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4. Espaços Vetoriais
4.1. Definição de espaço vetorial.
4.2. Subespaços vetoriais.
4.3. Combinação linear de vetores. Subespaços gerados.
4.4. Dependência e independência linear.
4.5. Dimensão e Base de um espaço vetorial.
4.6. Mudança de base de um espaço vetorial
LSIRC
Eliana Costa e Silva
Elaborado em colaboração com:
Aldina Correia e Sidonie Costa
ESTG – P. Porto, 2017/2018 1
Definições e Propriedades
Definição 1:
Seja V um conjunto não vazio no qual estão definidas as seguintes operações:
Adição:
u, v V u v V (diz-se que é fechado para a adição)
Multiplicação por um escalar:
R, u V u V (diz-se que é fechado para o produto por um escalar)
V é um espaço vetorial real se são satisfeitas as seguintes propriedades para
a adição e multiplicação por um escalar:
1) u, v V , u v v u (propriedade comutativa)
2) u, v, w V , (u v) w u (v w) (propriedade associativa)
3) 0V V : u V , u 0V 0V u u (existência de elemento neutro)
2
Definições e Propriedades
Definição 1 (Continuação):
4) u V , (u) V : u (u) 0V (existência de elemento simétrico)
5) R, u, v V , .(u v) .u .v (propriedade distributiva da
multiplicação por um escalar em relação à adição de vetores)
6) , R, v V , v v v (propriedade distributiva da
multiplicação de um vetor em relação à adição de escalares)
7) , R, v V , v v (propriedade associativa)
Propriedades:
Seja V um espaço vetorial real. Então:
1) O vetor nulo é único.
2) O simétrico de cada vetor de V é único.
3) v V , 0V v 0V
4) R, 0V 0V
5) v V , 1 v v
6) , R, v V : v 0V 0 v 0V
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Definições e Propriedades
Definição 2:
Seja V um espaço vetorial real.
Um subconjunto F de V diz-se um subespaço vetorial de V se, com as
mesmas operações de adição e multiplicação por um escalar definidas
em V, F é um espaço vetorial.
Proposição 1:
Seja V um espaço vetorial real.
Um subconjunto F de um espaço vetorial real V é um subespaço
vetorial de V se e só se, simultaneamente se verificam:
1) F (em particular, 0V F ).
2) u, v F u v F (F é fechado ou estável em relação à operação “+”)
3) u F , R u F (F é fechado ou estável em relação à operação “.”)
Exemplo 3.
1 - O subconjunto0V é um subespaço do espaço vetorial real V que
usualmente se chama subespaço nulo.
V também é um subespaço do espaço vetorial real V. 7
Definições e Propriedades
Exemplo 3 (continuação).
2 - O conjunto das matrizes triangulares inferiores de ordem n é um
subespaço vetorial de Mnn R .
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Geradores de um espaço vetorial
Se u1 , u2 ,..., un são vetores de um espaço vetorial V , alguns vetores de
V podem ser combinação linear destes ou não.
Teorema 1:
O conjunto W 1 u1 2 u2 ... n un : 1 , 2 ,..., n , de todas as
possíveis combinações lineares dos vetores u1 , u2 ,..., un , de um espaço
vetorial real V, é um subespaço vetorial de V.
Definição 3:
Seja V um espaço vetorial real e u1 , u2 ,..., un vetores de V.
O subespaço W definido no teorema anterior diz-se subespaço
vetorial gerado pelos vetores u1 , u2 ,..., un e representa-se por u1 , u2 ,..., un .
Ao conjunto dos vetores u1 , u2 ,..., un chama-se conjunto gerador de W.
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Geradores de um espaço vetorial
Exemplo 4.
2 - Generalizando,
1, 0, 0,..., 0 , 0,1, 0,..., 0 , 0, 0,1,..., 0 ,..., 0, 0, 0,...,1 n
n vetores
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Geradores de um espaço vetorial
Exemplo 4 (continuação).
3 - O subespaço vetorial de R 3, F x1 , x2 , x3 R3 : x1 x2 0 2 x1 x3 0
é gerado por (1,1,2) , i.e., F 1,1, 2 , porque a solução geral do
sistema de equações
x1 x2 0
2 x1 x3 0
é
x , x , x R : x , x , x k , k , 2k , k
1 2 3
3
1 2 3
x , x , x R : x , x , x k 1,1, 2 , k
1 2 3
3
1 2 3
1,1, 2
F
11
Geradores de um espaço vetorial
Exemplo 4 (continuação).
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Base e dimensão de um espaço vetorial
Definição 4:
Chama-se base de um espaço vetorial V a um conjunto de vetores
que satisfaçam as seguintes condições:
1) Geram V;
2) São linearmente independentes.
Nota:
Para cada espaço vetorial (exceto para o espaço nulo) existem infinitas
bases, mas todas as bases são constituídas pelo mesmo número de
vetores.
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Base e dimensão de um espaço vetorial
Definição 5:
Chama-se dimensão de um espaço vetorial V ao número de vetores
de uma base desse espaço e representa-se esse número por dim(V).
Nota:
Considera-se que o espaço vetorial nulo tem dimensão 0.
Exemplo 5.
1 - Os vetores 1, 0, 0,..., 0 , 0,1, 0,..., 0 , 0, 0,1,..., 0 ,..., 0, 0, 0,...,1
n vectores
são linearmente independentes, constituem uma base de R n, à qual
se chama base canónica deR n.
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Base e dimensão de um espaço vetorial
Exemplo 5 (continuação).
2 - O subespaço vetorial de R 3, F x1 , x2 , x3 R3 : x1 x2 0 2 x1 x3 0
tem como base, por exemplo, o conjunto 1,1, 2 .
3 - Como os polinómios1, x, x2 ,..., xn são linearmente independentes,
1, x , x 2
,..., x n
é uma base de Pn x , à qual se chama base canónica
de Pn x .
Espaço
Base Canónica Dimensão
Vetorial
R 1 1
R2 1, 0 , 0,1 2
R3 1, 0, 0 , 0,1, 0 , 0, 0,1 3
R4 1, 0, 0, 0 , 0,1, 0, 0 , 0, 0,1, 0 , 0, 0, 0,1 4
… … …
n
R n 1, 0, 0,..., 0 , 0,1, 0,..., 0 , 0, 0,1,..., 0 ,..., 0, 0, 0,...,1
n vectores (finito)
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Base e dimensão de um espaço vetorial
Teorema 2:
Se o espaço vetorial V tem uma base de dimensão p, quaisquer p
vetores linearmente independentes geram V e formam uma base.
Exemplo 6.
Os vetores (1,0,2), (-1,0,3) e (0,1,5) formam uma base -->A=[1 0 2;-1 0 3; 0 1 5]'
de R 3, uma vez que dim( R 3 )= 3 e os vetores são A =
1. - 1. 0.
linearmente independentes, porque 0. 0. 1.
2. 3. 5.
k1. 1, 0, 2 k2 . 1, 0,3 k3 . 0,1,5 0, 0, 0 -->B=zeros(3,1);
-->rref([A B])
k1 k2 0 k1 0 ans =
1. 0. 0. 0.
k3 0 k2 0
0. 1. 0. 0.
2k 3k 5k 0
1 2 3 k3 0 0. 0. 1. 0.
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Base e dimensão de um espaço vetorial
Teorema 3:
Se o espaço vetorial V tem uma base de dimensão p, quaisquer p+1
vetores linearmente dependentes.
Observação:
Tendo-se um conjunto gerador de um espaço vetorial, para se obter uma
base, basta retirar desse conjunto os vetores que “estragam” a
independência linear.
Para isso, identificam-se os vetores que se podem escrever como
combinação linear dos restantes e retiram-se, até se obter um conjunto
de vetores linearmente independente.
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Coordenadas de um vetor relativamente a uma base
Definição 6:
Seja B u1 , u2 ,..., un uma base do espaço vetorial V. Todo o vetor vV
escreve-se de modo único como combinação linear dos vetores de B:
v k1u1 k2u2 ... knun , k1 , k2 ,..., kn R .
Nota 3:
Nestas condições o vetor v pode representar-se na forma v k1 , k2 ,..., kn B
Se a base B for a base canónica é usual omitir-se o índice
representativo da base em questão, escrevendo-se apenasv k1 , k2 ,..., kn
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Coordenadas de um vetor relativamente a uma base
Exemplo 7.
1 - O vetor (2,2,4) tem coordenadas:
2,2,4 relativamente à base canónica deR 3.
2, 0,2 relativamente à base B1 1,1,1 , 0,1,1 , 0, 0,1 de R 3 ,
ou seja,
2, 2, 4 2, 0, 2 B
1
2, 2, 4 2 B2
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Coordenadas de um vetor relativamente a uma base
Exemplo 7 (continuação).
2 - O vetor 1 3 tem coordenadas 1, 3, -2, 6 relativamente à base
2 6
1 0 0 1 0 0 0 0
B3 , , , de M22 R , ou seja,
0 0 0 0 1 0 0 1
1 3
2 6 1,3, 2, 6 B3 1,3, 2, 6
3
3 - O vetor 1 x 2 x3 tem coordenadas 1, 3/2, 0, -2 relativamente à
2
base B4 1, x, x 2 , x3
ou seja, 3 3 3
1 x 2 x3 1, , 0, 2 1, , 0, 2
2 2 B4 2
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Mudança de base
Definição 7:
Consideremos as seguintes bases de um espaço vetorial V:
B1 u1 , u2 ,..., un e B2 v1 , v2 ,..., vn .
Definição 7 (continuação):
ou seja,
B2 M .B1
onde
v1 m11 m12 ... m1n u1
v m u
m22 ... m2 n
B2 2 , M 21
e B1 2 .
... ... ... ... ... ...
vn mn1 mn 2 ... mnn un
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Mudança de base
Relação entre Matrizes de Mudança de base
A matriz M’, de mudança da base B2 para a base B1, determina-se
analogamente a M, obtendo-se B1= M’.B2.
Como B2= M . B1, substituindo na equação matricial anterior temos:
B1 M . M .B1
B1 M .M .B1
M .M I
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Mudança de base
Teorema 4:
Nas condições da definição de matriz de mudança de base, B2= M.B1,
tem-se que: M t . , onde
1 1
2 , 2 e Mt é a matriz transposta de M.
... ...
n n
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Mudança de base
Nota:
A relação M t . , do teorema anterior, permite determinar as
coordenadas de um vetor, dado na base B2, na base B1.
A relação M .
1 t
permite determinar as coordenadas de um
vetor, dado na base B1, na base B2.
Exemplo 8.
3
Consideremos as seguintes bases de R :
B1 1, 0, 0 , 0,1, 0 , 0, 0,1 e B2 1, 2,1 , 1, 1, 0 , 3,1, 1
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Mudança de base
Exemplo 8 (Resolução).
Determinação da matriz M’ (matriz de mudança da base B2 para a
base B1):
1, 0, 0 m11. 1, 2,1 m12 . 1, 1, 0 m13 . 3,1, 1 (1)
0,1, 0 m21. 1, 2,1 m22 . 1, 1, 0 m23 . 3,1, 1 (2)
0, 0,1 m31. 1, 2,1 m32 . 1, 1, 0 m33 . 3,1, 1 (3)
de (1) obtém-se:
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Mudança de base
Exemplo 8 (Resolução).
de (2) obtém-se:
m21 m22 3m23 0 m21 1
2m21 m22 m23 1 m22 4
m m 0 m 1
21 23 23
de (3) obtém-se:
m31 m32 3m33 0 m31 2
31
2 m m 32 m33 0 m32 5
m m 1 m 1
31 33 33
Assim,
1 3 1
M 1 4 1 Nota : Como M’= M-1 , podíamos ter calculado
M’ através do cálculo da inversa da Matriz M.
2 5 1
29
Mudança de base
Exemplo 8 (Resolução).
b) Determine as coordenadas do vetor (5,-2,3) na base B2.
M
1 t
. M .
t
1 1 1 2 5
2 3 4 5 . 2
3 1 1 1 3
1 13
2 38
3 10
30