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Esto fol oneeido pra pasqubaerase pe (qscores preosaot com nts deci, ecco. Fle peteeeconibae prs crs et, eon pro exapar das ads toler © homogenetaeas ds andes metanaratia@ ser posible pare sequin. NBO dena sures Sqels que oredr ‘re “uncamioe cato eg ao encanta “us se resohe com hse de mga Digs todas iedeseue eo diponaora Invent se propio cao. he press ose Serre ques prods um novo cone fier tambon seen ten nore ep ‘ha. ‘As psoas qu partipan deste io aren “anos se peop camino ts ee (oea30 com a desde moda, 0 tentaba de sro de acl ection Mos obsevem, eipedlmente, que en no Contac fares solve say oes ogo ‘avert soe bor ferlnor Eee se vcaburo op tata de ues ‘i oc e ‘CAMINHOS INVESTIGATIVOS | NOVOS OLHARES NA PESQUA EM EDLCAGKO MARSA vORRAGER Costa oncanzancn ALFE0 VEG NETO sonse snes auRo cau OSA MARIA BUENO AEOIER ROSA MARIA HESEL SAVER SHAORA MARA CORAZzA cams ‘or fans pest om cao Sis Water Ct par) ‘Gd Rode anereeDPOA, nose Pro pio scape FoandeRodapes a fe) ‘Sheet Reis ti» det tao a por le ce, ‘Sern pc pra mlm om pi gar ‘en apc cscs, Ava ti ec ‘Soe dco ee esa aye ta opp, ‘Se toca one der sleds De Aumoeais— arts. 123,135, 124 € 18), aa elope ted Sd Naso do Foe doe Camihosimesigaine noon oars na eon ene Mara ‘owaber Goa nantes) =e Ro de eter Lampasas, in gresratizears + Bde 2 Psu en lca. Cv, Mari Vora, Spam siomo as nasofoeua ‘ela 222 78 amprasanpa cre (organizadora) (CAMINHOS INVESTIGATIVOS I [NOVOS OLHARES NA PESQUISA EM EDUCAGKO JORGE LARROSA aun GRO% | A nossolae clea, olusos¢aunas que peguisam,etadan azem projetor, tases, dsertacsee continue acreditanda gue o tral ‘mtlectualé um poderoso mstronent9 alate por uma socedade mats soins SUMARIO Arnssenragho, |APRESENTAGAO DA TERCHIRA EDIGAO Introducio 'NOVOS OLHARES HA PESQUISA EM EDUCAGKO Marisa Vorraber Costa Capitulo Alfredo Veiga-Neto Capitulo 2 [A TADSAO DE TRABALHAR COM FOUCAULT Ross Maria Buona Fischer spitulo 3 “OLHA QUEM ESTA FALANDO AGORA!™ |AESCUTA DAS VOZES NA RDUCAGRO. Rosa Maria Hesel Siena Capitulo 4 {A AVENTURA DE RETOMAR A CONVEREAGEO — HERMENFUTICA EPESQUIEA SOctAL Mauro Grin Marisa Vorraber Costa Capiialog) TARIRINTOS DA PEsQUISA, DIANTE DOS FERROLHOS Sandra Mara Cor Capitulo 6 LITERATURA, EXPERIENCTA E FORMAGHO uma entrevista com Jorge Larosa 3 ee 6 os 103 ge APRESENTACAO Exe litt fi composto a muitas mos com o objetivo de tstabeleer um dalogo com todas aqucls pessoas~ estu- dntes de mestadoe doworato, boistas de niiagio cet tice, ausiliares de pesquisa, professorese professor de fpaacio e pos gradagio, pesqisadorase pesquisadores— Evolvidas com a producio do conhecimento no campo dedacaio. Ele representa um esforgo no sentido de eat tumespago para o debate das vaciadas emergent formas de prblematizagioeinvestigayao de qustbesconectadas com educagio. Cada texto trata de um testo sings ta, crado por um olhar pépeoe, portant, no representa aproximacio da verdad, mas una de ta ips poss- inidades. Est live sambém pretend uni forges reduzit tenes instaurarlagos de slidaciedadeitelectual para {qe consgamos romper com os mecanismioe de daminagio Sb de imposigao de sentido, que tem nos mantdo surelados a discursvidaes cjes agendas nio comprare Compromisas com a heteogenelade rm tempon de lobe izagioeeaclusio, qugieteseja um prjeo que contribua para subvertr as politieas de verdad viens "Agradogo aoe companbitosecombanheiras que mea daram a compor esta obra coletiva, Sua contigo fo importante nio apenas por ere se deca com afiaco caboragio dos textos, mas, princpalmente, porque aco- Ibe com entsismo meu cone, debatram xitcaram, sugercam einceativaram ‘Marisa Vortaber Costa Organizadora APRESENTAGAO DA TERCEIRA EDIGAO Apeesentamos a terceiraedigdo de Caminhosinvestgativos I owns olbares na pesquisa em educagdo. Com uma conside- vel trajetdria ~ primeira edigdo em 1996, pela Mediasio, fequada em 2002, pela DP&A, e agora a tereita mm 3007, {0b 0s auspcios da Lamparina 0 livro prossegie no obje- tivo de continua divulgando amplamente entre estudantes, pesquisadoras, pesquisadores edocentes de graduacdo ¢ ps- sgraduagao as discusses resultantes da elle sstestica ‘ge vinos eealizando sobre pesquisa qualitaia, Tniciamos este trabalho hi mais de dee anos, con o inteto 4e contribuir para uleiplcare matiza a gama de olhares ede aboragens investigatvas na educagao. E nosso desejo ‘que ele suscite muitos questionaments,abalecertezas¢ de ‘ststabilize as perspectivas formalist ¢ todo tipo de orien- tagio de pesquisa que preconize a entralidade ea primazia do método, paricularmente no que se refere aos estados no campo da educagio. As auroras eos autores dos rextos ‘que compoem os livros Caminhos investigativos I, Ie IIT ‘compactilham, entre tneasoutrasafinidaces intlecais, ‘concep de que problematizacio e método slo indisoc ‘5. Quando se formula um problema de pesquisa, invent Se também um peculiar caminbo para procurar,prodir¢ ‘propor alernativas de respostz. Quem se embyenhar nesses livros no encalgo de uroa rota segura certamente se perders nos meandros de novos olhares, estas, labirintos, riscos, aventura, palo... Por sua vez, quem ester disposto a per. dese pata eneregat-sea possilidades ainda ipensadas tl ‘ez pereota suas paginas com satstastoe delat surjacom Jnguierude que provocam as novasidias eos desafios. Marisa Vorraber Gosta Organizadora ermopugho NOVOS OLHARES NA PESQUISA EM EDUCAGAO, Em suma,a questo pllsca nfo € oe, aiusio, A conscidcia aenada ou a ideolopas a penis verdade(Foveaul 1975), ‘Ai de organiza ene lio fo tomando corpo no period imediatamente posterior &conclasio de minha tse de dow torado em Féueagdo, etapa em que fai convidada para pa. ‘iipar de um consderivel nimero de semindros, encontcos <= jornadas,organizados por Programas de Pésgraduagio. ‘em Educagioe por alguns grupos de exrudo, com 0 objet ‘ode disutie temas como paraigmas de pesquist, aborda: p15 contemporineas da pesquist, quests epistomoligicas das pesquisas, metodologas de pesquisa et. Ariba ais ‘convites no apenas 20 fato de te esctito, ns lkimos 30s, algons artigos que problemaizavam aspectos da pesquisa ‘educational, mas, especialmente a ze publiado, em livro ‘ecentementeonganizado poe m cole, un fexto em gue fiz uma ertica que denominaria radical ~ que outros, talver,chamariam desconsracionisea~em rlagdo & meto dologis que eu propia hava utlizado em minba ese. Quan do escrevi tl texto, meu objetivo fo, exatamente,o dei ‘error, ponto por pono, minha conturbada tajeéria de pesquisadora moderna, poduzindo uma tee que sempre 1 Tac ce pe tina tn fla re pus par atn,dpe pur com ode lemon ferput na tc des tcl pertcpatnas deers Wigs Sco is) Caminbos imvestigatioos I ou tina alan eee enemies it mae Senta weston me Semel dee coats oem Sornewareer eee eae Sige ren eee pee woot amen ciammmnaegens ee re eens cee aoeremennn st i en Se ole feeder Reboot cae has wn oe ane de orp allie et res te en cee sree reel erin i reg enti seat ieee cat rnin soc rt em eee al er omen et tone nee peel her ot Inroducdo tos none da facia amines optim aos exquemas A pemarerto que ve covcbuindo pura prod sabres ‘lpition que tiers propia aciooldade, esas smsowas em corel oc de se enuralcn em o {ro campo minado que €0 da afinmag da possibidade {Bamsaberemancipatéro, deiesiogiado, mediador de topos dscuses,vrdade verdad, eos im, sport ou base pars projetos preocupados com solidariedade ¢ com Foca sei ‘Oe extmosinclnados a reconhecer, hot para iso tem sido crcl crea antfundaionalta epteen dis pels reflexdes pvnoderas, que no exist fal ‘erdae erdadia cla sonbo, pura Regio. ese respi tem sido inportanasina + comtibugio dus andises de Michel Fea, expecalimentaqulas oe fe dngen 8 consitegaobindvcs das cancion ume, fs sis, etre ontrasabocdagensinovadoras, 0 filosfo Francs descosidero, com artumeno, a diting0 cme Glia eleclopi. Roberto Machado 1979), em su ito- gio Microica do pode, obra que organo reminds textos de Foul diz qu este ato, en sunarqueclogi, tron faze win histvia do eber xj objetivo € reutealizar a idéia que far da cénca wm conbecimento em ‘gu sujeicovence as limitages de suas conde parti lave de exstdaciaostalande-se az netrlidade obi do universal eda dcologis wm conhecimento ete que © sete tem sua elagio com a verdad petarbada, obscured, e- Jada pelascondioes de existencia. Todo coneimento sia ‘de cenfico ou ideologico, 6 pode exist a parts de con Aigbes pliticas queso as condigbes para que se former ‘tanto o soto quanto os domes de saber A invetigngzo Ao saber nto deve remeter a um seo de conheciento ‘que sri sua origer, mas 2 rapes de poder que the cans sie (p28, Hi consegiéncias importantes desis concepsio para ‘quem faz pesquisa hoje. Uma dela é que no importa @ me 1s |) Caminhos investigativos | ‘odo que utilizamos paca chegar 20 conhecimento; 0 que de favo faz diferena sao as interrogages que podem se Foem= \ tery ots mii de conte le { 6 oes ete saber pode. Os “nov oares” dizer espe Soman aes ordre “fo tna de conceberum ena como problema de investi Mas amos alguns exemplon. inctementoy emt ito recente, de uma refeovirtuaiment fecunda no arng da edacao eda etic ambinal apenas se tram pensive mum quadro de rptuasflosiay,epcemoloi- fase poties que, sboindo or estaturos da aonaidade | moderna (cups, troponin, banc, lalctne, Colonials ec} vi conseuindofrtslarnovaspobema’ {aagdes nese compo. Os recorrenes lrtas sobre a impos silidade dese ever a destrigo do planet, se prevae- ‘ero movil de deseolvinent ndostale eal até hoje adorado so um exenplo dos resultado dese tio de problematisjs0 Atha bem pouce tempo nto se conta Fomper com o mols procuravatsslaes dent dele Uma visio ada de sas ites oi ged come de movimento atfundaconalsta poner. “Apenas para atpiar um pouco mas esa breve paca cxemplicav, tomes anda ocavo ds estado subte i- er Enor e feiiaenan atreao um seculo,s6 em sno mai ects ese compa come a ‘dicar wa imagem propria, depojndo-spadsiaente da naurlzada sscag s dcrsos denunciation et dicate e contention. Os estos feminists evaram auase 109 anos prs gun le aguas covrentsco- tesa se libertad nasatra ue tales extent i Tor seu carder emancipatiosigualto, nha om fo.0 feminine come o ato: defo, money, emerge, «tantas outa discriminates prods em cana matrie “kara uo padrdo de referencia €0 uiveso masculine. Soa part decade 1970 tnd clara emia onstpueprobematzaras lagi de ger,questonand ‘ona cin foram constln na igloo Oden, Introduce: cos discursos sobre a mulher, A emergtacia de nogdo de fem: rine como uma constusdo social prodazida no hegemnico (qua de eeferéncia da sociedad patriarcal modezna € uma Soncepet tesica recente, mas de iportancia crucial, Seria ‘emasiadamenteingénuo epolicicamence pouco inteigene, hoje, petsstic nas andlises nese campo, utlizando nogdes sstadas no seio das metanarrativasfundanees da moder ‘dade. Boa parce da critica feminista contemporines! roma muitos dos temas tetados nos argumentos pés-modernos Sobre as relagdes entre ciéncas sociise natura e, a partie ai, combate 2 epstemologia do ilaminismo por seu racio- ‘alist dualista que, do dualismo fundamental masculino! feminino, derivou todos os outros ~racionalfracional, su jstolobjeto,cultura/natureza ~ vinculando sempee 0 mas- tno 40 elemento privilegiado nessa rlagio. ‘O que eu eston quereado dizer, de uma forma muio sim- ples, é que nosss idias sobre as coisas constroem 2$ coi- sas, No hegerOnico paradigma moderno, estabeecido sob ‘égide do masculino, foram produzidas as verdades sobre ‘mulher. Os argumentos legitimadores foram buscados texatamente no ponto centcal, objetivo eiretocdvel da ei fEncia movderna~ a Natutess, Naturalizar todos os atiba- tos deicitérios do nero feminino foi lica constculda nesta epsteme para justifiar as estratégias de domi ceclusto e exploracio que se exercem, hi séculos, sobre as mulheres. Prosseguir problematizando as questbeseelati- ‘8 ao feminino denteo ds limites desse quadro conceitul pode signifcar, simplesmente, inocuidade politica. Poi, como diz Foucault, nao se trata mais do verdadeiro edo. falso, mas da politica da verdade, Bima ie aerstuca wate ste camp de discuss. Em poragus, un vo surssant par sine deat 0 Enzo por Heloise Baste de Holanda 94) Tendéncas Dina fmnuon como erica dear, Ooo 0 ma ttclaeedor ee respeto fo de Susan Henan (991) Gender [Bed bnowiedge lament of ostmndera oma nade ‘Sado pao poroes ” 8 Caminkos invectigatives | (© objetivo que inspirou a onganizago deste liv foi exa ‘tamenceo de feunir um conjunto de andlisese iscussbes ‘que nutram nossa forgas para que participemos dessa po Iti da verdade como urdidores de tramas endo sejamos apenas asfixiados por elas. Para isto, € preciso critica 0 jogo de reprodugio de modelos ez bem instaurado pela a ‘quiteruraepistemol6gca da iumtnagdo, que insta vg Hincia em todos os campos, fazendosnos sits de seus di- ‘ames tanto tematcos quanto merodolégics. A fragiidade inelectual e emocional que nos acomete quanto temo que cenfrenta as metodologias, em nossasinvestigagbes,¢ frat do endeusamento dese tipo de pensamento a que denomi- ‘namos cincia e que estéimpregnado de "parimetsoe” que enquadram todos, homogenei2am tudo, definindo 0 certo eo.errado,o bom ¢ 0 mat o flan eo verdadero ee. ‘Quando fcamos paralsados/as ao tomar decsdes meto- dologicas, devemos ter muito claro que o problema certa- ‘mente nio € nosso despeeparona utlizasto deinstramentos, ‘enicas ou mécodos, mas sim aincapacidade ov inadequa ‘go dos métodos,sopostamentedisponives, pars dar conta de formas emergeates de problematizacZ0. A episteme mo- ddeana engendrou lentes ¢ lazes ti atilosamentedispostas, ‘que apenas podemos vislumbrar algo se usarmos um deter- minado tipo de dculos. Tado 0 mais aio owtros que mal € mal se movem na obscuridade, ‘Mas se essa uma grande batalha, esté lange de ser uma batalha perdida. A histria continua, e narra sobre noves ‘sujeitos, novos movimentossocais, novos gineros sexs, ‘ tantasoutras identidades quantas os dculordeixatem ver, 38 posbildades de interpetago permitrem compecendet, ca flexibilidade cultural, social e politica puder admit Em uma conversa com Foucault, Gilles Deleue?alide a uma afrmasdo de Proust: “Tratem meus livros como Setlos dltigidos para fora e se eles no Ihesservem, coasigam ou eos, encontrem vocts mesmos seu insteumenta, que €fo1go- samente um instrumenco de combate” (p. 72) Ea comple Tints de “Os iteecans ope cap. IV de Micon do poder 979, Invodugdo neat com segue ese: "Una toi como um cia ‘E ferameoras Neda vena ver oc sgaiicane”.Eoesa thegte que fl conecbido ete. Bl pretende cour pera cia saldas, resae, dervioe para ecapar das grades Falaanesehomogenstzadoras dos grandes metanaratvs e buscar posiblidades para a singularizagd, Nao edes- Gin quel e Aguas que seredtam qu exit “um cami tho certo equ a sont ude ese como mm passe de mégica, Dinigese «toda e todos que cote dipor- {ass invenar seu propio camiaho, Senne que conversa com colega que coueliem sua dsetagbes, tse, pel shun condi evi pre pt vel Sempre que se prodaz um novo conbecment ambern fekwenta um nove «peculiar camino. Quando olhamos pormads€ que one datos cone dite " pessoa parcpam dest le apes eu pe- pei taminhos, tj ea nterorugfo com a discurivdade fnoderna,seja na tenatva de subverso de ets pints. ‘Mas obecrvem, especialmente, que vem contr sobre aba te tobe coeds, sobre pido avcted, sobre labiiioe foros. acreditem, sam ete soeabulio a0 tata de suas prog. Em sa nstganeenelo sobre as implicates da moder- nidade na construgdo das verdades”e "certeras” que im Conturbado a problematizageseducacionas, plo menos test sul, Alltedo Veiga Nero ula coma fo condor trmctifoce do olber, ajdando na concepgto dete er, Ao Cerminer a vato cbno ua semide pviegade anoeado Sm conjunc de imagen ¢vocdbtlo de inspragaoit- tunis, 0 autor morimentase no contexto das retexdeo Dtemuslraas qu thn orkatodo sua peogula rus rece ‘Resim pocedeto, ai desconstuino muita, tions” premise do exclaeceento", quel ferettar, eure outas cotss mn tna réctonalidade af Inele medladocs de todos os dscures, cna exisincia Jo ‘erdadestanscendentals Ao mostra com o pensamento Pormodecno pode utara vshimbrar en cen de l= Splos poptebos crates, Vige Nev ace par a cont 9 Cominbos imvestigativos I cugio de uma ética plaral de convivéncia, Ftica essa to pecessria ts priticas educacionais de um tempo marcado pela globalizacio e, paradoxalmente, asrolado pelo incre- ‘mento de estratégiase dspositivos de exclusioe diserimi- nagdo talvez aunea anes expetimentados. ‘Rosa Maria Hessel Silveira, por sua ver, ao tatar da esta das woes na educagio, convda &transiatpor um interesante ‘conjunto de exemplos de discarsos/vo2es, spontando emt ‘uma andlise dscursiva gue toma o texto como um tcido vivo, para a multplicidade de setidos (ou plualidade de vores") que podem ser encontrados na educa, Jusifi a importncia dos estados sabre polionia na que les possamn representar como contribuigio& compesensdo dos mecanis- mos dscursvos que ndo apenas evidenciam, mas também s Jenciam voces enunciativase vores empiticas. O que chama ateagio no trabalho de Silveira €a simplcidade com que extra, de falas aparentementetiviais, uma pluralidade de possibilidades de sentido que, cada ver mas, frealecem os argumentosvisando superar a dia deinterpretapies univo- case “vendadicas” ‘© capitulo de Rosa Maria Bueno Fischer sobre a “pai- ‘do de tabalhar com Foucault” constitu um eriativo esor- 0 paca extrair “ligdes” da obra de um autor que abdicou, desde sempre, a qualquer pretensio modelar on prescitiva, Maso que Fischer faz nest capitlo é uma tentativa de falar sobre «sua propria e particular experéncia com Foucault. Ela apresenta iso, ao longo de 1 ligbes em gue relat sa Atajetéria de sedugoe assujeitammento, mas tamibém suas propriasestrategias de spropriagio e recriagdo em eelavio 40 discurso do autor. indiscutvelmente, veel a fami- liaridade da pesquisora com o pensamentofoucaultono «seu trabalho representa uma criatva maneira de compat- tithar seus “achados” incentivando outeasincursBes pela obra do filésofo. No capitulo que escrevi em patceria com Mauro Grin, tracamos uma visio do desentolae do “movimento snti~ fondacional” para ai situar os principais aportes da her- ‘menéutice gadameriana. O principal objetivo &apresentar Introdwgiio a hermenturicafiloséfiea de Gadamer como uma das pos- bildades de inspira para estudos no campo da Educa io, destacando, especialmente, suas vrtwaldades na for- tna de articular a relacao sujito-objeto nas investigagaes ro campo do social. © texto chama a atenglo para a8 pe- caliaidades de uma postura hermenéatia que signifi dis Togo com a wadigio, fusto de horizantes, abertara paca 2 ‘conversagio com os miiplos textos evezes,aum enipeeen- dimento ontol6gic que tentasesgatar a dimens3o perdida dda conversacio da espécie humana consigo mesma e com mundo, (Os ferrohos da modernidade so atacados no enssio em aque Sandra Mara Corazza,colocanda em pritic © que cha- sna de “disposigo lbirintica ala sobre a “pororoca” em ‘ve seencomtra uma pesquisadora entre a peiticn da pes ‘jis educacional erica eas weorizacbes por estrutarlistas E, percorrendo os labiintos da pesquisa ~ que chama de smetéfora arquteténiea~ Corazza val desconstruindo, uma ‘uma, muitas das certezas, sem ofereer nada em trocay mas incentivando-nos a atiar fechas, mestno sem dices, ea desmantlar 0s ferrolhos. Teata-s de um texto muiis- sono, que surpreende e desafia a cada passagem. Compltando a composi de caminhos imvestigativos, Jorge Larrosa conversa com Veiga-Neto sobre a experi ‘la da leitura,concebendo-a como algo que nos forma, noe oastitu,¢, 40 iesmo tempo, nos pbe em questio, produ indo as Subjetvidades que nos fazem, hoje, protagonistas de plurfaceeadastrajetseasineleeusis. © astor espanol aborda o papel da leitura, de ama forma criativa, absolu- ‘amentefnvulgar, com o ebjetivo de estranhae a wsio con- vencional da pedagogia dominant erepensar as idsias de experincia ede forma. Form aqui a convite~rentan= do se coerente com o autor que afiema que, 20 repensar a experinciaformaiva da leita, nao se deve tentar determi rat sua verdade, mas scolheragilo que tem de impensivele sri transformasao ~ para que percorram essa insigante conversagio, mergulhando nos seus enigmas e emergindo, ‘quem sabe, cansformadoseinsatisteits.. Ceminbos invectigativos I Allis, este liveo foi pensado a partic de e para pesquisa: ddorase pesquisadoresinstistetaslos que procuram cami- ‘hos, que acetam desafis e que estiodispostosia a sub- | verter lugares marcados, dicotomias, privlégios ¢ tudo 0 mais que exclu, marginalia edisriaina, [REFERENCIAS ‘costa, Marisa Voreaber. Gémaro, caste profesionaismo no nabao de professonas proesores de clase populares, Tee se doworado~ PPGEDU/UFRGS, 19950, ‘Trabalho docenteeprofscnaliomo, Posto Alege: So Tia, 29930. Flementos pare uma eta das metodcogis pts ‘Eepesqisa. Ine veneer, Aledo, Cite psetradaita ‘edacaga. Pot Alegre: Stina, 1995. oucautt, Mich. Miroisica de poder Rio de Jncite: Gel, we. "Hex, San, Gander and knowledge: ces of posmodera Ferinis. Boszo: Northwestern Univesity Press 992, ottawa, Heloise Busraue de. Tendencies impaser:ofemi- nismo como erica da clare. Rio de Jntico: Roveo, 1994 steam Aledo. Critica pas-estraalisse educa, Porta ‘Alegre Sulina, x95, cartruto x OLHARES.. ‘Quando me lance & tarefa de escrever este capitulo, pense cen produzir um texto que reunisse néo 86 alguns elementos ‘que compaem a pecspectva a partir da qual venbo traba- Thando, mas também que todas aquelaspessonservolvidas com a educagio algumas alteeativas para suas elexsis, investgagSes priticas docentes. Todos nds que hoje exer" ‘emosa dacéncia ou a pesquisa em Bducaciotivemos uma formacio intelectual e profissional em moides amine ima ds consequéncias disso € que tale nio estamos sfcintementeaptos para enfrearar, nem mesmo na vida pevadl, as ripida e profundas mudangas cuturas, sociis, feconémicas e politcss em que nos achamos mergulhados, ‘As promessas que o pensamento eas priticas progressistas fieram parecem cada vez mais discanes de econeretzarem, Do lado das tendéncias consrvadoras,astuagao nao € me thor; a0 contro, vemos se aprofundarem e se alastearem cada ver mais os problemas ~sociais e ambientais ~aam, ‘undo que se globaliza eepido pela lopica capitalists. Por tudo iss, penso que Se deve desconfia das bates sobre as quais se asentam a promessas eas esperangas nas quae nos ensinaram a acredita. Tado indica que deveremos sie dessus bases para, de fra, examing las e critica, Afinal, ‘enquanto pessoas envolvidas com a Educagio, temos com Bec ieoduma vera medida dag qf apentde ee ‘ete a VI Semana de or great em Boag anal tte de 99m nied Flea de uote Mas RS 4 Comisnhos investigatives I romisso nfo apenas com ns mesmos mas, também « por ficio, com ou “sabre” aquees com os quai rabalhames, Certamente no pretenda dizer que © pensamento pés- smoderno tem uma formula magica para superat nossos pro= blemas atuais. Nem mesmo tenho a pretenso de poder in- ica solugbes melhores para esses problemas, Meu objetivo {bareante modesto: don-me por stisfeizo se puder consi- bie para que cada professor e cada professra nio accte auromiticaesilenciosamente, de modo no problemstico, 1s grandes declaragdes de principio que vém hi mais de 200 anos dando sustentagao a0 mundo moderne e, de eet- ta maneira,contribuindo para jastifar o auroriarismo © | 3 dominago ~étnica, religiosa, racial, de gaero et. —em {ermos econdmices, culturais, moras, politicos ete. Para entrar nas questes centrais deste capital e onda ‘ic minha argumentagdo, me valere de algumasconsidera- 98es genfrcas sobre o aha. As metafocasligadas 4 visio ‘em sido muito importantes na noses tradigio cultural na ‘medida em que a visio tem sido celebrada enguanto s- {ido prvilesiado capaz de fazer uma mediacio aeurada € fidedigaa entre nés ea realidade, ou seja, mostrar como € ‘mesmo 0 mundo. Desde a Antighidade Classica, nossos Aiscursos tem recorrdo forcement visio. Ev mesmo ini- ie este capitulo referenciando a *refleio” ~ que signif ssa palavza Sendo “olhar para dentro de si para ver como ‘ex se reflete sobre si mesmo”? Velamos alguns exemplos: em termos vocabulares(clarfcar as idgias, visto de man do, eclarecey a questao, perspectiva de andlis, espelhar 4 realidade, oishombrar uma intensio, transpardncia de intengdes, desvelar,sinopse ete em termoslocucionai deitar os olbos, idéias clara, fazer vista grossa, tracar 0 perfil a olhos vszork em termos de metiforss (0 moteego ‘de Minerva, acaverna de Patio, o Huminisme) et. Diss resulta que €tlver impossivel falar sem recorrer& vs FE cercamence nem este meu texto poderia “se livar” des sas palavease metiforas, pois ndo se tata dsto,Penso que ‘recurso as metiforasvisuas nio é em si problems ‘que parece problemtico, coma argomentaremos a segtin, Omares. é canceder visio a possiblidade de evelar como é mes- smo a realidade, isto 6, a posibilidade de que a visio fga, ‘um sueito cognoscente, uma representacéo corre, tal- ‘er as vezes tm pouco distorcida, de um suposto mando real preexistent, E-mais do que isso, ainda que de modo. fm tanto sucino, procuraremos problematizar as prprias fogdes de realidade, de suit ede verdade aca compeeender como as Ciéncas Humanas estabeleceramn suas representagdes acerca da realidad, € preciso rastrear fs origens da sua racionaldade. Manifeste-s esa raciona Tidade como una razio sociol6gica, ou uma sazao psicalo- sia, ov uma razio histSrca, ou ura razdo econdmice, ou ma eazdo politica e assim por diane, ela se articulou, 208 Skimos 300 anos, tomando de empréstimo o tipo de rao nalidade sstematizada pelos fandadores da Nova Citocia ~ Descartes, Newton, Bacon e especialmente Gales, Basta lembeae, no coatexto de minha argumentacio, 0 quanto cesses fundadors alertaram para as uses visuais e para 0 fato de que nfo devemos nos deixar levaepelas sparéncias 0 analisar fenémenos da Natuteza. Fm suma, 0 que cles Sempre revlaram foi ums forte reserva em rlagi0 38 pri- imeirasaparéneia, ou se, uma forte “desconfianga ocular". ‘Mas el desconfianga n30 implica retitae da visdo a poss bilidade de revelaro mundo. Essa possibilidade permanece. Como Galieu brilkantemente argumentou, 20 discutis 0 ‘movimento da Tera, a desconfianga deve se manifestar ape- sven ela s pti media Tse io de cl ‘se mostrow muito produtiva ese tornou constante nas mais. iferentes reas das Cgncins da Natureza Estimulados pelas conquistas centfcas, homens como Bacon e Conte foram buscar nas Cincias da Natureza os todos as lgicas para compreender e analisar fendme- ‘os também do mundo social, psicoldgico,econdmico et. Nas suas formas mais “dara, esse empretimo originos’ 0 positivism do séeulo XIX e especialmente, no séeulo XX, wh 36 Caminkos investigations emir ligico do iru de Vena Nos us formes Iman "bandas ~ porque asscadob cede loses 4p Iealamo Alemo™talemprecie orgiou pena Em uma, zquilo ques costnma denominas ear das Gini Humana se deservlv's part dat Gncias No- wie race vine tls go em enmum a cena numa reiidade exter que se podeia sce raionalnent, ous pelo oto cortto Arner rege para ee no cone ¢ ose dena leat els primeias paren” Seo aces ela eae. Sado gaya aos rigores do quantitative da obser Sto nur repeite ~como pasa tadgdo pons fu atribldo ao adequadaemprego da dale como fata trai erea = tem so, como bem sabemos, am, Aust de fortes dspuras no campo aadéaicor Mas, ao contig de meta ts dilcrengas cre sss psig eee ar meses ae ‘es vattagens de sguma elas qu se preted, au, ‘ubliahar sun pontos cm conn: Assn uta camada Sis aparet, em piel hga ods le se pet a te con dentin ov las meno se mundo, Em seg lpr ada una ue pra 6 lio deer mais verdad, tno 0 gus concrnes ‘pestis gas nteras, quanto hess corepondn- ‘late ponimdadesvsdads externas qo psa ex Ae Doro slo epitclogas ompetives ‘Noma camada att profenda, ogo we esas epstemo- logis em rine lgaryaacagto tanta de qu exe tm sjeto transcendent, cojaraconalidade age como tn relexo de uma ear tombe eanscendeneal tal ‘ante Alem dso, opogresn& vist como o read ne ‘ess de un deseverineto mais ou menos lelgico {4s Hira A conscitacn €emtendida como um etado a ‘tue se pode chegar pelo suo costo da rato, lingua fem ¢entendida como um sree cpa de desereer mundo ede certs fon, present, aa essas duas epistemologias, se a Linguagem represen 2 osmundo é porque a ele chegamos grag aolhares mais inaciosos ox menor distorcidos, Amincia, chepa-se pela {nilise qualitatva dealhada ou, de preferéncia, pela anali- Se quanttaiva que husea dsertoreseanto mais enéricos ‘got 0 mais exatos posses, Iso esté no centro da logica ‘portvista. Jé no centro da légica daléticaesté a preocu- pacio com 3 dstorgao da visio; dai deriva, por exemplo, 0 ‘conceit de ideologia come ilusio ou falsa consciéncia, Persist, entio, 0 primado da visto, Em qualquer caso, toms como dada uma eealidade ees qual teria aces" s0.de modo pouco nitido ~ para o posiivismo - ou um tan to dstrcido ~ para 0 pensamento crtco. Plo uso da 3230, fou conseguiriamos agucar as lentes pela qual captamos © ‘mundo para o positivism ~ oa conseguiriamos, como rum jogo de espelhos, ver por tris das aparéncias ou mes- mo Yer of avesios gue ado se revelam a0 primeico olhar ~ [pata pensamento critico, Em outeas palavras ¢ usando ma conhecida metafora, a raz3o cientfica ou filtraria ou ‘espethariacotretamente 0 que é,na verdade, 0 mundo. ‘O resultado deste otimismo cientifcista se manifesta na ‘renga de que, num determinado fucuro(eoncreto ou asi- ‘otico), pela Cidncia © homem teria acesso as verdades do ‘mundo, Com mais e melhores informasées ~ para o posit- vista — ou superadas as flsasconscincias ~ para o clio -, ‘0 fim e 20 cabo, veciamos a ralidade tal como ela €. Ou, 1a pior hipérese,chegariamos a vé-laquase pefeitamente $m qualquer caso, cla ~chamemo-a realdade ou verdade— ‘std em algum lugar 2 nos desafiae. Assim, a desconfansa ocular sempre steve presente nas pstemologas das Cigncias Humanas, E fo certamente dai, sdemode inditeto, que 0 pensamento pedagogicoassumin a “desconfiansa ocular’, isto, tomando-a como ela se mani- {estava no pensamento socilogico, politico histrico eo- nmico,flosdico exe. Vejamos um bom: exemplo disso: a teorizagio edvcacional erties ~de linhagem manxista ‘ndo ver ha décadas se caracterizando pela cautela ue 7 a ‘concede as aparénciasreveladas pelo mando da escola, pe- las relagdes entre os ato‘essociaise assim por diate, Es cautelasetraduz numa atitade critica que busca desideo logizat on sea, que busca ver além das aparcaciasimedia- ‘a6, 08 quas seviam invertdas, ofvscantee, enganosas ef, «eque busca, também, ver na rides de sombra que nao se reyelam ao primeizoolhar. Esse tipo de pensamento est na ‘origem das teorias da ceprodugio ede conceitos ecatego- ‘as euito importantes, ais coma curriulo oculto, capital Simbslico, pedagogiasinvisieis. Com ess dscusso sobre o pape doolbar, intro alguns outros elementos que compdem osubserato do pensamento ‘moderno e que tém sido tomados come teanilos nos dlti- {mos 200 ou 300 anos a razio, a consiénca,osujeitosobe- ‘ano (pelo desenvolvimento da consciénca) 0 progeesso, a ‘oralidade do mundo e de sua bistria e asim por dian Como se sabe, € aceitagdo nio problematizada de t noses que caracteriza o que se convencionou denominat [Pensamento moderno. Se esta expresso aponta para uma ‘ronologia ~ a saber, o mademo vem depois do antigo, do medieval ete.-,a outra expressao canada no século XVI, © Iluminismo, aponta exatamente para o papel da visio na ‘oss relago com 0 mundo. O programa iluminista funda- se, assim, na idéia de que a azo € atribuida a fungio de ‘lumina © Homem, para liberté-lo das trevas, das supers- tigdes opressoras, dos mits enganosos ete. © Tluminismao alimentou a esperanga de haver uma pesspectiva privile ds, urea, perspectva das peespectvas a partic da qual se ‘expligue 0 mundo ese chepue 8 Verdade ou ~ nama sia ver- so probabilistica~ muito perto desea Verdade. O quanto tal esperanga tem servido & daminagio das pestoas ene ce dessas sobre a Natureza ~ incluindo-se ai st as vertentes crireas do fluminismo -, a Histéria tem amplamente mos- trado, Se nessa dominago a modernidade nio fi original, foi, pelo menos, muito eiciente, A partir de meados do steulo XIX, foram se acumulando algumas frataras nesse amplo puradigma da modernidade, ~~" ‘entago das coisas (como imaginao pensamento modern0) 0 alarms sobre as coisas, n6s as constituimos. Em outas palavzas, os enunciadosfazem mais do que wma representa- ‘0 do unde; eles produzem o mando. A pergunta do tipo nado, no existe wma realidad exterior nds? ou 0 mien «do 36 se constitu’ quando eu flofpenso sobre ele, pode-se responder que esas G0 questes mal formladas. Em suma, ‘que importa nio é saber se existe ou nfo ume relidade real, mas, sim saber como se pensa essa realidade, O que se ‘pensa éinstituido pelo discusso que, longe de informar uma ‘erdade sobre a realdade on colocar ssn celidade em toda 2 sa espessura, o maximo que pode fazer & colocé-la como ‘uma re-presenca, ou Sia, presenta. E assim, entio, que assume imensa importincia compreender a representagio. ‘como 0 produto de uma exteriordade em que cada ui se coloca ¢ 2 partir da qual cada um traz, asi 408 outos, 0 {ue ele entende por mundo real. Masa representacio de que aqui flo nao se redz@ um coajunto de snas, simbolos,e6digos, cones ec e de regras {que os articulem. Também no € um produto imaginavio 2 Reta della, popu ems go une slope seers ce representa pena da are eps od ‘dr ae de Murs Escher Napier el yuan ee edness en caradastuperpotas bem delimit odo {eos ements deiner ane cm or ato Present a ttle decada semen. A satnc de perspec, $ posgo pote de aa pre (pets, lbes, parent Soemebroy ee) e una eta monstonsa aster so ean de Fepevetar es cade lsat in recep 2m ‘Sin tan, bse otha onograda csi eal Nb svt renters ado oma pees deta = ed ‘Sapa ws reprecrar aii coor demeatnda compos (Gotanleio ere onterader es ebay epreeaaee aso et ken sialon td ae oem ia quest eld; a propia porpecine odeser usd para subvert o gue possi sees eldade. ” 3 ‘ou fantasioso, qual um artefactum mentis, Tamibém no & “um ato de translagio ou uma replica fisca exata de um fe rnémeno mental” (Sheridan, 1980, ps4} E, no caso, nose tata de pensar em melhores e pies eepresentagbes, mais ‘ui menos corretas; nem ce pensar que uss sjam mais ve Aadeiras (porque mais ou menos prGximas, Bi ou corres: ppondentes a uma supestarealidade externa) do que otras Enem, ands buscar algum seatido que estaria aeulto]em cada discurso, sentido esse que revelaria uma matrix origi ral, qual fonte que teria alimentado a constugio das teorias ‘que guiariam as vsdes de mundo dos pariipances dagule discurso. O que interesa, nessa peespectiva, ¢ procurat “0s ests, figuras de linguagem, cendrios, mecanismosnazrati- ‘vos, circunstinciashistéreas e sociais dos diseurses} en A cortesdo da representagao, nem a sus fdeidade a algum Pande ona” (ai 990.33 ‘ que interessa nao ¢investgar uma suposta metafiica dle realdae; o que interessa €9 sentido que dames ao mun do E esse sentido s6 pode ser dado através de enunciados, ‘Como jf nascemos mergulhados no mundo da cultura, to- ‘mamos a linguagem como um recurso natural e de modo ‘io problematizado, ignorando a reras segundo as quais fos dscursos se formam ese articulam. A vtada lingstiea se constitu exatamente na mudanga para um novo entendi- ‘mento sobre o papel dalinguagern, a saber, de que os enun= ciados tfm suas reas préprias, de modo que nao temos, sobre os diseusos, o controle que pensivamos ter. E por ignorar essa limitagio que a8 flosofias da consci- {ncia, que se estabeleceram na modernidade, tomam tai tamente a possbilidade de articular os diseursos acerca do mundo a parti de uma exteroridade sent, no compeo- ‘merida radicalmente. & por isso que os desdobramentos dessasflosofias da conscigncia ~ de que a epistemologia genética ea pedagogia da iberasao st0 08 exemplos mais atuais no discurso pedagégico brasileiro - caem sempre no paradoxo do bootstrap que, como se sabe, consiste em al- .geém pretender se suspender no ar puxando os cordes dos Olbere priprios sapatos..2 Costumo me vale de uta metéfora para dustrar esse paradoxo: uma cobra pode desaparecer fo entarengolir asi mesma? ‘Voltemos ao olhar.Salientamos que as perspectivas pés- rmodernas negam 0 primado da visio. Buscaremos um texemplo no peasamiento de Michel Foucaul, para quem tect 0 olhar, st a imagem cem ui papel proprio, ado Fedutivel as palavas, 2 linguagem. A diferenga em eelagi0 a0 pensamento iluminsta est em que, para 0 filésofo, ima- (gem palavra ndo se fundem, ado se reduzem, ou sti, a Iinguagem nfo faz a mediagio entre o que venos © no#0 ‘pensamento, mas ela constitu o préprio pensamentoe,25- Sim, peecede o que pensamos ver mo mundo, Pata Foucault so 08 clementasvistveis~formagdes nlo-discursivas~e (0s elementos emunciveis~formagies discursivas - que fa- ‘ho do mundo iso que parece ser para nés. Mas, para ele, ‘no nosso entendimento sobre 0 mundo, o enancindo tem primazia sobre a imager, ‘De tudo isso deriva a iia segundo a qual todos s ene” dimentos sobre o mundo (¢, de novo, mando principalmen- «e social se dio em combinagies fucuantes entre olhares « emunciadlos, entre visio e palava, ence forages n30- iscussvas eformagses dscursivas. Nao hi um porto seguro, ‘onde possamos ancorer nossa perspectiva de anise, para, ‘partir dali, conhecer a realdade. Em cada pasada no ma ‘imo consegulmos nos amarrat as superficie, E ai constr ‘mas uma nova manera de ver © mundo e com ele nos rela cionarmos, nem melhor nem pior do que outeas, nem mais correa nem mais incorreta do que utr. Assim, para o pensamento ps-moderno mio uma pers pectvaprivilegiada a partir da qual possamos vere entender melhor 2 realidade social, cultural econdmiea, edueacional «tc. E, com tudo isso ea sem sentido falarmos deideologia como falsaconsciénca, pos onde estaria a verdadeira coset facia? Pia também sem sentido esttuir prineipion univers 53. Propo our vero para ene paradn te poco mae funlada | taba nm computor, Epona apse Slee windows de dena do pop ames Widen @ 33 “ Cormiahos taveatigarivos £ ‘para sempre vidos. Bem a0 condo, pars o ps-moder- ‘noo que interessa€ problematizar todas as certezas, todas as declaragbes de princpios. 0 no significa que se passe 4 viver num mundo sem principio, em que vale tado sso ‘Signilic, sim, que tado aguilo que pensamos sobre nosis g6es erudo aquilo que fazemos tem de ser continua e pet- ‘manentemente questionado, revisado ¢eiicado, concwusto Uma perspectiva pis-moderna nio quer demonetrar uma verdade sobre o mundo nem quer defender uma mancira pi vilegiada de analisé-lo. Isso significa assumie uma humid de episemologica que nunca esteve presente no pensamento iluminista, Ness sentido, io oportunas e exemplares as palaveas de Ewald (19935 p26) sobre Vigiar ¢ puri: Nada de inposides, uma posibilidade enteoutras; cer tamene que nZo mais verdadeia que as otras, mas alter smais pertinent, mais fix, mais prodiva. Eso ue Jmporta nfo peodesir go de verdadero, no sentido de efi, absoluo,peemptio, mas dar “peqas" ou "bo ‘cadoe erdades modesas, aves relances,estranbos, que ‘ao implica alin de ertpetag ou um burburinko de comentiios, masque sejam uiizdveis por outros come as caves de ums cai deframnent Sobressaem, da citagio acima, pelo menos doas ideas que asso a comentar suiatamente. Em primei lgae, o cater Pragmatico do pensamento 6s-moderno: ee ndo busea a6) verdade(s) sobce 0 mundo, mas busca insights, quaisFerra- rmentas que possam se eis pra oentendimento do mundo. [Nesse sentido, al pragmatism dstanca-se anto do ideals. ‘mo quanto das doutrinas uiltaristas do séealo XIX. Mas esse pragmatismo ndo énecessariamente instrumental. As- sim, 20 olhar a Educagao,o pensamento pos-moderno no «std obrigatoramentecompromeida com soles para aqui= Jo que denominamos problemas educacionais. Antes disso, (Olbores. oe parce ser mais important aber como ee exaelcem On euncados que declaram ser problemen ais. ais Confgragies os earactersias do mundo facaional ‘segunda ia que quero comentar 0 alegdo cats smo do pensament pér-moderne, Como disc pense ey pro no ity ene {gr cosas as eategoria tear uta eséncia propa, {as vé0 mando como um jogo de tlaees ente a cag ete as eatin. Até ano hi pane novia, pois pare do pesment minis trbn¢elacinalO oe {tem de now, com 0 pormodemo, 0 abandono da eran de haves um gar privilgiada 3 part do gual se Ponsa alc compreener entvamente lage gu Eccl no mundo, Seis for visto a para da propels perspective mines, emo qe estamos dint dem ‘stvnmo eptemolgio, Mas posse compreender de todo diferente ese epitemologin, poral fundads na Contingincn radi. Fo exatsmente orcas dessa ai tslidade que Popkewts 090) propos a express epite- Imologia soil tratendo pare 0 cone ekmentos i ate no The eam esranhos ai como o pode eo inerese Spel sos lot den da adic cionalidade dunt; ela necesariamentepovitoia¢ ‘humilde em suas pretensées. ae Decorem da ras qustes importants qu ineressam nds, docentsenvlvtdos eenvolvdas com a pesquiene oma pecs edveaionis. Cito das dels an primeiro igo, ea questo dart iposlidade do distancia rene da step netolgic so nga nosso lhares Sobre mondo Iso nog lala de rigor mas sigi- Aca que devemos er sempre presente que somos treme da- ‘eliente parte daguilo que anlisamose ie, tanta ve 2s, queretno modifica nso minut noon igenuidde {pode non deixar Bem ti tnt.» (Costa, 1993) {Tago gine ri deinen hitgndoo ula wn com ar Sado rine vtec yates sundaes we ‘Sa emma poet Cle rr a ‘Seoconisenens evar orcrnetan cot 35 36 _Camisos ieveastgarivas | Em segundo lngas, a0 nfo eleger uma categoria a que sempre outras estejam subordinadas, esse alegado relati- vismo abre espago para que se compreendam os infnitos recortes ecombinagdes que compeiem o mundo, Assim, por ‘exempl a invés de se partic das deteminagées econémi- ‘as para explicar 0 mundo social, outeas variévis so tr zidas para 0 tabuleiro do jogo: eta, religito, género, ida dd, cultura, caracersticascorporais, destos, Fantasias xc Isso no € feito para dizer que as determinagdesccondmicas no sejam importantes, ou que sejam menos imporantes do que outrasdeterminagées, ou que tudo se equiale m sim, para lembrar que as determinagBes nio goardam sem re posgso hierarquzada e estavel ete x ‘Ao contririo do que apontam alguns criticos, 0 alegado selaviso epstemologico nao pode ser confundida com um relativism cco. Isso significa que nogéestais como sli riedade, usa socal egualdade de direitos ~ ainda que nio se sustentem sob o crivo de uma epistemologiarlativsta — podem ser romadas como transcendentais e,esim tomadas como dadas, podem continaar balizar nosso trabalho de seducadores ¢ educadoras. Em outraspalavras, mesmo no tendo como fazer uma fundamentagio extrita dos valores morais— isto nos moldes traicionais - poderios assami- lose por eles pautarnossas ag6es. A impossiiidade da fun ddamentagiotlkima da ica de um projeo educacional nfo implica nem um nilismo nem um vale todo nesse campo. (Com isso, no estou dizendo que o pés-moderno, come um todo, assuma uma fica transcendental; bem a0 contro, hoje essa é uma questo de fortes disput, Aepstemologia social deixaespago para uma tia de citcunstincia ate, ara uma éica transcendental. Para ns, envlvides com a Educacio, 0 pensamento p= ‘moddeeno nos coloca em cenirios de miltiplos propéxtos ‘ilkiplas ea26es, Seja mais como investigadorese inves adores, seja mais como militntes pedagégicn, esses no FWao Rd como emai, agua pote atom inst eas ‘vos cenris se apresentam como muito mais inquietantes tedesafiadores do que os precedentes cenios iuministas, Na auséncia de metanarsativas ~ que tanto serviam de a tecismo para alguns quanto prometiam utopias para todos cena ausencia de tribunaisexternos ~epstemologicas, cos metodoldgicos~, 0 que temos para apelar, pela fremte, testi em nds mesmos. Chegados a esse estranho materia. lismo humanista, no horizonte do longo descenttamento coperado desde a revolucio copericans, os damos conta cde que estamos desde sempre e para srpee deixados a 15s mesmas ea s6s n0 mando, costa, M.V lements pars una cia das etidolgis psc atias de pei, In VutCA-METO, A. oe) Cries petra tara eedcasdo. Pro Alege: Sali, 1995p. 109-357 ALD, F. 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No € apenas uma questo de com: preeasio, mas de neensbade, de esondocia de corde masicl (Gilles Deleuze 79 Avo e¥-08 Tabvez pos parecer um tanto edrivul incalar um capitulo sobre pesquisa ¢ merodologia,falando de “paixio", e cmegar 2 Ganson apeirne de Fon gor advan fy sinrse de umt estado de esprit, experimentado ao longo de uma tajetéria de quatro anos de estado, direcionadas para uma ivestigaso empiric, cajo foo teérco-metodelgio 530 ‘as originaisconcepgies foucaulianas de poder, saber suji-! 10. 0 fo é que acreditava, desde oincio,naposibiidade de ‘compreender milkiplos aspectos da clara contemporanes ro caso de meu objeto de pesquss, compreender como sel fara construgo, ela midia brasileira, de um discurso sobre a adolescéncia dos anes de 1990 ~ dese que me dispusesee 4 apreender a obra do fiésofo naquilo que ele meso def- ni como um de seu pincipaisobjetvos fazer a isin de ‘como nes consituimossujeitos de vrdades fou de como nos assueitamos as vedades de nosso tempo, ou ainda de coin | slo cansamos de buscar dicursos vedas qu no os 33 @. Yo. Serene | rieuam). Mas experimentava algo mais profundo: a ideatifica- | cBo.com um eutorcujas pesquisaseram ralizadas, pensadas ¢ relatadas com plena vvacidade, com gana de viver com ‘uma radial abertura as possiveis ransformacées do proprio. pensamento. Rigorosssime no tatamento dos documentos, Foucault foi também o exemplo da lexibildade de pensar e da disponibilidade em lazer refszer as prdpriasafirmasbes. [Nada mas apaixonante a quem busca um eaminho para seu trabalho de investiga, |Justfcada a paixdo, passemos 20 elato €& discussio da experineia Je rrabathar com Foucault! ~experincia que se dstingue radcalmente daguelaem que aplicarnas wm au- tor on nsamos um determinado método de investigns30, No verdade,apée selecionar a tema e a respectiva inspiracso teéria, minbas primeira abocdagens do autor, de ua abra ¢ de sua proposta metodoldgica ~€ preciso que se diga ~ ‘do passaram de aplicagées quase mecinicas de uma teo- ria @ andlise de alguns dados. Fiz o que geralmente € fico, «em muitos trabalhos de pesquisa ~ estadar um deteeminado autor ou uma dererminada teoria,resumindo-2em seus t6- cos peincipai, especialmente aqueles que se acomodam @ nosso tema: e, depois, apliar ese arsenal tedrco a0 obje- to, quae forgando-o a ser respaldado teoricamente daquela forma, Ora, em que peseo esforga ai empreendido, fease numa utiliagio mecdnicae bem poueo eritiva de um de- terminado campo reérico. O objeto, dessa forma, perma- nece 0 mesmo, na sua qualidade de objeto ainda imerso no senso comum: ele ndo € construido em relagia @ uma te0- ia, ndo se transforma, o pesquisadar, conseqientemen ‘te, poueo devolve de produtivo 4 comunidadecientifia e& propria sciedade. ‘Exemplificando: nos primeitos semestees do doutorado, tendo defnido que invescigaria os discursos da midia sobre ‘adolescence, comecei a estudar a obra de Michel Foucaule, Respect “eshte com Foe fo ada poe Rob Me ‘hao, ease cma Pouca em ue alt ‘ito “Fone poem corse do pest ein (a UFR (niversade ede Selo RS} ns dr aoerde vem de 995 (A paizdo de trabalhar com Foucault I autor que conhecia desde o final da déeada de 1970, quan Go lie estudei sua Aula Inaugural de dezembro de 1970, n0 (Colllge de France: Lordre du discours. Retomei As pala- tras e a5 coisas, obta estadada durante o mestrado, ede bruceime especialmente sobre A argueologia do saber, Vi are punir, Microfisica do poder eos wes volumes de sua Historia da sexualidade. Antes de oma segunda ou mes mo terceira eitura dessas obras, absolutamente necesita, ‘apessci-me em lteralmenteaplicar Foucaulk, Levantei os grandes temas desses escrito, selecionel tépicos comsidera- dos pertinentes& anise que fri, redigi uma satese desses ‘studos e passe a confronté-los com a leitura que fazia de tom dos produtos da midia feito especialmente pars 0 pi blico adolescence: «revista Capricho.® Recordo ber o enorme esforca em ler cetas passagens {oucaultianas em todas as piginas da revista, Aqui hi disc plinamento dos coepos, ali hi controle das relagSes sexuais, [s adiante hi incitamento & confissio das intimidades de ‘meninas adolescentes. Um pouco de teria e logo depois tum exemplo pesto, Uma bela colcha de retalhos, toda fragmencada, tecida numa linearidade admitavel. Hoje, no ‘momeato em que redijoatese de doutoramento, depos de infnitas celeituras da obra de Foucault e principalmente depois de inimeras releiuras dos meus prépriostabalhos, {do caminho que fui fazendo nesses anos, coneluo que fo! necessrio fazer aquela experignca, digamos assim, cometer ‘agules erro, Poistrabalhar com um autor 6 em primeito lugar, fazer todas as lturas possves de seus textos, estudé- los seiamente,tradusi-los para si mesmo, falar deles,ex- por as divides eas iluminagies aos colegas, no temer pu- blcar iis eensaios de mcorporagdo, Conceitose eons ‘existem para serem mergulhados numa peética, para o en- tendimento de uma realidade que instiga, que acena ern soa incompreensiblidade, em sua beleza, poesia ou mesmo em sua potencilidade destrutva, 17 Palzagio mene de soxiadareoe x9 gina eno ma ‘es de prodayiesit compen do meter elon cro Cla “4 El Noe, gore sped 0 pe sean pea ‘meninas dete edi urea doe a s00 78 S008 “ 2 ‘Cameinios lavestigations F Assim opie tabled nse apticndoFoucank, depois de submis wna iron ct, precios ist, podado em ua polixidade improv organiza So deur modo basses mi tonal Ese omen to agnlfizoa segunda sprxinagio om deo a um aoe uma popot teria e mde Neu apenas tis um momento dee process cxtemamente so pal Znaate dese gradation ais fest no mango agin const epcinet no ended mas propos expla d teal, come ages oe fEnconaos em mitas das passages de bra de ouch modo parla em A argucolopia do saber asso lata em tpn a al te ges apend- saenen acon Fs ‘Vis6rias solugdes encontradas. m= ne 1. Teoria epritia sempre tas Foucault €dagueles rensadres qu jamais separa tora epic, Eee faz Aaplamerte de rm lad, tls por ume necssidade vital ® flbsofoafima a pecaricdae do seu propio discus ‘ine como procs, como posible Ge aorta, Como deseo de itaniae se de reso ecmprcener un esowgo de pensar diferente do que pena e out, na sua nile dos discuss, ou sein, no eatarent dos dados¢ no ebalho sobre o dacumentos, Foucault usa ese meso ‘model, movtrando gue hats posidades de dacs gues oa das si sempre hstrcay to 6 fel fm em pats i outa elves, pare elo sa dep deums rane pita rita com sete no pssasse de uma consesncia da Sls tampouc seta de, so conto tsar ua patie ome inspradoa de um Sterna tori come gat 15" Gos oigintmeor ea um trabalho de oles de un seins tore Foucault e199 redigo emepag 1 econ 95 Pa ‘taf um tg de 3 luda, oblate nate cde Read Ponte, 3.2934 de sascimento de on futur construc tebrico. “Nenbuma teoria pode se desenvolver sem encontrar uma especie de Inuro€€precso a pritica para aavesar o muro” ~ dia Gilles Deleaze em dilogo com Foucaue st, por seu tor no, asrescentava que uma teoria “nie expressaré, m0 ‘david, no aplicard uma pritica; ela é wma prica. Nas locale regional, como woet diz: nio eotalizadora” (Foucault! 1992, p. 70-71, grifo me), 2, Discurso produgdo do suet, Ou: 0 método dentro da teoria Quanto mais lia Foucault, mais encontrava rele ‘esa iredutivelconvivéncia do pesqisador edo filésofo, do ‘rabalhador operance sobre seus dados edo pensadoeinguie- odo presente. Ao mesmo repo cada vez mais ented que ‘meu tema seria trata ~ erica epraticamente~ a partir da ‘mesina fone. Ou seja: no mecolocava dian de um tema a ser trabalhado woescamente segundo tal ou ual linha dee ca depois submetélo,no momento da andlis emp a, uma cerea metodologia, aera independente daguele autor. Essa separagao~ fava cal vez mas caro ~ no exis- tiria para mim. A concep¢o foucaultiana de dscurso, coma uma prtica que forma os objetos de que fala & uma concep- a olhar o corpus de andlise como tm conjunt de textos 38- sociados a indmera pitcas sci a analsélosigualmene como peitcas que so, como consttuidores de sujeitosecor- os, de modos de existencia nio 6 de pessoas camo de ins- {iuigdes inclusive de formagdessocais mais amplas. Esses exams no seam realidades muda, 25 quis, por um trabalho de incerpretagioeandlise, seriam despetas, revlando senti- dos escondidos, palavrastalvez munca flodas as quais seriam ‘orientadas por ima cera iluminasio teicadefnidora do {gue reabente dvi os dios. Os textos seriam vstos na a ‘materialidade pura e simples de coisas dita em determinado 8 “ REE ELLE tempo e agar. Fim suma, para estudar os discursos da mia sobre adoleséncia,contava com uma teoria do discuso edo ‘seo, a qual me foneca, de dentro dela mesmo, um metodo dda de meticuloss investiga empiric concebendo-a, fete uma lta leale regional, conta as ines es = ic émaistavatele | Jnsiiaso® (Foucalt, 3992, p. 72,2 na osdem do sa 1 erdade, da consti do deur, Nao tomand ‘nada por xo on gata, portango se todo esina a considera as experiencia historicamene singles, rls dasa objeto que investiamos nels, ns defrontamos nfo mais com a cofss om 3 mas com produtos do discus, ST" Wegcapis¢ ompomt dos spies docementn: di progrmat (E°TV, Programa Le geogeama de satris pars jen 2ST, fpecsetads por Sergio Gross) ¢ Coniaser de Adee Udo eed por Dani Pl e veal criginalnene pels ‘TV Cabrio ule, com eam pt eves ec tase ultras do Pais evita Caprichos feminna para ‘cists com eto mesa eoescartePolbteor dene Serna pubcado pe ote de Pol) wecladon de go's deren de 904 i {+ 6 ee | eres no "| © ea propio do mind de Foacay, sstiad Paiica Osea ‘Caminbos tavestigativas I tum discurso que se transforma, pois que est vivo em m= tiplicadaslnas, em iniimeros jogos de poder: 5. Das evidéncas & construgo de wm objeto. Lyi obser ‘ee constatei uma experiencia singular, na década de 1990, ‘de corpos e mentes de meninose meninas adolescents, etn {do exposes, falados e mulilicados na miia, Dante dessa ‘vidncia, propus-me a investigar como &constraida essa di- ‘eursividade no Brasil de hoje, perguntanda-me que formas de poder e saber a consitue. Para tanto, dsigme 208 textos ‘da mii, estabelecendo uma relagio hia entre a tendcia, nas sociedadescontezuporineas, am aperfeigoamenta eres cee de ede de poder, ao mesmo tempo individulizadoras € ‘otalizanes a produgio de um sjeito adoescente para este final de séeulo. Aos poucos fui definindo que pretendia ex: teaic dos documentos de mew corpus discursive alguas enn Ce ony Fs ocediments e tenieas sobre 0 que Foucault denbramou™ experiencia des ~ pritias rela ‘8 a0 corpo a alma, sexwalidae, a nero, experimencadas ‘numa temporalidade radical pelos mais ovens, na construc desua ientidade individual socal a rapeura comm pts ees alee = pvr ) (Casaber vr aaro,pergues nial fo po ue one ‘al prolferaga0 de wextos para adoescentes? Minha sposigio «era. que, analsando ess discursos, seria posive elaborar um quad dos elementos que entrar nessa construc, os modes ‘como ela se realiza, os enunciados que ela prod ef cit- clr: Refiro:me, especialmente, ao jogo de poderes presents ness processo a0 tipo de adlescene que, nese agar edes- semodo, estaria sendo eonstruid. 6, Algumas suposigbes. Pasa conscrui as hipéteses de teal, lamas pois me pei iss.) Eo primeiro lugar, ue a5 relagdes de poder ea produgo de s8- apenas um elemento da sipereseutara; pelo lispsspesse (A patedo de wrabalhar com Foucault conti, esa dima ext pesene na via covidians dos {paividuos, prod uma transforma tecnica dos sos, ‘opera sobre seus corps. Os excmplosfattamentereltadon elo autor de Vgiarepunir ak pecan de explicagt, 80 Por demas convincentes, Se € verdad ue somos hedirot Tis sockdadedsciplinar dessa por Foucal,importiva Saber como hoje estes procedimentosecularment apren- didos de contol vigllncia das pesous, de produc ea erie do eo, ino a Wee par Ines ~exsiam coneetamente ns cura priist ‘ono tempo eespecieamente, na iia basa doe ‘aoe de 1390. Una pergunta pertinent, nese sentido, sri: ‘como, por exemplo, somos incitadas a evendee intima, ni ‘mesmo do diva do psicanale levis ura: de que modo iso wansornao prio dicuro so tea sextalidae,o propio dspostive da erualidade em oss Space? Una sun spi bea, complemen tac amteriog, €2 de que a produ de sbjetvidades, hoje, Tendo a depender, cada vr mat da produgao, weculagdo © Consumo aavés dos rcios de cotunicagio de discartos sobre tenicas, procedinentose priticas de, sobreruda_, ‘eferdos a "mods de exitncafovens™ +. Tradugoes eincorporagbes, Como seve, aproximagao ‘que fizemos em rlagdo ao objeto de pesquisa, antes mesmo da elaboracao das hipéteses, id inclula uma série de concei tos ou, pelo menos, elles te6vicas,aprendidas coe le tura eo estudo da obra de Foucault. Quando o pesquisador foi aos clasicas aregoe, 8 cultura greco-romans, 4 saceda de européia dos séculos XVII e XVIII, sabemos que o fez, ‘agindo come o inquietohistoriador do presente que sempre Fo: entegou se durante toda a san rajetria a erscrutar 8 ‘enealogia dos grandes temas constieuntes do homem oci- dental, através da deserigao minuciosa de prticassocais, vistas cm sua descontinsidade histrica~o¥ sia, enquanto ‘mergulhadas em relagSes de poder, produzidas discusiv ” 8 ‘Canalatas temestigations T mentee a9 mesmo tempo enquanto produtoras de dscarsos ‘csaberes. Que temas eram esses, identificados no peesen- te, € que urgiam ser compreendidos em sua historicidade? Basicamente, aquees que diziam respeito milenar fxagio do homem em saber 2 veedade do suit, em consticur st jeitos como o agar da verdade, em consteuir, para todos € para cada um, dscursos verdadeios. Ora, € nessa posicio {ue pretenamos modestamentecolocar nos: a de quent se junta a Foucaulee, de certa forma, aceitao desafio de con- ‘ina fazenl tal ira da verdade edo sjeto. Concei- tos como: produgdo do sujito, discus, consttvigao de subjetivilades, regime de verdade, posigio do sneita no discurso, formagao discursva, pritica discusiva, prética ndo-discursva, entre tantos outros, foram incorporados ‘ passaram a compor as perguntas que faia em r ‘objeto de investigagio, 8, Undo tantos obstéculos, Além da dificuldade expe- simentada com 2 leitura dos textos de Foucault ~ de modo ‘especial A argueologa do saber e As palaoras eas coisas, «também da necessidade que se foi manifestando, durante 7 Todox xe conctie soestudade x psi des ora eas Fer Foselrem Aarqucops do ser Conv ae aga algunas (ila fo forusio dnote ov stoma do formagio spo a, compreendse "um ese cmp dele ut asco ‘eo rege eleprsreve udev se cncacna mo ses it ic cel be ae ie ‘qr ovpenie a ou quale, Defies lava {Instrum sem de forma scarcer am dciss ‘sm grip deencados pl repre de uma pata" (988, ‘Quin an pits dices omc tr ‘eppecararcn dea em dado om eoninada eh, condnc, ogi ough 8 ‘dgperde exec da fang enti yp. 130. so ‘set do dcr ou do omni, ea anes pes oo (hn insite na porte do sais. Que so sien Ours Fosaue“Desrever una forgo engunto entstla o80 coe Steen apatesen wager ene auto gue eit fo fac die em qua ase decent gal €a posto ie ode dove caps tacs nd par sre eh" fp. 109. ‘o percurso, de compreendero autor a partie de suas di ‘mas elaboragdes (os ers volunes de sua Histria da sera. lidade) mas sm jamais abrir mao do Foucault erqueslogo, ‘enfrentames um obsticulo bem especie: ao longo de sa vasta obra, a no ser em entrevistas ou em passagens ni to ripidas de seu textos, Foucault no mostrow ocupar-se do tema do poder em zelagio aor meios de comunicasio, tema tio caro aos estudiosos da midi, principalmente da televisdo. Isso € compreensivel num autor que acentuow jus tamente as caplaridades do poder e sua produtividade no icerior das instcug6es, defiindo the egulamentose pro: ‘pondo mods de existinciaa seus agentes e ue restaltou @ Inserigio do poder na superficie dos corpos, definindo-Ihe ‘estualdades e todo tipo de conformaches, relacionadas a modos de dirigir a vida privada, nas mais variadasstua- .6es. erguotava-me: seria possivel erabalhar com Foucaule Analisando os discursos dos meios de comunicagio? Tal proposta de trabalho aio seria extremamente ia, nfo estaria deslocada de toda a concepsio de poder sujeito que o ator ofreciz? produtividade do impasse. Resolviesudar 0 modo Foucault inluia 0 papel ds meios de eorunicasao na discussio sobre a economia politica da verdade, tal somo testa ocorre nas sociedades ocidenaiscontemporiness. No primeizo capitulo de Micofsica do poder, Fouaule arms 4 priordade do discurso centifico na identificacio daguilo, ‘qe, para nés, seria a verdade; mas resalta a importancia de sus in imeras formas de produgio,dfusio e consumo — Seja através dos sistemas edcacionai, sea através das des de comunicagio einformacio, seja de outros campos institucionais -, bem como da soa centalidade como ob- {eto de debate politico e ideolégico (Feucauk, 1992, p. 13) ‘Ora, resalvado que ele flava de denro da sciedade fran- «exsa dos anos de 1970, talvex possa afiema que para nds, iguelmente, 0 discurso centico éimediatamente associado ‘a0 que € verdadero, talver de uma forma mais acentuads ainda, porque se junta a um ceeto sentimento de inferior ” Caminbos investigativos dade da mora da populago em relagio ao que dizem e Sahem ox dontores Porm, bi duasconsideracdesafaet a fespitos na mesma medida em que esses sere 80 var Torzadoe como verdade, convivese com wma gama imen- ‘Yaa de peice populares que ov negam, como sa eles re irseny tales se pla flag mitldgea af instaurads (Ghcresce nao 6 no Breil, mas em quate todo o mundo, 2 Tinportineia dos tacos de comunicayao como lugar pore. {exldacia de cculado de saberes de tos 0. +) emo de produsao de um saber especico, préprio da midia ‘Penso qu esa condigo da mia como produrra de vr “dade merece atengio especial indies a necessdade de uma nde que poss stut-nos nese presente em que 8 em, ato de ter aparecido na TV ou ter merecido gu Sue expago nos yornaterevitas configura poder, produ efstosepeclcos nas pessoas constr um po emp ‘rade, Ese eaclolni nfo moc lveva ina pongo pet ‘eeu, segundo a qual sorts psionezos dos ios de omunicag,cja fang ¢justamenteconformar nossos fensamentose aes. Aceitamos 4 proposta foeaultians {i fazer una andliseaicendente, de desreer os dscurson dade dispers,captando nesses gare diferentes jess que un deterinado dacuso se asia. Mais uma 2. aesocisg ence dscutso epateas~porgur estas Conliguram o poder em suas exremidades, expoem ‘vai nica, a falas, a6 mlimas nrtas, oonden spent dos indivds, enim, todos os nfimos elementos {a normalzago don sjeitos. Teata-se de um tabalho. ‘cious ededan: ao inves da Hcl afrmagio totalitra da dlorinago da midi sabe sso, pre foi por garimpar textos, imagens, coisas ditas, visibi de dencas e procedimentasgerados institucional, | acetando a precariedade desses mesmos ditos,e ao mesmo | fm multens acne omansan ‘ nidadesprovisae. (A paesdo de erabalhar cam Foucault to, Roce copa gino oefetament de atin Enbora maa eradioss Emini tenham sao ones fucahan de corpo is corpo com po. ho clara de patas que contgurem nfo opto corpo fico mass enptint Seva das mulheres oy? Pas anaar todo apuao dcitinar qu, em ose ‘elade,sbmcte as theresawea verdad ta om ‘agtos banca da flea, si recone gu ena ‘lato de Foust 0S fa sem probleas:© pat Fal dls is ape a quo seu med de comprar $ connie ds conan Fowcau ria pasado go squat rela ao pre En cures felons cate da ther, parsley nf tea stom suado come focus em ques oper tina da at ania dss o- Gaia ragio desgunl ene homens mules cm 2 content nual da nese dea As, se part de nao exes drenga sna ono a cola a pougt de sages sin srmens despa 4 coon rar reer am see fama no sexual. No caso dos textos da midia sobre adolescencia~ i ar pico retinas eee como pont ta eta pee dos opos epee Gos con feminine, fu nce elses a derens os o> Sos deweagto dcop da mae ed ero ota “ion cna lean na wore de Fone) Gimme a desu eeepc eco com ote conto, age denser da hiss Pore, € abraotamentnetsio queen ablios como ewes mpl adacust ee Jo oma, crore desta forma Foes, Asiny da questo da seo dae Theraocontnasence do poder medic, presente en gran. pare dos docmentos pr im ansinados een or Focal em sun toad sewaidade no pode 3 Wij popésto, a excelente disco ft por Lois MeNay, lve Fuca nd feminism: poser, ons ond heal eh ‘Sostlment ocala inital “Power, Nosy a expec Veramben Sobik ongen 286329) 2 Canminkos invecrigations sce vista apenas quanto 3 amplitude das operacies dis Ciplinares sobre o corpo feminino, mas sobretudo no que ferrfere i inscricio, nesse corpo, das lutas de poder eatce Ihomens e mulheres: uma luca pela imposicZo de sentidos, ‘que historicamente em conferdo a elas a posigio de nat ralmerte interiors +1, Enunciado, um acontecimento a ser maltiplcado, ‘Opera sobre os documentos sgnifcavaanalisat os texto, ‘erindo delesenoncados de i discus sobre a ales ‘inca rasilera em fins da década de 1990. Teatavase em ‘rimeiro lugar de compreender este coneit,certemente ‘oma importante na teoria do dacarsofoucaulians: emuncia jo de exstoncia que se exerce so || unidades como a fase, proposigdo ou os aos de lingu || gem. Pars o autor, oemunciado nfo constiuria em sina Unidad, ois encontrase a tunsversaldade dae ~ | das proposighes dos aos de inguagers é “sempre om | ontecimento, que nem a lingua nem o sentido poder | esgotatiteiramente™ (Foucault, r988, p35 trata-se de "uma fonsio que cruza um domiaio de etrataces eunide

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