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1. Introdução
1
2 2.. COORDENADAS E DISTÂNCIA NA RETA
Definição 1
O número real x correspondente ao ponto X é chamado coordenada do
ponto X.
Proposição 1
Sejam X e Y dois pontos sobre o eixo E com coordenadas x e y respectiva-
mente. Então,
d(X, Y ) = |y − x| = |x − y|.
Prova.
Se X = Y , não há o que provar.
Suponhamos então que X 6= Y . Para fixar as idéias, vamos assumir que X
está à esquerda de Y , isto é, x < y. Temos três casos a considerar:
Caso 1. X e Y estão à direita da origem. Isto é, 0 < x < y.
Observação 1
• Se X estiver à direita de Y a demonstração é feita de maneira similar.
d(M, X) = d(M, Y ) ⇐⇒ |x − m| = |y − m|
⇐⇒ m − x = y − m
⇐⇒ 2m = x + y
x+y
⇐⇒ m = .
2
3. Coordenadas no Plano
π ←→ R2
◦ r keixo−OY e P ∈ r,
◦ s keixo−OX e P ∈ s.
Se o ponto X de interse-
ção da reta r com o eixo−OX
tem coordenada x no eixo−OX
e se o ponto Y de interseção da
reta s com o eixo−OY tem coor-
denada y no eixo−OY , associa-
se ao ponto P o par ordenado
(x, y) ∈ R2 . Figura 11: Determinando as coordenadas do ponto P ∈ π
Reciprocamente:
Dado o par ordenado (x, y) ∈ R2
temos que, se:
Observação 2
No eixo−OX, os pontos têm coordenadas (x, 0).
Observação 3
Os eixos ortogonais decompõem o plano em quatro regiões chamadas qua-
drantes:
Exemplo 1
Calcule a distância do ponto A = (−1, 2) ao ponto B = (2, −3).
Solução.
Temos:
p √ √
d(A, B) = (2 − (−1))2 + (−3 − 2)2 = 9 + 25 = 34.
Exemplo 2
Determine para quais valores de m ∈ R os pontos P = (m, 1) e Q = (2m, −m)
têm distância igual a 1.
Solução.
Temos:
p √
d(P, Q) = (2m − m)2 + (−m − 1)2 = 2m2 + 2m + 1 = 1
⇐⇒ 2m2 + 2m + 1 = 1
⇐⇒ m(m + 1) = 0
⇐⇒ m = 0 ou m = −1.
Exemplo 3
Determine os pontos P pertencentes ao eixo-OX tais que d(P, A) = 5, onde
A = (1, 3).
Solução.
O ponto P é da forma (x, 0) para algum x ∈ R. Logo,
p
d(A, P ) = (x − 1)2 + (0 − 3)2 = 5
⇐⇒ (x − 1)2 + 9 = 25 ⇐⇒ (x − 1)2 = 16
⇐⇒ x − 1 = ±4 ⇐⇒ x = 5 ou x = −3
⇐⇒ P = (5, 0) ou P = (−3, 0).
Definição 2
Dados um ponto A num plano π e o número r > 0, o círculo C de centro
A e raio r > 0 é o conjunto dos pontos do plano π situados à distância r do
ponto A, ou seja:
C = {P ∈ π | d(P, A) = r}.
Seja OXY um sistema de eixos ortogonais no plano π e sejam a e b as
coordenadas do centro A neste sistema de eixos. Então,
(x − a)2 + (y − b)2 = r2
Exemplo 4
Determine o centro e o raio do círculo dado pela equação:
(a) C : x2 + y 2 − 4x + 6y = 0.
(b) C : x2 + y 2 + 3x − 5y + 1 = 0.
Solução.
(a) Completando os quadrados, obtemos:
x2 − 4x + y 2 + 6y = 0
x2 + 3x + y 2 − 5y = −1
9 25 9 25
x2 + 3x+ + y 2 − 5y+ = −1+ +
4 4 4 4
3 2 5 2 30
x+ + y− = .
2 2 4
3 5 √
30
Assim, C é o círculo de centro no ponto A = − , e raio .
2 2 2
Exemplo 5
Seja OXY um sistema de eixos ortogonais e considere os pontos P1 = (x1 , y1 )
x + x y + y
1 2
e P2 = (x2 , y2 ). Então, M = , 1 2
é o ponto médio do
2 2
segmento P1 P2 .
Solução.
De fato, considerando os pontos
Q1 = (xM , y1 ) e Q2 = (xM , y2 ), te-
mos que os triângulos 4P1 M Q1 e
4P2 M Q2 são congruentes (AAL),
onde M = (xM , yM ).
Logo,
• d(P1 , Q1 ) = d(P2 , Q2 )
=⇒ |xM − x1 | = |x2 − xM |
=⇒ xM é o ponto médio entre
x1 e x2 Figura 15: M é o ponto médio do segmento P1 P2 .
x + x2
=⇒ xM = 1 .
2
• d(Q1 , M ) = d(Q2 , M ) =⇒ |yM − y1 | = |y2 − yM |
=⇒ yM é o ponto médio entre y1 e y2
y1 + y2
=⇒ yM = .
2
Assim, as coordenadas do ponto médio M do segmento P1 P2 são os
valores médios das respectivas coordenadas dos pontos P1 e P2 .
Exemplo 6
Dados dois pontos A e B do plano π, seja R o conjunto dos pontos equidis-
tantes de A e B, ou seja:
R = {P ∈ π | d(P, A) = d(P, B)}.
Solução.
Para isso, escolhemos um sistema de eixos ortogonais OXY de modo que
o eixo−OX seja a reta que passa pelos pontos A e B, com origem no ponto
médio M do segmento AB e orientada de modo que A esteja à esquerda de
B (figura 17).
Neste sistema de eixos, A e B têm coordenadas (−x0 , 0) e (x0 , 0), respecti-
vamente, para algum número real x0 > 0. Então,
P = (x, y) ∈ R ⇐⇒ d(P, A) = d(P, B) ⇐⇒ d(P, A)2 = d(P, B)2
⇐⇒ (x − (−x0 ))2 + (y − 0)2 = (x − x0 )2 + (y − 0)2
⇐⇒ (x + x0 ))2 + y 2 = (x − x0 )2 + y 2
⇐⇒ x2 + 2xx0 + x20 + y 2 = x2 − 2xx0 + x20 + y 2
⇐⇒ 2xx0 = −2xx0 ⇐⇒ 4xx0 = 0 ⇐⇒ x = 0 ⇐⇒ P ∈ eixo − OY .
Figura 16: Mediatriz e ponto médio de AB. Figura 17: Escolha do sistema de eixos ortogonais
OXY .
Exemplo 7
Dado o ponto P = (x, y), considere os pontos P 0 = (−y, x) e P 00 = (y, −x).
Mostre que os pontos P 0 e P 00 são obtidos a partir do ponto P por uma
rotação de 90o do segmento OP em torno da origem.
Convencionamos dizer que a rotação de 90o que leva o ponto P = (x, y)
ao ponto P 0 = (−y, x) tem sentido positivo, e que a rotação de 90o que
leva o ponto P ao ponto P 00 tem sentido negativo.
Solução.
Como
(
d(P, O)2 = (x − 0)2 + (y − 0)2 = x2 + y 2
d(P 0 , O)2 = (−y − 0)2 + (x − 0)2 = y 2 + x2 ,
temos que o triângulo 4P OP 0 é isósceles.
Além disso,
Isso significa que o ponto P 0 é obtido a partir do ponto P por uma rotação
de 90o do segmento OP em torno da origem.
Vetores no plano
1. Paralelogramos
15
16 1.. PARALELOGRAMOS
Proposição 1
No quadrilátero ABDC os lados opostos AC e BD são congruentes e para-
lelos se, e somente se, as diagonais de ABDC se intersectam num ponto que
é o ponto médio de ambas.
Prova.
(a) Suponhamos que os lados
opostos AC e BD no quadri-
látero ABDC são congruen-
tes e paralelos, e seja M o ponto
de interseção das diagonais AD Figura 2: ABDC de lados opostos congruentes e paralelos.
e BC. Pela hipótese, temos:
• |AC| = |BD|, isto é, os comprimentos dos lados AC e BD são iguais;
• AC k BD.
Logo,
• ACB
[ = DBC,
\ por serem ângulos alternos internos;
• CAD
\ = BDA,
\ por serem ângulos alternos internos.
Pelo critério ALA (ângulo-lado-ângulo), concluímos que os triângulos
4AM C e 4DM B são congruentes.
Em particular, |AM | = |DM | e |BM | = |CM |. Portanto, M é o ponto
médio das diagonais AD e BC.
• AM
\ C = DM
\ B, pois são ângulos opostos pelo vértice.
Pelo critério LAL (lado-ângulo-lado), os triângulos 4AM C e 4DM B são
congruentes.
Em particular, |AC| = |DB| e ACB
[ = CBD,
\ ou seja, os lados AC e DB
são congruentes e paralelos.
2. Segmentos orientados
Definição 1
Dizemos que os segmentos AB e CD são equipolentes, e escrevemos AB ≡ CD,
quando satisfazem às três propriedades abaixo:
Figura 7: AB ≡ CD, pois ABDC é um paralelo- Figura 8: AB 6≡ CD, pois ABDC não é um pa-
gramo. ralelogramo.
Proposição 2
AB ≡ CD ⇐⇒ ponto médio de AD = ponto médio de BC
Prova.
Com efeito, se AB k CD já sabemos que a equivalência é verdadeira, pois
ABDC é um paralelogramo.
Vejamos que isso também é verdadeiro quando AB e CD são segmentos
colineares.
Consideremos a reta r que contém A, B, C e D com uma orientação e uma
origem O escolhidas de modo que B esteja à direita de A (figura 9).
Sejam a, b, c e d as respectivas coordenadas dos pontos A, B, C e D na reta
r.
(a) Como AB e CD têm o mesmo sentido, a < b e c < d, e, como estes
segmentos têm o mesmo comprimento, b − a = d − c. Logo,
a+d b+c
b − a = d − c ⇐⇒ a + d = b + c ⇐⇒ =
2 2
⇐⇒ ponto médio de AD = ponto médio de BC.
Proposição 3
Dados A, B e C pontos quaisquer no plano, existe um único ponto D no
plano tal que AB ≡ CD.
Prova.
Como os pontos A, B e C podem ou não ser colineares, temos dois casos
a considerar.
(a) A, B e C são colineares.
Neste caso, a circunferência de centro no ponto C e raio |AB| intersecta a
reta que contém os pontos A, B e C em exatamente dois pontos, mas apenas
um deles, que designamos D, é tal que AB e CD têm o mesmo sentido (veja
a figura 10).
3. Vetores
Definição 2
Quando os segmentos de reta orientados AB e CD são equipolentes, dizemos
−−→
que eles representam o mesmo vetor →−
v e escrevemos →
−
v = AB .
−−→
Isto é, o vetor →
−
v = AB é o conjunto que consiste de todos os segmen-
tos orientados equipolentes ao segmento AB. Tais segmentos são chamados
representantes do vetor → −
v .
Observação 1
−−→ −−→
(a) Da definição de vetor, temos AB ≡ CD ⇐⇒ →
−
v = AB = CD .
→
− −−→
(b) Por convenção, o vetor nulo é o vetor 0 = AA , qualquer que seja o
ponto A no plano.
(c) Dado um vetor →
−
v e um ponto qualquer C, existe um único ponto D
−−→
tal que →
−
v = CD . Isto é, qualquer ponto do plano é origem de um único
Proposição 4
AB ≡ CD ⇐⇒ b1 − a1 = d1 − c1 e b2 − a2 = d2 − c2
Prova.
Pela proposição 2,
AB ≡ CD ⇐⇒ ponto médio de AD = ponto médio de BC
a1 + d1 a2 + d2 b1 + c1 b2 + c2
⇐⇒ , = ,
2 2 2 2
⇐⇒ (a1 + d1 , a2 + d2 ) = (b1 + c1 , b2 + c2 )
⇐⇒ a1 + d1 = b1 + c1 e a2 + d 2 = b 2 + c 2
⇐⇒ b1 − a1 = d1 − c1 e b 2 − a2 = d 2 − c 2 .
como queríamos demonstrar.
Definição 3
Dados A = (a1 , a2 ) e B = (b1 , b2 ), os números b1 − a1 e b2 − a2 são as
−−→
coordenadas do vetor → −
v = AB e escrevemos → −
v = (b1 − a1 , b2 − a2 ).
Exemplo 1
Sejam A = (1, 2), B = (3, 1) e C = (4, 0). Determine as coordenadas do
−−→ −−→
vetor →
−
v = AB e as coordenadas do ponto D tal que →
−
v = CD .
Solução.
−−→
Temos →−
v = AB = (3 − 1, 1 − 2) = (2, −1) . Além disso, se D = (d1 , d2 ),
temos
→
− −−→ −−→
v = AB = CD ⇐⇒ AB ≡ CD
⇐⇒ (2, −1) = (d1 − 4, d2 − 0)
⇐⇒ 2 = d1 − 4 e − 1 = d2 − 0
⇐⇒ d1 = 2 + 4 = 6 e d2 = −1 + 0 = −1 .
Portanto, D = (6, −1).
Corolário 1
Usando a proposição 4, é fácil verificar que:
(a) AB ≡ CD ⇐⇒ AC ≡ BD.
Figura 12: AB ≡ CD ⇐⇒ AC ≡ BD
(b) AB ≡ CD e CD ≡ EF =⇒ AB ≡ EF .
Figura 13: AB ≡ CD e CD ≡ EF =⇒ AB ≡ EF .
Proposição 5
−−→
Sejam OXY um sistema de eixos ortogonais e →
−
v = AB um vetor.
−−→ −−→
Então existe um único ponto P tal que OP = AB = → −
v . Além disso, as
coordenadas do ponto P coincidem com as coordenadas do vetor →
−
v .
Prova.
De fato, se A = (a1 , a2 ), B = (b1 , b2 ) e P = (p1 , p2 ), então →
−
v = (b1 −a1 , b2 −a2 )
e
AB ≡ OP ⇐⇒ (b1 − a1 , b2 − a2 ) = (p1 − 0, p2 − 0)
⇐⇒ P = (p1 , p2 ) = (b1 − a1 , b2 − a2 )
como queríamos verificar.
Exemplo 2
−−→ −−→
Sejam A = (−1, 2) e B = (4, 1). Determine o ponto P tal que OP = AB .
Solução.
Pela proposição anterior,
P = (4 − (−1), 1 − 2) = (4 + 1, −1) = (5, −1).
Observação 2
−−→ − −−→
Sejam →
−
u = AB e →
v = CD vetores no plano. Quando os segmentos AB
e CD não são colineares ou paralelos, podemos determinar também o vetor
−−→ −−→
soma AB + CD da seguinte maneira:
−−→ − −−→
De fato, pela proposição 5, →
−
u = OP e →
v = OQ , onde P = (α, β) e
Q = (α0 , β 0 ).
−−→
Seja Q0 = (a, b) o ponto tal que →
−
v = P Q0 . Então, pela proposição 4,
(α0 − 0, β 0 − 0) = (a − α, b − β)
=⇒ Q0 = (a, b) = (α + α0 , β + β 0 )
−−→ −−→ −−→ −−→
=⇒ →
−
u +→ −
v = OP + OQ = OP + P Q0
−−−→
= OQ0 = (α + α0 , β + β 0 ).
Definição 4
−−→ −−→
Sejam AB um vetor e λ ∈ R. O produto de λ por AB é o vetor
−−→ −−→
AB 0 = λ AB
De fato:
p
• d(A, B 0 ) = λ2 (b1 − a1 )2 + λ2 (b2 − a2 )2
p
= |λ| (b1 − a1 )2 + (b2 − a2 )2
= |λ|d(A, B);
p
• d(B, B 0 ) = (λ(b1 − a1 ) + (a1 − b1 ))2 + (λ(b2 − a2 ) + (a2 − b2 ))2
p
= (λ − 1)2 (b1 − a1 )2 + (λ − 1)2 (b2 − a2 )2
p
= |λ − 1| (b1 − a1 )2 + (b2 − a2 )2
= |λ − 1|d(A, B).
−−→ −−→
Resta provar que AB e AB 0
têm o mesmo sentido se λ > 0 e
sentidos opostos se λ < 0.
Portanto:
• Se λ > 0, então a1 + λ(b1 − a1 ) > a1 , ou seja, o sentido de A para B 0
coincide com o sentido de A para B.
• Se λ < 0, então a1 + λ(b1 − a1 ) < a1 , ou seja, o sentido de A para B 0 é
oposto ao sentido de A para B.
O caso de b1 − a1 < 0 pode ser analisado de maneira análoga.
Suponhamos agora que b1 − a1 = 0. Neste caso, b2 − a2 6= 0, pois A e
B são pontos distintos.
Se b2 − a2 > 0, o sentido de
percurso de A para B coincide, no
eixo-OY, com o sentido de cresci-
mento das ordenadas dos pontos.
De modo análogo ao caso
b1 − a1 > 0, podemos verificar que
o sentido de percurso de A para
B 0 coincide com o de A para B se
λ > 0, e é oposto ao de A para B,
se λ < 0. Figura 21: Sentido de percurso de A para B.
Definição 5
A multiplicação do vetor →
−
v pelo número real λ é, por definição, o vetor
−−→ −−→
λ→
−
v = λAB , onde AB é um representante do vetor → −
v .
−−→ −−→
Pelo provado acima, λ→−
v está bem definido, pois se → −
v = CD = AB ,
então, num sistema de eixos ortogonais,
→
−
v = (d1 − c1 , d2 − c2 ) = (b1 − a1 , b2 − a2 ),
Portanto,
−−→
λCD = (λ(d1 − c1 ), λ(d2 − c2 )) = (λ(b1 − a1 ), λ(b2 − a2 ))
−−→ −−→
=⇒ λCD = λAB .
Além disso, fica provado também que:
se →
−
v = (α, β) então λ→
−
v = (λα, λβ).
−−→ − −−→
Então, se →
−
v = OP e λ→
v = OP 0 , temos que P = (α, β) e P 0 = (λα, λβ).
~ 0.
~ e λ~v = OP
Figura 22: Coordenadas dos vetores ~v = OP
Observação 3
Note que,
→
− −−→ −−→ → −
• λ 0 = λ AA = AA = 0 ;
−−→ −−→ → −
• 0AB = AA = 0 .
→
−
Não confunda: o número 0 (zero) com o vetor 0 .
Proposição 6
Um ponto P pertence a reta r que passa pelos pontos A e B se, e somente se,
−−→ −−→
AP = λAB , para algum λ ∈ R.
Prova.
−−→
Pela definição de multiplicação do vetor AB pelo número real λ, o ponto P
−−→ −−→
tal que AP = λAB pertence a reta r.
d(A, P )
Reciprocamente, seja P um ponto pertencente a reta r e seja µ = .
d(A, B)
Se o sentido de percurso de A para P , ao longo de r, coincidir com o sentido
−−→ −−→
de A para B, então AP = λAB , onde λ = µ, pois pelo teorema 1, item (a),
o ponto P é o único ponto da semirreta de origem em A que passa por B tal
que d(A, P ) = µd(A, B).
Exemplo 3
Dados os vetores →
−
u = (1, −1) e →
−
v = (3, 1), determine
→
− →
− 1→
− −
a = 2→
−
u +→
−
v , b =→
−
u + 2→
−
v ,→
−
c = b −→
a .
2
Solução.
Temos
→
− →
−
a = 2→
−
u +→ −
v b = →
−
u + 2→ −
v
= 2(1, −1) + (3, 1) = (1, −1) + 2(3, 1)
= (2(1), 2(−1)) + (3, 1) = (1, −1) + (2(3), 2(1))
= (2, −2) + (3, 1) = (1, −1) + (6, 2)
= (2 + 3, −2 + 1) = (1 + 6, −1 + 2)
= (5, −1) , = (7, 1) ,
→
− 1→
− →
c = b −−
a
2
1
= (7, 1) − (5, −1)
2
7 1
= , − (5, −1)
2 2
7 1
= − 5, − (−1)
2 2
3 3
= − , .
2 2
Exemplo 4
Dados os pontos do plano A = (1, 3) e B = (6, 1).
Solução.
(a) Para isto basta notar que
−−→ 1 −−→
AC = AB .
2
Assim, se C = (x, y) temos:
1 5
(x − 1, y − 3) = (5, −2) = , −1 ,
2 2
então:
x−1 = 5 7
2 =⇒ x = e y = 2.
y − 3 = −1 2
Portanto,
7
C= ,2 .
2
(b) Note que:
Observação 4
O método utilizado para resolver o exemplo acima pode ser generalizado da
seguinte maneira: dado um segmento AB, os pontos P1 , P2 , · · · , Pn−1 que
dividem o segmento AB em n partes iguais são dados por:
−−−→ k −−→
APk = AB , k = 1, · · · , n − 1.
n
−−→ − −−→
• De fato, se →
−
u = AB e →
v = BC , então
→
− −−→ −−→ −−→
u +→−
v = AB + BC = AC .
−−→
Se D é o outro vértice do paralelogramo ABCD, então →
−
u = DC e
→
− −−→
v = AD .
Logo,
→
− −−→ −−→ −−→
v +→
−
u = AD + DC = AC .
Portanto,
→
− −−→ − →
u +→
−
v = AC = →
v +−
u.
Observação 5
−−→ −−→
O vetor simétrico −→ −
u = BA do vetor → −
u = AB é o vetor (−1)→
−
u , pois
se →
−
u = (α, β) é o vetor →
−
u dado em coordenadas, então:
−−→ −−→
BA = (−α, −β) = (−1)(α, β) = (−1)AB .
Definição 6
O vetor →
−
u + (−→
−
v ), escrito →
−
u −→−
v ,é
chamado diferença entre → −
u e→−
v .
−−→ − −−→
Sejam A, B, C pontos do plano tais que →
−
u = AB e →
v = AC . Então,
→
− −−→ −−→
u + (−→ −
v ) = AB + (−AC )
−−→ −−→
= AB + CA
−−→ −−→ −−→
= CA + AB = CB .
Definição 7
(a) Dizemos que o vetor →
−
v é múltiplo do vetor →
−
u se existe λ ∈ R tal que
→
−
v = λ→−
u.
(b) Dizemos que um vetor → −
v é combinação linear dos vetores
→
−
v 1, →
−
v 2 , . . ., →
−
v n quando existem números reais λ1 , λ2 , . . ., λn , tais que
→
−
v = λ1 →
−
v 1 + λ2 →
−
v 2 + · · · + λn →
−
v n.
Proposição 7
Um dos vetores →
−
u = (a, b) e →
−
v = (a0 , b0 ) é múltiplo do outro se, e somente
se,
a b
= ab0 − ba0 = 0 .
a0 b 0
Prova.
(=⇒) Suponha que → −
v = λ→
−
u para algum λ ∈ R. Como →
−
u = (a, b) e
→
−
v = (a0 , b0 ), temos:
(a0 , b0 ) = λ(a, b) = (λa, λb) =⇒ a0 = λa
e
b0 = λb =⇒ ab0 − ba0 = aλb − bλa = 0.
Exemplo 5
Determine se os vetores →
−
u = (1, 2) e →
−
v = (3, 6) são múltiplos um do outro.
Solução.
1 2
Temos = 6 − 6 = 0. Portanto, um vetor é múltiplo do outro.
3 6
Note que →
−
v = 3→
−
u.
Proposição 8
Se nenhum dos vetores → −
u e→−
v é múltiplo um do outro, então qualquer outro
vetor −
→ do plano se escreve de modo único como combinação linear de →
w −
u e
→
− −
→
v . Isto é, existem λ, µ ∈ R, determinados de forma única por w , tais que
−
→ = λ→
w −
u + µ→
−
v .
Prova.
De fato, se →
−
u = (a, b), →
−
v = (a0 , b0 ) e −
→ = (a00 , b00 ) temos, pela proposi-
w
ção 7, que ab0 − ba0 6= 0.
Vamos determinar λ, µ ∈ R de modo que −
→ = λ→
w −
u + µ→
−
v .
Observação 6
O plano é bidimensional (de dimensão 2).Isso significa que basta conhecer
dois vetores →
−
u e→ −
v , que não sejam múltiplos um do outro, para conhecer
todos os outros vetores do plano. De fato, pela proposição anterior, qualquer
outro vetor se expressa de forma única como combinação linear destes dois
vetores.
Exemplo 6
Verifique que qualquer vetor do plano se escreve como combinação linear dos
vetores →
−
u = (2, −1) e → −v = (−3, 2), e escreva o vetor −→ = (1, 1) como
w
combinação linear de →
−
u e→
−
v .
Solução.
2 −1
• Como = 4 − 3 = 1 6= 0, os vetores →
−
u e →
−
v não são múlti-
−3 2
plos um do outro. Pela proposição anterior, qualquer outro vetor se escreve
de maneira única como soma de múltiplos dos vetores →−
u e→ −
v .
• Dado o vetor −
→ = (1, 1), devemos achar λ, µ ∈ R tais que:
w
−
→ = λ→
w −
u + µ→−
v .
Escrevendo esta equação em coordenadas, vemos que:
(1, 1) = λ(2, −1) + µ(−3, 2) = (2λ − 3µ, −λ + 2µ),
ou seja,
(
2λ − 3µ = 1
−λ + 2µ = 1 .
Os números λ e µ que resolvem este sistema são:
1 × 2 − (−3) × 1
λ= =2+3=5
1
e
2 × 1 − 1 × (−1)
µ= = 2 + 1 = 3.
1
Portanto, −
→ = 5→
w −
u + 3→
−
v .
Definição 8
−−→
A norma ou comprimento do vetor →
−
v = AB é o número real não negativo:
k→
−
v k = d(A, B).
representá-lo.
De fato, se
→
− −−→ −−→
v = AB = CD =⇒ AB ≡ CD =⇒ d(A, B) = d(C, D).
k→
− p
v k = d(O, P ) = x2 + y 2 .
Quando k→
−
v k = 1, dizemos que o vetor →
−
v é um vetor unitário.
Observação 7
Se →
−
v = (x, y) e λ ∈ R então kλ→
−
v k = |λ| k→
−
v k. De fato, como λ →
−
v = (λx, λy),
então:
kλ →
− p p
v k = λ2 x2 + λ2 + y 2 = λ2 (x2 + y 2 )
√ p
λ2 x2 + y 2 = |λ| x2 + y 2 = |λ| k→
−
p
= v k.
Definição 9
−−→ − −−→
Sejam →
−
u = AB e →
v = AC vetores no plano.
O ângulo entre →−
u e→ −
v , designado ∠(→
−
u ,→
−v ),
é o menor ângulo formado pelos segmentos AB
e AC.
Figura 30: Ângulo entre ~
u e ~v .
Observação 8
→
−
v
Se →
−
v é um vetor não nulo, então →− é um vetor unitário que tem a mesma
kv k
direção e o mesmo sentido de →
−
v . Com efeito, pela observação 7,
→
−
v 1 1
= k→
−
v k= → k→
−
v k = 1.
k→
−
v k k→
−
v k k−
v k
v →
−
e k→
−
v k > 0, temos que →
−
v e →
− têm a mesma direção e o mesmo sentido.
kv k
Assim, se →
−
u e→
−
v são vetores não nulos,
→− →
−
→
− →
− u v
∠( u , v ) = ∠ , − .
||→
−
u || ||→
v ||
Definição 10
O produto interno dos vetores → −
u e →−v do plano é o número real, que
designamos por h→
−
u ,→
−
v i, definido da seguinte maneira:
→
−
h→
−
u ,→
−
v i = 0, se →
−
u =0 ou →
−
v =0
h→
−
u ,→
−
v i = k→
−
u k k→
−
v k cos θ , se →
−
u 6= 0 , →
− 6 0
v = e θ = ∠(→
−
u ,→
−
v )
Proposição 9
Sejam →
−
u = (α, β) e →
−
v = (α0 , β 0 ) dois vetores no plano. Então,
h→
−
u ,→
−
v i = αα0 + ββ 0
Prova.
Se →
−
u ou → −
v são vetores nulos, a identidade acima verifica-se, pois, neste
caso, h→
−
u ,→
−
v i = 0 e αα0 + ββ 0 = 0.
−−→
Suponhamos agora que →−
u e → −
v são vetores não nulos. Se →
−
u = OP e
→
− −−→
v = OQ , então P = (α, β), Q = (α0 , β 0 ) e
Proposição 10
Sejam →
−
u,→
−v e−
w→ vetores do plano e seja λ ∈ R. Valem as seguintes propri-
edades:
(1) h→
−
u ,→
−
u i = k→
−
u k2 ≥ 0
→
−
(2) h→
−
u ,→
−
u i = 0 ⇐⇒ →−
u =0
(3) h→
−
u ,→
−
v i = h→
−
v ,→
−
ui
(4) hλ→
−
u ,→
−
v i = λh→
−
u ,→
−
v i
(5) h→
−u , λ→
−
v i = λh→
−
u ,→
−v i
(6) h u + w , v i = h u , →
→
− −
→ →
− →
− −
v i + h−
→, →
w −
v i
(7) h→
−
u ,→
−
v +−
→i = h→
w −
u ,→
−
v i + h→
−
u ,−
→i
w
Definição 11
Sejam →−
u e →−
v vetores do plano. Dizemos que →
−
u é perpendicular a →
−
v
→
− →
−
se ∠(→−
u ,→
−
v ) = 90o ou →
−
u = 0 ou → −
v = 0 . Se → −
u é perpendicular a →
−
v
escrevemos u ⊥ v . Note que u é perpendicular a →
→
− →
− →
− −
v se, e somente se, →
−
v
é perpendicular a →
−
u.
Proposição 11
Dois vetores são perpendiculares se, e somente se, o seu produto interno é
igual a zero. Isto é,
→
−
u ⊥→
−
v ⇐⇒ h→
−
u ,→
−
v i=0
Prova.
Sejam →−
u e →
−
v vetores do plano. Se algum destes vetores é o vetor nulo,
então u ⊥ v e h→
→
− →
− −
u ,→
−
v i = 0, por definição.
→
− − →
−
Suponhamos, então, que →
−
u 6= 0 e → v =6 0 , e seja θ = ∠(→
−
u ,→
−
v ). Então,
h→
−
u ,→
−
v i = k→
−
u k k→
−
v k cos θ = 0 ⇐⇒ cos θ = 0 ⇐⇒ θ = 90o ,
como queríamos demonstrar.
Proposição 12
Seja →
−
u = (a, b) um vetor não nulo. Então o vetor →
−
v é perpendicular ao
vetor →
−
u se, e só se, →
−
v = λ(−b, a), para algum λ ∈ R.
Prova.
De fato, se v = λ(−b, a), então
h→
−
u ,→
−
v i = a(−λb) + b(λa) = 0 =⇒ →
−
u ⊥→
−
v .
Reciprocamente, se h→
−
u ,→
−
v i=0e→
−
v = (c, d), então ac + bd = 0, isto é,
c d
= 0.
−b a
Exemplo 7
Dados os pontos A = (−2, 3), B = (0, 1) e C = (4, 2). Calcule o cosseno do
−−→ −−→
ângulo θ entre os vetores AB e AC .
Solução.
Sabemos que
−−→ −−→ −−→ −−→
hAB , AC i = ||AB || · ||AC || cos θ.
−−→ −−→
Por outro lado, como AB = (2, −2) e AC = (6, −1) , temos:
−−→ −−→
hAB , AC i = 2 · 6 − 2 · (−1) = 14.
−−→ √ −−→ √
E ainda, ||AB || = 2 2 e ||AC || = 37, o que implica que
√ √ √
14 = 2 2 37 cos θ =⇒ cos θ = 7/ 74.
Exemplo 8
Dados os vetores →
−
u = (4, −3) e →
−
v = (x, 1), determine x ∈ R de modo que
h→
−
u ,→
−
v i = 5.
Solução.
Como h→−
u ,→
−
v i = 5 temos:
4 · x − 3 · 1 = 5 =⇒ x = 2.
Portanto, x = 2.
Exemplo 9
Dados os vetores →
−
u = (a + 1, 2) e →
−
v = (−3, 1), calcule o valor de a ∈ R para
que →
−
u seja perpendicular a →
−
v .
Solução.
Para que →
−
u e→
−
v sejam perpendiculares, é necessário e suficiente que
h→
−
u ,→
−
v i = 0,
ou seja,
(a + 1) · (−3) + 2 · 1 = 0 ⇐⇒ −3a − 3 + 2 = 0 ⇐⇒ a = − 13 .
1
Portanto, a = − .
3
Proposição 13
Seja →
−
u = (a, b) um vetor não nulo. Então os vetores unitários −
v→ −
→
1 e v2 que
onde −
→ = (−b, a) é um vetor perpendicular a →
w −
v .
Prova.
De fato:
→
−
u −
→
w →
−
u −
w→
−
→ 2
• ||v1 || = < cos θ → + sen θ −
||−
u || →|| , cos θ ||→
||w −
u ||
+ sen θ −
||w→|| >
→
−
u →
−
u →
−
u −
→
w
= cos2 θ < → , > +2 cos θ sen θ < , →|| >
||−
u || ||→
−
u || ||→
−
u || ||−
w
−
→
w −
→
w
+ sen2 θ < − , →|| >
→|| ||−
||w w
= cos2 θ + sen2 θ = 1,
<− v→ →
−
1 ,u >
• cos ∠(−
v→ , →
−
u ) =
||−
v→ →
−
1
1 |||| u ||
→
−u −
→
w
< cos θ → − + sen θ − → ,→
−
u >
|| u || ||w ||
=
||→
−
u ||
<→ −u ,→ −
u > <− →, →
w −u >
= cos θ →
− + sen θ = cos θ,
|| u || 2 ||w || · ||→
−
→ −
u ||
pois,
<→ −
u ,→−
u > 1 →
− →
− ||→
−
u ||2
• = → < u , u >= → =1
||→
−
u ||2 ||−
u ||2 ||−
u ||2
<− →, −
w →>
w 1 −
→ −
→ ||−
→||2
w
• →||2 = ||−
→||2 < w , w >= ||−→||2 = 1
||−
w w w
<→ −
u ,−→>
w 1
• →
− −
→ = →− −
→ <→
−
u ,−
→ >= 0.
w
|| u ||||w || || u ||||w ||
Exemplo 10
Determine os vetores unitários −v→ −→
1 e v2 que fazem um ângulo θ ∈ (0, π) com
o vetor →
−
u = (1, 2) tal que cos θ = √25 .
Solução.
2 1
= (1, 2) + (−2, 1) = (0, 1),
5 5
e
→
−u −
→
w 2 (1, 2) 1 (−2, 1)
• −
v→
2 = cos(−θ) →
− + sen(−θ) −
→ =√ √ −√ √
|| u || ||w || 5 5 5 5
2 1 4 3
= (1, 2) − (−2, 1) = , .
5 5 5 5
Exemplo 11
Mostre que os pontos médios dos lados de um quadrilátero são os vértices de
um paralelogramo.
Solução.
Seja ABDC um quadrilátero qualquer e sejam X, Y , Z e W os pontos
médios dos lados AC, CD, DB e BA, respectivamente. Devemos mostrar
que XY W Z é um paralelogramo (figura 33).
Temos:
−−→ −−→
−−→ −−→ −−→ AC CD
XY = XC + CY = +
2 2
1 −−→ −−→ 1 −−→
= AC + CD = AD ,
2 2
−−→ −−→
−−−→ −−→ −−−→ AB BD
ZW = ZB + BW = +
2 2
1 −−→ −−→
1 −−→
= AB + BD = AD .
2 2
−−→ 1 −−→ −−−→
Logo XY = AD = ZW . Entao XY ≡ ZW , e portanto, XY ZW é um
2
paralelogramo.
51
52 1.. EQUAÇÃO PARAMÉTRICA DA RETA
Exemplo 1
Determine a equação paramétrica da reta que passa pelos pontos A = (2, 3)
e B = (1, 2).
Solução.
−−→
Como AB = (1 − 2, 2 − 3) = (−1, −1),
P = (x, y) ∈ r ⇐⇒ (x, y) = (2, 3) + t(−1, −1), t ∈ R
⇐⇒ (x, y) = (2 − t, 3 − t), t ∈ R .
(
x=2−t
Portanto, as equações paramétricas de r são: r : ; t ∈ R.
y =3−t
Definição 1
−
→
Dizemos que um vetor →−
v =6 O é paralelo a uma reta r quando, para quais-
−−→
quer dois pontos A, B ∈ r, o vetor AB é múltiplo do vetor →
−
v . Nesse caso,
→
−
escrevemos v k r.
Um vetor →
−
v paralelo a uma reta r é chamado vetor direção de r.
Observação 1
Sejam C e D pontos pertencentes a reta r que passa pelos pontos A e B.
−−→ −−→
Então existe λ ∈ R tal que CD = λAB .
De fato, pela proposição 6 do capítulo anterior, existem s ∈ R e t ∈ R tais
que
−−→ −−→ −−→ −−→
AC = sAB e AD = tAB .
Logo,
−−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→
CD = CA + AD = AD − AC = tAB − sAB = (t − s)AB ,
ou seja,
−−→ −−→
CD = λAB , onde λ = t − s.
Observação 2
É fácil verificar, usando a observação anterior, que um vetor →
−
v é paralelo à
−−→
reta r se, e somente se, →
−
v = λAB , onde λ ∈ R − {0} e A, B são dois pontos
fixos quaisquer da reta r.
r : P = A + t→
−
v ; t∈R
Exemplo 2
Determinar a equação paramétrica da reta r que passa por A = (1, 4) e é
paralela ao vetor →
−
v = (5, 2).
Solução.
Temos que:
P = (x, y) ∈ r ⇐⇒ (x, y) = (1, 4) + t(5, 2) = (1 + 5t, 4 + 2t), t ∈ R.
Portanto,
(
x = 1 + 5t
r: ; t ∈ R,
y = 4 + 2t
são as equações paramétricas da reta r.
Exemplo 3
Determine o ponto de interseção da reta r1 paralela ao vetor →
−
v = (1, 2) que
passa pelo ponto A = (3, 4) com a reta r2 que passa pelos pontos B = (2, 3)
e C = (−2, 4).
Solução.
Um ponto P = (x, y) ∈ r1 se, e somente se, P = A + t→
−
v , ou seja,
(x, y) = (3, 4) + t(1, 2) , t ∈ R.
−−→
E um ponto P = (x, y) ∈ r2 se, e somente se, P = B + sBC , isto é,
Definição 2
→
− −−→
Um vetor →
−
u 6= 0 é normal ou perpendicular a uma reta r se →
−
u ⊥ AB ,
quaisquer que sejam os pontos A, B ∈ r.
Observação 3
Na equação cartesiana da reta r obtida acima, você deve observar que os
coeficientes a e b de x e y, respectivamente, são as coordenadas do vetor
normal → −
u = (a, b) e que o valor de c é determinado quando se conhece um
ponto de r, no caso, o ponto A = (x0 , y0 ). Observe também que a e b não
podem ser ambos iguais à zero, pois →
−
u = (a, b) é um vetor não nulo.
Observação 4
Um vetor →
−u = (a, b) 6= (0, 0) é normal à reta r se, e somente se, o vetor
→
−
v = (−b, a) é paralelo à r.
De fato, sejam A e B dois pontos quaisquer pertencentes à reta r.
−−→
Se →
−
u = (a, b) é normal à reta r então, por definição, → −u ⊥ AB . Logo, pela
−−→
proposição 12 do capítulo anterior, existe λ ∈ R tal que AB = λ(−b, a) = λ→
−
v .
Exemplo 4
Determine a equação cartesiana da reta r que passa pelo ponto A = (2, 3) e
é normal ao vetor →
−
u = (1, 2).
Solução.
Como →−
u ⊥ r, devemos ter
r : x + 2 y = c.
O valor de c é calculado sabendo que
A = (2, 3) ∈ r:
c = 1 × 2 + 2 × 3 = 2 + 6 = 8.
Portanto, a equação procurada é
r : x + 2y = 8. Figura 4: Exemplo 4.
Exemplo 5
Determinar a equação cartesiana da reta r que passa pelo ponto B = (2, 3)
e é paralela ao vetor →
−
v = (1, 2).
Solução.
Conhecer um ponto e um vetor paralelo da reta equivale a dar as equações
paramétricas:
(
x=2+t
r: ; t ∈ R.
y = 3 + 2t
Como → −
v = (1, 2) k r temos, pela observa-
ção 4,
→
−
u = (2, −1) ⊥ r.
Portanto,
r : 2x − y = c.
Para determinar c, usamos o fato de que
B = (2, 3) ∈ r, isto é,
c = 2 × 2 − 3 = 1.
Logo,
r : 2x − y = 1.
Figura 5: Exemplo 5.
Exemplo 6 (
x=2−s
Determine a equação cartesiana da reta r : ; s ∈ R.
y = 1 + 3s
Solução.
Das equações paramétricas, obtemos o vetor
→
−
v = (−1, 3) paralelo à reta r e um ponto
A = (2, 1) pertencente a ela.
Como, pela observação 4, o vetor →
−
u = (3, 1)
é normal a r, a equação cartesiana de r é
3x + y = c.
Para calcular c, usamos que A = (2, 1) ∈ r,
isto é,
c = 3 × 2 + 1 = 7.
Logo a equação cartesiana de r é Figura 6: Exemplo 6.
3x + y = 7.
Exemplo 7
Determine as equações paramétricas da reta r : 4x + 3y = 16.
Solução.
Para achar as equações paramétricas de r
precisamos conhecer um vetor paralelo a r
e um ponto de r.
Da equação cartesiana, temos:
→
−
u = (4, 3) ⊥ r =⇒ →−
v = (3, −4) k r .
Para determinar um ponto de r, fazemos
y = 0 na equação cartesiana de r e calcula-
mos o valor correspondente de x:
y = 0 =⇒ 4 × x + 3 × 0 = 16 =⇒ x = 4 .
Portanto, o ponto A = (4, 0) pertence a r. Figura 7: Exemplo 7.
Exemplo 8
Determine as equações cartesianas das retas r1 e r2 que passam pelo ponto
A = (3, 1) e fazem um ângulo de π/4 com a reta r : 2x + y = 2.
Solução.
Como o vetor →−u = (2, 1) é perpendicular à reta r, o vetor →
−
v = (−1, 2),
pela observação 4, é paralelo à reta r.
Figura 8: Exemplo 8.
Sejam −
→ = (−2, −1) e −
w v→ −
→
1 , v2 os vetores unitários que fazem um ângulo de
vetor −
v→ 1 −→
2 = √10 (1, 3), temos que u1 = (1, 3) é um vetor normal à reta r1 e
−
u→ = (3, −1) é um vetor normal à reta r .
2 2
Assim,
r1 : x + 3y = c1 e r2 : 3x − y = c2 ,
onde c1 = 1×3+3×1 = 6 e c2 = 3×3−1×1 = 8 são as equações cartesianas
das retas que passam pelo ponto A e fazem um ângulo de π/4 com a reta
r.
Observação 5
A equação cartesiana da reta r que corta o eixo-horizontal no ponto de abs-
cissa a e o eixo-vertical no ponto de ordenada b, com a e b diferentes de zero,
x y
é dada por + = 1.
a b
De fato, como os pontos A = (a, 0)
e B = (0, b) são distintos e a equa-
x y
ção + = 1 representa uma reta
a b
que passa por A e B, concluimos que
x y
r : + = 1, pois por dois pontos
a b
distintos passa uma única reta.
Figura 9: Reta passando pelos pontos (a, 0) e
(0, b).
Exemplo 9
Uma reta r que passa pelo ponto P = (2, 4/3) forma com os semieixos coor-
denados positivos um triângulo de perímetro 12. Determine sua equação.
Solução.
Sejam a e b números reais positivos tais que
{(a, 0)} = r ∩ eixo − OX e {(0, b)} = r ∩ eixo − OY .
x y
Pela observação anterior, r : + = 1 é a equação cartesiana de r.
a b
( (
12(a + b) = 72 + ab −36(a + b) = −3 · 72 − 3ab
⇐⇒
4a + 6b = 3ab 4a + 6b = 3ab
2x 5y
+ = 1 ⇐⇒ 8x + 15y = 36.
9 12
108 − 16 · 3 60
Se a2 = 3, então b2 = = = 4, e a equação da reta r2 é
15 15
x y
+ = 1 ⇐⇒ 4x + 3y = 12.
3 4
Assim, o problema possui duas soluções:
r1 : 8x + 15y = 36 e r2 : 4x + 3y = 12.
se,
a c
by = −ax + c ⇐⇒ y = − x + .
b b
Ou seja,
r = {(x, mx + n); x ∈ R},
a c
onde m = − en= .
b b
Uma equação do tipo y = mx + n é chamada equação reduzida ou afim
da reta r.
Provamos assim que toda reta r não vertical se representa por uma
equação do 1o grau da forma y = mx + n, onde:
• n é a ordenada do ponto onde r intersecta o eixo−OY . Se n = 0,
então r passa pela origem.
• m é a razão entre o acréscimo de y e o acréscimo de x quando se
passa de um ponto a outro sobre a reta. De fato, se x0 6= x1 , y0 = mx0 + n
e y1 = mx1 + n, então:
y1 − y0 (mx1 + n) − (mx0 + n) m(x1 − x0 )
= = = m.
x1 − x0 x1 − x0 x1 − x0
y2 − 0
m= = tg θ.
x2 − x1
π
Figura 16: Caso m > 0 : 0 < θ < 2
.
0−y1
m= x2 −x1
= − tg(π − θ) = tg θ.
π
Figura 17: Caso m < 0 : 2
< θ < π.
m = 0 =⇒ θ = 0 =⇒ m = tg θ.
Exemplo 10
Determine as equações das retas que contêm os lados do triângulo de vértices
nos pontos A = (1, 1), B = (4, 1) e C = (1, 3).
Solução.
• A reta r1 que contém o lado AC é vertical, pois A e C têm a mesma
abscissa 1. Assim, r1 : x = 1.
• A reta r2 que contém o lado AB é horizontal, pois A e B têm a mesma
ordenada 1. Portanto r2 : y = 1.
3−1 2
• A reta r3 que contém o lado BC tem inclinação m = = − . Assim,
1−4 3
a equação de r3 é da forma:
2
r3 : y = − x + n.
3
Como B = (4, 1) ∈ r3 , obtemos, substituindo x por 4 e y por 1 na equação
anterior, que:
2 8 11
1 = − × 4 + n =⇒ n = 1 + = .
3 3 3
Portanto,
2 11
r3 : y = − x + ,
3 3
é a equação da terceira reta.
r1 ∩ r2 = {P }.
Proposição 1
As retas r1 : ax + by = c e r2 : a0 x + b0 y = c0 são paralelas ou coincidentes se,
e somente se, existe λ 6= 0 tal que (a0 , b0 ) = λ(a, b), isto é, se e somente se,
seus vetores normais são múltiplos.
Prova.
Suponhamos que a0 = λa, b0 = λb, c0 6= λc e λ 6= 0.
Se P = (x, y) ∈ r1 , ou seja,
ax + by = c =⇒ λax + λby = λc
=⇒ a0 x + b0 y = λc 6= c0 .
Provamos assim que se P = (x, y) ∈ r1 então P = (x, y) ∈
/ r2 , ou seja, que
r1 ∩ r2 = ∅.
Por outro lado, se a0 = λa, b0 = λb, c0 = λc e λ 6= 0, então
ax + by = c ⇐⇒ λax + λby = λc ⇐⇒ a0 x + b0 y = c0 ,
ou seja, as retas r1 e r2 são coincidentes.
Suponhamos agora que r1 ∩ r2 = ∅ ou r1 = r2 , ou seja, que r1 e r2 são retas
paralelas ou coincidentes.
Considere o sistema:
(
ax + by = c
a0 x + b 0 y = c 0
a b
Se = ab0 − a0 b 6= 0, o sistema possui uma única solução dada por:
a0 b0
cb0 − c0 b ca0 − c0 a
x= e y= .
ab0 − a0 b ab0 − a0 b
Logo, como as retas são paralelas ou coincidentes, devemos ter ab0 − a0 b = 0.
Mas, pela proposição 7, isso significa que os vetores (a, b) e (a0 , b0 ) são múl-
tiplos, ou seja, existe λ ∈ R tal que (a0 , b0 ) = λ(a, b). Como (a, b) 6= (0, 0) e
(a0 , b0 ) 6= (0, 0), devemos ter λ 6= 0.
Corolário 1
As retas r1 : ax + by = c e r2 : a0 x + b0 y = c0 são coincidentes se, e
somente se, existe λ ∈ R, λ 6= 0, tal que
(a0 , b0 ) = λ(a, b) e c0 = λc .
Prova.
Pelo teorema acima, se as retas são coincidentes, existe λ 6= 0 tal que a0 = λa
e b0 = λb.
Seja (x0 , y0 ) um ponto da reta r. Como r1 = r2 , as coordenadas x = x0 e
y = y0 satisfazem também a equação de r2 . Logo,
c0 = a0 x0 + b0 y0 = λax0 + λby0 = λc ,
isto é c0 = λc.
Reciprocamente, se existe λ ∈ R, λ 6= 0, tal que λa = a0 , λb = b0 e
λc = c0 , é claro que as equações de r1 e r2 representam a mesma reta, isto é,
r1 = r2 .
Corolário 2
As retas r1 : ax + by = c e r2 : a0 x + b0 y = c0 são paralelas se, e somente
se, existe λ ∈ R, λ 6= 0, tal que
(a0 , b0 ) = λ(a, b) e c0 6= λc .
Exemplo 11
Determine a equação cartesiana da reta r2 paralela à reta r1 : 2x + 3y = 6
que passa pelo ponto A = (1, 0).
Solução.
Seja r2 : ax + by = c a equação cartesiana da reta r2 . Pela proposição
1, existe λ 6= 0 tal que
(a, b) = λ(2, 3),
onde (2, 3) é o vetor normal à reta r1 . Podemos tomar, sem perda de gene-
ralidade, λ = 1, ou seja, (a, b) = (2, 3).
Exemplo 12
Verifique se as retas
r1 : 2x + y = 1, r2 : 6x + 3y = 2 e r3 : 4x + 2y = 2 ,
são paralelas ou coincidentes.
Solução.
Multiplicando a equação de r1 por 3, obtemos r1 : 6x + 3y = 3 e, como
3 6= 2, temos r1 k r2 .
Multiplicando a equação de r1 por 2, obtemos a equação de r3 . Logo r1 = r3 .
Além disso, r2 k r3 .
Definição 3
O ângulo ∠(r1 , r2 ) entre duas retas r1 e r2 se define da seguinte maneira:
Em particular, 0 < ∠(r1 , r2 ) ≤ π/2. A medida dos ângulos pode ser dada
em graus ou radianos.
Sejam −
v→ −→
1 e v2 vetores paralelos às retas r1 e r2 , respectivamente. En-
21),
−→ − →
cos ∠(r1 , r2 ) = | cos ∠(−
v→ , →)| = |hv1 , v2 i| ,
−
v 0 < ∠(r1 , r2 ) ≤ π/2
1 2 −→ − → kv1 k kv2 k
− |hλ−
v→ −
→
2 , v2 i| |λ| |h−
v→ −
→
2 , v2 i|
v→ −
→
1 = λv2 =⇒ = → = 1 = cos 0 = cos ∠(r1 , r2 ) .
kλ−
v→ −
→
2 k kv2 k |λ| k−v→ −
2 k kv2 k
• Duas retas são perpendiculares quando o ângulo entre elas é de 90o (ou
π
radianos). Nesse caso, escrevemos r1 ⊥ r2 .
2
Proposição 2
As retas r1 : ax+by = c e r2 : a0 x+b0 y = c0 são perpendiculares se, e somente
se, seus vetores normais −
w→ = (a, b) e −
1 w→ = (a0 , b0 ) são perpendiculares, ou
2
seja,
aa0 + bb0 = 0.
Prova.
onde −
v→ −→
1 e v2 são vetores paralelos às reta r1 e r2 respectivamente.
Como −w→ −→ 0 0
1 = (a, b) ⊥ r1 e w2 = (a , b ) ⊥ r2 temos, pela observação 4, que
−
v→ = (−b, a) k r e −
v→ = (−b0 , a0 ) k r . Logo r ⊥ r se, e somente se,
1 1 2 2 1 2
h−
v→ −
→ 0 0 0 0
1 , v2 i = (−b)(−b ) + aa = aa + bb = 0,
ou seja, h−
w→ −→ 0 0
1 , w2 i = aa + bb = 0.
Exemplo 13
Determine a equação cartesiana da reta r2 que passa pelo ponto (1, 2) e é
perpendicular à reta r1 : x + 3y = 1.
Solução.
Seja r2 : ax + by = c a equação cartesiana de uma reta perpendicular a
r1 : x + 3y = 1.
Pela proposição anterior, o vetor −
u→ = (a, b) é perpendicular ao vetor
2
−
u→ −→
1 = (1, 3) e, portanto, pela proposição 12 do capítulo anterior, u2 = λ(−3, 1)
para algum λ 6= 0.
Podemos tomar, sem perda de generalidade, λ = 1, ou seja, − u→ = (−3, 1). 2
Proposição 3
As retas r1 : y = mx + n e r2 : y = m0 x + n0 são paralelas se, e somente se,
m = m0 e n 6= n0 .
Prova.
De fato, como r1 : mx−y = −n e r2 : m0 x−y = −n0 , temos que → −
v = (m, −1)
−
→
e w = (m0 , −1) são vetores normais às retas r e r , respectivamente.
1 2
Logo, pelo corolário 2, r1 e r2 são paralelas se, e somente se, existe λ 6= 0 tal
que
(m0 , −1) = λ(m, −1) = (λm, −λ) e −n0 6= −λn.
Exemplo 14
Determine a equação da reta r2 que passa pelo ponto A = (1, 4) e é paralela
à reta
r1 : y = 3x + 2.
Solução.
Como r2 é paralela à reta não vertical r1 , r2 é também não vertical.
A equação de r2 é da forma r2 : y = 3x + n0 , pois r1 e r2 têm a mesma
inclinação m = 3, pela proposição 3.
A proposição abaixo nos diz quando duas retas não verticais e não
horizontais são perpendiculares.
Proposição 4
Sejam r1 : y = mx + n e r2 : y = m0 x + n0 duas retas tais que m 6= 0 e m0 6= 0.
Então r1 ⊥ r2 se, e somente se, mm0 = −1.
Prova.
Como r1 : mx − y = −n e r2 : m0 x − y = −n0 temos, pela proposição 2, que
r ⊥ r se, e somente se, seus vetores normais →
1 2
−
v = (m, −1) e −→ = (m, −1)
w
são ortogonais.
Logo,
r1 ⊥ r2 ⇐⇒ h→
−
v ,−
→i = mm0 + 1 = 0 ⇐⇒ mm0 = −1.
w
Exemplo 15
Determine a equação da reta r2 que passa pelo ponto A e é perpendicular à
reta r1 , onde:
(a) r1 : x = 2 , A = (5, 3) ; (b) r1 : y = 4x + 5 , A = (4, 1) .
Solução.
(a) Como r1 é vertical, r2 deve ser horizontal e a sua equação da forma
r2 : y = n.
Sendo que A = (5, 3) ∈ r2 , devemos ter 3 = n e, portanto, r2 : y = 3.
Exemplo 16
Determine as equações cartesianas das retas perpendiculares à reta r que
passa pelos pontos A = (1, 0) e B = (−1, 3).
Solução.
3−0 3
A reta r tem inclinação m = = − . As retas perpendiculares a
−1 − 1 2
1 1 2
r devem, portanto, ter inclinação m0 = − = − = . Logo a equação
m −3/2 3
de uma reta perpendicular a r é
2
rd0 : y = x + d .
3
Variando d ∈ R obtemos a equação de qualquer reta perpendicular à reta r.
2
Figura 26: Reta passando pelos pontos A e B e algumas retas da família rd0 : y = 3
x + d.
Escrevemos o valor d como subíndice em rd0 para indicar que a reta em questão
depende do valor d. Ou seja, mudar o valor de d significa considerar outra
reta também perpendicular a r.
A equação da reta rd0 se escreve na forma cartesiana como:
2
rd0 : − x + y = d , ou seja, rd0 : 2x − 3y = −3d .
3
Nesta equação d é um número real qualquer, assim como −3d. Portanto,
fazendo c = −3d, a família de retas perpendiculares à reta r pode ser reescrita
na forma:
rc0 : 2x − 3y = c ,
onde c ∈ R é um número real arbitrário.
Definição 1
Definimos a distância, d(P, r), do ponto
P à reta r por
d(P, r) = min{d(P, P 0 ) | P 0 ∈ r}
77
78 1.. DISTÂNCIA DE UM PONTO A UMA RETA
Teorema 1
Sejam r : ax + by = c uma reta e P = (x0 , y0 ) um ponto no plano. Então a
distância de P a r é dada por
| ax0 + by0 − c |
d(P, r) = √
a2 + b2
Prova.
Seja s a reta perpendicular à reta r : ax + by = c que passa pelo ponto
P = (x0 , y0 ).
Como →−u = (a, b) ⊥ r, temos que →
−
u k s.
Logo,
(
x = x0 + at
s: ;t ∈ R
y = y0 + bt
Exemplo 1
Calcule a distância do ponto P = (1, −1) à reta r : x + 2y = 1.
Solução.
Vamos resolver o problema de duas maneiras:
(1) Usando a fórmula obtida no teorema anterior: sendo x0 = 1, y0 = −1,
a = 1, b = 2 e c = 1, temos
|1 × 1 + 2 × (−1) − 1| |1 − 2 − 1| 2
d(P, r) = √ = √ =√ .
2
1 +2 2 1+4 5
(2) Seja r0 a reta que passa pelo ponto P = (1, −1) e é perpendicular à reta
r : x + 2y = 1.
−1
Como r tem inclinação m = , a reta r0 tem inclinação
2
1 1
n=− =− = 2.
m −1/2
Logo a equação de r0 deve ser r0 : y = 2x + d.
Sendo P = (1, −1) ∈ r0 , temos −1 = 2 × 1 + d =⇒ d = −1 − 2 = −3.
Assim, r0 : y = 2x − 3. Note, também, que a equação de r se escreve:
1 1
r :y =− x+ .
2 2
1 1
Seja r ∩ r0 = {P ? }. Se P ? = (x, y) então 2x − 3 = − x + , ou seja,
2 2
1 1
2+ x = + 3.
2 2
2 7 7 7 1
7 1
Portanto, x = × = e y = 2 × − 3 = − =⇒ P ? = ,− .
5 2 5 5 5 5 5
Logo,
r
2 1 2
? 7
d(P, r) = d(P, P ) = −1 + − +1
r 5 5
r
2 2 4 2 4 + 16 2
= + = 2
=√ ,
5 5 5 5
concluindo, assim, o cálculo desejado.
Isto é,
d(r, r0 ) = min{d(P, P 0 ) | P ∈ r e P 0 ∈ r0 }
Corolário 1
Sejam r : ax+by = c e r0 : ax+by = c0 retas paralelas (c 6= c0 ) ou coincidentes
(c = c0 ). Então,
| c − c0 |
d(r, r0 ) = √
a2 + b2
Prova.
Seja P = (x0 , y0 ) um ponto da reta r. Então
|ax0 + by0 − c0 |
d(r, r0 ) = d(P, r0 ) = √ .
a2 + b2
|c − c0 |
Como ax0 + by0 = c, obtemos d(r, r0 ) = √ .
a2 + b2
Exemplo 2
Determine as equações das retas paralelas à reta r : 2x + y = 1 que distam
3 unidades de r.
Solução.
Seja s : 2x + y = c uma reta paralela à reta r. Temos,
|c − 1| √
d(r, s) = 3 ⇐⇒ √ = 3 ⇐⇒ |c − 1| = 3 5.
22 + 1 2
√ √
Logo c = 1 + 3 5 ou c = 1 − 3 5, ou seja,
√ √
s1 : 2x + y = 1 + 3 5 e s2 : 2x + y = 1 − 3 5 ,
são as retas paralelas a r que distam 3 unidades da reta r.
Vejamos outra solução para o mesmo problema sem usar a fórmula da dis-
tância entre duas retas paralelas.
1
Seja t : y = x a reta perpendicular à reta r que passa pela origem.
2
2 1
Logo r ∩ t = {P }, onde P = , (verifique!).
5 5
Sejam (2y, y) os pontos pertencentes à reta t que distam 3 de r, ou seja,
2 1
d (2y, y) , , = 3.
5 5
Então,
1 2 1 2
4 y− + y− =9
5 5
1 2 9 3 1
⇐⇒ y − = ⇐⇒ y = ± √ + .
5 5 5 5
Como t : x = 2y, os pontos ao logo de t que estão a distância 3 de P são:
6 2 3 1
P1 = √ + , √ +
5 5 5 5
6 2 3 1
P2 = −√ + , −√ + .
5 5 5 5
Consideremos agora as retas s1 e s2 paralelas à reta r que passam por P1 e
P2 , respectivamente.
Como
d(s1 , r) = d(P1 , P ) = 3
d(s2 , r) = d(P2 , P ) = 3,
s1 e s2 são as retas paralelas a r que distam 3 unidades de r, e suas equações
são:
√ √ √
√
6 5+2 3 5+1 15 5 + 5
s1 : 2x + y = 2 + = =3 5+1
5 5 5
√ √ √
√
−6 5 + 2 −3 5 + 1 −15 5 + 5
s2 : 2x + y = 2 + = = −3 5 + 1.
5 5 5
de s.
Afirmativa 2: Por cada ponto (x0 , y0 ) do plano passa uma única reta
r0 paralela à reta r.
Para verificar esta afirmativa, basta tomar r0 : ax + by = c, onde
c = ax0 + by0 .
b2 ac
Logo, ax1 + x1 = c1 ⇐⇒ x1 = 2 1 2
a a +b
ac2
Analogamente, se P2 = (x2 , y2 ) ∈ s ∩ r2 , então x2 =
a2 + b2
Caso 4. a < 0 e b 6= 0.
As abscissas x1 de P1 e x2 de P2 satisfazem as mesmas relações que no
caso anterior.
Exemplo 3
Faça um esboço detalhado da região R do plano cujos pontos têm coordena-
das satisfazendo simultaneamente as desigualdades do sistema abaixo.
(
y ≤ 2x
R:
x + y ≥ 1.
Solução.
A região R procurada é a interseção das regiões R1 e R2 dadas por:
R1 = {(x, y) | 2x − y ≥ 0} e R2 = {(x, y) | x + y ≥ 1} .
Considere a reta r1 : 2x − y = 0.
O ponto (a, b) = (2, −1) pertence à
reta s1 perpendicular a r1 que pas-
sa pela origem e o número
c = 2x − y aumenta conforme se
avança ao longo da reta s seguindo
o sentido da origem para o ponto
(a, b) = (2, −1), ou seja, o sentido
do vetor →−
v = (a, b). Figura 17: Região R1 . a = 2 > 0 e b = −1 < 0. O
sentido de percurso em s é de x crescente.
Exemplo 4
Determinar e esboçar a região R do plano dada pelo seguinte sistema de
desigualdades:
(
|y| ≤ x − 1
R:
x − y > 2.
Solução.
A região R é a interseção de duas regiões R1 e R2 .
A primeira região consiste dos pontos do plano cujas coordenadas satisfazem
a primeira desigualdade:
R1 = {(x, y) | |y| ≤ x − 1} .
A segunda região consiste dos pontos do plano cujas coordenadas satisfazem
a segunda desigualdade:
R2 = {(x, y) | x + y > 2} .
(a) Determinação da região R1
(
y, se y ≥ 0
Começamos lembrando que |y| =
−y , se y < 0 .
Portanto, a desigualdade |y| ≤ x − 1 equivale a duas desigualdades condici-
onadas:
Figura 22: Região R1 determinada pela desigual- Figura 23: Região R2 = {(x, y) | x − y > 2}.
dade |y| ≤ x − 1.
Exemplo 5
Determine e esboçe a região R do plano dada pelo seguinte sistema de ine-
quações:
2 2
x +y ≤1
R: x − y ≤ −1
x + y ≥ 0.
Solução.
A região R consiste dos pontos do plano cujas coordenadas satisfazem as
três inequações do sistema dado simultaneamente.
Logo R = R1 ∩ R2 ∩ R3 , onde
R1 = {(x, y) | x2 + y 2 ≤ 1}
R2 = {(x, y) | x − y ≤ −1}
R3 = {(x, y) | x + y ≥ 0}
Determinação da região R2 .
Seja r1 : x − y = −1. Como (a, b) = (1, −1), R2 é o semiplano acima da reta
r1 , incluindo a própria reta (figura 26).
Determinação da região R3 .
Raciocinando de maneira similar a outros casos já tratados, vemos que a
região R3 é o semiplano acima da reta r2 : x + y = 0, incluindo a reta r2 ,
pois (a, b) = (1, 1) (veja a figura 27).
Esboço da região R.
Para esboçar a região R são considerados apenas os pontos do plano que
pertencem às três regiões anteriores simultaneamente (figura 28).
Exemplo 6
Determine e faça um esboço da região R do plano dada pelo seguinte sistema
de inequações:
2 2
(x − 1) + y ≥ 4
R: x+y ≥1
√
x + y ≤ 1 + 2 2.
Solução.
A região R procurada é a interseção das três regiões seguintes:
R1 = {(x, y) | (x − 1)2 + y 2 ≥ 4},
R2 = {(x, y) | x + y ≥ 1},
√
R3 = {(x, y) | x + y ≤ 1 + 2 2} .
Determinação da região R1
√
Figura 30: Região R2 = {(x, y) | x + y ≥ 1}. Figura 31: Região R3 = {(x, y) | x+y ≤ 1+2 2}.
Determinação da região R
Finalmente, a região R procurada é a interseção das três regiões obtidas
anteriormente e cujo esboço apresentamos na figura abaixo.
Proposição 1
Se s e s0 são as bissetrizes das retas
concorrentes r e r0 , então Figura 1: Bissetrizes s e s0 das retas r e r0 .
s ∪ s0 = {P | d(P, r) = d(P, r0 )}
Prova.
(=⇒) Suponhamos que s é uma bissetriz das retas r e r0 que se cortam
97
98 1.. BISSETRIZES DE DUAS RETAS CONCORRENTES
bissetriz de r e r0 .
Pela proposição anterior, as bissetrizes s e s0 de duas retas concorrentes
r : ax + by = c e r 0 : a0 x + b 0 y = c 0
são caracterizadas da seguinte maneira:
P = (x, y) ∈ s ∪ s0 ⇐⇒ d(P, r) = d(P, r0 )
|ax + by − c| |a0 x + b0 y − c0 |
⇐⇒ p = p .
a2 + b2 (a0 )2 + (b0 )2
Ou seja:
ax + by − c a0 x + b0 y − c0
P = (x, y) ∈ s ∪ s0 ⇐⇒ p = ±p .
a2 + b2 (a0 )2 + (b0 )2
Exemplo 1
Determinar as bissetrizes das retas r : 2x + y = 1 e r0 : 3x + 2y = 2.
Solução.
Sejam s e s0 as bissetrizes de r e r0 . Então:
2x + y − 1 3x + 2y − 2
P = (x, y) ∈ s ∪ s0 ⇐⇒ p =± p
22 + 1 2 32 + 22
2x + y − 1 3x + 2y − 2
⇐⇒ √ =± √
5 13
r
5
⇐⇒ 2x + y − 1 = ± (3x + 2y − 2) .
13
Assim,
r
5
s : 2x + y − 1 = (3x + 2y − 2)
13
r
s : 2x + y − 1 = − 5 (3x + 2y − 2) ,
0
13
Figura 2: Exemplo 1.
ou seja,
! !
r r r
5 5 5
s: 2−3 x+ 1−2 y =1−2
13 13 13
r ! r ! r
0 5 5 5
s : 2+3 x+ 1+2 y =1+2
13 13 13
Bissetriz de um ângulo
Sejam O, P e Q pontos não colineares do plano. Vejamos como usar a
linguagem vetorial para determinar a bissetriz do ângulo P[
OQ.
−−→ − −−→
Sejam →
−
u = OP e →
v = OQ .
Começamos observando que k→ −
u k·→
−
v e k→−v k·→
−
u são múltiplos positivos
de →
−
v e→−
u , respectivamente, que têm a mesma norma:
k k→
−
u k·→−
v k = k→
−
u k · k→
−
v k = k→
−
v k · k→
−
u k = k k→
−
v k·→
−
u k.
Sejam P 0 , Q0 e R pontos do plano tais que:
−−→ −−−→ −−→ −−−→ −−→
k→
−
v k→
−
u = OP 0 , k→ −
u k→−
v = OQ0 e OP 0 + OQ0 = OR .
Como os segmentos OP 0 e OQ0 são congruentes, o paralelogramo OP 0 RQ0
é um losango. Assim, o segmento OR, que é uma diagonal do losango
OP 0 RQ0 , bissecta o ângulo P\
0 OQ0 = P
[ OQ.
−−→
Logo a semirreta {O + tOR , t ≥ 0} é a bissetriz do ângulo P[
OQ.
Exemplo 2
Determine a equação cartesiana da reta r que contém a bissetriz do ângulo
Solução.
−−→ −−→
Sejam →
−
u = OP = (0, 2) e →
−
v = OQ = (1, 2).
√
Temos k→ −
u k = 2 e k→−
v k = 5. Pelo visto acima, o vetor
−→ √
w0 = k→ −v k→−
u + k →
−
u k →
−
v = 5(0, 2)√+
2(1, 2)
√
= 2, 2 2 + 5 = 2 1, 2 + 5
→ = 2 + √5, −1 é um vetor normal
é paralelo à reta r. Portanto, o vetor −
w
√
a r e a equação de r é da forma 2 + 5 x − y = c.
Como O = (1, −1) ∈ r, temos:
√
c = 2 + 5 × 1 − (−1)
√
= 3 + 5,
e, portanto,
√ √
r : 2 + 5 x − y = 3 + 5,
é a equação procurada.
Figura 5: Projetando w
~ sobre a reta r.
→
− −→
Seja →
−
u 6= 0 um vetor paralelo à reta r. Então w0 é múltiplo de →
−
u , isto
−→ →−− → −
é, w0 = λ→
−
u , para algum número λ ∈ R. Além disso, como − w w0 ⊥ →
u,
temos:
→−−
h−
w
→ −
w0 , →
u i = 0 ⇐⇒ h−
→, →
w − −→ −
u i − hw 0 , →
u i=0
−→ −
⇐⇒ h− →, →
w −u i = hw0 , →
u i ⇐⇒ h−
→, →
w −
u i = hλ→
−u ,→ −
ui
h−→, →
w −
ui
⇐⇒ h−
→, →
w −
u i = λh→
−
u ,→
−
u i ⇐⇒ λ = →− →
−
hu , u i
h−
→, →
w −
ui
⇐⇒ λ= .
k→
−
u k2
−
→ → −
Portanto, Projr (−
w →0 = hw , u i →
→) = −
w −
u
k→
−
u k2
Observação 1
Note que a projeção ortogonal do vetor −
→ sobre a reta r depende apenas
w
da direção da reta. Como a direção da reta é dada por qualquer vetor →
−
u
paralelo a ela, definimos a projeção ortogonal do vetor −
→ sobre o vetor →
w −
u
−
→ →
−
como sendo a projeção de w sobre qualquer reta r paralela a u , ou seja,
−
→ → −
Proj−
→ (−
w → ) = hw , u i →
→) = Proj (−
w −
u
u r
k→
−
u k2
Exemplo 3
Sejam A = (1, 1), B = (2, 3), C = (−4, 1) e D = (−2, 1) pontos do plano.
−−→
Determine a projeção ortogonal do vetor CD sobre a reta r que passa pelos
pontos A e B.
Solução.
→=−
Sejam os vetores −
w
−→
CD = (2, 0) e →
− −−→
u = AB = (1, 2).
Então, como k→−
u k2 = 12 + 22 = 5:
−−→ −−→
→) = hCD , AB i −
Projr (−
w
−→ h(2, 0), (1, 2)i
−−→ 2 AB = 5
(1, 2)
kAB k
2×1+0×2 2
2 4
= (1, 2) = (1, 2) = , .
5 5 5 5
Exemplo 4
Determine os valores m ∈ R de modo que a projeção ortogonal do vetor
−
→ = (m + 1, m − 1) sobre o vetor →
w −
u = (m, 1 − m) seja um vetor unitário.
Solução.
Temos
−
→ → − |h−
→, →
− |h−
→, →
−
kProj−
→ ( →)k = hw , u i →
−
w −
u =
w u i| →
k −
u k =
w u i|
,
u →
−
ku k 2 →
−
ku k 2 →
−
ku k
onde,
h−
→, →
w −
u i = h(m + 1, m − 1), (m, 1 − m)i = (m + 1)m + (m − 1)(1 − m)
= m2 + m − (m − 1)2 = m2 + m − m2 + 2m − 1
= 3m − 1 ,
e
√
k→
− p
u k = k(m, 1 − m)k = m2 + (1 − m)2 = 2m2 − 2m + 1.
Logo:
|h−
→, →
w −u i| |3m − 1|
→
− = 1 ⇐⇒ p =1
ku k 2m2 − 2m + 1
(3m − 1)2
⇐⇒ =1
2m2 − 2m + 1
⇐⇒ 9m2 − 6m + 1 = 2m2 − 2m + 1
⇐⇒ 7m2 − 4m = 0
⇐⇒ m(7m − 4) = 0
4
⇐⇒ m = 0 ou m = .
7
são os valores procurados.
Exemplo 5
Determine o segmento AB obtido projetando-se ortogonalmente o segmento
CD sobre a reta r : x + 2y = 2, onde C = (1, 1) e D = (3, 2).
Solução.
Vamos resolver esse exemplo de duas maneiras.
−→ →=− −→
• Seja w0 a projeção ortogonal do vetor −w CD = (2, 1) sobre a reta r.
Então,
−→ <−w→, →−
u >→−
w0 = →
− u,
|| u ||2
onde →
−u = (2, −1) é um vetor paralelo à reta r, pois (1, 2) ⊥ r.
Logo,
−→
0 < (2, 1), (2, −1) > 3 6 3
w = (2, −1) = (2, −1) = ,− ,
5 5 5 5
ou seja,
−−→ −→
6 3
AB = w0 = ,− .
5 5
6 4
=⇒ x = 2 − 2y = 2 − = .
5 5
4 3 −−→ 6 3
Sendo A = , e AB = , − , obtemos que:
5 5 5 5
−−→ 4 3 6 3
B = A + AB = , + ,− = (2, 0).
5 5 5 5
s2 : 2x − y = c2 ,
=⇒ y = 2x − 4 =⇒ y = 2 × 2 − 4 = 0.
Figura 6: Exemplo 5.
A = k→
−
u k k−
→k sen θ.
w
Logo,
A2 = (k→
−
u k k−
→k sen θ)2
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 sen2 θ
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 (1 − cos2 θ)
w
.
= k→
−
u k2 k−
→k2 − k→
w −
u k2 k−
→k2 cos2 θ
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 − (k→
w −
u k k−
→k cos θ)2
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 − h→
w −
u ,−
→i2 .
w
= α2 (β 0 )2 + β 2 (α0 )2 − 2αα0 ββ 0
Exemplo 6
Determine a área do paralelogramo ABDC, onde A = (1, 2), B = (3, 1),
C = (4, 1) e D = (−2, 3).
Solução.
−−→ −−→
Como AB = (2, −1) e AC = (3, −1), a área A do paralelogramo ABDC é:
!
2 −1
A = det = |−2 + 3| = 1 .
3 −1
Área de um triângulo
Consideremos agora um triângulo 4ABC de vértices A, B e C e seja
T a sua área.
−−→!
AB −−→
onde −−→ representa a matriz cujas linhas são as coordenadas de AB e
AC
−−→
AC .
Exemplo 7
Determine a área T do triângulo de vértices A = (4, 2), B = (6, 1) e
C = (3, 2).
Solução.
−−→ −−→
Temos que AB = (2, −1) e AC = (−1, 0). Logo,
!
1 2 −1 1 1
T = det = | − 1| = ,
2 −1 0 2 2
é a área procurada.
Exemplo 8
Sejam A = (1, 2), B = (3, n + 2) e C = (n − 1, 1). Determine os valores de n
1
de modo que o triângulo 4ABC tenha área T igual a .
2
Solução.
−−→ −−→
Temos que AB = (2, n) e AC = (n − 2, −1). Logo,
!
1 2 n 1
T = det = |−2 − n(n − 2)|
2 n − 2 −1 2 .
1 1
= |−2 − n2 + 2n| = |n2 − 2n + 2|
2 2
1
Assim, T = ⇐⇒ |n2 − 2n + 2| = 1 ⇐⇒ n2 − 2n + 2 = ±1.
2
• Tomando o sinal positivo, obtemos a equação
n2 − 2n + 2 = 1 ⇐⇒ n2 − 2n + 1 = 0 ⇐⇒ (n − 1)2 = 0.
Isto é, n = 1 é uma solução.
• Considerando o sinal negativo, obtemos a equação n2 − 2n + 3 = 0 que,
por ter discriminante ∆ = (−2)2 − 4(1)(3) < 0, não possui raízes reais.
Portanto, n = 1 é a única solução ao problema proposto.
Exemplos de revisão
Exemplo 1
Dado o ponto A = (0, 3) e as retas r : x + y = −1 e s : x − 2y = −5, encontre:
√
(a) As coordenadas dos pontos C ∈ s cuja distância a r é 2.
(b) Ache as coordenadas do ponto A0 simétrico de A em relação à reta
r.
Solução.
(a) Da equação da reta s, vemos que um ponto C pertence à reta s, se
e somente se, C = (2y − 5, y) para algum y ∈ R.
Então,
109
110
√ |(2y − 5) + y + 1| √
d(C, r) = 2 ⇐⇒ √ = 2 ⇐⇒
2
y=2
3y − 4 =2
|3y − 4| = 2 ⇐⇒ ou ⇐⇒ ou
y=2
3y − 4 = −2
3
Para y1 = 2, x1 = 2y1 − 5 = 2(2) − 5 = −1 e C1 = (−1, 2).
2 2 4 11 11 2
Para y2 = , x2 = 2y2 − 5 = 2 · − 5 = − 5 = − e C2 = − , .
3 3 3 3 3 3
Exemplo 2
Faça um esboço detalhado da região R do plano dada pelo sistema de ine-
quações:
x≤y+1
R: x ≥ −y
x + y 2 > 12 .
2
Solução.
A região R é a interseção das regiões:
R1 : x ≤ y + 1 , R2 : x ≥ −y e R3 : x2 + y 2 > 12 .
Determinando a região R1
A região R1 consiste dos pontos (x, y) tais que x ≤ y + 1, ou seja, x − y ≤ 1.
Consideremos a reta r1 : x − y = 1 e seu vetor normal (a, b) = (1, −1), que
aponta no sentido para o qual o parâmetro c na equação x − y = c aumenta.
Assim, a região R1 é o semiplano da figura 3.
Determinando a região R2
A região R2 é formada pelos pontos (x, y) tais que x ≥ −y, ou seja, x+y ≥ 0.
Considerando agora a reta r2 : x + y = 0, seu vetor normal (a, b) = (1, 1)
aponta no sentido para o qual o parâmetro c na equação x + y = c aumenta.
A região R2 é o semiplano indicado na figura 4.
Determinando a região R3
1
A equação C : x2 + y 2 = 2
repre-
senta o círculo de centro na origem
1
e raio √ . Para um ponto (x, y)
2
pertencer à região R3 , o quadrado
da sua distância à origem deve ser
1
maior que , ou seja, o ponto deve
2
estar na região exterior ao círculo
C, como mostramos na figura 5.
Figura 5: Região R3 .
Exemplo 3
Determine os pontos C e B de modo que a projeção ortogonal do segmento
AB sobre a reta r : x + 3y = 6 seja o segmento CD, onde A = (1, 1),
D = (3, 1) e AB é um segmento contido numa reta paralela ao vetor (2, 1).
Solução.
Primeiro vamos determinar a reta ` que contém os pontos A e B.
−−→ −−→
Como AB é paralelo ao vetor (2, 1), temos AB ⊥ (−1, 2) e, portanto,
` : −x + 2y = c. Determinamos c sabendo que A ∈ `: c = −1 + 2(1) = 1.
Logo ` : −x + 2y = 1.
Seja agora r1 a reta perpendicular a r que passa por D = (3, 1).
Como (1, 3) ⊥ r, temos (1, 3) k r1 . Logo (−3, 1) ⊥ r1 e, portanto, a
equação de r1 tem a forma: r1 : −3x + y = c. Como D = (3, 1) ∈ r1 ,
c = −3(3) + 1 = −8.
Assim, r1 : −3x + y = −8.
Para determinarmos o ponto B (r1 ∩ ` = {B}), devemos resolver o sistema
formado pelas equações de r1 e `:
( (
−3x + y = −8 −3x + y = −8 11
=⇒ =⇒ −5y = −11 =⇒ y =
−x + 2y = 1 3x − 6y = −3 5
.
22 17
=⇒ x = 2y − 1 = −1=
5 5
17 11
Logo B = , .
5 5
O ponto C procurado, além de pertencer à reta r, deve pertencer à reta r2
perpendicular a r que passa por A.
Sendo r1 k r2 , a equação de r2 deve ser da forma r2 : −3x + y = c, onde c é
calculado sabendo que A = (1, 1) ∈ r2 : c = −3(1) + 1 = −2.
Portanto, r2 : −3x + y = −2.
Temos então {C} = r2 ∩ r :
( (
−3x + y = −2 −3x + y = −2 8
=⇒ =⇒ 10y = 16 =⇒ y =
x + 3y = 6 3x + 9y = 18 5
.
24 6
=⇒ x = 6 − 3y = 6 − =
5 5
6 8
Assim, C = , é o outro ponto procurado.
5 5
Exemplo 4
Seja P o paralelogramo ABDC cujas diagonais estão sobre as retas
( (
x=t+1 x = −2s + 1
r1 : ; t∈R e r2 : ; s∈R
y = −t + 1 y =s+2
Solução.
Sabemos que num paralelogramo as diagonais cortam-se num ponto M , que
é ponto médio de ambas. Em nosso caso, {M } = r1 ∩ r2 :
( (
t + 1 = −2s + 1 t + 2s = 0
r1 ∩ r2 : =⇒ =⇒ s = 1.
−t + 1 = s + 2 −t − s = 1
Logo M = (−2 × 1 + 1, 1 + 2) = (−1, 3) é o ponto médio das diagonais AD
e BC. Em particular,
A+D
M= =⇒ 2M = A + D =⇒ D = 2M − A = (−2, 6) − (1, 1) = (−3, 5) .
2
Como A e D pertencem à reta r1 (t = 0 e t = −4, respectivamente), os
pontos B e C pertencem à reta r2 .
Além disso, {B} = r ∩ r2 .
Determinemos a reta r.
Sabemos que a reta r passa
por A e é paralela ao vetor
(2, 1). Logo (−1, 2) ⊥ r e,
portanto, r : −x + 2y = c.
Como A = (1, 1) ∈ r, obte-
mos c = −1 + 2(1) = 1.
Assim, r : −x + 2y = 1. Figura 8: Paralelogramo P = ABDC, exemplo 4.
Determinemos agora o vértice
B.
Como B ∈ r1 ∩ r2 , B = (−2s + 1, s + 2), para algum s, e
1
−(−2s + 1) + 2(s + 2) = 1 =⇒ 2s − 1 + 2s + 4 = 1 =⇒ 4s = −2 =⇒ s = − .
2
1 1
3
Logo B = −2 − + 1, − + 2 = 2, .
2 2 2
Finalmente, para determinar C, usamos de novo o ponto médio:
B+C
3 9
M= =⇒ C = 2M − B = (−2, 6) − 2, = −4, ,
2 2 2
concluindo assim a determinação dos vértices de P (Veja a figura 8).
Exemplo 5
Ache a equação do círculo C circunscrito ao triângulo de vértices A = (7, 3),
B = (1, 9) e C = (5, 7).
Solução.
O centro D do círculo C circunscrito ao triângulo 4ABC é o ponto de interse-
ção das mediatrizes dos lados deste triângulo. Além disso, como A, B, C ∈ C,
o raio R de C é dado por:
R = d(A, D) = d(B, D) = d(C, D).
Exemplo 6
x = 2t
Considere as retas r1 : 4x − y = 0 , r2 : 4x − y = 1 , e r3 : ;
y = −t
t ∈ R.. Determine o ponto C ∈ r3 tal que d(C, r1 ) = d(C, r2 ).
Solução.
Temos que P = (x, y) equidista de r1 e r2 ⇐⇒ d(P, r1 ) = d(P, r2 )
|4x − y| |4x − y − 1|
⇐⇒ d(P, r1 ) = p =p = d(P, r2 )
42 + (−1)2 42 + (−1)2
Exemplo 7
Seja 4ABC um triângulo de área 4 tal que AB ⊂ r1 e AC ⊂ r2 , onde
r : y = 3x + 1 e r é a reta paralela ao vetor →
1 2
−
u = (3, 1) que passa pelo ponto
M = (3, 2).
Solução.
Como AB ⊂ r1 e AB ⊂ r2 , temos {A} = r1 ∩ r2 .
Para determinar o vértice A, devemos obter a equação da reta r2 . Pelas
informações dadas, as equações paramétricas de r2 são :
(
x = 3 + 3t
r2 : ; t ∈ R.
y =2+t
Assim, A = (3 + 3t, 2 + t), para algum t ∈ R.
Sendo A ∈ r1 , temos:
2 + t = 3(3 + 3t) + 1 ⇐⇒ 2 + t = 10 + 9t ⇐⇒ 8t = −8 ⇐⇒ t = −1 .
Portanto, A = (3 + 3(−1), 2 + (−1)) = (0, 1).
−−→
AC = ((3t + 3) − 0, (t + 2) − 1) = (3t + 3, t + 1) ,
temos que:
!
1 x 3x
área (4ABC) = det
2 3t + 3 t + 1
1 1
= 2
|xt + x − 9xt − 9x| = |−8xt − 8x|
2
8
= 2
|x(t + 1)| = 4
ou seja,
−−→ −−→ −
Além disso, como BC k r3 e → −
v = (1, −1) k r3 , temos BC k → v , onde
−−→
BC = ((3t + 3) − x, (t + 2) − (3x + 1)) = (3t − x + 3, t − 3x + 1).
−−→!
BC
Assim, det → − = 0, ou seja,
v
−−→! !
BC 3t − x + 3 t − 3x + 1
det → − = det
v 1 −1
= −3t + x − 3 − t + 3x − 1 = −4t + 4x − 4 = 0
⇐⇒ −t + x − 1 = 0 ⇐⇒ x = t + 1 .
Substituindo na identidade (1), obtemos |x2 | = 1, ou seja, x2 = 1.
Logo x = 1 ou x = −1.
Se
x = 1 =⇒ t = x − 1 = 1 − 1 = 0
e, portanto,
B = (1, 3(1) + 1) = (1, 4) e C = (3(0) + 3, 0 + 2) = (3, 2) .
Se
x = −1 =⇒ t = x − 1 = −1 − 1 = −2.
Logo,
B = (−1, 3(−1) + 1) = (−1, −2) e C = (3(−2) + 3, −2 + 2) = (−3, 0) .
Obtemos, assim, dois triângulos que resolvem o problema:
Exemplo 8
(a)Mostre que as retas r1 : x − y = 2 e r2 : x + y = 2 são tangentes ao círculo
C : x2 + y 2 = 2, e determine os pontos de tangência.
(b) Usando o item (a), faça um esboço detalhado da região R do plano dado
pelo seguinte sistema de inequações:
2
x + y2 < 4
x2 + y 2 ≥ 2
R:
x + |y| ≥ 2
x ≥ 1.
Solução.
(a) Uma reta r é tangente a um círculo C quando a interseção de C com
r consiste de um único ponto P , o ponto de tangência.
Um ponto P1 = (x, y) ∈ r1 ∩ C se, e somente se,
x=y+2 e x2 + y 2 = 2
⇐⇒ x=y+2 e (y + 2)2 + y 2 = 2
⇐⇒ x=y+2 e 2y 2 + 4y + 2 = 0
⇐⇒ x=y+2 e y 2 + 2y + 1 = 0
⇐⇒ x=y+2 e y = −1
⇐⇒ x=1 e y = −1
⇐⇒ P1 = (1, −1).
Determinando R1 .
Determinando R2 .
Note que C2 : x2 + y 2 = 2, é o cír-
√
culo de centro na origem e raio 2.
Os pontos que satisfazem à segunda
inequação são os pontos exteriores
a este círculo e os pontos deste cír-
culo.
Determinando R4 .
A região R4 consiste dos pontos P = (x, y), com x ≥ 1, isto é, dos pontos à
direita da reta vertical x = 1.
Determinando R.
Finalmente, sabendo, pelo item(a), que r1 ∩C2 = {(1, −1)} e r2 ∩C2 = {(1, 1)}
podemos esboçar a região R.
Exemplo 9
−−→
Seja ABDC um paralelogramo tal que A ∈ r1 , B ∈ r2 , C = (2, 3), CD é
−−→
múltiplo do vetor (1, 4) e AC ⊥ r3 , onde
( (
x=t+1 x = −5s + 3
r1 : ; t ∈ R , r2 : ; s ∈ R , r3 : 2x − 3y = 6.
y = −2t + 3 y = 4s − 1
Solução.
−−→ −−→
Sendo AC ⊥ r3 e (2, −3) ⊥ r3 , temos AC k (2, −3), ou seja,
−−→ !
AC
det = 0.
(2, −3)
Como A ∈ r1 , temos, para algum t ∈ R, que A = (t + 1, −2t + 3) e, portanto,
−−→
AC = (2 − (t + 1), 3 − (−2t + 3)) = (1 − t, 2t).
Logo,
−−→ ! !
AC 1 − t 2t
det = det = −3(1 − t) − 2(2t)
(2, −3) 2 −3
= −3 + 3t − 4t = −3 − t = 0 =⇒ t = −3 .
Assim,
A = (t + 1, −2t + 3) = (−3 + 1, −2(−3) + 3) = (−2, 6 + 3) =⇒ A = (−2, 9).
−−→ −−→ −−→
Como ABDC é um paralelogramo, AB = CD , e sendo CD múltiplo de
(1, 4),
−−→
CD = k(1, 4) = (k, 4k), (2)
para algum k ∈ R.
Por outro lado, B ∈ r2 =⇒ B = (−5s + 3, 4s − 1), para algum s ∈ R.
−−→
Logo AB = (−5s + 3 − (−2), 4s − 1 − 9) = (−5s + 5, 4s − 10).
Sabendo que dois vetores são iguais se, e somente se, as suas correspondentes
coordenadas são iguais, temos:
(
−−→ −−→ −5s + 5 = k
AB = CD ⇐⇒
4s − 10 = 4k .
Substituindo k da primeira equação na segunda, obtemos
30 5 5 5
4s − 10 = −20s + 20 =⇒ 24s = 30 =⇒ s = = =⇒ k = −5 × + 5 = − .
24 4 4 4
30 110 55
= + 20 = = .
4 4 2
Exemplo 10
Considere os pontos E = (1, 6), F = (2, 3) e as retas r1 e r2 dadas por:
(
x = 2t − 1
r1 : ; t∈R e r2 : 3x − y = 3 .
y = 5t + 1
Solução.
Sendo DE a projeção ortogonal de AB sobre r1 , o ponto B deve ser pro-
jetado no ponto E e sendo F G a projeção ortogonal de AB sobre r2 , o ponto
A deve ser projetado no ponto F .
Seja s1 a perpendicular a r1 que passa por E. Então B ∈ s1 .
Determinemos as equações paramétricas de s1 .
satisfazem a equação de r3 :
2(2t − 1) + 5(5t + 1) = 20 =⇒ 4t − 2 + 25t + 5 = 20
17
=⇒ 29t = 17 =⇒ t = .
29
Este valor de t é o parâmetro do ponto D na reta r1 :
17 17
5 114
D= 2 − 1, 5 +1 = , .
29 29 29 29
Finalmente, o ponto G é o ponto de interseção de r2 com a sua perpendicular
s4 que passa por B = (6, 4).
Como s4 ⊥ r2 e (3, −1) ⊥ r2 , temos (3, −1) k s4 . Logo,
(
x = 6 + 3s
s4 : ; s ∈ R,
y =4−s
pois B = (6, 4) ∈ s4 .
Calculemos o valor do parâmetro s de modo que o ponto
G = (6 + 3s, 4 − s) ∈ s4
satisfaça a equação de r2 :
3(6 + 3s) − (4 − s) = 3 =⇒ 18 + 9s − 4 + s = 3
11
=⇒ 10s = −11 =⇒ s = − .
10
11 11
27 51
Portanto, G = 6 − 3 , 4 + = , .
10 10 10 10
Figura 18: r1 ⊥ s1 , r1 ⊥ s3 , r2 ⊥ s2 e r2 ⊥ s4 .
Coordenadas e distância no
espaço
1. Coordenadas no Espaço
129
130 1.. COORDENADAS NO ESPAÇO
eixo−OX = {(x, 0, 0) | x ∈ R}
eixo−OY = {(0, y, 0) | y ∈ R}
eixo−OZ = {(0, 0, z) | z ∈ R}
Definição 1
• Um plano π é chamado horizontal quando coincide ou é paralelo ao plano
πXY .
π = {P ∈ E | P = (x, y, c)}
Observação 1
Uma reta r no espaço, que é pa-
ralela a um dos eixos coordenados,
intersecta o plano cartesiano com-
plementar em apenas um ponto. As
coordenadas deste ponto determi-
nam as coordenadas de todos os pon-
tos da reta r.
Por exemplo, sejam r1 uma reta pa-
ralela ao eixo OZ e r1 ∩πXY = {Q1 }. Figura 8: Retas r1 , r2 e r3 paralelas aos eixos coorde-
nados.
Se Q1 = (a, b, 0), então qualquer
outro ponto Q = (x, y, z) ∈ r1 satisfaz: x = a, y = b e z ∈ R (veja a
figura 8).
x=a
Portanto, { r1 = (a, b, z) ; z ∈ R } e as equações da reta são r1 : y = b.
De modo análogo:
• Se r2 k eixo OY e r2 ∩ πXZ = {Q2 = (a, 0, c)}, então r2 = {(a, y, c) ; y ∈ R}
x=a
e as equações da reta são: r2 : z = c .
Definição 2
Um plano π é chamado vertical quando contém ou é paralelo ao eixo−OZ.
Isto é, π é um plano vertical se, e somente se,
eixo−OZ ⊂ π ou eixo−OZ ∩ π = ∅.
π = (x, y, z) ∈ R3 α x + β y = d e z ∈ R .
π : αx+βy = d
Observação 2
Não confunda! No espaço, uma equação da forma αx + βy = d representa
um plano vertical, ao passo que, no plano de coordenadas XY , esta equação
representa uma reta.
Além disso, d(P, R) = |c0 − c|, pois os pontos P e R estão sobre uma
mesma reta paralela ao eixo OZ.
Finalmente, como o triângulo 4P RQ é retângulo,
d(P, Q)2 = d(P, R)2 + d(R, Q)2 = |c0 − c|2 + (a0 − a)2 + (b0 − b)2 ,
ou seja,
p
d(P, Q) = (a0 − a)2 + (b0 − b)2 + (c0 − c)2
Definição 3
A esfera S de centro C e raio r é o conjunto que consiste dos pontos P ∈ E
cuja distância ao centro C é igual a r:
S = {P ∈ E | d(P, C) = r} .
Exemplo 1
Mostre, completando os quadrados, que a equação de segundo grau
z 2 + x2 + y 2 − 2x + 4y − 6z = 1,
representa uma esfera S. Determine o centro e o raio de S.
Solução.
Completando os quadrados na equação, temos:
z 2 + x2 + y 2 − 2x + 4y − 6z = 1
⇐⇒ (x2 − 2x) + (y 2 + 4y) + (z 2 − 6z) = 1
⇐⇒ (x2 − 2x+1) + (y 2 + 4y+4) + (z 2 − 6z+9) = 1+1+4+9
⇐⇒ (x − 1)2 + (y + 2)2 + (z − 3)2 = 15.
√
Portanto, S é a esfera de centro C = (1, −2, 3) e raio r = 15.
Exemplo 2
Ponto médio de um segmento no espaço. Determinar as coordenadas
do ponto médio do segmento que liga os pontos A = (a, b, c) e B = (a0 , b0 , c0 ).
Solução.
Na figura 12 mostramos um segmento AB genérico e o seu ponto médio
M = (ma , mb , mc ). Por hipótese, d(A, M ) = d(M, B), ou seja, |AM | = |M B|.
Pelo critério ALA de congruência de triângulos, temos 4ACM ' 4M DB.
Em particular, |CM | = |DB|. Logo, |F G| = |CM | = |DB| = |GH|.
Exemplo 3
Determinar o conjunto,
M = {P ∈ E | d(P, A) = d(P, B)} ,
que consiste dos pontos equidistantes a dois pontos distintos A e B no espaço.
Solução.
Note que o ponto médio M do segmento AB pertence ao conjunto M.
Consideremos agora um sistema de eixos ortogonais OXY Z no espaço tal
que M seja a origem (M = O) e o segmento AB esteja contido no eixo OX,
com A à direita de B.
Assim:
P = (x, y, z) ∈ M
⇐⇒ d(A, P ) = d(B, P ) ⇐⇒ d(A, P )2 = d(B, P )2
⇐⇒ (x − r)2 + (y − 0)2 + (z − 0)2 = (x − (−r))2 + (y − 0)2 + (z − 0)2
⇐⇒ x2 − 2xr + r2 = x2 + 2xr + r2 ⇐⇒ −2xr = 2xr ⇐⇒ 4xr = 0
⇐⇒ x = 0 (pois r 6= 0) ⇐⇒ P = (0, y, z) ∈ πY Z .
Ou seja, M = πY Z . Portanto, geometricamente, o conjunto M é o plano
perpendicular ao segmento AB que passa pelo ponto médio deste segmento.
Vetores
1. Vetores no espaço
139
140 1.. VETORES NO ESPAÇO
Definição 1
Os segmentos orientados AB e CD no espaço são equipolentes, e escreve-
mos AB ≡ CD, quando satisfazem as seguintes condições:
Note que,
−−→ −−→
AB ≡ CD ⇐⇒ AB = CD
Q=P +→
−
v
Proposição 1
Seja OXY Z um sistema de eixos ortogonais e sejam A = (a, b, c), B = (a0 , b0 , c0 ),
C = (x, y, z) e D = (x0 , y 0 , z 0 ) pontos do espaço.
Então os segmentos AB e CD são equipolentes se, e somente se,
a0 − a = x0 − x , b 0 − b = y 0 − y e c0 − c = z 0 − z .
Prova.
Temos que AB ≡ CD se, e somente se, o ponto médio AD coincide com
o ponto médio BC, ou seja, se, e só se:
0
a + x0 b + y 0 c + z 0 a + x b0 + y c0 + z
, , = , ,
2 2 2 2 2 2
a+x 0 0
a +x b+y 0 0
b +y c + z0 c0 + z
⇐⇒ = , = e =
2 2 2 2 2 2
⇐⇒ a + x0 = a0 + x , b + y 0 = b0 + y e c + z 0 = c0 + z
⇐⇒ a0 − a = x0 − x , b0 − b = y 0 − y e c0 − c = z 0 − z .
generalizando, assim, o resultado já conhecido no plano.
Definição 2
Sejam A = (a, b, c) e B = (a0 , b0 , c0 ) pontos no espaço. Os números reais
−−→
a0 − a, b0 − b e c0 − c são as coordenadas do vetor AB no sistema de eixos
OXY Z. Em coordenadas, o vetor é representado por:
−−→
AB = (a0 − a, b0 − b, c0 − c).
Observação 1
• Pela proposição anterior, as coordenadas de um vetor podem ser calculadas
usando qualquer segmento orientado representante do vetor.
• Em particular, dado um vetor →
−
v = (α, β, γ), o ponto P = (α, β, γ) satisfaz
→
− −−→
v = OP .
−−→
O vetor OP é o representante na origem do vetor →
−
v .
Exemplo 1
Considere os pontos A = (1, 4, 0), B = (−1, 1, −1) e C = (3, 5, −10). Deter-
−−→
mine as coordenadas do vetor →−v = AB , do ponto D e do ponto P tais que
→
− −−→ −−→
v = CD = OP .
Solução.
−−→
Temos →−
v = AB = (−1 − 1, 1 − 4, −1 − 0) = (−2, −3, −1).
Seja D = (x, y, z) o ponto procurado.
−−→ −−→
Como AB = CD ⇐⇒ AB ≡ CD, temos, pela proposição anterior, que:
−1 − 1 = x − 3 , 1 − 4 = y − 5 − 1 − 0 = z − (−10) .
Ou seja, x = 1, y = 2 e z = −11. Assim, D = (1, 2, −11).
−−→
E pela observação acima, P = (−2, −3, −1) é o ponto tal que →
−
v = OP .
Definição 3
Sejam →
−
u e→−
v vetores no espaço E. Seja A ∈ E um ponto qualquer e sejam
AB e BC segmentos orientados representantes dos vetores →
−
u e→
−
v respecti-
vamente.
O vetor soma dos vetores → −
u e→ −
v , que designamos por →
−
u +→
−
v , é, por
definição, o vetor representado pelo segmento orientado AC.
Exemplo 2
Sejam A = (3, 2, 0), B = (0, 3, −2) e C = (4, 3, 2) pontos do espaço.
−−→ −−→ −−→
Determine o ponto D tal que AD = AB + AC .
Solução.
Temos,
−−→
AB = (0 − 3, 3 − 2, −2 − 0) = (−3, 1, −2),
−−→
AC = (4 − 3, 3 − 2, 2 − 0) = (1, 1, 2).
Figura 4: Exemplo 2.
Logo,
−−→ −−→
AB + AC = (−3, 1, −2) + (1, 1, 2)
= (−2, 2, 0).
Além disso, se D = (d1 , d2 , d3 ) é a extremidade do representante AD do vetor
−−→ −−→
soma AB + AC com origem no ponto A, então: d1 − 3 = −2, d2 − 2 = 2 e
d3 − 0 = 0. Portanto, D = (1, 4, 0).
Definição 4
A subtração do vetor →
−
v pelo vetor →
−
u é a soma de →−
v com o inverso aditivo
−→
−
u do vetor →−
u . O vetor →−
v + (−→ −
u ) se escreve, abreviadamente, como
→
−
v −→
−
u.
−−→ − −−→
Se →
−
u = AB e →
v = AC , então:
→
− −−→ −−→ −−→ −−→ −−→
v + (−→−
u ) = AC + BA = BA + AC = BC .
Observação 2
Já sabemos que se A, B, C são pontos não colineares do plano, então o
ponto D faz do quadrilátero ABDC um paralelogramo se, e somente se,
−−→ −−→ −−→
AD = AB + AC .
Observação 3
Se A, B, C e D são pontos não coplanares no espaço, então
−−→ −−→ −−→
AB + AC = AE ,
−−→ −−→ −−→
AB + AD = AF ,
−−→ −−→ −−→
AC + AD = AG ,
−−→ −−→ −−→ −−→
AB + AC + AD = AH ,
Definição 5
−−→ −−→
Sejam AB um vetor do espaço e λ ∈ R. O produto de λ por AB é o
−−→ −−→
vetor AB 0 = λ · AB , tal que:
• A, B e B 0 são colineares,
• |AB 0 | = d(A, B 0 ) = |λ| · d(A, B) = |λ| · |AB| ,
• os segmentos AB e AB 0 têm o mesmo sentido se λ > 0 e sentidos opostos
se λ < 0.
Observação 4
Note que se λ = 0, então d(A, B 0 ) = 0 · d(A, B) = 0, isto é, B 0 = A e,
−−→ −−→ → − →
− →
−
portanto, 0 · AB = AA = 0 . Analogamente, λ · 0 = 0 , qualquer que seja
λ ∈ R.
λ·→
−
u = λ(a, b, c) = (λa, λb, λc)
Exemplo 3
Sejam A = (1, 2, 1) e B = (2, 3, 3). Determinemos as extremidades D, D0
−−→ −−→ −−→
e D00 dos representantes CD, CD0 e CD00 dos vetores AB , −2AB e 2AB
com origem no ponto C = (1, 1, 0).
Solução.
−−→
Em termos de coordenadas, AB = (2 − 1, 3 − 2, 3 − 1) = (1, 1, 2) . Logo,
−−→
−2AB = (−2 · 1, −2 · 1, −2 · 2) = (−2, −2, −4),
−−→
2AB = (2 · 1, 2 · 1, 2 · 2) = (2, 2, 4) .
Figura 7: Exemplo 3.
Portanto,
D = (2, 2, 2), D0 = (−1, −1, −4) e D00 = (3, 3, 4).
Observação 5
Estas propriedades são verificadas escrevendo os vetores em um sistema de
eixos ortogonais.
Observação 6
Se →
−u é um vetor do espaço, então o seu inverso aditivo −→
−
u é obtido multi-
→
−
plicando →
−
u por −1. De fato, →−
u + (−1)→ −
u = (1 + (−1))→ −
u = 0→−
u =0 .
Definição 6
O vetor →
−
v é múltiplo do vetor →
−
u quando existe um escalar λ ∈ R tal que
→
−
v = λ→−
u.
Observação 7
a. Todo vetor é múltiplo de si próprio (neste caso, λ = 1).
→
−
b. O vetor zero 0 é múltiplo de qualquer vetor.
→
−
De fato, dado um vetor arbitrário →
−
u , temos 0 = 0 →
−
u.
Em contrapartida, nenhum vetor não nulo pode ser múltiplo do vetor zero.
1−
c. Se →
− 6 0e→
v = −
v = λ→
−
u , então λ 6= 0 e →
−
u = →
v .
λ
→
−
Assim, se →
− 6 0 , então →
v = −
v é múltiplo de →
−
u se, e somente se, →
−
u é múltiplo
→
−
de v .
Proposição 2
Se →
−
u = (x1 , y1 , z1 ) e →
−
v = (x2 , y2 , z2 ) são vetores do espaço, então um dos
vetores →
−
u ou →−
v é múltiplo do outro se, e somente se,
x1 y2 − x2 y1 = x1 z2 − x2 z1 = y1 z2 − y2 z1 = 0 .
Prova.
Sejam →
−
u = (x1 , y1 , z1 ) e →
−
v = (x2 , y2 , z2 ).
(=⇒) Se v é múltiplo de →
→
− −u , existe λ ∈ R tal que →
−
v = λ→
−
u.
Logo,
→
−
v = (x , y , z ) = λ(x , y , z ) = (λx , λy , λz ) = λ→
−
u,
2 2 2 1 1 1 1 1 1
ou seja,
Observação 8
(a) Para mostrar que dois vetores →
−
u e→
−
v não são múltiplos, basta verificar
que um dos números
x1 y 2 − x2 y 1 , x1 z2 − x2 z1 ou y1 z2 − y2 z1 ,
é diferente de zero.
(b) Os números x1 y2 − x2 y, x1 z2 − x2 z1 e y1 z2 − y2 z1 são os determinantes
2 × 2 que podem ser formados com as colunas da matriz 2 × 3
!
x1 y1 z1
x2 y2 z2
Definição 7
Dizemos que dois vetores →
−
u e→
−
v não nulos são colineares quando um deles
é múltiplo do outro.
Observação 9
−−→ −−→
Esta definição está bem justificada, pois se AC = λAB , então os pontos
Exemplo 4
Determine se os pontos A = (−1, 1, 0),
B = (1, 1, 1) e C = (−2, −1, −1) são
colineares ou não.
Solução.
Como
−−→
AB = (x1 , x2 , x3 ) = (2, 0, 1), Figura 8: Exemplo 4.
−−→
AC = (x2 , y2 , z2 ) = (−1, −2, −1),
! !
x1 y 1 2 0
e det = det = (2)(−2) − (0)(−1) = −4 6= 0,
x2 y 2 −1 −2
os pontos dados não são colineares.
Exemplo 5
Determine se os pontos A = (0, 1, 0), B = (1, 1, 1) e C = (−2, 1, −2) são
colineares ou não.
Solução.
−−→ −−→
Temos AB = (x1 , x2 , x3 ) = (1, 0, 1) e AC = (y1 , y2 , y3 ) = (−2, 0, −2).
A matriz 2 × 3 que tem por linhas as coordenadas destes vetores é
! !
x1 x2 x3 1 0 1
= ,
y1 y2 y3 −2 0 −2
Definição 8
Um vetor →
−
v que é soma de múltiplos dos vetores − v→ −
→ −→
1 , v2 , . . . , vn é cha-
combinação linear de −
v→, −
v→, . . . , −
1 v→, se existem λ , λ , . . . , λ ∈ R tais
2 n 1 2 n
que
→
−
v = λ1 →
−
v 1 + λ2 →
−
v 2 + . . . + λn →
−
v n
Teorema 1
Sejam A, B e C pontos não colineares no espaço e seja π o plano que eles
determinam. A fim de que o ponto D pertença ao plano π é necessário e
−−→ −−→ −−→
suficiente que o vetor AD seja combinação linear dos vetores AB e AC ,
ou seja,
−−→ −−→ −−→
D ∈ π ⇐⇒ existem x, y ∈ R tais que AD = xAB + y AC
Prova.
(=⇒) Suponhamos primeiro que D ∈ π.
−−→ −−→
Seja r1 a reta paralela a AC que passa por D e seja r2 a reta paralela a AB
que passa por D.
Então r1 está contida no plano π e intersecta a reta que contém os pontos A
e B num ponto D1 .
Analogamente, r2 está contida no plano π e intersecta a reta que contém os
pontos A e C num ponto D2 .
Exemplo 6
Considere os pontos A = (1, 2, 3) , B = (2, 3, 4), C = (3, 4, 6) , D = (1, 1, 2)
e E = (4, 5, 2).
Mostre que:
(a) A, B e C não são colineares e, portanto, determinam um plano π.
(b) D não pertence ao plano π.
(c) E pertence ao plano π.
Solução.
−−→ −−→ −−→ −−→
Temos AB = (1, 1, 1), AC = (2, 2, 3), AD = (0, −1, −1) e AE = (3, 3, −1).
−−→ −−→ 1 1
(a) Como AB e AC não são múltiplos um do outro, pois det = 1 6= 0,
2 3
concluímos que A, B e C não são colineares, determinando, assim, um plano
π.
(b) Segundo o teorema 1, D ∈ π se, e somente se, existem x, y ∈ R tais que
−−→ −−→ −−→
AD = xAB + y AC .
Isto é,
(0, −1, −1) = x(1, 1, 1) + y(2, 2, 3) = (x + 2y, x + 2y, x + 3y) .
Portanto, os números x e y devem satisfazer as equações:
x + 2y = 0 , x + 2y = −1 , x + 3y = −1 ,
o qual é impossível, pois as duas primeiras implicam que 0 = −1.
Concluímos, então, a não existência dos números x e y e, portanto, a impos-
−−→ −−→ −−→
sibilidade da relação AD = xAB + y AC . Logo, D 6∈ π.
(c) De novo, pelo teorema 1, E ∈ π se, e somente se, existem x, y ∈ R tais
que
−−→ −−→ −−→
AE = xAB + y AC .
Isto é,
(3, 3, −1) = x(1, 1, 1) + y(2, 2, 3) = (x + 2y, x + 2y, x + 3y) .
Logo, x e y devem satisfazer, simultaneamente, as equações:
x + 2y = 3 , x + 2y = 3 , x + 3y = −1 .
Ou seja, x e y são a solução do sistema
(
x + 2y = 3
x + 3y = −1.
−−→ −−→ −−→
Resolvendo o sistema, obtemos x = 11 e y = −4. Portanto, AE = 11AB −4AC ,
e os pontos A, B, C e E são coplanares.
Definição 9
−−→ − −−→ → −−→
Dizemos que os vetores →
−
u = AB , →
v = AC e −
w = AD são linearmente
independentes (LI) quando os pontos A, B, C e D não são coplanares,
isto é, não pertencem a um mesmo plano.
−−→ − −−→ → −−→
Se os vetores →
−
u = AB , →v = AC e − w = AD não são linearmente in-
dependentes, dizemos que eles são linearmente dependentes (LD). Neste
caso, os pontos A, B, C e D são coplanares.
Teorema 2
Sejam −v→ −
→ − →
1 , v2 e v3 três vetores linearmente independentes no espaço. En-
−
→ = x−
w v→ −
→ −
→
1 + y v2 + z v3
Prova.
−−→ − −−→
Sejam A, B, C, D e P pontos do espaço tais que −v→ →
1 = AB , v2 = AC ,
− −−→ − → −−→
v→ −→ − → − →
3 = AD e w = AP . Como os vetores v1 , v2 e v3 são LI, os pontos A,
B, C e D não são coplanares.
Designamos π1 o plano que contém os pontos A, B e C, π2 o plano determi-
nado pelos pontos A, B e D e π3 o plano determinado pelos pontos A, C e
D (figura 3.).
Sejam agora π10 , π20 e π30 os planos que passam pelo ponto P e são paralelos
aos planos π1 , π2 e π3 , respectivamente.
Exemplo 7
Considere os pontos O = (0, 0, 0), A = (1, 1, 1), B = (3, 1, 2), C = (2, 0, 1) e
D = (1, 0, −1).
(a) Verifique que O, A, B e C são pontos coplanares.
(b) Verifique que O, A, B e D são pontos não coplanares.
Solução.
(a) Observe, primeiro, que os pontos O, A e B não são colineares.
−−→ −−→
De fato, os vetores OA = (1, 1, 1) e OB = (3, 1, 2) não são múltiplos um do
! !
1 1 1 1 1
outro, pois a matriz possui uma submatriz 2 × 2, ,
3 1 2 3 1
com determinante diferente de zero.
Para verificar que o ponto C pertence ao plano π determinado pelos pontos
O, A e B, devemos encontrar α, β ∈ R tais que:
−−→ −−→ −−→
OC = α OA + β OB ,
ou seja:
(2, 0, 1) = α(1, 1, 1) + β(3, 1, 2) = (α + 3β, α + β, α + 2β).
Logo, α e β devem ser solução das equações:
α + 3β = 2 (2)
α+β =0 (3)
α + 2β = 1 (4)
Definição 1
−−→
A norma ou comprimento de um vetor →
−
v = AB no espaço é o número
real não negativo
k→
−
v k = d(A, B)
k→
− p
v k = d(O, P ) = α2 + β 2 + γ 2
159
160 1.. PRODUTO INTERNO DE DOIS VETORES NO ESPAÇO
Definição 2
• Um vetor →
−
v de norma igual a 1 é chamado unitário.
−−→ − −−→
• O ângulo ∠(→−
u ,→
−
v ) entre dois vetores →
−
u = AB e →
v = AC não nulos é o
menor ângulo formado pelos segmentos AB e AC. Então, ∠(→
−u ,→
−
v ) ∈ [0, π].
Quando os vetores são colineares, isto é, A, B e C são colineares, então
∠(→
−
u ,→
−
v ) = 0o se B e C estão do mesmo lado em relação a A na reta que os
contém, e ∠(→
−
u ,→
−
v ) = 180o se B e C estão em lados opostos em relação a A.
Definição 3
Sejam →
−
u e→ −
v dois vetores no espaço. O produto interno entre →
−
u e→
−
v é
o número real h→
−
u ,→
−
v i definido da seguinte maneira:
→
− →
−
0, se →
−
u = 0 ou →−
v =0
h→
−
u ,→
−
v i= →
− →
−
k→
−
u k k→
−
v k cos θ, se →
−
u 6= 0 e →
−
v 6= 0
onde θ = ∠(→
−
u ,→
−
v ).
h→
−
u ,→
−
u i = k→
−
u k2
Proposição 1
Sejam →
−
u = (α, β, γ) e →
−
v = (α0 , β 0 , γ 0 ) vetores no espaço expressos em termos
de suas coordenadas com respeito a um sistema de eixos ortogonais OXY Z.
Então,
h→
−
u ,→
−
v i = αα0 + ββ 0 + γγ 0
Proposição 2
Sejam →
−
u, →
−
v e −
→ vetores no espaço e seja λ ∈ R. Valem as seguintes
w
propriedades:
(1) h→
−
u ,→
−
v i = h→
−
v ,→
−
ui
(2) hλ→
−
u ,→
−
v i = λh→
−
u ,→
−
v i
(3) h→
−
u , λ→
−
v i = λh→
−
u ,→
−v i
(4) h→
−
u +− →, →
w −
v i = h→
−
u ,→
−v i + h−
→, →
w −
v i
(5) h→
−
u ,→
−
v +−
→i = h→
w −
u ,→
−
v i + h→
−
u ,−
→i
w
Definição 4
O vetor →
−
u é perpendicular ao vetor →
−
v , e escrevemos →
−
u ⊥ →
−
v , quando o
ângulo entre eles é reto ou quando um dos vetores é igual a zero.
Exemplo 1
Determine os valores de x e y de modo que o vetor →
−
u = (x, y, 1) tenha norma
√
igual a 3 e seja perpendicular ao vetor →
−
v = (1, 3, 4).
Solução.
Temos que →
−
u ⊥→
−
v se, e só se,
h→
−
u ,→
−
v i = h(x, y, 1), (1, 3, 4)i = x + 3y + 4 = 0 ⇐⇒ x = −3y − 4 . (1)
k→
−
u k2 = x2 + y 2 + 1 = 3 ⇐⇒ x2 + y 2 = 2 . (2)
• y2 = −1 =⇒ x2 = 3 − 4 = −1 =⇒ −
u→
2 = (−1, −1, 1).
Definição 5
O produto vetorial de →
−
u por →
−
v é o vetor
→
−
u ×→
−
v = (y1 z2 − y2 z1 , −(x1 z2 − x2 z1 ), x1 y2 − x2 y1 ).
as coordenadas do vetor →
−
u e os elementos da terceira são as coordenadas do
→
−
vetor v :
−
e→ −
e→ −
e→
1 2 3
→
− →
− y1 z1 − x1 z1 − x 1 y1 −
u × v = x1 y1 z1 = e→
1 − e→
2 + e→
3
y2 z2 x2 z2 x2 y 2
x2 y2 z2
onde −e→ −
→ −
→
1 = (1, 0, 0), e2 = (0, 1, 0) e e3 = (0, 0, 1) são os vetores unitários na
direção e sentido dos semieixos positivos OX, OY e OZ, respectivamente.
Proposição 3
(Propriedades do Produto Vetorial.) Sejam → −u = (x1 , y1 , z1 ), →
−
v = (x2 ,
y2 , z2 ) e −
→ = (x , y , z ) vetores no espaço e seja λ ∈ R. Então:
w 3 3 3
(1) < →
−
u ×→ −
v ,→
−
u > = < →
−
u ×→
−
v ,→
−
v > = 0, isto é, →
−
u ×→
−
v é um vetor
→
− →
−
ortogonal a u e a v .
Com efeito,
<→
−
u ×→
−
v ,→−
u > = (y1 z2 − y2 z1 )x1 − (x1 z2 − x2 z1 )y1 + (x1 y2 − x2 y1 )z1
= x1 y1 z2 − x1 y2 z1 − x1 y1 z2 + x2 y1 z1 + x1 y2 z1 − x2 y1 z1
= 0.
!
→
− y1 z1 x1 z1 x1 y1
u ×→
−
v = ,− , = (0, 0, 0).
y2 z2 x2 z2 x2 y2
(3) k→
−
u ×→
−
v k = k→
−
u k k→
−
v k sen θ, onde θ = ∠(→
−
u ,→
−
v ).
Temos:
k→
−
u ×→ −
v k2 = (y1 z2 − y2 z1 )2 + (x1 z2 − x2 z1 )2 + (x1 y2 − x2 y1 )2
= y1 2 z2 2 − 2y1 y2 z1 z2 + y2 2 z1 2 + x1 2 z2 2 − 2x1 x2 z1 z2 + x2 2 z1 2 + x1 2 y2 2
−2x1 x2 y1 y2 + x2 2 y1 2
= x1 2 (y2 2 + z2 2 ) + y1 2 (x2 2 + z2 2 ) + z1 2 (x2 2 + z2 2 ) − 2x1 x2 y1 y2
−2z1 z2 (x1 x2 + y1 y2 )
= x1 2 (x2 2 + y2 2 + z2 2 ) + y1 2 (x2 2 + y2 2 + z2 2 ) + z1 2 (x2 2 + y2 2 + z2 2 )
−x1 2 x2 2 − y1 2 y2 2 − z1 2 z2 2 − 2x1 x2 y1 y2 − 2z1 z2 (x1 x2 + y1 y2 )
= (x1 2 + y1 2 + z1 2 )(x2 2 + y2 2 + z2 2 ) − (x1 2 x2 2 + 2x1 x2 y1 y2 + y1 2 y2 2
+2z1 z2 (x1 x2 + y1 y2 ) + z1 2 z2 2 )
= (x1 2 + y1 2 + z1 2 )(x2 2 + y2 2 + z2 2 ) − ((x1 x2 + y1 y2 )2 +
2z1 z2 (x1 x2 + y1 y2 ) + z1 2 z2 2 )
= (x1 2 + y1 2 + z1 2 )(x2 2 + y2 2 + z2 2 ) − (x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 )2
= k→−
u k2 k→ −
v k2 − h→ −u ,→− 2
v i.
Mas, como h→
−
u ,→
−
v i = k→
−
u k k→
−
v k cos θ, segue que:
k→
−
u ×→−
v k2 = k→ −
u k2 k→
−
v k 2 − k→
−
u k2 k→−
v k2 cos2 θ
= k→ −
u k2 k→
−
v k2 (1 − cos2 θ)
= k→ −
u k2 k→
−
v k2 sen2 θ.
Portanto, k→
−
u ×→
−
v k = k→
−
u k k→
−
v k sen θ.
→
−
(4) Se →
−
u ×→
−
v 6= 0 , então →
−
u ,→
−
v e→
−
u ×→
−
v são LI.
−−→ − −−→ − → −−→
Sejam O, A, B e C pontos tais que →
−
u = OA , →
v = OB e → u ×−v = OC .
→
−
Como →
−
u ×→−
v 6= 0 , temos, pela propriedade (2), que os vetores →
−
u e→
−
v não
são múltiplos, ou seja, os pontos O, A e B não são colineares.
Seja π o único plano que passa pelos pontos O, A e B. Suponhamos,
por absurdo, que os vetores →
−
u ,→
−
v e→
−u ×→ −
v não são LI.
Então o ponto C pertence ao plano π. Pelo teorema 1 do capítulo 8,
(5) →
−
u ×→
−
v = −(→
−
v ×→
−
u)
Com efeito,
→
−
u ×→ −
v = (y1 z2 − y2 z1 , −(x1 z2 − x2 z1 ), x1 y2 − x2 y1 )
= −(y2 z1 − y1 z2 , −(x2 z1 − x1 y2 ), x2 y1 − x1 y2 )
= −(→
−v ×→ −
u)
(6) (λ→
−
u )×→
−
v =→
−
u × (λ→
−
v ) = λ (u × →
−
v ).
De fato, como λ→
−
u = (λx1 , λx2 , λx3 ), temos:
(λ→
−
u )×→−
v = ((λy1 )z2 − y2 (λz1 ), −((λx1 )z2 − x2 (λz1 )), (λx1 )y2 − x2 (λy1 ))
= λ(y1 z2 − y2 z1 , −(x1 z2 − x2 z1 ), x1 y2 − x2 y1 )
= λ(→−
u ×→ −
v ).
A outra identidade, →
−
u × (λ→
−
v ) = λ (u × →
−
v ), prova-se de maneira análoga.
(7) (→
−
u +−
→) × →
w −
v =→
−
u ×→
−
v +−
→×→
w −
v e→
−
u × (→
−
v +−
→) = →
w −
u ×→
−
v +→
−
u ×−
→.
w
(8) h→
−
u ×→
−
v ,−
→i = det(→
w −
u ,→
−
v ,−
→), onde
w
x1 y1 z1
(→
−
u ,→
−
v ,−
→ ) = x y z
w 2 2 2 (3)
x3 y3 z3
Portanto, h→
−
u ×→
−
v ,−
→i = det(→
w −
u ,→
−
v ,−
→).
w
(9) h→
−
u ×→
−
v ,−
→i = 0 se, e somente se, →
w −
u ,→
−
v e−
→ são vetores LD.
w
Suponhamos que h→
−
u ×→
−
v ,−
→i = 0. Então ocorre uma das seguintes
w
alternativas:
→
−
•→−
u ×→ −
v =0 ,
→
−
•→
−
u ×→
−
v 6= 0 .
−−→ − −−→
Sejam A, B e C pontos do plano tais que →
−
u = OA , →
v = OB e
→=−
−
w
−→
OC .
Se a primeira alternativa ocorre, então, pela propriedade (2), os vetores
→
− →
−
u e v são múltiplos, ou seja, os pontos O, A e B são colineares. Logo, os
pontos O, A, B e C são coplanares (⇐⇒ → −
u ,→−
v e− → são LD).
w
→
−
Suponhamos agora que →
−
u ×→
−
v ⊥−
→e→
w −
u ×→
−
v 6= 0 .
→
−
Como → −
u ×→ −
v 6= 0 , os pontos O, A e B não são colineares. Seja π o
único plano que contém estes pontos.
Pela propriedade (4), os vetores →
−
u ,→
−
v e→
−
u ×→
−
v são LI.
Logo, pelo teorema 2 do capítulo 8, existem λ, µ, δ ∈ R tais que
−
→ = λ→
w −u + µ→−
v + δ(→ −
u ×→ −
v ).
Então,
0 = h→
−
u ×→ −
v ,−
→i = h→
w −
u ×→ −
v , λ→
−
u + µ→−
v + δ(→−
u ×→ −
v )i
= λh u × v , u i + µh u × v , v i + δh u × v , u × →
→
− →
− →
− →
− →
− →
− →
− →
− →
− −
v i .
→
− →
−
= δk u × v k2
Como δk→
−
u ×→
−
v k2 = 0 e k→
−
u ×→
−
v k=
6 0, segue que δ = 0, ou seja,
→=−
−
w
−→ −−→ −−→
OC = λOA + µOB .
Portanto, pelo teorema 1 do capítulo 8, o ponto C pertence ao plano
−−→ − −−→
π, ou seja, os pontos O, A, B e C são coplanares (⇐⇒ →
−
u = OA , →v = OB
e−→=−
w
−→
OC são vetores LD).
Se →
−
u e→−
v não são múltiplos, pela observação 9 do capítulo 8, os pontos
O, A e B não são colineares.
Logo,
= k→
−
u k k→
−
v k sen ∠(→
−
u ,→
−
v )
= k→
−
u ×→
−
v k
−−→ −−→
Isto é, a norma do produto vetorial de →
−
u = OA por →
−
v = OB é a
Observação 1
→
−
Pela propriedade (2), →
−
u ×→
−
v = 0 se, e só se, um dos vetores →
−
u ou →
−
v é
múltiplo do outro.
Caso contrário, pela propriedade (1), →−
u ×→−
v é um vetor não nulo perpen-
→
− →
−
dicular ao plano gerado pelos vetores u e v . Isto nos dá a direção do vetor
→
−
u ×→ −
v . E, pela propriedade (3), →−
u ×→ −v é um vetor de comprimento igual
a k→
−
u k k→
−v k sen ∠(→
−
u ,→
−
v ), ou seja, igual a área do paralelogramo construído
sobre os vetores →
−
u e→−
v .
Como existem apenas dois vetores de mesma direção e mesma norma, ele e
seu inverso aditivo, o vetor fica determinando se escolhermos o seu sentido.
O sentido escolhido, na definição, para o produto vetorial é tal que
det(→
−
u ,→
−v ,→
−
u ×→ −
v ) = h→−
u ×→ −
v ,→−
u ×→−
v i = k→−
u ×→ −
v k2 >0.
Mas este sentido depende do sistema de eixos ortogonais OXY Z escolhido.
Portanto, o produto vetorial, como definido acima, fica determinado geome-
tricamente a menos de seu sentido.
É possível dar uma definição geométrica para o produto vetorial, isto é,
podemos escolher geometricamente o sentido do produto vetorial. Vejamos:
Definição 6
Seja {−
u→, −
u→, −
1 u→} um terno ordenado de vetores LI. Dizemos que {−
2 3 u→, −
u→, −
1 u→}
2 3
Exemplo 2
Determinar o produto vetorial →
−
u ×→
−
v , onde →
−
u = (1, 2, 3) e →
−
v = (2, −1, 1).
Solução.
Temos:
→
− 2 3 − 1 3 − 1 2 −
u ×→ −
v = e→
1 − e→
2 + e→ −
→ −
→ −
→
3 = 5e1 + 5e2 − 5e3 .
−1 1 2 1 2 −1
Logo, →
−
u ×→−
v = (5, 5, −5) .
Exemplo 3
Sejam P0 = (1, −1, 2), P = (1, 3, 1) e Q = (2, −1, 0). Calcule a área do
paralelogramo P que tem como arestas adjacentes os segmentos P0 P e P0 Q.
Solução.
−−−→ −−−→
Sendo P0 P = (0, 4, −1) e P0 Q = (1, 0, −2), temos:
−−−→ −−−→ 4 −1 − 0 −1 − 0 4 −
P0 P × P0 Q = e→
1 − e→
2 + e→ = (−8, −1, −4).
0 −2 1 −2 1 0 3
−−−→ −−−→ √
Portanto, área (P) = kP0 P × P0 Q k = k(−8, −1, −4)k = 64 + 1 + 16 = 9 .
Exemplo 4
Determine os valores de t ∈ R para os quais os vetores →
−
u = (2, 0, t) e
→
−
v = (t, 0, 2) sejam colineares.
Solução.
→
−
Sabemos que →−
u e→−v são colineares se, e somente se, →
−
u ×→
−
v =0 .
Calculando, temos:
→
− 0 t − 2 t − 2 0 −
u ×→
−
v = e→
1 − e→
2 + e→
0 2 t 2 t 0 3
= 0−
e→ 2 −→ −
→
1 − (4 − t ) e2 + 0 e3
= (t2 − 4) −
e→
2 .
→
−
Logo, →−
u ×→ −
v = (0, t2 − 4, 0) = (0, 0, 0) = 0 se, e somente se, t2 − 4 = 0, ou
seja, se, e somente se, t = 2 ou t = −2.
Observação 2
Já provamos que o produto vetorial não é comutativo(propriedade (6)). É
importante também observar que o produto vetorial não é associativo,
como mostra o exemplo a seguir.
Exemplo 5
Sejam →
−
u = (1, 2, 3), →
−
v = (1, 0, 2) e −
→ = (1, 0, 0). Mostre que
w
(→
−
u ×→−
v )×− → 6= →
w −
u × (→−
v ×− →) .
w
Solução.
Como,
→
− 2 3 − 1 3 − 1 2 −
u ×→
−
v = e→
1 − e→
2 + e→
3
• 0 2 1 2 1 0
= 4−e→ −
→ −
→
1 + e2 − 2 e3 = (4, 1, −2) ,
1 −2 − 4 −2 − 4 1 −
=⇒ (→
−
u ×→
−
v )×−
→ =
w e→
1 − e→
2 + e→
0 0 1 0 1 0 3
= −2 −
e→ −
→
2 − e3 = (0, −2, −1)
e
→
− 0 2 − 1 2 − 1 0 −
v ×−
→ =
w e→ − e→ + e→
• 0 0 1 1 0 2 1 0 3
= 2−e→
2 = (0, 2, 0) ,
2 3 − 1 3 − 1 2 −
=⇒ →
−
u × (→
−
v ×−
→) =
w e→ − e→ + e→
2 0 1 0 0 2 0 2 3
= −6 −e→ −
→
1 + 2 e3 = (−6, 0, 2) ,
obtemos que (→
−
u ×→
−
v )×−
→ 6= →
w −
u × (→−
v ×− →) .
w
Definição 7
O produto misto dos vetores →
−
u,→
−
v e−
→ do espaço é o número real
w
[→
−
u ,→
−
v ,−
→] = h→
w −
u ×→
−
v ,−
→i
w
Observação 3
O produto misto de →
−
u, →
−
v e −
→ nada mais é, pela propriedade (8), que o
w
determinante da matriz 3×3 que tem como linhas as coordenadas dos vetores
→
−
u,→ −
v e−→, na ordem em que são listados. Isto é,
w
[→
−
u ,→
−
v ,−
→] = det(→
w −
u ,→
−
v ,−
→).
w
Sendo área (T ) = k→
−
u ×→ −
v k e altura (P) = k−
→k | cos ∠(→
w −
u ×→ −
v ,−→)|,
w
temos:
Vol (P) = k→
−
u ×→ −
v k · k−
→k | cos ∠(→
w −
u ×→ −
v ,−
→)| = |h→
w −
u ×→ −
v ,−
→i| .
w
Se →
−
u,→
−
v e−
→ não são LI, então [→
w −
u ,→
−
v ,−
→] = 0 .
w
Proposição 4
(Propriedades do Produto Misto.) Sejam →
−
u, −
u→ →
− − → − → −→
0 , v , v0 , w e w0
(2) [→
−
u ,→
−
v ,−
→] 6= 0 se, e somente se, →
w −
u ,→
−
v ,−
→ são LI.
w
(3) O sinal do produto misto muda quando permutamos dois fatores. Isto é,
[→
−
u ,→
−
v ,−
→] = − [→
w −
v ,→
−
u ,−
→] = − [→
w −
u ,−
→, →
w −
v ].
= − [−
→, →
w −
v ,→
−
u ] = [−
→, →
w −
u ,→
−
v ] = [→
−
v ,−
→, →
w −
u]
(4) [λ→
−
u ,→
−
v ,−
→] = [→
w −
u , λ→
−
v ,−
→ ] = [→
w −
u ,→
−
v , λ−
→] = λ [→
w −
u ,→
−
v ,−
→] .
w
(5) [→
−
u +−
u→ →
− − → →
− → − − → −→ → − − →
0 , v , w ] = [ u , v , w ] + [u0 , v , w ] .
[→
−
u ,→
−
v +−
v→ −
→ →
− → − − → →
− − → − →
0 , w ] = [ u , v , w ] + [ u , v0 , w ] .
[→
−
u ,→
−
v ,−
→+−
w w→ →
− → − − → →
− → − −→
0 ] = [ u , v , w ] + [ u , v , w0 ] .
Exemplo 6
Verifique se os pontos A = (2, 2, 1), B = (3, 1, 2), C = (2, 3, 0) e D = (2, 3, 2)
são coplanares.
Solução.
Consideremos os vetores
−−→ −−→ −−→
AB = (1, −1, 1) , AC = (0, 1, −1) , AD = (0, 1, 1) .
Sabemos que os pontos A, B, C e D são coplanares se, e somente se,
h −−→ −−→ −−→ i
AB , AC , AD = 0.
Calculando, temos:
!
−−→ −−→ −1 1 1 1 1 −1
AB × AC = ,− , = (0, 1, 1) .
1 −1 0 −1 0 1
Logo,
h −−→ −−→ −−→ i −−→ −−→ −−→
AB , AC , AD = hAB × AC , AD i = h(0, 1, 1), (0, 1, 1)i = 2 6= 0 .
Portanto, os pontos A, B, C e D não são coplanares.
Exemplo 7
Mostre que → −
u = (1, 0, 2), →
−
v = (2, 1, 0) e −
→ = (1, 1, 1) são vetores LI, e
w
calcule o volume do paralelepípedo cujas arestas adjacentes são →
−
u,→−
v e−w→.
Solução.
Sabemos que o terno de vetores é LI se, e somente se, [ →
−
u ,→
−
v ,−
→ ] 6= 0.
w
Sendo,
!
0 2 1 2 1 0
[→
−
u ,→
−
v ,−
→ ] = h→
w −
u ×→
−
v ,→
−
v i = ,− ,
1 0 2 0 2 1
= −2 + 4 + 1 = 3 6= 0,
os vetores →
−
u ,→
−
v e−
→ são LI.
w
Além disso, o volume do paralelepípedo P, cujas arestas são →
−
u,→
−
v e−
→, é:
w
Vol (P) = [ →−
u ,→
−
v ,−
→ ] = |3| = 3 .
w
Exemplo 8
Determine, caso existam, os valores de t ∈ R para os quais os vetores
→
−
u = (t, −1, 1), →
−
v = (1, t, 2) e −
→ = (3, t, 1) são coplanares.
w
Solução.
Sabemos que →
−
u,→
−
v e−
→ são coplanares se, e somente se, [ →
w −
u ,→
−
v ,−
→ ] = 0.
w
Então:
[→
−
u ,→
− → ] = 3 −1 1 − t t 1 + 1 t −1
v ,−
w
t 2 1 2 1 t
= 3(−2 − t) − t(2t − 1) + 1(t2 + 1)
= −t2 − 2t − 5 .
Logo, [ →
−
u ,→
−
v ,−
→ ] = 0 se, e somente se, t2 + 2t + 5 = 0.
w
Como o discriminante desta última equação é ∆ = 4 − 20 = −16 < 0, a
equação não tem raízes reais, isto é, [→
−
u ,→
−
v ,−
→] 6= 0 para todo t ∈ R.
w
Assim, →
−
u,→
−
v e−
→ são LI para todos os valores reais de t.
w
Exemplo 9
Considere os pontos O = (0, 0, 0), P = (1, 2, 0), Q = (3, 1, 1) e R = (1, −1, 1)
−−→ − −−→ →
e os vetores →
−
u = OP , →
v = OQ e − w = OR.
(a) Determine a altura relativa à base de lados OP e OQ do paralelepípedo
P que tem por vértices O, P , Q e R.
(b) Calcule a área do triângulo T de vértices P , Q e R.
Solução.
(a) A altura h do paralelepípedo P, tomando como base o paralelogramo
de lados adjacentes OP e OQ, é:
→
− → − − → →
− → − − →
h = k−
→k cos ∠(→
w −
u ×→
−
v ,− →k h u × v , w i = h u × v , w i ,
→) = k−
w w
k→
−
u ×→ −
v k k−→k
w k→
−
u ×→−v k
onde
−
e→ −
e→ −
e→
1 2 3
→
− 2 0 − 1 0 − 1 2 −
u ×→
−
v = 1 2 0 = e→
1 − e→
2 + e→ = (2, −1, −5) ,
1 1 3 1 3 1 3
3 1 1
√ √
k→
−
u ×→
− p
v k = 22 + (−1)2 + (−5)2 = 4 + 1 + 25 = 30 ,
h→
−
u ×→
−
v ,−
→i = h(2, −1, −5), (1, −1, 1)i = 2 + 1 − 5 = −2 .
w
√
| − 2| 2 30
Assim, h = √ = √ = .
30 30 15
(b) O triângulo T tem por arestas adjacentes os segmentos P Q e P R. Logo,
a sua área é
1 −−→ −−→
área (T ) = kP Q × P R k .
2
−−→ −−→
Como P Q = (2, −1, 1) e P R = (0, −3, 1):
−−→ −−→ −1 1 − 2 1 − 2 −1 −
PQ × PR = e→
1 − e→
2 + e→
3
−3 1 0 1 0 3 .
= (2, −2, 6)
Assim,
−−→ −−→ p
kP Q × P R k 22 + (−2)2 + 62
área (T ) = =
√ 2 √ 2 .
44 2 11 √
= = = 11
2 2
(c) Pelo item (a),
Vol (P) = [ → −
u ,→
−
v ,−
→ ] = h→
w −
u ×→ −
v ,−
→i = − 2 = 2 .
w
(d) A área externa do tetraedro σ de vértices O, P , Q e R é a soma das
área (σ) = área (4OP Q) + área (4OP R) + área (4OQR) + área (4P QR)
1√ 1√ 1√ 1√
= 30 + 14 + 24 + 44
2 2 2 2
1 √ √ √ √
= 30 + 14 + 24 + 44 .
2
179
180 1.. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA RETA NO ESPAÇO
Exemplo 1
Determine as equações paramétricas da reta r que contém os pontos A = (1, 0, 0)
e B = (0, 1, 1).
Solução.
−−→ −−→
O vetor AB tem coordenadas AB = (0 − 1, 1 − 0, 1 − 0) = (−1, 1, 1).
Logo,
x = 1 + t(−1) x=1−t
r: y = 0 + t(1) ; t ∈ R , ou seja , r : y=t ; t∈R
z = 0 + t(1) z=t
Definição 1
→
−
Dizemos que um vetor →
−
v 6= 0 é paralelo a uma reta r quando, para quaisquer
−−→
dois pontos A e B de r, o vetor AB é múltiplo de →−
v .
r : P = A + t→
−
v ; t∈R
Em termos de coordenadas, se
A = (a, b, c) e →
−
v = (α, β, γ), as equa-
Figura 2: Vetor −
→
v paralelo à reta r.
ções paramétricas de r são:
x = a + αt
r: y = b + βt ; t∈R
z = c + γt
Exemplo 2
Determine se os pontos P = (1, 1, 1) e Q = (0, −1, 0) pertencem à reta r que
passa pelo ponto A = (1, 1, −1) e é paralela ao vetor →
−
v = (1, 2, −1).
Solução.
As equações paramétricas da reta r são:
x=1+t
r: y = 1 + 2t ; t ∈ R .
z = −1 − t
Portanto, P 6∈ r.
Analogamente, Q = (0, −1, 0) ∈ r se, e somente se, existe t ∈ R tal que
(0, −1, 0) = (1 + t, 1 + 2t, −1 − t),
isto é, se, e somente se, existe t ∈ R que satisfaz, simultaneamente, às iden-
tidades
0 = 1 + t, −1 = 1 + 2t e 0 = −1 − t,
Da primeira identidade, obtemos t = −1, valor que satisfaz as outras duas
identidades.
Portanto, Q ∈ r.
Atenção!
Se a reta r é paralela a algum dos planos coordenados, então ela não
pode ser representada por uma equação simétrica.
Exemplo 3
Determine, caso seja possível, a forma simétrica da equação da reta r que
passa pelos pontos dados.
(a) A = (1, 2, 3) e B = (2, 3, 4).
(b) A = (1, 0, 1) e B = (1, 2, 3).
Solução.
−−→
(a) Como o vetor AB = (1, 1, 1) tem todas suas coordenadas diferentes
de zero, a reta r pode ser expressa pela equação simétrica:
x−1 y−2 z−3
r: = = ,
1 1 1
ou seja,
r : x − 1 = y − 2 = z − 3.
−−→
(b) Como o vetor AB = (0, 2, 2) é paralelo ao plano πY Z , pois tem a primeira
coordenada igual a zero, a reta r não pode ser representada por uma equação
simétrica.
As equações paramétricas de r são:
x=1
x=1
r: y = 0 + 2t ; t ∈ R, ou seja, r: y = 2t ; t ∈ R.
z = 1 + 2t z = 1 + 2t
1 −−→
Neste exemplo, observe que o vetor →
−
v = (0, 1, 1) = AB é também paralelo
2
à reta r. Portanto,
x=1
r: y=t ; t ∈ R.
z =1+t
Exemplo 4
Seja r a reta que passa pelos pontos A = (1, 0, 0) e B = (0, 0, 1) e seja S a
superfície definida pela equação S : z = x2 + y 2 . Determine os pontos de r
pertencentes a S.
Solução.
−−→
Como AB = (−1, 0, 1), a equação paramétrica da reta r é:
−−→ x=1−t
r : P = A + t AB ; t ∈ R , ou seja, r: y=0 ; t ∈ R.
z=t
√ √
3+ 5 3+ 5
P = 1− , 0,
2 2
P ∈ r ∩ S ⇐⇒ ou √ √
3− 5 3− 5
P = 1− , 0,
2 2
√ √
−1 − 5
3+ 5
P = , 0,
2 2
⇐⇒ ou
√ √
P = −1 + 5 , 0, 3 − 5 .
2 2
Logo, a reta r intersecta a superfície S em dois pontos.
Observação 1
A equação paramétrica de uma reta é determinada a partir da variação de
um parâmetro (t ∈ R), enquanto a equação paramétrica de um plano é
caracterizada pela variação de dois parâmetros (s, t ∈ R). Por isso dizemos
que a reta é unidimensional e o plano é bidimensional.
Exemplo 5
Determine as equações paramétricas do plano π que contém os pontos A = (1, 0, 0),
B = (1, 1, 0) e C = (0, 0, 1).
Solução.
−−→ −−→
Temos AB = (0, 1, 0) e AC = (−1, 0, 1). Logo,
x = 1 + 0s + (−1)t
x=1−t
π: y = 0 + 1s + 0t ; s, t ∈ R ,ou seja, π : y=s ; s, t ∈ R .
z = 0 + 0s + 1t z=t
Definição 2
Dizemos que o vetor →−
v =6 0 é paralelo ao plano π quando, para qualquer
ponto P ∈ π, a reta r que passa por P e é paralela ao vetor →
−
v está contida
no plano π.
−−→
Em particular, se →
−
v = P Q e P ∈ π então Q ∈ π.
os pontos da forma
−−→ −−→ −−→
P = P0 + s AB = A + (s + s0 ) AB + t0 AC , s ∈ R,
−−→
pertencem ao plano π, a reta que passa por P0 e é paralela ao vetor AB está
−−→
contida em π. Sendo P0 ∈ π arbitrário, obtemos que o vetor AB é paralelo
ao plano π.
−−→
De forma análoga, verificamos que o vetor AC é paralelo ao plano π.
−−→
Além disso, como A, B e C são pontos não colineares, os vetores AB
−−→
e AC não são múltiplos um do outro, isto é, não são colineares.
Com isso, vemos que um plano π é determinado se conhecermos um
ponto pertencente a π e duas direções não colineares paralelas a π.
Assim, a equação paramétrica do plano π que passa por A e é para-
lelo aos vetores não colineares →
−
u e→
−
v é
π : P = A + s→
−
u + t→
−
v ; s, t ∈ R
Exemplo 6
Determine as equações paramétricas do plano π que passa por A = (1, 1, 1) e
B = (1, 0, 1) e é paralelo à reta r que passa por D = (2, 0, 1) e E = (0, 0, 2).
Solução.
Para determinar as equações paramétricas do plano π é necessário conhe-
cer um ponto A pertencente a π e:
• dois outros pontos de π não colineares com A, ou
• dois vetores não colineares paralelos a π.
−−→
Em nosso caso, o vetor DE = (−2, 0, 1) paralelo à reta r e, portanto, paralelo
−−→
a π, não é múltiplo do vetor AB = (0, −1, 0) paralelo a π.
Então π é o plano que passa por A = (1, 1, 1) e é paralelo aos vetores
−−→ −−→
AB = (0, −1, 0) e CD = (−2, 0, 1) tendo, portanto, as equações para-
métricas:
x = 1 + (0)s + (−2)t
x = 1 − 2t
π: y = 1 + (−1)s + (0)t ; s, t ∈ R , ou seja, π : y = 1 − s ; s, t ∈ R .
z = 1 + (0)s + (1)t z =1+t
Exemplo 7
Determine, caso exista, o ponto onde o plano π, que passa pelos pontos
A = (1, 2, 3), B = (2, 3, 1) e C = (3, 2, 1), intersecta o eixo−OX.
Solução.
Determinemos, primeiro, as equações paramétricas do plano π.
−−→ −−→
Os vetores AB = (1, 1, −2) e AC = (2, 0, −2) não são colineares e são
paralelos a π. Logo,
(
x = 1 + s + 2t
π: y =2+s ; s, t ∈ R .
z = 3 − 2s − 2t
O ponto da interseção de π com o eixo−OX deve ser um ponto com a segunda
e terceira coordenadas iguais a zero. Isto é,
y =2+s=0
n
P = (x, y, z) ∈ π ∩ eixo − OX ⇐⇒ z = 3 − 2s − 2t = 0 .
Da primeira equação do sistema, vemos que s = −2 e, substituindo este valor
3 − 2(−2) 7
na segunda equação, obtemos t = = .
2 2
7
Portanto, P0 = 1 + (−2) + 2 × , 0, 0 = (6, 0, 0) é o ponto de interseção
2
de π com o eixo-OX.
Definição 3
→
−
Dizemos que um vetor →−u 6= 0 é perpendicular ou normal a um plano π,
e escrevemos →
−u ⊥ π, quando → −
u é perpendicular a qualquer vetor paralelo ao
−−→
plano π. Isto é, →
−
u ⊥ π se, e somente se, →
−
u ⊥ AB para quaisquer A, B ∈ π.
onde →
−
u = (a, b, c) ⊥ π e d é calculado sabendo que π passa por A = (x0 , y0 , z0 ):
d = ax0 + by0 + cz0
Exemplo 8
Determine a equação cartesiana do plano π que passa pelo ponto A = (1, 1, 2)
e é normal ao vetor →
−
u = (1, 2, −3).
Solução.
Como →−
u = (1, 2, −3) ⊥ π, temos π : 1 x + 2 y + (−3) z = d, onde
d = 1 (1) + 2 (1) + (−3) (2) = −3.
Portanto,
π : x + 2y − 3z = −3
é a equação cartesiana do plano π.
Exemplo 9
Determine as equações paramétricas do plano π : x + 3y − z = 2.
Solução.
Para determinar as equações paramétricas do plano π, devemos encontrar
três pontos de π que não sejam colineares.
Tomando y = z = 0 na equação cartesiana de π, obtemos x = 2. Portanto,
o ponto A = (2, 0, 0) pertence ao plano π.
Tomando agora x = y = 0 na equação de π, obtemos z = −2. Portanto, o
ponto B = (0, 0, −2) pertence ao plano π.
Finalmente, tomando x = 0 e y = 1, obtemos z = 1. Portanto, C = (0, 1, 1) ∈ π.
Devemos verificar agora que A, B e C não são colineares.
−−→ −−→
Para isso, consideremos os vetores AB = (−2, 0, −2) e AC = (−2, 1, 1).
!
−2 0
Como det = −2 6= 0, concluímos que A, B e C não são colineares.
−2 1
−−→ −−→
Logo, AB e AC são vetores não colineares paralelos a π.
Assim, como o plano π passa por A = (2, 0, 0) e é paralelo aos vetores
−−→ −−→
AB = (−2, 0, −2) e AC = (−2, 1, 1),
(
x = 2 − 2s − 2t
π: y=t ; s, t ∈ R ,
z = −2s + t
são equações paramétricas do plano π.
Observação 2
Seja ax + by + cz = d a equação cartesiana do plano π que passa por três
pontos A, B e C não colineares.
Como o vetor −
w→ = (a, b, c) deve ser penpendicular ao plano π, ou seja, aos
−−→ − −−→
vetores →
−
u = AB e →u = AC , basta tomar − → = (a, b, c) = →
w −
u ×→ −
v .
Exemplo 10
Determine a equação cartesiana e as equações paramétricas do plano π que
contém os pontos A = (1, −1, 3), B = (4, 0, 1) e C = (2, 1, 3).
Solução.
−−→ −−→
Como AB = (3, 1, −2) e AC = (1, 2, 0) são vetores paralelos ao plano
!
3 1
π e não são múltiplos um do outro, pois det = 5 6= 0, obtemos que:
1 2
−−→ −−→
π : P = A + sAB + tAC ; s, t ∈ R .
Isto é,
x = 1 + 3s + t
π: y = −1 + s + 2t ; s, t ∈ R ,
z = 3 − 2s
Portanto,
4x − 2y + 5z = 21 ,
é a equação cartesiana do plano π que procurávamos.
Exemplo 11
Determine a equação cartesiana do plano
x = −1 + s + 2t
π: y =1−s+t ; s, t ∈ R .
z = 3 + 2t
Solução.
Das equações paramétricas de π, obtemos um ponto A = (−1, 1, 3) per-
tencente a π e os vetores →
−
v = (1, −1, 0) e −
→ = (2, 1, 2) não colineares e
w
paralelos ao plano π.
Para determinar a equação cartesiana de π, como já sabemos que A ∈ π,
basta achar um vetor →−
u perpendicular a π.
Como → −
u ⊥ π se, e somente se, →
−
u ⊥ →
−
v e →
−
u ⊥ − →, basta tomar, pela
w
observação ??,
−
e→ −
e→ −
e→ !
1 2 3
→
− −1 0 1 0 1 −1
u =→ −
v ×− → =
w 3 1 −2 = ,− ,
1 2 2 2 2 1
1 2 0
= (−2, −2, 3).
Assim, a equação cartesiana de π tem a forma:
π : −2x − 2y + 3z = d ,
onde o valor d é calculado sabendo que A = (−1, 1, 3) ∈ π:
d = −2(−1) − 2(1) + 3(3) = 9 .
Portanto,
π : −2x − 2y + 3z = 9 ,
é a equação cartesiana do plano π.
Observação 3
Seja r a reta dada pela interseção de dois planos π1 : a1 x + b1 y + c1 z = d1 e
π2 : a2 x + b2 y + c2 z = d2 concorrentes. Ou seja,
(
a1 x + b 1 y + c 1 z = d 1
r:
a2 x + b 2 y + c 2 z = d 2
Como −v→
1 = (a1 , b1 , c1 ) ⊥ π1 e
−→
v2 = (a2 , b2 , c2 ) ⊥ π2 e r = π1 ∩π2 ,
temos que − v→ ⊥ r e −
1 v→ ⊥ r.
2
Portanto, −v→ −→
1 × v2 é um vetor
paralelo à reta r.
Para determinar a equação para-
métrica de r, temos também de
encontrar um ponto A que satis-
faz ao sistema (??). Feito isso,
Figura 4: Reta r dada pela interseção de dois planos.
r = {A + t (→−
u ×→−v ) ; t ∈ R }.
Exemplo 12
Determine a equação paramétrica da reta:
(
x + y − 2z = 1
r:
2x + 3y − 4z = 5
Solução.
Pela observação acima, →
−
u ×→ −
v k r, onde →
−
u = (1, 1, −2) e →
−
v = (2, 3, −4)
são os vetores normais aos planos x + y − 2z = 1 e 2x + 3y − 4z = 5,
respectivamente.
Sendo,
!
→
− 1 −2 1 −2 1 1
u ×→−
v = ,− , = (2, 0, 1),
3 −4 2 −4 2 3
obtemos que o vetor (2, 0, 1) é paralelo à reta r.
Fazendo x = 0 no sistema (??), segue que P = (0, y, z) ∈ r se, e somente se,
y e z satisfazem ao sistema:
( (
y − 2z = 1 3y − 6z = 3
⇐⇒
3y − 4z = 5 3y − 4z = 5
Subtraindo a segunda equação da primeira, chegamos que 2z = 2 ⇐⇒ z = 1
e, portanto, y = 1 + 2z = 3. Assim, P = (0, 3, 1) ∈ r e
x = 2t
r: y=3 ;t∈R
z =t+1
Exemplo 13
Determine, caso exista, m ∈ R de modo que a reta r seja perpendicular ao
plano π : x − z = 0, onde
(
mx + y + 2z = 1
r:
x + my + z = 2
Solução.
Sabemos que a reta r é paralela ao vetor
−
e→ −
e→ −
e→ !
1 2 3
→
− 1 2 m 2 m 1
u = m 1 2 = ,− ,
m 1 1 1 1 m
1 m 1
= (1 − 2m, −m + 2, m2 − 1) .
1 0 −1
= (m − 2, −1 + 2m − m2 + 1, m − 2)
= (m − 2, m(2 − m), m − 2) = (0, 0, 0) .
Segue que m = 2 e →
−
u = (1 − 4, −2 + 2, 4 − 1) = (−3, 0, 3).
Fazendo x = 0 e m = 2 em (??), obtemos o sistema
(
y + 2z = 1
,
2y + z = 2
cuja solução é y = 1 e z = 0.
Logo, A = (0, 1, 0) ∈ r e as equações paramétricas de r são
x = −3t
r: y=1 ; t ∈ R.
z = 3t
Definição 1
O ângulo ∠(r1 , r2 ) entre duas retas r1 e r2 é assim definido:
197
198 1.. ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS NO ESPAÇO
Sejam −
v→ −
→
1 e v2 vetores paralelos às retas concorrentes (ou reversas) r1 e
Figura 3: ∠(r1 , r2 ) = θ
Exemplo 1
Calcule o ângulo entre as retas
Solução.
Temos que −
v→ −
→
1 = (2, 2, 2) k r1 e v2 = (1, 2, 3) k r2 . Logo,
|h−
v→, −
v→
r
2 i| |2 + 4 + 6| 12 6
cos ∠(r1 , r2 ) = −→1 − = √ √ =√ = .
kv1 k kv→2 k 12 14 12 × 14 7
π
Assim, o ângulo entre r1 e r2 é o ângulo entre 0 e cujo cosseno é igual a
2
r
6
.
7
Para verificar que as retas r1 e r2 são reversas, observamos primeiro que os
vetores −
v→ −
→
1 e v2 não são múltiplos, pois
2 2
det 1 2 = 4 − 2 = 2 6= 0.
Portanto, as retas não podem ser coincidentes e nem paralelas, podendo ser
concorrentes ou reversas.
Para concluir que r1 e r2 são reversas, devemos mostrar que elas não se
intersectam. As equações paramétricas de r1 são:
x = 1 + 2t
r1 : y = −1 + 2t ; t ∈ R .
z = 2t
Definição 2
Sejam π1 : a1 x + b1 y + c1 z = d1 e π2 : a2 x + b2 y + c2 z = d2 dois planos no
espaço.
O ângulo entre os planos π1 e π2 ,
representado por ∠(π1 , π2 ), se define da se-
guinte maneira:
• se os planos são paralelos (π1 k π2 ) ou
coincidentes (π1 = π2 ), então ∠(π1 , π2 ) = 0,
• se π1 e π2 não são paralelos nem coinciden-
tes, então se intersectam ao longo de uma Figura 4: ∠(π1 , π2 ) = θ.
reta r.
Sejam P ∈ r um ponto qualquer, r1 a reta perpendicular a r contida
em π1 , que passa por P e r2 a perpendicular a r contida em π2 , que passa
por P . Definimos:
∠(π1 , π2 ) = ∠(r1 , r2 )
Tomando A ∈ r1 e B ∈ r2 , ∠(π1 , π2 ) é o menor ângulo positivo cujo
cosseno é
−−→ −−→
−−→ −−→ hP A , P B i
cos ∠(π1 , π2 ) = cos ∠(r1 , r2 ) = | cos ∠(P A , P B )| = −−→ −−→
kP A k kP B k
−→ − →
cos ∠(π1 , π2 ) = |cos ∠(−
v→ , →)| = |hv1 , v2 i|
−
v
1 2 −→ − →
kv1 k kv2 k
Observação 1
Pela fórmula acima, dois planos π1 e π2 são perpendiculares se, e só se, os
vetores −
v→ −
→
1 e v2 normais aos planos π1 e π2 , respectivamente, são ortogonais.
Exemplo 2
Calcule o ângulo entre os planos π1 : −y + 1 = 0 e π2 : y + z + 2 = 0.
Solução.
Temos que −
v→ −→
1 = (0, −1, 0) ⊥ π1 e v2 = (0, 1, 1) ⊥ π2 . Logo, ∠(π1 , π2 ) é
o menor ângulo positivo cujo cosseno é
|h−
v→ −→
1 , v2 i|
cos ∠(π1 , π2 ) = |cos ∠(−
v→ −
→
1 , v2 )| = − → − →
kv1 k kv2 k √
|h(0, −1, 0), (0, 1, 1)i| |−1| 1 2
= = √ = √ = .
k(0, −1, 0)k k(0, 1, 1)k (1) 2 2 2
π
Portanto, ∠(π1 , π2 ) = 45o = .
4
Definição 3
Sejam r uma reta e π um plano no
espaço. Sejam −
→ um vetor normal
w
ao plano π e →
−
v um vetor paralelo
à reta r.
Seja θ o menor ângulo não negativo
entre r e w (0 ≤ θ ≤ π/2). O ân-
gulo entre r e π é, por definição, π
Figura 5: ∠(r, π) = 2
− θ.
o complementar do ângulo θ.
Isto é,
π
∠(r, π) = −θ
2
Logo,
|h→
−
v ,−
→i|
π w
sen ∠(r, π) = sen − θ = cos θ = →
2 k−v k k−
→k
w
Exemplo 3
Calcule o seno do ângulo entre a reta r e o plano π, onde
x=t
r: y = 2t − 1 ; t ∈ R e π : x − 2y + 3 = 0 .
z=4
Solução.
Temos que →
−
v = (1, 2, 0) k r e −
→ = (1, −2, 0) ⊥ π. Logo,
w
|h→
−
v ,−
→i|
w |h(1, 2, 0), (1, −2, 0)i| |1 − 4 + 0| 3
sen ∠(r, π) = → →k = k(1, 2, 0)k k(1, −2, 0)k = √ √ = .
k−
v k k−
w 5 5 5
Definição 4
A distância do ponto P0 ao plano π, designada d(P0 , π) é, por definição,
a menor das distâncias de P0 aos pontos P ∈ π. Isto é,
Isto é,
d(P0 , π) = d(P0 , P ? )
Se P0 = (x0 , y0 , z0 ) e π : ax+by+
cz = d, então −
w→ = (a, b, c) k r e as
equações paramétricas de r são:
x = x0 + at
r: y = y0 + bt ; t ∈ R .
Figura 6: Cálculo de d(P0 , π).
z = z0 + ct
Exemplo 4
Calcule a distância do ponto A = (1, 2, 3) ao plano π : 2x + y − 5z = 4 .
Solução.
(a) Usando a fórmula:
r
|ax0 + by0 + cz0 − d| |2(1) + 1(2) − 5(3) − 4| 15 15
d(A, π) = p = p =√ = .
a2 + b2 + c2 22 + 12 + (−5)2 30 2
(b) Sem usar a fórmula:
A reta r que passa por A = (1, 2, 3) e é paralela ao vetor −
→ = (2, 1, −5) ⊥ π,
w
é dada por:
x = 1 + 2t
r: y = 2 + t ; t ∈ R.
z = 3 − 5t
Definição 5
A distância entre os planos π1 e π2 , designada d(π1 , π2 ), é, por definição,
a menor dentre as distâncias dos pontos de π1 aos pontos de π2 . Isto é,
d(π1 , π2 ) = min { d(P, Q) | P ∈ π1 e Q ∈ π2 }
Note que,
• se π1 e π2 são coincidentes, isto é, π1 = π2 , então d(π1 , π2 ) = 0;
• se π1 e π2 são concorrentes, isto é, π1 ∩ π2 é uma reta, então d(π1 , π2 ) = 0;
• suponhamos agora que π1 e π2 são planos paralelos dados pelas equações:
π1 : ax + by + cz = d1
π2 : ax + by + cz = d2 .
Sejam P1 ∈ π1 e Q1 o pé da
perpendicular baixada do ponto P1
sobre o plano π2 .
Sejam P ∈ π1 , Q ∈ π2 e P 0
o pé da perpendicular baixada do
ponto P sobre o plano π2 .
Figura 7: Cálculo de d(π1 , π2 ).
Então, como P1 Q1 Q0 P é um
retângulo,
d(P, Q) ≥ d(P, P 0 ) = d(P1 , Q1 ) .
Assim,
d(π1 , π2 ) = d(P1 , Q1 ) = d(P1 , π2 ) , qualquer que seja P1 ∈ π1
Exemplo 5
Calcule a distância entre os planos π1 : x + 2y + z = 2 e π2 : 2x + 4y + 2z = 6 .
Solução.
|3 − 2| 1
Como π2 : x + 2y + z = 3, π1 k π2 ; logo, d(π1 , π2 ) = √ =√ .
12 2
+2 +1 2 6
Definição 6
A distância entre uma reta r e um plano π é o número d(r, π) dado por:
Sejam P1 ∈ r e Q1 o pé da
perpendicular baixada do ponto P1
sobre o plano π.
Sejam P ∈ r e Q ∈ π pontos
arbitrários e P 0 o pé da perpendi-
cular baixada do ponto P sobre o
plano π. Então,
d(P, Q) ≥ d(P, P 0 ) = d(P1 , Q1 ) ,
pois P1 Q1 P 0 P é um retângulo. Logo, Figura 8: Cálculo de d(r, π2 ).
Exemplo 6
Mostre que a reta r é paralela ao plano π, onde
x+2 3y + 1 1−z
r: = = e π : 2x − 3y + 6z = −3 .
6 −6 3
Solução.
A equação simétrica de r pode ser reescrita da seguinte maneira:
x+2 y + 13 z−1
r: = = .
6 −2 −3
Logo, a reta r passa pelo ponto A = (−2, − 13 , 1) e é paralela ao vetor →
−
v = (6,
−2, −3), e o plano π é perpendicular ao vetor − w→ = (2, −3, 6).
Temos →
−
v ⊥− →, pois:
w
h→
−
v ,−
→i = h(6, −2, −3), (2, −3, 6)i
w
.
= (6)(2) + (−2)(−3) + (−3)(6) = 12 + 6 − 18 = 0
Logo, r é paralela ao plano π ou r está contida no plano π.
Para mostrar que r 6⊂ π, basta verificar que um ponto de r não pertence a π.
De fato, A = (−2, − 31 , 1) 6∈ π, pois
2(−2) − 3(− 13 ) + 6(1) = −4 + 1 + 6 = 3 6= −3 .
Portanto, r ∩ π = ∅, isto é, r k π. Além disso,
2(−2) − 3(− 31 ) + 6(1) + 3 6
d(r, π) = d(A, π) = √ = .
4 + 9 + 36 7
Definição 7
Sejam P um ponto e r uma reta no espaço. A distância do ponto P à
reta r, designada d(P, r), é o número
d(P, r) = d(P, P 0 )
Exemplo 7
Calcule a distância entre P = (2, 5, −1) e a reta r que passa por P0 = (1, −1, 2)
e é paralela ao vetor →
−
v = (1, 0, 1).
Solução.
Seja Q o pé da perpendicular baixada do ponto P sobre a reta r e seja
t ∈ R tal que Q = P + t →
0
−
v . 0 0
−−→
Então, P Q é perpendicular à reta r se, e somente se,
−−→ − −−−→ −−−→ −
0 = hP Q , →
v i = hP P0 + t0 →
−
v ,→
−v i = hP P0 , →
v i + t0 h→
−
v ,→
−
v i.
−−−→
Como P P = (−1, −6, 3) e →
0
−
v = (1, 0, 1):
−−−→ −
0 = hP P0 , →
v i + t0 h→
−
v ,→
−
v i
= (−1 + 3) + t0 (1 + 1) = 2 + 2t0 .
Logo, t0 = −1 e, portanto,
Q=P +t → −
v = (1, −1, 2) − (1, 0, 1) = (0, −1, 1) .
0 0
Assim,
−−→ p
d(P, r) = d(P, Q) = kP Q k = (2 − 0)2 + (5 − (−1))2 + (−1 − 1)2
√ √ √
= 4 + 36 + 4 = 44 = 2 11 .
Exemplo 8
Determine o conjunto S dos pontos do espaço que estão a distância 2 da reta
r, paralela ao vetor →
−
v = (1, 2, 1) que passa pela origem.
Solução.
−−→ −−→
Temos que Q ∈ S se, e somente se, existe P ∈ r tal que P Q ⊥ r e kP Q k = 2.
Sejam P = (t, 2t, t), t ∈ R, um ponto de r e Q = (x, y, z).
Então,
−−→ −−→ − −−→ −
P Q ⊥ r ⇐⇒ P Q ⊥ → v ⇐⇒ hP Q , → v i = 0,
se, e somente se,
−−→ −
0 = hP Q , → v i = h(x − t, y − 2t, z − t), (1, 2, 1)i
= x − t + 2y − 4t + z − t = x + 2y + z − 6t .
Isto é,
x + 2y + z
t= .
6
x + 2y + z 2(x + 2y + z) x + 2y + z
P = , , ,
6 6 6
obtemos
−−→ x + 2y + z 2(x + 2y + z) x + 2y + z
PQ = x− ,y − ,z −
6 6 6
5x − 2y − z −2x + 2y − 2z −x − 2y + 5z
= , , .
6 6 6
−−→ −−→
Logo, d(Q, r) = d(Q, P ) = kP Q k = 2 se, e somente se, kP Q k2 = 4, isto é,
se, e somente se,
−−→ (5x − 2y − z)2 (−2x + 2y − 2z)2 (−x − 2y + 5z)2
4 = kP Q k2 = + + ,
36 36 36
se e somente se,
(5x − 2y − z)2 + (−2x + 2y − 2z)2 + (−x − 2y + 5z)2 = 4(36) .
Desenvolvendo os quadrados e simplificando, obtemos a equação de S:
S : 30x2 + 12y 2 + 30z 2 − 24xy − 12xz − 24yz − 144 = 0 .
O conjunto S é o cilindro circular reto de raio 2 cujo eixo é a reta r.
Exemplo 9
Determine o conjunto dos pontos do plano π : x + y + 2z = 1 que estão a
distância três da reta r que passa pelos pontos A = (1, 0, 1) e B = (2, −1, 1).
Solução.
−−→
A reta r é paralela ao vetor AB = (1, −1, 0) e o plano π é perpendicular ao
vetor −
→ = (1, 1, 2).
w
−−→ →
Como hAB , −
w i = h(1, −1, 0), (1, 1, 2)i = 1 − 1 = 0, e A ∈
/ π (note que as
coordenadas de A = (1, 0, 1) não satisfazem a equação de π) obtemos que
r k π.
−−→ −−→
Sejam P = A+tAB = (1+t, −t, 1) ∈ r e Q = (x, y, z) ∈ π tais que P Q ⊥ r
e d(Q, r) = d(P, Q) = 3. Então,
−−→ −−→
hP Q , AB i = h(x − 1 − t, y + t, z − 1), (1, −1, 0)i
,
= x − 1 − t − y − t = x − y − 2t − 1 = 0
ou seja,
x − y = 2t + 1 .
Como Q ∈ π, as suas coordenadas x, y e z satisfazem ao sistema formado
pela equação acima e pela equação de π:
(
x − y = 2t + 1
x + y = −2z + 1 .
Somando as equações, obtemos 2x = 2 + 2t − 2z, ou seja, x = 1 + t − z, e sub-
traindo a primeira equação da segunda, obtemos 2y = −2z−2t ⇐⇒ y = −t−z.
Então, as coordenadas de um ponto Q = (x, y, z) do plano π que se projeta
perpendicularmente sobre o ponto P = (1 + t, −t, 1) ∈ r, satisfazem
(
x=1+t−z
y = −t − z .
7
x= +t
x = −1 + t 3
r1 : y = −2 − t ; t∈R r2 : 4 t∈R
e y = −t ;
3
z=2
z = −4
3
paralelas à reta r, contidas no plano π e cujos pontos estão a distância três
de r.
Sejam r1 = { P1 + t−
v→
1 | t ∈ R} e r2 = { P2 + t−
v→
2 | t ∈ R} duas
retas no espaço. Se r1 6= r2 , sabemos que r1 e r2 são concorrentes (isto é,
r1 ∩ r2 6= ∅) ou não se intersectam. Quando a segunda possibilidade ocorre,
temos ainda duas situações a considerar: as retas podem ser paralelas ou
reversas.
Definição 1
A distância entre r1 e r2 é o número d(r1 , r2 ) dado por:
213
214 1.. DISTÂNCIA ENTRE DUAS RETAS PARALELAS NO ESPAÇO
Exemplo 1
Mostre que a reta r1 , que passa
por A1 = (1, 2, 1) e B1 = (2, 1, 0),
é paralela à reta r2 que passa por
Figura 1: d(P, Q) ≥ d(r1 , r2 ), para todo Q ∈ r2 e P ∈ r1 .
A2 = (0, 1, 2) e B2 = (1, 0, 1).
Calcule a distância entre r1 e r2 .
Solução.
Temos:
− −−−→ −−−−→
v→ = A B = (1, −1, −1) k r
1 1 1 1 e −
v→
2 = A2 , B2 = (1, −1, −1) k r2 .
Logo, −
v→ −
→
1 = v2 e as retas r1 e r2 são:
r1 = {A1 + t − v→
1 | t ∈ R} = {(1 + t, 2 − t, 1 − t) | t ∈ R} ,
−→
r2 = {A2 + s v2 | s ∈ R} = {(s, 1 − s, 2 − s) | s ∈ R} .
Para verificar que r1 k r2 basta verificar que um ponto de r2 não pertence a
r1 , pois já sabemos que −v→ −→
1 e v2 são múltiplos. Por exemplo, vejamos que
B2 = (1, 0, 1) 6∈ r1 .
De fato, se B2 = (1, 0, 1) ∈ r1 , então deveria existir um valor t ∈ R tal que:
1+t=1
2−t=0
1 − t = 1.
e r2 = { P2 + t−
v→
2 | t ∈ R} duas retas
reversas no espaço (isto é, r1 ∩ r2 = ∅ e
os vetores −
v→ e −
v→ não colineares). Por
1 2
definição, a distância entre r1 e r2 é a
menor das distâncias entre um ponto de
r1 e um ponto de r2 :
d(r1 , r2 ) = min{d(P, Q) | P ∈ r1 e Q ∈ r2 } . Figura 2: Retas reversas r1 e r2 .
Já sabemos que
d(π1 , π2 ) = min{d(P, Q) | P ∈ π1 e Q ∈ π2 } = d(P 0 , Q0 ) ,
onde P 0 ∈ π1 é um ponto arbitrário e Q0 ∈ π2 é o pé da perpendicular baixada
−−−→
desde o ponto P 0 sobre o plano π2 . Isto é, P 0 Q0 ⊥ π2 (ou a π1 ).
Pela própria definição, temos
d(r1 , r2 ) ≥ d(π1 , π2 ) ,
pois r1 ⊂ π1 e r2 ⊂ π2 .
Afirmamos que
d(r1 , r2 ) = d(π1 , π2 )
−−−→
Para isto, basta mostrar que existem P10 ∈ r1 e P20 ∈ r2 , tais que, P10 P20
é perpendicular a r1 e a r2 , isto é, perpendicular aos vetores −
v→ −
→
1 e v2 .
Consideremos
P10 = P1 + t−
v→ 0 −
→
1 ∈ r1 e P2 = P2 + sv2 ∈ r2 .
−−−→ −−−→
Como P10 P20 = P1 P2 + s−
v→ −
→
2 − tv1 ,
−−−→
Desenvolvendo os produtos internos acima, obtemos que P10 P20 é per-
pendicular aos vetores −
v→ −
→
1 e v2 , simultaneamente, se, e somente se,
( −−−→
hP1 P2 , −
v→ −
→ − → −
→ − →
1 i + shv2 , v1 i − thv1 , v1 i = 0
−−−→ −
hP1 P2 , v→ −
→ − → −
→ − →
2 i + shv2 , v2 i − thv1 , v2 i = 0 ,
−−−→ −
sh−
v→ −
→ −
→ − → →
(
2 , v1 i − thv1 , v1 i = −hP1 P2 , v1 i
⇐⇒ −−−→ −
sh−
v→ −
→ −
→ − → →
2 , v2 i − thv1 , v2 i = −hP1 P2 , v2 i .
Como
(h−
v→ −
→ − → − → −
→ − → −
→ − →
2 , v1 i, hv2 , v2 i)s + (−hv1 , v1 i, −hv1 , v2 i)t
−−−→ − − −−→ −
= (−hP1 P2 , v→ →
1 i, −hP1 P2 , v2 i),
= k−
v→ 2 −→ 2 −
→ − →2
1 k kv2 k − hv1 , v2 i
= k−
v→k2 k−
v→k2 − k−
1 v→k2 k−
2 v→k2 cos2 ∠(−
1 2v→, −
v→) 1 2
= k−
v→ 2 −→ 2 2 −
→ − →
1 k kv2 k (1 − cos ∠(v1 , v2 ))
= k−
v→k2 k−
v→k2 sen2 ∠(−
1 2 v→, −
v→) , 1 2
é diferente de zero.
Sendo − v→
1 e −v→
2 vetores não nulos e não colineares, temos que
0 < ∠(v1 , v2 ) < π e, em particular, sen ∠(−
−
→ −→ v→ −
→
1 , v2 ) 6= 0.
Exemplo 2
Mostre que as retas
x=1+t
x=2+t
r1 : y = 2t ; t∈R e r2 : y=3 ; t∈R
z=0 z =1+t
Solução.
Temos que r1 k − v→ −
→ −
→ − →
1 = (1, 2, 0) e r2 k v2 = (1, 0, 1) . Como v1 e v2 não
são colineares, as retas podem ser concorrentes ou reversas.
n −−−→ o n 7 2 8 1 2 o
r3 = P10 + tP10 P20 | t ∈ R = − t, + t, t t ∈ R ,
3 3 3 3 3
é a reta procurada.
Exemplo 3
Sejam r1 a reta que passa pelo ponto P1 = (1, 1, 2) e é paralela ao vetor
−
v→
1 = (1, 1, 0) e r2 a reta de interseção dos planos π1 : x + 2y + z = 4 e
π2 : x + z = 2.
(a) Mostre que r1 e r2 são retas reversas.
(b) Calcule a distância entre r1 e r2 .
(c) Determine a única reta r que intersecta r1 e r2 perpendicularmente.
Solução.
(a) A reta r1 é dada por
r1 = {P1 + t−
v→
1 | t ∈ R} = {(1 + t, 1 + t, 2) | t ∈ R} .
Determinemos a equação paramétrica da reta r2 .
Sabemos que a reta r2 é paralela ao vetor →−
u ×− →, onde →
w −
u = (1, 2, 1) ⊥ π1
e−
w→ = (1, 0, 1) ⊥ π :
2
−
e→ −
e→ −
e→ !
1 2 3
→
− −
→ 2 1 1 1 1 2
u ×w = 1 2 1 = ,− ,
0 1 1 1 1 0
1 0 1
= (2, 0, −2).
Para achar um ponto P2 ∈ r2 , tomamos x = 2, por exemplo, nas equações
dos planos π1 e π2 :
(
2 + 2y + z = 4
=⇒ z = 0 =⇒ y = 1 =⇒ P2 = (2, 1, 0) ∈ r2 .
2+z = 2
Logo, r2 é a reta que passa pelo ponto P2 = (2, 1, 0) e é paralela ao vetor
−
v→ = (1, 0, −1), ou seja:
2
r2 = {P10 + s−
v→
2 | s ∈ R} = {(s, 1, 2 − s) | s ∈ R} .
Como os vetores − v→ −
→
1 = (1, 1, 0) e v2 = (1, 0, −1) não são colineares, as retas
r1 e r2 são concorrentes ou reversas.
Exemplos de revisão
Exemplo 1
Considere os pontos A = (1, 2, 2), B = (2, 4, 3), C = (−1, 4, 2), D = (7, 1, 3)
e E = (−4, 16, 5).
(a) Mostre que A, B e C não são colineares.
(b) Determine a equação paramétrica e a equação cartesiana do plano π que
contém os pontos A, B e C.
(c) Determine a área do paralelogramo que possui A, B e C como vértices.
(d) Mostre que A, B, C e D não são coplanares.
(e) Determine o volume do paralelepípedo de vértices A, B, C e D.
−−→ −−→ −−→
(f ) Escreva o vetor AE como combinação linear de AB e AC .
(g) Determine a distância do ponto D à reta que passa pelos pontos A e B.
(h) Determine o ponto simétrico do ponto C em relação à reta que passa
pelos pontos A e B.
(i) Determine a intersecção da reta que passa por A e B com a reta ` = {(7t−7,
t − 1, 2t − 1); t ∈ R}.
Solução.
(a) Sabemos que:
221
222
−−→ −−→
A, B e C são não colineares ⇐⇒ AB e AC não são múltiplos
−−→ −−→ → −
⇐⇒ AB × AC 6= 0 .
−−→ −−→
Como AB = (1, 2, 1), AC = (−2, 2, 0) e
!
−−→ −−→ 2 1 1 1 1 2
AB × AC = ,− ,
2 0 −2 0 −2 2
→
−
= (−2, −2, 6) 6= (0, 0, 0) = 0 ,
concluímos que A, B e C são não colineares.
−−→ −−→
(b) Temos π = {A + tAB + sAC | t, s ∈ R}, ou seja, as equações paramé-
tricas de π são:
x = 1 + t − 2s
π: y = 2 + 2t + 2s ; t, s ∈ R.
z =2+t
−−→ −−→
Para determinar a equação cartesiana de π, sabemos que AB ×AC = (−2, −2, 6)
é perpendicular a π. Logo, a equação cartesiana de π tem a forma
π : x + y − 3z = d ,
onde
d = 1 + 2 − 3(2) = −3 ,
pois A = (1, 2, 2) ∈ π.
Portanto, a equação cartesiana de π é
π : x + y − 3z = −3 .
(c) Seja R o paralelogramo que possui A, B e C como vértices. Então,
−−→ −−→ √ √ √
área (R) = kAB × AC k = k (−2, −2, 6) k = 4 + 4 + 36 = 44 = 2 11 .
(d) Sabemos que:
−−→ −−→ −−→
A, B, C, e D são não coplanares ⇐⇒ AB , AC e
h−−→ −−→ −−→ AD i são LI
→
−
⇐⇒ AB , AC , AC 6= 0 .
−−→
Como AD = (6, −1, 1), e
h−−→ −−→ −−→i −−→ −−→ −−→
AB , AC , AD = hAB × AC , AD i = h(−2, −2, 6), (6, −1, 1)i
= −12 + 2 + 6 = −4 6= 0 ,
concluímos que A, B, C e D não são coplanares.
(e) Seja P o paralelepípedo que tem os pontos A, B, C e D por vértices.
Então:
e
−−−→ 1√ 2 1√
d(D, r) = kDM k = 31 + 162 + 12 = 1218.
6 6
(h) Seja N = (1 + s, 2 + 2s, 2 + s) ∈ r o pé da perpendicular baixada do
ponto C = (−1, 4, 2) sobre a reta r.
−−→ −−→ −−→ −−→
Sendo CN = (s + 2, 2s − 2, s) e AB = (1, 2, 1), temos que CN ⊥ AB se,
e só se:
−−→ −−→
hCN , AB i = h(s + 2, 2s − 2, s), (1, 2, 1)i
1
= s + 2 + 2(2s − 2) + s = 6s − 2 = 0 ⇐⇒ s= .
3
1 1 1
4 8 7
Logo, N = 1 + , 2 + 2 · , 2 + = , ,
3 3 3 3 3 3
0
Seja C o simétrico de C em relação à reta r.
1
Como N = (C + C 0 ), temos que:
2
4 8 7
0
C = 2N − C = 2 , , − (−1, 4, 2)
8 3 3 3
16 14
= + 1, − 4, −2 .
3 3 3
11 4 8
Portanto, C 0 = , , .
3 3 3 Figura 1: Exemplo ??.
Exemplo 2
Considere as retas
x=t+3 x=s+4
r1 : y =t+4 ; t∈R e r2 : y = −s ;s∈R.
z = −t − 1 z = −3s − 1
Solução.
(a) Temos que − v→ −→
1 = (1, 1, −1) k r1 e v2 = (1, −1, −3) k r2 .
As retas r1 e r2 são reversas, pois:
• →
−v 1e→ −
v 2 não são colineares.
De fato,
→
− →
− 1 −1 1 −1 1 1
v 1×v 2= ,− , = (−4, 2, −2) 6= (0, 0, 0) ;
−1 −3 1 −3 1 −1
• r1 ∩ r2 = ∅.
De fato,
t+3 = s+4
t + 4 = −s
−t − 1 = −3s − 1.
3
Somando as duas primeiras equações, obtemos 2t + 7 = 4 =⇒ t = − .
2
3 5 5
Substituindo na segunda equação, temos −s = − + 4 = =⇒ s = − .
2 2 2
3 5
No entanto, substituindo t = − e s = − em ambos os lados da terceira
2 2
equação, vemos que
3 1
5 13
−t − 1 = − 1 = e −3s − 1 = −3 − − 1 = .
2 2 2 2
Como estes números são diferentes, concluímos que o sistema não tem solu-
1 −1 1 −1 1 1
Logo, −
v→ −
→
1 ×v2 = ,− , = (−4, 2, −2) k (−2, 1, −1) ,
−1 −3 1 −3 1 −1
é um vetor perpendicular a π, o que implica que π : 2x − y + z = d para
algum d ∈ R.
Sendo,
√
|2 − 2 + 1 − d| 6 6
• d(π, r1 ) = d(P1 , π) = √ = ⇐⇒ |d − 1| = = 2
4+1+1 3 3
(
d=3
⇐⇒ d − 1 = ±2 ⇐⇒ ou
d = −1 ,
√
|6 − 1 + 2 − d| 2 6 2·6
• d(π, r2 ) = d(P2 , π) = √ = ⇐⇒ |d − 7| = =4
4+1+1 3 3
(
d = 11
⇐⇒ d − 7 = ±4 ⇐⇒ ou
d = 3,
concluímos que d = 3 e, portanto, π : 2x − y + z = 3.
Exemplo 3
Considere os pontos A = (1, 1, 2), B = (3, 2, 2) e C = (4, 5, 3), e a reta
x−1 y−2
r: = = z − 1.
3 4
(a) Determine a equação cartesiana do plano π que contém os pontos A, B
e C.
(b) Mostre que a reta r é paralela ao plano π.
(c) Calcule d(r, π)
Solução.
−−→ −−→
(a) Como A, B, C ∈ π, AB = (2, 1, 0) e AC = (3, 4, 1) são vetores pa-
ralelos ao plano π. Logo,
−−→ −−→ 1 0 2 0 2 1
AB × AC = ,− , = (1, −2, 5)
4 1 3 1 3 4
é perpendicular ao plano π.
Assim, π : x − 2y + 5z = d, onde d = 1 − 2 + 10 = 9, pois A = (1, 1, 2) ∈ π.
Isto é,
π : x − 2y + 5z = 9.
(b) Como →−
v = (3, 4, 1) k r, −
→ = (1, −2, 5) ⊥ π e h→
w −
v ,−
→i = 3 − 8 + 5 = 0,
w
temos que :
r k π ou r ⊂ π.
Para mostrar que r k π, basta verificar que o ponto P = (1, 2, 1) ∈ r não
pertence ao plano π.
De fato, substituindo as coordenadas de P na equação do plano π, obtemos:
1 − 2 · 2 + 5 · 1 = 2 6= 9 =⇒ P 6∈ π .
|1 − 2 · 2 + 5 · 1 − 9| 7
(c) Calculando, temos: d(r, π) = d(P, π) = √ =√ .
1 + 4 + 25 30
Exemplo 4
Considere os pontos A = (2, 3, 1), B = (1, 4, 2) e C = (3, 1, 2) e a reta r
paralela ao vetor →
−
v = (1, −1, 3) que passa pelo ponto P = (1, 3, 0).
(a) Verifique que A, B e C não são colineares.
(b) Determine a equação paramétrica e a equação cartesiana do plano π que
contém os pontos A, B e C.
(c) Determine os vértices R, S e T de um triângulo tal que {R} = π ∩ r,
−−→ 4 −−→
S ∈ r, T ∈ π, kST k = √ e ST ⊥ π.
14
Solução.
−−→ −−→
(a) Temos AB = (−1, 1, 1) e AC = (1, −2, 1).
−−→ −−→
Os pontos A, B e C não são colineares, pois AB e AC não são múltiplo um
do outro. De fato,
!
−−→ −−→ 1 1 −1 1 −1 1
AB × AC = ,− , = (3, 2, 1) 6= (0, 0, 0).
−2 1 1 1 1 −2
(b) A equação paramétrica do plano π que passa pelo ponto A = (2, 3, 1) e
−−→ −−→
é paralelo aos vetores AB e AC é
x=2−t+s
π: y = 3 + t − 2s ; t, s ∈ R .
z =1+t+s
−−→ −−→
Como o plano π é perpendicular ao vetor AB × AC e passa pelo ponto A,
a sua equação cartesiana é
π : 3x + 2y + z = 6 + 6 + 1 ⇐⇒ π : 3x + 2y + z = 13.
(c) A equação paramétrica da reta r é
x=1+t
r: y = 3 − t ; t ∈ R.
z = 3t
Exemplo 5
Considere os planos
π1 : mx − ny + z = 2 e π2 : nx − my + nz = 4,
onde m, n ∈ R.
(a) Determine m, n ∈ R, de modo que π1 e π2 sejam paralelos.
(b) Determine m, n ∈ R, de modo que π1 ∩ π2 seja uma reta perpendicular
ao vetor →
−
v = (2, 1, −1) que passa pelo ponto A = (0, 0, 2).
Solução.
(a) Das equações dos planos, temos −
v→
1 = (m, −n, 1) ⊥ π1 e − v→
2 = (n, −m, n) ⊥ π2 .
Logo,
→
−
π k π ⇐⇒ −
1 v→ e −
2 v→ são colineares ⇐⇒ −
1 2 v→ × −v→ = 0 .
1 2
Isto é, se, e somente se,
!
− −n 1 m 1 m −n
v→ −
→ =
1 × v2 ,− ,
−m n n n n −m
= (−n2 + m, −mn + n, −m2 + n2 ) = (0, 0, 0)
Ou seja,
2
−n + m = 0
−nm + n = 0
−m2 + n2 = 0 .
−
v→ −→
1 × v2 k r, onde:
−
→ −
→ −2 1 m 1 m −2
v1 × v2 = ,− , = (−4 + m, −2m + 2, −m2 + 4).
−m 2 2 2 2 −m
Sendo →
−
v = (2, 1, −1) ⊥ r, devemos ter h→
−
v ,−
v→ × −
v→i = 0. Isto é,
1 2
0 = h→−
v ,−
v→ −→
1 × v2 i
= h(2, 1, −1), (−4 + m, −2m + 2, −m2 + 4)i
= −8 + 2m − 2m + 2 + m2 − 4
= m2 − 10 .
√
Portanto, m = ± 10.
Exemplo 6
Considere as retas
(
2x − y − z = 8
r1 : e r2 : x = y − 1 = z − 2 .
−x + y = −4
Solução.
(a) Basta mostrar que as retas r1 e r2 são paralelas a uma mesma direção e
que um ponto de uma das retas não pertence à outra.
Como r1 = π1 ∩ π2 , onde π1 : 2x − y − z = 8 e π2 : −x + y = −4, temos que
−
v→ = (2, −1, −1) ⊥ r e −v→ = (−1, 1, 0) ⊥ r .
1 1 2 1
Logo, →
−
v =− v→ −→
1 × v2 k r1 , onde:
→
− −
→ −→ −1 −1 2 −1 2 −1
v = v1 × v2 = ,− , = (1, 1, 1) .
1 0 −1 0 −1 1
Da forma simétrica da equação de r , vemos que r k →
2
−
v = (1, 1, 1).
2
Portanto, r1 k r2 ou r1 = r2 .
Determinemos um ponto A ∈ r1 .
Tomando y = 0 nas equações dos planos que definem r1 , obtemos o sistema:
(
2x − z = 8
=⇒ x = 4 e z = 2 · 4 − 8 = 0 =⇒ A = (4, 0, 0) ∈ r1 .
−x = −4
Para mostrar que r1 k r2 , vamos verificar que A 6∈ r2 . De fato, substituindo
as coordenadas de A na equação de r2 , obtemos a identidade impossível
4 = 0 − 1 = 0 − 2.
Logo, A 6∈ r2 e, portanto, r1 k r2 .
(b) Para determinar a equação cartesiana do plano π que contém as retas r1
e r2 , devemos conhecer um ponto de π e um vetor perpendicular a π.
Como r ⊂ π, segue que A = (4, 0, 0) ∈ π e →
1
−
v = (1, 1, 1) k π.
−−→
Uma vez que r1 ∩ r2 = ∅, o vetor AB é um vetor paralelo a π que não é
colinear com →
−
v , para todo ponto B ∈ r2 .
Tomando x = 0 na equação de r2 ,
obtemos y − 1 = 0 e z − 2 = 0,
ou seja, y = 1 e z = 2. Logo,
−−→
B = (0, 1, 2) ∈ r2 e, portanto, AB =
(−4, 1, 2) k π.
−−→
Como → −v k π e AB k π, concluí-
Figura 3: Exemplo ??.
−−→
mos que → −
v × AB ⊥ π, onde:
!
→
− −−→ 1 1 1 1 1 1
v × AB = ,− , = (1, −6, 5) .
1 2 −4 2 −4 1
Assim, π : x − 6y + 5z = d, onde d = 4 − 6 · 0 + 5 · 0 = 4, pois A = (4, 0, 0) ∈ π.
(c) Como r1 k r2 , temos que d(r1 , r2 ) = (B, r1 ), onde B = (0, 1, 2) ∈ r2 .
Seja Q = (t + 4, t, t) ∈ r1 o pé da perpendicular a r1 baixada do ponto B.
ou seja,
−−→ −
hBQ , →
v i = t + 4 + t − 1 + t − 2 = 3t + 1 = 0
1
=⇒ t=− .
3
Então, d(B, r1 ) = d(B, Q).
Logo,
−−→ 1 1 1
11 4 7
BQ = − + 4, − − 1, − − 2 = ,− ,−
3 3 3 3 3 3
e, portanto,
−−→
d(r1 , r2 ) = d(B, Q) = kBQ k
r
11 2 4 2 7 2
= + − + −
3 3 3
1 √ 1√
= 121 + 16 + 49 = 186 .
3 3
Exemplo 7
Considere o ponto A = (1, 2, 1) e a reta
x−y+z =1
r: ; t ∈ R.
2x + y = 2
Solução.
(a) Temos:
(1, −1, 1) ⊥ r
=⇒ (1, −1, 1) × (2, 1, 0) = (−1, 2, 3) = →
−
v k r.
(2, 1, 0) ⊥ r
Tomando y = 0 nas equações que definem r, obtemos que B = (x, 0, z) ∈ r
se, e só se,
x+z =1 z =1−x z=0
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒ B = (1, 0, 0) .
2x = 2 x=1 x=1
Exemplo 8
√
Determine as equações das esferas de raio 17 que contêm os pontos A = (2, 3, 1)
e B = (4, 1, 3), com centro no plano π : 2x + y + z = 3.
Solução.
O centro das esferas procuradas deve ser um ponto equidistante de A e B.
Seja π o conjunto dos pontos eqüidistantes de A e B. Já provamos que (ver
exemplo ??, do capítulo 7),
π = {P | d(P, A) = d(P, B)}
A+B 1
é o plano que passa pelo ponto médio M = = (6, 4, 4) = (3, 2, 2) e é
2 2
−−→
perpendicular ao vetor AB = (2, −2, 2), ou seja, (1, −1, 1) ⊥ π.
Assim, a equação de π é da forma x − y + z = d, onde d se calcula sabendo
que M ∈ π. Logo, d = 3 − 2 + 2 = 3 e
π : x − y + z = 3.
Então, o centro C das esferas procuradas deve pertencer à reta r = π ∩ π.
Determinemos a reta r:
(
x−y+z =3
r:
2x + y + z = 3 .
Como →−
v = (1, −1, 1) ⊥ r e −
→ = (2, 1, 1) ⊥ r, temos →
w −v ×−w→ = (−2, 1, 3) k r.
Exemplo 9
Determine as equações paramétricas das retas paralelas ao plano π1 : x+3y−z =
√
3 e contidas no plano π2 : 2x+y +z = 5, que distam 300 da reta ` = π1 ∩π2 .
Solução.
Sejam −
v→ −
→
1 = (1, 3, −1) ⊥ π1 e v2 = (2, 1, 1) ⊥ π2 .
Como −v→ −→ →
− −
→ − →
1 ⊥ ` e v2 ⊥ `, devemos ter v = v1 × v2 k `, onde:
→
− −→ −
→ 3 −1 1 −1 1 3
v = v1 × v2 = ,− , = (4, −3, −5) .
1 1 2 1 2 1
Este vetor é a direção da reta `. Determinemos um ponto A ∈ `.
Sabemos que
x + 3y − z = 3
` = π1 ∩ π2 :
2x + y + z = 5.
Fazendo x = 0 nestas equações, obtemos o sistema:
3y − z = 3
y+z =5
Somando as equações, temos 4y = 8, ou seja, y = 2. Substituindo este valor
na segunda equação, obtemos z = 5 − y = 5 − 2 = 3.
Portanto, A = (0, 2, 3) ∈ `.
` ⊥ `, temos →
−v ⊥ `.
Portanto, −
v→ →
− Figura 8: Exemplo ??.
2 × v k `, onde
!
− 1 1 2 1 2 1
v→ →
− =
2 × v ,− ,
−3 −5 4 −5 4 −3
= (−2, 14, −10) .
→ = 1 (−
Assim, − v→ →
−
w 1 × v ) = (−1, 7, −5) k ` e ` = {(−t, 2 + 7t, 3 − 5t) | t ∈ R}.
2
Exemplo 10
Considere os pontos A = (1, 2, 1), B = (3, 4, 3), e o plano
π : x − y + z = 1.
(a) Determine o conjunto dos pontos equidistantes de A e B.
−−→ −−→ √
(b) Determine o ponto C = (x, y, z) ∈ π tal que kCA k = kCB k = 11 e
x + y − 2z < 0.
(c) Determine a área do triângulo de vértices A, B e C, e o plano que contém
este triângulo.
Solução.
(a) Seja π = {P | d(P, A) = d(P, B)}. Então, π é o plano perpendicular
−−→ A+B
ao vetor AB = (2, 2, 2) k (1, 1, 1), que passa pelo ponto = (2, 3, 2).
2
Logo:
π : x + y + z = 7.
−−→ −−→ √
(b) Seja C = (x, y, z) ∈ π tal que kCA k = kCB k = 11 e x + y − 2z < 0.
Como d(C, A) = d(C, B), temos C ∈ π.
x−y+z =1
Logo, C ∈ π ∩ π = r :
x + y + z = 7.
Sendo →
−
v = (1, −1, 1) ⊥ r e −
→ = (1, 1, 1) ⊥ r, temos que →
w −
v ×−
→ = (−2, 0, 2) k
w
(−1, 0, 1) k r.
Fazendo x = 0 nas equações que definem r, temos que P0 = (0, y, z) ∈ r se,
e só se,
−y + z = 1 2z = 8 z=4
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒ P0 = (0, 3, 4) ∈ r .
y+z =7 y =7−8 y=3
Logo, as equações paramétricas da reta r são:
x = −t
r: y=3 ; t ∈ R.
z =t+4
Como C ∈ r, C = (−t, 3, t+4) para algum t ∈ R. Além disso, d(C, A)2 = 11.
Assim,
Exemplo 11
Considere o ponto A = (a, 2a, a), onde a ∈ R − {0}, e as retas
x = 2s x = 2t + 1
r1 : y = 3s + 1 ; s∈R e r2 : y =t+2 ; t ∈ R.
z =s+1 z = −t + 2
−−→
(a) Determine a ∈ R − {0} e C ∈ r1 de modo que AC seja perpendicular à
−−→ √
reta r2 e kAC k = 2.
(b) Mostre que os pontos A e C, do item anterior, e a reta r2 não são
coplanares.
Solução.
−−→
(a) Seja C = (2s, 3s+1, s+1) ∈ r1 . Então, AC = (2s−a, 3s+1−2a, s+1−a).
−−→ −−→
Como AC ⊥ r2 , temos que AC ⊥ (2, 1, −1), isto é,
−−→
hAC , (2, 1, −1)i = 4s − 2a + 3s + 1 − 2a − s − 1 + a = 0
⇐⇒ 6s − 3a = 0 ⇐⇒ a = 2s .
−−→ √
Além disso, como kAC k = 2, segue que:
√ √
|(2s − 2s, 3s + 1 − 4s, s + 1 − 2s)| = 2 ⇐⇒ |(0, 1 − s, 1 − s)| = 2
k π, temos que →
−
v ×−
→ ⊥ π, onde:
w
!
→
− 1 −1 2 −1 2 1
v ×−
→=
w ,− , = (−8, 7, −9).
−6 −2 −3 −2 −3 −6
Logo, π : −8x + 7y − 9z = −8 + 14 − 18 = −12, pois B = (1, 2, 2) ∈ π.
Para mostrar que A, C e r2 não são coplanares, basta verificar que C = (4, 7, 3)
6∈ π.
De fato, substituindo as coordenadas de C no lado esquerdo da equação de
π, obtemos:
Elipse
1. Elipse
Definição 1
Uma elipse E de focos F1 e F2 é o conjunto do plano que consiste de todos
os pontos P , cuja soma das distâncias a F1 e F2 é igual a uma constante
2a > 0, maior do que a distância entre os focos 2c > 0. Ou seja:
E = { P | d(P, F1 ) + d(P, F2 ) = 2a } ,
0 < c < a ; d(F1 , F2 ) = 2c
Terminologia
• Como dissemos na definição, os pontos F1 e F2 são os focos da elipse.
• A reta ` que contém os focos é a reta focal.
243
244 1.. ELIPSE
Figura 3: Posicionamento dos vértices em relação aos focos da elipse na reta focal.
Figura 5: Posicionamento dos focos, centro e vértices da elipse nas retas focal e não focal.
Observação 1
A elipse E é simétrica em relação à reta focal, à reta não focal e ao centro.
Neste caso, F1 = (−c, 0), F2 = (c, 0), A1 = (−a, 0), A2 = (a, 0),
B1 = (0, −b) e B2 = (0, b). Logo,
y2 x2 a2 − x2 b√ 2
Como = 1 − = , temos que y = ± a − x2 .
b2 a2 a2 a
b√ 2
Consideremos o gráfico da função y = a − x2 , x ∈ [0, a]. Para
a
x = 0 e x = a, temos y = b e y = 0, respectivamente.
p
b
Figura 8: Gráfico da função y = a
a2 − x2 , x ∈ [0, a].
x2 y2
Figura 9: Gráfico da elipse E : a2
+ b2
= 1.
Neste caso, F1 = (0, −c), F2 = (0, c), A1 = (0, −a), A2 = (0, a),
B1 = (−b, 0) e B2 = (b, 0).
Desenvolvendo como no caso anterior, podemos verificar que a equação
da elipse é:
x2 y2 Forma canônica da elipse de centro na origem
+ =1
b2 a2 e reta focal coincidente com o eixo OY .
x2 y2
Figura 10: Elipse E : b2
+ a2
= 1.
Exemplo 1
Os vértices de uma elipse são os pontos (4, 0) e (−4, 0) e seus focos são os
pontos (3, 0) e (−3, 0). Determine a equação da elipse.
Solução.
Como F1 = (−3, 0) e F2 = (3, 0), a reta focal é o eixo−OX e A1 = (−4, 0),
A2 = (4, 0) são os vértices sobre a reta focal `.
F1 + F2 A + A2
Então, C = = 1 = (0, 0) é o centro da elipse, a = d(C, A1 ) =
2 2
√ √
d(C, A2 ) = 4, c = d(C, F1 ) = d(C, F2 ) = 3 e b = a2 − c 2 = 42 − 32 =
√ √
16 − 9 = 7.
x2 y2
Logo, a equação da elipse é E: + = 1.
16 7
Exemplo 2
Dois vértices de uma elipse E são os pontos (0, 6) e (0, −6) e seus focos são
os pontos (0, 4) e (0, −4). Determine a equação da elipse E.
Solução.
Temos F1 = (0, −4) e F2 = (0, 4). Então, a reta focal (que contém os focos)
é o eixo OY , os vértices sobre a reta focal são A1 = (0, −6) e A2 = (0, 6),
(0, 4) + (0, −4)
e o centro da elipse E é a origem, pois C = = (0, 0). Como
2
a = d(C, A1 ) = 6 e c = d(C, F1 ) = 4, temos que b2 = a2 − c2 = 36 − 16 = 20.
x2 y2
Portanto, a equação da elipse é E: + = 1.
20 36
Exemplo 3
Os focos de uma elipse são os pontos (2, 0) e (−2, 0) e sua excentricidade é
2
. Determine a equação da elipse.
3
Solução.
Temos que a reta focal é o eixo OX, o centro da elipse é a origem C = (0, 0),
2 c 2
c = d(C, F1 ) = 2 e e = = = =⇒ a = 3. Logo, b2 = a2 − c2 = 9 − 4 = 5
3 a a
x2 y2
e + = 1 é a equação da elipse.
9 5
Exemplo 4
Uma elipse E tem seu centro na origem e um de seus vértices sobre a reta
√ 14
focal é (0, 7). Se a elipse passa pelo ponto 5, , determine sua equação,
3
seus vértices, seus focos e sua excentricidade. Faça também um esboço da
elipse.
Solução.
A reta focal, que contém o centro e o vértice dado, é o eixo OY . A dis-
tância do centro C = (0, 0) ao vértice A2 = (0, 7) é a = d(C, A2 ) = 7 e o
outro vértice na reta focal é A1 = (0, −7).
Logo, a equação da elipse E é da forma:
x2 y2 x2 y2
E: + = 1, ou seja, E: + = 1.
b2 a2 b2 72
x2 y2
Figura 11: Gráfico da elipse E : 9
+ 49
= 1.
√ 14
Como 5, ∈ E, temos:
3
2
√ 2 14
5 3 5 22 72
+ = 1 , ou seja, + = 1.
b2 49 b2 32 72
5 4 5
Então, 2 = 1 − = ⇐⇒ b2 = 9, e a equação da elipse é:
b 9 9
x2 y2
E: + = 1.
9 49
Como a reta não focal é o eixo OX e b = 3, os vértices na reta não focal são
B1 = (−3, 0) e B2 = (3, 0).
√ √ √ √
Temos também que c = a2 − b2 = 49 − 9 = 40 = 2 10. Logo, os focos
√ √
são F1 = (0, −2 10) e F2 = (0, 2 10).
√
c 2 10
Finalmente, a excentricidade de E é e = = .
a 7
(
x = x + x0
y = y + y0
Exemplo 5
Faça um esboço da curva
x3 − 3x2 − y 2 + 3x + 4y − 5 = 0 .
Solução.
Fazendo x = x + 1 e y = y + 2 na equação dada, obtemos:
(x + 1)3 − 3(x + 1)2 − (y + 2)2 + 3(x + 1) + 4(y + 2) − 5 = 0 .
Simplificando esta identidade, temos x3 = y 2 .
Então, y = ±x3/2 e x ≥ 0.
Fazer agora o esboço da curva é bem mais simples.
(x − x0 )2 (y − y0 )2
+ = 1, onde b 2 = a2 − c 2
a2 b2
(x−x0 )2 (y−y0 )2
Figura 14: Gráfico da elipse E : a2
+ b2
= 1.
(x−x0 )2 (y−y0 )2
Figura 15: Gráfico da elipse E : b2
+ a2
= 1.
Exemplo 6
Os focos de uma elipse E são (3, 8) e (3, 2), e o comprimento do seu eixo
não focal é 8. Determine a equação da elipse E, os seus vértices e a sua
excentricidade.
Solução.
Exemplo 7
A equação de uma elipse é E : x2 + 4y 2 + 2x − 12y + 6 = 0. Determine a
equação da elipse na forma canônica, o seu centro, os seus vértices, os seus
focos e a sua excentricidade.
Solução.
Completando os quadrados na equação de E, temos:
√ 3 √ 3
Os focos da elipse são F1 = −1 − 3, e F2 = −1 + 3, ; os vértices
2 2
3 3 3
sobre a reta focal são A1 = −1 − 2, = −3, e A2 = −1 + 2, =
2 2 2
3 3
1
1, e os vértices sobre a reta não focal são B1 = −1, − 1 = −1,
2 2 2
3 5
e B2 = −1, + 1 = −1, .
2 2
√
c 3
Finalmente, a excentricidade de E é e = = .
a 2
Proposição 1
Se os coeficientes A e C da equação do segundo grau
Ax2 + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 (1)
ou
• um ponto;
ou
• o conjunto vazio.
Prova.
Dividindo a equação (1) por AC, obtemos:
x2 y2 D E F
+ + x+ y+ = 0,
C A AC AC AC
ou seja,
D E
x2 + x y2 + y
A + C =− F .
C A AC
Completando os quadrados, temos:
D D2 E E2
x2 + x+ 2 y 2 + y+ 2 2 2
A 4A + C 4C = − F + D + E .
C A AC 4A2 C 4AC 2
Isto é,
D 2 E 2
x+ y2 +
2A 2C C 2 D2 + ACE 2 − 4AF C 2 M
+ = 2 3
= (2)
C A 4A C 4A2 C 3
Como AC > 0, a equação (3) representa uma elipse de eixos paralelos aos
D E
eixos coordenados e centro no ponto − , − , se M > 0.
2A 2C
M
Se M < 0, a equação (3) representa o conjunto vazio, pois <0 e
4A2 C 2
M
< 0.
4ACC 2
Exemplo 8
Determine se as equações abaixo representam uma elipse ou uma elipse de-
generada. Caso seja uma elipse, determine seus principais elementos.
(a) 25x2 + 9y 2 − 225 = 0.
Solução.
x2 y 2
Como 25x2 +9y 2 = 225, obtemos, dividindo por 225, que a equação + =1
9 25
representa uma elipse com:
√
• a = 5, b = 3 e c = 25 − 9 = 4;
• centro: C = (0, 0);
• reta focal: ` = eixo − OY : x = 0;
• reta não focal: `0 = eixo − OX : y = 0;
• vértices sobre a reta focal: A1 = (0, −5) e A2 = (0, 5);
• vértices sobre a reta não focal: B1 = (−3, 0) e B2 = (3, 0);
• focos: F1 = (0, −4) e F2 = (0, 4).
Hipérbole
1. Hipérbole
Definição 1
Uma hipérbole H de focos F1 e F2 é o conjunto do plano que consiste de
todos os pontos P tais que o módulo da diferença das distâncias a F1 e F2
é igual a uma constante 2a > 0, menor do que a distância entre os focos
2c > 0.
H = { P | | d(P, F1 ) − d(P, F2 ) | = 2a }
0 < a < c ; d(F1 , F2 ) = 2c
Terminologia
• Os pontos F1 e F2 são os focos da hipérbole.
• A reta ` que contém os focos é a reta focal(ver figura 1.).
261
262 1.. HIPÉRBOLE
Figura 2: Posicionamento dos vértices em relação aos focos da hipérbole na reta focal.
Figura 3: Posicionamento dos vértices em relação aos focos da hipérbole na reta focal.
Figura 4: Posicionamento dos vértices em relação aos focos da hipérbole na reta focal.
c
• O número e = é chamado excentricidade da hipérbole. Note que e > 1,
a
pois c > a.
• Duas hipérboles cujo eixo focal de cada uma é igual ao eixo não focal da
outra são denominadas hipérboles conjugadas. Como os retângulos de
base de duas hipérboles conjugadas são iguais, elas têm o mesmo centro,
mesmas assíntotas e os focos a uma mesma distância do centro.
Observação 1
1. A hipérbole H é simétrica em relação à reta focal, à reta não focal e ao
centro.
Neste caso, F1 = (−c, 0), F2 = (c, 0), A1 = (−a, 0), A2 = (a, 0),
B1 = (0, −b) e B2 = (0, b). Logo,
⇐⇒ ou
p p
(x + c)2 + y 2 − (x − c)2 + y 2 = −2a (ramo esquerdo de H).
y2 x2 x2 − a2 b√ 2
Sendo = − 1 = , temos que y = ± x − a2 , onde x ≥ a
b2 a2 a2 a
ou x ≤ −a.
b√ 2
Considere a função y = x − a2 , x ∈ [a, +∞). Como y = 0
a
bx
para x = a, y é crescente e côncava (verifique que y 0 = p > 0 e
a x2 − a2
−ab
y 00 = < 0 para todo x ∈ (a, +∞)), e o gráfico da função é da
(x2 − a2 )3/2
forma:
p
b
Figura 11: Gráfico da função y = a
x2 − a2 , x ∈ [a, +∞].
x2 y2
Figura 12: Gráfico da hipérbole H : a2
− b2
= 1.
Neste caso, temos F1 = (0, −c), F2 = (0, c), A1 = (0, −a), A2 = (0, a),
B1 = (−b, 0) e B2 = (b, 0).
b
onde b2 = c2 − a2 . As assíntotas são as retas x = ± y, ou seja,
a
ax − by = 0 e ax + by = 0 .
y2 x2
Figura 15: Hipérbole H : a2
− b2
= 1.
Exemplo 1
√
Determine a equação da hipérbole equilátera com focos nos pontos (− 8, 0)
√
e ( 8, 0).
Solução.
√ √ F + F2
Como F1 = (− 8, 0) e F2 = ( 8, 0), o centro da hipérbole é C = 1 =
2
(0, 0) e a reta focal é o eixo−OX. Sendo a hipérbole equilátera (a = b),
√
c = 8 e c2 = a2 + b2 , obtemos 8 = a2 + a2 = 2a2 , isto é, a2 = 4. Logo,
a=b=2e
x2 y2
H: − =1
4 4
é a equação da hipérbole.
Além disso, A1 = (−2, 0) e A2 = (2, 0) são os vértices, B1 = (0, −2) e
B2 = (0, 2) são os vértices imaginários e y = ±x são as assíntotas da hipérbole
H.
Exemplo 2
√
Mostre que a excentricidade de qualquer hipérbole equilátera é 2.
Solução.
√
Como a = b e c2 = a2 + b2 , temos que c2 = 2a2 , ou seja, c = 2a. Logo,
√
c 2a √
e= = = 2.
a a
Exemplo 3
Os vértices de uma hipérbole são os pontos (0, 3) e (0, −3) e um de seus focos
é o ponto (0, 5). Determine a equação da hipérbole, o comprimento do seu
eixo focal e suas assíntotas.
Solução.
(0, 3) + (0, −3)
A hipérbole tem centro C = = (0, 0), reta focal=eixo−OY ,
2
c = d((0, 0), (0, 5)) = 5, a = d((0, 0), (0, 3)) = 3 e b2 = c2 − a2 = 25 − 9 = 16.
y2 x2 4
Então, H : − = 1 é a equação da hipérbole, x = ± y são as suas
9 16 3
assíntotas e 2a = 6 o comprimento do seu eixo focal.
Exemplo 4
O centro de uma hipérbole é a origem, sua reta focal é um dos eixos coorde-
nados e uma de suas assíntotas é a reta 2x − 5y = 0. Determine a equação
da hipérbole H, supondo que o ponto (4, 6) ∈ H.
Solução.
Como o centro é a origem e a reta focal (eixo−OX ou eixo−OY ) é uma
bissetriz das assíntotas, a reta 2x + 5y = 0 é a outra assíntota. Vamos
analisar os dois casos possíveis.
• Reta focal = eixo−OX.
x2 y2 b 2 2
Neste caso, H :
2
− 2
= 1 e = , isto é, b = a . Como (4, 6) ∈ H,
a b a 5 5
16 36
temos que 2 − 2 = 1, ou seja, 16 × 4 − 25 × 36 = 4a2 , o que é um absurdo,
a 4a
25
Exemplo 5
Determine a equação, os vértices, os focos e a excentricidade da hipérbole
conjugada da hipérbole
9x2 − 4y 2 = 36.
Solução.
A hipérbole H : 9x2 − 4y 2 = 36, que também pode ser escrita na forma
x2 y2
H: − = 1, tem centro na origem, reta focal = eixo−OX, a = 2, b = 3
4 9
√ √
e c = a2 + b2 = 13.
Então, a hipérbole H0 , conjugada da hipérbole H, tem centro na origem,
√
a0 = b = 3, b0 = a = 2, c0 = c = 13 e reta focal = eixo−OY .
y2 x2
Logo, H0 : − = 1 é a equação da hipérbole conjugada da hipérbole H,
9 4
√ √
F1 = (0, − 13) e F2 = (0, 13) são seus focos, A1 = (0, −3) e A2 = (0, 3)
√
c 13
são seus vértices e e = = é a sua excentricidade.
a 3
(x − x0 )2 (y − y0 )2
2
− = 1, onde b 2 = c 2 − a2
a b2
(x−x0 )2 (y−y0 )2
Figura 16: Gráfico da hipérbole H : a2
− b2
= 1.
(y − y0 )2 (x − x0 )2
− = 1, onde b 2 = c 2 − a2
a2 b2
(y−y0 )2 (x−x0 )2
Figura 17: Gráfico da hipérbole H : a2
− b2
= 1.
Exemplo 6
Determine o ângulo agudo de interseção das assíntotas da hipérbole
9x2 − y 2 − 36x − 2y + 44 = 0.
Solução.
A equação da hipérbole se escreve na forma:
9(x2 − 4x) − (y 2 + 2y) = −44
9(x − 2)2 − (y + 1)2 = −44 + 36 − 1 = −9
(y + 1)2
− (x − 2)2 = 1 .
9
Logo, C = (2, −1) é o centro, a reta focal é ` : x = 2, paralela ao eixo−OY ,
√ √ 1
a = 3, b = 1, c = a2 + b2 = 10 e as assíntotas são x − 2 = ± (y + 1), ou
3
seja, y = 3x − 7 e y = −3x + 5.
Assim, tg β = 3, tg α = −3, θ = α − β e
tg α − tg β −6 3
tg θ = = = ,
1 + tg α tg β 1−9 4
onde β e α são os ângulos que as retas y = 3x − 7 e y = −3x + 5 fazem,
respectivamente, com o semieixo OX positivo, e θ é o ângulo agudo entre as
assíntotas.
Exemplo 7
As retas r : 2x + y = 3 e s : 2x − y = 1 são as assíntotas de uma hipérbole
que passa pelo ponto (6, 2). Determine sua equação.
Solução.
O centro C = (x, y) da hipérbole é o ponto de interseção das assíntotas,
isto é, (x, y) é a solução do sistema:
(
2x + y = 3
2x − y = 1 .
Logo, C = (1, 1) é o centro. A reta focal ` e a reta não focal `0 são as
bissetrizes das assíntotas, ou seja,
Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 ,
onde A = b2 , B = 0, C = −a2 , D = −2x0 b2 , E = 2y0 a2 , F = x20 b2 −a2 y02 −a2 b2 .
Em particular, os coeficientes A e C têm sinais opostos, e B = 0. Po-
demos verificar que o mesmo ocorre quando desenvolvemos a equação da
hipérbole de reta focal paralela ao eixo−OY .
Reciprocamente, temos a seguinte proposição:
Proposição 1
Se os coeficientes A e C da equação
Ax2 + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0 (1)
têm sinais opostos, então a equação representa:
• uma hipérbole de eixos paralelos aos eixos coordenados;
ou
• um par de retas concorrentes.
Prova.
Suponhamos que A > 0 e C < 0. Então,
Exemplo 8
Determine se as equações abaixo representam uma hipérbole ou uma hipér-
bole degenerada. Caso seja uma hipérbole, determine seus principais elemen-
tos.
(a) 9x2 − 25y 2 − 225 = 0.
Solução.
Como 9x2 − 25y 2 = 225, obtemos, dividindo por 225, a equação
x2 y2
− = 1,
25 9
que representa uma hipérbole com:
√ √ √
• a = 5, b = 3 e c = a2 + b2 = 25 + 9 = 34;
• centro: C = (0, 0);
• reta focal: ` = eixo−OX : y = 0;
• reta não focal: `0 = eixo−OY : x = 0;
• vértices: A1 = (−5, 0) e A2 = (5, 0);
• vértices imaginários (na reta não focal): B1 = (0, −3) e B2 = (0, 3);
√ √
• focos: F1 = (− 34, 0) e F2 = ( 34, 0);
3
• assíntotas: y = ± x, ou seja 3x ± 5y = 0.
5
(b) x2 − 2y 2 + 6x + 4y + 9 = 0.
Solução.
Completando os quadrados, obtemos:
x2 + 6x − 2(y 2 − 2y) = −9
⇐⇒ (x2 + 6x + 9) − 2(y 2 − 2y + 1) = −9 + 9 − 2
⇐⇒ (x + 3)2 − 2(y − 1)2 = −2
(x + 3)2
⇐⇒ (y − 1)2 − = 1.
2
Logo a equação representa uma hipérbole com:
√ √ √ √
• a = 1, b = 2 e c = a2 + b2 = 1 + 2 = 3;
• centro: C = (−3, 1);
• reta focal: ` : x = −3, paralela ao eixo−OY ;
• reta não focal: `0 : y = 1, paralela ao eixo−OX;
• vértices: A1 = (−3, 0) e A2 = (−3, 2);
√ √
• vértices imaginários (na reta não focal): B1 = (−3− 2, 1) e B2 = (−3+ 2, 1);
√ √
• focos: F1 = (−3, 1 − 3) e F2 = (−3, 1 + 3);
√ √ √ √ √
• assíntotas (x+3) = ± 2(y−1), ou seja, x+ 2y = −3+ 2 e x− 2y = −3− 2.
Parábola
1. Parábola
Definição 1
Sejam L uma reta no plano e F um ponto no plano não pertencente a L. A
parábola P de diretriz L e foco F é o conjunto que consiste de todos os
pontos P do plano, equidistantes do ponto F e da reta L, isto é,
P = { P | d(P, F ) = d(P, L) } .
Terminologia
• Como dissemos na definição, o ponto F é o foco e a reta L é a diretriz
da parábola.
• A reta ` que contém o foco e é perpendicular à diretriz L é chamada reta
focal da parábola.
• O vértice da parábola é o ponto V da reta focal, equidistante de F e de
L. Em particular, V ∈ P.
• Se A é o ponto onde L intersecta `, então V é o ponto médio do segmento
AF , ou seja,
A+F
V = .
2
279
280 1.. PARÁBOLA
Observação 1
Toda parábola é simétrica em relação à sua reta focal.
De fato, seja P uma parábola de
foco F , vértice V , diretriz L e
reta focal `.
Seja P ∈ P e seja P 0 o ponto
simétrico de P em relação à reta
focal `.
O segmento P P 0 ⊥ ` intersecta
a reta focal ` num ponto Q que é
o ponto médio do segmento P P 0 .
Os triângulos 4P QF e 4P 0 QF
Figura 2: Simetria da parábola em relação à reta focal `.
são congruentes, pois o lado QF
é comum, d(P, Q) = d(P 0 , Q) e os ângulos P[
QF e P
\ 0 QF são retos. Em
Então,
P = (x, y) ∈ P
⇐⇒ d(P, F ) = d(P, L)
p
⇐⇒ (x + p)2 + y 2 = |x − p|
⇐⇒ (x + p)2 + y 2 = (x − p)2
⇐⇒ x2 + 2px + p2 + y 2 = x2 − 2px + p2
⇐⇒ 2px + y 2 = −2px
⇐⇒ y 2 = −4px
Exemplo 1
Determine a equação da parábola P com vértice V na origem, cujo foco é o
ponto:
(a) F = (3, 0).
Solução.
Temos p = d(V, F ) = 3 e reta focal = eixo−OX. Como o foco F está à
direita do vértice, temos que a diretriz é a reta L : x = −3 e a equação da
parábola é P : y 2 = 12x.
Exemplo 2
Uma parábola P com vértice V na ori-
gem, cuja reta focal é o eixo−OY , passa
pelo ponto (4, −2). Determine sua equa-
ção, o foco F e a equação da diretriz L.
Solução.
A parábola tem equação P : x2 = ±4py, com p = d(V, F ) > 0.
√
Como (2 2, −2) ∈ P, temos que P : x2 = −4py e 8 = 8p. Logo, p = 1,
F = (0, −1), L : y = 1 e a equação da parábola é P : x2 = −4y.
Exemplo 3
Um círculo C com centro no ponto C = (4, −1) passa pelo foco F da parábola
P : x2 = −16y. Mostre que a diretriz L da parábola é tangente ao círculo C.
Solução.
A reta focal da parábola P é o eixo−OY ,
o vértice é a origem, o foco está abaixo da
diretriz e 4p = 16. Então, F = (0, −4) e
L : y = 4.
A equação do círculo é:
C : (x − 4)2 + (y + 1)2 = r2 . Figura 8: Parábola P e círculo C.
(y − y0 )2 = 4p(x − x0 ).
(y − y0 )2 = −4p(x − x0 ),
(x − x0 )2 = 4p(y − y0 )
(x − x0 )2 = −4p(y − y0 )
Exemplo 4
Determine a equação da parábola P de vértice V = (3, 4) e foco F = (3, 2).
Determine também a equação de sua diretriz.
Solução.
Como V = (3, 4) e F = (3, 2), ` : x = 3 é
a reta focal e F está abaixo de V , ou seja,
abaixo da diretriz L. Logo, a equação da
parábola é da forma:
P : (x − 3)2 = −4p(y − 4).
Temos que p = d(V, F ) = d((3, 4), (3, 2))
= 2. Então, L : y = 6 é a diretriz e
Figura 13: Parábola P : (x − 3)2 = −8(y − 4).
P : (x − 3)2 = −8(y − 4)
é a equação da parábola.
Exemplo 5
Determine a equação da parábola P cuja reta focal é paralela ao eixo−OX
3
e passa pelos pontos , −1 , (0, 5) e (−6, −7).
2
Solução.
Como a reta focal da parábola P é paralela ao eixo−OX, sua equação deve
ser da forma P : (y − y0 )2 = ±4p(x − x0 ), que se escreve também na forma:
P : y 2 + Dx + Ey + F = 0 .
Substituindo as coordenadas dos pontos dados nessa equação, temos:
3
D − E + F = −1
2
5E + F = −25
−6D − 7E + F = −49 .
y 2 − 2y + 1 = 15 − 8x + 1 ,
ou, ainda,
P : (y − 1)2 = −8(x − 2).
Assim, a parábola P tem vértice V = (2, 1) e reta focal ` : y = 1, paralela
ao eixo−OX. Como 4p = 8, isto é, p = 2, e o foco F está à esquerda da
diretriz, temos que F = (0, 1) e a diretriz L : x = 4.
Proposição 1
Seja a equação do segundo grau com B = 0:
Ax2 + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0.
Se A = 0 e C 6= 0, esta equação representa:
• uma parábola cuja reta focal é paralela ao eixo−OX, se D 6= 0;
ou
• duas retas distintas paralelas ao eixo−OX, se D = 0 e E 2 − 4CF > 0;
ou
• uma reta paralela ao eixo−OX, se D = 0 e E 2 − 4CF = 0;
ou
• o conjunto vazio, se D = 0 e E 2 − 4CF < 0.
O mesmo vale para o caso em que C = 0 e A 6= 0, trocando “paralelo ao
eixo−OX” por “paralelo ao eixo−OY ”.
Prova.
Suponhamos A = 0, C 6= 0 e D 6= 0. Então, a equação do segundo grau
se escreve na forma:
E D F
y2 + y + x + = 0.
C C C
Completando o quadrado, obtemos:
E 2 D F E2
y+ + x + − 2 = 0.
2C C C 4C
Como D 6= 0, podemos escrever a equação na forma
E 2 D C F E2
y+ =− x+ − 2 ,
2C C D C 4C
que é a equação de uma parábola com reta focal paralela ao eixo−OX e
vértice
4C 2 F − CE 2 E
V = − 2
,− .
4C D 2C
Se D = 0, a equação Cy 2 + Ey + F = 0 representa:
• duas retas paralelas ao eixo−OX,
p p
−E + E 2 − 4CF −E − E 2 − 4CF
y= e y= ,
2C 2C
se E 2 − 4CF > 0;
E
• uma reta paralela ao eixo−OX, y = − , se E 2 − 4CF = 0;
2C
• o conjunto vazio, se E 2 − 4CF < 0.
Exemplo 6
Verifique se as equações abaixo representam uma parábola ou uma parábola
degenerada. Caso seja uma parábola, determine seus principais elementos.
(a) x2 − 8y = 0.
Solução.
Como x2 = 8y, a equação representa uma parábola com:
• vértice: V = (0, 0);
• reta focal = eixo−OY : x = 0;
• parâmetro: 2p = 4 (=⇒ p = 2);
• foco: F = (0, 2), acima da diretriz;
• diretriz: L : y = −2.
(b) 2y 2 + 5x + 8y − 7 = 0.
Solução.
Completando o quadrado, obtemos
2(y 2 + 4y) = −5x + 7
⇐⇒ 2(y 2 + 4y + 4) = −5x + 7 + 8
⇐⇒ 2(y + 2)2 = −5x + 15
⇐⇒ 2(y + 2)2 = −5(x − 3)
5
⇐⇒ (y + 2)2 = − (x − 3) ,
2
que representa uma parábola com:
• vértice: V = (3, −2);
(c) 3y 2 + 7y − 6 = 0.
Solução.
Como A = B = D = 0 e seu discriminante é 49 + 4 × 3 × 6 = 121 > 0,
−7 ± 11
a equação (c) representa o par de retas y = , ou seja, y = −3 e
6
2
y = , paralelas ao eixo−OX.
3
(e) 3y 2 − 2y + 1 = 0
Solução.
Como A = B = D = 0 e seu discriminante é 4 − 12 = −8 < 0, a equa-
ção (e) representa o conjunto vazio.
Exemplo 7
Sejam V = (−2, −1) o vértice de uma parábola P e L : x + 2y = 1 a equação
de sua diretriz. Encontre a equação da parábola e seu foco.
Solução.
A reta focal ` é a reta perpendicular à diretriz que passa pelo vértice.
295
296 1.. ROTAÇÃO DOS EIXOS COORDENADOS
( (
x = r cos ϕ x = r cos(ϕ + θ)
e
y = r sen ϕ , y = r sen(ϕ + θ) .
Logo,
( (
x = r cos θ cos ϕ − r sen θ sen ϕ x = cos θ x − sen θ y
ou seja,
y = r sen θ cos ϕ + r cos θ sen ϕ , y = sen θ x + cos θ y
ou na forma vetorial
(x, y) = (cos θ, sen θ)x + (− sen θ, cos θ)y
ou seja,
(x, y) = (cos θ, − sen θ) x + (sen θ, cos θ) y
Exemplo 1
Por uma rotação de 45o dos eixos coordenados OX e OY , uma certa equação
é transformada na equação 4x2 − 9y 2 = 36. Encontre a equação, o centro,
os vértices, os vértices imaginários, os focos e as assíntotas da hipérbole nas
coordenadas x e y.
Solução.
Como
√
x = cos θ x + sen θ y 2
= (x + y)
√2
y = − sen θ x + cos θ y = 2
(−x + y) ,
2
a equação acima, nas coordenadas x, y, se escreve na forma:
2 2
4 × (x + y)2 − 9 × (−x + y)2 = 36 ,
4 4
ou seja,
4(x2 + 2xy + y 2 ) − 9(x2 − 2xy + y 2 ) = 72 ,
isto é,
−5x2 + 26xy − 5y 2 − 72 = 0
x2 y2
Como, nas coordenadas x e y, a equação pode ser escrita na forma − = 1,
9 4
√
ela representa uma hipérbole com a = 3; b = 2; c = 13; centro C = (0, 0);
√
reta focal ` : y = 0; vértices A1 = (−3, 0) e A2 = (3, 0); focos F1 = (− 13, 0)
√
e F2 = ( 13, 0); reta não focal `0 : x = 0; vértices imaginários B1 = (0, −2)
2
e B2 = (0, 2), e assíntotas y = ± x, ou seja, 2x ± 3y = 0.
3
Usando a mudança de coordenadas
1
x = √ (x − y)
2
1
y = √ (x + y) ,
2
vemos que, nas coordenadas x e y, o centro é C = (0, 0), os vértices são
√ √ √ √
3 2 3 2 3 2 3 2
A1 = − ,− e A2 = , , os vértices imaginários são
2 2 2 2
√ √ !
2 2 2 2 13 13
B1 = √ , − √ , B2 = −√ , √ e os focos são F1 = − √ ,− √
2 2 2 2 2 2
√ √ !
13 13
e F2 = √ , √ .
2 2
π
Após uma rotação positiva de um ângulo θ, 0 < θ < , dos eixos
2
OX e OY , obtemos um novo sistema de eixos ortogonais O X e O Y . As
coordenadas (x, y) e (x, y) de um ponto P do plano nos sistemas de eixos
OXY e O X Y , respectivamente, estão relacionadas da seguinte maneira:
x = cos θ x − sen θ y
y = sen θ x + cos θ y .
Aθ x2 + Bθ x y + Cθ y 2 + Dθ x + Eθ y + Fθ = 0 (2)
onde
Aθ = A cos2 θ + B sen θ cos θ + C sen2 θ
Bθ = 2(C − A) sen θ cos θ + B(cos2 θ − sen2 θ)
Cθ = A sen2 θ − B sen θ cos θ + C cos2 θ
Dθ = D cos θ + E sen θ
Eθ = −D sen θ + E cos θ
Fθ = F.
π
Determinemos o ângulo θ = θ0 , 0 < θ0 < , para o qual o coeficiente
2
Bθ0 da equação nas variáveis x e y é igual a zero.
Sendo
Bθ0 = (C − A) sen 2θ0 + B cos 2θ0 = 0,
temos que
1. θ0 = 45o , se A = C.
B
2. tg 2θ0 = , se A 6= C.
A−C
Pela relação 1 + tg2 2θ0 = sec2 2θ0 e por tg 2θ0 e cos 2θ0 terem o mesmo
sinal, pois 0 < 2θ0 < 180o , segue que
1 B
cos 2θ0 = p , se > 0,
1+ tg2 2θ 0 A−C
e
−1 B
cos 2θ0 = p , se < 0.
1 + tg2 2θ0 A−C
Além disso, como cos 2θ0 = cos2 θ − sen2 θ e cos2 θ + sen2 θ = 1, temos
que
ou seja,
r r
1 + cos 2θ0 1 − cos 2θ0
cos θ0 = e sen θ0 =
2 2
Ax2 + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0,
onde:
! ! ! !
A 0 cos θ0 sen θ0 A B/2 cos θ0 − sen θ0
=
0 C − sen θ0 cos θ0 B/2 C sen θ0 cos θ0
e
! ! !
D cos θ0 sen θ0 D
=
E − sen θ0 cos θ0 E
Definição 1
O indicador da equação do segundo grau
Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0
é o número
!
A B/2
I = B 2 − 4AC = −4 det
B/2 C
3. Exemplos
Exemplo 2
(a) Reduza, por uma rotação dos eixos coordenados, a equação
x2 + 2xy + y 2 − x + y + 1 = 0 (4)
à sua forma canônica.
(b) Determine o foco, o vértice e a diretriz da cônica nas coordenadas x, y.
(c) Faça um esboço da curva.
Solução.
(a) Os coeficientes da equação são A = 1, B = 2, C = 1, D = −1, E = 1,
F = 1, e seu indicador é I = B 2 − 4AC = 22 − 4 × 1 × 1 = 0. Então, a
equação é do tipo parabólico.
Sendo A = C = 1, o ângulo de rotação necessário para eliminar o termo
misto (xy) é θ = 45o , e as relações de mudança de coordenadas, por esta
rotação, são:
√
o o 2
x = cos(45 ) x − sen(45 ) y = (x − y)
2
√ (5)
y = sen(45o ) x + cos(45o ) y = 2 (x + y)
2
e
√
o o 2
x = cos(45 ) x + sen(45 ) y = (x + y)
2
√ (6)
y = − sen(45o ) x + cos(45o ) y = 2 (−x + y)
2
! √ √ ! !
D 2/2 2/2 −1
= √ √
E − 2/2 2/2 1
√ !
−1
2 1 1
=
2 −1 1 1
√ !
2 0 0
= = √ ,
2 2 2
√
ou seja, D = 0, E = 2.
Portanto, nas coordenadas x e y, a equação da cônica se escreve na forma:
√
2x2 + 2 y + 1 = 0 ,
isto é,
√ √
2 2 2
x =− y+ ,
2 2
que é a forma canônica de uma parábola.
Exemplo 3
(a) Reduza, por uma rotação dos eixos coordenados, a equação
5x2 + 4xy + 2y 2 + 20x + 20y + 44 = 0
à sua forma canônica.
(b) Determine os focos, os vértices, o centro, a reta focal e a reta não focal
da cônica nas coordenadas x, y.
(c) Faça um esboço da curva.
Solução.
(a) Os coeficientes da equação são A = 5, B = 4, C = 2, D = 20, E = 20,
F = 44, e seu indicador é I = B 2 − 4AC = 16 − 40 = −24 < 0. Portanto, a
equação é do tipo elíptico.
B 4
Como A 6= C, temos que tg 2θ = = > 0. Logo,
A−C 3
r r
1 1 3
cos 2θ = = = > 0,
1 + tg2 2θ 1 + 16/9 5
da qual obtemos:
r r √ r
1 + cos 2θ 1 + 3/5
4 2 2 5
cos θ = = =√ = = ,
2 5 2 5 5
r r r √
1 − cos 2θ 1 − 3/5 1 1 5
sen θ = = = =√ = .
2 2 5 5 5
√
5
x= (2x − y)
5
√ , (7)
y = 5 (x + 2y)
5
√
5
x= (2x + y)
5
√ , (8)
5
y=
(−x + 2y)
5
√ √
Logo, A = 6, C = 1, D = 12 5, E = 4 5, F = 4, e a equação dada, nas
coordenadas x e y, transforma-se na equação:
√ √
6x2 + y 2 + 12 5 x + 4 5 y + 44 = 0 .
Completando os quadrados, temos:
√ √
6(x2 + 2 5x) + (y 2 + 4 5 y) = −44
√ √
6(x2 + 2 5x + 5) + (y 2 + 4 5 y + 20) = −44 + 30 + 20
√ √
6(x + 5)2 + (y + 2 5)2 = 6
√
√ 2 (y + 2 5)2
E : (x + 5) + = 1,
6
que é a forma canônica de uma elipse.
√ √
(b) A equação representa uma elipse E com a = 6, b = 1 e c = 5 que,
nas coordenadas x e y tem:
√ √
• centro: C = (− 5, −2 5);
√
• reta focal: ` : x = − 5, paralela ao eixo−O Y ;
√
• reta não focal: `0 : y = −2 5, paralela ao eixo−O X;
√ √ √ √ √ √
• vértices sobre o eixo focal: A1 = (− 5, −2 5− 6) e A2 = (− 5, −2 5+ 6);
√ √ √ √
• vértices sobre o eixo não focal: B1 = (− 5−1, −2 5) e B2 = (− 5+1, −2 5);
√ √ √ √ √ √ √ √
• focos: F1 = (− 5, −2 5− 5) = (− 5, −3 5) e F2 = (− 5, −2 5+ 5) =
√ √
(− 5, − 5);
√
5
• excentricidade: e = √ .
6
Determinação dos elementos da elipse nas coordenadas x e y.
Temos, por (8), que
• ` : 2x + y = −5 é a reta focal;
• `0 : x − 2y = 10 é a reta não focal;
e, por (7),
• C = (0, −5) é o centro;
• F1 = (1, −7) e F2 = (−1, −3) são os focos;
√ √ √ √
30 2 30 30 2 30
• A1 = , −5 − e A2 = − , −5 + são os vértices
5 5 5 5
sobre a reta focal;
√ √ √ √
2 5 5 2 5 5
• B1 = − , −5 − e B2 = , −5 + são os vértices sobre
5 5 5 5
a reta não focal da elipse nas coordenadas x e y.
(c) Na figura 4, mostramos o esboço da elipse.
Exemplo 4
(a) Reduza, por uma rotação dos eixos coordenados, a equação abaixo à sua
forma canônica:
√ √ √ √
11x2 + 10 3xy + y 2 − (22 + 10 3)x − (2 + 10 3)y − (4 − 10 3) = 0.
(b) Determine os focos, os vértices, o centro, a reta focal e as assíntotas, se
existirem, da cônica nas coordenadas x, y.
(c) Faça um esboço da curva.
Solução.
(a) Os coeficientes da equação são:
√
A = 11, B = 10 3, C = 1,
√ √ √
D = −(22 + 10 3), E = −(2 + 10 3), F = −(4 − 10 3),
e seu indicador é I = B 2 − 4AC = 300 − 44 = 256 > 0. Então, a equação é
do tipo hiperbólico.
√
r
B 1 1
Como A 6= C, tg 2θ0 = = 3 > 0 e cos 2θ0 = = > 0. Logo,
A−C 1+3 2
r √
1 + 1/2 3
cos θ0 = = ,
2 2
r
1 − 1/2 1
sen θ0 = = ,
2 2
isto é, θ0 = 30o .
Assim, as relações de mudança de coordenadas são:
1 √
x = ( 3x − y)
2 , (9)
1 √
y = (x + 3y)
2
1 √
x = ( 3x + y)
2 , (10)
1 √
y = (−x + 3y)
2
Ax2 + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0,
√
onde F = F = −(4 − 10 3);
! √ ! √ ! √ !
A 0 1 3 1 11 5 3 3 −1
= √ √ √
0 C 4 −1 3 5 3 1 1 3
√ ! √ !
1 16 3 16 3 −1
= √ √
4 4 −4 3 1 3
!
16 0
=
0 −4
e
! √ ! √ ! √ !
D 1 3 1 −(22 + 10 3) −16 3 − 16
= √ √ = √ .
E 2 −1 3 −(2 + 10 3) −4 + 4 3
√ √ √
16(x2 − ( 3 + 1)x) − 4(y 2 + (1 − 3)y) = 4 − 10 3
√ √
√ √
2 ( 3 + 1)2 2 (1 − 3)2
16 x − ( 3 + 1)x + − 4 y + (1 − 3)y + =
4 4
√ √ √
4 − 10 3 + 4( 3 + 1)2 − (1 − 3)2
√ 2 √ 2
3+1 1− 3
16 x − −4 y+ = 16
2 2
√ !2
1− 3
√ 2 y+
2
3+1
H: x− − = 1,
2 4
que é a forma canônica de uma hipérbole.
(b) A equação representa uma hipérbole com a2 = 1, b2 = 4, c2 = a2 +b2 = 5,
que tem, nas coordenadas x e y:
√ √
3+1 3−1
• centro: C = , ;
2 2
√
3−1
• reta focal: ` : y = , paralela ao eixo−O X;
2
√
0 3+1
• reta não focal: ` : x = , paralela ao eixo−O Y ;
2
√ √ √ √
3+1 √ 3+1 √
3−1 3−1
• focos: F1 = − 5, e F2 = + 5, ;
2 2 2 2
√ √ √ √
3−1 3−1 3+3 3−1
• vértices: A1 = , e A2 = , ;
2 2 2 2
√ √ √ √
3+1 3−5 3+1 3+3
• vértices imaginários: B1 = , e B2 = , ;
2 2 2 2
√
c 5 √
• excentricidade: e = = = 5;
a 1
√ √
3+1 3−1
• assíntotas: 2 x − ± y− = 0.
2 2
Determinação dos elementos da hipérbole nas coordenadas x e y.
Temos, por (10), que:
√ √
• ` : x − 3y = 1 − 3 é a reta focal;
√ √
• `0 : 3 x + y = 3 + 1 é a reta não focal;
( √ √
r1 : (2 3 − 1)(x − 1) + ( 3 + 2)(y − 1) = 0
• √ √ são as assíntotas;
r2 : (2 3 + 1)(x − 1) + (2 − 3)(y − 1) = 0
e, por (9),
• C = (1, 1) é o centro;
√ √ √ √
15 5 15 5
• F1 = 1 − ,1 − e F2 = 1 + ,1 + são os focos;
2 2 2 2
√ √
3 1 3 3
• A1 = 1 − , e A2 = 1 + , são os vértices;
2 2 2 2
√ √
• B1 = (2, 1− 3) e B2 = (0, 1+ 3) são os vértices imaginários da hipérbole
nas coordenadas x e y.
(c) Na figura 5 mostramos o esboço da hipérbole.
√ √ √ √
Figura 5: Hipérbole 11x2 + 10 3xy + y 2 − (22 + 10 3)x − (2 + 10 3)y − (4 − 10 3) = 0.
Exemplos
1. Exemplos diversos
Exemplo 1
Determine os focos, os vértices, o centro, a reta focal e a reta não focal e faça
um esboço da curva abaixo:
9x2 − 18x + 25y 2 − 50y = 191.
Solução.
Completando os quadrados na equação, temos:
311
312 1.. EXEMPLOS DIVERSOS
c 4
e excentricidade e = = .
a 5
Exemplo 2 √
5
Considere a elipse de centro C = (1, 1), foco (3, 2) e excentricidade .
3
Determine os vértices e o outro foco da elipse. Faça também um esboço da
curva.
Solução.
p
Seja F2 = (3, 2) o foco dado. Temos que c = d(C, F2 ) = (3 − 1)2 + (2 − 1)2
√ √
√ √ c 5 5
= 4+1= 5. Como e = = = , segue que a = 3 e b2 = a2 − c2 =
a a 3
9 − 5 = 4.
F1 + F2
Seja F1 o outro foco. Então, C = , isto é,
2
F1 = 2C − F2 = 2(1, 1) − (3, 2) = (−1, 0).
−−−→
Seja ` a reta focal. Como CF2 = (2, 1) k `, isto é, (1, −2) ⊥ `, e C = (1, 1) ∈ `,
a equação de ` é dada por:
` : x − 2y = −1 .
Sejam A1 = (2y1 − 1, y1 ) e A2 = (2y2 − 1, y2 ) os vértices sobre a reta focal.
Como d(A1 , C) = d(A2 , C) = a = 3, y1 e y2 são as raízes da equação:
Exemplo 3
Determine o vértice e a equação da parábola P que tem a reta L : 2x + y = 1
como diretriz e foco na origem.
Solução.
Temos que um ponto P = (x, y) pertence à parábola P se, e só se, d(P, F ) =
d(P, L), ou seja, se, e somente se,
p |2x + y − 1| (2x + y − 1)2
x2 + y 2 = √ ⇐⇒ x2 + y 2 =
5 5
⇐⇒ 5x + 5y = 4x + 4xy + y 2 − 4x − 2y + 1 .
2 2 2
2
2 1
Logo, x = 2y = eA= , .
5 5 5
Seja V o vértice da parábola. Como d(V, F ) = d(V, L) = d(V, A), segue que
V é o ponto médio do segmento F A, isto é,
A+F
2 1 1 1
V = = , = , .
2 10 10 5 10
A figura 3 mostra o esboço da parábola P.
Exemplo 4
Determine a equação da hipérbole H que passa pelo ponto Q = (−1, −5) e
tem os eixos coordenados como assíntotas.
Solução.
Como as assíntotas da hipérbole são os eixos coordenados e a reta focal
é uma das bissetrizes das assíntotas, temos que ` : x = −y ou ` : x = y.
Se a reta focal ` fosse a reta x = −y, a hipérbole estaria inteiramente contida
nos 2o e 4o quadrantes, o que é um absurdo, pois o ponto Q = (−1, −5),
pertencente à hipérbole H, está no 3o quadrante.
Portanto, ` : x = y. Observe que a hipérbole é equilátera, pois o ângulo que
as assíntotas fazem com a reta focal é igual a 45o , isto é, a inclinação b/a das
assíntotas em relação à reta focal é igual a 1(= tg 45o ).
Além disso, o centro C da hipérbole, ponto de interseção das assíntotas, é a
origem. Então, seus focos são da forma F1 = (−m, −m) e F2 = (m, m) para
algum m ∈ R, m > 0.
xy = 5 é a equação da hipérbole H.
Exemplo 5
1
Seja C uma cônica centrada no ponto C = (1, 2), de excentricidade e = ,
2
reta focal paralela ao eixo−OX e d(F, V ) = 1, onde F é um foco e V é o
vértice sobre a reta focal mais próximo de F .
Classifique a cônica e determine seus vértices, seus focos e sua equação.
Solução.
1
A cônica C é uma elipse, pois e = < 1. Então,
2
1 = d(F, V ) = d(C, V ) − d(C, F ) = a − c = a − ae
a a
= ⇐⇒ a = 2 .
⇐⇒ 1 = a −
2 2
1 √ √ √
Sendo a = 2, temos que c = ae = 2 × = 1 e b = a2 − c2 = 4 − 1 = 3.
2
Além disso, a reta ` : y = 2, paralela ao eixo−OX, é a reta focal da cônica
C. Logo,
(x − 1)2 (y − 2)2
C: + =1
4 3
é a equação canônica da elipse.
Nesta elipse:
• A1 = (−1, 2) e A2 = (3, 2) são os vértices sobre a reta focal.
√ √
• B1 = (1, 2 − 3) e B2 = (1, 2 + 3) são os vértices sobre a reta não focal.
• F1 = (0, 2) e F2 = (2, 2) são os focos.
Exemplo 6
Seja C uma cônica centrada no ponto C = (1, 2), de excentricidade e = 2,
reta focal paralela ao eixo−OY e d(F, V ) = 2, onde F é um foco e V é o
vértice mais próximo de V .
Classifique a cônica e determine seus vértices, seus focos, suas diretrizes e
sua equação.
Solução.
Exemplo 7
Classifique, em função do parâmetro k ∈ R, a família de curvas
4x2 + ky 2 + 8kx + 20k + 24 = 0 ,
indicando, nos casos não degenerados, se a reta focal é paralela ao eixo−OX
ou ao eixo−OY .
Solução.
Completando o quadrado na equação, temos que:
Então, para:
• k ∈ (−∞, −1), a equação representa uma hipérbole de centro (−k, 0) e
reta focal = eixo−OX.
• k = −1, a equação 4(x − 1)2 − y 2 = 0 representa o par de retas concorrentes
y = ±2(x − 1) que passam pelo ponto (1, 0).
• k ∈ (−1, 0), a equação representa uma hipérbole de centro (−k, 0) e reta
focal ` : x = −k paralela ao eixo−OY .
• k = 0, a equação 4x2 = −24 representa o conjunto vazio.
• k ∈ (0, 6), a equação representa o conjunto vazio, pois 4(x + k)2 + ky 2 ≥ 0
e 4(k + 1)(k − 6) < 0 neste intervalo.
• k = 6, a equação 4(x + 6)2 + 6y 2 = 0 representa o ponto (−6, 0).
• k ∈ (6, +∞), a equação, que pode ser escrita na forma
(x + k)2 y2
+ = 1,
4(k + 1)(k − 6) 4(k + 1)(k − 6)
4 k
representa uma elipse de centro (−k, 0) e reta focal ` = eixo−OX, pois
4(k + 1)(k − 6) 4(k + 1)(k − 6)
> neste intervalo.
4 k
Exemplo 8
Sejam OXY um sistema de eixos ortogonais e O X Y o sistema de eixos
ortogonais, obtido pela rotação positiva do ângulo θ dos eixos OX e OY ,
4 3
onde cos θ = e sen θ = .
5 5
12 16
Uma parábola P, nas coordenadas x e y, tem foco no ponto F = , e
5 5
12 9
vértice no ponto V = ,− .
5 5
(a) Determine a equação da parábola nas coordenadas x e y e nas coorde-
nadas x e y.
(b) Determine o foco, o vértice, a reta focal e a diretriz da parábola nas
coordenadas x e y.
(c) Faça um esboço da curva no sistema de eixos OXY , indicando seus
elementos.
Solução.
25
(a) Como p = d(F, V ) = = 5 e, nas coordenadas x e y, a reta focal
5
12
`:x= é paralela ao eixo−OY e o foco F encontra-se acima do vértice
5
V , temos que
12 2 9
P : x− = 20 y +
5 5
9 9 34
é a equação da parábola, cuja diretriz é a reta L : y = − −p = − −5 = − .
5 5 5
Usando as relações de mudança de coordenadas
1
x = cos θ x + sen θ y = (4x + 3y)
5 (1)
1
y = − sen θ x + cos θ y = (−3x + 4y) ,
5
12 1
(b) Pelas relações de mudança de coordenadas (1), ` : (4x + 3y) = , isto
5 5
1 34
é, ` : 4x + 3y = 12, é a equação da reta focal, e L : (−3x + 4y) = − , isto
5 5
é, L : −3x + 4y = −34, é a equação da diretriz nas coordenadas x e y.
E, pelas relações de mudança de coordenadas
1
x = cos θ x − sen θ y = (4x − 3y)
5
1
y = sen θ x + cos θ y = (3x + 4y) ,
5
obtemos que
1 48
48 1 36
64
F = ,− + = (0, 4) ,
5 5 5 5 5 5
1 48 27 1 36 36
V = + , − = (3, 0)
5 5 5 5 5 5
são o foco e o vértice, respectivamente, da parábola nas coordenadas x e y.
(c) Na figura 6 mostramos o esboço da parábola P.
Exemplo 9
Esboce, detalhadamente, a região do plano dada pelo sistema de inequações:
2
x + y2 ≥ 4
16x2 + y 2 − 8y ≥ 0
R:
−4x2 + y 2 − 4y ≤ 0
|x| ≤ 2 .
Solução.
A região R é a interseção das quatro regiões do plano:
R1 = {(x, y) | x2 + y 2 ≥ 4}
R2 = {(x, y) | 16x2 + y 2 − 8y ≥ 0}
R3 = {(x, y) | − 4x2 + y 2 − 4y ≤ 0}
R4 = {(x, y) | |x| ≤ 2} .
• Descrição da região R1 .
A região R1 consiste dos pontos
pertencentes ou exteriores à
circunferência
C 1 : x2 + y 2 = 4
de centro na origem e raio 2.
• Descrição da região R2 .
Para descrever a região R2 , vamos primeiro determinar a cônica:
C2 : 16x2 + y 2 − 8y = 0.
(y − 4)2
R2 : 16x2 + y 2 − 8y ≥ 0 ⇐⇒ R2 : x2 + ≥1
16
consiste dos pontos do plano exteriores ou sobre a elipse C2 .
• Descrição da região R3 .
Para descrever a região R3 , vamos primeiro identificar a cônica:
C3 : −4x2 + y 2 − 4y = 0.
Completando o quadrado na equação de C3 , temos
−4x2 + y 2 − 4y = 0
⇐⇒ −4x2 + (y 2 − 4y + 4) = 4
⇐⇒ −4x2 + (y − 2)2 = 4
(y − 2)2
⇐⇒ C3 : −x2 + = 1,
4
que é a equação da hipérbole de centro (0, 2), reta focal ` = eixo−OY ; reta
não focal
0
` : y = 2, paralela ao eixo−OX; a = 4 e b2 = 1, ou seja, a = 2 e b = 1;
2
A hipérbole divide o plano em três regiões, duas delas limitadas pelos ramos
da hipérbole e a outra situada entre eles.
• Descrição da região R4 .
Temos que:
|x| ≤ 2 ⇐⇒ −2 ≤ x ≤ 2.
Portanto, a região R4 é o
conjunto
{(x, y) | − 2 ≤ x ≤ 2, y ∈ R} ,
que consiste dos pontos da faixa
vertical limitada pelas retas
r1 : x = 2 e r2 : x = −2.
Figura 10: Retas r1 e r2 e região R4 .
• Descrição da região R.
Finalmente, a região R consiste dos pontos exteriores à círculo C1 e à elipse
C2 , que estão entre os ramos da hipérbole C3 e na faixa R4 , podendo tais
pontos pertencerem também a uma das curvas do bordo C1 , C2 , C3 ou a
uma das retas r1 ou r2 , como vemos nas figuras 11 e 12.
Exemplo 10
Classifique, em função do parâmetro λ ∈ R, a família de curvas
x2 + (λ − 2)y 2 + 2λx + 2(λ − 2)y + 3λ − 3 = 0 ,
indicando, nos casos não degenerados, se a reta focal é paralela ao eixo−OX
ou ao eixo−OY .
Solução.
Completando os quadrados na equação da família, temos que:
λ−2 − − − 0 +
(λ − 1)2 + 0 + + +
Então, para:
• λ ∈ (−∞, 1), a equação representa uma hipérbole de centro (−λ, −1) e
reta focal ` : y = −1 paralela ao eixo−OX.
• λ = 1, a equação (x+1)2 −(y+1)2 = 0 representa o par de retas concorrentes
y + 1 = ±(x + 1) que se cortam no ponto (−1, −1).
• λ ∈ (1, 2), a equação representa uma hipérbole de centro (−λ, −1) e reta
focal ` : y = −1 paralela ao eixo−OX.
• λ = 2, a equação (x + 2)2 = 1 representa o par de retas x + 2 = ±1, ou
seja, x = −3 e x = −1, paralelas ao eixo−OY .
• λ ∈ (2, +∞), a equação, que se escreve também na forma
(x + λ)2 (y + 1)2
+ = 1,
(λ − 1)2 (λ − 1)2
λ−2
representa:
◦ uma circunferência de centro (−3, −1) e raio 2, se λ = 3, pois, neste
(λ − 1)2
caso, (λ − 1)2 = = 4;
λ−2
◦ uma elipse de centro (−λ, −1) e reta focal ` : x = −λ, paralela ao
(λ − 1)2
eixo−OY , se λ ∈ (2, 3), pois, neste intervalo, (λ − 1)2 < ;
λ−2
◦ uma elipse de centro (−λ, −1) e reta focal ` : y = −1 paralela ao
(λ − 1)2
eixo−OX, se λ ∈ (3, +∞), pois, neste intervalo, (λ − 1)2 > .
λ−2
Exemplo 11
Considere os pontos F = (2, 1) e Q = (4, 0).
Solução.
(a) Como a diretriz L é perpendicular à reta focal ` e →
−
v = (1, −2) ⊥ `,
temos que (2, 1) ⊥ L. Então, L : 2x + y = m, para algum m ∈ R.
Além disso, como Q = (4, 0) pertence à parábola, segue que d(Q, F ) = d(Q, L).
Isto é,
p |2 × 4 + 0 × 1 − m| √ |8 − m|
(4 − 2)2 + (0 − 1)2 = √ ⇐⇒ 5= √
5 5
⇐⇒ |m − 8| = 5
⇐⇒ m = 8 ± 5 .
Logo, L : 2x + y = 8 ± 5.
d(P, F )2 = d(P, L1 )2
(2x + y − 13)2
⇐⇒ (x − 2)2 + (y − 1)2 =
5
⇐⇒ 5(x2 + y 2 − 4x − 2y + 5) = 4x2 + 4xy + y 2 − 52x − 26y + 169
d(P, F )2 = d(P, L2 )2
(2x + y − 3)2
⇐⇒ (x − 2)2 + (y − 1)2 =
5
⇐⇒ 5(x2 + y 2 − 4x − 2y + 5) = 4x2 + 4xy + y 2 − 12x − 6y + 9
⇐⇒ P2 : x2 − 4xy + 4y 2 − 8x − 4y + 16 = 0
Exemplo 12
Sejam OXY um sistema de eixos ortogonais e O X Y o sistema de eixos
ortogonais obtido pela rotação positiva de 45o dos eixos OX e OY em torno
da origem. Uma hipérbole nas coordenadas x e y tem centro na origem,
√
um de seus vértices no ponto ( 2, 0) e a reta y = 2x como uma de suas
assíntotas.
(a) Determine a equação da hipérbole nas coordenadas x e y e nas coorde-
nadas x e y.
(b) Determine o centro, os vértices, os vértices imaginários e as assíntotas
Solução.
(a) Nas coordenadas x e y, a reta focal ` é o eixo−O X, pois o centro
√
C = (0, 0) e o vértice V = ( 2, 0) pertencem ao eixo−O X. Além disso,
√ b
a = d(C, V ) = 2 e = 2, pois y = 2x é uma assíntota da hipérbole.
a
√
Então, b = 2a = 2 2, e
x2 y2
H: − =1
2 8
é a equação da hipérbole nas coordenadas x e y.
Usando as relações de mudança de coordenadas
√
o o 2
x = cos 45 x + sen 45 y = (x + y)
2
√ (3)
y = − sen 45 x + cos 45 y = 2 (−x + y),
o o
2
obtemos a equação da hipérbole nas coordenadas x e y:
1 2 1 2
× (x + y)2 − × (−x + y)2 = 1
2 4 8 4
⇐⇒ 4(x + y)2 − (−x + y)2 = 16
⇐⇒ 3x2 + 10xy + 3y 2 = 16
⇐⇒ H : 3x2 + 10xy + 3y 2 − 16 = 0
• assíntotas: y = ±2x.
Por (3), obtemos que ` : −x + y = 0 é a reta focal; `0 : x + y = 0 é a reta não
√ √
2 2 1
focal e (−x + y) = ±2 × (x + y), isto é, r− : y = −3x e r+ : y = − x
2 2 3
são as assíntotas da hipérbole nas coordenadas x e y.
E, pelas relações de mudança de coordenadas
√
o 2o
x = cos 45 x − sen 45 y = (x − y)
2
√
o o 2
y = sen 45 x + cos 45 y = (x + y) ,
2
Exemplo 13
Sejam V1 = (7, 1) e V2 = (2, 5) os vértices de uma elipse com reta focal
paralela a um dos eixos coordenados.
(a) Determine o centro, a reta focal, a reta não focal, os vértices e os focos
da elipse E, supondo que o vértice V1 pertença à reta focal.
(b) Determine o centro, a reta focal, a reta não focal, os vértices e os focos
da elipse E, supondo que o vértice V2 pertença à reta focal.
(c) Faça um esboço das duas elipses encontradas acima num mesmo sistema
de eixos ortogonais, indicando todos os seus elementos.
Solução.
Consideremos o retângulo de lados paralelos aos eixos coordenados e vér-
tices nos pontos V1 = (7, 1) e V2 = (2, 5).
Exemplo 14
Considere os pontos A = (4, 1) e B = (3, 2).
Solução.
Caso 1. Reta focal ` paralela ao eixo−OX.
Como A = (4, 1) ∈ ` e B = (3, 2) ∈ `0 , onde `0 é a reta não focal, segue que
` : y = 1 e `0 : x = 3. Então, o centro C da hipérbole, ponto de interseção
da reta focal com a reta não focal, tem coordenadas x = 3 e y = 1, isto é,
C = (3, 1).
√ √
Além disso, a = d(C, A) = 1, b = d(C, B) = 1 e c = a2 + b2 = 2.
Logo,
H : (x − 3)2 − (y − 1)2 = 1
é a equação da hipérbole.
√ √
Nessa hipérbole, F1 = (3 − 2, 1) e F2 = (3 + 2, 1) são os focos; A1 = (2, 1)
e A2 = A = (4, 1) são os vértices; B1 = (3, 0) e B2 = B = (3, 2) são os
vértices imaginários e y − 1 = ±(x − 3) são as assíntotas.
Caso 2. Reta focal ` paralela ao eixo−OY .
Neste caso, ` : x = 4 é a reta focal e `0 : y = 2 é a reta não focal da
hipérbole H, com reta focal paralela ao eixo−OY , vértice A = (4, 1) e vértice
imaginário B = (3, 2). Então C = (4, 2) é o centro, a = d(C, A) = 1,
√
q
2
b = d(C, B) = 1 e c = a2 + b = 2, e
H : (y − 2)2 − (x − 4)2 = 1
é a equação da hipérbole H.
√
Além disso, F 1 =√(4, 2− 2)
e F 2 = (4, 2 + 2) são os
focos; A1 = A = (4, 1)
e A2 = (4, 3) são os vér-
tices; B 1 = B = (3, 2)
e B 2 = (5, 2) são os
vértices imaginários e
x − 4 = ±(y − 2) são as
assíntotas.
(b) Na figura 17 mostramos
as hipérboles H e H num
mesmo sistema de eixos
Figura 17: Hipérboles H e H.
ortogonais.
Exemplo 15
Considere as curvas
C1 : x2 − 20x + y + 100 = 0 ,
C2 : x2 − y 2 − 6x = 0 ,
C3 : x2 + 16y 2 − 6x − 7 = 0 .
Solução.
(a) Curva C1 : x2 − 20x + y + 100 = 0.
Completando o quadrado, a equação de C1 na forma canônica é dada por:
C1 : x2 − 20x = −y − 100
C1 : (x − 10)2 = −y.
Curva C2 : x2 − 6x − y 2 = 0.
A equação da curva C2 se escreve, completando o quadrado, da seguinte
forma:
C2 : x2 − 6x − y 2 = 0
C2 : (x2 − 6x + 9) − y 2 = 9
C2 : (x − 3)2 − y 2 = 9
(x − 3)2 y2
C2 : − = 1.
9 9
Logo, C2 é a hipérbole com reta focal ` : y = 0; reta não focal `0 : x = 3;
√ √
centro C = (3, 0); a = b = 3; c = a2 + b2 = 3 2; vértices A1 = (0, 0)
e A2 = (6, 0); vértices imaginários B1 = (3, −3) e B2 = (3, 3); assíntotas
√ √
r± : y = ±(x − 3) e focos F1 = (3 − 3 2, 0) e F2 = (3 + 3 2, 0).
Curva C3 : x2 − 6x + 16y 2 − 7 = 0.
Completando o quadrado na equação, obtemos:
C3 : x2 − 6x + 16y 2 − 7 = 0
C3 : (x2 − 6x + 9) + 16y 2 = 7 + 9
C3 : (x − 3)2 + 16y 2 = 16
(x − 3)2
C3 : + y2 = 1 .
16
Logo, C3 é a equação da elipse de reta focal ` : y = 0; reta não focal `0 : x = 3;
√ √
centro C = (3, 0); a = 4 e b = 1; c = a2 − b2 = 15; vértices sobre a reta
focal A1 = (−1, 0) e A2 = (7, 0); vértices sobre a reta não focal B1 = (3, −1)
√ √
e B2 = (3, 1); focos F1 = (3 − 15, 0) e F2 = (3 + 15, 0).
R1 : x2 − 20x + y + 100 ≥ 0
R2 : x2 − y 2 − 6x ≥ 0
R3 : x2 + 16y 2 − 6x − 7 ≥ 0
R4 : x ≤ 10
R5 : y ≥ −4 .
Região R2 : x2 − y 2 − 6x ≥ 0.
A hipérbole C2 : x2 − y 2 − 6x = 0 divide o plano em três regiões disjuntas,
uma das quais contém o centro C = (3, 0) e as outras contêm os focos. A
expressão x2 −y 2 −6x tem sinal constante em cada uma destas regiões, sendo
iguais os sinais nas regiões que contêm os focos.
Substituindo as coordenadas do centro na expressão x2 − y 2 − 6x, obtemos:
32 − 02 − 6 × 3 = 9 − 0 − 18 = −9 < 0 .
Portanto, R2 consiste da região determinada pela hipérbole C2 que contêm
os focos, incluindo os ramos da curva C2 , onde a igualdade x2 − y 2 − 6x = 0
é verificada.
Na figura 19, mostramos a região R2 .
Região R3 : x2 + 16y 2 − 6x − 7 ≥ 0.
A elipse C3 : x2 + 16y 2 − 6x − 7 = 0 divide o plano em duas regiões, uma
das quais (denominada interior) contém o centro C = (3, 0). O sinal da
expressão x2 + 16y 2 − 6x − 7 no centro C é:
32 + 16 × 02 − 6 × 3 − 7 = 9 + 0 − 18 − 7 = −16 < 0 .
Portanto, a região R3 é a região exterior à elipse C3 mais a própria curva,
onde a igualdade x2 + 16y 2 − 6x − 7 = 0 é satisfeita.
Regiões R4 : x ≤ 10 e R5 : y ≥ −4.
A região R4 consiste dos pontos do plano à esquerda da reta x = 10, incluindo
os pontos da reta, e a região R5 consiste dos pontos do plano acima da reta
horizontal y = −4, incluindo os pontos da reta.
Região R = R1 ∩ R2 ∩ R3 ∩ R4 ∩ R5 .
Para esboçarmos corretamente a região R, devemos determinar:
• as interseções da parábola C1 com as retas x = 10 e y = −4.
Exemplo 16
Classifique, em função do parâmetro λ ∈ R, a família de curvas
Solução.
Completando o quadrado, temos que:
(λ − 1)x2 + (λ − 2)y 2 − 2λ(λ − 1)x + λ3 − 2λ2 − 2λ + 3 = 0
⇐⇒ (λ − 1)(x2 − 2λx) + (λ − 2)y 2 = −λ3 + 2λ2 + 2λ − 3
⇐⇒ (λ − 1)(x2 − 2λx + λ2 ) + (λ − 2)y 2 = −λ3 + 2λ2 + 2λ − 3 + λ2 (λ − 1)
⇐⇒ (λ − 1)(x − λ)2 + (λ − 2)y 2 = −λ3 + 2λ2 + 2λ − 3 + λ3 − λ2
⇐⇒ (λ − 1)(x − λ)2 + (λ − 2)y 2 = λ2 + 2λ − 3
⇐⇒ (λ − 1)(x − λ)2 + (λ − 2)y 2 = (λ − 1)(λ + 3) .
Para fazermos a classificação, precisamos estudar o sinal dos coeficientes λ−1,
λ − 2 e (λ − 1)(λ + 3) da equação:
Então, para:
• λ ∈ (−∞, −3), a equação representa o conjunto vazio, pois (λ−1)(x−λ)2 ≤ 0,
(λ − 2)y 2 ≤ 0 e (λ + 3)(λ − 1) > 0.
• λ = −3, a equação −4(x + 3)2 − 5y 2 = 0 representa o conjunto unitário
que consiste do ponto (−3, 0).
• λ ∈ (−3, 1), a equação, que se escreve também na forma
(x − λ)2 y2
+ = 1,
(λ − 1)(λ + 3) (λ − 1)(λ + 3)
λ−1 λ−2
representa uma elipse com centro (λ, 0) e reta focal igual ao eixo−OX, pois
(λ − 1)(λ + 3) (1 − λ)(λ + 3) (1 − λ)(λ + 3) (λ + 3)(λ − 1)
= > = > 0,
λ−1 1−λ 2−λ λ−2
uma vez que 0 < 1 − λ < 2 − λ e λ + 3 > 0 para λ neste intervalo.
Exemplo 17
Seja P uma parábola com reta focal paralela ao eixo−OX e foco F = (0, 3),
que intersecta o eixo−OX no ponto (4, 0) e o eixo−OY no ponto (0, 2).
(a) Determine o vértice, a diretriz e a equação da parábola P.
(b) Faça um esboço de P, indicando seus elementos.
Solução.
(a) Como a reta focal ` da parábola é paralela ao eixo−OX e o foco F = (0, 3)
pertence a `, temos que ` : y = 3, V = (x0 , 3) é o vértice, para algum x0 ∈ R,
e
(y − 3)2 = ±4p(x − x0 )
é a forma da equação de P.
Além disso, como P ∩ eixo − OX = {(4, 0)} e P ∩ eixo − OY = {(0, 2)},
obtemos:
(0 − 3)2 = ±4p(4 − x0 ) e (2 − 3)2 = ±4p(0 − x0 ) ,
isto é,
9 = ±4p(4 − x0 ) e 1 = ±4p(−x0 ) .
1
Figura 25: Parábola P : (y − 3)2 = 2 x +
2
.
Exemplo 18
Esboçe, detalhadamente, a região do plano dada pela inequação:
R : (|x| − 4)(4x2 + 9y 2 − 40x − 54y + 145) < 0.
Solução.
Completando o quadrado na equação
4x2 + 9y 2 − 40x − 54y + 145 = 0,
obtemos:
A região R2 ,
(x − 5)2 (y − 3)2
R2 = { (x, y) | x ∈ (−∞, −4) ∪ (4, +∞) } ∩ (x, y) | + <1 ,
9 4
consiste dos pontos exteriores à faixa limitada pelas retas x = −4 e x = 4
que estão na região interior à elipse, excluindo os pontos das retas e da elipse.
Na figura 27 mostramos a região R2 :
Exemplo 19
Verifique que a equação do segundo grau
√
−7x2 + 8xy − y 2 + 5(−x + y) = 0 (4)
Solução.
A equação tem coeficientes:
√ √
A = −7 , B = 8 , C = −1 , D = − 5 , E = 5 e F = 0 .
Como A 6= C, devemos girar o eixo−OX e o eixo−OY de um ângulo θ,
π B 8 8
0<θ< , no sentido positivo, tal que tg 2θ = = =− =
2 A−C −7 − (−1) 6
4
− , e escrever a equação nas coordenadas x e y do novo sistema de eixos
3
ortogonais O X Y , obtido após a rotação positiva de ângulo θ do sistema de
eixos ortogonais OXY .
4 1 3
Sendo tg 2θ = − < 0, temos que cos 2θ = − r = − . Logo,
3 16 5
1+
9
s s
3 3
1− 1+
cos θ = 5 = √1 e sen θ = 5 = √2 .
2 5 2 5
Efetuando a mudança de coordenadas dada pelas relações
1
x = √ (x − 2 y)
(
x = cos θ x − sen θ y
5
, ou seja,
y = sen θ x + cos θ y
y = √1 (2x + y) ,
5
na equação (4), obtemos a equação nas coordenadas x e y
A x2 + C y 2 + D x + E y + F = 0 ,
onde F = F = 0,
A 0 1 2 −7 4 1 −2
= √1 × √1
0 C 5 5 −2 1 4 −1 2 1
11 2 1 −2
=
5 18 −9 2 1
1 5 0 1 0
= =
5 0 −45 0 −9
e
! ! √ ! ! ! !
D 1 1 2 − 5 1 2 −1 1
=√ √ = = .
E 5 −2 1 5 −2 1 1 3
Assim, a equação nas coordenadas x e y é:
x2 − 9y 2 + x + 3y = 0 .
Completando os quadrados, obtemos:
1 1 1 1 1 1
(x2 + x) − 9(y 2 − y) = 0 ⇐⇒ (x2 + x + ) − 9(y 2 − y + )= −9×
3 4 36 4 3 36
1 2 1 2 1 1
⇐⇒ (x + ) − 9(y − ) = − = 0
2 6 4 4
1 2 1 2
⇐⇒ (x + ) = 9(y − )
2 6
1 1
⇐⇒ x + = ±3(y − ) .
2 6
Logo, nas coordenadas x e y, a equação (4) representa o par de retas concor-
rentes:
1 1 1 1
x+ = 3(y − ) e x+ = −3(y − ) ,
2 6 2 6
ou seja,
x − 3y = −1 e x + 3y = 0 .
Para achar as equações das retas nas coordenadas x e y, devemos usar as
relações de mudança de coordenadas:
1
x= √ (x + 2 y)
(
x = cos θ x + sen θ y 5
, ou seja,
y = − sen θ x + cos θ y 1
y=
√ (−2x + y) .
5
Substituindo x e y nas equações das retas, obtemos:
1 1
√ (x + 2y) − 3 × √ (−2x + y) = −1
5 5
e
1 1
√ (x + 2y) + 3 × √ (−2x + y) = 0 ,
5 5
ou seja,
√
7x − y = − 5 e −x + y = 0 .
Coordenadas polares
Denição 1
Um sistema de coordenadas polares O ρ θ no plano
consiste de um ponto O, denominado polo ou ori-
gem, e de uma semirreta OA, com origem em O,
denominada eixo polar.
Dado um ponto P do plano, suas coordenadas,
neste sistema, são os valores ρ e θ, onde ρ é a dis-
tância de P a O e θ é a medida do ângulo do eixo
polar para a semirreta OP . Escrevemos:
P = (ρ, θ)
Figura 1: Coordenadas polares.
347
348
Observação 1
(I) A primeira coordenada polar ρ de um ponto
distinto do polo é sempre maior que zero, pois
ela representa a distância do ponto ao polo.
Mas podemos tomar também valores negativos
para ρ, convencionando-se, neste caso, marcar
a distância |ρ| na semirreta oposta, ou seja, o Figura 2: (ρ, θ) = (−ρ, θ + π)
ponto P = (ρ, θ), com ρ < 0, corresponde ao
ponto P = (−ρ, θ + π).
(II) Se a primeira coordenada polar de um ponto for zero, então este ponto
é o polo. O ângulo do polo não está denido.
(III) Podemos usar a medida em radianos ou em graus para os ângulos. Por
exemplo, P = (2, 30o ) = (2, π/6).
(IV) O par (ρ, θ) determina, de maneira única, um ponto do plano. No
entanto, um ponto no plano pode ser determinado por meio de várias co-
ordenadas polares distintas, pois, de acordo com a construção acima, as
medidas θ e θ + 2πk , onde k ∈ Z, estão associadas ao mesmo ângulo e,
portanto, (ρ, θ) e (ρ, θ + 2πk) representam o mesmo ponto do plano. Além
disso, pela observação (I), como (ρ, θ) = (−ρ, θ + π) se ρ < 0, então
(−ρ, θ + π) = (ρ, θ + 2π) = (ρ, θ) se ρ > 0. Ou seja, (ρ, θ) = (−ρ, θ + π) para
todo ρ ∈ R.
Assim, (ρ, θ) = (−ρ, θ + (2k + 1)π), quaisquer que sejam k ∈ Z e ρ ∈ R.
Exemplo 1
No sistema de coordenadas polares Oρθ mostrado na gura 3,
representem:
(a) P1 = (1, 0o ).
Solução.
(c) P3 = (−1, 0o ).
Solução.
Neste caso, como ρ = −1, temos que P3 = (1, 0o +180o ) = (1, 180o ) = (1, π) =
(1, π + 2πk), k ∈ Z.
Solução.
Exemplo 2
Seja Oρθ um sistema de coordenadas polares no plano. Determine os pontos
Solução.
Como na equação só gura a variável ρ,
a outra, θ, é arbitrária.
Isso signica que a equação só estabelece
condição sobre a distância do ponto ao
eixo polar, não importando a medida do
ângulo.
Portanto, os pontos do plano que satisfa-
zem à equação são aqueles cuja distância
ao polo O é igual a 3.
O conjunto solução é, portanto, o círculo Figura 8: Pontos com ρ = 3.
Observação 2
Pelo primeiro item da observação 1, ρ = −3 também é uma equação polar
do círculo acima. Em geral, ρ = a é a equação polar de um círculo de raio
|a| centrado na origem.
Exemplo 3
Seja Oρθ um sistema de coordenadas polares no plano. Determine o conjunto
π
r dos pontos P = (ρ, θ) do plano que satisfazem à equação θ= .
4
Solução.
Observação 3
Qualquer reta que passa pelo polo O tem equação polar da forma θ = θ0 ,
onde θ0 é uma constante. Além disso, a equação θ = θ0 + 2πk , k ∈ Z,
representa a mesma reta no plano.
denadas cartesianas.
x = ρ cos θ e y = ρ sen θ
Figura 10: Sistemas polar Oρθ e cartesiano
OXY .
x y
substituindo ρ = x2 + y 2 nas equações cos θ = e sen θ = .
p
ρ ρ
Exemplo 4
Determine as coordenadas cartesianas ou polares dos seguintes pontos:
√
(d) P = (ρ, θ) = (− 2, 5π/4).
Solução.
√ √
Sendo P = (− 2, 5π/4) = ( 2, 5π/4 + π) =
√ √
( 2, 9π/4) = ( 2, π/4), temos que
√ √
x = − 2 cos 5π/4 = 2 cos π/4 = 1
√ √
y = − 2 sen 5π/4 = 2 sen π/4 = 1
√
Figura 14: Ponto P = (− 2, 5π/4) em
são as coordenadas cartesianas do ponto P . coordenadas polares e P = (1, 1) em
coordenadas cartesianas
• ao eixo-OY quando:
(x, y) ∈ C ⇐⇒ (−x, y) ∈ C
(ρ, θ) ∈ C ⇐⇒ (ρ, π − θ) ∈ C ou (−ρ, −θ) ∈ C;
• à reta y = x quando:
(x, y) ∈ C ⇐⇒ (y, x) ∈ C
(ρ, θ) ∈ C ⇐⇒ (ρ, π − θ) ∈ C
2
ou (−ρ, 3π
2
− θ) ∈ C;
• à reta y = −x quando:
(x, y) ∈ C ⇐⇒ (−y, −x) ∈ C
(ρ, θ) ∈ C ⇐⇒ (ρ, 3π − θ) ∈ C
2
ou (−ρ, π2 − θ) ∈ C.
Exemplo 5
Determine as equações cartesianas das curvas abaixo dadas em coordenadas
(a) C : ρ = 2 .
Solução.
Substituindo a relação ρ = x2 + y 2 , temos:
p
p
ρ = 2 ⇐⇒ x2 + y 2 = 2
⇐⇒ x2 + y 2 = 4 .
Portanto, a equação ρ = 2 corresponde à equa-
ção cartesiana do círculo centrado na origem e
de raio 2. Figura 21: Círculo ρ = 2.
3π
(b) C : θ =
4
Solução.
y
Substituindo a relação = tg θ na equação dada, obtemos:
x
3π y 3π sen((3π)/4)
θ= ⇐⇒ = tg =
4 x √4 cos((3π)/4)
2/2
= √ = −1 .
− 2/2
Portanto, a equação correspondente no sistema cartesiano de coordenadas é
y
= −1, isto é, y = −x, que é a equação da reta bissetriz do segundo e do
x
quarto quadrantes.
√
Figura 23: Reta r : ρ cos(θ − π/3) = 2, ou seja, r : x + y 3 − 4 = 0.
(d) C : ρ cos θ = 3 .
Solução.
Como x = ρ cos θ, temos que C : x = 3
é a reta vertical que intersecta o eixo−OX
no ponto (3, 0).
(f) C : ρ2 − 4ρ cos θ + 2 = 0.
Solução.
Substituindo as relações ρ2 = x2 + y 2 e x = ρ cos θ na equação dada, te-
mos
x2 + y 2 − 4x + 2 = 0 ⇐⇒ (x − 2)2 + y 2 = 2 ,
√
que é a equação cartesiana do círculo de centro (2, 0) e raio 2.
2
(g) C : ρ = .
3 − cos θ
Solução.
Observe que ρ > 0 para todo θ ∈ [0, 2π]. Substituindo ρ = x2 + y 2 e
p
x
cos θ = p na equação polar de C , obtemos que
x2 + y 2
p 2 p
x2 + y 2 = x ⇐⇒ 3 x2 + y 2 − x = 2
3− p
x + y2
2
p
⇐⇒ 3 x2 + y 2 = x + 2
⇐⇒ 9(x2 + y 2 ) = x2 + 4x + 4
⇐⇒ 8x2 − 4x + 9y 2 = 4
x
⇐⇒ 8 x2 − + 9y 2 = 4
2
1 2 1 9
⇐⇒ 8 x − + 9y 2 = 4 + 8 × =
4 16 2
1 2
x−
4 y2
⇐⇒ 9
+ 1
=1
16 2
1
é a equação cartesiana de C . Portanto, C é uma elipse de centro C = ,0 ,
4
3 1 1
a = , b = √ , reta focal ` : y = 0, reta não focal `0 : x = , vértices
4 2 4
1
sobre a reta focal A1 = − , 0 e A2 = (1, 0), vértices sobre a reta não focal
2
1 1 1 1
B1 = , −√ e B2 = ,√ .
4 2 4 2
2
Figura 27: Curva C : ρ =
3 − cos θ
(h) C : ρ = 1 + sen 2θ .
Solução.
Pela relação trigonométrica
sen 2θ = 2 sen θ cos θ ,
obtemos que
ρ = 1 + 2 sen θ cos θ .
Além disso, como ρ ≥ 0 para todo θ ∈ R, temos que
2xy
(1)
p
x2 + y 2 = 1 + ⇐⇒ (x2 + y 2 )3/2 = x2 + y 2 + 2xy = (x + y)2
x2 + y 2
π
θ = 0; ρ = 2 para θ = e ρ > 0 para
4
π πi
θ∈ − , .
4 4
h π πi
Na gura 28, mostramos o esboço da curva no intervalo − , .
4 4
Pelas simetrias da curva, é fácil ver que o esboço de C é o mostrado na gura
29.
(i) C : ρ = 1 + 2 cos θ .
Solução.
Neste exemplo, ρ pode assumir valores negativos e positivos.
±x
Logo, ρ = ± x2 + y 2 e cos θ = p . Substituindo ρ e θ na equação
p
x2 + y 2
(j) C : ρ2 = cos θ .
Solução.
±x
Sendo ρ = ± x2 + y 2 e cos θ = p , obtemos a equação cartesiana
p
x2 + y 2
da curva:
±x
x2 + y 2 = p ⇐⇒ (x2 + y 2 )3/2 = ±x ⇐⇒ (x2 + y 2 )3 = x2 .
x2 + y2
Como esta curva é simétrica em relação aos eixos OX e OY , basta analizá-la
no intervalo [0, π/2].
Temos que ρ = 0 se, e só se, cos θ = 0, ou seja, ρ = 0 se, e só se, θ = π/2
para θ ∈ [0, π/2].
Considerando os pontos P1 = (1, 0), P2 = 1/21/4 , π/4 e P3 = (0 , π/2)
(k) C : ρ = 2 sen2 θ .
2
Solução.
Usando a relação trigonométrica
θ
2 sen2 = 1 − cos θ ,
2
obtemos que C : ρ = 1 − cos θ .
x
Sendo ρ ≥ 0, temos que ρ = x2 + y 2 e cos θ = p . Logo,
p
x2 + y 2
p x p
x2 + y 2 = 1 − p ⇐⇒ x2 + y 2 = x2 + y 2 − x
x2 + y 2
p
⇐⇒ x2 + y 2 + x = x2 + y 2
é a equação cartesiana de C .
É fácil vericar que C é simétrica em relação ao eixo−OX , mas não é simétrica
(l) C : ρ = cos 2θ .
Solução.
x2 − y 2
Como ρ = ± x2 + y 2 e cos 2θ = cos2 θ − sen2 θ = , obtemos que
p
x2 + y 2
p x2 − y 2
± x2 + y 2 = 2 2
⇐⇒ ±(x2 + y 2 )3/2 = x2 − y 2
x +y
⇐⇒ (x2 + y 2 )3 = (x2 − y 2 )2
é a equação cartesiana da curva, que é simétrica em relação aos eixos OX e
OY e às retas y = x e y = −x .
π
h i
Basta, então, analisar a curva no intervalo 0, . Temos que
4
h π
• ρ > 0 para θ ∈ 0, ;
4
π π
• ρ = cos 2θ = cos = 0 para θ = ;
2 4
• ρ = cos 2θ = cos 0 = 1 para θ = 0.
Logo, a gura 36 é um esboço da curva para
θ variando no intervalo [0, π/4].
Usando as simetrias em relação aos eixos
OX e OY e em relação à reta y = x, ob-
temos o esboço completo da curva (gura Figura 36: Curva C com θ variando no
intervalo 0, π4
20).
(m) C : ρ = sen 3θ .
Solução.
Sendo
sen 3θ = sen(θ + 2θ) = sen θ cos 2θ + cos θ sen 2θ
= sen θ(cos2 θ − sen2 θ) + 2 sen θ cos2 θ = 3 sen θ cos2 θ − sen3 θ
= sen θ(3 cos2 θ − sen2 θ),
obtemos que
p ±y 3x2 − y 2
± x2 + y 2 = p ⇐⇒ (x2 + y 2 )2 = y(3x2 − y 2 )
x2 + y2 x2 + y 2
é a equação cartesiana da curva.
Portanto, ela é simétrica em relação ao eixo−OY , mas não é simétrica em
relação ao eixo−OX .
Ao invés de usar as simetrias da curva, vamos analisá-la num ciclo completo,
Vamos agora apresentar alguns exemplos que nos mostram como po-
demos determinar regiões do plano usando coordenadas polares, nos quais
vamos considerar sempre ρ ≥ 0.
Exemplo 6
Faça o esboço da região R = R1 ∪ R2 do plano dada pelos seguintes sistemas
de desigualdades:
2 2
0 ≤ ρ ≤ 2 sen θ ≤ ρ ≤
R1 : cos θ e R2 : cos θ ,
− π ≤ θ ≤ 0 0 ≤ θ ≤ π
4 4
Solução.
Primeiro analisaremos as curvas que delimitam a região
2
(I) ρ = ⇐⇒ ρ cos θ = 2 ⇐⇒ x = 2, que é uma reta vertical.
cos θ
±2y
(II)
p
ρ = 2 sen θ ⇐⇒ ± x2 + y 2 = p ⇐⇒ x2 + y 2 = 2y ⇐⇒
2
x +y 2
Exemplo 7
Descreva as regiões esboçadas abaixo por meio de um sistema de desigual-
dades da forma
(
ρ1 (θ) ≤ ρ ≤ ρ2 (θ)
.
θ1 ≤ θ ≤ θ2
(a)
Solução.
Primeiro vamos determinar as equações polares das curvas C1 : (x−2)2 +y 2 = 4 ,
C2 : y = 1 , C3 : x − y = 0 e C4 : y = 0 que delimitam a região R.
(I) (x−2)2 +y2 = 4 ⇐⇒ x2 −4x+4+y2 = 4 ⇐⇒ x2 +y2 = 4x ⇐⇒ ρ2 = 4ρ cos θ
⇐⇒ ρ = 4 cos θ .
1
(II) y = 1 ⇐⇒ ρ sen θ = 1 ⇐⇒ ρ = .
sen θ
(III) x − y = 0 ⇐⇒ x = y ⇐⇒ tg θ = 1 ⇐⇒ θ = π .
4
(IV) y = 0 ⇐⇒ ρ sen θ = 0 ⇐⇒ sen θ = 0 ⇐⇒ θ = 0 .
Por um cálculo simples, obtemos que
√ √ √
C2 ∩ C3 = {(1, 1)}; C1 ∩ C2 = {(2 − 3, 1), (2 + 3, 1)}; y = ± 4x − x2 ou
x = 2 ± 4 − y 2 para (x, y) ∈ C1 .
p
Logo,
0 ≤ ρ ≤ 4 cos θ S 0 ≤ ρ ≤ 1/sen θ
R:
0 ≤ θ ≤ θ0 θ0 ≤ θ ≤ π/4
1 √
é a região dada em coordenadas polares, onde tg θ0 = √ = 2 − 3,
2+ 3
π
θ0 ∈ 0, . Além disso,
2
0 ≤ y ≤ √4x − x2
0 ≤ y ≤ x S 0 ≤ y ≤ 1 S
R: √ √
0 ≤ x ≤ 1 1 ≤ x ≤ 2 + 3 2 + 3 ≤ x ≤ 4
ou, simplesmente, p
y ≤ x ≤ 2 + 4 − y 2
R:
0 ≤ y ≤ 1
(b)
Solução.
As curvas que delimitam a região são C1 : x2 + y 2 = 2 e C2 : y = x2 , que em
√
coordenadas polares são dadas por: C1 : ρ = 2 e C2 : ρ sen θ = ρ2 cos2 θ, ou
seja, C2 : ρ = tg θ sec θ.
Como C1 ∩C2 = {(1, 1), (−1, 1)}, temos que o ângulo polar θ varia no intervalo
π π
h i h 5π π i
−π − , = − , .
4 4 4 4
Logo,
√ √
0 ≤ ρ ≤ √2
tg θ sec θ ≤ ρ ≤ 2 S S tg θ sec θ ≤ ρ ≤ 2
R:
− 5π ≤ θ ≤ −π −π ≤ θ ≤ 0 0 ≤ θ ≤ π
4 4
é a região dada em coordenadas polares. Além disso,
√
− 2 − x 2 ≤ y ≤ x 2
−1 ≤ x ≤ 1
S
√
− 2 − x 2 ≤ y ≤ √ 2 − x 2
R: √
− 2 ≤ x ≤ −1
S
√
− 2 − x 2 ≤ y ≤ √ 2 − x 2
√
1 ≤ x ≤ 2
Exemplo 8
√
Descreva a região R do plano interior a ambas as curvas: C1 : ρ = 4 3 cos θ
e C2 : ρ = 4 sen θ.
Solução.
As curvas em coordenadas cartesianas são dadas por:
√ √ √
p ±x
• C1 : ρ = 4 3 cos θ ⇐⇒ ± x2 + y 2 = 4 3 p ⇐⇒ x2 +y 2 = 4 3 x
x2 + y 2
√ √ √
⇐⇒ (x − 2 3)2 + y 2 = 12 , que é o círculo de centro (2 3, 0) e raio 2 3.
p ±y
2 2
• C2 : ρ = 4 sen θ ⇐⇒ ± x + y = 4 p ⇐⇒ x2 + y 2 = 4y
x2 + y2
⇐⇒ x + (y − 2) = 4 , que é o círculo de centro (0, 2) e raio 2.
2 2
Assim,
Exemplo 9
Considere a região R do plano dada pelo sistema de inequações:
2 √
x ≤ y ≤ 1 16 − x2
R: 12 2
0 ≤ x ≤ 2√3 .
Solução.
(a) As curvas que delimitam a região R são:
√
• as retas verticais x = 0 e x = 2 3;
• a parábola C1 : x2 = 12y de vértice na origem e reta focal igual ao eixo−OY ,
voltada para cima;
• a parte C2 situada no semiplano y ≥ 0 da elipse:
√ x2 y2
C2 : 2y = 16 − x2 =⇒ 4y 2 = 16 − x2 =⇒ x2 + 4y 2 = 16 =⇒ + = 1,
16 4
de centro C = (0, 0), vértices (4, 0), (−4, 0), (0, 2) e (0, −2) e reta focal igual
ao eixo−OX .
√
Observe que 2 3, 1 ∈ C1 ∩ C2 . Portanto, o esboço da região R é:
sen θ
• 12y = x2 ⇐⇒ 12ρ sen θ = ρ2 cos2 θ ⇐⇒ ρ = 12 = 12 tg θ sec θ ;
cos2 θ
• x2 +4y 2 = 16 ⇐⇒ ρ2 (cos2 θ+4 sen2 θ) = 16 ⇐⇒ ρ2 (1−sen2 θ+4 sen2 θ) = 16
4
⇐⇒ ρ = p
1 + 3 sen2 θ
√
π 1 3
Seja θ0 ∈ 0, tal que tg θ0 = √ = .
2 2 3 6
Então, R = R1 ∪ R2 , onde:
4
0≤ρ≤ p
0 ≤ ρ ≤ 12 tg θ sec θ
R1 : e R2 : 1 + 3 sen2 θ
0 ≤ θ ≤ θ0 θ0 ≤ θ ≤ π .
2