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Revisão – Vetores em Rn

Definição O espaço vetorial R n é o conjunto


R n :  ( x1,..., xn ) xi  R, i  1,.., n  no qual definimos as
operações:
 
a) Se u  ( x1,..., xn ) e v  ( y1,..., yn ) estão em R n
 
temos que u  v  ( x1  y1 , ...., xn  yn ) ;

b) Se u  ( x1,..., xn )  R n e   R temos que

  u  (x1, ..., xn )
 
Definição Dados u  ( x1,..., xn ) e v  ( y1,..., yn )
elementos quaisquer de R n dizemos que eles são iguais, e
 
escrevemos u  v , se xi  yi , i  1,..., n .

Representação Geométrica de Vetores em R3



Dado um vetor qualquer u  ( x1, x2 , x3 )  R3 , podemos
representá-lo por um segmento orientado cuja origem
coincide com a origem do sistema de coordenadas e a
extremidade é o ponto ( x1, x2 , x3 ) :
 
Definição Se u  ( x1,..., xn ) e v  ( y1,..., yn ) são
vetores em R n definimos :
 
a) o produto escalar de u e v por
n
 
u  v  x1 y1  ...  xn yn   xi yi ;
i 1

1

b) a norma ou comprimento de u por
1
    n 2 2
u  u u 
  xi  .
 i 1 
 
Se u  1 dizemos que u é um vetor unitário.

Propriedades do Produto Escalar


  
Para quaisquer u , v , w R n e   R são válidas:
   2
i) u  u  u ;
   
ii) u  w  w  u ;
      
iii) u  (v  w)  u  v  u  w ;
     
iv) (u )  w  (u  w)  u  (w) .

Propriedades da Norma
 
Para quaisquer u , w  R n e   R são válidas:
   
i) u  0 , u  0  u  0  (0,..., 0) ;

ii) u   u ;
   
iii) u  w  u  w (Propriedade triangular).

Teorema 1 (Desigualdade de Schwarz)


     
Para quaisquer u , v  R n vale u  v  u  v .

2
  
Note que se u e w são diferentes de 0 então
 
u w  0 e da desigualdade de Schwarz temos que
 
uw
 1     1, sendo assim, existe um único   0 ,  tal
u w
 
uw
que cos     .
u w

  
Definição Dados u e w elementos de R  {0} n
 
definimos como ângulo entre u e w o único   0 ,   para
 
u w  
o qual vale cos     . Denotamos  ( u , w ) 
u w

  
Teorema Para quaisquer u , w  R  {0} temos que
n
   
u é ortogonal a w se e somente se u  w  0 .

Definição Se P  ( x1,..., xn ) e Q  ( y1,..., yn ) são pontos


quaisquer de R n , definimos a distância entre P e Q como
sendo a norma do vetor P  Q :
d ( P, Q)  P  Q  ( x1  y1 ) 2  ....  ( xn  yn ) 2 .

Propriedades da Distância

Sendo P , Q e R pontos de R n são válidas:


i) d ( P, Q)  0 , d ( P, Q)  0  P  Q ;
ii) d ( P, Q)  d (Q, P) ;
iii) d ( P, Q)  d ( P, R)  d ( R, Q) .

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Teorema 3 Se P  ( x1,..., xn ) e Q  ( y1,..., yn ) temos
para todo i  {1,2,..., n}:
a) xi  yi  d ( P, Q)  P  Q ;
n
b) PQ   xi  yi .
i 1

Definição Um conjunto L , de pontos de R n , é uma reta



se existirem um ponto P0  R n e um vetor não nulo u tal que

L  {P0  t u , t  R }.

Isto é, P  L  t  R tal que P  P0  t u .

A equação P  P0  t u é chamada de equação vetorial

da reta que passa por P0 e tem direção u .

Observação Se t  [0,1] a equação P(t )  P  t (Q  P)


define o segmento fechado contido em R n , com extremos P
e Q . Analogamente definimos segmentos abertos ( t  (0,1) ),
segmentos semi-abertos ( t  [0,1) ou t  (0,1] ).

Notações: [ P, Q ] denota o segmento fechado;


( P, Q ) denota o segmento aberto.

Se na equação P  P0  t u , t  R tivermos

P0  ( x0 , y0 , z0 ) , P  ( x, y, z ) e u  (a, b, c) então as
equações paramétricas da reta são :
4
 x  x0  t a

 y  y0  t b
 z  z tc , tR
 0

Observação O mesmo pode ser feito para uma reta


qualquer contida em R n ( xi  xi0  t ai , t  R i  1,2,.., n ;

onde P  ( x1,..., xn ) , P0  ( x10 ,...., xn0 ) e u  (a1,..., an ) ).

Definição Um conjunto  , de pontos de R 3 , é um


plano se e somente se existem um ponto P0  R3 e dois
 
vetores L.I. de R 3 , u e w , de modo que
 
  { P  R 3 / P  P0  t u  s w ; t , s  R } .

Isto é, P    Existem t1 e s1  R tais que


 
P  P0  t1 u  s1 w
 
A equação P  P0  t u  s w ; t , s  R é chamada de
equação vetorial do plano. Se P  ( x, y, z ) , P0  ( x0 , y0 , z0 ) ,
 
u  (u1, u2 , u3 ) e w  ( w1, w2 , w3 ) então temos
 x  x0  t u1  s w1

 y  y0  t u2  s w2
 z  z  tu  sw ; t , s  R.
 0 3 3

Estas são chamadas Equações Paramétricas do plano.

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Definição O Hiperplano de R n , que contém P0  R n e

é perpendicular ao vetor não nulo n , é o conjunto
 
  P  R n ( P  P0 )  n  0 . 
Note que se n  2 então  é uma reta e se n  3 então
 é um plano. Assim a definição de Hiperplano contém,
como caso particular, as definições de reta e plano.
 
Definição Se u  ( x1, y1, z1 ) e w  ( x2 , y2 , z2 ) são
 
vetores de R 3 , definimos o produto vetorial u  w por
  
i j k
   
u  w  x1 y1 z1  ( y1 z 2  z1 y 2 )i  ( z1 x2  x1 z 2 ) j 
x2 y2 z2

 ( x1 y2  y1x2 )k .
 
Teorema Se  é o ângulo entre u e w então temos que
   
u  w  u w sen  .
  
Definição O produto misto de u , v e w é o seguinte
     
numero real u  v  w  u  v w cos  onde  é o ângulo
  
entre u  v e w .
  
Geometricamente u  v  w é o volume do parale-
  
lepípedo determinado por u , v e w .

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Superfícies
Falaremos brevemente de superfícies, diremos o
essencial e intuitivo uma vez que o “habitat” natural do
conceito é a Geometria Diferencial, matéria não vista nesta
graduação.
Assim é que uma superfície será dada por uma “lei de
geração” ou ainda como sendo os pontos do espaço que
obedecem a uma equação da forma F ( x, y, z )  0 .
O plano (visto como um Hiperplano de R 3 ) que passa
por P0  ( x0 , y0 , z0 ) e é perpendicular ao vetor não nulo

u  ( a , b , c ) é o conjunto dos pontos P  ( x, y, z ) para os

quais 0  ( P  P0 )  u  ( x  x0 , y  y0 , z  z0 )  (a , b , c ) 
 ax  by  cz  d  F ( x, y, z ) , onde d  ax0  by0  cz0 .
Assim, o plano é uma superfície chamada Superfície Plana.

Daremos agora algumas superfícies por meio de lei de


geração encontrando, a seguir, suas equações.

Definição Dados um ponto P0  R3 e um número real


r  0 , a superfície esférica S de centro P0 e raio r é o lugar
geométrico dos pontos de R 3 que distam r do ponto P0 , isto

é, S  P  R3 d ( P, P0 )  r .
Exemplo Encontre a equação da superfície esférica que
dista 2 unidades do ponto fixo P0  (1, 2, 0) .

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Em geral temos que a equação:
( x  x0 ) 2  ( y  y0 ) 2  ( z  z0 ) 2  r 2 ,
é a equação de uma superfície esférica de centro ( x0 , y0 , z0 )
e raio r  0 .

Definição Um subconjunto S  R 3 é uma superfície


cilíndrica se existirem uma curva C e uma reta r tais que S
é a reunião de todas as retas paralelas à r que passam por
algum ponto de C . Chamamos C de diretriz e as retas
paralelas à r são chamadas geratrizes de S .

Exemplo Desenhe e ache a equação da superfície


x2  y 2  1
cilíndrica definida pela curva C :  e pela reta
z  0
x  0

r : y  0
z   ;   R

Definição Um subconjunto S  R 3 é uma superfície


cônica, se existirem uma curva C e um ponto V  C tais que
S é a reunião das retas que passam por V e Q , onde Q  C .

Observação A curva C é a diretriz, o ponto V é o


vértice e cada reta contendo V e passando por C é uma
geratriz de S .

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x2  z 2  1
Exemplo Dados a curva C :  e o ponto
y  1
V  (0,0,0) , encontre a equação da superfície cônica, S ,
determinada por C e V . Desenhe S .

Exercícios 1) Esboce as seguinte superfícies


cilíndricas: i) x 2  z 2  1; ii) z  x 2 ; iii) y 2  z 2  1.

x2  y 2  z 2  a2
2) Considere C :  e V  (0,0, a ) , a  0 , dê
z  0
a equação e desenhe o cone determinado por C e V .
3) Trace um esboço do plano x  y  z  1  0 .

Superfícies Quádricas

Uma Superfície Quádrica é o lugar geométrico de uma


equação da forma
( I ) F ( x, y, z )  a1x 2  a2 y 2  a3 z 2  a4 xy  a5 xz  a6 yz 
 a7 x  a8 y  a9 z  a10  0 ,
onde ai  R , i  {1,2,...,10} e pelo menos um dentre
a1, a2 ,..., a6 é não nulo.

Uma equação do tipo (I) acima pode ser simplificada


por rotações e translações.

Faremos o estudo de alguns casos particulares da


equação (I).

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1) Elipsóide O lugar geométrico de uma equação da forma
x2 y 2 z 2 
2
 2
 2
 1, onde a, b, c  R é a superfície quádrica
a b c
conhecida como Elipsóide.

Observe que no caso particular em que a  b  c


temos a superfície esférica. Observe, ainda, que a intersecção
do Elipsóide com os planos coordenados são elipses
(circunferências quando a  b  c ).

Um esboço geral de sua forma geométrica é:

2) Parabolóide Elíptico O lugar geométrico de uma equação


x2 y 2 z
da forma 2  2  , onde a, b, c  R , é a superfície
a b c
quádrica conhecida como Parabolóide Elíptico.

No caso particular em que a  b temos o Parabolóide


Circular. Observe que a intersecção do Parabolóide Elíptico
com os planos coordenados xz e yz são parábolas; já com
planos paralelos ao plano xy são elipses (quando a  b ),
circunferências (quando a  b ) um único ponto ou o
conjunto vazio.

Um esboço geral de sua forma geométrica é:

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3) Cone Elíptico O lugar geométrico de uma equação da
x2 y 2 z2
forma 2  2  2 , onde a, b, c  R , é a superfície
a b c
quádrica conhecida como Cone Elíptico.

No caso particular em que a  b temos o Cone


Circular. Observe que a intersecção do Cone Elíptico com os
planos coordenados xz e yz são pares de retas; já com o
plano xy um ponto.

Um esboço geral de sua forma geométrica é:

4) Hiperbolóide de Uma Folha O lugar geométrico de uma


x2 y 2 z 2
equação da forma 2  2  2  1, onde a, b, c  R , é a
a b c
superfície quádrica conhecida como Hiperbolóide de Uma
Folha.

Observe que a intersecção de tal Hiperbolóide com


planos paralelos ao plano xy são elipses (circunferências
quando a  b ) e com planos paralelos aos planos xz e yz
são hipérboles.

Um esboço geral de sua forma geométrica é:

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5) Hiperbolóide de Duas Folha O lugar geométrico de uma
z 2 x2 y 2
equação da forma 2  2  2  1, onde a, b, c  R , é a
a b c
superfície quádrica conhecida como Hiperbolóide de Duas
Folha.

Observe que a intersecção de tal Hiperbolóide de Duas


Folha com os planos coordenados xz e yz são hipérboles já
com os planos z  k onde k  a são elipses (circunfe-
rências quando c  b ).

Um esboço geral de sua forma geométrica é:

6) Parabolóide Hiperbólico O lugar geométrico de uma


y 2 x2 z
equação da forma 2  2  , onde a, b, c  R , é a
b a c
superfície quádrica conhecida como Parabolóide Hiper-
bólico.

Observe que a intersecção de tal Parabolóide


Hiperbólico com os planos coordenados xz e yz são
parábolas já com os planos z  k , k  0 são hipérboles (para
z  0 duas retas).
Um esboço geral de sua forma geométrica é:

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Alguns Subconjuntos de Rn

Definição Um subconjunto A  R n é convexo se para


qualquer par de pontos P, Q de A , o segmento [ P, Q ] está
inteiramente contido em A .

Propriedades i)  é convexo;

ii) Todo intervalo da reta é convexo;

iii) A reunião de convexos pode não ser convexo;

iv) R n é convexo;

v) A intersecção de convexos é convexo.

Definição Se P0  R n , r  0 então a Bola aberta de


centro P0 e raio r é definida por
Br ( P0 )  { P  R n / P  P0  r } .

Observações: Se n  1, Br ( P0 ) é o intervalo aberto


( P0  r , P0  r ) ;
Se n  2 , Br ( P0 ) é o interior de uma círcunferência
com centro em P0 e raio r ;
Se n  3 , Br ( P0 ) é o interior da superfície esférica com
centro P0 e raio r .

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Definição Se P0  R n , r  0 então a Bola fechada ou
Disco de centro P0 e raio r é definido por
Dr ( P0 ) { P  R n / P  P0  r } .

Definição Uma Bola (aberta ou fechada) Perfurada é


uma bola (aberta ou fechada) menos o seu centro.

Notação: Br * ( P0 ) , Dr * ( P0 ) .

Definição Se A  R n e P  A então P é dito ser um


ponto interior de A se existir r  0 tal que Br ( P)  A .

Definição Um conjunto A  R n é aberto se todos seus


pontos são interiores.

Definição Um conjunto F  R n é fechado se


R n  F  F c (complementar de F em R n ) é aberto.

Observações i) Existem conjuntos que não são abertos


nem fechados;
ii) Existem conjuntos que são abertos e fechados ao mesmo
tempo.

Definição A  R n é limitado se existir r  0 tal que


A  Br ( P0 ) , onde P0  0  (0,.., 0) é a origem de R n .

Definição K  R n é compacto se for fechado e


limitado.

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Definição Um subconjunto D  R n é conexo por
caminhos se dados quaisquer dois pontos de D existir uma
curva, ligando tais pontos, inteiramente contida em D .

Podemos falar com abuso de linguagem que um


conjunto é conexo se tem um só “pedaço”.

Definição Dizemos que D  R n é um domínio se D


for aberto e conexo.

Definição Sejam A  R n e P  R n . Dizemos que P é


ponto de acumulação de A se para todo r  0 temos que
Br * ( P)  A   .

Observações: i) Denotamos por A' o conjunto de todos


os pontos de acumulação de A ; ele é chamado derivado;
ii) Um ponto de acumulação de A pode não pertencer a A
como é o caso de P  0 para o conjunto A  (0, 1)  R ;
iii) Um ponto do conjunto pode não ser de acumulação para
esse conjunto como é o caso de P  0 para o conjunto
A  {0}  (1, 2)  R .

Definição Dado A  R n , a aderência (ou fecho) de A é


o conjunto A  A  A' .

Observação Para qualquer A  R n , A é o “menor”


conjunto fechado que contém A .

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Definição Dado A  R n chamamos de fronteira de A ,
e denotamos A , ao conjunto dos pontos P  R n tal que é
válido: B ( P)  A   e B ( P)  Ac   , para todo   0 .

Funções Vetoriais

Se P  P0  t u , t  R é a equação de uma reta passando

por P0  ( x0 , y0 , z0 ) com direção u  (u1, u2 , u3 ) então a cada
t  R corresponde um ponto P(t )  R3 , assim P (t ) tem
como domínio o conjunto R e como imagem a reta

determinada por P0 e u em R 3 .

Definição Uma Função Vetorial é uma função cuja


imagem é um conjunto de vetores.

Se denotarmos P(t )  ( x(t ), y (t ), z (t )) na equação


vetorial da reta obtemos suas equações paramétricas
 x(t )  x0  t u1

 y (t )  y0  t u2 , t  R .
 z (t )  z  t u
 0 3

Funções Vetoriais de uma variável real em Rn

Definição Uma função vetorial de uma variável real em


R n é uma função definida em subconjuntos de R , com
imagem no espaço vetorial R n .

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Notação Se P (t ) é uma função vetorial em R n denota-
remos: DP  domínio de P (t ) , contido em R ; CP  imagem
de P (t ) , contida em Rn , escrevemos então
P : DP  R  R n .

Uma vez que t  DP  R e P(t )  R n podemos indicar


P(t )  ( x1 (t ), x2 (t ),..., xn (t )) onde, para cada i  1,..., n , temos
que xi : DP  R  R .

Exemplo Desenhe a imagem, CP , onde


P(t )  ( 1  t , 1  t ) , t  R .

Limite e Continuidade de Funções Vetoriais

Seja P(t )  ( x1 (t ), x2 (t ),..., xn (t )) uma função vetorial


em R n , com t  DP ; t0 um ponto de acumulação de DP .

Definição Dizemos que P0  ( x10 , x20 ,..., xn0 ) é o limite


de P (t ) quando t tende a t0 se para cada i  1,2..., n
tivermos lim xi (t )  xi0 e escrevemos lim P(t )  P0 .
t t 0 t t 0

Definição Dizemos que P (t ) é contínua em t0  DP se


lim P(t )  P(t0 ) .
t t 0

Definição Dizemos que P (t ) é contínua em A  DP se


P (t ) é contínua em todo t  A .
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Observação Se P(t )  ( x1 (t ),..., xn (t )) então P (t ) é
contínua se e somente se xi (t ) é contínua para todo
i  1,2..., n.

Exemplos Estude o limite e a continuidade das


funções vetoriais dadas nos pontos indicados nos casos:

i) 
P(t )  ln(1  t ), 1  t 2 , t  em t 0  0.

 t 2  4 sen t 
ii) P(t )   , , 3  em t0  0 e t0  2 .
 t2 t 

iii) P(t )   sen t , cos t , t  em t0  R .

Curvas – Equações Paramétricas

Definição Uma curva em R n é a imagem CP  R n de


uma função vetorial P que é contínua e tem como domínio
DP um intervalo da reta R .

Isto é, uma curva em R n é a imagem de uma função


contínua P(t )  ( x1 (t ), x2 (t ),..., xn (t )) , t  I , I intervalo.
O vetor P (t ) é chamado de vetor posição e varia
quando t percorre I .
A equação P(t )  ( x1 (t ), x2 (t ),..., xn (t )) , t  I é chama-
da uma parametrização de C P .

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Já as equações x1  x1 (t ) ; x2  x2 (t ) ;...; xn  xn (t ) são
as equações paramétricas de C P , nas quais t é o parâmetro.
Notemos que a mesma curva pode ter várias
parametrizações como pode ser visto com a circunferência
x 2  y 2  1, esta pode ser descrita pelas parametrizações:
i) P(t )  (cos t , sen t ) , t [0 , 2 ] ;
ii) P(t )  (cos 2 t , sen2 t ) , t [0 ,1]

Em R 2 uma curva tem as equações paramétricas


x  x(t ) , y  y(t ) , t  I . Eliminando-se t nas equações
acima obtemos uma equação em x e y , chamada de equação
cartesiana da curva.
Em geral, o conjunto de pontos que satisfazem a
equação cartesiana contém (às vezes propriamente) a curva
em questão.

Exemplo Para P(t )  (2 sen t , cos t ) , t  [0 , ]

Notação A função P (t ) também pode ser representada


   
na forma P(t )  x(t ) i  y (t ) j , onde i , j  é a base
 
canônica do espaço R 2 , isto é, i  (1,0) e j  (0,1) .

Em R 3 representamos a curva pelas equações para-


métricas x  x(t ) , y  y(t ) , z  z (t ) , t  I . Analogamente
“podemos” eliminar t nas equações acima, obtendo agora
duas equações em x, y, z chamadas equações cartesianas de
C P . Cada equação cartesiana representa uma “superfície” e

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C P é a intersecção das duas (ou está contida nessa
intersecção).

Notação: Também podemos representar CP  R3 pela


   
equação P(t )  x(t ) i  y (t ) j  z (t ) k , t  I onde i , j , k  é
 

a base canônica em R 3 .

Exemplos: i) Descrever geometricamente a curva dada por


P(t )  (2 cos t , sen t ) onde a) t  [0, ] ; b) t  [0,2 ] .
ii) Descrever geometricamente a curva dada por

P(t )  sent , sent , cos t  , t  [0 , ] .
2
 2  
iii) Idem para P(t )  (sen t ) i  (cos t ) j , t  [ 0, ] .
2
iv) Descrever geometricamente a curva dada por x  t ;
y  cos t ; z  sen t , t  [0 , 4 ].
v) Idem para P(t )  ( sen t , sen 2 t ) , t  R .
vi) Idem para P(t )  ( cos t , sen t , 1) , t  R .

 
vii) Idem para P(t )  et cos t , et sent , et , t  0 .

Derivada de uma Função Vetorial

Definição Se P (t ) é uma função vetorial, definimos


P (t  h)  P (t )
P ' (t ) por P ' (t )  lim .
h 0 h

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Assim, P ' (t ) é uma função vetorial cujo domínio é o
conjunto dos t  R para os quais tal limite existe.

Teorema Se P(t )  ( x1 (t ), x2 (t ),..., xn (t )) então teremos


P' (t )  ( x'1 (t ), x'2 (t ),..., x'n (t )) , e o domínio de P ' (t ) é a
intersecção dos domínios de x'1 (t ), x'2 (t ),..., x'n (t ) .

Observação Assim, P ' (t ) existe se existe x'i (t ) para


cada i {1,2,..., n} .

Exemplos: Determinar P ' (t ) para:

i) P(t )  (sen 3t , cos2 2t ) ;


ii) P(t )  (et cos t , ln t 2 , t 5 , 2 sen t ) .

Teorema Se P (t ) é derivável então P (t ) é contínua.

Interpretação Geométrica – Tangência

Seja P : DP  R  R n , C P a curva em R n descrita


por P .
A direção do vetor P(t  h)  P(t ) é a mesma do vetor
1
[ P (t  h)  P (t )] .
h

21
Se existe P ' (t ) e é não nulo, a direção de
1
[ P (t  h)  P (t )] aproxima-se da direção de P ' (t ) pois,
h
P (t  h)  P (t )
P ' (t )  lim .
h 0 h
Assim, P ' (t ) é o vetor tangente à curva C P no ponto
P (t ) .
A reta determinada por P (t ) e P ' (t ) é chamada de reta
tangente à C P no ponto P (t ) e é dada por
L  P(t )   P' (t ) /   R .

Quando P' (t )  0 o vetor tangente não é definido.

Exemplos i) O gráfico de uma função real contínua


f (x) pode ser visto como a imagem da seguinte função
vetorial P : D f  R 2 / P( x)  ( x, f ( x)) .

ii) Encontre a equação da reta tangente à curva C P , para a


qual P(t )  2 cos t , sen t  , t  [0 , 2 ] em t0   .

Regras de Derivação

Sejam P e Q funções vetoriais em R 3 ,  : D  R  R ,


  R.
Definições: Em DP  DQ definimos

a) ( P  Q)(t )  P(t )  Q(t ) ;


b) ( P  Q)(t )  P(t )  Q(t )  R ;

22
c) ( P  Q)(t )  P(t )  Q(t )  R3 .
Em DP definimos :

d) (P)(t )   P(t ) ,   R .
Em D  DP definimos:

e) ( P)(t )   (t ) P(t ) .

Teorema Se P, Q,  são deriváveis em t , então P ,


P  Q , P , P  Q , P  Q também o são e valem:
i) ( P  Q)' (t )  P' (t )  Q' (t ) ;
ii) (P)' (t )   P' (t ) ;
iii) ( P  Q)' (t )  P' (t )  Q(t )  P(t )  Q' (t ) ;
iv) ( P  Q)' (t )  P' (t )  Q(t )  P(t )  Q' (t ) ;
v) ( P)' (t )   ' (t ) P(t )   (t ) P' (t ) .

Observação: Em iv) a ordem é importante pois em


   
geral u  v  v  u .

Se P (t ) é uma função vetorial derivável cuja imagem


dá o movimento de uma partícula, digamos em R 3 , a
condição P(t )  constante c , c  0 , impõe que esse
movimento se dê sobre uma esfera de raio c e centro na
origem. Assim o vetor tangente à curva em um ponto P (t ) ,
deve ser tangente á esfera neste ponto, isto é, P' (t )  P(t ) .
De fato:

23
Isto demonstra o seguinte teorema

Teorema Se uma função vetorial P (t ) , derivável em I ,


tem comprimento constante (isto é, P(t )  c , c  constante,
para todo t  I ) então P' (t )  P(t )  0 , qualquer que seja
tI.
Definição Se a imagem de P (t ) descreve a trajetória
de uma partícula então para cada t  DP definimos:

P (t )  vetor posição da partícula


P ' (t )  vetor velocidade da partícula
P ' ' (t )  vetor aceleração da partícula
P' (t )  velocidade escalar da partícula
P' ' (t )  aceleração escalar da partícula

Comprimento de Arco

Seja C P uma curva de R n dada pela função vetorial


P : [a, b]  R n .
Se   {t0 , t1,..., tn } é uma partição de [a,b], isto é,
t0  a  t1  t2  ...  tn  b denotamos  j t  t j  t j 1 o
comprimento de [ t j 1 , t j ] .
A norma dessa partição é definida por
  max{ j t , j  1,..., n}.
Indicamos por P o conjunto de todas as partições de
[a,b].

24
n
A expressão L   P (t j )  P (t j 1 ) dá o com-
j 1
primento da poligonal que passa pelos pontos
P(t0 ), P(t1 ), ..., P(tn ) , uma vez fixada  .

Definição O comprimento de arco da curva C P de


P (a ) até P (b) é definido por lim L  L(a, b) , onde 
 0
varia em P . Desde que o limite exista.

Observação Se L é um número real, dizemos que C P é


uma curva retificável.

Teorema Se P (t ) é uma função vetorial derivável com


P ' (t ) contínua em [a,b], o comprimento L(a, b) é dado por
b b
L(a, b)   a P' (t ) dt   a v(t )dt .

Observação Se uma curva C é dada como gráfico de


uma função f : [a, b]  R com derivada contínua em [a,b]
então o comprimento de C é dado por
b b
L(a, b)   a P' (t ) dt   a 1  f '2 (t ) dt ,
onde P(t )  (t , f (t )) , t  [a, b] .

Exemplo Determinar o comprimento de arco de C P ,


dada por P(t )  (t 3 ,2t 2 ) , t  [0,2] .

Exercício Na construção de uma bobina, vamos usar


um cilindro de raio r  2cm e altura h  20 cm , uma certa
25
quantidade de fio de espessura desprezível, a ser enrolado no
cilindro em forma de hélice. Calcular o comprimento total do
fio, sabendo que o passo da hélice é p  0,1cm , isto é,
0,1
z t.
2
Funções Reais de Várias Variáveis

Definição Uma função real de n variáveis reais é uma


função cujo domínio é um subconjunto A  R n , com valores
reais, escrevemos então f : A  R n  R .

Notações D f = Domínio de f ; Im f = Imagem de f .


4
Exemplo f : R  R / f ( x1, x2 , x3 , x4 )   xi2 . Neste
4

i 1
caso D f  R n
e Im f  [0 ,  ) .

Notação z  f ( x1, x2 , x3 , x4 ) .

Exemplos: 1) Encontre o domínio de:


a) f ( x, y )  y  x  1 y ; b) f ( x, y )  x y;
sen x x2
c) f ( x, y )  ; d) f ( x, y )  2 ;
1 x  y x y 2

xy
e) f ( x, y, z )  2 .
x  y  z 1
2 2

26
2) Encontre a imagem de: a) f ( x, y, z )  4  x 2  y 2  z 2 ;
x2
b) f ( x, y )  2 ; c) f ( x, y)  sen xy .
x y 2

Gráficos de funções de duas variáveis – Curvas de nível

Definição Dada uma função f : D f  Rn  R o


Gráfico de f é o seguinte subconjunto de R n 1 :
 
G f  ( x1,... xn , z )  R n 1 / ( x1,.. xn )  D f e z  f ( x1,.., xn ) .

No caso em que n  3 , como G f  R n 1 , não


podemos visualizar tal Gráfico. O caso interessante é quando
n  2 , neste o G f será, em geral, parte de uma superfície e
poderemos fazer uma representação geométrica.

Exemplos Esboce o gráfico de z  f ( x, y ) para:

i) z  4  x 2  y 2 , com D f : x 2  y 2  4 .
ii) z  x 2  y 2 , com D f : x 2  y 2  16 .
iii) z  x 2  y 2 , com D f  R 2 .
iv) z  4  y 2 , com D f : x  2 , y  2 .
v) z  1  x 2  y 2 , com D f : x 2  y 2  8 .

27
Um conceito importante que auxilia a traçar o esboço
do gráfico de uma função é o de curvas de nível.

Definição A curva de nível Ck , no plano, de uma


função z  f ( x, y ) , associada ao valor z  k é o subconjunto
Ck  { ( x , y )  D f / f ( x , y )  k } .

Exemplo Encontre as curvas de nível no plano para


x2
f ( x, y )   y2 .
2

Definição A curva de nível no espaço de z  f ( x, y ) ,


denotada também por Ck , é o conjunto:
Ck  { ( x , y , z )  R 3 / ( x , y )  D f e f ( x , y )  z  k } .

Uma vez que C k  G f  ( plano z  k ) teremos que o


gráfico de f é, então, a reunião das Ck no espaço, isto é,
G f   Ck .
( k Im f )

Exemplos 1) No exemplo anterior tínhamos


x2
f ( x, y )   y 2 . Encontre agora as curvas de nível no
2
espaço para tal função.

2) Use o conceito de curva de nível no espaço para traçar um


esboço do gráfico de z  f ( x, y)  9  x 2  y 2 onde
D f  { ( x, y )  R 2 / x 2  y 2  4 }.

28
3) Idem para z  f ( x, y )  x 2  y 2  4 , com
D f : 4  x2  y2  9.

Exercício Encontre as curvas de nível e trace um


esboço do gráfico de z  f ( x, y )  x  y e de
z  f ( x, y)  y 2  x 2 , compare tais gráficos.

Podemos, também, ter funções cuja lei de formação


muda conforme seja a parte do domínio que consideramos
como é o caso, por exemplo, de f : R 2  R definida por
 x 2  y 2  1 se x 2  y 2  1

f ( x, y )   0 se 1  x 2  y 2  4 .

 x  y se x  y  4
2 2 2 2

Operações com Funções

Sejam f : D f  Rn  R , g : Dg  R n  R e
 : D  R  R , temos as seguintes operações:

a) ( f  g )( P)  f ( P)  g ( P) , D f  g  D f  Dg
b) ( f  g )( P)  f ( P)  g ( P) , D f  g  D f  Dg
f ( P)
c) ( f )( P)  , D f  {P  D f  Dg / g ( P )  0}
g g ( P) g
d) (  f )( P)  ( f ( P)) , D f  {P  D f / f ( P)  D }

29
Limites

Seja f : D f  R n  R , P0 um ponto de acumulação


de D f . A notação lim f ( P )  L tem o significado: f (P)
P  P0
aproxima-se arbitrariamente de L desde que P aproxime-se
suficientemente de P0 .

Definição Dizemos que L é o limite de f em P0 e


escrevemos lim f ( P)  L se e somente se para cada   0 ,
P  P0
existe   0 tal que f ( P)  L   sempre que
0  P  P0   , P  D f .

Exemplos Mostre que:


i) lim 5 x  3 y  2 ;
( x , y )  ( 2, 4 )

ii) lim x  x0 , e que lim y  y0 ;


( x , y )  ( x0 , y 0 ) ( x , y )  ( x0 , y 0 )

( x  y )( x  2)
iii) lim  2.
( x , y )  ( 0, 0 ) ( x  y)

30
Teoremas sobre Limites

Teorema Sejam f : D f  R n  R , g : Dg  R n  R
para as quais lim f ( P) e lim g ( P) existem,
P P0 P P0
P0  ( D f  Dg )' então :

a) lim ( f  g )( P)  lim f ( P)  lim g ( P) ;


P  P0 P  P0 P  P0

   
b) lim ( f  g )( P )   lim f ( P )    lim g ( P )  ;
P  P0  P  P0   P  P0 

 lim f ( P) 
c) lim ( f )( P)   P  P0 , desde que
P  P0 g  lim g ( P) 
 P  P0 
tenhamos lim g ( P)  0 e P0  ( D f )´ .
P  P0 g

Exemplo Calcule os limites dados:

a) lim x 2  y 2 ;
( x , y )  ( x0 , y 0 )

b) lim x n , onde n  N .
( x , y )  ( x0 , y 0 )

Teorema Se f ( P)  g ( P)  h( P) para todo P  Br ( P0 )


e se lim f ( P )  lim h( P )  L então lim g ( P )  L .
P  P0 P  P0 P  P0

31
Teorema Se lim f ( P )  0 e se g ( P)  M , para
P P0

todo P  Br ( P0 ) , então lim ( f  g )( P )  0 .


P P0

 1 
Exemplo Calcule lim x cos 2 .
2
( x , y )  ( 0, 0 ) x  y 

Teorema Sejam f : D f  R n  R com lim f ( P )  L ,


P  P0
 : D  R  R contínua em L . Se P0  ( D  f )' então
lim (  f )( P )   ( lim f ( P ) )   ( L) .
P  P0 P  P0

Exemplo Calcule os limites: a) lim n


x2  y 2 ;
( x , y )  (1,1)

b) lim ( x 2  y 2 ) n , onde n  N .
( x , y )  (1,1)

Teorema(Conservação de Sinal)

Se lim f ( P )  L  0 , então existe Br ( P0 ) na qual


P  P0
f (P) conserva o sinal, isto é:

i) Se L  0 , f ( P)  0 , P  ( D f  Br ( P0 ) ) ;
ii) Se L  0 , f ( P)  0 , P  ( D f  Br ( P0 ) ) .

32
Limites Através de Subconjuntos

Seja f : D f  R n  R , A  R n tal que A  D f   .


A restrição de f a A  D f , denotada f A , é a função
fA : A  Df  Df  R dada por f A ( P)  f ( P) ,
P  A  D f .

Definição Se P0  ( A  D f )' dizemos que o limite da


restrição de f a A  D f é L , quando P  P0 , e denotamos
lim f ( P)  L se lim f A ( P )  L .
P  P0 P  P0
P A D f

Limites ao longo de Curvas

Trataremos agora de um caso particular da situação


descrita acima quando tivermos que A  CP  curva de R n .
Seja f : D f  Rn  R e consideremos a função
vetorial contínua P : I  R  R n tal que P0  P(t0 ) esteja no
interior de D f , com t0  I .

Podemos considerar o limite lim f ( P) 


P  P0
PC P  D f
 lim f CP ( P)  lim f ( P(t )) e este depende de uma única
P  P0 t t0
variável.
33
Exemplo Se z  f ( x, y ) tem (0,0) como ponto interior
de D f consideremos o lim f ( x, y ) nos casos:
( x , y )  ( 0, 0 )
( x , y ) A D f

i) A  {( x, y )  R 2 / x  y 3} ;
ii) A  {( x, y )  R 2 / x  0} .

Teorema Nas condições da definição anterior se P0 é


um ponto de acumulação de D f então temos que
L  lim f ( P) se e somente se L  lim f ( P ) ,
P P0 P  P0
P A D f

para todo A  R n , tal que P0  ( A  D f )' .

Corolário Se existirem subconjuntos A e B de R n


para os quais tenhamos lim f ( P)  lim f ( P) , onde
P  P0 P  P0
P A D f PB  D f
P0  ( A  D f )' e P0  ( B  D f )' então não existe lim f ( P) .
P P0

Observação O corolário acima é útil para se verificar a


não existência de um limite.

Exemplo 1 Estude a existência do limite


x2
lim .
x y
2 2
( x , y )  ( 0, 0 )

34
Exemplo 2 Estude a existência do limite
2x 2  y 2
lim .
x  2y
2 2
( x , y ) ( 0, 0 )

Continuidade

Sejam f : D f  R n  R , P0  D f  ( D f )' então


temos a seguinte:

Definição Dizemos que f é contínua em P0 se


lim f ( P)  f ( P0 ) .
P  P0

Teorema Se f e g são contínuas em P0 ,


P0  ( D f  Dg )' ,   R , então são contínuas em P0 as
funções: a) f  g ; b) f  g ; c)   f ;
d) f ( desde que g ( P0 )  0 ); e) Se f é contínua em
g
P0 e  é contínua em f ( P0 ) então   f é contínua em P0 .

Um polinômio homogêneo em duas variáveis, de grau


n , é da forma P( x, y )  an x n y 0  an 1x n 1 y1  ...  a0 x 0 y n .

Um polinômio em duas variáveis é uma soma finita de


polinômios homogêneos em duas variáveis.

Uma função f é dita polinomial se existir um


polinômio p ( x, y ) tal que f ( x, y )  p( x, y ) , ( x, y )  D f .

35
Uma função f é chamada de racional se é da forma
P ( x, y )
f ( x, y )  , ( x, y )  D f , onde P e Q são polinômios
Q ( x, y )
em duas variáveis.

Observação: Temos definições análogas para


polinômios, funções polinomiais e racionais de três ou mais
variáveis reais. Para qualquer que seja o número de variáveis
é válido o seguinte teorema:

Teorema
i) Uma função polinomial é contínua;
ii) Uma função racional é contínua em seu domínio.

Exemplo 1 Discuta a continuidade da função

 x2
 , se ( x, y )  (0,0)
f ( x, y )   x 2  y 2 .
0 , se ( x, y )  (0,0)

Exemplo 2 Determine a região de continuidade da

 x2  y 2 , se x 2  y 2  4

função f ( x, y )   .

 x 2  y 2  3 , se x 2  y 2  4

36
Derivada Direcional – Derivadas Parciais – Gradiente

Se z  f ( x, y ) , não se define em um ponto P0  D f


uma única taxa de variação de f . Esta depende da direção
segundo a qual P move-se para P0 .

A taxa de variação de f em P0 , na direção de u

f ( P  t u )  f ( P0 )
(unitário) é dada por : Du f ( P 0 )  lim 0
e
t 0 t
é chamada de Derivada Direcional de f em P0 , na direção

do vetor unitário u .

f
Notações: Du f ( P0 ) ;  ( P0 ) ; u f ( P0 ) .
u


Observações Se f : D f  R n  R , P0  D f e u é um
vetor unitário de R n :

i) A definição é análoga, isto é,



f ( P0  t u )  f ( P0 )
Du f ( P 0 )  lim ;
t 0 t

ii) Se  (t )  f ( P0  t u ) então teremos que

f ( P0  t u )  f ( P0 )  (t )   (0)
Du f ( P 0 )  lim  lim 
t 0 t t 0 t 0
= ' ( 0) .

37
A observação (ii) nos dá um meio de calcular
Du f ( P0 ) utilizando apenas conhecimento de derivadas de
funções reais de uma variável real.

Exemplo 1 Calcular Du f ( P0 ) onde P0  ( x0 , y0 ) ;



f ( x, y)  x 2  xy  y 2 e u  (1,0) .

Exemplo 2 Mostrar que a função:

 x2 y
 , se ( x, y )  (0,0)
f ( x, y )   x 4  y 2 é descontínua em
 0 , se ( x, y )  (0,0)

(0,0), porém as derivadas direcionais existem em P0  (0,0) ,

para qualquer direção u escolhida.

Derivadas Parciais

Seja f : D f  R n  R , P0  D f . A Derivada Parcial


de f em P0 , em relação a j-ésima coordenada, denotada
f f
( P0 ) , é dada por ( P0 )  De j f ( P0 ) 
x j x j

f ( P0  t e j )  f ( P0 ) 
lim , onde e j  (0,.., 0 ,1, 0,... 0) , 1 na
t 0 t
j-ésima posição e 0 nas demais.

38
f
Notações: De j f ( P0 ) ; ( P0 ) ; f x j ( P0 ) .
 xj

Observação Se z  f ( x1, x2 ,...., xn ) , a derivada parcial


f
de f em relação a x j , , no ponto P  ( y1,.., yn ) é
 xj
obtida derivando-se f ( x1, x2 ,...., xn ) como se toda xi , i  j
fosse constante e somente x j variasse. Após esta operação
substituímos xi por yi , para todo i  1,2,..., n .

Exemplo Dar as derivada parciais de :

i) f ( x, y )  x 2  y 2 em P0  (1,2) ;
ii) f ( x, y, z )  z  e x  sen y em P0  (0,  , 1) .
2

Definição Dizemos que f é Derivável em P0 se


existem em P0 todas as derivadas parciais.

Exemplos: 1) Estude a derivabilidade de


f ( x, y)  y  x 2 ;

2) Estude se é derivável em P0  (0,0) a função


f ( x, y )  y  x 2 .

39
Definição Seja f : D f  R n  R , tal que D f é aberto
em R n , P0  D f e f é derivável em P0 . O Gradiente de f
em P0 , denotado f ( P0 ) , é o vetor definido por:
f f
f ( P0 )  ( ( P0 ),....., ( P0 ) ) .
x1 xn

Exemplo Calcular f ( P0 ) onde P0  (0,  , 1) , e


2
f ( x, y, z )  z  e x  sen y .

Derivadas Parciais de Ordem Superior – Teorema de


Schwarz

f
Se f : D f  R n  R então pode ser pensada
x j
f
como uma função : A  D f  R , onde A é definido por
x j
 f  f
A   P  D f / existe ( P )  , caso possua derivadas
  x j  x j
parciais estas serão chamadas as derivadas parciais de ordem
dois de f e assim, sucessivamente e sempre que possível,
obtemos as derivadas parciais de ordem três, quatro,... de f .

Notações A n-ésima derivada parcial de f em relação


n f 2 f
à x j é denotada . Por , Dei ( De j f ) ou f x j xi
 xj
n  xi  x j

40
denotaremos as derivadas parciais de 2a ordem de f , por
3 f
, Dei ( De j ( Dek f )) ou f xk x j xi denotaremos as
xi  x j  xk
derivadas parciais de 3a ordem de f e assim sucessivamente.

Exemplo Dar as derivadas parciais de 2a ordem da


função f ( x, y)  e x sen y  cos x .

Definição Uma função f é de classe C n em um aberto


  R m , e denotamos f  C n () , n  N , se todas as
derivadas parciais até ordem n existem e são funções
contínuas em  .

Teorema (Cauchy-Schwarz)
Se f é uma função de classe C 2 em um aberto
contendo o ponto P0  ( x0 , y0 ) então temos que
2 f 2 f
( x0 , y0 )  ( x0 , y0 ) .
 x y  y x

Um exemplo bem conhecido de função para a qual


2 f 2 f
( P0 )  ( P0 ) é dada por:
 x y  y x

 xy 3
 2 , se ( x, y )  (0,0)
f ( x, y )   x  y 2 em P0  (0,0) .
 0 , se ( x, y )  (0,0)

41
Diferenciabilidade

É fácil mostrar a seguinte caracterização de


diferenciabilidade para funções reais de uma variável real.

Teorema Se  : I  R  R , I aberto, x0  I , temos


que  é diferenciável em x0   a  R tal que
( x0  h)  ( x0 )  a  h
lim  0 , e neste caso a  ' ( x0 ) .
h 0 h

Este teorema sugere-nos como definir diferencia-


bilidade para funções f : D f  R n  R .
Definições: Seja f : D f  R n  R , D f aberto de R n .

i) Dizemos que f é diferenciável em P  D f se ela


satisfaz :
f
d1) Existem todas as derivadas parciais (P ) ,
 xj
j  1,2,..., n ;

f ( P  H )  f ( P )  f ( P )  H
d2) lim  0 , onde temos
H 0 H
H  (h1 ,..., hn )  R n e ( P  H )  D f .

ii) Dizemos que f é diferenciável em um conjunto


A  D f se ela for diferenciável em todo ponto de A .

42
iii) Dizemos que f é diferenciável se ela é diferenciável
em seu domínio.

Notações Nas condições das definições anteriores:

1) O termo f ( P)  H chama-se diferencial de f em P e


H , e denotamos df ( P, H ) ou f ' ( P)  H , assim temos

df ( P, H )  f ' ( P)  H  f ( P)  H 

f f
( ( P), ...., ( P) )  (h1, ..., hn ) 
x1 xn

f f n
f
 h1 ( P )  ...  hn ( P )   hi ( P) .
x1 xn i 1 x i

2) O termo f (P ) (gradiente de f em P ) é chamado


derivada de f em P e denotamos Df (P) ou f ' ( P ) ,
f f
assim f ( P)  Df ( P)  f ' ( P)  ( ( P), .... , ( P) ) .
x1 xn

Observação Uma função z  f ( x, y ) é diferenciável


em P0  ( x0 , y0 ) se, e somente se, são válidas as condições:

f f
d1) Existem ( P0 ) e ( P0 ) ;
x y
f ( x0  h, y0  k )  f ( x0 , y0 )  f ( P0 )( h, k )
d2) lim 0
( h , k ) ( 0, 0 ) (h, k )

43
neste caso temos H  (h, k ) .

Equivalentemente vale o que denotamos por d2’), isto é,

f ( x, y )  f ( x0 , y0 )  f ( P0 )( x  x0 , y  y0 )
lim 0
( x , y ) ( x0 , y0 ) ( x  x0 , y  y 0 )

Antes de interpretarmos a diferenciabilidade geometri-


camente, façamos o seguinte teorema

Teorema Uma função z  f ( x, y ) é diferenciável em


P0  ( x0 , y0 ) se e somente se existe um plano  P0 , passando
por ( P0 , f ( P0 ))  ( x0 , y0 , f ( x0 , y0 )) , tal que são válidas
i)  P0 : z  f ( x0 , y0 )  a ( x  x0 )  b( y  y0 ) ;

f ( x, y )  z
ii) lim  0.
( x , y )  ( x0 , y 0 ) ( x  x0 , y  y 0 )

Neste caso a  f x ( x0 , y0 ) e b  f y ( x0 , y0 ) .

Geometricamente temos o esquema:

Exemplos

1) Dada a função f ( x, y)  x 2 y  2 xy pedimos:


i) mostre que f é diferenciável em todo ponto P0  R 2 ;
ii) calcule df ( P, H ) ;

44
iii) determine a equação de  P0 , plano tangente ao gráfico
de f , em P0  (0,0) por meio de seu vetor normal
  ( f x (0,0), f y (0,0),  1) .

 xy 2
 , se ( x, y )  (0,0)
2) Estude se f ( x, y )   x 2  2 y 2 é
 0 , se ( x, y )  (0,0)

diferenciável em (0,0) .

3) Estude a diferenciabilidade da função do Exemplo 2


acima em um ponto ( x0 , y0 )  R 2  {(0,0)} .

Exercício Estude a diferenciabilidade de


f ( x, y )  ( x 2  y 2 ) em (0,0) .

Teorema Se f e g são funções diferenciáveis em


f
P  Rn então f  g; f  g; ( g ( P)  0) são
g
diferenciáveis em P e são válidas :

i) d ( f  g )( P, H )  df ( P, H )  dg ( P, H ) ;

ii) d ( f  g )( P, H )  f ( P)  dg ( P, H )  g ( P)  df ( P, H ) ;

f g ( P )df ( P, H )  f ( P )dg ( P, H )
iii) d ( )( P, H )  2
.
g g ( P)

45
Teorema Se f é diferenciável em P então f é
contínua em P .

O último teorema é utilizado, algumas vezes, para


mostrar que uma função não é diferenciável em um ponto.
Mostra-se que ela não é contínua nesse ponto.

Exemplo Estude a diferenciabilidade da função


 x2 y
 4 , se ( x, y )  (0,0)
f ( x, y )   x  y 2 .
 0 , se ( x, y )  (0,0)

A existência das derivadas parciais não é suficiente


para garantir a diferenciabilidade como podemos ver no
próximo exemplo.

Exemplo Dada a função:

 x  y  2 , se x  1 ou y  1
f ( x, y )   . Mostrar que as
 2 , se x  1 e y  1

f f
derivadas parciais (1,1) , (1,1) existem, porém f não
x y
é diferenciável em (1,1) .

Enunciamos a seguir condições suficientes para


diferenciabilidade.

46
Teorema Se f tem derivadas parciais de 1ª ordem
contínuas em um aberto então f é diferenciável nesse
aberto.

Isto é, se f C1 () então f é diferenciável em  .


Segue que toda função polinomial é diferenciável.

Exemplo Estude a diferenciabilidade de


f ( x, y )  ( x 2  y 2 ) em R 2 -{(0,0)}.

A recíproca do último teorema não é válida, isto é, f


pode ser diferenciável em P e as derivadas parciais (que
existem!) podem não ser contínuas em P .

Exemplo A função

 2 1
( x  y 2
) sen , se ( x, y )  (0,0)
f ( x, y )   (x  y )
2 2
,
 0 , se ( x, y )  (00)

é diferenciável em (0,0) porém f x e f y não são contínuas
em (0,0) .

Diferenciais

Exemplos Calcule df ( P, H ) nos casos:


(i) f ( x, y )  x ;
(ii) f ( x, y )  y .

47
Motivados por estes exemplos usaremos a seguinte
notação:
H  dP  (dx1 ,     , dxn ) e df  df ( P, H )  df ( P, dP) 
f f
 f ( P)  dP  ( P)dx1  .......  ( P)dxn .
x1 xn

Se z  f ( x, y ) é costume escrever
f f z z
dz  df  dx  dy  dx  dy ; entendendo-se que
x y x y
as derivadas parciais são calculadas em um dado ponto
P  ( x, y ) .

De modo análogo se w  f ( x, y, z ) é diferenciável


temos que:
f f f w w w
dw  df  dx  dy  dz  dx  dy  dz
x y z x y z


Exemplos: Calcule dz se z  ln 1  x 2  y 2  e dw se
w  x 2 y  xe z .

Acréscimos

Seja z  f ( x, y ) , se f é diferenciável em P0  ( x0 , y0 )
então:
f f
i) existem ( P0 ) e ( P0 ) ;
x y

48
ii)
f ( x0  x, y0  y )  f ( x0 , y0 )  f ( P0 )  (x, y )
lim 0
( x , y ) ( 0,0) (x, y )

f f
Assim, se dz  df  df ( P0 , H )  ( P0 )x  ( P0 )y,
x y
onde H  (x, y ) e z  f ( x0  x, y0  y )  f ( x0 , y0 ) 
z  dz
 f ( P0  H )  f ( P0 ) teremos lim 0 e
( x , y )  ( 0, 0 ) ( x, y )

podemos dizer que dz é uma aproximação da variação de f


quando P vai de P0 para P0  H , ( z ) .

Ou seja temos:
f f
z  f ( x0  x, y0  y )  f ( x0 , y0 )  dz  x  y .
x y

Usando a notação x  dx e y  dy teremos


f f
z  dz  dx  dy , para dx e dy suficientemente
x y
pequenos (note que as derivadas parciais são todas
calculadas em P0 ).

Podemos utilizar este fato para aproximar a variação


de z correspondente a pequenas variações de x e y .

Observação: A extensão ao caso de funções de 3 ou


mais variáveis é óbvia.

49
Exemplos: 1) Suponha que a temperatura de uma placa
metálica seja dada por T ( x, y)  3x 2  xy . Utilizando
diferenciais obtenha uma aproximação da diferença de
temperatura entre os pontos (1,2) e (1,01 , 1,98).

2) Suponha que as dimensões (em polegadas) de um


paralelepípedo retângulo variem de 9 ; 6 e 4 para 9,02 ;
5,97 e 4,01 respectivamente. Utilizando diferenciais
obtenha uma aproximação da variação do volume. Qual a
variação exata do volume?

Regra da Cadeia

Seja f : D f  Rn  R , D f aberto em R n . Seja


também C uma curva em R n descrita pela função vetorial
P : I  R  R n tal que C  D f , isto é P (t )  D f , t  I .
Temos então a função composta dada por
( f  P)(t )  f ( P(t )), t  I .

Teorema (Regra da Cadeia)


Nas condições acima se f e P são diferenciáveis então
( f  P ) também o é e vale: ( f  P)(t )  f ( P(t ))  P(t ), t  I

50
Observação Se P(t )   x1 (t ),..., xn (t )  então temos que
( f  P )(t )   f  x1 (t ),...., xn (t )  
d d
vale
dt dt
f dx1 f dxn
 f ( P(t ))  P(t )    .........  
x1 dt xn dt

 
Exemplo Sejam f ( x, y )  xy e P(t)  t 3,t 2 considere
a composta F (t )  ( f  P )(t ) e :
i) Calcule F (t ) ;
(ii) Calcule F (t ) ;
iii) Verifique que F (t )  f ( P(t ))  P(t ) .

Observações:

1ª) Se z  f ( x, y ) e x  x(t , s ) , y  y (t , s ) podemos


considerar z  F (t , s )  f ( x(t , s ), y (t , s )) e daí obtemos

z F f x f y
     e
t t x t y t

z F f x f y
    
s s x s y s

2ª) Se z  f ( x, y ) , y  y (x) podemos considerar


z  F (x)  f ( x, y ( x)) daí obtemos:
z f f dy
 F ( x)   
x x y dx

51
Exemplos: 1) Dada u ( x, y, z )  xy  xz  yz ; x  r ,
u u
y  r cos t , z  r sen t encontre e .
r t

2) Se f é uma função diferenciável nas variáveis x e y ;


u  f ( x, y ) ; x  r cos ; y  rsen mostre que:

u u u sen
i)   cos   , e que
x r  r

u u u cos
ii)   sen   .
y r  r

O próximo teorema dá uma fórmula simples para


calcular derivadas direcionais de funções diferenciáveis em
termos das derivadas parciais.

Teorema Se f é diferenciável em P0 , então f possui



derivadas direcionais em todas as direções u e vale
  
Du f ( P0 )  f ( P0 )  u  df ( P0 , u ), u  1.

Corolário Se f é diferenciável em P0 e f ( P0 )  0
então, o máximo e o mínimo valor da derivada direcional de
 f ( P0 )
f em P0 ocorrem na direção e sentido de u1  e
f ( P0 )
 f ( P0 )
u2   , respectivamente.
f ( P0 )

52
Observação O vetor f ( P0 ) dá a direção e sentido em
que f cresce mais rapidamente, e  f ( P0 ) dá a direção e o
sentido de maior decrescimento de f no ponto P0 .

Exemplo Dada a função f ( x, y , z ) 


 ( x  y)2  ( y  z )2  ( x  z )2 . Qual a direção de maior
crescimento da função f no ponto (2.-1,2)? Qual é a
derivada direcional de f nessa direção, nesse ponto?

Plano Tangente a uma Superfície

Definição A superfície de nível S k , de uma função


w  F ( x, y, z ) , correspondente ao valor w  k , k  constante,
é o subconjunto de R3 : Sk  ( x, y, z )  DF / F ( x, y, z )  k.

Exemplo Se w  F ( x, y, z )  x 2  y 2  z 2 então a
superfície de nível da função F , correspondente ao valor
w  r , r  0 é Sr  { ( x, y, z )  R3 / x 2  y 2  z 2  r } que é
uma superfície esférica com centro na origem e raio r .

Definição Seja F :   R3  R e S uma superfície


dada por S  ( x, y, z )   / F ( x, y, z )  c. Se CP é uma
curva descrita por uma função vetorial P : I  R  R3
dizemos que CP está em S se F ( P(t ))  c, t  I .

53
Nas mesmas condições da definição acima obser-
vamos:

(i) Se F é diferenciável em  e P é derivável em I ,


temos F ( P(t ))  P' (t )  0, t  I . De fato, derivando
F ( P(t ))  c, em relação a t , o resultado segue da regra da
cadeia.

(ii) Se P0 é um ponto de S , CP uma curva qualquer em S


passando por P0 , isto é, existe t0  I tal que P(t0 )  P0 , então
pela observação (i) temos que F ( P0 )  P' (t0 )  0, isto é,
F ( P0 )  P' (t0 ) ; como a curva CP é arbitrária, vemos que as
tangentes a todas as curvas de S , que passam por P0 , estão
em um mesmo plano, a saber, aquele determinado por
F ( P0 ) e pelo ponto P0 .

Pelo que foi dito acima é natural a definição:

Definição Seja S uma superfície da forma


S  ( x, y, z )   \ F ( x, y, z )  c, com F de classe C1 no

aberto   R . Se P0  S e F ( P0 )  0 , o plano tangente à
3

S em P0 é o plano que passa por P0 e tem F ( P0 ) como


vetor normal. Sua equação é ( P  P0 )  F ( P0 )  0 , se
P0  ( x0 , y0 , z0 ) e P  ( x, y, z ) é um ponto arbitrário desse
plano, essa equação pode ser então posta na forma
( x  x0 ) F ( P0 )  ( y  y0 ) F ( P0 )  ( z  z0 ) F ( P0 )  0 .
x y z

54

Observação: Se F ( P0 )  0 não definimos o plano
tangente à S em P0 .

Exemplos:

(1) Seja S a superfície dada por S  { ( x, y , z )  R 3 \


z  f ( x, y ), ( x, y )  D aberto de R 2 } , com f de classe C1
em D . Encontre a equação do plano tangente à S em
P0  ( x0 , y0 , f ( x0 , y0 )) .

(2) Dar a equação do plano tangente à S , onde S é dada


por 2 x 2  y 2  z  0 , no ponto P0  (1,2,6) .

(3) Ache a equação do plano tangente à superfície


z  2 x 2  3 xy  y 2 que seja paralelo ao plano
10 x  7 y  z  0 .

(4) Ache as equações paramétricas da reta tangente à curva


de intersecção das seguintes superfícies no ponto indicado
S1 : xy  z  0 ; S 2 : x 2  y 2  z 2  9 em P0  (2, 1,2).

Máximos e Mínimos de Funções de Várias Variáveis

Máximos e Mínimos Locais

55
Definição Uma função f : D f  R n  R tem um
máximo (mínimo) local em P0  D f se existe uma bola
aberta Br ( P0 ) tal que f ( P)  f ( P0 ) ( f ( P)  f ( P0 )) , para
todo P  Br ( P0 )  D f .

Dizemos que P0 é um extremo de f se P0 é um ponto


de máximo ou de mínimo local, e f ( P0 ) é um valor extremo
se P0 é um extremo.

Observações: i) Se f tem máximo (mínimo) local em


P0 , então  f tem um mínimo (máximo) local em P0 .

ii) Se f é uma função não negativa são equivalentes:


a) P0 é ponto de máximo (mínimo) local de f ;
b) P0 é ponto de máximo (mínimo) local de f 2 .

No gráfico acima temos que P1 e P3 são pontos de


mínimo local, já P2 e P4 são pontos de máximo local.

Nos pontos ( P1, f ( P1 )) ; ( P2 , f ( P2 )) ; ( P3 , f ( P3 )) os


planos tangentes são paralelos ao plano xy , será que tal
comportamento repete-se para todos os pontos extremos de
f ? Não! Observando ( P4 , f ( P4 )) notamos que aí não existe
o plano tangente.

56
Teorema Se f : D f  R n  R , D f aberto de R n , tem
um valor extremo em P0  D f e é derivável nesse ponto
f
então ( P0 )  0 , para todo i  {1,2,.., n}.
xi

Definição Chamamos pontos críticos de f os pontos


de D f para os quais todas as derivadas parciais de 1 a ordem
se anulam, ou pelo menos uma dentre elas não existe.

Exemplos: 1) Encontre os pontos críticos de


f ( x, y )  x 2  y 2 .

2) Idem para f ( x, y)  e x sen y e para


g ( x, y)  x 2  4 y 2  x  2 y .

Observação: Do último teorema concluímos que o


conjunto dos pontos extremos de uma função, definida em
um conjunto aberto, está contido no conjunto de seus pontos
críticos. Pode, no entanto, ocorrer de nenhum ponto crítico
ser ponto extremo.

Definição Um ponto crítico P0 é dito ponto de sela se


f ( P0 ) não é valor extremo de f .

57
Considere, por exemplo, a função f ( x, y)  x 3 então
todo ponto da forma (0, y0 ) é ponto crítico para f porém,
não são pontos extremos para f .

Exemplos:

1) Ache os extremos de f ( x, y )  x 2  y 2 .

2) Idem para f ( x, y)  1  x 2  y 2 .

3) Idem para f ( x, y)  y 2  x 2 .

Observação O último teorema e a última observação


nos dizem onde procurar os pontos extremos de uma função,
entre seus pontos críticos, porém não nos dizem como
identificar os pontos críticos que são extremos.

Caracterização de Máximos e Mínimos Locais

Seja z  f ( x, y ) uma função com derivadas parciais


contínuas até 2a ordem num aberto   R 2 . Definimos a
função Hessiana de f , H   :   R por:

f xx ( x, y ) f xy ( x, y )
H ( x, y )   ( x, y )  .
f xy ( x, y ) f yy ( x, y )

58
Teorema Nas condições acima seja P0   tal que
f x ( P0 )  f y ( P0 )  0 . Então temos

( P0 )  0 
I)   P0 é ponto de mínimo local de f ;
f xx ( P0 )  0 

( P0 )  0 
  P0 é ponto de máximo local de f ;
f xx ( P0 )  0 

II) ( P0 )  0  P0 é ponto de sela;

III) ( P0 )  0 , nada se pode concluir.

Exemplos :

1) Determine os extremos de f ( x, y)  x 2  4 xy  y3  4 y

2) Idem para f ( x, y )  x sen y .

Máximos e Mínimos Globais

Definição Uma função f : D f  R n  R tem um


máximo global (mínimo global) em P0  D f se
f ( P)  f ( P0 ) ( f ( P)  f ( P0 )) , para todo P  D f .

59
Exemplo Achar os extremos de f ( x, y)  9  x 2  y 2
cujo domínio é D f  { ( x, y )  R 2 / x 2  y 2  4 } .

Uma condição suficiente para a existência de máximos


e mínimos globais é:

Teorema Se f é uma função contínua, definida em um


conjunto compacto, então f possui pelo menos um ponto de
máximo global e um ponto de mínimo global.

Observação Um ponto P0  A  R n é ponto de


fronteira de A se não for ponto interior de A .

Exemplos:

1) Encontre os valores extremos de f ( x, y)  y 2  x 2 se


D f  { ( x, y )  R 2 / x 2  y 2  1 } .

2) Uma companhia planeja fabricar caixas retangulares


fechadas com 8 pés cúbicos de volume . Se o material da
tampa e do fundo custa o dobro do material dos lados,
dimensione a caixa de modo a minimizar o custo.

Multiplicadores de Lagrange

O método de Lagrange fornece condições para


obtenção de candidatos à pontos de máximo e mínimo de
funções de R 3 em R , com restrições do tipo g ( x, y, z )  0 .

60
Teorema Sejam f , g :   R3  R , com derivadas
parciais contínuas em  . Se P0  ( x0 , y0 , z0 )   e f tem
um valor extremo em P0 sujeito a condição g ( x, y, z )  0 ,

com g ( P0 )  0 então existe R tal que
f ( P0 )   g ( P0 ) (I)

Observações: i) O teorema também vale para funções


de n variáveis.

ii) Para se minimizar ou maximizar uma função f , sujeita às


condições de vínculo g1  0, .... g n  0 , devemos estudar a
função f  1 g1  ...   n g n .

O Método

Nas condições acima, a relação (I) fornece três


equações e quatro incógnitas. O problema fica determinado
usando-se a equação g ( x0 , y0 , z0 )  0 .

Assim obtém-se um “candidato” a ponto de máximo


ou mínimo P0  ( x0 , y0 , z0 ) .

Portanto, no estudo dos valores extremos de


w  f ( x, y, z ) , sujeita a condição g ( x, y, z )  0 , vamos
estudar a nova função F ( x, y, z, )  f ( x, y, z )   g ( x, y, z ) ,
procurando seus pontos críticos por meio das equações:

61
Fx  f x   g x  0 ;
Fy  f y   g y  0 ;
Fz  f z   g z  0 e
F  g ( x, y, z )  0 .

Exemplos :

1) Determinar o ponto do elipsóide x 2  2 y 2  3z 2  1 cuja


soma das coordenadas seja máxima.

2) A interseção do parabolóide z  x 2  y 2 com o plano


x  2 y  2 z  5  0 é uma elipse C . Determine qual o ponto
de C mais próximo e o mais afastado da origem.

EXERCÍCIOS

1) Classificar a Superfície (cilíndrica, cônica etc...) e fazer um esboço da


mesma, nos seguintes casos:
a) z  4  y 2 . b) z  16  x 2 . c) x  9  y 2 .

d) x  z 2  4 . e) y  x 2 . f) y  senx .

g) y 2  x 2  z 2 . h) x  2 . i) y  z  0 .

j) 2 x  3 y  z  1 . k) z  x 2  1 . l) y 2  z 2  1.

m) 9 x 2  y 2  z 2  9 . n) z  18  x 2  9 y 2 . o) z 2  x 2  y 2  1 .

p) y 2  z 2  x 2  1. q) x 2  y 2  z .

2) Faça um esboço do conjunto A . Diga se ele é aberto, fechado,


convexo, conexo, compacto. Encontre: int A ; A' , A ; A . Nos casos:

62
a) A : x  0 e y  0 .
b) A : 0  y  x e 2 y  x2  y2  4 y .
c) A : x 2  y 2  1 ou x 2  y 2  4 .
d) A : x  y  2 .
e) A : 0  x  2 , 0  z  3 e 0  y  2 x  x 2 .

3) Faça um esboço das curvas de equações paramétricas dadas, obtenha as


respectivas equações cartesianas, indique a orientação das curvas com
referência a valores crescentes dos parâmetros. Onde não houver especificação
entende-se que o parâmetro assume todos os valores reais.
a) x 1 3t , y 1 2t .
b) x  2 5 cos t , y  1 3 cos t .
c) x t 2  1 , y  3t 2  2 .
d) x  3 cos t , y  2  sen t , 0  t  2 .
e) x  2 cos t , y  2 sen t , z  2 cos t , 0  t  2 .

4) Considere a curva obtida como intersecção das superfícies dadas


pede-se: encontrar uma parametrização da curva ; determinar uma equação
da reta tangente no ponto indicado; faça um esboço das superfícies destacando
a curva , nos casos:
a) Superfícies: z  x 2  y 2 e z  4  2 x  4 y . Ponto ( 2 ,  2 , 8 ) .
b) Superfícies: z  1 x 2  y 2 e x 2  y 2  x . Ponto (1, 0 , 0 ) .
c) Superfícies: x 2  y 2  4 e z  x . Ponto ( 2 , 0 , 2 ) .
d) Superfícies: z  y 2  x 2 e x 2  y 2  1. Ponto (1, 0 ,  1) .

5) Esboçar o gráfico das seguintes funções, indicando no mesmo sistema


de coordenadas o domínio e a imagem.
a) z  36  x 2  y 2 , D: x 2  y 2  9

b) z  9  y 2 , D: 0  x  3, 0  y  3
c) z  x 3 , D: 0  x  2, 0  y  4

d) z  x 2 , D: 0  x  3, 0  y  5

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6) Para as funções listadas a seguir: determine a imagem, desenhe as
curvas de nível, obtenha e desenhe as interseções do gráfico da função com os
planos coordenados, e esboce o gráfico, indicando no mesmo sistema de
coordenadas o domínio e a imagem.
a) f ( x, y)  9  x 2  y 2 , D: x2  y 2  4

b) f(x,y)  25  x 2  y 2 , D: x2  y 2  25

c) f ( x, y)  x 2 - y 2 , D  R 2

7) Estude a existência dos limites:

x 2 - y2 y2
a) lim ; b) lim
(x,y)(0,0) 1 x 2  y2 (x, y)(0,0) x 2  y2

x 2 ln (1  x 2  y 2 ) xy
c) lim ; d) lim
(x, y)(0,0) x 2  y2 (x, y)(0,0)
x 2  y2

x 3  y3 x 2 - y2
e) lim ; f) lim
(x, y)(0,0) x 2  y2 (x,y)(0,0) x 2  y2

8) Discutir a continuidade das seguintes funções:

a) f (x,y)  xy ln ( xy )

 x2 y
 se (x, y)  (0,0)
b) f(x,y)   x 4  y 2
 0 se (x, y)  (0,0)

9-x 2 -y 2 se x2  y 2  4
c) f(x,y)  
 0 se x2  y 2  4

9) Encontre, onde existir, as derivadas parciais das funções dadas a seguir:


64
 x2  y2
 se (x, y)  (0,0)
a) f(x,y)   x 2  2 y 2
 0 se (x, y)  (0,0)

b) f (x, y)  4 y 3  x 2  y 2

xy
c) f (x, y) 
y2  x 2

10) Mostre, usando a definição, que a função f (x, y)  x 2 y é diferenciável


no ponto (1, 2 ) .
 xy 2
 se (x, y)  (0,0)
11) A função f(x,y)   x 2  2 y 2 é diferenciável em
 0 se (x, y)  (0,0)

( 0 , 0 ) ? Justifique.
 x  y  2 se x  1 ou y  1
12) Dada a função f(x,y)   , mostre que
 2 se x  1 e y 1
existem f x (1,1) e f y (1,1) porém f não diferenciável em (1,1) .
13) Diga, justificando, se são diferenciáveis em as seguintes funções:

 x4
 se (x, y)  (0,0)
a) f(x, y)   x 2  y 2
 0 se (x, y)  (0,0)
 3x 2 y
 se (x, y)  (0,0)
b) f(x, y)   x 2  y 2
 0 se (x, y)  (0,0)

14) Calcular a diferencial de cada uma das funções dada


x2
a) z  ; b) f (x,y)  ln x 2  y 2 .
y

65
15) A temperatura T no ponto P  ( x, y , z ) é dada por
T(x,y,z)  2 x 2  4 y 2  9 z 2 . Utilizando diferenciais obtenha uma
aproximação da diferença de T entre os pontos ( 6 , 3 , 2 ) e ( 6,1 , 3,3 , 1,98 ) .
Qual é a variação exata da temperatura? Qual é o erro cometido usando
diferenciais?

16) Use a regra da cadeia para calcular:

z  f  f
a) - cos θ - sen θ , para z  f ( x, y ) , com x  r cos  e
r x y
y  r sen  .
z z  y
b) x y se z  x sen   .
x y  x

17) Se é uma função diferenciável de u , tome u  bx-ay e verifique


f
 z   z 
que z  f(bx  ay) satisfaz a equação a    b    0 , onde a e b
 x   y 
são constantes.
18) Calcule as derivadas direcionais das seguintes funções, nos pontos e
direções indicados
1  3 4
a) g(x,y)  2 , em P  ( 1 , 2 ) e v   , ;
x  y2 5 5
b) f(x,y) 2 x 2 y 3-3x 3 y 2 em P  ( 1,2 ) e na direção do vetor tangente
unitário à curva y  x 3  1.

19) Seja f (x, y)  y e2 x . Dê a direção em que f cresce mais rapidamente


no ponto (0,2). Calcule a derivada direcional de f nessa direção, nesse
ponto.
20) Ache as equações paramétricas da reta tangente à curva de intersecção
das superfícies S1 : x2  z 2  4 y  0 e
S2 : x2  y 2  z 2  6 z  0 no ponto P0  ( 0, 0, 0 ).
21) Ache a equação do plano tangente e equação da reta normal à
superfície dada, no ponto indicado:

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a) x 2  y 2  z 2  49 ; P  (6,2,3) ;
 π 
b) senxy  senyz  senxz  1 ; P  1 , ,0  .
 2 

22) Ache a equação do plano tangente ao gráfico da função


f(x, y)  e x cos y no ponto 0,π, f (0, π) .
23) Determinar os pontos críticos das funções dadas e verificar quais são
de máximo e quais são de mínimo nos casos:
a) f (x, y)  5  2 x 2  3 y 2 ; b) f (x, y)  e1 x  y .
2 2

24) A distribuição de temperatura na chapa retangular limitada pelas retas


x = 0, x = 2, y = - 2, y = 2 é dada por T (x, y) = x 3 + y 3 - 3x - 3 y . Achar
as temperaturas máxima e mínima, e os pontos onde elas ocorrem. Diga
porque existem máximo e mínimo absolutos.
25) Encontre os pontos sobre a curva xy = 1, 0 < x  4, 0 < y  10 que
estão mais afastados, e os que estão mais próximos da origem. Porque
existem tais pontos? (Usar multiplicadores de Lagrange).
26) Achar as dimensões de uma caixa retangular sem tampa com volume
32 u3 e de área mínima (Usar multiplicadores de Lagrange).
27) A temperatura T da placa D: x2  y 2  4, y  0 é dada por
T (x, y)  x 2  y 2 - 2 y . Encontre os pontos de máximo e de mínimo
local de T . Encontre os pontos mais quentes e mais frios da placa e suas
respectivas temperaturas.
28) Encontre os pontos da superfície y 2- xz  4 que estão mais próximos
da origem e encontre a distância mínima.
29) O custo total do material utilizado na fabricação de uma caixa
retangular sem tampa deve ser R$ 10,00. Se o material para o fundo da
caixa custa 15 centavos por cm2 e o material para os lados custa 30
centavos por cm2 encontre as dimensões da caixa de volume máximo que
pode ser fabricada.

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