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Retas e planos
r ~u
Observação 3.1.2.
−→
• Dados dois pontos distintos quaisquer A e B de uma reta r, AB é um
vetor diretor de r.
• Um reta possui uma infinidade de vetores diretores. Com efeito, se ~u
é um vetor diretor da reta r, então para todo número real não nulo λ,
o vetor λ~u é um vetor diretor de r.
87
88 CAPÍTULO 3. RETAS E PLANOS
P = A + t~u. (3.1)
P = A + t~u.
A + t~u
•
t~u
A
•
r ~u
Observação 3.1.4.
(a) A expressão “P = A + t~u, t ∈ R” é chamada equação vetorial da
reta r.
(b) A equação vetorial da reta r não é única. De fato, se A0 ∈ r e se ~u0 é
um outro vetor diretor de r, então
P = A0 + t0~u0 , t0 ∈ R,
também é uma equação vetorial de r. Note que se
P = A0 + t0~u = A + t~u,
então t 6= t0 em geral.
Fixamos uma base B = {~e1 , ~e2 , ~e3 } e um sistema de coordenadas car-
tesianas Σ = {O, B}. Dados um vetor ~u e um ponto A, escreveremos
~u = (u1 , u2 , u3 ) e A = A(a1 , a2 , a3 ) para explicitar as coordenadas de ~u e
A em relação a B e Σ, respectivamente.
Proposição 3.1.5 (Equações paramétricas da reta). Seja r uma reta
que passa pelo ponto A(a1 , a2 , a3 ), com vetor diretor ~u = (u1 , u2 , u3 ). Então,
P = P (x, y, z) pertence a r se e somente se existe t ∈ R tal que
x = a1 + tu1
y = a2 + tu2 (3.2)
z = a3 + tu3 .
Observação 3.1.6.
x − a1 y − a2 z − a3
= = (3.3)
u1 u2 u3
Exemplo 3.1.7.
(a) Uma equação vetorial da reta que passa pelos pontos A(3, −1, 1) e B(2, 1, 1)
−→ −→
é dada por: P = A + tAB; t ∈ R. Visto que AB = (−1, 2, 0), isto pode
ser reescrito como
(b) As equações simétricas da reta que passa pelo ponto A(4, 1, 0) com vetor
diretor ~u = (2, 6, −2) são dadas por:
x−4 y−1 z
= = .
2 6 −2
x+1 y z−4
c) r3 : = = .
2 3 2
Solução.
3.2. EQUAÇÕES DO PLANO 91
e portanto P ∈ r1 .
c) Temos que
−1+1
P ∈ r3 ⇔ 2
= 03 + 2−4
2
⇔ 0 = 0 = −1.
~v
π ~u
−→
Observação 3.2.2. Sejam A, B e C três pontos de um plano π. Se AB e
−→
AC são LI, então eles são vetores diretores de π.
Proposição 3.2.3 (Equação vetorial do plano). Seja π um plano que
passa pelo ponto A, com vetores diretores ~u e ~v . Então um ponto P pertence
a π se e somente se existem t, h ∈ R tais que
P = A + t~u + h~v .
π = {P (x, y, z) : ax + by + cz + d = 0} .
−→
P ∈ π ⇔ AP , ~u e ~v são coplanares
−→
⇔ [~u, ~v , AP ] = 0 (Teste da coplanaridade)
−→
⇔ (~u × ~v ) · AP = 0. (3.5)
onde d := −(aa1 + ba2 + ca3 ). Voltando à equação (3.5), temos então que
P ∈ π ⇔ ax + by + cz + d = 0.
Segue-se que
π = {P (x, y, z) : ax + by + cz + d = 0} .
P = A + y~u + z~v .
De fato,
P (x, y, z) ∈ π ⇔ ax + by + cz + d = 0
ax + by + cz + d = 0
⇔ y=y
z=z
x = − ad + y(− ab ) + z(− ac )
⇔ y = 0 + y.1 + z.0
z = 0 + y.0 + z.1
P = A + t~u + h~v .
Observação 3.2.8.
Exercı́cio 3.2.9. Dê a equação vetorial do plano que passa pelos pontos
A(1, 1, 0), B(−1, 2, 1) e C(3, 2, 1).
−→ −→
Solução. Os vetores AB = (−2, 1, 1) e AC = (2, 1, 1) sendo LI, eles são
vetores diretores. Pela Proposição 3.2.3, a equação vetorial de π é dada por:
Solução.
x=2−t+h
y = 4 + 2t t, h ∈ R.
z = −1 + t + 3h,
Exercı́cio 3.2.11. Dê uma equação vetorial do plano cujas equações pa-
ramêtricas são:
x = 1 + 2h − t
y = −2 + h + 3t
z = 3 + 5h,
com t, h ∈ R.
Solução.
P (x, y, z) = (1, −2, 3) + t(−1, 3, 0) + h(2, 1, 5), t, h ∈ R.
com t, h ∈ R.
Exercı́cio 3.2.13. Dê uma equação geral do plano π que passa pelo ponto
A(3, −1, 2), com vetores diretores ~u = (−1, 1, 2) e ~v = (1, −1, 0).
Solução. Definimos ~n := ~u × ~v . Então ~n é um vetor normal de π. Temos
que
~e1 ~e2 ~e3
1 2 −1 2 −1 1
~n = −1 1 2 =
~e1 − 1 0 ~e2 + 1 −1 ~e3
1 −1 −1 0
0
= 2e1 + 2e1 + 0e3
= (2, 2, 0).
96 CAPÍTULO 3. RETAS E PLANOS
0 = 2 × 3 + 2 × (−1) + d = 4 + d
e então d = −4. Dividindo por 2, concluimos que a equação geral é dada por
x + y − 2 = 0.
3.3. POSIÇÕES RELATIVAS 97
P = A + t~u + h~v , t, h ∈ R.
C = B + ~v (definição de C)
= (A + α~u + β~v ) + ~v (veja (3.6))
= A + α~u + (β + 1)~v ,
π1 : P = A + t~u + h~v , t, h ∈ R,
π2 : P = B + t~u + h~v , t, h ∈ R.
π2
~v s
B
•
π1
A
~u • r
Coplanares:
• Paralelas:
• Distintas: r ∩ s = ∅ • Coincidentes: r = s
s
r=s
π r π
• Concorentes: r ∩ s = {P }
P
π r s
Observação 3.3.4. Se dois vetores diretores de duas retas forem LD, então
as retas são coplanares.
Solução. Sejam
~u = (0, 1, 3),
~v = (1, 1, 1),
A = A(1, 2, 3),
B = B(0, 1, 0).
Solução. Sejam
~u = (0, 1, 3),
~v = (0, 2, 6),
A = A(1, 2, 3),
B = B(1, 3, 6).
A = B − 21 ~v ,
ax + by + cz + d = 0,
rtπ ⇔ ~n · ~u 6= 0 ,
ou equivalentemente,
~n · ~u = 0 ⇔ r ⊂ π ou r π .
102 CAPÍTULO 3. RETAS E PLANOS
Solução. Sejam ~u = (1, −1, 1), ~n = (1, 1, 0). Então ~u é um vetor diretor de
r e ~n é um vetor ortogonal a π. Como
~n · ~u = 1 × 1 + 1 × (−1) + 0 × 1 = 0,
π1 : a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0,
π2 : a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0.
Demonstração. Seja λ ∈ R.
a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0,
P ∈ π 1 ∩ π2 ⇔
a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0,
λa2 x + λb2 y + λc2 z + d1 = 0,
⇔
a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0,
a2 x + b2 y + c2 z + dλ1 = 0,
⇔
a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0,
d1
= d2 ,
⇔ λ
a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0,
b1 c 1 a1 c 1 a1 b 1
α = , β = − , γ = .
b2 c 2 a2 c 2 a2 b 2
Temos que:
a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0,
P ∈ π1 ∩ π2 ⇔
a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0,
a1 x + b1 y = −c1 z − d1 ,
⇔
a2 x + b2 y = −c2 z − d2 ,
d 1 b1
αz −
d 2 b2
x=
γ
⇔
a1 d1
βz −
a2 d2
y=
γ
onde
1 d 1 b 1 a1 d 1
A=− d 2 b 2 , a2 d 2 , 0 .
γ
Resulta daı́ que π1 ∩ π2 ⊂ r, onde r é a reta cuja equação vetorial é dada por
P = A + t~n1 × ~n2 , t ∈ R.
Solução. Sejam ~u1 = (1, 1, 1), ~v1 = (0, 1, 0), ~u2 = (1, 0, 1) e ~v2 = (−1, 0, 3).
Então ~u1 , ~v1 são vetores diretores de π1 e ~u2 , ~v2 são vetores diretores de π2 .
106 CAPÍTULO 3. RETAS E PLANOS
e
~e1 ~e2 ~e3
0 1 1 1 1 0
~n2 = 1 0 1 = ~e1 − −1 3 ~e2 + −1 0 ~e3 = (0, −4, 0).
−1 0 3 0 3
π1 : 2x − y + z − 1 = 0 e
1 1
π2 : x − 2 y + 2 z − 9 = 0.
π1 : x + 10y − z − 4 = 0 e
π2 : 4x + 40y − 4z − 16 = 0.
3.4 Ângulos
Lembramos que:
• Por convenção, o ângulo entre dois vetores ~u e ~v satisfaz 0 ≤ (~u, ~v ) ≤ π.
y
• π
π
2
• x
−1 1
cos(θ) = y ⇔ θ = arccos(y).
r (~u, −~v ) r
~u
(~u, ~v ) ~u
−~v
~v s s
108 CAPÍTULO 3. RETAS E PLANOS
Note que os ângulos (~u, ~v ) e (~u, −~v ) são suplementares, isto é, a soma
deles é π.
Terminologia 3.4.2. Duas retas r e s são ditas
• ortogonais se (r, s) = π/2; escreve-se então r ⊥ s.
Pelo primeiro item da proposição, (r, s) ∈ [0, π/2], donde cos(r, s) ≥ 0, o que
implica cos(~u, ~v ) ≥ 0. Logo
s : P = t(1, 1, 0), t ∈ R.
Seja r uma reta que passa por A(1, 0, 0), que é concorrente com s e tal que
(r, s) = π/4. Encontre uma equação de r.
Solução. Seja r uma reta satisfazendo as condições do ununciado. Seja
B o ponto de interseção entre r e s. Esse ponto existe, já que as retas são
concorrentes, e é único, pois a condição (s, r) = π/4 implica que r e s não são
paralelas. Como B ∈ s, existe t0 ∈ R tal que B = B(t0 , t0 , 0). Claramente,
A 6= B (pois senão terı́amos t0 = 0 = 1) e portanto A e B são dois pontos
distintos de r. Logo
−→
~u = AB = (t0 − 1, t0 , 0)
é um vetor diretor de r.
Seja ~v = (1, 1, 0); é um vetor diretor de s. Calculemos
Pela
√ Proposição 3.4.4, a última expressão acima é igual a cos(r, s) = cos(π/4) =
2/2. Assim,
√
2 |2t0 − 1|
=p 2 √ ,
2 2t0 − 2t0 + 1 2
isto é,
|2t0 − 1|
1= p 2 ,
2t0 − 2t0 + 1
ou ainda
q
2t20 − 2t0 + 1 = |2t0 − 1|.
3.4. ÂNGULOS 111
a qual é equivalente a
t2 (1 − t0 ) = 0.
~e3
~e2
B1 •
~e1
• • r2
A B2 s
r1
~n1 ~n2
θ π1
π2
θ = (π1 , π2 )
Terminologia 3.4.8.
• Dois planos π1 e π2 são ortogonais se (π1 , π2 ) = π/2 (⇔ ~n1 · ~n2 = 0).
Escreve-se então π1 ⊥ π2 .
• Uma reta normal ao plano π1 é qualquer reta que tem ~n1 como vetor
diretor.
Proposição 3.4.9. Sejam π1 e π2 dois planos, com vetores normais ~n1 e ~n2 ,
respectivamente. Valem as seguintes afirmações.
(a) (π1 , π2 ) ≤ π/2.
| ~n · ~n |
1 2
(b) (π1 , π2 ) = arccos .
k~n1 k k~n2 k
Demonstração. Análogo à demonstração da Proposição 3.4.4.
Exemplo 3.4.10. Determine o ângulo entre os seguintes planos:
x = t + h,
π1 : y = t, , t, h ∈ R,
z = 1+h
π2 : 2x + y + z − 1 = 0.
Solução. Os vetores ~u1 = (1, 1, 0) e ~u2 = (1, 0, 1) são vetores diretores de
π1 . Logo
~e1 ~e2 ~e3
~n1 = ~u1 × ~u2 = 1 1 0 = ~e1 − ~e2 − ~e3 = (1, −1, −1)
1 0 1
3.4. ÂNGULOS 113
−4( √ε2 − c) − b + c = 0 ⇔ b = 5c − 4ε
√
2
.
√ε 4ε
~n1 = (a, b, c) = 2
− c, 5c − √
2
,c . (3.14)
42ε 15
27c2 − √ c + = 0.
2 2
√
Um cálculo direto mostra que o discriminante é ∆ = 72 = (6 2)2 . As raı́zes
são dadas por
√1 ou 5
√ , se ε = 1,
2 9 2
− √12 ou − 5
√
9 2
, se ε = −1.
π1 : y + z = 0,
e π1 : 4x − 11y + 5z = 0.
3.4. ÂNGULOS 115
n r
(r, π)
| ~u · ~n |
(b) (r, π) = arcsen .
k~uk k~nk
π π | ~u · ~n |
(r, π) = − (r, n) = − arccos
2 2 k~uk k~nk
116 CAPÍTULO 3. RETAS E PLANOS
donde
π | ~u · ~n |
sen(r, π) = sen − arccos
2 k~uk k~nk
| ~u · ~n |
= cos arccos
k~uk k~nk
| ~u · ~n |
= .
k~uk k~nk
Exemplo 3.4.15. Encontre uma equação vetorial da reta r que passa pelo
ponto A(1, 1, 1), que é paralela ao plano π1 : x + 2y − z = 0, e tal que
(r, π2 ) = π/3, onde π2 : x − y + 2z = 1.
Solução. Seja ~u = (a, b, c) um vetor diretor unitário de r. Por hipótese,
(r, π2 ) = π/3, e como ~n2 = (1, −1, 2) é um vetor normal ao plano π2 , a
Proposição 3.4.13 implica que
√
3 | ~u · ~n1 | |a − b + 2c|
= sen(π/3) = = √ ,
2 k~uk k~n2 k 6
e então
√
3 2
|a − b + 2c| = .
2
Por outro lado, o fato de r ser paralela ao plano π1 implica que (r, π) = 0,
e como ~n1 = (1, 2, −1) é um vetor normal ao plano π1 , a Proposição 3.4.13
implica que
| ~u · ~n1 | a + 2b − c
0 = sen(0) = sen(r, π1 ) = = √ ,
k~uk k~n1 k 6
donde
a + 2b − c = 0. (3.16)
o qual é equivalente a
√
a − b = 3 2 2 − 2c,
a + 2b = c,
( √
a − b = 322 − 2c,
⇔ √
2
b =c− 2 , (L2 ← (L2 − L1 )/3)
√
a = −c +√ 2,
⇔
b = c − 22 .
Assim ~u é da forma
√ √
2
~u = (a, b, c) = (−c + 2, c − 2
, c), (3.17)
3.5 Exercı́cios
Em todos os exercı́cios abaixo, está fixado um sistema de coordenadas carte-
sianas Σ = {O, B}, onde B = {~e1 , ~e2 , ~e3 } é uma base ortonormal e positiva.
A não ser que seja explicitamente dito, todas as coordenadas são expressadas
em relação à Σ e B.
3.5.1. Escreva uma equação da reta r nos casos a seguir:
(a) r passa pelo ponto P (−2, −1, 3) e tem a direção do vetor ~u = (2, 1, 1).
(b) r passa pelos pontos A(1, 3, −1) e B(0, 2, 3).
3.5.2. Escreva uma equação do plano α nos casos a seguir:
(a) α passa pelos pontos A(1, 0, 2) e B(2, −1, 3) e é paralelo ao vetor ~v =
(0, 1, 2);
−−→
(b) α passa pelos pontos A(3, 1, −1) e B(1, 0, 1) e é paralelo ao vetor CD,
sendo C(1, 2, 1) e D(0, 1, 0);
(c) α passa pelos pontos A(1, 0, 2), B(1, 0, 3) e C(2, 1, 3).
3.5.3.
(a) Dê uma equação vetorial do plano determinado pelos pontos A(1, 1, 0),
B(−1, 2, 1) e C(3, 2, 1).
(b) Dê as equações paramétricas do plano paralelo aos vetores ~u = (−1, 2, 1)
e ~v = (1, 0, 3) e que passa pelo ponto P (2, 4, −1).
(c) Dê uma equação vetorial do plano cujas equações paramétricas são dadas
por:
x = 1 + 2t − h,
y = −2 + t + 3h, t, h ∈ R.
z = 3 + 5t,
(c) α : 2x − 3y + z − 1 = 0.
x = 1 + h + 2t
3.5.5. Determine a equação geral do plano β paralelo ao plano α : y = 2 + 2h + t ;
z = 3t
t, h ∈ R, e que
3.5.6. Sejam A(1, 2, −1), B(3, 2, 0), C(2, 1, −1) e D(1, 0, 4). Seja π1 o plano
que passa pelos pontos O, A, B e seja π2 o plano que passa pelos pontos
O, C, D. Determine uma equação vetorial da reta r = π1 ∩ π2 .