uso e ocupação do solo entre os anos de
2007, 2013, 2015 e 2019.
2007 2013 2015 2019
Uso e Ocupação do Solo
Área em percentual (%)
Vegetação Nativa 50,71 40,38 34,76 26,78
Área Urbana 0,46 0,72 0,84 1,12
Solo Exposto e Afloramentos 0,65 0,84 1,24 2,33
Área Agrícola e de Pastagens 45,56 55,21 59,87 64,84
Reflorestamento 0,58 0,69 0,97 2,38
Água 2,04 2,16 2,33 2,54

A vegetação nativa que em 2007 cobria 50,71% da área da microbacia passou


para 26,78% em 2019, uma diminuição de quase 24%, valor acima do mínimo previsto
no Código Florestal, que é de 20%. As áreas agrícolas e pastagens evoluíram em
19,28% sobre este tipo de uso, passando de 45,56% em 2007 para 64,84% em 2019. O
aumento das áreas agrícolas e das pastagens foram substituindo a vegetação nativa,
visualizado na Figura 75.
O desenvolvimento da agropecuária em função do detrimento da vegetação
nativa pode aumentar a liberação de gases do efeito estufa principalmente o CO2,
ocasionar o rebaixamento de lençóis freáticos e aquíferos, causada pela menor
infiltração de água das chuvas no subsolo, reduzir os índices pluviométricos, em
consequência da menor taxa de evapotranspiração das plantas, aumentar as temperaturas
locais e regionais, como consequência da maior irradiação de calor para a atmosfera e
menor cobertura florestal, entre outros (CERRI et al., 2006; MARCHÃO et al., 2009;
CARVALHO et al., 2009).

149
Figura 74: Comparação temporal do uso e ocupação do solo na área da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos.

150
Figura 75: Comparação entre a evolução do uso e ocupação do solo entre vegetação
nativa e áreas agrícolas e pastagens.

O crescimento urbano pode ser visto na diferença entre os 0,46% da área da


microbacia em 2007 para 1,12% em 2019, ocupando principalmente regiões próximas
ao leito do rio. O avanço da malha urbana e crescimento populacional, se não planejado,
pode vir a ter impactos em curto, médio e longo prazo no rio, sendo que alguns deles já
podem ser vistos, como a diminuição da vazão em determinadas épocas devido a
captação inapropriada de água e redução da qualidade da água causado por lançamentos
irregulares de esgoto doméstico. O ritmo de crescimento contínuo apresentado pode vir
a causar um desequilíbrio na disponibilidade hídrica.
Os resultados demonstrados na evolução do uso e ocupação do solo revelaram
também que, na microbacia do rio Piraí à montante do Túnel de Tócos está havendo
pontos de retenção de água do rio, ou seja, construção e ampliação de pequenas
barragens e reservatórios ao longo do canal principal e de seus tributários. Isso é visto
pelo aumento de 0,50% na área ocupada por água entre 2007 e 2019. Aspecto este que
interfere diretamente no regime hidrológico e hidráulico do rio já que diminui sua
vazão, pode vir a modificar a composição das comunidades biológicas aquáticas
nativas, interferência sobre a pesca, problemas de desertificação em algumas áreas, além
de favorecer o surgimento de processos erosivos.
Outro aumento expressivo visto nessa comparação temporal foi no aspecto de
solo exposto/afloramento. Esse aumento está mais concentrado na parte a montante do
rio Piraí e pode ser justificado pelo aumento do desmatamento em encostas dos morros
com a finalidade de ampliar áreas agrícolas, principalmente voltado para a horticultura,
já que estes locais possuem um clima mais ameno devido a altitude e a própria

151
vegetação nativa. Essa exposição de rochas e solos também ocorre ao longo do rio,
sobretudo em suas margens, porém, nesse caso, é devido a exploração de bens minerais
como a areia.
O reflorestamento citado nessa análise é a evolução da silvicultura, prática que
utiliza técnicas de manejo florestal para restaurar e melhorar o povoamento de florestas,
a fim de atender às exigências do mercado. Essas áreas são compostas majoritariamente
por eucaliptos e pinus (Figura 76). Houve um crescimento significativo entre 2007 e
2019, com um aumento de 1,8% em área. Esse aumento é justificado pelo crescimento
industrial e agropecuário no decorrer dos anos e consequentemente o aumento da
demanda de papel e celulose para embalagens e de madeira para energia (lenha, cavaco
e carvão vegetal).
Figura 76: Áreas de reflorestamento utilizando práticas de plantio de eucalipto.

Impactos decorrentes do uso e ocupação do solo de modo inadequado,


principalmente no aspecto da perda da cobertura vegetal nativa para o uso com
pastagem e agricultura e no aumento da exposição de solos, interferem diretamente no
abastecimento do lençol freático reduzindo o volume das águas superficiais disponível
no rio Piraí e diretamente nos processos econômicos da região.
As ocupações urbanas e rurais modificam a paisagem devido às múltiplas
utilizações dos recursos naturais e a superexploração antrópica. O consumo de recursos
sem estruturação e gerenciamento causa degradação ambiental nos ecossistemas

152
terrestres e aquáticos, principalmente em função das atividades econômicas e ocupações
desordenadas dos ambientes.
O aumento desses impactos relacionados ao uso da terra representa ameaças
consideráveis à biodiversidade e o resultado é a fragmentação ambiental (XIE et al.,
2017). Visto isso, a interpretação dos mapas de evolução de uso e ocupação do solo de
cada ponto de amostragem tem seus problemas, impactos e mitigações e foram
classificados de acordo com as classes de fragilidade ambiental propostas por Ross
(2012).
Estudos de fragilidade ambiental estão relacionados ao risco potencial de erosão,
deslocamento de massas de terra, desertificação, destruição de habitats, diminuição dos
mananciais, inundações, poluição, desmatamento, entre outros. Essa classificação
descreve áreas com menor ou maior indícios de fragilidade ambiental e são divididas
em cinco categorias: baixa, levemente baixa, média, alta e extremamente alta.
Áreas que apresentam condição de equilíbrio e estabilidade físico-naturais
possuem uma fragilidade ambiental considerada baixa, se apresentar uma característica
que não se inclui na classe anterior são classificadas como levemente baixas. Para ser
considerada com fragilidade ambiental média, a área deverá apresentar indícios de
impacto ambiental e requerem um estágio de maior atenção voltada para conservação e
proteção dos recursos hídricos, das florestas nativas e do solo.
Para uma fragilidade ambiental ser considerada alta, a área deverá apresentar
processos de degradação ambiental (física, química e biológica) que provocam
restrições as atividades antrópicas de ocupação e uso. Por fim, áreas com intensa
sensibilidade ambiental, inaptas a qualquer tipo de atividade antrópica são consideradas
com fragilidade ambiental extremamente alta.
Na área a montante do P1 é possível observar o crescimento de áreas agrícolas e
de pastagens em função da redução das áreas de vegetação nativa, indicando
desmatamento de locais vulneráveis a impactos ambientais, como as nascentes. Há
também um aumento de locais com exposição do solo e afloramento, pode ocasionar
processos erosivos devido a maior velocidade de escoamento e consequentemente
menor quantidade de água armazenada no solo.
Por sua proximidade com a vegetação nativa mais densa e locais de maiores
altitudes, a região do P1 é propícia para a expansão de horticultura e essa atividade pode
contribuir com a poluição originada pelo uso de fertilizantes e contaminações com
biocidas, elevando o nível de toxidade da água. Outro fator que pode contribuir para o

153
aumento da fragilidade ambiental é a presença de grandes granjas (Figura 77). O
despejo de matéria orgânica proveniente da avicultura pode aumentar os níveis de DBO
na água do rio.
Figura 77: Localização das granjas e do P1.

No trecho que é representado pelo P2, a fragilidade ambiental é classificada


como alta. Este trecho do rio atravessa o centro de Lídice, local com maior densidade
demográfica da região. É possível observar o lançamento in natura de esgoto doméstico
diretamente nos corpos hídricos e a existência de pequenos depósitos de lixo originados
de atividades domésticas e comerciais, localizados nas margens do Rio Piraí (Figura
78).
É importante destacar que a baixa cobertura da rede de saneamento básico e a
falta de estações de tratamento de esgotos fazem com que cheguem um grande volume
de cargas de poluentes orgânicos no rio ocasionando o decréscimo no teor de oxigênio
na água pela decomposição da matéria orgânica, e consequente redução da fauna
aquática na zona urbana. As alterações na qualidade da água do rio estão diretamente
relacionadas com as alterações na vegetação e no solo.
Desta forma, é vista a necessidade do aumento da infraestrutura voltada para o
tratamento de águas residuárias sanitárias e a elaboração de projetos e campanhas de

154
educação ambiental junto às comunidades juntamente com o aumento da fiscalização
dos órgãos públicos responsáveis.
Figura 78: Lançamento in natura de esgoto doméstico diretamente no rio Piraí.

A maior ocupação do trecho referente a região do P3 é pelas pastagens. É


caracterizada pela criação de gado bovino e pela bubalinocultura (criação de búfalos)
nas margens do rio, além da ausência de mata ciliar em suas margens e do
desmatamento de morros e encostas adjacentes (Figura 79).
Essas características contribuem para o aumento da concentração de coliformes
provenientes das atividades de pecuária, instabilidade das margens e encostas, produção
de sedimentos que são carreados para o rio devido ao escoamento superficial e
consequente desenvolvimento de processos erosivos como ravinas e voçorocas, fatores
que potencializam o assoreamento do rio. Sua fragilidade ambiental é considerada alta.
O processo de assoreamento em uma bacia hidrográfica pode ser minimizado
pela preservação das matas nativas, elaboração de projetos que abranjam práticas de
conservação do solo, retirada de parte destes sedimentos e intensificação de políticas
que controlem os processos erosivos das margens. Nos morros periféricos ao curso
d’água, podem ser implantadas obras hidráulicas que diminuam a velocidade das
correntes, como escadas e obstáculos transversais ao longo do talvegue e também o
reflorestamento de espécies de vegetação que fortaleçam a estrutura do solo e que
reduza a velocidade das águas.

155
Figura 79: No ponto P3 há currais com a presença de búfalos nas margens do rio (A e
B), margens assoreadas (C) e morros que apresentam processos erosivos em
desenvolvimento (D).

Essas características podem ser vistas também no trecho a jusante do P4, região
com morros arredondados com pouca ou nenhuma vegetação devido a expansão de
pastagens. Essa área passou por uma perda crescente da vegetação nativa, sendo
caracterizada pelo aumento da compactação do solo, diminuindo assim a capacidade de
infiltração das águas de chuva, interferindo no abastecimento do lençol freático e
recarga do rio e consequentemente interferindo no ciclo hidrológico local,
comprometendo a disponibilidade de água, alterando sua quantidade e qualidade.
No trecho próximo ao P4, é observado afloramento de gnaisses, formando
pequenas quedas com escoamento turbulento, contribuindo para o processo de
autodepuração, recuperando um pouco a qualidade da água. Apesar de passar por
processo de depuração, o rio continua tendo variáveis fora do enquadramento, pois
recebe mais contaminação de diversas fontes, em especial da localização de um posto de
gasolina em uma de suas margens (Figura 80). Este trecho tem classificação média.

156
Figura 80: Ponto P4 localiza-se escoamento turbulento ocasionado pela presença de
rochas aflorantes e posto de gasolina localizado em sua margem.

No trecho entre o P4 e o P5, foi possível observar pontos de extração mineral de


areia destinada ao uso na construção civil com equipamento denominado “draga” no
leito e nas margens do Rio Piraí (Figura 81). Esses tipos de extração causam processos
erosivos das margens causando sua instabilidade, aumentam a presença de sólidos em
suspensão contribuindo para o assoreando do corpo hídrico, além de destruir a
vegetação ciliar e comprometer a biodiversidade.
O método de extração de areia em leito de rio é feito utilizando uma draga, que
bombeia a areia e outros materiais presentes nas margens e no fundo do rio. Esse
material é enviado através de tubulações diretamente ao silo ou um local de depósito
enquanto que a água retorna ao rio juntamente com sedimentos finos. Esse tipo de
exploração juntamente com a forma de armazenamento do minério extraído proporciona
um grande volume de carga de material particulado e em suspensão no rio, além de
causar desmatamento e processos erosivos nos solos das margens, exposição do solo às
intempéries, danos à microbiota do solo e da água e redução espacial do “habitat” já que
a instalação desse tipo de empreendimento nas margens afasta os animais que vão até o
local para se hidratar.

157
Figura 81: Extração de areia nas margens e leito do rio Piraí através de “dragas” e as
formas de armazenamento do material extraído localizado entre os pontos P4 e o P5.

A região que está localizado o P5 recebe todos esses impactos relatados nos
pontos anteriores, já que o rio Piraí sofre um barramento e o rio transforma-se em uma
larga área alagada. Essa área alagada altera-se constantemente de acordo com os
períodos de chuva e seca e de menor e maior vazão do rio Piraí (Figura 82). É possível
observar nessa região, um grande volume de dejetos sólidos boiando ou presos na
vegetação das margens e nas comportas da Barragem de Tócos. No entanto, uma
parcela desses materiais consegue transpor e alcançar o Túnel de Tócos, com destino ao
Reservatório de Ribeirão das Lajes. Além disso, grandes volumes de material
particulado de variadas granulometrias também conseguem transpor essa barragem e
chegar ao Reservatório.

158
Figura 82: Variação do volume de água no ponto P5 entre os períodos de menor e
maior vazão do rio de acordo com época do ano.

Nesta região também se encontram locais onde a vegetação nativa foi substituída
por pastagens para criação de gado bovino (Figura 83). Por ser uma área
temporariamente alagadiça, a presença de animais do porte de bois e vacas causam a
compactação do solo, principalmente em períodos de transição para estações secas.
Com o passar do tempo, há o enfraquecimento das gramíneas deixando o solo mais
exposto aos processos erosivos, impulsionado pelo acesso do gado e ausência de mata
ciliar em muitos trechos do rio.
Figura 83: Lamaçal pisoteado por bois na margem desmatada do rio Piraí. Criação de
bois e larga pastagem na margem do rio próxima ao ponto P5.

A qualidade da água é um dos principais parâmetros para verificar o reflexo dos


impactos das ações naturais e antrópicas que ocorrem em uma bacia hidrográfica, sendo
possível observar efeitos de curto, médio e longo prazo. Esses impactos de degradação
da bacia geram efeitos sociais, econômicos e ambientais, onde propostas de mitigação
são necessárias para a recomposição da dinâmica dos ecossistemas.
O diagnóstico ambiental tanto em escala da bacia como na escala por pontos
identificou diversos impactos, seja impactos no meio físico, como impactos
socioeconômicos. Os impactos físicos que ocorrem na área de estudo foram a
159
contaminação, erosão e empobrecimento do solo, degradação da qualidade das águas
como poluição e assoreamento e desmatamento da mata ciliar nativa.
Em relação aos impactos socioeconômicos, o principal impacto é a degradação
da água do rio que abastece os centros urbanos e propriedades rurais, principalmente por
conta de a economia local e regional ser baseada na agropecuária. Outros tipos de
impactos também estão relacionados com a degradação da bacia hidrográfica, como
escorregamentos de encostas a qual dificulta o acesso por estradas e prejudica o
escoamento de produtos, como por exemplo frangos, leite, hortaliças e frutas, além da
presença de dejetos sólidos e líquidos que causam odor e propagação de insetos e
intensificação de cheias do rio, danificando propriedades ribeirinhas.
As águas do Rio Piraí à montante do túnel de Tócos foram enquadradas na
Classe 2 do CONAMA. Está previsto nesta resolução que as águas possuem as
seguintes finalidades para abastecimento doméstico após tratamento convencional,
necessitam de proteção das comunidades aquáticas, pode ser utilizada para recreação de
contato primário como natação e mergulho, aproveitada para irrigação de hortaliças e
plantas frutíferas e empregada para criação de espécies destinadas à alimentação
humana.
O estado de degradação contínuo em que se encontra a microbacia do rio Piraí à
montante do Túnel de Tócos e sua importância para o abastecimento público e
desenvolvimento rural deverão servir de incentivos para que ações de recuperação e
preservação de seus recursos sejam implementados por órgãos governamentais.
Melhorias como a expansão e melhoria na coleta e tratamento de esgoto
doméstico, preparo adequado do solo utilizando técnicas como plantio direto e rotação
de culturas, redução do uso de fertilizantes e pesticidas, preservação das matas ciliares,
transferência de criadouros de animais para locais afastados das margens do rio e
regulamentação e fiscalização de exploração mineral são alguns tópicos que podem vir a
restabelecer o equilíbrio ambiental e consequentemente recuperar e preservar a região
da bacia hidrográfica para que a perda de sua qualidade não traga consequências graves
para a saúde pública e também para a saúde econômica local.
A formação de um comitê de gestão desta microbacia hidrográfica no trecho
referente à montante do Túnel de Tócos será uma essencial e importante decisão a fim
de estabelecer ações de educação ambiental, planejamento de recuperação de áreas
degradadas e controle de poluição, já que possui uma função estratégica dentro de uma
gestão ambiental, que é reunir diversos setores da sociedade que são dependentes

160
diretos ou indiretos da bacia hidrográfica e a interação entre todos os setores em prol do
manejo sustentável será benéfico a todos.

8. GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS: PROBLEMAS, SOLUÇÕES E


CENÁRIOS FUTUROS

Os processos de planejamento e gestão da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí


no trecho à montante do Túnel de Tócos se iniciaram com estudos preliminares
utilizados por diversos autores, como a obtenção de dados e o levantamento de campo, a
avaliação dos recursos sociais e ambientais, a validação de diagnósticos e prognósticos
a fim de fundamentar distintos cenários, ações sociais, políticas e ambientais que
representem as necessidades coletivas, técnicas e econômicas e introduzir instrumentos
de educação ambiental e uso de sistemas tecnológicos (BEGOSSI, 1997; MARTIN,
2001; TUCCI et al., 2001; PHILIpoPPI et al., 2004; RUHOFF & PEREIRA, 2004). Foi
levado em consideração também, parâmetros como a heterogeneidade do uso e
ocupação do solo, questões financeiras de viabilidade e a disponibilidade de aptidão
humana capaz de executar as propostas da gestão.
As intensificações do uso dos recursos hídricos desta microbacia estão atreladas
a quatro principais fatores (i) concentração de demanda em áreas urbanas devido ao
crescimento populacional (ii) expansão da pecuária e consequente aumento da
dessedentação de animais (iii) aumento da demanda de água para irrigação com a
ampliação de áreas cultivadas (iv) dependência estratégica da energia na disponibilidade
hídrica.
Os principais impactos observados que a gestão proposta deve se atentar são a
erosão do solo, que carreiam sedimentos e assoreiam canais, captação de água
irregulares, degradação da qualidade das águas superficiais através de despejos de
efluentes domésticos, industriais e agrícolas sem tratamento, divergências acerca do uso
da água em ambientes a serem preservados e desmatamentos de áreas de margem ou
que possam afetar o ciclo hidrológico da região, como a silvicultura.
Outra problemática que não pode ser omitida é a manutenção da vazão ecológica
que não deve ser negligenciada, principalmente em épocas de estiagem, onde há um
encolhimento significativo da rede de drenagem devido à presença de rios intermitentes
e efêmeros, podendo ser intensificada pela insuficiência da recarga do sistema.

161
Além disto, é observado que construções de barragens e reservatórios, tanto para
abastecimento de propriedades privadas quanto para a produção de energia por meio de
pequenas centrais hidrelétricas, pode estar afetando significativamente a microbacia
hidrográfica em estudo.
Apesar de toda a legislação existente e vigente, além de órgãos e comitês
reguladores e gestores capacitados para executar os Planos de Recursos de Hídricos, as
organizações político-administrativas da União, dos Estados e dos Municípios são
limitadas, setores privados possuem interesses conflitantes com a legislação ambiental e
a sociedade pouco inserida nas decisões da gestão.
A partir do conhecimento das características físicas, químicas, biológicas e
socioeconômicas, dos impactos existentes e da falta de estrutura administrativa relatada,
é possível elaborar diversos projetos para solucionar e executar os planos de gestão de
recursos hídricos dividindo-os em curto, médio e longo prazo.
Os principais pontos a serem ofertados a curto e médio prazo são a retirada de
lixo sólido das águas e margens, diminuir a proliferação de algas, assinalar e monitorar
as nascentes, investir na captação e armazenamento de águas pluviais e no controle de
consumo da água na irrigação, em centros urbanos e na indústria, identificar e reduzir as
perdas durante a distribuição, criar e organizar programas de educação ambiental e
desenvolver projetos de reflorestamento.
A limpeza de material sólido de pequeno a grande porte leva em consideração a
retirada destes resíduos tanto da água superficial, com a colocação de ecobarreiras,
como das margens com a coleta manual e do fundo do rio, empregando técnicas de
dragagem. A redução da proliferação de algas pode ser feita utilizando sistemas
biodigestores, que consistem em câmaras sem luz e oxigênio, que usam bactérias
naturais (obtidas de restos de matéria vegetal) para digerir a matéria orgânica.
Para a preservação das nascentes, é necessário mapear e identificar todas as
nascentes ao longo do Rio Piraí e monitorá-las mensalmente, medindo a vazão e a
qualidade da água, além de aplicar programas de reflorestamento nessas áreas, com o
intuito de protegê-las e preservá-las. Com o objetivo de reduzir a quantidade de água
que é retirada do rio, cisternas e barreiros podem ser construídos a baixo custo e
posteriormente utilizados para captação e armazenamento de águas pluviais, além de
identificar perdas por vazamento em redes de distribuição de água e adotar medidas de
controle de consumo, tanto agrícola, através de técnicas de gotejamento, como urbano e
industrial, através de práticas de utilização de água de reuso.

162
A realização de programas de educação ambiental em locais públicos e privados
visam à conscientização da população e à proteção dos corpos d'água, informando,
ensinando e esclarecendo conceitos relacionados com o meio ambiente,
sustentabilidade, preservação e conservação. Por sua vez, os projetos de
reflorestamento, principalmente da mata ciliar, terão como objetivo promover e acelerar
a restauração de ambientes naturais degradados através da recomposição da cobertura
vegetal, a fim de melhorar a estabilização dos solos, reduzindo os riscos de
desmoronamento de margens e encostas, formar corredores ecológicos visando a
preservação da fauna, reduzir o carreamento de sedimentos prevenindo o assoreamento
de rios e canais e melhorar a qualidade da água.
Já para um planejamento a médio e longo prazo, é possível, segundo Tucci et al.
(2001), desenvolver e aplicar projetos gestores institucionais, urbanístico, ruralista e
energético. Órgãos institucionais político-administrativos federais, estaduais e
municipais precisam se fortalecer, descentralizar a gestão, dando maior controle à
gestão municipal e a população, além de implementar e regular comitês.
O desenvolvimento urbanístico deve tratar como prioridade a criação ou
melhoramento dos sistemas de drenagem pluvial e fluvial a fim de evitar enchentes,
incentivar e financiar obras para tratamento de efluentes domésticos e industriais e
monitorar e conservar áreas de reservatório, através de reflorestamento de suas áreas e
de controle da sua captação.
Possíveis soluções para o âmbito rural estão associadas a melhoria e fiscalização
do uso apropriado do solo, desenvolvimento de programas de financiamento agrícola
com foco na melhor eficiência quando se trata de irrigação e da criação de animais e
reduzir o uso de pesticidas e fertilizantes. No contexto energético, a diminuição da
dependência de recursos hídricos é a decisão mais sensata.
Um País com dimensões continentais tem recursos suficientes para diversificar
sua matriz energética. Investimentos em pesquisa, construção e crescimento de parques
eólicos, usinas termoelétricas a gás e sistemas de energia solar acessíveis e de baixo
custo são soluções de médio prazo.
Essas propostas podem ser financiadas com recursos público, através de fundos
como o FNMA (Fundo Nacional do Meio Ambiente) e FNCA (Fundo Nacional de
Compensação Ambiental), recursos público-privado, instaurando Comitês de Bacia e
recursos privados, através de incentivos fiscais baseado em consumo de água,
reflorestamento e impacto gerado pela atividade.

163
Segundo Gallopin e Rijsberman (1999), três classes de cenários futuros podem
ser desenvolvidas para o uso de recursos hídricos em pequenas e microbacias
hidrográficas. O primeiro cenário seria uma representação do contexto atual, ou seja,
um cenário critico onde a exploração inadequada e política de gestão insignificante
levem à exaustão o sistema hídrico. O segundo cenário apresenta uma base conceituada
em representar o recurso hídrico como um bem econômico, com cobrança do uso da
água, tendo como propósito alcançar padrões sustentáveis, permitir o desenvolvimento
de tecnologias e ampliar a colaboração e integração pública, privada e social. O terceiro
cenário expõe valores sociais amplos e plurais. Indica a tentativa de priorizar a vontade
coletiva com ênfase na educação e qualidade de vida para todos.
Em suma, para o desenvolvimento do planejamento e a execução da gestão dos
recursos hídricos no Rio Piraí e em pequenas e microbacias hidrográficas em geral, a
reavaliação do Plano Nacional de Recursos Hídricos juntamente com a implementação
dos comitês de bacia se torna prioridades. Estes dois projetos têm como intenção
promover a proteção e restauração de mananciais e mata ciliares, ampliar o
desenvolvimento em pesquisa e tecnologias para conservação e melhor uso do solo,
melhorar a eficácia na prevenção de enchentes e secas e impulsionar investimentos em
recursos para tratamento de esgoto (TUCCI et al., 2001).
As pequenas e microbacias hidrográficas são fundamentais para o futuro e está
sendo fundamental para o abastecimento de água em todo o planeta. Não é uma tarefa
simples elaborar, de forma participativa, o planejamento da gestão de recursos hídricos,
mas o maior desafio é torná-lo uma realidade.

9. CONCLUSÃO

O estudo das características geoambientais e hidrogeoquímicas da microbacia do


Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos ao longo dos anos permitiu avaliar tanto a
composição das águas, como o comportamento e a dinâmica dos elementos dissolvidos,
bem como verificar os processos erosivos atuantes, devido ao uso e ocupação do solo
que vem se tornando cada vez mais intenso nessa microbacia, como também
caracterizar que na bacia estudada ocorrem influências antrópicas, principalmente
associadas a esgotos domésticos.
Os dados hidrogeoquímicos referentes aos parâmetros físico-químicos e íons
dissolvidos apresentaram interpretações passiveis de que as águas deste trecho do Rio

164
Piraí estão se tornando mais alcalinas, devido a intensificação da influência antrópica na
região, como o maior aporte de efluentes domésticos e resíduos agropecuários,
contribuindo para aumento da comunidade de algas fotossintetizantes. Essas questões
são corroboradas pelo crescimento ao longo dos anos por parâmetros como
condutividade elétrica, turbidez, clorofila-a, DBO, STD e SST.
A química da água da Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí à montante do Túnel
de Tócos é controlada pelo HCO3-, seguido pelo Ca2+, Na+, Cl-, K+ e Mg2+, sugerindo
processos de intemperismo químico, como reações de dissolução ou hidrólise de
minerais primários e o aporte de material oriundos de atividades agrícolas e efluentes
domésticos. As concentrações de elementos como o Cl-, Br-, SO42- e NH4+ estão
relacionadas ao aumento do lançamento de efluentes domésticos sem tratamento prévio
e contaminação via fossas sépticas.
Por sua vez, a concentração dos íons F-, NO3-, PO43-, K+, Ca2+ e o Na+ podem
estar relacionados com aplicação de fertilizantes na região e ao consequente escoamento
superficial devido a maior exposição de solos. Por sua vez, o Mg 2+ e a SiO2
apresentaram concentrações que possibilitaram evidenciar possíveis aportes difusos
associados a alterações de rochas, tendo como principal fonte seria o intemperismo dos
silicatos.
Para entender as relações físico-químicas, os processos atuantes e
comportamentos dos elementos foram utilizadas diversos diagramas, relações diretas e
ferramentas estatísticas Primeiramente, o Diagrama de Gibbs apresentou a dominância
da interação água-rocha, sugerindo o intemperismo químico como principal mecanismo
que controla a química das águas. O Diagrama de Piper indicou que a maior parte das
fácies hidrogeoquímicas identificadas variam entre bicarbonatadas cálcicas e
bicarbonatadas mistas. Já o Diagrama de Chadha apresentou uma classificação onde os
ânions ácidos fracos excedem ânions ácidos fortes. As relações iônicas indicaram que o
intemperismo dos silicatos é o processo que atua de maneira mais significativa na
relação geoquímica da água, podendo estar associadas a troca iônica direta, dissolução
de sais presentes no solo e nas rochas, além de contribuições de atividades antrópicas
pontuais e difusas.
A qualidade da água para fins de irrigação foi classificada como de baixa
salinidade, baixa probabilidade de desenvolver problemas de salinidade, o que apresenta
uma boa qualidade para o uso para irrigação. Os resultados de IQA apresentaram um
resultado classificado como ‘bom’. Comparando essa classificação com outros rios

165
voltados para o abastecimento público do Estado do Rio de Janeiro, o trecho do Rio
Piraí à montante de Tócos possui uma qualidade melhor do que de outros rios
estrategicamente importantes, como o Guandu, Paraíba do Sul e São João.
Em relação as matrizes de correlação e análise fatorial, os resultados obtidos
corroboraram as relações de intenso intemperismo de silicatos, a presença de efluentes
domésticos, o consumo de matéria orgânica, atuação de processos de eutrofização e
contribuição de produtos de origem agrícola, como fertilizantes e pesticidas.
O cálculo da denudação química permitiu quantificar a quantidade de material
dissolvido removido e transportado pelo rio onde foi mensurado para todo o trecho da
microbacia hidrográfica do Rio Piraí a montante do Túnel de Tócos uma média de 116,4
ton/ano de material removido e transportado. Contudo, esse volume total calculado não
é aportado diretamente no reservatório de Ribeirão das Lajes, já que uma parte fica
retida no Reservatório de Tócos devido a abertura e fechamento das comportas do Túnel
de Tócos.
Por sua vez, o diagnóstico ambiental demonstrou as condições ambientais atuais
frente à interferência antrópica da área estudada. Foi identificada a diminuição de quase
24% em relação a vegetação nativa, enquanto as áreas agrícolas e pastagens evoluíram
em 19,28%. Essas mudanças podem ter relação com os impactos físicos identificados na
área de estudo como a erosão das margens, degradação da qualidade das águas com o
aporte de efluentes agrícolas, assoreamento e desmatamento da mata ciliar nativa.
O crescimento urbano aumentou de 0,46% da área ocupada na microbacia para
1,12%, gerando a degradação da água do rio com a presença de dejetos sólidos e
líquidos causando odor e ajudando na propagação de insetos e também o desmatamento
das margens, que aceleram processos erosivos causando instabilidade e
escorregamentos de encostas e a intensificação de cheias do rio a partir do assoreamento
e desvios irregulares de suas águas. Esses fatores causam impactos socioeconômicos de
curto a longo prazo para a população, tanto local como também para os futuros usuários
destas águas, já que aumenta o custo de seu tratamento.
A degradação ambiental da microbacia hidrográfica do rio Piraí à montante do
Túnel de Tócos vem ocorrendo de forma lenta, porém progessiva, possivelmente por
um uso e ocupação do solo mais intensivo e executado de formas equivocadas,
principalmente em relação a agricultura, a expansão de pastagens e o desenvolvimento
da silvicutura. Outro fator observado que contribui para a degradação é a falta de coleta
e tratamento de efluentes domésticos.

166
Para conter o estado de degradação contínuo, a ideia é implantar um plano de
gestão de recursos hídricos com a formação de um comitê de bacia hidrográfica
composto por órgãos governamentais, agentes privados e agentes da sociedade civil.
Sua finalidade seria de promover ações de recuperação e preservação de suas águas,
margens e matas ciliares, elementos de suma importância para a manutenção das
qualidades das águas da microbacia do Rio Piraí à montante do Túnel de Tócos.
Essa gestão de recursos hídricos deverá atuar com três principais problemáticas
atuantes no Rio Piraí. São elas: o aumento da demanda de água devido ao crescimento
populacional e a ampliação de áreas cultivadas, a expansão da pecuária para áreas
próximas as margens do rio e a coleta e tratamento das águas utilizadas nos centros
urbanos.
Com esse conjunto de informações, este estudo sugere a formação de um comitê
representativo de diversas camadas sociais para a elaboração de programas de gestão da
Microbacia Hidrográfica do Rio Piraí no trecho à montante do Túnel de Tócos como um
dos processos fundamentais de desenvolvimento regional, atendendo variáveis
ambientais, sociais, econômicas e culturais. O planejamento sobre a gestão de seus
recursos hídricos é visto como essencial para conter as crises hídricas que vem se
tornando cada vez mais frequentes e garantir assim, um recurso tão importante para a
população.

167
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195
APÊNDICE
Tabela 1: Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas do Rio Piraí referente ao mês de fevereiro.
fev/19 fev/16 fev/12
Parâmetros Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
Prof. da estação m 1,3 1,2 1,5 1,3 3,5 0,8 1,6 1,2 2,5 2,5 0,9 1,1 1,4 2 3,2
Temp. da água ºC 22,88 22,3 23,14 23,04 23,15 21,5 21,7 23 24,6 27,4 22,18 21,97 23,8 22,9 22,8
Condutividade uS/cm 117,36 144,17 146 125,05 146,57 102,86 134,92 139 117,6 133,81 85,14 108,52 127,88 98,79 121,84
pH - 6,84 7,04 7,1 6,98 6,48 6,39 6,42 6,56 6,38 6,48 4,97 5,9 5,86 5,5 6,46
OD mg/L 8,07 8,23 8,39 8,52 3,94 6,38 5,14 6,93 6,02 4,38 8,9 9,14 8,48 8,1 8,34
Turbidez UNT 11,6 21,3 49,3 48,7 192 8,01 21 21,3 21,15 99,8 12,46 22,89 27,25 31,98 64,42
Vazão m³/s 4,49 13,08 16,24 31,38 - 5,62 14,06 18,63 36,76 - 3,69 11,21 13,44 28,26 -
Coliformes NMP/100mL 345 1510 1510 1955 2419 220 1230 1770 1800 2419 278 1200 2020 2130 2419
DBO mg/L 7,96 8,17 8,21 7,81 3,44 2,09 1,02 2,35 1,82 3,58 5,25 6,17 5,98 7,91 5,43
STD mg/L 180,6 221,8 224,6 192,4 225,5 158,2 207,6 213,8 180,9 205,9 131 166,9 196,7 152 187,4
SST mg/L 6,78 12,63 17 25,17 45,2 14,23 22,48 37,17 40,82 53,12 11,35 18,2 21,57 23,41 35,67
Clorofila ug/L 1,4 2,2 5,5 4,2 3,5 1,1 1,8 3,7 3,9 3,1 0,9 1,4 2,4 2,6 2,5
Bicarbonato mg/L 165 206 211 184 205 145 195 202 171 192 120 157 187 143 177
Fluoreto mg/L 0,099 0,134 0,799 0,11 0,356 0,072 0,095 0,482 0,113 0,206 0,045 0,056 0,331 0,095 0,155
Cloreto mg/L 2,725 3,363 1,816 0,458 4,213 1,987 2,354 2,163 1,566 2,816 1,632 1,755 1,542 1,431 2,013
Brometo mg/L 0,231 0,152 0,229 0,194 0,171 0,199 0,143 0,187 0,168 0,158 0,165 0,124 0,167 0,155 0,133
Nitrato mg/L 0,358 0,703 0,71 0,101 0,491 0,21 0,21 0,29 0,23 0,18 0,158 0,115 0,027 0,167 0,009
Fosfato mg/L 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,005 0,01 0,005 0,004 0,003
Sulfato mg/L 0,673 1,025 0,86 0,235 1,27 0,533 0,703 0,661 0,33 0,815 0,436 0,455 0,495 0,237 0,762
Sódio mg/L 4,19 2,88 1,8 1,11 3,07 3,88 2,55 1,91 1,27 2,64 3,43 2,36 1,97 1,75 1,51
Amônio mg/L 0,189 0,213 0,197 0,19 0,204 0,07 0,1 0,09 0,11 0,14 0,021 0,102 0,041 0,014 0,046
Potássio mg/L 1,07 1,1 1,07 0,32 1,31 0,957 0,998 0,795 0,81 0,976 0,665 0,741 0,786 0,786 0,842
Cálcio mg/L 2,71 1,92 1,65 1,47 1,68 2,52 1,95 1,58 1,33 1,62 2,13 1,74 1,31 1,05 1,51
Magnésio mg/L 0,53 0,65 0,61 0,14 0,71 0,45 0,58 0,57 0,35 0,62 0,31 0,43 0,49 0,41 0,45
Sílica mg/L 2,77 3,65 3,87 4,05 7,01 2,36 2,88 3,11 3,64 3,68 1,98 2,06 2,57 2,88 3,01

196
Tabela 2: Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas do Rio Piraí referentes ao mês de junho.
jun/19 jun/16 jun/12
Parâmetros Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
Prof. da estação m 1,1 1,3 1,3 1,7 1,2 1,3 1,4 1,1 1,1 0,5 1 1,2 1,6 2,4 1,5
Temp. da água ºC 17,12 17,04 18,34 17,23 18,24 17,31 17,65 18,04 17,73 19,43 18,9 18,97 20,3 19,8 17,47
Condutividade uS/cm 154,4 171,46 196,08 178,35 234,01 141,05 170,77 184,99 171,47 223,22 115,82 146,63 173,49 159,93 203,99
pH - 8,46 7,9 7,72 7,54 6,84 6,87 6,93 7,18 7,35 6,84 6,41 6,33 6,6 6,64 6,48
OD mg/L 9,13 9,15 9,46 9,78 7,28 7,5 7,42 5,43 5,1 3,89 7,25 7,02 7,12 7,72 6,85
Turbidez UNT 17,62 28,15 37,46 39,15 42,42 13,53 15,02 24,87 38,59 46,2 11,26 15,13 22,57 33,18 42,11
Vazão m³/s 1,65 2,98 3,58 8,91 - 3,27 4,49 4,14 15,22 - 3,52 3,96 4,26 12,84 -
Coliformes NMP/100mL 450 1010 1010 1860 2419 450 1170 1450 1790 1940 280 990 1750 1950 2050
DBO mg/L 8,32 7,32 7,76 8,6 5,25 3,08 3,32 3,88 3,9 4,85 3,57 2,43 1,78 3,39 2,31
STD mg/L 237,54 263,78 301,66 274,39 360,01 217 262,73 284,6 263,8 343,42 178,18 225,58 266,91 246,05 313,84
SST mg/L 22,29 25,71 26,29 25,57 24,4 12,61 18,14 25,88 36,54 32,47 12,18 14,98 17,22 28,13 32,57
Clorofila ug/L 0,9 0,6 6,7 0,6 2,6 0,5 0,5 4,7 0,4 2,1 0,4 0,3 4,3 0,3 1,9
Bicarbonato mg/L 206 246 275 259 334 194 245 260 248 316 165 211 247 232 292
Fluoreto mg/L 0,133 0,133 0,899 0,133 0,213 0,126 0,128 0,755 0,143 0,245 0,115 0,132 0,875 0,136 0,206
Cloreto mg/L 2,104 2,772 2,431 2,274 3,22 2,278 2,657 2,34 2,286 3,513 2,11 2,521 2,352 2,121 2,953
Brometo mg/L 1,341 1,298 1,736 1,522 1,705 1,117 1,214 1,583 1,415 1,538 0,895 0,961 1,216 1,013 1,149
Nitrato mg/L 0,644 0,677 0,668 0,689 0,496 0,2 0,198 0,23 0,1 0,13 0,051 0,074 0,261 0,109 0,124
Fosfato mg/L 0,01 0,02 0,01 0,09 0,01 0,46 0,43 0,01 0,01 0,01 0,01 0,37 0,01 0,04 0,01
Sulfato mg/L 0,544 0,831 0,773 0,84 1,014 0,671 0,655 0,805 0,815 0,993 0,662 0,681 0,711 0,779 0,82
Sódio mg/L 9,44 3,56 2,84 2,64 5,8 7,51 3,34 2,57 2,93 5,54 1,67 1,91 1,81 2,17 1,86
Amônio mg/L 0 0,012 0 0 0,257 0,01 0,01 0,01 0,03 0,01 0,025 0,025 0,024 0,09 0,018
Potássio mg/L 1,95 0,99 0,9 0,83 1,5 1,13 0,933 0,945 0,796 1,43 0,595 0,805 0,86 0,739 0,817
Cálcio mg/L 9,59 2,4 11,9 1,57 3,48 3,52 2,12 8,97 1,55 3,32 2,58 1,96 5,82 1,22 3,71
Magnésio mg/L 0,98 0,84 0,82 0,69 1,68 0,81 0,96 1,05 0,71 1,59 0,76 0,79 0,85 0,65 1,52
Sílica mg/L 5,48 5,21 5,35 5,08 10,07 5,17 5,08 5,33 5,01 9,1 3,71 4,35 5,12 4,98 8,65

197
Tabela 3: Resultados dos parâmetros físico-químicos das águas do Rio Piraí referentes ao mês de outubro.
Outubro-19 out/16 out/12
Parâmetros Unidade
P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5
Prof. da estação m 0,9 1,1 1,1 1,8 1,5 1 1,2 0,6 1,7 1 1 1,1 1,6 2 1,2
Temp. da água ºC 21,18 21,35 23,72 23,56 24,41 23,3 26,82 29,55 29,26 34,36 20,9 21,02 22,5 23,03 22,9
Condutividade uS/cm 126,1 166,91 195,74 201,05 254,55 115,02 155,08 187,77 195,47 239,57 108,63 147,76 176,28 184,21 216,62
pH - 7,66 7,19 7,04 6,88 6,98 7,6 7,44 7,43 7,3 7,25 5,51 6,07 6,45 6,97 6,59
OD mg/L 8,37 7,72 8,55 8,77 8,43 6,63 5,02 6,06 6 6,11 6,84 7,2 6,35 6,56 5,73
Turbidez UNT 15,12 20,94 28,85 19,38 115,4 22,42 35,25 32,7 33,32 49,17 22,41 32,35 19,51 29,8 67,22
Vazão m³/s 1,78 2,52 3,36 7,17 - 1,29 1,69 2,23 5,93 - 1,6 1,79 3,71 6,48 -
Coliformes NMP/100mL 410 2419 2419 2419 2419 350 1606 1597 2259 2419 260 340 1230 1850 1980
DBO mg/L 7,97 7,58 6,18 7,77 4,35 2,33 3,47 3,13 3,81 2,9 3,97 2,15 1,92 3,8 3,98
STD mg/L 194,01 256,78 301,14 309,3 391,62 176,95 238,59 288,88 300,72 368,57 167,13 227,33 271,2 283,41 333,26
SST mg/L 3,85 6,2 16,59 25,59 77 2,14 27,15 35,85 46,52 46,88 1,55 4,8 12,98 21,35 38,74
Clorofila ug/L 0,4 0,9 1,7 1 9,4 0,2 0,7 1,4 1,5 8,6 0,2 0,8 1,2 1,1 7,3
Bicarbonato mg/L 176 239 273 295 361 162 223 264 288 343 155 214 252 271 315
Fluoreto mg/L 0,12 0,12 0,124 0,125 0,178 0,111 0,113 0,116 0,121 0,154 0,103 0,104 0,112 0,114 0,135
Cloreto mg/L 4 2,89 1,86 1,14 2,37 2,33 2,05 1,77 0,85 2,13 1,98 1,62 1,43 0,61 1,85
Brometo mg/L 0,871 0,827 1,2 0,884 0,751 0,712 0,683 1,031 0,732 0,623 0,591 0,481 0,887 0,665 0,442
Nitrato mg/L 0,251 0,026 0,032 0,783 0,157 0,354 0,11 0,188 0,51 0,258 0,045 0,071 0,126 0,086 0,101
Fosfato mg/L 0,02 0,19 0,02 0,33 0,22 0,03 0,26 0,01 0,06 0,13 0,06 0,23 0,13 0,49 0,35
Sulfato mg/L 0,837 0,777 0,756 0,596 0,318 0,742 0,655 0,631 0,524 0,388 0,512 0,487 0,477 0,368 0,351
Sódio mg/L 3,58 3,31 5,12 2,12 6,81 3,12 2,88 4,76 1,95 5,4 2,53 2,94 2,85 2,32 2,27
Amônio mg/L 0,089 0,11 0,071 0,125 0,09 0,062 0,087 0,035 0,11 0,05 0,068 0,226 0,056 0,132 0,098
Potássio mg/L 0,85 0,97 1,5 0,9 2,13 0,81 0,93 1,12 1,05 1,76 0,92 1,16 1,21 1,2 1,25
Cálcio mg/L 1,79 1,97 11,05 1,79 5,32 1,35 1,78 9,21 1,51 4,88 1,07 1,34 6,78 1,32 3,26
Magnésio mg/L 0,7 0,9 0,99 0,68 2,37 0,62 0,71 0,76 0,53 1,99 0,43 0,55 0,61 0,47 1,57
Sílica mg/L 4,9 5,69 5,41 4,83 9,9 4,71 5,33 5,25 4,77 7,81 3,82 4,12 4,53 4,63 6,58

198
Tabela 4: Concentração, em meq/L, dos íons dissolvidos nas águas do Rio Piraí
referentes ao mês de fevereiro.
Fevereiro Cl- SO4-2 HCO3- Na+ K+ Mg+2 Ca+2 NO3-
Pontos Ano (meq/L)
P1 2019 0,076872 0,014012 2,70435 0,182265 0,027371 0,043587 0,135229 0,005775
P2 2019 0,09487 0,021341 3,37634 0,12528 0,028138 0,053456 0,095808 0,011339
P3 2019 0,051229 0,017905 3,45829 0,0783 0,027371 0,050166 0,082335 0,011452
P4 2019 0,01292 0,004893 3,01576 0,048285 0,008186 0,011514 0,073353 0,001629
P5 2019 0,118849 0,026441 3,35995 0,133545 0,03351 0,05839 0,083832 0,00792

P1 2016 0,056053 0,011097 2,37655 0,16878 0,02448 0,037008 0,125748 0,003387


P2 2016 0,066406 0,014636 3,19605 0,110925 0,025529 0,047699 0,097305 0,003387
P3 2016 0,061018 0,013762 3,31078 0,083085 0,020336 0,046877 0,078842 0,004678
P4 2016 0,044177 0,006871 2,80269 0,055245 0,02072 0,028784 0,066367 0,00371
P5 2016 0,079439 0,016968 3,14688 0,11484 0,024966 0,050989 0,080838 0,002903

P1 2012 0,046039 0,009078 1,9668 0,149205 0,017011 0,025494 0,106287 0,002549


P2 2012 0,049509 0,009473 2,57323 0,10266 0,018955 0,035363 0,086826 0,001848
P3 2012 0,0435 0,010306 3,06493 0,085695 0,020106 0,040298 0,065369 0,000432
P4 2012 0,040369 0,004934 2,34377 0,076125 0,020106 0,033718 0,052395 0,002687
P5 2012 0,056787 0,015865 2,90103 0,065685 0,021538 0,037008 0,075349 0,00015

Tabela 5: Concentração, em meq/L, dos íons dissolvidos nas águas do Rio Piraí
referentes ao mês de junho.
Junho Cl- SO4-2 HCO3- Na+ K+ Mg+2 Ca+2 NO3-
Pontos Ano (meq/L)
P1 2019 0,059354 0,011326 3,37634 0,41064 0,049881 0,080595 0,478541 0,010388
P2 2019 0,078198 0,017301 4,03194 0,15486 0,025324 0,069082 0,11976 0,01092
P3 2019 0,068579 0,016094 4,50725 0,12354 0,023022 0,067437 0,59381 0,010775
P4 2019 0,06415 0,017489 4,24501 0,11484 0,021231 0,056746 0,078343 0,011114
P5 2019 0,090836 0,021111 5,47426 0,2523 0,03837 0,138163 0,173652 0,008

P1 2016 0,064262 0,01397 3,17966 0,326685 0,028905 0,066614 0,175648 0,003226


P2 2016 0,074954 0,013637 4,01555 0,14529 0,023866 0,07895 0,105788 0,003194
P3 2016 0,066011 0,01676 4,2614 0,111795 0,024173 0,086352 0,447603 0,00371
P4 2016 0,064488 0,016968 4,06472 0,127455 0,020362 0,05839 0,077345 0,001613
P5 2016 0,099102 0,020674 5,17924 0,24099 0,036579 0,130762 0,165668 0,002097

P1 2012 0,059523 0,013783 2,70435 0,072645 0,01522 0,062502 0,128742 0,000823


P2 2012 0,071117 0,014178 3,45829 0,083085 0,020592 0,06497 0,097804 0,001194
P3 2012 0,06635 0,014803 4,04833 0,078866 0,021999 0,069904 0,290418 0,00421
P4 2012 0,059833 0,016219 3,80248 0,094395 0,018904 0,053456 0,060878 0,001758
P5 2012 0,083304 0,017072 4,78588 0,08091 0,020899 0,125005 0,185129 0,002

199
Tabela 6: Concentração, em meq/L, dos íons dissolvidos nas águas do Rio Piraí
referentes ao mês de outubro.
Outubro Cl- SO4-2 HCO3- Na+ K+ Mg+2 Ca+2 NO3-
Pontos Ano (meq/L)
P1 2019 0,112812 0,017426 2,88464 0,15573 0,021743 0,057568 0,089321 0,004049
P2 2019 0,081583 0,016177 3,91721 0,143985 0,024813 0,074016 0,098303 0,000419
P3 2019 0,052471 0,01574 4,47447 0,22272 0,03837 0,081418 0,551395 0,000516
P4 2019 0,032188 0,012409 4,83505 0,09222 0,023022 0,055923 0,089321 0,01263
P5 2019 0,066971 0,006621 5,91679 0,296235 0,054485 0,194909 0,265468 0,002532

P1 2016 0,065729 0,015448 2,65518 0,13572 0,02072 0,050989 0,067365 0,00571


P2 2016 0,057831 0,013637 3,65497 0,12528 0,023789 0,05839 0,088822 0,001774
P3 2016 0,049932 0,013137 4,32696 0,20706 0,02865 0,062502 0,459579 0,003032
P4 2016 0,023979 0,01091 4,72032 0,084825 0,026859 0,043587 0,075349 0,008226
P5 2016 0,060087 0,008078 5,62177 0,2349 0,045021 0,163658 0,243512 0,004162

P1 2012 0,055856 0,01066 2,54045 0,110055 0,023534 0,035363 0,053393 0,000726


P2 2012 0,0457 0,010139 3,50746 0,12789 0,029673 0,045232 0,066866 0,001145
P3 2012 0,04034 0,009931 4,13028 0,123975 0,030952 0,050166 0,338322 0,002032
P4 2012 0,017208 0,007662 4,44169 0,10092 0,030696 0,038653 0,065868 0,001387
P5 2012 0,052189 0,007308 5,16285 0,098745 0,031975 0,129117 0,162674 0,001629

200
Tabela 7: Resultados das razões iônicas em todos os períodos amostrados.
Mg/Na Ca/Na HCO3/Na Cl+SO4/HCO3 Na+K/HCO3 Ca+Mg/HCO3 ƩCations Na+K Na/Cl Ca+Mg HCO3+SO4
Razões Iônicas
mg/L mEq/L
Fevereiro
P1 2019 0,1265 0,6468 39,3795 0,0206 0,0319 0,0196 0,3885 0,2096 2,371 0,1788 2,7184
P2 2019 0,2257 0,6667 71,5278 0,0213 0,0193 0,0125 0,3027 0,1534 1,3205 0,1493 3,3977
P3 2019 0,3389 0,9167 117,2222 0,0127 0,0136 0,0107 0,2382 0,1057 1,5284 0,1325 3,4762
P4 2019 0,1261 1,3243 165,7658 0,0038 0,0078 0,0088 0,1413 0,0565 3,7372 0,0849 3,0207
P5 2019 0,2313 0,5472 66,7752 0,0267 0,0214 0,0117 0,3093 0,1671 1,1237 0,1422 3,3864
P1 2016 0,116 0,6495 37,3711 0,0174 0,0334 0,0205 0,356 0,1933 3,0111 0,1628 2,3876
P2 2016 0,2275 0,7647 76,4706 0,0157 0,0182 0,013 0,2815 0,1365 1,6704 0,145 3,2107
P3 2016 0,2984 0,8272 105,7592 0,014 0,0134 0,0106 0,2291 0,1034 1,3616 0,1257 3,3245
P4 2016 0,2756 1,0472 134,6457 0,0111 0,0122 0,0098 0,1711 0,076 1,2505 0,0952 2,8096
P5 2016 0,2348 0,6136 72,7273 0,0189 0,0188 0,0117 0,2716 0,1398 1,4456 0,1318 3,1638
P1 2012 0,0904 0,621 34,9854 0,0172 0,0341 0,0203 0,298 0,1662 3,2409 0,1318 1,9759
P2 2012 0,1822 0,7373 66,5254 0,0141 0,0198 0,0138 0,2438 0,1216 2,0736 0,1222 2,5827
P3 2012 0,2487 0,665 94,9239 0,0109 0,0147 0,0096 0,2115 0,1058 1,97 0,1057 3,0752
P4 2012 0,2343 0,6 81,7143 0,0117 0,0177 0,0102 0,1823 0,0962 1,8858 0,0861 2,3487
P5 2012 0,298 1 117,2185 0,0157 0,0133 0,0111 0,1996 0,0872 1,1567 0,1124 2,9169
Junho
P1 2019 0,1038 1,0159 21,822 0,0129 0,0553 0,0513 1,0197 0,4605 6,9185 0,5591 3,3877
P2 2019 0,236 0,6742 69,1011 0,0146 0,0185 0,0132 0,369 0,1802 1,9804 0,1888 4,0492
P3 2019 0,2887 4,1901 96,831 0,0117 0,0136 0,0463 0,8078 0,1466 1,8014 0,6612 4,5233
P4 2019 0,2614 0,5947 98,1061 0,012 0,0134 0,0087 0,2712 0,1361 1,7902 0,1351 4,2625
P5 2019 0,2897 0,6 57,5862 0,0127 0,0219 0,0154 0,6025 0,2907 2,7775 0,3118 5,4954
P1 2016 0,1079 0,4687 25,8322 0,0152 0,0445 0,0223 0,5979 0,3556 5,0836 0,2423 3,1936
P2 2016 0,2874 0,6347 73,3533 0,0135 0,0174 0,0126 0,3539 0,1692 1,9384 0,1847 4,0292

201
P3 2016 0,4086 3,4903 101,1673 0,0121 0,0135 0,0385 0,6699 0,136 1,6936 0,534 4,2782
P4 2016 0,2423 0,529 84,6416 0,0125 0,015 0,0091 0,2836 0,1478 1,9764 0,1357 4,0817
P5 2016 0,287 0,5993 57,0397 0,0143 0,0221 0,0155 0,574 0,2776 2,4317 0,2964 5,1999
P1 2012 0,4551 1,5449 98,8024 0,0168 0,0137 0,0202 0,2791 0,0879 1,2205 0,1912 2,7181
P2 2012 0,4136 1,0262 110,4712 0,0152 0,0129 0,013 0,2665 0,1037 1,1683 0,1628 3,4725
P3 2012 0,4688 3,2101 136,2383 0,0124 0,0108 0,027 0,4612 0,1009 1,1886 0,3603 4,0631
P4 2012 0,2995 0,5622 106,9124 0,0125 0,0125 0,0081 0,2276 0,1133 1,5776 0,1143 3,8187
P5 2012 0,8172 1,9946 156,9892 0,0129 0,0092 0,0179 0,4119 0,1018 0,9713 0,3101 4,803
Outubro
P1 2019 0,1955 0,5 49,162 0,0275 0,0252 0,0141 0,3244 0,1775 1,3804 0,1469 2,9021
P2 2019 0,2719 0,5952 72,2054 0,0154 0,0179 0,012 0,3411 0,1688 1,7649 0,1723 3,9334
P3 2019 0,1934 2,1582 53,3203 0,0096 0,0242 0,0441 0,8939 0,2611 4,2447 0,6328 4,4902
P4 2019 0,3208 0,8443 139,1509 0,0059 0,0102 0,0084 0,2605 0,1152 2,8651 0,1452 4,8475
P5 2019 0,348 0,7812 53,0103 0,0075 0,0248 0,0213 0,8111 0,3507 4,4234 0,4604 5,9234
P1 2016 0,1987 0,4327 51,9231 0,019 0,0243 0,0122 0,2748 0,1564 2,0648 0,1184 2,6706
P2 2016 0,2465 0,6181 77,4306 0,0121 0,0171 0,0112 0,2963 0,1491 2,1663 0,1472 3,6686
P3 2016 0,1597 1,9349 55,4622 0,0091 0,0223 0,0378 0,7578 0,2357 4,1469 0,5221 4,3401
P4 2016 0,2718 0,7744 147,6923 0,0048 0,0104 0,0071 0,2306 0,1117 3,5375 0,1189 4,7312
P5 2016 0,3685 0,9037 63,5185 0,0073 0,0209 0,02 0,6871 0,2799 3,9093 0,4072 5,6298
P1 2012 0,17 0,4229 61,2648 0,0161 0,0223 0,0097 0,2223 0,1336 1,9703 0,0888 2,5511
P2 2012 0,1871 0,4558 72,7891 0,0098 0,0192 0,0088 0,2697 0,1576 2,7985 0,1121 3,5176
P3 2012 0,214 2,3789 88,4211 0,0076 0,0161 0,0293 0,5434 0,1549 3,0732 0,3885 4,1402
P4 2012 0,2026 0,569 116,8103 0,0036 0,013 0,0066 0,2361 0,1316 5,8647 0,1045 4,4494
P5 2012 0,6916 1,4361 138,7665 0,007 0,0112 0,0153 0,4225 0,1307 1,8921 0,2918 5,1702

202
Tabela 8: Scores da Análise Fatorial
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
P1 -2,82 0,15 -1,07 -0,56 0,8
P2 -1,58 0,32 -0,9 -0,47 0,01
Fevereiro P3 -1,12 0 -0,58 0,69 -0,61
P4 -1,75 0,35 -1,56 0,36 -0,19
P5 -1,14 -0,22 -0,1 0,58 -0,63
P1 -0,94 -0,27 0,19 -0,04 -0,46
P2 0,36 -0,72 0,12 -0,81 -0,55
2012 Junho P3 -0,03 -0,43 0,67 1,69 -0,29
P4 0,41 -0,26 0,27 -0,19 -1,02
P5 0,66 -0,75 0,62 1,05 -0,12
P1 -0,93 -0,65 0,09 -2,14 -0,23
P2 0,2 -0,96 -0,55 -1,69 -0,05
Outubro P3 0,25 -0,85 -1,1 -0,12 0,82
P4 1,42 -0,29 -2,01 -0,65 -0,86
P5 1,51 -0,92 -1,2 0,06 0,3
P1 -1,75 -0,71 -0,26 -0,3 0,9
P2 -0,92 -1,74 0,3 0,36 0,3
Fevereiro P3 -0,49 -0,47 0,48 1,27 -0,91
P4 -0,81 -1,04 -0,98 0,92 -0,78
P5 -0,61 -1,25 0,85 0,9 -0,21
P1 0,16 0,08 0,02 -1,35 1,16
P2 0,86 0,01 0,16 -0,93 -0,07
2016 Junho P3 0,18 -0,11 0,8 1,85 0,19
P4 0,31 -0,54 0,62 0,49 -0,54
P5 0,77 -1,06 1,28 0,76 1,08
P1 -0,23 0,02 1,31 -1,78 -0,56
P2 0,87 -0,74 0,13 -0,62 -0,5
Outubro P3 0,03 -0,2 -0,46 0,89 1,29
P4 1,24 -0,06 -1,02 0,51 -1,12
P5 1,47 -0,65 -0,91 0,3 1,61
P1 -1,15 0,78 0,61 -1,04 0,55
P2 -0,28 0,85 1,42 -0,59 -0,31
Fevereiro P3 0,13 1,05 1,09 0,73 -1,41
P4 -0,16 1,16 -2,49 0,69 -2,69
P5 -0,08 -1,42 2,14 0,9 -0,15
P1 -0,55 2,61 -0,39 0,4 2,8
P2 0,52 1,44 0,76 -0,2 -0,16
2019 Junho P3 0,08 2,65 0,51 2,14 0,41
P4 0,72 2,54 0,37 -0,11 -0,64
P5 1,08 -0,03 1,14 0,14 0,91
P1 -0,2 1,05 1,65 -1,72 -0,32
P2 0,86 0,21 0,61 -1,87 -0,27
Outubro P3 0,17 0,29 -0,51 -0,15 1,7
P4 1,56 1,02 -0,71 -0,53 -1,28
P5 1,7 -0,21 -1,44 0,17 2,1

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