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4m ee ee Nat CE 2.024 2 VN) EL BY) ae POPE ¢ Peete Meek CM Crt) (aT Te - De 1991 até 1994, Nick Pope investigou aparicoes de 6vnis para Ocoee eo Core Britanico. Ele continua PARE og investigando essas aparicées e abducées extraterrestres, por OER yer eee de The Uninvited: An Exposé of the Alien Abduction Phenomenon. Quando falamos em Ovnis ou lemos a respeito do assunto, precisamos IRS Coe Peet LCE muitas especulagées e PLUM Ur eM eli os fatos que surgem como um vestigio de que existe vida em outros planetas. As informacées, na maioria equivocadas, que sao veiculadas pela midia, acabam prejudicando os TOU Ou CM LCG WET ey Ce eee Lig atesta a autenticidade e seriedade de Céus Abertos, Mentes Pr See) proprio autor se considerava um cético antes de comecar a investigar se havia evidéncias de ameaca ao Reino Unido, na época em que trabalhava para 0 Ministério da Defesa Jee NCCI eRe RET alienigena. Por estar ciente de que se trata de um tema cuja compreensao nao é facil, ele deixa um aviso: “Quem sabe os fenémenos paranormais nao sejam mais do que eventos reais, que LAL MLL RL PRAM a apreender. Ha umas a RAG LAS pode ser que a maioria MUA LL considerasse o raio do mesmo modo, Talvez as experiéncias — por mais assustadoras que possam ser —devam ser encaradas em termos Le NICK POPE Crus Aperros, Mentes FECHADAS PELA 0 GoveRNo, ExPert eM OvINS, FALA soprE 0 AssuNto Traduca: Cantos Davio Soares © Publicado originalmente em inglés sob o titulo Open Skies, Closed Minds, por Dell Publishing. © 1998, Nick Pope e MJ. Trow Direitos de edigdo ¢ tradugdo para o Brasil Tradugao autorizada do inglé © 2007, Madras Editora Ltda, Editor Wagner Veneziani Costa Produgao e Capa: Equipe Técnica Madras Traducao: Carlos David Soares Revisdo: Silvia Massimini Daniela Piantola CIP-BRASIL. CATALOGACAO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVRO, RJ P864c Pope, Nick, 1965- Céus abertos, mentes fechadas : pela primeira vez, um homem do governo, expert em évnis, fala sobre 0 assunto / Nick Pope ; tradugao Carlos David Soares. - Sio Paulo : Madras, 2007. iL Tradugao de: Open skies, closed minds Apéndices Inclui bibliografia ISBN 978-85-370-0183-7 1. Discos voadores - Pesquisa - Gra-Bretanha. 2. Discos voadores - Visdes € contatos. 3. Vida em outros planetas. |. Titulo. 07-0158. CDD: 001.942 CDU: 001.94 16.01.07 22.01.07 000296, E proibida a reprodugao total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrénico, mecanico, inclusive por meio de processos xerograficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissdo expressa da Madras Editora, na pessoa de seu editor (Lei n° 9.610, de 19.2.98). Todos 08 direitos desta edigdo, em lingua portuguesa, reservados pela MADRAS EDITORA LTDA. ‘a Rua Paulo Gongalves, 88 — Santana i CEP:02403-020 — Sao Paulo/SP wy) Caixa Postal:12299 — CEP:02013-970 — SP ” < Tel.: (11) 6281-$55$/6959-1127 — Fax: (11) 6959-3090 <= www. madras. com. br A Minha Mae. De terna meméria. AGRADECIMENTOS (MO ACONTECE com todos os livros, este também foi o resultado de um trabalho em equipe; muitos contribuiram para o produto final. Eu gos- taria de mencionar aqui aqueles que tiveram um papel central nisso: Eu gostaria de agradecer ao meu agente, Andrew Lownie, por sua paciente colaboragao e encorajamento, € por me orientar em meio as com- plexidades da autoria; sem Andrew, este projeto nunca teria decolado. Também gostaria de agradecer a Mei Trow, que foi meu parceiro na criagao deste livro, dando-lhe uma configuragdo de que ambos pudéssemos nos orgulhar. Mei agregou bom senso e humor ao texto; sua sdlida capacidade de pesquisar os fatos e deles extrair 0 que mais tém de esclarecedor ilumi- nou sobremaneira todo o projeto. Sou grato a toda a equipe da Simon & Schuster, que me conduziu ao longo dos diversos processos associados a transformagiio de um manuscri- to em livro, oferecendo-me todo o suporte e orientagado necessarios. Sou especialmente grato a Martin Fletcher, Jacquie Clare, Gillian Holmes, Lisa Shakespeare, Cathy Schofield, Aruna Mathur, Glen Saville, Aniz Damani e Caroline North. Agradego a Timothy Good por escrever um excelente preficio e va- lorizar 0 texto com seu olhar competente Tenho uma imensa divida de gratidao com os diversos ufélogos e ou- tros pesquisadores dos fendmenos paranormais, cujo entusiasmo, mais do qualquer coisa, convenceu-me de que suas teses mereciam uma investiga- gio séria; a perspicacia e sabedoria deles continuam formatando minhas proprias crengas. Nés podemos niio concordar em tudo, necessariamente, e nem todos acreditam que os évnis tenham origem extraterrestre, mas todos tém realizado um trabalho pioneiro e constituem um grupo de pessoas maravilhosas. Nao tenho como mencionar todos, mas gostaria de agrade- cer particularmente a John Spencer, Timothy Good (de novo), Budd Hopkins, Graham Birdsall, Philip Mantle, Tony Dodd, Colin Andrews, Jenny Randles, Ralph Noyes e Lucien Morgan. Sou eternamente grato a Mark e Vivienne Birdsall e a todos da Quest Picture Library, que rastrearam e disponibilizaram a maioria das estupen- das fotos que ilustram o livro. Eu gostaria de agradecer aos muitos amigos e colegas do Ministério da Defesa, que, quase sem excec’o, me apoiaram em toda a empreitada, oferecendo-me seu encorajamento e apoio durante alguns periodos bastan- te dificeis. Sou grato a meu pai por suas palavras sabias, seus conselhos expe- rientes e seu estimulo em todas as horas. Agradeco igualmente 4 minha madrasta Helen ¢ ao meu irmao Seb, por sua forga, ¢ a Michéle Kaczynski, minha principal confidente, desde que comeceio livro. Eu também gostaria de agradecer a Nick Forbes, do Public Record Office [Servigo de Registro Publico}, Charles Halt, Ed Walters, Ray Santilli, Ian Macpherson, Lizzie Wickham, Laura Newell, Yetunde Koledoye, Richard Horsley, Jane Goldman e a todas as pessoas que deixei de mencionar, mas a quem nem por isso sou menos grato. Finalmente, devo muito a todas as testemunhas mencionadas e nao mencionadas, cujas historias contribuiram para definir minha compreensao do fenémeno évni. Dei o melhor de mim para chegar ao fundo do mistério que invadiu suas vidas e espero que, se nao fui capaz de resolvé-lo, eu pelo menos tenha contribuido para ajuda-las a conviver melhor com ele. Apesar de todos os traumas e perguntas sem resposta, em certo sentido, vocés é que ganharam. Vocés participaram ativamente de algo que o resto de nds mal comega a perceber, quanto mais compreender. Nota Do AUTOR PREFACIO IntRODUGAO. “E po Foco Suraiu um Ral O TRABALHO Malis INTERESSANTE DO Pais. ATITUDES ... INVESTIGACAO .... O Misrério Do CircULO DA PLANTACAO A MATANGA DOS INOCENTES Os VERDADEIROS ARQUIVOS X Os Verpabeiros Ovnis .. Arquivos Oriciais, Estupos OFIcIAIs.. O ACOBERTAMENTO DOS FATOS ... PERIGO NO CEu .. ExisTe ALGUEM LA Fora’ A Terra Contra os Discos Voapores O Fitme Ropapo EM RosweLL ConcLUuSAO.... 0 Crus Anvaros, Mantes Freuapas ApeNpIcE 1 . APENDICE 2... APENDICE 3 . APENDICE 4. APENDICE APENDICE 6 APENDICE APENDICE 8 TLustRAGOES CrEbITOs & PERMISSOES DE IMAGENS . Inpice Remissivo BIBLIOGRAFIA .. Nora po Auror MENOS QUE afirmado o contrario, os pontos de vista expressos neste livro so os meus prdprios e nao devem ser interpretados como posigao oficial do Ministério da Defesa ou de qualquer outro érgio. “Nao obstante a imensidao do espaco... intelectos insondaveis, e frios, € incomplacentes... olhavam com olhos cobigosos e lenta e implacavelmente tragavam seus planos contra nds.” H.G. Wells A Guerra dos Mundos Prericio Por Timothy Good EUPRIMEIRO contato com o departamento do Ministério da Defesa que cuida dos relatos do piiblico sobre évnis aconteceu em 1963, quan- do liguei para falar da observagao de um objeto aparentemente desconhecido, no comego de uma noite de agosto. O objeto pairou durante varias horas no espago, nao sé sobre meu subtrbio, no sudeste de Londres, como também sobre outros condados ingleses. O Ministério pro- meteu investigar e, passados alguns dias da data da observagio, forneceu- me uma explicagao satisfatoria. Desde entio, nos numerosos contatos que mantive com o Ministério, minhas indagagSes sempre foram tratadas com cortesia e seriedade. Em comunhao com a maioria dos principais pesquisa- dores, compartilho da posigo oficial do Ministério de que 90% das obser- va¢des podem ser explicadas em termos de avides convencionais, baldes, estrelas, planetas, emissdes de /aser, etc. S6 discordo do Ministério quanto a sua insisténcia em afirmar que os 10% restantes nao representam nada além do que jé sabemos ¢ nao constituem ameaga 4 seguranga nacional. Foi entdo que surgiu Nick Pope. ros. Menres Feeianas De 1991 a 1994, durante 0 tempo em que Nick Pope esteve a cargo do departamento de dvnis do Secretariado (Comando Aéreo) 2a, mantive um grande volume de correspondéncia com cle, ¢ seus comentarios sem- pre refletiram a politica oficial. Por isso, quando Nick chamou a sia inicia- tiva de se reunir com os principais pesquisadores de évnis do Reino Unido, eu me perguntei se a politica oficial tinha mudado. Como acabou ficando claro, eu estava errado. Ao encontrar Nick pela primeira vez em 1993, na companhia de John Spencer, o renomado escritor ¢ investigador, que pro- movera 0 encontro, fiquei espantado em descobrir nao s6 que Nick era bem informado, como também totalmente objetivo com respeito ao fendmeno dos évnis. Como ele me explicou em Whitehall, enquanto comiamos uma pizza, ele estava sendo pago para fazer 0 trabalho, portanto, diferentemente da maioria de seus antecessores, ele achava que cabia a ele estudar 0 assunto. “Assumi como minha a responsabilidade de sair em busca de opi- nides especializadas”, disse-me Nick em 1995. “Eu precisava saber o que estava ocorrendo e estava ansioso por encontrar os principais personagens e ouvir suas diferentes opinides.” Embora a iniciativa de Nick levantasse dtividas entre alguns de seus colegas de trabalho, na Sec(AS)2a — e fosse motivo de zombaria entre outros — comecou uma época de cooperagao sem precedentes com os pesquisadores de évnis. A certeza de Nick de que essa cooperagao facilita- ria o encaminhamento das indagagdes da populagao justificou-se plena- mente. Por exemplo, lembro-me bem de um caso em novembro de 1993, envolvendo a aparicao de uma “espaconave” iluminada nas cercanias de Londres, em que Nick e eu dividimos a tarefa de contatar varias autorida- des civis, na tentativa de identificar 0 objeto. No final, a “espagonave” acabou sendo um dirigivel iluminado, que voava pela Virgin Lightships. Neste livro, sao de particular interesse os relatos que parecem desa- fiar uma explicagao convencional, recebidos por Nick no exercicio de suas obrigagées oficiais. Na década de 1950, o entao ministro da Aeronautica, George Ward, costumava afirmar perante os membros da Camara dos Comuns que as aparigdes de évnis — em especial as relatadas pelos pilotos da Real Forga Aérea — referiam-se a “baldes”. Em 1954, porém, desafiado por seu amigo Desmond Leslie, primo em segundo grau de sir Winston Churchill e ex-piloto de caga da Segunda Guerra Mundial, Ward apresen- tou varias raz6es pelas quais se sentia obrigado a “explicar” publicamente esses relatos. Uma delas era 0 medo do ridiculo: “O que devo responder?”, disse Ward. “Eu sei que nao era um balao. Os senhores sabem que nao era um balao. Mas, enquanto eu nao tiver um disco no meio do Hyde Park e puder cobrar do publico alguns trocados de entrada, tém de ser baldes; do contrario, 0 governo cai e eu perco meu emprego.” Prosseguindo, Ward esclareceu sua dificil posigao e a de outros mem- bros do governo de Sua Majestade ¢ afirmou que, se admitisse a existéncia sem uma evidéncia conereta que as pessoas em geral realmente pudessem tocar, achariam que 0 governo tinha pirado e perde- riam sua confianga nele. Obviamente, a linha que divide o temor de con: trangimento ptiblico e as preocupagées relativas a seguranga nacional é muito ténue! Embora os responsaveis pela televisio britanica finalmente tenham recuperado 0 atraso em relagao a muitos outros paises ao reconhecer que oassunto é de grande interesse ptiblico, levando a exibicao de sérios docu- mentarios, a atitude da imprensa nacional ainda deixa muito a desejar. E tao obrigatorio para os tabldides sensacionalizar 0 assunto quanto é para os grandes jornais ridiculariza-lo, e essas sao as reagdes que sem ditvida ca- racterizarao a resposta da midia a este livro. Nenhuma delas contribui em nada para uma avaliagao séria do fendmeno. Em 1994, quando questionado pelo reporter de um jornal da imprensa nacional hingara — aparentemente cético, mas em busca de sensacionalismo — se temia uma “invasio” de 6vnis, 0 ministro da Defesa da Hungria respondeu: ...Eu fui colunista [da Ufomagazin, de Budapeste] e pu- bliquei casos de évnis observados e registrados dentro das Forgas Armadas da Hungria. Nunca declarei que estivésse- mos preparando qualquer agao contra os bvnis; eu sé apon- tei ao piblico que, como civilizagdo, seriamos incapazes de defender-nos aqui na Terra (...) O Ministério da Defesa tem recebido muitos relatos da aparigdo de vnis nas imediagdes de Szolnok, o que dbvia e logicamente significa que [os évnis] sabem muito bem onde tém de pousar e 0 que tém de fazer. E realmente impressionante que... geralmente, os jornais de todo lugar rejeitem os relatorios das autoridades. Eu também tenho de tocar nesse assunto sobre os 6vnis e a segu- ranga nacional. Milhares de paginas de documentos liberados em muitos paises — particularmente nos Estados Unidos, sob as provisées da Lei de Liberdade de Informagio — revelam, sem sombra de ditvida, que os évnis tém sido objeto de intensas investigagoes pelos militares e pelas comuni- dades cientificas de inteligéncia, desde a década de 1940. E igualmente revelador que muitas agéncias dos Estados Unidos (exceto a Forga Aérea) ha muito negavam qualquer envolvimento sério, até que uma enxurrada de documentos liberados provaram o contrario. Ademais, agéncias como a CIA, a Agéncia de Inteligéncia da Defesa [Defense Intelligence Agency], I6 a Agéncia de Seguranga Nacional [National Security Agency] ¢ os diver- sos ramos de inteligéncia da For¢ga Aérea, do Exército e da Marinha, admi- tem que muitos documentos ultra-secretos ainda estio sendo mantidos em poder dos drgaos de seguranga nacional. Ja em 1950, um memorando do governo canadense, até entio ultra-secreto, afirmava que as investigagdes americanas sobre “discos voadores” eram classificadas em nivel mais alto do que a bomba de hidrogénio. Até mesmo um ex-diretor da CIA, 0 contra- almirante Roscoe Hillenkoetter, em uma declaragao perante 0 Congresso dos Estados Unidos, em 1960, admitiu que, “em vista do sigilo oficial e do medo do ridiculo, muitos cidadaos sao levados a acreditar que objetos voa- dores desconhecidos sio bobagem”. Se nada estd sendo encoberto, por que, entdo, tanto segredo? Nick Pope nao encontrou nenhuma evidéncia de acobertamento dos fatos no Reino Unido. Embora eu saiba que Nick é totalmente sincero, duvido que os servidores piiblicos civis da Sec(AS)2a sejam mantidos ple- namente informados. Eu tenho certeza, por exemplo, de que a maioria dos relatorios militares é encaminhada a outros departamentos, como me con- firmaram fontes bem informadas. E, se 0 ex-chefe do Estado-Maior da Defesa, o almirante da frota lorde Hill-Norton — dotado de uma firme convigao de que existe realmente um acobertamento -, se disse frustrado em suas tentativas de saber mais, nZio é nenhuma surpresa que Nick nao tenha sido capaz de descobrir qualquer evidéncia. E sabido que, na década de 1950, o pessoal de inteligéncia técnica e cientifica do Ministério da Defesa conduziu investigagdes ultra-secretas sobre o fendmeno évni. Entao, por que os relatérios a respeito desses con- tatos dos pilotos da Forga Aérea britinica durante aquele periodo nao fo- ram liberados para o Servigo de Registro Piiblico, dentro da regra dos 30 anos, e talvez ainda nao estejam disponiveis para consulta do puiblico por muitos anos? Acho dificil aceitar as justificativas oficiais de que tais dados nao existem ou de que foram destruidos em operagées rotineiras, dado o fato de que alguns relatérios mais inécuos sobreviveram. Nick, no entanto, nao reluta em afirmar sua certeza de que os 6vnis representam uma ameaga potencial 4 seguranga nacional. “O papel do go- verno na pesquisa sobre os évnis é avaliar se existe ou nado uma ameaga a defesa do Reino Unido”, disse-me ele em 1995. “Como sugerem as evidén- cias, se um aparelho estruturado, de origem desconhecida, penetra rotinei- ramente na regido de Defesa Aérea do Reino Unido, a mim parece, no minimo, que isso tem de constituir uma ameaga em potencial. Como pode- mos dizer que nao existe ameaga, se nao sabemos 0 que sao esses objetos, de onde vém ou 0 que querem?” Em sua politica oficial sobre a liberagaio de relatos sobre 6vnis feitos por observadores militares, a Gra-Bretanha nao acompanha outros paises. Por exemplo, os Ministérios da Defesa da Bélgica, da Hungria, da Italia, da Russia e, particularmente, da Espanha ja liberaram muitos relatos de conta- tos de pilotos da Forga Aérea e de outros militares. Além disso, alguns chefes de Estado-Maior europeus confirmaram a realidade do fendmeno ovni. Em 1989/1990, seguindo as extraordinarias incursdes no espago aé- reo belga de naves de formato usualmente triangular, observadas por mais de 2.500 testemunhas — inclusive por varios pilotos do F-16 da Forga Aérea ¢ por numerosos oficiais de policia—, o major general Wilfried de Brouwer, subcomandante da Forga Aérea belga, comentou: “Com certeza, um dia ainda observaremos esse fendmeno por meios tecnoldgicos de detec¢ao e Tegistro que nao deixario uma s6 diivida a respeito de sua origem. Isso devera levantar uma parte do véu que hd muito vem ocultando o mistério [Ovni]; um mistério que ainda subsiste. Mas o fendmeno existe, € real e, por si $6, isso ja é uma importante conclusio.” Um verdadeiro pioneiro, Nick Pope deve ser aplaudido por sua cora- gem em escrever este livro, que rompe com as regras estabelecidas, ¢ dar- lhe um titulo competente, colocando seriamente em risco sua carreira no Ministério da Defesa. Céus Abertos, Mentes Fechadas é uma visao geral inteligente, fascinante e objetiva desse asssunto complexo e multifacetado, que, estou certo, contribuira muito para dissipar o mito de que os évnis sao uma bobagem ridicula. TIMOTHY GOOD ¢ uma das autoridades mais respeitadas sobre o fenémeno évni. Ele ¢ autor ¢ editor de varios best sellers sobre 0 assunto, incluindo Above Top Secret: The Worldwide UFO Cover-up [Acima de Ultra-Se- creto: O Acobertamento Mundial dos Fatos sobre Ovnis] e Alien Liaison: The Ultimate Secret Alien Update (Ligagao Alienigena: Atualizagao do Supremo Segredo sobre os Alienigenas]. Seu iiltimo livro ¢ Beyond Top Secret: The Worldwide UFO Security Threat [Além de Ultra-Secreto: Os Ovnis e a Ameaga a Seguranga Mundial], do qual foram extraidas mui- tas das informagoes deste prefacio. InrRopucad TE 1991. ENBORA eu gostasse de pensar que tinha uma mentalidade aberta, eu geralmente era cético sobre paranormalidade. Como funciondrio de carreira do Ministério da Defesa, com certeza eu nao era daquele tipo de pessoa que endossa qualquer espécie de teoria bizarra, sem primeiro ver alguma prova. Eu niio acreditava em 6vnis; eu nao fazia idéia de que existissem grupos dedicados 4 pesquisa de dvnis e nem mesmo ouvira falar de abdugao alienigena. Afinal de contas, experiéncias paranormais sé acontecem com malucos, nao é mesmo? Mas eu estava para receber a incumbéncia mais esquisita que jamais tivera: investigar as aparigdes de évnis para garantir que nao havia evidéncia de ameaga ao Reino Unido. Eu passaria a ser, como as pessoas iriam me contar, “o verda- deiro Fox Mulder” — heréi da série de televistio cult, Arquivo-X; 0 Nick “Spooky” Pope, procurado como confidente por testemunhas e abduzidos, encarado pelos ufélogos como um aliado “interno” e considerado como uma pessoa de pensamento e comportamento independentes, por um ou dois de meus superiores. * N.T.: Fantasmagorico, espectral. 19 Nes: Jo em que qualquer relato sobre 6vni uma acronaye; ¢ caso encerrado, Mas cu nunca ficava feliz de abandonar uma investigagdo enquanto nao achasse que tinha chegado no limite; eu nao estava preparado para dizer que os 6vnis nao constituiam ameaga até descobrir 0 que eram. Em suma, eu iria identificd-los do modo como os visse e nao iria dar atengao aos preconceitos dos que, falando francamente, nao admitem a existéncia de coisas que sao incapazes de explicar, mesmo que um disco voador pousasse em seu quintal. Tal qual Fox Mulder, eu era 0 rebelde, © homem dos corredores do poder, que nao jogava de acordo com as mesmas regras do establishment, como todos os demais. Uma das primeiras coisas que fiz quando assumi o posto na segao de évnis foi ler sobre o assunto. A maioria das aparig6es de ovnis era de luzes no céu. Obviamente, esses objetos poderiam ter sido qualquer coisa e, de fato, um grande numero deles provavelmente nada mais era do que as luzes de um aviao, que pareciam ter obcecado tanto a maioria de meus antecessores. Mas também existiam coisas chamadas “contatos imedia- tos”. Eu tinha visto o filme de Spielberg, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, e achava que sabia tudo a respeito. Aparentemente nao; de fato, acabaram ocorrendo experiéncias descritas como “contatos imediatos do quarto grau”, em que as pessoas eram realmente abduzidas por extrater- restres ou, pelo menos, assim o diziam. Ao que parece, existiam dois cena- rios comuns: alguns eram tirados de suas camas; outros eram vitimas de uma abdugdo mais pr6-ativa, retirados de seus carros, ao trafegar geral- mente por uma estrada deserta, bem tarde da noite. Pesquisas ulteriores revelaram um conceito conhecido como “tempo sem memoria”, quando as pessoas chegavam em casa muito mais tarde do que seria de esperar e eram incapazes de dar conta de um lapso de tempo de sua noite; algo tinha acontecido, mas a mente nao guardara uma lembranga consciente. De acor- do com muitos ufélogos, esse algo fora uma abdugao por seres extrater- restres, que teriam levado 0 ocupante do veiculo para sua espagonave, sujeitando-o a um procedimento médico de alguma espécie e depois le- vando-o de volta ao carro, com uma instrugao reforgada hipnoticamente para nao se lembrar do ocorrido. Invengées fantasiosas dos que querem chamar atengdo? Alucinagdes de mentes perturbadas? Talvez. Mas eu tinha responsabilidades, tanto pe- rante 0 Ministério da Defesa quanto perante o publico em geral. Cabia-me investigar todas as apari¢des e experiéncias de um modo totalmente impar- cial, nado importando meus prdprios pontos de vista sobre a testemunha ou sua experiéncia. De maneira alguma eu poderia deixar-me influenciar por minha condigao, herdei uma situa . por mais excéntrico que fosse, parecia ser atribuido as luzes de minhas opinides pessoais. Para comegar, muitos dentro do mundo da Ufologia viam-me apenas como o “homem do Ministério”, provavelmente afundado até as orelhas com 6ynis espatifados, alienigenas mortos e acobertamentos césmicos. Mas, 4 medida que eu comegava a tratar diariamente com pes- soas que ja tinham passado por acontecimentos que pareciam transcender a compreensio humana, fui estabelecendo relagdes de trabalho com os pesquisadores de dvnis ¢ desenvolveu-se uma confianga miitua. Aconse- Ihei pessoas abduzidas, procurando fazé-las compreender sua experiéncia ou, 0 que era mais comum, tentando tao-somente ajuda-las a conviver con- sigo mesmas. Ao longo dos trés anos seguintes, eu acabaria desenvolvendo uma vasta compreensio, abrangente e profunda, do fendmeno dvni e da abdugao alienigena. As centenas de casos que investiguei a cada ano eram sé. a ponta do iceberg — 95% das aparigées, talvez, nunca nos tenham sido reve- ladas, ou porque as pessoas nao tivessem consciéncia de que realmente havia interesse oficial ou porque tivessem medo do ridiculo. Meus trés anos foram, literalmente, uma viagem de descoberta, em que meu status oficial proporcionava-me uma vantagem em relagao a ou- tros pesquisadores. Muitos livros excelentes tém sido escritos sobre o fend- meno 6vni, mas seus autores sio comumente amadores entusiasmados, cujo interesse deriva de uma experiéncia pessoal ou de uma fascinagao infantil pela ficgao cientifica e pelo espago. A percepgao geral de discos voadores transportando homenzinhos verdes tem se moldado por um pu- nhado de excéntricos loquazes, cujo conhecimento é superficial, mas que conseguem gritar mais alto. Em nenhum lugar fica mais patente esse equi- voco do que no papel atribuido aos governos, em que a perspectiva interes- sante de um acobertamento oficial é como um sinalizador de boas-vindas em uma noite sombria € solitaria. Como representante oficial do Ministério da Defesa, consegui falar diretamente com as proprias pessoas que testemunharam os fendmenos. Conheci muitas pessoas-chave nos grupos de interesse dos 6vnis e tive um acesso sem precedentes aos dados brutos sobre o assunto — aqueles arqui- vos que alguns membros desses grupos dizem que 0 governo esta aflito para suprimir — e a outros recursos indisponiveis para os civis. Também falei com experts em radar, astrénomos, pilotos militares e todo um exérci- to de especialistas civis e militares, a quem 0 acesso dos pesquisadores civis de 6vnis nao é necessariamente negado, mas de cuja existéncia os pesquisadores nem sempre estdo conscientes. Quando, finalmente, fui transferido para outra posigao, mediante a conquista de uma importante promogao, minha mente ja se abrira a possibi- 2 Ceus Aacetos, Menres Fecranas lidade de que 0 Universo ¢ um lugar muito mais estranho do que a ciéncia convencional pode sugerir. Quem sabe os fendmenos paranormais nao se- jam mais do que eventos reais, que simplesmente ainda nao somos capazes de apreender. Ha umas poucas centenas de anos, pode ser que a maioria das pessoas ainda considerasse 0 raio do mesmo modo. Talvez as expe- riéncias — por mais assustadoras que possam ser — devam ser encaradas em termos positivos. “Epo Foco Surctu uw Rar” Fiquei olhando e contemplando um torvelinho que vinha do norte, uma grande nuvem e linguas de fogo que se dobravam sobre si mesmas, tudo brilhava em sua volta e saindo do meio disso, do meio da chama, plasma- va-se algo como se fosse um dmbar.” E do meio disso também surgia o que pareciam quatro criaturas vivas. E assim era sua aparéncia; como se fosse a de um homem. E cada uma tinha quatro faces, e cada uma tinha quatro asas. E seus pés eram pés retos; ea sola de seus pés era como a sola da pata de um novilho; e coruscavam como a cor do bronze polido(...) Quanto & aparéncia das criaturas vivas, lembravam brasas ardentes tinham a aparéncia de tochas: as chamas subiam e baixavam entre as criaturas vivas; e o fogo era brilhante e do fogo surgiu um raio(...) No ‘momento em que eu contemplava as criaturas vivas, avistei sobre 0 chao, + N.T.: Os trés trechos citados referem-se, respectivamente, aos versiculos 4 a 7; 13; ¢ 15 19, do capitulo ¢ livro mencionados no texto, Os trechos foram traduzidos diretamente do original inglés, usando como apoio o significado heb 0 das palavras mais significativas, de acordo com o Strongs Dictionary, encontrado no site www.htmlbible.com, A palavra Ambar ou electro designa uma liga metilica de ouro ¢ prata. O berilo, mineral basico da esmeralda e da 4gua-marinha, pode representar, no trecho, 0 mar, como traduz a Biblia da Catholic Press. B i Fecnapas a Cus Anvatos, Meat ao lado das criaturas, uma roda para cada uma das quatro faces. A apa- réncia das rodas e seu movimento era como se fossem para a cor do berilo; e as quatro tinham a mesma aparéncia; ¢ sua aparéncia e seu movimento era como se fosse uma roda dentro da outra. Quando se afastaram, segui- ram em suas quatro diregdes, € enquanto se afastavam no se voltaram. Quanto a seus aros, eram alios e inspiravam respeito; e as quatro tinham aros cheios de olhos em sua volta. Quando as criaturas se foram, as rodas foram junio; e quando as criaturas foram erguidas do chdo, as rodas tam- bém foram. SSIMNARRA 0 capitulo um do livro do profeta Ezequiel, segundo a Biblia do rei James,” de 1611. Ezequiel, 0 sacerdote filho de Buzi, da terra dos caldeus, tinha visdes de Deus “e os céus se abriram”. As histérias do Velho Testamento sio manifestamente abertas a in- terpretagdo. Ezequiel prossegue, descrevendo de modo convencional 0 tro- no de Deus, com sua luz iridiada, 0 tipo de coisa que Michelangelo pintaria séculos mais tarde. Mesmo assim, depois de pesarmos 0 conjunto todo de alegorias, sonhos, fantasias e alucinagdes induzidas pelo éxtase religioso e mesmo depois de nos lembrarmos que a Biblia sofreu diversas tradugées, do hebraico para o grego, do latim para o inglés, existe algo estranhamente mecanico nessa descrigado. A chama, o raio, as rodas, até mesmo o movi- mento curioso da aparicdo — “E elas seguiam cada uma direto em fren- te(...) enquanto se afastavam no se voltavam” — correspondem a muitos relatos recentes de testemunhos do pouso de naves nao identificadas. “Quan- to a seus aros, eram altos e inspiravam respeito; e as quatro tinham aros cheios de olhos a sua volta” — estes nao poderiam ser os reluzentes circulos de luz emitidos pela fuselagem de “discos voadores”? Ha séculos e séculos a humanidade vive fascinada com os céus. O reinado das nuvens, 0 arco do arco-iris, a miriade de pontos de luz a noite; tudo isso foi tecido por seres humanos timidos, poéticos, em uma imagem de sua prépria criagao. O trovao representa os barris de Deus rolando no firmamento vazio. O arco-iris é¢ 0 simbolo da promessa divina de jamais mandar outro diluvio. E a luz das estrelas na escuridao ¢ a irradiagao celes- te, perfurando a cortina salpicada da noite. O que os homens primitivos nao compreendiam, eles temiam e adora- vam como a um deus. A chuva, 0 sol, a lua, as estrelas, 0 trovaio € os ventos — todos esses fenémenos perfeitamente naturais eram atribuidos a alguma * N.T.: Rei James I, 0 primeiro rei tanto da Inglaterra quanto da Escécia. Em 1611, foi finalizada a tradugao direto do hebraico por 47 estudiosos, ¢ firmou-se como a Biblia- padrdo em lingua inglesa, também chamada de Versio Autorizada. Ela foi revisada pela liltima vez no periodo de 1870 a 1885. espécie de divindade. E, 4 medida que cresciam nossa confianga e nosso conhecimento, personalizavamos os céus, encontrando semelhangas entre homens e animais nas constelagdes — 0 Grande Urso, 0 cagador Orion, as Sete Irmas. Os céus controlavam nossos destinos, de tal modo que momentosos eventos na Terra ja estavam previstos por uma estranha atividade nos céus. A crénica anglo-saxa do ano de 793 descreve “dragées chispando fogo” sobre a Nortumbria. Essa foi a década em que os reinados da Saxénia Setentrional foram atacados intermitentemente por hordas vikings ao lon- go da costa. Em 8 de junho daquele ano, raios ¢ remoinhos castigaram 0 norte. Uma torrente de sangue desceu sobre York Minster. A Ilha de Lindisfarne foi atormentada por tempestades e seu monastério foi arrasado pelos saqueadores nordicos. Dois anos mais tarde, na Irlanda, epidemias de disenteria, raiva e variola foram anunciadas por um eclipse da lua. Em 1561, testemunhas oculares descreveram uma batalha nos céus da cidade bavara de Nuremberg, ecoando a frase de Milton de quase um século mais tarde —“Houve guerra no céu”. Objetos estranhos — circulares e cilindricos — eram arremessados sobre os telhados da cidade. Talvez isso também fosse uma profecia, Nuremberg foi severamente atingida durante a Guerra dos Trinta Anos, quando 0s catélicos lutaram contra os protestan- tes pelo controle da Europa Central. As pecas de Shakespeare estio repletas de tais incidentes. Em Jiilio César, 0 dramaturgo inspirou-se nas crénicas de Plutarco. Cassius, um dos conspiradores que logo apunhalaria 0 sucessor ao trono de imperador, des- creve visdes que ressoavam Ezequiel: “E existia uma centena de mulheres cadavéricas, transtornadas de pavor, empilhadas umas sobre as outras; elas juravam ter visto homens envoltos pelo fogo correndo as ruas de cima abai- x0(...) Quando esses prodigios encontram-se tao combinados, nao deixe que os homens digam que existem razdes para isso — que sao naturais; porque eu acredito que sejam coisas extraordinarias”. E impossivel interpretar agora, precisamente, essas experiéncias. O per- plexo irlandés do século VIII tinha de encontrar um meio de explicar 0 inexplicavel, com muito pouco conhecimento cientifico para ajuda-lo. No mesmo periodo, a populagao da Nortimbria foi aterrorizada pelos vikings, e seu pavor distorcia e exagerava qualquer pequeno fenémeno natural; s6 para comegar, pode até ter dado origem ao préprio fendmeno. E Shakes- peare, como um contador de historias, precisava apoderar-se da imaginagao de seus conterraneos, sequiosos de coincidéncias sobrenaturais. Contudo, é altamente provavel que as raizes desses fenémenos residissem em movi- mentos perfeitamente naturais de meteoritos ou condi¢des atmosféricas: 2b Crus Aacatos. Mevres Frcwanas cometas, raios globulares, miragens ou nuvens noctillicias. O certo é que a nogao de coisas inexplicaveis no céu é to antiga quanto a propria historia documentada. Em Eram os Deuses Astronautas?" e According to the Evidence [De Acordo com a Evidéncial, o arquedlogo Erich von Daniken pegou es- sas aparigdes pelo cangote e criou uma intrigante teoria — a dos “antigos astronautas”. Os deuses — e aqui ¢ irrelevante o tipo particular de crenga ou denominagao religiosa — eram realmente hominidas extraterrestres, “ho- mens que vieram do espaco”, e suas visitas a este planeta, na pré-historia, vém passando de geracao em geracao, na forma de religido, mitologia ¢ folclore. Von Daniken também cita a evidéncia fisica dessas visitas; desde as piramides perfeitas do Egito e do Peru; passando pelos antigos circulos druidas de Stonehenge e Avebury; as cavernas secretas do Equador e as cabegas gigantes de pedra das montanhas da Turquia. A evidéncia é cir- cunstancial, mas a questio — “Era Deus um astronauta?” — é inegavelmen- te fascinante. Em Dimensions, 0 dr. Jacques Vallée liga fendmenos voadores nao identificados a fendmenos psiquicos. Certa vez, ele fez a curiosa observa- do de que, em uma edig’o da Enciclopédia Briténica, 0 verbete “objeto voador nao identificado” aparece entre “unicérnio” e “teoria de campo uni- ficado”. Uma observagao particularmente oportuna, porque situa o fené- meno 6vni entre os campos da magia e da ciéncia. LITERALMENTE. as primeiras aparigées inteiramente documentadas de objetos voadores nao identificados nos vieram dos Estados Unidos, no final do sé- culo XIX. Era de se esperar que 0 pais que nos legou imponderaveis tio fascinantes quanto o Espiritualismo ( iniciado efetivamente em Hydesville, no Estado de Nova York, em 1848) e o Pé Grande (um pretenso hominideo, coberto de pélos, habitante de algum lugar no norte das Montanhas Rocho- sas) também fosse o primeiro no campo moderno de fenédmenos voadores nao identificados. Em novembro de 1896, viu-se claramente uma luz sobre 0 céu de Sacramento, Califérnia, e posteriormente, ainda em novembro, foram relatadas aparigdes bem mais ao norte, no estado de Washington e * N-T.: Em conexdo com manifestagdes ufolégicas e sua representagao na Terra, ¢ interes- sante mencionar os afrescos do pintor renascentista italiano Piero della Francesca (1412- 1492). Em varias afrescos do ciclo Leggenda della Vera Croce, comissionados pela Igreja de San Francesco d’ Arezzo e outros (Batismo de Cristo, Flagelagdo, Ressurreigao), ele mos- tra, inconfundivelmente, discos voadores presenciando as cenas de Cristo. (Fonte: Repor- tagem da revista Domenica del Corriere, de 26 de fevereiro de 1967, e site da Internet.) “Eno Poco Swrcit uw Rao” a no Canada. Sobre a luz parecia existir uma forma escura, descrita como um charuto, um ovo ou um barril, La pelo final do ano, as aparigdes passa- ram a ocorrer em toda a América, acompanhadas pelo que pode ser descri- to como © grupo de extremistas da Ufologia. Trés ministros metodistas viram um “objeto voador” decolar assim que chegaram. Dois homens que caminhavam por uma estrada rural solitaria foram atacados por trés seres estranhos, altos, de cabega raspada, que escaparam em uma nave no forma- to de um charuto, Em Michigan, um homem alegou ter ouvido uma voz incor- porea, partindo de algum lugar acima das nuvens, pedir uma garrafa de café € quatro diizias de sanduiches de ovos. Ele nao sé acelerou 0 pedido, como uma concha invisivel arrebatou-o para uma nave igualmente invisivel! O que tornou essas aparigdes diferentes foi que a tecnologia moderna n&o so as criou, como atribuiu — talvez corretamente —, conforme os relatos de varios jornalistas da década de 1890, aos véos inaugurais dos dirigiveis. O primeiro destes foi 0 dirigivel movido a vapor do francés Henri Giffard, que v6ou pela primeira vez em 1852. Particularmente, os franceses e ale- mies fizeram experiéncias nesse periodo com veiculos mais leves que o ar e, embora o nome do conde Ferdinand von Zeppelin tenha ficado para sem- pre ligado a esse tipo de tecnologia, os americanos nao ficaram atras. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts construiu um tunel de vento e dava cursos ao piiblico sobre propulsdo ¢ comportamento dos fluidos. Os relatos dos que viram o estranho aparelho no solo deixam bastante 6bvio que estavamos falando de objetos voadores de origem decididamente terrestre. Em 19 de abril de 1897, em Beaumont, no Texas, e no dia seguin- te também em Uvalde, no mesmo Estado, os agricultores falaram com a tripulacdo de uma nave. Conforme os tripulantes Ihes contaram, sua nave tinha pousado em busca de agua, era movida a eletricidade, fora construida em Iowa e existiam quatro outras exatamente iguais a ela. O suposto co- mandante da nave era um tal de sr. Wilson, que morava em Goshen, Nova York, e até conhecia um xerife local do Texas! Existe evidéncia sugerindo que o proprio Wilson tinha projetado esses dirigiveis e exigia sigilo de todos com quem se encontrava porque 0 projeto ainda nao tinha sido patenteado. As descrigées dadas por varias testemunhas oculares, falando de hélices e cabines, casavam-se perfeitamente com 0 tipo de aeronave rigida desen- volvida em 1904 por Thomas Baldwin, em Oakland, na California, e por Santos Dumont’ e Zeppelin alguns anos mais tarde. Existe ainda outra historia sobre uma aparigado descrita como um “na- vio” pairando sobre os céus da Irlanda. Como em alguns casos americanos, * N.E.: Sugerimos a leitura de Santos Dumont ~ Bandeirante dos Ares e das Eras, de Paulo Urban ¢ Homero Pimentel, Madras Editora, 8 Crus A ECUADAS falava-se de uma Ancora que teria enganchado em um telhado ¢ fora libera- da por um membro da tripulagao, que desceu por uma corda. O que ha de especial nessa aparigdo em particular? Ela ocorreu em 1211, quase 800 anos antes de o dirigivel ser inventado Hoje em dia, por questées de custo e importancia militar, nao é provavel que um individuo projete, construa e pilote sua acronave, mas no mundo ama- dor do século XIX, qualquer coisa era possivel. Essa também foi a época em que a fico cientifica tinha chegado 4 maioridade. Em 1875, Julio Verne ja tinha escrito Da Terra & Lua e os primeiros livros de H.G. Wells, especial- mente A Guerra dos Mundos (1898), nao s6 plantavam a idéia de vida extraterrestre, como advertiam que essa vida poderia ser hostil. A década de 1930 viu a chegada da “aeronave fantasma”, em parti- cular, sobre a Noruega ¢ a Suécia. O projeto de uma aeronave convencio- nal progredira rapidamente desde a virada do século, em parte gragas ao papel catalizador da Primeira Guerra Mundial. O “The Flyer” [O Voador], de Orville e Wilbur Wright, que em 17 de dezembro de 1903, mantivera-se no ar s6 por alguns segundos, sobre a praia de Kitty Hawk, na Carolina do Norte, ja fora superado por uma série completa de avides civis e militares, bombardeiros e cagas. O caminho a frente ia na dirego do monoplano, com um tnico par de asas, em vez dos biplanos e triplanos que tinham voado sobre as trincheiras da Frente Ocidental. As aparigdes escandinavas referiam-se a biplanos e triplanos, geralmente cinza, as vezes iluminados por holofotes plantados no chao. Mas as buscas feitas na area pela Forga Aérea sueca nao deram em nada, 24 avides sobrevoaram os fiordes, dois deles inclusive se chocaram, e nenhum tra¢o foi descoberto da base secre- ta de onde os avides fantasmas pudessem ter decolado. “E impossivel”, contava aos reporteres um aviador sueco mais expe- riente, “explicar 0 caso todo como coisa da imaginagao. A questao é: quem sao eles? E por que estdo invadindo nosso territério?” A explicagao mais plausivel, embora nao isenta de diividas, é que as aeronaves fantasmas, cujos motores pareciam ser desligados durante 0 véo, fossem prototipos experimentais de misseis que iriam chegar 4 sua forma final nas bombas V1 e V2, em 1944 e 1945. Disposto a vingar a perda da Primeira Guerra Mundial e prometendo rasgar 0 humilhante Tratado de Versalhes, Adolf Hitler chegara ao poder no ano anterior (1933).” No ano em que ocorreu a maioria das aparigdes (1934), Hitler abandonou os inde- cisos da Liga das NagGes e reintroduziu o alistamento militar obrigatério, em sua caminhada para tentar a conquista da Europa. Sera que ele também estava desenvolvendo um aviao secreto? Apenas trés anos separavam essa *N.E.: Sugerimos a leitura de A Estratégia de Hitler, de Paulo Jiménez Cores, Madras Editora. “Epo Poco Suactu uw Raio 2 época do surgimento do temivel Stuka, o bombardeiro de mergulho, cuja primeira aparigao foi sobre os céus de Guernica, quando a Legido do Condor alema exercitava seus jovens mtisculos em beneficio das falanges de Fran- co, na Guerra Civil Espanhola. Um aviao desse tipo geralmente leva entre 10 e 15 anos para sair das pranchas do projetista para 0 espago aéreo. A Segunda Guerra Mundial foi a primeira guerra verdadeiramente aérea. Durante a Grande Guerra, os avides tinham sido usados de inicio em viagens de reconhecimento; para encontrar quem os pilotasse era preciso recrutar oficiais de outras armas, em especial da cavalaria e da infantaria. No come¢o, quando os avides de reconhecimento enfrentavam-se nos dis- putados céus, desenvolviam-se combates encarnigados; com pistolas e até pedras. O ano de 1939, entretanto, viu o desencadeamento da Blitzkrieg — a “Guerra Relampago” de Napoledo, traduzida no ar. O sucesso fenomenal das Forgas Armadas alemas explica-se em grande parte por sua velocida- de e flexibilidade de manobra no ar e na terra; ¢ pelo fato de que os aliados, superdesejosos de apaziguar os Animos e rezar, nao estavam tao prontos para a guerra quanto Hitler. O aumento da atividade aérea — bombardeio de saturagiio, fotogra- fia aérea, interceptagao de cagas, missdes noturnas — criou sua propria mitologia. Os aviadores de ambos os lados reportavam 0 que passou a ser conhecido pelos americanos como “foo fighters”,” nome tirado de uma frase — “Onde ha foo [fumaca] ha fogo” — da historia em quadrinhos de Smokey Stover, popular na década de 1940. Ambos os lados presumiam que uma nova arma fora criada pelo outro. Eram numerosos os relatérios. Em novembro de 1944, o tenente Schlater da Forga Aérea dos Estados Unidos voava sobre o Reno em uma noite clara, quando se deu conta de que “dez pequenas bolas de fogo avermelhadas” pulavam perto de sua fuselagem. Dois meses antes, dois pilotos americanos sobrevoavam Speyer, “quando uma enorme luz incandescente” pairou sobre eles. Parecia estar viajando a uma velocidade proxima de 400 quilémetros por hora. A maioria dos aviadores que viram os foo fighters queixava-se de que eles danifica- vam o sistema de ignigao de seus avides. Segundo se dizia, isso resultavaem colisées, mas nao havia dados oficiais. Nada na tecnologia alema, japonesa ou aliada poderia ser responsavel pela luz dos foo fighters. As explicagdes * N-T.: Fendmeno reportado por iniimeros pilotos no cenario da Segunda Guerra Mundial, sobre 0 Atlantico € 0 Pacifico, particularmente em 1944, quando comegaram a ser despeja- das as poderosas bombas V1 € V2. De acordo com o relato, dos pilotos essas bolas de luz ou fogo voavam em formagdo, pareciam metilicas € algumas tinham formato de disco. Nunca houve um relato de que qualquer delas tivesse demonstrado uma ago agressiva. Existem rarissimas fotos dos foo fighters ¢ uma delas esta ilustrada neste livro, 6 Frcuapas 0 Cus Ancerns. Mt aio globular, um fendmeno controverso por si mesmo. rea quanto o Oitavo Exército Britinico defenderam naturais inclu Tanto a Real Fora Aé a teoria bem pouco verossimil de que se tratava de alucinagao em massa, uma versio da Segunda Guerra Mundial do Anjo de Mons.” Depois de 1945, nunca mais se viram os foo fighters. am 0 AUIFOLOGIA TALVEZ tena chegado oficialmente maioridade em 24 de junho de 1947. Kenneth Arnold, um piloto experiente, voava aquele dia sobre as. Montanhas Cascade, no estado de Washington, em diregao a fronteira do Canada. Ele procurava pelos destrogos de um avi de transporte militar, que caira na area, quando viu nove objetos voadores diferentes voando em formagao. Em sua estimativa, eles voavam a uma velocidade superior a 1.600 quilémetros por hora, muito mais rapido do que qualquer aviao conhe- cido na época. Mais tarde, quando os repérteres Ihe pediram para descre- ver 0 aviao, ele disse: “Eles voavam como um pires, se vocé 0 atirasse rente 4 Agua”. Essa unica sentenga de stibito inflamou a imagina¢ao popu- lar e fez dobrarem os sinos pela morte imediata dos 6vnis, no tocante 20 establishment cientifico. Arnold, de fato, tinha reportado que os aparelhos em si pareciam um crescente, mas foi a imagem de um pires que ficou. Até acapa do livro que Arnold escreveu com Ray Palmer em 1952 ja mostrava 0 tradicional formato de disco da espagonave. Ele até deu ao livro o titulo de The Coming of the Saucers [A Chegada dos Discos]. Nos anos vin- douros, haveria centenas de aparigdes de aparelhos em formato de pires. Quantos deles nao terao resultado diretamente de uma interpretagao equi- vocada da midia em relagao ao que Kenneth Arnold viu? A experiéncia de Arnold nao péde ser verificada. Em 1947, 0 rastreamento pelo radar ja era suficientemente sofisticado para localizar nove objetos em disparada pelos céus de Washington, nao importa a que velocidade. Nenhum vestigio ficou registrado no radar e ninguém mais viu os aparelhos. O que Arnold tinha visto? Qualquer um, dentre uma dtizia de possiveis fenémenos naturais? Ou algum outro exemplo de tecnologia humana, libe- * N.T.: Fendmeno bastante controverso, observado no inicio da Grande Guerra, durante as, primeiras iniciativas em Mons, na Bélgica, em agosto de 1914, na Batalha das Fronteiras. ‘No auge da batalha teria surgido no céu, em meio a um brilho ofuscante, a figura de um anjo. Embora a figura tenha sido presenciada por milhares de soldados, parece existir uma s6 evidéncia fotografica e ela passou 4 historia como algo que sé 0s muito religiosos ow inocentes viram. Anualmente, celebra-se uma missa em Mons, dedicada a Sao Jorge. “E no Foco Suciw uw Raia” jl rada antes da época’?) Em 5 de margo do ano anterior, Winston Churchill dissera ao povo da cidade de Fulton, Missouri: “De Stetin, no Baltico, a Trieste, no Adriatico, uma cortina de ferro desceu sobre 0 Continente...” Por tras da cortina, estende-se 0 poder ganancioso do “Império do Mal”, a URSS. Os antigos aliados que, por mera formalidade, haviam tro- cado apertos de mao sobre as cinzas da Berlim de Hitler, vagavam agora separadamente, com édio ¢ desconfianga. A América, em particular, ficou obcecada com o comunismo — o senador Joe McCarthy advertia contra os “vermelhos embaixo da cama”. E, nessa Guerra Fria que prevaleceria por quase 50 anos, os dois lados amontoavam suas armas convencionais € ex- perimentavam novas. Dentro desse contexto, teria sido possivel que aquilo que Kenneth Arnold viu fossem protétipos da “asa voadora” de Jack Northrop, cujo projeto acabaria sendo incorporado ao bombardeiro B-2 Stealth? ROSWELL E uma tipica cidadezinha do arido Estado do Novo México. O Campo de Aviacao de Roswell (antigo Campo de Aviagao do Exército, em Roswell) situa-se a cerca de 160 quilémetros a leste da White Sands Missile Range [Plataforma de Langamento de Misseis de White Sands]. Na noite de 2 de julho de 1947, apenas oito dias depois da experiéncia de Kenneth Arnold, um casal local, o sr. ¢ a sra. Dan Wilmot, viram no céu noturno sobre sua varanda da frente “um objeto grande ¢ brilhante”. Eram quase 22h ¢ a visibilidade era boa. O que quer que fosse 0 objeto ~e seu formato lembra- va “dois pires invertidos, um de frente para 0 outro” —, movia-se muito rapido na diregao de Corona, a noroeste. No dia seguinte, o rancheiro “Mac” Brazel, que vivia proximo de Corona e a cerca de 120 quilémetros de Roswell, fez uma descoberta es- pantosa. Na noite anterior ocorrera uma tempestade elétrica, 0 que nao era incomum nas regides desérticas do sudoeste americano, mas em meio a ela Brazel tinha ouvido uma forte explosao, que certamente era algo mais do que um trovao. Pela manh, na diregdo de Socorro a oeste, ele descobriu uma rea juncada de destrogos, que nao foi capaz de reconhecer, espalha- da em um estreito circulo. Os fragmentos que descobriu eram finos, tipo uma lamina de metal, mas impossiveis de vincar ou dobrar sé com as mos. A superficie do metal parecia revestida de hierdglifos ou de algo que lem- brava uma escrita e dela pendia um material parecido com uma fita, cober- to por um desenho floral. No dia seguinte, Brazel foi a Roswell visitar George Wilcox, 0 xerife da cidade, que contatou a Army Air Force Base [Base da Forga Aérea do Crus Anceras, Mentr EY Exército]. Foi entio que os eventos tomaram um rumo bastante sinistro. Brazel estava sendo entrevistado por um repérter da radio local, Johnny McBoyle, quando a transmissao foi interrompida pelas autoridades, que ameagaram cassar sua licenga se ele continuasse com a entrevista. Sua tentativa de retransmitir a informagao para a KOAT, uma estagao de radio maior, em Albuquerque, foi igualmente interceptada. Entrementes, o pré- prio Brazel foi virtualmente interrogado na base aérea e 0 exército nao so visitou seu rancho para recolher os misteriosos detritos, como passou um cordao de isolamento em volta da area toda para manter os deslumbrados bisbilhoteiros a distancia. Embora se tivesse silenciado a radio com sucesso, nao foi tao facil controlar os jornais. O Roswell Daily Record, de 8 de julho, saiu com uma gritante manchete — “RAAF Captura Disco Voador em Rancho na Regio de Roswell”. Em virtude do que ia se transformando rapidamente em uma divulgagao histérica, o tenente Walter Haut, encarregado do Servigo de Informagées ao Ptiblico da base, emitiu 0 que podemos chamar de uma nota para a imprensa, tinica em termos de honestidade oficial: Os muitos rumores relativos ao disco voador tornaram-se realidade ontem, quando o Servico de Inteligéncia do 509° Campo de Bombas da Oitava Forga Aérea, do Campo de Aviagado do Exército, em Roswell, teve a sorte de recuperar um disco, com a cooperacao de um dos rancheiros locais e do escritorio do xerife do condado de chaves. O objeto voador aterrissou em um ran- cho proximo a Roswell, em um dia da tiltima semana. Por no contar com servigo telefénico, o rancheiro guardou o disco até que ele pudesse contatar o escritorio do xerife, que por sua vez notificou 0 major Jesse A. Marcel, do Servico de Inteligén- cia do 509° Agrupamento de Bombas. Foram tomadas provi- déncias imediatas e 0 disco foi retirado da casa do rancheiro. Ele foi inspecionado no Campo de Aviagao do Exército, em Roswell, e em seguida cedido pelo Major Marcel a autorida- des militares superiores. Posteriormente, Haut alegou ter submetido essa.nota (relativa a um objeto que ele nao vira pessoalmente) ao seu comandante, 0 coronel William Blanchard. Qualquer que tenha sido a verdade dessa situagao, Blanchard continuou sua carreira e chegou a general; Haut demitiu-se de seu posto no ano seguinte. A maior parte dos destrogos coletados pelo major Marcel foi aerotransportada para Fort Worth, no Texas, onde foi convocada uma en- trevista coletiva e os jornalistas tiveram permissao para fotografar os des- __tuluinarw uy trocos, a distancia. Uma segunda oportunidade para fotos permitiu-lhes chegar mais perto, mas dessa vez jd ocorrera uma troca, os verdadeiros destrogos tinham sido transferidos para o Campo Wright (hoje, Base da Forga Aérea de Wright-Patterson). As autoridades anunciaram, entao, que os restos pertenciam a um balio meteorolégico. Certamente nao é essa a lembranga do major Marcel nem de Bill Brazel, o filho de “Mac”, que por curiosidade tinha conservado alguns fragmentos dos destrogos. Quando acon- teceu de o jovem Brazel comentar em um bar local que ainda tinha trés fragmentos, ele foi visitado por militares que prontamente confiscaram sua colegio. Isso foi dois anos apés 0 desastre. Por que os militares estariam tao preocupados com algo que ja haviam afirmado ser um balio meteorolégico? A evidéncia do major Marcel € ainda mais importante, j4 que, sendo um observador treinado, era de se supor que fosse capaz de identificar um baliio meteorolégico quando visse um. Na verdade, a base soltava até dois desses todo dia. Ele nao conseguiu reconhecer os hierdglifos na superficie do metal e descobriu que, mesmo nao pesando quase nada, 0 metal nao podia ser amassado nem queimado. Ainda mais estranha do que a imperiosa evidéncia do 6vni sinistrado & do subseqiiente acobertamento oficial foi a alegada descoberta dos corpos de sua tripulagao. O engenheiro civil Barney Barnett trabalhava em uma rea do deser- to conhecida como Plains of San Augustin [Planicie de San Augustin], a oeste da Rodovia 25, que acompanha os meandros do Rio Grande. Na manha de 3 de julho, ele achou “um objeto metalico em forma de disco” caido na areia. Tinha cerca de 9 metros de diametro e parecia ter rachado ao meio como resultado de seu impacto contra 0 solo. No interior da nave e ao seu redor espalhavam-se os corpos de criaturas humandides, do ta- manho de uma crianga. Olhos pequenos em cabegas avantajadas e sem cabelos. Seus trajes consistiam de pegas unicas, de cor cinza, sem cintos, ziperes ou botdes. Se essa cena tivesse sido presenciada apenas por Barnett, estaria inteiramente sujeita 4s costumeiras acusagdes, mas, segundo cons- ta, ele estava acompanhado por um grupo de estudantes de Arqueologia da Universidade da Pennsylvania, fazendo uma escavagio ligada aos assenta- mentos de indigenas americanos naquela area. Glenn Dennis, o agente funerario de Roswell, recebeu algumas liga- gdes da base aérea inquirindo-o sobre a complexidade de se preservar corpos no gelo. Em seguida, ele recebeu um pedido de quatro caixdes de tamanho infantil. Uma enfermeira militar da base afirmou ter visto os relatorios da necrépsia feita nos corpos dos alienigenas. Misturando boatos, contradigdes, desmentidos e niveis nao especifi- cados de parandia individual e corporativa, essa ¢ a historia de Roswell, que 08, Meares Fresianas H Crus An se apresenta ha muitos anos. Entretanto, o assassinato de John F. Kennedy, 0 escandalo de Watergate e os eventos do Camboja levaram um numero crescente de americanos a compreender como seu governo pode ser superdissimulado ¢ furtivo. A Lei de Liberdade de Informagao, que passou a vigorar em 1976, forgou a liberagdo de muitos (nao de todos) documentos do governo sobre dvnis. Os documentos conhecidos como dossié Majestic- 12 vieram a tona em 1984 ¢ deixam claro que 0 governo da época tinha formado um grupo para estudar tanto 0 disco de Roswell quanto sua tripu- lacao alienigena. Imediatamente, 0 governo denunciou esses documentos como falsos. Sera que 0 “disco” de Roswell foi um aparelho experimental, na linha dos dirigiveis e dos foguetes V1 e V2, langados na primeira metade do século? A plataforma de langamento de misseis de White Sands, perto a Roswell, com certeza ja disparou contra os céus uns 30 mil projéteis de artilharia nesse meio século, desde 1945. Até 1964, a maioria desses lan- gamentos ocorria a noite (o que se ajustaria 4 evidéncia de Wilmot e Brazel), e White Sands admite que 7% de seus testes sio abortados, levando em conta uma incidéncia muito alta de desastres. O metal incomum (passados 50 anos, ainda nao é de uso geral) e os hierdglifos inexplicéveis parece que descartam essa teoria, assim como os corpos dos alienigenas certamente a descartam. Ao que parece, 0 caso Roswell nao vai ser enterrado. Recentemente, levado pela pressio do ptiblico, Steven Schiff, um congressista do Novo México entrou na briga. Quando nao obteve uma resposta satisfatoria, fora da barreira convencional de isolamento, ele levou 0 caso ao General Accounting Office,” que tem amplos poderes de investigacio. Mesmo for- cada por esse érgaio, a USAF [Forga Aérea dos Estados Unidos] continuou recorrendo a sua politica de preservagao da informagio; os destrogos de Roswell provavelmente eram parte de um balao das altas camadas atmos- féricas, usado no Projeto Mogul para detectar testes nucleares soviéticos. Curiosamente, 0 major Marcel também trabalhou nesse projeto, mas n&o até sua missao seguinte, posterior a Roswell. O que quer que tenha acontecido no ensolarado Novo México, no verdo de 1945, marcou de duas maneiras a maioridade da Ufologia: produ- ziu evidéncia tangivel da existéncia de uma nave e de sua tripulagaio que, no *N.T.:O General Accounting Office, cujo nome foi mudado para Government Accountability Offfice, em julho de 2004, é um brago suprapartidirio do Congresso para investigar todas as questdes relacionadas ao recebimento, desembolso € utilizagao de fundos piblicos pelo Governo Federal. Seu presidente, o Concroller Geral dos Estados Unidos, € escolhido pelo presidente, por indicagdo e com o aval do Congresso, para um termo de 15 anos. minimo, nao eram de origem terrestre; e constituiu uma barreira de siléncio oficial que ha anos bloqueia uma investigacao séria por parte de civis. GEORGE ADAMSK] fez historia em 1 comunicado com um alienigena do planeta Vénus. Hoje, em geral desacre- ditado, considerado um impostor, Adamski despertou toda uma série de casos, a maioria deles americano, em que se dera um contato. A nave que ele descreveu aparece na maioria das revistas sobre évnis como a do tipo “Adamski”. Em todos esses incidentes, o denominador comum geralmente era o de que, como seres muito mais avangados do que nds, os alienigenas teriam uma mensagem para transmitir 4 humanidade, um alerta contra 0 Armagedon nuclear ou a iminente destruigdo de nosso ecossistema. Fre- qiientemente descritos como louros ¢ altos, esses bondosos alienigenas sio comumente chamados de nérdicos. Tudo isso soa muito conveniente € os cinicos ja rejeitaram esse juizo como sendo uma resposta a paranoia da Guerra Fria ou um precursor da filosofia hippie. No final da década de 1960, o mundo sem divvida presenciou um movimento orquestrado pela ju- ventude mundial — com centro na costa oeste americana —, para ignorar os preconceitos ¢ loucuras de seus pais ¢ juntar-se em uma vasta comunidade hippie, em que as flores, os colares de contas, 0 amor ¢ as drogas seriam a resposta para todos os problemas. A nog’ de um bando de alienigenas paternais, de boa indole e errantes, preocupados com nosso bem-estar, pa- recia acomodar-se perfeitamente a essa imagem. Os defensores de Adamski e outros, que também alegam a partici- pagao em “contatos imediatos”, usam um argumento criativo para con- trapor-se a acusagao de farsa. Em total discordancia com a descrigéo de Adamski, a pesquisa espacial tem mostrado desde 1952 que os planetas habitados, segundo ele alegava, sao estéreis e inéspitos. Para os defenso- res de Adamski, isso se deve ao fato de que os alienigenas especificos com quem ele se encontrou mentiram. Tanto o argumento quanto 0 contra- argumento sao bizarros e tipicos das facgdes em guerra que permeiam a Ufologia moderna. DAS “QUATRO CRIATURAS VIVAS que apareceram ao profeta Ezequiel aos quatro caix6es tamanho infantil encomendados ao agente funerario de Roswell, viajamos ao longo de 25 séculos de desenvolvimento e progresso. Mas junto também trouxemos 0 fascinio e o medo do desconhecido. , quando declarou ter se encontrado e Senhor misericordioso, livrai-nos dos demonios e almas penadas e das bestas de pernas compridas e das coisas que vagam 4 noite! E isso que diz uma tradicional oragdo da Cornualha. Afinal, em nossa propria era de ciéncia, empirismo ¢ racionalismo, as coisas ainda vagam a noite sobre 0 céu de Roswell e o deserto é um timulo de bestas ainda desconhecidas. “NAO ESTAMOS SOS” a mensagem era clara. A estranha formago geolégi- ca, as pessoas atraidas para o deserto, a brilhante luz branca e a “sensagao de bem-estar”, tudo emprestou uma aura magica ao filme de Spielberg, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, que foi langado em 1977 e captu- rou o estado de espirito de uma gerag’o. O interessante é que o maior cenario em que foi rodada a historia tinha sido, de fato, um velho hangar de dirigiveis. A Time Out escreveu: “De certo modo, isso combina Disney com a ficgdo cientifica da década de 1950 ¢ junk food,” na versio mais pro- gressista (ainda que interrompida) do sonho americano”. Por seu lado, o New Yorker, disse: “Ele exibe uma magica visionaria € um espirito cémico inocente, ao lado de uma paixao pelas surpresas e do espirito cético do vamos tentar pra ver no que da”. O filme custou 20 milhdes de délares e grande parte de seus didlogos 6 inaudivel. Ele também expandiu para um ptiblico em grande parte crédulo © que até entao fora um termo técnico, sé usado por ufdlogos na tentativa de classificar as aparigdes de dvnis. O contato imediato do primeiro grau (CII) envolve a aparigao de algo nao identificado a uma distancia proxima. Ocontato imediato do segundo grau (C12) ocorre quando existe algum tipo de interagdo entre o 6vni e o meio ambiente, deixando uma evidéncia tangi- vel, tal como uma depressio no solo. O contato imediato do terceiro grau (C13) envolve a presenga de alienigenas (como as frageis criaturas cujas mios se estendem para Richard Dreyfuss e outros, no filme). O quarto grau (C14) é 0 que envolve a abducdo humana por alienigenas. Milhares de relatos estio relacionados com essa ultima experiéncia, mas a primeira delas a receber ampla divulgagao data de 1961: Perto da meia-noite de 20 de setembro, dirigiamos por uma drea da reserva florestal nacional, em White Mountains, *N.T.: Alimento de baixo valor nutritivo e alto indice de calorias, como batata frita ¢ salgadinhos. Bae 7 q “Epo Foro Suaciy um Rat I New Hampshire. E uma regido desolada, inabitada. De inicio, notamos um objeto brilhante no céu que parecia mover-se ve- lozmente. Paramos 0 carro e descemos para observa-lo mais de perto com o binéculo. De sibito, ele mudou seu curso de v6o do norte para o sudoeste e parecia seguir um padréo de v6o muito errdtico. A medida que continudvamos a dirigir e depois pardvamos para observa-lo, notamos 0 seguinte padrao de véo: 0 objeto ficava girando e parecia iluminado de um sé lado, 0 que dava um efeito de pisca-pisca. Quando ele se aproximou de nosso carro, paramos de novo. Ao pairar no ar, @ nossa frente, seu formato lembrava 0 de uma panqueca, com janelas circulares na frente, através das quais enxergavamos luzes de um brilho branco-azulado em seu interior. Repentinamente, surgiram duas luzes vermelhas, um de cada lado. A essa altu- ra, meu marido jé estava em pé na estrada, observando bem de perto. Ele percebeu que de ambos os lados se projetavam asas em cujas extremidades ficavam as luzes vermelhas. Como 0 objeto deslizou para mais perio, meu marido conseguiu divisar seu interior, mas ndo de muito perto. Ele viu varias silhuetas que corriam para todo lado, como se estivessem se preparando para algo. Das janelas, uma figura nos observava. Da distén- cia em que as enxergdvamos, as figuras pareciam ter mais ou menos 0 tamanho de um lapis e pareciam vestidas com uma espécie de uniforme preto brithante(...) Isso foi 0 que Betty Hill escreveu, em setembro de 1961, ao major Donald Keyhoe, do National Investigations Committee on Aerial Phenomena (NICAP) [Comité Nacional de Investigagdes sobre Fendmenos Aéreos]. Esse foi o comego de uma experiéncia tio extravagante que traumatizou tremendamente a ambos, a ela e ao marido; durante anos eles foram ator- mentados por pesadelos. Betty, de 41 anos, trabalhava em assisténcia social infantil. Barney, seu marido, de 39 anos, era separador de correspondéncia em Boston e ambos eram ativos participantes do movimento pelos direitos civis, que na época procurava apoio em todo o territério americano. Para aproveitar o feriado, o casal tinha decidido por impulso viajar para Niagara ¢ Montreal e seguiam em diregao ao sul pela Rodovia 3, saindo de Bolebrook. Eles ja tinham parado para comer em um diner e estavam préximos da cidade de Lancaster, quando 0 objeto voador apareceu. Nao foi senio em novembro, conversando com os investigadores de vnis dois meses depois de seu contato imediato, que Barney veio a tomar 38 Crus Aacaros. Mevtes Frcnapas consciéncia de que uma jomada de 360 quilémetros por estradas desertas, a uma velocidade média de 105 a 110 quilémetros por hora, levara sete horas. Isso passou a ser conhecido como “tempo sem memoria”. Nem Betty nem Bamey Hill foram capazes de se dar conta dele. Os sonhos de Betty pareciam continuar do ponto em que se situavam suas memorias conscientes de White Mountains. Ela e Bamey foram para- dos na pista por 11 homens, a tripulag3o da nave cujas luzes eles tinham visto. Eles foram levados a bordo do aparelho ¢ colocados em aposentos separados. Cada um deles foi submetido a um exame fisico. No caso de Betty, tiraram amostras de seu cabelo, de sua cera do ouvido e de fragmen- tos de sua pele. Uma longa agulha foi inserida em seu umbigo, como uma espécie de teste de gravidez, ¢ ela se viu discutindo com o chefe da tripula- ao sobre o Universo (do qual conhecia muito pouco) ¢ sobre 0 conceito humano de tempo. O retrato falado, composto a partir das especificagdes de Betty e Barney, mostra seres sem cabelos, com meras reentrancias no lugar das orelhas, olhos grandes sem palpebras e um vestigio de nariz. O casal concordou em ser submetido a sessdes de hipnose. Sabemos hoje que a regressdo hipnotica tem seus defeitos. A partir de dezembro de 1963, o dr. Benjamin Simon conduziu-a durante um pe- riodo de sete meses. Simon nunca se comprometeu publicamente a dar uma declaragao sobre o caso, mas parece provavel pelo menos que a an- siedade do casal, na época, estava relacionada com sua experiéncia. A rigor, ninguém sugeriu que os Hills estivessem inventando conscientemente a visita, mas Barney vinha trabalhando 4 noite, rodando um total de 190 quilémetros entre ida e volta todo dia ¢ softia de uma tilcera que se agrava- va. Ao mesmo tempo, Betty vivia separada de seus filhos do primeiro casa- mento e vinha de uma familia para quem a atividade dos espiritos era coisa comum. Betty era branca e Barney, negro — uma situagdo que, em 1963, devia carregar suas proprias tensdes. ‘ Ahipnose, de fato, pode ajudar a meméria. A policia usa a hipnoterapia para ajudar as testemunhas a lembrarem-se daquilo que conscientemente nao conseguem. Mas hoje sabemos que 0 paciente sob hipnose pode mentir e cometer enganos. Como a vontade é suprimida, até mesmo manipulada, 0 paciente pode tornar-se extremamente sugestionavel. Alguns ficam bas- tante tagarelas criando varios detalhes, simples fruto de sua imaginagao. Em que pese 0 fato de que a stibita aparigao de forgas alienigenas e poderosas possa perturbar muitas pessoas e aterrorizar algumas, no fundo, sera que a maioria de nds nao gostaria de acreditar? Do mesmo modo que gostariamos de um dia ver um plesiossauro, ou algo similar, nadando no Lago Ness? Eno Poco Sunciu us Ralo™ 39 Qualquer que seja a realidade do caso Hill — e Betty, agora vitva, continua a observar luzes estranhas sobre New Hampshire -, outras alega- ges semelhantes tém sido levantadas nos ultimos 30 anos e por gente totalmente inconsciente da existéncia um do outro. Existe um fundo de experiéncia comum nesses casos e, mesmo que nem todos sejam tao dramaticos quanto aqueles que 0 romancista Whitley Strieber descreve em Communion, o padrao discemivel é 6bvio. O alienigena tipico — conhecido como “Grey” — tem pouco mais de um metro de altura, com uma cabega extremamente distorcida e bragos e pemas cadavéricos. O nariz e a boca sio vestigiais, mas os olhos se destacam na meméria coletiva dos abduzidos. Eles sio grandes e negros, sem pupilas aparentes, bastante parecidos com os de um inseto. Muitos descrevem a qualidade hipnotica ou 0 efeito calmante desses olhos. Os abduzidos sentem-se imo- bilizados por uma cegante luz branca ou branco-azulada e pela sensago de flutuar sobre uma cama ou sobre um carro, em um quarto branco, redondo, que lembra um anfiteatro cinirgico. O exame fisico pode ser doloroso e geralmente inclui a remogao de dvulos ou esperma: o implante de um pe- queno objeto metalico em uma das narinas ¢ a realizagaio do que hoje descre- vemos como laparoscopia, uma cirurgia que utiliza sondas finas e delicadas. A comunicagao propriamente é rara. Na verdade, 0 bate-papo casual de Betty com seus raptores, em inglés coloquial, coloca uma série de diividas sobre a realidade. A recordagao geral é que os alienigenas nao tém nenhum tipo de sentimento em relagao a seus cativos humanos e, antes, os conside- ram como ratos de laboratério. Existe uma tendéncia entre os ufélogos a admitir que muitas dessas abduges se relacionam com alguma espécie de programa de reprodugao. Dois em cada trés abduzidos sao mulheres e algumas admitem ter carrega- do bebés alienigenas, que foram removidos antes do nascimento, durante uma abdugao subseqiiente. Outras alegam que foram “re-abduzidas” e apresentadas a criangas apaticas, hibridas, presumivelmente delas mes- mas, com quem foram encorajadas a criar um vinculo. Um dos exemplos mais hicidos dessa fazenda de cria¢do extraterrestre, entretanto, vem de um homem e antecede em quatro anos 0 caso Hill. Esse caso s6 chegou ao mundo de lingua inglesa em 1965. Anténio Villas-Boas, um lavrador de 23 anos, morava em Sao Fran- cisco de Sales, no Brasil. Ele e o irmao ja tinham presenciado luzes brancas no céu em duas ocasides anteriores, mas dessa vez ele estava so, arando sua terra, quando foi pego por alienigenas ¢ levado contra sua vontade para uma nave em formato de péra. De acordo com Villas-Boas, os tinicos sons emitidos pelos alienigenas eram “latidos e ganidos baixos, nem muito claros 4) Crus Anca nem muito roucos, uns mais longos, outros mais curtos, as vezes reunindo varios sons simultaneos diferentes e outras vezes terminando em um trina- do (...) eu nao consigo reproduzi-los (...) minha voz nao foi feita para isso”. Ele foi lambuzado com um liquido espesso, um pouco de seu sangue foi extraido e, dai, foi instado a fazer sexo com uma humandide de 1,40 metro de altura. Ela tinha olhos azuis ¢ alongados, cabelo quase branco enrolado para dentro, em direg’o ao rosto. A boca era rasgada como um corte e as orelhas pequenas. O corpo era muito delgado, com coxas gros- sas e pélos de um vermelho brilhante no pubis ¢ nas axilas. Cheirava a mulher e fizeram sexo duas vezes. Ela grunhia e mordeu-o gentilmente no queixo, uma ou duas vezes. Ao ser chamada pelos outros, apontou a propria barriga ¢ depois 0 céu. Quando Villas-Boas foi examinado pelo dr. Fontes, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1958, ainda exibia cicatrizes no queixo e em outras partes do corpo. Os sintomas pareciam semelhantes aos de envenenamento por radiagao. Diferentemente dos Hills, Villas-Boas foi interrogado com bas- tante grosseria pelas autoridades militares brasileiras ¢, no entanto, nunca se afastou dos detalhes de sua histéria. Qual a provavel verdade por tras de tantas historias de abdugao por alienigenas? Nao é concebivel que todos estejam mentindo. Com certeza, a maioria das pessoas que procuram pintar a si mesmas em uma fantasia inventaria um contato gentil, de preferéncia ao que é quase sempre uma experiéncia desagradavel e assustadora. As atragdes mais ébvias de fama e fortuna podem muito bem ter induzido uns poucos, mas a maioria dos abduzidos nao procura vender suas historias nem anseia por notoriedade. Na verdade, uma grande proporgao deles insiste em nao querer publicidade em torno de seu caso. Alguns dos que alegam encontros imediatos podem, é claro, estar mentalmente doentes. Desordens do lobo temporal podem resultar em de- lirios, que podem explicar algumas histérias de abdugdo. Uma explicagao comumente sugerida hoje é que muitas das mulheres abduzidas estao revivendo um incidente de abuso sexual na infancia. Nao foi publicada ne- nhuma estatistica sobre o assunto, logo, ¢ impossivel qualquer comparagdo entre estas ¢ as do piblico em geral. Como muitas abdugdes envolvem toques ginecolégicos desagradaveis, nao parece provavel que uma vitima va substituir sua fantasia pela realidade de uma situagdo que € tao similar. Se o abuso sexual por parte de um adulto, parente ou amigo, é tao trauma- tico para que a mente 0 aceite, por que a mente criaria algo “ainda pior”? Claro que é possivel mudar esse argumento de ponta-cabega. John Mack, titular de psiquiatria da Harvard Medical School, criou uma tempes- tade com suas teorias, tanto entre ufélogos quanto entre terapeutas. No “Eno Foco Surcie uw Rat” 4 comego, muito cético e negativo em relacao aos abduzidos e seus defenso- res, Mack € um caso raro em meio ao establishment cientifico, porquanto ele Ihes deu a chance, por assim dizer, de provar seu ponto. Nao sé ele agora acredita que alguns casos sao totalmente genuinos, como postulou que alguns deles, aparentemente de abuso sexual, na realidade sao exem- plos de abdugao alienigena! Incomodada com suas posigdes controversas, a direcdo de Harvard abriu uma sindicancia para apurar sua conduta. Em agosto de 1995 ele foi publicamente censurado, mas seu emprego, que se- gundo os rumores estaria ameacado, continuou garantido. Whitley Strieber é 0 exemplo mais famoso de um abduzido submetido ao poligrafo ou detector de mentiras para provar a um mundo inerédulo a veracidade de sua experiéncia. Esses aparelhos sio largamente usados nos Estados Unidos, mas ainda nao sao admitidos em uma corte britinica. Bas- tante parecido com uma impressao digital genética, o detector de mentiras nao € 100% infalivel. Em teoria, o aparelho detecta alteragdes fisicas, como a pulsago acelerada, provocadas pelo ato de contar uma mentira. Formu- lam-se algumas perguntas de controle cujas respostas nao estao em jogo, por exemplo, o nome da pessoa que esta fazendo 0 teste. Estas se tornam 0 padrao de referéncia e quaisquer evasivas em relago a elas acusario a mentira. Quanto maior a area de sensibilidade, maior sera 0 afastamento da linha de referéncia. Esse sistema tem dois pontos fracos. Primeiro, os men- tirosos patolégicos nao mostram alteragdes em raziio de suas mentiras. Em segundo lugar, durante a seco inicial de perguntas de controle é possivel induzir um padrao de referéncia falso, um evento traumitico, talvez criando uma anguistia fisica ou mental — mordendo 0 labio ou relembrando um even- to traumatico. Contra essa alteragdo, a mentira parecera insignificante. Pesquisadores como Budd Hopkins fizeram muito nos tiltimos anos para trazer ao dominio publico o controverso assunto da Hipétese sobre os Extraterrestres (ETH). Budd Hopkins é um artista bem-sudedido de Nova York, que vem investigando as abduges alienigenas desde 1976. Ele ja investigou cerca de 1.500 casos ¢ é considerado a maior autoridade nesse polémico assunto. Seu maior objetivo, contudo, é ajudar os que passaram por tais experiéncias a encontrar um modo de conviver com elas. Qualquer que seja a verdade por tras das historias de abdugdes, a América ja se tornou obcecada por elas. Do confuso e excéntrico Whitley Strieber protagonizado por Christopher Walken no filme Communion a uma linha do enredo da série de televisio The Colbys,” os homenzinhos cinza, * N.T.: Novela da rede de TV americana ABC, exibida nos Estados Unidos de 1985 a 1987. A partir de um certo capitulo foi introduzido o tema alienigena. Retirada do ar devido a baixos indices de audiéncia. de cabecas imensas e enormes olhos pretos, tornaram-se familiares no pais todo. E, por mais bizarro que pareca, agora é possivel fazer seguro contra abdugdes! O prémio do seguro fica em torno de R$ 190,00 e a indenizagao, em torno de R$ 25,5 milhdes — 0 dobro dessa importancia se o segurado for morto em razao de um encontro imediato do quarto grau. Bem mais de 35 mil pessoas de fato ja fizeram esse seguro. E légico que as seguradoras exigem evidéncias tangiveis da abducao, tais como fotos ¢ evidéncia médi- ca. O risco assumido pelas seguradoras de fato ja esta ficando mais alto. Hoje, existem fotos muito convincentes de dvnis € as lesdes causadas a alguém como Anténio Villa-Boas sao dificeis de explicar naturalmente — como um agricultor brasileiro da década de 1950 poderia, normalmente, ter entrado em contato com material radioativo? Os laboratérios fotograficos, em que existe um alto nivel de especializagao, afirmaram nao acreditar que algumas das fotos pudessem ter sido forjadas. Acrescente a isto a afirma- gio de alguém com as impecaveis credenciais do professor John Mack e pode muito bem acontecer que, em futuro proximo, um tribunal de justiga decida que as condigdes da seguradora foram satisfeitas. A propria existén- cia dessas politicas de seguro, contudo, reconhece que 0 conceito de abdug’io alienigena, nos Estados Unidos, ¢ tao natural quanto o dano de inundagdes ou de uma apendicite aguda Assim como 0 aparecimento de luzes inexplicaveis no céu era conhe- cido no mundo antigo, talvez existam também paralelos hist6ricos de abdugaio alienigena. Naquilo que John Napier chamou de The Goblin Universe exis- tem diizias de historias folcloricas de seres humanos carregados por andes, elfos, fadas e duendes. O trago comum entre essas criaturas ¢ o tamanho. Universalmente, referimo-nos a elas como “os pequeninos”. O que é fada para alguns poderia ser alienigena para outros? Sera que nao chegamos, simplesmente, um pouco mais perto da verdadeira origem dessas criaturas do que nossos ancestrais medievais? Um exemplo basta. A mitologia galesa conta-nos a historia de Shon ap Shenkin. Certa manha ele ouviu a melodia de uma fada entoada na pradaria e recostou-se a um tronco de arvore para ouvi- la e observar a danga do circulo das fadas. Quando a misica terminou, Shenkin empertigou-se e percebeu que a drvore na qual estivera descan- sando tinha morrido. Quando voltou a seu chalé, o lugar estava coberto de hera e parecia um tanto diferente. A porta foi aberta por um homem ja velho, que perguntou o nome do visitante. “Sou Shon ap Shenkin”, respon- deu ele. Na soleira da porta, o velho ficou mortalmente palido e respondeu, “Meu pai, seu av6, vivia falando de seu desaparecimento”. E Shon ap Shenkin desfez-se em pd. Washington Irving deu nova dimensao a esse conto em seu Rip van Winkle; ele é tipico de humanos pegos no mundo paralelo da T po Foco Surciu um Raio” B fantasia, em que o tempo é extremamente diferente do nosso. O conceito de tempo sem memoria atravessa 0 universo dos duendes como um tempo indefinivel, ouvido e compreendido apenas em parte. E se existe alguma espécie de relagao entre o universo dos duendes e © da Ufologia, por que também nao pode existir uma entre a Ufologia e os fantasmas? O mundo dos espiritos é altamente complicado e as aparigdes de fantasmas (foram relatados mais casos na Inglaterra do que em qual- quer outro lugar do mundo) revestem-se de uma infinidade de formas. Nes- se caso, existe menos consisténcia do que nas aparigdes de ovnis, mas muitos fantasmas certamente parecem cinza (existem duzias de Damas Cinza, que ainda perambulam pelas escadarias de casas ancestrais), sio comumente vistos a noite e alguns dividem com os alienigenas a habilidade de fazer 0 “impossivel”, por exemplo, atravessar paredes. Novamente, so 0s Estados Unidos que produzem um fendmeno capaz de estabelecer uma ponte entre os dois mundos, o do espirito e o do espago — as luzes Spook. Em 1913, na regiao de Brown Mountain, na Carolina do Norte, algumas: testemunhas oculares descreveram essas luzes que pairavam a noite no céu ¢ desapareciam “como um foguete em aceleragao total”. Em 1965, em Silver Cliff, no Colorado, 0 editor-assistente da revista National Geographic testemunhou “pontos de luz branco-azulada, que esmaeciam na borda”. E bem verdade que elas estavam pairando fantasmagoricamente sobre um cemitério, mas é a cor, tao familiar aos ufélogos, que é interessante. Recentemente, os Estados Unidos foram varridos por uma onda de morte de animais. O alvo geralmente tem sido 0 gado; os corpos sao encon- trados terrivelmente mutilados, muitas vezes com os 6rgaos genitais extir- pados. Sem ditvida é possivel que isso seja obra de sddicos tresloucados ou até mesmo de uma espécie de culto satanico, mas varios desses corpos foram encontrados possivelmente na vizinhanga de atividade ufoldgica. Tanto Linda Moulton Howe, produtora de televisio, hematologista e patologista, como o dr. John Alshuer alegam que as necrdpsias realizadas em alguns desses animais mostram que as incis6es abdominais podem ter sido feitas com avangada tecnologia a /aser. O que caracteriza esses ataques é a auséncia de sangue e das pegadas do atacante. As abdugoes alienigenas e as mutilagdes de animais afastam-nos da atmosfera amigavel de cosmonautas, que dominou as décadas de 1950 ¢ 1960. O interior frio e mal iluminado das naves alienigenas, os raptos e as sondagens insensiveis levam-nos a um mundo de pesadelo, em que somos os alvos indefesos de uma presenca extraterrestre indiferente, disposta a levar a cabo algum tipo de programa genético, com pouco respeito por qualquer coisa além de suas desconhecidas motivagées. Bob Lazar vai mais longe. Figura muito controversa e alvo de mui- tas investigagdes sobre corrupcdo, Lazar alega ter trabalhado para o governo americano em um projeto que envolvia uma nave de origem ex- traterrestre. Ele foi recrutado como membro de uma pequena equipe, sediada no sitio S-4, proximo a misteriosa Area 51,” em Groom Lake, Ne- vada. A equipe estava trabalhando na engenharia reversa™ de recuperagao da tecnologia alienigena. Em outras palavras, 0 governo tinha veiculos ex- traterrestres —na verdade, nove deles—e o trabalho da equipe era desmonta- los para ver como funcionavam. Os veiculos tinham o formato de um pires eum deles, de acordo com Lazar, pairava a poucos metros acima do chao. Os assentos internos de uma das naves so eram grandes o bastante para acomodar criangas ~ ou alienigenas. Na maioria dos casos, nao havia sinal de dano nos discos. Eles nao tinham caido nem sido derrubados. Segundo uma teoria, os Estados Unidos ¢ os alienigenas tinham selado um pacto, que dava carta branca aos alienigenas para executar suas abdugdes, em troca de uma fatia de seu know-how tecnolégico. Alguns alegam até que toda a tecnologia aeronautica por tras de aeronaves como o caga Stealth surgiu disso. Lazar est muito longe de ser uma voz isolada. Bob Oechsler, expert em robética e ex-especialista em misses da NASA, revelou informagdes extraordinarias que em certa medida dao suporte a Lazar. Durante suas pesquisas, Oechsler telefonou ao almirante Bobby Ray Inman, ex-diretor da Agéncia de Seguranga Nacional dos Estados Unidos ¢ ex-diretor adjun- to da CIA (uma organizag’o que oficialmente sempre denunciou os évnis). Oechsler gravou a conversa: OECHSLER: Vocé prevé que algum dos veiculos recuperados um dia ficara disponivel para pesquisa tecnolégica? Fora dos cir- culos militares? INMAN. ~ Outra vez, honestamente, nao sei. Ha dez anos, a res- posta teria sido nao. Com o passar do tempo, caso eles comecem a ficar mais abertos, existe uma possibilidade. * N.T: A Area 51 € uma propriedade ultra-secreta do governo americano, no Estado de ‘Nevada, conhecida oficialmente como Centro de Testes de Véo da Forga Aérea e utilizada supostamente para desenvolvimento e teste dos projetos aeronduticos mais avangados dos Estados Unidos. A area integra-se a um complex de 12 mil quilémetros quadrados, a Plataforma Nellis da Forga Aérea. ** N.T.: Engenharia reversa é a aplicagio da criatividade para retirar todos os possiveis conceitos novos a partir de um produto acabado, como o desenvolvimento de uma aeronave propria a partir de um modelo alienigena. ao Supe uM RaIO™ uo A implicacao dbvia desse dialogo é que realmente possuimos tecno- logia alienigena recuperada. A Lei de Liberdade de Informagao garantiu a divulgacao de uma série de documentos (embora muitos arquivos — como os da época dos abduzidos — curiosamente estejam faltando). Um dos documentos que veio 4 tona é datado de agosto de 1952 e assinado por Edward Tauss, chefe em exercicio da Divisdo de Armas e Equipa- mentos do Servigo de Inteligéncia Cientifica. “Entretanto, é preciso insis- tir com veémencia que nao se deixe chegar 4 imprensa ou ao piiblico nenhuma indicagdo de interesse ou preocupacao da CIA, em vista das tendéncias provavelmente alarmistas desses grupos para accitar tal interesse como ‘uma confirmagao’.” Algum tipo de acobertamento dos fatos parece que ja vem se desen- volvendo ha um certo tempo. Ha dois anos, Bobby Ray Inman estava cotado como possivel secre- tario da Defesa dos Estados Unidos. Ele representava uma escolha inespe- rada para a posig’o ¢ alguns elementos dos grupos de interesse dos dvnis se perguntavam se o fato de o nome dele aparecer na lista decisiva nao seria o preniincio de uma mudanga na politica oficial do governo, em rela- go a existéncia de évnis. Em conclusio, 0 texto da conversagiio anterior com Bob Oechsler veio 4 tona na midia e, na ultima hora, Inman rejeitou 0 cargo em circunstancias muito misteriosas. Dicas de corrupgao nao cola- ram. Sera que o grau de transparéncia de Inman era tio desconcertante que o establishment nao conseguiria conviver confortavelmente com ele? Isso é 0 que muitos membros dos grupos de interesse dos évnis acredita- vam. Para eles, é sé mais uma dimensao a sugerir que toda a questio dos évnis é de uma importancia critica nos mais altos niveis da América, e do tipo em que as discordancias com respeito a politica oficial podem reclamar suas vitimas no mais alto escalao. 08.50 ANOS transcorridos desde que Kenneth Arnold viu objetos voadores em forma de crescente, voando a uma velocidade incrivel sobre as Cascade Mountains, presenciaram a génese de um novo credo e a compreensao de que a ficgao cientifica pode muito bem estar se transformando em fato cientifico, independentemente da aparente parandia de varios governos para manter a informagao sob mordaca. Eu tinha consciéncia da mitologia. Eu havia lido a respeito dos casos famosos e ponderado os imponderaveis. Eu estava pronto para me atirar de cabega na nova funcao. Mas nada poderia ter me preparado para esses trés anos. Nada. a () Trapatuo Mars Inrenessawre DO Pais 4 Dry cAprTULo 2 MINISTERIODA Defesa foi criado por um Ato do Parlamento, em dezembro de 1946, sete meses depois de Kenneth Amold ter visto discos nos céus sobre as Montanhas Cascade. Ele nasceu de uma necessidade do tempo da guerra de coordenar, como nunca fora feito antes, os trés ramos dos servigos de defesa — Exército, Marinha e Aeronautica —, e seus conselheiros foram os trés comandantes de cada uma dessas armas. Obvia- mente, a principal fungao do Ministério era a defesa, A Declaragao sobre Orgamento da Defesa de 1995 (SDE 95) define textualmente como primei- ro papel da Defesa: “Garantir a protegao e seguranga do Reino Unido e de nossos Territérios Dependentes, mesmo que nao exista ameaga externa relevante”. A estrutura do Ministério é vasta e complexa. Quando entrei, em 1985, © departamento da defesa empregava cerca de 170 mil civis. A Guerra Fria ainda nao tinha esquentado — 0 degelo Gorbachev, embora visivel, ainda nao era uma torrente. O operador de colhedeira do Caucaso do Norte, que se graduara em Direito pela Universidade de Moscou, tornou-se secreta- tio-geral do partido comunista ¢ lider efetivo da Uniao Soviética em 11 de margo. A glasnost € a perestroika ainda estavam a caminho e, se os lou- vores da détente de Gorbachev e seu apelo a redugo do estoque de armas 7 eram uma grande promessa, ele ainda era um comunista; rostos sisudos, cinzentos ainda o acompanhavam no terraco do Kremlin. E ainda se erguia um muro dividindo Berlim. Ninguém queria correr riscos. Em minhas primeiras semanas como novo funcionario, absorvi as ro- tinas, dominei o basico e familiarizei-me com a estrutura do departamento de defesa. Existiam sistemas a aprender, arquivos a enfrentar, “veteranos a quem pedir orientagao. O melhor lugar por onde comegar era vasculhando a lista telefonica do Ministério da Defesa. Essa imensa publicagio, um documento confidencial por sua propria natureza, exibe as cadeias de co- mando em forma diagramatica e relaciona os nomes e as descrigdes de cargo a partir do nivel de encarregado executivo. Encarregado executivo é © grau gerencial junior, 0 equivalente, grosso modo, ao de capitao do exér- cito. Ao lado de um desses nomes estava escrito “ovnis”. Acho que eu ri por dentro quando li aquilo. Nunca tinha me ocorrido que algum departa- mento tratasse de objetos voadores nao identificados e me surpreendi con- jeturando em que implicaria essa fungao. No Ministério da Defesa, as misses duram entre dois e trés anos. Depois disso, as pesssoas sao transferidas, com 0 objetivo de dota-las de conhecimento e experiéncia mais amplos. Ao longo de meus dez anos de carreira até hoje, ja me envolvi no debate sobre o direito das mulheres pilotarem avides de combate (ganhamos esse debate e agora elas podem); em obrigagdes operacionais na Guerra do Golfo e em preparativos para organizar a comemoragao do 50° aniversario do final da Segunda Guerra Mundial. Em 17 de setembro de 1990, passei a divisio conhecida como Secre- tariado (Comando Aéreo), nos sisudos edificios do quartel-general do MOD, a0 longo da rua Whitehall,” no lado oposto da Rua Downing. O papel basico da divisao € aconselhar os ministros da defesa e os oficiais de mais alta patente da forga aérea, em relagio aos aspectos politicos, parlamentares € de politicas publicas, em uma série de questdes concernentes as operagdes da RAF. Muitas dessas questdes estao fora da area da OTAN e envolvem cooperagao com embaixadas estrangeiras, adestramento de tropas e ma- nobras militares, além de acidentes aéreos. Essa divisdo, que se concentra particularmente no Parlamento e no publico, respondia pelos évnis, inde- pendentemente do significado especifico desse termo no jargao do servi¢o puiblico; em julho de 1991, um remanejamento interno trouxe-me direto para esse escritério e direto para o trabalho mais interessante do pais. * N.T.: Whitehall Street fica no coragdo de Londres, onde se situam os ministérios € principais edificios do governo britinico, inclusive 0 MOD (Ministry of Defence). Na ‘Downing Street ficam outros edificios do governo e a residéncia do primeiro-ministro.

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