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Vetores e Álgebra Vetorial Prof.

Júlio César TOMIO

OPERAÇÕES COM VETORES NA FORMA ALGÉBRICA [ANALÍTICA] NO ℝ2

Os vetores podem ser operados em suas formas geométricas (através de suas representações em desenho, como vimos
anteriormente). Porém, se estas operações forem realizadas algebricamente (analiticamente), teremos precisão absoluta dos
resultados e maior quantidade de informações (módulo, direção e sentido), principalmente quando os vetores se encontram
num espaço tridimensional. Inicialmente trataremos do espaço bidimensional. Vejamos:

 Multiplicação de um Escalar [Número Real] por um Vetor:


 
Dado um vetor v  ( x1 , y1 ) no ℝ2 e um número n ℝ, define-se que: n.v  (n.x1 , n.y1 ) .
Vamos exemplificar essa operação algebricamente e também graficamente.

EXEMPLO:

1) Considere o vetor w = (–2, 1) no Sistema Cartesiano Ortogonal.

     1 
a) Determine o vetor v de modo que v  3w . c) Determine o vetor u de modo que u  w .
2
      
b) Determine o vetor t de modo que t  2w . d) Represente os vetores w , v , t e u no ℝ2.

Resolução:
y
   
a) v  3w b) t  2w
 
v  3.(2, 1) t  2.(2, 1) 
  v
v  (6 , 3 ) t  (4 ,  2 ) 3


w
 1  1
c) u  w 1/2
2 4

 1 –6 –2 –1 x
u   (2, 1)
2

  1 u –2 
u   1 ,  t
 2

Observação:

 Note que no exemplo acima todos os vetores têm mesma direção (são colineares ou paralelos).
  
 Quando um vetor qualquer v  0 é multiplicado por um escalar “n” (n  ℝ), tem-se um novo vetor n v que pode ser

denominado múltiplo escalar de v .

Através do exemplo anterior podemos RELEMBRAR o conceito de multiplicação de um escalar por um vetor. Então:
  
 Quando multiplicamos um número real “n” por um vetor v  0 , temos um novo vetor “ n v ”, sendo que:
 
 módulo : | nv |  | n | . | v |

  
nv   direção : a mesma de v  
  se n  0  nv tem o mesmo sentido de v
 sentido :  se n  0  nv tem sentido contrário de v
 

 Adição (e Subtração) de Vetores:


 
Dados os vetores v  ( x1 , y1 ) e w  ( x2 , y2 ) no ℝ2, define-se:
     
 v  w  ( x1  x2 , y1  y2 )  v  w  v  (w)  ( x1  x2 , y1  y2 )
Vamos exemplificar essa(s) operação(ões) algebricamente e também graficamente.

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EXEMPLOS:

1) Considere uma bóia B’ flutuando num lago de águas calmas y


  
(na origem) e que os vetores t   40 i e v  (0,  30)
representam duas forças (em N) aplicadas simultaneamente na

bóia em questão. Determine o vetor R que representa a força x
resultante aplicada e represente esquematicamente a situação
no ℝ2 ao lado.

  
Note que, para este caso: | v |  30N , | t |  40N e | R |  50N .

         
2) Dados os vetores v = (4, –1), w  i  5 j e t  ( 1,1) , determine o vetor R sabendo que R  v  w  t , e faça a
representação desses no ℝ2 ao lado. y

     
Observe que:  v , w teremos v  w  w  v (propriedade comutativa da adição de vetores).

       1  
3) Considerando os vetores u  3 i  j e v  ( 1, 2) , determine o vetor t de modo que: 4(u  v)  t  2u  t .
3

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Particularidades dos Vetores no ℝ2:

 Vetor Oposto:
  
Relembramos que, a cada vetor v  0 corresponde um vetor oposto  v , de mesmo módulo e direção, porém, de sentido
 
contrário. Analiticamente, podemos concluir que o vetor t  (3 ,  2) é o vetor oposto de w  (3, 2) e vice-versa. Veja a
representação gráfica abaixo:
y
Então, é verdade que:
   
 t  w ou w   t N 2

 O P  O N ou O N  O P w

3
Observe que: –3 0  x
   
 | t |  | w | , porém t  w t
  
 tw0
–2 P

Através do exposto, podemos generalizar que a SOMA de qualquer VETOR com o seu OPOSTO, resulta no vetor NULO. Para
o caso acima, algebricamente, temos:
  
 t  w  (3, 2)  (3, 2)  (3  3,  2  2)  (0, 0)  0

 Relembrando o Vetor Posição:

Observando o ℝ2 abaixo, podemos escrever: OA  AB  OB .


y Então: AB  OB  OA
B AB  ( B  O)  ( A  O)
AB  B  O  A  O

v AB  B  A

A v  B A

v

 v é o vetor posição de AB .
O x

EXERCÍCIOS – Operações com Vetores na Forma Algébrica [Analítica] no ℝ2


       
1) Dados os vetores u  (3,  1) e v  (1, 2) , determine o vetor t de modo que: 3t  (2v  u)  2(4 t  3u) .

2) Dados os pontos A(–1, 3), B(2, 5), C(3, –1) e O(0, 0) determine os vetores resultantes de:

a) O A A B b) O C BC c) 3BA  4C B


3) Dados os pontos A(3, –4) e B(–1, 1) e o vetor v  (2, 3) , calcule os vetores determinados por:
  
a) (B  A)  2v b) (A  B)  v c) B  2(B  A) d) 3v  2(A  B)

1
4) Dados os pontos A(–1, 2) e B(3, –1) e C(–2, 4), determine o ponto D de modo que C D   A B.
2

           1  3 
5) Dados os vetores u  2i  j e w  3i , determine t de modo que: 3t  (4u  2w)  5    t  u  w 
 2 4 

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6) Determine algebricamente o vetor resultante nos casos a seguir e, ao final, represente-o graficamente:

a)

b)

 1   3 1      1  
7) Considere os vetores v   , 0 , w   ,   , t  i  3j e s    2 ,  . Determine o vetor u de modo que o
2  4 5   10 
    4 
vetor resultante na expressão R  u  v  2w  t  5s seja o vetor nulo.
3

8) Dados os pontos A  (1, 2) e B  (3,5) , determine: D(14, 16)

a) o ponto M que divide o segmento AB em duas partes iguais.


[neste caso, o ponto M é chamado “ponto médio” do segmento AB] P

b) os pontos P e Q que dividem o segmento AB em três partes iguais.

9) O segmento de reta C D (figura ao lado) foi dividido em partes iguais.


Assim, determine as coordenadas do ponto P.
C(–6, –1)

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RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS

 23 11 
1)  ,  2a) (– 4, 1) 2b) (2, 5) 2c) (–5, –30) 3a) (–8, 11) 3b) (6, –8) 3c) (–9, 11)
 5 5 

0 , 5    121 13   
3d) (–14, 19) 4) D    5) t   ,  6a) R  (1,  2) 6b) R  (5,  1)
 2  32 16 
  31 39    1,  3    1 ,  1    5 ,  8   63 
7) u   ,   8a) M  8b) e 9) P   10 , 
 3 10   2  3 3  3 3  5 

O ponto médio M( x M , y M ) de um segmento AB, também pode ser calculado diretamente pelas expressões
x A  xB y A  yB
xM  e yM  , normalmente estudadas na Geometria Analítica do Ensino Médio.
2 2

VETORES NO ℝ3

As definições e conclusões relativas ao ℝ3, dar-se-ão de forma análoga ao que vimos até então para o ℝ2. Sendo assim:

 Vetor definido por dois pontos:


Um vetor definido por dois pontos A e B será:
A B  B  A  (x B , y B , zB )  (x A , y A , z A ) . Daí tem-se que: A B  ( x B  x A , y B  y A , zB  z A )

 Igualdade de vetores:
   
Dados dois vetores v  (x1 , y1 , z1 ) e w  (x 2 , y 2 , z 2 ) , v  w  x1  x 2 e y1  y 2 e z1  z2 .
Isto garante que os vetores em questão terão mesmo módulo, direção e sentido.

z
 Versores da Base Canônica:
  
Os versores que formarão a base canônica do ℝ3 são: i , j e k .

  
Sendo que: | i |  | j |  | k |  1 onde: 
k
  
i  (1, 0, 0) , j  (0, 1, 0) e k  (0, 0, 1)
 
    i j y
Daí tem-se que: v  (x , y , z)  x i  y j  zk

 Vetores nos Eixos e Planos Coordenados:


x

Se um vetor posição v está sobre o:
  
 eixo x, então esse vetor é do tipo: v  (x, 0, 0) ou v  xi .
  
 eixo y, então esse vetor é do tipo: v  (0, y, 0) ou v  yj .
  
 eixo z, então esse vetor é do tipo: v  (0, 0, z) ou v  zk .

Se um vetor posição v está sobre o:
   
 plano xy, então esse vetor é do tipo: v  ( x, y, 0) ou v  x i  yj .
   
 plano yz, então esse vetor é do tipo: v  (0, y, z) ou v  yj  z k .
   
 plano xz, então esse vetor é do tipo: v  ( x, 0, z) ou v  x i  zk .

 Vetor Nulo [ou Zero]:

No ℝ3, o vetor nulo é definido pela terna (0, 0, 0) que também define a origem do sistema de coordenadas em questão.

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 Representação Geométrica:

Exemplificando e localizando os “vetores posição” no ℝ3, temos: z

   
a  2i  3 j  3k  (2,  3, 3)
  
b  4i  5k  (4, 0, 5)

  3  3
c  5 j  k   0, 5,  
2  2

  
d  i  2 j  (1,  2, 0)

 
e  4k  ( 0, 0,  4)
   
f   j  2k  5i  (5,  1, 2)
y

Finalizando:

 Um vetor posição w qualquer, tem algumas maneiras de ser representado algebricamente. A expressão analítica usual
    
w  ( x, y , z ) é apresentada a seguir com as suas notações equivalentes: w  (x , y , z)  x. i  y .j  z.k  x , y , z .

Acrescentaremos ainda, um exemplo para “finalizar” esse tema. Veja:


    
Já sabemos que o vetor w  4 i  3 j  k pode ser escrito na forma analítica w  (4, 3, 1) . Podemos verificar facilmente
  
esta correlação, substituindo os correspondentes versores: i  (1, 0, 0) , j  (0, 1, 0) e k  (0, 0, 1) . Assim:
   
w  4 i  3j  k

w  4(1, 0, 0)  3(0, 1, 0)  (0, 0, 1)

w  (4, 0, 0)  (0, 3, 0)  (0, 0, 1)

w  (4, 3, 1)

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 Uma outra notação para vetores, que é importante e conveniente em algumas situações, é a MATRICIAL . Assim, um vetor
x 
  
qualquer w  ( x, y , z ) pode ser escrito como matriz-coluna: w   y  , ou ainda, como matriz-linha: w  x y z .  
 z 

OPERAÇÕES COM VETORES NA FORMA ALGÉBRICA [ANALÍTICA] NO ℝ3

As operações com vetores na forma algébrica tornam-se especialmente importantes no espaço tridimensional, devido à
dificuldade de uma representação geométrica inteligível para muitos casos; sem mencionar a precisão absoluta dos
resultados analíticos. Novamente, todos os processos descritos a seguir são análogos aos estudados no sistema
bidimensional. A diferença nos processos algébricos reside apenas no acréscimo de uma coordenada, a cota (z). Vejamos as
operações:
 
Dados os vetores v  (x1 , y1 , z1 ) e w  (x 2 , y 2 , z 2 ) no ℝ3 e um número n  ℝ, define-se:

 Multiplicação de um Escalar [Número Real] por um Vetor:



 n. v  (n.x 1 , n.y1 , n.z1 )

 Adição [e Subtração] de Vetores:


 
 v  w  (x1  x 2 , y1  y 2 , z1  z2 )
   
 v  w  v  (w)  (x1  x 2 , y1  y 2 , z1  z2 )

EXEMPLOS COMPLEMENTARES:
   
1) Considere o vetor w  P Q sendo que P = (2, 3, 4) e Q = (–2, 3, 5). Determine o vetor t , tal que: t  4w .

Resolução I:
   
Inicialmente, vamos calcular o vetor w . Assim: w  P Q  w  Q  P  (2, 3, 5)  (2, 3, 4)  w  ( 4, 0, 1)
   
Agora podemos calcular o vetor pedido. Então: t  4w  t  4.(4, 0, 1)  t  (16, 0,  4)

Resolução II:
   
Sabemos que t  4w e que w  P Q , então, substituindo o vetor w , temos:
    
t  4.PQ  t  4.(Q  P)  t  4Q  4P  t  4.(2, 3, 5)  4.(2, 3, 4)  t  (8,  12,  20)  (8, 12, 16)

Assim, o vetor solicitado é: t  (16, 0,  4)

 
2) Dados os pontos A(2, –2, 1) e B(1, 3, 5) e o vetor w  (1, 0,  4) , determine o vetor: 2w  3(A  B)  A B

Resolução:

 Inicialmente chamaremos de R o vetor solicitado. Então: R  2w  3( A  B)  AB

 Organizando... R  2w  3 A  3B  ( B  A)

R  2w  3A  3B  B  A

R  2w  2B  2 A

 Substituindo o vetor w e os pontos A e B ... R  2(1, 0,  4)  2(1, 3, 5)  2(2,  2,1)
 Multiplicando os valores... R  (2, 0,  8)  (2, 6,10)  (4,  4, 2)
R  (4, 6, 2)  (4,  4, 2)
 Enfim, temos o vetor solicitado: R  (0, 10, 0)

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3) Encontrar o vértice oposto à B, no paralelogramo ABCD, sabendo que A(–3, –1, 0), B(4, 2, 0) e C(5, 5, 0).

Esquema

     
4) Determine o vetor resultante de u  w  t , sendo que: u  (3, 2, 0) , w  (0, 2, 4) e t  (0,  3, 0) .

Resolução:

Inicialmente chamaremos de R o vetor resultante solicitado.
   
Então: R  u  w  t

R  (3, 2, 0)  (0, 2, 4)  (0,  3, 0)

Logo: R  (3, 7, 4)

Ao lado, temos o problema


representado graficamente.

EXERCÍCIOS – Vetores no ℝ3 + Operações com Vetores na Forma Algébrica [Analítica] no ℝ3

  
1) Determinar o vetor v , sabendo que: (3, 7, 1) + 2 v = (6, 10, 4) – v .


2) Dados os pontos A(2, –2, 3) e B(1, 1, 5) e o vetor v  (1 , 3 ,  4) , calcular:
 
a) A + 3v b) (A – B) – v

c) B + 2(B – A) d) 2v – 3(B – A)

2
3) Dados os pontos A(3, – 4, –2) e B(–2, 1, 0), determinar o ponto N pertencente ao segmento AB, tal que A N  A B.
5
 
4) Considerando os vetores u  (3, 0,  1) e v  (1,  3, 2) e os pontos A(0, 4,  1) e B(2, 6,  7) , determine o
   1  
vetor w tal que: 4(u  v )  w  2u  BA  w .
3

5) Dados os pontos A(1, –2, 3), B(2, 1, – 4) e C(–1, –3, 1), determinar o ponto D tal que A B  C D  0 . Em seguida
representar os vetores posição de A B e C D no ℝ3.

     
6) Sabendo que 3u  4 v  2w , determinar “a”, “b” e “c”, sendo u = (2, –1 , c), v = (a , b –2 , 3) e w = (4 , –1 , 0).

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  
7) Dados os vetores u  (2 , 3 ,1) , v  (1 ,  1 ,1) e w  (3 , 4 , 0) ;
     
a) determinar o vetor x de modo que: 3u  v  x  4x  2w ;
  
b) encontrar os números a1 , a2 e a 3 tais que: a1u  a2 v  a3 w  (2 , 13 ,  5) .

8) Encontrar o vértice oposto a B no paralelogramo ABCD e representar este paralelogramo no ℝ3. Considere 2 casos:
a) A(–1, 0, 3), B(1, 1, 2) e C(3, –2, 5) b) A(4, 0, 1), B(5, 1, 3) e C(3, 2, 5)

9) Sendo A(2, –5, 3) e B(7, 3, –1) vértices consecutivos de um paralelogramo ABCD, e M(4, –3, 3) o ponto de intersecção
das diagonais, determinar os vértices C e D.

RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS – RESPOSTAS


  6
1) v = (1, 1, 1) 2a) (5, 7, –9) 2b) (0, –6, 2) 2c) (–1, 7, 9) 2d) (5, –3, –14) 3) N = 1 ,  2 , 
 5

  21  1 7   11 2 4
4) w    6 ,  , 12  5) D = (–2, –6, 8) 6) a   , b , c4 7a) x   , , 
 2  2 4 3 3 3

7b) a1  2 , a 2  3 , a 3  1 8a) D = (1, –3, 6) 8b) D = (2, 1, 3) 9) C = (6, –1, 3) e D = (1, –9, 7)

Paralelismo [ou Colinearidade] de Vetores

Dois ou mais vetores são paralelos [ou colineares] entre si, quando seus representantes possuírem a mesma direção.

Assim, temos:
y
y

  v 
v w w

   
x x

   mesma direção     mesma direção 


v // w   equiv ersos v // w   contrav ersos
 mesmo sentido  sentidos contrários 

Considerando agora o paralelismo com vetores posição, percebemos mais facilmente a adequação do termo “colinearidade”:

y y

 
w v

 
v
 0 x

0 x 
w

Para refletir: O fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo da floresta. [Benjamim Franklin]

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