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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

CURSO DE ENGENHARIA

ÁLGEBRA LINEAR E APLICAÇÕES

Dependência Linear, Base e Dimensão


Bibliografia Básica:
CALLIOLI, C. A.; DOMINGUES, H.; COSTA, R. C. F. Álgebra linear e aplicações. São Paulo: Atual, 2003.
LORETO, A. C. C.; SILVA, A. A; LORETO JÚNIOR, A. P. Álgebra linear e suas aplicações: resumo teórico e
exercícios. São Paulo: LCTE, 2013.
STEINBRUCH, A.; WINTERLE, P. Álgebra Linear. São Paulo: Access Intelligence,1987.
Dependência Linear – Definição

Dados V um espaço vetorial, S = {v1,v2,v3,..., vn}


um subconjunto não vazio e finito de V, e
{a1,a2,a3,...,an} um conjunto de números reais,
pode-se montar a seguinte equação, sendo 0 o
vetor nulo do espaço vetorial V:

() a1v1 + a2v2 + a3v3 + ... + anvn = 0


Dependência Linear – Definição
O subconjunto S será:

• linearmente dependente (L.D.) se, e somente


se, a equação () é verdadeira com, pelo
menos, um dos números reais diferente de
zero;
• linearmente independente (L.I.) se, e somente
se, a equação vetorial () é verdadeira
somente para a1= a2= a3= ... = an = 0.
Dependência Linear – Definição
• Analisando a definição, podemos deduzir
que quando o sistema linear homogêneo,
que decorre da equação
a1v1 + a2v2 + a3v3 + ... + anvn = 0
é possível e indeterminado, o conjunto S
é L.D., e quando o sistema homogêneo é
possível e determinado, o conjunto S é
L.I..
Exemplo
Estudar a dependência linear dos conjuntos:
(1) S  P3(IR) = {x3+3x2 –2x+1, x2+x, –x3+x+1, x3+8x2–3x+4}
Resolução: Tomando a, b, c e d reais, temos:
a(x3+3x2–2x+1)+b(x2+x)+c(–x3+x+1)+d(x3+8x2–3x+4)=0
x3(a–c+d)+x2(3a+b+8d)+x(–2a+b+c–3d)+(a+c+4d)=0
𝑎−𝑐+𝑑 =0 Resolvendo-se o sistema,
3𝑎 + 𝑏 + 8𝑑 = 0 identifica-se que ele é
−2𝑎 + 𝑏 + 𝑐 − 3𝑑 = 0 possível e indeterminado.
𝑎 + 𝑐 + 4𝑑 = 0 Logo, o conjunto é L.D.
Exemplo
(2) S  IR3 = {(1,2,1), (2,1,0), (1,3,3)}

Resolução: Tomando a, b e c reais, temos:


a(1,2,1) + b(2,1,0) + c(1,3,3) = (0,0,0)
Resolvendo-se o sistema,
𝑎 + 2𝑏 + 𝑐 = 0
2𝑎 + 𝑏 + 3𝑐 = 0
identifica-se que ele é
𝑎 + 3𝑐 = 0 possível e determinado.
Logo, o conjunto é L.I.
Procedimento prático para
subconjuntos de IRn
Quando S é um subconjunto do espaço
vetorial IRn, podemos montar uma matriz,
sendo as linhas dela os vetores de S, e
“escalonar” essa matriz.
Com a matriz totalmente escalonada, o
conjunto S será:
– L.D. se, e somente se, encontrarmos uma linha
totalmente zerada;
– L.I. se, e somente se, não encontrarmos linha
totalmente zerada.
Procedimento prático para
subconjuntos de IRn
Dessa forma, resolvendo-se o exemplo (2)
anterior pelo procedimento prático, tem-se:
S  IR3 = {(1,2,1), (2,1,0), (1,3,3)}

Como, após o escalonamento, não


encontramos linha totalmente zerada, o
conjunto é L.I.
Procedimento prático para
subconjuntos de Mmn(IR) e Pn(IR)
Existe uma relação que associa a cada vetor do espaço
vetorial Mmn(IR) (das matrizes), um único vetor do espaço
vetorial IRmn, que preserva as operações de soma de
matrizes e de multiplicação de uma matriz por um escalar.
Da mesma forma, existe uma relação que associa a cada
vetor do espaço vetorial Pn(IR) (dos polinômios), um único
vetor do espaço vetorial IRn+1, que preserva as operações de
soma de polinômios e de multiplicação de um polinômio por
um escalar.
Essas relações, que serão estudadas em momento oportuno,
são denominadas ISOMORFISMOS e embasam o
procedimento prático que é aqui apresentado.
Procedimento prático para
subconjuntos de Mmn(IR) e Pn(IR)
Por meio de um isomorfismo, pode-se representar uma
matriz com as coordenadas de um vetor, e também um
polinômio com as coordenadas de um vetor, como nos
exemplos a seguir:

Dessa forma, após as associações, pode-se aplicar o


procedimento prático para subconjuntos de IRn, de modo
a estudar a dependência linear do conjunto.
Procedimento prático para
subconjuntos de Mmn(IR) e Pn(IR)
Resolvendo-se o exemplo (1) pelo procedimento prático,
tem-se:
S  P3(IR) = {x3+3x2 –2x+1, x2+x, –x3+x+1, x3+8x2–3x+4}

x3+3x2 –2x+1 = (1,3,–2,1) –x3+x+1 = (–1,0,1,1)


x2+x = (0,1,1,0) x3+8x2–3x+4 = (1,8,–3,4)

...
(Monte a matriz correspondente, escalone-a, e mostre
que o conjunto é L.D.)
Algumas proposições sobre
Dependência Linear
• Sejam S  V = {v1,v2,v3,..., vk, vk+1, ..., vn}, com
1kn, e T  V = {v1,v2,v3,..., vk} dois
subconjuntos não vazios do mesmo espaço
vetorial V.
(1) S é L.D. se, e somente se, ao menos, um dos
vetores de S é combinação linear dos demais
vetores de S.
(2) Se T é L.D., então S é L.D..
(3) Se S é L.I., então T é L.I..
Algumas proposições sobre
Dependência Linear
(4) Todo subconjunto de vetores que contém o
vetor nulo, é L.D..
(5) Todo subconjunto unitário de vetores que
não contém o vetor nulo é L.I..
(6) Se S  IRn = {v1,v2,v3,..., vn}, é L.I., então
W  IRn = {v1,v2,v3,..., vn, vn+1} é L.D..
Exercícios propostos – p. 64 e 65 do livro Álgebra linear e suas
aplicações: resumo teórico e exercícios – 4ª edição
Base e Dimensão de um Subespaço
Vetorial Finitamente Gerado
Sejam W um subespaço vetorial finitamente
gerado, no espaço vetorial V, e o subconjunto
não vazio do espaço vetorial B={v1,v2,v3,..., vn}.
• Definição:
O subconjunto B é uma base para W se, e
somente se, B gera W e B é L.I., e, nesse caso,
a dimensão de W é o número correspondente
à quantidade de vetores do subconjunto B.
Algumas bases especiais
(Bases Canônicas)
• B  IR2 = {(1,0), (0,1)} é uma base para o
espaço vetorial IR2, cuja dimensão é 2.
• B  IR3 = {(1,0,0), (0,1,0), (0,0,1)} é uma base
para o espaço vetorial IR3, cuja dimensão é 3.
• B  P3(IR) = {1, t, t2, t3} é uma base para o
espaço vetorial de polinômios de grau menor
ou igual a 3, cuja dimensão é 4.
Algumas bases especiais
(Bases Canônicas)
1 0 0 1 0 0 0 0
• B  M2(IR) = 0
,
0 0
,
0 1
,
0 0 1
é uma base para o espaço vetorial das
matrizes quadradas de ordem 2, cuja
dimensão é 4.
Teorema da Invariância:
Se W é um subespaço vetorial finitamente
gerado, então duas bases quaisquer de W têm
o mesmo número de vetores.
Em geral...
• Toda base para IRn tem n vetores;
• Toda base para Pn(IR) tem (n+1) vetores;
• Toda base para Mmn(IR) tem (mn) vetores.
Logo:
• A dimensão de IRn é n.
• A dimensão de Pn(IR) é (n+1).
• A dimensão de Mmn(IR) é (mn).
Algumas proposições...
(1) Sejam U e W dois subespaços vetoriais
finitamente gerados em um mesmo espaço
vetorial V.
Se U  W e dim(W) = dim(U), então U = W.
(2) Se U é um subespaço vetorial finitamente
gerado em um espaço vetorial V, então
dim(U)  dim(V).
Nesse caso, dim(U) = dim(V)  U = V.
Exemplo
• Dados os subespaços vetoriais de IR4
U={(x,y,z,t)|x=y=t} e W={(x,y,z,t)|y=z=0},
determinar uma base e a dimensão dos
subespaços vetoriais U, W.
Resolução: Para o subespaço U={(x,y,z,t)|x=y=t}:
uU = (a, a, b, a) = a(1,1,0,1)+b(0,0,1,0)
Assim: U=[(1,1,0,1),(0,0,1,0)] (conjunto L.I.)
Logo, uma base para U é B = {(1,1,0,1),(0,0,1,0)}
e dim(U) = 2.
Exemplo
Para o subespaço W={(x,y,z,t)|y=z=0}:
wW = (c, 0, 0, d) = c(1,0,0,0)+d(0,0,0,1)
Assim: W=[(1,0,0,0),(0,0,0,1)] (conjunto L.I.)
Logo, uma base para W é C = {(1,0,0,0),(0,0,0,1)}
e dim(W) = 2.

Exercícios propostos – 112, 113, 119, 120, 121, 122, 123 e 124 do
livro Álgebra linear e suas aplicações: resumo teórico e exercícios
– 4ª edição

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