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ROTEAMENTO

Protocolo de
roteamento PIM
Douglas Campos de Souza

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Caracterizar o protocolo PIM.


>> Explicar o multicast independente de protocolo pelo modo denso.
>> Analisar a operação de multicast independente de protocolo no modo es-
parso.

Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre os conceitos do protocolo Protocol Inde-
pendent Multicast (PIM), as suas aplicações e as diferenças existentes entre os
protocolos modo denso (PIM-DM) e modo esparso (PIM-SM).
O protocolo PIM é usado entre dispositivos de roteamento de redes para que
eles possam rastrear quais pacotes multicast devem encaminhar um para o outro
e para suas redes locais (LANs) diretamente conectadas. O protocolo PIM funciona
sem subordinação a qualquer outro protocolo de roteamento unicast para enviar
ou receber atualizações de rotas com outros protocolos.
Independentemente de qual protocolo unicast de roteamento esteja sendo
utilizado na rede local para preencher a tabela de roteamento, alguns fabricantes
de equipamentos usam o conteúdo da tabela unicast existente na cache do roteador
para executar a verificação de reverse path forwarding (RPF) em vez de construir
e manter sua própria tabela de roteamento separada. Adiantamos também que
você, como analista de rede, poderá configurar o protocolo IPv6 multicast para
usar qualquer um dos modos PIM: SM ou DM.
2 Protocolo de roteamento PIM

Conhecendo o protocolo PIM


O protocolo de roteamento multicast mais utilizado hoje na Internet é o PIM
do tipo de sparse mode (SM), que significa modo esparso. O protocolo PIM-SM
é tão aceito que, quando o termo simples PIM é usado em um contexto dentro
dos protocolos da Internet, automaticamente alguma forma de operação do
modo SM é assumida (JUNOS, 2020).
O protocolo de roteamento PIM foi desenvolvido pelo grupo de trabalho
Inter-Domain Multicast Routing (IDMR) da Internet Engineering Task Force
(IETF). O objetivo do grupo de trabalho IDMR é desenvolver um protocolo
padrão multicast de roteamento que possa fornecer roteamento multicast
interdomínio escalonável. O protocolo PIM recebe esse nome, porque não
depende dos mecanismos fornecidos por qualquer protocolo de roteamento
unicast específico. No entanto, qualquer implementação que suporte o pro-
tocolo PIM requer a presença de um protocolo de roteamento unicast para
fornecer informações da tabela de roteamento e para se adaptar às mudanças
de topologia.

A principal função de qualquer protocolo de roteamento é ajudar


os roteadores a encaminhar um pacote na direção certa, fazendo
com que ele continue se movendo para mais próximo de seu destino desejado,
chegando finalmente ao local.
Para encaminhar um pacote unicast, um roteador examina o endereço de
destino do pacote, encontra o próximo salto de endereço da tabela de rote-
amento unicast e encaminha o pacote por meio da interface apropriada. Um
pacote unicast é encaminhado por um único caminho da origem ao destino, de
acordo com Wendell Odom, Rus Healy, Denise Donohue no livro CCIE routing
and switching certification guide.

O protocolo PIM surgiu como um algoritmo (software) para superar as


limitações de alguns protocolos, como o Distance Vector Multicast Rou-
ting Protocol (DVMRP), que era eficiente para clusters densos de roteadores
multicast, mas não se adaptava bem aos grupos maiores e mais esparsos
encontrados distribuídos pela Internet. O protocolo Core Based Trees (CBT)
também foi planejado para oferecer suporte ao modo esparso, mas o CBT,
com sua abordagem que priorizava mais o tráfego do núcleo das redes que
compõem a Internet, tornou-se um ponto crítico, e grandes aplicações do tipo
videoconferência e real-time resultaram em gargalos no núcleo. O protocolo
PIM foi então projetado para evitar, ao mesmo tempo, os problemas de es-
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calabilidade do modo denso do protocolo DVMRP e os possíveis problemas


de desempenho do CBT.
Ele faz a distinção entre um protocolo de roteamento multicast projetado
para ambientes densos e um que é projetado para ambientes esparsos.
Modo denso se refere a um protocolo que é projetado para operar em um
ambiente onde os membros do grupo são densamente compactados e há
muita largura de banda disponível; no entanto, o modo esparso se refere a
um protocolo que é otimizado para ambientes onde os membros do grupo
são distribuídos entre muitas regiões da Internet e a largura de banda não
está necessariamente amplamente disponível. É importante notar que o modo
esparso não significa que o grupo tenha poucos membros, apenas que eles
estão amplamente dispersos pela Internet. Os desenvolvedores do protocolo
PIM argumentam que os protocolos DVMRP e MOSPF (Multicast OSPF) foram
desenvolvidos para ambientes onde os membros do grupo estão densamente
distribuídos. Eles enfatizam que quando membros do grupo e remetentes são
esparsamente distribuídos em uma ampla área, tais protocolos não fornecem
o serviço de entrega multicast mais eficiente, pois o protocolo DVMRP envia
pacotes multicast periodicamente por meio de muitos links que não levam a
membros do grupo, enquanto o MOSPF pode enviar informações de membros
do grupo por meio de links que não levam a remetentes ou destinatários,
conforme a Figura 1.

Figura 1. Envio de pacote multicast em um ambiente de rede esparso.


Fonte: Odom, Healy, Donohue (c2010, p. 694).
4 Protocolo de roteamento PIM

Como mostrado na Figura 1, o roteador replica cópias da mensagem mul-


ticast para todas as interfaces, menos para a interface por onde ele recebeu
a mensagem (endereço de origem). Nesse cenário, tanto o protocolo DVMRP
quanto o MOSPF usam a técnica de flooding para disseminar a mensagem.
Assim, até os endereços que não são o de destino da mensagem multicast
irão receber e processar a mensagem, gerando desperdício e uso indevido
de recursos da rede. Para resolver esse e outros problemas, o protocolo PIM
é atualmente o mais implementado para o envio de mensagens multicast.

A técnica mais simples para entregar mensagens multicast a todos os


roteadores entre domínios é implementar um algoritmo de flooding,
com tradução literal para português de “inundação”. O procedimento de flooding
começa quando um roteador recebe um pacote que é endereçado a um grupo
multicast. O roteador emprega um mecanismo de protocolo para determinar se
esta é a primeira vez que ele recebe esse pacote específico ou se já o viu antes.
Se for a primeira recepção do pacote, este é encaminhado em todas as interfaces,
exceto aquela em que recebeu a mensagem, garantindo que o pacote multicast
alcance todos os roteadores na inter-rede. Se o roteador já viu o pacote antes,
ele é simplesmente descartado (SEMERIA; MAUFER, 1996).

O protocolo PIM tem duas versões conhecidas como PIMv1 (versão 1) e PIMv2
(versão 2) e ambas podem coexistir no mesmo dispositivo de roteamento e
até na mesma interface. A principal diferença entre PIMv1 e PIMv2 é o formato
do pacote. Mensagens PIMv1 usam pacotes no formato Internet Group Mana-
gement Protocol (IGMP) e o endereço multicast 224.0.0.2; enquanto PIMv2 tem
seu próprio número de protocolo IP e estrutura de pacote, conforme a Figura
2. Todos os dispositivos de roteamento conectados a uma sub-rede IP, como
uma LAN, devem usar a mesma versão do protocolo PIM.

Figura 2. Formato de um pacote padrão PIMv2.


Fonte: Shamim et al. (2002, p. 637).

Conforme a Figura 2, um cabeçalho padrão PIMv2 é composto por 32 bits,


usa seu próprio protocolo de número 103 e não é encapsulado no pacote
IGMP. Os pacotes PIMv2 são enviados para um endereço multicast reser-
vado 224.0.0.13. O campo VERSÃO é designado para especificar a versão do
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protocolo PIM utilizado, o campo TIPO especifica o tipo de mensagem PIM


encapsulada, conforme exemplo de algumas dessas mensagens no Quadro
1, e o campo CHECKSUM, que é um complemento de controle do pacote, que
tem tamanho de 16 bits.

Quadro 1. Alguns tipos de mensagens usadas no campo TIPO de um pacote


padrão PIMv2

Tipo Mensagem

0 Hello

1 Mensagem de registro

2 Mensagem de registro de parada

Fonte: PIMv2 (2016).

Algumas implementações do padrão PIM podem reconhecer pacotes PIMv1


e trocar automaticamente o dispositivo de roteamento interface para tal
versão, pois a diferença entre PIMv1 e PIMv2 envolve o formato da mensagem,
mas não o significado dela ou como o dispositivo de roteamento processa
a mensagem padrão PIM. Um dispositivo de roteamento pode facilmente
misturar interfaces padrões PIMv1 e PIMv2.
O protocolo PIM opera em vários modos, entre eles, temos:

„„ modo bidirecional;
„„ modo esparso (SM);
„„ modo denso (DM);
„„ modo esparso-denso.

No modo esparso-denso, modelo híbrido, alguns grupos multicast são


configurados como modo denso e outros como modo esparso. Os padrões
que formulam a estrutura do protocolo PIM também estabelecem um modo
conhecido como modo específico da fonte ou source-specific mode (PIM SSM).
No PIM SSM existe apenas uma fonte específica para o conteúdo de um grupo
multicast dentro de um determinado domínio.
Como o modo PIM que você escolhe determina as propriedades de confi-
guração do protocolo PIM, você deve primeiro decidir se o seu protocolo irá
operar no modo bidirecional, esparso, denso ou esparso-denso em sua rede.
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Cada modo tem vantagens operacionais distintas em diferentes ambientes


de rede.
No modo esparso (SM), os dispositivos de roteamento devem entrar e sair
de grupos multicast explicitamente. Dispositivos de roteamento upstream
não encaminham o tráfego multicast para um dispositivo de roteamento
downstream, a menos que este tenha enviado uma solicitação explícita (por
meio de uma mensagem) ao dispositivo de roteamento do ponto de encontro
(RP-rendezvous point) para receber esse tráfego. O RP serve como a raiz da
árvore de entrega multicast compartilhada e é o equipamento responsável
pelo encaminhamento de dados multicast de diferentes fontes (origens) para
os receptores (destinos), conforme a Figura 3.

Figura 3. Localização de roteadores de ponto de encontro (RP) em uma comunicação multicast.


Fonte: Semeria e Maufer (1996, p. 31).

Como ilustrado na Figura 3, os roteadores downstream são obrigados


a se juntar a uma árvore de distribuição de modo esparso (SM) enviando
solicitações por meio de mensagens para o seu RP. Se um roteador não
se tornar parte da árvore de distribuição predefinida, ele não receberá o
tráfego multicast endereçado ao grupo. Em contrapartida, os protocolos de
roteamento multicast de modo denso (DM) assumem a associação ao grupo
de roteadores downstream e continuam a encaminhar o tráfego multicast a
eles até que as mensagens de remoção explícitas sejam recebidas. A ação
de encaminhamento padrão dos outros protocolos de roteamento multicast
de modo denso (DM) é encaminhar o tráfego, enquanto a ação padrão de
um protocolo de roteamento multicast de modo esparso (SM) é bloquear o
tráfego, a menos que seja explicitamente solicitado.
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Componentes de uma rede PIM


O protocolo PIM-DM (modo denso) requer apenas uma fonte de origem mul-
ticast e uma série de dispositivos de roteamento habilitados para a função
multicast em execução, garantindo que todos as mensagens multicast cheguem
a todos os lugares, inundando periodicamente a rede com tráfego multicast,
certificando também que as sub-redes onde todos os receptores não estão
interessados naquele grupo específico parem de receber tais pacotes. No
entanto, o protocolo PIM-SM (modo esparso) é mais complicado e requer o
estabelecimento de dispositivos de roteamento especiais chamados pon-
tos de encontro no núcleo da rede. Esses dispositivos de roteamento são
de onde as mensagens de upstream dos receptores (destino) interessados
encontram o tráfego do conteúdo de origem multicast. Uma rede pode ter
muitos roteadores RPs, mas o protocolo PIM-SM permite que apenas um RP
esteja ativo para qualquer grupo multicast (JUNOS, 2020).

Se houver apenas um RP em um domínio de roteamento, ele e os


links adjacentes poderão ficar congestionados e formar um único
ponto de falha para todo o tráfego multicast da rede. Assim, o uso de vários
RPs é uma regra, mas o problema muda, pois como os outros dispositivos
de roteamento multicast encontrarão o roteador RP que é a fonte do grupo
multicast que o receptor está tentando entrar? Esse mapeamento RP/grupo
é controlado por um roteador conhecido como bootstrap especial (BSR), que
executa um mecanismo chamado PIM BSR. Pode haver mais de um roteador do
tipo BSR em uma rede (JUNOS, 2020).

Nesta seção, você aprendeu sobre os conceitos gerais do protocolo PIM,


os seus modos de operação, as suas aplicações, quais são os componentes
básicos com compõem uma rede baseada no protocolo PIM e como são as
trocas de mensagens multicast entre diversos roteadores dentro de uma
rede.

Características do protocolo PIM-DM


O protocolo PIM modo-denso (PIM-DM) é um protocolo significativamente
menos complexo do que o modo-esparso (PIM-SM). O PIM-DM trabalha com
o princípio de que é provável que qualquer fluxo multicast dado dentro de
uma rede terá pelo menos um receptor na posição de roteador downstream.
Esse modelo é ideal quando muitos hosts solicitam receber pacotes multicast,
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de forma que a maioria dos roteadores PIM receba e encaminhe todos os


pacotes multicast.
Como o PIM-SM apenas encaminha um fluxo multicast quando solicitado,
o protocolo PIM-DM sempre inunda (flooding) qualquer novo fluxo de mul-
ticast que chega ao roteador PIM e somente para de enviar pacotes se for
explicitamente instruído a fazê-lo por meio de mensagens recebidas dos
roteadores downstream. O modo DM não inclui na sua estrutura o conceito
do roteador RP, que é usado apenas pelo modo SM, e é o protocolo mais
eficaz em redes que:

„„ hosts de origem e destinos estão próximos na rede;


„„ existem poucos hosts de origem da mensagem e muitos receptores
(hosts de destinos);
„„ o volume de tráfego de mensagens multicast é alto e constante.

Segundo Patil (2014), o protocolo PIM-DM também usa o encaminhamento


de caminho reverso reverse path forwarding (RPF), similar ao utilizado pelo
protocolo DVMRP. A principal diferença entre os dois é que o protocolo de
modo-denso trabalha com qualquer protocolo do tipo unicast.

O protocolo DVMRP é um protocolo de roteamento de vetor de dis-


tância projetado para suportar o encaminhamento de datagramas
multicast por meio de uma rede. Ele constrói árvores de entrega multicast
enraizadas na origem usando variantes do algoritmo reverse path broadcasting
(RPB) (SEMERIA; MAUFER, 1996).

O modo denso usa um modelo push para inundar o tráfego multicast para
todos os cantos da rede por meio da técnica flooding, conforme a Figura 4.
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Figura 4. Modelo push usado pelo protocolo DM.


Fonte: Junos (2020).

Na rede mostrada na Figura 4, o modelo push é um método usado para


entregar dados aos receptores sem que estes os solicitem. Esse método é
eficiente em certas implantações em que há receptores ativos em cada sub-
-rede. No modo denso, um roteador assume que todos os outros roteadores
desejam encaminhar pacotes multicast para um grupo (G). Se um roteador
recebe um pacote multicast e não tem membros diretamente conectados ou
vizinhos PIM presentes, uma mensagem de “parada” é enviada de volta à fonte
(S). Os pacotes multicast subsequentes não serão enviados para esse roteador.
O modelo PIM, em geral, constrói árvores de distribuição multicast ba-
seadas na origem (S) e o protocolo DM, inicialmente, inunda o tráfego multicast
em toda a rede. Roteadores que não têm vizinhos downstream bloqueiam
de volta o tráfego indesejado. Esse processo se repete a cada três minutos
na rede e os roteadores acumulam informações de estado recebendo fluxos
de dados por meio desse mecanismo de inundação e remoção (JUNOS, 2020.
Esses fluxos de dados contêm a fonte (S) e as informações do grupo (G)
para que os roteadores downstream possam construir suas tabelas de en-
caminhamento. O protocolo PIM-DM suporta apenas árvores de origem, ou
seja, (S, G) como parâmetros de entrada, e não pode ser usado para construir
uma árvore de distribuição compartilhada.
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O modo denso pode usar a tabela de roteamento preenchido por qual-


quer protocolo de roteamento unicast subjacente para realizar verificações
de encaminhamento de caminho reverso (RPF). Provedores de serviços de
Internet (ISPs) normalmente apreciam a capacidade de usar esses protocolos,
porque eles não precisam introduzir e gerenciar um roteamento separado,
pois, na prática, eles podem usar a tabela de roteamento unicast preenchida
por protocolos como o OSPF e o BGP. Ao contrário do modo esparso (SM), no
qual os dados são encaminhados apenas para dispositivos de roteamento que
enviam uma solicitação explícita, o modo DM encaminha o tráfego multicast
para todas as interfaces por meio do mecanismo de flooding, conforme
ilustrado na Figura 4.

Configurando o protocolo PIM-DM


A seguir, conforme ilustrado na Figura 5, você irá visualizar um cenário de
configuração e etapas de uma rede fictícia em que os roteadores são imple-
mentados para o protocolo PIM-DM e como um cliente multicast é conectado
nesse cenário.

Figura 5. Cenário de comunicação em uma rede baseada no protocolo PIM-DM.

Na Figura 5, os roteadores A, B e C são rotadores PIM-DM e estão conectados


em cadeia a um cliente multicast. As etapas envolvidas no encaminhamento
dos fluxos multicast para essa configuração de amostra são:
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„„ quando os roteadores PIM são iniciados, eles usam a troca de pacotes


conhecidos com PIM Hello para que os roteadores vizinhos se conhe-
çam entre si. Assim, cada roteador fica ciente da localização de seus
vizinhos PIM;
„„ conforme um fluxo chega da fonte multicast (servidor) ao roteador
A, ele realiza uma verificação dos dados, entre eles o endereço IP de
origem (10.10.1.52) do fluxo, e determina a melhor rota para ele. Após
isso, ele encaminha o fluxo multicast para o seu único vizinho PIM;
„„ o roteador A cria uma entrada (S, G) (Origem, Grupo) em sua tabela de
encaminhamento PIM-DM. Quaisquer outros pacotes da mesma origem,
que são destinados a serem encaminhados para o mesmo grupo, serão
encaminhados automaticamente sem uma verificação RFP. Isso torna
a transição bem mais rápida;
„„ quando o fluxo multicast chega ao rotador B, ele executa as mesmas
etapas anteriores do roteador A. Isso significa que o roteador B tam-
bém tem uma entrada (S, G) para o fluxo multicast em sua tabela de
encaminhamento PIM, e o fluxo é encaminhado para roteador C;
„„ ao chegar no roteador C, ele executará uma verificação de RPF no fluxo
multicast para aceitar a mensagem;
„„ por fim, como o roteador C não tem nenhum outro roteador PIM
downstream, se ele receber alguma solicitação do cliente multicast
(192.168.1.50) requisitando esse fluxo de transmissão, o roteador C
encaminhará o fluxo de transmissão via porta 1.0.1. Se o cliente deixar
o grupo e o roteador C não tiver nenhum outro cliente conectado
solicitando o grupo (G), ele enviará uma mensagem de “parada” para
os roteadores superiores.

Nesta seção, você aprendeu sobre os conceitos e as aplicações do protocolo


PIM-DM, como ele se comporta dentro de uma arquitetura de comunicação
entre roteadores upstream e downstream e como a fonte (S) do fluxo multicast
auxilia os roteadores a montar a sua tabela de encaminhamento por meio
dos grupos (G).

Características do protocolo PIM-SM


O protocolo de modo esparso (PIM-SM) usa um modelo pull para entregar
tráfego multicast. Apenas segmentos de rede que solicitaram explicitamente
os dados receberão o tráfego. Ao contrário das interfaces de modo denso
(DM), as interfaces de modo esparso são adicionadas à tabela de roteamento
12 Protocolo de roteamento PIM

multicast apenas quando mensagens de ingresso periódicas são recebidas


de roteadores downstream ou de um membro conectado diretamente a essa
interface. Para encaminhar o tráfego multicast de um grupo (G) de uma LAN, a
operação de modo esparso ocorrerá somente se um RP, roteador de ponto de
encontro, for conhecido para o grupo. Nesse caso, os pacotes são encapsulados
e enviados para o RP. Quando nenhum RP é conhecido, o pacote é inundado,
por meio do flooding, em um modo denso. Se o tráfego multicast de uma
fonte específica (S) for suficiente, o primeiro roteador downstream poderá
enviar mensagens de associação para a fonte com o intuito de construir uma
árvore de distribuição baseada nessas mensagens.
Segundo Cisco Systems, em IP Mulyicast (2017), o protocolo PIM-SM é
semelhante à abordagem de árvore baseada em núcleo core-based tree (CBT)
na medida em que emprega o conceito de ponto de encontro (RP), no qual
os receptores “encontram” as fontes. O receptor de cada grupo multicast (G)
seleciona um roteador RP primário e um pequeno conjunto ordenado de RPs
alternativos (roteadores secundários), conhecido como lista RP, conforme a
Figura 6.

Figura 6. Exemplo de roteadores RP e DR em uma configuração PIM-SM.


Fonte: Semeria e Maufer (1996, p. 32).

Conforme a Figura 6, para cada grupo multicast (G) há apenas um único RP


ativo. Cada host receptor que deseja ingressar em um grupo multicast contata
o seu roteador diretamente conectado, que tem a função de se juntar à árvore
de distribuição multicast enviando uma mensagem de junção explícita para
o RP primário do grupo.
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A fonte Multicast (S) também usa o RP para anunciar a sua presença e


encontrar um caminho para membros que se juntaram ao grupo. Esse modelo
requer roteadores de modo esparso para manter algum estado (que é feito
pela lista RP) antes da chegada dos pacotes de dados. Diferentemente do
modo esparso (SM), protocolos de roteamento multicast de modo denso (DM)
são orientados por dados, uma vez que não definem nenhum estado para um
grupo multicast até que o primeiro pacote de dados chegue e seja reconhecido.
Nesse caso, a lista RP, que é montada no roteador RP, será a responsável por
armazenar as informações e os estados das trocas de mensagens.
Quando há mais de um roteador PIM conectado a uma mesma LAN, o
roteador com o maior endereço IP é selecionado para funcionar como o
roteador designado (DR) para essa LAN. O roteador DR é responsável, além
de manter o status atualizado para o roteado RP e para remetentes locais do
seu grupo multicast, pela transmissão das mensagens de solicitação IGMP
para ingresso de novos hosts no grupo.

O protocolo IGMP tem como principais objetivos informar ao roteador


multicast o local que um determinado host quer receber as mensa-
gens do tráfego multicast de um grupo específico; o outro objetivo é justamente
informar ao roteador multicast o local que um host quer sair do grupo, em outras
palavras, ele não quer mais receber o tráfego multicast destinado para o grupo
(ODOM; HEALY; DONOHUE, c2010).

Para facilitar a diferenciação entre os grupos DM e SM, uma parte da


Classe D de endereçamento IP foi reservada para a utilização de endereços
multicast, conforme o Quadro 2.

Quadro 2. Faixa de endereçamento IP reservado para comunicação multicast

Classe Faixa de IP

D 224.0.0.0 – 239.255.255.255

Quando o roteador designado (DR), mostrado na Figura 6, recebe uma


mensagem de relatório IGMP para um novo grupo, ele determina se este
está associado a algum RP examinando o endereço do grupo. Se o endereço
indicar ser um grupo SM, o rotador DR executa uma pesquisa na lista RP do
grupo associado para determinar um RP primário para ele.
14 Protocolo de roteamento PIM

Como fontes multicast (S) são associadas


diretamente a um grupo (G)
Quando um host transmite (S) pela primeira vez um pacote multicast para um
determinado grupo (G), o seu roteador DR deve encaminhar o datagrama para
o roteador RP primário para a devida distribuição subsequente na árvore de
entrega do grupo (G), conforme a Figura 7.

Figura 7. Protocolo PIM-SM usado para associar fonte multicast (S) a um determinado grupo (G).
Fonte: Semeria e Maufer (1996, p. 32).

Na rede ilustrada na Figura 7, o roteador DR encapsula o pacote multicast


e o envia para o RP principal do grupo (G). O pacote informa ao roteador RP
a existência de uma nova fonte (S), o que faz com que o RP ativo transmita
mensagens PIM-CONFIRMAÇÃO de volta para o roteador DR da fonte multicast
(S). Os roteadores situados entre o DR da fonte e o RP mantêm o estado das
mensagens PIM-CONFIRMAÇÃO recebidas em suas caches para que saibam
como encaminhar pacotes multicast não encapsulados da sub-rede de ori-
gem para o RP. O roteador DR da fonte (S) deixará de encapsular pacotes de
dados multicast quando receber mensagens de PIM-PARADA do RP. Quando
isso ocorrer, o tráfego de dados será encaminhado pelo DR em seu formato
multicast nativo (modo DM) para o roteador RP. Quando o RP recebe pacotes
multicast da estação de origem (S), ele reenvia os datagramas na árvore
compartilhada por RP para todos os membros do grupo, independentemente
de ter solicitado ou não as mensagens.
Neste capítulo, você aprendeu sobre o funcionamento do protocolo PIM,
as suas aplicações e diferenças entre os modos SM e DM, as características
do protocolo PIM-DM, as funções e aplicações dos roteadores DR e RP no
protocolo PIM-SM e como ocorrem as trocas de mensagem entre esses rote-
Protocolo de roteamento PIM 15

adores para a descoberta e o envio de mensagens multicast entre a origem


da mensagem (S) e os receptores de um mesmo grupo (G).

Referências
IP MULTICAST: PIM Configuration Guide. Cisco, 2017. Disponível em: https://www.cisco.
com/c/en/us/td/docs/ios-xml/ios/ipmulti_pim/configuration/xe-16/imc-pim-xe-16-
book.html. Acesso em: 26 out. 2020.
JUNOS. Multicast protocols user guide. Juniper Networks, 2020. Disponível em: https://
www.juniper.net/documentation/en_US/junos/information-products/pathway-pages/
config-guide-multicast/config-guide-multicast.html. Acesso em: 26 out. 2020.
ODOM, W; HEALY, R.; DONOHUE, D. CCIE Routing and switching certification guide. 4th
ed. Indianapolis: Cisco Press, c2010.
PATIL, M. B. Multicast routing and its protocols. International Journal of Computer Science
and Information Technologies, v. 5, n. 5, p. 6345-6349, 2014. Disponível em: https://
www.researchgate.net/publication/341755219_Multicast_Routing_and_Its_Protocols.
Acesso em: 26 out. 2020.
PIMv2 Message Header Format. Cisco Certified Expert, 2016. Disponível em: https://
www.ccexpert.us/routing-tcp-ip-2/pimv2-message-header-format.html. Acesso em:
26 out. 2020.
SEMERIA, C; MAUFER, T. Introduction to IP multicast routing. IETF Tools, 1996. Disponível
em: https://tools.ietf.org/html/draft-semeria-multicast-intro-00. Acesso em: 26 out.
2020.
SHAMIM, F. et al. Troubleshooting IP routing protocols. Indianapolis: Cisco Press, 2002.

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