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DEFINIÇÃO

Aplicação dos conceitos de retas e planos na Geometria Analítica.

PROPÓSITO
Definir as equações de retas e planos na Geometria Analítica e aplicar os conceitos nas posições relativas entre retas e planos, bem como na
distância entre pontos e estas figuras geométricas.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora científica ou use a calculadora de seu
smartphone/computador.

OBJETIVOS
MÓDULO 1

Aplicar a definição da reta na determinação da equação da reta no plano e no espaço

MÓDULO 2

Aplicar equações da reta na obtenção da interseção, do ângulo e das posições relativas entre retas

MÓDULO 3

Aplicar a definição do plano na determinação da equação do plano e nas posições relativas entre os planos

MÓDULO 4

Aplicar o conceito de ponto, reta e plano na determinação de distância entre pontos, retas e planos

MÓDULO 1
 Aplicar a definição da reta na determinação da equação da reta no plano e no espaço

INTRODUÇÃO
A Geometria Analítica apresenta, através de equações analíticas, diversas figuras da Geometria, que serão denominadas de Lugares
Geométricos.

Neste módulo, estudaremos a reta e obteremos a equação que a representa analiticamente. A reta é definida por dois pontos, mas existem
outras formas de determinarmos a sua equação.

A equação de uma reta, no plano ou no espaço, pode ter vários tipos de apresentação: simétrica, geral, reduzida, vetorial e paramétrica.
Todos os tipos de equação serão equivalentes, isto é, representam os mesmos pontos no plano ou no espaço.
EQUAÇÃO DA RETA NO PLANO
A geometria nos ensina, através de um de seus axiomas, que uma reta é definida por dois pontos. No plano estes dois pontos podem ser
representados por sua abscissa e ordenada, isso é, A(XA, YA) e B(XB,YB).

Deseja-se obter uma equação que representa todos os pontos dessa reta. Assim, define-se um ponto genérico P (x, y), pertencente à reta
formada pelos pontos A e B, e determina-se uma equação que é satisfeita por ele.

Na Geometria Analítica são definidos vários tipos de apresentação para a equação da reta, com formatos diferentes, porém, representando
os mesmos pontos. Diz-se que essas equações são equivalentes. Será definida a equação simétrica, geral, vetorial, reduzida e paramétrica.
Como será visto, de uma forma pode-se obter as demais. A figura abaixo representa a reta r formada pelos pontos A e B:
EQUAÇÃO SIMÉTRICA E GERAL

−→ −
−→
Os pontos A, B e P estão alinhados, assim, o vetor AB = B - A vetor AP = P - A são paralelos, consequentemente, tem suas coordenadas
proporcionais.


−→ −
−→
XAP YAP x−XA XB −XA
AP  // AB  ⇔     =     ⇔ =
XAB YAB y−YA YB −YA

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Como os pontos A e B são dados, a parcela da direita se transforma em uma fração numérica.
x−XA x−XA y−YA
Então, , d e f reais e diferentes de zero.
d
= ⇒ =
y−YA f d f

Obtém-se, assim, uma equação que representa todos os pontos (x,y) que pertencem à reta analisada. Esta equação é denominada de
EQUAÇÃO SIMÉTRICA da reta.
x−XA y−YA
=
d f

Os valores de d e f são números reais obtidos através dos dois pontos conhecidos da reta.

 EXEMPLO
Determine a equação simétrica da reta que passa pelos pontos A (1,2) e B ( 3, – 1).

SOLUÇÃO
Assim, aplicando diretamente no modelo da equação:
x−XA XB −XA X−1 3−1 x−1 y−2
= →   = . Logo, a equação simétrica da reta será: =
−3
y−YA YB −YA Y −2 ( −1 ) −2 2

Partindo da equação simétrica da reta, através de uma manipulação matemática, obtém-se uma equação da forma
ax + by + c = 0, com a, b e c sendo números reais.

Assim,

x−XA y−YA
= → f x  −  dy  +  (dYA − f XA )= 0
d f

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Chamando de f = a e d = -b, obtém-se uma equação do tipo ax + by + c = 0, denominada de EQUAÇÃO GERAL da reta.

Cuidado: se multiplicarmos ambos os lados por um número real k, ainda temos a mesma equação.

ax + by + c = d ⇔ akx + bky + ck = 0, com k real

Existe uma forma alternativa para se determinar a equação geral da reta diretamente através dos dois pontos dados, A e B. Esta forma é
através de um cálculo de um determinante.

∣ x y 1∣
∣ ∣
Sejam A (XA,YA) e B (XB,YB) dois pontos distintos da reta r, então a equação geral da reta será obtida por: ∣X
A YA 1 ∣  =  0
∣ ∣
∣ XB YB 1∣

 EXEMPLO
Determine a equação geral da reta que passa pelos pontos A (1, 2) e B (3, –1).

SOLUÇÃO
∣ x y 1∣ ∣x y 1∣
∣ ∣ ∣ ∣
Aplicando diretamente o determinante ∣X
A YA 1 ∣  =   ∣ 1 2 1 ∣  =  0
∣ ∣ ∣ ∣
∣ XB YB 1∣ ∣ 3 −1 1∣

Resolvendo o determinante: (2+1)x + (3-1)y + (-1-6) = 0 → 3x + 2y - 7 = 0

Importante – Condição de um Ponto Pertencer a Reta

Um ponto para pertencer a reta tem que satisfazer a equação da reta.

Dessa forma, seja a reta r :  ax  +  by  +  c  =  0 e um ponto P (X0 ,  Y0 ). Se o ponto P pertence à reta r, então aX0   +  bY0   +  c  =  0 .
Se o ponto P não pertence à reta r, então aX0   +  bY0   +  c  ≠  0

Esta propriedade vale para qualquer tipo de equação da reta, não apenas para equação geral.

 EXEMPLO

x−1 y−2
Ache a equação geral da reta e verifique se os pontos Q (5, –4) e R (2, 3) pertencem à reta r dada pela equação 2
=
−3
.

SOLUÇÃO
x−1 y−2
=   →(−3)(x − 1)= 2(y − 2)→ −3x  +  3  =  2y  −  4  → 3x  +  2y  −  7  =  0
2 −3

x−1 5−1 y−2 −4−2


Substituindo o ponto Q (5, – 4) na reta se tem: 2
=
2
= 2 e −3
=
−3
= 2 → 2 = 2

Portanto, as coordenadas do ponto satisfazem a equação da reta e o Ponto Q pertence à reta r.

Substituindo o ponto R (2, 3) na reta se tem: 3.2 + 2.3 – 7 = 6 + 5 – 7 ≠ 0


Como as coordenadas do ponto não satisfazem a equação da reta, então R não pertence à reta.

EQUAÇÃO REDUZIDA
Continuando na apresentação dos tipos das equações da reta. Partindo agora da equação geral e isolando o valor de y se tem:
a c
ax + by + c = 0 → y = − x − ,com a,b e c reais.
b b

Substituindo m =− ab e q = − cb → y = mx + q, que será a EQUAÇÃO REDUZIDA da reta.


O parâmetro m é denominado de coeficiente angular da reta, ele é igual à tangente do ângulo que a reta forma com o eixo x. O parâmetro
q é denominado de coeficiente linear, que representa o ponto onde a reta corta o eixo y.

Quando m > 0 → tg θ > 0 → 0 < θ < 90°, a reta será crescente.

Quando m < 0 → tg θ < 0 → 90° < θ < 180°, a reta será decrescente.

A reta horizontal do tipo y = constante, terá m = 0 e a reta vertical do tipo x = constante não terá valor de m.
 EXEMPLO

Determine a equação reduzida da reta que passa pelos pontos A (2, 4) e B ( –3, 1). Obter o coeficiente angular e linear da reta.

SOLUÇÃO
x−XA XB −XA x−2 −3−2
Assim, aplicando diretamente no modelo da equação simétrica y−YA
=
YB −YA

y−4
=
1−4

x−2 −5 5
= = → 3x − 6 = 5y − 20 → 3x − 5y + 14 = 0
y−4 −3 3

Deste modo, a equação reduzida será y


3 14
= x  +  
5 5

3 4
Portanto, o coeficiente angular vale m = 5
e o coeficiente linear q = 5

Então, o ângulo que a reta r faz com o eixo positivo x vale θ . O coeficiente linear q = , Logo, o ponto em que a reta corta o
3 4
= arctg( )
5 5

eixo y é o ponto (0, .


14
)
5
EQUAÇÃO VETORIAL E PARAMÉTRICA

−→ −
−→ −
−→
Se retornarmos à figura inicial, além do paralelismo entre os vetores AB e AP , pode-se dizer que o vetor AP será proporcional ao vetor

−→ −
−→ −
−→ −
−→
AB :  AP   =  λAB  ⇒  P = A + λAB , λ real.


−→
A equação do tipo P = A + λAB será denominada de EQUAÇÃO VETORIAL da reta.


−→ −
−→ −
−→ −
−→
Ao invés do vetor AB, poderia ter sido usado o vetor BA, pois a reta tem uma direção, mas não tem sentido. O vetor AB ou vetor BA, que

define a direção da reta, é denominado de vetor diretor da reta. Na figura, o vetor diretor está representado pelo vetor v .

Aqui, vemos mais uma alternativa para se obter a equação da reta, caso não se conheça os dois pontos da reta. Se forem conhecidos um
ponto e a direção definida pelo seu vetor diretor, será possível obter a equação vetorial da reta. O ponto conhecido fará o papel do ponto A e

−→
o vetor diretor da reta fará o papel do vetor AB.

 ATENÇÃO

Quaisquer dois pontos de uma reta podem ser usados para definir o vetor diretor da reta. Não existe um vetor diretor, mas infinitas
→ →
possibilidades, pois se v é um vetor diretor da reta, então todo os vetores k v , com k real diferente de zero, também serão.

Se substituirmos as coordenadas dos pontos A, B e P (genérico) na equação vetorial, obtém-se duas equações, cada uma relacionada a uma
das coordenadas:

−→ x = XA + λxAB
P   =  A  +  λ AB ⇒{ , λ real
y = YA + λyAB

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Esta equação é denominada de EQUAÇÃO PARAMÉTRICA da reta.

Ressalta-se que se pode obter a equação simétrica através da equação paramétrica. Basta isolar o valor de λ nas duas equações.

x−XA y−YA
Se = for a equação simétrica da reta r, então o vetor (d,f) é o vetor diretor da reta r.
d f

 EXEMPLO

Determine a equação vetorial e paramétrica da reta que passa nos pontos A (1,2) e B (3, –1). Determine qual ponto desta reta tem ordenada
igual a 5.

SOLUÇÃO

−→
Determinando o vetor diretor da reta AB = B - A = (3 - 1, -1 - 2) = (2,-3)

−→
Assim, a equação vetorial será P = A + λ AB, λ real

ou, (x, y) = (1, 2) + λ(2,-3) = ( 1 + 2λ, 2 - 3λ) , λ real

x = 1 + 2λ
Separando as duas equações, obtém-se a equação paramétrica: r:{ , λ real
y = 2 − 3λ
Para determinar o ponto Q(x, 5) que pertence à reta, ele deve satisfazer a equação x  =  1  +  2λ e y  =  2  −  3λ .
Assim, y  =  5  =  2 –  3 λ  →  3λ  =  2 –  5  =  –  3  →  λ  =  –  1

Portanto, x = 1 + 2λ = 1 + 2.(–1) = 1 – 2 = – 1, o ponto será (–1, 5).

VETOR NORMAL DA RETA


Nós já vimos que o vetor diretor da reta pode ser obtido diretamente da equação paramétrica ou da equação simétrica da reta. Outro vetor

importante é o vetor perpendicular a ela, denominado de vetor normal da reta, com notação de n .

Para o caso do plano, comparando as equações da reta simétrica e geral, ax + by + c = 0 , tem-se a = f e b = -d, onde (d, f) é o vetor diretor
da reta. Vide transformação feita no início deste item.

→ → → →
Se definirmos um vetor n ( a, b), pode ser verificado que: n . v = a.d + b.f = f.d + (-d).f = 0, portanto, o vetor n é perpendicular ao vetor
→ →
diretor da reta v . As coordenadas de n serão (a, b), que pode ser obtida diretamente da equação geral da reta.

 ATENÇÃO

Se ax + by + c = 0 for a equação geral da reta r, então o vetor (a,b) é o vetor normal à reta r.

O vetor normal pode ser usado como uma terceira alternativa para se obter a equação geral da reta.

−→

Ao se conhecer um ponto da reta e o vetor normal, pode-se obter a equação geral através de um produto escalar n . AP = 0 , pois serão
vetores perpendiculares.


−→

n . AP = 0 → (a, b). (x − XA , y − YA ) =  0 → ax − aXA + by − bYA =  0  →  ax + by + c = 0

 EXEMPLO

Determine a equação geral da reta que passa no ponto (2, 3) e tem vetor normal (1,4).

SOLUÇÃO
A equação geral é dada pela equação

→ − −→
n . AP = 0 →  (1, 4). (x  −  2,  y − 3)  =  1. (x  −  2)  +  4. (y  −  3)  =  0  →  x  −  2  +  4y  −  12  =  0
Assim, a equação geral da reta é x  +  4y  −  14  =  0 .

 SAIBA MAIS

SAIBA MAIS

Veja a demonstração da obtenção da equação geral da reta através do determinante.

Na equação geral da reta obtida através da equação simétrica


−→ −
−→ XAP YAP X−XA XB −XA
AP  // AB  ⇔ = ⇔ =
XAB YAB y−YA YB −YA

(YB − YA )x − (YB − YA )XA = (XB − XA )y − (XB − XA )YA

(YB − YA )x − (XB − XA )y − [(YB − YA )XA − (XB − XA )YA ] = 0

O determinante proposto é

∣ x y 1∣
∣ ∣
∣X YA 1 ∣= 0
A
∣ ∣
∣ XB YB 1∣

Resolvendo o determinante:

YA x + XB y + XA YB - XB YA - YB x - XA y = 0

(YA-YB )x - (XA-XB )y - [(YA - YB ) XA - (XA - XB ) YA ] = 0

Multiplicando ambos os lados por (-1)

(YB - YA)x - (XB - XA )y - [(YB - YA ) XA - (XB - XA ) YA ] = 0


Que é a mesma equação definida pela transformação da equação simétrica, provando, assim, que o determinante proposto fornece a
equação geral da reta.

EQUAÇÃO DA RETA NO ESPAÇO


Como no caso do plano, uma reta no espaço pode ser definida tendo-se dois pontos ou até mesmo um ponto e o vetor diretor. A diferença é
que tanto os pontos como o vetor diretor possuem três dimensões e não mais duas.

No caso do espaço, não existem as equações geral e reduzida da reta. Como será visto em módulo posterior, a equação do tipo
ax + by + cz+ d = 0 representará um plano e não uma reta.

Assim, seguindo raciocínio análogo da equação da reta no plano, seja a reta r que passa pelos pontos A(XA,YA,ZA) e B(XB,YB,ZB) e tem um

vetor diretor
→ −
−→
v =  AB = (XA - XB, YA - YB, ZA - ZB) = (c ,d ,f), com c, d e f pertencente aos reais. Definimos as seguintes equações da reta no espaço:
x−XA y−YA z−ZA x−XA y−YA z−ZA
Simétrica: XB −XA
=
YB −YA
=
ZB −ZA

c
=
d
=
f
;


−→
Vetorial: P = A + λAB  ⇒  (x, y, z) = (XA , YA , ZA ) + λ(c, d, f ), λreal

⎧ x = XA + cλ

Paramétrica: r :⎨ y = YA + dλ. λreal




z = ZA + f λ

Da mesma forma que no plano, um ponto para pertencer a uma reta no espaço deve ter suas coordenadas satisfazendo a equação da reta.

No caso do espaço, não temos nenhuma equação que nos apresenta diretamente o vetor normal da reta, como no caso da equação geral da
reta no plano.

 EXEMPLO

Determine a equação simétrica e paramétrica da reta que passa pelos pontos A (1, 2, – 1) e B (0, 3, 1).

SOLUÇÃO
Assim, aplicando diretamente no modelo da equação simétrica

x−XA y−YA z−ZA x−1 y−2 z−(−1)


= = → = =
XB −XA YB −YA ZB −ZA 0−1 3−2 1−(−1)

x−1 y−2 z−(−1)


A equação simétrica da reta será −1
= =
1 2


Analisando a equação, verifica-se que o vetor diretor da reta será o vetor v  (−1, 1, 2)
Escolhendo o ponto A que pertence à reta, portanto, a equação paramétrica será

⎧ x = XA + cλ ⎧ x = 1 + λ ⎧ x = −a
⎪ ⎪ ⎪

⎨ y = YA + dλ. λ real →⎨ y = 2 + λ,  λ real  ou →⎨ y = 3 + a,  a real



⎪ ⎩
⎪ ⎩

z = ZA + f λ z = −1 + 2λ z = 1 + 2a

 EXEMPLO

Determine o valor de k e p para que o ponto P  (0,  k,  p) pertença à reta que passa pelos pontos A (2,  3,  4) e B (1 ,  0 ,  3).

SOLUÇÃO

−→

Obtendo o vetor diretor da reta: v = AB = B − A = (1 − 2, 0 − 3, 3 − 4) = (−1, −3, −1 ) .

O ponto A (2,3,4) pertence à reta, então, a equação paramétrica será dada por

⎧ x = XA + cλ ⎧ x = 2 − λ
⎪ ⎪

⎨ y = YA + dλ. λ real →⎨ y = 3 − 3λ,  λ real 



⎪ ⎩

z = ZA + f λ z = 4 − λ

Para que P pertença à reta, ele deve satisfazer as três equações acima

x = 0 = 2 – λ → λ = 2, y = k = 3 – 3 λ → k = 3 – 3.2 = –3 e z = p = 4 – 2 → p = 4 – 2 = 2

TEORIA NA PRÁTICA
Um canhão se encontra em uma posição do solo e deve acertar um alvo que se encontra em cima de uma elevação. Considera-se, por não
ser uma distância muito longa, que o projetil ao sair do canhão percorre a trajetória até o alvo em linha reta. Sabendo que o canhão se
encontra na posição (0, 5) e o alvo se encontra na posição (100, 400), qual deve ser o ângulo de elevação do canhão em relação ao solo
para que o projetil acerte o objetivo?

Solução em vídeo:

No vídeo a seguir o professor vai desenvolver o cálculo que resultará na resposta desta questão. Assista:
MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Aplicar equações da reta na obtenção da interseção, do ângulo e das posições relativas entre retas
INTRODUÇÃO
No módulo anterior, aprendemos a equação analítica de uma reta no plano ou no espaço.

Ao compararmos as equações de duas retas, observa-se que duas retas no plano podem ter três posições relativas entre si: concorrentes,
paralelas ou coincidentes. No caso do espaço, além dos três tipos anteriores, temos o caso de retas reversas, que são aquelas que
pertencem a dois planos paralelos distintos.

As equações analíticas das retas podem também ser usadas para se descobrir o ângulo formado pelas retas e, se for o caso, o ponto de
interseção que elas possuem.

INTERSEÇÃO ENTRE DUAS RETAS


Como já visto no módulo anterior, um ponto P para pertencer a uma reta deve satisfazer a equação da reta. Assim, se um ponto é interseção
entre duas retas, ele deve, obrigatoriamente, obedecer, simultaneamente, às equações das duas retas.

Desta forma, a coordenada do ponto de interseção, caso exista, será a solução do sistema linear composto pelas duas retas analisadas. Se
este sistema for possível e determinado, a solução será o ponto de interseção entre as retas. Se a solução do sistema for possível e
indeterminada, será o caso de as duas retas serem a mesma reta, assim, todos os pontos da reta são comuns entre as duas, tendo, portanto,
infinitas soluções no sistema. E, por fim, se a solução do sistema for impossível, é porque as retas não têm ponto comum.

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETAS


Quando se está trabalhando no plano, duas retas podem ter, entre si, três posições relativas, são elas:

CONCORRENTES
Apresentam um ponto de interseção, isto é, um ponto comum.

COINCIDENTES
São na verdade a mesma reta, tendo, portanto, infinitos pontos comuns.

PARALELAS
Têm a mesma direção, porém são distintas, não tendo nenhum ponto em comum.

Um caso particular das retas concorrentes é o caso das retas perpendiculares ou ortogonais, que fazem 90° entre si.
Os três casos anteriores representam retas que pertencem ao mesmo plano, isto é, coplanares. No caso de estar se trabalhando no espaço,
temos uma quarta possibilidade. Esta quarta possibilidade está associada com as retas que não são coplanares. Em outras palavras,
pertencem a dois planos paralelos distintos. Estas retas são denominadas de retas reversas e não apresentam pontos de interseção. As retas
reservas podem ser obliquas ou ortogonais, veja.

O item anterior apresentou uma forma de se obter os pontos de interseção através da resolução do sistema. Ao se determinar os pontos de
interseção, pode-se avaliar as posições relativas entre as retas. Se as retas tiverem apenas um ponto em comum, elas só podem ser retas
concorrentes. Se tiverem infinitos pontos em comum, as retas serão coincidentes. Se as retas não tiverem pontos em comum, podem ser
paralelas ou reversas.

Para o último caso, observa-se que apenas com a análise da interseção não se pode concluir sobre a posição entre as retas, tornando-se
necessária a análise complementar de se observar a direção relativa das retas, através dos vetores diretores.

 RESUMINDO

Assim, resumidamente:

Retas concorrentes: apenas um ponto comum. Neste caso, apesar de não ser necessária a análise, os vetores diretores não são paralelos;

Retas coincidentes: infinitos pontos em comum. Neste caso, apesar de não ser necessária a análise, os vetores diretores são paralelos;

Retas paralelas: nenhum ponto em comum e os vetores diretores são paralelos;

Retas Reversas: nenhum ponto em comum e os vetores diretores não são paralelos.

A verificação se os vetores diretores são ou não paralelos é feita através da averiguação das coordenadas dos mesmos serem ou não
→ → xv yv zv
proporcionais, isto é: Se
1 1 1
v1  //  v2   ⇔ = =
xv yv zv
2 2 2

No caso do plano, a comparação das equações gerais é um método simples para se verificar a posição relativa entre duas retas. Seja a reta
r: a1 x + b1 y + c1 = 0 e a reta s: a2 x + b2 y + c2 = 0, assim:

a1 b1 c1
Se a2
=
b2
=
c2
, então, as retas r e s serão coincidentes;

a1 b1 c1
Se a2
=
b2

c2
, então, as retas r e s serão paralelas;
a1 b1
Se a2

b2
, então, as retas r e s serão concorrentes.

As condições acima estão relacionadas com as direções dos vetores normais das retas.

ÂNGULO ENTRE RETAS



O ângulo entre as retas será o mesmo ângulo que existe entre seus vetores diretores. Assim, sejam as retas r, com vetor diretor v1 e a reta
∣ →→ ∣
→ v1 v2
s, com vetor diretor v2 . O ângulo θ formado entre as duas retas será calculado por: cos θ  =  ∣ ∣
∣→∣ ∣→∣
∣ v v ∣
∣ 1 ∣ ∣ 2 ∣

Por definição, como as retas não têm sentido, o ângulo entre elas será sempre o ângulo agudo, isto é, menor ou igual a 90°. Como o ângulo
agudo tem cosseno positivo, foi colocado um módulo na fórmula do cosseno do ângulo entre as retas.

O ângulo formado entre os vetores diretores também será o mesmo ângulo formado pelos vetores normais. Isto parte de uma propriedade da
Geometria. Assim, no cálculo do ângulo através da fórmula anterior, ela pode ser usada com o vetor normal ao invés do vetor diretor.
Se as retas forem paralelas ou coincidentes, por definição se considera como 0° o ângulo entre elas.

No caso das retas reversas, define-se ângulos entre elas como o ângulo formado pela primeira reta e uma reta paralela à segunda reta,
porém pertencente ao plano da primeira. A fórmula apresentada já leva em conta esta definição.

No caso da análise no R2, o plano, ao invés de usar o vetor diretor para a análise das posições relativas das retas, pode ser usado,
alternativamente, o vetor normal da reta.

 EXEMPLO

Determine, caso exista, o ponto de interseção entres as retas 2x  +  y  −  1  =  0 e 3x  −  y  +  6  =  0 e verifique as posições relativas
entre as retas.

SOLUÇÃO
Resolvendo o sistema abaixo. Se o sistema for possível e determinado, existirá o ponto de interseção.

2x + y − 1 = 0
{ → 2x + 3x + y − y − 1 + 6  = 0 → 5x + 5 = 0 → x = −1 → y = 3
3x − y + 6 = 0

Assim, o ponto (– 1,3) pertence as duas retas sendo o ponto de interseção entre elas.

Portanto, neste caso, as duas retas são concorrentes.

Se for verificado os coeficientes das equações das retas:


a1 b1 a1 b1
, então as retas r e s são concorrentes.
2 1

a2
=
3
e b2
=
−1
= −1 . Como a2

b2
 EXEMPLO

Determine o ângulo existente entre as retas do exemplo anterior.

SOLUÇÃO
→ →
Os vetores normais das retas são n1 (2,1) e n2 (3,-1).

∣→ ∣ 2 2 ∣→ ∣ 2 2 → →
n = √2 + 1 = √5,   n2 = √3 + 1 = √10 e n1 . n2 = 2. 3 + 1. (−1) = 5
∣ 1∣ ∣ ∣

∣ → → ∣
n1 . n2 √2 √2
Assim, cos θ
5
=∣ ∣= = → θ  =  arc cos
∣→∣ ∣→∣ √5√10 2 2
∣ n1 n2 ∣
∣ ∣ ∣ ∣

 EXEMPLO

⎧ x = 2 − 2λ

x−4 y−6 z−3
Determine, caso exista, o ponto de interseção entre a retas r :⎨ y = 3 − 3λ , λ real e a reta s :
2
=
3
=
−6
e verifique as posições


z = 1 + 2λ

relativas entre as retas.

SOLUÇÃO
⎧ x = 4 + 2a

Transformando a equação simétrica da reta s para equação paramétrica s :⎨ y = 6 + 3a , a real .




z = 3 − 6a
⎧ x = 4 + 2a  =  2  − 2λ ⎪ 2a + 2λ = −2
⎧ ⎪ a + λ = −1

Igualando as coordenadas s :⎨ y = 6 + 3a = 3 − 3λ →⎨ 3a + 3λ = −3 →⎨ a + λ = −1

⎪ ⎩
⎪ ⎩

z = 3 − 6a = 1 + 2λ 6a + 2λ = 2 3a + λ = 1

Assim, λ + α= -1 → λ = -1 - α que substituindo na terceira equação

3α + (-1 - α) = 1 → 2α = 2 → α = 1 → λ = – 2

Portanto, existe apenas uma solução α = 1 e λ = – 2. Para achar o valor do ponto de interseção, substitui-se em qualquer uma das duas retas

⎧ x = 2 − 2λ  =  2  − 2(−2)= 6 ⎧ x = 4 − 2a  =  4  = 2. 1 = 6


⎪ ⎪

⎨ y = 3 − 3λ  =  3 − 3(−2)= 9 ou ⎨ y = 6 − 3a  =  6 + 3. 1 = 9



⎪ ⎩

z = 1 + 2λ  =  1 + 2(−2)= −3 z = 3 − 6a  =  3 − 6. 1 = −3

Logo, o ponto P (6, 9, – 3) é o ponto de interseção e as retas são concorrentes.


→ →
Apenas como observação, se fossem verificados os vetores diretores das retas, eles seriam v1 (-2,-3,2) e v1 (2,3,-6) sendo, portanto, vetores
que não são paralelos. A conclusão dessa análise seria que as retas poderiam ser concorrentes ou reversas, mostrando que esta análise
isolada não permite, neste caso, concluir sobre as posições relativas, tornando-se necessário verificar a interseção.

Se na solução do sistema anterior fossem encontrados infinitos valores de α e λ, então o sistema seria possível e indeterminado, e as retas
seriam a mesma reta. Se não fosse determinado nenhum valor de α e λ para satisfazer o sistema, as retas não se cortariam, não tendo ponto
de interseção.

TEORIA NA PRÁTICA
Um determinado terreno tem dois de seus lados fazendo um ângulo de 60°. A primeira cerca liga os pontos (4,1) e (1,1). A segunda cerca liga
os pontos (1,1) ao ponto (4, 3√3 + 1). O morador do terreno do lado diz que a segunda cerca está entrando em seu terreno, isto é, está
fazendo um ângulo maior do que 600 com o primeiro lado do terreno. Como você pode ajudar ao dono do terreno a mostrar que o ângulo
está correto?

Solução em vídeo:

No vídeo a seguir o professor vai desenvolver o cálculo que resultará na resposta desta questão. Assista:
MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Aplicar a definição do plano na determinação da equação do plano e nas posições relativas entre os planos

INTRODUÇÃO
Abordamos, anteriormente, a figura geométrica da reta no plano e no espaço. Neste módulo, estudaremos o lugar geométrico denominado de
plano. Como visto na Geometria, um plano é definido por três pontos não colineares. Apesar disso, existem diversas maneiras de se definir a
sua equação.

De forma similar à reta, o plano terá alguns tipos de equações equivalentes para representar os seus pontos: geral, vetorial e paramétrica.
Por fim, além de definirmos a equação que representa um plano no espaço, serão analisadas também as posições relativas e o ângulo entre
os planos, de forma similar ao feito na reta.
EQUAÇÃO DO PLANO NO ESPAÇO

Não há sentido em falar de equação do plano no R2, pois todo R2 é um plano particular, isto é, o plano xy com equação z = 0. A equação do

plano vai ser estudada no espaço, ou seja, no R3.

Para se definir um plano, necessita-se de três pontos que não pertençam à mesma reta (não colineares), porém, para se definir uma equação
de um plano, algumas alternativas são possíveis.

É importante termos a seguinte noção:

Um ponto, para pertencer a um plano, deve satisfazer a equação do plano;

Um vetor, para pertencer ao plano, deve ser paralelo ao plano. Assim, vetor paralelo ao plano ou pertencente ao plano serão sinônimos;
Uma reta, para pertencer ao plano, deve ter, no mínimo, dois pontos distintos da reta que satisfaça a equação do plano.

EQUAÇÃO GERAL DO PLANO


Assim, pode-se definir uma equação do plano, conhecendo-se no mínimo:

Um ponto e o vetor normal ao plano;

Dois pontos e um vetor do plano;

Três pontos não colineares;

Um ponto e dois vetores, não paralelos, que pertencem ao plano;

A primeira equação analisada é a EQUAÇÃO GERAL do plano, que tem forma similar à equação geral da reta: ax + by + cz + d = 0, com a, b,
c e d reais. Uma das formas para se determinar esta equação parte do conhecimento de um ponto A (XA,YA,ZA), que pertence ao plano, e um

vetor normal (perpendicular) ao plano



n (a,b,c). A metodologia é similar à que fizemos na reta.


−→ →
Define-se um ponto genérico do plano P (x, y, z) e calcula-se o vetor AP = P − A = (x − XA , y − YA , z − ZA ) . O vetor normal n , por

→ −
−→ → − −→
ser perpendicular ao plano π , será perpendicular a qualquer vetor deste plano, então, n perpendicular a AP → n . AP = 0

→ − −→
n . AP = 0 → (a, b, c). (x − XA , y − YA , z − ZA ) = 0
→ ax − aXA + by − bYA + cz − cZA = 0 → ax + by + cz + d = 0,

com d =– (aXA + bYA + cZA ).

Se multiplicarmos ambos os lados por um número real k, ainda temos a mesma equação.

a x +b y + c z + d = 0 ⇔ ak x + bk y + ck z + dk = 0 , k ∈ R

 EXEMPLO

Determine a equação geral e paramétrica do plano que passa pelos pontos A (1, 4, 2) e é perpendicular ao vetor (2, – 1, 2).
SOLUÇÃO
→ − −→
Resolvendo a equação n . AP = 0 será obtida a equação geral do plano. P (x, y, z) é um ponto genérico.
→ − −→
n . AP =  0  →  (2, −1 , 2). (x  −  1,  y  −  4, z  −  2)  =  0  →  2x  −  2  −  y  +  4  +  2z  −  4  =  0

2x - y + 2z - 2 = 0

Para obter a equação paramétrica, façamos x = α e y = λ, com α e λ reais.

Assim, 2α - λ + 2z - 2 = 0 → 2z = 2 - 2α + λ

⎧ x = a

Desta forma π :⎨ y = λ ,  com a e λ reais




⎪ 1
z = 1 − a + λ
2

A segunda possibilidade, caso se conheça dois pontos (A e B) e um vetor do plano, transforma-se no caso anterior, pois pode-se obter o vetor
normal através de um produto vetorial com dois vetores que pertencem ao plano. Um já é conhecido e o outro é obtido através dos dois

−→ −
−→
pontos dados, isto é, AB ou BA. Dessa forma, teremos novamente um ponto e o vetor normal ao plano.

Na terceira possibilidade, são dadas as coordenadas de 3 pontos do plano (A, B e C). Neste caso, podemos ter duas alternativas. Através

−→ −
−→
dos três pontos, define-se dois vetores que pertenceram ao plano, por exemplo, AB e AC . Com estes dois vetores, obtém-se o vetor normal
pelo produto vetorial entre eles e se repete o primeiro caso analisado neste tópico.

A segunda alternativa é lembrar a condição de coplanaridade entre três vetores, que é o produto misto igual a zero. Assim, através dos 3

−→ −
−→ −
−→
pontos, acrescentamos um ponto genérico P(x,y,z) e fazemos que: [AP ,AB ,AC ]=0. Ressalta-se que pode ser escolhido qualquer vetor
que liga os pontos, apenas se escolhendo um vetor com o ponto P genérico.

O último caso, no qual se é conhecido um ponto e dois vetores do plano, também recai no primeiro, pois o vetor normal pode ser obtido pelo
produto vetorial destes dois vetores dados. Existe, porém, uma segunda alternativa para este caso, definindo-se o outro tipo de equação do
plano.
 EXEMPLO

Determine a equação geral do plano que passa pelos pontos A (1, 1, – 1), B (2, 0, 3) e C (0, 4, 2).

SOLUÇÃO

−→−
−→ −
−→
A primeira forma é fazer o produto misto [AP ,AB, AC ]=0


−→
AP =( x-1,y-1,z-(-1))=(x-1,y-1,z+1)


−→
AB =( 2-1,0-1,3-(-1))=(1,-1,4)

−→
AC =( 0-1,4-1,2-(-1))=(-1,3 ,3)

3. (−1). (x − 1) + 1. 3. (z + 1) + (−1). 4. (y –  1) –  ( –  1)( –  ). (z  + 1) – 4. 3. (x –  1 ) – 3. 1. (y –  1)  =  0

−15x  −  7y  +  2z  +  24  =  0  →  15x  +  7y  −  2z  −  24  =  0

→ −
−→ −
−→
Outra opção é achar o vetor normal n =  AB × AC e usar a mesma solução do exemplo anterior.

EQUAÇÃO VETORIAL E PARAMÉTRICA DO PLANO


Além da equação geral, pode ser definida a equação paramétrica do plano. Para isso, torna-se necessário conhecer um ponto do plano e
dois vetores pertencentes ou paralelos a ele. O conceito é que qualquer ponto P (x, y, z) que pertença ao plano π, obrigatoriamente é obtido,
partindo do ponto dado A, por uma combinação linear dos dois vetores do plano.
→ →
Em outras palavras, seja o ponto A (XA, YA, ZA) e dois vetores não paralelos v1 (c,d,f) e v2 (p,q,r) que pertencem ao plano π. E seja o ponto
−−→ → →
genérico P(x,y,z) do plano, assim:AP   =  α v 1 + β v 2 , com α e β reais

−−→ → →
AP   =  α v 1 + β v 2 →(x − XA ,  z − ZA , y − YA  )= α(c, d, f )+β(p, q, r)

→ →
A equação P =  A + α v 1 + β v 2 , com α e β reais, é denominada de EQUAÇÃO VETORIAL da reta.

Separando a mesma para cada uma das coordenadas, define-se a EQUAÇÃO PARAMÉTRICA do plano como:
⎧ x = XA + cα + pβ

π :⎨ y = YA + dα + qβ,  para α e β reais


z = ZA + f α + rβ

Pode-se obter a equação paramétrica através da equação geral do plano, basta fazer x = α, y = β na equação geral e obter o valor de z.
Assim, se produz uma equação paramétrica
⎧ x = α

π :⎨ y = β  ,  para α e β reais


⎪ d b a
z = − − β − α
c c c

Para se obter a equação geral através da equação paramétrica do plano: pegue duas das três equações e ache o valor de α e β em relação
as duas coordenadas escolhidas, por exemplo, x e y. Depois, substitua o valor de α e β na terceira equação, então, obtém-se a equação
geral.

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE PLANOS


Você sabia que dois planos no espaço apresentam entre si posições relativas que podem ser classificadas como concorrentes, paralelos ou
coincidentes? A seguir, veja detalhadamente cada um:
CONCORRENTES
Apresentam uma reta de interseção.

COINCIDENTES
São, na verdade, o mesmo plano, tendo, portanto, infinitos pontos comuns.

PARALELOS
Não têm nenhum ponto em comum.

Um caso particular dos planos concorrentes, são os planos ortogonais, isto é, fazem 90° entre si.

A posição relativa entre os planos é dada pela análise do vetor normal aos mesmos. Como visto no item anterior, um plano de equação geral

ax  +  by  +  cz  +  d  =  0 tem um vetor normal dado por n  (a, b, c) . Sejam dados dois planos π :  a1 x  +  b1 y  +  c1 z  +  d1   =  0 ,

→ −

com vetor normal nπ  (a1 , b1 , c1 ), e μ :  a2 x  +  b2 y  +  c2 z  +  d2   =  0 , com vetor normal nμ (a2 , b2 , c2 ).

a1 b1 c1 d1
Se a2
=
b2
=
c2
=
d2
, as duas equações representam o mesmo plano, assim, os planos π e μ serão planos coincidentes.

a1 b1 c1 d1

a2
=
b2
=
c2

d2
representam que os dois vetores normais são paralelos, mas não são equações do mesmo plano, assim, os
planos π e μ serão planos paralelos.

Os demais casos vão denotar que os planos π e μ serão planos concorrentes.

No caso dos planos concorrentes, pode-se obter a equação da reta que há a interseção dos planos. Os pontos da reta de interseção devem
satisfazer as duas equações do plano

π : a 1 x + b1 y + c 1 z + d1 = 0
{
μ : a 2 x + b2 y + c 2 z + d2 = 0

Uma solução é resolver o sistema para duas variáveis em relação a terceira. Dessa forma, teremos, por exemplo, y e z em função de x.
Logo, define-se x como um parâmetro λ e teremos as equações paramétricas.

 EXEMPLO

Determine a posição relativa, interseção e ângulo entre os planos 2x  +  3y –  z  +  4  =  0  e 6x  +  9y –  3z  +  3  =  0 .

SOLUÇÃO
Comparando os coeficientes das equações gerais dos planos:
a1 6 b1 9 c1 −3 d1 3
= = 3,   = = 3, = = 3 e  =
a2 2 b2 3 c2 −1 d2 4

a1 b1 c1 d1
Como a2
=
b2
=
c2
≠  
d2
, assim, os planos π e μ serão planos paralelos.

Desta forma, não existe interseção entre os planos e o ângulo formado entre eles é zero.
ÂNGULOS ENTRE PLANOS
De forma similar às retas, o ângulo entre os planos será o mesmo ângulo entre seus vetores normais. Assim, sejam os planos π e μ, com
∣ −
→− → ∣

→ −
→ n π .n μ
vetores normais nπ e . O ângulo θ formado entre os planos será calculado por:
nμ cos θ =∣ ∣
∣−→ ∣ ∣− →∣
∣ nπ nμ ∣
∣ ∣ ∣ ∣

Por definição, o ângulo entre os planos será sempre o ângulo agudo, isto é, menor ou igual a 90°.

→ →
Se o produto escalar n1 . n2 = 0 , então os dois planos serão ortogonais. Se os planos forem paralelos ou coincidentes, o ângulo é dito como

 EXEMPLO

⎧ x = 1 + α + β

Determine a posição relativa, interseção e ângulo entre o plano 2y – 4x – 4z – 2 = 0 e o plano ⎨ y = 7 + 6α + 4β,  α e β reais .


z = 2 + 2α + β

SOLUÇÃO
Convertendo a equação do segundo plano para equação geral. Separando duas das três equações e achando o valor de β e α em relação às
coordenadas:

x = 1 + α + β
{ → na primeira equação α  =  x –  1 –  β .
z = 2 + 2α + β

Substituindo na segunda: z  =  2  +  2x   −  2  −  2β  +  β  =  2x  −  β  →  β  =  2x  −  z

Assim, α  =  x –  1 –  β  =  x –  1 –  2x  +  z  =  z –  x –  1 .
Substituindo na equação do y  =  2x  +  2z  +  1  →  2x –  y  +  2z  +  1  =  0

Comparando agora os coeficientes das equações gerais dos planos:


a1 −4 b1 2 c1 −4 d1 −2
= = −2,   = = −2,   = = −2 e  = = −2
a2 2 b2 −1 c2 2 d2 1

a1 b1 c1 d1
Como a2
=  
b2
=  
c2
=
d2
as duas equações representaram o mesmo plano, portanto os planos π e μ serão coincidentes. A interseção
entre eles é o próprio plano e o ângulo formado entre eles é zero.

 EXEMPLO

Determine a posição relativa, interseção e ângulo entre o plano x  +  y –  3  =  0 e o plano 2x –  y  +  z –  1  =  0 .

SOLUÇÃO
a1 1 b1 1
Comparando os coeficientes das equações gerais dos planos a2
=  
2
 e 
b2
=  
−1
= −1

a1 b1 c1
Como a2
≠   
b2
≠  
c2
, os dois planos são concorrentes.

∣ → → ∣
n1 . n2
Para se obter o ângulo entre os planos: cos θ =∣
∣→∣ ∣→∣

∣ n1 n2 ∣
∣ ∣ ∣ ∣

→ → ∣→ ∣ 2 2 ∣−→∣
2 → →
2 2
n1 =(1, 10)e n2   =  (2, −1, 1), n1 = √(1) + (1) = √2,  ∣n2∣= √2 + (−1) + 1 = √6
∣ ∣
e n1 . n2 = 1. 2  +  1(−1) + 0. 1  = 1 .
∣ ∣

∣ → → ∣
n1 . n2 ∣ ∣ √3 √3
Assim, , portanto, θ 
1
cos θ =∣ ∣= = =  arc cos  
∣→∣ ∣→∣ ∣ √2√6 ∣ 6 6
∣ n1 n2 ∣
∣ ∣ ∣ ∣

x + y − 3 = 0
{ → y = 3 − x e z  =  1  +  y –  2x  =  1  +  (3 –  x) –  2x  =  4 –  3x
2x − y + z − 1 = 0

Fazendo x = λ , então y = 3 – λ e z = 4 – 3λ , λ real.


⎧ x = λ

A reta de interseção dos planos será r :⎨ y = 3 − λ ,  λ real




z = 4 − 3λ

TEORIA NA PRÁTICA
Na interseção entre duas elevações, existe um rio que segue uma trajetória retilínea. A primeira elevação é modelada como plano
x  +  3y  +  5  =  0 e a segunda elevação é modelada pela equação do plano 3y –  z  +  8  =  0 . Qual a equação que modela a trajetória
do rio?
No vídeo a seguir o professor vai desenvolver o cálculo que resultará na resposta desta questão.

MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 4

 Aplicar o conceito de ponto, reta e plano na determinação de distância entre pontos, retas e planos
INTRODUÇÃO
Nos módulos anteriores, introduzimos os conceitos de ponto, reta e plano.

Neste módulo, aplicaremos estes conceitos na determinação da distância entre pontos, entre ponto e reta e entre reta e plano.

DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS



−→
Sejam dois pontos no espaço A (XA ,  YA ,  ZA )  e B (XB ,  YB ,  ZB ). A distância entre A e B será dada pelo módulo do vetor AB. Assim,

−→
AB  =  (B  −  A)  =  (XA   −  XB ,  YA   −  YB ,  ZA   −  ZB )

∣−−
→∣
2 2 2
dAB =∣AB∣= √(XB − XA ) + (YB − YA ) + (ZB − ZA )
∣ ∣

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

No caso particular do R2, os pontos só terão abscissa e ordenada, assim:

∣−−
→∣
2 2
dAB =∣AB∣= √(XB − XA ) + (YB − YA )
∣ ∣
 EXEMPLO

Determine a distância entre os pontos A (2,  1,  –  2) e B (1,  –  1,  0).

SOLUÇÃO
∣−−
→∣
2 2 2 2 2 2
dAB =∣AB∣= √(1 − 2) + (−1 − 1) + (0 − 2) = √(−1) + (−2) + (−2) = √9 = 3
∣ ∣

DISTÂNCIA ENTRE PONTO E PLANO



Sejam o ponto P (XP, YP, ZP) e o plano π com vetor normal n (a,b,c) e equação ax + by + cz + d = 0. A distância do Ponto P ao plano será

−→ −
−→

dada pela projeção vertical do vetor AP na direção do vetor normal n , sendo, portanto, o módulo do vetor P Q
∣−−
→∣ ∣ −−→∣ ∣−−
→ ∣ ∣−−

n̂ ∣ | aXP +bYP +cZP +d |
dP π =∣P Q∣=∣P ROJn AP ∣=∣AP . n̂∣=∣AP . ∣=
| n̂ | 2 2 2
∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ √a +b +c

 EXEMPLO

Determine a distância entre os pontos A (3,  2,  –  2) e o plano 2x  +  y –  z  +  2  =  0 .

SOLUÇÃO
A equação do plano já está na forma geral. Se estivesse em outro formato, teríamos que converter para geral para obtermos o vetor normal.

O vetor normal é n (2,1,-1), assim:
| aXA +bYA +cZA +d | | 3.2+2.1+ ( −2 ) . ( −1 ) +2 | 12
dAπ = = = = 2√ 6
2 2 2
√a +b +c 2 2 2 √6
√2 +1 + ( −1 )

DISTÂNCIA ENTRE PONTO E RETA



−→
Seja um ponto P (XP, YP, ZP) e a reta r. A distância entre o ponto P e a reta r é dada pelo módulo do vetor P Q, no qual o ponto Q pertence à
∣−−→ −
−→∣ ∣−−→ →∣
∣ T P  x T R ∣ ∣ P R x  v ∣
∣ ∣ ∣ ∣
reta r e o segmento PQ é perpendicular à reta. A distância entre o ponto e a reta, no espaço, será: dP r =
∣−−
→∣
ou dP r =
∣→∣
, em
∣TR∣ v
∣ ∣
∣ ∣


que T e R são dois pontos quaisquer da reta e v é o vetor diretor desta reta.

No caso do R2, o raciocínio pode ser análogo ao feito para determinar a distância do ponto ao plano.

Seja o ponto P (XP,YP) e a reta r, de equação ax + by + c = 0, com vetor normal n (a,b), a distância entre o ponto P e a reta r vai ser dada

−→ → −
−→
pela projeção vertical do vetor AP na direção do vetor normal n . Que será o módulo do vetor P Q.

∣− ∣
∣−−
→∣ −−→∣ ∣−−
→ −
→ →
∣ ∣ n | aXP +bYP +c |
dP π =∣P Q∣=∣P ROJn AP ∣=∣AP . n̂∣=∣AP . ∣=
∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣ ∣→∣ 2
√a +b
2

∣ n ∣
∣ ∣

 EXEMPLO

x−3 y+2 z−1


Determine a distância entre os pontos P  (1,  3,  –  1) e a reta = =
−1
2 1
SOLUÇÃO
2
Da equação da reta, obtém-se o vetor diretor ⇀
v (2 ,1 ,-1) e ∣

∣ v ∣
∣=
√22 + 12 + (−1) = √6


−→
Escolhe-se um ponto arbitrário que pertence à reta r: R (3, – 2,1), assim P R = R - P = (2,-5,2)

∣ x̂ ŷ ẑ ∣
−−→ ∣ ∣

P R  ×   v   =  ∣ 2 −5 2 ∣= 3x̂  +  6ŷ   +  12ẑ   =  (3,  6,  12)
∣ ∣
∣ 2 1 −1 ∣

∣−−→
→∣ 2 2 2
∣P R  ×   v ∣  =  √(3) + 6 + 12 = √189 = 3√21
∣ ∣

∣− −→ →∣
∣ P R x  v ∣  
∣ ∣ 3√21 3√14
A fórmula será dada por: dP r = = =
∣→∣ √6 2
v
∣ ∣

TEORIA NA PRÁTICA
Duas estações de telecomunicações se encontram em uma posição do planeta. Através de uma medição em coordenadas cartesianas,
obteve-se sua localização como sendo E1 ( - 200, 100 , 1000) e E2 ( 500, 800, 2200). As coordenadas estão medidas em metros. Para

realizar o projeto de propagação entre elas, necessita-se medir a distância entre as estações. Determine esta distância para que seja
possível a realização do projeto.
No vídeo a seguir o professor vai desenvolver o cálculo que resultará na resposta desta questão.
MÃO NA MASSA

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste tema, foi possível determinar os diversos tipos da equação da reta no R2 e no R3, bem como a equação do plano no R3.

Analisamos também as posições relativas entre as retas e entre os planos e os ângulos que existem entre duas retas e dois planos. Por fim,
examinamos a distância entre pontos, entre ponto e reta e entre ponto e plano. Vimos os principais conceitos relacionados a reta e plano,
suas representações, e aplicamos os conceitos nas posições relativas, distâncias e ângulos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
PEREIRA, P. Curso Geometria Analítica. YouTube. Consultado em meio eletrônico em: 02 jul. 2020.

SANTOS, R. J. Um Curso de Geometria Analítica e Álgebra Linear. 1. ed. Belo Horizonte: Imprensa Universitária da UFMJ, 2012. cap. 4,
p. 209-278.

STEINBRUNCH, A.; WINTERLE, P. Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. cap. 4, p. 99- 132, cap. 5, p. 143-178, cap. 6,
p.190-201.

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:

IEZZI, G. Fundamento de Matemática Elementar 7. 4. ed. São Paulo: Atual, 1978. cap. 2, p. 25-45, cap. 3, cap. 4, p. 77-82.

Para aprofundar os conhecimentos adquiridos neste tema, veja mais alguns conteúdos complementares.
CONTEUDISTA
Jorge Luís Rodrigues Pedreira de Cerqueira

 CURRÍCULO LATTES

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