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Elon Lages Lima

NUMEROS E
FUNCOES REAIS

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N.Cham: $11.32 73202013


r: Lima, Elon Lages,
Titulo: Numerose funcdes reat

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Sociedade Brasileira de Matematica
NUMEROSE
FUNCOES REAIS
Numeros e Funcoes Reais
Copyright © 2014 Elon Lages Lima
Direitos reservados pela Sociedade Brasileira de Matematica
A reproducao nao autorizada desta publicacao, no todo ou em parte,
constitui violagao de direitos autorais. (Lei 9.610/98)

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ISBN 978-85-85818-81-4

Ficha catalografica preparada pela Secao de Tratamento


da Informacao da Biblioteca Professor Achille Bassi - ICMC/USP

LIMA, Elon Lages.

Numeros e Funcdes Reais / Elon Lages Lima. ‘


--Rio de Janeiro: SBM, 2013.
297 p. (Colecao PROFMAT,07 )
ISBN: 978-85-85818-81-4

1.Conjuntos. 2.Numeros Naturais. 3. Numeros Reais.


4. Funcoes Afins e Funcdes Quadraticas. |. Titulo.
Elon Lages Lima

NUMEROS E
FUNCOES REAI
N. cham.: 511.322 L732n 2013
Autor: Lima, Elon Lages.
Titulo’ Namcros c fungécs reais.

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12 edicao
27 impressao
2014
Rio de Janeiro
Sociedade Brasileira de Matematica
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COLECAO DO PROFESSOR DE MATEMATICA

° Logaritmos - £.L. Lima


« Andlise Combinatoria e Probabilidade com as solucdes dos exercicios - A.C. Morgado, J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e
P, Fernandez
- Medidae Forma em Geometria (Comprimento, Area, Volume e Semelhanca) - E. L. Lima
- Meu Professor de Matematica e outras Historias - E.L. Lima
- Coordenadas no Plano com as soluc¢des dos exercicios - E. L. Lima com a colaborac¢ao de P. C. P. Carvalho
Trigonometria, Numeros Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner, Notas Historicas de J. B. Pitombeira
* Coordenadas no Espaco - E.L. Lima
- Progressdes e Matematica Financeira - A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani
- _ Construgoes Geométricas - E. Wagner com a colaboracao de J. P. Q. Carneiro
« — Introducgdo a Geometria Espacial - P. C. P. Carvalho
- Geometria Euclidiana Plana - J.L. M. Barbosa
- Isometrias - E.L. Lima
- AMatemdatica do Ensino Médio Vol. 1 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
- AMatematica do Ensino Médio Vol. 2 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
- AMatemdtica do Ensino Médio Vol. 3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
- Matematica e Ensino- £.L. Lima
- Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
- — Episédios da Historia Antiga da Matematica - A. Aaboe
- — Exame de Textos: Andlise de livros de Matematica - E. L. Lima
« AMatemdatica do Ensino Medio Vol. 4 - Exercicios e Solucdes - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
- Construcgdes Geomeétricas: Exercicios e Solucdes - S. Lima Netto
« Um Convite ad Matematica - D.C de Morais Filho
« Tépicos de Matematica Elementar - Volume 1 - Numeros Reais - A. Caminha
: Tépicos de Matematica Elementar - Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A. Caminha
- Tépicos de Matematica Elementar - Volume 3 - Introducao a Analise - A. Caminha
Topicos de Matematica Elementar - Volume 4 - Combinatoria - A. Caminha
° Tépicos de Matematica Elementar - Volume 5 - Teoria dos Numeros - A. Caminha
« Topicos de Matematica Elementar - Volume 6 - Polinédmios - A. Caminha
« Treze Viagens pelo Mundo da Matematica - C. Correia de Sa e J. Rocha (editores)
« Como Resolver Problemas Matematicos - T. Tao
Geometria em Sala de Aula - A.C. P. Hellmeister (Comité Editorial da RPM)
Manual de Redacdo Matematica - D.C de Morais Filho

COLECAO PROFMAT
- Introducdo a Algebra Linear - A. Hefez e C.S. Fernandez
: Toépicos de Teoria dos Numeros - C. G. Moreira , F. E Brochero e N. C. Saldanha
« — Polinédmios e Equacoes Algébricas - A. Hefez e M.L. Villela
° Tépicos de Historia de Matematica - T. Roque e J. Bosco Pitombeira
« Recursos Computacionais no Ensino de Matematica - V. Giraldo, P. Caetano e F. Mattos
- Temas e Problemas Elementares - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
¢ Numeros e Funcoes Reais - E.L. Lima
- Aritmética- A. Hefez
¢ Geometria - A. Caminha
Prefacio

Conjuntos
. 1 <A Nogao de Conjunto .
l. 2 A Relacao de Inclusao
1.3 O Complementar de um Conjunto .

~]
lf Reuniao e Intersecao 10
1.5 Comentario Sobre a Nocao de [gualdade 12
1.6 Recomendacoes Gerais 13
Exercicios 15

Nuameros Naturais
2.1 Introducao
2.2. Comentario: Definicoes. Axiomas. etc.
2.3 O Conjunto dos Niumeros Naturais
2.4. Destaque para o Axioma da Inducao
2.5 Adicao. Multiplicagao e Ordem
2.6 Algumas demonstracoes
Exercicl1os

Nudmeros Cardinais
3.1 Funcoes
3.2 A Nocao de Numero Cardinal
3.3 Conjuntos Finitos .
3.4. Sobre Conjuntos Infinitos .
Exercicios

Nuameros Reais
4.1 Segmentos Comensuraveis e Incomensuraveis
4.2 A Reta Real... .
4.3 Expressoes Decimais
4.4. Desigualdades 59
4.5 Intervalos 62
Se a a: 4 aed CLEC TT ADCOP a OS) PESCe aT eet Os, ir
Be FSR PERSE
at 2 Ae RR SEL EO ECP Cz r

4.6 Valor Absoluto 63


4.7 Sequencias e Progressoes 2... ee ee eee. 66
18S Sequencias \lonétonas 66
Exercicios O09

5 Funcoes Afins 71
5.1 O Plano Numérico R? 1)
A Funcao Afim 79)
Ct
he

A Funcao Linear 2... St


wt

Caracterizacao da Funcao Afim SS


ut

Funcoes Poligonais 9]
wt
all
.

Exercicios Q3

6 Funcoes Quadraticas 103


6.1 Definigao
e Prelimimares . 2... ee eee ee ee LOA
6.2. Um Problema Muito Antigo ......0.00.0.0.0.0.0.0 20.0.2... 20.0... .. 2... 108
6.3 A Forma Canénica do Trindmio . 2... 2.0.0.0... 2 02.008 0.2.2... 110
6.4 O Grafico da Funcao Quadratica 2... ee ee 1D
6.5 Uma Propriedade Notavel da Parabola .........0.0...0...........,. 121
6.6 QO Movimento Uniformemente Variado 2... ee ee ee ee 120
Exercicios 2... 0 ke ee ee ew ey . [BI

7 Funcoes Polinomiais 137


7.1 Funcoes Polinomiais vs Polindinios 2... eee ee ee TBS
7.2. Determinando um Polinomio a Partir de Seus Valores . 2... .0.0.0.0.2.2.2. 2... 140
7.3 Graficos de Polindmios ......0.0.00020002200
002000 eee ee ee ee 14
ExercicioS 2... 0. kc ee ee eee ye . 146

8 Funcoes Exponenciais e Logaritmicas 147


S.1 Introdugao. 2... ee eee eee TAB
8.2 Potéencias de Expoente Racional .... .. . . . 149
8.3 A Funcao Exponencial . 2... 0. ee ee eee. 158
8.4 Caracterizacao da Funcao Exponencial .... 2. ..0..0..0.02......... . 158
8.5 Funcoes Exponenciais c Progressoes . 0. 0. 0 ee eee ee LOI
8.6 Funcao Inversa 2... ee ee ee ee we . 162
8.7 Funcoes Logaritmicas . 2... 2 0 ee ee ee eee . LO
8.8 Caracterizacao das Funcoes Logaritmicas .. 0... 2. ee 167

ast & VI
rar da thet cy, ge Nore, CR AYR OR WBE ee a EE ate DL ed e roe ee are en erty 7
CRE SE CREO BRO a SA LOR ae See 8 SE oa OE Be SS) or aa we SUM A RIO #

8.9 Logaritmos Naturais 2... 0... ee ee ee eee . 169


8.10 A Funcao Exponencial de Basee .. 0... 2.0.0 ee ee ee we es 176
8.11 Alguns Exemplos Classicos.......0.0.0.0.0.0...048. J... . 180
ExercicioS 2... kk ee ee ee ee ee 188

9 Funcoes Trigonométricas 185


9.1 Introducao .
9.2 A Funcao de Euler e a Medida de Angulos .....0000..0.......... 4 189
9.3 As Funcoes Trigonomeétricas ... 194
9.4 As Formulas de Adigao... 2... 0.000000 00000 0 ee ee ee ee es 199
9.5 A Lei dos Cossenos ea Lei dos Senos . 2... ee ee ee 202
Exercicios .. . 207

10 Solugoes dos Exercicios 209


10.1 Conjuntos 2... ee ee ee ee . 210
10.2 Ntuneros Naturais. 2. 0. ee ee ee ee. 218
10.3 Ntuneros Cardinais J... . 215
10.4 Ntmeros Reais Dee eee ee. QI7
10.5 Funcoes Afins .... 0... ee eee ee 220
10.6 Funcoes Quadraticas . . 227
10.7 Funcoes Polinomiais .. . . ee ee ee ee 237
10.8 Funcoes Exponenciaise Logaritmicas . 2. ..0.0.00.0....02.. . . 239
10.9 Funeoes Trigonométricas 2. 6. ee ee ee. DAD

Bibliografia 245

Indice Remissivo 247

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Pre es
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Q) programa de Matematica da primeira série do Ensino Médio tem como tema central as
fiucoes reais de uma varlavel real. estudadas sob 0 ponto de vista clementar. isto 6. sem o uso do
Calewlo Infinitesimal. Como preliminar a esse estudo @ preparacao para as scries subseqiientes,
sao aprescutadas nocoes sobre conjuntos. a idéia geral de funcao c as diferentes categorias de
nmeros (naturals. intelros. racionais ¢. principalmente. reais).
() presente livro cobre esse prograina. Ele conten a matéria lecionada no primeiro dos trés
modulos do curso de aperfeicoamento para professores de Matematica. miciado no segundo semes-
tre de 1996. no IATPA. tendo como instrutores os professores A.C.O. Morgado. E. Wagner, Paulo
Cezar Carvalho eo autor. A estes caros amigos e competentes colaboradores devo uma revisao
critica do manuscrito. a sugestao de alguns exemplos interessantes ¢ a inclusao de mumerosos
exercicios. Por essa valiosa participacao. registro meus agradecimentos.
Q) professor de Matematica. principalnente aquele que atua no Ensino Alédio. no escasso
tempo que the resta da faina diaria. para preparar suas aulas conta praticamente com uma tinica
tonte de referencia: o livro-texto que adota (ou os outros. que dele pouco diferem).
Esses textos. em sua mailoria. sao escritos por colegas que tiveram formacao e experiéncia
COMO as stlas. prolongaudo assim wun cireulo vicioso. no qual decresce a qualidade e repetem-se
os defeitos.
Visando contribuir para reverter esse processo. a Sociedade Brasileira de Matematica. com
a colaboragao do IMPA eo apoio decisive do MEC. crioun oo PROFMAT. wn prograina de pds-
eraduacao de carater nacional destinado ao aperfeicoamento dos professores que ensinam Afate-
matica em nossas escolas. E. para servir de suporte ¢ guia de estudos das anlas do PROFMAT.
a SBM deu inicio a colecao de livros-texto. dos quais este é um elemento.
Neste livro. procurainos deixar claro que a Matematica oferece uma variedade de conceitos
abstratos que servem de modelos para situacoes concretas. permitindo assim analisar. prever ¢
tirar concluso6es de forma eficaz em circunstancias onde uma abordagem empirica muitas vezes
nao conduz a nada. Os temas aqui abordados sao apresentados dentro dessa otica.
Assim 6 que os conjuntos sao o modelo matematico para a organizacao do pensamento légico:
os nttmeros sao o modelo para as operacoes de contagem @¢ medida: as funcoes afins. as quadraticas.
as eExponenciais. as logaritmicas e as trigonomeétricas. cada una delas ¢ estudada como o modelo
matematico adequado para representar unma‘situagao especifica.
A fim de saber qual o tipo de funcao que deve ser empregado para resolver um determinado
problema. ¢ necessario comparar as caracteristicas desse problema com as propriedades tipicas

IX
FTE OC ENR aT Ret TNS eT ae ek a bate ge
ENO BUN aes eS SASS
CR ee a eS

da funcao que se tem em mente. Este processo requer que sc conhecam os teoremas de caracte-
rizacao para cada tipo de funcao. Sem tal conhecimento é impossivel aplicar satisfatoriamente
os conceitos e métodos matematicos para resolver os problemas concretos que ocorrem,. tanto no
dia-a-dia como nas aplicacoes da Matematica as outras Ciéncias e a Tecnologia.
Varios desses teoremas de caracterizacao sao expostos aqui. de forma clementar. Acho que
todos os professores devem conhecé-los e ensinar seus alunos a usaé-los de forma consciente.
Quanto as demonstracoes desses teoremas. embora acessiveis. clas foram incluidas aqui para o
entendimento dos professores. Nao considero esseucial repassa-las aos estudantes. salvo em casos
especiais. a critério de cada professor.
QO importante ¢ ter em mente que as aplicacdes aqui sugeridas despertam o interesse. justificam
o esforco. exibem a cficiéncia e a utilidade dos métodos da Matematica mas. por outro lado. s6
podem ser levadas a bom termo se contarem com uma base conccitual adequada.
Este livro é uma versao modificada do “Matematica do Ensino Médio. volume 1”. As modifica-
Coes. que Consistem em) algunas omissoes e varios acréscimos, procuram adapta-lo ao programa
PROFMAT, cujos alunos t¢ém um compromisso maior de adquirirem dominio da matéria que
ensinam, inclusive das justificativas logicas das regras que utilizam na pratica do dia-a-dia.
Ao publica-lo. tenho o prazer de expressar meu agradecimento ao Professor Hilario Alencar
da Silva. cujas observacoes pertinentes contribuiriam para diminuir de modo consideraével seus
defeitos, pelos quais continuo o Unico responsavel.

Rio de Janciro. outubro de 2012

Elon Lages Lima


Se eee eet rere

CONJUNTOS
ED OCR BRAS
Se ete RE hae ee ee OG) RL OM b Oo)

1.1 A Nocgao de Conjunto


Toda a Matematica atual é formulada na linguagem de conjuntos. Portanto. a nogao de con-
junto é a mais fundamental: a partir dela, todos os conceitos inatematicos podem ser expressos.
Ela é também a mais simples das ideias matematicas.
Um conjunto é formado por elementos. Dados um conjunto A e um objeto qualquer a (que
pode até mesmo ser outro conjunto), a pergunta cabivel em relacao a cles ¢: a @ ou nao um
elemento do conjunto A? No caso afirmativo, diz-se que a pertence ao conjunto A ce escreve-se
a € A. Caso contrario. poe-se a ¢ A e diz-se que a nao pertence ao conjunto A.
A Matematica se ocupa primordialmente de nimeros ¢c do espaco. Portanto. os conjumtos mais
frequentemente encontrados na Matematica sao os conjuntos numéricos. as figuras geométricas
(que sao conjuntos de pontos) c os conjuntos que se derivam destes. como os conjuntos cde funcoes.
de matrizes ete.
A linguagem dos conjuntos. hoje universalmente adotada na apresentacao da Matematica.
ganhou esta posigao porque permite dar aos conceitos e as proposicoes desta ciGucia a precisao ce
a generalidade que constituem sua caracteristica basica.
Os conjuntos substituem as “propriedades’ ¢ as “condicoes’. Assim. em vez de dizermos que
“o objeto x goza da propricdade P” ou o “objeto y satisfaz a condigao C”. podemos escrever
réAey eB. onde A é 0 conjunto dos objetos que gozain da propriedade P ¢ B é 0 conjunto
dos objetos que satisfazem a condicao C’.
Por exemplo, sejam P a propriedade de um nimero inteiro vv ser par (isto ¢. divisivel por 2)
eC’ a condicao sobre o ntimero real y expressa por

y? —3y+2= 0.

Por outro lado scjam

A= {....-4.-2.0.2.4.6....) e B= {1.2}.

Entao. tanto faz dizer que x goza da propriedade P c y satisfaz a condicao C’ como afirmar
quer E Acye B.
Qual ¢. porém. a vantagem que se obtém quando se prefere dizer que
ré Acy € Bem vez de dizer que x goza da propriedade P ¢ y satisfaz a condicao C"?
A vantagem de se utilizar a linguagem e a notacao de conjuntos é que entre estes existe uma
aleebra. montada sobre as operacoes de reuniao (4 U B) e intersecao (AM B). aléin da relagao
de inclusao (AC B). As propriedades e regras operatorias dessa algebra. como por exemplo
. . 4 e ‘ ?

AN(BUC) =(ANB)U(ANC) e ACAUB.


oP ot RL Re SCR TA a BRB ESC ROR) BSR ae at nea

sao extremamente faceis de manipular e representam um enorme ganho em simplicidade e exa-


tidao quando comparadas ao manuscio de propriedades e coudicoes.
Nos primoérdios da Teoria dos Conjuntos, costumava-se escrever A+ Bem vez de AU Be
A.B em vez de AN B. Esta pratica foi abolida. principalmente porque. se A e B sao conjuntos
de mtuneros. 4+ B é 0 conjunto das somas «+ y onde xr € A. y € Be analogamente A.B =
fy w Ee Ac ye BS.
Nao ¢ correto escrever, por exemplo, A = {conjunto dos nimeros pares}. O simbolo {...} sig-
nifica Oo Conjunto cujos elementos estao descritos no interior das chaves. Escreve-se A conjunto
dos numeros pares.
A {ntimeros pares} ou A = {2n:n € Z}.
Existe um conjunto excepcional e intrigante: o conjunto vazio. designado pelo simbolo @. Ele
6 aceito como conjunto porque cumpre a utilissima funcao de simplificar as proposicoces. evitando
una longa ¢ tediosa mencao de excecdes. Qualquer propricdade coutraditoéria serve para definir
© conjunto vazio. Por exemplo, tem-se @ = {wir 4 wr}. ou seja. S & o conjunto dos objetos x
tals que wr é diferente de si mesmo. Fim muitas questoes matematicas ¢ importante saber que
um determinado conjunto X nao é vazio. Para mostrar que X nao é vazio. deve-se simplesmente
encontrar uin objeto wr tal que r EX.
Outros conjuntos curiosos sao os conjuntos unitarios. Dado um objeto 2 qualquer. o conjunto
unitario {7} tem como tinico elemento esse objeto .r. Estritamente falando. re {1} nao sao
a mesma coisa. Por exemplo. @ 4 {2} pois {@} possui um elemento (tem-se @ € {@}) mas
Z ¢ vazio. Em certas ocasides. entretanto. pode tornar-se um pedantisio fazer essa distingao.
Nesses casos. adimite-se escrever rem vez de {2}. Um exemplo disso ocorre quando se diz que
a intersecao de duas retas re s € 0 ponto P (em lugar do conjunto cujo tnico elemento ¢ P) e
escreve-se 7s =. P.em vez derns = {P}.

1.2 A Relacao de Inclusao


Sejam Ae B conjuntos. Se todo clemento de A for também elemento de B, diz-se que A é
um subconjunto de B, que A esta contido em B ou que A é parte de B. Para indicar este fato.
usa-se a notagao AC B.
Exemplo: sejam T 0 conjunto dos triaugulos e P o conjunto dos poligonos do plano. Todo
triangulo é um poligono. logo T C P.
A relacgao de A Cc B chama-se relagao de inclusao. Quando A nao é um subconjunto de B.
escreve-se AZ B. Isto significa que nem todo elemento de A pertence a B. ou seja. que existe
pelo menos um objeto a tal que a € A ea ¢ B. Por exemplo. sejam A o conjunto dos nimero
pares e Bo conjunto dos miltiplos de 3. Tem-se A ¢ B porque 2 € A mas 2 ¢ B. Tein-s

2 A Hm
CAPITULOS?* De ee a, et eS oC eee ae.rh e OO) MOU he |

tambon BZ A pow 3 € Banas 3 ¢€ A.


Ha duas inchisoes extremas. A primeira ¢ obvia: para todo conjunto el. vale AoC A (pois
@ Claro que todo clemento de A pertence aA). A outra é. no mninimeo. curiosa: tem-se @ C A.
scja qual for o conjunto el. Com efeito. se quiséssemios mostrar que 2 Z vl. terfamos que obter
tin Objeto w tal que.w € @ mas or ~ A. Como wv € @ 6 impossivel. somos levados a coucluir que
Wo AL Ou se ja. que oO Conjunto vazio © subconjunto cde qualquer OUtLO.
Diz-se que Aé um subconjunto Proprio de B quando se Tem | C B C07) A ft Ae 4 t i.

A relacao de inclusao goza de trés propriedades fundamentals. Dados quaisquer Conjuntos A.


BeC tem-se:

reflexividade: A C A:
anti-simetria: sc AC Be BC Acntao A= B;:
transitividade. sce AC Be BCC entao ACC.

A propriedade anti-simeétrica € constantemente usada nos raciocihios matematicos. Quando


sc deseja mostrar que os conjuntos Ae B sao ietais. prova-se que AC Be BC A. ou seja. que
todo elemento de A pertence a Be todo elemento de B pertence a A. Na realidade. a propriedade
anti-simeétrica da relacao de inclusao contém. nela cmbutida. a condigao de ignaldade entre os
coljuntos: os conjuntos Ae 8 sao iguais se. e somente se. tél OS mesmos Clementos.
Por sua vez. a propriedade transitiva da iclusao ¢ a base do raciocinio dedutivo. sob a forma
que classicamente se Chama de silogismo. Ui exemplo de silogisimo (tipicamente aristoteélico) ¢
oO seguinte: todo ser humano ¢ um animal, todo animal é mortal. logo todo ser humano ¢ mortal.
Na linguagem de conjuntos. isso seria formulado assum: sejam ff. Ae AL respectivamente os
conjuntos dos seres humanos. dos animais e dos mortals. Temos HC Ae AC A. logo HC A.
A relagao de inclusao centre Conjuntos esta estreitamente relacionada com a inplicagac logica.
Vejamos como. Sejam P ce Q propricdades refercntes a um elemento generico de um conjunto
(°. Essas propriedades definem os conjuntos A. formado pelos clementos de (° que gozam de
P. c¢ B. conjunto formado pelos elementos de (> que tém a propriedade Q. Diz-se entao que a
propricdade P implica (ou acarreta) a propriedade Q. ¢ escreve-se P => Q. para significar que
AcbB
Por exemplo. seja (0 conjuuto dos quadrilateros convexos do plano. Designemos com /?
a propriedade de um quadrilatero ter seus quatro angulos retos e por Q a propriedade de um
quadrilatero ter seus lados opostos paralelos. Entao podemos escrever P = Q. Com efeito. neste
caso. 4A @ 0 Conjunto dos retangulos ¢ B é 0 conjunto dos paralelogramos. logo AC B.
Vejamos outro excmplo. Podemos escrever a iaplicacao

me 4
Fe tO <6 DOM (0!
OL), (8 ein oe ance RL es GCapfTuto 1

Ela significa que toda raiz da equacao a* + 12 — 1 = 0 6 também raiz de


. fr ° ~ ) , , .

r—-2r+1=0.

Ha diferentes maneiras de se ler a relacao P => Q. Pode-se dizer *P implica Q”. “se P entao
Q”."P é condicao suficiente para Q”. “Q é condicao necessaria para P” ou” P somente se Q’.
Assim. no primeiro exemplo acima. podemos dizer: “ser retangulo implica ser paralelogramo.
“se 2 € um retangulo entao xr é um paralelogramo’. “ser retangulo ¢ condicao suficiente para
ser paralelogramo’. “ser paralelogramo ¢ condicao necessaria para ser retangulo’. ou. finalmente.
“todo retangulo é um paralelogramo.
A implicagao Q => P chama-se a reciproca de P => Q. Evidentemente. a reciproca de uma
implicacao verdadeira pode ser falsa. Nos dois exemplos dados acima. as reciprocas sao falsas:
nem todo paralelogramo é¢ retangulo e .r = 1 é raiz da equacao.

r—-2r+1=0

mas nao cla equacao


rter—-l=0.

Quando sao verdadeiras ainbas as implicagoes P > Q e Q => P, escreve-se Q & P ec lé-se
“P se. e somente se. Q”, “P é equivalente a Q” ou °P @ necessaria e suficiente para Q”. Isto
significa que o conjunto dos elementos que gozam da propriedade P coincide com o conjunto dos
elementos que gozam de Q.
Por exemplo. sejam P a propriedade de um triangulo. cujos lados medem rr < y € 2. ser
retangulo c Q a propriedade de valer
Paar + y?

Entao P}&Q.
A resolucao de uma equacao é um caso tipico em que se tem uma sequéncia de implicagoes
ldgicas. Vejamos. Para resolver a equacao

) ‘

rm—-xr-2=0

podemos seguir os passos abaixo:


(I?) Sas ve —7—-2=0.:

(Q) ...... (v — 2)(r +1) =0:


(R) ol... v=2ouxv=—l:
(S)...... re {2.-1}.
-CAPITULO’'¥: aaa, Seka ee ta oe cc a a MAE CS ae eee ©’)
RL k OY}

Se chamarmos respectivamente de P.Q.R eS as condigocs impostas sobre Oo ntnero wr em


cada wma das linhas acima. os passos que acabamos de seguir significa que

PSQ2Sh=S.

isto & se o ntimero w satisfaz P cntao satisfaz Qe assim por diante. Por transitividade. a
conclusao a tirar ¢ P = S. ou seja:

Sear? =r —2= 0 entao sr € {2.-1}

Estritamente falando. esta afirmagao nao significa que as raizes da equagao 7 — ar — 2 = 0


sao 2e —1. O que esta dito acima é que se houver raizes desta equagao elas devem pertencer
ao conjunto {2.—1}. Acontece. entretanto. que no presente caso. OS passos acima podem ser
revertidos. E facil ver que valem as implicacées reciprocas S = R= Q = P. logo S = P.
Portanto P & S. ou seja. 2 ec —1 sao de fato as (Wnicas) raizes da equacao

wor 20.

LE) importante. quando se resolve uma cquacao. ter em mente que cada passo do processo
adotado representa uma implicacao logica. As vezes essa implicacao nao pode ser revertida (isto
. sua reciproca nao ¢ verdadeira). Nesses casos. 0 Conjunto obtido no final apenas contém (mas
nao ¢ igual a) o conjunto das raizes. este tltimo podendo até mesmo ser vazio. Tlustremos esta
possibilidade com um exemplo.
Seja a equacao vw? + 1 = 0. Sabemos que ela nao possui solucdes reais. Na sequéncia abaixo.
cada ina das letras P.Q.R © S representa a coudi-
cao sobre oO niimero ow expressa Na igualdade ao lado. Assim. FP significa
-+]= ". etc.
P)y = 0: (multiplicando por 2? — 1)
Oo. —~1=0:
(2)
(S) x € ‘oy 1}.
Evidentemente. tem-se P > Q => R => S. logo P => S. on seja. toda raiz real da equacgao
r+ 1 = 0 pertence ao conjunto {—1.1}. O raciocinio é absolutamente correto. mas apenas
ilustra o fato de que 6 Conjunto vazio esta contido em qualquer outro. A conclusao que se pode
tirar ¢ que se houver raizes reais da equagao a> + 1 = 0 elas pertencerao ao conjunto {-1.1}.
Nada mais. O fato 6 que a implicacéo P => Q nao pode ser revertida: sua recfproca é falsa. Este
fendmeno ocorre frequentemente quando se estudam as chamadas “equacgoes irracionais. mas as
vezes ele se manifesta de forma sutil. provocanudo perplexidade. (Veja Exercicio 6.)

@® Ls 6
OO SRA WYN Med)
DB Op Oh Ss R10) Mae Me ee eee ee ‘CAPITULO t=:

1.3 O Complementar de um Conjunto


A nogao de complementar de um conjunto sé faz pleno sentido quando se fixa um conjunto CU.
Chamado o unrrerso do discurso. ow congunto-universo, C poderia ser chamado o assunto da
discussao ou o tema ell pauta: estaremos falando somente dos elementos del.
Uina vez fixado (. todos os elementos a serem considerados pertencerao a UC” e todos os
cConjuntos serao subconjuntos de (. ou derivados destes. Por excuiplo. ua Geometria Plana, U' é
oO plano. Na teoria aritmética da divisibilidade. © ¢ 0 conjunto dos ntimeros iteiros.
Entao. dado um conjunto A (isto ¢ um subconjunto de 7). chama-se complementar de A
ao Conjunto AC formado pelos objetos de Go que nao pertencem a A. Lembramos que fixado o
conjunto A. para cada elemento wx em U. vale uma. ¢ somente uma. das alternativas: .r € A, ou
re A.
OM fato de que. para todo . € U. nao existe una outra opcao além dew € A our ¢ A ¢
conhecido em Légica como o princtpio do tercetro excluido. eo fato de que as alternativas v € A
ea ¢ A nao podem ser verdadeiras ao mesino tempo chama-se o principio da nao-contradicag,
Seguem-se dos principios acima enunciados as seguintes regras Operatorias referentes ao com-
plementar:
(1) Para todo conjunto AC UC. tem-se CAS = A. (Todo conjunto ¢ complementar do seu
complementar. )
(2)Se AC Bentao BoC AS. (Se wun conjunto esta contido noutro. seu complementar contém
oO complementar desse outro.)
A regra (2) pode ser escrita com notagao =. assumindo a forma seguite

AcB => Bc.

Na realidade. na presenca da regra (1). a regra (2) pode ser reforcada. valendo a equivalencia
abaixo
BACB Ss BoC s.
Esta equivaléncia pode ser olhada sob o ponto de vista l6gico. usando-se as propriedades P
e Q que definem respectivamente os conjuntos 4A e B. Entao o conjunto A é formado pelos
elementos de Uo que gozam da propriedade P. enquanto que os elementos de B sao todos os que
(pertencem a Ue) gozam da propriedade Q. As propriedades que definem os conjuntos AS e Bo
sao respectivamente a negacao de P. representada por P’. e a negacao de Q. representada por
(’. Assim. dizer que um objeto x goza da propricdade P’ significa (por definigao) afirmar que
v nao goza da propriedade P (c¢ analogamente. para Q). Com estas convencoes. a relagao (3)
aciina le-se assim:
(4) P > Q se. c somente se. Q’ => P’.

7 AH
CS
a F . hit er rer ort EN rye oe Sa ee boys ageless

Noutras palavras. a implicagao P => Q (P implica Q) equivale a dizer que Q’ => P' (a negacao
de Q implica a negacgao de P).
Vejamos tun excmplo. Sejam Co conjunto dos quadrilateros convexos. R a propriedade que
tem um quadrilatero . de ser um retangulo e P a propriedade de ser um paralelogramo. Entao
I” @a propriedade que tem wn quadrilatero convexo de nao ser um paralelogramo ec J? a de nao
scr um retangulo. As implicacoes R => Pe P’ => R’ se leem. neste caso. assim:
(a) Seur & um retangulo entao « ¢ um paralelogramo:
(hb) Sew nao é um paralclogramo cntao wv nao ¢ um retangulo.
Evidentemente. as afirmacoes (a) ¢ (b) sao equivalentes. ou seja. elas sao apenas duas manciras
diferentes de dizer a mesa coisa.
A implicagao Q! = P’ chama-se a contrapositiva da implicacao P => Q.
Sob o ponto de vista praginatico. a contrapositiva de wna inplicacao nada mais ¢ do que a
Iesina IMphcagao dita com outras palavras. ou vista de um angulo diferente. Assim por excimplo.
a afirmagao de que todo ntimero prino maior do que 2 é fmpar e a afirmacao de que um miunero
par maior do que 2 nao ¢ primo dizem cxatamente a mesma coisa. ou seja. CXprimem a mesma
ideia. sO que com diferentes termos.
No dia-a-dia da Matematica € frequente. ¢ muitas vezes til. substituir uma inplicacao por
sua Contrapositiva. a fim de tornar seu significado mais claro ou mais manecjavel. Por isso é
extremamente importante entender que P > Qc Q’ => P’ sao afirmacées equivalentes.
A equivaléneia entre uma inplicacao e sua contrapositiva é€ a base das demonstracoes por
absurdo.
Vejamos wm exemplo.
No plano TT. consideremos as retas perpendiculares res. Seja P a propriedade que tem uma
reta aw. nesse mesmo plano. de ser diferente de s e perpendicular a r. Por outro lado. seja Q a
propriedade de uma reta 2 (ainda no plano TT) ser paralela as. Entao P’. negacao de P. ¢ a
propricdade de uma reta em IT coincicdir com s ou nao ser perpendicular ar. A negacao de Q é
a propriedade Q’ que tem uma reta do plano IT de nao ser paralela a s.
A implicagao P > Q se le. em linguagem comum. assim: se duas retas distintas (s ¢ 2°) sao
perpendiculares a una terceira ( a saber. 7) entao elas (s e 2) sao paralelas.
A contrapositiva Q’ => P’ significa: se duas retas distintas nao sao paralelas cntao elas nao
sao perpendiculares a uma terceira.
(Nos dois paragratos acima cstamos tratando de retas do mesmo plano.)
Acontece que @ mais facil (e mais natural) provar a implicacao Q’ => P’ do que P => Q.
Noutras palavras. prova-se que P = Q por absurdo. O'raciocinio 6 bem simples: se as retas
distintas s ¢ wv nao sao paralelas clas tém um ponto A em comum. Entao. como é tinica a
perpendicular s a reta r pelo ponto A. segue-se que w nao é perpendicular a r.

At Lo 8
Oe AIOVN me) Mh OO) RLU) Uh OMEsee ae aa e CAPITULO FF:

Figura 1.1

OBSERVAGAO.
Para provar que duas retas sao paralelas, em geral se usa a demonstracao por absurdo pois a
definicao de retas paralelas é baseada numa negacao. (Retas paralelas sao retas coplanares que
nao possuem pontos em comum.)

Observemos que se ("6 0 universo cutao O° = Oe OS =U.

Miuitas vezes (principalmente nos raciocinios por absurdo) ¢ necessario hegar uma lmplicagao
P = Q. E preciso ter cuidado ao fazer isto. A negacao de “todo homem ¢ mortal” nao ¢ “nenhum
homem @ mortal” mas “existe (pelo menos) wn homem inortal. Mais geralmente. negar P > Q
significa admitir que existe (pelo menos) um objeto que tem a propriedade P mas nao tem a
propriedade Q. Isto @ bem diferente de admitir que nenhum objeto com propriedade P tem
também propriedade Q. Por exemplo. se P é a propriedade que tem um triangulo de ser isdésccles
¢ Q a propricdade de ser equilatero. a lmplicacao P => Q significaria que todo triangulo isésceles
6 equilatero (o que é falso). A negagao de P > Q ¢ a afirmacao de que existe (pelo menos) um
trianeilo isdésceles nao-equilatero.

Neste contexto. convélm fazer uma distincao cuidadosa entre a ideia matematica de negacao e
a nocao (nao-matematica) de contrdrio, ou Oposto. Se um conceito é expresso por uma palavra,
oO conceito contrario & expresso pelo antonimo daquela palavra. Por exemplo. o contrario de
gigantesco @ mintsculo. mas a negacao de gigantesco inclu outras gracdacoes de tamanho além
de mintisculo.

9 ks 8
ma OFS ees eee tc Bae
oS CU SE RE a ar Re ge ad Seta tS eee SAL BI bkO

1.4 Reuniao e Intersecao


Dados os conjuntos Ae B.a reuntao AU B é 0 conjunto formado pelos elementos de A mais
os elementos de B. cnquanto que a intersecao AN B é 0 conjunto dos objetos que sao ao mesmo
tempo elementos de Ae de B. Portanto se considcramos as afirmacoes

read, web.

veremos que wv € AU B quando pelo menos uma dessas afirmacoes for verdadeira e. por outro
lado. we € AG B quando ambas as afirmacoes acina forem verdadeiras.
Mais concisamcute:

v€ AUB significava € Aoure Be


vré ANB significa € Aexe B

Nota-se. deste modo. que as operagoes AU B e ANB entre conjuntos constituem a contrapar-
tida matematica dos conectivos l6gicos “ou” e “e’. Assim. quando o conjunto A é formado pelos
elementos que gozam da propriedade P e B pelos que gozam da propriedade Q entao a propri-
edade que define o conjunto AU B é”P ou Q” eo conjunto AN B é definido pela propriedade
“Pod.
Por exemplo. convencionemos dizer que um niimero . goza da propriedade P quando valer a
ivualdade
wv — 3r+2=0.
Digamos ainda que vv tem a propriedade Q quando for

2 r *
r—or+6=0.

QO conjunto dos ntimeros que possuem a propriedade P é A = {1.2} ¢ 0 conjunto dos ntimeros
que gozan de Q é¢ B = {2.3}. Assim. a afirmacao

sr? —3r+2=Oounr?—-5r+6=0°

equivale a

“re € {1,2.3}°

ea afirimacao

vr? — 3r4+2=O0c0c 8? —5e + 6=0

equivale a

10
Pp
ow
0) ood Ss a
U7 Cede bo)
PESO a eee ME aa Ee ER CAPITULO 1°

Noutras palavras.

AUB = {1.2.3} ¢ ANB = {2}.

E importante ressaltar que a palavra “ow” em Matematica tem um significado especifico um


tanto diferente daquele que lhe ¢ atribuido na linguagem comum. No dia-a-dia. “ou” quase
sempre liga duas alternativas incompativeis (‘vamos de onibus ou de trem?”). Em Matematica.
a afirmacao “P ou Q” significa que pelo menos uma das alternativas P ou Q é valida. podendo
perfeitamente ocorrer que ambas sejam. Por exemplo. ¢ correta a afirmacao “todo ntimero inteiro
é maior do que 10 ou menor do que 20°. Noutras palavras. se

A={re Zr > 10}

B={wx € Zir < 20}


entao AU B= Z.
A diferenga entre o uso Comum ¢ o uso Matematico do conectivo “ou” é ilustrada pela anedota
do obstetra que também era matematico. Ao sair da sala onde acabara de realizar um parto. foi
abordado pelo pai da criangca. que lhe perguntou: ‘Foi menino ou menina. doutor?. Resposta
do médico: “Sim. (Com efeito se 4 é o conjunto das meninas. B o conjunto dos meninos ¢ vr o
recém-nascido, certamente tem-se x2 € AU B.)
As operacoes de reuniao e interseccao sao obviamente comutativas:

AUB=BUAcANB=BNA

e assoclativas:
(AU B)UC =AU(BUC)

(AN B)NC =AN(BNC).


Além disso, cada uma delas é distributiva em relagao a outra:

AN(BUC) =(ANB)U(ANC)

AU(BNC)
= (AUB)N(AUC)
Estas igualdades. que podem ser verificadas mediante a consideragao dos casos possiveis, consti-
tuem. na realidade. regras que regem 0 uso combinado dos conectivos logicos “ou” e “e”.

11 AB
‘CAPITULO ‘1 CN tr et rae a a oe ee ice @1 9) <6 1) \U ver

A conexao entre as operacoes U . OM ¢ a relacao de inclusao C ¢ dada pclas seguintes equiva-


lencias:
AVL B=B 8 Ace Ss ANB=AA.

Além disso AC BS>AUCCBUCeANC CBAC para todo C. E. finalmente. se Ale 2B


sao subconjuntos do universo (. teim-se:

(AUB) HA NBe(ANBY=AUB

Estas relacoes. atribuidas ao matematico inglés


.
Augustus
>
de \Mlorgan.
o
significam
>
que
|
a neeacao
a ‘

de"P ou Q @"nem P nem Q” ca negagao de"PeQ é "nao P ou nao QQ”.

1.5 Comentario Sobre a Nocao de Igualdade


Cina coisa sO é igual a si propria.
Quando se escreve a = b. isto significa que ac b sao simbolos usados para designar Oo mesmo
objeto.

Por exemplo. se a ¢ a reta perpendicular ao scemento AB. levantada a partir do seu ponto
in¢dio eb 6 o Conjunto dos pontos do plano que sao equidistantes de «le 6 entao a = 6.
Em Geomctria. as vezes ainda se usam expressoes Como “os angulos a © .3 sao iguais Ou “OS
triangulos ABC' ce A'B’C” sao iguais” para significar que sao figuras que podem ser superpostas
exatamente uma sobre a outra. A rigor. porém. esta terminologia ¢ inadequada. Duas figuras
geoometricas que coincidem por superposicao devem ser chamadas congruentes.
Talvez valha a pena observar que a palavra “igual” em Geometria ja for usada mum sentido até
bem mais amplo. Euclides. que viveu ha 2300 anos. chamava “lguais” a dois segmentos de reta
Col oO mesmo comprimento. a dois polfgonos com a mesma area ec a dois sélidos com oO mesmo
volume,
Na linguagem corrente. as vezes se diz que duas pessoas ou objetos sao iguais quando um
certo atributo. ao qual se refere o discurso naquele momento. ¢ possuido igualmente pelas pessoas
ou objetos em questao. Assim. por exemplo. quando dizemos que “todos sao iguais perante a ler.
isto significa que dois cidadaos quaisquer tém os mesmos direitos e deveres legais.
A relagao “a @ igual a 6. que se escreve a = 6. goza das segiuntes propriedades:

Reflexividade: a = a:
Simetria: se a = b entao b= a;
Transttividade: sea=beb=centaoa=c.

me 4 12
EST LOLOL
ANT BY, COL8) OO) O19. en ee oe ee CAPITULO 1

Diante da simetria. a transitividade também se exprime assim: sea = bec=hentaoa= ec.


Em palavras: dois objetos (a@ ec) iguais a wm terceciro (b) sao iguais entre si. Formulada deste
modo. esta propriedade era uma das nocoes comuns (ou axiomas) que Euclides enunciou nas
primeiras paginas do seu famoso livro “Os Elementos..

1.6 Recomendacoes Gerais


A adocao da linguagem e da notacao de conjuntos em Matematica s6 se tornou uma pratica
universal a partir da terceira ou quarta década do século vinte. Esse uso. responsavel pelos ele-
vados graus de precisao. generalidade e clareza nos enunciados. raciocinios ¢ definigoes. provocou
uma grande revolucao nos métodos. no alcance ec na profundidade dos resultados matematicos.
No final do século 19. muitos matematicos ilustres via com s¢ria desconfianga as novas idcias
laugadas nos trabalhos pioneiros de G. Cantor. Mas. lenta ¢ seguramente. esse ponto de vista
se impos e. no dizer de D. Hilbert. com sua extraordinaria autoridade. “ninguém nos expulsara
desse paraiso que Cantor nos doow.
Portanto. se queremos iniclar os jovens em Matematica. @ necessario que os familiarizemos
col os rudimentos da linguagem e da notacao dos conjuntos. Isto. inclusive. vai facilitar nosso
proprio trabalho. pois a precisao dos conceitos 6 una ajuda indispensavel para a clareza das ideias.
Mas. na sala de aula. ha alguns cuidados a tomar. © principal deles refere-se ao comedimento.
ao equilibrio. a moderacao. Isto consiste cm evitar o pedantismo e os exageros que conduziram
ao descrédito da onda de “Matematica Moderna’. Nao convém insistir em questoes do tipo
{2} # {{S@}} ou mesmo naquele exemplo @ 4 {@} dado acima.
Procure. sempre que possivel. ilustrar seus conceitos com exemplos de conjuntos dentro da
Matematica. Além de contribuir para implantar a linguagem de conjuntos. este procedimento
pode também ajudar a relembrar. ou at¢ mesmo aprender. fatos interessantes sobre Geometria.
Aritmética. etc.
Seja cuidadoso. a fim de evitar cometer erros. A auto-critica é¢ 0 maior aliado do bom professor.
Fin cada aula. trate a si mesmo como um aluno cujo trabalho esta sendo examinado. Pense antes
no que vai dizer mas critique-se também depois: sera que falei bobagem? Se achar que falou.
nao hesite em corrigir-se em pttblico. Longe de desprestigiar. esse habito fortalecera a confianga
dos alunos no seu mestre.
Esteja atento também a correcao gramatical. Linguagem correta é essencial para a limpidez
do raciocinio. Miuitos dos nossos colegas professores de Matematica. até mesmo autores de livros.
sao um tanto descuidados a esse respeito. Dizein. por exemplo que “a reta r intercepta o plano
a no ponto PP’. quando deveriam dizer intersecta (ou interseta) ja que o ponto P é@ a intersecao
(ou interseccao) mas nao a interceptacao de r com a.

13 A WF
- CAPITULG'#. EiEee TAoA Tae co a ee CONJUNTOS

Fis aqui outros erros comuns de linguagem que devem ser evitados: “Major ou igual a. O
correto @: “maior do que ou igual a”. (Tente dizer “igual ou maior a” e veja Como soa imal.}
“Euchideano. O correto é “euclidiano.
“Assumir. no lugar de “supor” (vamos assumir que as retas 7 es sejam paralelas). [sto é
correto em iIneles mas nao em portugues.
Nao cdiga “completude’. diga “completeza’. (Belo - beleza: rico 3 riqueza: nobre > nobreza:
completo -> completeza.)
Nao diga “Espaco de tempo. Espaco e tempo sao couceitos fisicos fundamentais ¢ mdepen-
dentes. Nao se deve mistura-los. Diga “intervalo de tempo.

ae A 14
Exercicios

1.1. Sejam P,, P2, Q:,. Qe propriedades referentes a elementos de um conjunto-universo U.


Suponha que P; e P, esgotam todos os casos possiveis (ou seja, um elemento qualquer de U
ou tem a propriedade P, ou tem P2). Suponha ainda que Q, e Q2 sao incompativeis (isto é,
excluem-se mutuamente). Suponha, finalmente, que P; > Q; e Po > Q2. Prove que valem
as reciprocas: Q, => P, e Q2 => P».

1.2. Enquadre no contexto do exercicio anterior o seguinte fato geométrico: Duas obliquas que se
afastam igualmente do pé da perpendicular sao iguais. Se se afastam desigualmente entao
sao desiguais € a maior € a que mais se afasta.

1.3. Sejam X,, X2, Y;, Y2 subconjuntos do conjunto-universo U. Suponha que X; U Xg2=Ue
Y, 1 Yo = @, que X; C ¥; e que X2 C Yo. Prove que X, = ¥; e Xo
= Yo.

1.4. Compare o exercicio anterior com o primeiro em termos de clareza e simplicidade dos enun-
ciados. Mostre que qualquer um deles pode ser resolvido usando o outro. Estabeleca
resultados andlogos com n propriedades ou n subconjuntos em vez de 2. Veja no livro
“Coordenadas no Espaco”, (Colecéo do Professor de Matematica, $.B.M.) pag. 83 uma
utilizacao deste fato com n = 8.

1.5. Ainda no tema do primeiro exercicio, seria valido substituir as implicagoes P; > Q) e
Py => Qo nas hipoteses por suas reciprocas Q; => P,; e Q2 > Py?

1.6. Escreva as implicacdes légicas que correspondem 4 resolucdéo da equacéo f/x + 2 = x, veja
quais sao reversiveis e explique o aparecimento de raizes estranhas. Faga o mesmo com a
equacao f/r+3=2

1.7. Mostre que, para todo m > 0, a equacao fx + m = x tem exatamente uma raiz.

1.8. Considere as seguintes (aparentes) equivaléncias légicas:

g=1 6 2*-2r+1=0
g?—2-14+1=0
~ g7*-1=0

& xr=rHtl.

Conclusao(?): r = 1 << x = £1. Onde esta o erro?

15 Ae
ae OY Sua
iy se ae aoee 20 CR a RE RRO RR Ce oe eee OG 1M is & OS.)

1.9. As rafzes do polinémio x* — 6x? + 1lz — 6 = 0 sao 1, 2 e 3. Substitua, nesse polindmio, o


termo llr por 11 x 2 = 22, obtendo entao x* — 6x? + 16, que ainda tem 2 como raiz mas
nao se anula para x = 1 nem xz = 3. Enuncic um resultado geral que explique este fato ec o
relacione com o exercicio anterior.

1.10. Expressoes tais como “para todo” e “qualquer que seja” sao chamadas de quantificadores e
aparecem em sentengas dos tipos:

(1) “Para todo z, é satisfeita a condicao P(x)”


(2) “Existe algum x que satisfaz a condicao P(x)”, onde P(x) é uma condicao envolvendo a
variavel x.
a) Sendo A o conjunto de todos os objetos x (de um certo conjunto universo U’) que satisfa-
zem a condicao P(x), escreva as sentencas (1) e (2) acima, usando a linguagem de conjuntos.
b) Quais sao as negacoes de (1) e (2)? Escreva cada uma destas negacoes usando conjuntos
ce compare com as sentencas obtidas em a).
c) Para cada sentenca abaixo, diga se ela é verdadeira ou falsa e forme sua negacao:

Existe um ntimero real x tal que z? = —1.


Para todo nimero inteiro n, vale n2 > n.
Para todo namero real x , tem-se x > 1 ou 2? < 1.
Para todo nimero real x existe um nimero natural n tal que n > z.

Existe um nimero natural n tal que, para todo nimero real z, tem-se n > x.

1.11. O artigo 34 da Constituicao Brasileira de 1988 diz o seguinte:

“A Uniao nao interviré nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I. Manter a integridade nacional;

II. Repelir invasao estrangeira ou de unidade da Federacao em outra’”

III. ....;

a) Suponhamos que o estado do Rio de Janeiro seja invadido por tropas do estado de Sao
Paulo. O texto acima obriga a Uniao a intervir no estado? Na sua opiniao, qual era a
intencao dos legisladores nesse caso?

b) Reescreva o texto do artigo 34 de modo a torna-lo mais preciso.

1.12. Prove que z?+2-1=0>22—-27r+1=0.

/
i
a
yy
of & 16
OO)
Oy | 0: MMR si ct fa Rea SORE ORIN ca OR CRO es a gee -CAPfTULO 1

1.13. Prove que, para x. y, k inteiros, tem-se r+ 4y = 13k © 47 + 3y = 13(4k — y). Conclua que
4x + 3y e x + 4y sao divisiveis por 13 para os mesmos valores inteiros de z e y.

1.14. O diagrama de Venn para os conjuntos X,Y, Z decompoe o plano em oito regides. Numere
essas regioes e exprima cada um dos conjuntos abaixo como reuniao de algumas dessas
regioes.

(Por exemplo: X NY = 1U2.)


a) (X°UY)*; b) (XSUY)UZS:
c) (XSNY)UCXNZ): dy(xXUY)NZ.

1.15. Exprimindo cada membro como reuniao de regides numeradas, prove as igualdades:

a) (XUYJINZ=(XNZ)U(Y NZ);
b) XU(YNZ)/=H=XUYSUZ.

1.16. Sejam A, B e C conjuntos. Determine uma condicaéo necessaria ec suficiente para que se
tenha AU(BNC) =(AUB)NC.

1.17. A diferenca entre conjuntos é definida por A— B = {x|r € Ae x ¢ B}. Determine uma
condicao necessaria e suficiente para que se tenha A — (B — C) = (A— B) -C.

1.18. Prove que se um quadrado perfeito é par entao sua raiz quadrada é par e que se um quadrado
perfeito é impar entao sua raiz quadrada é impar.

1.19. Prove o teorema de Cantor: se A é um conjunto e P(A) é 0 conjunto das partes de A, nao
existe uma funcao f : A > P(A) que seja sobrcjetiva.

Sugestao: Suponha que exista uma tal funcdéo f e considere X = {r € A: zx ¢ f(z)}.

17 A ina
Ad SORTS CROC RRS RES ee ae CON] UNTOS

na A 18
NUMEROS NATURAIS

“Deus criou os numeros naturais. O resto € obra dos homens.”


Leopold Kronecker
eae eae
eee LA) 1D: 8 PY
LE EN

2.1 Introducao
Enquanto os conjuntos constituem um meio auxiliar. os utimeros sao um dos dois objetos
principais de que se ocupa a Matematica. (O outro é 0 espaco. junto com as figuras geométricas
nele contidas.)
Ntumeros sao entes abstratos, desenvolvidos pelo homem como modelos que permitem contar
e medir. portanto avaliar as diferentes quantidades de una grandeza.
Os compéndios tradicionais dizem o seguinte:
“Ntncro é 0 resultado da comparacao entre uma grandeza e a unidade. Se a grandeza ¢
discreta. cssa comparacao chama-se uma contagem e o resultado € um niimero inteiro: se a
erandeza é continua. a comparacao chama-se uma medicao eo resultado é um ntimero real.”
Nos padroes atuais de rigor matematico. o trecho acima nao pode ser considerado como
uma definicao inatematica. pois faz uso de ideias (como grandeza. unidade. discreta. continua) e
processos (como comparacao) de significado nao estabelecido. Entretanto. todas as palavras que
ucla aparecem possuem wn sentido bastante claro ua linguagem do dia-a-dia. Por isso. cmbora
nao sirva para demonstrar teoremas a partir dela. a definicao tradicional tem o grande mérito
de nos revelar para que servem e por qual motivo foram inventados os nimeros. Isto 6 muito
mais do que se pode dizer sobre a definicao que encontramos no nosso dicionario mais conhecido
e festejado. conforme reproduzimos a seguir.

NUMERO
Do lat. numeru. S.m. 1. Mat. O conjunto de todos os conjuntos equivalentes a um conjunto
dado.

Discutiremos este ponto logo mais. quando


| tratarmos de nameros cardinais. No momento.
parece oportuno fazer uma pequena pausa para uma observacao.

2.2 Comentario: Definicgoes, Axiomas, etc.


Uma definicao matematica 6 uma convencao que consiste usar um nome. Ou Uma sentenca
breve. para designar um objeto ou uma propriedade. cuja descricao normalmente exigiria o
emprego de uma sentenca mais longa. Vejamos algumas definigoes. como exeuiplo:

e Angulo é a figura formada por duas semi-retas que tém a mesma origem.

e Primos entre si sao dois ou mais nimeros naturais cujo unico divisor comum é a unidade.

ae & 20
COMENTARIO: DEFINICOES. AXIOMAS, ETC. | | | CAPITULO 2

Mas nem sempre foi assim. Euclides, , Pp por exemplo, comeca os “Elementos” com uma série de
definicoes, das quais selecionamos as seguintes:
x

@ Linha é um comprimento sem largura.

p Superficie € o que possui comprimento c largura somente.

® Quando uma reta corta outra formando Angulos adjacentes iguais, cada um desses 4ngulos
chama-se reto e as retas se dizem perpendiculares.

As definigcdes de angulo e de nimeros primos entre si. dadas acima. bem como as definicdes de
angulo reto e retas perpendiculares dadas por Euclides, sao corretas. Elas atendem aos padrocs
atuais de precisao ec objetividade. Por outro lado. nas definicoes de linha e superficie. Euclides
Visa apenas ofcrecer ao seu leitor uma imagem intuitiva desses conceitos. Elas podem servir para
Mustrar o pensamento geométrico mas nao sao utilizAveis nos raciocinios matematicos porque sao
formuladas em termos vagos e imprecisos.
Na apresentacao de uma teoria matematica. toda definicao faz uso de termos especificos. os
quais foram definidos usando outros termos. e assim sucessivamente. Este processo iterativo leva
a tres possibilidades:
a) Continua indefinidamente. cada definicao dependendo de outras anteriores. sem nunca
chegar ao fim.
bb} Conduz a uma circularidade. como nos dicionarios. (Onde se vé, por exemplo: compreender
— perceber. perceber > entender e entender — compreender.)
c) Termina numa palavra. ou num conjunto de palavras (de preferéncia dotadas de conota-
Goes Intuitivas simples) que nao sao definidas. isto ¢. que sao tomadas como representativas de
conceitos primitivos. Exemplos: ponto. reta. conjunto.
Evidentemente. as alternativas a) ec b) acima citadas nao convém a Matematica. A alternativa
c)éaadotada. Se prestarmos atencao. veremos que foi assim que aprendemos a falar. Numcrosas
palavras nos foram apresentadas scm definicao e permanecem até hoje em nosso vocabulario como
conceltos primitivos. que aprendemos a usar por imitacao e experiéncia.
Para poder empregar os conceitos primitivos adequadamente. é necessario dispor de um con-
junto de principios ou regras que disciplinem sua utilizacao e estabelecam suas propriedadces.
Tais principios sao chamados axiomas ou postulados. Assim como os conceitos primitivos sao
objetos que nao se definem. os axiomas sao proposicoes que nao se demonstram.
Uma vez feita a lista dos conceitos primitivos e¢ enunciados os axiomas de uma tcoria mate-
matica, todas as demais nocoes devem ser dofinidas e as afirmacoes seguintes devem ser demons-
tradas.

21 we
-CAP{TULO 2°: - ee oo, +2. -NUMEROS NATURAIS

Nisto consiste 0 Chamado meétodo arcomidtico. As proposigoes a serem demoustradas Chala


sc teoremas e silas Consequencias Hnediatas sao denominadas coroldrvos. Vina proposigad aunxiliar.
usada na demonstracao de um teorema. @ Chamada um flerna,
Ser unt axioma ou ser wl teoremla nao ¢ wma caracteristica Intripseca de wna proposicao.
Dependendo da preferéncia de quem organiza a apresentacao da teoria. wna determinada propo-
sicao pode ser adotada Como axioma ou entao provada como teorenia. a partir de outra proposigao
que a substituiu na lista dos axiomas.
Na segao seeuinte. veremos um resumo da teorla matematica dos utumeros naturals. onde os
CONCCILOS PrMAtivos sao “ntinero natural” e “sucessor” @ os axiomas sao os de Peano.
Do ponto de vista do Ensino Médio. nao tem cabimento expor a Matematica sob forma
axiomatica. Mas @ necessario que o professor saiba que cla pode ser organizada sob a forma
acunia dehneacda. Uma linha de equilfbrio a ser seguida na sala de aula deve bascar-xe nos
SEUTLIILES PLeceltos:
lL. Nunca dar explhicagoes falsas sob o pretexto de que os alimios ainda nao tém maturidade
para entender a verdade. (isto seria como dizer a uma crianca que os bebes sao trazidos pela
cogonha.) Exemplo: “infinito é um nimero muito grande’. Para outro excmplo. vide RPA 29.
pags. 13-19.

2. Nao insistir em Qetalhes formais para justificar afirmacoes que. além de verdadetras ale
INntiitivamente Obvias e aceitas por todos sem discussao nem dividas. Exemplo: o segmento de
reta Que Une tun ponta Interior a tun ponto exterior de uma circunferéncia tem exatamente mn
PONTO El COMMU Colm essa Cireuuferéencia.
Em contraposicav. fatos importantes cuja veracidade nao ¢ evidente. como o Teorema de
Pitagoras ou a Formula de Euler para poliedros convexos. devem ser demoustrados (até mesmo
de varias formas diferentes).
Excetuam-se. naturalinente. demonstracoes longas. elaboradas ou que facam uso de nogdes
e resultados acima do alcance dos estudantes desse nivel (como o Teorema Fundamental da
Algebra. por exemplo).
Provar o 6bvio trausmite a falsa impressao de que a Matematica é mutil. Por outro lado. usar
areumentos elegantes e convincentes para demonstrar resultados inesperados @ Uma maneira
de exibir sua forca e sua beleza. As demonstragoes. quando objetivas e bem apresentadas,
contribuem para desenvolver o raciociiio. o espirito critico, a maturidade e ajudam a entender o
encadeamento l6gico das proposicoes matematicas.
3. Ter sempre em mente que. embora a Matematica possa ser cultivada por si mesina. Como
um todo coerente. de clevado padrao intelectual. formado por conccitos ¢ proposigoes de natureza
abstrata. sua presenca no curriculo escolar nao se deve apenas av valor dos seus métodos para a
formacao mental dos jovens.

a= 4 22
OR Be Rieke
me MUR ce cMmh P4 M00:
7. \ | i ce adie CAPITULO
2.-

A nnportancia social da Matematica provém de que ela fornece modelos para analisar situagoes
da vida real. Assim. por exemplos. conjuntos sao 0 modelo para disciphnar © raciocinio légico.
Huneros haturais sao o modelo para contagem e utimeros reais sao O modelo para medida: funcgoes
afins servem de modelo para situacoes. Como Oo movinento uniforme. em que os acréscimos da
fiucao sao proporcionais aos acréscimos cla varlavel independente. E assim: por diante.
Todos os tépicos deste livro sao abordados sob o seguinte lema: a Matematica fornece modelos
abstratos para serem utilizados em situacoes concretas. do dia-a-dia e das Ciencias. Para poder
elpregar estes modelos ¢ necessario verificar. em cada caso. que as hipdteses que lhe servem de
base sao satisfeitas.

2.3 O Conjunto dos Nameros Naturais


Lentamente. a medida em que se civilizava. a humanidade apoderou- se desse modelo abs-
trate de contagem (um. dois. trés. quatro. ...) que sao os niimeros naturais. Foi uma evolucao
demorada. As tribos mais rudimentares contam apenas um, dois, muitos. A lingua inglesa ainda
enarda um resquicio desse estagio na palavra thrice. que tanto pode siguificar “tres vezes” Como
“HMtoO Ou “exXtremamente.
Algo parecido ocorre no idioma frances. onde as palavras fies (auto) e trop (demasiado) sao
clarainente vocabulos cognatos de trois (tres), bem como em italiano. onde troppo (excessiva-
mente) deriva de tre (trés). E curioso observar que. em alemao. 6 fendmeno se da com viel que
significa “Inuito) enquanto eter quer dizer “quatro”. Coincidéncia. ou os germanicos estavam um
Passo a frente dos bretoes. gauleses ¢ romanos?
As necessidades provocadas por wim sistema social cada vez mais complexo e as longas refle-
XoOes, possiveis gracas a disponibilidade de tempo trazida pelo progresso economico. conduziraln.
atraves dos séculos. ao aperfeigoamento do extraordinario instrumento de avaliagao que € 0 Con-
junto dos ntimeros naturais.
Decorridos muitos miléenios. podemos hoje descrever concisa € precisamente o conjunto N dos
numeros naturais. valendo-nos da notavel sintese feita pelo matematico italiano Giuseppe Peano
no linuar do s¢culo 20.
he @ um conjunto. cujos elementos sao chamados wimeros natura. A essencia da caracte-
nzacao de N reside na palavra “sucessor”. Intuitivamente. quando n,n’ € N. dizer que n’ é o
sucessor den significa que no vem logo depois de nm. nao havendo outros niimeros naturais entre
new. Evidentemente. esta explicacao apenas substitu “sucessor” por “logo depois’. portanto
hao ¢ una definicao. O termo primitivo “sucessor” nao ¢ definido explicitamente. Seu uso e suas
propriedades sao regidos por algumas regras. abaixo enumeradas:
ai Lodo numero natural tem win nico sucessor:

23 ‘Ae
®
“CAPITULO 2” cy RETR Ee EL CT 5 ae i eee | POI § 216 eek eee
FY

b) Numeros naturais diferentes tém sucessores diferentes:

¢) Existe wn tnico namero natural. chamado um e representado pelo sfmbolo 1. que nao é
sucessor de nenhuim outro:

d) Seja XY um conjunto de nimeros naturais (isto 6. X CN). Se 1 € WN ese. além disso. o


sucessor de todo clemento de X ainda pertence a X. entao X¥ =N.
As ahrmagocs a). b). ¢) e d) aciina sao conhecidas como os ariomas de Peano. Tudo o que
se sabe sobre os nvtuncros naturais pode ser demonstrado COMO consequeéncia desses axiomas.

Cm onganhaca processa. chamado sistema de numeracao decimal, permite representar todos


og mtimeros naturais com oO auxilio dos simbolos 0. 1. 2. 3. 4. 5. 6. T. 8 e 9. Alem dissu. vs
prhuciros tuncros naturais tem nomes: o sucessor do ntunero um chama se “dois”. 0 sucessor de
dois Chama-se “tres”. ete, A partir de um certo ponto. esses nomes tornam-se muito complicados.
sendo preferfyvel abrir mao deles ¢ designar os grandes ntuneros por sua representacao decimal.
(Na realidade. os nameros muito grandes nao possuem nomes. Por exemplo. como se chamaria
Ooitinero THEM?)

Deve ficar claro que o conjunto N = {1.2.3....} dos ntimeros naturais ¢ uma sequencia de ob-
jetos abstratos que. em principio. sao vazios de significado. Cada um desses objetos (aun nimero
natural) possul apenas um Jngar determinado nesta sequéencia. Nenhuma outra propriecdade the
scrve de dehnicao. Todo ntunero tem um sucessor (nico) ec. com excecao de 1. tem também um
Wico antecessor (ntunero cdo qual é sucessor).
Vistos desta mancira. podemos dizer que os niuneros naturals sao nimeros ordinais: 1 eo
primeiro, 2 @ 0 segundo. ctc.

Um Pequeno Comentario Gramatical

Quando dizemos “o nimero um”. “o nimero dois” ou “o numero tres’. as palavras “um”,
“dois” e@ “tres” sao substantivos. pois sao nomes de objetos. Isto contrasta com o uso destas
palavras em frases como “um ano. dois meses e trés dias”. onde elas aparecem para dar a ideia de
nimero cardinal. isto é como resultados de contagens. Nesta frase. “unr. “dois” e “trés” nao sao
substantivos. Pertencem a uma categoria gramatical que. noutras linguas (como francés. inglés e
alemao. por exemplo) é chamada adjetivo numeral ce que os gramaticos brasileiros e portugueses,
ha um par de décadas. resolveram chamar de numeral apenas. Este comentario visa salientar
a diferenca entre os niimeros naturais. olhados como elementos do conjunto N. e o secu emprego
como numeros cardinais. Este segundo aspecto sera abordado no capitulo seguinte.

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€ 1 0) Ft Rye 0.0810) nc 2:
CAPITULO

2.4 Destaque para o Axioma da Inducao


O vtiltimo dos axiomas de Peano ¢ conhecido como o arioma da inducao. Ele 6 a base de um
eicicnte método de demonstragao de proposicoées referentes a ntuneros naturais (demonstracoes
por indugao. ou por recorréncia). Enunciado sob a forma de propriedades em vez de conjuntos.
ele se formula assim:
Seja P(r) uma propriedade relativa ao niimero natural 7. Suponhamos que
1) P(1) é valida:
11) Para todo n € N. a validez de P(7) implica a validez de P(n’). onde n° é 0 sucessor dé n.
Entao P(r) é valida qualquer que seja o niimero natural 1.
Com efeito. se chamarmos de XY © conjunto dos ntimeros naturais 7 para os quais P(n) é
valida. veremos que 1 € X em virtude de i) e que ne XY => n’ © X em virtude de il). Logo. pelo
axioma da indugao. concluimos que .Y =N.
O axiomia da indugao é uma forma sagaz ec operacional de dizer que qualquer ntimero natural nr
pode ser alcancado se partirmos de 1 ¢ repetirmos suficientemente a operacao de tomar o sucessor
de um ntimero. Ele esta presente (pelo menos de forma implicita) sempre que. ao afirmarmos a
veracidade de uma proposicao referente aos ntimeros naturais. verificamos que cla é verdadcira
para n = 1. n = 2. n = 3 e dizemos “ec assim por diante..... Mas ¢ preciso ter cuidado com
esta tiltima frase. Ela pressupoe que P(n) = P(n') para todo n € N. No final deste capitulo.
apresentamos como exercicios algumas proposicoes demonstraveis por recorréncia. bem como
alguns curiosos paradoxos que resultam do uso inadequado do axioma da indugao.

2.5 Adicao, Multiplicagcao e Ordem


Entre os ntimeros naturais estao definidas duas operacdes fundamentais: a adicao. que aos
ntimeros n. p € N faz corresponder a soma n+ pea multiplicacao. que lhes associa 0 produto
np.
A soma n+ p é 0 ntmero natural que se obtém a partir de 2 aplicando-se p vezes seguidas
a operacao de tomar o sucessor. Em particular. n + 1 é o sucessor de n. n+ 2 6 0 sucessor do
sucessor de n. etc. Por exemplo. tem-se 2+ 2 = 4 simplesmente porque 4 ¢ o sucessor do sucessor
de 2.
De agora ein diante. o sucessor do nimero natural n sera designado por n + 1.
Quanto ao produto. poe-se n- 1 = n por definicao ce. quando p ¥ 1. np é a soma de p parcelas
iwuals a7.
Em tltima analise. a soma n + peo produto np tém mesmo os significados que lhes sao
atribuidos pelas explicagoes dadas acima. Entretanto. até que saibamos utilizar os mtimeros

25 we
ime Cas Loa
O

naturals para efetuar contagens. nao tem sentido falar em “p vezes” e “p parcelas’. Por isso. as
operacoes fundameutais devem ser definidas por inducao, como se segue.
Adicao: n+1 — sucessor den e n+ (p+ 1) = (n+ p) +1. Esta tltima igualdade diz que se
sabemos somar pa todos os ntmeros naturais n. sabemos também somar p+ 1: a soma n+(pt+1)
6 simplesmente o sucessor (7 + p) + 1 den+p. O axioma da inducao garante que a soma n+ p
esta definida para quaisquer n.p € N.
Multiplicacado: n+l = nen(p+ 1) = xnptn. Ou seja: multiplicar um nimero nr por |
nao o altera. E se sabemos multiplicar todos os utimeros naturais nm por p. sabemos também
miuitiplicé-los por p+ 1: basta tomar n(p-+ 1) = np+n. Por inducao. sabemos multiplicar
todo nm por qualquer p. Estas operagoes gozam das conhecidas propriedades de associatividade,
comutatividade e distributividade. como veremos na Secao 2.6. adiante.
Dados m. in € N. diz-se que m &€ menor do que n. e escreve-se m <n. para significar que
existe aleum p © N tal que n = m+ p. (Isto quer dizer que nm ¢ 0 sucessor do sucessor... do
sucessor dem. o ato de tomar o sucessor sendo iterado p vezes.)
A relacao m <n tem as seguintes propriedades. que provaremos na Secao 2.6:
Transitividade: Se mi < nen < pentao m < p.
Tricotomia: Dados m.n € N. vale una. e somente uma. das alternativas: m = nem < nou
nom,
Monotonicidade: Se in <n entao, para qualquer p € N. tem-se m+ p< n+ peimp < np.
Boa-ordenacao: Todo subconjunto nao-vazio .¥ C N possui un menor elemento. Isto significa
que existe um clemento mg € X que é menor do que todos os deimais elementos de Y. A boa-
ordenacgao pode muitas vezes substituir com vantagem a inducao como método de prova de
resultados referentes a nimeros naturais.
Sao muito raros e pouco interessantes os exciuplos de demonstracao por indugao que podem
ser dados sein usar as operacoes fundamentais e as desigualdades. Por isso. somente agora
apresentamos ul deles. seguido de una demonstracao por boa-ordenacao.
EXEMPLO 2.1.
(Queremos provar a validez, para todo numero natural n. da igualdade

P(n):14+3+5+4+...4+(2n-1)
=n’

Usaremos inducao. Para n = 1, P(1) se resume a afirmar que 1 = 1. Supondo P(n) verdadeira
para uin certo valor de n. somamos 2n + 1 a ambos os membros da igualdade acima, obtendo

14+34+5+...4+(2n—-1)4+(2n+1) =n°+2n4],

ou seja:
1434+5+...+[2(n+1)-—1)=(n4+1)*.

as A 26
FUREY
UCI D) OC MR 0 0 6) A: cre eee are “CAPITULO -2:

Mas esta ultima igualdade é P(n +1). Logo P(n) > P(n +1). Assim. P(n) vale para todo
n © N. Podemos entao afirmar que a soma dos rn. primeiros nimeros impares é igual ao quadrado
de n.

EXEMPLO 2.2. USANDO BOA-ORDENACAO.


Lembremos que um numero natural p chama-se primo quando nao pode ser expresso como
produto p = mn de dois nimcros naturais. a menos que um deles seja igual a 1 (¢ 0 outro igual
a p): isto equivale a dizer que os fatores m, n nao podem scr ambos menores do que p. Um
vo

resultado fundamental em Aritmética diz que todo numero natural é primo oué é um produto de
fatores primos. Provaremos isto por boa ordenacao. Usaremos a linguagem de conjuntos. Seja
X o conjunto dos nimeros naturais que sao primos ou produtos de fatores primos. Observemos
que sec men pertencem a X entao o produto mn pertence a X. Seja Y o complementar de X.
Assim. Y é 0 conjunto dos nimeros naturais que nao sao primos nem sao produtos de fatores
primos. Queremos provar que Y é vazio. Isto sera feito por reducao ao absurdo (como sempre se
da nas demonstracécs por boa-ordenacao). Com efeito. se Y nao fosse vazio. haveria um menor
elemento a € Y. Entao todos os niimeros menores do que a pertenceriam a X. Como a nao é
primo. ter-se-ia a = m-n, comm<aen<a,.logomeée Xen € X. Sendo assim, mn € X. Mas
mn =a.o que daria a € X.-uma contradicao. Segue-se que Y = @ . concluindo a demonstragao.

2.6 Algumas demonstracoes


Nesta secao. demonstraremos alguns fatos basicos sobre ntimeros naturais. que sao utilizados
com muita frequéncia. na maioria das vezes sem que nos detenhamos para indagar como prova-
los. Nosso objetivo é mostrar de que modo tais fatos resultam dos axiomas de Peano. Nao ha
raciocinios criativos ou métodos elaborados para prova-los. Em todas as demonstragoes. 0 papel
central 6 desempenhado pelo Axioma da Indugao.

Associatividade da adicao: Para quaisquer nimeros naturais m,n, p, tem-se

- m+(n+p)=(m+n)
+p.

DEMONSTRAGAO.
Fixamos arbitrariainente m.n € Ne provamos que. para todo p € N. vale m+(n+p) = (n+n)—p.
Para isso. usaremos inducao em p. Quando p = 1. a igualdade m+ (mn +1) = (m+n) +4 1 é parte

27 AB
CAPITULO 2- pt aa ae | Crean \ 2 0) ',) 23.6 ass P-0n
0) 8-01)

da definicao de adicao. Supondo o resultado valido para um certo p. temos

m+[n+(pt1)} =! m+{[(nt+p)4+1) =" [m+(n+p)] +1


=" [Im tn)+pl+1 =! (m+n)+ (pt).

onde as igualdades 1. 2 ¢ 4 estao na definicao de adicao ¢ a igualdade 3 deve-se a hipétese de


inducao. Assim. tem-se
m+[ut(p+ 1) = (mtn)t(pt))

ca inducao esta completa.

Comutatividade da adicao: Para quaisquer m,n € N, tem-se

mtn=n+m.

a
DEMONSTRAGAO.
Fixando arbitrariamente m € N. provaremos que m+n =n +i para qualquer n € N. por
inducao em 2. Comecemos com nm = 1. A igualdade m + 1 = 1+ m sera provada por inducao
em m. Ela é 6bvia para m = 1.
Supondo-a verdadeira para m. temos

(m+ 1)+1=(1l4m)4+1=14+(m
41).

onde a primeira igualdade vale pela hipdtese de indugao e a segunda pela associatividade acima
provada. Assim. 1 +m = i+ 1 para todo m EN.
Supondo agora que sc tema +n =n+m para algum nr. vemos que

m+t(nti1) =! (m4+ny4+1 =? (nt+m)4+1 = 14(n4+m)


=' (l+n)+m = (n4+1)4+™m.

onde a igualdade 1 esta na definicao da adigao. a igualdade 2 esta na hipdtese de inducao. 3 ¢ 5


no caso particular «+ 1 = 1+. ja provado e 4 na associatividade vista anteriormente.

Distributividade: Para quaisquer m,n, p € N, tem-se

m:-(n+t+p)=m-n+m-p.

& 28
Pre Ee AO) 0 N00) a re Me OFT uke a

DEMONSTRACAO.
Fixando arbitrariamente m.n € N provaremos. por inducao em p. que a igualdade alegada vale
para todo p € N. Em primeiro lugar. ela é verdadeira se p = 1. pela definicao de multiplicacao.
Supondo-a valida para um certo p, podemos escrever

m-[nt(pt1)) =! om-[(ntp)4+1) =? m-(nt+p)tm


=> (m-ntm-p)t+m =o m-nt(m-ptim)
=> m-n+m(pt+1).
onde a igualdade 1 provém da definicao de adicao. 2 e 5 da definicao de multiplicacao. 3 da
hipotese de indugao e 4 da associatividade da adicao.

Comutatividade de Multiplicagao: Para quaisquer m.n € N, tem-se

m-n=n:m.

Ne
ee,
eee eee ee ee eee
DEMONSTRACAO.
Fixando arbitrariamente m € N. mostraremos. por inducao. que se tem om +n = n+ m para
qualquer n EN.
Para 7 = 1. usarcmos inducao a fim de provar que vale m-1 = 1+m seja qual for m € N. Como
sabemos que m-1 = m. devemos mostrar (por indugao) que 1-m = m. Isto é claro quando
m = 1c. se for verdadeciro para um certo m. teremos 1+ (m+ 1) = 1-m+1 = m+ 1. pela
definicgao de multiplicacao. Em seguida. suponhamos m:n = n-m _e provemos que isto leva a
m-(n+1)=(n+1)-m. Com efeito.

m-(n+1='m-n+m=?n-m+1=3(n +1). 1m.

onde 1 ¢ a definicao de multiplicagao. 2 a hipdtese de inducao e 3 a distributividade.

bei do Corte para a Adigao: Se m.n.pENem+p=n-p, entéo m=n.

DEMONSTRACAO.
Indugao em p. Se m+1 = n+1. entao m = n pois ntiimeros com o mesmo sucessor saO iguais. Se
m—p = n+pimplicar m = nentao. como m+(p+1) = n+(pt1) significa (Gn+p)+1 = (n+p)+1.
temi-se m+ p = n+ p (mesmo sucessor) e dé m = n (hipdétese de indugao).

29 Aw
CAPITULO 2: et — . | NOMEROS NATURAIS

Transitividade da Relagao de Ordem: Dados m,n.p € N. sem <nen< pentao m < p.

ee
DEMONSTRACAO.
As hipoteses in <n en < psignificam que existem q.r € N tais que = im+qepan er. logo
p=m4 (q+r)edaiim < p.

Tricotomia: Dados m.n,p € N, ha trés possibilidades. as quais se excluem mutuamente: 1)


m=n;,2)m<ni3)n<m.
I
DEMONSTRACAO.
Mostremos inicialmente que dois ntmeros naturals 2.7 Sao sempre compardecrs, isto & Om =n
oum < noun < im. (Contraste com a relacao de inclusao 4A C B. entre conjuntos. que é
transitiva mas nao goza da comparabilidade.)
Fixemos entao m € Ne provemos que todo ntumero n € N é@ comparavel com rm. Notemos que
1 é comparavel com todo ntimero natural pois todo ntimero natural 1 4 1 6 sucessor de outro.
logo é da forma n= p-& le assim 1 <n. Portanto. podemos supor m # I.
Seja Xo conjunto dos ntimeros naturals Comparaveis comma. Vamos provar. por mducao. que
X =N. Ja vimos que 1 € V. Mostremos agora que pe V => p+~l ex.
De fato. sendo p& X. teremos mp = port << pou p< m. Se form = pouim < pentao im < pti
logo p-+ le NX. Se. entretanto. p <om entao im = p+r.comré€ N. Caso se tenha r = | entao
r=l]+rem= p+1+.r logo p+1> me dai p-+1 6 comparavel com mm. isto 6. p+ LEX. Se.
entretanto, tiverinos r #1 eutao r= 1+.xrem = p+1+2. donde p+ 1 < me novamente pt |
é comparavel com m. ou seja. p+ 1 EX. Concluimos. por indugao. que .. = N. [sto significa
que. dados m #n € N. tem-se m <n oun <i. Finalmente. nao se pode ter ao mesmo tempo
mo<onen <m pois isto nos darian = im +pem=n4+q. logon =n+pt+q. (Como nao
dispomos do zero. nao podemos cortar n.) Daf n+1=n+pt+qt+le (agora) cortando n. vem
l1=p-+q+1e1 seria sucessor de p+ q. um absurdo.

Monotonicidade: Se m,n € N sao tais quem < n entdo m+p<nt+pem-n<n-p para


qualquer p EN.

DEMONSTRACAO.
mo<on significa n = m+q para algum gq EN. logon +p=m-+p+qedaim+p<ne4 p.
Quanto a multiplicagao. n = m+ q implica n- p= in-ptq-p logo m <n => mp < np.

ms 30
Pe ee eeBoot ne y Vx OS. ech eee a ot
od . :

ALGUMAS hg ee has CORRE a a

pci do Corte para Desigualdades: Se m+ p<n+poum-p<n-pentao m <n.

DEMONSTRAGCAO.
Pela tricotomia. tem-se m= non <moui <n. As duas primeiras alternativas. em virtude da
monotonicidade. sao incompativelis com a hipdtese. logo m <n.

Uin importante fato basico sobre o conjunto N dos ntimeros racionais € que cle hem-ordenado.
sto ©. todo subconjunto nao-vazio A oC N contém win menor clemento. [sto contrasta. por
exemplo. como conjuntoe Q dos mtuneros racionais. De fato. se p/g 6 um mimero racional positivo
entag pig 41) 6 um nimero racional positivo menor do que péq. Logo o conjunto A Cc Q dos
BUMmeros racionals posifivos nao contém umn menor elemento. Assim. Q@ nao é& bem-ordenado.
Antes de provar que WN é bem-ordenado. estabeleceremos um resultado elementar. que fre-
quentemente Usamos las raramente (ou nunca) provamos:

E SeneéEN, nao erste um nimero natural p tal quen<p<nt+l.

eee eee
DEMONSTRACAO.
Se tal p existisse. teriamos p= n+qentle=pterocomare N.
Entao n+ | =n +y4re. cortando nm. virial = g +r. um absurdo.

Adotemos a notacgao J,. onde an © N. para siguificar o conjunto dos ntimeros uaturais p tais
que 1 <p <n. Como nao existem ptameros uaturais entre nem +1. temos J,,.., = [, U{n +1}.
sto cose J, = {1.2.....n} entao f,.) = {1.2..... non Th,
Passcmos agora ao

‘% Principio da Boa-Ordenacao: Todo conjunto nao-vazio A C N contém um elemento


=Animo.

TTT"
DEMONSTRAGAO.
sem perda de generalidade. podemos supor que | ¢@ A pois | é o menor uimero natural: se
pertencesse a A seria o elemento minimo desse conjunto. Consideremos o conjunto X CN.
Bormnade pelos nimeros naturais n tais que J, Cc N — A. on seja. todos os elementos de A sao
maiores do que n. Temos 1 € X pois 1 @ 4. Por outro lado. nao se tem XV = N porque A nao
€vazion sep € A entao p ¢ VN. Pelo Axioma.da Inducgao. concluimos que existe algum n © X
tal que + 1 € NX. [sto significa que todos os elementos de A sao maiores do que nm porém nem
todos sao maiores do que n+ 1. Portanto existe p © A tal que p< n+1. Deve ser p=n+1.

31 A ae
Lei do Corte para Desigualdades: Se m+p<n+poum-p<n-pentaom <n.

aD
DEMONSTRACAO.
Pola tricotomia. tem-se m= non <a oui <n. As duas primeiras alternativas. em virtude da
monotonicidade. sao INcompativeis coma hipdtese. logo mi <n.

Um importante fato basico sobre o conjunto N dos mimeros racionais ¢ que cle bem-ordenado.
isto @ todo subconjunto nao-vazio 4c N contém um menor elemento. [sto contrasta, por
exemplo. como conjunto G dos ntuncros racionais. De fato. se p/g 6 um nimero racional positivo
entao pélqg +1) @ um nimero racional positivo menor do que p/g. Logo o conjunto 4A Cc Q dos
nineros racionais positivos nao contém um menor clemento. Assim. Q nao ¢ bem-ordenado.
Antes de provar que NN é¢ bem-ordenado. estabeleceremos um resultado clementar. que fre-
quentemente iusamos mas raramente (on nunca) provamos:

SenéEN. nao existe um niimero natural p tal queen<p<ntl.

ee
DEMONSTRACAO.
Se tal p existisse. terfamos p= n+ qen+ l= ptr. com qr & HN,
Entaon+]- n+q+re. cortando rn. vina l= yg +r. um absurdo.

Adotemos a notagao J,. onde n € N. para significar o conjunto dos ntimeros naturals p tals
que 1 <p <n. Como nao existem ntineros naturais entre 1 emt 1. temos [,4., = 5,0 {n+ 1},
isto se], = {l.2..... n}entao 7.) = {1.2..... now a Th.
Passemos agora ao

Principio da Boa-Ordenagao: Todo conjunto nao-vazio A Cc N contém um elemento


minimo.

e's
DEMONSTRAGAO.
Sem perda de generalidade. podemos supor que 1 € A pois 1 @ 6 menor nimero natural: se
pertencesse a A seria o elemento minimo desse conjunto. Consideremos o conjunto X CN.
formado pelos ntimeros naturais 2 tais que J, C N -- A. on seja. todos os elementos de A sao
maiores do que nv. Temos 1 € NX pois | # A. Por outro lado. nao se tem XY = N porque A nao
6 vazio: sec p © A entao p €é NX. Pelo Axioma da Inducgao. conclufmos que existe algum n © X
tal que n - 1 €@ NX. Isto significa que todos os clementos de A sao maiores do que n porém nem
todos sao maiores do que n + 1. Portanto existe p € A tal que p< n4 1. Deve ser p= n+ 1.

3] AD
ReeryAE TPL
a Aro a ORTEEE
Lae SS RTE NL Ce TORSES, 2 : . — a

pois se fosse p< n+ 1 teriamos n << p<n+1.um absurdo. Assim. o ntimero natural p= n+ 1
pertence a A. Mais ainda: p é o menor clemento de A. De fato. se existisse ¢g € A com gq < p.
terfamos outra vez o absurdo n <gq<n +1.

aA 32
»
“CAPITULO 2. |

Exercicios
2.1. Dado o nimero natural a, seja Y C N um conjunto com as seguintes propriedades: (1)
aceéY;(2)neY >n+1€Y. Prove que Y contém todos os nimeros naturais maiores do
que ou iguais a a. (Sugestao: considere o conjunto X = I, UY, onde J, é 0 conjunto dos
numeros naturais < a, e prove, por inducao, que X = N.)

2.2. Use o exercicio anterior para provar que 2n + 1 < 2” para todo n 2 2 e, em seguida, que
n? < 2” para todo n 2 5.

2.3. Prove. por inducao, que


nm+1\7
( ) <n
n
para todo n 2 3 e conclua dai que a sequéncia

é decrescente a partir do terceiro termo.

2.4. Prove, por inducao, que


2 n(n+1)(2n-+ 1)
14274 3°+---4+n G

2.5. Critique a seguinte argumentacao: Quer-se provar que todo numero natural é pequeno.
Evidentemente, 1 6 um numero pequeno. Além disso, se n for pequeno, n + 1 também o
sera, pois nao se torna grande um nimero pequeno simplesmente somando-lhe uma unidade.
Logo, por inducao. todo nimero natural é pequeno.

2.6. Use a distributividade para calcular (m+n)(1+1) de duas maneiras diferentes e em seguida
use a lei do corte para concluir quem +n=n4+m.

2.7. Seja X C N um conjunto nao-vazio, com a seguinte propriedade: para qualquer n € N,


se todos os ntiimeros naturais menores do que n pertencem a X entao n € X. Prove que
X =N. (Sugestao: boa ordenagao.)

2.8. Seja P(n) uma propriedade relativa ao nimero natural n. Suponha que P(1), P(2) sao
verdadeiras e que, para qualquer n € N, a verdade de P(n) e P(n + 1) implica a verdade
de P(n + 2). Prove que P(n) é verdadeira para todo n € N.

2.9. Use inducao para provar que

| 1
4224 384:---¢n%= ru +1)?

33 ie
34
NUMEROS CARDINAIS
cee ree Sto
ek OF UL ITY ct

A importancia dos nimcros naturais provém do fato de que cles constituem o modelo mate-
matico que torna possivel o processo de contagem. Noutras palavras. eles respondem a perguntas
do tipo: “Quantos elementos tem este conjunto”?
Para contar os clementos de um conjunto ¢ necessario usar a nogao de correspondencia biu-
nivoca. ou bijecao. Trata-se de um caso particular do conceito de fungao. que abordaremos de
forma breve agora e com mais vagar posteriormente.

3.1 Funcoes
Dados os conjuntos X.Y. uma funcao f: NV > Y (lée-se “wma funcao de Vo cm } ) 6& uma
reera (ou coujunto de instrucoes) que diz como associar a cada elemento we € NY um clemento
y = f(r) € ¥ (leia-se “y igual a f de wa’). O conjunto Y chama-se o dominio ¢ Y ¢ 0 contra-
domino da funcao f. Para cada x € X. 0 elemento f(r) € ¥Y chama-se a tmagem dew pela
funcao f. ou o valor assunido pela funcao f no ponto 1 € NX. Escreve-se 3 f(.c) para indicar
que f transsorma (ou leva) «em f(r).
Exemplos particularmente simples de funcoes sao a funcao identidade f . X — XX. definida
por f(r) =. para todo .r € XN eas funcoes constantes fi: X 3 Y. onde se toma wn clemento
cé€ ¥Y ese poe fir) = para todo x € X.
E importante ressaltar que f(r) @ a imagem do elemento « € Y pela funcao f. ou o valor
da funcao f no ponto .r € X. Os livros antigos. bem como alguns atuais. principalmente os de
Calculo. costumaim dizer “a funcao f(a) quando deveriam dizer “a funcao f’. Algumas vezes
essa linguagem inexata torna a comunicacao mais rapida e fica dificil resistir a teutacao de usa-la.
Mas é indispensavel a cada momento ter a nogao precisa do que se esta fazendo.
Na pratica. ha alguimas funcoes com as quais ¢ simples ¢ natural lidar usando a terminologia
correta. Por exemplo. é facil acostumar-se a escrever as fungdes sen: R > Re log: RX > R.
euardando as notacgoes sen 2 ¢ log. para os ntuneros reais que sao os valores destas fgoes mum
dado ponto 7. Por outro lado. quando se trata de una funcao polinomial. 0 bom-senso nos leva
a dizer
. ~ 9 ~ as
“a funcao wa — Dr + 6

ein vez da forma mais correta e mais pedante “a funcao p: R > R tal que
)
pir) = ar — Dr + 6

para todo .r € RR’ Caso analogo se dé com a fincao exponencial ©". aL


embora recentemente
sc tenha tornado cada vez mais frequente escrever exp(.r) = e" e assim poder falar da funcao
exp: RR.

ae &. 36
RT ee Ree ner Per LT eT heres Ce Rwy SBE Teena Te aE e _
ea as UE Cet PR SA RR age ct a a Eds ie aes alia

Deve-se ainda observar que uma funcao consta de tres ingredientes: dominio. contra-dominio
ea lei de correspondéncia vt} f(r). Mesmo quando dizemos simplesmente “a funcao f°. ficam
subentendidos seu dominio .. e seu contra-dominio }. Sem que eles sejam especificados, nao
existe a funcao. Assim sendo. uma pergunta do tipo “Qual ¢ 0 dominio da fungao f(r) = 1/ar?”.
estritamente falandos nao faz sentido. A pergunta correta seria: “Qual ¢ 0 maior subconjunto
Ao 3 tal que a formula f(r) = 1/2 define uma funcao f : Y — R?” Novamente. a pergunta
iIncorreta @ mais simples de formular. Se for feita assim. ¢ preciso saber seu significado.
Segue-se do que foi dito acima que as funcdes f : XY > Y eg : X’ > Y" sao iguais se. e
somente se. VY = LY’. Y = Y’ ec f(r) = g(7) para todo .r EX.

EXEMPLO 3.1.
1. Sejam X o conjunto dos triangulos do plano II ec R o conjunto dos niimeros reais (que
abordaremos logo mais). Se, a cada ¢t € X. fizermos correspondcr o ntimero real f(t) = area do
tnangulo ¢, obteremos uma fungao f : X > R.
2. Sejam S o conjunto dos segmentos de reta do plano II e A o conjunto das retas desse mesmo
plano. A regra que associa a cada segmento AB € S sua mediatriz g(AB) define uma funcao
g: SA.
3. A correspondéncia que associa a cada nimero natural n secu sucessor n + 1 define uma funcao
s:N—>N, com s(n) =n+1.
Uma funcao f : X — Y chama-se injetiva quando clementos diferentes em X sao transfor-
mados por f em elementos diferentes em Y. Ou seja. f é injetiva quando

rAxrem X => f(x) ¥ f(a’).

Esta condicao pode também ser expressa em sua forma contrapositiva:

Nos trés exemplos dados acima. apenas o terceiro é de uma funcao injetiva. (Dois triangulos
diferentes podem ter a mesma arca ¢ dois segmentos distintos podem ter a mesma mediatriz mas
numeros naturais diferentes tém sucessores diferentes.)
Diz-se que uma funcao f : X - Y ¢ sobrejetiva quando. para qualquer eclemento y € Y,
pode-se encontrar (pelo menos) um clemento .r € X tal que f(r) = y.
Nos trés exemplos dados acima. apenas o segundo apresenta uma funcao sobrejetiva. (Toda
reta do plano é mediatriz de algum segimento mas apenas os nimeros reais positivos podem ser
arcas de triangulos ec o nimero 1 nao é sucessor de ntimero natural algui.)
Mais geralmente. chama-se imagem do subconjunto A C X pela funcao f : X — Y ao
subconjunto f(.4) C Y formado pelos elementos f(r). com xr € A. A funcao f : X > Y 6

37 Aw
Pee ti be
OF Visi

sobrejetiva quando f(.N) = ¥. O conjunto f(.N). imagem do dominio NV pela funcao f chama-sec
tambem aianagem fou conjunto dos valores) da funcao f.
Nos exemplos 1). 2) ¢ 3) a imagem da funcao f é 0 conjunto dos ntineros reais positivos. a
nage de g é& todo o conjunto A ca imagem de s é 0 Conjunto dos ndameros naturals = 2.
Dada a funcao f : \ 4 Y. para saber se um certo elemento b € Y pertence ou nao a imagem
fUN). escrevemos a “equacao” f(a) = 6 © procuramos achar algun aw E& NX que a satisfaca.
C’onsequentemente. para mostrar que f é sobrejetiva deve-se provar que a equacao fi.) = y
possul uma solucao . & NV. seja qual for o y € ¥ dado.
Em muitos exemplos de funcoes ff: NV -> Y. principalmente na Matematica Elementar. .Y e
yo sao conjuntos numeéricos e a regra we fire) oxprime vo valor ft} por meio de uma formula
que envolve .c. Mas em geral nao precisa ser assun. A natureza da regra que eusina como obter
f(r) quando 6 dado wv é inteirainente arbitraria. sendo sujeita apenas a duas condigoes:
a) Nao deve haver excecoes: a fim de que a fungao f tenha o conjunto XY como dominio. a
regra deve fornecer f(r). seja qual for aw EX dado.
b) Nao pode haver ambiguidades: a cada vw € NV. a regra deve fazer corresponder um tin7co
f(r) em ¥. Os exemplos a seguir ilustram essas exigencias.

EXEMPLO 3.2.
4. Considere a tentativa de definir uma funcao f : N > N. estipulando que, para todo n € N. o
numero natural p = f(n) deve ser tal que p? +3 = n. O nimero p = f(n) s6 pode ser encontrado
se n for igual a 4. 7. 12. 19, ... pois nem todos os nimeros naturais sao da forma p? + 3. Assim.
esta regra nao define uma funcao com dominio N, porque tem excegoes.
5. Indiquemos com X o conjunto dos niimeros reais positivos e com Y o conjunto dos triangulos
do plano. Para cada x € X,. ponhamos f(a) = t caso t seja um triangulo cuja area ¢ x. Esta
regra nao define uma funcao f : X — Y porque é ambigua: dado o nimero zx > 0. existe uma
infinidade de triangulos diferentes com area r.

3.2 A Nocao de Namero Cardinal


Lina funcao f : AN — Y chama-se uma byecae. ou uma correspondéncut biunicoca entre Xe
Y quando € ao mesmo tempo injetiva e sobrejetiva.

EXEMPLO 3.3. .
6. Sejam X = {1.2.3.4.5} e Y = {2.4,6,8.10}. Definindo f : X — Y pela regra f(n) = 2n,
temos uma correspondéncia biunivoca. onde f(1) = 2, f(2) = 4. f(3) = 6, f(4) =8e f(5) = 10.

ae &. 38
“CAPITULO 3°

7. Um exemplo particularmente curioso de correspondéncia biunivoca foi descoberto pelo fisico


Galileu Galilei, que viveu ha quatrocentos anos. Seja P o conjunto dos nimeros naturais pares:

P = {2.4.6.....2n....}.

Obtém-se uma correspondéncia biunivoca f : N > P pondo-se f(n) = 2n para todo n € N. O


fmteressante deste exemplo é que P é um subconjunto préprio de N.
B®. Sejam Y a base de um triangulo e X um segmento paralelo a Y. unindo os outros dois
fiados desse triangulo. Seja ainda P o vértice oposto a base Y. Obtém-se uma correspondéneia
iunivoca f :X — Y associando a cada « € X o ponto f(r) onde a semi-reta Pr intersecta a

y f(x)

Figura 3.1

®. Neste cxemplo, X = C — {P} é 0 conjunto obtido retirando da circunferéncia C 0 ponto P e


Y é uma reta perpendicular ao dia€metro que passa por P.

Figura 3.2

39 A fe
CAPTULeS: § ee ea tee ee ee AcE RRR CRN ee ALS ban ort TON PT

Definiremos uma correspondéncia biunivoca f : X — Y pondo. para cada r € XX. f(r) =


intersecao da semi-reta Px com reta Y.
Diz-se que dois conjuntos X e Y tem o mesmo ntimero cardinal quando se pode definir uma
correspondéncia biunivoca f :.X — Y

Cada wm dos quatro exemplos acima exibe um par de conjuntos .Y.}> com o mesmo ntinero
cardinal.

EXEMPLO 3.4.
Sejam X = {1}e Y = {1.2}. Evidentemente nao pode existir uma correspondéncia biunivoca
f:X > Y. portanto X e Y nao tém o mesmo numero cardinal.

A palavra “nimero” no dicionario


As vezes se diz que os conjuntos X e Y sao (numericamente) equivalentes quando ¢ possivel
estabelecer uma correspondéncia biunivoca f : 4 — ¥. ou seja. quando XV e }° tém o mesmo
ntunero cardinal.
Isto explica (embora nao justifique) a definicao dada no dicionaério mais vendido do pais. Em
algumas situacoes. ocorrem em Alatematica definicoes do tipo seguinte: wm vetor ¢ o conjunto
de todos os segmentos de reta do plano que sao equipolentes a um segmento dado. (Definigao
“por abstragao’.) Nessa mesma veia. poder-se-ia tentar dizer: “niimero cardinal de um conjunto
é 0 conjunto cle todos os conjuntos equivalentes a esse conjunto. No caso do dicionario. ha um
conjunto de defeitos naquela definicao. com wm utimero cardinal razoavelmente elevado. Os trés
llals graves sao:
1. Um diciondrio nao é um compéndio de Matematica. e muito menos de Légica. Deve
couter explicacoes acessiveis ao leigo (de preferéncia. corretas). As primeiras acepcoes da palavra
“utuamero” mum dicionario deveriam ser “quantidade” e “resultado de uma contagem ou de uma
medida.
2. A definicao em causa sé se aplica a nameros cardinais. mas a ideia de niimero deveria
abranger os racionais e. pelo menos. Os reals.
3. O vconjunto de todos os conjuntos equivalentes a um conjunto dado” ¢ um conceito ma-
tematicamente incorreto. A nocgao de conjunto nao pode ser usada indiscriminadamente. sem
submeter-se a regras determinadas. sob pena de conduzir a paradoxos. ou contradigoes. Uma
dessas regras proibe que se forme conjuntos a nao ser que seus elementos pertencam a. ou sc-
jam subconjuntos de. wn determinado conjunto-universo. Ui exemplo de paradoxo que resulta

ae A
Oe a kG cae tie. 5 a CAPITULO 3--

da desatencao a essa regra 6 "0 Conjunto .Y de todos os conjuntos que nao sao clementos de si
mesmos. Pergunta-se: .Y 6 ou nao é um elemento de si mesmo? Qualquer que seja a resposta.
Chega-se a wna contradicao.

3.3 Conjuntos Finitos


Dado n € N. indiquemos com a notacao J, 0 conjunto dos nimeros naturais de 1 até n.
Assim. J) = {1}. do = {1.2}. 73 = {1.2.3} e. mais geralmente. wm niimero natural 4 pertence a
[. se. ec somente se. 1 < A <n.
Seja Num conjunto. Diz-se que .Y ¢ finito. e que NX tern no elementos quando se pode es-
tabelecer una correspondéncia biunivoca f : 7, 3 X. O ntimero natural nv chama-se entao o
numero cardinal do conjunto X ou. simplesinente. o ntimero cde elementos de XV. A correspon-
dencia fo: J, — NX chama-se uma contagem dos clementos de XY. Pondo f(1) = 2). f(2) =
Dow... f(n) =.r,,. podemos escrever Yo = {arp..ry...... r,}. Para todo n. 0 conjunto J, ¢ finito e
seu ntumero cardinal é 7. Assim. todo nimero natural n é o ntmero cardinal de algum conjunto
hnito.
A fim de evitar excecoes. admite-se ainda incluir 0 conjunto vazlo @ centre os conjuntos finitos
e (liz-se que @ tem zero elementos. Assim. por definicao. zero ¢ o niimero cardinal do conjunto
VaZ10.
Diz-se que um conjunto .Y é infinito quando ele nao ¢ finito. Isto quer dizer que X nao é
vazio e que. nao importa qual seja n € N . nao existe correspondéncia biunivoca f : I, 4 X.
No Exemplo 6 acima. temos X = /, ec f : XN — ¥ é€ uma contagem dos elementos de
y. Assim. ¥ ¢ um conjunto finito. com 5 elementos. O conjunto N dos nimeros naturais é
mhnito. Com efeito. dada qualquer funcao f : J, — N . nao importa qual n se fixou. pomos
k= f(1)4+ f(2)+---+f(n) e vemos que. para todo. € J,. tem-se f(r) < A. logo nao existe xr € J,
tal que f(r) = &. Assim. € impossivel cumprir a condicao b) da definigao de correspondéncia
binnivoca.
QO ntunero cardinal de um conjunto finito X. que indicaremos com a notagao nLY). goza de
aleyumas propriedades basicas. entre as quais destacaremos as seguiites:

1. O ntimero de elementos de um conjunto finito € 0 mesmo, seja qual for a contagem que
se adote. Isto significa que se f : I, ~ X eg: 1, — X sao correspondéncias biunivocas entao
m=n.
2. Todo subconjunto Y de um conjunto finito X € finitoen(Y) < n(X). Tem-sen(Y) = n(X)
somente quando Y = X.
3. Se X eY sao finitos entao X UY € finito e tem-sen(X UY) = n(X)4+n(Y)—n(XNY) .

A] A, fae
SeMeEMCRa tice?) fOh 0 tot. 6 ae Oe TERS 9-8ek

4. Sejam X, Y conjuntos finitos. Se n(X) > n(Y), nenhuma funcao f : X + Y é injetiva e


nenhuma funcao g: Y — X € sobrejetiva.

As demonstracoes destes fatos se fazem por indugao ou por boa-ordenacao. (Veja. por exem-
plo. Curso de Analise. vol. 1. pags. 42-45.) A primeira parte do item 4. acima é conhecida como
oO principio das casas de pombos: se ha mais pombos do que casas num pombal. qualquer modo
de alojar os pombos devera colocar pelo menos dois deles na mesma casa. As vezes. 0 mcsl0
fato @ chamado o principio das qavetas: sem > n. qualquer maneira de distribuir nv objetos em
n vavetas devera por ao menos dois desses objetos na mesma gaveta.
QO principio das casas de pombos. com toda sua simplicidade. possui interessantes aplicacdes.
Vejamos duas delas.

EXEMPLO 3.5.
Tomemos um ntimero natural de 1 a9. Para fixar as ideias. seja 3 esse numero. Vamos provar
que todo niimero natural m possui um mtultiplo cuja representacao decimal contémn apenas os
algarismos 3 ou 0. Para isso. consideremos o conjunto X = {3.33.....33...3}. cujos elementos
sao OS ™ primeciros nimeros naturais representados somente por algarismos iguais a 3. Se algum
dos elementos de X for multiplo de m, nosso trabalho acabou. Caso contrario, formamos o
conjunto Y = {1.2..... m — 1} ec definimos a funcao f : X — Y pondo. para cada r € X,

f(x) = resto da divisao de x por m.

Como X tem mais clementos do que Y, o principio das casas de pombos assegura que existem
elementos iv, < x2 no conjunto X tais que f(z,;) = f(xr2). Isto significa que x; e rg . quando
divididos por m. deixam o mesmo resto. Logo ry — x; & miltiplo de m. Mas é claro que se x
tem p algarismos e 22 tem p+ q algarismos entao a representacao decimal de x2 — 7; consiste em
q algarismos iguais a 3 seguidos de p algarismos iguais a 0.

EXEMPLO 3.6.
Vamos usar 0 principio das gavetas para provar que, numa reuniao com n pessoas (n > 2), ha
sempre duas pessoas (pelo menos) que tém o mesmo ntimero de amigos naqucle grupo. Para ver
isto, imaginemos n caixas, numeradas com 0,1,...,.n—1. A cada uma das n pessoas entregamos
um cartao que pedimos para depositar na caixa correspondente ao numero de amigos que ela tem
naqucle grupo. As caixas de nimeros 0 e n — 1 nao podem ambas receber cartoes pois se houver
alguém que nao tem amigos ali, nenhum dos presentes pode ser amigo de todos, e vice-versa.
Portanto temos, na realidade. n cartes para serem depositados em n — 1 caixas. Pelo principio

aS 42
er ROE RL Ghee lid htc a aCeec oe Mr OFT
4s Uble eos a

das gavetas, pelo menos uma das caixas vai receber dois ou mais cartoes. Isto significa que duas
ou mais pessoas ali tém o mesmo numero de amigos entre os presentes.

3.4 Sobre Conjuntos Infinitos


Para encerrar estas consideracoes a respeito de ntimeros cardinais. faremos alguns comentarios
sobre conjuntos infinitos.
Em primeiro lugar. convém esclarecer que a maior contribuicgao de Cantor nesta area nao
for a adocao da linguagem ec da notacao dos conjuntos ¢ sim suas descobertas sobre os ntimeros
cardinais de conjuntos infinitos. Ele fol o primeiro a descobrir que existem conjuntos infinitos com
diferentes cardinalidades ao provar que nao pode haver uma correspondéncia biunivoca entre N eo
conjunto R dos ntineros reais e que nenhum conjunto X pode estar em correspondencia biunivoca
com o conjunto P(.Y) cujos elementos sao os subconjuntos de VY. Além disso. ele mostrou que a
reta. o plano e o espaco tri-dimensional (ou mesmo espacos com dimensao superior a trés) tém
Oo mesmo ntimero cardinal. Estes fatos. que atualmente sao considerados corriqueiros entre os
matematicos. causaram forte impacto na época (meados do século dezenove).
A segunda observacao diz respeito a funcoes fo: XY -— NX de um conjunto ent si mesmo.
Quando X é finito. f é injetiva se. e somente se. 6 sobrejetiva. (Vide referencia anterior.) Alas
isto nao é verdadeiro para AX infinito. Por exemplo. se definirmos a fungao f : N -> N pondo.
para cada n © N. f(r) niimero de fatores primos distintos que ocorrem na decomposicao de
n. veremos que f ¢ sobrejetiva mas nao ¢ injetiva. (Para cada b € N existe uma infinidade de
niimeros n tais que f(n) = b.) Além disso. as funcodes f: N->N.g:N->N A: NONE
~: NON. definidas por
fin) =n.
gin) = n+ 30.
h(n) = 2n.
e(n) = 3n
sao injetivas mas nao sao sobrejetivas. Estas quatro funcoes sao protagonistas da seguinte histo-
rinha que fecha o Capitulo 3.

Fantasia Matematica

© Grande Hotel Georg Cantor tinha uma infinidade de quartos. numerados consecutivamente.
umn para cada niimero natural. Todos cram igualmente confortaveis. Num fim-de-semana prolon-

43 ee
. NUMEROS CARDINAIS

gado. o hotel estava com seus quartos todos ocupados. quando chega wn viajaute. A recepcionista
vai logo dizendo:
Sinto muito. nas nao ha vagas.
Ouvindo isto. o gerente interveio:
Podemos abrigar 0 cavalheiro. sim senhora.
E ordena:
Transfira o héspede do quarto | para o quarto 2. passe o do quarto 2 para vo quarto 3 ¢ assim
em diante. Quem estiver no quarto n. mude para o quarto n + 1. Isto mantera todos alojados e
deixara disponivel o quarto 1 para o recém-chegaclo.
Logo depois chegou wm onibus com 30 passageiros. todos querendo hospedagem. A recep-
cionista. tendo aprendido a licao. removeu o héspede de cada quarto n para o quarto n + 30 e
acolheu assim todos os passageiros do Onibus. Mas ficou sem saber o que fazer quando. horas
depois. chegou um trem com) uma infinidade de passagciros. Desesperada. apelou para o gerente
que prontamente resolveu o problema dizendo: - Passe cada héspede do quarto n para o quarto
2n. Isto deixara vagos todos os apartamentos de namero impar. nos quais poremos OS HOVOS
hospedes.
Pensando melhor: mude quem esta no quarto 7 para o quarto 3n. Os novos héspedes. ponha-os
nos quartos de niunero 3n + 2. Deixaremos vagos os quartos de nimero 37 + 1. Assim. sobrarao
ainda infinitos quartos vazios e eu poderei ter sosscgo por algum tempo.
Nao se deve confundir conjunto infinito com aquele que tem um nitunero muito grande (porém
finito) de elementos. Quando. na linguagem comum. se diz algo como ~ - Ja ouvi isto uma
infinidade de vezes’. trata-se de uma mera forcga de expressao. Nao ha distancias infinitas (mesmo
entre duas galaxias bem afastadas) e até o niimero de Atomos do universo é finite. (O fisico
Arthur Eddington estimou o ntunero de prétons do universo em 136 x 2?°°. O ntimero de atomos
é certamente menor pois todo Atomo contém ao menos um préton.) E importante ter sempre em
mente que nenhum nitunero natural n é maior do que todos os demais: tem-se sempre n <n + 1.
CAPTfTULO 3

Exercicios

3.1. Seja f : X + Y uma funcao. A imagem inversa por f de um conjunto B C Y é€ 0 conjunto


e .

f-'(B) = {x € X: f(x) € B}. Prove que se tem sempre f~*(f(A)) D A para todo A Cc X
e f(f~'(B)) Cc B para todo B Cc Y. Prove também que f é injctiva se. e somente se,
f-!(f(A)) = A para todo A C X. Analogamente, mostre que f é sobrejetiva se. c somente
se. f(f-'!(B)) = B paratodo BCY .

3.2. Prove que a funcao f : X > Y é injetiva se. e somente se. existe uma funcao g: Y 7 X
tal que g(f(z)) = 27 para todo r € X.

3.3. Prove que a funcao f : X > Y é sobrejetiva se. e somente se, existe uma fungaoh: Y — X
tal que f(h(y)) = y para todo yE Y.

Dada a funcao f : X — Y, suponha que g.h : Y + X sao fungoes tais que g(f(x)) = x
para todo x € X e f(h(y)) = y para todo y € Y. Prove que g = h.

3.5. Defina uma funcao sobrejetiva f : N > N tal que. para todo n € N, a equacao f(r) =n
possui uma infinidade de raizes x € N. (Sugestao: todo nimero natural se escreve, de modo
tinico sob a forma 2° - b, onde a.b € N e b é impar.)

3.6. Prove, por inducao, que sc X é um conjunto finito com n elementos entao existem n! bijecoes
f:X 3X.

3.7. Ache o erro da seguinte demonstragao por indugao:


Teorema: Todas as pessoas tém a mesma idade.

Prova: Provaremos por inducéo que se X é um conjunto de n (n = 1) pessoas, entao todos


os elementos de X tém a mesma idade. Se n = 1 a afirmacao é evidentemente verdadeira
pois se X é um conjunto formado por uma tnica pessoa, todos os elementos de X tém a
mesma idade.

Suponhamos agora que a afirmacao seja verdadeira para todos os conjuntos de n elementos.
Consideremos um conjunto com n + 1 pessoas, {a).a2.....@n.@n41} - Ora, {a1,d2,...,an}
é um conjunto de n pessoas, logo a,,a2,...,@n tém a mesma idade. Mas {ag,...,@n,@n41}
também ¢ um conjunto de n elementos, logo todos os seus elementos, em particular a, e
Qn+1, tem a mesma idade. Mas se a).a2,....a, tém a mesma idade de a, € an41, todos os
elementos de {a;,@2....,@n,@n41} tém a mesma idade, conforme querfamos demonstrar.

3.8. Prove, por inducao, que um conjunto com n elementos possui 2” subconjuntos.

49 £a 5
Cem eee LAL Se. MPU ESI ES

3.9. Dados n (n 2 2) objetos de pesos distintos, prove que é possivel determinar qual o mais
leve e qual o mais pesado fazendo 2n — 3 pesagens em uma balanca de dois pratos. E esse
o numero minimo de pesagens que permite determinar 0 mais leve e 0 mais pesado?

3.10. Prove que, dado um conjunto com n elementos, é possivel fazer uma fila com seus subcon-
juntos de tal modo que cada subconjunto da fila pode ser obtido a partir do anterior pelo
acr¢éscimo ou pela supressao de um tnico elemento.

3.11. Todos os quartos do Hotel Georg Cantor estao ocupados, quando chegaim os trens
T\,72...-.T,,... (em quantidade infinita), cada um deles com infinitos passagciros. Que
deve fazer o gerente para hospedar todos?

ka 46
NUMEROS REAIS
* CAPITULG: 4 re oe ae ; ne - NUMEROS REAIS

Nos dois capitulos anteriores. foram introduzidos os nimeros naturais e foi mostrado como
eles sao empregados na operacao de contagem. Veremos agora de que modo o processo de medi-
cao das grandezas ditas continuas conduz a nocao de nimero real. Usaremos como protoétipo a
determinacao do comprimento de um segmento de reta. Este exemplo de medigao é tao signifi-
cativo que o conjunto dos numeros reais é também conhecido como a reta real ou. simplesmente,
a reta.

4.1 Segmentos Comensuraéveis e Incomensuraéveis


Seja AB um segmento de reta. Para medi-lo. é necessaério fixar um segmento-padrao u.
chamado segmento unitdrio. Por definigao, a medida do segmento u ¢ igual a 1. Estipularemos
ainda que segmentos congruentes tenham a mesma medida e que se n — 1 pontos interiores
decompuserem AB em n segmentos justapostos entao a medida de AB sera igual a soma das
medidas desses n segmentos. Se estes segmentos parciais forem todos congruentes a u. diremos
que uw cabe n vezes em AB ca medida de AB (que representaremos por AB) sera igual an.
Pode ocorrer que o segmento unitaério nao caiba um nimero exato de vezes em AB. Entao a
wedida de AB nao serd um ntimero natural. Esta situacao conduz a ideia de fracao. conforme
mostraremos agora.
Procuramios um pequeno segmento de reta w. que caiba n vezes no segmento unitario u e
m vezes em AB. Este segmento uw sera entao una medida comum de ue AB. Encontrado w.
diremos que AB e u sao comensurdveis. A medida de w sera a fragao 1/n e a medida de AB.
por conseguinte, sera m vezes 1/n . ou seja. igual a m/n.
Relutantes em admitir como nimero qualquer objeto que nao pertencesse ao conjunto
{2.3.4.5,...}. os matematicos gregos 4 época de Euclides nao olhavam para a fragao m/n como
um ntimero e sim como uma. razao entre dois niuncros. igual 4 razao entre os segmentos AB e u.
Na realidade. nao é muito importante que eles chamassem m/n de ntimero ou nao. desde que
soubessem. como sabiam. raciocinar com esses simbolos. (Muito pior eram os egipcios que, com
excecao de 2/3. s6 admitiam fragdes de numerador 1. Todas as demais. tinham que ser expressas
como somas de fracdes de numerador 1 e denominadores diferentes. Por exemplo. 7/10 no Egito.
era escrito como 1/3 + 1/5 + 1/6.)
© problema mais sério é que por muito tempo se pensava que dois segmentos quaisquer
cram sempre comensuraveis: sejam quais fossem AB ec C'D. aceitava-se tacitamente que ha-
veria sempre un segmento EF que caberia um nimero exato n de vezes em AB e um nt-
mero exato m de vezes em CD. Esta crenca talvez adviesse da Aritmética. onde dois nimeros
naturais quaisquer tém sempre um divisor comum (na pior hipdtese. igual a 1).
A ilusao da comensurabilidade durou até o quarto século antes de Cristo. Naquela época,

MR 4 48
SEGMENTOS COMENSURAVEIS
E INCOMENSURAVEIS == «ee CAPITULO 4-

em Crotona. sul da Italia. havia uma seita filos6fico-religiosa. liderada por Pitagoras. Um dos
poutos fundamentais de sua doutrina cra o lema “Os nimeros governam o mundo . (Lembremos
que nvtuneros para eles cram nutimeros naturais. adimitindo-se tomar razocs entre esses niimeros.
formando as fracdes.) Uma enorme crise. que abalou os alicerces do pitagorisino e. por algum
tempo. toda a estrutura da Matematica grega. surgiu quando. entre os préprios discipulos de
Pitagoras. alguém observou que o lado ec a diagonal de um quadrado sao segmentos de reta
MCOMeNSULAVCIS.
© argumento é muito simples e bein conhecido.

D C

Figura 4.1

Se houvesse um segmento de reta u que coubesse n vezes no lado AB ¢ m vezes na diagonal


AC do quadrado ABC'D entao. tomando AB como unidade de comprimento. a medida de AC'
seria igual am /n enquanto. naturalinente. a medida de AB seria 1. Pelo Teorema de Pitagoras
teriamos (m/n)? = 1° + 1° donde m?/n? = 2 e m? = 2n?. Mas esta Ultima igualdade é absurda.
pois na decomposicao de m? em fatores primos o expoente do fator 2 ¢ par enquanto em 2n* é
Imipar.
A existéncia de segmentos incomensuraveis significa que os nimeros naturals mais as fragoes
sao insuficientes para medir todos os segmentos de reta.
A solucao que se impunha. e que foi finalmente adotada. era a de ampliar o conceito de
numero. introduzindo os chamados nimeros irracionais. de tal modo que. fixando uma unidade de
comprimento arbitraria. qualquer segmento de reta pudesse ter uma medida numérica. Quando
oO segmento considerado ¢ comensuravel com a unidade escolhida. sua medida ¢ um mimcro
racional (inteiro ou fracionario). Os ntimeros irracionais represcntam medidas de segimentos que
sao incomensuraveis com a unidade.
No exemplo acima. quando o lado do quadrado mede 1. a medida da diagonal é o ntimero
irracional V2. (O fato de que esta conclusao nao depende do tamanho do quadrado que se

49 AB
OPN GUN Toc cae (epee raters: ncn cree ae ee RE COREE T5211
Ye BS 227.4

considera. deve-se a que dois quadrados quaisquer sao figuras semelhantes.)


Nos meios de comunicacao e entre pessoas com limitado conhecimento matematico. a palavra
incomensurdvel @ muitas vezes usada em frases do tipo: havia um ntinero incomensuravel de
formigas em nosso piquenique. Isto nao é correto. Incomensurabilidade 6 uma relacao entre duas
vrandezas da mesma espécie: nao da ideia de quantidade muito grande. Uma palavra adequada
no caso das formigas seria incontdvel ou enorme. Noutros casos. como um campo gigantesco.
poderia ser umensurdvel ou wimenso. Mas nada é incomensuravel. a nao ser quando comparado
cour outro objeto (grandeza) da mesma espécie.

4.2 A Reta Real


A fim de ganhar uma. ideia mais vidvel dos novos nttmeros. que denominamos irraciouais c.
Cin particular. situa-los em relacao aos racionais. imaginamos wa reta. na qual foram hxados
wm ponto O. chamado a origem. e um ponto A, diferente de O. Tomaremos vo seginento Ov
como unidade de comprimento. A reta OA sera chamada a reta real. ou 0 erro real.
A origem QO divide a reta cm duas semi-retas. A que contém 4. chamna-se a semi-reta posztiva.
A outra é a semi-reta negativa. Diremos que os pontos da semi-reta positiva estao a direita de
() ¢ os da semi-reta negativa a esquerda de O.
Seja XY um ponto qualquer da reta OA. Se o seginento de reta O.4 couber um ntimero exato
n de vezes em OX. diremos que a abcissa de XY é 0 ntimero natural n ou o ntinero negativo —2.
conforme X estcja a direita ou a esquerda da origem. Se .¥ coincidir com a origem. sua abcissa
sera 0) (zero).
Q conjunto Z. formado pelo ntinero zero e pelas abcissas dos pontos X do cixo real. tais que
Q segmento unitario cabe um nimero exato de vezes em OX. chama-se 0 conjunto dos mumeros
inteiros. Ele é a reunido Z = NU {0} U(—N). dos ntimeros naturais com 0 zero e o conjunto —N
dos naimeros negativos.

{ | | | | | | ; {
Ty | ] } im - -

-2 —1 0 1 2 5 38

aro
Figura 4.2.

Mais geralmente. se o ponto X. pertencente ao eixo real. é tal que o segmento O.X é comen-

ma 4 50
foe 2, Ue of oy. ¢ ORR a ECR eRCR RAL CAPITULO 4 -

suravel com o segmento unitario OA. de modo que algun scemento uw caiba 1 vezes em OA em
vezes ein OLX, diremos que a abcissa do ponto X 6 m/n ou —m/n. conforme X esteja a direita ou
a esquerda da origem. Isto inclui. naturalmente. o caso em que o segmento O.4 cabe um nimero
exato de vezes em Q.Y. quando se tem n = 1 ea abcissa de X pertence a Z.
QO conjunto Q. formado pelas abcissas dos pontos X do cixo real tais que o segmento OX ¢
comensuravel com o segmento unitario OA. chama-se o conjunto dos niéimeros ractonais. Tem-se
N-=2CQ. Como vimos acima. os nimeros racionais sao representados por fracoes m/n, onde
miZeoneéNn.
Se. agora. tomarmos um ponto X no elxo real de tal modo que os segmentos O.N e OA sejam
“4

incomensuraveis. inventaremos um niimero wv. que chamaremos de ntimero irracional, e diremos


que @ a abcissa do ponto X. O ntmero wz sera considcrado positivo ou negativo. conforme o
ponto VY esteja a direita ou a esquerda da origem. respectivamente. Quando .Y esta a direita da
origem. 2 ¢. por definicao. a medida do segmento OX. Se X esta a esquerda da origem. a abcissa
r é essa medida precedida do sinal menos.
O conjunto R. cujos elementos sao os ntimeros racionals € os numeros irracionais chama-se o
conjunto dos niimeros reais. Existe uma correspondeéncia biunivoca entre a reta O-4 e o conjunto
R. a qual associa a cada ponto X dessa recta sua abcissa. isto é. a medida do segmento OX. ou
esta medida precedida do sinal menos.
TemosNCZCQCR.
As letras N. Q e R sao as iniciais das palavras niimero (ou natural), quociente e real. A letra
Zé a inicial da palavra zahl. que significa numero em alemao.
QO conjunto R pode ser visto como o modelo aritmé¢tico de uma reta enquanto esta. por sua
vez. 6 0 modelo geomeétrico de R. Esta inter-relacao entre Geometria e Aritmética. entre pontos
e numeros. ¢ responsavel por grandes progressos da Matematica atual.
A interpretacao dos ntimeros reais como abcissas dos pontos de uma reta fornece uma. visao
iituitiva bastante esclarecedora sobre a soma r+ y ca relagao de ordem xr < y. com x.y € R.
Com efeito. se X ec ¥ sao os pontos dos quais re y respectivamente sao as abcissas, diz-se
que wr é@ menor do que y. e escreve-se . < y quando X esta a esquerda de Y. isto é, quando o
sentido de percurso de X para Y é 0 mesmo de O para A. Quanto a soma. «+ y é a abcissa do
ponto Y’ tal que o segmento YY’ tem o mesmo comprimento e o mesmo sentido de percurso de
OY.
Também o produto x.y dos nimeros reais .r. y pode ser definido geometricamente. de acordo
com a Figura 4.3. quando r > 0ey > 0. Nos demais casos. ¢ s6 mudar o sinal de xy convenien-
temente.

As coustrucoes geométricas que fornecem interpretacoes Visuais para a soma e para o produto
de niuneros reais jA eram conhecidas desde Euclides (300 anos antes de Cristo). Vale lembrar

51 A
ae OF Gus
ca et
Sane na eee 6570131 “Tes-8 22
OF 8

Figura 4.3: O produto de niimeros reais. visto geometricamente.

apenas que elas representavam operacoes sobre grandezas (no caso. scgimentos de reta). nao sobre
ntmeros reals.
O progresso da Ciéncia e a diversidade de aplicacoes da Matematica. dos casos mais cor-
riqueiros até a alta tecnologia. ha muito tempo deixaram claro que esta visao geométrica. por
Inais Mportante que tenha sido e ainda seja. precisa ser Complementada por wma descricao al-
eébrica de R. Tal complementagao requer que seja feita uma lista das propriedades (axiomas)
do conjunto R. a partir das quais todos os fatos sobre miumeros reais possain ser demoustrados.
Algo parecido com os axiomas de Peano para os nimeros naturais. S6 que. naturalmente. uma
estrutura mais elaborada. pois R é uma concepcao bem mais rica e mais sutil do que N.
A descrigao mais simples de R consiste em dizer que se trata de um corpo ordenado completo.
Os detalhes dessa caracterizacao nao sao dificeis. mas escapam aos nossos objetivos aqui. O leitor
interessado pode consultar o livro Andlise Real. vol. 1. capitulo 2.
Diremos apenas que R é um corpo porque estao definidas af as quatro operacoes: adicao.
subtracao. multiplicacao e divisao. E wm corpo ordenado porque existe a relagao wv < y. que esta
interligada com a adicao e a multiplicagao pelas leis conhecidas de monotonicidade. E. finalmente.
a completeza de R equivale a continuidade da reta. E ela que garante a existéncia de v/a e. mais
geralmente. de a® para todo a > 0 e todo .x € R. Ea completeza de R que diferencia os reais
dos racionais pois. afinal de contas. Q também é@ um corpo ordenado. s6 que nao é¢ completo.
Ha varias maneiras de formular matematicamente a afirmacao de que o corpo dos ntimeros reais
¢ completo. Todas clas envolvem. direta ou indiretamente. a ideia de aproximacao. ou finite.
Aqui. usaremos as expressoes decimais.
Na pratica. nossos olhos (e mesmo os lnstrumentos mais delicados de aferigao) tém um extremo
de percepcao (ou de precisao). sendo incapazes de distinguir diferencas inferiorcs a esse extremo.
Portanto nenhuma medicao experimental pode oferecer como resultado wm nimero irracional.
Deve-se entretanto lembrar que. quando © raciocinio matematico assegura a incomensurabilidade.

WN 52
EXPRESSOES DECIMAIS". ! . ®-= a a i CAPITULO 4

QO mamero racional obtido experimentalmente ¢ apenas um valor aproximado: o valor exato é um


numero irracional.

4.3. Expressoes Decimais


Para efetuar calculos. a forma mais cficiente de representar os ntimeros reais ¢ por meio de
expressoes decimais. Vamos falar um pouco sobre elas. E claro que basta considerar os nimeros
reais positivos. Para tratar de numeros negativos. simplesmente se acresccnta o sinal menos.
Uma expressao decimal é um simbolo da forma

YL = 19. 4,Q1,...Qy....

onde ag Ve6 um nimero inteiro 2 0 e a). dg..... dy.... $a0 digitos. isto é. ntimeros intciros tais que
O<a, < 9. Para cada n EN. tem-se um digito a,. chamado o n-éstmo digito da expressao
decimal a. O ntmero natural ag chama-se a parte inteira de a.

EXEMPLO 4.1.
a = 13,42800.... 3 = 25,121212.... 7 = 3, 14159265... sao expressoes decimais. Nos casos
de a e 3, esta claro como se obtém os digitos que nao estao explicitados. No caso de 7 (medida
da circunferéncia quando se toma o diametro como unidade), o que esta escrito aqui nao permite
saber qual a regra para achar os digitos a partir do nono. mas existem processos bem definidos
e eficientes para calcula-los. Recentemente. com auxilio de algoritmos especialmente concebidos
e computadores rapidos. foi possivel determinar os primeiros 56 bilhoes de digitos de 7.
Mas de que forma uma sequéncia de digitos, precedida de um nimero inteiro, representa um
numero real? A resposta é: a expressao decimal a, dada acima, representa o numero real

_ Qh) :
-e gg SE
@=ajt+ ot 2
102 + + ion + 41
(4.1)

Na realidade. ¢ meio pedante usar uma notacao diferente. Q. para indicar o numero real cuja
expressao decimal é a. Na pratica. nao se faz isso. Vamos entao seguir o costume e usar a mesma
notacao mM. para o ntimero e sua expressao decimal.
\ais importante é explicar o significado daquelas reticencias no final da igualdade. Elas dao
a entender de que se trata de uma soma com infinitas parcelas. mas isto ¢ uma coisa que nao tein
sentido. pelo menos em principio. O significado da igualdade (4.1) é 0 seguinte: o nimero real a
(que ja estamos escrevendo sem a barra) tem por valores aproximados os ntimeros racionais
ay Uy | |
Q
tp = ag + 10 forte
— 77? 10"
ao =e (n = QO. l. 2. se 8 8 ) .

53 A@
VA
‘a
\
mee NOMBROS REAIS

Quando se substitui a por a, .o erro cometido nao @ superior a

|
— = 10".
10”

Assim. dy € 0 maior ntinero natural contido em a. a, @ maior digito tal que


(1
dy + = < Oh.
10
dy @ maior digito tal que
(ly (2
dy + = + . Sa.
™ ete.
10.) 10°
Deste modo. tem-se uma sequencia nao-decrescente de ntineros racionais

Oy Sa, Lay Gee Va


~ ft

que sao valores (cada vez Inais) aproximados do mimero real a. Mais precisamente. teni-se
O<ca-a, < 10°” para cada n = 0.1.2.3.4....

Diz-se entao que o nimero real a é 0 limite desta sequéncia de nimeros racionais.
O fato de que existe sempre um nitimero real que é€ limite desta sequéncia (isto é, que tem os
GQ, como seus valores aproximados) é€ a forma que adotaremos para dizer que o corpo ordenado
dos ntiimeros reais € completo.

Ha algumas situacoes particulares que merecenl ser vistas separadamente.


A primeira delas 6 quando. a partir de um certo ponto. todos os digitos a, se tornam iguals
a ZCTO:

GQ = Uy. 0,Q..... a, 000...

entao
— 6Y (ly,
QA=Aaj tom tee t+
10 10"
um ntinero racional: na realidade uma fracao decimal (fragao cujo denominador € uma poteéncia
de 10). Por exemplo

mane ., dt 2 8 13428
13. 42800... = 134+ — + — + —— = ——.
10 100-1000 L000
Mais geralmente. mesino que nao termine ci zeros. a expressao decimal de a = dy. aya...) ..
pode representar wm utimero racional. desde que seja periddica. Comecemos com 0 Caso mals
simples. que é também o mais intrigante. Trata-se da expressao decimal. ou seja. do ntinero real

9) 9
a=0.999...= —— + -~— + —— a

LO 100) 1000

me 4 o4
EXPRESSOES DECIMAIS :° 7°. "| a CAPITULO 4

Afirmamos que a = 1. Com efeito. os valores aproximados de a sao a, = 0.9. av = 0.99.


1, = 0.999. ete. Ora 1 — ay = 0.1. 1 - ay = 0.01. l-— ay = 0.001 ©. geralmente. 1 -— a, = 107".
velos portanto que. tomando n suficientemente grande. a difercnca 1 — a, pode tornar-se tao
equena quanto se deseje. Noutras palavras. os ntimeros racionais a, = 0.99...99 sao valores
ada vez mais aproximados de 1. ou seja. tem 1 como limite.
A igualdade que 1 = 0.999... costuima causar perplexidade aos menos experientes. A tnica
naneira de dinmur o aparente paradoxo é esclarecer que o simbolo 0. 999... na realidade significa ©
mmero cujos Valores aproximados sao 0.9. 0.99. 0.999 etc. E. como vimos acia., esse 6 0 ntMcro

Uima vez estabelecido que

999 9) 9) {) 2 l
+ — _—— + oe
(). oF « ee = —_

lO. 100 r 10”

esta imediatamente (dividindo por 9) que

0.1l1...= | foots + _!
"10-100 10" 9
Consequentemente. para todo digito a. multiplicando por a. vem

() ad | a + 4 a | Cl
a ee
10 100 10" 0
Por exemiplo.
0.777...=-+
9
Podemos ir mais além. Observando que

9 9 QQ 9 9 99
10 100 100° 1000) =10000 = 10000
ybtemos:

-( Q 9 | 9 9 |
~ \t0 7 1027 7 \e8 7 708/ *
— 99 99 .
~ 100 1002
= 99/(
7 100
4 1002
ty )
WYO

1 . l , 1 . l
100 31002 1003 99!

55 & @
CAPITULO 4 ) NUMEROS REAIS

Dai resulta. por exemplo. que

0.3737...
7 TT
100” 1002 * 1008
= 37(—— 1
100” 1002 , )
37
99°
Uma expressao decimal a = 0.a,;a2... chama-se uma dizima periddica simples. de periodo
aq,@z...d, . quando os primeiros p digitos apés a virgula se repetem indefinidamente na mesma
ordem. Assim. 0.777... e 0.373737... sao dizimas periédicas simples com periodos 7 e 37
respectivamente.
QO raciocinio acima se aplica em geral e nos permite concluir que toda dizima periédica simples
representa um ntimero racional. que se chama sua fracdo geratriz (ou. simplesmente. sua geratriz).
Mais precisamente. podemos dizer. como nos antigos compéndios de Aritmética:

A geratriz de uma dizima periddica simples € uma fracao cujo numerador € o periodo e cujo
denominador € 0 nimero formado por tantos noves quantos sao os algarismos do periodo.

Por exemplo.
521
0.521521521... = =.
oe 999
Em particular. toda dizima periddica simples representa wm ntimero racional.
Existem ainda as dizimas periddicas ditas compostas. Sao aquelas que depois da virgula tém
Ulla parte que nao se repete. seguida por uma parte peridédica.
Para obter a geratriz de uma dizima periddica composta. procede-se como no exemplo a
SCQUr:

a = 0.35172172...
172 39 x 999 + 172
100aQ = 35.172172...
>. L721% = 35——
” 999 = 999 =

_ 35(1000 — 1) + 172 _ 35000 + 172 — 35 _ 39172 — 35


— 999 7 999 999
Portanto
35172 — 35
99900
Chegamos assim a regra tradicional. que muitos de nés decoramos desde nossa infancia:

ae &. 56
EXPRESSOES DECIMAIS CAPITULO 4

A geratriz de uma dizima periddica composta € a fracao cujo numerador €é igual a parte nao-
periddica (35) seguida de um pertodo (172) menos a parte nao-periddica e cujo denominador é
formado por tantos noves quantos sao os algarismos do pertodo, sequidos de tantos zeros quantos
sao os algarismos da parte nao-periddica.

Ein suma. expressoes decimais periddicas (simples ou compostas) representa nimeros raci-
Onals.
Reciprocamente. todo nimero racional é representado por una expressao decimal finita (que
acaba em zeros) ou periédica. como mostraremMos a seguir.
A rigor. uma expressao decimal finita. como 0.35000... €@ periddica. com perfodo 0. mas é
costume separar este caso. por ser muito particular.
Para obter a expressao decimal do numero racional p/q. faz-se a “divisao continuada’ de p por
q. acrescentando-se zero ao dividendo p enquanto se tiver um resto nao-nulo. como no exemplo
abalxo

14000 27
14 eaoe 050 0.518
— = QO.518518... |
27 230)
140

Como nas divisdes sucessivas sO podem ocorrer os restos 0. 1.2..... q¢ — 1. apés no maximo gq
divisoes um resto vai repetir-se e. a partir daf. os digitos no quociente vao reaparecer na Mesma
ordem. logo tem-se uma expressao periddica.
Para um estudo mais detalhado sobre os casos em que o racional p/g gera uma dizima periddica
simples. composta ou uma expressao decimal finita. bem como uina estimativa do numero de
algarismios do perfodo. veja “Meu Professor de Matematica’. pags. 158-171.
Observemos que a correspondéncia que associa a cada expressao decimal um numero real ¢
uma funcao sobrejetiva e “quase” injetiva.
A primeira das afirmagoes acima (sobrejetividade) significa que. dado arbitrariamente um
ilunero real a. existe uma expressao decimal ap. a@)a2...d,... tal que a9 +a, - 107! + ag- 1077 +
s+ a,-10°" +--- = a. Como de costume. basta considerar © caso em que a > 0. Entao
obtemos a expressao decimal de a tomando sucessivaimente
dy = © maior ntimero inteiro > 0 contido em (isto é. menor do que ou igual a) a:
a, ~ 0 maior digito tal que ag + 410 <a:
dz =~ Oo maior digito tal que ag + 5 + 7 <a:
c assim por diante.

57 ie
CAPITULO '4~ a re Ce 0) 1) 10.88 00 OF. 8 (3

Por exemplo. quando escrevemos que 7 = 3. 14159265... estamos dizendo que 3 < 7 < 4.
3.).<a7< 3.2.3.14< 7 < 3.15 ete.
Quanto a “quase injetividade da correspondéncia

expressao decimal & numero real.

O que estamos querendo dizer € que. se 0 <a, <8 entao as expressoes decimals

yoy... Q, 999... € ag.ay... (a, + 1)000...

definem o mesmo ntumero real. Por exemplo.

3.275999... = 3.276000...

~J
0.999... = 1.000...

A afirmacao (um tanto lmprecisa) de que uma correspondéncia ¢ “quase injetiva nao tem
sentido aleum em geral. No presente caso. estamos querendo dizer que a situacao acima. descrita é
a nica em que ha quebra de injetividade. Isto pode ser provado mas nao haveria muita vantagem
em faze-lo aqui.
Para obter uma correspondéneia biunivoca centre as expressoes decimais e os ntimeros reais.
basta descartar as que terminam por uma sequencia de noves. Isto é o que faremos de agora em
diante.

Operacoes com expressoes decimais


Nao é possivel efetuar as quatro operacoes Com as expressoes decimais usando-as integralmente
pois estas sao organizadas da esquerda para a direita. cnquanto as operacdes sao normalmente
desenvolvidas da direita para a esquerda. (Como come¢ar uma adicao. por exemplo?) Dados
Q = dy.d;dy,... e@ 3 = by. bjby... . para caleular a + 3. a -— 3. a-.3e a/d (se 3 4 0) toma-se
n ۩ Ne. considcrando-se os valores aproximados a,, = dy.dy...d), . 3, = 69.0) ...6, . oS nUmMeros
racionais a, + 3. Ay — 3p. An + 3y Qy/3, SAO APYOoximacdes para os resultados que desejamos
obter. tanto mais aproximados quanto maior for n. (Veja exercicio 4.11.)

Uma descoberta de George Cantor


Cantor fol a prineira pessoa a provar que existem diferentes ntineros cardinais infinitos.
Mais precisamente. os conjuntos Ne R sao ambos infinitos mas cle mostrou que nao pode existir

as A. 58
DS ct CL BE 0 BY. Bc) an an ar CAPITULO 4

nenhuma funcao sobrejetiva f: N > R. Em particular. nao pode existir uma correspondéncia
binnivoca entre Ne R. Como certainente existe uma fincao injetiva de N em IK (a saber, aquela
que a cada n € N faz corresponder o proprio nm. pensado como elemento de R). diz-se entao que
a cardinalidade de N ¢ estritamente menor do que a de R.
A demonstracao de Cantor cousiste em mostrar que. dada qualquer fungao fo: N > R.
é& sempre possivel achar um ntimero real y que nao pertence a imagem f(N). isto é. tal que
fin) # y. seja qual for n EN.
Basta tomar um niimero real y cuja representacao decimal tenha seu n-ésimo digito diferente
do n-ésimo digito de f(m). onde n = 1,2.3..... Isto garante que y # f(m). seja qual for n EN.
portanto y € f(N).
Quando um conjunto é finito ou tem o mesmo nimero cardinal que N. ciz-se que ele é
enumerdvel, O argumento de Cantor mostra que R nao é enumeravel. Ele também provou que o
Conjunto Q dos niimeros racionais ¢ enumeravel. Nao é dificil ver que a reuniao de dois conjuntos
enumeraveis ¢ ainda um conjunto enumeravel. Se chamarmos de Q° o conjunto cos nimeros
iracionais. teremos R = QUQ. Como Q ¢ enumeravel ¢ R nao ¢. resulta dai que o coujunto
~ dos niimeros irracionais ¢ nao-enumeravel. Isto significa que existem muito mais nimeros
Irracionals do que racionais! (Para mais detalhes. ver Andlise Real. vol. 1. Capitulos | e 2.)

4.4 Desigualdades
A relagao de desigualdade « < y entre niineros reais ¢ fundamental. Por isso 6 conveniente
destacar algumas de suas propriedades. a fin de que saibamos o que estaremos fazendo quando
operarmos Com essa relacao.
Em primeiro lugar. vale a pena lembrar que todas as propriedades das desigualdades derivam
de duas afirmacoes simples e ébvias. que enunciaremos a seguir. Tais afirmacgoes se referem aos
numeros reais positivos. Para significar que o ntimero real wv é positivo. escreve-se 2 > 0. -O
conjunto dos ntuneros reais positivos sera designado por R~. Assim

R™ ={r € Ri > Of.

As propriedades basicas dos nameros positivos. das quais resulta tudo 0 que se pode provar
sobre desigualdades. sao as seguintes:
P1) Dado 0 numero real rv. ha trés possibilidades que se excluem mutuamente: ou. é positive.
our = 0 ou —7r 6 positivo.
P2) A soma e o produto de nimeros positivos sao ainda ntimeros positivos.
Com relagao a propriedade P1). nunca é demais lembrar que —. significa “2 com o sinal
trocado. ou seja. —r é. por definicao. o tnico niimero real tal que —.r +. = 0.

59 A @e
CAPITULO 4 . NUMEROS REAIS

Ainda com respeito a P1). quando —.r é positivo. diz-se que wr @ um itunero negativo e
escreve-se wv < 0).
A desigualdade entre nimeros reais reduz-se ao conhecimento dos ntimeros positivos pois a
afirmagao rr < y significa que a diferenca y —.r 6 um nimero positivo. As propriedades essenciais
da relacao wv < y (que também se escreve y > .r) sao:

1) Tricotomia: dados z,y € R vale uma, e somente uma, das alternativas seguintes: r < y,
r=youy<2.
2) Transitividade. sex < ye y < z entao x < z.
3) Monotonicidade da adicdo: se x < y entao. para todo z € R tem-se r+ 2< yt.
4) Monotonicidade da multiplicacdo: se x < y e z é positivo entao rz < yz.

A tricotomia resulta imediatamente de Pl). Com efeito. ou a diferenca


Ga yY — r é positiva (em
|
cujo caso wv < y) ou € zero (e entao r= y) ou é negativa (o que significa y <r).
Quanto a transitividade. ela se prova usando P2). assim: ser < yey<zentaoy-rerz—-y
sao positivos. logo a soma z—.r > (y-— 7) +(2— y) é positiva. ou seja. wr < 2.
A monotonicidade da adicao. conforme esta enunciada. segue-se imediatamente da definicao
dew < y. Com efeito. se xr < y entao y — vr é positivo. Ora. y — .r = (y+ 2) — (r+ 2). Logo
w+2<y+z2. Ha uma forma mais forte de enunciar a monotonicidade da adicao. que é a seguinte:

3')Sexr<yeur' <y entaor+a’ <yty’.

A propriedade 3°) nos autoriza a somar membro a membro das desigualdades. Ela decorre de
2) ¢ 3). assim:
Ser < yeu’ < y’ entao. somando -xr’ a ambos os membros da primeira igualdade e y a
ambos os membros da segunda. em virtude de 3) obtemos rw +a <ytueyta <y+y’. Por
transitividade resulta entao que r+a'o <yty’.
Finalmente. a monotonicidade da multiplicacao resulta do fato de que o produto de dois
unmeros positivos é ainda um numero positivo. Com efeito se .r < ye 2 € positivo entao
y—-r>O0er> 0. logo (y —.xr)z > 0. ou seja yz — re > 0. 0 que significa re < yr.
Como no caso da adigao. também é€ permitido multiplicar membro a membro cduas desigual-
dades. desde que os niimeros que nelas ocorrem scjam positivos. O enunciado preciso ¢:

4’) Sejam xz,y,x’,y’ ntmeros _positivos. Se zr < yeu < y' entao
rr’ < yy’.

as A 60
DESIGUALDADES CAPITULO 4_

Para provar isto. multiplicamos ambos os membros da _ — desigualdade


r < y pelo nimero positivo z’ ec ambos os membros de 2’ < y’ pelo nimero positivo y, ob-
‘endo wa’ < yr’ ce yr’ < yy’. Por transitividade. vem wor! < yy’ .
As pessoas atentas a detalhes observarao que. para scr valida a propriedade 4°). basta que
apenas trés dos quatro niimeros x. 2’. y e y’ sejam positivos. (A demonstragao acima requer
apenas a positividade de x’ e y mas. como wr’ < y’. dai resulta também que y' > 0.)
Outras propriedades que derivam de P1). P2) e suas consequéncias sao:
5) Se x 0 entao xr? > 0. (Todo quadrado. exceto 0. é positivo.)
Com efeito. se rx > 0 entao x? > 0 por P2). Ese —xr > 0 entao. ainda por P2). (—.)(—x) > 0.
\fas (—.)(—r) = .r?. logo x? > 0 em qualquer caso.
6) Se 0 < « < y entao 0 < 1/y < 1/r . (Quanto maior for um nimero positivo. menor sera
ell verso.)
Em primeiro lugar. o inverso de um nimero positivo também e positivo porque =r-(4)? =
oroduto de dois ntimeros positivos. (Veja 5).) Logo. multiplicando ambos os membros de aw < y
pelo naimero positivo 1/ay vem a/ry < y/ry . isto é. l/y < 1/2.
7) Sea < ye 2 é negativo entao vz > yz. (Quando se multiplicam os dois membros de uma
lesigualdade por um ntmero negativo. o sentido dessa desigualdade se inverte.)
Com efeito. 0 produto dos nimeros positivos y — . e —=2 € positivo. isto é. (y — 2)(—z) > 0.
Efetuando a multiplicacao vem rz — yz > 0. portanto rz > yz.
A resolucao de uma inequacao com uma incégnita consiste na aplicagao sucessiva das propri-
»dades acima para simplificé-la até chegar a uma expressao final do tipo 7 < ¢ ou r > c¢.
Usa-se frequentemente a notacao x. < y para significar a negagao de y < wr. Portanto, .r < y
significa que r < you r = y. Por exemplo. sao verdadeiras as afirmacgocs 3 < 3e5 < 7.
Para encerrar estas consideracdes sobre desigualdadec. lembraremos que a afirmagao r < y,
relativa aos ntuncros reais xe y . pode ser interpretada de trés modos diferentes:
Geometricamente: x < y significa que. num eixo orientado. o ponto de abcissa y esta a dircita
do ponto de abcissa .r.
Numericamente: Sejam

T= 19.4, 2... 0... € Y = bp. b,...d,...

ntimeros reais positivos. dados por suas expressoes decimais. Como se pode reconhecer que xr < y
’ Certamente tem-se 7 < y quando ay < by. (Lembre-se que estamos descartando as expressoes
decimais que terminam com uma sequéncia de noves.) Ou entao quando ap = bg ¢ a, < 6b). Ou
quando dp = bo. ay = b; mas ag < bo. E assim por diante. E como a ordem segundo a qual as
palavras estao dispostas num dicionario. ‘Tem-se r < y se. e somente se. ag < bg ou entao existe
um inteiro k > 0 tal que ay = by. ay = by... 2. Gp, = Dp_y @ ay < by. Caso se tenha x < 0 < y.

61 we |)
CAPITULO 4- a ; -. *.: NUMEROS REAIS

a relagao ww < y & automatica.


a

E. finalmente. se. ey forem ambos negativos, temese a << y se.


e somente se. oO ntunero positive —y for menor do que o nimero positive -—r segundo o critério
aclia.
Algebricamente: (Supondo conhecidoe o conjunto dos nimeros positivos. gozando das propri-
edades Pl) ¢ P2) acima enunciadas.) Tem-se x < y se. e somente se. a diferenca d = y —.r 6 um
numero positivo. Noutras palavras. vale. < y se. e somente se. existe mn mtanero real positive
dtal que y=.a4d.
Qual das trés interpretacoes acima para o significado da desigualdade wo < y @ a mais ade-
quada? Todas sao. As circunstancias ¢ que determinam qual ¢ a mais conveniente.

4.5 Intervalos

Sejamr a. b ntuneros reais. com a <b. Os nove subconjuntos de R abaixo definidos sao
Chamados intervalos:
ab={reRacr<bh. (-x.bl = {re Ror <b}.
(ab)={reRia<cr<bh}. (-x.b)={reRwr <b}
abb={reRiacar< bh. facta) = fr € Ria <r}.
(ab={reRiacr<b}. (a.+x) = {re Ria <r}.
(-x.+x)=K
Os quatro intervalos da esquerda sao limitados. com extremos a.b: ja.b) @ um intervalo
fechado, (a,b) & aberto. [a.b) @ fechado @ esquerda. (a.b] € fechado a direita, Os cinco intervalos
da direita sao iimitados: (—x.b) 6 a semi-reta esquerda. fechada. de origem b. Os demais tém
denominagoes andlogas. Quando a = b. o intervalo fechado [a.b! reduz-se a wm nico elemento.
Chama-se inn intervalo degenerado e os outros tres intervalos da esquerda. neste Caso. Sao Vazlos.
Alguns autores usain a notacao ja. bf em vez de (a.b) e. analogamente [a. b[. ete.
Deve-se ressaltar enfaticamente que +x e —xX nao sao Nimeros reais. SAO apenas partes da
notacao de intervalos ilimitados.
Qs intervalos sao (com as notaveis excecoes de N. Ze @) os subconjuntos de IR mais comu-
INente encontrados.
Se tivéssemos de destacar um fato particularmente relevante a respeito de intervalos. prova-
velmente mencionariamos oO seguinte:
Todo intervalo nao-degenerado contém mimeros racionais © mitmeros irracionats.
Isto significa que os utimeros racionais € Os irracionais .estao por toda parte em R.
A propricdade acima destacada é essencial para provar o Teorema Fundamental da Propor-
clonalidade. do qual trataremos no capitulo seguinte.

as 4 62
ee 0 M02
8 ASL b © See Cee Oe LNee Te GAPITULO 4

Para demonstra-la. basta considerar 0 caso em que se tem um intervalo aberto (a.b). Seja
© = b—a. Como (a.b) nao é degenerado, temos c > 0. Fixamos um nimero natural n > 1/c. logo
len < c. Os ntimeros racionais 0.+1/n.+2/n.... se espalham espacadamente por toda a reta
real R. sendo a distancia de cada um deles para os dois mais proximos (a direita e 4 esquerda)
igual a l/n. portanto < c. Deste modo. nao é possivel ter-se k/n <a <b < (hk + 1)/n. ou
seja. pelo menos um dos ntimeros racionais k/n. (kh € Z) cai no interior do intervalo (a,b). Se
quisermos obter um nimero irracional pertencente a (a.b) basta tomar. por exemplo. n € N tal
que V2/n < c. Entao os intervalos (f./2/n. (k + 1)V2/n). todos de comprimento V2/n. cobrem
a reta R e um de seus extremos ¢ um ntimero irracional pertencente ao intervalo (a. b).

4.6 Valor Absoluto

O valor absoluto (ou médulo) de um nimero real .r. indicado pela notagao ||. @ definido
pondo-se

I. see xr 20
ir] = |
—r. se r<0.

Outra maneira de se definir o valor absoluto consiste em por:

| = mar{r.—ar}.

isto é. o valor absoluto de x é maior dos nimeros x e —z. (Quando r = 0 tem-se. é claro,
F=-r= |r| =0.)
Assim. por exemplo. |v — 3] = .«—3se.r 23 6¢ r—3 = 3— xr quando vr < 3.
Nas questoes que envolvem o valor absoluto é-se. em principio. obrigado a fazer as inevita-
veis “consideracoes de casos’. analisando separadamente as situacdoes conforme o sinal de cada
expressao que ocorre no interior das barras verticais | |. Algumas vezes (infelizmente raras) isto
pode ser evitado usando-se esta outra caracterizacao de valor absoluto: |r| = V.x2. Aqui estamos
tirando partido da convencao que regula o uso do simbolo /: para todo a > 0, Ya é 0 nimero
nao-negativo cujo quadrado ¢ a.
Outra importante interpretacao do valor absoluto é a seguinte: se wz e y sao respectivamente
as coordenadas dos pontos X e Y sobre o cixo R entao |.r — y| — distancia do ponto X ao ponto
\:

Para maiores detalhes sobre a distancia entre dois pontos de um cixo. ver o livro “Coordenadas
no Plano’. pagina 5. As propriedades do valor absoluto sao estudadas no livro “Andélise Real”,
vol. 1. pag. 14.

63 Ae
OIE REO Te eee te eee eRe oT
AGUS Aree A Go RAE REC CM

Y <
y r
le nN
r |
jv — y|

Figura 4.4

A interpretacao do valor absoluto x — y| como a distancia. no cixo real. entre os pontos de


‘oordenadas we y. permite que se possa enxergar intuitivamente o significado e a resposta de
algumas questoes cnvolvendo médulos.
Por exemplo. a igualdade |. —2] = 3 significa que o nimero 2 (Ou o ponto que a ele corresponde
10 e1xXO) esta a uma distancia 3 do nimero 2. Logo. deve ser « = 5 (se x estiver a cdireita de 2)
uu = —1 (se estiver a esquerda).
Se tivermos uma desigualdade. como |r — a] < €. com € > 0. isto significa que a distancia
le wv ao ponto a é menor do que ¢. logo x deve estar entre aq —¢€ ec a +e. Portanto o conjunto
{ar € IR: |a — al] < «} @ 0 intervalo aberto (a — €,a 4+ €).
r| é igual ar ou a -.a. E
-

Quando se lida com valores absolutos. nao basta saber que


aecessario especificar quando ¢ que se tem cada um desses casos. Esta observacao deve ser
aplicada especialmente na resolucao de desigualdades.
Sob o ponto de vista das manipulacoes algébricas. as propriedades mais titeis do valor absoluto
sao Cxpressas pelas relacoes abaixo:
1) Ja t+ y| < jar] + lyle
2) Jae yl = [als [yl
validas para quaisquer .wr.y € R.
Para demonstrar 1). observamos que r < |r cy < ly. logo r+y < ja] + fy). Além disso,
‘cm-se também —.r < jz] e —y < |y|. logo —(r + y) < Jar] + Jy]. Assim. temos

jr] + ly] > max{a + y.-(2 + y)} = la + yl.

Quanto a 2), como ambos os membros da proposta igualdade sao nao-negativos. basta provar
yue seus quadrados sao iguais. Ora,

lv-yP=(a-yPr =a? y=

4.7 Sequéncias e Progressoes


Uma sequéncia & uma funcao cujo dominio é o conjunto N dos ntmeros naturais. Considera-
remos apenas sequéncias de ntuncros reais. isto é. funcoes de N em R.

as A 64
RUE he ce I ag 1 G2 2) od hon] Os Ok Baan RE MRE asi oe a “CAPITULO 4 :

A notacao usual para uma sequéncia 6 (.ry..%2...... r,....). Abreviadameute: (.r,,),e%; Ou (2p)
.sinplesmente. Isto significa que a sequéncia dada é a fungao 1 wr). 2h 2... Md Wye. A
qual faz corresponder a cada niimero natural no ntumero real .r,,. chamado o n-ésimo termo da
sequencia.
Exemplos particularmente interessantes de sequéencias sao as progressoes.
Uma progressao aritmética (P.A.) ¢ uma sequencia

onde cada termo. a partir do segundo. 6 a soma w,4; = wv, + 7 do termo anterior mais uma
constante r. chamada a razao da progressao. Equivalentemente. a sequencia (.r,,) chama-se uma
progressao aritmética de razao r quando .r,4, — 7, = r para todo n EN.
Na progressao aritmética (.r,,) tem-se

M=Hr7, trary = 7 +r] 46, +t 2rory Hr t3r....

e. em geral.r,4, = 2) +nr para todo n EN.


A razao de uma progressao aritmética pode ser um ntumero positivo. negativo ou igual a zero.
No primeiro caso. a sequéncia Gr,) 6 crescente. isto 6. <n => wy, < wy. Quando a razao
é negativa. a progressao aritmética 6 uma sequéncia decrescente, isto él <n > wy < Lm.
FE. evidentemente. uma progressao aritmética de razao nula é constante: wy.uy.uy..... Uma
sequéncia finita (ou uma lista) 6 uma funcgao cujo dominio tem a forma J,, = {1.2..... n}. Ela é
designada pela notagao (.r)..72...... ',) e. neste caso. diz-se que se trata de uma sequencia com
n termos. Em particular. uma sequéncia (.ry..°2) com dois termos é 0 que se chama um par
ordenado. Uma progressao aritmética finita (com n termos) € uma sequéncia finita (ry)...... Un)
tal que wg—0y) = Pg -ry = HT, wv, .; = rv. Uma progressao aritmética pode ser pensada como
uma sequéncia de pontos sobre uma reta. todos a igual distancia dos seus vizinhos imediatos.
Uma progressao geométrica é uma sequencia

Gye Ure cee. Type ees

onde cada termo. a partir do segundo. ¢ 0 produto 1,4.) = 7%, -r do anterior por uma constaite
r. Cchamada a razao da progressao. Tem-se portanto:

)
MoHIMcrr WRxz Wer HM kr... em egcral. r,0, = ayer n

A igualdade (l-r)(l+r+4+---+9r") =1—r"*! . de verificacao imediata. mostra que a soma


dos termos da progressao geométrica finita loror-..... r" @ dada por
. ) . ,
nd o . .

1 — prt
. 2
Ptr tr pe pe = se rel
—y/
eae eae metoviad 6 B4 5 15 a aH OPN tel

Dai segue-se que. para uma progressao geometrica finita qualquer


Vp toe cee. r,. de razao r # 1. tem-se

1—;"
rytrgdt..ctar, =r(ltr4-e. tr" ")= ro
— r

E tradicional e conveniente escrever P.A. e P.G. em vez de “progressao aritinética e “progres-


sao gcométrica . respectivamente.

4.8 Sequéncias Monotonas


Uma sequéncia (.r,) de ntimeros reais diz-se mondtona quando ry < wy <<... Say S Mya <
-ou entao quando wry > rg 2... Sy > pay >...
No primeiro caso. cla se chama monotona nao-decrescente e. no segundo. mondtona nao-crescente.
Quando wt, <.0%,4, para todo n € N. a sequéncia se chama crescente e quando .,, > 2,4; para
todo n € N ela se diz decrescente.
Trataremos aqui de sequéncias monotonas nao-decrescentes. O caso nao-crescente é intcira-
mente analogo e sera deixado a cargo do leitor.
Se existir um numero real c tal que .r, < ¢ para todo n € N. a sequéncia mondétona nao-
decrescente (.r,,) dir-se-A limitada.
Uma observacao simples porém crucial para a demonstracao do teorema abaixo ¢ a seguinte:
se a sequéncia monotona nao-decrescente ny < ng <... << nmy,... de miimeros naturais ¢ limitada
entao. a partir de uma certa ordem. cla é constante. Ou seja. existe um indice A tal que ny = Nx,
para todo hk > ko.

EXEMPLO 4.2.
rn . .
Os niimeros x, = ——.ne€N. formam uma sequéncia crescente limitada. com x, <1 para
todo n € N. Por outro lado, x, = n define uma sequéncia ilimitada.

© teorema seguinte sera utilizado no estudo da funcao exponencial e de sua inversa, a funcao
logaritino.
Antes de prova-lo. vejamos mais uma definicao. Um conjunto X C R chama-se um conjunte
de valores aprorimados por falta do niimero real a quando cumpre as seguintes condigoes:
lL) Para todo r € X tem-se 7 <a:
2) Dado qualquer € > 0. pode-se achar um wz € X tal que0<a—wa<e.
Por exemplo. o conjunto dos ntimeros 0.9. 0.99. 0.999. etc é um conjunto de valores aproxi-
mados de 1.

me 4. 66
QO leitor pode observar que o mesmo X nao pode ser conjunto de valores aproximados de dois
(Ou Mais) ntimeros reais cistintos.

TEOREMA 4.3.
Os termos x, de uma sequéncia monotona limitada 7; < ry <... <7, <... formam um
conjunto de valores aproximados de um ntiimero real a.

A demonstracao deste teorema ¢ simples mas. antes de apresenta-la. faremos alguns comen-
tarlos.
De acordo com a definigao dada acima. para qualquer ¢ > 0 proposto (digamos. como desafio)
pode-se encontrar x, tal que 0 <a — r,,, < €. Entao. como a scquéncia é nao-decrescente, para
todo n > no tem-se 0 < a—7, < €. Por isso diz-se que a é 0 limite da sequéncia (.r,,) ¢ escreve-se
lima, = a. Assim. o teorema acima pode ser enunciado do seguinte modo: toda sequéncia
monotona nao-decrescente limitada de niimcros reais possui limite.
‘Nesta frase “limitada™ e “limite” sao palavras usadas com significados bem diferentes. )

een
DEMONSTRACAO. DO TEOREMA 4.3
A fim de dispensar a consideragao de casos. trataremos soimente de ntimeros reais > 0. Sejam

Vy = 49.4410, 9...Qpp...

Ly = og. 491Q99...d gp...

I, = Ang. (pian? eee Qnyk eee

as expressoes decimais dos termos dla sequéncia dada. Para cada k = 0.1.2..... vemos que
yp S dyn Soe. S dye S... 6 uma sequencia nao-decrescente limitada de ntimeros inteiros > 0
icom O < any < 9 se k > 1). Logo. como foi observado acima. para todo hk > 0. a sequéncia
“vertical” aip. dope... Qyp.°** torna-se constante a partir de um certo valor n; do indice n. Ou
Seja. Ank = Gn,ke para todo n > ny. Tomaremos sempre ny > gy. Se escrevermos dy = Ap, p-
veremos que o niimero real
OQ = Qy.0,09... dp...

tem a seguinte propriedade: se n > n,. os & primeiros algarismos decimais de a coincidem com
os de.wr,. Portanto. a diferenca a —.r, tem. para todo n > n,. os & primeiros algarismos decimais

67 A
iguais a zero. Logo 0 < a —.2, < 1/10" para n > ny. Ora. dado ¢ > 0. se tomarmos & > 1/e€
veremos que para todo n > ny vale 0 <a — 2x, < €. o que demonstra o teorema.

EXEMPLO 4.4.
Se a > 1, sabemos que a sequéncia a, a’, a” .....a",... @ crescente. Se 0 < a < 1. a mesma
/ A . og . - - 7: . :
sequéncia é decrescente pois multiplicando os termos dessas desigualdades \ por a” n obtemos : 0 <
a"*! <a". Neste caso, tem-se lim a” = 0 ou seja, dado arbitrariamente € > 0. podemos obter
nx

no € N tal que a™ < € (e. com maior razao, a” < € para todo n > no). Basta fazer b = 1/a. logo
b > 1. Entao existe ng € N tal que 6”° > 1/e, o que nos da 1/a" > 1/e e dai a” < €.

ae A, 68
Exercicios

4.1. Dados os intervalos A = [—1,3), B = [1,4], C = [2,3), D = (1,2] e E = (0, 2] dizer se 0


pertence a ((A — B) —(CN D))—-E.

4.2. Verifique se cauia passo na solucao das inequacoes abaixo esta correto:
or +3
a) >2 => $4+3>4r4+2 5 r>-tl.
27+1
277+ 2
b) =—— <2 = Qr*+u<227+2 > <2.
r+1

4.3. Sejam a.b,c.d > 0 tais que : < - . Mostre que

aare ue
b b+d d
Interprete este resultado no caso em que a, b, c e d sao inteiros positivos (isto é, 0 que
significa somar numeradores e denominadores de duas fracoes?)

4.4. Qual é a aproximacao da raiz cibica de 3 por falta com uma casa decimal?
)
—..
ly

4.5. Ao terminar um problema envolvendo radicais, os alunos normalmente sao instados a raci-
onalizar o denominador do resultado obtido. Por que isso?

4.6. Considere todos os intervalos da forma [0,+], onde n € N. Existe um nimero comum a
todos estes intervalos? E se forem tomados os intervalos abertos?

4.7. Considere um nimero racional m/n, onde m en sao primos entre si. Sob que condicoes este
numero admite uma representacao decimal finita? Quando a representacao é uma dizima
periéddica simples?

4.8. O ntimero 0, 123456789101112131415... é@ racional ou irracional?

4.9. Utilize a interpretacao geométrica de médulo para resolver as equacoes e inequacoes abaixo:
a) |z —1| = 4;
b) |z + 1] < 2;
c) |e -—1])
< |r—5 o
9

d) ) |v — 2| + |x + 4| = 8;
e) |x — 2| + |r +4] = 1.

69 AE
IO 18013)
1O 3 sf
OF UES

1.10. Sejam ae } nimeros reais nao negativos. Mostre que

(228)? a? + b?
2 2 -

Interprete geometricamente esta desigualdade.

1.11. Sabendo que os nimeros reais x, y satisfazem as desigualdades 1,4587 < x < 1,4588 e
0,1134 < y < 0,1135, tém-se os valores exatos de r e y até milésimos. Que grau de
precisao, a partir dai, podemos ter para o valor de zy ? Determine esse valor aproximado.
Como procederiamos para obter um valor aproximado de r/y ? Qual o grau de precisao
encontrado no caso do quociente?

1.12. Prove que, para quaisquer 7, y € R, tem-se

Iz]— ll] < |x — yl.

ka 70
ack Va
FUNCOES AFINS
rw!
ee ah)

© assunto principal deste capitulo ec dos seguintes sao as funcoes reais de uma varidvel real.
isto é. funcoes f : X — R que tém como dominio um subconjunto X C R e cujos valores
f(x). para todo r+ € X, sao nimeros reais. Em cada um desses capitulos, abordaremos um
tipo particular de funcao, comegando com o caso mais simples e aumentando pouco a pouco a
complexidade.
Iniciaremos com a fungao afim, cujo estudo sera precedido de uma breve revisao sobre o
produto cartesiano e o grafico de uma fungao.

0. Produto Cartesiano

Um par ordenado p = (x.y) € formado por um objeto x. chamado a primezra coordenada


de pe um objeto y. chamado a segunda coordenada de p. Dois pares ordenados p = (.r.y) e
gq = (u.v) serao chamados iguais quando x = ue y = v. isto é. quando tiverem a mesma primeira
coordenada e a mesma segunda coordenada.
E. permitido considerar o par ordenado (2. .°). no qual a primeira coordenada coincide com a
segunda.
O par ordenado p = (1. y) nao é a mesina coisa que o conjunto {.r. y} porque {vy} = {y. x}
sclupre. mas (.r.y) = (y.2) somente quando r = y.
O produto cartesiano X x Y de dois conjuntos .¥ e Y é 0 conjunto X x Y formado por todos
os pares ordenados (.r. y) cuja primeira coordenada . pertence a X e cuja segunda coordenada y
pertence a Y. Simbolicamente:

XxYe={(n yi re X. yEY}.

Se X = {ry.....0m}e Y = {y..... yp} sao conjuntos finitos com m e p elementos respecti-


vamente, entao o produto cartesiano X x Y é finito e possui mp elementos. Noutras palavras,
n(X x ¥) = n(X)-n(¥). A melhor maneira de enxergar isto 6 pensar no produto cartesiano
A x }> como um quadro retangular

(ry. yi) (2X4 : Yy2) coe (ry : Yp)

(12. yr) (22. yo)... (22. Yp)

(Im Yr) (lm. Y2) -- (Vm Vp)

com p colunas. cada uma das quais possul m elementos.

ase & 72
‘CAPITULO 5

EXEMPLO 5.1.
Sejam AB e C'D segmentos de reta. O produto cartesiano AB x C'D pode ser interpretado
como um retangulo, na forma indicada pela figura. Tomamos AB e C’D perpendiculares e cada
elemento (x.y) € AB x CD € representado pelo ponto P. intersecao das perpendiculares a AB
e CD tiradas pelos pontos x e y respectivamente.

ABx CD
De

P=(r.y)
YR------ ~4-------
+--+ ee ee °

ce .

A rT 2B
Figura
’ aq
5.1
A

EXEMPLO 5.2.
Na mesma vela do exemplo anterior, o produto cartesiano y x AB de uma circunferéncia 4
por um segmento de reta AB é representado por um cilindro. (Ver Figura 5.2.)

Para isto. tomamos o segmento AB perpendicular ao plano de +. Cada clemento (.. y) do


produto cartesiano + x AB é representado pelo ponto P. intersecao da reta perpendicular ao
plano de + tirada pelo ponto x com o plano perpendicular ao seginento AB tirado pelo ponto y.
O grdéfico de uma fungao f : X — ¥Y 6 0 subconjunto G(f) do produto cartesiano X x Y
tormado por todos os pares ordenados (.r.y). onde « @ um ponto qualquer de XY e y = f(x).
Assim.
Gf) = {(r.y) EX x Viy = flx)} = {(r. f(a)):a © X}.
A fim de que um subconjunto G C X x Y seja o grafico de alguma funcao f : X — Y é necessaric
e suficiente que G cumpra as seguintes condicoes:
Gl. Para todo x € X existe um par ordenado (7. y) € G cuja primeira coordenada ¢ x.
G2. Se p = (a. y) ¢ p’ = (2. y’) sao pares pertencentes a G com a mesma primeira coordenada
rentao y = y’ (isto é. p= p’).
E claro que estas condicdes podem ser resumidas numa s6. dizendo-se que para cada x € X
existe um. e somente um. y € Y tal que (zv.y) € G.

73 La
K
‘a
“CAPITULO'S:

B \ . 4

y YX AB
: . P=(x,y) a “

yee So y

Figura 5.2

Q produto cartesiano X x Y acha-se intimamente ligado a ideia de relacao ou. mais preci-
samente. relacao binaria. Uma relacao (binaria) R entre clementos do conjunto X e clementos
do conjunto Y é uma condicao ou um conjunto de condigdes que permitem determinar. dados
re Xeyeێ/Y.se xr esta ou nao relacionado com y segundo R. No caso afirmativo. escreve-se
Ry.
Um exemplo a mao é a relagao “menor do que’ entre nimeros reais. A condicao que nos
permite escrever r << y.comreReye€ Rée y—ar>0. Trata-se aqui de uma relacao entre Re
R. Para outro exemplo. considcramos o conjunto D de todas as retas e o conjunto P de todos os
planos do espaco. O paralelismo entre uma reta r e um plano IT é uma relacao entre elementos
de D e elementos de P que se escreve r||II e significa que a reta r e o plano IT nao tém elementos
em comum.
Um exemplo particularmente importante de relacao ¢ a relacao funcional. Ela ocorre quando
se tem uma funcao f : X — Y. Diz-se entao que o elemento r € X esta relacionado com o
elemento y € Y quando y = f(x). Neste caso. nao se costuma escrever rfy como se faria numa
outra relagao qualquer. Poe-se apenas y = f(z).
O grafico de uma relagao R entre os conjuntos X e Y é 0 subconjunto G(R) do produto
cartesiano VY x Y formado pelos pares (xz, y) tais que rRy. Assim. G(R) = {(r7.y) € X x ¥:rRy}.
Esta nocao inclui o caso particular do grafico de uma funcgao.

AT 74
OE WSO Os an aoa ‘CAPITULO 5

OBSERVACAO.
Praticamente todos os textos escolares em uso no nosso pais definem uma funcao f : X >
Y como um subconjunto do produto cartesiano X x Y com as propriedades G1 e G2 acima
enunciadas. Essa definicao apresenta o inconveniente de ser formal. estatica e nao transmitir
a ideia intuitiva de fungao como correspondéncia, transformacao, dependéncia (uma grandeza
funcao de outra) ou resultado de um movimento. Quem pensaria numa rotacao como um conjunto
de pares ordenados? Os matematicos ec (principalmente) os usuarios da Matematica olham para
uma fungcao como uma correspondéncia, nao como um conjunto de pares ordenados. Poder-
se-ia talvez abrir uma excegao para os logicos. quando querem mostrar que todas as nocoes
matematicas se reduzem, em Ultima andlise, 4 ideia pura de conjunto. Mas certamente este nao
é o caso aqui. Se definimos uma funcao f : X — Y como um subconjunto particular do produto
cartesiano X x Y, qual seria a definicao matematica do grafico de uma funcao?

Em suma. a terminologia que consideramos adequada é a seguinte: um subconjunto qualquer


de X x Y @0 grafico de uma relagao de X para Y. Se esse conjunto cumpre as condicoes G1 e
G2? acima estipuladas. ele é o grdéfico de uma funcao.

5.1 O Plano Numérico R?


R° = Rx R é0 exemplo mais importante de produto cartesiano pois. afinal de contas, trata-se
do caso particular que deu origem a ideia geral.
Os clementos (x.y) de R* sao. naturalmente. os pares ordenados de nimeros reais. Eles
surgem como as coordenadas cartesianas de um ponto P do plano II (7 = abcissa, y = ordenada)
quando se fixa nesse plano um par de eixos ortogonais OX e OY, que se intersectam no ponto
O. chamado a origem do sistema cle coordenadas.
Mm f--------

Figura 5.3

75 A He
Re a ne re Sh. Or oce AFINS

Dado o ponto P € Il. a abcissa de P é 0 nimero x. coordenada do pé da perpendicular baixada


de P sobre 0 eixo OX. enquanto a ordenada de P éa coordenada y do pé da perpendicular baixada
de P sobre 0 cixo OY. Diz-se entao que (x.y) é 0 par de coordenadas do ponto P relativamente
ao sistema de eixos OXY. Os eixos OX e OY dividem o plano em quatro regides. chamadas
quadrantes. caracterizadas pelos sinais das coordenadas de seus pontos. No priuneiro quadrante.
tem-se .r > 0c y > 0: no segundo. .r < 0c y 2 0: no terceiro, r < 0 e y < 0: no quarto. r >0e
y <0.
A funeao f : Il 3 R*. que associa a cada ponto P do plano IT seu par de coordenadas f(P) =
(r.y) relativamente ao sistema de eixos OXY. é€ uma correspondéncia biunivoca. Ela permite
traduzir conceitos ¢ propriedades geométricas para uma linguagem algébrica e. reciprocamente.
luterpretar geometricamente relagoes entre ntimeros reais.
Podemos entao dizer que R? ¢ o modelo aritmético do plano II enquanto [I é o modelo
geomeétrico de R?*.
Do nosso presente ponto de vista. olharemos para R? como um plano (o plano numérico).
chamaremos seus elementos P = (.r.y) de pontos e procuraremos. com ajuda dessa linguagem
geométrica e dos resultados da Geomcetria. aleancar um melhor entendimento das propriedades
das funcgoes reais que vamos estudar. Veremos pouco a pouco as vantagens desse caminho de
mao dupla que liga a Aritmética e a Algebra de um lado 4 Geometria do outro.
A pergunta mais basica. uma das primeiras que se impoe responder. é a seguinte: se P = (.r. y)
e ( = (u.v). como se pode exprimir a distancia do ponto P ao ponto Q em termos dessas
coordenadas?
ww
:

Figura 5.4

A resposta ¢ fornecida imediatamente pelo Teorema de Pitagoras.


Introduzimos o ponto auxiliar S = (uy).

ae & 76
reaches

Como P e S tém a mesma ordenada. o segmento PS é horizontal (paralelo ao eixo OX).


Analogamente. QS ° vertical (paralelo a OY). Portanto o segmento PQ ¢ a hipotenusa do
triangulo retangulo PQS. cujos catetos medem |r — u| e |y — | respectivamente. (Vide secao
4.6.) O Teorema de Pitagoras nos da entao:

U(P.Q)" = (rv —u)? + (y=),


Ou seja:
UP.Q) = V(x — uy + (yey.
Fim particular. a distancia do ponto P = (7. y) a origem O = (0.0) é igual a

Var? + y?.

EXEMPLO 5.3.
Se o centro de uma circunferéncia C’ é o ponto A = (a,b) eo raio é o nimero real r > 0 entao,
por definigao. um ponto P = (z, y) pertence a C’ se, e somente se, d(A, P) = r. Pela formula da
distancia entre dois pontos, vemos que

C = {(r,y):(x@ — a)? + (y — 6) = 7°}.

Diz-se entao que


(x —a)*+(y—b)? =r?

é a equacao da circunferéncia de centro no ponto A = (a.b) e raio r.

Y4
P=(z,y)
y

Figura 5.5

Por sua vez, o disco D de centro A e raio r é formado pelos pontos P = (x, y) cuja distancia
ao ponto Aé <r. Portanto

D = {(x.y):(x — a)? + (y — b)? < r7}.

77 A @
—“CAPITUEO 5 - ede het
en ine 3 ae ee 6). 6) ce Wh

OBSERVAGAO.
A palavra circulo é ambigua. As vezes significa a circunferéncia, 4s vezes quer dizer 0 disco que
tem essa circunferéncia como fronteira. Nao é errado usé-la com qualquer desses dois significados.
(Euclides ja o fazia. Além disso, os termos polfgono, elipse. triangulo, quadrado, etc. também
tém duplo sentido.) Mas é necessario explicar o que se esta querendo dizer, para evitar mal-
entendidos.

© grafico de uma funcao real de variavel real f : X — R é um subconjunto do plano numérico


R°. logo pode ser visualizado (pelo menos nos casos mais simples) como uma linha. formada pelos
pontos de coordenadas (r. f(a)). quando x varia no conjunto_X.
EXEMPLO 5.4.
A formula da distancia entre dois pontos serve para reconhecer que o grafico G da funcao
f : {-1,1] — R, dada por
f(z) =v1-2%,

é a semi-circunferéncia C’, , de centro na origem = (0,0) e raio 1, situada no semi-plano y > 0

y 20
(x,
V1 — x?)

-1 0 1 xX

Figura 95.6

Com efeito,

(ny EGe-l<r<le y=v1-727


@--l<r<l,y20 e y2=1—2? (5.1)

eSy>0 e rt+y=1 |

No caso de funcoes reais de uma variavel real, as condicdes Gl e G2 adquirem uma forma
mais geométrica e sao resumidas assim:

mR 4 78
nN ae RA ee ay ee See Ee asa reesy

Seja Y C Rum conjunto que consideraremos situado sobre o eixo horizontal. Um subconjunto
G < R? ¢0 grafico de uma funcao f : ¥ > Rse. e somente se. toda reta paralela ao eixo vertical,
tracada a partir de um ponto de XA, intersecta G num unico ponto.

EXEMPLO 5.5.
Dado o nttmero real ¢ # 0. consideremos 0 conjunto G. formado pelos pontos (.r. y) de R? tais
que wy = c¢. Simbolicamente.
G = {(r.y) € Resry
= ch.
O conjunto G é 6 que se chama uma hipérbole equildtera. A figura abaixo mostra a forma de G
nos casos ¢ > Oe ¢ < 0. Para todo r 4 0. a reta vertical que passa pelo pouto de abcissa x corta
0 conjunto G no tnico ponto (2.¢c/7). Logo. G é 0 grafico da funcao f : R — {0} > R. dada por
flr =ef/r.

Figura 5.7

9.2 A Funcao Afim


Lima funcao f : R > R chama-se afin quando existe constantes a.b € R tais que f(r) =
ar —b para todo vr € ik.

EXEMPLO 5.6.
A funcao identidade f : R - R. definida por f(.c) = x para todo x € R. é afim. Também
sav afins as translagoes ff: R—- R. f(r) = r+. Sao ainda casos particulares de funcgoes afins

79 AB
: CAPITULO
5+ oN -. FUNCOES AFINS

as funcoes lineares. f(z) = ax e as funcoes constantes f(x) = b.

E possivel, mediante critérios como os que apresentaremos logo a seguir. saber que uma certa
funcao f : R — R ¢ afim sem que os coeficientes a e 6 sejam fornecidos explicitamente. Neste
caso. obtém-se 6 como o valor que a funcao dada assume quando x = 0. O ntimero b = f(0) as
vezes se chama o valor inicial da fungao f. Quanto ao coeficiente a. ele pode ser determinado a
partir do conhecimento dos valores f(x) e f(2) que a funcao f assume em dois pontos distintos
(porém arbitrarios) 1 ¢ x2. Com efeito. conhecidos

f(x1) =ar, +6 e f(x) = ary +b.

obtemos
f(rv2) — f(a) = a(rg -— 2}).

portanto
F (x2) — f(r)
r2—- 2
Dados x, r +h € R, com h ¥ 0, o numero a = [f(z +h) — f(r)]/h chama-se a tara de
crescimento (ou taxa de variacao) da funcao f no intervalo de extremos x. r+ h.

Lembremos que uma funcao f : X — R, com X C R, chama-se:


crescente quando x; < Xo => f(11) < f(29);
decrescente quando 2; < rq => f(x) > f (22):
monotona ndao-decrescente quando r; < ry => f (x1) < f (22);
monotona nao-crescente quando x; < 22 > f(x) > f (22).
Em qualquer dos quatro casos, f diz-se mondtona. Nos dois primeiros (f crescente ou f
decrescente) diz-se que f é estritamente mondtona. Nestes dois casos, f é uma func¢ao injetiva.

Nao fica bem (embora algumas vezes se faca) chamar apenas de nao-decrescentes e nao-
crescentes as funcoes dos dois tiltimos tipos. pois negar (por exemplo) que uma fungao seja
clecrescente nao implica necessariamente que ela seja monotona.
Evidentemente, os quatro casos acima nao sao mutuamente excludentes. Pelo contrario. os
dois primeiros sao casos particulares dos dois tltimos. Além disso. naturalmente. ha funcoes que
nao se enquadram em nenhuma dessas quatro categorias. Uma funcao afim é crescente quando
sua taxa de crescimento (dada pelo coeficiente a) é positiva. decrescente quando a é negativo e
constante quando a = 0.

as A 80
EXEMPLO 95.7.
O preco a pagar por uma corrida de taxi é¢ dado por wma funcao afim f : rH ar + b. onde
r éa distancia percorrida (usualmente medida em quildmetros). 0 valor inicial 6 é a chamada
bundezrada e o coeficiente a é o preco de cada quilémetro rodado.

OQ grifico G de uma funcao afim fore ar+beé uma linha reta.


Para ver isto basta mostrar que tres pontos quaisquer

Po Cry.aay, + Ob),

Ps — (ry. AV + I) C

Py = (ra.ary, +b)

desse grafico sao colineares. Para que isto ocorra. ¢ necessario ¢ suficieute que o maior dos trés
nruneros dP). Po). dU Ps. P;) e d(P,. Ps) seja igual a soma dos outros dois. Ora. podemos sempre
supor que as abcissas wry. 2 ers foram numeradas de modo que wy < .ro <3. A formula da
distancia contre dois pontos nos da:

d(P,. Py) = \ | Py uy) + aFlry mrp)?

= ry — ay )V¥14a°,

d( Py. Ps.) = (rz - ro)V¥1l +2

d(P\. Py) = (ry ry) +?


Daf se scene imediatamente que

d( P,. P.,) = d( P,. P3) + d(P», P;).

Do ponto de vista geomeétrico. 6 6 a ordenada do ponto onde a reta. que 6 o grafico da. funcao
Forear+b. intersecta o eixo OY. O ntimero a chama-se a inclinacao. ou coeficiente angular.
dessa reta (ein relacao ao cixo horizontal O.Y). Quanto maior o valor de a mais a reta se afasta
da posicao horizontal. Quando a > 00 grafico de f ¢ wma reta ascendente (quando se caminha
para a direita) e quando a < 0. a reta ¢ descendente.
De acordo com a letra estrita da definicao. a fim de conhecer uma funcao f :X — ¥. deve-se
ter una regra que permita (pelo menos teoricainente) determinar o valor f(.c) para todo r EX.
No caso particular de uma funeao afim ff: R > RB. como seu grafico ¢ uma linha reta e como
ulna reta fica inteiramente determinada quando se conhecem dois de seus pontos. resulta que

8] AE
5 Lal

Pe Cone eeTS SSee


eee
ete
eae ae Sf
ad Ne @ mee
a
4: |
S i e at ,

0 X

Figura 5.8

basta conhecer os valores f(.0)) ¢ f(g) . que a funcao afim f : R — R assume em dois ntimeros
ry # ay (escolhidos arbitrariamente) para que f fique inteiramente determinaca.
Na pratica. sabendo que f : R -— R é afim ec que f(r) = yy. flve) = yo com wy F wo.
queremos dceterminar os coeficientes a eb de modo que se tenha f(.r) = ar + b para todo w € K.
Isto corresponde a resolver o sistema

ar, +b=y
atyg+b= yp.

no qual as incégnitas sao ae b (!). A solucao ¢ imediata:

Y2— Yi | C2Y1 — L1Y2


a= ——. bh = ———_ .
[9 — &] Py — 2]

[Em geral. sempre que precisamos fazer a hipdtese x, 4 wy para resolver wm problema. a
diferenga wy, — 2%, costuma aparecer cm algum denominador na solug¢ao.|
QO argumento acima provou que
Dados arbitrariamente (v,.y1). (t2.y2) € R. com wr, 4 wg. eriste uma. e somente uma.
funcao afim f:R—>R tal que f(r) = yy e flre) = yp.
Evidentemente. o grafico de uma funcao afim ¢ uma reta nao vertical. isto ¢. nao paralela ao
eixo OY. Reciprocamente:
Toda reta nao-vertical r € o grafico de uma funcao afin.
Para provar esta afirmacao. tomemos dois pontos distintos P; = (2,.y,) ¢ Py = (re. ye) na
reta r. Como r nao é vertical. temos necessariamente wr, 4 22. logo existe uma funcao afim
f:R-R tal que f(7,) = y, e f(re) = yo. O grafico de f é uma reta que passa pelos pontos P,

me A 89
-CAPITULO 5

t Py logo essa reta coincide com r. Se f(a) = ar + b. diz-se que y= ar+6¢ a equacao da reta
r Sea reta r éo grafico da funcao afim f. dada por f(r) = ar +b. 0 coeficiente
Y27- 1"
a
rg — 0h
onde (rr). y,) @ (rz. ya) sao dois pontos cistintos quaisquer de r. tem claramente o significado de
taxa de crescimento de f . A esse numero é€ dado também o nome de inclinacao ou coeficiente
angular da reta r. pois cle ¢ a tangente trigonométrica do angulo do eixo ON com a reta r.
Estas interpretacoes nos levam a concluir imediatamente que a equacao da reta que passa
pelos pontos (77. y,) ¢ (rg. yo). nao situados na mesma vertical é
Yo2— |
y= yy + — u (r — ry)
ty — 7]
Wl

Yo—l
Y = Y2+ BaP i, — 2)
fg — Vy

(Os segundos membros destas equacdes sao iguais!) A primeira equacao nos diz que. se comecar-
Ios nO ponto (.7;. y;) e caminharmos sobre a reta. fazendo wr variar. a ordenada y comeca com o
valor y,; ¢ sofre um incremento igual ao incremento w — ry, dado ar. vezes a taxa de variacao
Y2— "1
ry 2]
A segunda equacao diz a mesma coisa. s6 que partindo do ponto (ro. yo). De modo andlogo.
vemos que a cquacao da reta que passa pelo ponto (rg. yo) e tem inclinagao «a é

Y= Yo tater — rq).

Comentarios sobre terminologia


1. Se a funcao afim f é dada por f(r) = ar +b. nao é adequado chamar o ntinero a de
eorficiente angular da fungao f. O nome mais apropriado. que usamos. € tara de variacao (ou
taxa cle crescimento). Em primeiro lugar nao ha. na maioria dos casos, angulo algum no problema
extudado. Em segundo lugar. mesmo considerando o grafico de f . o angulo que ele faz com o
eixo horizontal depende das unidades escolhidas para medir as grandezas wc f(.). Em resumo:
temn-se taxa de variacao de uma funcao c coeficiente angular de uma reta.
2. A maioria dos nossos testes escolares referc-se a funcao afim como “funcao do primeiro grau’.
Essa nomenclatura sugere a pergunta: o que é o grau de uma funcgao? Funcao nao tem grau. O
que possui grau é un polindmio. (Quando a # (0. a expressao f(a) = ar +6 é@ um polindmio do
prinmeiro grau.) O inesmo defeito de nomenclatura ocorre também com as funcoes quadraticas.
que estudaremos no capitulo seguinte. Elas muitas vezes sao chamadas. incorretamente. “funcoes
do segundo gra.

83 4 FB
CAPITULO 8: a --FUNCOES AFINS

5.3 A Funcao Linear


A funcao linear. dada pela formula f(r) = ar. & 0 modelo matematico para os problemas de
proporcionalidade. A proporcionalidade @. provavelmente. a nogao matematica mais difundida
na cultura de todos os povos e seu uso universal data de muilenios.
Sein ir tao lounge. vejamos como este assunto cra tratado em nosso pais pelas geragoes que nos
antecederam. Para isto. vamos consultar wn compendio antigo e imuito bem couceituado. sem
duvida o texto matematico de mais longa utilizagao no Brasil. ‘Trata-se da Aritinetica Progressiva.
de Antonio Trajano. cuja primeira edigao ocorreu em 1883 e ainda se achava en circulacao na
década de 60. Com mais de oitenta edicoes publicadas. Trajano da a seguinte defimicao:
Diz-se que duas grandezas sao proporcionais quando elas se correspondem de tal modo que.
multiplicando-se uma quantidade de wma delas por wn nimero. a quantidade correspondente da
outra fica multiplicada ou dividida pelo mesmo numero. No primetro caso, a proporcionalidade
se Chama direta ce. no segundo, inversa: as grandezas sé dizem diretamente proporcionais ou
meersamente Proporclonals.
Substituindo as grandezas de Trajano por suas medidas. que sao ntimeros reais. podemos
traduzir o que esta dito acima para nossa linguagem atual. da seguinte forma:
Uma proporconalidade € uma funcgao f : 'R > R tal que. para quarsquer nameros reais co. v
tem-se flex) = c+ fir) (proporcionaludade direta) ou fler) = fleyic. see #0 (proporcionalidade
mversa ),
Nesta nova versav. as eraudezas da defimigao antiga sao os ntuucros reais wv. ye a correspon-
déncia a que Trajano se refere 6 uma fungao f : IK > R tal que y = f(r).
E claro que se f(er) = ¢- fir) para todo ¢ ¢ todo x entao. escrevendo a = f{1) . tem-se
fle) = fle-1) =e: f(1) = ca. ou seja. fle) = ae para todo c € R. Numa notagao mais adequada.
temos f(r) = ar para todo vv € R. logo f @ uma funcao linear.
Em suma. a definicao tradicional equivale a dizer que a grandeza y é diretamente proporcional
a grandeza 2 quando existe um nimero a (chamado a constante de proporcionalidade) tal que

Quanto a proporcionalidade inversa. cla sé tem sentido quando se trata de grandezas nao-
nulas. Seu modelo matematico ¢ uma fungio f : R* -» R* (onde R* = R — {0}) tal que
filer) = fire para cor € R* quaisquer. Usando o mesino raciociio anterior. isto quer dizer
que. para todo wz € R*. tem-se fir) = a/a. onde a constante a é f(1).
Fixarcmos nossa atcugao na proporcionalidade direta. que chaimaremos apenas de “propor-
clonalidade.
Na pratica. ha situacoes em que a formula y = au. que caracteriza a proporcionalidade, é
dada explicitamente (ou quase). Por excimplo. se um quilo de agucar custa @ reais entao xs quilos

ae A 84
custam y = av reais.
Em muitos casos, porém, a constante a de proporcionalidade nao esta clara e. as vezes, nem
mesmo tem relevancia alguma para o problema. Um exemplo disso se tem nas aplicacoes do
teorema de Tales.
Naquele teorema, tem-se um triangulo ABC" e uma correspondéncia que a cada ponto X
do lado AB associa o ponto Y do lado AC tal que XY é paralelo a BC’. O teorema de Tales
assegura que o comprimento y do segmento AY é proporcional ao comprimento .r de AX. Mas que
importancia tem a constante de proporcionalidade a = y/xr ? Por acaso. tem-se a = sen B/sen.C
tnas este valor nao significa muito no caso.

A
nM
DY

Y
Figura 5.9

Este exemplo chama a atenqao para o fato de que nos problemas relativos 4 proporcionalidade
Q que importa muitas vezes é saber apenas que se y = f(r) e y’ = f(a’) entao y//z' = y/r ¢
constante.

Quando a correspondéncia rh y. 2’ + y’ é uma proporcionalidade. a igualdade y’/2’ = y/xr


permite que se determine um desses quatro ntimeros quando se conhecem os outros trés. Nisto
consiste a tradicional “regra de trés”.
Mas ha uma questao preliminar que ¢ a seguinte: como vamos ter certeza de que a correspon-
déncia xc y é uma proporcionalidade? A definicao de Trajano exige que se tenha f(cr) = cf (x)
para todos os valores reais de c e x. Em particular. para todo c. Isto é facil de verificar quando
e @ inteiro. E nos outros casos? E se c for irracional? Felizmente basta que se saiba que
f(nr) = nf(xr) para todo x € R e todo n inteiro, desde que se suponha que f é mondtona (o que
é facil de constatar na pratica).
O teorema abaixo é a chave para determinar. em todas as situacoes. se uma dada funcao é
ou nao linear.

85 we)
TEOREMA 95.8. TEOREMA FUNDAMENTAL DA PROPORCIONALIDADE
Seja f : R > R una funcao crescente. As seguintes afirmacoes sao equivalentes:
(1) f(nr) =nf(r) para todon€ Zetodowe R.
(2) Pondo a = f(1). tem-se f(r) = ar para todo x € R.
(Logo f(cr) = cf(x) para quaisquer c..c € R.)
(3) f(a + y) = f(x) + fly) para quaisquer vr. y € R.

DEMONSTRACAO.
Provaremos as nnplicacoes (1) => (2). (2) = (3) ¢ (3) = (1). A fim de demostrar que (1) = (2).
provemos inicialmente que. para todo nimero racional r = msn. a hipétese (1) acarreta que:
f(rr) =r f(r). seja qual for 2 € R. Com efeito. como rr ss m7. tel-se:

ne fre) = flared = flr) = om fled.

logo
| 7 Who a
fire) = Fhe =r: f(r).
)

Seja. a = f(l). Como f(0) = f(0-0) = O- f(0) = 0. a monotonicidade de f) nos da


a= f(1) > f(0) =0. Assim. a 6 positivo. Além disso. temos flr) = flr l) =r fl) = rea =ar
para todo r € Q.
\Mfostremos agora que se tem fCr) = ar para todo wv é KR.
Suponha. por absurdo. que exista algum ntimero real. (necessariamente irracional) tal que
f(v) # ar. Para fixar ideias. admitamos f(r) < ar. (O caso fla) > ar seria tratado de modo
analogo.) Teimos

Entao f(r) << ar < ar. ou seja. f(r) < f(r) < ar. Mas isto 6 absurdo. pois f ¢ crescente logo.
como r <r. deverfamos ter f(r) < fir). Esta contradigao completa a prova de que (1) = (2).
As imnplicagoes (2) = (3) e (3) = (1) sao obvias.

Em algumas situacoes. o Teorema Fundamental da Proporcionalidade precisa ser aplicado a


grandezas (Como area OU massa. por exemplo) cujas medidas sao expressas apenas por niwneros
positivos. Entao temos uma funcao crescente f : R7 — R*. onde R7 = {2 € Rix > O} 60
conjunto dos ntimeros positivos. Neste caso. as afirmacoes do Teorema leeni-se assim:

a 2 86
ya Fee Se Cr ee es ees Se ee Ee er ee Te ee
Che RE Rae
A Se RON NTRS SORT SESS

(1+) f(mxr) =n- f(x) para todo n € Ne todo x € R®.


(2*) Pondo a = f(1). tem-se f(r) = ax para todo x € Rt.
(37) flrt+y) = f(r) + f(y) para quaisquer x.y € R.

Neste novo contexto. o Teorema Fundamental da Proporcionalidade continua valido. isto é.


is afirmacoes (17). (27) e (37) sao ainda equivalentes. Isto se mostra itroduzindo a funcgao
Fe: K — &. onde F(O) = 0. F(a) = flr) e F(-—r) = —flr) para todo wv > 0. Cada uma das
afirmacoes (17). (27) e (3°) para f equivale a uma das afirmacoes (1). (2) ¢ (3) para F.
Deve-se observar que a funcao f do teorema acima sendo creseentc. tem-se a = f{1) > 0. No
‘aso de se supor f decrescente vale win resultado analogo. com a < 0.
A importancia deste teorema esta no seguinte ponto: se queremos saber se fo: KR -> i 6 uma
Mmncao linear basta verificar duas coisas.
Primeira: f deve ser crescente ou decrescente. (Estamos deixando de lado o caso trivial de f
identicamente nula.|
Segunda: fin) = nf(ar) para todo x € Re todo n € Z. No caso de f : K° -+ R° basta
verificar esta fltima condigao para n € N.

EXEMPLO 5.9.
Se investirmos a quantia x. digamos numa caderneta de poupanc¢a. depois de um ano teremos
um capital f(.c). Evidentemente. f é uma funcao crescente de x: quanto mais se aplica mais
se recebe no final. Além disso. tem-se f(mc) = nf(r) para todo n € Ne todo r. De fato,
esta igualdade significa que tanto faz abrir uma caderneta de poupan¢a com o capital inicial
r’ = nx como abrir (no mesmo dia) n cadernetas. cada uma com o valor inicial x. O Teorema
Fundamental nos permite concluir que f(a) € proporcional a x. Mais precisamente. se a aplicacao
de 1 real der. no final de um ano, um valor de resgate igual a a. entao o capital inicial de x reais se
transformardé em f(.2) = az no final de um ano. (Nao confundir este exemplo com o crescimento
do capital em funcao do tempo. Este nao é proporcional e sera tratado quando estudarmos a
funcao exponencial. )

EXEMPLO 5.10.
Euclides dizia: “dois retangulos de mesma altura estao entre si como suas bases”. Isto quer
dizer que. se a altura de um retangulo é fixada. a area desse retangulo 6 proporcional a base. Ou
ainda: a drea de um reténgulo de altura a e base x € uma funcdo linear de wv. E claro que esta
afirmacao é uma consequéncia super-Obvia da formula de area do retangulo. O ponto. todavia. é
que ela é o arguinento crucial para a deducao daquela formula. logo nao pode ser deduzida como
sua consequéncia. Para estabelecer sua veracidade, seja f(r) a area do retangulo de altura ae

87 so BS
base xr. E claro que f é uma funcao crescente de x. Além disso, é claro que um retangulo de
altura a e base nx pode ser decomposto em n retangulos de mesma altura a, cada um com base
xv. logo f(nx) = nf(r). Segue-se, entao, do teorema que f(x) = A- xr. onde A = f(1) éa area de
um retangulo de altura a e base 1. Vamos mostrar que A = a. O mesmo argumento, aplicado
aos retangulos de mesma base 1 e altura varidvel, mostra que A = a-U,. onde U é a area do
retangulo de base ec altura iguais a 1. Mas este é o quadrado de lado 1 0 qual é. por definicao.
a unidade de area. Portanto U = 1 e A =a. Conclusao: a area de um reténgulo de altura ae
base x é igual a ar.

= AL

Figura 5.10

OBSERVAGAO.
No enunciado que demos para o Teorema Fundamental da Proporcionalidade, fizemos a hip6-
tese de que a funcao f fosse crescente (ou decrescente. seria o mesmo). Outra hipdtese possivel
para o teorema e equivalente, neste caso, 4 monotonicidade — seria de que a funcao f fosse
continua. Note-se que, na demonstracao, a monotonicidade foi usada apenas para provar quc se
f(r) = ar para todo r racional entao f(z) = ax para todo z real. Esta conclusao é imediata
quando f é continua, pois todo nimcro real zx é limite de uma sequéncia de nimeros racionais r,;,
logo a continuidade de f nos da f(x) = lim f(r,) = limar, = ar. A razao pela qual optamos em
usar monotonicidade, em vez da continuidade para f é que este Ultimo conceito nao é usualmente
tratado no Ensino Médio, enquanto “crescente” e “decrescente” sao nocoes bem mais elementares,
que nao dependem da ideia de limite.

5.4 Caracterizacao da Funcao Afim


Como saber se. numa determinada situacao. o modelo matematico a ser adotado é uma funcao
afin?

ass 88
CARACTERIZACAO DA FUNGAO AFIM Se , CAPITULO 5 ©

No caso da tarifa do taxi nao ha problema. Tem-se f(r) = ar + 6b onde wv é a distancia


yercorrida. f(r) ¢ Oo preco a pagar. b ¢ a bandeirada c a é a taxa por quildmetro rodado. Mas
iem) todo problema € assim tao explicito.
Vojamos unm caso diferente.
E.W. observou. nuina sapataria. que o vendedor determinava o ntunero do sapato do chente
nedindo seu pé com uma escala na qual. em vez de centimetros. estavam marcados os numeros
. 36.37. 38..... O fato mais importante que cle percebeu foi que esses ntimeros estavam igual-
nente espacados. isto é. a distancia de cada um deles para o seguinte era constante. [sto queria
lizer que a acréscimos iguais no tamanho do pé corresponderiain acréscimos iguais no mtimero
lo sapato. Dito de outro modo: se un certo pé precisar de crescer fh centiimetros para passar de
amanho 33 para 34. precisara de crescer os mesmos /t Centimetros para passar de 38 para 39.
sto lhe deu a certeza de que a funcao que faz corresponder a cada comprimento x de um pé o
wamero f(.c) do sapato adequado é¢ uma funcao afim: f(a) = ar + b. (Vide teoremna a seguir.)
E.W. sabia que. para determinar os coeficientes a. b da funcao afim. bastava conhecer yy =
f(y) e@ yo = f(a) para dois valores diferentes quaisquer wy ¢ Wy.
Ele atravessou a rua. Do outro lado havia uma papelaria. onde comprou uma régua. Voltou
1 sapataria e pediu emprestada a escala do vendedor. Como sua régua media até milimetros
nquanto a escala sO marcava pontos ¢ meios pontos. escolheu dois valores wr; 4 wv. tals que
ds Nimeros de sapato correspondentes. y, = f(r.) e yo = f(r). assinalados na escala. fossem
ntciros. Tomou wr, = 20.79 = 28 e vin que f(r) = 32. flrs) = 42. A partir daf. calculou os
‘oeficientes @ = (yy) — yo)/(y — re) 0b = yy — avy chegando a formula

/

ju + 28
f(x) = ——.
4
jue da o ntiimero f(.c) do sapato de uma pessoa em fungao do comprimento . do seu pé em
‘cutimetros. Para chegar a sua formula. E.W. fez uso do seguinte

TEOREMA 5.11.
Seja of : R —-+ +R _ uma _ funcao monodtona __injetiva. Se oo. acréscimo
f(r +h) — f(x) = y(h) depender apenas de h, mas nao de z, entao f é uma fungao afim.

A demonstragao deste teorema. que fareios agora. ¢ uma aplicagao do Teorema Fundamental
la Proporcionalidade. Para fixar ideias. suporemos que a funcao f seja crescente. Entao yp: R—-
R também é crescente. com (0) = 0. Além disso. para quaisquer h . hk € IR temos

rih+h) = fle t+ ht+h) — flr)

= f((e th) +h) flat kl + flr tk) — fle)


= yh) + pth).

89 & we
wi artrne: 3 EA eo i 2 oa eee R a i

Logo. pelo Teorema Fundamental da Proporcionalidade. pondo-se a = y(1). tem-se y(/) = a-f
para todo fh € R. [sto quer dizer que fie +h) — fir) = ah . Chamando f(0) de 6. resulte
f(h) =ah +b. ou seja. flr) = ae + 6 para todo wr € R.

OBSERVACAO.
A reciproca do teorema acima ¢ 6bvia. Se f(r) = ar +b entao f(r +h) — f(a) = ah nac
depende de wr. A hipdtese de que f(r +h) — f(r) nao depende de wr as vezes se exprime dizendc
que “a acréscimos iguais de .r correspondem acréscimos iguais para f(r)”. OQutra maneira de
exprimir esta hipdtese consiste em dizer que os acréscimos sofridos por f(a) sao proporcionais
aos acréscimos dados aw.

EXEMPLO 5.12.
Suponhamos um ponto que se movimenta sobre um eixo. Sua posicao. cm cada instante ¢
© determinada pela coordenada (abcissa) f(t). Diz-se que se trata de um movimento uniforme
quando o ponto se desloca sempre no mesino sentido (isto é&. f @€ uma fungao monotona) e
além disso. em tempos iguais percorre espacos iguais. Isto significa que f(t + h) — f(t). espacc
percorrido no tempo fh. a partir da posicao f(t). depende apenas de fh. mas nao de t. Entao
é uma funcao afim: f(t) = at + b. onde a = f(t +1) — f(t) . espacgo percorrido na unidade de
tempo. chama-se a velocidade e b = f(0) 6 a posicao inicial.

OBSERVACAO.
Na definicao usual de movimento uniforme. a condicao de que o ponto moével se desloque
sempre no mesmo sentido nao é imposta. A razao para isto € que se supoe sempre que, nc
movimento, a funcao f(t) que da a posicao do ponto no instante ¢t seja continua. E, como jé
observamos antes, no Teorema Fundamental da Proporcionalidade. a monotonicidade de f pode
ser substituida por sua continuidade. sem alterar a conclusao. Deve-se esclarecer. porém, que
uma dessas hipéteses — monotonicidade, continuidade ou algo equivalente — deve ser inclufdé
pois existem funcoes f : R — R. incrivelmente complicadas, para as quais vale a condicac
f(x +y) = f(x) + f(y) para x.y € R quaisquer mas f nao é da forma f(x) = ar.

Existe uma conexao interessante entre funcoes afins ¢ progressoes aritinéticas. analoga a que
veremos mais tarde entre funcgoes exponenciais ¢ progressoes gcomeétricas.
Lina progressao aritmética pode ser vista geometricamente como uma sequéncia (finita ov
Infinita) de pontos wy.wa...... rj.... gualmente espagcados na reta. Isto quer dizer que a razac
he = 4,2; —.v, nao depende de ¢:

— Uy = *1ee = Pee y _ I, “7 ¢ ©
) — Uy — Dy =— Ws

as 2 90)
IN
‘a
Se /: R > Ré uma funcao afim. digamos f(r) = ar+b. @wvy.wo... se. reo... @ lima progressao
aritmé¢tica. entao os pontos y, = f(r,).7 = 1.2.... também estao igualmente espagados, isto ¢.
formal ula progressao aritmé¢tica cuja razao

U2. — yy = (an), +b) — (ar; +b) = abr) — ry) = ah,

Assim. se tivermos uma reta nao-vertical (grafico de wma funcao afim) em KR ¢ tomarmos
sobre cla os pontos

cujas abcissas sao os ntuneros naturals 1. 2..... iw... as ordenadas yy. yo..... yj... desses pontos
formam uma progressao aritinética.
Reciprocamente. se uma funcao monotona f : R > R transforma qualquer progressao arit-
mética wy.to...... rye... numa progressao aritmética yy = f(r)).yo = flre)..... yy = f(a,)....
ontao f ¢ uma funcao afim.
Com efeito. neste caso a nova funcao g : R > R. definida por g(r) = fir) — f(0). transforma
qualquer progressao aritmética noutra progressao aritmética. c agora tem a propriedade g(0) = 0.
\ostremos que g é linear.
Para todo « € R. os ntmeros —.r.0..7 formam uma progressao aritmeéetica. logo o mesmo
ocorre com os ntimeros g(—.r).0. g(r). Por conseguinte. g(—.r} = —g(r).
Em seeuida. consideremos .r € Ren € N. Entao os ntimeros 0... 20.0... formam uma
progressao aritmética. 0 mesmo se dando com suas imagens por gs OogGr).g(20r)..... g(r).
A razao desta progressao pode ser obtida tomando a diferenca centre o segundo e o primero
termo. logo esta razao é g(r). Segue-se entao que g(mr) = n- gtr). Finalmente. sen ¢ um
inteiro negativo. temos —n € N logo g(mr) = -—g(-ner) = —(—n-gir)) = n+ gtr). Assim. vale
g(nr) = ng(a) para todo n € Ze todo x € R. Pelo Teorema Fundamental da Proporcionalidade.
segue-se que g é linear: g(r) = ar. portanto. pondo f(0) = b. temos f(.r) = gir) + f(0) = ar +h
para todo .x € R. como querfamos demonstrar.

5.5 Funcoes Poligonais


As funcoes poligonais surgem naturalmenute. tanto na vida cotidiana (imposto de renda como
funcao da renda liquida. prego de uma mercadoria que oferece descontos crescentes quando au-
menta a quantidade comprada) como em diversas areas da Matematica (Andalise. Calculo Numé-
rico. Equacoes Diferenciais. Topologia).
Diz-se que f: R > R é uma funcao poligonal quando existem ty < ty < +++ < t, tals que.
mara wr < ty. para vw >t, e em cada um dos intervalos :t;_,.t;|.
EF] f. coincide com uma funcao
« afim

91 sa BA
‘CAPITULO 5° a ae a . FUNCOES AFINS

f, . (Para evitar descontinuidades. exige-se que fi(t;) = f,-1(t;-,).) Equivalentemente. podemos


dizer que wna funcao f: R > R ¢ poligonal quando seu grafico é uma linha polygonal.
Q prototipo de funcao poligonal ¢ uma funcao f : R - R. definida por fir) = Uri. Ou entao
f(r) = je — cl). para algum c € R.

‘t

()

Figura 5.11: Grafico de uma funcao poligonal.

Outros excmplos sao dados por expressoes do tipo

f(r) = jar +3

ll

g(r) = la —al t+ jr 3]

y “ +» y a

y = |v

0 x 0

Figura 5.12

Estes exeinplos nos levam a conjeturar que toda funcao poligonal pode ser definida combi-
nando valores absolutos de funcoes afins. Esta conjetura 6 verdadeira. (Ver exercicios deste
capitulo. )

as fy 92
Doo 2) 5) 0) Od { 6. men re rn CAPITULO 5

Exercicios

5.1. Quando dobra o percurso em uma corrida de taxi, o custo da nova corrida é igual ao dobro,
maior que o dobro ou menor que o dobro da corrida original?

5.2. A escala da Figura 5.13 a seguir é linear. Calcule o valor correspondente ao ponto assinalado.

17 09

Figura 5.13

5.3. A escala N de temperaturas foi feita com base nas temperaturas maxima e minima em Nova
Iguacu. A correspondéncia com a escala Celsius é afim e sabemos o seguinte:

°N | °C

100 | 43

Em que temperatura ferve a Agua na escala N ?

yy
5.4. Uma caixa d’d4gua de 1000 litros tem um furo no fundo por onde escoa 4gua a uma vazao
constante. Ao meio dia de certo dia ela foi cheia e, 4s 6 da tarde desse dia, sd tinha 850
litros. Quando a caixa ficara pela metade?

93 Af
5.5. Um garoto brinca de arrumar palitos fazendo uma sequéncia de quadrados como na figura.
Se ele fez nm quadrados, quantos palitos utilizou?

Figura 5.14

5.6. Admita que 3 operarios, trabalhando 8 horas por dia. construam um muro de 36 metros em
5 dias.
a) Quantos dias sao necessarios para que uma equipe de 5 operarios, trabalhando 6 horas
por dia, construa um muro de 15 metros?
b) Que hipoéteses foram implicitamente utilizadas na solucao do item anterior?
c) Dentro dessas mesmas hip6éteses, exprima o numero D de dias necessarios 4 construcgao
de um muro em funcao do nimero N de operarios. do comprimento C’ do muro e do ntimero
H de horas trabalhadas por dia.

5.7. As leis da Fisica, muitas vezes, descrevem relacoes de proporcionalidade direta ou inversa
entre grandezas. Para cada uma das leis abaixo. escreva a expressao matematica correspon-
dente.

a) (Lei da gravitacgao universal). Matéria atrai matéria na razao direta das massas e na
razao inversa do quadrado das distaéncias.
b) (Gases perfeitos). A pressao exercida por uma determinada massa de um gas é direta-
mente proporcional 4 temperatura absoluta e inversamente proporcional ao volume ocupado
pelo gas.
c) (Resisténcia elétrica). A resisténcia de um fio condutor é diretamente proporcional ao
seu comprimento e inversamente proporcional a area de sua secao reta.
d) (Dilatacao térmica). A dilatacado térmica sofrida por uma barra é diretamente proporci-
onal ao comprimento da barra e 4 variagao de temperatura.

5.8. As grandezas X e Y sao inversamente proporcionais. Se X sofre um acréscimo de 25% qual


o decréscimo percentual sofrido por Y ?

mst A 94
EXERCICIOS .-- . re Be CAPITULO 5.

5.9. Os termos aj, 4@2,...,@, de uma P.A. positiva crescente sao os valores f(1), f(2),..., f(n)
de uma funcao afim.

a) Mostre que cada a; é igual a drea de um trapézio delimitado pelo grafico de f, pelo eixo
OX e pelas retas verticais de equacdes

om
=
oe
mm
=
~
—_

Figura 5.15

b) Mostre que a soma S = a, + ad) +---+ apy é igual a area do trapézio delimitado pelo
grafico de f, pelo eixo OX e pelas retas verticais r = $e r=n+ 3.
c) Conclua que S = a1+@n.
n.

5.10.
Cad

Pessoas apressadas podem diminuir o tempo gasto em uma escada rolante subindo alguns
degraus da escada no percurso. Para uma certa escada, observa-se que uma pessoa gasta 30
segundos na escada quando sobe 5 degraus e 20 segundos quando sobe 10 degraus. Quantos
sao os degraus da escada e qual o tempo normalmente gasto no percurso?

9.11. Augusto, certo dia, fez compras em 5 lojas. Em cada loja, gastou metade do que possuia e
pagou, na saida, R$ 2,00 de estacionamento. Se apds toda essa atividade ainda ficou com
R$ 20,00, que quantia ele tinha inicialmente?

5.12. Estuda-se a implantacao da chamada “formula 95”. Por essa formula os trabalhadores teriam
direito 4 aposentadoria quando a soma da idade com o nimero de anos de servico atingisse
95. Adotada essa formula, quem comecasse a trabalhar com 25 anos, com que idade se
aposentaria?

95 Af
9.13. Em uma escola ha duas provas mensais, a primeira com peso 2 e a segunda com peso 3. Se
o aluno nao alcancar média 7 nessas provas, fara prova final. Sua média final sera entao
a média entre a nota da prova final, com peso 2 e a média das provas mensais, com peso
3. Joao obteve 4 e 6 nas provas mensais. Se a média final para aprovacao é 5, quanto ele
precisa obter na prova final para ser aprovado?

Arnaldo da a Beatriz tantos reais quanto Beatriz possui e dé a Carlos tantos reais quanto
Carlos possui. Em seguida, Beatriz da a Arnaldo e a Carlos tantos reais quanto cada um
possui. Finalmente, Carlos faz o mesmo. Terminam todos com R$ 16,00 cada. Quanto
cada um possuia no inicio?

Um carro sai de A para B e outro de B para A, simultaneamente, em linha reta, com


velocidades constantes e se cruzam em um ponto situado a 720m do ponto de partida mais
proximo. Completada a viagem, cada um deles para por 10min e regressa com a mesma
velocidade da ida. Na volta, cruzam-se em um ponto situado a 400m do outro ponto de
partida. Qual a distancia de A até B?

Em uma ferrovia, as estacoes A e B distam entre si 3km e a cada 3min parte um trem de
cada uma delas em diregao 4 outra. Um pedestre parte de A para B, no exato momento
em que um trem parte de A para B e outro chega a A vindo de B. Ele chega a B no exato
momento em que um trem parte de B para A e outro trem chega a B vindo de A. Em
seu caminho, o pedestre encontrou 17 trens que iam no mesmo sentido que ele e com 23
trens que iam no sentido oposto ao seu, ai incluidos os 4 trens j4 citados anteriormente. As
velocidades dos trens sao iguais. Calcule as velocidades dos trens e do pedestre.

5.17, Dado o grafico da funcao f, a seguir, obtenha, em cada caso, o grafico da funcao g tal que:

a) g(x) = f(x) — 1;
b) g(x) = f(x — 1);
c) g(x) = f(-2);
d) g(x) = 2f(z);
e) g(x) = f(2e);
f) g(x) = [f(x)I:
g) g(x) = f(lx}):
h) g(x) = mar{f(z),0}.
5.18.) Determine os valores reais dex que satisfazem:
a) 2r+3-—(r-1)< 241;
b) 2r+3—(r4-1)<2x+5;

a & 96
cert atone

>v
Figura 5.16

c) min{a+1:5-—a} > 2r — 3;
d) min{a+1,5-— x} < 22; -
e) min{2x —1,6-—ar}=2;
f) 2ja+1)/-|l—2z]) <27+2:
g) (22 + 3)\(1 — 2) = (2x 4 3)(2 — 2):
h) |ja+1—|r—-1|| < 27-1.

0.19. Resolva a inequacao


1 1
< .
27r+1 1-2

0.20. Determine a imagem da funcao f : R > R tal que

f(x) = mar{zx — 1,10 — 27}.

D.21. Faca os graficos de:


a) f(x) = min{4 — z;2 + 1};
b) f(z) =|z4+1|—-|z-1]). 5

D.22. Identifique o conjunto dos pontos (x, y) tais que:


a) |r| + |y| = 1;
b) ja —y| = 1.

D. 2a. Um supermercado esté fazendo uma promocao na venda de alcatra: um desconto de 10%
é dado nas compras de 3 quilos ou mais. Sabendo que o preco do quilo de alcatra é de R¢
4.00. pede-se:

97 aw
| a
a) o grafico do total pago em funcado da quantidade comprada.
b) o grafico do preco médio por quilo em fungao da quantidade comprada.
c) a determinacao de quais consumidores poderiam ter comprado mais alcatra pagando o
mesmo preco.

5.24. Os novos valores de IR-fonte: (Dados de 1996.)

Base de calculo | Alfquota| Parcela a deduzir


Até R$900 Isento -
De R$900 a R$1800 15% R$135
Acima de R$1800 25% R$315

Fonte: Secretaria da Receita Federal


Baseado na tabela acima, construa o grafico do imposto a pagar em funcao do rendimento.

0.20. O imposto de renda y pago por uma pessoa que, em 1995, teve uma renda liquida zx é
calculado através de uma expressao da forma y = az — p, onde a aliquota a e a parcela
a deduzir p dependem da renda zx e sao dadas por uma tabela, parcialmente fornecida a
seguir.

Renda (em R$) | Alfquota(a) | Parcela a deduzir p


Até 8800 0 0
De 8800 a 17160 15%
De 17160 a 158450 26%
Mais de 158450 35%

a) Complete a tabela, de modo que o imposto a pagar varie continuamente com a renda
(isto é, nao haja saltos ao se passar de uma faixa de renda para outra).
b) Se uma pessoa csté na terceira faixa e sua renda aumenta de R$ 5.000,00, qual sera seu
imposto adicional (supondo que este acréscimo nao acarrete uma mudanca de faixa)?
c) E comum encontrar pessoas que lamentam estar no inicio de uma faixa de taxacdo (“que
azar ter recebido este dinheiro a mais!”). Este tipo de reclamacao é procedente?
d) Os casais tém a alternativa de apresentar declaracéo em conjunto ou separadamente. No
primeiro caso, o “cabeca do casal” pode efetuar uma deducaéo de R$ 3.000,00 em sua renda
liquida mas, em compensacao, tem que acrescentar a renda do cénjuge. Em que casos é
vantajosa a declaracéo em separado?
e) A tabela de taxacao é, As vezes, dada de uma outra forma, para permitir o célculo do
imposto através de uma expressao da forma y = b(x —q) (isto é, primeiro se deduz a parcela

a
;
| os & 98
CAPITULO 5

q e depois se aplica a aliquota). Converta a tabela acima para este formato (isto é, calcule
os valores de b e q para cada faixa de renda).
f) Qual a renda para a qual o imposto é igual a R$ 20.000,00?
g) Esboce o grafico da funcao que associa a cada renda z o percentual desta renda que é
pago de imposto.

5.26. Uma copiadora publicou a seguinte tabela de precos:

Nudmero de cépias de um mesmo original | Preco por cépia


de lal9 R$ 0.10
de 20 a 49 R$ 0,08
50 ou mais R$ 0.06

a) Esboce o grafico da funcao que associa a cada natural n o custo de n cépias de um mesmo
original.
b) O uso da tabela acima provoca distorgdes. Aponte-as e sugira uma tabela de precos mais
razoavel.

5.27. Resolva as seguintes equacoes:

a) |x —2| = 2r -1;
b) [32
— 6| = 27+ 3;
c) jn
— 2] =x —3.

5.28. Chama-se de fun¢do-rampa a uma funcaéo poligonal f : [a,b] + R, cujo grafico é de uma
das formas abaixo:

Va Ys

a b
aa ° >
D
0 X

> De------------>-
0 X

Figura 5.17

Isto é, f tem dois patamares [a,c] ¢ [d,b], onde assume, respectivamente, os valores 0 e D,
ligados por uma rampa.

99 i 8
EC e Se ei Les ih. 02 ie. 2h oe

a) Mostre que toda funcao-rampa pode ser escrita na forma

far) = S[(d—
a
0) + re] + br dl
para todo x € [a,b], onde
D
a=
d—c
é a inclinacao da rampa.
b) Mostre que toda funcao poligonal definida cm um intervalo [a,b] pode ser expressa
como uma soma de uma funcao constante (que pode ser vista como uma funcgao-rampa de
inclinacao zero) com um ntmero finito de funcdes-rampa. Escreva nesta forma a fungao
poligonal cujo grafico é dado abaixo.

Ya

@--------

LN
=] WwW "3. 4
><

_14.--%

Figura 5.18

c) Conclua que toda funcéo poligonal definida em um intervalo [a,b] pode ser escrita na
forma

f(x) = A+a,|x — a,| + aalx — ao| +--- + an|z — an|,

para todo x € [a,b], onde aj, a2,...,@, sa0 as abcissas dos vértices da poligonal. Escreva
nesta forma a funcao poligonal cujo grafico é dado na Figura 5.18.

».29. Dadas as progressoes aritméticas

(Q),@9,...,Qn,...) e (by, bo,...,0n,.--):

mostre que existe uma, e somente uma, fungao afim f : R > R tal que f(a1) = 5), f(a2) =
bo,..., f (An) = bn,...

ae» 100
5.30. Ae B sao locadoras de automoével. A cobra 1 real por quildmetro rodado mais uma taxa
de 100 reais fixa. B cobra 80 centavos por quildmetro mais uma taxa fixa de 200 reais.
Discuta a vantagem de A sobre B ou de B sobre A em funcao do ntimero de quilémetros a
serem rodados.

5.31. Defina uma fungao f : R > R pondo f(z) = 2x se x é racional e f(z) = 32 se z é irracional.
Mostre que se tem f(nxr) = nf(x) para todo n € Ze todo x € R mas f nao é linear.

0.32. Prove que a fungao f : R — R, definida por f(x) = 3r + sen(27r), é crescente e, para
todo x € R fixado, transforma a progressao aritmética 7,7 + 1,7 + 2,... numa progressao
aritmética. Entretanto, f nao é afim. Por que isto nao contradiz o fato provado no final da
Secao 5.4 (pags. 114 e 115)?

101 Ams
CaP{TULO. 5: ee _. .. | FUNCOES AFINS

102
FUNCOES QUADRATICAS
RN
PERE TESSSNT tahMTCSS
TOTS Ge SATEi)Pot

6.1 Definicao e Preliminares


Uma funcao f : R — R chama-se quadrdtica quando sao dados nimeros reais a. b. ¢. com
a #(. tais que f(x) = ar* + ba +c para todo x € R.
A primeira observacao que faremos é: os coeficientes a, b. c da funcao quadratica f ficam
inteiramente determinados pelos valores que essa funcao assume. Noutras palavras. se ax? + br +
cada? +b'r4c' para todo. € R entdoa=a’.b=b' ecc=c'.
Com cfeito. seja ar? + br + ¢ = a'r? +b'a +c para todo x € R. Tomando .r = 0. obtemos
¢ = c', Entao. cortando ¢ ec’. tem-se ar? + br = a'r”? + b'r para todo r € R. Em particular.
esta igualdade vale para todo v 4 0. Neste caso. cancelando .r. obtemos ar + b = a’a +b’ para
todo .r # 0. Fazendo primceiro x = 1 e depois x = -1. vem a+b=a'+b' ce -at+b= -ad' +0.
donde concluimos a =a' cb= J’.
A observagao acima permite que se identifique uma funcao quadratica com um trindmio do
segundo grau. Ha. em principio. uma diferenga sutil entre esses dois concecitos. Um trinémio
do sequndo grau € uma expressao formal do tipo aX? + 6X + ¢. com a.b.c € R. sendo a F 0.
A palavra formal ai significa que a letra X é apenas um simbolo. sendo X? um outro modo de
escrever NX. Por definicao. dois trindmios aX? + bX + ¢ e a’X? +.b'X +c’ sao iguais quando
a=a.b=bec=C. {Em itltima analise. um trindmio é o mesmo que um terno ordenado de
utimeros reais (a. b.¢).|
A cada trindmio corresponde a funcao quadratica definida por r > ar?+br+c. A observacao
anterior significa que essa correspondéncia (trindmio) > (funcao quadratica) é biunivoca. (Pela
definicao de fungao quadratica, tal correspondéncia ¢ automaticamente sobrejetiva.)

EXEMPLO 6.1.
As fracoes racionais

X?—~3X 42 ° X14+ X3- X24


xX -2
X*-2X41 X3?—X*+X
—1
sao expressoes formalmente bem diferentes, que definem a mesma funcao f : R — {1} > R, pois,
para todo nimero real x 4 1, tem-se

p—3r4+2 ri+273-7*%
4+ 7-2
=r+2.
zr? —-2r+1 y—x72+ar-—l

Este exemplo serve para mostrar que, quando nao se trata de polindmios, duas expressoes
formais distintas podem definir a mesma funcao real de uma varidvel real.

A partir de agora, identificaremos a fungao quadratica com o trindmio do segundo grau a ela

as s. 104
“CAPITULO 6

associado e nos permitiremos falar da funcao

f(x) =ar* +br +e

sempre que nao houver perigo de confundi-la com o ntimero real f(.r). que é o valor por cla
assumido no ponto .r.
A fim de que se tenha a = a’.b=U' ec = Cc’. nao é necessario exigir. como fizemos acima, que
) 9
ari +brtcozaue tb rte

para todo 1 € R. Basta supor que esta igualdade valha para trés valores distintos de .r. Passemos
a discutir este assunto.
Suponhamos que as funcoes quadraticas

f(~)=ar*+brtc e g(x) =a? +hrtic

assumam os mesmos valores f(.ry) = g(r1). f(re) = g(r2) e f(r) = g(r3) para trés niimeros
reais distintos .r). wy e ry. Escrevendo a =a-a’. 3 =b—-b'e~ =c—c'’. queremos mostrar que
a= 3=%7 =0. Sabemos que f(x) -— g(r) = 0. f(r2) — g(r.) = Oe flag) - glr3) = 0. Isto
significa que
ari + trp +4 =0
ars + Bry +4 =0 (S)
ari + Br, +7 =0.
Subtraindo a primeira equacgao de cada uma das outras. vem:
‘ 9): - -
a(as — aj) + 3(t2 -— 1) = 0

a(a3 2 — rt)2 + 3(a3


af. — 71) = 0.

Como 22 — 71 #0 e x3 — 4; # 0. podemos dividir a primeira destas equacgoes por ry — 7, ea


segunda por «3 — 1). obtendo

a(r; +.re)+ .3=0


a(r, +243) + 3 = 0.

Subtraindo membro a membro. temos a(.r3 — 22) = 0.


Como +3 — to # 0. resulta dai que a = 0. Substituindo nas equacoes anteriores. obtemos
sucessivamente 3=O0e7 =0.
Acabamos de mostrar que se duas funcoes quadraticas assumem os mesmos valores em trés
pontos distintos v,.%2.7%3 entao essas fungoes sao iguais. isto é. assumem o mesmo valor para
qualquer ntimero real x.

105 AD
. CAPITULO
6 re Se a Crs 06}.
| 0.6) 9 0) 09,08)
9.40 OF. 0,

Exaiminando o argumento usado. vemos que se tem um sistema (S) de trés equagoes lineares
a trés incdgnitas a..3.4 com os segundos membros iguais a zero (sistema homogéneo). O que
provamos foi que a nica solucao desse sistema é a solucao trivial a = 3 = + = (0. Sabemos que.
em geral, quando um sistema homogéneo sé admite a solugao trivial entao podemos substituir
os zeros dos segundos membros por nimeros arbitrarios que sempre teremos solucao tinica. No
caso presente, isto é facil de ver diretamente: usando os mesmos passos seguidos acima. vemos
que. dados arbitrariamente os nimeros reais y;. yo. y3. existe um. e somente um terno ordenado
de ntiimeros a. b, ¢ tais que

ax} +br,+c¢=y
a2
ars + b%2+C
. |
= Yo
9

ar; + br3 + ¢ = ys.

Neste sistema. varios habitos tradicionais sao violados. As incégnitas sao a. b. c em vez dos
we . ~ ) ‘ ‘ , .
vt. y. = de costume. Os coeficientes conhecidos sao 11. 2, 03. V7. 5. 13 e 1. 1. 1. Além disso,
as incOgnitas estao escritas antes dos coeficientes. NIesmo assim. nao ha maiores dificuldades em
resolvé-lo, adotando. como dissemos, a Mesma sequéncia de passos do caso homogéneo.
Estamos especialmente interessados no valor da incdégnita a neste sistema. Ele ¢

aq = BO)
[3 —-— To °%3 —- Vy 9 — Wy

Podemos entao afirmar o seguinte: dados trés ntimeros reais distintos 1%. 22 . r3 e nimeros
reais arbitrarios y; . yo. y3. existe um, e somente um. terno de niimeros a, b. c tais que a funcgao
)
f(r) =ar’ +br+e

cumpre f(71) = y1. f(2) = ye e f(@3) = ys.


A funcao f(x) = az* + br +c. acima obtida, pode nao ser quadratica. a menos que nos
asseguremos que a # 0. O valor de a acima obtido mostra que a é zero se, e somente se. vale

¥3— Yr yo MN
3 —- 2 tg — Wy )

Se olharmos para os pontos A = (7;.y,). B = (x2. yo) e C = (v3. ys) em R?. a condicao acima
significa que as retas AC’ e AB tém a mesma inclinacao. isto ¢. que os pontos A. B e C’ sao
colineares.
Entao podemos enunciar:
Sejam 11. £2. 73 trés niuimeros reais distintos e Yi. yo. y3 numeros tais que os pontos A =
(r7,.y1), B = (x2. y2) € C = (23. y3) sG0 ndo-colineares em R? . Existe uma. e somente uma.
funcao quadratica f(x) = axr* + bx +c tal que f(r;) =y,. f(re) = yo € f(xr3) = ys.

as A 106
Posi
ey OE a OAL oe , CaPiTULO 6.

ee eee
a
a
0 vy U9 P33 X

Figura 6.1

Comentario sobre Colinearidade


Sejam A = (r).y,) . B= (22, y2) e C = (23. y3) trés pontos distintos em R*. A condicao
necessaria e suficiente para que esses pontos sejam colineares é apresentada. em todos os nossos
textos escolares. sob a forma da equacao

ry yl
ly Ya 1 =() .

£3 Y8 1

na qual o primciro membro é um determinante 3 x 3. Desenvolvendo esse determinante, vemos


que a equagao acima significa

(t2 — r3)(y3s — y1) — (3 — F1)(y2 — yi) = 0

ou seja
$37 Yr Y2 7 (6.1)
03 L2— @y
Como vimos, esta ultima igualdade exprime que as retas AB e AC’ tém a mesma inclinacao.
Ela constitui um critério de colinearidade mais simples. mais direto. mais facil de verificar e
mais elementar do que aquele adotado nos livros que nossos alunos usam. pois nao requer o
conhecimento de determinantes.
Pode-se objetar que a igualdade (6.1) s6 tem sentido quando x, ¥ xr» e 21 # x3. E verdade.
Mas 0 caso em que ©) = Xo OU ZT] = F3 nao requer caélculo algum. Se algum dos denominadores
na igualdade (*) é igual a zero. isto quer dizer que dois dos pontos A. B. C tém a mesma abcissa.
logo estao sobre uma reta vertical. Basta entao olhar para a abcissa do terceiro ponto: se for
igual as outras duas entao A. B e C estao na inesma vertical. logo sao colineares. Se for diferente.
A. BeC nao sao colineares.

107 AB
eae eRe Sa
a cee ot. @ OD AFUE
a Y ):
OF

6.2 Um Problema Muito Antigo ,


O cstudo das fungoes quadraticas tem sua origem na resolucao da equacao do segundo graw.
Problemas que recaem numa equacao do segundo grau estao entre os mais antigos da Mate \
matica. Em textos cuneiformes. escritos pelos babil6nios ha quase quatro mil anos. encontramos.
por exeimplo. a questao de achar dois ntiimeros conhecendo sua soma s e seu produto p.
Ein termos gcométricos. este problema pede que se detcrminem os lados de um retangulo
-onhecendo o semi-perimetro s e a area p.
Os ntmeros procurados sao as raizes da equacao do segundo gran

r—srt+p=0.

Com efeito. se un dos ntimeros 6 x. 0 outro é s — ve seu produto é

p=us—7r) = sr— 2x.

O20
r—srtp=0.

Observe que
| se a é uma raiz desta equacao. isto 6. a* — sa +p = 0. entao 3 = 5 —a também
»ralzZ. pois

P—s3t+p=(s—a)*?—s(s—a)+p=
= s°—2sat+a?—s?+sa4+ p=
=a’ —sa+ p= 0.

Achar as raizes da equacao .r? — sr + p = 0 é. também. um conhecimento milenar. Note-se


juc. até o fin do século 16. nao se usava uma formula para os valores das raizes. simplesmente
yorque nao se representavam por letras os coeficientes de uma equacao. Isto comecou a ser feito
1 partir de Francois Viéte. matematico francés que viveu de 1540 a 1603. Antes disso. o que
e tinha cra uma receita que ensinava como proceder em exemplos concretos (com coeficientes
wumeéricos).
A regra para achar dois niimeros cuja soma e cujo produto sao dados era assim enunciada
Jelos babilonios:
Eleve ao quadrado a metade da soma, subtraia o produto e extraia a raiz quadrada da di-
ferenca. Some ao resultado a metade da soma. Isso dard 0 maior dos mimeros procurados.
Subtraia-o da soma para obter o outro nimero.
Na notacao atual. esta regra fornece as raizes
z
>
xD
ee do Me te ee oes GoW eee BE eee
eee eee
5 “se tom . ro on Ti. t Ee tho a ax to Cee Tare Pane RETRY Spy PRO Ta ITT CS POT Pt e

~ )
para a equagao we — sr +p=0.
Os autores dos textos cunciformes nao deixarain registrado o argumento que os levou a esta
conclusao. mas ha indicios de que pode ter sido algo assim:
Sejam a e 3 os ntiimeros procurados. digamos com a < 3. Esses utimeros a e 3 sao equidis-
tantes da média aritmé¢tica = Se conhecermos a diferenga d = 3 — (s/2) = (s/2)-—a

Nols
teremos os dois ntimeros a = (s/2) —de 3 = (s/2) +d. Mas d é facil de achar. pois

p=a3= (= — d) (5 + d) = (5) — d?.

logo
\ 2
d? = (5) —p e

Dai
er a
2
e
3 = 9 + d a 9

Como os dados s ¢ p do problema cram sempre nimeros positivos. os babilonios nunca ti-
veram preocupacao com eventuais solucoes negativas fornecidas por sua regra. Mas certamente
deviam ocorrer casos em que (s/2)* < p. como no problema de achar dois niimeros cuja soma c
cujo produto sao ambos iguais a 2. Isto porém nao os levou a inventarem os niimeros comple-
xos. Nestes casos. eles simplesmente diziam que os ntimeros procurados nao existiam. O que é
absolutamente correto no ambito dos ntimeros reais.

OBSERVACAO.
Os ntimeros complexos s6 vieram a forcgar sua admisséo na Matematica no século 16. com a
formula para as raizes da equacao do terceiro grau, que fornecia as raizes reais por meio de uma
expressao contendo raizes quadradas de nimeros negativos.

OBSERVACAO.
Se procurarmos dois niimeros cuja soma é 6 e cujo produto é 9, encontraremos que csses
nimeros sao 3 e 3. Entao é um ntmero so; nao sao dois. Para nao ter que acrescentar ao
enunciado do nosso problema a frase *... ou um nimero cujo dobro é s e cujo quadrado é p’,
preferimos seguir 0 costume, que se adota em Matematica desde aqueles tempos, segundo o qual
a palavra “dois” as vezes significa “dois ou um’. Quando quisermos garantir que significa “dois”
mesmo, diremos “dois nimeros diferentes”. Mesma observacao vale para trés. quatro, etc.

109 A
wD
CAPITULO 6- | = ' FUNCOES QUADRATICAS

6.3. A Forma Can6onica do Trinédmio

Consideremos o trindmio
. . b Cc
ax +br+c=a [2° +—-—xr+ =|.
a a

As duas primeiras parcelas dentro do colchete sao as mesmas do desenvolvimento do quadrado


(x + +)?. Completando o quadrado. podemos escrever:
, . b b?
—b? 4+ —“]
ad 2 +br+e=ale 2 42.—-74+——
2a da* da? a
Ou: |
ar +br+c=al(r+—) +— >|.
2a da
Esta maneira de escrever 0 trinémio do segundo grau (chamada a forma canénica) tem algu-
las consequéncias. Em primeiro lugar, ela conduz imediatamente a4 formula que da as raizes da
equacao ax? + br +c = 0. Com efeito, sendo a # 0. temos as seguintes equivaléncias

| b . 4ac— 6?
ar? +br+c=086 (r+ —)?+———— =0 (1)
2a Aa?
= (r+ —)* = ——— 2
(z+ Da! Aq? (2)
b Vb?— 4ac
ert 2a —=4—™
2a
(3)
—b+ Vb? — dac -
or= 5 . (4)
a
A passagem da linha (2) para a linha (3) s6 tem sentido quando o discriminante

A = b? — 4dac

é > 0. Caso tenhamos A < 0, a equivaléncia entre as linhas (1) e (2) significa que a equacao
dada nao possui solucao real, pois o quadrado de x + (b/2a) nao pode ser negativo.
© método de completar o quadrado tem aplicacoes noutras questOes matematicas. Inde-
pendente disso, é instrutivo fazer os alunos praticarem seu uso em exemplos concretos, para
resolverem a equacao do segundo grau sem aplicar diretamente a formula (4).
Da formula (4) resulta imediatamente que, se o discriminante A = 6? — 4dac é positivo, a
equacao
ar’? + br+c=0

tem duas raizes reais distintas


a = (-b — VA)/2a

as A 110
Re See CR SEATS Gilt ea ed

3 = (-b+ VA)/2a.
com a < .3. cuja soina é s = —b/a e cujo produto é

p = (b? — A)/da? = 4ac/da? = c/a.

Ein particular. a média aritmética das raizes ¢ —b/2a. ou seja. as raizes a ¢ 3 sao equidistantes
do ponto —6/2a.
Quando A = 0. a equacao dada possui uma tinica raiz. chamada raiz dupla. igual a —b/2a.
Suponhamos a > 0. A forma candnica
| b\2 dac — b?
f(x) = ar? +brt+eo=a IG + =)
|
2a +r ——da-

exibe. no interior dos colchetes. uma soma de duas parcelas. A primeira depende de x e é sempre
2 (). A segunda é constante. O menor valor dessa soma é€ atingido quando
b 2

(3 t x)
é igual a zero. ou seja. quando x = —b/2a. Neste ponto. f(2) também assume seu valor minimo.
Portanto. quando a > 0. o menor valor assumido por
Dy 2
f(r) = ar’ + br +c

é
f(—b/2a) = « — (b?/4a) = (dac — b°)/4a.
Se a <0. 0 valor f(—b/2a) 60 maior dos nimeros f(2). para qualquer x € R.
Quando a > 0. f(x) = ax? + br +¢ nao assume valor maximo: ¢ uma fungao ilimitada superi-
ormente. Analogamente. quando a < 0). f(.) nao assume valor minimo: é ilimitada inferiormente.
A forma canonica ainda nos ajuda a responder a seguinte pergunta: Dada a fungao quadratica
f(x) = ar? + br +c. para quais valores « 4 2x’ tem-se f(r) = f(x’)? «

Olhando para a forma canOnica. vemos que f(a) = f(r’) se. ¢ somente se.

(r+ 5) = ("+ x)
Oe —
2a
=> [WL —
2a
.

Como estamos supondo r # .r’. isto significa que


ry b ( 1 ~.)
rvt+o—=-l(rt+—}.
2a . 2a

isto é
rt’ b
) a),
Re ee nT OTEeS ee ne Yat ae Ee ey eer
Be athe aan Cte a aie hat
eae

Portanto, a funcao quadratica f(r) = ar? + bx + ¢ assume o mesmo valor f(.) = f(2’) para
v Zor’ se. ¢ somente se. os pontos we 2’ sao equidistantes de —b/2a.

EXEMPLO 6.2.
O conhecimento do ponto onde uma funcao quadratica assume seu valor maximo ou minimo
permite obter rapidamente uma resposta para a tradicional questao de saber qual o valor maximo
do produto de dois nimeros cuja soma ¢ constante. Neste problema, um ntimero s é dado e quer-
sc achar um par de nimeros z.y. com r+ y = s. tais que o produto xy seja o maior possivel. De
r+y =stiramos y = s— 7 portanto deve-se encontrar o valor de x que torna maximo o produto
u(s — x) = —x? + sx. Esse valor maximo é assumido quando x = s/2. logo y = s — x = 8/2.
Concluimos entao que o produto de dois nimeros cuja soma é constante assume seu valor maximo
quando esses ntimeros sao iguais. (Note como ficaria complicado o enunciado desta conclusao se
nao tivéssemos permitido, em alguns casos, que dois seja igual a um.)

6.4 O Grafico da Funcao Quadratica


O grafico de uma. funcao quadratica é uma parabola.
Dados um ponto Fc uma reta d que nao o contéim. a pardibola de foco Fe diretriz dé o
conjunto dos pontos do plano que distam igualmente de F' e de d. (Vide Figura 6.2).
A reta perpendicular a diretriz. baixada a partir do foco. chama- se o etro da parabola. O
ponto da parabola mais proximo da diretriz chaina-se o vértice dessa parabola. Ele 6 0 ponto
médio do segmento cujas extremidades sao o foco e a intersecao do eixo com a diretriz.

el1XO

PF = PQ

al

Figura 6.2

Lembremos que a distancia de um ponto a uma reta é 0 comprimento do segmento perpen-


dicular baixado do ponto sobre a reta.

as A, 112
SS sae a ee Oh Sc a er

EXEMPLO 6.3.
O grafico da funcao quadratica f(r) = x? 6 a parabola cujo foco é F = (0.1/4) e cuja diretriz
é a reta horizontal y = —1/4. Com efeito, a distancia de um ponto qualquer (x. 77) do grafico
de f(a) = .r? ao ponto F = (0.1/4) é igual a

Jr? + (x2 — 1/4)2.


A distancia do mesmo ponto (a, 7) a reta y = —1/4 6 77+ 1/4.

-
y a

oe

d
shan
|

Figura 6.3

Como se trata de ntimeros positivos, para verificarmos a igualdade entre estas duas distancias,
basta ver que seus quadrados sao iguais. E. de fato. tem-se

x? + (x? — 1/4)? = (2? +1/4)’.


para todo x € R. como se verifica facilmente. (Veja o Exercicio 39.)

EXEMPLO 6.4.
Se a £ 0, o grafico da funcao quadratica f(r) = ar? é a parabola cujo foco é F = (0.1/4a) e
cuja diretriz é a reta horizontal y = —1/4a.
A fim de se convencer deste fato, basta verificar que, para todo x € R. vale a igualdade

2 ? 1 \2 ) 1 \2
rot (ax? — —) = G + —) .
da 4a

onde o primeiro membro é o quadrado da distancia do ponto genérico P = (2, ax?) do grafico
de f(r) = ar? ao foco F = (0,1/4a) e o segundo membro é 0 quadrado da distancia do mesmo
ponto P a reta y = —1/da.

113 AG
WZ
*t Y4

y=-}
F¢ d

d x Ft x
y=-}

a>0O a<O
Figura 6.4

Conforme seja a > 0 ou a < 0, a parabola y = az? tem sua concavidade voltada para cima
ou para baixo.

EXEMPLO 6.5.
Para todo a 4 0 e todo m € R, o grafico da funcéo quadratica f(x) = a(a — m)* é uma
parabola cujo foco é o ponto F = (m,1/4a) e cuja diretriz é a reta horizontal y = —1/4a.

Figura 6.5

Para se chegar a esta conclusao, tem-se duas opcodes. Ou se verifica que, para todo z € R.
vale a igualdade
172 172
(x —_m)° + la(a — m)° — =| = a(x — m)? + |
p ‘Th i. .° ie : Cf y i TT - ie, . ss <— ape aa Si peeve! FMEA Pht OCCT OEP ere MEO CY eT a
. A op 4 jl o 5 . >. eMC Th One é CS ff CG au 2 2 oe
es , + Aa
i as (87 Oa AOR CS eM er Co aes SEAL rel Rl aire ~ setae Te iA ot SS eer

ou entao observa-se simplesmente que o grafico de f(x) = a(x — m)? resulta do grafico de
g(x) = az? pela translacaéo horizontal (r.y) — (x + m.y). a qual leva o eixo + = 0 no eixo
= 7M.

EXEMPLO 6.6.
Dados a,m.k € R. com a £ 0, 0 grafico da funcao quadratica f(r) = a(x —m)*? +kéa
parabola cujo foco é o ponto F = (m,k + =) e cuja diretriz é a reta horizontal y = k — 1=-.

Ys y=a(r—m)?+k

F=(m.k+z)

Figura 6.6

A afirmacao acima resulta imediatamente do exemplo anterior, levando em conta que o grafico
da funcao quadratica f(x) = a(x — m)* + k é obtido do grafico de g(x) = a(x — m)* por meio da
translacao vertical (zr. y) H (4, y + k), que leva o eixo OX na reta y= keareta y = —1/4a na
retay=k— ti
Zz.

Segue-se deste Ultimo exemplo que o grafico de qualquer funcao quadratica

f(r) = ax? + br+c

é uma parabola. cuja dirctriz é a reta horizontal

y= fac — 6? — 1
J da

e cujo foco ¢ 0 ponto


( b few st)
F=
2a da |
Esta parabola tem sua concavidade voltada para cima se a > 0 ou para baixo se a < 0.

115 we
CEOS Tt NRT, TOUR aT TR acs EL eT eS ener ONE PPE eT Er SOD Ee | arte ; “S.& Ch.

Com efeito. a forina candnica do trindmio

2 |
ar” + br +c

10s da
) )

ar’ +be+e=a(.r—m)- +h.

ynde
m=—b/2a e k= (4dac— b*)/da.

© ponto do grafico de
f(e) = ar? + br +e
nais proximo da diretriz é aquele de abcissa .. = —b/2a. Neste ponto. f(.) atinge seu valor
ninimo quando a > 0 ¢ seu valor maximo quando a < 0. Ainda quando x = —b/2a. 0 ponto
ur. f(.r)) @ 0 vértice da parabola que constitul o grafico de f(r).
A propriedade. provaca no final da secao anterior. segundo a qual a funcao quadratica
ye )
f(r) =ar- + br +e

assume valores iguais f(x) = f(.2’) se. e somente se. os pontos wv ec 2” sao simétricos cm relacgao a
—b/2a (ou seja. wv + 2" = —b/a) significa que a reta vertical x = —b/2a @ um eixo de simetria do
xrafico de f: mais precisamente, ¢ 0 clxo dessa parabola.
© grafico da funcao quadratica
oF )
f(r) = arr + br + ¢

‘ium elemento de grande importancia para entender 0 comportamento desta fungao. As abcissas
1. .3 dos pontos onde esse grafico intersecta 0 cixo OLX sao as raizes da equacao
)
ari +br+e¢= 0.

OQ ponto mnédio do segmento [a..3] é a abcissa do vértice da parabola. Se o grafico esta


intelramente acima, ou intelramente abaixo do eixo horizontal OLY. a equacao nao possul raizes.
5c 0 grafico apenas tangencia o cixo OX. a equacao tem ula raiz (unica) dupla. Sea <a < 3
sutao f(r) tem sinal contrario ao sinal de a: ser <a ouw > 3. f(r) tem o mesmo sinal de a.
Estas e outras conclusoes resultam imediatamente do exame do grafico.
Exaiinareios a sceguir a questao de saber em que condicoes os graficos de duas funcoes
quadraticas. sao parabolas congruentes. Comecaremos com duas observacoes sobre graficos. em
reral.

ae A 116
Figura 6.7

1. Aplicando a translacao horizontal (x,y) 4 (x +m.y) ao grafico da funcao f : R > R,


obtém-se o grafico da fungao g: R- R, tal que g(x) = f(x — m) para todo z € R.

Com efeito. um ponto qualquer (.r. f(.c)) do grafico de f ¢ transformado por essa translacao
10 ponto (2 + m. f(r)). Eserevendo F = 1 +m. donde x = F -— m. vemos que a translacao
considerada transforma cada ponto (.r. f(.r)) do grafico f no ponto (7. f(® — m)) = (F. g(T)) do
»rafico de g.

Figura 6.8

2. A translacao vertical (x,y) > (x,y +k) transforma o grdfico da funcao f : R > R no grafico
da funcdoh: R- R, tal que h(x) = f(x) +k para todo x € R.

Com efeito. essa translagao leva cada ponto (.r. f(4)) do grafico de f no ponto (2. f(r) +h) =
w.g(r)) do grafico de g.

117 A ws
Figura 6.9

Consideremos agora. em particular. a funcao quadratica


. 9
f(@) = ar’ + bar +.

Sabemos que seu grafico é uma parabola, cujo vértice tem abcissa igual am = —b/2a. Subme-
tendo essa parabola a translacao horizontal (7. y) H Gr — m.y). obtemos uma nova parabola.
cujo vértice tem abcissa igual a zero. isto é. esta sobre 0 cixo OY. Pelo que vimos acima. esta
nova parabola ¢ o grafico da funcao quadratica

=f (« _ ~)
g(a) = flr --m)

onde ;
dac — b°
k=
da
Em seguida. aplicamos a esta segunda parabola a translacao vertical (x.y) (rey — &).
obtendo uma nova parabola, cujo vértice coincide com a origem O = (0.0). Pela segunda
observagao acima. esta iltima parabola é o grafico da funcao
: 9
h(x) = g(v) ~R=aret+hkh—hk.

ou seja, h(.r) = ar.


Pelo que acabamos de ver. a parabola que é o grafico da funcao

f(x) = aa? + be +e

transforma-se na parabola grafico da fungao h(.c) = ar- mediante uma translagao horizontal
, of ~ yy . ~ .

seguida de uma translacao vertical. Isto significa que essas duas pardbolas sao congruentes.

me 118
f(x) =ar?+br+c flr) =ar2 +k

\
\ 7 /
2a

Figura 6.10

Y4

h(a) = ax?

() xX

Figura 6.11

Assim. o grafico da funcao


oir) = —ar +br +e

é congruente ao grafico de U(a) = —ar*. Por sua vez. a reflexao em torno do eixo horizontal. ou
seja. a transformacao (zr. y) (x.—y). leva o grafico de U(r) = —axr? no grafico de h(x) = ar’.
Podemos resumir a discussao acima enunciando: se a’ = ta entao os grdficos das funcoe:
quadrdaticas f(x) = ar? + br+ce y(r) = a'r? +0'r +c! sao pardbolas congruentes.
Quando a’ = a, transformamos uina dessas pardbolas na outra por meio de uma translacac
horizontal seguida de uma translagao vertical. Se a’ = —a. deve-se acrescentar ainda a reflexac
em torno do cixo OX.
Vemos assim que. para a congruéncia das parabolas. graficos das funcgoes quadraticas f(r) =
ar? + br t+ce p(x) = a'r? + U'x +c’. os cocficientes b.b! e c.c’ nao importam. Eles apenas
deterininam a posigao da paraébola em relagao aos eixos: c é a ordenada do ponto em que @
parabola corta o eixo vertical, enquanto 6 é a inclinacao da tangente nesse mesmo ponto.

119 AB
Oech
e cr Ean Mencia cokes cere e CnC aS aera
7s 05.6.8). OLE Y 2) FU u Ort:

Figura 6.12

Cabe. naturalmente. perguntar se os graficos das funcoes f e 2 podem ser congruentes. mesmo
quando a’ # +a. A resposta é@ negativa. Mais explicitamente. vale a reciproca do enunciado
acima: se os graficos das funcoes quadraticas f(r) = ar? + br +ce0 g(r) = a'r? 4+ b'r +c! sao
pardbolas congruentes eutao a’ = ta
Para mostrar isto. pelo que vimos acima. basta considerar as funcoes f(.) = ax? e y(.r) = a’e?
-coma>Oed > 0. Se for a <a’ entao ar? < a'r? (e se a > a’ entao ar? > a'r?) para todo
rerR.

ole) = a’x?
Y + >
fir) = -ar-

O<a<a'

0 xX

Figura 6.13

A figura acima deixa claro que as duas parabolas consideradas nao sao congruentes. Com
efeito. duas pardbolas com o mesmo vértice e 0 mesmo (semi-) eixo sao como dois Angulos que

ae &. 120
SSG Pe mgs as ates EY OBS MER Oe BASED) Rn Ey Wes e090:
0) OF: rn or CAPITULO 6 |

tel O mesmo vértice e a mesma (semi-reta) bissetriz: s6 sao congruentes se forem iguais. isto é.
se colecidirem.

6.5 Uma Propriedade Notavel da Parabola


Se girarmos uma parabola em torno do seu eixo. ela vai gerar una superficie chamada parabo-
lorde de revolucao. também conhecida como superficie parabélica. Esta superficie possui intumeras
aplicacoes interessantes. todas elas decorrentes de wma propriedade geomeétrica da parabola. que
veremos nesta Secao.
A fama das superficies parabolicas remonta a Antiguidade. Ha uma lenda segundo a qual o
-xtraordinario matematico grego Arquimedes. que viveu ein Siracusa em torno do ano 250 ALC..
destruiu a frota que sitiava aquela cidade incendiando os navios com os raios de sol refletidos em
ospelhos parabdlicos. Embora isto seja teoricamente possivel. ha sérias dtvidas histéricas sobre
a capacidade tecnolégica da época para fabricar tais espelhos. Alas a lenda sobreviveu. e com ela
a ideia de que ondas (de luz, de calor. de radio ou de outra qualquer natureza). quando refletidas
numa superficie parabolica. concentraim-se sobre o foco. assim reforgando grandemente o sinal
recebido.
Da lenda de Arquimedes restam hoje um interessante acendedor solar de cigarros ¢ outros
artefatos que provocam ignicao fazenudo convergir os raios de sol para o foco de uma superficie
parabolica polida.
Outros instrumentos atuam inversamente. concentrando na cdiregao paralela ao ¢ixo os raios
de luz que emanam do foco. Como exemplos. citamos os holofotes. os faréis de automodveis ¢
as simples lanternas de mao. que tém fontes luminosas a frente de uma superficie parabolica
refletora.
Um importante uso recente destas superficies é dado pelas antenas parabolicas. empregadas
na radio-astronomia. bem como no dia-a-dia dos aparelhos de televisao. refletindo os débeis sinais
provenicntes de um satélite sobre sua superficie. fazendo-os convergir para um tinico ponto: o
foco. deste modo reforgando-os consideravelmente.
Vamos agora analisar o fundamento mateimatico desses aparelhios.
Comecaremos com o principio segundo © qual. quando um raio incide sobre uma. superficie
reflctora. o angulo de incidéncia é igual ao angulo de reflexao.
Neste contexto. a superficie parabolica pode ser substituida pela parabola que é a intersecao
dessa superficie com o plano que contém o raio incidente. o raio refletido e o eixo de rotacao
(igual ao eixo da parabola).
QO angulo entre uma reta e uma curva que se intersectam no ponto P é, por definicao. o angulo
entre essa reta e a tangente a curva tragada pelo ponto de interseqao. E assim que se interpretam

121 Ke
Oe ES OG) MO OPUS
UM OF ts

Figura 6.14: Sinais paralelos ao eixo do paraboldide refletem-se na superficie e se concentram no


foco.

Figura 6.15

os angulos de incidéncia e reflexao.


A tangente a uma parabola no ponto P é a reta que tem em comum com a parabola esse
nico ponto P e tal que todos os demais pontos da pardbola estao do nesmo lado dessa reta.
A tangente a uma parabola tem sua posigao determinada pelo teorema. scguinte.
Se a pardbola € o grafico da funcao f(x) = ax* + br +c, sua tangente no ponto P = (x9. yo).
onde yy = ars + brag +c. € a reta que passa por esse ponto e tem inclinagdo igual a 2axo + b.
Para provar isto, mostremos que todos os pontos dessa parabola que tém abcissa diferente de
ro estao fora da reta mencionada e no mesmo semi-plano determinado por ela.
Mais precisamente. suponhamos (para fixar ideias) que seja a > 0. Mostraremos que, para

me A 122
ROPRIEDADE NOTAVEE: DA PARABOLA: a CAPITULO 6

todo + # Xp. 0 ponto (x.y) da parabola. com y = ar? + br + ¢ estA acima do ponto (2. yy +
(2a.rg +6)(27 —.ro)). de mesma abcissa :r. situado sobre a reta. Noutras palavras. queremos provar
que (supondo a > 0)

rA#rm >ar’+br+ce> axe + bro tet (2arp + be = 2).

Y4

— (ran? + br +c)
(wr. Yo + (2a.rg + b))

Lo. Yo)
(10. + (ro. are : + bro + €)|
|
()
|
v9 I
— xX

Figura 6.16

Para isto, basta notar que

VFL

4
ax” + br + — [axe + bry + ¢ + (2ary + b)(x — r)] =
=a(r—xp)" > 0.

Isto mostra que a reta de inclinacao 2az9 + b que passa pelo ponto (v9. yo). com Yo = fro)
tem este Gnico ponto em comum com a parabola que é o grafico de f e que todos os pontos da
parabola estao acima dessa reta. Logo esta reta é tangente a parabola neste ponto. Quando
a > 0. a parabola se situa acima de qualquer de suas tangentes. conforme acabamos de ver. Se
for a < 0 entao a parabola se situa abaixo de todas as suas tangentes.

OBSERVAGCAO.
Todas as retas paralelas ao eixo de uma parabola tém apenas um ponto em comum com essa
parabola mas nenhuma delas é tangente porque ha pontos da parabola em ambos semiplanos por
ela determinados.

123 A
“CAPITULO

Sabendo que a parabola. grafico da fungao

flv)ye= ar?’ apa + brhp +e. ie

tem. no ponto P = (.r.y). uma tangente cuja inclinacao ¢ Zar + 6. calculemos agora a inclinagao
da reta FQ que une o foco F ao ponto Q. pé da perpendicular baixada de P sobre a diretriz d.
No calculo que se segue. admitiremos que P nao ¢ 0 vértice da parabola. isto 6. que sna
abcissa wv ¢ diferente de —b/2a. logo 2ar +b #0. Caso P fosse 0 vértice. a reta FQ seria vertical
ea tangente no ponto P teria inclinacao zero. logo seria horizontal.
A inclinagao da reta FQ 6 dada por uma fracao cujo numerador ¢ a diferenga entre as
ordenadas de Q e¢ F e cujo denominador é a diferenca entre as abcissas desses pontos.
Ora. ja vimos que Fo = (mm. hk + =) eQ= (rk - =) onde m = —b/2a ec k = ordenada do
vértice da parabola. Logo a inclinacao de FQ é igual a

k—-1—(h++)
da da
—] —
-| — _ .

rom 2a(v—m) Qa(r+ 2)


2a:
2ar +b

TN |
i

d
D ‘

Figura 6.17

Isto significa que o segmento de reta FQ é perpendicular a reta TT”. tangente a parabola no
ponto P. conforme o

LEMA 6.7.
As retasy =ar+bey=ar+0',coma(0ea' £0. sao perpendiculares se, e somente se,
a’ = —1/a.

as & 124
ee ee kt Ee ADs me Oa Na cl va) a of 0h: 0) 7, eC ee CAPITULO 6.

DEMONSTRACAO.
Como as retas y = arc y = a'r sao paralelas as retas dadas. aquelas serao perpendiculares se, €
somente se. estas o forem. Suponhamos que estas retas sejam perpendiculares. Tomando wr = 1.
vemos que 0 ponto (1.a) pertence a uma das retas e 0 ponto (1.a') pertence a outra. (ver Figura
6.18.)
Entao 0 triangulo cujos vértices sao os pontos (0.0). (1.a) e (1.a’) @ retangulo. logo a altura
baixada do vértice do angulo reto é a média geométrica dos scgmentos que ela determina sobre
a hipotenusa. Ora. o comprimento da altura ¢ 1. Além disso. um dos ntiimeros a ce a’ (digamos
a’) @ negativo e o outro é positivo. Logo os referidos segmentos medem aea’. Assim 1 = —aa'
ca’ = —1/a. Reciprocamente. se a’ = —1/a . consideramos a reta y = br. perpendicular a reta
y = ar a partir da origem. Pelo que acabainos de ver. temos b = —1/a . logo b =a’. logo y = a'r
coincide com y = br portanto é perpendicular a y = ax.

y 4
|

Figura 6.18

Podemos. finalmente. enunciar a propriedade geométrica da parabola na qual se baseciam as


aplicacoes da superficie parabdlica.
A tangente a pardbola num ponto P faz dngulos iguais com a paralela ao etxo € com a reta
que une o foco F a esse ponto.
Com efcito, se Q ¢0 pé da perpendicular baixada de P sobre a diretriz. a definicao da parabola
nos diz que FP = PQ. logo o triangulo F PQ é isosceles. Além disso. acabamos de ver que FQ
¢ perpendicular a tangente. ou scja. a tangente é altura desse triangulo isésceles. logo é também
bissetriz. Portanto. os angulos F PT’ e T'PQ sao iguais. Logo APT = FPT' =a.
Se a antena parabolica estiver voltada para a posicao (estacionaria) do satélite. a grande
distancia faz com que os sinais emitidos por este sigam trajetorias praticamente paralclas ao eixo

125 ABW
elxoO

J~ |

Figura 6.19

da superficie da antena. logo cles se refletem na superficie e convergem para o foco. de acordo
com oO principio que acabamos de demonstrar.

6.6 O Movimento Uniformemente Variado

A funcao quadratica é o modelo matematico que descreve o movimento uniformemente vari-


aco.
Neste tipo de movimento, que tem como um exemplo importante a queda dos corpos no
vacuo. sujeitos apenas a acao da gravidade, tem-se um ponto que se desloca sobre um cixo. Sua
posicao no instante ¢ é¢ dada pela abcissa f(t). O que caracteriza o movimento uniformemente
variado é o fato de f ser uma funcao quadratica:

f(t) = <a bt +e (6.2)


Nesta expressao a constante a chama-se a aceleracao. b é a velocidade inicial (no instante t = 0)
ecéa posicao inicial do ponto. Expliquemos por que f(t) tem esta expressao.
Em qualquer movimento. dado por uma funcao f. o quociente
f(t+h)— f(t) — espaco percorrido
h tempo de percurso
chaina-se a velocidade média do ponto no intervalo cujos extremos sao te t+h. No caso em que
f é dada pela formula (6.2), a velocidade média do moével entre os instantes te t+ h é igual a
at +b+ “. Se tomarmos h cada vez menor. este valor se aproxima de at +. Por isso se diz que

u(t) = at +b

as A 126
Tage ERLE LEV € pete tear een eins ace

ea velocidade do ponto (uo movimento uniformemente variado} no mstante fF.


Quando # = 0 temos ¢(0) = 6. por isso b se Chama a velocidade inicial. Alem: disso. ve-se que
ae ie(t+h)—et)}/h para quaisquer t. h. logo a aceleragao constante a 6a taxa de variagao da
velocidade. Por isso oO movimento se chaina uniformemente variado. |Cuiformemente acelerado
ou retardado. conforme ¢ tenha o mesmo sinal de a (isto 6. f ~ —hbea) on rv tenha sinal oposto
ao dea (ou seja. tf < —-b/a).|
No caso da queda livre de um corpo. a accleracao a ¢ a da gravidade. normalmente indicada
pela letra gq.
Nosso conhecimento da funcao quadratica permite obter uma descrigao completa do movi-
mento unliformemente variacdo.,
Por exemplo. sc uma particula @ posta cm movimento sobre um eixo a partir do ponto
de abcissa —6. com velocidade inicial de Sivéseg e aceleragcao Constante de —2njseg?. quanto
repo se passa até que sua trajetéria mude de sentido ce ela comece a voltar para o ponto de
partida? Resposta: temos f(t) = —f? + 5t - 6. Logo o valor maximo de f é obtido quando
t= —5/(-—2) = 2.5s8sey. Podemos ainda dizer que o ponto comeca a voltar quando ¢(f) =
Como c(t) = —2¢f +5 isto nos da novamente tf = 2. 5s8eg.
O movimento uniformemente variado pode ocorrer também no plano. Um exemplo disso é
O movinento de um projétil (uma bala. uma bola. uma pedra. etc.) lancado por tuna forca
Instantanea c. a partir daf. sujeito apenas a acao da gravidade. sendo desprezada a resistencia do
ar (movimento no vacuo). Embora o processo ocorra no espaco tridimensional. a trajetdria do
projétil esta contida no plano determinado pela reta vertical no ponto de partida e pela direcao
da velocidade inicial.
Quando se tem um movimento retilineo (sobre um eixo). a velocidade do mével ¢ expressa
por um niimero. \fas quando 0 movimento ocorre no plano ou ho espaco. a velocidade 6 expressa
por um vetor (segmento de reta orientado). cujo comprimento se chama a celocidade cscalar do
movel (tantos metros por segundo). A direcao ¢ o sentido desse vetor indicam a cdiregao ec o
sentido do movimento.
No plano em que se da o movimento. tomemos um sistema de coordenadas cuja origem ¢ o
ponto de partida do projétil e cujo eixo OY @ a vertical que passa por esse ponto.
A velocidade inicial do projétil 6 o vetor r= (ty). eg) Cuja primeira coordenada v, fornece a
velocidade da componente horizontal do movimento (deslocamento da sombra. ou projecao do
projetil sobre o eixo horizontal OY).
Como a nica forga atuando sobre o projétil 6 a gravidade. a qual nao possui componente
horizontal. nenhuma for¢a atua sobre este movimento horizontal. que @ portanto um movimento
umiforme. Assim. se P = (roy) @a posicao do projétil no instante t. tem-se wv = yf.
Por sua vez. a aceleragao (= forga) da gravidade ¢ constante. vertical. igual a —g. (O sinal

127 Ae
fOr SEee
EOy, tg

menos se deve ao sentido da gravidade ser oposto a orientacao do cixo vertical OY.) Portanto. a
componente vertical do movimento de P é um movimento uniformemente acelerado sobre 0 eixo
OY". com aceleragao —g e velocidade inicial vy.

} t

y= — sgt? + vote
)

ep _ ,

() mM r= Ut Xx

Figura 6.20

. , )
Logo. em cada instante f. a ordenada y do ponto P = (x.y) @ dada por y = —4gt? + vot.
(Nao ha termo constante porque y = 0 quando t = 0.)
Se vy = 0 entao. para todo t. tem-se r= v)t = 0. logo P = (0. y). com

YY= «gf? +
54
—--gi- Ul.2 ryt

Neste caso. a trajetoria do projétil 6 vertical.


Suponhamos agora v; 4 0. Entao. der = vf vem ¢t = .r/vy). Substituindo ¢ por este valor na
expressao de y. obtemos

y = ar? + bx. onde a = —g/2? 6b = vy/t4.


‘) ‘ .

Isto mostra que a trajetoria do projétil é uma parabola.

ms & 128
Exercicios

6.1. Encontre a funcao quadratica cujo grafico é dado em cada figura abaixo:

\ 2 2
(1.9)
(5, 13)

Figura 6.21

6.2. Identifique os sinais de a, b e c nos graficos de funcdes quadraticas f(x) = ax? + br +c


dados na Figura 6.22.

/
A \
NOU
/ \
v

+
=

b = inclinagao da tangente quando x = 0

Figura 6.22

6.3. Escreva cada uma das func6des quadraticas abaixo na forma f(x) = a(z—m)*+k. A seguir,
calcule suas raizes (se existirem), o eixo de simetria de seu grafico e seu valor minimo ou
maximo

a) f(x) = x? — 82x F+ 23;


b) f(x) = 8x — 227.

6.4. Observe os graficos abaixo, que representam as pardbolas y = ax? para diversos valores de
a. Estas parabolas sao semelhantes entre si?

129 AE
Figura 6.23

6.5. Encontre a unidade que deve ser usada nos eixos cartesianos de modo que a parabola abaixo
seja o grafico da funcao f(x) = 22”.

Figura 6.24

6.6. Encontre os valores minimo e maéximo assumidos pela funcao f(x) = x? — 4r + 3 em cada
um dos intervalos abaixo:

a) [1.4]:
b) (6. 10}.
6.7. Seja f(z) = ar? +br+c, coma> 0.

a) Mostre que
5(2 +2) c Leu) + Me)

130
ww
<
a
b) Mais geralmente, mostre que se 0 < a < 1, entao

f(axz, + (1 -—a)r2) < af(z,) + (1 -— @)f (22).

Interprete geometricamente esta propriedade.

6.8. Prove que se a, b e c sao inteiros impares, as raizes de y = ax? + br + c nao sao racionais.

6.9. Dado um conjunto de retas do plano, elas determinam um nimero maximo de regides
quando estao na chamada posicao geral: isto é, elas sao concorrentes duas a duas e trés
retas nunca tém um ponto comum. Seja A, o nimero maximo de regides determinadas por
n retas do plano. " '

a) Quando se adiciona mais uma reta na posicaéo geral a um conjunto de n retas em posicao
geral, quantas novas regides sao criadas?

b) Deduza de a) que R,, é dada por uma funcao quadratica de n e obtenha a expressao para
Ry.

3.10. No maximo quantos pontos de intersecao existem quando sao desenhadas n circunferéncias?

3.11. Um estudante anotou a posicao, ao longo do tempo, de um méovel sujeito a uma forca
constante e obteve os dados abaixo:

Instante (seg) | Posicaéo (metros)


0 17 *
10 45
20 81

Calcule a posigao do mével nos instantes 5 seg, 15 seg e 25 seg.

3.12. O motorista de um automével aplica os freios de modo suave e constante, de modo a imprimir
uma, forca de frenagem constante a seu veiculo, até o repouso. O diagrama a seguir mostra
a posicao do veiculo a cada segundo a partir do instante em que os freios foram aplicados.

Os ls 2s
@------------- @---------- @--------
30m 25m 20m

Figura 6.25

a) Os dados acima sao compativeis com o fato de a forca de frenagem ser constante?

131
b) Qual a posicao do vefculo 5s apoés o inicio da frenagem?

1 4 ic) Quanto tempo o veiculo demora para chegar ao repouso?

| d)) Qual era a velocidade do veiculo no instante em que o motorista comecou a aplicar os
freios?

6.13. Um grupo de alunos, ao realizar um experimento no laboratério de Fisica, fez diversas


medidas de um certo comprimento. O instrutor os orientou no sentido de tomar a média
aritmética dos valores encontrados como o valor a ser adotado. Este procedimento pode ser
justificado do modo abaixo.

Sejam 21, 22,....2, oS valores encontrados. E razodvel que o valor adotado z seja escolhido
de modo que o erro incorrido pelas diversas medicoes seja 0 menor possivel. Em geral, este
erro é medido através do chamado desvio quadratico total, definido por

d(x) = (x — 21)? + (x — ao)? +--+ + (a — 2).

a) Mostre que d(az) é minimizado quando


ay tag tee +2
n

b) Suponha agora que se deseje utilizar o desvio absoluto total e(a) = |x — 2,| + |z — x2| +
----+ |x — x,| como medida do erro cometido. Mostre que e(x) é minimizado quando z é
a mediana de 71, 2%9....,Zp.

6.14, Numa vidracaria ha um pedaco de espelho, sob a forma de um triangulo retangulo de lados
60cm, 80cm e 1m . Quer-se, a partir dele, recortar um espelho retangular com a maior area
possivel. A fim de economizar corte, pelo menos um dos lados do retangulo deve estar sobre
um lado do triangulo.

Figura 6.26

As posicoes sugeridas sao as da figura acima. Em cada caso, determine qual o retangulo de
maior 4rea e compare os dois resultados. Discuta se a restricao de um lado estar sobre c
contorno do triangulo é realmente necessdria para efeito de maximizar a Area.

we A 132
rio

area
cercada

Figura 6.27

me
~

1.15.
. yo Com 80 metros de cerca um fazendeiro deseja circundar uma area retangular junto a um
rio para confinar alguns animais.
(Juais devem ser as medidas do retangulo para que a area cercada seja a maior possivel?

1.16. No instante t = 0 o ponto P esta em (—2,0) e o ponto Q em (0.0). A partir desse instante,
© move-se para cima com velocidade de 1 unidade por segundo e P move-se para a direita
com velocidade de 2 unidades por segundo. Qual é o valor da distancia minima entre P
eQ?

Se xe y sao reais tais que 3x + 4y = 12, determine o valor minimo de z = x? + y?.

Um aviao de 100 lugares foi fretado para uma excursao. A companhia exigiu de cada
passageiro R$ 800,00 mais R$ 10.00 por cada lugar vago. Para que niimero de passagciros
a rentabilidade da empresa é maxima?

Joao tem uma fabrica de sorvetes. Ele vende, em média. 300 caixas de picolés por R$ 20,00.
Entretanto, percebeu que, cada vez que diminuia R$ 1.00 no preco da caixa, vendia 40
caixas a mais. Quanto ele deveria cobrar pela caixa para que sua receita fosse maxima?

Uma loja esta fazendo uma promocao na venda de balas: “Compre x balas e ganhe x% de
desconto”. A promocao é valida para compras de até 60 balas, caso em que é concedido
o desconto maximo de 60%. Alfredo, Beatriz, Carlos e Daniel compraram 10, 15, 30 e
45 balas, respectivamente. Qual deles poderia ter comprado mais balas e gasto a mesma
quantia, se empregasse melhor seus conhecimentos de Matematica?

O diretor de uma orquestra percebeu que, com o ingresso a R$ 9,00, em média 300 pessoas
assistem aos concertos e que, para cada reducao de R$ 1.00 no preco dos ingressos, 0 ptblico
aumenta de 100 espectadores. Qual deve ser o preco do ingresso para que a receita seja
maxima?

133 A
CaN UES AEE AST RLS ht TPOcP RRC AEs tad a
rs

SE EE ls CM SOR GE INCOM READ “ye!

6.22. Qual o valor maximo de 21n — n*,2 n inteiro?

6.23. Esboce o grafico de:


a) f(x) = |a*| — |r| +1: eo
b) fe) = |e? = a
6.24. Identifique o conjunto dos pontos (x, y) tais que:
a) x? -52+6=0:;b) y=2? —5r+ 6.

6.25. Resolva a inequacao xr? + xr? — 20 > 0.


6.26: Determine explicitamente os coeficientes a, b, c do trinémio f(x) = ax? + br +c em funcao
dos valores f(0), f(1) e f(2).

6.27. Um restaurante a quilo vende 100 kg de comida por dia, a 12 reais 0 quilo. Uma pesquisa de
opiniao revelou que, por cada real de aumento no preco, o restaurante perderia 10 clientes,
com um consumo médio de 500g cada. Qual deve ser o valor do quilo de comida para que
oO restaurante tenha a maior receita possivel?
é

6.28. Um prédio de 1 andar, de forma retangular, com lados proporcionais a 3 e 4, vai ser cons-
truido. O imposto predial é de 7 reais por metro quadrado, mais uma taxa fixa de 2.500
reais. A prefeitura concede um desconto de 60 reais por metro linear do perimetro, como
recompensa pela iluminacao externa e pela calcada em volta do prédio. Quais devem ser as
medidas dos lados para que o imposto seja o minimo possivel? Qual o valor desse imposto
minimo?

6.29. Determine entre os retangulos de mesma 4rea a. aquele que tem o menor perimetro. Existe
algum retangulo cujo perimetro seja maior do que os de todos os demais com mesma 4rea?

6.30. Que forma tem o grafico da fungao f : [0, +00) > R, dada por f(x) = /z?

6.31. Mostre
; ~ _ : . , 1
que a equacado ,/z + m = & possui uma raiz se m > 0, duas raizes quando —; <
m <0, uma raiz para m = —1/4 e nenhuma raiz caso m < —1/4.

6.32. Numa concorréncia ptblica para a construcao de uma pista circular de patinacao apresentam-
se as firmas Ae B. A firma A cobra 20 reais por metro quadrado de pavimentacao, 15 reais
por metro linear do cercado, mais uma taxa fixa de 200 reais para administracao. Por sua
vez, a firma B cobra 18 reais por metro quadrado de pavimentacao, 20 reais por metro
linear do cercado e taxa de administracao de 600 reais. Para quais valores do diametro da
pista a firma A é mais vantajosa? Esboce um grafico que ilustre a situacao. Resolva um
problema analogo com os nimeros 18, 20 e 400 para A e 20, 10, 150 para B.

Va A. 124
Roya ure
Dados a, 6, c positivos, determinar zx e y tais que ry = c e que ax-+ by seja o menor possivel.

Cavar um buraco retangular de 1m de largura de modo que o volume cavado seja 300m?*.
Sabendo que cada metro quadrado de drea cavada custa 10 reais e cada metro de profun-
didade custa 30 reais, determinar as dimensoes do buraco de modo que o seu custo seja
minimo.

6.35. Dois empresarios formam uma sociedade cujo capital é de 100 mil reais. Um deles trabalha
na empresa trés dias por semana e o outro dois. Apéos um certo tempo, vendem o negocio e
cada um recebe 99 mil reais. Qual foi a contribuicao de cada um para formar a sociedade?

6.36. Nas aguas paradas de um lago, Marcelo rema seu barco a 12km por hora. Num certo rio,
com oO mesmo barco e as mesmas remadas, ele percorreu 12km a favor da corrente e 8km
contra a corrente, num tempo total de 2 horas. Qual era a velocidade do rio, quanto tempo
ele levou para ir e quanto tempo para voltar?

6.37. Os alunos de uma turma fizeram uma coleta para juntar 405 reais, custo de uma excursao.
Todos contribuiram igualmente. Na ultima hora, dois alunos desistiram. Com isso, a parte
de cada um sofreu um aumento de um real e vinte centavos. Quantos alunos tem a turma?

6.38. Olhando o grafico da funcao quadratica f(z) = x? , vé-se que ele parece uma parabola. Se
for, quais serao o foco e a diretriz? Por simetria, o foco deve ser F' = (0,t) e a diretriz deve
ser a reta y = —t. Use a definicéo de parabola para mostrar que t = 1/4.

135 A a PU
“CAPITULO 6:

@e 136
FUNCOES POLINOMIAIS
7.1 Funcoes Polinomiais vs Polinémios
Diz-se que p: R > R é uma funcao polinomial quando sao dados nimcros reais dg. a)}..... Qy
tais que, para todo x € R. tem-se

P(r) = anv” +a,_yr" ) +--+ + ayr tag. (7.1)

Sea, # 0. dizemos que p tem grau rn.


A soma e o produto de funcgoes polinomiais sao ainda funcoes polinomiais. Um exemplo
interessante de produto é
fo na] wn 2
Gr—a)(a + (a Heer tar ~n-2.,fr tare)
wma ly on
= ar — a’.vn

Vemos assim que z" — a" 6 divistvel por r— a.


Seja pa fungao polinomial apresentada em (7.1). Para quaisquer 2. a reais. temos

pla) — pla) = a,(2" =a") + ay (ae! a") $e tale a),


Como cada parcela do segundo membro é divisivel por .r — a. podemos escrever. para todo
re R:
pr) — pla) = (x — a)jg(.r).
oude g é uma funcao polinomial.
Se p tem grau n. g tem grau n — 1.
Ei particular. se a é uma raiz de p, isto é. p(a) = 0. entao pr) = (2 — a)g(x) para todo
reéER. A reefproca é€ 6bvia.
Portanto. a ¢ uma raiz de p se. e somente se. p(x) € divisivel por xr — a. Mais geralmente
Qp.cee. Q, sao raizes de p se. e somente. para todo .r € R vale

p(w) = (av — ay)Or — ag)... (0 — ay)g(a).

onde gq é uma funcao polinomial de grau n — / se p tem grau rn.


Dai resulta que urna funcao polinomial de grau n nao pode ter mais do que n raizes.
Uma funcao polinomial p chama-se identicamente nula quando se tem p(.c) = 0 para todo
v € R. Neste caso, p tem uma infinidade de raizes. (Todo ntnero real é raiz de p.) Entao
nenhnum nimero natural n ¢ grau de p. a fim de nao contradizer o resultado acima. Isto significa
que la eXpressao
plc) = ayn" +++ + aya + ag.

todos os coeficientes (,,.dy—1.....@,.dg Sao iguais a zero. Concluimos entao que a unica funcao
polinonual identicamente nula ¢ do tipo

Or? +02" | +---4+0r 4+ 0.

ae & 138
eS et
FUNCGES RRR e ee a5 iOS C.-T Mere rete RC eR ea AGAPITULO 7 |

Se nos ativermos a letra da definicao. a funcao polinomial identicamente nula nao tem gran.
pois nenhum dos seus coeficientes é # 0.
Dadas as fungoes polinomiais pe g. completando com zeros (se necessario) os coeficientes que
faltam. podemos escrevé-las sob as formas

ple) = ayw" +e Faye tay


q(.c) = byr +--+ + bya + bo.

sem que isto signifique que ambas tém grau 7. pois nao estamos dizendo que a, #4 0 nem que
b, #0.
Suponhamos que p(.r) = g(r) para todo x € R. ou seja. que pe g sejam funcodes iguais. Entao
a diferenca d = p—q ¢a funcao identicamente nula. pois d(.) = p(.v)— g(r) = 0 para todo. € R.
\las. para todo xr € R. tem-se

d(.r) = (a, — ba" tree («ly — by yr + (ag — bo).

Pelo que acabamos de ver sobre funcoes polinomiais identicamente nulas. segue-se que a, —
b,, =()..... Qy — b; = (). ay be = (0. ou seja:

ay = b,, an a, = b,. Qy = by.

Portanto as funcoes polinomiais p. g assumem o mesmo valor p(.r) = g(r) para todo . € R
sc. e somente se. tém os mesmos coeficientes.
Como no caso das funcoes quadraticas. existe uma diferenca sutil entre o conceito de fungao
polinomial e o conceito de polinémio. que apresentaremos agora.
Um polinédmio é uma expressao formal do tipo

p(X) =a,X" +a,-);X" '+---+a,X 4+ ao.

onde (ag.q,.....@,) @ uma lista ordenada de utimeros reais e X @ um simbolo (chamado uma
indeterminada). sendo X’ uma abreviatura para V-X ---X (i fatores). Em essencia. 0 polindmio
p(X) ¢ o mesmo que a lista ordenada dos seus coeficientes. Ao escreve-lo da manecira acima.
estamos deixando explicita a intencao de somar e multiplicar polindiios como se fossem fungoes
polinomiais. usando a regra X'» X/ = X'*/. Por definicao. os polindmios

p(X) =— Q,X ” + .+. + ayX + dy

qg(X) = b,X" +--+ b,)N + by

sao iguais (ou 27dénticos) quando ay = bp.a, = b)..... a, = b,.

139 IW
< CAPITULO: TF" at ee a ee er Coes 261.00)
9s 8) AICO) VIPLt ()

A cada polinédmio p(X) = a,X”" +--+ +a,X + ag faz-se corresponder a funcgao polinomial
p:R- R. definida por p(2) = anx” +---+a,2+a9. para todo x € R. Esta correspondéncia (po-
lindmio) +> (funcao polinomial) é sobrejetiva, pela propria definicao destas fungdes. A discussao
que fizemos acima sobre os coeficientes de fungoes polinomiais iguais significa que a polinémios
distintos correspondem funcoes polinomiais distintas. Logo. trata-se de uma correspondéncia
biunivoca.
Por esse motivo. nao ha necessidade de fazer distingao entre o polindmio p e a funcao polino-
mial p. Ambos serao representados pelo mesmo simbolo p e serao chamados indiferentemente de
polinémio ou de funcao polinomial. Além disso, diremos “a funcao p(.c)” sempre que nao houver
perigo de confundi-la com ntimero real que é o valor por ela assumido num certo ponto vr.

7.2. Determinando um Polinémio a Partir de Seus Valores

Uin polinédmio de grau n é dado quando se conhecem seus n+ 1 coeficientes. Segundo a boa
pratica matematica, para determinar n + 1 nimeros ¢ necessario (e muitas vezes suficiente) ter
n+ 1 informacoes. No nosso caso, vale o seguinte resultado:
Dados n+ 1 ntimeros reais distintos %9.2%1.....2, e fivados arbitrariamente os valores Yo.
Ypeeee Yn. existe um. e somente um, polinédmio p. de grau <n. tal que

P(Xo) = Yo: P(®1) = Yi-- -- -P(Ln) = Yn

A parte “somente um” decorre imediatamente do que foi visto na seqao anterior pois se p e
q sao polindmios de grau < n que assumem os mesmos valores em n+ 1 pontos distintos entao
a diferenca p — g 6 um polinédmio de grau menor do que ou igual a rn. com n+ 1 rafzes. logo
p-q=Olep=gq.
A existéncia de um polindmio p de grau < n que assume valores pré-fixados em n+ 1 pontos
distintos dados pode ser provada de duas maneiras diferentes. A primeira delas segue as mesmas
linhas do caso n = 2, ja estudado no capitulo anterior, ¢ consiste em resolver o sistema de n+ 1
equacoes nas n + 1 incdégnitas ag.a).....@, abaixo indicado:

Unt) Hee + QQ.) + a0 = yy

n
Ant, Fett Fay + AQ = Yn.

Este sistema. no qual as quantidades conhecidas sao as poténcias sucessivas de 79.2).....0n-


tem sempre solucao tnica quando estes n+1 ntimeros sao dois a dois diferentes. [Seu determinante
é o determinante de Vandermonde. igual a [] (2; — 2,). o qual ¢é 4 01]
i<)

as sé 140
Outra inancira de provar que existe sempre um polindmio de grau <n que assume nos n+ 1]
pontos distintos x9..0,......0, 0S valores arbitrados yo. yi... .. Yn COnsiste em exibir explicitamente
esse polinémio. usando a chamada formula de interpolacao de Lagrange.
Apresentamos a seguir os polinémios que resolvem o problema. destacando em especial os
casos mais simples. n = len = 2.
n=1:
oe Wy U— Lo
p(x) = Yo ——___ + 1 ——_.
Uy Wy yy — Ly

n= 2

r— 2r,)(v — 2)2, r— rp)(t — xe2)


pr) = yo (ry( 1)(
— 01) (19 — a2)
ty I o)(
(ry — %)(1) z — w2))
4

(r — rg)(r — wy)
+ Y2
(ry — r)(.r9 — Wy )

Caso geral:
L— vp
n

p(x) = S Yi II(——).
: vj Up
i=] KA

Esta ¢ a formula de interpolacao de Lagrange. Vé-se imediatamente que o polinédmio p(z) ai


definido cumpre as condigoes p(2%o) = yo. pP(t1) = y.----P(Xn) = Yn . Esse polinomio tem grau
<n mas seu grau pode perfeitamente ser qualquer ntimero inteiro entre 0 e n.
Por exemplo. se pusermos 2%) = —l. v) = 0. ro = 1. rg = 2 e xy = 3 © procurarmos oO
polinomio de grau < 4 que assume nesses pontos os valores —7. 1. 5. 11 e 25 respectivamente,
obteremos
p(v) = a? — 2x? + 5r 41.

que tem grau 3.


E se. dados n+ 1 pontos distintos. procurarmos o polindmio de grau < n que se anula em
todos esses pontos. a formula de Lagrange nos dara o polinédmio identicamente nulo. o qual,
segundo nossa definicao nao tem grau. Excecoes como esta. e como varias outras que ocorrem
quando se estudam polinémios. tornam conveniente atribuir ao polinomio identicamente nulo o
erau —ox. (Por exemplo: a convencao gr 0 = —x torna verdadeira. sem excecgoes, a afirmagao
de que o grau do produto de dois polindmios é a soma dos graus dos fatores.)

7.3 Graficos de Polinédmios

Quando se deseja tracar. ao menos aproximadamente. o grafico de um polindmio, certas


informacoes de natureza geral sao de grande utilidade. Vejamos algumas delas.

141 Ae
Se TRE SWFA Beh ee, re pee R ee V Gy

Seja por) =a,r" +--- tape fay. coma ¥ 0.


Sen ¢ par entao. para |r] suficientemente grande. pic) tem o mesmo sinal de a,,. Este sinal
6, portanto. © mesino, nao Lnportando se wr < O our > 0. desde que Lr] seja suficicntemente
erande.
Se. entretanto. 2 é impar. pC.) tem o mesmo sinal de a, para valores positivos muito grandes
deur e@ tem o sinal oposto de a,, para valores negativos muito grandes de a,,.
Fin ambos os casos (7 par oun fimpar). quando Lr] cresce ilimitadamente. jp(.c)| também
eresce Himitadamente.
Para Justificar as afirmacoes acima. notemos que o polindmio pir} pode ser escrito Como

(In| @yo ay
pir) = a0" Ta i v ye

Se tomarmos [|r| suficientemente grande. cada uma das parcelas dentro clos parénteses. a
partir da segunda. pode-se tornar tao pequena quanto se deseje (em valor absoluto). Logo. para
todos os valores suficientemente grandes de [a]. a soma dentro dos parénteses tem o mesmo sinal
dea,. See par.” y
munca ¢ negativo. logo p(.r) tem o sinal de a, para todo irl suficientemente
erande, Ja sen é impar. oe” temo mesmo sinal de .r. logo por) tem o sinal de a, para 2 positivo
¢ sinal contrario ao de a, quando wr ¢ negativo.
Na Figura 7.1 sao esbogados graficos de polinomios do primeiro. scgundo. terceiro e quarto
eras. Em cada caso, pode-se dizer logo qual o sinal do coeficiente do termo de mais alto grau.
Outra informagao ti] diz respeito a comparacao entre dois polinomios. Se o grau de p é
maior do que o gran de q entao, para todo 2 com valor absoluto suficientemente grande. tem-se
pied) = fairy]. Mais ainda: a diferenga entre [p(r)! e jgir)} pode tornar-se tao grande quanto se
queira. desde que se tome ci suficientemente grande.
A afirmagao acima feita resulta também da forma de escrever wn polindmio de grau nn pondo
cin evidenda tma potencia de wr. Por simplicidade. tomaremos p(.r) de grau 4 ¢ gir) com grau
3. QO caso geral se trata do mesmo modo. Sejam. entao.
pla) = art br + er? +d + 6 e
qin) = bar +¢ cre td’ +e. Temos.
plu) = vitae? +54 iB +45) = rat fry)
e gtr) = rl Y + S + £ + &) = rte g(r).
Para todo |.r| suficientemente grande temos | f()] < ja]/2 e igtr)! < jal fd.
Assim. quando ja} é grande bastante. vale |a + f(r)! > jal/2. logo |p(.r)| =r! + ja t+ f€r)| >
welt fale Qe lair) < fal) lal/d. donde -|qir)) > —Jrli- fal /4.
Somanudo. vemn [plr)| — lg(r)p > fate cal/a.
Portanto. podemos tornar [p(ir)| — |q(r)| tao grande quanto desejamos desde que |r} seja
suficicntemente grande.

nN 142
Sa a a ea Bae eS oi ie is oh 8 iy a
ST CRT Oe
, ‘
rca ange RAY SET OT Meee eo Se ne. ee

y=x22x y=x43x +3
{ A

| . —_ -

Figura 7.1

. . ~ so . 2
Um exemplo extremamentesimples desta situacao ocorre com os polindmios p(..v) = 2x ¢
q(x) = x°. Quando 0 < |v] < 1. 2° 6 menor do que vr 2 mas. para [2 > L.r® supera .c? e. quando
a

, yy . . . ) . -_
|r| é bastante grande. .r° 6 muito, muito maior do que .r- (ver Figura. 7.2).

Figura 7.2

Mais umn dado relevante para tracar o grafico de um polindmio ¢ a localizacao de suas raizes.
E claro que. por motivo da continuidade. se p(.r7,) < 0 e p(.rz) > 0 entao p deve possuir uma raiz
entre 27) © rg. (Esta observagao ja assegura que todo polinémio de grau impar possui ao menos

143 Ad
S S|

~
@ns: POLINOMIAIS

uma raiz real.) Mlas como se localiza alguma dessas raizes’


As raizes dos polinomios de grau 2 foram expressas em funcao dos coeficientes ha milenios.
Durante a Renascenga (meados do século 16) foram obtidas formulas para exprimir. mediante
radicals. as raizes dos polinédmios de terceiro e quarto graus em funcao dos cocficientes. Na ver-
clade. essas formulas tém pouco mais do que mero valor teérico: sao demasiadamente complicadas
para serem de uso computacional.
Os métodos que se usam atualinente para determinar uma raiz do polinomio p localizada no
intervalo fa. bl. quando se sabe que p(a) e¢ p(b) tém sinais opostos nao se baseiam em formulas
fechadas. como as que foram obtidas para as equacoes de grau < 4. Eim vez disso. esses métodos
sc baseiam em algoritmos aproximativos. oS quais instrucin. passo a passo. Como proceder para
obter uma sequencia de ntmeros ry). .%g...... r,.... tais que os valores pOry). p(vo)..... PCr, de...
estao cada vez mais proximos de zero.
Um exemplo de algoritmo grandemente eficicnte para obter uma raiz da equacao pir} = 0 é
o método de Newton. Segundo este método. se.) 6 um valor préximo de wna raiz. a sequéncia
Up oe ec ee: r,.... de numeros reais obtidos pela formula iterativa

| PCL yn)
rb] Tm yy
yey)
tem como limite uma raiz de p. Os termos.r,, desta sequéncia se aproximain bastante rapidamente
do limite. Um caso particular do método de Newton ja era conhecido pelos babilénios. que
calculavam a raiz quadrada de wm numero positivo a (ou seja. uma raiz da equagao rw — a = 0)
. . 2 . ° ~ »)

tomando um valor inicial .r; e. a partir dele. construir as aproximacgoes w1..%9...... ry... de Ya
pela formula iterativa
] al
Uy | — 9 (0, + ~) .

OBSERVAGAO.
No denominador da formula de Newton, p’() representa a derivada do polindémio

p(z) = a,x" +--+ + ay

a qual é, por definicao,

p(x) = na,xz"~! + (n — lag"? + tay.

EXEMPLO 7.1.
Mostraremos agora como é eficiente o método de Newton para achar raizes reais de uma
equacao algébrica. Para isso. consideremos a equacao p(z) = 0 onde p(x) = x? — 5r? +1. Entao

mt A 144
«Age
oy
Rec od Oar
SERS ee 37 . rsB
a of Par

wa

p'(v) = 527 — 10.r. Comecamos observando que p(1) = —3 é negativo enquanto que p(2) = 13 é
positivo. logo deve haver uma raiz real de p entre 1 e 2. Para achar essa raiz. tomamos 29 = 2
como ponto de partida. Obtemos sucessivamente

r=mre 2p
0
- p' (Xo)
=2——~ 60
= 1.783.
:
p(.t1) _ 3. 124 .
ry = 2, —- ——= 1.783 — ———
= 1.687.
2 p’(r,) 4 32. 703
pCry) 0. 434
v3 = Tg — —— = 1,687- ———— = 1.667.
BN a) 23. 627 ”

Com paciencia ¢ uma calculadora. poderfamos prosseeuir. mas nao ha necessidade. 1.668 é
uma excelente aproximacao para a raiz procurada. pois p( 1.668) ¢ menor do que | milésimo.
Uma aproximacao melhor para a raiz procurada seria 1.667977989 . tao proxima do valor que
obtivemos que nao compensa o esforco de prosseguir o calculo. De wm modo geral. no método
de Newton. cada aproximacao obtida tem o dobro de digitos exatos da aproximacao anterior.
Para mais detalhes te6ricos. o leitor pode consultar “Analise Real’. vol. 1. pags. 114 a 118.
E para exercitar-se em contas. notando que p(O) > Qe pil) < 0. pode procurar a raiz de
pr) = 2? ~ 54° + 1 localizada entre 0 e I.

145 Ae
.. FUNGOES POLINOMIAIS

Exercicios
7.1. Sejam P(x) e p(x) polindmios nao identicamente nulos, tais que gr. P(x) > gr. p(x). (Onde
gr. significa o grau do polinémio.) Prove que existe um polinémio q(z) tal que gr.{P(x) —
p(x)q(x)| < gr. P(x). Usando repetidamente este fato, mostre que existem polinémios q(x)
e r(x) tais que P(x) = p(z)q(x) + r(x), com gr.r(x) < gr.p(x). Os polinémios g(x) e
r(x), tais que P(x) = p(x)q(x)+r(z) com gr.r(x) < gr. p(x), chamam-se respectivamente o
quociente e o resto da divisao de P(x) por p(x). (Aqui admitimos que o grau do polinémio
0 é —oo.)

7.2. Prove a unicidade do quociente e do resto, isto é, se P(x) = p(xr)q(z) + ri(z) e P(x) =
p(x)go(x)+re(x), com gr. 7,(x) e gr. r2(x) ambos menores do que gr. p(x), entao qi (x) = go(z)
e r(x) = ro(x) para todo x € R. (Novamente, gr. r(x) = —oo se r(x) é identicamente nulo.)

7.3. Diz-se que o numero real a é uma raiz de multiplicidade m do polinémio p(x) quando se tem
p(x) = (x-—a)"q(z), com g(a) £ 0. (Se m = 1 ou m = 2, a chama-se respectivamente uma
raiz simples ou uma raiz dupla.) Prove que a é uma raiz simples de p(x) se, e somente se,
tem-se p(a) = 0 e p’'(a) #0. Prove também que a é uma raiz dupla de p(x) se, e somente
se, p(a) = p'(a) = Oe p"(a) £0. Generalize.

7.4. Certo ou errado: a é raiz dupla de p(x) se, e somente se, é raiz simples de p'(z).

7.5. Determine o polinémio p(z) de menor grau possivel tal que p(1) = 2, p(2) = 1, p(3) =4e
p(4) = 3.
7.6. Seja p(x) um polinémio cujo grau n é um ntimero fmpar. Mostre que existem nimeros reais
11, 2X2 tais que p(r1) < 0 e p(r2) > 0. Conclua dai que todo polinémio de grau impar admite
pelo menos uma raiz real.

7.7. Mostre que se n € um numero par entao o polindmio p(x) = z"° + 2"!+4--.-+2+41 nao
possui raiz real.

7.8. Tomando zp = 3, use a relacao de recorréncia

tut = 5 (t+ >)


n-1™ 9 Ln
Ln

para calcular 5 com trés algarismos decimais exatos. (Por exemplo: sabemos que 1,414 é
uma aproximacaéo de 2 com trés algarismos decimais exatos porque 1, 4142 <2 < 1,415?.)

7.9. Usando o método de Newton, estabeleca um processo iterativo para calcular ~/a e aplique-o
a fim de obter um valor aproximado de ¥/2.

me A 146
FUNCOES
ww

EXPONENCIAISE
LOGARITMICAS
8.1 Introducao
Vimos no exemplo 5.9 (Capitulo 5) que se f: R — R é€ uma func¢ao afim entao o acréscimo
f(r +h) — f(r). sofrido por f quando se passa de wv para wv + fh. depende apenas do acréscimo
fh dado avr mas nao depende do proprio valor de wv. Isto ¢ ébvio. uma vez que f(r) = ar + b
implica f(r +h) — f(r) = ah. O mais nnportante. tendo em vista as aplicacgoes. ¢ que quando
f & monotona crescente. ou decrescente. vale a reciproca: se fie +h) — fla) nao depende de ur
entao f © afim.
Q Exemplo 8 do Capitulo 5 dizia respeito a wna quantia wr. Investida durante um prazo fixo
¢ determinado. gerando no final desse perfodo o valor f(r). Coustatou-se ali que fc} @ uma
funcao linear dew.
Neste capitulo. consideraremios una quantia cy. aplicada a juros fixos. capitalizados continua-
mente. Se chamarmos de ¢(f) o capital gerado a partir daquela quantia inicial depois de decorrido
o tempo ft. é claro que c(t) 6 na funcao crescente cde ¢.
Notamos ainda que se ft < f entao o acréscimo c(t’ +h) — c(t). experimentado pelo capital
apos o decurso de tempo fh. a partir do momento ft . 6 maior do que o rendimento c(t +h) = ¢(t)
depois de decorrido o mesmo tempo fh. a partir do momento anterior f. pois o capital acummlado
c(f’). sendo maior do que c(t). deve produzir maior renda.
Assim. c(t) nao ¢ uma funcao afim de t. ja que c(t + fh} — e(t) depende nao apenas de / mas
de t também. Esta conclusao negativa indica que se deve buscar outro instrumento matematico.,
diferente da funcao afin. para modelar a presente situacao.
Analisando este problema mais detidamente. vemos que a diferenga e(t + fh) — e(t) pode ser
considerada como o lucro obtido quando se investiu a quantia c(t) durante 0 prazo fh. (Esta
observacao sera apresentada com mais detalhe na Secao 8.4 a seguir. na segunda caracterizacao
das funcoes do tipo expouencial.) Portanto. como vimos acina. c(f+h)—c(t) deve ser proporcional
a quantia aplicada c(t). ou seja. c(f+h)—c(t) = p-c(t). onde o fator de proporcionalidade ~ = y(/)
depende evidentemente do prazo h. A afirmagao de que y(t) = [e(t+h) — el t)}/e(t) nao depende
I

de ¢ @ a expressao matematica do fato de que os juros sao fixos. Como |e(t = hj — c(t)}/e(t) =
c(t + h)/e(t)} — 1. esta afirmacao equivale a dizer que 0 quocieute ¢(t + A) c(t) nao depende de
oa.

Portanto. quando os juros sao fixos. se e(t) F/)f¢e(t)) = 2. por exemplo. entao c(to+h)/e(t2) =
2 para qualquer fy (e o mesmo fr). Isto quer dizer que o tempo fr necessario para que um capital
seja dobrado € 0 inesmo em todas as ocasides © para qualquer valor desse capital. pequeno ou
erande.
Vemos entao que o modelo matematico conveniente para descrever a variacgao de um capital
aplicado a juros fixos. em funcao do tempo. deve ser uma funcao crescente c(t) tal que o acréscimo
relativo [c(t + h) — c(t)]/e(t) dependa apenas de h mas nao de t.

ae A 148
Conforme sera estabelecido neste capitulo. as unicas funcoes com estas propriedades sao as
da forma ¢(t) = cy- al.
Uina situacao analoga ocorre quando se estuda a desintegragao radioativa. Os atomos de
uma substancia radioativa (como o radio c¢ o uranio. por exemplo) teudem a se desintegrar,
emitindo particulas e transformando-se noutra substancia. As particulas emitidas nao alteram
siguificativamente a massa total do corpo mas. com o passar do tempo. a quantidade da substancia
original diminui (aumentando, consequentemente. a massa da nova substancia transformada).
Isto ocorre de tal modo que. em cada instante. a quantidade de matéria que se esta desintegrando
haquele momento ¢ proporcional a massa da substancia original que ainda resta.
Assim sendo. se chamarmos (como fazem os cClentistas) de mera-i7da de uma substancia
radioativa o tempo necessario para que se desintegre a metade da massa de um corpo formado
por aquela substancia. constatamos que a meia-vida é um ntinero intrinsecamente associado a
cada substancia radioativa: o tempo necessario para reduzir a metade a radioatividade de uma
tonelada de uranio ¢ igual ao tempo que leva wm grama da mesina substancia para ter sua metade
desintegrada.
A proposito: os varios is6topos do uranio tém meia-vida da ordem de 10°” anos. Enquanto
isso. a mela-vida do radio 224 ¢ de 3 dias ¢ 15 horas.
De um modo geral. sc designarmos por 7 = m(t) a massa da substancia radioativa presente
no corpo no instante f. veremos que m ¢ uma funcao decrescente de t e. além disso. a perda
relativa [im(t +h) — m(t)]/m(t). ocorrida apos o decurso do tempo fh. depende apenas de h mas
nao do instante inicial ft. ou seja. da massa m(t) existente naquela ocasiao.
Outra vez constatainos a necessidade de uma funcao real de variavel real m : R — R. que seja
monétona (desta vez. decrescente) e tal que a variagao relativa [r(t +h) — m(t)]/m(t) dependa
apenas de h. Ou. equivalentemente. que a razao m(t + h)/im(t) nao dependa de ¢ mas somente
de h.
Mostraremos neste capftulo que as tnicas funcoes com essas propriedades sao as do tipo
m(t) = ba’ (com 0 < a < 1). Os exemplos que acabamos de mencionar ilustram algumas das
intimeras situacoes em que ocorrem as funcoes do tipo exponencial. que estudaremos agora.
Comecaremos nosso estudo com uma revisao das poténcias com expoente racional.

8.2 Poténcias de Expoente Racional


Seja aq um ntmero real positivo. Para todo n € N. a potencia a" . de base a e expoente n.
¢ definida como o produto de n fatores iguais a a. Para n = 1. como nao ha produto de um s6
fator. poe-se a! = a. por definicao.
A definicao indutiva de a" é: a =aea"t}=a-a".

149 Sw
Para quaisquer m.n € N tem-se
qn” . qr — Quer

pois cm ambos os membros desta igualdade temos o produto de m+n fatores iguais a a. Segue-se
que. para my ,.7My..... mM, quaisquer. vale

qh . qi? . . qitk = Qi Tina hee rg

Em particular. sem, = --- = 7m, =m. vem (a')* = al”.


Se a > 1 entao. multiplicando ambos os membros desta desigualdade por a" . obtemos
a’t! > a" . Portanto.

1
a>lsel<a<ad<--<a"<atic...

Além. disso.
n+l
0O<a<lsalr>ra>a’>::->a">a te

como se vé multiplicando ambos os membros da desigualdade a < 1 pelo nimero positivo a”.
Portanto a sequéncia cujo n-ésimo termo ¢ a” € crescente quando a > 1 e decrescente se
O<a< 1. Para a = 1. esta sequéncia ¢ constante. com todos os seus termos iguais a 1.
Existem sequéncias crescentes que sao limitadas superiormente. Um exemplo disso ¢

12 3 n

onde se tem

para todo n EN.


Entretanto, se a > 1, a sequéncia formada pelas poténcias a" .n EN. € ilimatada superior-
mente: nenhum nimero real c. por maior que seja. pode ser superior a todas as poténcias a”.
Noutras palavras. dado arbitrariamente c € R, pode-se sempre achar n € N tal que a” > ce.
Para provar isto. escrevemos a = 1+d.c > 0. Pela desigualdade de Bernoulli. temos a” >
1+nd. Logo. se tomarmos n > (c — 1)/d. teremos 1 + nd > ¢ e. com maior razao. a" > ¢.

EXEMPLO 8.1.
Scja a = 1,000001 (um inteiro e um milionésimo). As poténcias sucessivas a.a?.a3,..., a
principio préximas de 1, podem tornar-se tao grandes quanto se deseje. desde que 0 expoente
scja tomado suficientemente grande. Se usarmos o argumento acima para obter uma poténcia
de a que seja superior a 1 bilhao. devemos tomar um expoente da ordem de 10!" . Na realidade,
usando uma calculadora, vemos que para ter (1.000001)” maior que um bilhao basta tomar

ee A 150
ye ee eas ee eee eee eee a Me OF te Ue eR.

n > 21 milhoes. E que, ao demonstrarmos que as poténcias sucessivas de um ntimero maior do


que 1 crescem acima de qualquer limite prefixado, nos preocupamos mais em usar um raciocinio
simples e claro do que obter o menor expoente possivel.

O fato de que a sequéncia a.a?.a?..... a".... € ilimitada superiormente quando a > 1 é um


caso particular da nocao de limite infinito. que definiremos agora.
Diz-se que uma sequéncia. (z,,) de nimeros reais tem limite “mais infinito” (ou simplesmente
“infinito’). e escreve-se lim.r, = +90. quando para qualquer A > 0. fixado arbitrariamente. for
possivel obter um {indice ng € N tal que todos os termos x, com n > ng sao maiores do que A.
Ou seja.n > ny > «, > A.
Toda sequéncia crescente ilimitada (2,) tem limite infinito pois uma vez obtido wr, > A. dai
ci diante todo .r, com n > Np cumpre wv, > wp, > A. Portanto. tem-se lima" = +20 quando
a> 1.
Observe-se, porém. que pode ocorrer termos lima, = +x sem que (.r,,) seja crescente. [sto
se da. por exemplo. com a sequéncia 1.4.3. 16.5.36..... na qual x2, = n sen é fimpar er, = n°
se nm é par.
Pode também acontecer que uma sequéncia de numeros positivos seja ilimitada sem ter limite
infinito. Por exemplo. a sequéncia 1.2.1.4.1.6.1.8..... onde se tem wr, =n sen é parew, =1
sen @ impar. Aqui. tem-se (r,,) ilimitada mas nao é verdade que lim.r, = +2¢.
De modo analogo. se 0 < a < 1 entao as poténcias sucessivas a.a’*.a?.... decrescem abaixo
de qualquer cota positiva: fixado arbitrariamente wm nimero ¢ > 0. por menor que seja, pode-se
sempre achar um expoente n € N tal que a” < ¢.
Com efeito. sendo 0 < a < 1, se escrevermos b = 1/a. teremos b > 1. Logo. pelo que acabamos
de ver. podemos achar n € N tal que b” > 1/c. ou seja. - > * . donde a” < ¢. Com maior razao.
para todo p > n tem-se xr? < x”. logo xv? < ©.
Este resultado significa que lim,_,,. a" = 0 quando 0 <a < 1.
(A expressao lim,,_,,. a" = 0 lé-se “o limite de a” . quando n tende ao infinito, é igual a zero’.)
Procuremos agora atribuir um significado a poténcia a”. quando n € Z é um nitimero inteiro.
que pode ser negativo ou zero. Isto deve ser feito de modo que scja mantida a regra fundamental
ql . qa” — qgQrern

Em primciro lugar. qual deve ser o valor de a® ?


Como a igualdade a®- a! = a°*! deve ser valida. teremos a? - a = a. logo a tinica definicao
possivel é a® = 1.
Ein seguida. dado qualquer n € N. devemos ter

asa" =a=1. logoata=t


. (l
GIT Be ee erate
Mt oy Cl

Assim. se quiserinos estender o conceito de potencia do ntiimero real a > (. para adinitir
expocntcs intelros quaisquer e preservar a igualdade a” -a" rn
= a mon
a unica definicao possivel
consiste cm por a” = 1lea~" = 1/a" para todo n € N.
A fungao f : Z 3 R. dada por f(r) =a" n
.n € Z. além de cumprir a igualdade fundamental

f(m+n)= flm)- f(r).


© ainda crescente quando a > 1 e decrescente quando 0 <a < 1. Segue-se. em particular que.
para a > Len € N. tem-se av" < 1 < a” e. para 0 < a < 1. tem-se a” < 1 < au" pols
-nc0cnea’ =],
Dea” sa" =a"*" segue-se que (a'")" = al" ainda quando m. n € Z.
Prosseguindo. vejamos que sentido pode ser dado a poténcia a” quando r = msn € um
munero racional (onde
| in € Zen EN). de modo que
| continue valida a regra
£ a’-a* = a'**. Desta
igualdade resulta. que se deve ter. para r = m/n:

(ay sated ec a ea =a"

Portanto a” é 0 ntimero real positivo cuja n-ésima poteéncia ¢ igual a a’ . Por definicao de raiz.
este ntunero € Val. a raiz n-ésima de a’. Assim. a tinica mancira de definir a poténcia a” . com
romin.meée Zn e€N. consiste em por
min
Q = V/ql

Depois de dar esta definicao. ha alguns detalhes que devem ser examinados. Em primeiro
lugar. como se tem m/n = mp/np para todo p € N. é preciso mostrar que V/m = 'Ya'? a fim
de que a definigao nao seja ambigua. Eim segundo lugar. deve-se mostrar que a definicao dada
assceura a validez da regra a” -a*® = a"? parar.s € Q. E finalmente. cumpre provar que a funcao
!

f:.Q—- R*. definida por f(r) = a". € crescente quando a > 1 e decrescente quando 0 < a < 1.
Esses pormenores sao faceis de suprir.
A funcao f : Q—- R* , definida por f(r) = a”. nao é sobrejetiva. Noutras palavras. fixado
a <> Q. nem todo nimero real positivo é da forma a” com r racional. Isto fica evidente se
observarmos que. como Q é um conjunto enumeravel. 0 mesmo deve ocorrer com sua imagem
AQ). porérn R™ nao ¢ enumeravel. De um modo mais elementar. este fato pode ser ilustrado
mediante wn exemplo. Tomemos a = 10 e indaguemos se existe algum ninero racional r = m/n
tal que 10°" = 11 ou seja. tal que 10” = 11". onde m,n € N. E claro que. para qualquer
moe N. 10’ se escreve como 1 seguido de m zeros enquanto 11" nao pode ter esta forma. Logo
o numero real positivo 11 nao pertence a imagem da funcao r+ 10". de Q em R*.
As potencias a” . com expoente racional. embora nao contenham todos os ntuneros reais
positivos. estao espalhadas por toda parte em R* . desde que seja a # 1. Este ¢ 0 contetido

as A 152
OE Aiey Tt Pe Ob eae a 9,8 sce cee aie eRe Cc eae CAPITULO 8 |

do lema abaixo. A demonstragao do mesino. embora clementar. 6 wn tanto técnica e pode ser
onnutida numa primeira leitura.

LEMA 8.2.
Fixado o ntimero real positivo a 4 1, em todo intervalo de Rt existe alguma poténcia a”, com
reEéQq.

Ne ee ee
DEMONSTRAGCAO.
Dados 0 < a < 3. devemos achar r € Q tal que a poténcia a” pertenga ao intervalo [a, 4). isto é.
a <a’ <3. Por simplicidade. suporemos a ¢ a maiores do que 1. Os demais casos podem ser
tratados de modo andlogo. Como as poténcias de expocnte natural de ntmeros maiores do que
1 crescem acima cde qualquer cota prefixada. podemos obter utimeros naturals V/ en tails que

. Avi a — (\ n

an toa e bLaa<c {le 7


(l

Da nfiltima relagao decorrem sucessivamente

3 7a AY pe \ o. .
beat’
apple
<1t+ — ie O<a'(as" —l)< 3a.
(

Logo
hl ; mo) ) ri | re
—< Vse0<ar(an-l<3J-as0<ae -arn <3 a.
n
Assim. as potencias
lon qrinl...
);
Al
a= 1.4 a

sao extremos de intervalos consecutivos. todos de comprimento menor do que Oo Commprnnento


3 = a do intervalo fa. 3’. Como [a.3) Cc pl.a“) . pelo menos wn desses extremos. digainos ae.
\

esta contido no intervalo [a. 3).

8.3. A Funcao Exponencial

Seja a um ntmero real positivo, que suporemos sempre diferente de 1. A funcao exponencial
de base a, f : R — R‘, indicada pela notacao f(r) = a*, deve ser definida de modo a ter as
seguintes propriedades, para quaisquer r.y € R:
1) a™-a¥ = att,

2)a =a:

153 a
| Sea aRa “a EUNCOES EXPONENCIAIS E LOGAR{TMICAS

3) r<y=>a™
<a quandoa>le
r<y=>a¥ <a’ quando 0<a< 1.

E interessante observar que se uma funcao f : R > R tem a propriedade 1) acima. isto é.
firt+ty) = f(r)- fly). entao f nao pode assumir o valor 0, a menos que seja identicamente nula.
Com efeito. se existir algum :rg € R tal que f(2zo) = 0 entao. para todo x € R teremos

f(x) = f(ro + (7 — r0)) = f(t): fle — ro) = 0+ f(x — 19) = 0.

logo f sera identicamente nula.


Mais ainda: se f : R - R tem a propricdade 1) e nao é identicamente nula entao f(r) > 0
para todo x ER. pois

nor=1(5+2) =1(8) 18) = UI >


Assim. diante das propriedades 1) e 2). tanto faz dizer que o contra- minio de f é R como
dizer que é R* . A vantagem de tomar R* como contra-dominio é que se tera f sobrejetiva.
como veremos.
Se uma funcao f : R > R* tem as propriedades 1) ¢ 2) entao. para todo n € N tem-se

fin) = fl 4+14---4+1)=f(1)- fC)... fC) =a-a-..-a=a",

Usando a propriedade 1). resulta dai. como mostramos na secao anterior. que. para todo
ntimero racional r = m/n, com n € N. deve-se ter f(r) =a" = Va".
Portanto f(r) =a" éa tnnica fungao f : Q > R* tal que f(r +s) = f(r)- f(s) para quaisquer
rs € Qe f(lj=a.
A propricdade 3) diz que a funcao exponencial deve ser crescente quando a > 1 e decrescente
quando 0 <a <1.
Dai resultaré, como veremos agora, que existe uma tinica maneira de definir o valor f(r) =
a’ quando « é irracional. Para fixar as ideias. suporemos a > 1. Entao a*™ tem a seguinte
propriedade:

r<r<s.comrs€Q > aKa <a’.

Nao podem existir dois nimceros reais diferentes. digamos A < B. para assumir o valor a’.
com a propriedade acima. Se existissem tais A ec B teriamos

r<eor<srsEQ SB adKeAc Bead

a A 154
“CAPITULO 8

e entao o intervalo [A. B] nao conteria nenhuma poténcia de a coin expoente racional. contrari-
ando o Lema da secao anterior.
Portanto. quando x é irracional. at é o (finico) nimero real cujas aproximacoes por falta sao
as poténcias a”. com r racional menor do que 7 e cujas aproximacoes por excesso sao as poténcias
a>. com s racional maior do que z.
Ou seja. se uma _ funcao ff R —-> R (ou. o que dda no mesmo.
f : R — R*) possui as propriedades 1). 2) e 3) acima estipuladas para ser uma funcao ex-
ponencial. entao o valor f(r) com x irracional é dado por f(.c) = lim f(r,,). onde (r,) é uma
sequéncia (crescente ou decrescente) de niimeros racionais tais que limr,, =r.
Na pratica. escrevendo f(x) = a” (onde a = f(1)). tomamos a expressao decimal x =
Qy.d,dy...a,... @ temos a” = lima’. onde r, = dg. a, ay... Ay.
Definindo a* para todo x € R. nao ha maiores dificuldades para verificar que. de fato. sao
validas as propriedades 1). 2) e 3) acima enunciadas. Além disso. tem-se ainda

4) A funcao f: R- Rt , definida por f(x) = a*, é ilimitada superiormente.

Com efeito. todo intervalo em R* contéin valores f(r) = a” segundo o Lema da secao anterior.
r

Mais precisamente: se a > 1 entao a® cresce sem limites quando x > 0 € muito grande. E se
0<a<1 entao a’ torna-se arbitrariamente grande quando x < 0 tem valor absoluto grande.

5) A funcao exponencial é€ continua.

Isto significa que, dado zg € R. ¢ possivel tornar a diferenga ja — a“ LU | tao pequena quanto se
deseje. desde que x seja tomado suficientemente proximo de zy . Dito de outro modo: o limite
de a® quando xv tende a Xp é igual a a7’. Em simbolos: lim,_,,, a" = a™.
Esta é novamente uma consequéencia das propriedades basicas 1). 2) e 3) da fungao expo-
nencial. Para provaé-la. mostremos primeiro que é possivel tornar a” tao préximo de 1 quanto
desejamos, desde que |h| seja escolhido suficientemente pequeno.
Para fixar as idelas. suponhamos a > 1 eh > 0. Dado arbitrariamente € > 0. queremos
mostrar que. tomando h pequeno. teremos a” < 1+. Ora. pela desigualdade de Bernoulli.
temos (1+ e)”" > 1+ne. Portanto. se tomarmos n € N tal que n > (a—1)/e. teremos ne > a—1.
logo a < 1+ ne e dai (por Bernoulli) a < (1+ €)” ¢ finalmente al" < 1+.¢. Em suma: dado
« > 0. existe n € N tal que al/” < 1+. Mais precisamente: 1 < a!" < 1+¢e. Se tomarmos /)
tal que 0 <h < 1/n. teremos 1 < a" < a!" <1+.e. Assim faremos a” tao proximo de 1 quanto
desejemos.

155 AD
Gr Fen.
siso

Escrevemos lim, ya" = 1 (1 é © limite de a” quando fr tende a zero).


Agora. fixado wea € R. pomos |) = wv — rg e temos at -- ate = rer gta a gtigh 7),
Quando wv se aproxima de wg. tende a 0. a” tende a lea” - 1 tende a zero. Como al é fixo
(nao depende de A). temos lim, —.,,,(@" — a") = 0. ou seja lim,..,,,a7 = a™. o que caracteriza a
continuidade da funcgao exponencial.

6) A fungdo exponencial f :R — Rt, f(z) =a",a FZ 1, € sobrejetiva.

Esta ahrmacao quer dizer que para todo ntimero real b > 0 existe algum ow € K tal que
a’ to
= bh. (Todo utero
"T 7 ‘
real positivo 6 uma potencia de a.)
. atari ¢ - ; 5
Para prova-la.
. yay ne)
usamos _. o Lema
.
da
secao anterior e escolhemos. para cada n € N. uma poténcia a’ . com rr, € Q. no intervalo
(h - .h + , j. de modo que 1b — at) < L/n portanto lim,..,,aq" = >. Para fixar as ideias.
supomos a > 1. Escolhemos as potencias a’ ry,

sucessivamente. tais que

Gi co gdetcee cae cere ch,

Certamente. podemos fixar s € @ tal que b < at Entao a monotonicidade da fungao a’ nos
ASSCOUTA Que ry << rg or Oy) Sr SS.
Assim. (r,) @ wna sequencia crescente. limitada superiormente por os. A completeza de
IKK garante entao que os 7, sao valores aproximados por falta de um niimero real .r. on seja.
lim, 7,0?) = 0. A fumgao exponencial sendo continua, temos entao a” = lim,—.,,a’" = 6 como
queriamos demoustrar.
Vemos. pois. que para todo niimero real positivo a. diferente de 1. a funcao exponencial
f:K-—->R-. dada por f(r) = a". @ uma correspondencia biunfvoca entre R ¢ R™ . erescente se
a > 1. decrescente se 0 <a < 1. coma propriedade adicional de transformar somas em produtos.
Isto 6 flr ty) = flr) Fly).
(A injetividade da fungao w+ a” decorre da sua monotonicidade. Se a > 1. por exemplo.
Chitao
royxpa >a ercysaa <a’.

portanto v4 y >a’ #a’.)


Tem-se ainda

lan a’ =4+x0 se a>.


rowtxw

lim a’ =O se O<a<l.
Lat x,

lim a’=0 se ar>l e


ra- =x

lun a’ =+x se O<a<l.


Pook

as A. 156
“AGAPITULO 8 |

O<a<l

N
Figura &.]

A Figura &.1 exibe o grafico de f(.17) = a" nos casos a > Le Oca
JA
< 1
Quando a > 1. nota-se que. quando wv varia da esquerda para a direita. a curva exponencial
y =a" apresenta um crescimento bastante lento enquando wr ¢ negativo. A medida que wr cresce.
o crescimento de y se torna cada vez mais acelerado. Isto se reflete na inclinacao da tangente ao
grafico: para valores positivos muito grandes de ur. a tangente ¢ quase vertical. O crescimento
exponencial supera o de qualquer polindmio. Se compararmos o grafico de y = 2" (por exemplo)
com o de y =.r!” 10 . veremos que. para 0 <r < 1.077 temos w!? < 2°. Para 1.077 < 0 < 58.77
tem-se .r!? > 2” e. para todo .r > 58.77 tem-se sempre 2 > .r'? .

Figura &.2
8.4 Caracterizacao da Funcao Exponencial
As funcoes exponenciais sao, juntamente com as funcoes afins ec as quadraticas. os modelos
Inatematicos mais utilizados para resolver problemas clementares. As funcoes afins ocorrem
em praticamente todos os problemas durante os oito primeiros anos da escola e. com menos
exclusividade. porém ainda com grande destaque, nos trés anos finais. Por sua vez. as fungoes
quadraticas e exponenciais aparecem nesses trés tltimos anos. embora tenham. principalmente
as Ultimas. importancia consideravel na universidade. bem como nas aplicagoes de Matematica
em atividades cientificas ou profissionais.
Cina vez decidido que o modclo adequado para um determinado problema ¢ uma _ funcgao
afim. quadratica ou exponencial. a partir daf o trataincnto matematico da questao nao oferece
malores dificuldades. As dtividas que possam surgir acontecem geralmente. antes. na escolla do
INstrumento matematico apropriado para o problema que se estuda. Para que essa escolha possa
ser felta corretamente. ¢ preciso saber quais sao as propriedades caracteristicas de cada tipo de
funcao. No Capitulos 5. vimos propriedades que caracterizam as funcoes afins. Vamos agora
fazer 0 Mesmo com as fungoes exponenciais.

TEOREMA 8.3. CARACTERIZACAO DA FUNCAO EXPONENCIAL.


Seja f : R — R* uma funcaéo monotona injetiva (isto é. crescente ou decrescente). As
seguintes afirmacodes sao equivalentes:
(1) f(nx) = f(z)" para todo n € Ze todo z € R:
(2) f(z) = a™ para todo x € R . onde a = f(1);
(3) f(~t+y) = f(x)- f(y) para quaisquer x.y € R.

DEMONSTRAGCAO.
Provaremos as implicagdes (1) => (2) => (3) => (1). A fim de mostrar que (1) => (2) observamos
inicialinente que a hipdtese (1) acarreta que. para todo nimero racional r = m/n. (com m € Z
en EN) tem-se f(ra) = f(r)”. Com efeito, como nr = m. podemos escrever

f(rx)" = f(nrx) = f(mr) = f(r)”.

logo f(rr) = flay" = f(x)


Assim. se pusermos f(1) = a. teremos f(r) = f(7-1) = f(1)” =a" paratodor € Q. Para com-
pletar a demonstragao de que (1) => (2) suponhamos. a fim de fixar as ideias. que f seja crescente.
logo l = f(0) <
f(1) = a. Admitamos. por absurdo. que exista um wv € R tal que f(a) 4 a". Digamos. por
exemplo. que seja f(r) <a’. (O caso f(r) > a” seria tratado analogamente.) Entao. pelo Lema

as 158
da Secao 2. existe um numero racional r tal que f(r) <a’ <a”. ou seja. flr) < f(r) < at
r

Como f é crescente. tendo f(r) < f(r) conclufmos que x2 <r. Por outro lado. temos também
a’ <a’, logo r <r. Esta contradigao completa a prova de que (1) = (2). As implicacoes
restantes. (2) > (3) ¢ (3) = (1) sao ébvias.

OBSERVACAO.
O Teorema de Caracterizagao pode ser enunciado de um modo ligeiramente diferente. subs-
tituindo a hipdtese de monotonicidade pela suposicgao de que f seja continua. A demonstracao
do passo (1) = (2) muda apenas no caso r irracional. Entao tem-se 2 = lim rn. Tn € Q, logo,
pela continuidade de f, deve ser —

f(r) = lim f(r,) = lim a™ = a".


nNaoxX nox

Dizemos que wna funcao g: R > R é de tipo exponencial quando se tem g(.v) = ba” para
todo 1. € R. onde a e b sao constantes positivas. Se a > 1. g é crescente ¢ se 0 <a < lg é
decrescente.
Sse a funcao g : K > R é de tipo exponencial entao. para quaisquer ur. fh € IR. os quocientes

g(r +h) — g(r) h giv +h) ch


=a —l e ——e=a
gtr) g(r)
dependem apenas de fi. mas nao de wr. Mostraremos agora que vale a reciproca.

TEOREMA 8.4. PRIMEIRA CARACTERIZACAO DAS FUNGOES DE TIPO EXPONENCIAL.


Seja g : R — R* uma funcéo mondotona injetiva (isto é. crescente ou decrescente) tal que,
para x.h € R quaisquer. o acréscimo relativo [g(7 + h) — g(x)]/g(ax) dependa apenas de h, mas
nao de x. Entao. se b = g(0) e a = g(1)/g(0). tem-se g(r) = ba™ para todo 7 € R

a
DEMONSTRACAO.
Como vimos acima. a hipdtese feita equivale a supor que y(h) = g(r + h)/g(.r) independe de
v. Substituindo. se necessario. g(.r) por f(r) = g(r)/b. onde b = g(0). obtemos f : R > Rt
monotona injetiva. com f(.c+h)/ f(r) independente de xc. agora. com f(0) = 1. Entao. pondo
v= (Qnarelacao y(h) = fir+h)/f(r). obtemos (bh) = f(r) para todo h € R. Vemos assim que
a funcao mondétona injetiva f cumpre f(r +h) = f(xr)- f(h). ou seja fla +y) = fr): fly) para
quaisquer wey € R. Segue-se entao do teorema anterior que f(.7) = a". logo g(r) = bf (x) = ba".
como querfamos demonstrar.

159 AE
BS SAO
BNE Ot Be OE Oe eh
Cee eee ERE ER. Oe, bol

Outra caraterizacao das funcoes de tipo exponencial. que veremos no teorema abaixo. pode
mostrar-se bastante util. Para isto. é necessério. em cada utilizagao concreta. saber interpretar
a condigao 2) do enunciado. Essa condigao que parece elaborada a primeira vista. tem um
significado bastante intuitivo. como mostraremos.

TEOREMA 8.5. SEGUNDA CARATERIZACAO DE b-a!


Para cada b e cada t reais, suponhamos dado um nimero f(b.t) > 0 com as seguintes propri-
edades:
1) f(b. t) depende inearmente de b e € monétona injetiva em relacao at:
2) f(b.s +t) = f(f(b.s).t).
Entao, pondo a = f(1.1), tem-se f(b. t) = b- a’.

a
DEMONSTRAGCAO.
A funcao y : R > R*. dada por y(t) = f(1.t). @ monétona injetiva e cumpre

y(s+t)=f(.s+t) = f(f(l.s).t) = f(l.s)- f(t) = y(s)- 2()

em virtude de 1) ¢ 2) pois f(1.s) = f(l.s)- 1.


Pelo Teorema de Caraterizacao das funcocs exponenciais. tem-se
v(t) =a‘. onde a = y(1) = f(1.1). Portanto

f(b.t) = f(b- 1.t) =6b- f(.t) =b- 9(t) =b-a

A condicao 2) do Teorema acima tem seu significado esclarecido quando se nota que b =
b-a = f(b.0). ou seja. que b é 0 valor inicial da grandeza f(b.t) no instante t = 0 (pensando em
t como o tempo decorrido desde que a grandeza passou do valor b = f(b.0) para o valor f(b.t)).
Entao 2) diz que, comecar com o valor 6 e deixar passar o tempo s +t 6 0 mesmo que comegar
com o valor f(b.s) e¢ deixar transcorrer o tempo t.

OBSERVACAO.
Em situacgoes concretas, como as dos exemplos que examinaremos no final deste Capitulo, a
segunda caractcrizagao das funcoes de tipo exponencial é bem mais natural e mais facil de ser
enipregada.

ae &. 160
FUNRCOES EXPONENCIAIG:E PROGRESSOES 3:

8.5 Funcoes Exponenciais e Progressoes


Seja ff: RO R,. f(r) = ba". uma funcao de tipo exponencial. Se wy. .ag...... ry... @ uma
progressao aritmética de razao h. isto 6. vy,4, = 2%, +h. entao os valores

f(r.) = ba". f(.rg) = bat... f(u,) = bat...

formam uma progressao geométrica de razao a” pois

fltya1) = bate! = bate" = (baT™") a" = flr,) a".

Como o (nm + 1)-ésimo termo da progressao aritmética dada 6@ 1,2, = «7, + nh. segzue-se que
f(t,+1) = f(r,)-4A”. onde A =a". Em particular. se.r) = 0 entao f(.r)) = b logo f(r,4,) = b A".
Esta simples observagao é usada na pratica para “discretizar” a andalise das situacoes. como
aquclas da Secao 1. em que se tem crescimento ou decrescimento exponencial.
Por exemplo. se un capital inicial cy ¢ aplicado a juros fixos entao. depois de decorrido um
tempo t. o capital existente é dado por c(t) = cj: a’. Se tirarmos extratos da conta nos tempos
O.h.2h.3h.... teremos c(0) = eo. c(h) = co. e(2h) = cy AX. (3h) = cy AX... onde A =a" .
Portanto. a evolucao do saldo. quando calculado em intervalos iguais de / unidades cde tempo, é
dada pela progressao geomeétrica:

CO. ? A. CO °
42...CO°
AY.
48
A,

(Vide “Progressoes e Matematica Financeira’. Colecao do Professor de Matematica. SBM.)


Esta propriedade é caractcristica das fungoes de tipo exponencial. conforme o

TEOREMA 8.6.
Seja f : R — R uma funcao monotona injetiva (isto é. crescente ou decrescente) que trans-
forma toda progressao aritmética 71, 22.....2%p.... numa progressao geometrica yi. Yar... Ynee ee:
Yn = f(tn). Se pusermos b = f(0) ea = f(1)/f(0) teremos f(x) = ba” para todo x € R.

DEMONSTRAGAO.
Seja b= f(0). A funcao g: R - R~. definida por g(r) = f(1)/b. 6 monotona injetiva. continua
transformando progressoes aritméticas cm progressoes geométricas € agora tem-se g(0) = 1. Dado
vr € R qualquer. a sequéncia w.0.—.1r é€ uma progressao aritmética. logo g(.r).1.g(—1) @ uma
progressao geométrica de razao g(—.r). Segue-se g(—r) = 1/g(.). Sejam agorane Ner eR.
A sequéncia 0..r.2.r.....70r @ uma progressao aritmética. logo 1. g(r). g(2r)..... g(x) @ uma
progressao geométrica. Cuja razao evidentemente é g(r). Entao seu (2 +1)-ésimo termo é g(r) =

161 Alfa
BZ
ES: EXPONENCIAIS:
E. LOGARITMICAS

gir)".Nn
Se —n @ un intciro negativo entao g(—nr) = 1/g(mr) = 1/g(.r)" = g(v)~". ql
Portanto.
vale gir) = gir)" para quaisquer n € Z ew € R. Segue-se do Teorema de Caracterizagao acima
que. pondo a = g(1) = f(1)/f(0). tem-se g(r) = at. ou seja. f(a) = ba’. para todo wv € R.

8.6 Funcao Inversa


Diz-se que a funcao g: Y 4 X ¢a inversa da funcao f : X — Y quando se tem g(f(r)) = 0
© f(g(y)) = y para quaisquer rr € X ey € Y. Evidentemente. g é inversa de f sc. e somente se.
f @ inversa de g.
Quando g é a inversa de f. tem-se g(y) = .r se. ec somente se. f(r) = y .
Se g( f(r)) =x para todo x € X entao a fungao f é injetiva. pois

flay) = flrt2) > g(f(a1)) = g( f(v2)) > 71 = v2.

Por sua vez. a igualdade f(g(y)) = y. valendo para todo y € ¥. implica que f é¢ sobrejetiva
pois. dado y € Y arbitrario. tomamos r = g(y) € X e temos f(:r) = y.
Portanto. se a funcao f : X — Y possui inversa entao f é injetiva e sobrejetiva. ou seja. é
uma correspondéncia biunivoca entre X e Y.
Reciprocamente. se f :.Y — Y é uma correspondeéncia biunivoca entre XY e Y entao f possi
uma inversa g : Y — X. Para definir g. notamos que. sendo f sobrejetiva. para todo y € Y
existe algzum 2 € X tal que f(r) = y. Alem disso. como f é injetiva. este x2 é tnico. Pomos
entao g(y) = x. Assim. g : ¥Y — X 6a funcao que associa a cada y € Y o tinico x € X tal que
f(v) = y. E imediato que g(f(x)) = 2 e f(g(y)) =y parar € X ey € Y quaisquer.
EXEMPLO 8.7.
Lembremos que [0,+00) = {x € R:x 2 O}. Sejam f : R > [0.+00) eg: [0.+0%) —- R
definidas por f(z) = x* e g(y) = //y. Tem-se f(g(y)) = y para todo y > 0 mas g(f(x)) 86
é igual a x quando x 2 0. Se x € R for negativo entao g(f(z)) = —x. Portanto g nao é
inversa de f. Na realidade, nenhuma fungao y : [0.-+00o) > R pode ser inversa de f porque f
nao é injetiva. Note, porém, que se considerarmos a restrigao de f a [0.+00). isto é, a funcgao
F : [0,+0c) — [0.+00), dada por F(x) = x?, entao F é uma correspondéncia biunfvoca, e sua
inversa é a funcao G : [0, +00) > [0,+0c), dada por G(y) = /y. pois

G(F(x)) = G(a?) = Vx? = 2

F(G(y)) = F(Vu) = (Vay? = y


para quaisquer r 2O0c y 2 0.

as A 162
Be On Ly
-, " Mes a R aie
eee
a ew Onn ay are Sy Pre oe :
re
ee ne ea - Si% a Sn
eee ee
> ay r ae "

Mais geralinente. para todo n € N. a funcao rh cr” é uma correspondencia biunivoca de


(0. +2.) sobre si mesino. cuja inversa é y+ 3/Y.
Se n é impar. entao rh ox” é uma correspondéncia biunivoca de R sobre si mesmo. cuja
inversa G: R > R é dada por G(y) = xy.
Quando gy: ¥ + X éa funcao inversa de f : ¥ > ¥. escreve-se g = f7!.
Prova-se que wna funcao continua f : J > R. definida num intervalo 7 C R. s6 pode ser
injetiva se for monétona (crescente ou decrescente).

Ya y=f(x) Yh
y=g(x)

f(x, = £(X2)=#(x3) | 77 Re
/ /
——_—_——_—_9@—__9—____6____9_» —>
XX 0% OX X

f é nado injetiva g é injetiva (monotona)

Figura 8.3

Portanto. a fim de que uma funcao continua f: J 3 J (J. J intervalos) possua uma inversa.
¢ necessario que f seja crescente. ou decrescente. além de sobrejetiva.
A inversa de uma funcao crescente ¢ crescente ¢ a inversa de uma funcgao decreseente é
dlecrescente.
Antes de falar sobre o grafico da funcao inversa. revejamos a nogao de simetria em relacao a
uma reta.
Dois pontos P, Q no plano dizem-se simétricos em relacao a uma reta r nesse plano quando
r é a mediatriz do segmento PQ. Duas figuras dizeim-se simétricas em relacao a reta r quando
cada ponto de uma delas é o simétrico de um ponto da outra cm relacao a essa reta.
Chama-se diagonal do plano R? a reta A formada pelos pontos (7.27) que tém abcissa ec
ordenada iguais.
O simétrico do ponto P = (x.y) € R* em relacao a diagonal A ¢ 0 ponto Q = (y..r). Com
cfcito. o segmento PQ é¢ uma diagonal do quadrado cujos vértices sao (wey). (ver). (yo) e (yey).
ecnquanto A ¢ o prolongamento da outra diagonal.
Se V.Y sao conjuntos de nimeros reais ec f7! :¥ — NX é a inversa da funcao f : X¥ > Y
cntao o grafico G’ da funcao f7! é 0 simétrico do grafico G da funcao f em relacao a diagonal
ACR’.

163 Ae
BSG) a veils te eee Een ees eae ts $4 ee TP etna EW UE re EP AM gt Ort

A
Ys
P= Cr. y)
@-----5 | (y.y)

(meal .. e(y.r) =Q

QO
~ ‘Y ”‘A

Figura 8.4

Com cfeito. temos

Wye Gey=f(ixyperafliysetyxree
Se, numa folha de papel translicido. tragarmos o grafico de uma funcao f cutao. girando a
folha no espaco num Angulo de 180° em torno da diagonal A. obteremos o grafico de f7'.

OBSERVACAO.
Se f:X > Y ésobrejctivae g: Y — X é tal que g(f(z)) = 7 para todo x € X entao tem-se
necessariamente f(g(y)) = y para todo y € Y e g = f-* —1 éa inversa de x. Com efeito, dado
qualquer y € Y existe 2 € X tal que f(z) = y, logo

8.7 Funcoes Logaritmicas


Vimnos na Secao 8.3 que. para todo nimero real positivo a # 1. a funcao exponencial f : R 7
R*. f(r) = a*. é uma correspondéncia biunivoca entre R e R*. crescente se a > 1. decrescente
se << a < 1. com a propriedade adicional

Segue-se que f possul uma funcao inversa.


A inversa da funcao exponencial de base a é a funcao

log, : RX > R.

ae A 164
aves 3: oe ' Re ee TRStir ee Ee ae hee
Pe ee
we Pt Pet ea.) By, cue an Nw an RRR Ea och

que associa a cada nimero real positivo x o namero real log, .r. chamado o logaritmo de xr na
base a. Por definicao de fungao inversa. tem-se

a%e* — x e@ log (a) =r.

Assim. log, 2 € 0 expoente ao qual se deve elevar a base a para obter 0 ntimero ur. Ou seja.

y=log,w ea’ =v.

Segue-se imediatamente da relagao a". a® = a"*" ute que

log, (wy) = log, + + log, y


para re y positivos quaisquer. Com efeito. se u = log, we = log, y entao a“ = rca’ = y. logo

ry = qu . a’ _ gure.

ou seja
log, (ry) =utev = log, vt log, y.

Esta propricdade de transforinar produtos em somas foi a motivacao original para a introducao
dos logaritmos. no inicio do século 17, e de sua popularidade. até bem recentemente. como um
eficiente instrumento de calculo.
O uso generalizado das calculadoras. cada vez mais desenvolvidas, fez com que essa utilidade
inicial dos logaritmos perdesse o sentido. Entretanto. a funcao logaritmo continua extremamente
importante na Matematica e em suas aplicacoes.
Essa importancia é permanente: jamais desaparecera porque. sendo a inversa da funcgao
exponencial (portanto equivalente a ela). a funcao logaritmo esta ligada a um grande nimero de
fendmenos ¢ situacoes naturais. onde se tem uma grandeza cuja taxa de variacao é proporcional a
quantidade da mesma existente no instante dado. (Vide RPM 18. pag. 24 ¢ 0 livro “Logaritmos’,
ja citado.)
A funcao log, : R* > R é crescente quando a > 1 e decrescente quando 0 < a < 1. Como
a® = 1. tem-se log,1 = 0. E importante ressaltar que somente niimeros positivos possuem
logaritmo real. pois a funcao r+ a” somente assume valores positivos. (Para uma discussao
sobre logaritmos de numeros negativos, ver “Meu Professor de Matematica’. pagina 180.)
As funcoes logaritmicas mais utilizadas sao aquelas de base a > 1. especialinente as de base
10 (logaritmos dectmais). base 2 (logaritmos bindrios) e base « (logaritmos naturais. as vezes
lnpropriamente chamados neperianos). Estes tiltimos sao os mais adequados cientificamente e
voltaremos a cles logo mais.

165 ie
Como log, .7 é uma fungao crescente de .r quando a > 1. e como log, | = 0. segue-se que.
para a > 1. os ntimeros compreendidos entre 0 e 1 tém logaritino negativo ¢ os maiores do que |
tem logaritmo positivo. Ao contrario. se 0 <a < 1 entao log, . 6 positivo quando 0 <r < 1 e
negativo quando vw > 1. A figura mostra os graéficos das fungoes f(r) = logs.r oe gir) = logy...
(Ver exercicio 8.10.)
yo +

0)

Figura &.5

Se tivéssemos tragado os graficos das fungoes y = log, we y = log,xv. coma > leQ<
b < 1 quaisquer. as figuras obtidas teriam os mesimos aspectos daquelas na Figura 8.5. Mais
precisamente. existiriam Constantes positivas c. d tails que log, .« = c- logy wx e log, = d- log). a
para todo vr > 0.
Com efeito se vu = log, .1 ev = log xr entao a" = «6 e 2° =r. Portanto. se escrevermos
¢ = log, 2 teremos a® = 2. logo
e=a =2=(a)y =a
portanto u = cv. isto 6. log, vr = c- logy x para todo x > 0. onde a constante c é igual a log, 2. A
ivualdade
log, « = log, b- log,.r
é valida em geral (mesino raciocinio) e se chaina a formula de mudanca de base para logaritmos.
Quando a e b sao ambos maiores ou ambos menores do que 1 entao log, b > 0. Se um dos ntimeros
a.b @ maior e o outro é menor do que 1 entao log, b < 0. A férmula acima diz que duas funcoes
logaritinicas quaisquer diferem por um fator constante.
Como log, : Rt > R ¢ uma correspondéncia biunivoca. portanto sobrejetiva. segue-se que
y = log, + é uma fungao ilimitada. tanto superiormente quanto inferiormente. Mais precisamente.
como se trata de funcao monotona. tem-se. para a > 1:

lim log, «= +2
Loe Me

a “. 166
2 OF 5 ta)
) OFS eRe ie aaa Bor
cu uee eee

limlog, «= —-x.
r—0

A primeira destas igualdades significa que se pode dar a log, .. um valor tao grande quanto
se queira. desde que 2 seja tomado suficientemente grande. A segunda quer dizer que. dado
arbitrariamente A > 0. tem-se log, . < —A desde que ur seja um ntunero positivo suficientemente
pequeno.
Ao contrario da funcao exponencial. que cresce rapidamente. log, tende a +x muito len-
tamente quando x — +90. Com efeito. dado um mimero AJ > 0. tem-se log, 7 > A ear >a,
Assim. por excmplo. se quisermos que log,,.7 seja maior do que mil. sera preciso tomar win nt
mero. cuja expressao deciinal teuha pelo menos mil e um algarismos. (Vide Observacao ao final
da Secao 8.9.)
Esse crescimento lento do logaritino. que contrasta com o crescimento rapido da exponencial.
¢ bem ilustrado pelos graficos das fungoes y = a" e y = log, .v. que. como sabemos. sao sim¢tricos
~ . . P
em relacao a diagonal de R°.

yoa'

Y4 A

log, v
Y —

7”

Figura 8.6

8.8 Caracterizacgao das Funcoes Logaritmicas


Provaremos a seguir que. entre as funcoes mondtonas injetivas R* > R. somente as fungoes
logaritmicas tém a propriedade de transformar produtos em somas. Antes lembremos que se
f : Rt 3 Rétal que f(a") = x para todo « € R entao f(y) = log, y para todo y € R*. de

167 Ae
- CAPITULO'8°

acordo com a Observacao no final da Secao 8.6, pois .r +> a* é uma fungao sobrejctiva de R em
It. (Estamos supondo a > 0 diferente de 1.)

TEOREMA 8.8. CARACTERIZACAO DAS FUNGOES LOGARITMICAS.


Seja f : Rt > R uma funcao monotona injetiva (isto é, crescente ou decrescente) tal que
f(xy) = f(x) + f(y) para quaisquer z,y € R*. Entao existe a > 0 tal que f(r) = log, x para
todo x € R*.

a
DEMONSTRAGCAO.
Para fixar as ideias. admitamos f crescente. O outro caso é tratado igualmente. Temos f(1) =
f(l-1) = f(1) + f(1). logo f(1) = 0. Provemos o teorema inicialmente supondo que exista
a € Rtal que f(a) = 1. Depois mostraremos que isto sempre acontece. logo nao ¢ uma hipotese
adicional. Como f é¢ crescente e f(a) = 1 >0= f(1). tem-se a > 1. Para todo m € N vale

f(a") = fla-a-...-a)

= f(a) + f(a) +---+ f(a)


=l4+14---+]l=m.

0= f(1) = fla" a) —m+ fla-™).


= f(a) 4 f(a-™)

= —m. Ser =m/ncomm €ZeneN entao rn = m. portanto


logo f(a7™)

m= fla") = fla) = fl(a’)") =n fla’)


e dai f(a") = 7 =r. Se x € R € irracional entao. para r,s racionais tem-se:

reer<csaa’ <a’ <a> fla’) < fla’) < f(a) sr < fla’) <s.

Assim todo nimero racional r. menor do que x. 6 também menor do que f(a") e todo nimero
racional s maior do que x é também maior do que f(a”). Segue-se que f(a") = . para todo
v €R. Portanto f(y) = log, y para todo y > 0.
Consideremos agora o caso geral, em que se tem uma funcao crescente g: R* — R. tal que

g(ry) = g(x) + gly).

sem mais nenhuma hipdtese. Entao g(1) = 0 e, como 1 < 2. devemos ter g(2) = 6 > 0. A nova
funcao f : R~ > R. definida por f(.r) = g(ax)/b. ¢ crescente. transforma somas em produtos e

@ & 168
ba e560
Owe 0.000 9, ee rr CAPITULO 8

cumpre f(2) = 1. Logo. pela primeira parte da demonstragao. tem-se f(.7) = logs. para todo
v > (0. Isto significa que. para todo x > 0. vale

r= aftr) — galryib _— (DriPyatr) 4 g(e |

com a = 2)". Tomando log, de ambos os membros da igualdade a¥"! = 2x vem. finalmente:
g(u) = log, x.

8.9 Logaritmos Naturais


Nesta secao. mostraremos como os logaritmos naturais podem ser apresentados de forma
gcomeétrica. usando para isso o Teorema de Caracterizacao demonstrado na secao anterior.
Comecamos pelo estudo de uma transformacao geométrica bastante simples. que se revela
util para os nossos propositos.
Para cada niimero real k > 0. definimos a transformacao (= funcao) T = T), : R? > R? . que
associa a cada ponto (2.y) € R? o ponto T(r. y) = (kw. y/k). obtido de (vx. y) multiplicando a
abcissa por & e dividindo a ordenada pelo mesmo k.
Um retangulo X de lados paralelos aos cixos. com base medindo b e altura medindo a. é
transformado por J num retangulo XV’ = TX). ainda com lados paralelos aos eixos. porém
com base kb ¢ altura a/k. Portanto X c seu transformado X" = T(.X) tém areas iguais. Mais
gcralmente. 7 transforma toda figura F do plano numa figura FY = T(F’). cujas dimensoes em
relacao a F sao alteradas pelo fator k na horizontal e 1/k na vertical. Logo F ¢ F’ tém a mesma
area.
O leitor interessado numa analise mais detida do fato de que F' e F’ tém a mesina area obser-
varA que todo poligono retangular contido em F é transformado por T num poligono retangular
(poligono cujos lados sao paralelos aos eixos) de mesma Area contido em F’ enquanto T~! faz o
mesmo com os poligonos retangulares contidos em F’. [Vide “Medida e Forma em Geometria’,
especialmente as pags. 22 e 49.] Em seguida. lembraraé que a area de uma figura plana é o nimcro
real cujas aproximacoes por falta sao as areas dos poligonos retangulares nela contidos.
Tnteressa-nos em particular o efeito da transformacao T nas faixas de hipérbole.
Seja
H = {(x.1/a): x > 0}

oO ramo positivo da hipérbole equilatera ry = 1: ‘H é 0 grafico da funcao h : R™ > R. Ar) = 1/e.


Dados a.b € R*. 0 conjunto H? dos pontos (x.y) do plano tais que x esta entre ae De
0< y < 1/97 chama-se uma faira de hipérbole. H® @ 0 conjunto do plano limitado lateralmente

169 ks
NE CD
Fieura 8.7: Um quadrado, um circulo ¢ suas imagens por T(r. y) = (27. y/2). Qe C’ tem areas
iguals as de Q c C' respectivamente.

pelas verticais 2 = a... = b. ao sul pelo cixo das abcissas e ao norte pela hipérbole H. Veja a
Figura 8.8.

xf
() a b X

Figura 8.8: A faixa H?. A transformacao T = T, : R? > R? leva a faixa H? na faixa H ae


e Oo ev oe ; / ~ ‘ i ) . ; _¢« .

Como T preserva areas, segue-se que. para todo k > 0. as faixas H® e HP® tém a mesma area.
Normalmente. a area de uma figura nao é um numero negativo. Mas as vezes € conveniente
usar “Areas orientadas”. ou seja. providas de sinal — ou —. E 0 que faremos agora.
C‘onvencionaremos que a area da faixa de hipérbole sera positiva quando a < 6. negativa
quando 6 < a ¢ zero quando a = 6.
Para deixar mais clara esta convencao. escreveremos |

AREA H?.

170
<<
W
»
Ree ce Oc Gko) tt a eee: en eee Se ee as vie = Gy uuu ren:

Figura 8.9: As faixas H? e HY tém a mesma area.

com letras mailtisculas. para indicar a area orientada (provida de sinal). A area usual. com valores
> 0. sera escrita como arca H®. Assim. temos

AREA H? arca H? Osea <b:


AREA H?— —area H? Ose bd <a:
AREA H¢=0.

E ébvio que. quando a < b < ¢. tem-se

Area H? = area Hf — area H‘°.

Uma consequéncia da adocao de areas oricntadas € que se tem

AREA H? ~ —AREA 4H.

Dai segue que vale a igualdade

AREA H? - AREA Hy = AREA H¢

em qualquer dos scis casosa Cb <aaccKcbhb<cacebeccaccacgchecchbea


A igualdade anterior é facil de provar. Basta ter a paciencia de considerar separadamente
cada uma destas seis possibilidades.
Definamos wna funcao f : R* > R pondo. para cada numero real wr > 0.

f(r) = AREA H?

171 A
a
a
- CAPITULO 8 bts +. 2° FUNCOES EXPONENCIAIS E LOGARITMICAS

y t

AREAH* =AREAH’+AREALX

() c a b Xx

Figura 8.10

*t

f(x) =areaH;
\ f(a’) = —aéreaHt

0 r

Figura 8.11: f(.r)=-Area da regiao mais escura. f(.r’)--—Aérea da regiao mais clara

Resultam imediatamente ca definigao as seguintes propriedades:

f(r) >0 & wl:


f(ir)<0 S$ OK<aK<tl:

f(1) = 0:
f ¢ crescente.

Além disso. observamos que. para x.y € R* quaisquer:

f(wy) AREA H;* = AREA H7 - AREA H?¥.

Mas. como vimos acima. AREA H*¥ ~ AREA H¥. Logo f(ry) = AREA H?7 AREA H7¥ . ou
Se]a:
fry) = flr) + fly).

ae & 172
ae Li... FUNCOBS EXPONENCIAIS E-LOGARITFMICAS

Figura 8.13

altura igual a 1. Comparando as areas dessas trés figuras. podeinos escrever. para todo wr > 0:

<In(1+.r) <r.
4

+o

Dividindo por vr:


I In (1 +.r)
< A 1
l+w I
Tomando wr = 4
] nN

< In (1 + - | < |.
n rn

oh <(isl)' <r
Portanto:
on 1\r

N
para todo n € N. Quando n cresce indefinidamente. — 5 se aproxima de 1. logo e*") tende a e.
Seeue-se entao destas ultimas desigualdades que
ly
lim (1 + ~ = €,
nox N

Este argumento ilustra bem claramente a vantagem que advém de se interpretar o logaritmo
natural gcometricamente: a nocao de area é visualmente intuitiva. permitindo que sc obtenham
desigualdades como as que foram usadas aqui.
A igualdade e = lim (1 + i) foi obtida a partir da desigualdade
nam

] In (1 +r; a
l+oer r

valida para todo . > 0. Se considerarmos —1 < 4 < 0. teremos —r > 0c¢ 1+ .7 > 0. Portanto
é valido ainda falar de In(1 + 2). Observamos que 0 retangulo cuja base mede —. e cuja altura

as ». 174
LOGARITMOS NATURA: ae ae ae eae >CAPITULO 8

mede 1 esta contido na faixa Hj, ¢ esta. por sua vez. esta contida no retangulo de mesma base
e altura 1/(1 + 2x). Comparando as areas clestas figuras. vein
r
—-r<—In(l+.7)<-
l+oe
Dividindo os 3 membros pelo nimero positivo —r obtemos

po Be.
In(l+exr
v l+eur
1
(8.2)
|

As desigualdades (8.1) ¢ (8.2) nos dao

l 1
<In(l+ar)" <1 ou 1l<In(lt+.e)* < .
l+u4 ( ( | lta

ou seja
el < (l+ar)* <e ou ¢€<(1 +r): < eT,

conforme seja .« > 0 ou —1 < xr <0. Em qualquer hipdétese. dai se segue que

lim(1 +a)" =e
ra
(8.3)

Isto significa que é possivel tornar o valor da expressao (1 + ri tao proximo de ¢ quanto se
cdleseje. desde que se torne o numero nao-nulo x suficientemente pequeno em valor absoluto. (O
proprio x pode ser > 0 ou < 0.)
A igualdade (8.3) se exprime dizendo que (1 + r)s tende a e quando .r tende a zero.
Tomando. por exemplo, 2 = *, vemos que 1 =“ c que rs > 0 se. e somente se n — oc. Logo
(***) nos da
lim (1 + | = lim (1 + =) | = lim (a + ry? = 6
nox n naxx nN ra)

Como caso particular da igualdade


| a\n
e = lim (4 + ~ ) ,
nox nN

valida para todo a € R. obtemos


l lyr
—- = hm (1 — | ,
e Nn>xX i

OBSERVACAO.
Podemos agora esclarecer a afirmacao feita ao final da Secao 7. de que log, 7 com a > 1 cresce
ilimitadamente com x. porém esse crescimento, embora infinito, é¢ bastante lento. Mostraremos
aqui que. para valores suficientemente grandes de x. o nimero log, x é uma fragao insignificante
. oe . log. oz ~ /
de x. Mais precisamente, veremos que 0 quociente =~ pode tornar-se tao pequeno quanto se
deseje. desde que x seja tomado suficientemente grande.

175 Ay
wD
- .JFUNCOES EXPONENCIAIS’E.LOGARITMICAS

Com efeito. a Figura 8.13. mostra que para todo x > 1. tem-se In(1+.r) <r. logo Ina < «r-1
¢. com maior
.
razao.
oot
nw <r. Segue-se
YO
que 2%
| Tv
vr
< 1. Por conseguinte,
:
Bf. = =4¥F
J
Qin yr
= 42
Vv
> Invyir
Ly Vil Vv al
)
——=—seur
viel
> l.
Ora. dado qualquer ntimero = > 0. por menor que seja. podemos fazer com que seja -& < <.
vit
bastando tomar . > +. Portanto. para todos os valores de .r maiores do que 4/¢?. teremos
nt < 2, Isto se exprime escrevendo lim (m=) = 0 e significando que. para valores suficiente-
, LOX
mente grandes de . o logaritmo natural Inz é uma fracao insignificante de «. Esta propriedade
que acabainos de provar para logaritmos naturais. ¢ valida para log, © scja qual for a base de
logaritmos a > 1.
De vf fato. log,
7 « = In.r-| log, e. Portanto, se desejarmos
- log, 2 < =. basta tomar
ter “22= | r > Jog,
32“. €

8.10 A Funcao Exponencial de Base e


O ntimero e. base dos logaritmos naturais, foi definido na secao anterior como o tnico nimero
real positivo tal que a area da faixa de hipérbole Hy ¢ igual a 1. Em seguida. mostramos que
esse ntimero é também o limite de (1 + 4)" quando n tende ao infinito. Nesta secao. daremos
excmplo de uma situacao da vida real que leva 4 consideracao do limite acima.
Por sua vez. a funcao cxponencial x +4 e*. de base e. pode ser definida por meio do limite
e* = lim, (1 + “)" ou entao, gecometricamente. pelo fato de que y = e* € 0 Unico nimero real
positivo tal que a drea da faixa de hipérbole H/ ¢é igual a x. Mostraremos que as funcées de tipo
exponencial. f(x) = be®™. com base e, surgem em questoes naturais e calcularemos a taxa de
variacao instantanea dessas funcoes.
Vejamos o exemplo anunciado. Um investidor aplica wm capital co a uma taxa de k por
cento ao ano. Se escrevermos. por simplicidade. a = 4/100. por cada real aplicado o investidor
recebera. no final de um ano. 1 + a reais. de modo que o total a ser resgatado sera co(1 + a)
reais. O acréscimo cg: a (juro) é uma espécie de aluguel do dinheiro.
Sendo assim, raciocina o investidor, se eu resgatar meu capital depois de um semestre. tere
direito a metade do juro (aluguel) anual. logo receberei co(1 + 5) reais. Entao reinvestirci esta
soma por mais um semestre e. no final do ano. em vez de co(1 +a). vou receber co(1 + a), que é
uma quantia maior. (Nosso investidor sabe que (1+ a)? > l+a. pela desigualdade de Bernoulli.)
Pensando melhor. diz o investidor. posso resgatar e reinvestir meu capital mensalmente recebendo.
no final de um ano. o total de (1+ 4)’*.
Como o ntimero a = k/100 lhe é conhecido. o investidor. com auxilio da calculadora, verifica
imediatamente que (1+ $)* < (1+ ay, Animado com o resultado. nosso ambicioso investidor
imagina que. resgatando ec reaplicando seu dinheiro num nimero n cada vez maior de intervalos
de tempo iguais. podera aumentar ilimitadamente seu capital.

as A 176
A FUNCAO. EXPONENCIAL DE BASE e 7 .CAPITULO 8

Na verdade. fazendo o que imagina. no final do ano o investidor recebera o total acumulado
igual a
Qa n
° (

Co’ lim (1 + ~ ) = (y° en


n
naxx

Nosso personagem estava certo ao pensar que. para todo n € N e todo a > 0. se tem

aQ\? Q \rtl
(1 + ~ ) < (1 4 )
n n+]

Mas. infelizmente. se enganou ao acreditar que a sequéncia de termo geral (1+ 2)" é ilimitada.
Com efeito. todos esses termos sao menores do que €°.
Seja como for. ao conceber esse processo inaginario de resgatar e reinvestir a cada instante seu
capital. nosso investidor foi conduzido a nocao de juros compostos. acumulados continuamente.
O mesmo raciocinio é valido se considerarmos. para um nitimero real arbitrario tf > 0. 0 capital
cy aplicado durante ¢ anos. a mesma taxa a. Se tivéssemos juros simples. no final desses t anos
o capital resultante seria ¢co(1 + at). Dividindo o intervalo [U. t] em n partes iguais. resgatando e
reinvestindo nm vezes. no final de t anos obteriamos co(1 + wt y". Fazendo 1 cresceer indefinidamente.
chegamos a
a aty\"
c(t) = eye = (° lim (1 + — |
nx N

como o resultado da aplicagao do capital co. durante t anos. a uma taxa de a = 4/100 ao ano,
de juros compostos. acumulados continuamente.
Em particular. o capital de 1 real aplicado a uma taxa de 100% ao ano. com juros acumulados
continuamente. gera no final de um ano um total de © reais. (Assim se explica o nttmero ¢ a um
capitalista. )
Evidentemente. a expressao f(t) = c-¢° pode também ser escrita sob a forma f(t) = c- a’.
onde a = e®. portanto a = Ina. Ou, se houver preferéncia por uma determinada base 6. pode-se
sempre escrever f(t) = ¢-b%. com 3 = 7 AS vezes ¢ conveniente tomar a base 2. de modo que
se tem f(t) =c-2*. onde 3 = a/ In 2.
Matematicos e cientistas que se utilizam da Matematica preferem geralmente escrever as
funcoes do tipo exponencial sob a forma f(r) = b- 6€°". com a base ¢. porque esta expressao
exibe explicitamente nao apenas o valor inicial b = f(0) como também o coeficiente a. que esta
intimamente ligado a taxa de crescimento de f. conforme mostraremos agora.
A tara de crescimento de uma fungao f no intervalo de extremidades x..+/ é. por definicao.
O quociente
fla +h) — flr)
h .
Este quociente pode também ser interpretado como a inclinacao da secante que liga os pontos
(r.f(r))e (eth. f(r +h)) do grafico de f.

177 AB
Ash
Th.su UNCOES ‘EXPONENCIAIS E’LOGARITMICAS

f(xth) @- +s 2 ee ee ee ee ee ee

f(xth)-f(x)
t(x) o- - ~

0 Xx x+h xX

Figura &.14

No caso particular da funcao f(v) = be®*, temos


, h _ , | ah 1 ah _ l
Plat t) F(t) _ par€ = f(r)-:
h h h
Chama-se derivada da funcéo f no ponto xr ao limite da taxa [f(r +h) — f(x)|/h quando
h tende para zero. Este nimero. cujo significado ¢ o de taxa instantanea de crescimento de f
no ponto x. é representado por f’(.r). Ele € o ntimero real cujos valores aproximados sao os
quocientes | f(x +h) — f(x)|/h para valores muito pequenos de h. Geometricamente. a derivada
f(r) @ a inclinacao da reta tangente ao grafico da funcgao f no ponto -r.

oe v=f(x)+f '(x)-(u-x)
|
\
\
t

i
t

—e
0]
yeV

X u

Figura 8.15

O sinal e o valor da derivada f’(x) indicam a tendéncia da variacao de f a partir do ponto x.


Se f’(r) > 0 entao f(r +h) > f(r) para pequenos valores positivos de h. Se f'(r) < 0. tem-se.
ao contrario, f(r +h) < f(x) para h pequeno c positivo. Se f’(.2) € um utimero positivo grande

as A 178
‘A -Puncao: EXPONENCI
DE: BASE:
AL- SRE NES SEEN “GAPITULO 8

entao f cresce rapidamente a partir de 2. E assim por diante. A derivada ¢ a nocao fundamental
do Calculo Infinitesimal. Sua descoberta. ha trés séculos e ncio. teve uma grande repercussao e
provocou um progresso extraordinario na Ciéncia e em toda a civilizagao a partir daquela época.
Mostraremos agora que a derivada da funcao f(r) = be®" é igual aa: f(r). Noutras palavras,
a taxa instantanea de crescimento de uma funcao do tipo exponencial €. em cada pouto x.
proporcional ao valor da funcao naquele ponto. E o coeficiente a ¢ precisamente o fator de
proporcionalidade.
Assim. por exemplo, no caso do investimento. em que c(t) = cy: e°'. se. a partir de um dado
instante tg. considcrarmos um intervalo de tempo fh muito pequeno. teremos aproximadamente
[c(to + h) — c(ty)|/h Sa: c(ty) . logo (te + h) — c(ty) ~ c(ty) sah,

Usando a interpretacgao geométrica do logaritmo natural. é facil calcular a derivada da fungao


f(r) =b-e.
O ponto de partida consiste em mostrar que se tem

¢@h |]
linn ——— = l.
h-+U0 h

Para ver isto. lembramos que a faixa de hipérbole H ce tem area igual a h. Esta faixa esta
compreendida entre um retangulo de area (¢” — 1)/e" e outro de area e” — 1. Portanto
ce" —]
—<h< et — 1.

Figura 8.16

Aqui estamos supondo h > 0. Dividindo as duas desigualdades por e” — 1. obtemos

l h
— < ——
eh eh __ l
< l. para todo h > 0.

179 AHS
CAPITULO 8 . oe FUNCOES EXPONENCIAIS E LOGARITMICAS

Quando h + 0. a poténcia «” tende a 1. Segue-se das desigualdades acima que limy. s/h /(e? —
1)] = 1. logo
et]
h

linn ——— = |.
h—-0 hi

O caso em que fh > 0 por valores negativos se trata de modo analogo.


Agora ¢ imediato ver que
. crck et a. cht — ] .
hia. ———— _ = ¢* lim —— =
hQ) h h-+0 h

Ee. mais gveralmente.


. eolerh ) oe ay eal — ] a ean — ]
Lina, ————— _ = € Lams —— = a-e™- lim
hl) h h—0 h ha0 ah

Escrevendo hk = ah. vemos que h +08 k > 0. Portanto


caerh) —¢ ek —]
lim ee ear . lim ———— =): ett
h0 hh ha0 hk

Isto conclui a demonstracao de que a derivada da funcao f(r) = e°" 6 f'Cr) =a- fir). logo
¢ proporcional ao valor f(r) da funcao f. sendo a o fator de proporcionalidade.
E 6bvio que o mesmo vale para uma funcao do tipo f(r) = b- 6°".

8.11 Alguns Exemplos Classicos


A segunda caracterizacao da funcao do tipo exponencial. vista no final da Se¢ao 8.4. ¢ bastante
util em varios casos. Conforine aquele teorema. a funcao f. que s6 assume valores positivos. é do
tipo f(b. t) = b-a' se (e. somente se) cumpre as condicdes abaixo:
l.a) f(b. +) 6 homogénea em relacao a 6. Ou seja. f(b. t) = kh - f(b. t) para todo k > 0.
L.b) f(b.t) @ monoétona e injetiva em relacao a t. [sto significa que ou f é¢ crescente em relacao a
t(istoé.t<t => f(b.t) < f(b.) ou entao decrescente (isto ét < t => f(b. t') < f(b. fF).
2) f( f(b. s).t) = f(bs +t).
As condicoes 1l.a) e 1.b) sao faceis de verificar e mais faceis ainda entender. A condicao 2)
parece mais elaborada. devido a presenca de f(b. s) como primeira varidvel ein f( f(b. s).t). Por
isso deve ser interpretada intuitivamente. apds o que cla se torna mais natural.
A prineira coisa a observar ¢ que. diante das condigoes l.a). 1.5) e 2). tem-se f(b.0) = 06.
Com efeito. pela linearidade f relativamente a b. temos f(b.0) = f(b- 1.0) = b- f(1.0). de modo
que basta mostrar que f(1.0) = 1. Ora. pela condicao 1.a). tem-se f( f(1.0).0) = f(1.0)- f(1. 0).
Ja pela condigao 2). como 0+0 = 0. vemos que f( f(1.0).0) = f(1.0). (Aqui estamos usando 2)
com s =t=0.) Segue-se que f(1.0) = f(1.0)- f(1.0). donde f(1.0) = 1 pois f nunca se anula.

aes &. 180


FRE Aces alD © 1 fag Orc at Gr 7: ok) ( 1 C -. eee Re MS ee “CAPITULO 8

Assim. se interpretarmos f(b,¢) como o valor no instante ¢t, de uma grandeza que varia com
tempo veremos que 6 = f(b.0) é 0 valor inicial dessa grandeza (correspondente ao instante t = 0).
A condicgao 1), expressa pela igualdade f( f(b. s).t) = f(b. st+t). diz que se comecarmos a medir
a grandeza f a partir do instante s (portanto seu valor inicial sera f(b.s)) entao. transcorrido a
partir daf o tempo t (logo o tempo total é s +t). seu valor f(f(b.s).t) 60 mesmo que obteriamos
se comecassemos a medir no instante 0).

EXEMPLO 8.9.
E; facil (e instrutivo) ver que a funcao afim f(b.t) = at +b, satisfaz as condicdes 1.b) e 2) mas
nao cumpre l.a). Por sua vez a funcao quadratica f(b, t) = b- (1 — t)? satisfaz f(b.0) = b mas
viola 1.a), 1.b) e 2).

Vejamos trés exemplos classicos.

EXEMPLO 8.10. CAPITAL A JUROS FIXOS (BIS).


Aqui se trata de funcao c(co,t) = capital existente apds decorrido o tempo ft, a partir da
aplicacao. a juros fixos, do capital inicial cp.
E claro que c(co.t) é linear em relacao a cp e crescente em t.
Como os juros nao mudam, vale a igualdade c(c(co, s). t) = c(¢p.s + t) pois ela significa que.
apds decorrido o tempo s, se 0 montante c(cp.t) for resgatado e reaplicado logo em seguida.
decorrido o tempo ¢ a partir daf, tudo se passa como se nao tivesse havido resgate e reaplicacao.
Pela segunda caracterizacao das funcoes do tipo exponencial, existe uma constante, a > Q tal
que c(t) = c(co.t) = cpa’. O nimero a é determinado pela taxa de juros. Tem-se a = c(1)/ep. ou
seja, coe*’, onde a = Ina é 0 valor da taxa de juros.

EXEMPLO 8.11. DESINTEGRACAO RADIOTIVA.


Uma substancia radioativa tem massa mp no inicio da contagem do tempo (t = 0). Decorrido
2

o tempo t, sua massa, que sofreu desintegracéo, é m(t) ou. mais precisamente m(mp.t). E
4

bastante evidente que m(mp,t) é diretamente proporcional a mo e é uma fungao decrescente de


t. Além disso, como a taxa de desintegracao da substancia radioativa é constante, a variacao de
m(t) se dé no mesmo ritmo, qualquer que seja o momento em que ocorre a observacao inicial,
seja este momento o instante 0 ou o instante s logo m(m(mg.s).t) = m(my,s +t). Assim
m(mo.t) = mo- a‘, onde a = m(1,0).
E costume escrever m(t) = moe™ onde a = Ina é a taxa de desintegracao da substancia que
se observa. Mais comum ainda é tomar a meja-vida tg = —1n2/a. logo m(mo. to) = mo/2, e
obter a = —1n2/to. Note que, como m decresce quando ¢t cresce, tem-se 0 < a < 1, portanto
a <0. Em termos da meia-vida, m(mp.t) = mg + e7'2/t0,

181 AB
eG aie e

EXEMPLO 8.12. CONCENTRAGAO DE UMA SOLUGAO.


Agora temos. no instante t = 0, um volume 6 de sal misturado com a agua do tanque. do
qual a mistura se escoa por um ralo e é compensada igualmente pela agua despejada de uma
torneira. Decorrido o tempo t, 0 volume de sal restante, indicado por f(t) = f(6.t), 6é uma fungao
decrescente de ¢t e é proporcional a b. Isto é claro. Ademais. se recomecarmos nossa observacao
depois de decorrido o tempo s. quando o volume de sal que restou é f(b. s). passado o tempo t a
partir dai, o volume de sal que permanecera no tanque é, por um lado, igual a f( f(b. s).t) e, por
outro lado, é f(b.s +t). Logo f(b,s +t) = f(f(b.s).t), o que comprova a condi¢ao 2), portanto
f(b.t) = ba’ é do tipo exponencial. Como de praxe. pde-se f(b, t) = be onde a = Ina é a taxa
instantanea de escoamento (igual a taxa de abastecimento). Novamente aqui se tem 0 <a < 1
logo a < 0. pois f(b. t) 6 uma funcao decrescente de t.

O principio deste exemplo € 0 mesmo que se aplica para estudar a eliminacao de drogas
(medicinais ou nao) no corpo de ui animal. Neste caso. o escoamento se da principalmente por
suor ¢ urina e o abastecimento se faz mediante a ingestao de liquidos.

A 182
CAPITULO 8

Exercicios

8.1. Com um lapis cuja ponta tem 0,02mm de espessura, deseja-se tracar o grafico da funcao
f(x) = 2°. Até que distancia 4 esquerda do eixo vertical pode-se ir sem que o grafico atinja
o cixo horizontal?

8.2. Definindo a?/7 como Wa?, prove que a?/4- a7/* = qats

8.3. Dados a > 0c b > 0, qual a propriedade da funcao exponencial que assegura a existéncia
de h £ 0 tal que 6? = a®/" para todo x € R? Mostre como obter o grafico de y = b” a partir
do grafico de y = a®. Use sua conclusao para tracar 0 grafico de y = (1//4)* a partir do
grafico de y = 2”.

8.4. Prove que uma funcao do tipo exponencial fica determinada quando se conhccem dois de
seus valores. Mais precisamente, se f(a) = b-a* e F(x) = B- A?® sao tais que f(x1) = F(2x))
e f(ro) = F(z2) com 27; # X2 entadoa=Aeb=B.

8.5. Dados x) # 0 € yo > O quaisquer, prove que existe a > 0 tal que a™® = yo.

8.6. Dados rp # 2) € Yo. y; nNao-nulos com o mesmo sinal. prove que existem a > 0 e b tais que
b-a® =yeb-a™ = V1.

8.7. A grandcza y se exprime como y = b- a‘ em funcao do tempo t. Sejam d 0 acréscimo que se


deve dar a t para que y dobre e m (meia-vida de y ) 0 acréscimo de t necessario para que y
se reduza 4 metade. Mostre que m = —de y = b- 2'/4, logo d = log, 2 = 1/logya.

8.8. Observacgoes por longo tempo mostram que, ap6os perfodos de mesma duracao, a populacao
da terra fica multiplicada pelo mesmo fator. Sabendo que essa populacao era de 2,68 bilhoes
em 1956 e 3,78 bilhdes em 1972, pede-se: (a) O tempo necessaério para que a populacao da
terra dobre de valor; (b) A populacao estimada para o ano 2012; (c) Em que ano a populacao
da terra cra de 1 bilhao.

8.9. Dé um argumento independente de observacoes para justificar que, em condicoes normais, a


populacao da terra apos o decurso de periodos iguais fica multiplicada pela mesma constante.

3.10. Prove que, para a e x positivas, tem-se log: r = — log, x.

3.11. Resolva os exercicios do livro “Logaritmos”, especialmente os do tiltimo capitulo.

183 A
. +. + . FUNCOES EXPONENCIAISE LOGARITMICAS
OF uuinem.

184
as 4
FUNCOES
TRIGONOMETRICAS
ie G77 Guts foe oe

9.1 Introducao
As funcoes trigonométricas constituem um tema importante da Matematica, tanto por suas
aplicacgoes (que vao desde as mais elementares. no dia-a-dia. até as mais complexas. na Ciéncia
ena alta Tecnologia), como pelo papel central que desempenham na Anéalise.
A Trigonometria teve seu inicio na antiguidade remota, quando se acreditava que os planc-
tas descreviain orbitas circulares em redor da Terra, surgindo dai o interesse em relacionar o
comprimento da corda de uma circunferéncia com o angulo central por cla subtendido. Se c é o
comprinento da corda. a é¢ 0 angulo e r o raio da circunferéncia entao ¢ = 2rsen (a/2). Esta
é a origem da palavra seno. que provém de uma traducao equivocada do arabe para o latim.
quando se confundiu o termo jiba (corda) com jazb (dobra. cavidade. sinus em latim). [Cfr.
“Meu Professor de Matematica”. pag. 187.]
QO objeto inicial da Trigonometria cra o tradicional problema da resolucao de triangulos.
que consiste em determinar os seis elementos dessa figura (trés lados e trés Angulos) quando se
conhecem trés deles. sendo pelo menos um deles um lado.
Posteriormente. com a criagao do Célculo Infinitesimal. e do seu prolongamento que é a
Analise Matematica. surgiu a necessidade de atribuir as nocées de seno. cosseno e suas associadas
tangente, cotangente. secante e cosecante. o status de funcao real de uma variavel real. Assim.
por exemplo. ao lado de cos A. 0 cosseno do angulo A. tem-se também cos.r. 0 cosseno do niimero
real 2. isto ¢, a fungao cos : R > R. Analogamente. tém-se as funcées sen. tg. cotg. sec e cossec.
completando as funcoes trigonométricas.
Uma propriedade fundamental das fungoes trigonométricas € que elas sao periédicas. Por
isso sao especialmente adaptadas para descrever os fen6dmenos de natureza periddica. oscilatoria
ou vibratoéria, os quais abundam no universo: movimento de planetas. som. corrente clétrica
alternada. circulacao do sangue. batimentos cardiacos. ete.
A importancia das fungoes trigonométricas foi grandemente reforcada com a descoberta de
Joseph Fourier, em 1822. de que toda funcao periddica (com ligeiras ec naturais restricoes) 6 uma
soma (finita ou infinita) de funcdes do tipo acos nr + bsen nz. Para que se tenha uma ideia da
relevancia deste fato, que deu origem a chamada Anéalise de Fourier. basta dizer que. segundo o
banco de dados da revista “Mathematical Reviews’. o nome mais citado nos titulos de trabalhos
matematicos nos tiltimos 50 anos é o de Fourier.
Como se sabe desde o Ensino Fundamental. num triangulo retangulo de hipotenusa a e Angulos
agudos B.C. opostos respectivamente aos catetos b ec c. tém-se as definicoes:
Ss C : , ,
cos B = — = (cateto adjacente) + (hipotenusa).
Qo

sen B = — = (cateto oposto) + (hipotenusa).


qd

as &. 186
“CAPITULO 9 -

e. analogamente. cosC = . sen C=“.


a a.

C"

» a

A B

Figura 9.1

Estas relagoes definem o seno e o cosseno de un angulo agudo qualquer. pois todo angulo
agudo é um dos angulos de um triangulo retangulo. E fundamental observar que cos Besen B
dependem apenas do angulo B mas nao do tamanho do tridngulo retangulo do qual B é un dos
angulos agudos. Com efeito, dois quaisquer triangulos retangulos que tenham um angulo agudo
igual a B sao semelhantes.

Cc"

A BA’ B’
Figura 9.2

Se esses triangulos sao 4BC ec A’B'C’. com B' = B. entao a semelhanca nos da

bo Ob
aa
e
C_f C.
va
logo
sen B’=sen B e cosB’ =cosB.

Portanto 0 seno ¢ 0 cosseno pertencem ao angulo. e nao ao eventual triangulo que o contém.
Assim. a semelhanca de triangulos é a base de sustentacao da Trigonometria. Se organizarmos
ma tabela com os valores de cos B para todos os‘angulos agudos Bia relacao c = a- COS Boo
Teorema de Pitagoras
b= Vat —c

187 4
CAPITULO 9 - ee _. FUNCOES TRIGONOMETRICAS

nos permitirao determinar os catetos b.¢ de um triangulo retangulo. uma vez conhecida a hipo-
tenusa a e um dos angulos agudos.
Mais geralmente. num triangulo ABC qualquer. a altura h. baixada do vértice C’ sobre o lado
_

AB. tem a expressao h = BC’ -sen B. Esta simples formula exibe a eficiéncia da Trigonometria
como instrumento de calculo 1a Geometria, permitindo relacionar angulos com comprimentos de
segmentos.

Figura 9.3

O Teorema de Pitagoras
5
a? = b? + ¢"*.

aplicado ao triangulo retangulo ABC’. com AB = c. AC = be BC = a. nos mostra imediatamente


que
b? b? + ¢? ar
te

(cos B)? + (sen B)? = = +


‘ant

a? a? a
we
=

- . . , ) a, ; ~~ ~— »

E um costume tradicional. que convém adotar. escrever cos’? B e sen? B em vez de (cos B)* e
(sen B)* . A relacao fundamental

cos°2D,B+sen*
...2 Pp _
B= |

Mostra que, a rigor. basta construir uma tabela de senos para ter a de Cossenos. ou vice-versa.
E evidente, a partir da definicao. que o cosseno de um Angulo agudo ¢ igual ao seno do seu
complemento e vice-versa. Dai a palavra “cosseno” (seno do complemento).
E claro que o seno e o cosseno de um Angulo agudo sao ntimeros compreendidos centre 0 e 1.
Finalmente observamos que se A,B, é a projecao ortogonal de um segmento de reta AB sobre
ulm eixo entao os comprimentos de AB e A,B; sao relacionados pela formula 4,B, = AB- cosa.
onde a é 0 angulo de AB com o referido eixo.

ms A 188
A FUNCAO DE EULER E A MEDIDA DE ANGULOS’ CAPITULO 9

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t
I
{
1

x
Figura 9.4

9.2 A Funcao de Euler e a Medida de Angulos


A relacao fundamental
yy c

cos? a + sen? a = 1

sugere que. para todo Angulo a, os nimcros cosa e sen a sao as coordenadas de um ponto da
circunferéncia de raio 1 e centro na origem de R?.
Indicaremos com a notacao C’ essa circunferéncia, que chamaremos de circunferéncia unitdria,
ou circulo unitdrio. Temos, portanto C = {(x.y) € R*:77+y? = 1}.
a

y »

Figura 9.5

Observa-se que. para todo ponto (r.y) € C tem-se -l <r<le-l<y€<l.


A fim de definir as funcoes cos : R — R ec sen R > R. devemos associar a cada nimero real ¢
um angulo e considerar o cosseno e o seno daquele angulo. O niimero t desempenhara, portanto.
o papel de medida do angulo. Evidentemente. ha diversas maneiras de se medir um Angulo.

189 A
ee Gall ee a Re CREME eg Ne. yee aE 95.1
Os HG BtEGO)
1 6 MEO, t

dependendo da unidade que se adota. Ha duas unidades que se destacam: uma (o radiano) por
ser. Como veremos. a mais natural: outra (o grau) por ser tradicional ha milénios. além de que
muitos angulos comumente encontrados tém por medida um niimero inteiro de graus.
A maneira natural de definir as funcoes trigonométricas tem como ponto de partida a fungao
de Euler E : R — C’, que faz corresponder a cada nimero real t 0 ponto E(t) = (.r.y) da
circunferéncia unitaria obtido do seguinte modo:

e E(Q) = (1.0).

ese ¢t > (). percorremos sobre a circunferéncia C’. a partir do ponto (1.0). um caminho de
comprimento t. sempre andando no sentido positivo (contrario ao movimento dos pontciros de
um rel6gio comum., ou seja, o sentido que nos leva de (1.0) para (0.1) pelo caminho mais curto
sobre C’). O ponto final do caminho sera chamado E(t).

e set <0. E(t) sera a extremidade final de um caminho sobre C’. de comprimento |t]. que parte
do ponto (1.0) ¢ percorre C’ sempre no sentido negativo (isto é. no sentido do movimento dos
ponteiros de um rel6gio usual).

A funcao de Euler E : R — C’ pode ser imaginada como o processo de enrolar a reta.


identificada a um fio inextensivel. sobre a circunferéncia C (pensada como um carretel) de modo
que o ponto 0 € R caia sobre o ponto (1.0) € C.

a
ya a

——os~
BE TT

XS
— + 0
(1.0) xX

Figura 9.6

Cada vez que o ponto t descreve na reta wm intervalo de comprimento (. sua imagem E(t)
percorre sobre a circunferéncia C’ um arco de igual comprimento f Em particular. como a
circunferéncia unitaria C' tem comprimento igual a 27. quando o ponto ft descreve um intervalo

mt A 190
de comprimento 27. sua imagem £(t) da uma volta completa sobre C’. retornando ao ponto de
partida. Assim sendo, para todo t € R. tem-se E(t + 27) = E(t) e. mais geraliente. para todo
kK € Z. tem-se E(t + 2k7) = E(t). seja qual for t € R.
Reciprocamente. se ¢ < f em R sao tais que E(t) = E(t’). isto significa que quando um
ponto s da reta varia de t a ¢’ sua imagem F(s) se desloca sobre C’. no sentido positivo. partinde
de E(t). dando um nimero inteiro k de voltas e retornando ao ponto de partida E(t’) = E(t).
A distancia total percorrida ¢ igual a 2k. logo t! = ¢ + 2/7. pois 06 comprimento do caminho
percorrido por E(s) 6. por definicao. igual A distancia percorrida por s sobre a reta R.
Resumindo: tem-se E(t’) = E(t) se, e somente se. t! = t + 2h. com fh € Z. (Quando t > ft,
vale h& € N: quando ¢t’ < ¢t tem-se k < 0.)

y a» 4

> - 0

Figura 9.7

Escrevamos A = (1.0) e O = (0.0). Para cada t € R. ponhamos B = E(t). Diz-se neste caso
que o angulo AOB mede t radianos. Esta definigao sugere uma série de observacoes.

e Pode-se ter B = E(t) com t < 0. Portanto esta forma de medida é orientada: é permitido a
um angulo ter medida negativa.

e A medida do angulo AOB 6 determinada apenas a menos de un multiplo inteiro de 27. pois
B= E(t) implica B = E(t + 2k7) para todo & € Z. Assim. por exemplo. o angulo de 1
radiano é também um angulo de 1 — 27 radianos. De wn modo mais geral. se B = E(t) entao
B= E(t — 27) pois ha dois arcos que vao de A = (1.0) até B: um de comprimento |t| e outro
de comprimento |t — 27].

e De acordo com esta definigao. o angulo AOB mede 1 radiano se. e somente se, o arco AB
da circunferéncia C’. por ele subtendido. tem comprimento igual a 1. isto é. igual ao raio da

191 A@
wD
Pee ore Te eat Cina tee mae aS eee
Bree ae eS acs :

Figura 9.8

circunferéncia. Mais geralmente. numa circunferéncia de raio r. a medida de um angulo central


el radianos é igual a (/r. onde € € 0 comprimento clo arco subtendido por esse angulo.
. A wr . , : ) |
e A incdida do angulo AOB em radianos também pode ser expressa como 2a/r* . em termos da
area a do setor circular AOB e do raio r.

y »

B’

_ . B

0 A xX

AB’ =3-AB

Figura 9.9

Com efeito. a Arca a do setor circular AOB é uma funcao crescente do comprimento ¢ do arcc
AB. Como se ve facilmente. se o arco AB’ tem comprimento n vezes maior do que o arco AB
(onde n € N) entao a area do setor AOB’ é igual a n vezes a area de AOB. Segue-se entao de
Teorema Fundamental da Proporcionalidade que a area a € uma funcao linear do comprimentc

as -. 192
A FPUNCGAG BE EULER‘E‘A’ MEDIDA: DE ANGULOG 22223) Sore?
A we re woe 5 5 _ S u oe mp re Ee a Pe eeeEe a ee eee Peery hres

(:a =c-f. onde c é uma constante. Para determinar o valor de c. basta observar que. quandc
o setor 6 todo o cireulo (de raio r), 0 arco correspondente ¢ toda a circunferencia. Tem-se entac
a=nmr el =2rr. Logo tr? = c+ 2rr, donde ¢ = 5
Portanto a area a do setor OB se relaciona com 0 comprimento ( do arco AB pela igualdade
a = (r/2.
Segue-se que

bo

—~
°
Ww
d
~—w


Como f/r é a medida do angulo AOB em radianos. concluimos dai que esta inedida também
vale 2a/r?. onde a é a area do setor AOB e r 60 raio do circulo.
Podiamos também ter definido uma funcao G : R — C pondo ainda G(Q) = (1.0) e estipu-
lando que. para s > 0. G(s) fosse o ponto da circunferéncia unitaria obtido a partir do ponte
(1.0) quando se percorre. ao longo de C’. no sentido positivo. um caminho de comprimento ams.
E. para s < 0. G(s) seria definido de forma andloga. com o percurso no sentido negativo de C.
A funcao G : KR > C' tem propriedades semelhantes as de E. pois

() == E(—t
G(t) EN)QT
para todo t € R . Em particular. G(t’) = G(t) se. e somente se. H = t + 360k. onde & € Z.
Se A = (1.0). O = (0.0) e B = G(s). diz-se que o angulo AOB mede s graus. O angulc
AOB mcde 1 grau quando B = G(1). ou seja. quando o arco AB tem comprimento igual a
27/360. Noutras palavras. o Angulo de 1 grau é aquele que subtende um arco igual a 1/360 de
circunferéncia.
Escreve-se 1 grau -= 1° e l radiano — 1 rad.
Como a circunferéncia intcira tem 27 radianos ec 360 graus. scgue-se que 27 rad = 360°. ov
sea,
360
1 rad = ( — = 57.3 graus.
OT

E bom ter em mente relacoes como 180° = 7 rad. 90° = =2 rad. ete.
As figuras acima deixam claro que se E(t) = (2. y) entao E(t +7) = (-a.—-y). E(t+ 5) =
(—y.w). E(—t) = (v.-y). E(5 —t) =(y.x) e B(w —t) = (-vy).
Estas relagoes exprimem certas simetrias da funcao de Euler £ : R > C’. que se traduzem
em propriedades das fungoes seno e cosseno. Como Vveremos a seguir.

193 Ad
Ww,
(—.y)

Figura 9.10

9.3. As Funcoes Trigonométricas

As funcoes cos : R > ResenR —- R. chamadas fun¢ao cosseno e funcao seno respectivamente.
sao definidas pondo-se. para cada t € R:

E(t) = (cost.sen ¢).

as“. 194
SG SSE SC ie COLA? Ss S Te
Be eee Doe C POR TENS sa See fire a

Noutras palavras. + = cost e y = sen ¢ sao respectivamente a abcissa e a ordenada do ponto


E(t) da circunferéncia unitaria.
Segue-se imediatamente desta definicao que vale. para todo ft € R. a relacao fundamental

2
cos*t + sen? ¢t = 1.

Uma funcao f : R — R chama-se periddica quando existe um nimero 7 # 0 tal que f(f+7) =
f(t) para todo t € R. Se isto ocorre. entao f(t + AT) = f(t) para todo t € Re todo hk € Z. O
menor ntmero T > 0 tal que f(t+7) = f(t) para todo t € R chama-se o perfodo da funcao f.
As funcoes seno e cosseno sao periddicas. de periodo 27.
Diz-sc ainda que a funcao f : R > R é par quando se tem f(—t) = f(t) para todo t € R. Se
sc tem f(—t) = —f(t) para todo t € R. a funcao f chama-se impar.

EXEMPLO 9.1.
Seja f : R > R a fungao dente-de-serra, assim definida: f(k) =Osek € Ze f(ik+a)=a
quando 0 <a<lekeZ. A fungcao f é periédica, com periodo 1, mas nao é par nem {mpar.
Por outro lado, a funcao g : R > R, onde g(t) = t” (com n € N) é par se n é um niimcero par e é
uma funcao {mpar quando n é um nimero impar.

Y4

—2 -1 of 1. 2 xX

Figura 9.11: A funcao dente-de-serra.

Para todo t € R. temos


E(t) = (cost. se
n t)

eC

E(-t) = E(cos(—t).sen (—t)).

Mas. como vimos no fim da secao anterior. quando E(t) = (rv. y) tem-se E(—-t) = (.r.—y). Isto
significa que cos(—t) = cost e sen (—t) = —sen t para todo? € R.
Assim. cosseno é uma funcao par e seno é uma funcao impar. De modo andélogo. as outras

195 AEs
- ee oe eens on EAR a F; . Ae . me ‘et .. ‘ " sie

BeShas as eal
eC RS

quatro relacoes estabelecidas no final da secao anterior mostram que. para todo ft € RK. valem:

cos(t+ 7) = —cost. sen (t+ 7) = —sen t.


T ae
cos(t + 5) = 7sen tf. sen (f+ 5) = cost.
Tt | 7 |
cos( 5 —t)=senft. sen (5 —t)=cosf.

cos(a —t) = —cost. sen (7 —t) = sen f.

As figuras mostram os graficos de y = cos.r e y = sen wv.

Jia ys 4

“4 . -A 4)

-27 () m5 XVv 0 z§ T . Vv

y = COS y= sine

Figura 9.12

Aleuns valores particulares das fungoes seno e¢ cosseno podem ser obtidos mediante arguinentos
gcolmétricos. alguns dos quais sao interessantes exercicios. especialinente quando se usam as
forinulas de adicao. que estabeleceremos a seguir. Do ponto de vista numérico. entretanto. é
claro que o modo mais eficiente de obter os valores cdessas funcoes é usar wma calculadora.
principalmente uma que opere com radianos ¢ com graus.
Independentemente de calculadoras. ¢ muito convenicute que se saiba. sem pensar muito.
quais os valores de ¢ que satisfazem as equacodes

sen f= 0. cost = 0.

secon t= 1. cost l.
scn f= —l. cost = —-l.

sen f= cost.
to] ee

Io}

sen tf = cost =

¢ outras semelhantes.
Para interessantes cxemplos. exercicios ¢ um tratamento bastante completo dos assuntos aqui
abordados. veja-se o livro “Trigonometria e Ntuneros Complexos’. da Colecao do Professor de
Matematica (SBM).

aed 196
< PET ONS - RRO TOE OMT eR ERE PAs erate Rly VANS ORRIN Te SATEEN
Rat Fr Ra
mR;i) Sob Boe OE, Scarce pita Spanien ae ee ee ee eS eke eae

Das funcdes seno ec cossecno derivam as outras funcoes trigonométricas. a saber tg ur =


sen w/ cosa. cotg wv = cos.r/sen x. sec. = 1/cos.xr e cossec rv = 1/sen sw. Destas funcdes
(chamadas tangente. cotangente. secante e cossecante). a mais importante ¢ a primeira. Cumpre
observar que tais funcoes, sendo definidas por meio de quocientes. tém seus domfmlos restritos
aos miumeros reais para os quais o denominador é diferente de zero.
Assim. por exemplo. a funcao tangente. dada pela expressao tg 7 = sen x/ cos. tem como
dominio o conjunto dos ntimeros reais que nao sao miiltiplos fmpares de 7/2 pois cos.r = 0 se, ¢
somente se. = (2h +1)5 =k + 5 onde k € Z.
Assim. o dominio da fungao 7 & tg wr ¢ formado pela reuniao dos intervalos abertos (Aw —
5:Aa + 45). para todo k € Z.
Em cada wn desses intervalos [por exemplo (—%.%)] a funcao tangente é crescente e, na
realidade. rch tg x é uma correspondéncia biunivoca entre um intervalo aberto de comprinento
vc arcta inteira R.

Y +4

——= —
_ a x 3m 7
2 2 “yD x
ee
eeee

Figura 9.13

A funcao tangente. embora nao esteja definida para todo nimero real R. pode scr considerada
como uma funcao periddica, de periodo x. pois 7 6 0 menor nimero real positivo tal que tg (a+
T) =tg xvseaveue+7 pertencem ao dominio da funcao.
A restrigao da funcgao tangente ao intervalo (—%.%) . sendo uma correspondeéncia biunivoca
tg : (—2.5)T i
> R. possui uma fungao inversa. chamada arco tangente. indicada com a notacao
arctg : R — (—4.4) . a qual é uma correspondéncia biunivoca de dominio R e imagem igual ao
intervalo aberto (— 4. 4).

197 Ae
y
i)

a
2
>
Cr
a”

<

Ree ee ee ee 1. ae
—_i
2

Figura 9.14: Grafico da funcao arctg.

) . , ~ . . toe 2
Para todo ponto P = (.r,y) em R* . com x 4 0. se a ¢ o angulo do seimi-eixo positivo ON
com a semi-reta OP entao
Z = tga.
L
Isto é¢ verdadeiro. por definicao. quando P esta sobre a circunferéncia unitaria e vale também no
caso geral por semelhanca de triangulos.
Segue-se dai que se y = ax +b é uma reta nao-vertical. 0 coeficiente a ¢ a tangente do angulo
a que oO semi-eixo positivo O.X faz com essa reta. Com efecito. se tomarmos wr) ¥ wy e pusermos
e ® ° e . > - e

Y= ary, +b. yo = ary + b.

teremos

Figura 9.15

198
b>
a
e a Gonae ae Ee de, Las SG ah LEN ei iar be fey eo kop oe ce
aE or i At ed Wot b Cer CMe red bol] A K g f ara mT 5 on i aie

9.4 As Férmulas de Adicao


As formulas classicas que exprimem cos(a + .3) e sen (a + .3) em termos de cosa. cos 3. sen a
e sen .3 podem ser demonstradas de varios modos. (Vide “Trigonometria e Ntiimeros Complexos’.
ja citado.) Daremos aqui a prova que nos parece a mais simples e direta. Nela. admitimos
tacitamente que a, 3 e a + 3 sao positivos e menores do que 7/2 mas o caso geral pode ser
tratado de modo analogo (ou melhor ainda. reduzir-se a este).

Ys

el

Figura 9.16

Na figura. onde C'B’ L OB". temos

OA = cos(a + 33).
OB’ = cos .3.
B'C = sen 3.
AB = A'B’=sena-sen 3 e
OB = cosa: cos.t.

Logo
OA = OB —- AB = cosa: cos 3 —sena-sen .3.

199 ka
a is
PRrNOR ce Doar
[oie a hear
To Py to
Paes ene
ae

Noutras palavras.
cos(a + 3) = cosa: cos.3 — sen a-:sen .3.

Tomando —.3 em vez de 3 na formula acima. como cos(—.3) = cos. e sen (—.3) = —sen 33,
obtemos:
cos(a@ — 3) = cosa+cos.3 + sen a: sen .3,

Aléi disso. Como


sen ( +t)=cost

[>
t No
(

cos(5 +t) = -sen t.


> o
~_

a formula de cos(a + .3) nos dé também:

7
sen (a +3) = — cos( = +at 3)
T T .
=— cos( 5 + a) cos 3 + sen (< + a)sen 3.

OU sea.
sen (a + 3) =sen a+cos.3+sen 3+ cosa.

Dai resulta imediatamente que

sen (a — 3) = sena-cos.3—sen 3- cosa.

As formulas para o seno e o cosseno do arco duplo sao consequéncias diretas:

cos 2Q = cos°a—sen*° a e sen 2a = 2sen a: cosa.

Como aplicagao das formulas de adigao. mostraremos como determinar as coordenadas do


pouto A’ = (r’.y’). obtido do ponto A = (x.y) por meio da rotacgao de angulo 6 em torno da
origem de R?
Chamemos de a 0 angulo do cixo OX com o segmento OA e escrevamos r = OA. Entao
r= OA ese tem

rer-cosa. y=r-sena wr =r-cos(at@). yo =r-sen (at).

As formulas de adicao fornecem

r=rcosa-cos@é —rsen a-sen 6 = rcos@ — ysen 6.


y =rcosa-sen@+rsen a-cosé@ = xrsen 6+ ycos@.

200
Pp
a)
a
CAPITULO 9:

Va

7 or
a
a
0 ye \

Figura 9.17

Portanto a rotacao de angulo 6 em torno da origem é a funcao (transformacao) T : R? > R?


definida por
T(av.y) = (acos@ — ysen @..rsen 6 + ycos@).

Outra aplicacao interessante das formulas de adicgao consiste em mostrar que Cosa e sel a sc
exprimem como funcoes racionais de tg 5. fato que esta intimamente ligado com a parametrizacao
racional da circunferéncia unitaria C’. conforme veremos agora.
E uin fato bastante conhecido. e muito facil de constatar. que para todo nimero real wr vale
a igualdade

1+ ur? ltr?)

Isto significa que. para todo x € R. os ntimeros dentro dos parénteses acima sao respectiva-
mente a abcissa e a ordenada de um ponto da circunferéncia unitaria C’. isto é. sao o cosseno
co seno de um angulo .3. Além disso. todo niimero real r é a tangente de um (unico) angulo
a €(—35.3). Logo. a igualdade acima significa que. para cada un desses valores de a. existe um
3 tal que
1 ——j,
— tga
- = cos.3 | ¢
2tga
—5— =sen J
1+ tg?a 1+tgta

FE facil mostrar que .3 = 2a usando as formulas de cos 2a e sen 2a. Basta substituir tga por
sen a/ cosa no primeiro membro destas igualdades e fazer as simplificagdes 6bvias para ver que

1 — tea 2tea
= cos2a eC ——>;- = sen 2a
1+tg7a 1+tg“a

201 bs
we
a
Equivalentemente:

Figura 9.18

Dado o ponto arbitrario B = (cosa.sen a) da circunferéncia unitaria. como o angulo inscrito


APB 6a metade do angulo central a = AOB que subtende 0 mesmo arco AB. vemos que tau 5
¢ a inclinacao da reta PB. onde P = (—1.0). Mantendo o ponto P fixo e fazendo $ variar em

holS
(7/2. +7/2). cada scmi-reta de inclinagao igual a tg 5 corta a circunferéncia unitaria nui tinico
ponto B = (cosa.sen a). Todos os pontos da circunferéncia podem ser obtidos assim, menos o
proprio ponto P.
A correspondéncia
l—x? 2
(; +x2°14+ 2)
é uma parainctrizacao racional de C’. Para todo x € Q. 0 ponto que lhe corresponde tem ambas
as coordenadas racionais.

9.5 A Lei dos Cossenos e a Lei dos Senos

Dado o triangulo ABC. sejain a.b.c as inedidas dos lados BC’. AC e AB respectivamente.
Seja ainda = AP a altura baixada de A sobre o lado BC’. Ha duas possibilidades. ilustradas
nas figuras. conforme o ponto P pertenca ao segmento BC' ou esteja sobre scu prolongamento.
No prineciro caso, scja r = BP =c-cosB. O Teorema de Pitagoras aplicado aos triangulos

a A
hada 202
ok
ag
REO RY SA on fig ORO
Sante ape Leh Toate aoEE aaREO at
EDS PeraTe Ae
NO BRE a

@----. es. ee

BP CP B C"

Figura 9.19

ABP c APC fornece as igualdades

C= hP +’,
be = he + (a— a)? = +4? +0? — 2ar
= fh? +r? +a? — 2ac-cos B.

Comparando estas igualdades obtemos


2 2 2 4, PD
be =a" +c" — 2ac- cos B.

No segundo caso. x = BP = c-cos(7 — B ) = -c- cos B. (Note que cos B<0. logo —c- cos B
’ positivo.) Novamente Pitagoras, aplicado aos triangulos APB ec APC. nos da:

C= hh? +r,
Pah t(ate)y? =h? +2? 407 4+ 20x
= he 472 4 a? — 2Qac-cos B.

Dai resulta. como antes. que


) 2 5D
be =a’ +7 —2ac- cos B.

Portanto a igualdade vale em qualquer caso. Ela é a lei dos cossenos. da qual o Teorema de
Pitagoras é um caso particular, que se tem quando B é um angulo reto.
Evidentemente. tem-se também

. ) ) 7.
ae = b? +c" — 2he-cos A

9) ) : —
C=zat+ be — JPab-cosC'.

As mesmas figuras nos dao. no primciro caso:


a,

h=c:-sen B=b-sen C.

203 &a
a
MEER? 5 1C0.0) EEN Te 8) (0)) py TOT)

logo
b c
sen Bs sen C'
No segundo caso temos
h=b-sen C

om

h =c-sen (7 — B) =c-sen B.

logo. novamente:
b C
——
_~ ~ .

sen Bo sen C’
COMO antes.

Se tomarmos a altura baixada do vértice B sobre o lado AC’. obteremos. com oO mesmo
argumicuto. a relagao
a c
—_

sen As sen C'


Podemos entao concluir que. em qualquer triangulo. tem-se

a b C

sen A sen B sen C’

Esta é a lei dos senos. Ela diz que. em todo triangulo. a razao entre um lado e o seno do
angulo oposto é constante. isto é. 6 a mesma seja qual for o lado escolhido. Ha uma interpretacao
veométrica para a razao a/sen A. Ela é igual ao diametro do circulo circunscrito ao triangulo
ABC.

Figura 9.20

204
Pp
Ww
a
Com efeito. a perpendicular OP. baixada do centro do circulo circunscrito sobre o lado BC’ é
também mediana do triangulo isésceles OBC e bissetriz do 4angulo COB. que ¢ igual a 2.4. Logo
COP = Ac dai resulta que 5 = rsen A, ou seja. = 7 7 = 27 = diametro do circulo circunscrito
ao triangulo ABC’.
As leis dos cossenos ec dos senos permitem obter os scis elementos de um triangulo quando sao
dados trés deles. desde que um seja lado, conforme os casos classicos de congruencia de triangulos.
Problema. Determinar, no triangulo ABC’. os lados a.b.c e os angulos A. B.C nos seguintes
Casos:
1. Sao dados os lados a.b.c.
Entao
’ ) ) +
a? = b? +c? — 2becos A.

logo
~ b+c¢% —a?
0s
COS A = be

-o~

e isto nos permite determinar A.


Analogamente se obtém o angulo B: 0 angulo C pode ser mais facilmeute obtido a partir da
relagao A+ B+ C = 2 retos.

OBSERVACAO.
Para que exista um triangulo com lados a < b < c¢ @ necessario e suficiente que se tenha
c<at+b.

2. Sao dados os lados a.b e o dngulo C.


Neste caso. 0 lado ¢ se obtém pela lei dos cossenos:

c= Va’ + bf — 2abcosC.

recaindo-se assim no caso anterior.


3. Sao dados os dngulos A.B eo lado c.
Determina-se o angulo C pela igualdade A+B+C = 2retos eo lado a pela lei dos senos.
segundo a qual a/sen A= c/sen C. logo a = c-sen A /sen C. Agora tem-se os lados a.c¢ ¢ 0
angulo B formado por eles. Recai-se assim no caso anterior.

OBSERVACAO.
Para que A e B sejam angulos de um triadngulo, é necessario e suficiente que 4+ B < 2 retos.

205 Afa@
io
4. Sao dados os lados a,b. coma > b. e o dngulo A.
Este € 0 pouco conhecido quarto caso de congruéncia de triangulos. segundo o qual dois
triangulos sao congruentes quando tém dois lados iguais e um angulo igual oposto ao maior
desses dois lados. Note-se que A> B. logo o angulo Be agudo.
Aqui se usa novamente a lei dos senos. A partir da proporcao
a b b
——— = —— obtém-se sen B = -sen A.
scn 4 sen B a

Como 0 < a. vernos que “sen A é um nimero positivo menor do que 1. logo existe um tico
angulo B. menor do que dois retos. cujo seno é igual a 2sen A. Em seguida. determina-se o
angulo C pela igualdade 4+ B+C =2 retos. Agora. conhecendo a. be C. recai-se no caso 2.
OBSERVACAO.
Do ponto de vista em que nos colocamos, o triangulo ABC é dado. tratando-se apenas de
calcular 3 dos seus elementos quando sao dados outros 3. Por isso nao cabia acima indagar se
A+B<2 retos. antes de calcular a Entretanto. é verdade que, dados a > be 4<2 retos.
existe um triangulo ABC tal que BC =a, AC = be Aéo angulo dado. Para ver isto, tome um
segmento AC’ de comprimento b e uma semi-reta AX tal que o angulo C’ AX seja igual ao angulo
A dado. Com centro no ponto C’, trace uma circunferéncia de raio a. Como 6 < a, o ponto A
pertence ao interior dessa circunferéncia, logo a semi-reta AX corta a circunferéncia num tinico
ponto B, que ¢ o terceiro vértice do triangulo procurado.

Figura 9.21

Para aplicacgoes clementares de Trigonometria. ver o livro “Temas e Problemas’, publicado


pela SBMI.

aA 206
Exercicios
a as
. os valores maximo e minimo da funcaéo f : R > R ~ . 3
9.1. Determine definida por f(z) = Da sen e

. — sen ©
9.2. Observando a figura a seguir, onde AB = z, mostre que t = -
COS £

9.3. Se sen x + cosx = 1,2, qual é o valor do produto sen z - cos xr?

9.4. Definimos aqui as funcodes


1
secante: sec rt = se cos xr # 0
cos x
1
cossecante: csc zr = se sen x # 0
scn £
COS X
cotangente: cotgzr = se sen xc # 0
sc
Mostre que:

a) se? x =1+4+tg’?x
b) esc? z = 14 cotg?xr

9.5. Prove as identidades abaixo:

1—tg*z
a) ——5— = 1+ 2sen* x
l+tg*r

sen 2x
=1+coszr
csc zr — cotgr

1
9.6. Detcrmine todas as solucoes da equacao cos (22 + =) =5

207 AE
Oui hie tame MMbccre reper enet ec. 6 cs: ne ee ce eMeT AREER (208 (616) 0 omeBiE(ELS)
28) tSp D107)

9.7. Se tgr + secx = 3, calcule sen x e cosz.

9.8. Encontre as formulas para sen 27, cos 2x e tg 27 em termos de sen x e cos7Z.

9.9. Observando a figura abaixo, mostre que AOB = 45°.

).10. Se tgz = 3, calcule tg 3z.

¥.11. Calcular

a) y=
y =sen ST
75 -. eos
cos OF75
l+tgy
b) y= l—tgi5
=

).12. Determinc os valores méximo e minimo de y = 2sen? z + 5 cos’ z.

9.13. Determine os valores méximo e minimo de y = sen x + 2cos7z.

mt A 208
SOLUCOES DOS
EXERCICIOS
Ecce enema.
0; 05.0. @) 0a OO a wb. @24 1) (Or G1}

10.1 Conjuntos
1.1. Seja x € U um objeto com a propriedade Q,. Entao x nao pode ter a propriedade P: pois
Py => Q» e Qo é incompativel com Q,. Como P; e Py esgotam todas as possibilidades.
seguc-se que . tem a propricdade P,. Assim. vemos que Q; = P,. Da mesma forma se
mostra que Qy => P».

1.2. Sejam A. B.C pontos nao-colineares e D o pé da perpendicular baixada de C’ sobre AB.


Entao C'D é“a perpendicular’ enquanto AC’ c BC’ sao as “duas obliquas’. As propriedades
P, ec P, sao respectivamente as afirmacdes AD = BD e AD # BD. Por sua vez. Q; e
Q» significam AC = BC e AC # BC respectivamente. Uma vez provadas as implicacoes
> => Q, e Py > Qo. dai resultam as reciprocas Q; => P; e Qo => P». pois as alternativas
AD = BD e AD ¥ BD esgotam as possibilidades. enquanto AC = BC e AC 4 BC sao
incompativeis. (Alias é claro que. neste caso, também P; ¢ P, sao incompativeis e que Q,
¢ Q»y esgotam as possibilidades.) A afirmagao final do exercicio. segundo a qual “a maior é
a que mais se afasta’. requer uma modificagao na qual P; e Q; sao as mesmas. porém P,
significa AD < BD. Qs quer dizer AC < BC ¢ uma nova implicacao P; > Q, ¢ incluida.
onde P; éa afirmacao AD > BD e Q3 significa AC > BC. Isto naturalmente. requer provar
o Exercicio 1 para trés implicacoes. o que se faz do mesmo modo ¢ antecipa o Exercicio 4.

1.3. Resta provar que Y; C X; e ¥5 C Xo. Ora, se y € Y; entao. como X, U Yo = U. deve-se


ter y € X; ou y € Xo. Mas. como X2 C Yo. se fosse y € Xp isto obrigaria y € Y2. logo
y € Yi; N Ys, o que nao é possivel pois ¥y 1 ¥5 = @. Portanto y € XX, e daf ¥; CN.
Analogamente se mostra que ¥) C Xo.

1.4. E claro que os exercicios 1 ¢ 3 tém o mesmo significado. diferindo apenas na terminolo-
gia: um fala de propriedades. 0 outro de conjuntos. Um diz implicacao. 0 outro inclusao.
Familiarizar-se com esta equivaléncia é um passo essencial no aprendizado da Matematica.
No livro “Coordenadas no Espaco” (pag. 83). tém-se oito posicoes relativas de trés planos
no espaco e. por outro lado. tém-se oito hipéteses possiveis sobre as equagdes que represen-
tam esses planos. Para provar que as hipdteses alg¢bricas correspondem cxatamente as oito
posicdes geométricas. demonstram-se oito implicacées Algebra = Geometria. Nao ha neces-
sidade de provar as oito reciprocas porque as hipdéteses algébricas claramente esgotam todas
as possibilidades e as posicoes geométricas sao. duas a duas. obviamente incompativeis.

1.5. Se continuamos admitindo que P, e Py esgotam as possibilidades. enquanto Q; ec Q2 sao


incompativeis. as implicacoes Q; => P, e Qg => P» nao obrigain que seja valida qualquer
uma das trés reciprocas: P; > Q; nem Py > Q». Basta considerar 0 exemplo em que

A 210
wD,
CAPITULO 10

LU =N. P, a
propriedade “n é par’. P> significa “n ¢ impar’. Q; quer dizer “n multiplo de
4d” e Qy diz “n € um numero primo maior que 2’.

1.6. Jrtl2="r > Je=r-2 S ra=(a-2) 3 rere -de44 3S r*-5r4+4=0 3 vr =4


‘ ‘ ‘ 2 . _— ue - 7 =.

ou s = 1. Todas estas implicacoes sao invertiveis. exceto a segunda. Na verdade. como


(—a)? = a*. a igualdade x = (2 — 2)° @ satisfeita nao apenas quando Vr = . — 2 como
também se fr = —(x — 2), ou seja fr = 2 —.. Este filtimo caso ¢ valido quando .« = 1 0
que explica a “raiz estranha” 1. Como vimos no texto. a seqtelcia (correta) de implicagoes
apenas diz que se /7r +2 = x entao + = 4 our = 1. Como vr = 1 nao cumpre a condicao
dada. segue-se que 2 = 4. Quanto a cquacdao fr+3 =.r. a mesma seqiiencia de implicacgées
acima nos conduz a equacao x7 — 7.r +9 = 0. com a condicao adicional . > 3 (pois
r—3= Jr). As raizes desta equacado sao x = (7 + V13)/2. logo apenas x = (7 + V13)/2 é
araiz > 3. a tinica que serve.

1.7. A equacao Vr + m = xr. para ser escrita. requer .r > 0 e. para ser satisfeita. requer x > rm.
Tem-se fr+maur > Jfr=r-m => r=(4—m)cxr>m. A igualdade x = (2 —-—m)?
é cquivalente a xr? —(2m+1)r+m? = 0. Esta equacao possui duas raizes positivas distintas.
cujo produto é 1m, logo uma delas apenas ¢ maior do que 7.
. , ) > e

9
1.8. O crro esta na segunda equivaléncia algébrica. Tem-se apenas uw? — 2r +1=0 3 at —-
2-1+1=0 mas a reciproca é falsa. Uma explicacao mais completa esta no exercicio 9. a
segulr.

1.9. Seja p(.r) = a,r" +--- + a,r + ay wn polindmio. Definamos um novo polinémio g(r)
tomando un) ntimero a e substituindo em p(x) o termo aja’ (e somente este termo) por
a;a'. O polindmio g(r) tem a propriedade que g(a) = 0. Nada mais. As demais raizes
de q(x) nada tém que ver com as de p(x). (Quando. no caso de um polinémio p(7) =
ax? + br +c. substituimos, no termo br. a variavel x por uma das rafzes a de p(x). obtemos
g(x) = a(x? — a”). Uma das raizes de g(a) 6 a ca outra é —a.)

10. a) Seja A o conjunto dos clementos de U' que satisfazem a condigao p(.). A afirmacao (1)
significa que A = U enquanto que (2) exprime que A 4 @.

b) As negacoes de (1) e (2) sao respectivamente: “Existe algum . € U que nao satisfaz
a condigao P(r)” e “nenhum x € U satisfaz P(r)”. Em termos de conjuntos (e com a
notacao do item a)). estas negacdes se exprimem assim: 4° # Me AT=U.

c) Numeremos as sentencas de 1 a 5. na ordem em que aparecem. <A Unica afirmacao


verdadeira é a n2 4. As negacoes sao: 1) Para todo utmero real x. tem-se x? #4 —1. 2)
Existe um nimero inteiro n tal que n? < n. 3) Existe um ntmero real x tal que x < 1

211 AS
CAPITULO 10 SOLUCOES DOS EXERCICIOS

ew > 1. 4) Existe um ntimero real xr tal que n < 2 para todo numero natural n. 5)
)

Para todo niimero natural nm. existe um nimero real x2 tal que n <.r.

1.11. a) O texto constitucional nao obriga intervencao federal num estado em nenhuina circuns-
tancia. Provavelmente. os legisladores queriam dizer que nos casos citados. e¢ somente
nesses casos. a Uniao intervira.

b) A Uniao intervira nos Estados ou no Distrito Federal para. ..

1.12. Multiplicando ambos os membros da igualdade wr? +4 —1 = 0 por e—1. obtéim-se wr? —2r+1 =
().

1.13. 1 4+4y = 138k = tr + 38y = 4(r + dy) — 18y = 13(4h - y). Reciprocamente. 4a + 3y =
13h => r+4y = 10(4r + 3y) — 13(3r + 2y) = 13- (10k — 3x — 2y).

1.14.

a) (X°UY)£ =1U 4:
b) LU2U3USUSUBUTUB:

c) 1U2U5U6:

d) 7.

1.15. a) (XUYJNZ=3U1UG6e
(NNZ)U(Y NZ) = (3U4) U (8 U6) = 3U4U6

b) XU(YNZ)* = 1U2U3U4U5U7U8 e XUYUZ" = (1U2U3U4)U(1U4U7U8)U(1U2U5U8) =


LU2U3U4U5U7UB.
1.16. A condicao A C C é necessaéria para que valha 4U(BOC) = (AU B)NC. Com efeito, se
Ac Centao AUC' = C’. logo AU(BNC) = (AUB)N( AUC) = (AUB)JNC. Reciprocamente.

me 4 212
Bee 8 mea BS a 9S 20% tc Meee naa a ca an CAPITULO 10

se vale a igualdade AU(BNC) = (AUB)NC entao AC AU(BNC) =(AUBJNC CC,


isto é&. ACC’. Portanto. vale AU(BONC) = (AU B)NC se. e somente se. 4 CC.

L.17. Observar que (A — B) — C é 0 conjunto dos pontos de A que nao estao em B nem em C’.
isto ¢. estao apenas em A. enquanto que A — (B — C’) é formado pelos pontos que estao
apenas em A mais aqueles que estao em A ecm C’. Logo (A-— B)-C = A-(B-C')se.e
somente se, ANC = @.

L.18. Como (2n)? = 2(2n?) e (2n — 1)? = 2(2n? — 2n) + 1. vemos que o quadrado de wn ntunero
par é par e que o quadrado de um nimero fmpar é impar. Todo quadrado perfeito é o
quadrado de sua raiz quadrada, portanto esta so pode ser par ou fimpar se o nimero dado
o for. Mais precisamente se k = n? entao n = Vk é par (ou impar) se. e somente se / @ par
(ou impar).

L.19. Dada uma funcao arbitraria f : A > P(A), considere 0 conjunto X = {r € A; x ¢ f(x)}.
Entao X € P(A) mas nao existe x € A tal que f(r) = X. pois a existéncia de um tal sr
levaria a uma contradicao. Com efcito. ou r € X ou x ¢ X. O primeiro caso nao pode
ocorrer porque x € X significa r ¢ f(x), ou seja. x ¢ X. Ja no segundo caso, temos
rێX > vref(r) > rex.

10.2 Nutmeros Naturais

2.1. Seja ¥ = {n EN: a+neY}. Comoa € Y. segue-se que a+1 € Y. portanto 1 € X. Logo
X =N. Assim. Y contém todos os ntimeros naturais > a.

2.2. Seja X = {n EN: 2n +1 < 2"}. Temos 3 € Y. Além disso. n € Y S 2n+1 <
2” => An+1)4+1 = 2n+14+2 < 2742" = 2"! => n+1€Y. Portanto Y
contém todos os nimeros naturais > 3. ou seja.n > 3 => 2n+1 < 2”. Em seguida, seja
Z={neEN., n? < 2"}. Temos 5 € Ze, além disso. n € Z > n? <2” => (n+1)? )
n?+2n+1<2"+27=2"1 so nt+1EeZ

Sabemos que (241)° < 2. Ignorando isto, mostremos que (“*)" < n para n > 3. E claro
, n =
2.3.
que (4/3)? = 64/27 < 3. Agora, inducao:

n+1\" n+2\""! n+2 n+2


<n=> =
n n+ ] n+] n+]
n+l n+2 e N(nt
n+ +22) 2) n(n (n +] )
< < :
n n+] n+] n
LUCOES. DOS EXERCICIOS

2
Escrevendo (4*)" <n soba forma (n+1)" < n't! vemos que ne
"Wn +1 < ¥/n
Nios
para
oe .
n. > 3..
Logo 1. /2. W3.... @ decrescente a partir do 3° termo.

2.4. A igualdade indicada é obviamente verdadeira para n = 1. Supondo-a valida para certo n
| |
temos
142432 4..-4 72fa= n(n + 1)(2n + 1) .
2 5

Para provar a implicagao P(n) = P(n+1). basta verificar que

(n+ 1)(n + 2)(2n + 3) _ n(n + ven + 1) = (n 41).

o que é imediato.

2.9. O problema resulta do fato de que o “conjunto” dos ntimeros naturais pequenos nao esta
bem definido. O “conjunto” dos niimeros pequcnos é limitado? Se é. (como deveria) entao
qual é 0 maior niimero pequeno?

2.6. Por um lado (distributividade a dircita). (m+ n)(1+1)=m+n+m4n. Por outro lado
(distributividade a esquerda. depois a dircita). (mm + n)(1 +1) = m(141)4 n(141) =
mormon Nn,

Logo m+n+m+n=m+m+n4n.

Pela lei do corte (aplicada duas vezes) n +m =m +n.

2.7. Suponha que seja X #4 N. Seja a o menor elemento do conjunto nao-vazio A = N — YN.
Entao todos os ntimeros naturais menores do que a pertencem a Y. Pela hipdtese. scgue-se
que a € X. Contradicao. Logo A=@e X¥ =N.

2.8. Suponha que o conjunto A dos ntimeros naturais 7” para os quais P(n) é falsa seja nao-vazio.
Entao 1 <a.2< ae, além disso P(a — 2) ec P(a — 1) sao verdadeiras. Segue-se da hipotese
(cnunciado) que P(a) é verdadeira. Contradicao. Logo A = @ e P(n) é verdadcira para
todo n EN.

2.9. Certamente 1° = 14 417(1 + 1)?. Suponha, por inducao. que

3 53
P+ 2° 43°93 4+---4n 3
=nl (n+ 1)°.\2

Para provar que se tem

ta | ] yo
P4224 3% 4+---4¢n%84(n4 1 = qi" +1)?-(n +2).

ae A 214
BO RURY Eo Goi OU 3 BOR ic ees act
-; z , ae. @ ay Oe9 7 ar ey = SES
Bee Spt oe
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Re Rec geo ee
La a eae)
ei eeCeSee ee Ee, Sore
Pee eee
ae rr ee
Te
ek
eC A Se ee anna
ehie
APITULO es

basta verificar que


l . oy» 1, ay '
qin +1)?-(n+2)? - qi +1)? =(n4 1)’

ou seja. que

+2n+1)] =(n + 1)°.


J [(r? +2n+ L)(n? + 4n + 4)] - s(n?

(Att bne+ ABn?2 + 12n+4—- AP—-2 fi A?) =(n + 1)*.

“(an + 12n° 4+ 12n + 4) =(n +1)".

n? + 3n? + 3n+ 1 =(n 4+ 1)*.

OBSERVACAO.
A igualdade 17 + 2? + 3° + --- +n? = 4n?(n + 1)? pode também ser escrita sob a forma

+2438 4+---+n2 =(1424+34---+n)

Desta maneira. a inducao fica mais facil.

10.3. Nwtmeros Cardinais

3.1. a) reEeA S fire f(A) => re fl(f(A)) «. Ac fi l(f(A)).


bye f(f-(B)) > y=) ref '(B) > y=flr). fle)eB > yEeB
f(f-"(B)) cB
c) Seja f injetiva. Se x € f~'(f(A)) entao f(r) € f(A). isto é tem-se f(x) = f(a) pa
aloum a € A, logoxw =aew€é A. Assim. f~'(f(A)) C Ae daf (vide a) fo! (f(A) = -
Reciprocamente. se f~'(f(.4)) = A para todo A C X entao dados x).272 € XV co
f(x1) = f(a2). tomando A = {27,} temos ry € f7'(f(A)) = A = {21} logo rg = 1; €
é mjetiva.
d) Seja f sobrejetiva. Entao. para todo B C Y.temos: bE B => d= f(x) xr EN
b= f(r) ref '(B) => be f(f7'(d)).
Assin B c f(f7'(B)). Por b). segue-se que f(f~'(B)) = B. Reciprocamente.
f(f-'(B)) = B para todo B’C Y entao. tomando y € Y arbitrariamente e pon
B = {y} vemos que f(f-y)) = {y} logo fy) # Oe F(x) = y qualquer que x
v € f(y). Logo f é sobrejetiva.

215 AG
CAPITULO 10 a O =| ©) F060
-~ ae 2 07-9 UP.211107
(01 (0.

3.2. Se existir g: Y > X tal que g(f(.)) = 2 para todo r € X entao f(y) = f(t.) > ry =
g( firy)) = g(f(rz)) = rz logo f ¢ injetiva. Reciprocamente. se f é injetiva entao definimos
f : N > NX assim: fixamos 1 € X. Dado y € Y. se nao existir r € X tal que f(.r) = y.
pomos g(y) = «ty. Se y = f(r) para algum x € X. este x é tinico e entao pomos g(y) = ux.
A funcao g: Y > NV cumpre g(f(.r)) = 2.

Se existir g: Y > X tal que f(g(y)) = y para todo y € Y entao. para todo y € ¥ tem-se
y = f(r). com a = gly). logo f ¢ sobrejetiva. Reciprocamente. se f é sobrejctiva entao.
para cada y € Y o conjunto f7'(y) é 4 @. Escolhamos x € f7'(y) e pomos gly) =r. A
funcao g: } > X cumpre f(g(y)) = y.

3.4. Para todo y € Y. pondo h(y) = wr. temos

Defina f : N > N pondo f(n) = 1 se n é fmpar ec. caso n seja par. escreva n = 2° - b. com
b impar. e ponha f(n) = a. Como ha infinitos nimeros impares. a equagao f(r) = n tem
para todo n € N. infinitas solucoes.

3.6. [sto ¢ claro se n = 1. Supondo verdadeira a afirmacao para conjuntos com n elementos, seja
Y um conjunto com n+ 1 elementos. Fixe um elemento a € X. Uma bijegao fi: X 7 X
consiste em escolher a’ = f(a) e definir uma bijecao de X — {a}. Existem n+ 1 escolhas
possiveis para a’ e (por inducao) n! possiveis bijecoes de X — {a} sobre X — {a’}. Segue-se
que ha (7 + 1)-n! = (n+ 1)! bijecoes de _X.

3.7. © erro consiste na passagem P(n) = P(n+1). que é falsa quando n = 1. (Nao é verdade
que P(1) = P(2). Mais exatamente: P(2) é certamente falsa.)

3.8. Seja P(n) a afirmacao de que um conjunto com n elementos tem 2” subconjuntos. Entao
P(1) @ verdadeira pois se Y = {a} entao @ e {a} sao os dois tnicos subconjuntos de X.
Supondo P(n) verdadeira. seja X um conjunto com n+ 1 elementos. Fixando a € X. seja
X’ = X — {a}. Ha dois tipos de subconjuntos de X: as partes de X’ (em ntimero de 2”)
ce os subconjuntos que contém a (também sao 2” deles). Como 2” + 2” = 2"*'. segue-se
P(n + 1).

3.9. P(2) 6 6bvio pois uma s6 pesagem ¢ suficiente para saber. entre dois objetos. qual é o
inais leve e qual o mais pesado. Supondo P(n) verdadcira. efetuamos 2n — 3 pesagens e
encontramos. entre n objetos dados, 0 mais leve L e o mais pesado P. Agregando-se o
(n + 1)-ésimo objeto. basta efetuar duas pesagens mais. comparado-o com Le com P. Se

me &. 216
ele for mais leve do que L. sera o mais leve dos n+ 1 novos objetos. Se for mais pesado que
P também o problema esta resolvido. Se for mais pesado que L e¢ mais leve que P entao L
e P coutinuarao sendo o mais leve ec o mais pesado. 2n — 3 6 0 menor numero possivel para
resolver o problema. como se vé considerando trés objetos.

3.10. P(1) 6 claro. Suponhamos todos os subconjuntos de wm conjunto .Y com n elementos dis-
posto numa fila. de modo que cada um desses subconjuntos difira do anterior pelo acréscimo
ou pela retirada de um elemento. Tomemos um (n + 1)-¢simo elemento e estendemos a fila
acrescentando-o, na ordem inversa, a cada subconjunto da fila anterior. comecando com o
ultimo. Desta mancira obteremos todos os subconjuntos de X dispostos como esta prescrito
no enunciado.

3.11. No hotel. cujos quartos sao Q).Qy..... Q),,..... passe o héspede do quarto Q, para Q»,_1.
Assim. todos os quartos de nimero par ficam vazios ¢ os quartos de numero fmpar. ocupados.
Em seguida. numere os trens assim: 71.73. 75.77..... Os passageiros do trem J; serao
Dis Pideeos Dike wee de modo que p;, € 0 k-ésimo passageiro do trem J7,. Finalmente. complete
a locacao do hotel alojando o
.
passageiro p;, no quarto de ntimero 2’ - i. Como
& i ]
todo nimero
par se escreve. de modo tnico. sob a forma 2* - i com k € N e é impar. havera um hdospede
apehas em cada quarto.

10.4 Nuameros Reais

4.1. E claro que () € A mas nao pertence a B nem a COD uema E. Logo 0 € ((A— B) — (CN
D))-E.

4.2. a) A implicacao ai >2 => 5r4+3 > 4r4+2 é¢ obtida multiplicando a primeira desigualdade
por 2r+1. Portanto sé é valida quando 2.2+1 > 0. ou seja.v > —1/2. A mancira correta
de resolver esta inequagao ¢ separar 2 casos: x > —1/2 4.x < —1/2. (Evidentemente.
nao tem sentido por x = —1/2.) No primciro caso. a solugao @ xv > -1/2 ea > 1.
logo r > —1/2. No segundo caso. para r < —1/2. tem-se 27 + 1 < 0 logo vale:

Dut +3 _ |
——— >2 > or+3<4r4+2 5 r<-l
2c+ 1

A resposta 6 .r < —1l ou 2 > —1/2. Equivalentemente: .r ¢ [—1. —1/2].

hb) As implicagoes estao todas corretas: a primeira resulta de multiplicar ambos membros
da desigualdade por «* + 1. que é sempre > 0 para todo vr. A segunda consiste em
. 9) ’ - ;

somar —2a7
‘ )
a ambos
any be
membros. Valem
M
as implicacdes
: _ ~
opostas. em , (a)— e (b)

217 AB@
ya SOLUQGOES DOS EXERCICIOS

C
4.3.5 <5 => ad<be => (at+tc)d=ad+ed < (b+d)e > 5
b+d
< d°
Analogamente
a
<
c
d >
a
b <
atc
b+d°
Uma possivel interpretacao de ate
b+ed
¢ a seguinte: na primeira fase de
ull Campeonato foram realizados b jogos com um total de a gols convertidos. O ntimero
médio de gols por partida foi ¢. Na segunda fase: 5. Média de gols por jogo no campconato
‘Ntoiro: “te
inteiro: NE
5-5. Supondo que aee -se claramente
| < 4. tem-se claramente ©| << #2
775 <~€ &5.

4.4, Como ? < 3 < 2°. temos Y¥3 = 1..... Além disso. (1.1)? = 1.33: (1.2)% = 1.72:
(1.3)? = 2.19: (1.4)? = 2.74 ¢ (1.5)? = 3.37. Logo a aproximacao pedida para V3 é 1.4.

4.5. No calculo nuinérico, quando se deve efetuar uma divisao cujo dividendo é irracional. usa-
se um valor aproximado do denominador. Se quisermos obter um grau de aproximacao
maior para o quociente. toma-se uma aproximacao melhor para esse denominador e ¢-se
obrigado a refazer a operacao desde o inicio. Se. entretanto. a irracionalidade estiver no
numerador apenas. basta prolongar a divisao acrescentando mais algarismos deciimais ao
dividendo. sem precisar recomecar tudo de novo. Compare por exemplo. as operacdes 1/ V2
e ¥2/2. Evidentemente. estamos falando de operacées efetuadas manualmente. No caso de
calculo eletrénico, nao ha quase diferenca alguina. Aqui deve-se ter cuidado apenas com
denominadores muito pequenos (em relagao ao numerador). onde uma pequena variagao
dos quais pode causar grandes alteracoes no quociente.

4.6. O ntimero 0 pertence a todos os intervalos [0.1/n].n € N. Nenhum outro nimero real r > 0)
pode pertencer a todos esses intervalos porque. dado xr > 0 podemos sempre achar n € N
tal que n > 1/r. donde x > 1/n. portanto x ¢ [1.1/n]. [Um modo pratico de obter um
numero natural n > x consiste em tomar a expressao decimal de x. desprezar a parte apos
a virgula e por n = 14+(a parte intcira de r).|

4.7. © ntimero racional representado pela fragao irredutivel m/n tem uma expressao decimal
quando existe um inteiro k tal que n-k seja uma poténcia de 10. Para isso. é suficiente que
scu denominador seja da forma n = 2°- rb5’. Por outro lado. se n é primo com 10 (isto é.
nao é divisivel por 2 nem por 5) entao ~ gera uma dizima periddica simples. Coin cfeito.
aleum multiplo de n tem a forma 99...90...0 mas. como n é primo com 10. se n divide
99...9 x 10". divide o fator 99...9. Logo podemos afirmar que n tem um miultiplo tipo
99...9. Sen-k =99...9 entao mui = at =geratriz de uma dizima periddica simples.

4.8. Como 0. 1234567... nao é periddico. trata-se de um niimcro irracional.

4.9. a) |r—1| < 4 significa que a distancia de x a 1 6 menor do que 4. Logo |a — 1] < 46
vé (—3.5) = (1 -—4.1+4 4).

as A 218
pai Se toh g ee ee MONS uC RO!

b) [r+1] <2 <a distancia de ra —1 é menor do que 2 & 2 € (—3.1) = (—1-—2. -14+2).

c) |r -—1]<|e-—5| © x esta mais préximo de 1 do que de 5. O ponto equidistante de 1


e5é¢.xr=3. Logo deve ser x < 3.
d) [wv —2]+|a—4] = 8 © (distancia de xr a4) - (distancia de x a 2)=.8. Evidentemente. x
nao pode estar entre 2 ¢ 4. Logo. ha duas possibilidades: .r > 4 ou ww < 2. No primeiro
caso xr —-2+7r—-4=8. 27 =7. No segundo caso. 2-—.r+4—-.0r = 8 1 = 1.
e) |r —2/ + )e+4] = 1. Novamente. x nao pode estar entre 2 e 4 porque neste caso a soma
das distancias de r a 2 e a 4 seria sempre 2. Se wr estiver a direita de 4. sua distancia
a 2 sera pelo menos 2. Se x estiver a esquerda de 2 entao sua distancia a 4 sera > 2.
Assim. a equacao |. — 2| + ja + 4| = 1 nao tem solucao.

a? + b? (‘ + y a+ a? + 2ab+ a? - 2ab4+
10.
) 2 2 4 9
(‘ — a
> ().
2
9 ) 2

Logo "5
2
a“ +h
( a+b
2
|
Interpretacao geométrica: A desigualdade acima significa que a parte escura na figura
tem Area ininima quando os dois pequenos quadrados sao iguais.
—--+-—-—-.---

wo
oO

38)"
wll. Se 1.4587 < xr < 1.4588 e 0.1134 < y < 0.1135 entao. multiplicando membro a membro
estas desigualdade obtemos 0. 16541 < xy < 16557. Tomando os inversos multiplicativos
nas desigualdades que envolvein y. temos

8.8105 < yo! < 8.8183.


Portanto (multiplicando estas desigualdades por aquelas que envolvem :x) resulta que

12.851 < — < 12. 864.


Y

Assim. vemos que ry = 0.165 com 3 algarismos decimais exatos e erro inferior a 1 décimo
;
milésimo. por falta. Por outro lado. , = 12.8 com | algarismo decimal exato e erro inferior
a 1 centésimo. por falta.

219 Am
‘CAPITULO 10 SOLUCGOES DOS EXERCICIOS

12. Temos .«. =o. — y+ y. logo ww < fx — yl + fy| e daft aj -— ly) < [ar -— yl. Analogamente.
yl — |r] < ja — yl. Assim. jj] — [yl] = max{}r] — [ylelyl — pri} < [ar yf.

Outra interpretagao (geométrica) do Exercicio 4.3.


Comparando as tangentes:

a c atc c Cc
C: —~ co
bh bid d

a d

10.5 Funcoes Afins


o.1. Menor do que o dobro. pois na segunda metade da corrida nao foi cobrada a bandcirada.
Algebricamente: se f(.) = ar +6 entao f(2r) = 2ar + 6 enquanto 2- f(r) = 2ar + 26.

9.2. Ao dizer que “a escala é linear”. estamos afirmando que a deslocamentos iguais ao longo da
linha correspondam acréscimos iguais nos nimeros acima dessa linha. Se wv é a distancia
de um ponto ao extremo esquerdo da linha e f(.°) 6 o nimero acima desse ponto. entao
f(r) =ar+b. Como f(0) = 17 ¢ f(8) = 59. temos b = 17 & 8a + 17 = 59. donde a = 5. 25.
Portanto f(3) = 3 x 5.25 +17 = 32.75.

5.3. Temos .V = aC' +). Sabemos que 0 = 18a + 6 e 100 = 43a + 6. Logo a = 4 eb = —72.
Seeue-se que NV = 4C — 72. Dai C = 100 => LV = 328.

0.4. Q volume \'(t) de Agua na caixa no instante t é V(t) = 1000—at. Sabemos que (6) = 850.
logo 1000 — 6a = 850 e daf a = 25. Portanto 1000 — 25¢t = 500 => ¢ = 20. ou seja. a Agua
ficara pela metacde apos 20 horas. o que ocorrera as 8 da manha do dia seguinte.

0.0. Podemos imaginar que 0 garoto comecou com um palito (vertical) e. para cada quadrado que
armou. precisou de 3 palitos. logo. para fazer n quadrados ele precisou de 3n + 1 palitos.
Alternativa: ele usou 4 palitos para fazer o primeiro quadrado c mais 3 para fazer cada
quadrado subseqtiente. Assim. n quadrados requererao 4+ 3(n — 1) = 3n + 1 palitos.

5.6. a) Um operario. trabalhando as mesmas 8 horas didérias. construiria 0 mesmo muro em


5 x 3 = 15 dias. logo 5 operarios. em iguais condigocs. fariam 0 mesmo servico em
| 5+5 = 3 dias. Se o muro tivesse 15 metros. esses mesmos 5 operarios. nas Mesmas

me A 220
FUNCOES AFINS . .- CAPITULO 10

condigoes. terminariam o trabalho em (3/36) x 15 = 5/4 dias. Finalmente. esses


5 operarios, trabalhando 6 horas por dia (em vez de 8) completariam o muro de 15
metros cm 5 X . = 3 dias (1 dia e 16 horas).
Observacao: Na pagina 19 do livro “Temas e¢ Problemas Elementares” (da colegao PROF-
MAT) ¢ apresentado um algoritmo bastante simples e pratico para resolver problemas
como 0 proposto acima.
b) As hipéteses utilizadas implicitamente acima foram de que o tempo necessario para
fazer o muro é diretamente proporcional ao numero cle operarios e ao ntumero de horas
diarias de trabalho.

c) D=k.- oy: onde 4 é a constante de proporcionalidade. Sabemos que. pondo C’ = 36.


N=3e H =8. temos D=5. Entao 5 = h- #.
a
donde k = 2. Portanto. a formula
procurada é D = lo,
3

N-H°*

5.7. a) F=k-myme/d?
b) pe=c-t
c) r=k-l/s
d) Al=k-l-At

5.8. Temos Y = 4/X. onde k é a constante de proporcionalidade. Seja VY’ = a AX = 7X. Entao
> a , . . . ~ °F ” 5 Ad 7 ~

y= =a 2Y = 80% de Y. Logo Y sofre um decréscimo percentual de 20%.

5.9. A funcao afim a que se refere o enunciado ¢ f(r) = a) + (n—1)r. onde r @ a razao de P.A..
mas o exercicio nao precisa desta formula para ser resolvido. Basta saber que f existe.

a) Esse trapézio tem altura 1 ¢ base média a;, logo sua area é 1 +a; = 4;.

b) ay +--++a, €a Area desse trapézio maior porque ele é a justaposicgao dos trapézios de
altura 1 considerados no item anterior.
c) S$ éa base média do trapézio maior porque

ajta, f(l)t+f(n) fl—5)+f(nt+3)


2 2 2
pois a funcao afim f tem a propriedade f(a —h) + f(a’ +h) = f(r) + f(a’). Como a
altura desse trapézio é n + 5 — =n. o resultado segue-se.
hope

5.10. Scja do nimcro de degraus de escada. a qual sobe com a velocidade de s segundos para cada
degrau. Ficando parada, a pessoa leva ds segundos para subir a escada. Logo. pelos dados do
problema. (d—4)s = 30 e (d—10)s = 20. Assim s = a = = € dai 30d — 300 = 20d — 100.

221 AB
Tea meee eae 9, 991 & 00s 8 I 3p 4 2! es (W410)

o que resulta em d = 20. A escada tem 20 degraus. gasta-se s = 20/(d — 10) = 20/10 = 2
segundos para subir cada degrau. Logo. 0 tempo normalmente gasto no percurso é dc
2 x 20 = 40 segundos.

9.11. Na 5@ loja. Augusto gastou metade do que tinha e ainda sobravam 22 reais. Logo entrou na
59 loja com 44 reais. Ao entrar na 48 loja. ele tinha 88 reais: na 3% tinha 176: ua 2%. 325:
na 1? 704. Augusto comecou as compras com R$ 704.00. (Supondo um s6 estacionamento
para todas as lojas. Caso pagasse o estacionamento apos cada compra a resposta seria R$
764.00.)

5.12. 25+4r+2 = 95. x = 35, 25+ 35 = 60. Com 60 anos.

9.13. A média antes da prova final é (4-2+6-3)/5 = 5.2. A nota n que ele precisa tirar satisfaz
(5.2-34+n-2)/5 > 5. Dai. n > 4.7.

0.14. Sejam 4A. Be C respectivamente o ntimero de reais que Arnaldo. Beatriz ¢ Carlos possuiam.
Foram feitas 3 transferéncias. Apos a primeira. as quantias com que eles ficaram (sempre
na ordem alfabética) foram A— B-C, 2B. 2C. Apos da segunda operagao: 24 — 2B — 2C.
2B —(A- B-C) — 2C. AC. ou soja: 2A - 2B -— 2C,. 3B —- A-C.4C. E. no final:
JA—4B-—4C,. 6B-—2A-2C. 4C —- (24 -2B-2C)-(3B—-—A-C). istoé: 44-4B-4C.
6B -—-2A—-—2C' ec 77’ — A-— B. Agora ¢ 86 resolver o sistema:

44-4B—-4C = 16
—24A+6B — 2C’' = 16

o que nos dé A = 26 reais. B = 14 reais e C' = 8 reais.


Fazer também a solucao via “trds-pra-diante’. como no Exercicio 5.11.

9.15. Sejam vu a velocidade do carro que sai de A e w a velocidade do carro que sai de B (medidas
cl metros p-minuto). Apds t minutos de viagem cles se encontram a 720m de A. Entao
vt = 720 e, chamando de d a distancia entre A e B. temos (com o mesmo t) wt = d — 720.
Eliminando t, vem: = = =2.. Seja t’ o tempo decorrido desde o inicio do percurso até o
segundo encontro dos carros. Levando em conta os 10 minutos em que cada carro esteve
parado. temos «(t/ — 10) = d+ 400 e w(t’ — 10) = 2d — 400. Dividindo membro a membro
vetac duasduae igualdades
estas tenaldadac +
resulta v= _= 3735,-
d+400 sonra rie
Comprovando. wane 755
obtemos 720. =— s7-qp9-
dt4u0 ¢ ;
Segue-se
imediatamente que d = 1760.

5.16. Seja t minimo do tempo gasto pelo pedestre para ir de Aa B. Até chegar a B, ele foi
ultrapassado por 16 trens (contando com o Ultimo. que chegou junto com ele). Este ultimo

as A 222
US (870) 0 2 oer a CAPITULO 10

trem sain de A 16 x 3 = 48 minutos apoés o pedestre. logo levou ? - 48 minutos para ir de


Aa B. Sejam va velocidade do pedestre e wa dos trens. Entao wif 48) = cf = 3h.

Por outro lado. o primeiro trem que cruzou como pedestre (na direcao contraria) sai cde
6B 22 x 3 = 66 minutos antes do trem que estava saindo de B no momento em que chegava
o pedestre. Logo. 0 tempo que aquele primeiro trem gastou para ir de Ba A foi 66 — ¢
nunutos. (Saiu ha 66 minutos mas ja cheeou ha f minutos.) Futao w(66 — ¢) = rt = 3h.

Assim. ¢ — 48 = 66 —?¢. donde t = 57 minutos e ¢— 48 = 9 minutos. Como w(t—48) = 34m,


segue-se que w= ; mren
“a — 20hm/h. A velocidade dos trens 6 portanto. 2047 por hora. A
Is
velocidade do pedestre é v = 3/t = him por MINUTO. OU Soja Zhin; j= GO fon
LV hora’

5.17. a) Desloque o grafico nma unidade para baixo.

bb) Idem wma unidade para a direita.

¢) Imagem refletida do grafico em torno do cixo ¥.

d) Duas semi-retas com origem no ponto (1.—2). Uma passa pelo ponto (0.2) e a outra
por (2.0).

ec) Duas semi-retas com origem no ponto (5. —1). Uma passa por (0. 1) ea outra por (2.0).

f) Uma figura WW. formada a partir do grafico de f. refletindo a parte que tem y < 0 em
torno do cixo X,

a) A parte do grafico que se tem vw > 0 mais a reflexao dessa mesma parte cm torno do
exo ).

h) O grafico de f. com a parte que tem y < 0 substituida pelo intervalo [5.2] do cixo NX.

5.18. a) @: b) R: ce) vr < 8/38: d) vr > |: e) vr € {1.3}: f) —3 “oy <

tel
g)r=+3:h) re [5.1 U[g.+x).
5.19.

5.20. [8/3.+x).

9.21. a) O angulo reto com vértice no ponto (3.2) e lados passando pelos poutos (—1.0) e (4.0).

b) As semi-retas horizontais S = {(r.—2):r < -1l}e S'= {(.r. 2). > 1}. justamente com
oO seginento de reta que liga os pontos A = (—1.—2) a B = (1.2). os quails sao as origens
dessas semi-retas.

5.22. a) O quadrado cujos vértices sao os pontos -~A = (1.0). B = (0.1). C = (-1.0)e D=
(O.—1).

223 A BF
b) As duas retas y=aw+leysu-1.

5.23. a) No intervalo |0.3). 0 grafico coincide com o da fungao y = 4r. No intervalo [3. +2). ©
erafico ¢ o da funcao y = 3. 6.r.

b) Se fir) é 0 preco de wv quilos. pede-se o grafico da fungao m(.r) = f(.r)/r. Para 0 <u <
3. m(ar) & constante. igual a 4. e para xv > 3. (pois 2’ > 3) portanto f(r’) = dr = f(r).

5.24. a) O consumidor paga 12 reais pelos trés primeiros quilos e 3.6 reais por cada quilo a seguir.
Se f(r) @ 0 preco de x quilos entao f(r) = 4r para 0 <r < 30 f(r) = 124+ 3.6(r — 3)
para wv > 3.

bh) f(r)/r=4 para0Q<r<3e tether = 3.6+ us para wv > 3.

4 mT
3,6 parse cme
:
meee

c) 124+3.6(r —3) =15 => r=3.83 kg.

5.25. Se f(r) 6 o imposto a pagar para uma base de calculo de vw reais temos f(.) = 0 se
0 <r < 900. f(r) = 0.1527 — 135 para 900 < 4 < 1800 ¢ f(r) = 0.25. — 315 para wv > 1800.

900 1800

5.26. a) As parcelas a deduzir sao (0). 1320. 3207.6 e 17468. 1.

b) 0.26 -5000 = 1300.


c) Nao.

4 224
‘CAPITULO 10

d) Em cada faixa de renda. devemos ter ar — p = bir — q) = br — bg. para todo wv. Ou
sejar b= aeq=7. Assim:

e@ Até 8800: b = 0. qg arbitrario


De 8800 a 17160: b = 15%. g = 8800
e De 17160 a 158450: b = 26%. g = 12336. 92
e Mais de 158450: b = 35%. g = 49908. 86.

Inicialmente. caleulamos o IR nos pontos de mudanca de faixa:

Renda LR
8800 0
| 17160 | 1254,24
158450 | 37983.40
Logo. um IR igual a R$ 20.000.00 ¢ pago na faixa de tributagao de 17160 a 158450. A
renda correspondente satisfaz 0. 26.7 — 3207.60 = 20000. on seja. 6 igual a R$ 89.260.00.

27. a)
0.10n. sel<n< 19:
O.08n. se 20 <n < 49:
0.06n. sen > 50.

2() 0

by) A distorcao consiste no fato de que é mais barato fazer. por exemplo. 20 cépias (RS
1.60) do que 19 cépias (R$ 1.90). Uina escala mais razoavel seria:

e ().10 por cépia. pelas primeiras 19 cépias.


e 0.08 por cépia adicional. até 49 cépias.
e ().06 por cépia adicional. a partir da 50 cépia.

.28. a) Procuremios, separadamente. as solucoes . > 2c as ur < 2. Sew > 2 a equacao dada é
r—2 = 2x — 1. logo r = —1. Portanto nao ha solucoes x < 2. Ser < 2 entao temos
2-7 =29r—- 1. logo x = 1. que é menor do que 2. Portanto a solucao 6 w = 1.

225 AD
‘CAPITULO 10 2. a. SOLUCGES DOS EXERCICIOS

b) Novamente. separamos os casos. Se 3x — 6 > 0 (isto ¢. se r > 2) entao a equagao é


3u — 64 + 3. donde + = 4.5. uma boa solucao. Se 3x — 6 < 0 (ou seja. 2 < 2) entao
ficamos com 6 — 3x = 3. donde r = 3/4, que também serve, pois 3/4 < 2. Portanto a
equacao dada admite duas raizes: 9/2 e 3/4.

Se x > 2 entao temos x — 2 = xr — 3, sem solucao. Se x < 2. ficamos com 2 —.r = xr—3
e dai. = 2.5, que é maior do que 2. Logo a equacao dada nao tem raizes.

».29. a) Sea<a<c. f(x) = $ld-ce-xtet+r—d =0.


Secsac<d. flv) =$ld-c+txr—c+2r-d =a(r—-c)
Como f(d) = D temos a(d — c) = D. ou seja. a = 2
Sed<ur <b. f(r) = $ld-ce+ar-—c-2r+d
O segundo caso é analogo.

b) Se a fungao poligonal f : [a.b] > R é afim em cada um dos intervalos [t;_;.¢;]. com
a=fo
< fy) <-- < t, = b. afirmamos que f = c+ y; +--+ + Yn. onde ¢ = f(a)
e cada ¥; la.b] — R é a fungao-rampa igual a zero no intervalo |a.t;_;] e igual a
f(ti) — f(t;-1) no intervalo [t;. b]. No caso da fungao f cujo grafico é a Figura 24. temos
c=O0e f=y1t+~o+ ¥3. onde as fungdes-rampa 1. 22. 23 tém os seguintes graficos:
a

aii
w

'
i
a yN .
» 4 _ 4 er lUM

> Aa. >, \


wv wv
-] ! .
| !
’ i

a
ww wr

a. »
wa —

c) A primeira observacao resulta imediatamente dos item a) e b). Quanto a funcao f da

MS 44 226
bE ON 06) caf 5 PLB) Lb (OF. teat ie cr a ae ‘CAPITULO 10

Figura 24. 0 ftem a) nos diz que

pile) = 5(1+ bet l =le


pal) = 5(1 + bel = |= 1)
© palr) = 5(1 + |r 1) — |r)
Portanto

fv) = pale) + vale) + yale) = 5(3 = Qlal + 2 — 1] + fe + 1) = |e = AD),


1.

5.30. Seja f(z) = er + b; — a), sendo r, e€ ry as razoes das progressoes (a1. d2..... a,) e
(bd), by,....b,....). respectivamente. A funcao f ¢ afim e f(a,) = aly +b) - ay =
re (dy — a1) + by = é[(n — 1)rg) + 6) = b) + (n — 1)ry = by.

A unicidade é obvia pois s6 existe uma funcao afim f tal que f(a,;) = b; e¢ f(a2) = by.

o.o1. Para r quildmetros. A cobra 100 + x reais e B cobra 200 + 0.82 reais. O prego de B sera
menor que o de A para 200 + 0.827 < 100 +r. ou seja, para xr > 500.

Para quilometragem supcrior a 500km. B é mais vantajosa.

Para quilometragem inferior a 500km. A ¢ mais vantajosa.

9.32. A afirmacao feita decorre o fato de que. para n € Z. tem-se n- x racional se, ¢ somente se.
x éracional. Evidentemente, a funcao f nao é monodtona.

0.33. Para todo r € R, como sen [2z(a2 + 1)] = sen (277). segue-se que f(r +1) — f(a) = =7.
portanto a seqiiencia f(r). f(z+1)..... f(w+n).... @ uma progressao aritmética de razao
7. A mancira mais rapida de ver que f é crescente é usar o Calculo Diferencial. A derivada
de f é f'(x) = 7+ 27 -cos(ax). Como |27 - cos(wr)| < 27 < 7. tem-se f’(.v) > 0 para todo
r. logo f é crescente.

10.6 Funcoes Quadraticas


6.1. A funcao procurada é f(x) ='a(2 —m)* +k. Cabe-nos achar os valores de a, m ¢ k usando
os dados da figura. Em primeiro lugar. a ordenada do vértice da parabola é 9 — 8 = 1.
logo f(r) = a(x —m)* +1. Como a figura ¢:0 grafico de uma funcao quadratica. 0 eixo da
parabola é paralclo ao eixo y do sistema de coordenadas que esta subentendido no enunciado
do problema. Assim. num novo sistema de coordenadas (X.Y) onde o eixo Y coincide com

997 A iw
“ay trv. SOLUCOES
DOS EXERCICIOS

o eixo da parabola c o vértice da mesma tem coordenadas (0.0). a equacao da parabola


sera Y = aX?. como mesmo coeficiente a. Pela figura. vemos que Y = 2 = Y =8 logo
8 = a-2? e daf a = 2. Assim. a funcao que buscamos é do tipo f(.r) = 200 — my)? 4 1.
Olhando novamente para a figura como grafico de f no sistema de coordenadas original.
vemos que f(1) = 9. Isto nos diz que 2(1 — m)? + 1 = 9. Esta equagao mostra que m = 3
oum = —l. Mas m é abscissa do vértice. 0 qual esta a esquerda do ponto (1.9). Logo
deve ser m = —1. Assim. a funcao quadratica procurada ¢ f(r) = 27 + 1)? + L. ou seja.
f(x) = Qa? + dar +3.

6.2. a, <Q. ag > 0 e a3 > O pois a primeira esta com a concavidade para baixo as outras estao
com a concavidade voltada para cima. c; > 0. ¢2 < 0 e ¢3 > 0. pois ¢ = f(0) ea primeira ¢
a tercciva parabola cortam o cixo vertical em sua parte positiva e a segunda o faz na parte
negativa. Coro a abscissa do vértice é — 2. a eb tém sinais iguais quando a abscissa do
vértice 6 negativa ¢ tém sinais contrarios quando a abscissa do vértice ¢ positiva. Portanto
aeobtém sinais contrarios na primeira e na terceira parabola e tém sinais iguais na segunda
parabola. Logo. b) > 0. bo > 0 e bg < 0.

6.3. a) f(r) = a? — 8 +23 = 2? — 8r +1647 = (r — 4)? +7. Nao ha raizes reais. 0 cixo de
simetria ¢ a reta = 4 eo valor minimo é 7.

b) ‘
f(a) = 8r- 22? = —2(a*
>
— 4a) = -2(a? —4r+4—4)
C ‘ : “yf xe. ‘ .. !
= 2[(r

- 2)? —4) = —2(r—2)°
, . 2 é . ‘ 2
+8. .

© ecixo de simetria ¢ a reta x = 2, 0 valor inaximo é 8 e as rafzes sao os valores para os


. y\2 . . ‘ ‘ s - ~ ae
quais (rv — 2)- = 4. ou seja. x — 2 = +2. As raizes sao vr; = 4 ero = 0.

6.4. Uma homotetia (semelhanca) de razao k (ec centro na origem) transforma o ponto (..y)
no ponto (X.Y) ” o
= (Aw. Ay) ¢ transforma a parabola y = ar?
— ye 8 QVC WY) « 8 ard . — : 2
na parabola
. ayyeat ‘
£ =
Y —
(¢)". ou
w -

‘ , we , , ’ 2 ~ 4 ~
scja. Y = aX. Portanto. as pardbolas y = ar? e y = ay,.* sao scmelhantes e a razao
de semelhanga é 4 tal que a; = {. ou seja. k= _ Logo. as parabolas do problema
sao semclhantes entre si. Como qualquer parabola pode ter equacao da forma y = ar’.
~ e rl ; : “7... ™ . / _')

bastando para isso escolha convenicntemente o sistema de cixos. conclui-se que quaisquer
cluas parabolas sao semclhantes entre si.

6.5. Trace a bissetriz do primeciro quadrante. Isso pode ser feito porque nao depende da escala dos
eixos. O ponto de interseccao (distinto da origem) da bissetriz com a parabola é (0.5: 0.5).
Dobre a abscissa desse ponto ¢ vocé obtera a unidade procurada.

6.6. O vértice da parabola y = 1° — 4a + 3 é (2.—1). que corresponde ao ponto mais baixo do


- * . , ) ? ‘ ‘ / a _ - eo _ i? :

orafico. E claro que quanto mais afastado do vértice estiver wn ponto. mais alto ele estara.

A 228
FPUNCORS QUADRATICAS <7 ‘CAPITULO 10

Em [1,4]. 0 minimo ocorre em 7 = 2 e é igual a —1: 0 maximo ocorre em wr = 4 ¢ é igual a


4? —~ 4-443 =3.

Em [6.10]. o minimo ocorre em x = 6 e é igual a 6° — 4-6+3 = 15: 0 maximo ocorre em


r= 10 e é igual a 10° —-4-104+ 3 = 63.
, >] ‘ o6

| oak ~ faryptarye\2 etre


6.7. a) Provemos inicialmene que. ser; 4 22. entao (FE )" < “=. Ora.

9 2 2 oO ‘. 2 2
V+ 05 Py +22 Vy — Quy + v5 Vy WL 5s ()
2 2 7 4 - 2 |
ser, Fy.

Se .r, #4 ry ca > 0 entao

frytre\ (ater - rts

2
eb pe mtr
+o<q+—# Pp (4% 2)
2 2
(ary + bay + 6) + (arg + bay + ¢) — flair) + flr)
= = 5 .
NO

b) Provemos inicialmente que. se 1, 4 we 0 < a < 1. entao far, + (1 —a)re]? <


ary t(l—-a ne
Ora. aaz
+ (1 —a)r5— [ary
+ (1 — a).r2]?= (@ — a7) = 2a(1 — a)ayy
+ (a — a7 ).05
a(l—a)[ry- - >Osery FryocO<a<l.
Ser, #ry0<a<lea>O. flar, + (1 —a).re] = afar, + (1 —a).ry)* + blaxr, + (1 -
a)rg] +e < alarit+ (1—a)r3} 4 blar,) + (1—a)are] +¢ = aar?
+ abr, +ac+(l—a)ar3 t+
(l-—a \brs +(l-—a)e=af(a,) +0 -—a)f(r2).

6.8. Solugao 1

Sea = 2p4+1.b = 2gt+lec = 2r4+1 entao b? — 4ac = 4q(g41) — 16pr — 8p —8r —3. Observe
que g(g + 1) @ um produto de dois intciros consecutivos e. de dois intciros consecutivos.
sempre um deles é par. Entao 4q¢(q +1)é multiplo de 8. também é multiplo de 8 o numero
—16pr — 8p — 8r. Logo. b? — 4ac é 3 unidades menor que um miultiplo de 8. ou seja. é um
numero que dividido por 8 da resto 5. Se um utimero dividido por 8 der resto 0. 1, 2. 3. 4.5.
6. 7. seu quadrado dividido por 8 dara resto 0. 1. 4. 1. 0. 1. 4. 1. respectivamente. Nenhum
quadrado perfeito da resto 5 quando dividido por 8. Logo. 6? — dace nao é quadrado perfeito
e as raizes nao podem ser racionais.

229 ‘A
CAPITULO: 10 Se ee E | ©) 701 ©: 0) 1-9 BB «P42
0) (0) (01:

Solucgao 2
Suponhamos que a equacgao ar + br + ¢ = 0 adimita wma raiz racional. Seja & a fraccao
‘ ~ ) . . . m4 . ’ ~

wg
iredutivel que ¢ igual a essa raiz. Como 7 satistaz a equagcao. subsitutindo ¢ simplificando
obtemos ap> + bpqg + cq?
2 *)
= 0. Os nimeros
,
pe gq nao podem
~
ser ambos pares. pois , é
. ,

irredutivel. poe q nao podem ser ambos fimpares. pois a soma de tres ntmeros finpares.
ap + bpg + eq7. nao pode ser igual a zero. Entao wm dos ntimeros peg @ par ec o outro é
) \ ) ~ oo . . : . ~ , a : , ; : °

. - ‘) ) ~ .
finpar. Nesse caso. dias das parcelas de ap? + bpg + cq? serao pares © a outra sera ee fimpar. 0
LG LG , . ‘) )
que fara com que a soma scja finpar. Isso 6 absurdo pois apr + bpg + cq = 0.

6.9. a) n+l. Cada nova reta que se traca comeca criando uma nova regiao e@ Cria Wnia nova
reeiao apos cada intersecao com cada uma das n retas ja tracadas.

b) Ryay = AR, tn +1. Como R,2) — Ry, = n+ 1 forma uma progressao aritmética. R,, é
dado por nna funcao polinomial do segundo grau em n.

,, =(/?,, — R,_1) + (7? — R,,—2) foe ee ft

+ (Ry — Ro)+ (Ro—-— Ry) + PR,


=u +(n—1T)+---+3+4+24+2%,
(nn +2)(n
- 1)
?
a 244 —2
+n—2 >.

6.10. Cada nova circunferencia que se traca intersecta cada uma das circunferénecias ja tracadas
em 2 poutos @. apos cada intersegao com cada uma das nm circunferéncias ja tragadas. cria
uma nova reglao. Logo A,.; = Ry, + 2n. Dai

R =(22,,, _ R,-1) + (Ry-4 R,,2) Forte

+ Ut, — Ro) + (R2- Ry) +R


~ - =2(n — 1) 4+ 2(n-—2)4+---+44+2+R,
- 2(n—1) + 2)(n -1 ; ; |
~ _[2(n = IC ont ern $2.

6.11. Seja f(t) a posicao. em metros. no instante ¢ segundos.


Temos f(t) = sate +bht+ec. Como f(0) = 17. f(10) = 45 e f(20) = 81. obtemos o sistema
e= 17
| | 4 co, . 50a + 20b = 28
50a + 10b+¢= 45 . Substituindo c = 17. obtemos | —. subtraindo
| | ; 200a + 20b = 64
?200a + 20b 4-¢ = 8]
da segunda equacao o quadruplo da primeira. obtemos —20b = —48. b = 2.4.

Bf 230
FUNCOES QUADRATICAS : CAPITULO 10

Substituindo. resulta a = 0,08. Temos f(t) = 0.04¢? + 2. 4t + 17.

Dai. f(5) = 30. f(15) = 62 e f(25) = 102.

6.12. Se f(t) 6 a posicgao no instante ¢t. temos f(0) = 0. f(1) = 30. f(2) = 55. f(3) = 75. Sea
forca for constante, f(t) = at? + bt + ¢

c=) c=0 c=0


a+b+c= 30 a+b = 30 a+b = 30
da+26+¢= 55 da+ 2b = 55 2a = —5
Ja+ 3b+c¢= 75 9a + 3b = 75 6a = -15

qa=—-2.5 §6=32.5 c=0.

a) Como o sistema tem solucao. os dados sao compativeis com a hipdtese da for¢a cons-
tante.

b) f(t) = —2.5#* + 32.5t. Daf. f(5) = -2.5- 25+ 32.5-5 = 100. Esta a 100m do ponto
onde comecou a frenagem.

c) A velocidade ¢ f(t) = 2at + b = —5t + 32,5. A velocidade ¢ nula quando t = 6,5. O


vefculo demora 6.5 segundos para chegar ao repouso.

d) f(0) = 32.5 miseg.

6.13. a) (r—27y)? + (m—we)P He + (8 ty)? = nae? — (a) + erg te + tay )ut (ap targte +27)
éminimo para r= —# = Steetettn |

b) Suponhamos que x, < ry < +++ <r,. A fungao f(r) = |r —a,|+lr—zre]+---+]r—2,,|


¢ uma fungao poligonal. cujo grafico é formado por segmentos de reta tais que dois
seginentos consecutivos tem um vértice em comum. Para wv < .,. todos os valores
absolutos sao iguais a |x; — .r|: portanto. a inclinacao do grafico é igual a —n, para
re<ory. Para vy, < x < ry. o primciro valor absoluto é igual a |.c; — x}. sendo os
demais iguais a | — 2;|. para? = 2..... n. Logo. a inclinagao é igual a —n + 2. neste
intervalo. Quando n é fimpar. a inclinacao troca de sinal (passando de -1 para 1) no
ponto mediano .¢,,41)/2: logo. a fungao assume seu valor minimo neste ponto. Quando
n ¢ par. a inclinacao é nula no intervalo [7,,/2..%,/2)41]: logo. f(27) 6 minimo em cada
ponto deste intervalo. Os graficos abaixo ilustram estas duas situacoes.

231 AR
SEA aE ET eS
WE eh e o aa
TRL ee Pear er
On ae ee
Verranee eee merase A,
CF) PS)0 OB) wee
7
Gea Yy
OF, GO G8rn

6.14. a) Se os lados sao wv e y (inedidos em centfmetros). temos. pela semelhanca dos triangulos
.
brancos. 60 4 = pe. Dai.- 3 + 4y = 74
240 © y = 60; — 3a.
. AA area
we a é@ ory = 2(60
AR - +0)
. =
SOQ-—ur~

~ a + 60.r e 6 maxima para w= — +. = 40. Nesse caso. y = 30. O retangulo da maior


: ) 2 2 , . / : 7 . . ‘ . . a . . .

Area tem lados iguais a 40cm e 30cm e area igual a 1200 cm’.

hb) Na segunda figura. seja x o lado do retangulo apoiado na hipotenusa e y o outro lado.
A altura do trianeulo
o
retangulo 6h — &a = «80
~100_
_— 480m. Usando semelhanca de
triangulos. temos 75 = wt . Dai. y = ——. A area do retangulo 6 ry =
+5 . r 48( 100-2} ; a ; a 48r( 100-2)

cujo Valor maximo ocorre para w= “s0em. com area igual a 1200cem?.

A conclusao é que os dois modos de apoiar 0 retangulo sobre um dos lados do triangulo
conduzem a triangulos com a mesina area maxima (igual 4 metade da area do triangulo).
E possivel demonstrar que. caso o retangulo nao se apoie sobre umn dos lados. sua area
sera menor que esta metade. Assim. para obter retangulos de area maxima ¢ realmente
necessario apolar um de seus lados sobre 0 contorno do triangulo.

6.15. Se os lados sao xe y. temos 2.r+y = 80. y = 80-2. A érea é ry = 2(80—21r) = — 20° +8020
e deve ser maxima. Devemos ter xr = — 2 = 202. Daf. y = 80 — 2-20 = 40. A cerca deve
ter os lados perpendiculares ao rio medindo 20 metros e o lado paralelo ao rio medindo 40
Metros.

6.16. No instante t. we est em (0.t) e P esta em (2t — 2.0). . \ aistanch PQ satisfaz PQ? =
(2t — 2)? + #? = 5t? — 8t +4. PQ serd minima “anh (PQ)? o for. Isso ocorre no instante
t=-~=0.8. Para b= 0.8 teres PO! =().8e PQ= a § = 2y5.

cert + y" =a? + (EY) = Sr? — 349 serA minimo. para vw = —+2a = 1,44. Neste caso.
9 +) 7] J! yr 2
6.17.
Q _ ’ soe . 4: ° .

4 a: 2
y = 1.92. O valor minimo procurado é 1, 447 + 1.92? = 5. 76.

Outro modo:

as 232
Cc aE ee ae Rec ee aR Re Sa CAPITULO 10

N
=>
e

12

Se.r+4dy = 12. 0 ponto (x.y) pertence a reta desenhada. x? + y* © 0 quadrado da distancia


do ponto (xv. y) a origem. x? + y? sera minimo quando © ponto (.v.y) for o ponto da reta
situado mais proximo da origem. isto é. quando o ponto (r.y) for o pé da perpendicular
baixada da origem A reta. Nesse caso. o valor minimo de x? + y? sera o quadrado da altura
relativa a hipotenusa do triangulo retangulo formado pela reta com eixos coordenados. Os
catctos sao 3 e 4. a hipotenusa ¢ 5 ¢ a altura hh satisfaz ah = be. 5h = 344 = 12. h = 2.4 0€
» 29 —
a resposta ¢ h- = 5. 76.

6.18. Se x passageiros ocupam os lugares. a receita da empresa 6 800.27 + 10(100 — 7) = —1027 +


180027. A receita sera maxima para w= —+ = 90

6.19. Reduzindo t reais no preco da caixa. ele vendera 300 + 40t caixas a 20 — ¢ reais cada.
arrecadando R = (300 + 40t)(20 — t) = —40t? + 500t + 6000. A receita sera maxima se
t = —4+2a = 6.25. O preco deve ser 20 — 6.25 = 13.75 reais para que a receita scja maxima.

6.20. Se o preco unitario é p, quem compra wz balas paga. sem desconto. pr Com desconto 0 prego
pago
aon
¢A pr(1 — 7a) = pr — qe
nr) — 2.) — ay — 272

O grafico do prego pago em funcao de wv é¢ um arco de parabola.

f
~

-_—e =e ew
wm we

ai s

40 50 6O X

233 AZ
CAPITULO 10 oye .SOLUCOES DOS EXERCICIOS

Todos os que compraram entre 40 (inclusive) e 50 balas poderiam obter mais balas pelo
mesmo preco. A resposta é Daniel.

6.21. Reduzindo t reais. sao vendidos 300 + 100¢ ingressos a 9 — t reais cada ec a receita é de
(300 + 100t)(9 — t) = 100(—t? + 6t + 27) reais. A receita sera maxima para ft = —+~ = 3.0
preco deve ser 4 reais.
‘f
a

6.22. O vértice da parabola y = 21x — x7. que é 0 ponto mais alto do grafico. 6 um ponto de
abscissa v= —2 = 10.5. Quanto mais perto do vértice estiver o ponto. mais alto estara.
Como nr deve ser inteiro. os pontos de abscissa inteira que estao mais proximos do vértice
sao n = 10 en =11. Em ambos, o valor de 21n — n* é 110.

6.23.

| A

KAY
6.24. a) x? — 5a +6 = 0 equivale a 7 = 2 ou x = 3. O conjunto é formado pelos pontos de duas
retas verticals.

b) Parabola.

6.25. Fazendo x? = y, obtemos y? + y— 20 > 0. Daf. y < —5S ouy > 4. isto 6. 2? < —5 ou a? > 4.
A primeira alternativa é absurda. Logo. x? > 4. 27 —4 > 0. A resposta 6 r < —2 our > 2.
e . ° , ) ‘ ‘ 2 ‘

c= f(0) c= f(0)
6.26. atb+c=f(1) 3:4 a+b= f(1)—- f(0)
da+2b+c= f(2) da + 2b = f(2) — f(0)

c= f(0)
a+b= f(1)— f(0)
2a = f(2) — 2f(1) + f(0)
Dat. ¢ = LAOH) py — LHOHS)-F2) FQ),

6.27. Se o quilo custa 12+t reais, serao vendidos 10 — 5t quilos e a receita sera (12+t)(100—5t) =
—5t? + dO¢t + 1200 reais. A receita sera maxima para t = —2Qa = 4. O preco deve ser 16
reals.

mt A 234
FUNCOES QUADRATICAS -- . .. . 7 , - CAPITULO 10

6.28. Se os lados sao 3t e 4t, 0 imposto ¢ 7 - 3t - 4¢ + 2500 — 60+ 14t = 84? — 840t + 2500 e
sera minimo para t = —3b = 5. Os lados devem medir 15 ¢ 12 metros. O imposto de
84 -5° — 840-5 + 2500 = 400 reais.

6.29. Uma forma de resolver o problema ¢ designar por .. um dos lados do retangulo. cujo pe-
rimetro € expresso, entdo. pela funcdo f(x) = 2 (4+ oy. Normalmente. 0 valor minimo
de f é obtido através do uso de Calculo. assunto normalmente nao conhecido pelos alunos
do Ensino Médio. Alternativamentec. designemos por 2p o perimetro. Os valores possiveis
I+
Yy =p
de 2p sao aqueles para os quais o sistema tem solucao ou. equivalentemente.
ry=a
a equacao r(p — xr) = a (ou seja. x — pr + a = 0) tem solucao. Deve-se ter. portanto,
~ . 9) _ ~ _

p* — 4a > 0. isto é. p > 2,fa. Logo, o valor minimo do perimetro é 4,/a. Dobrando su-
cessivamente a base x e dividindo a altura por 2. obtém-se retangulos com perimetros tao
grandes quanto se queira e mesma area.

6.30. Tem-se y = x se e somente se y? = x e y > 0. Logo. o grafico de y = Vr é formado pelos


pontos da parabola y? = x situados acima do cixo dos .v ou sobre ele.

&
a

6.31. Chamando ,/z de y. obtemos a equacao de segundo grau y+m = y’. ou seja. y> —y—m = 0.
Essa equacao em y terdé duas raizes reais diferentes quando seu discriminante A = 1 + 4m
for positivo. ou seja, quando m > ae Cada raiz em y que seja maior que ou igual a zero
dard uma raiz para a equacao em vr e cada raiz negativa da equagao em y é igual a —mea
soma das raizes da equacao em y é igual a 1. Portanto:

i) m > 0. A equacao em y tem duas raizes de sinais contrarios.

ii) m =0. A equacao em y tem uma raiz nula e uma raiz positiva.

lil) —+ <m<0. A equacao em y tem duas raizes positivas distintas.

iv) m= —i. A equacao em y tem duas raizes positivas iguais.


v) m <—+. A equacado em y nao tem raiz real.

935 A Be
BOCs TOde ti me MMR MCRRS A RCRcCS
tare ot et Se Seniee MEET 1 G1 OL 0) Me COME OP, 4 216) O16)

Logo:

a) m o> 0. A equacao em wv tem uma unica raiz.

bh) ~ <<. A equacao em .r tem duas raizes.


c) m= -t. A equacao cm or tem uma tnica raiz.
d) mo< a

— I1 N¢ equlacao cin wv nao tem raiz real.

6.32. Sed éo diametro. o perimetro ¢ zd e a area 6 zd O preco de A é@ a = 5xd? 4+ lord + 200 ¢


o preco de B é 3 = 4. 57d? + 207d + 600. sendo d > 0. A é mais vantajosa quando 4— a =
-0. 5rd? + 57d + 400 > 0. Este trindmio tem duas rafzes de sinais contrarios: ddeve
d estar
compreendido entre elas ¢ ser positivo. Logo. devemos ter 0 < d < 5+ ,/25 + a = 21.72
WMetrvos.

Na outra situacao. a = 4. 5rd? + 207d + 400 e 3 = 5rd? + 107d + 150. A é mais vantajosa
quando .3—a = 0. 5ad* — 10z7d—250 > 0. Este trindmio tem duas raizes de sinais contrarios:
. \ . - ) ae - . * . - yp ts — ,

deve ser exterior ao intervalo das raizes e ser positivo. isto é. d > 10+ \/ 100 + = 26.10
mctros.

6.33. S = ar + by = ar t+ = Os valores de S sao positivos quando .« > 0 e wenn’ quando


<Q. temos ar? — Sr+be = 0. O discriminante deve ser maior que ou igual a 0. Portanto.
—dabc > (0. Daf. S > 2Vabe ou S < —2Vabe. Para. > 0. 0 menor valor de S é 2Vabe.

6.34. Sejam |. c. h as dimensodes. em metros. do buraco. Devemos ter 1+ ¢-h = 300. O custo é
= 10¢ = 30h = 10¢+ oe Como c > 0. temos y > 0. Temos 10? — ye + 9 = 9000 =
© discriminante deve ser maior que ou igual a 0. Portanto. y? — 260000 > 0 e. como y > 0.
y > 600. O custo minimo é 600 reais. Se y = 600. 10c? — 600¢ + 9000 = 0 e ¢ = 30 metros.
Se ¢ = 30. kh = 10 metros.

6.35. Um empresario entrou com o capital x e trabalhou 2 dias por semana: o outro investiu
LOO —.r e trabalhou trés dias em cada semana. Seus lucros foram respectivamente 99 — vr ¢
99 — (100 — .r) = r — 1. O Incro de cada um por dia de servico ¢ (99 — .)/2 e (r — 1)/3.
Cacda real aplicado rendeu. por dia de servico. o lucro
99 — x rai
Qa 3(100 —.r)

a igualdade traduzindo a equitatividade da sociedade. Simplificando. chegamos a equacao


rv — 595.1 + 29.700 = 0. cujas raizes sao 55 e 540. Como 540 > 100. 0 valor de wr que
responde a questao é .r = 55. Portanto um sdcio entrou com 55 mil reais e outro com 45
mil.

as A 236
CAPITUL« .

OBSERVACAO.

1. Se chamarmos de xr o capital investido pelo s6cio que trabalhou 3 dias por semana,
teremos
99-7 r- 1

30 2(100 — x)
o que levara A equacao x? + 395xr — 19.800 = 0. cujas raizes sao 45 e -440. Como o problema
nao comporta resposta negativa, devemos ter x = 45 e o outro sécio entrou com 100—27 = 55
mil reais

2. A primeira solugao ¢, do ponto de vista didatico. preferivel porque mostra que as vezes
a raiz que nao serve pode também ser positiva.

3. Ao resolver este problema deve-se ter o cuidado de observar que 99 mil reais nao é o
lucro de cada empresério e sim a soma do capital que ele investiu mais o lucro.

6.36. Se a velocidade da corrente é v. os tempos gastos sao 3, horas ¢ = }2 “ye f\ ‘


horas.
ype
e+
120
7575 = 2:
SL = *)-

a
I1O—Aee
= 2: 120 — 2v = 144 — 0: 0? — 20 — 24.=0.
‘ ‘ 4: ‘ 2 ‘ ‘
A tinica raiz positiva ¢ 6. A velocidade
, : : . *, 0 ’ . .

da corrente 6 6km.h e os tempos sao 12 18h = 2 3h 40 mim (a favor da corrente) e


1h20min (contra a corrente).

6.37. Com xv alunos. a parte de cada um seria 405/17 reais. Com .r — 2 alunos. cada um dia daria
405/(r — 2) re ais. Entao a = + 1.2. Eliminando denominadores ¢ simplificando:
r? — 2r —675 =0. A tinica raiz positiva desta equacao é 27. Logo a turma tinha 27 alunos.

6.38. Os pontos do grafico sao da forma P = (.°..77). Pela definicdo de parabola. a distancia PF
deve ser igual a r? + f. que é a distancia de P a reta y = —t. Tomando os quadrados temos
PF = (x? + (x? —t))? = (x? + 1)?. Efetuando e simplificando obtemos imediatamente
t=1/4.

10.7 Funcoes Polinomiais


7.1. Se P(r) = aya" +ay,_yr" ++ +-+a,et+ay. coma, 4 0e pl.r) = Dt? +b, rely. + bp rth.
com 6, # 0. tome go = pear? P(r) — p0r)qo(.c) = (ay_-1 — re by) +--+ tem grau no
maximo igual an — 1.

Pondo P(.v) — p(a)qo(a’) para deseinpenhar o papel de P(.r). vemos que existe um polinémio
qy(.r) tal que P(r) — p(r)qo(2) — p(r)q (ir) = P(r) = p(r)igo(7)+q1(.r)] tem. no maximo, grau
n — 2. Prosseguindo. vemos que existe um polindmio g(r) = {go(.e) + qi(e)] #-+ + + dn—p(1)

237 AE
‘CAPITULO 10 | | Lo, | SOLUGOES DOS EXERCICIOS

tal que P(r) — p(r)q(r2) tem grau. no maximo, igual a p— 1. Chamando P(.r) — p(r)q(r)
de r(.v). esta provado o que se queria demonstrar.

7.2. Se P(r) = p(r)q(x) 4+ ri(2) e P(x) = p(x)qo(.r) + ro(r) com os graus de rj (.r) ¢ de ro(.r)
ambos menores que o grau de p(.r), temos, subtraindo. p(.)[qi(.r) — glr)] = re(r) — rite).
Se qi(7) — g(a) nao for identicainente nulo. o grau do primeiro membro sera igual a ou
maior que o grau de p(x). ao passo que o grau do segundo membro sera menor que o grau
de p(r). Logo g(r) — go(r) @ ideuticamente nulo. ou seja. qy(r) = gor). Substituindo.
obtemos 0 = ry(7) — 71 Cr). ou seja. 7) (x) = ra(.r).

7.3. a) Se a @ raiz simples de p(.r) entao p(r) = (2 — a)g(r). com q(a) 4 0. Dai. pla) =
(a — a)g(a) = 0 e¢. como p’(.r) = (r — a)'g(r) + (x — add’(r) = giv) + (rv — add’ |i)
p(a) = q(a) £ 0.
hb) Se pia) = Oe p'(a) # 0. entao p(x) = (r — a)g(ir) pois a é@ raiz de p(.r) e. como
p(x) = (x — a) q(x) + (v@ — a)q! (x) = g(x)+ (r — a)d’(r). gla) = p'(a) ¥ 0.

c) Sea éa raiz dupla de p(x) entao p(x) = (rx — a)*q(.r). com g(a) # 0. Daf. pia) = (a -
a)q(a) = 0 e. como p'(x) = [(a —a)?]/g(x) + (av — a)?’ (x) = 2(r 0 ma ry)t(r—a)?q' (2)
e p"(x) = 2q(r) + 4(r — a)q'(x) + (a — a)? q"(r). p'(a) = 0 € p"(a) = 2q(a) £0.
d) Se p(a) = p'(a) =0 ce p"(a) 4 0. entao p(.r) = Cr —a)g(r) pois a é raiz de p(.r) e como
pv) = (r-a)'q(r)+(r—-a)q'(r) = q(v)4+(2—-a)q'(r). g(a) = p'(a) = 0: logo a é raiz de
q(.r) e portanto. g(r) é divisivel por (r—a). o que garante a existéncia de um polinémio
q(x) tal que q(r) = (vw —a)qi(x). Entao p(r) = (r — ajg(r) = (m7 — a) +(e a)g (xr) =
(r—a)*q (x): como p’(r) = [(r—a)?]'q
(7) +(r—a)?
gi (vr) = 2(r uM ir) +(r—ayg Cr)
ep" (r) = 2qi(x) + d(x — agi (x) + (w@ — a)? (7). p"(a)= 2q(a). gla)= Sp"(a) F 0.

7.4. Errado. Se p(.r) = .r? — 1, temos p’(r) = 2x. 0 ¢ raiz simples de p’(.c) mas nao é raiz dupla
de p(x).

7.5.
(w= Uv = 8(e=4) | (© Vr = 3a = 4)
pl) =2
(2— 1)(2
— 3)(2 — 4) (1 — 2)(1 — 3)(1
— 4)
(xr —2)(2 -—3)(r-—4) (rr — 2)(0r -— 3)(7 - 4)
+4
(1—2)(1-3)-4) = (1-2) -3)-4)

4
at + 10.r? —
6
=
ind

+ 15.

7.6. Seja p(r) = a,r"” +a,-;r" | +++» + ayx@ + ap e suponhamos a, > 0. Seja k o maior dos
nameros |ag]. |ay|..... lan—1)-

mst A 238
FUNCOES EXPONENCIAISE LOGARITMICAS — . . CAPITULO 10

< Jy] ae! fee. t ny lar 4 la < Hy alan! feeb


Ser > 1. lap pr! tees $ayue+ )|

< Aja! tere the lh thet! a nker!.


Jay |r + lag

Se tomamos wm valor para 2 que. além de ser maior que 1. seja também maior que an rt

teremos wv > 7 a,c > nko aye > nkaet! > ja, att bee bart ay. pir) > 0.

Ser < —L. Ja,opr! +++) + aya tao) < fay) fal tee = fay) lr] + faa] < Afeytct t+
-thjr|"!) = nkiae|?-!. Se tomarmos um valor para wv que. além de ser menor que -1.
seja também menor que — 1k teremos wo< aK a, < nko ar" < —nke'—!' (como n
ne--]
6 fimpar. 0 é positive). fa,0”] > nkiel"7! (ua desigualdade anterior os dois membros
sao negativos: de dois ntmeros negativos. o menor ¢ 6 que tem maior médulo). ja,r"| >
Jd"! +---+ayr+ado| e. como a,.r” }
é negativo. p(.r) < 0.

Caso fosse a, < 0. bastava aplicar a conclusao ao polinomio —pt.r).

Pela continuidade do polindémio. se p(.ryp) <0 e pre) > 0. existe ry Compreendido entre 7;
ery tal que pro) = 0.

7.7. ! nao ¢ raiz do polindmio pois p(1) = n+1 40. Sew 4 1. pir) = ct Como n ¢é
, ~ , . ° A“ ° ° ; 4 pte | — 4 . ,

par. nao existe x real. a #1. tal que wv’?! = 1. Logo. pir) 4 0 também para todo x real
diferente de 1.

7.8. Obtém-se ay = 3: ry = 2.333: ry = 2.238: wg = 2.236: y= 2.236. Como 2.2367 < 5e


2.2377 > 5. a resposta € 2.236.

7.9. Devemos determinar a raiz real de pir) = «2? — a. A formula do método de Newton é
5
pr, ) roa 2 4 ql
Pye, = Ey a i > = TL) a
p’(r,,) 3.5 3 3u-

, ? 1 . oe
No caso a = 2. formula fica 2,41 = Fan + ax. Comegando com wy = 1. obtém-se
~l.¢ 7 .
ay =
1.3333: xo = 1.2639: ag = 1.2599: ry = 1.2599. Como 1.2599 < 2 e 1.2600° > 2. a
aproximacao de V2 com 4 decimais exatas 6 1.2599. ‘

10.8 Funcoes Exponenciais e Logaritmicas


8.1. Podemos adimitir que a ponta do lapis ¢ um disco com raio de 0.0lem. O grafico tocara
o eixo horizontal num ponto Gr.2") sempre que 2" < 0.001cm. ou seja quando x -log2 <
log0.01. donde xr < log0.01/log2 = —log100/log2. tomando logaritmos de base 10.
temos log 100 = 2 e log2 = 0.301. Entao o grafico tocara o eixo horizontal nos pontos de
abscissa « < —6.644em.

939 Af
“ =" » SOLUCOES DOS EXERCICIOS

8.2. De fato

arith? = Yar. Sar = Vars. Yai = VYaretar a ihrer ts = aan s,


: -/s ‘ 8 . tps : ys . qs ; s a , p r

8.3. A propriedade em questao diz que a funcao exponencial f : R — R~. definida por f(.r) = 6".
6 sobrejetiva. Portanto. dado a > 0. existe h € R tal que 6" = a. ou seja. b = al". Dai
b’ =a" para todo x € R.

Para obter o grafico de y = b". trace a reta horizontal que passa pelo ponto de abscissa
r/h no grafico de y = a”. O ponto dessa reta que tem abscissa vr ¢ (27.b"). Quando a = 2
eb = 1/W4. a igualdade at’" = b*. que equivale a h = loga/logb. nos dé h = —3/2 ¢
vfh = -—27/3.

8.4. Se ba™! = BA™ e ba’? = BA™ entao (a/A)*"'! = B/b = (a/A)?. Como x) ¥ ry. isto obriga
a/A = 1, ou seja. a = A. Entao DA”! = BA". logo b= B.

1/ry
8.5. Basta tomar a = yo

1
8.6. Basta tomar a = (yo/y) ter"! eb = yo am ry

8.7. Deve-se ter b- a? = 2b. portanto a? = 2. donde d = log, 2 = 1/ logy a.

OBSERVAGAO.
Geralmente m (e, equivalentemente. d) 6 conhecido experimentalmente. enquanto a se obtém
a partir de m: de a? = 2, ou seja, a~™ —m = 2, resulta que a = 2”. Assim a expressao de y em
funcao de t fica y = b- 2’", onde b é o valor inicial de y (correspondente a t = 0).

as A 240
CaPITULO 10:

8.8. a) As observacoes indicam que. em condicdes ideais de espaco e alimento. se b é a populagao


num determinado ano e ¢ 6 0 nimero de anos decorridos a partir daf entao a populagao
apos esses t anos ¢ dada por uma expressao cdo tipo y = b-«". at
Comecando a contar
Os anos a partir de 1956, temos 2.68 bilhoes. Para determinar 0 coeficiente @. usaremos
a observacao de 1972. segundo a qual se tem 2.686" = 3.78 (lembrando que ft =
1972—1956 = 16. Portanto e!®" = 3. 78+2.68 = 1.41. Dafa = (log 1.41)+16 = 0.0215.
O tempo necessario para que a populacao dobre é 0 ntimero ¢ de anos tal que ¢9-021F = 2,
Dai vem ¢ = (log 1) + 0.0215 = 32.24 anos. aproximadamente 32 anos c 3 meses.

b) En 2012 teremos t = 2012 — 1956 = 56. portanto 2. 686?"2!9°" = 8.9 bilhées sera a
populacao da terra prevista.

c) A populacao da terra era de 1 bilhao quando 2. 68-e"?!"" = |. donde e?°!' = 142,68 =


0.373. Isto nos da 0.0215t = log 0.373 portanto t = —45.87 = —(45 anos e 10 meses).
Isto ocorreu em 1910.

OBSERVACAO.
Usamos logaritmos naturais.

8.9. Por “independente de observacoes” deve-se entender sem coleta de dados estatisticos. ou
seja, um argumento baseado na reflexao. “Em condicoes normais” significa que nao ocor-
reram repctidas catastrofes nem houve a descoberta do elixir da imortalidade. Entao. se
comecamos a contar os anos a partir de quando a populacao da terra era de b bilhoes de pes-
soas. indicaremos com f(6.¢) a populacgao apos o decurso de t anos. A primeira constatacao
que fizemos ¢ que f(b.t) depende linearmente de 6. Com efeito. é claro que f(b. t) é@ fungao
crescente de 6. Em seguida. notamos que f(n-b.t) = n- f(b.t) como se vé ao imaginarmos
n planetas exatamente iguais a terra. cada um deles com 0 bilhoes de pessoas no mesmo
ano t = 0. O Teorema Fundamental da Proporcionalidade nos garante entao que f(6.f)
depende linearmente de t. Finalinente. temos f(f(b.s).t) = f(b. s + +) pois esta igualdade
significa que. se comegamos a contar os anos a partir do ano s. quando a populacao seria
de f(b. s) bilhoes. apés decorridos ¢ anos a populacao sera de f( f(b. s).t) bilhoes, a mesma
que obterfamos se tivéssemos considerado a populacao de b bilhoes. quando s = t = 0. e
olhdssemos para essa populacao apos s +t anos. quando seu valor seria f(b.s+t). Portanto
f( f(b. s).t) = f(b.s +t). Pelo Exercicio 2. vemos que f(b. t) @ do tipo exponencial.

8.10. Use a formula de mudanea de base (pag. 194).

241 A@
wy
CAPITULO 10 a SOLUCOES DOS EXERCICIOS

10.9 Funcoes Trigonométricas


9.1. Quando sen vr cresce. f(a) decresce e quando sen x decresce. f(x) cresce. Assim. quando
sen r= 1, f(r) = 1. que é 0 seu valor minimo e. quando sen a = —1. f(r) = 3. que é seu
valor maxiuo.

9.2. Tracando BC perpendicular ao raio OA e sendo T o ponto de interseccao de OB com o eixo


tangente a circunferéncia. vemos que os triangulos OC'B e OAT sao seinelhantes. Logo

DB OC _, sen zr COS _. sen


At OA t J ~ cosr”

(1.2)°
9.3. (sen r+ cos.r)? =
1+ 2sen r-cosr = 1.44
sen xcos.r = 0). 22.

. sen” 2tol. see pean?


cos*ar+sen’ rr- __
9.4. a) l+tg?r=1+4 eS Se] — copn2 -»
= eer.

b) igual.

9.5. a) Basta substituir tg por “= e tudo sc resolve.


sen 2 sen sen? x
») — . — — CC. _—_—_—™”°: 3 =

csc. — coter 1 COS - 1 — cose


| ; | sen wc sen r , |

sen? cr (L+cosr)_ sen* 2(1 + cos.)


= - 5 = 1+ cosr.
(1 — cos rv) (l+cos.r)— 1 — cos? 7

9.6. I)2a + 7 2khr +5 => w=kr.

9.7, 744.
COs J COs dl
=3 «
> 2(1+sen x) = 3cosx.

Elevando ao quadrado.

4(1 + 2sen x + sen? x)= 9(1 — sen? r)

13sen? 7 + 8sen r —5 = 0

o que da r = —1 ou sen r = ZF.


, ww

Bem. sen xr = —1 nao serve pois. neste caso. cos. = 0.


também deve ser como se nota
observando a primeira linha da solugao. Logo. temos sen .r = 75 e cos.r = 75.
12

ma A 242
FUNCGOES TRIGONOMETRICAS — ee CAPITULO 10

9.8. I) sen 27 = 2sen x coscos x


II) cos 22x = cos? 2 x — sen’ 2 x

II]) te 2x = =‘83
l-tge-ar

1 !
' a +9
9.9. Fazendo AOP = a e BOP = 3. temos tga = ic te3= 5. Logo. tg(a + 3) = 4rt =
° : —3°3
=, = 1. Assim, AOB =a + 33 = 45°.
5/6 : :

yl
2,2. 2753 _ 1 _4
).10. tg C= 7-! _ 3/4 — 3°

‘ — . > — ata
3 2 1 —

11. a)1) Jy2y —= Isen


2sen BZ. eos
costBZ =sen
= sen 27F == 15. Logo.; y=—! 5

y = 2sen? x + 2cos? 2 + 3cos? 7 = 2+ 3008" Vv.


‘ é - 9 c ‘ ‘ ; 9

12.
Como 0 < cos* x < 1 entao o valor minimo de y é 2 ¢ 0 valor maximo ¢ 5.
) ~ ” ® 4 , e ? ~

13. y= VS(sen 2 Ft Ge COS).


2 2
Seja a o arco (entre 0c 5) ‘ tal que sen a = nit Note que a existe pois (=); + (<:): =]
e ms ° s 9)

Ve

Portanto. y = /5-sen («x +a).

Logo. os valores minimo e maximo de y s4o respectivamente —/5 e V5.

243 A Bt
244
1 CARAMO. M. P.. MORGADO. A. C. e WAGNER. E. (2005). Trigonometria e Ntimeros
Compleros. 3° Edicao. Colecao do Professor de Matematica. Sociedade Brasileira de Mate-
matica.

|2| LIMA. E. L.. et al. (2012). A Matematica do Ensino Médio. Vol.1. 10* Edigao. Colegao do.
Professor de \latematica. Sociedade Brasileira de Matematica.

3} LIMA. E. L. (2009). Andlise Real. Vol. 1. 10* Edigao. Colecao Matematica Universitaria.
IMPA.

[4 LIMA. E. L. (2007). Coordenadas no E’spaco. 4* Edicao. Colecao do Professor de Matematica.


Sociedade Brasileira de Matematica.

5| LIMA, E. L. (2011). Coordenadas no Plano com as Solugoes dos Exvercicios. 5° Edicao.


Colecao do Professor de Matematica. Sociedade Brasileira de Matematica.

(6 LIMA, E. L. (2011). Medida e Forma em Geometria. 4° Edigao. Colegao do Professor de


Matematica. Sociedade Brasileira cle Matematica.

"| LIMA. E. L. (2010). Afeu Professor de Matematica e outras Histérias. 5° Edicgao. Colecgao
do Professor de Matematica. Sociedade Brasileira de Matematica.

3 LIMA. E. L. (2010). Logaritmos. 4° Edicgao. Colegao do Professor de Matematica. Sociedade


Brasileira de Matematica.

9] TRAJANO. A. (1883). Aritmética Progressiva. 1° Edicao. Livraria Francisco Alves.

[10] (2005). Rewwsta do Professor de Matematica. N° 29. Sociedade Brasileira de Matematica.

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