Você está na página 1de 63

INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

CURSO DE LICENCIATURA EM
MATEMÁTICA

Álgebra Linear

Aula 8
Combinações Lineares
Considere um espaço vetorial V, e v1 , v2 ,..., vn
elementos de V.

Uma combinação linear desses vetores é


uma expressão do tipo.

c1v1  c2 v2  ...  cn vn

Em que c1 , c2 ,..., cn são números reais.


Combinações Lineares
Se um vetor v pode ser descrito através de
uma soma de produtos por escalares, isto é

c1v1  c2v2  ...  cn vn


Dizemos que v é combinação linear de,
v1 , v2 ,...,
, vn e escrevemos

v  c1v1  c2v2  ...  cn vn


O conjunto W de todas as combinações
lineares dos vetores v1 , v2 ,..., vn  V , é
chamado subespaço gerado pelos
vetores v1 , v2 ,..., vn .

W  span  v1 , v2 ,..., vn 

O conjunto v1 , v2 ,..., vn  é chamado


Conjunto de Geradores de W.
1, 0, 0  , 0,1, 0  , 0, 0,1
3
é um conjunto de Geradores para 
Porque todo vetor  x, y, z   
3

Pode ser escrito da forma:


 x, y, z   x 1,0,0   y 0,1,0   z 0,0,1
Assim, escrevemos:

  span 1,0,0  , 0,1,0  , 0,0,1


3
3
Encontre o subespaço S de  gerado
pelos vetores u = (1,2,0), v = (3,0,1) e
w = (2,- 2,1).

Como S = span (u,v,w), cada elemento de


S é uma combinação linear de u,v e w.
Um elemento genérico de S, pode ser
escrito (x,y,z) = au + bv + cw, onde a, b e c
são números reais.
Daí temos,  x, y, z   a 1, 2, 0   b 3,0,1  c  2,  2,1

Que corresponde ao sistema

a  3b  2c  x

2a  2c  y
b  c  z

que possui a seguinte matriz ampliada:

 1 3 2 x
 
 A | B    2 0 2 y 
0 1 1 z
 
1 3 2 x L2  L3 1 3 2 x
   
 2 0 2 y  0 1 1 z
 
0 1 1 z   2 0 2 y 
   

1 3 2 x 
L3   2  L1  L3  
 0 1 1 z 
 0 6 6 2 x  y 
 
1 3 2 x 
  L3  6  L2  L3
 0 1 1 z 
 0 6 6 2 x  y 
 

1 3 2 x 
 
 0 1 1 z 
 0 0 0 6z  2x  y 
 
O sistema tem solução se, e somente se,
os valores de x, y e z são tais que se
tenha 6 z  2 x  y  0 .
Assim, o subespaço gerado por u, v e w é
da forma:

S   x, y, z    ,  2 x  y  6 z  0 
3

Essa é precisamente a equação de um


3
plano em  contendo a origem.
2
Encontre o subespaço S de  gerado
pelos vetores u = (1,1) e v = (1, - 1)

Por definição temos,  x, y   a 1,1  b 1, 1


que resulta no seguinte sistema.

a  b  x

 a  b  y
que possui a seguinte matriz ampliada:

1 1 x 
 A | B   
 1 1 y 
1 1 x  L2  L1  L2
1 1 x 
   
1 1 y  0 2 x  y

1 1 x 
1
L2   L2  
2 0 1 x  y 
 2 
O sistema tem sempre solução, para
quaisquer valores de x e y. Não há
restrições sobre x e y para que um vetor
2
genérico (x,y) de  esteja no espaço
gerado pelos vetores (1,1) e (1,-1).

Daí

span 1,1 , 1, 1    2


Observação
Em nosso curso, estudaremos mais a fundo
os espaços que são finitamente gerados,
ou seja, que admitem um conjunto finito
de geradores, o mesmo acontecendo para
todos os seus subespaços.
Encontre um conjunto de geradores do
subespaço S   x, 2 x  , x     .
2

Note que os elemento de S são da forma


 x, 2 x   x 1, 2 
Portanto todos os elementos de S são
combinações lineares de (1,2). Assim,
S  span 1, 2 
Encontre um conjunto de geradores do
subespaço S   x, x  y, y  ; x, y     .
3

Note que os elemento de S são da forma


 x, x  y, y   x 1,1,0   y 0,1,1
Portanto todos os elementos de S são
combinações lineares de (1,1,0) e (0,1,1).
Assim,
S  span 1,1,0  ,  0,1,1
Encontre um conjunto de geradores do

subespaço S   x, y, z    ; x  y  z  0 .
3

Note que z = x + y. Assim, os elementos de


S são da forma  x, y, x  y   x 1,0,1  y 0,1,1 .
Portanto todos os elementos de S são
combinações lineares de (1,0,1) e (0,1,1).
Assim,
S  span 1,0,1 , 0,1,1
Encontre um conjunto de geradores do
2
subespaço S  a  bt  ct  P2 ; a  b  2c  0 . 

Note que a = b + 2c. Então,


a  bt  ct  b  2c  bt  ct  b 1  t   c  2  t
2 2 2

Portanto todos os elementos de S são
2
combinações lineares de 1  t e 2  t .
Assim,
S  span 1  t , 2  t 
2
Encontre um conjunto de geradores do
subespaço
a b  
S     M 2    ; a  b  c  0 e c  d  0
 c d  

Note que c = - d e a = - b - d. Então S é da


forma
  b  d b  
S    ; b, d   
 d d  
Então,  b  d b   1 1   1 0
 d d   b   0 0  d   1 1 
     
Portanto todos os elementos de S são
combinações lineares de
 1 1   1 0 
 0 0 e   . Assim,
   1 1 
  1 1   1 0 
S  span    ,  
  0 0   1 1  
Proposição: Se U  span u1 , , un 
e W  span  w1 , , wn  são subespaços do
espaço vetorial V, então.

U  W  span u1 , , un , w1 , , wn 

Prova: Seja v  u  w em que u  U e w  W


Assim podemos escrever

u  a1u1    anun e w  b1w1    bn wn


Prova: Portanto
v  u  w  a1u1    anun  b1w1    bn wn
O que implica que
v  span u1 , , un , w1 , , wn 

De forma mais simples e direta, podemos


obter o espaço soma reunindo todos os
geradores de U e W, formando o
subespaço U + W
Dependência e Independência Linear
V Espaço vetorial v1 , v2 ,..., vn  V .
Dizemos que o conjunto v1 , v2 ,..., vn 
é linearmente independente (L.I), se:
a1v1  ...  an vn  0  a1  ...  an  0

Se:  ai  0; a1v1  ...  an vn  0


Dizemos que é um conjunto de vetores
linearmente dependentes (L.D).
Considere V um espaço vetorial real. Se
um conjunto S contido em V possui um
único vetor v não nulo, então S é
linearmente independente.
Prova: Seja S  v .
Considere a equação c  v  0 .
Portanto c  0 já que v  0 .
O que implica, por definição, que S é
linearmente independente.
Se um conjunto finito S contém o vetor nulo
então S é linearmente dependente.
Prova: Seja S  0, v1 ,..., vn  .

Considerando a seguinte combinação linear


temos, c  0  0  v1  ...  0  vn  0 para todo c  0 .

O que implica, por definição, que S é


linearmente dependente.
Se U e W são subconjuntos finitos e não
vazios de V, se U  W e U é LD , então
W também é LD.
Prova: Suponha que U   v1 ,..., vr  e
W   v1 ,..., vr ,..., vt 
Por hipótese, existem escalares c1 ,..., cr
não todos nulos tais que .

c1  v1  ...  cr  vr  0
Prova: Aproveitando os escalares c1 ,..., cr
e completando com zeros obtemos a
equação.

c1  v1  ...  cr  vr  0  vr 1  ...  0  vt  0

Como nem todos os escalares dessa


equação são nulos, então o conjunto W é
LD.
Se U e W são subconjuntos finitos e não
vazios de V, se U  W e W é LI , então U
também é LI.

Prova: Se U fosse LD, então, pela


propriedade 3, W também seria LD.

O que é uma contradição pois, por


hipótese, W é linearmente independente.
O conjunto S   v1 ,..., vn  é linearmente
dependente se, e somente se, um desses
vetores for combinação linear dos outros.
Prova: Sejam v1 ,..., vn vetores linearmente
dependentes e a equação
c1  v1  ...  ci  vi  ...  cn  vn  0
Por definição de dependência linear um
desses coeficientes é não nulo. Digamos
ci  0
Prova: Vamos dividir a equação por ci .

c1 cn
 v1  ...  vi  ...   vn  0
ci ci

Portanto c1 cn
vi    v1  ...   vn
ci ci

Assim vi é uma combinação linear dos


outros vetores.
Prova: Por outro lado, se tivermos
v1 ,..., vi ,... , vn
Tal que para algum i tem-se
vi  b1  v1  ...  bi 1  vi 1  bi 1  vi 1  ...  bn  vn
Assim, b1  v1  ...  bi 1  vi 1  vi  bi 1  vi 1  ...  bn  vn  0

Com bi  1 .

Portanto o conjunto S   v1 ,..., vn  é


linearmente dependente.
Mostre que conjunto S  1,0,0  ,  0,1,0  , 0,0,1
3
do  é linearmente independente.
Considere a equação

a  1,0,0   b   0,1,0   c  0,0,1  0,0,0 

Logo, a  b  c  0
A única solução é a trivial. Portanto S é
linearmente independente.
Verifique se os vetores u = (1,2,0),
3
v = (3,0,1) e w = (2, - 2,1) do  são
linearmente independentes.

Considere a equação

a  1, 2,0   b  3,0,1  c   2, 2,1  0,0,0 


Daí temos, a 1, 2,0   b 3,0,1  c  2,  2,1  0,0,0 

Que corresponde ao sistema

a  3b  2c  0

 2 a  2c  0
b  c  0

que possui a seguinte matriz ampliada:

 1 3 2 0
 
 A | B    2 0 2 0 
 0 1 1 0
 
1 3 2 0 L2  L3 1 3 2 0
   
 2 0 2 0  0 1 1 0
 
0 1 1 0  2 0 2 0 
   

1 3 2 0
L3   2  L1  L3  
 0 1 1 0 
 0 6 6 0 
 
1 3 2 0
  L3  6  L2  L3
 0 1 1 0 
 0 6 6 0 
 

1 3 2 0
 
 0 1 1 0 
0 0 0 0
 
Como o posto da matriz aumentada é
igual ao posto da matriz dos coeficientes,
no caso 2, porém diferente do número de
incógnitas que é 3, o sistema é
consistente e indeterminado, ou seja tem
infinitas soluções, a saber:

a  3b  2c  0
  b  c e a  c
b  c  0
O que implica que a solução dos sistema
é dada por

S   c,  c, c  , c  

Portanto os vetores u, v e w são


linearmente dependentes
Determine se os polinômios p  1  x ,
q  5  3x  2 x 2
r  1  3x  x 2
P2   
, e de
são LI ou LD. Considere a equação

a  1  x   b  5  3x  2 x   c  1  3x  x   0
2 2
Daí temos, a  1  x   b  5  3x  2 x 2   c  1  3x  x 2   0

Efetuando os devidos cálculos obtemos


 a  5b  c    a  3b  3c  x   2b  c  x 2
0
Que corresponde ao sistema

a  5b  c  0

a  3b  3c  0
2b  c  0

que possui a seguinte matriz ampliada:

 1 5 1 0
 
 A | B    1 3 3 0 
 0 2 1 0 
 
 1 5 1 0 L2  L1  L2 1 5 1 0
   
 1 3 3 0   0 8 4 0 
 0 2 1 0   0 2 1 0 
   
1 5 1 0
1  
L2   L2
0 1 1
8 0
 2 
 0 2 1 0 
 
1 5 1 0
 
0 1 1 L3  2  L2  L3
0
 2 
 0 2 1 0 
 
1 5 1 0
 
0 1 1
0
 2 
0 0 2 0
 
1 5 1 0
  1
0 1 1 L3   L3
0
 2  2
0 0 2 0
 
1 5 1 0
 
0 1 1
0
 2 
0 0 1 0
 
Como o posto da matriz aumentada é
igual ao posto da matriz dos coeficientes,
no caso 3, que também é igual ao número
de incógnitas que é 3, o sistema é
consistente e determinado, ou seja tem
uma única solução, a saber:
a  5b  c  0
 1

b  c  0  a  b c  0
 2
c  0
Note que, como o sistema é homogêneo e
tem uma única solução ela deve ser a
solução trivial. Ou seja,

S   0,0,0 

Portanto os vetores p, q e r são


linearmente independentes.
Note que,
O sistema que aparece no exemplo
anterior é exatamente o mesmo que o
sistema abaixo

x  5y  z  0

 x  3 y  3 z  0
 2 y  z  0

Cuja matriz ampliada é a mesma

 1 5 1 0
 
 A | B    1 3 3 0 
 0 2 1 0 
 
Isso ocorre por causa da
correspondência entre P2    e  , que
3

relaciona
1 5
 
1  x   1 , 2 
5  3x  2 x   3  ,
 0   2 

1
2 
1  3x  x   3  
 1
Assim, provar que o conjunto
1  x,5  3x  2 x ,1  3x  x 
2 2

é linearmente independente é equivalente


a provar que o seguinte conjunto é
linearmente independente

 1   5   1  
      
  1`,  3  ,  3  
  0   2   1 
      
Teorema 2 ( Mais – Menos ): Seja W um
conjunto não vazio de vetores num espaço
vetorial V.
a) Se W for L.I e v  V que não pertence
ao span(W), então W  v ainda é L.I.
Prova: Suponha que W   v1 ,..., vr  seja L.I
e que v  span W  .
Considere W '   v1 ,..., vr , v e equação
c1  v1  ...  cr  vr  cr 1  v  0
a) Se W for L.I e v  V que não pertence
ao span(W), então W  v ainda é L.I.

Prova: Certamente cr 1  0 já que v  span W 


Assim a equação se reduz a

c1  v1  ...  cr  vr  0
O que implica que, pela independência
linear de W, que c1  ...  cr  0 .
Teorema 2 ( Mais – Menos ): Seja W um
conjunto não vazio de vetores num espaço
vetorial V.
b) Se v  W pode ser expresso como
combinação linear dos outros vetores de
W, então span W   span W  v .

Prova: Suponha que W   v1 ,..., vr   V e que


vr
é uma combinação linear de v1 ,...,
. vr 1
b) Prova: Digamos vr  c1  v1  ...  cr 1  vr 1 (1).

Queremos mostrar que se vr for removido


de W então o conjunto restante W '   v1 ,..., vr 1
ainda gera o span (W).
Como w  span W  temos

w  c1  v1  ...  cr 1  vr 1  cr  vr 2
Substituindo (1) em (2) obtemos

w  c1  v1  ...  cr 1  vr 1  cr  c1  v1  ...  cr 1  vr 1 

O que implica que w é combinação linear


dos vetores v1 , , vr 1 . Isto é,

span W   span W  v


Bibliografia Básica
Anton, H.; Rorres, C.: Álgebra Linear
com Aplicações, Bookman, 8a
edição, Porto Alegre, RS, 2001.

Boldrini, Costa, Figueiredo, Wetzler.:


Álgebra Linear, Harper editora,
1984.
Bibliografia Básica

Hoffman, K.;Kunze,R.: Álgebra


Linear, LTC editora, 1979.

Carlos A. Callioli; Hygino H.


Domingues; Roberto C. F. Costa.
Álgebra Linear e Aplicações. Atual
Editora
Lipschutz, S.: Álgebra Linear, Ed.
McGraw-Hill do Brasil Ltda., 3a
edição, São Paulo, SP, 1997.

Você também pode gostar