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INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

CURSO DE LICENCIATURA EM
MATEMÁTICA

Álgebra Linear

Aula 6
No lugar de ternas de n°reais consideremos
agora como ênuplas de n° reais.
  ( x1 , x2 ,..., xn ); xi  
n

Seja
u   x1 , x2 ,..., xn  , v   y1 , y2 ,..., yn  ;   

u  v   x1  y1 , x2  y2 ,..., xn  yn 
e
 u   x ,  x ,...,  x
1 2 n 
Observe que para n  4 perdemos a visão
geométrica, mas apesar disto podemos
trabalhar nestes espaços da mesma
maneira que no  .
3
Sejam:
V  ( x1 , x2 , x3 , x4 ); xi  
u  (1, 0, 2, 4) ; v  (0, 2,3, 7)  V   4

Determine: u  3v.

u  3v  (1, 0, 2, 4)  3(0, 2,3, 7)


u  3v  (1, 6, 7, 25)
Os vetores u   x1 , x2 ,..., xn  , v   y1 , y2 ,..., yn 
podem aparecer as vezes com a notação
matricial:
 x1   y1 
x  y 
u  2
 e v  2

   
   
 xn   yn 
Sendo assim u  v e  u na notação
matricial são respectivamente os vetores:
 x1  y1   x1 
x  y   x 
uv   2 2
 e u   2

    
   
 xn  yn   xn 
Os conjuntos  e M : m  n munido
n

deste par de operações apresentam


uma “estrutura comum”.
A esta estrutura comum entre estes
conjuntos que chamamos Espaço
Vetorial.
Um espaço vetorial é uma estrutura
formada dos seguintes elementos:

1.Um corpo , (  ou  ) cujos


elementos farão o papel dos escalares.

2. Um conjunto V   dotado de
duas operações ( , ) soma e
produto por escalar.
e satisfazem as seguintes propriedades:

A1 : u  v  v  u , u , v  V
A2 : u  v  w   u  v   w u , v, w  V
A3 :  0 V | u  0  u ,  u V

A4 :  u V ,  u V | u   u   0
 
M 1 : ( )  u    (  u )
  
M 2 :(   )  u   u   u
   
M 3 :   (u  v )   u   v
 
M 4 : 1 u  u

 ,   K
 
uevV
1) Os Espaços Euclidianos
2 3 n
,  ,  ..., 
2) O conjunto das matrizes
M mn    M mn C 
3) O espaço dos polinômios sobre 
de grau . n  
Pn 
n
O Espaço Euclidiano  é um espaço
vetorial e para mostrar isso considere

u   x1 ,..., xn  , v   y1 ,..., yn  ,
w   z1 ,..., zn  e a, b  
A1) Comutativa – pela propriedade
comutativa da soma dos números reais
temos:
u  v   x1 ,..., xn    y1 ,..., yn 
u  v   x1  y1 ,..., xn  yn 
u  v   y1  x1 ,..., yn  xn 
u  v   y1 ,..., yn    x1 ,..., xn   v  u
A2) Associatividade: Usando a propriedade
associativa da soma entre números reais
obtemos:
u  v   w   x1  y1 ,..., xn  yn    z1 ,..., zn 
u  v   w   x1  y1  z1 ,..., xn  yn  zn 
u  v   w   x1   y1  z1  ,..., xn   yn  zn 
u  v   w   x1 ,..., xn    y1  z1 ,..., yn  zn 
 u  v  w 
A3) Elemento Neutro da Adição:
Dado que existe um elemento neutro no
corpo dos números reais, segue que
u  0   x1 ,..., xn    0,..., 0 
u  0   x1  0,..., xn  0 
u  0   x1 ,..., xn   u
Ou seja, (0, 0, · · · , 0) é o elemento
neutro em  n
A4) Inverso Aditivo - Dado que  é um
corpo, é possível mostrar que

u   u    x1 ,..., xn      x1 ,..., xn 

u   u    x1 ,..., xn     x1 ,...,  xn 

u   u    x1  x1 ,..., xn  xn 

  0,..., 0 
M1) Associatividade da Multiplicação por
Escalar - Para mostrar esta propriedade
usaremos o fato da multiplicação no
corpo dos números reais ser associativa.
a bu   a bx1 ,..., bxn 
a bu    abx1 ,..., abxn 
a bu   ab  x1 ,..., xn 

a  bu    ab  u
M2-3) Distributivas - Para provar ambas
propriedades distributivas, usaremos a
propriedade distributiva do corpo dos
números reais

i ) a u  v   a  x1  y1 ,..., xn  yn 
a u  v   a  x1 ,..., xn   a  y1 ,..., yn 

a u  v   au  av
ii )  a  b  u   a  b  x1 ,..., xn 

 a  b  u   a  b  x1 ,...,  a  b  xn 
 a  b  u   ax1  bx1 ,..., axn  bxn 
 a  b  u   ax1 ,..., axn   bx1 ,..., bxn 
 a  b  u  a  x1 ,..., xn   b  x1 ,..., xn 
 a  b  u  au  b u
M4) Elemento Neutro da Multiplicação -
Aqui, usaremos o fato de que o número
real 1 é o elemento neutro para a
multiplicação no corpo dos números
reais. De fato
1  u  1   x1 ,..., xn 
1  u  1  x1 ,...,1  xn 
1  u   x1 ,..., xn   u
Teorema: Seja V um espaço vetorial, v um
vetor de V e c um escalar. Então:
a) 0.v = 0
Prova: Podemos escrever
0.v + 0.v = (0 + 0).v = 0.v
Pelo Axioma A4 o vetor 0v tem um inverso
aditivo – 0v. Então
0.v + 0.v – 0.v = 0.v – 0.v

Logo, 0v = 0
b) c.0 = 0

Prova: Pelo Axioma M2 – M3 temos:


c.(0 + 0) = c.0 + c.0

Ou seja, c.0 = c.0 + c.0

O que implica, pelo ítem (a), que


c.0 = 0.
c) (-1)v = - v

Prova: Devemos mostrar que


v + (-1)v = 0

Assim, v + (-1)v = 1v + (-1)v

v + (-1)v = (1-1)v

v + (-1)v = 0v = 0
d) Se c.v = 0 então c = 0 ou v = 0.
Prova: i) Se c = 0 então 0.v = 0.
ii) Suponha que c  0 .Daí o número real c
1
possui inverso multiplicativo c .
1
Multiplicando ambos os membros por c
obtemos
c 1
c  v   c
1
0  0

c 1
 c v  0

1 v  0  v  0
3
Consideremos no espaço vetorial  os
vetores u = (1,2,1), v = (3,1,-2) e
w = (4,1,0)
a) Calcular 2u + v - 3w
b) Resolver a equação 3u + 2x = v + w
c) Resolva o sistema de equações

u  y  v  z 3
 ; z, y  
v  2 z  y
a) Temos,

2u  v  3w  2 1, 2,1  3,1, 2   3  4,1, 0 

  2, 4, 2   3,1, 2   12,3, 0 

  7, 2, 0 
b) Aplicando propriedades já conhecidas
para resolver a equação 3u + 2x = v + w
temos, 1
x v  w  3u 
2
1
Assim, x  3,1, 2    4,1, 0   3 1, 2,1
2
Portanto  5
x   2, 2,  
 2
 y  z  v u
c) Do sistema obtemos 
  y  2 z  v
Somando ambos os membros desta
equação obtemos
z  u   1, 2,1   1, 2, 1
Substituindo o valor de z na 1ª equação
y  v  u  z  3,1, 2   1, 2,1   1, 2, 1

y  1, 3, 4 
Definição: Se v   x1 , x2 ,..., xn  for um
n
vetor em  , então a norma de v
(comprimento) é denotada por v e dada
por
2 2 2
v  x  x2  ...  xn
1

ou
2 2 2 2
v  x  x2  ...  xn
1
Calcule a norma do vetor v   3, 2,1
3
em .

  3  2  1  14
2 2 2 2
v
Logo, v  14 uc
n
Teorema: Seja v um vetor em  e c um
escalar qualquer. Então:
a) v 0
Prova: Decorre da definição pois

2 2 2 2
v  x  x2  ...  xn  0
1

Assim 2
v  v 0
Teorema: Seja v for um vetor em  e c n

um escalar qualquer. Então:


b) v 0v0
Prova: Decorre também da definição pois
2 2 2 2
v  x  x2  ...  xn  0
1


x1  x2  ...  xn  0  v0
Teorema: Seja v for um vetor em  e c n

um escalar qualquer. Então:


c) cv  c  v
Prova: Temos c  v  c  x1 , x2 ,..., xn   cx1 , cx2 ,..., cxn 
Então c  v   cx1    cx2   ...   cxn 
2 2 2 2

c 2
x
1
2 2
 x2  ...  xn 2

Extraindo a raíz temos

cv  c 2
x
1
2 2
 x2  ...  xn 2
 c v
Definição: Um vetor v   x1 , x2 ,..., xn 
n
do  é dito unitário se v  1 .
1 v
Observação: O vetor u v 
v v
é unitário.
De fato, pelo ítem c do Teorema anterior
1
e fazendo c 
v

1 1
cv  c  v   v   v 1
v v
O processo de multiplicar um vetor v pelo
inverso de sua norma para obter um vetor
unitário é denominado normalização de
v. .

Exemplo: Normalize o vetor v   2, 2, 1 .


Calculando a norma de v obtemos:

 2  2   1  9  v  3
2 2 2 2
v

Então

v 1  2 2 1
u    2, 2, 1   , ,  
v 3  3 3 3

Note que u 1
Podemos estender o conceito do ângulo 
2 3
entre dois vetores
 u e v
de ou
n

para .
Desta forma temos

u v
cos  
u  v
Note que se cos   0 então os vetores
u e v são ortogonais. Para tanto é
necessário que u  v  0 . Por que ?

Definição: Dizemos que dois vetores u e


n
v em  são ortogonais se o produto
escalar

u v  0
Definição: Um conjunto não vazio de
n
vetores em  é dito ortogonal se dois
quaisquer de seus vetores forem
ortogonais.

Definição: Um conjunto ortogonal de


vetores unitários é dito ortonormal.
1) Mostre que os vetores u = (-2,3,1,4) e
v = (1,2,0,-1) do 4 são ortogonais.

De fato, os vetores u e v são ortogonais já


que

u  v  2 1  3  2  1 0  4  1  0
2) O conjunto S  i, j , k  do  3
é
Ortogonal ? É ortonormal ?

Lembre-se que
i  1, 0, 0  , j   0,1, 0  e k   0, 0,1

Efetuando os devidos cálculos concluímos


que S é ortogonal e seus vetores são
unitários, portanto S é ortonormal.
Bibliografia Básica
Anton, H.; Rorres, C.: Álgebra Linear
com Aplicações, Bookman, 8a
edição, Porto Alegre, RS, 2001.

Boldrini, Costa, Figueiredo, Wetzler.:


Álgebra Linear, Harper editora,
1984.
Bibliografia Básica

Hoffman, K.;Kunze,R.: Álgebra


Linear, LTC editora, 1979.

 Carlos A. Callioli; Hygino H.


Domingues; Roberto C. F. Costa.
Álgebra Linear e Aplicações. Atual
Editora
 Lipschutz, S.: Álgebra Linear, Ed.
McGraw-Hill do Brasil Ltda., 3a
edição, São Paulo, SP, 1997.

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