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Universidade de Aveiro - Departamento de Matemática

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Apontamentos teóricos

1
1 Geometria analı́tica
Definição 1. Um referencial cartesiano ortogonal xOy é constituı́do por dois eixos perpendiculares entre
si, o eixo das abcissas Ox e o eixo das ordenadas Oy, e por uma origem que é o ponto de interseção dos eixos.
Definição 2. Um referencial cartesiano xOy diz-se monométrico se a unidade de comprimento considerada
em ambos os eixos é a mesma.
A qualquer ponto P do plano pode fazer-se corresponder um par de números reais (xP , yP ), determinados
(geometricamente) da seguinte forma:

Ao par (xP , yP ) chamamos coordenadas do ponto P , e representamos por P = (xP , yP ), sendo xP a


abcissa de P e yP a ordenada de P .
Um referencial cartesiano divide o plano em quatro regiões, cada uma designada por quadrante.
• Os pontos do primeiro quadrante têm ambas as coordenadas positivas;
• Os pontos do segundo quadrante têm a abcissa negativa e a ordenada positiva;
• Os pontos do terceiro quadrante têm ambas as coordenadas negativas;
• Os pontos do quarto quadrante têm a abcissa positiva e a ordenada negativa.
Definição 3. Sejam A
q= (xA , yA ) e B = (xB , yB ) dois pontos. A distância entre o ponto A e o ponto B
2 2
é dada por d(A, B) = (xA − xB ) + (yA − yB ) .
p √
Exemplo 4. Dados A = (4, 3) e B = (0, 6), d(A, B) = (4 − 0)2 + (3 − 6)2 = 16 + 9 = 5.

1.1 Reta no plano


Uma reta pode ser representada analiticamente no plano através de uma equação, atendendo à sua inclinação
relativamente ao eixo das abcissas e à sua interseção com o eixo das ordenadas.
Definição 5. Dados um ponto P (a, b) e um vetor u = (v, w), a equação vetorial da reta que contém o ponto
P e direção dada pelo vetor u é:
(x, y) = (a, b) + k(v, w), k ∈ R.
Definição 6. A equação (reduzida) de uma reta não vertical no plano é
y = mx + b
onde m representa o declive da reta e b a ordenada na origem.
Exemplo 7. 1. A reta de equação y = −x + 3 tem declive −1 e ordenada na origem 3.

2
2. A reta de equação é 2x − 3y + 7 = 8 tem declive 3 e ordenada na origem − 31 .
Observação: Uma reta horizontal tem declive nulo, m = 0, logo a sua equação reduzida é y = b.
Definição 8. A equação (reduzida) de uma reta vertical no plano é
x=a
.
Observação: Uma reta vertical não tem declive.
Definição 9. O declive de uma reta não vertical que passa por dois pontos A = (xA , yA ) e B = (xB , yB ) é
dado por:
yA − yB
m= .
xA − xB
Exemplo 10. A reta que passa pelos pontos A = (−2, 5) e B = (4, −1), tem declive

5 − (−1)
m= = −1.
(−2) − 4

2
1.1.1 Posição relativa de duas retas no plano
Duas retas no plano são concorrentes ou paralelas. Se são paralelas podem ser coincidentes tendo, neste
caso, a mesma equação reduzida ou estritamente paralelas e, neste caso, têm a mesma direção (mesmo declive),
mas não têm pontos comuns. Se os declives de duas retas são diferentes, então as retas dizem-se concorrentes,
pois não têm a mesma direção.
Sejam r e s duas retas com declives mr e ms , respetivamente. Então,
• se mr = ms então as retas são paralelas.

• se mr 6= ms então as retas são concorrentes.


Se r e s são perpendiculares então mr · ms = −1.

1.1.2 mediatriz
Definição 11. A mediatriz de um segmento de reta é uma reta que o divide em duas partes geometricamente
iguais, ou seja, que passa no seu ponto médio. Mais, é uma reta perpendicular ao segmento de reta.
B yA +yB

Recorde-se que o ponto médio do segmento de reta [A, B] é o ponto M = xA +x 2 , 2 .

1.2 Circunferência
Definição 12. Uma circunferência de centro C e raio r é o conjunto de pontos do plano cuja distância a C
é igual a r.
Definição 13. Uma equação de uma circunferência de centro C = (a, b) e raio r é:

(x − a)2 + (y − b)2 = r2

Exemplo 14. Uma equação da circunferência de raio 2 e centro C = (1, −2) é

(x − 1)2 + (y + 2)2 = 4.

Exemplo 15. Determine-se a equação da circunferência de centro C = (1, −1) e diâmetro 2.
√ √
Uma vez que o diâmetro é 2, o raio é 22 pelo que a equação da circunferência é:
√ !2
2 2 2 1
(x − 1) + (y − (−1)) = ⇔ (x − 1)2 + (y + 1)2 = .
2 2

3
2 Cálculo combinatório e probabilidades
Definição 16. (Universo) Chamamos experiência aleatória a toda a experiência cujos resultados finais não
podem ser previstos com exatidão. Cada resultado de uma experiência aleatória chamamos resultado elementar.
O Universo da experiência é o conjunto de todos os resultados elementares, e usualmente representa-se por Ω.
A todo o subconjunto do universo chamamos acontecimento.
Por exemplo, num lançamento de dado numerado de 1 a 6, temos Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, os resultados elemen-
tares são 1,2,3,4,5 e 6, e exemplos de acontecimentos são A = {1, 5, 6}, B = {2}, C = {4, 6},...
O acontecimento impossı́vel, denotado por ∅, é o acontecimento vazio de resultados. Um acontecimento A é
certo se A = Ω. Dados dois acontecimentos A, B,
1. o acontecimento interseção, A ∩ B, é o acontecimento quando ocorrem simultaneamente A e B.
2. o acontecimento reunião, A ∪ B, é o acontecimento quando ocorrem A ou B.
3. O acontecimento complementar de A, A, é quando A não ocorre.

4. estes são incompatı́veis se A ∩ B = ∅.


5. o acontecimento A \ B, é o acontecimento quando ocorre A mas não B.
Teorema 17. São verdadeiras
1. A ∩ B = A ∪ B.
2. A ∪ B = A ∩ B.
3. A ∩ Ω = A.
4. A ∩ ∅ = ∅.
5. A ∪ Ω = Ω.
6. A ∪ ∅ = A.
7. A ∩ A = ∅.
8. A ∪ A = Ω.
Exemplo 18. Se Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, A = {1, 2, 3} e B = {3, 4}, verifique as igualdades anteriores.
Definição 19. (Probabilidade) A probabilidade de um acontecimento A é o quociente entre o número de
casos favoráveis à ocorrência de A sobre o número total de resultados possı́veis na experiência.
Definição 20. (Função probabilidade) Uma função probabilidade P em Ω é uma função que a cada acon-
tecimento em Ω associa um número real entre 0 e 1, com
1. P (Ω) = 1;
2. P (A) ≥ 0, para todo A ⊆ Ω;
3. se A1 , A2 , . . . são acontecimentos incompatı́veis de Ω, então P (A1 ∪ A2 ∪ . . .) = P (A1 ) + P (A2 ) + . . ..

Exemplo 21. Se Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, A = {1, 2, 3} e B = {3, 4}, calcule P (Ω), P (A), P (B), P (A ∩ B),
P (A ∪ B) e P (A \ B).
Exemplo 22. No lançamento de dois dados numerados de 1 a 6, seja X o número que sai no 1o dado e Y o
número que sai no 2o dado. Calcule
1. P (X = 1, Y = 2).
2. P (X + Y = 6).

4
3. P (X ≤ 3, Y ≤ 4).
4. P (X ≤ 3).
Teorema 23. São verdadeiras as propriedades
1. P (A) = 1 − P (A);
2. P (∅) = 0;
3. P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B).
4. se A ⊆ B então P (A) ≤ P (B).
Definição 24. (Probabilidade condicionada) Dados dois acontecimentos A e B, chamamos probabilidade
condicionada de A dado B ao quociente

P (A ∩ B)
P (A|B) = .
P (B)

Teorema 25. Dados dois acontecimentos A e B, temos

P (A) = P (A ∩ B) + P (A ∩ B) = P (A|B)P (B) + P (A|B)P (B).

Definição 26. (Acontecimentos independentes) Dados dois acontecimentos A e B, dizemos que são inde-
pendentes se P (A|B) = P (A).
Daqui decorre que se dois acontecimentos A e B são independentes, então P (A ∩ B) = P (A)P (B).
Exemplo 27. Se Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, A = {1, 3, 4} e B = {3, 4}, calcule P (A|B) e P (B|A). Os acontecimentos
são independentes? As mesmas questões para os acontecimentos (C : ser par) e (D : ser múltiplo de 3).
1 1
Exemplo 28. Sabendo que P (A) = , P (B) = x e P (A ∪ B) = , calcule x sabendo que
4 3
1. A e B são incompatı́veis.
2. A e B são independentes.
Exemplo 29. Se hoje chover a probabilidade de chover amanhã é de 0,8 e, se não chover hoje, a probabilidade
de chover amanhã é de 0,4. Sabendo que a probabilidade de chover hoje é de 0,5, determine:
1. a probabilidade de chover nos dois dias.
2. a probabilidade de chover amanhã.
Exemplo 30. Um estudante realiza dois exames no mesmo dia. A probabilidade de que fique aprovado no
primeiro exame é de 0, 7 e a probabilidade de que passe no segundo é 0, 6 e a de que aprove em ambos é de 0, 4.
1. Calcule a probabilidade de que fique aprovado em, pelo menos, um exame.
2. Calcule a probabilidade de que não fique aprovado em nenhum.
3. Serão as provas independentes?
4. Determine a probabilidade de que passe no segundo exame, no caso de ter reprovado no primeiro.

Uma das maiores dificuldades com que se depara o estudo de situações práticas envolvendo probabilidades
é o de conseguir contar o número de todas as possibilidades para a ocorrência de determinado facto. Insere-se
nesta secção algumas técnicas de contagem.

Princı́pio fundamental de contagem

5
Se um dado acontecimento pode ocorrer de n1 maneiras diferentes e se, após este, um segundo aconteci-
mento pode ocorrer de n2 maneiras diferentes e se, após este, um terceiro acontecimento pode ocorrer de n3
maneiras diferentes e assim sucessivamente, então o número de maneiras diferentes que os acontecimentos têm
a possibilidade de ocorrer é dado pelo produto

n1 × n2 × n3 × . . .

Arranjos sem reposição


O número de maneiras diferentes de escolher r objectos, um a um de cada vez e sem reposição do anterior,
entre n possı́veis (r ≤ n), onde a ordem pela qual escolhemos os objectos é importante, é definido pelo número
de arranjos sem reposição de r objectos entre n objectos.
A sua fórmula é dada por:
n
Ar = n × (n − 1) × . . . × (n − r + 1)

Permutações
No caso de r = n, chamamos aos arranjos sem reposição de n objectos entre n elementos por permutação
de n objectos; o número será designado por factorial de n e é denotado por n!. Portanto,

Pn = n! = n × (n − 1) × . . . × 1

Arranjos com reposição


O número de maneiras diferentes de escolher r objectos, um a um de cada vez e com reposição do anterior,
entre n possı́veis, onde a ordem pela qual escolhemos os objectos é importante, é definido pelo número de
arranjos com reposição de r objectos entre n objectos.
A sua fórmula é dada por:
n × n × . . . × n = nr
| {z }
r objectos

Combinações
O número de subconjuntos com r elementos que se podem obter de um conjunto com n elementos é dado
pela combinação de n elementos r a r, cuja fórmula de cálculo é:

n n!
Cr =
r!(n − r)!

Amostragem Com reposição Sem reposição


Tipo

n n!
Ordenada nr Ar = n × (n − 1) × . . . × (n − r + 1) =
(n − r)!

se r = n 99K n!
(Permutações)

n n!
Não ordenada 99K Cr =
r!(n − r)!

6
3 Funções reais de variável real
Definição 31. (Função): Sejam A e B dois conjuntos não vazios. Uma função f : A → B é uma corres-
pondência que associa a cada elemento x ∈ A um único elemento y = f (x) ∈ B. O conjunto A diz-se o domı́nio
de f e o conjunto B o conjunto de chegada. Ao conjunto
f (A) = {y ∈ B : y = f (x) com x ∈ A} ⊆ B
chamamos de contradomı́nio (ou conjunto das imagens) de f .
Frequentemente usam-se as notações Df para domı́nio da função f e CDf para contradomı́nio de f . Quando
a função é dada pela sua expressão analı́tica, o domı́nio é o maior subconjunto de R onde a expressão tem
significado.
Dada uma função f : Df → R e A um subconjunto de Df , podemos definir uma nova função g : A ⊆ Df → R
dada por g(x) = f (x), ∀x ∈ A. Esta função designa-se por restrição de f a A e indica-se

g = f |A .

Exemplo 32. Para as seguintes funções, indique o seu domı́nio e contradomı́nio. Calcule f (0), f (2) e f (−4)
(se possı́vel). Esboce o seu gráfico.
1. f (x) = x2 + 1

2. f (x) = x + 1
3. f (x) = |x|

1/x se x < 0
4. f (x) =
2x + 1 se x ≥ 0
Definição 33. (zero ou raiz) Dizemos que a ∈ Df é um zero (ou raiz) de f se f (a) = 0.
Definição 34. (Injetiva, sobrejetiva) Uma função f : A → B diz-se injetiva se

∀x, x′ ∈ A : x 6= x′ ⇒ f (x) 6= f (x′ ),

e diz-se sobrejectiva se
∀y ∈ B ∃x ∈ A : f (x) = y.
Finalmente, dizemos que é bijetiva se é injetiva e sobrejetiva.
Definição 35. (Paridade) Seja D ⊆ R um conjunto simétrico em relação à origem. A função real f : D → R
diz-se par se
f (−x) = f (x), ∀x ∈ D.
Dizemos que f é ı́mpar se
f (−x) = −f (x), ∀x ∈ D.
O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo dos yy, e o de uma função ı́mpar é simétrico em
relação à origem.

Função par Função ı́mpar

7
Exemplo 36. Considere a função g(x) = |x| − x, x ∈ R.
1. Calcule g(−5) e g(2).
2. Esboce o gráfico de g.
3. Os zeros de g, caso existam.
4. Averigue se a função é injetiva ou sobrejetiva.
Definição 37. (Função periódica) Uma função f : R → R diz-se periódica se existe k > 0 tal que f (x + k) =
f (x), ∀x ∈ R. O menor valor dos k chamamos de perı́odo da função.
Definição 38. (Função Limitada) Uma função f : Df → R diz-se limitada se existe M ∈ R+ tal que

|f (x)| ≤ M, ∀x ∈ Df .

y y

Função não limitada Função limitada

Definição 39. (Funções Monótonas) Uma função f : Df → R diz-se monótona se



 f (x) ≤ f (y) (f monótona crescente)
∀x, y ∈ Df , x < y ⇒

f (x) ≥ f (y) (f monótona decrescente)

Uma função f : Df → R diz-se estritamente monótona se



 f (x) < f (y) (f estritamente monótona crescente)
∀x, y ∈ Df , x < y ⇒

f (x) > f (y) (f estritamente monótona decrescente)

Definição 40. (Operações com funções) Dadas duas funções f : Df → R e g : Dg → R, definimos a


1. função soma por (f + g)(x) = f (x) + g(x), com Df +g = Df ∩ Dg ;
2. função diferença por (f − g)(x) = f (x) − g(x), com Df −g = Df ∩ Dg ;
3. função produto por (f · g)(x) = f (x) · g(x), com Df ·g = Df ∩ Dg ;
4. função quociente por (f /g)(x) = f (x)/g(x), com Df /g = Df ∩ Dg ∩ {x ∈ R : g(x) 6= 0};
5. função composta por (f ◦ g)(x) = f (g(x)), com Df ◦g = {x ∈ R : x ∈ Dg ∧ g(x) ∈ Df }.

Exemplo 41. Para as funções f (x) = x + 1 e g(x) = 1/x, defina

f + g, f − g, f · g, f /g, f ◦ g, g ◦ f.

8
Definição 42. (Função inversa) Seja f : D → R uma função injetiva. À função f −1 que tem domı́nio f (D),
contradomı́nio D e é definida por
f −1 (y) = x ⇔ f (x) = y, y ∈ f (D)
chama-se função inversa de f . Se f admite função inversa, f diz-se invertı́vel.
Observação: O gráfico de f −1 é obtido do gráfico de f por simetria em relação à recta y = x.

y=x
5
f −1

3
f
2

f
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8
−1

−2

−3

−4

Teorema 43. Se f é uma função invertı́vel e f −1 é a sua inversa, então

(f −1 ◦ f )(x) = x, ∀x ∈ Df e (f ◦ f −1 )(y) = y, ∀y ∈ Df −1 = CDf .

Obviamente que toda a função estritamente monótona é injetiva, logo invertı́vel. Contudo, existem funções
injetivas que não são monótonas.
1
Exemplo 44. Sejam f e g as funções definidas por f (x) = x−4 e g(x) = x2 .
1. Indique os domı́nios de f e g.
2. Justifique que f é invertı́vel mas g não o é.
3. Justifique que a função h = g|R+ é invertı́vel.
0

−1 −1
4. Calcule f (−3) e h (16).
5. Defina as funções f −1 e h−1 .
Definição 45. (Função polinomial) Uma função polinomial é uma função de domı́nio R da forma

p(x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a1 x + a0

em que os ai são números reais. Se an 6= 0 a função polinomial diz-se ter grau n.


Definição 46. (Funções racionais) Funções racionais são funções do tipo

P (x)
f (x) =
Q(x)
em que P e Q são polinómios, e domı́nio

D = {x ∈ R : Q(x) 6= 0}.

Exemplo 47. Indique o domı́nio de:

9
x−1
1. f (x) =
x2 − 2x + 5
x2 − 1
2. g(x) = .
x3 − 3x − 2x
Definição 48. (Função exponencial) A função exponencial de base a é definida por

f: R → R
x 7 → ax ,

com a > 0, a 6= 1. Em particular se a = e temos a função exponencial dada por f (x) = ex .

y y

y = ax y = ax

(a > 1) (a < 1)

x x

A função exponencial é estritamente monótona e, portanto, invertı́vel. A sua inversa é chamada função
logaritmo, denota-se por loga (·), e é descrita da seguinte maneira.
Definição 49. (Função logaritmo) A função logaritmo de base a, com a > 0 e a 6= 1, é definida por

loga : R+ −→ R
x 7 → loga x,

com y = loga x se e somente se x = ay . Como caso particular, se a = e tem-se a função logaritmo neperiano
h(x) = ln x, x ∈ R+ .

y y

x x

y = loga x y = loga x
(a > 1) (a < 1)

Vejamos agora algumas das propriedades das funções exponencial x 7→ ax e logaritmo x 7→ loga x. Se a > 0
e x, y ∈ R, então:
1
1. a−x = ax .

10
2. (ax )y = axy .
3. ax ay = ax+y .
4. (ab)x = ax bx , ∀b > 0.

Se a > 0, a 6= 1, então:
1. loga (ax ) = x, ∀x ∈ R.
2. aloga x = x, ∀x ∈ R+ .
3. loga xd = d loga x, ∀x ∈ R+ , ∀d ∈ R.
4. loga (xy) = loga x + loga y, ∀x, y ∈ R+ .
5. loga ( xy ) = loga x − loga y, ∀x, y ∈ R+ .
logb x ln x
6. loga x = logb a , se b > 0, b 6= 1 e x ∈ R+ . Em particular, loga x = ln a .

Exemplo 50. 1. Represente graficamente as funções f (x) = 5x , g(x) = 5−x e h(x) = 52x .

2. Simplifique log3 ( 27).
3. Resolva as equações
2
(a) 3x < 3x .
(b) 4x + 3.2x+1 = 16.
(c) ln(4x2 ) − ln(x) = 10.
4. Resolva o sistema 3x+y = 81 e 3x−y = 1.
5. Resolva a inequação 2 log0.5 (x + 1) + 3 log0.5 (2) > 3.
1

6. Defina as funções inversas de f (x) = 102x−1 + 5 e g(x) = ln x .
Definição 51. (Funções Trigonométricas) Consideremos um cı́rculo de centro (0, 0) e raio 1. Dado um
ângulo α ∈ R, representemos esse ângulo do seguinte modo: o vértice coincide com o ponto (0, 0) e um dos
lados do ângulo com o semi-eixo positivo dos xx. O segundo lado do ângulo interseta o cı́rculo em algum ponto
P (x, y). Definimos seno (sin), cosseno (cos), tangente (tan) do ângulo α do seguinte modo:
y
cos(α) = x, sin(α) = y e tan(α) = .
x
y
b
P

α x
−1 1

11
sin(α)
P = (cos(α), sin(α)), tan(α) =
cos(α)

Portanto, temos
π
Dsin = Dcos = R e Dtan = R \ {
+ kπ, k ∈ Z}.
2
Existem outras funções trigonométricas que podem ser definidas à custa das anteriores:
Função Cotangente: A função cotangente é definida por:

cotan : D ⊆ R → R
cos x
x 7→ sin x

1
Função Secante: A função cuja expressão analı́tica é sec(x) = designa-se por secante.
cos x
1
Função Cossecante: A função cuja expressão analı́tica é csc x = designa-se por cossecante.
sin x
Se considerarmos um triângulo rectângulo e x um ângulo agudo, temos que:
1. o seno é a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa ao ângulo.
2. o cosseno é a razão entre o cateto adjacente a hipotenusa ao ângulo.
3. a tangente é a razão entre o cateto oposto e o cateto adjacente ao ângulo.
Fórmulas trigonométricas:
sin2 (x) + cos2 (x) = 1 1 + tan2 (x) = 1/ cos2 (x)
sin(x + y) = sin(x) · cos(y) + sin(y) · cos(x) cos(x + y) = cos(x) · cos(y) − sin(x) · sin(y)

12
4 Cálculo Diferencial
4.1 Limites e continuidade
Nesta secção iremos supor que os domı́nios das funções apresentadas são um intervalo aberto contendo um
ponto a, excepto possivelmente o próprio ponto a.
Definição 52. (Limite de uma função num ponto) Seja f : Df → R uma função. Dados a, l ∈ R, dizemos
que limite de f (x) quando x tende para a é igual a l, e escrevemos
lim f (x) = l
x→a

se à medida que x se aproxima de a (mas x 6= a), f (x) se aproxima de l.


Teorema 53. (Propriedades operatórias dos limites) Sejam f e g duas funções. Se lim f (x) = l1 e
x→a
lim g(x) = l2 , então
x→a

1. lim (f (x) ± g(x)) = l1 ± l2 ;


x→a

2. lim (αf (x)) = αl1 , para todo o α ∈ R;


x→a

3. lim (f (x).g(x)) = l1 l2 ;
x→a

f (x) l1
4. Se l2 6= 0 então lim = .
x→a g(x) l2
Definição 54. Se lim f (x) = 0 dizemos que f é um infinitésimo quando x tende para a.
x→a

Teorema 55. (Lei do enquadramento) Sejam f, g e h três funções de domı́nio D. Se existir δ > 0 tal que
∀x ∈ (]a − δ, a + δ[\{a}) ∩ D : f (x) ≤ g(x) ≤ h(x)
e lim f (x) = lim h(x) = l então
x→a x→a
lim g(x) = l.
x→a

Daqui concluı́mos que o produto de um infinitésimo por uma função limitada é um infinitésimo.
Definição 56. (Limite laterais) Seja f : Df → R uma função. Dados a, l ∈ R, dizemos que o limite de f (x)
quando x tende para a pela esquerda é igual a l, e escrevemos
lim f (x) = l
x→a−

se à medida que qualquer x < a se aproxima de a, f (x) se aproxima de l.


Dizemos que o limite de f (x) quando x tende para a pela direita é igual a l, e escrevemos
lim f (x) = l
x→a+

se à medida que qualquer x > a se aproxima de a, f (x) se aproxima de l.


Se a função está definida à esquerda e à direita do ponto x = a, temos o seguinte:
Teorema 57.
lim f (x) = l sse lim f (x) = l = lim f (x).
x→a x→a− x→a+

Definição 58. (Limite infinitos I) Seja f : [c, +∞[→ R uma função. Dado l ∈ R, dizemos que o limite de
f (x) quando x tende para +∞ é igual a l, e escrevemos
lim f (x) = l
x→+∞

se à medida que x aumenta ilimitadamente, f (x) se aproxima de l. Analogamente se define


lim f (x) = l.
x→−∞

13
Definição 59. (Limite infinitos II) Seja f : Df → R uma função. Dado a ∈ R, dizemos que o limite de
f (x) quando x tende para a é igual a +∞, e escrevemos

lim f (x) = +∞
x→a

se à medida que x se aproxima de a, f (x) aumenta ilimitadamente. Analogamente se define

lim f (x) = −∞.


x→a

Definição 60. (Limite infinitos III) Seja f : [c, +∞[→ R uma função. Dizemos que limite de f (x) quando
x tende para +∞ é igual a +∞, e escrevemos

lim f (x) = +∞
x→+∞

se à medida que x aumenta ilimitadamente, f (x) aumenta ilimitadamente. Analogamente se definem

lim f (x) = −∞ lim f (x) = +∞ lim f (x) = −∞.


x→+∞ x→−∞ x→−∞

1
Teorema 61. 1. Se lim f (x) = ±∞, então lim = 0;
x→a x→a f (x)
1
2. Se lim f (x) = 0+ , então lim = +∞;
x→a x→a f (x)
1
3. Se lim f (x) = 0− , então lim = −∞.
x→a x→a f (x)

Limites notáveis
sin(x) ex ln(x)
lim =1 lim p = +∞ (p ∈ R) lim =0
x→0 x x→+∞ x x→+∞ x
ex − 1
lim+ (x ln(x)) = 0 lim =1
x→0 x→0 x
Definição 62. (Assı́ntota não vertical) Seja f uma função cujo domı́nio contém um intervalo da forma
]a, +∞[ (resp. ] − ∞, a[) para algum a ∈ R. Dizemos que a recta de equação y = mx + b é uma assı́ntota ao
gráfico de f à direita (resp. à esquerda) se lim (f (x) − mx − b) = 0 (resp. lim (f (x) − mx − b) = 0).
x→+∞ x→−∞

No cálculo dos valores de m e b são usadas as fórmulas seguintes:

f (x)
m = lim e b = lim (f (x) − mx).
x→±∞ x x→±∞

Definição 63. (Assı́ntota vertical) A recta de equação x = a diz-se uma assı́ntota vertical ao gráfico de f
se se verificar uma das condições:

lim f (x) = +∞, ou lim f (x) = −∞, ou


x→a+ x→a+

lim f (x) = +∞, ou lim f (x) = −∞ .


x→a− x→a−

Exemplo 64. 1. Calcule cada um dos limites seguintes:



(a) lim (x + 1)(x3 − 2) .
x→1
 
x+2
(b) lim .
x→2 x − 2
 2 
4x − x + 7
(c) lim .
x→+∞ 5x2 + x + 1

14
 
x3 + 2x2 − 1
(d) lim .
x→−∞ 6x2 − 1
p p 
(e) lim x2 + 1 − x2 − 1 .
x→+∞

(f ) lim x2 sin(1/x) .
x→0

e2x − 1
(g) lim .
x→0 3x
e2x
(h) lim .
x→+∞ x2

x2 − 1, se x ≥ 2
(i) lim f (x) se f (x) = .
x→2 ex−2 + 2, se x < 2

3x + 1, se x ≤ 1
(j) lim f (x) se f (x) = .
x→1 log3 (x − 1), se x > 1

2. Seja f : R+ → R a função definida por



cos(1/x), se x > 1
f (x) = .
ln(x), se 0 < x ≤ 1

Calcule
lim f (x) , lim f (x) e lim f (x).
x→1 x→+∞ x→0+

3. Seja f (x) = ex − 3.
(a) Encontre Df e CDf .
(b) Prove que f é invertı́vel e defina f −1 .
(c) Calcule
lim f (x) e lim f (x).
x→+∞ x→−∞

3x2 − x ex
4. Determine as assı́ntotas ao gráfico de f (x) = e g(x) = .
x+1 x
Definição 65. (Continuidade) Sejam f : Df −→ R e a ∈ D. Dizemos que f é contı́nua em a se

lim f (x) = f (a).


x→a

Dizemos que a função é contı́nua se é contı́nua em todos os pontos do seu domı́nio. Os pontos onde a função
não é contı́nua dizem-se pontos de descontinuidade.
Definição 66. (Continuidade lateral) Sejam f : Df −→ R e a ∈ D. Dizemos que f é contı́nua à esquerda
(resp. direita) de a se
lim f (x) = f (a) (resp lim f (x) = f (a) ).
x→a− x→a+

Obviamente que uma função definida à esquerda e à direita de um ponto a é contı́nua se e somente se é
contı́nua à esquerda e à direita de a.
Teorema 67. Sejam f e g funções contı́nuas em a. Então f + g, f · g e αf (α ∈ R) são contı́nuas em a. Se
f
g(a) 6= 0, é também contı́nua em a.
g
Teorema 68. Sejam f : Df −→ R e g : Dg −→ R tais que a função composta g ◦ f está bem definida. Se f é
contı́nua em a e g é contı́nua em f (a), então g ◦ f é contı́nua em a.
As funções elementares, nomeadamente as funções polinomiais, exponenciais, logarı́tmicas, trigonométricas,
são funções contı́nuas nos respectivos domı́nios.

15
Exemplo 69. Averigue se são contı́nuas as funções
 x
 3 − 4x, se x > 2
1. f (x) = 1, se x = 2

ln(x − 1) + cos(x − 2), se x < 2
 
tan πx
4 , se x ≤ 1
2. f (x) =
ex , se x > 1
Teorema 70. (Teorema dos valores intermédios ou Teorema de Bolzano) Se f : [a, b] → R é contı́nua
em [a, b] e f (a) 6= f (b), então, para todo o K entre f (a) e f (b), existe c ∈]a, b[ tal que f (c) = K.

f(b)

f(a)

a c b

Como consequência, temos o seguinte:


Se f : [a, b] −→ R uma função contı́nua, e se f (a) · f (b) < 0, então existe c ∈]a, b[ tal que f (c) = 0.
Exemplo 71. 1. Justifique que a função f (x) = cos(x) − x tem pelo menos um zero no intervalo [0, π/2].
2. Mostre qua a função f (x) = x5 − x4 + 3x2 − 2 tem um zero no intervalo [0, 1].

4.2 Funções deriváveis


Dados dois pontos distintos (a, f (a)) e (b, f (b)) do gráfico de uma função f , a reta secante que passa pelos
dois pontos tem declive
f (b) − f (a)
m= ,
b−a
e portanto a reta secante tem como equação
f (b) − f (a)
y= (x − a) + f (a).
b−a
Definição 72. (Taxa de variação média) Seja f uma função real de variável real e seja [a, b] ⊆ Df .
Definimos a taxa de variação média de f no intervalo [a, b], e representamos por T vm[a,b] , como sendo

f (b) − f (a)
T vm[a,b] = .
b−a
Por exemplo, dada a função f (x) = x + x2 + 1, a sua taxa de variação média no intervalo [−1, 1] é
f (1) − f (−1) 3−1
T vm[−1,1] = = = 1.
1 − (−1) 2

16
Figura 1: Taxa de variação média

Graficamente, a taxa de variação média da função f no intervalo [a, b] é o declive da reta secante ao gráfico
de f que passa nos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)).
A partir deste conceito, iremos definir derivada de uma função num ponto do gráfico.
Definição 73. (Derivada num ponto) Sejam f : Df → R uma função e a ∈ Df . Chama-se derivada da
função f no ponto a, e denota-se por f ′ (a), ao limite
 
f (a + h) − f (a) f (x) − f (a)
lim ou lim
h→0 h x→a x−a
se este limite existir. Se uma função admite derivada finita num ponto dizemos que é diferenciável nesse ponto.
Se é diferenciável em todos os pontos do seu domı́nio, dizemos que f é diferenciável.
O limite anterior por vezes é chamado de taxa de variação instantânea no ponto a:
f (x) − f (a)
T via = lim .
x→a x−a
df df
Para representar f ′ (a), outras notações são possı́veis, como
(a) ou .
dx dx a
Por exemplo, seja f (x) = x2 − 3x, com x ∈ R; a derivada de f no ponto x = 2 é dada por:

   
f (x) − f (2) x2 − 3x + 2 0
f ′ (2) = lim = lim =
x→2 x−2 x→2 x−2 0
(x − 2)(x − 1)
= lim = lim (x − 1) = 1
x→2 x−2 x→2

Graficamente, a derivada da função f no ponto x = a é o declive da reta tangente ao gráfico de f que passa
no ponto (a, f (a)).
Definição 74. Seja f uma função diferenciável em x = a. A reta tangente ao gráfico de f no ponto x = a é a
reta com declive f ′ (a) e que passa pelo ponto (a, f (a)); logo tem como equação

y = f ′ (a)(x − a) + f (a).

Se f ′ (a) 6= 0, a reta normal ao gráfico de f no ponto x = a é a reta com declive −1/f ′(a) e que passa pelo
ponto (a, f (a)), logo de equação
1
y = − ′ (x − a) + f (a).
f (a)

17
y

f(x)
f(x)
f(x) – f(a)

D
f(a)
x-a

a x x x

Figura 2: Derivada num ponto

Para exemplificar, vamos determinar uma equação da reta tangente ao gráfico da função definida por f (x) =
x+1
, com x ∈ R \ {0}, no ponto de abcissa x = −2. Comecemos por calcular o declive dessa reta:
x
   x+1 1 
′ f (x) − f (−2) x − 2
m = f (−2) = lim = lim
x→−2
 x − (−2)   x+2
x→−2
x+2 1 1
= lim = lim =− .
x→−2 2x(x + 2) x→−2 2x 4
 
1 1
Logo a equação da reta tangente é da forma y = x + b. Como o ponto (−2, f (−2)) = −2, pertence à
4 2
reta tangente, basta substituir na equação:
1 1
= · (−2) + b ⇔ b = 1.
2 4
1
Logo a equação da reta tangente de f no ponto de abcissa x = −2 é y = x + 1.
4

Definição 75. (derivadas laterais) Chama-se derivada lateral de f à esquerda de a, e denota-se por f− (a),
ao limite  
f (a + h) − f (a) f (x) − f (a)
lim ou lim
h→0− h x→a− x−a
se este limite existir.

Chama-se derivada lateral de f à direita de a, e denota-se por f+ (a), ao limite
 
f (a + h) − f (a) f (x) − f (a)
lim ou lim+
h→0+ h x→a x−a

se este limite existir.


′ ′
Obviamente que uma função f é diferenciável em a se e somente se f− (a) = f+ (a).
Consideremos  2
x se x ≥ 1
g(x) =
1 − x se x < 1

18
Então g ′ (1) não existe pois g+
′ ′
(1) 6= g− (1). De facto,

′ g(x) − g(1) x2 − 1
g+ (1) = lim = lim = lim (x + 1) = 2
x→1+ x−1 x→1 + x−1 x→1+

enquanto que
′ g(x) − g(1) 1−x−1 −x
g− (1) = lim− = lim− = lim− = +∞.
x→1 x−1 x→1 x − 1 x→1 x −1
Teorema 76. Sejam f : Df → R uma função e a ∈ Df . Se f é diferenciável em a, então f é contı́nua em a.
Daqui se concluı́ que se f não é contı́nua em a, então f não é diferenciável em a. Notemos que se f for
contı́nua em a, não podemos afirmar que f é diferenciável em a.
Exemplo 77. Mostre que as funções seguintes não são diferenciáveis em x = 0:
√
x se x ≥ 0
f (x) = |x| e g(x) = √ 3
x se x < 0

Definição 78. (Função derivada) Sejam f : Df → R uma função e D′ ⊆ Df o conjunto dos pontos onde f
é diferenciável. Chamamos função derivada de f e denotamo-la por f ′ à função definida do modo seguinte:

f ′ : D′ −→ R
x 7−→ f ′ (x)

Exemplo 79. 1. Sejam f (x) = x2 e g(x) = ex . Determine as expressões de f ′ e g ′ .


2. Para cada uma das funções seguintes, estude se a função é diferenciável no ponto a indicado.

sin(x), x ≤ 0
(a) f (x) = no ponto a = 0.
x + 5, x > 0

2x + 7, x < 0
(b) f (x) = no ponto a = 0.
x3 + x2 , x ≥ 0
 2
x − 1, x ≤ 1
(c) f (x) = 1 no ponto a = 1.
x−1 , x>1

3. Considere as funções
 2
  ex , x<0
sin(x) + 1, x ≤ 0
f (x) = e g(x) = 0, x=0 .
3x2 + 1, x>0 
x + 1, x > 0

Estude-as quanto à continuidade e diferenciabilidade no ponto zero.


4. Escreva a equação da reta tangente ao gráfico da função f (x) = x2 no ponto de abcissa x = 1.

4.3 Regras de derivação


Teorema 80. Sejam f e g duas funções diferenciáveis em a. Então
• f + g é diferenciável em a e (f + g)′ (a) = f ′ (a) + g ′ (a),
• f − g é diferenciável em a e (f − g)′ (a) = f ′ (a) − g ′ (a),

• f · g é diferenciável em a e (f · g)′ (a) = f ′ (a)g(a) + f (a)g ′ (a),


• αf , com α ∈ R, é diferenciável em a e (αf )′ (a) = αf ′ (a),
 ′
f f ′ (a)g(a) − f (a)g ′ (a)
• se g(a) 6= 0, então fg é diferenciável em a e (a) = .
g (g(a))2

19
Teorema 81. (Regra da cadeia ou derivada da função composta) Sejam f : Df → R e g : Dg → R
duas funções tais que g ◦ f está definida. Se f é diferenciável em a e g é diferenciável em f (a), então g ◦ f é
diferenciável em a e
(g ◦ f )′ (a) = g ′ (f (a)) · f ′ (a).
Exemplo 82. Sendo f (x) = x2 e g(x) = sin(x), encontre (g ◦ f )(x) e (g ◦ f )′ (x).
Teorema 83. (Teorema da derivada da função inversa) Sejam f : [a, b] → R uma função estritamente
monótona e contı́nua e f −1 a inversa de f . Se f é diferenciável em x0 ∈]a, b[ e f ′ (x0 ) 6= 0, então f −1 é
diferenciável em y0 = f (x0 ) e
1
(f −1 )′ (y0 ) = ′ .
f (x0 )
Exemplo 84. Sendo f (x) = ex , encontre (f −1 )(x) e (f −1 )′ (x).

Função Derivada Função Derivada Função Derivada

ur rur−1 u′ k 0 eu u′ eu

u′ u′
au u′ au ln a ln u loga u
u u ln a
u′
sin u u′ cos u cos u −u′ sin u tan u cos2 u

dn f
Definição 85. Por f (n) (x) ou (x) representamos a derivada de ordem n de f , e é definida recursivamente
dxn
por
f (1) (x) = f ′ (x) e f (n) (x) = (f (n−1) (x))′ .
Exemplo 86. 1. Em cada uma das alı́neas que se seguem, determine a função derivada da função conside-
rada.
(a) f (x) = (x − 1)(x2 + 3x);
p
(b) f (x) = 3 (2x − 1)2 ;
cos x
(c) f (x) = 1−sin x ;
tan x
(d) f (x) = 3 ;
(e) f (x) = log3 (tan x);
(f ) f (x) = cos(log2 (x2 )).
2. Se f (x) = 3x2 + x − 4, encontre f (n) (x), para n ∈ N.

4.4 Problemas de otimização


Definição 87. Máximo e mı́nimo local / global Sejam f : Df → R e a ∈ Df .
1. a é um maximizante local (resp. minimizante local) de f se existir δ > 0 tal que

f (a) ≥ f (x), ∀x ∈]a − δ, a + δ[∩Df

( resp. f (a) ≤ f (x), ∀x ∈]a − δ, a + δ[∩Df ) .


No caso de a ser um maximizante local (resp. minimizante local) de f , f (a) diz-se um máximo local (resp.
mı́nimo local) de f .

20
2. a é um maximizante global (resp. minimizante global) de f se

∀x ∈ Df f (x) ≤ f (a) (resp. ∀x ∈ Df f (x) ≥ f (a)).

Caso a seja um maximizante global (resp. minimizante global) de f dizemos que f (a) é o máximo global
(resp. o mı́nimo global) de f .
3. Aos máximos e mı́nimos locais chamamos extremos locais. Ao máximo e mı́nimo global chamamos extre-
mos globais.
Teorema 88. Seja f :]a, b[−→ R uma função diferenciável em c ∈]a, b[. Se c é um extremante local de f então
f ′ (c) = 0.
O recı́proco do teorema é falso, como se verifica para a função f (x) = x3 no ponto c = 0.

y
y
2

x
0
-4 -2 0 2 4
a c b x

-2

Teorema 89. (Teorema do valor médio ou teorema de Lagrange) Seja f uma função contı́nua em [a, b]
e diferenciável em ]a, b[. Então, existe c ∈]a, b[ tal que

f (b) − f (a)
f ′ (c) = .
b−a
y

f(b)

f(a)

a c b x

Deste teorema fundamental do cálculo diferencial podemos tirar algumas consequências importantes.
Teorema 90. Sejam I =]a, b[ e f : I −→ R uma função diferenciável. Então
1. Se f ′ (x) = 0, para todo o x ∈ I, então f é constante em I.
2. Se f ′ (x) ≥ 0 (resp. f ′ (x) ≤ 0), para todo o x ∈ I, então f é crescente (resp. decrescente) em I.

21
3. Se f ′ (x) > 0 (resp. f ′ (x) < 0), para todo o x ∈ I, então f é estritamente crescente (resp. estritamente
decrescente) em I.
Como fazer o estudo da monotonia:
1. calcular a função derivada, f ′ (x);
2. simplificar a expressão de f ′ (x), colocando em evidência fatores;
3. determinar os zeros de f ′ (x), ou seja, resolver f ′ (x) = 0;
4. determinar os pontos que não pertencem ao domı́nio de f ′ (x);
5. construir o quadro de sinal de f ′ (x).

c1 c2
f ′ (x) − 0 + 0 −
c1 minimizante c2 Maximizante
f (x) ց f (c1 ) mı́nimo
ր f (c2 ) Máximo
ց

x2
Exemplo 91. Seja f (x) = x2 ln x + 11x − 2 . Determine as equações das retas tangente e normal ao gráfico
de f no ponto x = 1.
Determine os extremos e monotonia das funções
1. f (x) = x3 + 2x;
2. f (x) = x2 + 4x;
3. f (x) = 2x3 − 3x2 − 12x + 6;
3x
4. f (x) = x ;
ln x
5. f (x) = x .

4.5 Concavidade
Definição 92. (Concavidade) Uma função f : Df → R tem a concavidade voltada para cima (resp. para
baixo) no intervalo I ⊆ Df se para qualquer intervalo [a, b] ⊆ I, o gráfico da função não está acima (resp.
abaixo) da recta secante nos pontos a e b. O ponto c ∈ Df é ponto de inflexão da função f se em x = c o seu
gráfico muda o sentido da concavidade.

Teorema 93. Seja f uma função diferenciável em ]a, b[ tal que existe f ′′ (x), para todo o x ∈]a, b[.
1. Se f ′′ (x) > 0, ∀x ∈]a, b[, então o gráfico de f tem concavidade voltada para cima em ]a, b[.
2. Se f ′′ (x) < 0, ∀x ∈]a, b[, então o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo em ]a, b[.

22
Como fazer o estudo da concavidade:
1. calcular a 2o derivada, f ′′ (x);
2. simplificar a expressão de f ′′ (x), colocando em evidência fatores;
3. determinar os zeros de f ′′ (x), ou seja, resolver f ′′ (x) = 0;
4. determinar os pontos que não pertencem ao domı́nio de f ′′ (x);
5. construir o quadro de sinal de f ′′ (x).

c
f ′′ (x) − 0 +
T P = (c, f (c)) S
f (x) ponto de
inflexão

ln(x)
Exemplo 94. Estude quanto à concavidade dos gráficos as funções f (x) = x3 − 3x2 + x + 5, g(x) = x e
h(x) = ex (x2 + x).

23

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