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Aniura Milanés
Sumário
1 Introdução 1
1 Introdução
Em muitas situações aparece a necessidade da modelagem através de quantidades aleatórias
que tomam valores em determinado grupo.
• Sn
1
2 Probabilidades sobre grupos nitos.
Nesta seção, G denotará sempre um grupo nito.
Observação 2.2. Repare que como consequência da denição sempre teremos que
• ρ(e) = idV ;
• ρ(g −1 ) = ρ(g)−1 , g ∈ G.
W = {0} e W = V são sempre estáveis pela ação de G. Quando não existem outros
subespaços estáveis dizemos que a representação ρ é irredutível. As representações irredu-
tíveis são importantes pois elas servirão de base para decompor qualquer representação de
G.
2
Exemplo 2.7. Seja V espaço vetorial qualquer. A representação ρ : G → GL(V ) dada
por ρ ≡ idV será chamada aqui de representação identidade.
ρA (π) = sinal(π), π ∈ Sn .
ρ(π)ej = eπ(j) .
As representações ρT e ρP,U se Sn têm uma estrutura bastante similar. Isto pode ser
formalizado através do conceito de isomorsmo de representações.
Denição 2.9. Dizemos que as representações (ρ1 , V1 ) e (ρ2 , V2 ) do grupo G são isomorfas
se existir um isomorsmo sobrejetivo τ : V1 → V2 tal que
ρ2 (g) ◦ τ = τ ◦ ρ2 (g), ∀g ∈ G.
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O isomorsmo de representações é uma relação de equivalência no conjunto de todas
as representações de um grupo G. Escreveremos ρ1 ∼ ρ2 para denotar representações
isomorfas. Observe que se ρ1 ∼ ρ2 teremos dρ1 = dρ2 . Além disto, matrizes associadas
a representações isoformas são necessariamente similares, isto e se R1 (g) e R2 (g) são as
matrizes associadas a ρ1 (g) e ρ2 (g), em relação a bases de V1 e V2 , respectivamente, então
existe T invertível tal que
R2 (g)T = T R1 (g), ∀g ∈ G.
No exemplo (2.8) tínhamos achado três representações irredutíveis. Identicando ρT e
ρP,U podemos dizer que realmente encontramos três representações irredutíveis diferentes,
módulo isoformismo. Novamente, módulo isoformismo, estas são as únicas representações
irredutíveis diferentes de S3 . Além disto qualquer uma das suas representações pode ser
decomposta em termos destas três. No próximo parágrafo explicaremos porque ocorre isto.
escrever
K
M
ρ(g) = ρWj (g).
j=1
4
Observação 2.12. Se escolhermos uma base de W que seja união de bases de W e W 0 ,
respectivamente, obteremos que nesta base
RW (g) 0
R(g) = .
0 RW 0 (g)
Isto pode ser estendido a uma soma direta de uma quantidade nita de representações.
Teorema 2.13. Toda representação de um grupo G é soma direta de subrepresentações
irredutíveis dele.
Prova: Seja (ρ, V ) uma representação de G. A prova será feita por indução na dimensão
de V .
Suponhamos que dimV = 0, então ρ ≡ 0 sendo portanto a soma direta da família vazia
de representações irredutíveis. Considere agora n > 0 e assuma que para representações
com dim V < n vale a armação do teorema. Se dim V = n + 1 e (ρ, V ) é irredutível,
então não há nada a provar. Caso contrário, podemos decompor V = V 0 ⊕ V 00 como no
teorema anterior, com dim V 0 < n e dim V 00 < n. Portanto, pela hipótese de indução, V 0
e V 00 são soma direta de representações irredutíveis e o mesmo vale para V .
ou seja ρ(g)∗ = ρ(g −1 ), onde ρ(g)∗ denota o adjunto do operador ρ(g). Portanto se xarmos
uma base ortonormal de V e denotarmos por R(g) a matriz associada a ρ(g) nessa base,
t
teremos que R(g) é uma matriz unitária, ou seja R(g) = R(g −1 ). Como consequência
disto, toda vez que for preciso, poderemos assumir que R(g) são matrizes unitárias. Tal
representação matricial será chamada de representação matricial unitária.
5
(a) Ou τ é um isomorsmo sobrejetivo ou τ ≡ 0.
(b) Se ρ1 = ρ2 , τ é um múltiplo escalar da identidade.
Prova: Não é difícil vericar que a condição (2.1.4) implica que Ker τ e Im τ são su-
bespaços invariantes de V1 e V2 , respectivamente (veja o exercício 2.1.2). Como (ρ1 , V1 ) é
irredutível, Ker τ = V1 ou Ker τ = {0}. No primeiro caso, τ ≡ 0. Analogamente, pela
irredutibilidade de (ρ2 , V2 ), Im τ = {0} ou Im τ = V2 , logo ou τ ≡ 0, ou Ker τ = {0} e
Im τ = V2 e neste caso τ é um isomorsmo sobrejetivo.
Para provar (b) suponha que τ não é a transformação nula. Então por (a), τ é um
isomorsmo sobrejetivo, portanto existe um autovalor λ não nulo de τ . Mas então τ1 =
τ − λidV satisfaz (2.1.4) e como Ker τ1 6= {0}, então τ1 ≡ 0.
Então valem:
Para cada il ∈ {1, . . . , dρl }, l ∈ {1, 2}, a expressão no termo direito de (2.1.5) é linear em
tj2 j1 . Portanto, por (a) do corolário 2.17, obtemos que
Corolário 2.18. Se (ρ1 , V1 ) e (ρ2 , V2 ) são duas representações irredutíveis do grupo G não
isomorfas então
1 X (2) −1 (1)
ri2 j2 (g )rj1 i1 (g) = 0,
|G|
g∈G
6
Nas hipóteses de (b) do corolário 2.17, temos que R1 (g) = R2 (g) = R(g) = rij (g) e
dρ dρ
X X 1 X
t0i2 i1 = ri2 j2 (g −1 )rj1 i1 (g) tj2 j1 (2.1.7)
|G|
j1 =1 j2 =1 g∈G
e também que
T r(T )
t0i2 i1 = δi1 ,i2 (2.1.8)
dρ
Pdρ Pdρ
j1 =1 j2 =1 δj1 ,j2 tj2 j1
= δi1 ,i2 (2.1.9)
dρ
dρ dρ
X X
= dρ −1 δi1 ,i2 δj1 ,j2 tj2 j1 . (2.1.10)
j1 =1 j2 =1
= d−1
ρ δi1 ,i2 δj1 ,j2 .
(l)
Ou seja, as funções { dρl ril jl }l∈Λ,1≤il ,il ≤dρl formam um conjunto ortonormal de FG .
p
Como dim FG = |G|, obtemos que há somente um número nito destas funções. Em
particular X
d2ρl ≤ |G|
l∈Λ
e portanto Λ é um conjunto nito. Assumiremos daqui para frente que Λ = {0, . . . , L − 1},
com L ∈ N e sendo ρ = ρT , a representação trivial. Mais adiante (veja o corolário 2.35)
vericaremos que estas funções formam na verdade uma base ortonormal de FG .
7
Exemplo 2.21. Considere as representações ρ0 = ρT e ρ1 = ρA de Sn . Na nossa notação
temos que r(0) (π)= 1 e r(1) (π) = sinal(π), π ∈ Sn .
Observe que
1 X (0) 1 X
r(0) , r(1) = r (π)r(1) (π) =
sinal(π) = 0,
n! n!
π∈Sn π∈Sn
1 X 1 X 2
r(0) , r(0) = 1 = 1 = d−1 r(1) , r(1) = sinal(π) = 1 = d−1
0 , 1 .
n! n!
π∈Sn π∈Sn
A seguir veremos como construir para cada representação de G uma função em FG que
caracteriza as representações módulo isomorsmo.
/
Exemplo 2.24. Para as representações irredutíveis de S3 que foram obtidas no exemplo
(2.8), temos que χρT ≡ 1 e χρA (π) = sinal(π) e
2, se π = id;
/
Proposição 2.25. Se χ é o caracter de uma representação (ρ, V ), então
(a) χ(e) = dρ ;
(b) χ(g −1 ) = χ(g), g ∈ G;
Prova:
(c) Observe que seria equivalente provar χ(gh) = χ(hg), h, g ∈ G; mas isto é consequên-
cia da propriedade T r(AB) = T r(BA), que vale para quaisquer matrizes A e B que
possam ser multiplicadas.
8
(d) se ρ = ρ1 ⊕ ρ2 , então pela observação 2.12, podemos escolher
R1 (g) 0
R(g) = ,
0 R2 (g)
portanto χρ (g) = T r(R(g)) = T r(R1 (g)) + T r(R1 (g)) = χρ1 (g) + χρ2 (g).
No grupo G fala-se que g1 e g2 são conjugados se existe g ∈ G tal que g2 = gg1 g −1 . Esta
é uma relação de equivalência que divide G em classes de conjugação. (c) acima garante
que χ é constante nas classes de conjugação. Tais funções são chamadas de funções
classe. Denotaremos aqui por ZFG o espaço de todas as funções classe sobre G. ZFG é
um subespaço vetorial de FG e não é difícil vericar que as funções {δC } dadas por
1, g ∈ C
δC (g) =
0, g ∈/ C,
Exemplo 2.26. As classes de conjugação de S3 são {id}, {(12), (13), (23)} e {(123), (132)}.
Note que o caracter χρP,W mostrado no exemplo 2.24 é constante em cada classe de conju-
gação.
Prova: Para as representações irredutíveis ρl1 e ρl2 consideremos os seus caracteres χl1 e
(1) (2)
χl1 e matrizes unitárias Rl1 (g) = (ri1 j1 (g)) e Rl2 (g) = (ri2 j2 (g)) associadas. Então
dρl dρ
l2
X 1
(1) (2)
X
(χl1 , χl2 ) = ri1 i1 , ri2 i2
i1 =1 i2 =1
dρl dρl
X1 X2 (1) (2)
= ri1 i1 , ri2 i2 .
i1 =1 i2 =1
(1) (2)
Se ρl1 ρl2 , ri1 i1 , ri2 i2 = 0 e portanto (χl1 , χl2 ) = 0. Além disto,
dρ
l1 l1
dρ
X X 1
(χl1 , χl1 ) = ri1 i1 , ri1 i1 = = 1.
dρl1
i1 =1 i1 =1
9
Teorema 2.28. Seja (ρ, V ) uma representação de G com caracter φ. Suponha que V se
decompõe numa soma de representações irredutíveis
V = W1 ⊕ · · · ⊕ Wk . (2.1.14)
ρ = n1 ρ̃i1 ⊕ · · · ⊕ nj ρ̃ij .
l=0 ,
Além disto, se considerarmos todas as representações irredutíveis do grupo G, {ρl }L−1
cada ρ̃ik ∼ ρlk para algum índice lk e nesse caso nk = (φ, χlk ) pois os caracteres de
representações isomorfas coincidem. Em outras palavras, qualquer representação (ρ, V ) de
um grupo G pode ser identicada com uma soma direta da forma
Uma vez xadas as representações irredutíveis {ρl }L−1 l=0 , a decomposição (2.1.15) de-
pende apenas do caracter de ρ. Portanto teremos a mesma decomposição para representa-
ções isomorfas entre si e isto prova o seguinte resultado.
10
Proposição 2.30. Duas representações são isomorfas se e somente se elas possuirem o
mesmo caracter.
Lembre que tínhamos denotado FG o espaço vetorial das funções sobre G e que uma
base deste espaço está dada pelas funções {δg }g∈G . Deniremos abaixo uma representação
de G em FG que será de extrema importância.
Denição 2.32. A representação regular de G: ρR : G → GL(FG ) está denida por
ρR (g)(δh ) = δgh ,
om g, h ∈ G.
e o resultado segue.
L−1
X
O corolário acima implica que rG = dl χl . Avaliando ambos os termos em g = e e
l=0
como consequência da proposição 2.33 obtemos que
K
X
d2j = |G| (2.1.16)
j=1
11
e para g 6= e,
K
X
dj χj (g) = 0.
j=1
Prova: Basta observar que temos um total de K j=1 dj entradas e que a dimensão do
2
P
espaço em questão é |G| , portanto o corolário segue de (2.1.16) .
Exemplo 2.37. X
δbg (ρ) = δg (h)ρ(h−1 ) = ρ(g −1 ).
h∈G
/
Exemplo 2.38. Se f ≡ c, com c ∈ C, então
X X
fˆ(ρ) = cρ(g) = c ρ(g).
g∈G g∈G
/
Exemplo 2.39. Para ρ0 , a representação trivial, obtemos
X X
fˆ(ρ0 ) = f (g)ρ(g −1 ) = f (g) = |G|(f, 1).
g∈G g∈G
/
Exemplo 2.40. Seja ρI uma representação identidade, então
X X
fˆ(ρI ) = f (g)ρ(g −1 ) = f (g)idV = |G|(f, 1)idV .
g∈G g∈G
(l) (l)
X X
fˆ(ρl ) i j = f (g)ril jl (g −1 ) =
f (g)rjl il (g)
l l
g∈G g∈G
(l)
= |G| f, rjl il .
12
(l)
Por outro lado, sabemos que as funções { dρl ril jl ,
p
l ∈ {0, . . . , L − 1}, 1 ≤ il , il ≤ dρl }
formam uma base ortonormal de FG e portanto,
L−1 dl X
dl
(l) (l)
X X
f (g) = dl f, ril jl ril jl (g)
l=0 il =1 jl =1
L−1 dl X
dl
1 X X (l)
fˆ(ρl ) j i ril jl (g)
= dl
|G| l l
l=0 il =1 jl =1
L−1
1 X
= dl T r(fˆ(ρl )r(l) (g))
|G|
l=0
L−1
1 X
= dl T r(fˆ(ρl ) ◦ ρl (g)).
|G|
l=0
fˆ(ρ) = λidV ,
onde
1 X |G|
f (g)χρ (g −1 ) =
λ= f, χρ .
dρ dρ
g∈G
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portanto fˆ satisfaz as hipóteses da parte (b) do lema de Schur e podemos concluir que
fˆ(ρ) = λidV . Para calcular o valor de λ, observe que temos
T r(fˆ(ρ)) = T r(λidV ) = λdρ .
Além disto, pela denição da transformada de Fourier,
X
T r(fˆ(ρ)) = T r f (g)ρ(g −1 )
g∈G
X
= f (g)T r(ρ(g −1 ))
g∈G
X
= f (g)χ(g).
g∈G
Prova: Como tínhamos observado, dim ZFG coincide com o número de classes de conju-
gação de G. O teorema acima arma que dim ZFG = L, portanto L é o número de classes
de conjugação de G.
14
Exemplo 2.47 (As representações irredutíveis de Zn ). Como Zn é abeliano, as re-
presentações irredutíveis são todas as representações unidimensionais. Seja ρ uma repre-
sentação unidimensional. Então ρ(k) = [ρ(1)]k e ρ(n) = [ρ(1)]n = 1. Portanto, ρ(n) é uma
2πij
das n raizes unitárias e então ρl (1) = e n , 0 ≤ l ≤ n − 1 determina n representações
dadas por
2πilk
ρl (k) = e n , k ∈ Zn .
2πilk
Como χl (k) = e n , temos que se l 6= j , χl 6= χj e portanto, nenhum par das representa-
ções obtidas são isomorfas entre si e elas são então todas as n representações irredutíveis
de Zn .
Consideremos uma função f : Zn → C. Denotando fˆ(l) = fˆ(ρl ), obtemos que
X 2πilk
fˆ(l) = f (k)e− n .
k∈Zn
2.1.3 Exercícios
2.1.1. Suponha que G é um grupo cíclico com gerador a ∈ G e ordem n. Prove que a
transformação ρ : G → C dada por
2πik
ρ(g) = e n
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2.2 Probabilidades
Denição 2.48.
XUma função P : G → [0, 1] dene uma lei ou distribuição (de probabili-
dade) em G se P (g) = 1. Se X é uma quantidade aleatória com valores em G, X será
g∈G
chamado de elemento aleatório sobre G. A distribuição de probabilidade de X está dada
por
1
g ∈ H;
UH (g) = |H| ,
0, g∈/ H,
representa uma maneira de escolher ao acaso elementos do subgrupo H .
16
Denição 2.54. Chamaremos a lei P − de simétrica da lei P e diremos que P é simétrica
quando P = P −. Analogamente dizemos que o elemento aleatório X é simétrico se PX =
(PX )− , ou seja se X e X −1 possuem a mesma distribuição.
U ∗ P = P ∗ U = U.
P1 ∗ P2 ∗ · · · ∗ Pk = P1 ∗ (P2 ∗ · · · ∗ Pk ).
Usaremos a notação P ∗ · · · ∗ P} = P ∗k .
| ∗ P {z
k vezes
Prova:
PXY (g) = P(XY = g)
X
= P(X = gh−1 , Y = h)
g∈G
X
= PX (gh−1 )PY (h) = PX ∗ PY (g).
g∈G
17
2.2.2 A transformação característica
Denição 2.61. Seja P ∈ P(G) e sejam {ρl }L−1l=0 as representações irredutíveis do grupo
G. A transformação φP dada por
X
φP (l) = Pc− (ρl ) = P (g)ρl (g)
g∈G
L−1
[
Observe que φP (l) ∈ B(Vl ), então φP : {0, . . . , L − 1} → B(Vl ). Vejamos alguns
l=0
exemplos.
Exemplo 2.62. Para qualquer P ∈ P(G) temos que φP (0) = 1. De fato, pela denição,
X
φP (0) = Pc− (ρ0 ) = P (g) = 1.
g∈G
Exemplo 2.63. Consideremos a lei uniforme U sobre G. Para l ∈ {1, . . . , L − 1}, temos
que
X 1 X
φU (l) = U (g)ρl (g) = ρl (g).
|G|
g∈G g∈G
(l)
Para qualquer representação matricial unitária Rl = ril jl associada a ρl , temos que
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(d) φP − (l) = φP (l)∗ , para l ∈ {0, . . . , L − 1}.
Como consequência disto, a distribuição P será simétrica se e somente se φP (l) for
um operador autoadjunto para todo l ∈ {0, . . . , L − 1}.
Prova:
(a) A armação é equivalente à fórmula de inversão para a transformada de Fourier.
(b) X X
kφP (l)k = k P (g)ρl (g)k ≤ P (g)kρl (g)k = 1.
g∈G g∈G
(c)
X
φP ∗Q (g) = P ∗ Q(g)ρl (g)
g∈G
XX
= P (gh−1 )Q(h) ρl (g)
g∈G h∈G
XX
= P (gh−1 )Q(h)ρl (gh−1 ) ◦ ρl (h)
g∈G h∈G
XX
P (gh−1 )ρl (gh−1 ) ◦ Q(h)ρl (h)
=
h∈G g∈G
X
= φP (l) ◦ Q(h)ρl (h)
h∈G
= φP (l) ◦ φQ (l).
(d)
X X
φP − (l) = P (g −1 )ρl (g) = P (g)ρl (g −1 )
g∈G g∈G
X X ∗
∗
= P (g)ρl (g) = P (g)ρl (g)
g∈G g∈G
∗
= φP (l) .
Exemplo 2.65. No caso do grupo G ser abeliano, todas as representações irredutíveis são
unidimensionais e podemos considerar que ρl = χl , 0 ≤ l ≤ |G| − 1. Temos então que
φP : {0, . . . , |G| − 1} → C é dada por
X
φP (l) = P (g)χl (g) = |G|(P, χl ).
g∈G
19
/
P S = P − ∗ P. (2.2.24)
Prova:
(a)
φP S (l) = φP − (l) ◦ φP (l) = φP (l)∗ ◦ φP (l),
portanto, φP S (l) é autoadjunto e o resultado decorre de (d) na proposição 2.64.
(b)
PX −1 Y = PX −1 ∗ PY = P − ∗ P.
(c) X X
P S (g) = P (gh−1 )P (h) = P (g0 hg −1 )P (g0 h).
h∈G h∈G
Se g ∈
/ H , g0 hg −1 / g0 H e portanto
∈ P S (g) = 0, ou seja, supp P S ⊂ H .
Proposição 2.69. d
Xn −−−→ P se e somente se φXn (l) −−−→ φP (l), para todo l ∈
n→∞ n→∞
{1, . . . , L − 1}.
20
Prova: O resultado decorre da fórmula de inversão (2.2.23).
Sn = X1 X2 · · · Xn .
Prova: Seja k o menor número natural tal que g0k = e e considere o subgrupo cíclico
H = hg0 i. Como H é abeliano, ele possui exatamente k representações irredutíveis e
pelo teorema 2.46, todas elas são unidimensionais. Podemos escolher então uma destas
representações ρH , diferente da representação trivial, sendo portanto ρH (g0 ) = eiα , com
α 6≡ 0( mod 2π). Para cada g ∈ G, denamos ρ(g) = eiαk se g = g0k N . Como N
é normal, obtemos que ρ é uma representação sobre G e como é unidimensional existe
l ∈ {0, . . . , L − 1} tal que χl é o caracter de ρ. Nesse caso
X X X
φP (l) = P (g)χ(g) = P (g)χ(g) = P (g)eiα = eiα
g∈G g∈supp P g∈supp P
Nos lemas 2.71 e 2.72 a seguir, H denota um subgrupo de G tal que supp P ⊂ H e
j }j=0 as representações irredutíveis de H .
J−1
{ρH
Lema 2.71. Se (Sn ) não convergir então existe j ∈ {1, . . . , J −1} tal que tal que kφH
P (j)k =
1.
Prova: Se (Sn ) não converge então existe j ∈ {1, . . . , J − 1} tal que a sequência de
operadores (φH
P (j) ) não converge, onde
n
X
φH
P (j) = P (g)ρj (g).
h∈H
Como kφH P (j) k ≤ kφP (j)k e kφP (j)k ≤ 1, a única maneira desta sequência não convergir
n H n H
P (g)ρl (g)v é uma combinação convexa dos vetores unitários {ρl (g)v}g∈supp P . Ela
P
g∈H
somente pode ter norma um no caso em que todos estes vetores coincidam, pois a bola
21
unitária em um espaço com produto escalar é um conjunto estritamente convexo. Segue
que se g0 ∈ supp P , ρl (g)v = ρl (g0 )v, ∀g ∈ supp P .
Consideremos o conjunto H(g0 ) = {g ∈ H : ρl (g)v = ρl (g0 )v}. Então supp P ⊂
H(g0 ) = g0 H(e) = H(e)g0 . Além disto, H(e) é um subgrupo próprio de H pois caso
contrário o subespaço gerado por v seria estável por ρH
j , mas ρj é irredutível, então isto
H
não pode ocorrer. Portanto, se N = H(e), obtemos que supp P ⊂ g0 N como queriamos
provar.
Seja B = {g ∈ H : gN = N g}. Então B é um subgrupo de H e B ⊃ H(g0 ) ⊃ supp P ,
portanto se H for o menor subgrupo de G contendo supp P teremos que B = H e segue
que N é um subgrupo normal próprio de H e portanto g0 ∈ G \ N .
Prova: Seja H o menor subgrupo de G contendo supp P . Pelos lemas 2.70 e 2.72, temos
que kφH
P (j)k P (j) −−−→ 0 e obtemos que
< 1, ∀j ∈ {1, . . . , J − 1}. Então φH n
n→∞
d
Sn −−−→ UH .
n→∞
se e somente se não houver nenhuma classe lateral de nenhum subgrupo normal próprio
de G (a não ser o próprio subgrupo), contendo supp P , ou seja, se para todos N , subgrupo
normal de G e g0 ∈ G \ N vale supp P 6⊂ g0 N .
Além disto, caso (Sn ) convirja, deve ocorrer Q = UH , onde H é o menor subgrupo de
G contendo supp P .
(a) Dê um exemplo de uma lei de probabilidade sobre G tal que sup P não seja um sub-
grupo de G.
22
(c) Prove que se P é idempotente então P = UH para algum H subgrupo de G.
2.2.2. Prove que se uma lei P sobre G é tal que para toda Q ∈ P(G), vale P ∗ Q = P ,
então P = U .
2.2.3. A convolução pode ser denida para duas funções sobre G quaisquer. Vimos que em
geral ela não é comutativa.
(a) Verique que o conjunto das funções que comutam sob a convolução com qualquer
outra função é exatamente o conjunto das funções classe, ou seja;
2.2.4. Seja (Xn ) sequência de elementos aleatórios i.i.d. sobre G tal que X1 ∼ P .
Referências
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NotesMonograph Series. Hayward, California: Institute of Mathematical Statis-
tics, 1988.
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New York: John Wiley, 1957.
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[Gre63] U. Grenander. Probabilities on algebraic structures. John Wiley & Sons, 1963.
[JM99] P. E. Jupp e K. V. Mardia. Directional Statistics. Wiley, 1999.
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Mathematics. Springer, 1977.
23