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Augusto César Morgado

Paulo Cezar Pinto Carvalho

MATEMATICA DISCRETA

Colecao PROFMAT

Sociedade Brasileira de Matematica


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MATEMATICA DISCRETA
Matematica Discreta
Copyright © 2013 Augusto César Morgado e Paulo Cezar Pinto Carvalho
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A reproducao nao autorizada desta publicagao, no todo ou em parte,
constitui violagao de direitos autorais. (Lei 9.610/98)

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http://www.sbm.org.br / email:lojavirtual@sbm.org.br

ISBN 978-85-8337-015-4

MORGADO, Augusto César.


Matemitica Discreta / Augusto César Morgado; Paulo Cezar Pinto
Carvalho. Capa de Pablo Diego Regino —Rio de Janeiro: SBM, 2013.

204 p. (Colegéo PROFMAT,; 12}


ISBN: 978-85-8337-015-4

1. Numeras Naturais, 2.Método de Indugdo.


3.Progressées 4,Matematica Financeira, |, Pinto Carvalho, Paulo Cezar
Il. Regino, Pablo. Ill. Titulo.
Augusto César Morgado
Paulo Cezar Pinto Carvalho

MATEMATICA DISCRETA

14 edigdo
Rio de Janeiro
2014
Sociedade Brasileira de Matematica
4 sem
COLEGAO DO PROFESSOR DE MATEMATICA

+ Logaritmos-E.L Lima
+ Andtise Combinatdria e Prababilidade com as solucdes dos exercicias - A, C. Morgado, J. 8. Pitombeira, P.C. P. Carvalho e
P. Fernandez
+ Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Area, Volume e Semelhanca) - E. L. Lima
> Meu Professor de Matemdtica e outras Historias - EL Lima
=" Coordenadas no Plano com as solugées dos exercicios - E. L. Lima com a colaboracao de PC. P. Carvalho
+ Trigonometria, Numeros Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner, Notas Historicas de J, B. Pitombeira
+ Coordenadas no Espaco- E.L. Lima
+ Progress6es e Matematica Financeira - A.C. Morgado, E Wagner e S.C. Zani
+ Construcées Geomeétricas - E. Wagner com a colaboragao de J. PR. Q. Cameiro
+ Introdugdo a Geometria Espacial - P.C. P. Carvalho
+ Geometria Euctidiana Plana - J. L. M. Barbosa
+ tsometrias- £.L. Lima
» AMatemdtica do Ensino Médio Vol. 1 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagnere A.C. Morgado
» AMatemética do Ensino Médio Vol. 2- EL Lima, &. C. P. Carvalho, E. Wagner e A.C. Morgado
+ AMatematico do Ensino Médio Vol. 3- E.L. Lima, P.C. P, Carvalho, E. Wagner e A.C. Morgado
+ Matematica e Ensina - EL. Lima
+ Temas e Problemas - E. L. Lima, ®. C. 8. Carvalho, E. Wagner e A.C. Margado
+ Episédios do Histdria Antiga da Matemdtica- A. Aaboe
+ Exame de Textos: Andlise de livros de Matematica - E.L. Lima
+ AMatemdtica do Ensino Medio Vol. 4- Exercicios e Solucées - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
+ Construcdes Geométricas: Exercicios e Solugdes - 5. Lima Netto
+ Um Convite a Matematica
- D.C de Morais Filho
+ Tépicos de Matematica Elementar- Volume 1 - Numeros Reais - A. Caminha
+ Tépicos de Matematica Elementar- Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A. Caminha
. Tépicos de Matematica Elementar- Volume 3 - Intradugao a Analise - A. Caminha
+ Tépicos de Matematica Elementar - Volume 4 - Combinatoria - A. Caminha
. Tépicos de Matematica Elementar- Volume 5 - Tearia dos Numeros - A. Caminha
+ Tépicos de Matematica Elementar - Volume 6 - Palinomios - A. Caminha
+ Treze Viagens pelo Mundo da Matematica - C. Correia de Sa e J. Rocha {editores)
+ Como Resolver Problemas Matemdticas - T. Tao
+ Geometria em Sala de Aula- A, C.P. Hellmeister, coordenadora

COLEGAO PROFMAT

+ Introducdo é Algebra Linear - A, Hefez e CS, Fernandez


+ Tépicos de Teoria dos Ntimeros -C. G. Moreira , F. E Brachera e N.C. Saldanha
+ Polindmios e Equacées Algébricas - A. Hefez e M.L Villela
+ Tépicos de Historia de Matematica - T, Roque e J. Bosco Pitombeira
+ Recursos Computacionais no Ensino de Matematica - V. Giraldo, P. Caetano e F. Mattos
+ Temas e Problemas Elementares - E. L. Lima, P.C. P. Carvalho, £. Wagner e A.C. Morgado
+ Numeros e Funcées Reais -E. Lages Lima
= Aritmética- A. Hefez
+ Geometria- A.Caminha
> Avatiacao Educacional - M. Rabelo
(Sumario)

Prefacio IX

1 Numeros Naturais
LL Introdugdo. . ee eee 2
1.2 Nimeros Ordinais. 6. es 2
13 Adigdo. multiplicagéo e ordem . 5
Exerciciog 6 eee ee eee 8
1.4 Ntimeros Naturais ¢ Contagem 10
Exerciciogs 2. 0 ee eens 13

2 O Método da Indugao 15
2.1 Introdugio. ee eee eee 16
2.2 Definigses por inducao ou recorréncia 16
2.3 Demonstrando igualdades 2... ee ee 17
2.4 Demonstrando desigualdades . 19
2.5 Aplicag6es em Aritmética 2... ee .. 20
2.6 Resolvendo problemas com o método da inducao 21
Exercicios 0 ee ee ee eee 25
2.7 Outras formas do Principio da Indugdo 2. ee 27
Exercicios 26 ee eee eee 32

3 ProgressGes 35
3.1 Progressdes Aritméticas 2 2 ee ee 36
3.2 Termo geral de wma Progressdo Aritmética 36
3.3 Sema dos Termos de uma Progressdo Aritmética 39
3.4 Progressdes Aritméticas de Ordem Superior... 2 ee ee di
3.5 Somas Polinomiais 45
Exercicios 2. eee eee 48
3.6 Progressdes Geomét: 54
3.7 Termo Geral de um Progressio Geométrica 57
3.8 A Formula das Taxas Equivalentes ............. 58
3.9 A Soma dos Terns de ura Progressio Geouiétrica 59

Vv
VI
a
SN
Este livro é haseado, principalmente, nos capftulos escritos por Augusto César Morgado para o
valhime 2 de A Matematica do Ensino Médio, publicado pela Colegao do Professor de Matematica
da SBM. O principal acréscimo foi a incluséo dos capftulos relativos ao conjunto dos nimeros
uaturais e ao Principio da Indugao Finita, com o duplo propésito de fornecer a base te6rica
apropriada para. o assunto e atender A ementa da disciplina MA12 - Matematica Discreta do
Profinat.
Na revisdo do material anteriormente publicado, a maior diivida foi sobre como proceder com
relagdo ao capitulo de Matematica Financeira, escrito em uma época em que o Brasil vivia una
realidade bem diferente da atual, em que taxas cle juros anuais da ordem de 50% eram comuns.
lnicialmente, considerei reescrever o capitulo, substituindo os exemplos por situacdes mais atuais.
Preferi, no entanto. na maior parte dos casos, preservar a memoria da obra inicial. que reflete
o humor e a personalidade de Morgado, acrescentando notas explicativas sempre que a sitnagio
descrita nao corresponda & realidade atual.
Ao longo de todo o livro, foram acresceutados novos exercicios, muitos deles provenientes de
exames de Acesso e Qualificagiéo do Profmat. de avaliacdes anteriores da disciplina MA12 e de
provas da OBMEP. Em particular, o capitulo de Combinatoria ganhou uma secéo de revisao, para
permitir ao leitor se exercitar no assunto, sem que a técnica a ser usada seja sngerida pelo topico
sendo estudado. Também foi acrescentada, no capitulo sobre Probabilidade, uma introdugao ao
conceito de valor esperado.
Gostaria de expressar meus agradecimentos a Sheila Zani, pela permissao para usar e adaptar
o material original do Prof. Morgado, e a Patricia Fontenelle, pelo auxilio na reviséo do capitulo
sobre Matematica Financeira.
Rio de Janeiro, janeiro de 2014

Paulo Cezar Pinto Carvalho


Tustituto de Matematica Pura e Aplicada - IMPA e
Escola de Matematica Aplicada - EMAp;FGV

xX
Lawn x
NUMEROS NATURAIS
1.1 Introdugao
A primeira experiéncia que a maior parte de nés tem com a Matematica é por meio do processo
de contagem. E importante observar que aprender a contar tem duas etapas bem distiutas. com
graus de complexidade também distintos:

e Na primeira etapa, aprendemos a cnunciar wma sequéncia de palavras (um. dois, tr


seu atribuir significado a elas:

e Algum tempo depois, aprendemos a usar esta sequéucia para contur os elementos de um
conjunto, on seja, estabelecer uma correspondéncia entre os elementos do coujunto e estas
palavras que chamamos de nimeros. Algo notdvel. que nado custanios a observar. é que,
nao importa como fagamos a correspondéncia, o mtimere final 6 sempre o mesmo -a ele,
denominamos 0 niimero de elementos do conjuuto.

A mesma tarefa em duas etapas deve ser empreendida ao se estabelecer a fundamientagio


matematica apropriada para os niimeres naturais. Ao olhar os niimeros naturais como ua
siniples sequéncia. estamos diante do que chamamos de némeros ordin . exantinados a seguir,
encanto seu uso como instrumento de contagem remete A nogdo de mimero cardinal. estudada
no fim deste capitulo,

1.2 Ntmeros Ordinais


Como descrever mateme raniente a estrutura do conjunto dos nfimeros naturais, no sentido
de ntiimeros ordinais? Como em outros ramos da Matematica, isto é feito por meio de uma lista
de propriedades essenciais. chamadas de aciomas. que caracteri em a estrutura da sequéncia. sem
ambiguidades ou propriedades supérfluas, isto 6, que possam ser obtidas das demais. Giuseppe
Peano (1858-1932) propés uma lista de axiomas, baseado na nocao de sucessor de um nimero
natural (intuitivamente, o que vem loge depois dele ua lista dos mimeros naturais). A coustrugao
de Peano caracteriza 0 conjunto dos niumeros naturais N por meio dos seguintes 4 axiomas:

1. Todo ntimero natural tem umi tinico sucessor. que também é um niimero natural.

2. Ntuncros naturais diferentes tem sucessores diferentes.

3. Existe um tnico mimero natural. designado por 1. que nado é sucessor de uenhum outro.

4. Seja X um conjunto de nimeros naturais (isto é. X CN). Se 1 € X e se. além disso. 0


sucessor de cada elemento de X ainda perteuce a X, eutao X = N.

aa 2
A nogao de sucessor de um niimero natural esta intimamente relacionada a idéia de adigaéo: tomar
oO SUC ssor é equivalente a somar wma wnidade, como discutido em mais detalhe na segao 1.3. Os
axiomias de Peano podem ser reescritos como se segue, representando como n + 1 o sucessor de
ni

1. Todo ntmero natural n. tem um sucessor. representado por n+ 1.

. Sem+1l=ntl, entaom=n.
N

3. Existe um tmico nimero natural. designado por 1. tal que n+ 1¥ 1, para todo n € N.

4, Seja X um conjunto de mimeros naturais (isto 6. Y C Nj. Se 1 € X e se, além disso,


n+1éX, para cada n € X, entao X =N.

OBSERVAGAO 1.1.
O terceiro axioma estabelece 1 como sendo o tinico nimero natural que nao é o sucessor de
nenhum outro e que. portanto, representa o “ponto de partida” no conjunto N = {1.2.3....}
dos mimeros naturais. E comum, também, adotar-se 0 como ponto de partida, levando a N =
{0,1,2,3,...}. A opgdo por uma ou outra alternativa é uma questao de gosto ou de conveniéncia.

Embora todos os quatro axiomas sejam fundamentais para a caracterizagdo dos mimeros
naturais, o Gltimo, chamado de Axioma da Indugéo. se destaca. Ele fornece um mecanismo para
garantir que um dado subconjunto X de N inclui, na verdade, todos os elementos de N. Por esta
raz&o, é um instrumento fundamental para construir definigdes e demonstrar teoremias relatives
a nimeros naturais (as definigdes e provas por indugdo ou recorréncia).
Suponhanios que descjemos provar que uma propriedade P(n) relativa ao nimero natural
n seja valida para todos os valores naturais de N. Qu seja, desejamos provar que 0 conjunto
xX = {n|P(n)}}, que é um subconjunto de N 6, na verdade., igual ao proprio N. Pelo axioma da
Inclugdo basta mostrar que 1 € X e que o sucessor de cada elemento de X também esta em X.
Em termos da propriedade P{m), isto equivale a mostrar que: i} P(1) é valida; ii) Para todo
n € N, a validez de P(7) implica na validez de P(n + 1). Verificados estes dois fatos, conclui-se
a validez de P(m) para todos os valores de n.
O axioma da Indugao pode ser reescrito como abaixo, usando a linguagem de propriedades
(nesta forma, ele costuma ser chamado de Principio da Indugdo Finita ou da Indugéio Matemd-
tea):
ii) Para toda n € N, a validez de P(m) implica na validez de P(n + 1).

Eutao, P(n) é valida para todo n € N.


a
EXEMPLO L.
Consideremos o problema de obter uma expressfio para a soma 1 +3+4+5+4...+ (2n—1).
Caleulanda a soma para os primeiros valores naturais de n. abtemos:
1=1
1+3=4
14+34+5=9
14+3+5+7=16

O exame das igualdades acima sugere que a soma seja sempre igual ao quadrado do utimero
de parcelas, ont seja, que a afirmativa P(n):1+34+5+4...+(2n-1) =n? é valida para todo
n €N. O Principia da Inducdo permite demonstrar este fato. O primeiro passo é:

i) verificar a validez de P(n) para n = 1.


Isto j4 foi feito acimma. quando verificamos que. para n = 1, ambos os lados da igualdade
que pretendemos provar sao ignais a 1.

A seguir, devemos:

ii) verificar que a validez de P(n), para um valor arbitrério de n. implica ua validez de P(n+1).

Ou seja. admitindo que 1+3454+...+(2n-1) =n? para um certo valor de n, devemos


mostrar que 1+ 345+---+(2n—1)+ (Q(nF 1)-1) = (a+ 1)”.
Para tal, somamos 0 nove termo 2(72+-1)—1 a ambos os membros de 14+34+5+---4+2n—-1=
n?, Obtemos:

143454...+(2n-1)
4 Q(n41)- lan?
4 2(n4 1) -1 =n?
4 2n41=(n 41).
Portanto. a validez de P(m) para win valor arbitrario de n implica em sua validez para n +1.

Logo, pelo Principio da Indugdo, P(n), ou soja, 1+345+4...+2n—1 =n?, 6 valida para todo
neN.

OBSERVAGAO 1.2.
A verificagio de que P(1) é valida costuna ser chamada de caso base de uma demonstracaéo
por inducao, enquanto a demoustragao de que a validez de P(n) implica na validez de P(n +
1) 6 chamada de passo de indugdo. O passo de inducdo costuma gerar confusao no primeiro

a A 4
i
contato com demonstragdes por indugdo. Pode parecer, 4 primeira vista, que estamos usando. na
demonstragao, exatameute aquilo que desejamos provar (ou seja, P(n)). Na verdade, 0 segundo
passo requer a prova da implicagao P(n) > P(n-+ 1). Como ocorre na prova de qualquer
implicagao, isto é feito admitindo a validez do antecedente, ou hipétese (neste caso chamada
de hipdtese de indugéo) P(n) e mostrando que, daf. decorre a validez do consequente. ou tese
P(n+ 1). Foi exatamente o que fizemos acima.

$c
EXEMPLO 2.

Cousideremos a igualdade P(m) : 14+34...+(2n—1) = n? +1. Supondo que P(n) é¢


verdadeira para algum n. temos 143454+...+2n—142(n+1)-1= n?+142n+1 = (n4+1)?.
Portauto, a implicacdo P(n) = P(n-+ 1) é verdadeira para todo n € N, embora P(n) seja falsa
para todo n (jé que, no exemplo anterior, mostramos que a soma é igual a n? endo n? + 1).
Isto ilustra o fato de que no passo em que provamos a implicagio P(n) = P(n +1) naéo estamos
usando o resultado que desejamos demonstrar. Naturalmente, a prova por indugao falha por néo
ser possivel mostrar o caso base (P(1) é falsa).

1.3. Adicao, multiplicagao e ordem


No exemplo acima, utilizamos as propriedades conhecidas da adigéo e multiplicagao com
uvimeros naturais, que sao a base para a manipulagdo das expressdes que 14 ocorreram. Tais
propriedades podem ser demonstradas formalmente, usando o Principio da Inducdo. Para isto.
no entante, é preciso definir apropriadamente a adigdéo e a multiplicagdo, Para isto, recorremos
uovainente ao mecanismo da indugao. Seja a(n) um atributo relativo ao nimero natural n. Se
definimos @(1) e estabelecemos como a(n +1) pode ser obtido a partir de a(n), para n € N
arbitrério, o Axioma da Inducao garante que o atributo a(n) estard definido para cada n € N.
Definigdes construidas desta forma sao chamaclas de definigées por indugdo ou recorréncia.
Por exemplo, a soma m+n de dois nameros naturais pode ser definida por recorréncia do
seguinte modo:

DeFINIGAO 1.3.

i) m+ 1 é definido. como fizemos antes, como o sucessor de m.

ii) m+ (n+ 1) é definido como o sueessor de m +n, ou seja, como (rn +n) +1.
=TH}
b>
on
A detinigao acima corresponde a ideia intuitiva de que o valor de mia é obtido acrescentandy-
se» vezes uma unidade am.
Para a niultliplicagao, podemos definir:

DEFINIGAO 1.4.

i) m= ne.

ii) m.(a +1) = nen tm.

A partir dessas definigées. podem ser demoustradas as propriedades usuais da adigio e multi-
plicagdo. Tustramos este fato cou: a demonstragao da propriedade distributiva da muualtiplicagado
em relagao A aclicéo.

TEOREMA 1.5.
Para quaisquer niimeros naturais m,n e p, vale (m+7).p = mn + mp.

eeeeneeeeeeeeeeeeeee eee e ener eee reer

DEMONSTRAGAO.
Vamos utilizar indugdo em p.

i) A propricdade é valida para p = L. ja que (meta) -l=mtnemltnl=amtn.

ii) Stipoukamos que a propriedade seja valida para um certo p. ou seja. QU -ba).p = min aip.
Temos, pela detinigio indutiva da multiplicagéo: (m+n).(p+1) = (n+n).p+(mtn) Mas.
pela bipétese de indugdo. (m+ n).p = m.ptonep. Portanto. (a+a).(pt Ll) = (opt ap) +
Gn tn) = mp+ mt np +n (aqui, usamos as propriedades comutativa e associativa da
acligao, que deveriaim ter sido provadas previamente). Mas. pela definiedo de multiplieagdo.
temos i.ptin = m(p4+1)enpta = n(ptl). Logo. (m+n).(p+1) = m.(p+1)+n.(p+1).
Assiin. a alirmativa é valida também para p+ 1.

Portanto. pelo Principio da Indugao, a propriedade é valida para quaisquer mtn e p naturais.

A introdugio das operagoes aritiéticas permite toruar precisa uma outra uocdo fundameutal
para niimeros natnrais: a de orden.

DEFINIGAO 1.6.
Sejam m en niimeros naturais. Dizemos que m <n quando existe um ntimero uatural p tal
quem +p=n.

a
Desta definigéo, podem ser obtidas as propriedades usuais da ordem.

TEOREMA 1.7.

a) Sem<nen<p, entéao m <p.

b) Dados m, n € N, vale uma, e somente uma, das alternativas: m =2,m<noun<m.

c) Se m < n entao, para qualquer p € N. tem-se m+ p< n+pemp < np.

Além dessas propriedades, a ordem nos whmeros naturais tem uma propriecade caracteristica,
conhecida como a Propriedade da Boa Ordenagéo:

TEOREMA 1.8.
Todo subconjunto nao vazio X C N possui um menor elemento. Isso significa que existe um
elemento 19 € X que é menor do que todos os demais elementos de X.

Note que a Propriedade da Boa Ordenacéo nao vale para a ordem definida em outros conjuntos
numeéricos; por exemplo, o conjunto dos mimeros reais e o dos numeros reais positivos sio nao
vazios, mas ndo possuem um menor elemento.
A demoustracgao da Propriedade da Boa Ordenacao é feita por indugao, mas a adiamos para
o proximo capitulo, juntamente com a demonstragéo de uma variante do Principio da Indugae,
chamada de Principio da Indugéa Completa.
Exercicios
1.1. O diagrama abaixo, em que a seta indica o sucessor de cada elemento, representa a estrutura
dos nifimeros naturais imposta pelos axiomas de Peano.

NONI
ONE ON EON IO
1 2 3 4 5 6 7

Em cada um dos diagramas a seguir, exatamente um dos axiomas de Peano é violado. Diga
qual
é ele,

a)
NAO ONO
1 2 3 4 5 6 7
SY
b)
NSN TN
1 2 3 4 6 6 7 -
NY NY NL”

c)
SON ONIONS
1 2 3 4 5 6 7
Qe
d)
a a a aa a a
1 2. 3 4 =«°5 6 U7
“Le

1.2. Prove, por inducdo, que

142743? 4---4n 2 Mn+


FOn +1)

1.3. Diga onde esta o erro da seguinte demonstracao da afirmativa


14+244484...42%
= 21,
A propricdade € trivialmente vdlida paran = 1. Suponhamos que seja vdlida para n, ou seja
T42444+84...42" = 2°41) Enido 14244484... 42749742 = ntl ygntl Tg gett — ons2

Dawn 8
Portanto, a propriedade também € vdlida para n+1. Lago, pelo Principio da Indugao Finita,
14+2444+8+4+...+27=2"' para todon €N.

1.4. Usando indug&o e a propriedade associativa da adig&o, demonstre a lei do corte: "Se m,n
e p so mimeros naturais tais que m+p = n+p, entdom =n, [Sugestao: use indugdo em
p, notando que o caso base da inducdo é o segundo axioma de Peano.]

1.5. Demonstre a propriedade transitiva da ordem: Se m, n e p sido nimeros naturuis tats que
m<nen<p, entéom <p.
1.4 Nutmeros Naturais e Contagem
A primeira habilidade que dominamos no uso dos nfimeros naturais é a de contar, ou seja, a
de determinar o niimero de elementos de um conjunto.

DEFINICAO 1.9.
Contar wn conjunto X significa estabelecer uma correspondéncia biunivoca entre os elementos
de X e os de um subconjunto de N da forma J, = {x € Nix < n} = {1,2.. er}. Quando é
possivel estabelecer tal correspondéncia biunivoca, dizemos que X é um conjunto finite e que n
é0 niimero cardinal ou ndimero de elernentes de X.

OBSERVACAO 1.10.
Uma correspondéncia biunivoca entre dois conjuntos X e ¥ é uma funcao bijetiva f : X > Y,
ou seja, uma regra que associa a cada elemento de X um elemento de Y de modo que cada
elemerito de Y seja imagem de exatamente um elemento de X (isto equivale a dizer que f é uma
funcéo simultaneamente injetiva e sobrejetiva).

A partir desta definicgéo podemos demonstrar as propricdades basicas da contager:

TEOREMA 1.11.
a) O resultado da contayem (ou sejo, o nimero cardinal de X) € sempre o mesmo, néo im-
portando a contugem que seja feita.

b) Todo subconjunto Y de um conjunto finito X é finito en{Y) <n(X). Tem-se n(Y) = n(X)
somente quando Y

A primeira propriedade justifica podermos falar em nimero de elementos de um conjunto


finito: podemos couté-lo de varios miodos. mas o resultado final é sempre o mesmo. A segunda
relaciona inclusdo entre conjuntos e designaldades entre nimeros cardinais. A demonstragao de
ambas se faz por indugao.
Umi conjunto é infinito quando nao é finito. Por exemplo, N é infinito: daca qualquer fungao
f: 1, 2N. nao importa qual n se fixou, pornos k = f(1)+ f(2) +--+ f(n) e vemos que, para
todo x € I, tem-se f(v) < &. logo nado existe x € f, tal que f(r) =k. Assim. f nao pode ser
uma correspondéncia biunivoca.
A principio. pode parecer que a classificagéo de conjuntos como finitos ou infinitos termina a
discussio. Mas, no final do século XIX, Georg Cantor (1815-1918) mostrou como comparar a car-
dinalidade de conjuntos infinitos: um conjuuto pode ser "Inais infiuito"do que outro. Novamente,
a ferramenta fundamental é a de correspondéncia biunivoca.

10
DEFINICAO 1.12.
Dizemos que dois conjuntos X e Y tém a mesma cardinalidade quando é possivel estabelecer
uma. correpondéncia biunivoca entre X e Y (isto é, existe uma fungio bijetiva f : X > Y).

E claro que a definigéo acima faz sentido para conjuntos finitos: conjuntos finitos de mesma
cardinalidade séo aqueles que tém o mesmo nimero de elementos, ou seja, podem ser postos
em correspondéncia biuniveca com o mesmo f, = {1,2,...,n}. Mas ela também se aplica a
conjuntos infinitos.
A
EXEMPLO
Os conjuntos N dos ntimeros naturais e P = {2n|n € N} dos niimeros pares tém a mesma
cardinalidade. Neste caso, a bijegiio ja esta dada na definicao de P: a fungao f : N > P definida
por f(n) = 2n @ uma bijegao de N em P.

O que pode ser surpreendente neste exemplo é a constatacéo de que. para conjuntos infinitos,
é perfeitamente possivel que dois conjuutos tenham a mesma cardinalidade, embora um deles
(P neste caso) seja um subconjunto proprio de outro (N) (para conjuntos finitos. isto nao pode
ocorrer, pela segunda propriedade acima).
A principal contribuigio de Cantor foi exibir casos em que nao é possivel obter uma bijegde
entre dois conjuntos infinitos.
EE———————
aE
EXEMPLO 4.
Considere o coujunto C' de todas as sequéncias infinitas em que todos os termos sao iguais a
0 ou 1. Um exemplo de elemento de C é a sequéncia (0,1,0,1,...), que alterna termos 0 e 1. A
cardinalidade de C’ é pelo menos a mesma de N, jé que é possivel estabelecer uma correspondéncia
biunfvoca entre N e o subconjunto D de C formado pelas sequéncias que pussuem exatamente
um termo igual a 1 (podemos associar o natural n @ sequéncia em que o 1 aparece na n-ésima
posicao). Isso néo impede, em principio, que possa haver uma bijeciio entre N e C. Cantor. no
entanto, mostrou que no ha tal bijegdo. fazendo com que C seja "mais infinito"do que N.
Seu argumento foi o seguinte. Suponhamos que fosse possivel construir uma fungéo f : NC,
om que cada sequéncia de C aparecesse exatamente uma vez como imagem. Vamos construir wna
seqnéncia s formada por Os e 1s (ou seja, um elemento de C’) do seguinte modo: se o primeiro
termo da sequéncia f(1) for 0, o primeiro termo de s 6 0; sendo, é 1. Se o segundo termo da
sequéncia f(2) for 0, o segundo termo de s é 0; senao, é 1. Prosseguimos, sempre escolhendo o
n ésimo termo como sendo 0 oposto do n ésimo termo da sequéncia f(r). A sequéncia s assim
construida difere pelo menos na posigéo n de cada sequéncia f(r). Logo, nao pertence & imagem
de f. Mas nossa suposicaéo era de que todos os elementos de C’ aparecessem como imagem!

1
Temos, assim, uma contradicado, que mostra a impossibilidade de construir uma bijegdo de N ent
Cc.

O conjunto C’ é um exemplo de conjunto infinito néo enumerdrel, isto 6. que n&éo pode ser
posto em correspondéncia biunivoca com o conjunto dos nfimeros naturais. Outros exemplos
de conjuntos nao enumeraveis sio os conjuntos dos niimeros reais e dos mimeros irracionais. O
conjunto dos nimeros racionais. porém, é enumeravel (veja o exercicio 1.13).

OBSERVAGAO 1.13.
Uma funcdo de dominio igual a N é chamada de uma sequéncia. E conveniente peusar em
uma sequéncia a : N — X como uma lista de valores (a(1),a(2),a(3),...), que muitas vezes
preferimos representar por (@;.@2. G3,...)-
Conjuntos infinitos e conjuntos enumerdveis podem ser caracterizados em termos das propri-
edades das sequéncias de elementos destes conjuntos, como se segue:

« Um conjunto X é infinito se, e somente se, é possivel construir uma sequéncia (a1. a2. a3.. )
em que os termos séo elementos distintos de X (ou seja, quando ha uma funcao injetiva
de N em X).

e@ Um conjunto infinito X 6 enumerdvel se. e somente se. & possfvel coustruir uma sequép-
cia (@),@2,03,-..) incluindo todos os elementos de X (ou seja, quando ha uma fungio
sobrejetiva de N em X).
Exercicios
1.6. Prove, por indugao, que se X é uni conjunto finito com n elementos, esses elementos podem
ser ordenados de n! modos.

1.7. Prove, por indugio. que um conjunto com n elementos possui 2” subconjuntos.

1.8. Dados 3” objetus de pesos iguais, exceto um, mais pesado que os demais, mostre que é
possivel determinar este objeto com n pesagens em uma balanca de pratos. Mostre também
gue este € o ntimero minimo de pesagens que permitem, com certeza, determinar o objeto
mais pesado.

1.9. Prove que, dado um conjunto com n elementos, é possivel fazer uma fila com seus subcon-
juntos de tal modo que cada subconjunto da fila pode ser obtido a partir do anterior pelo
acréscimo ou pela supressao de um tinico elemento. [Sugestéo: para passar de n para n+1.
liste primeiro os subconjuntos que néo tém um dado elcmento.|

1.10. Diga onde estA 0 erro na seguinte demonstragdo da afirmativa "Todas as bolas de bilhar
tém a mesma cor",
Seja P(n) @ propriedade "todas as bolas em um conjunto com n bolas tém a mesma cor".
A propriedade € trivialmente verdadeira para n = 1. Suponhamos agora que ela seja ver-
dadetra para 'n é consideremos um conjunte com n+ 1 bolas B = {by.bz,...,bn.dns1}- Os
subconjuntos {by.b2.....0n,} e {ba.....0n-8n44} de B tém n elementos cada; logo, pela
hipétese de indugdo, todas as bolas em cada um deles tém a mesma cor. Mas os elemen-
tos bz,..., be séo comuns a esses dois subconjuntos. Dat, concluimos que todos os n+ 1
elementos de B tém a mesma cor, o que mostra que a propriedade vale paran +1. Lego,
pelo Principio da Indugéo, em uma colegio com n bolas todas tém a mesma cor, para todo
nen.

1.11. Diga se cada conjunto abaixo é finito ou infinito, justificando:

® o conjunto de todas as pessoas que jé viveram na Terra.

© o conjunto de todos os miltiplos de 7 cuja representacdo decimal termina com 3578.


© o conjunto de todos os nimeros naturais cuja representacdo decimal tenha apenas
algarismos diferentes de zero, cuja soma seja menor que 1000.

© © conjunto de todos os ntimeros racionais que podem ser escrites como fracao com
denominador menor que 1000.
© o conjunto de todos os niimeros primos.

13
1.12. Sejam X e Y dois conjuntos infinitos euumerdveis, Isto significa que existem sequéncias
(21, %2.03..--) © (Wie Ye. Yas---) Incluindo todos os elementos de XY e Y. respectivamente.
Explique como construir uma sequéncia incluinde todos os elementos de X UY’. mostraudo
assiin que X UY também é enumeravel.

1.13. Considere 0 conjunto N? de todos os pares ordenados de nimerus naturais. Encontre wimna
sequénicia que inclua todos os elementos de N2, mostrando assim que N? é enuineravel. Isto
mostra que o conjunto dos ntimeros racionais também €é enumeravel. Por qué?

1.14, Mostre que o conjunto de todos os subconjuntos de N é nao enuueravel. [Sugest4o: associe
cada subconjunto de N a uma sequéncia em que os termos sao iguais a 0 ou 1]

aA 14
O METODO DA
INDUCAO
2.1 Introdugao

No capitulo anterior, vimos como os axiomas de Peano fornecem a base apropriada para
estabelecer as propriedades essenciais do conjunto dos nimeros naturais. Em particular, vimos a
importancia do tltimo axioma — o Axioma da Indugao - nestas demonstragdes. j4 que ele fornece
um método para demonstrar que uma certa afirmativa P(n) é valida para todo n natural (o
chamado método da indugaio matematica ou inducéo finita).
Neste capitulo. examinamos diversas situagGes que usaiu o método da indugado. seja para
situacées expressas em linguagem matemitica (como. por excmplo. envolvendo igualdades ou
designaldades). seja para outras de natureza mais lidica, expressas em) uma linguagen nao tao
obviamente matematica.

2.2 Definicgdes por indugao ou recorréncia


O método da indugao nao é somente um método de demonstragao: ele é também um método
para construir definigGes. No 1 vimos. por exemplo. que podemos definir as operagdes de adicaa
e multiplicagdo usando este mecanisino. A seguir, veremos mais alguns exetnplos.
Uma sequéneia real 6 uma funcéo s : N > R. Para definir uma sequéncia, é preciso descrever
cada termo s,, que é como normahnente denotamos s(n). Em muuitas sequéncias de interesse.
isto é feito por meio de uma expresso matematica que permita calcular s, a partir den. Eo
caso. por exemplo. da sequéncia $ (ou (s,)) definida por s, = n?. cujos primeiros termos sio
8; = 1,59 = 4,53 = 9, etc. HA casos, porém, em que a forma natural de definir uma sequéncia é
por recorréncia.

ENEMPLO I.
O fatorial do ntimero natural n é definido como o produto 1.2....n dos utimeros naturais
menores ou iguais an. Naturalimente. eutendemos o significado das reticéucias na definicéa
acima, mas a defini;So pode ser tornada mais rigorosa usaudo o mecanisme de inducao. Basta
definir:

© (n+ 1)! = nln. para todo n € N.

Com isto, estamos definindo, por recorréncia, a sequéncia definida por s, = n!. para todo n EN.

as A 16
EXEMILO 2.

O método de Newton para calenlar a raiz quadrada de um niimero real positive a fornece
aproximagées sucessivas desta raiz. A partir de um valor inicial (por exemplo, x; = 1), a
passagem de uma aproximagao (7,,) para a préxima (2,41) se da por meio da expressdo 2,4, =
i (« + 2) (veja o exercicio 2.3) .
2 tn
Isto é, a seqnéncia de aproxiniagées sucessivas é definida recursivamente pur

exnah

1
efi = 3 G + +). para tedo n € N.
n
Para a = 2, os primeiros termos da sequéncia sdéo rz) = 1, zg = 1,5, 23 = 1,41666...,
ay = 1,414215686274.... Note que xy dé o valor correto de 2 com 5 casas decimais.

Recorréncia é também a forma apropriada para definir o somatério a ay = ay tagt...+0,


© o produtério [Tj_, @ = 01+ a2 +~..+@,, onde (a,) 6 uma sequéncia real qualqner. Fazemos:

DEFINIGAO 2.1.

¢ Die =a:
© oP? a = (0%, 23) + angi, para todo n EN.

DEFINICAO 2.2.

© asa:
e nat a; = (TTL, ai) - @ny1, para todo n EN.

2.3. Demonstrando igualdades


Uma das aplicagées mais simples do método da Indugao é comprovar qne a expressdo para
um somatério (ou produtério), muitas vezes sugerida pelo exame de alguns casos, esta correta.
Um exemplo ¢ a soma 1+3+45 +4... + (2n—1) dos primeiros n mimeros impares, que vimos
no Capitulo 1. Examinando o valor da soma para valores pequenos de n, foi natural conjecturar
que ela 6 sempre igual a n? e o método da indug&o nos permitiu provar que essa conjectura é
verdadeira.

7 Am
O que torna o uso de indugiio nestes casos particularmente facil é que a passagem de P(n)
para P(n +1) @ quase automéatica: basta acrescoutar o novo termo do somatério a cada membro
da ignaldade e manipular o lado direito de modo que ele adquira a forma uecesvdria para verificar
a veracidade de P(n +1).
el
ENEMPLO 3. ne 1
Mostrar que 24+ 2 +...¢n? =mo Nn st)
3 3 3 1)(2n +1
Solugdo. Seja Pin): P42 4...4 0? =mere

i) P(1) é verdadeira. j que #BEY _ =P,

ii) Suponhamos que P(x) seja verdadeira, para algum n € N, Isto significa que, para este
valor de n, temos
a(n 1}(2n +1)
P+P+...4n7?= 5 .

Somando o préximo termo do somatério, (n + 1) 2, a ambos os membros da igualdade,


obtemos:
a(n + wet +1) + (n+ 1).
P+P+...tret(ntlP=
Tudo o que temos a fazer agora é manipular a expressio no segundo membro, de modo a
tornd-la igual a
(pt i(m+ D+ YVQ4+ 41) (Wt))(n+2)2n +3)
6 6
De fato, temos:
n(nt Lite +1) $ingPa (n+ 2) [n(Qn * 1) + 6(n + 1)] _

(n+ 1)(2n? +7246) (wt 1)(n+2)(2n+3)


6 ~ 6 :
Portanto,
(n+ 1)(n + 2)(2n + 3)
PHPyoctn?tint1pP= 6 :
0 que mostra que P(n + 1) é verdadcira.
Logo, provamos que se P(7) é verdadeira para n € N, entao P(n+ 1) também é verdadeira.

O Principio da Inducdo Finita permite, entao, concluir que P(m) é verdadeira para todo n € N.

eo. 18
2.4 Demonstrando desigualdades
O emprego de indugéo para demoustrar desigualdades associadas a somatérios ou produtérios
é mais sutil, porque. em geral, a simples incluséo do termo adicional a cada meinbro nao leva de
modo automatico 4 forma desejada da desigualdade. Normalmente é necessario demonstrar uma
desigualdade acicional para completar a passagem.

EARMPLO 4,
Demonstrar a designaldade de Bernoulli: (1 +A)" > 14+ nh. para todo n natural e todo
h>—l.
Solugao. Seja P(n): (1+h)" >1+4+nh,

i} Como (1+ 4)! e 14+ 1h sao ambos iguais a 1 +h, P(1) é verdadeira.

ii) Suponhamos que P(r), para algum nr € N, seja verdadeira, ou seja, (1+h)" > ltnk. Para
que a desigualdade adquira a forma necessaria para comprovar a veracidade de P(n + 1),
é natural multiplicar ambos os membros desta desigualdade por (1+ A) (isto ¢ permitido,
porque 1 +h > 0), obtendo-se:

(thy > 1 tnk\1 th) =1t (nt rt ah.

Observe que o membro da direita nao se tornou automaticatente igual ao que gostariamos
de obter (1+(n+ 1)h). No entanto, nao é preciso que isto acontega. Basta que mostremos
que a expressdo obtida acima é menor que ou igual a 1 + (z+ 1)A, utilizando a seguir
a transitividade da ordem. Neste caso, basta observar que nh? > 0. o que mostra que
L+(ntljhtnh? >1lt(nt a.
Desta forma, mostramos que (1+h)"*1 > 14 (n+ 1h, ou seja, que P(n) implica P(n+ 1),
para todo n EN.

Portanto, pelo Principio da Indugdo Finita, (1 + A)" > 1+ nh, para todo n natural e todo
h>-l.

a
EXEMPLO 5.
Mostrar que 3+ $+ §+-- "§=4 < phy. para todo n € N.
a
Solugdo. Soja; P(n): .1,3
3 -9-3-- 21 < Veut1

i) Como } = Yi < wet P(1) 6 verdadeira.

19 A
i
x
fi) Suponhamos qne P(7), para algum 7 € N, seja verdadeira, ou seja. 33 tere a s
Para que a desigualdade adquira a forma desejada para P(n + 1), @ natural mutiplicar os
dois membros pelo termo seguinte do produtério, Ret obtendo-se:
1, Derk © 1, 2nt¢t
2 2nt2 = Y2u+1] 2n+2

A manipulagao algébrica da expressao no seguudo membro nao leva diretamente ao que


- aus 5 i 1 -. 4 5 .
é necessdrio que la apareca —=__—= = j=. Mas, novamente, : nao é p preciso que
fl isto
arlo que ta apareca “Paayel vanad a
ocorra. Tudo que temos que niostrar é que a expressio obtida acima 6 menor gue ou igual

tt 2ut) < te

(2n + 2)

(Qn +1)(2n +3) < (Qn +2P 4

4? +8n4+3<4n?+8n+406
As equivaléncias sao justificadas pelo fate de todos os ntimeros envolvidos serem positivos
ea Ultima desigualdade claramente é valida para todo n natural.

Portanto, + Bt) < sig para todo n natural, o que completa a prova de que
3.3 zou seja, de que P(n +1) é verdadeira.

Assiin. mostraimos que P(7) iniplica P(n +1).

Portanto, pelo Principio da Indugdo Finita, 3 - $+ §-+: 755+ < ggg. para todo n EN.

2.5 Aplicagdes em Aritmética


O método da indugao é atil também para demonstrar resultados em aritmética, partienlar-
mente envolvendo divisibilidade.

EARMPLU G.
Mostrar que, para todo n € N, 4" + 6n — 1 é divisivel por 9.
Solucdo. Scja P(n) a afirmativa 4" + 62 — 1 é divistvel por 9.

i) Como 41+6.1—1=9. P(1) é de fato, verdadeira.

20
Bp
5
ii) Suponhamos que P(r) seja valida para algum n. ou seja. 4° + 6n — 1 é divisivel por 9. Isto
significa que existe um inteiro & tal que 4"+6n—1 = 94. Isto é equivalente a 4" = 9k-6n-+ 1.
Multiplicando os dois membros da igualdade por 4, obtemos 4°*! = 0k — 24n + 4, Logo

4+ + Gin + 1) — 1 = 9b — Mn 4+ 446(n4 1)-1= 9h- 182 +9 = 9k —2n


4-1).
Portanto, 4+! + 6(n +1) — 1 @ divisivel por 9, 0 que prova que P(n + 1) é verdadeira.
Assim, provamos que P(t) implica em P(r + 1), para todo 7 natural

Lago, pelo Principio da Indugéo Finita, P(n) é verdadeira para todo n € N.

2.6 Resolvendo problemas com o método da indugao


Até agora, vimos a utilidade do método da indugdo para construir definigdes e demonstragées.
Nesta seco, veremos como o raciociiio indutivo pode também ser itil para resolver problemas.
Nessas circunstaucias, costuma ser util raciocinar no caminho inverso, de n para tras. Este
procedimeuto costuma ser chainado de recursivo.

ENEMPLO 7,
A Torre de Hanoi 6 wn quebra-cabegas com uma base. na qual sao fixadas trés hastes.
Em uma destas hastes sao eufiados um certo nimero de discos (5 na figura 2.1), de diametros
diferentes, de modo que um disco sempre repousa sobre outro de diametro menor. Qual é o
nimero minimo de movimeutos para trausferir todos os discos para uma outra haste, respeitando
sempre a restrigao de que um disco nunca seja colocade sobre um disco de diametro menor?

1 ZI [2]
Figura 2.1: A Torre de Hanoi.

A idéia fundamental 6 de que um problema com nr discos (n > 1) pode ser reduzido a um
problema com n— 1 discos. Isto é se sabemos transferir n — 1 discos de uma haste para outra.
sabemus também transferir n discos. De fato, para transferir n discos da haste 1 para a haste 3,
sera necessdrio, em algum momento, transferir 0 disco de maior diametro da haste 1 para a haste
3. A tinica forma em que isto pode ser feito & pela prévia remogdo dos n — 1 discos superiores

21 A@
para a haste 2. Observe que, nesta transferéncia. tudo se passa como se apenas estes n — 1 discos
estivessem preseutes: como o n-ésimo disco ¢ maior que todos os demais, cle nao impde qualquer
restricdo no process, Apds a passagem da maior disco para a haste 3, resta apenas transferir os
n —1 discus da haste 2 para a 3 (novamente, tudo se passa como se © maior disco nao estivesse
1A). A figura 2.2 ilustra estes trés passos.

a ae
Bow ow ” Ip Lay
ea

el tt
bho oy ” Wak
Figura Passando de» — 1 para n.

Em consequéncia da discussao acima, se designarmoes por h, o utimero minime de moviinentos


para transferir n discos de uma haste para outra, temos hy = hy_1 + 1+ hy, ou seja, hy, =
2h,-1 +1 -para todo n > 1. Equivalentemente., podemos também escrever /y., = 2hn +1.
para todo n € N. Note que estas igualdades, juntamente com o fate de que Ay = 1 (basta wn
movimento para transferir um tinico disco}. definem, por recorréncia. a sequéncia (/,,). Podemos
resolver o problema para n = 5 discos formando a sequéncia explicitamente, como na tabela
abaixo, que mostra que sao necessdérios 31 movimentos para transferir os 5 discos.

miimero de discos (7) | nimero de movimentos (Ry)


L L
2 3
3 7
4 15
5 31

No capitulo + aprenderemos como obter uma expressio para o termo geral de uma sequéncia
definida como acima, mas é natural conjecturar, a partir da tabela, que 6 h, = 7 — 1. Podemos
usar inducdo para demonstrar que. de fato. esta é a expressao correta. De fato, a expressao vale
para n= 1, j& que 2! — 1 = 1 = hy. Suponhamos que. para algum n € N, tenhamos h,, = 2"— 1.
Entao Ay,41 = 2h, + b = 2(2"—1)+1 = 2"*! — 1, 0 que mostra que a expressio também é valida
para n+ 1. Logo. pelo Principio da Inducao Finita, hy * — | para todo 7 natural.

22
any eget
[REscwENDO Pron

LX EAM PLO &. P24 De STEINER


Qual é © niimero maximo de regiées em que o plano pode ser dividido por n retas? Equi-
valentemente, qual é 0 ntimero maximo de pedacos em que uma pizza pode ser dividida por n
cortes retilineos?
O wimero de regiGes @ maximo quando cada reta intersecta todas as demais em pontos
distintos. E facil contar diretamente o mimero de regides pata valores pequenos de n. A figura
ilustra as situagdes em que o nimero de cortes varia de 1 a 4 e a tabela a seguir relaciona o
utimero de cortes e o nfimero de regides geradas.

OOS Figura 2.3: Cortando a pizza.

miimero de cortes (7) | utimero de regides (r,,) | regides acrescentadas


1 2 _
2 4 2
3 7 3
| 4 11 4

A observagao da tabela sugere que o nttmero de regides aumenta de 7 unidades quando se faz
© n-ésino corte e que, assim, o ntimero total de regides obtidas com n cortes seja
2+Q434...4¢n514142434...¢n=1
4+ MEU = weante
O resultado final esta correto, mas o argumento acima é falho. O fato crucial de que n. regides
sao acrescentadas no n-ésimo passo foi obtido por simples observacgdéo do padrao apresentado para
pequenos valores de n, Para validar a demoustragéo, precisamos de um argumento mais forte,
que pode ser o dado a seguir.
Suponhamos que os primeiros n cortes tenham sido feitos de modo a assegurar o mimero
mAximo rp de regides, ou seja. de modo que cada corte intersecte todos os demais em pontos
distintos. O corte n + 1 também deve ser feito de modo a satisfazer esta condigéo. Ou seja,
ele deverd intersectar os n jA existentes em n pontos distintos. Estes n pontos subdividem a
reta correspondente ao (n + 1)-ésimo corte em n+ 1 partes (7 — 1 segmentos e 2 semirretas),
como ilnstrado na figura 2.4. Cada uma destas partes subdivide uma regiao existente em 2.
aumentando o ntiimero de regi sem n+ 1.

23 A
am
x
1 2 n—1 n

Figura 2.4: Acrescentando um corte.

Logo, de fato. teimos 7,41 = ryt (+1), para todo n > 1 ou. equivalentemente. rp = rp. +H.
para todo 2 > 1. 0 que valida a solugao acima. Alternativamente, uma vez vbtida a recorréncia
m= 2e ras. = ln tnt 1, para todo nm € N, podenios mostrar por indugéo fuita que o terme
geral de r, € dado por r, = :

24
E>
iw
x
Exercicios

2.1. Demonstre. por inducao, as seguintes identidades:

n(n +1)(n +2).


{a) 124234...+n(atl= 3 ;
2
(b) B+ 84.0.4 n= [a ] :
(c) 1.294 2.28 43.22 4.--4-n.2"-! = 14 (n—1)2;
ts
w (18) (162) (veh= )
(e) Ll! 42.214 3.3!4---4+ nn! =(n+D!-L.

2.2. Demonstre, por indugéo, as seguintes desigualdades:

a) 2° >n, onde n é um numero natural arbitrario;


1-3-5---(2n—1)
b) , para qualquer n € N.
2-4-6+--2n ~ f/3n+1

2.3. Considere a sequéncia (.r,) correspondente ao método de Newton para calcular V2, ou seja,
a sequéncia definida por 2, = 1, faa. = 3 (+n + 2 :

e@ Mostre que 1 <2, < 3, para todo n.

© Mostre que tny1— V2 = shay (tn — v2)’, para todo n.

(Isto explica porque o erro no calculo de V2 cai tao rapidamente no Método de Newton.)

2.4. Prove que, para qualquer nimero natural n:

a) n?+(n+1)5 + (+ 2)3 6 divisivel por 9;


b) 3?"+? + 8n — 9 6 divisivel por 16;
c) 4° 4 15n — 1 é divisivel por 9:
dy 11°*? + 12?*+1 6 divisivel por 133;
e) 2° +1 é divisivel por 3°41.

2.5. Um plano esta dividido em regides por varias retas. Prove que ¢ possivel colorir essas regides
com duas cores de modo que quaisquer duas regiées adjacentes tenham cores diferentes
(dizemos que duas regides sdo adjacentes se elas tiverem pelo menos um segmento de reta
em comum).

25 4 ia
i]
2.6. (O queijo de Steiner) Scja q,, o niumero de regides determinadas no espaco tridimensional
por xv planos (equivalentemente, o maior nimero de partes em que um queijo pode ser
dividido por n cortes planos).

a) Expliqne por que quz1 = G2 + Pn: para todo n € N, onde p, 6 0 nimero maximo de
regides em que 7 retas dividem o plano.
ne + 5n +6
b} Mostre que Gy = et para todo n € N

2.7. Considere uma linha poligonal formada por 2 semiretas e por n segmentos de reta. A figura
ilustra a situacgdo para n = 2. Encontre uma formula para o ntimero maximo de regides
determinadas pela linha poligonal e demonstre que sua formula esta correta.

2.8. No problema da Torre de Hanoi, suponha que se deseja passar n discos de uma haste
extrema para outra. mas que nado seja permitido passar diretamente um disco de um extremo
para 0 outro (isto 6, todo movimento deve ter origem ou destino na haste central). Assim,
por exemplo. para passar um tmico disco sdéo necess4rios dois movimentos (o primeiro para
levé-lo 4 haste central e o segundo para levdé-lo da haste central ao outro extremo)}.

a) Verifique que sao necessarios no mfuiruo 8 movimentos para transferir 2 discos.

b) Sendo A, o mimero de movimentos necessérios para n discos, expresse h,,,, em termos


de fy.

c) Moste que o niiero minimo de movimentos para transferir n discos é h, = 3" — 1,


para todo n € N.

a A 26
2.7 Outras formas do Principio da Inducdo
A partir do Principio da ludugaéo, podemos obter variantes que sao titeis para construir deter-
iinadas dewonstragdes (enbora seja sempre possivel usar a formulagao original). Comegamos
com wa Variante que é itil para demonstrar propriedades que sao vdlidas para mimeros naturais
a partir de um certo natural my (o valor de np pode ser 0, naqueles casos em que seja de interesse
cousiderar 0 como um ntiimero natural).
TEOREMA 2.3.
Seja P(n) uma propriedade relativa ao nimero natural n e seja ng um nimero natural.
Suponhamos que

i) P(ng) é valida.

ii) Para todo n > ny, a validez de P(n) implica na validez de P(n + 1).

Entaéo P(n) é valida para todo n > ny.

O Principio da Indugaéo é um caso particular do acima, para mo = 1. Para demonstrar a


versio mais geral. recorremos, como antes, ao Axioma da Indugio, mas tomando X = {n €
N|P(p +n — Dé valida}. Entao, 1 € X, j4 que. por i), P(na +1—1) = P(g) é valida. Alem
disso, por ii), sen € X, entéo n+ 1 € X. Logo, pelo Axioma da Indugao, X = N. Isto significa
que P(g +” — 1) é valida para todo n € N, ou soja, que P(m) é valida para todo n > ng.
et
EXEMPLO 9,
Mostrar que 2" > n? para todo natural n > 5.
Solugdo. Observando os valores de 2” e de n?. dados na tabela abaixo. observamos que nao
é verdade que 2" seja maior que 7?, para todos os valores de n, mas a propriedade parece ser
verdadeira a partir de n= 5.

n
me) epmelyskb
mlowlwlels

9
16
25 | 32
or

36 | 64
|

Se P(n) é a sentenca 2” > n?, temos que P(5) verdadeira Suponlamos, agora, que P(r)
seja verdadeira, ou seja, 2” > n?, para algum n > 5. Mulitplicando ambos os membros da

27 AB
desigualdade por 2, obtemos 2"*! > 2n?. Mas 2n? — (#41) = 0? - In - 1 = (n—1)? - 2.
Sen > 5, entéo (n—- 1)? -—2 > (5-1)? -2 = 1 > 0. Dai, conchtimos que 2") > (n + 1),
ou seja. que P(n + 1) € verdadeira. Logo, pela geueralizagéo acima do Prinefpio da Indugao, a
desigualdade vale para todo n > 5.

Uina ontra variante do Principio da Indugéo ocorre quando convéin, no passo de indugao.
cousiderar a validez nao somente do antecessor direto, mas de 2 ou. mais antecessores.
a
EXEMPLuo La.
Considere a sequéncia em que ay = 1, a2 = 2 @ daz = 2ay41 — ay. para todo natural n. A
partir de a, e a, podemos obter a3 = 2ag—a, = 3; a partir de ay e ay, obtemos ay = 23 — a2 = 4;
a partir de ag e ag. podemos obter ag = 2a4— a e assim por diante. Os valores ja calculados
sugerem que o termo geral de (a,,) esta bem definido e é dado por 6, = n. Varnos estahelecer
estes fatos por indugao.
Se tentainos proceder como nos casos anteriores e consideramos a sentenga P(r): @, = Rn,
© mecanismo de indugio nao funciona. Nao conseguimos passar de P(n) para P(r + 1). pois
P(n+1) depende nao somente de P(n), mas também de P(n—1), Para fazer a prova, precisamos
consilerar uma sentenga que estabelega a validez da expresséo do termo geral para dois valores
consecutivos de 1. Podemos tomar Q(n) : P(n) e P(n+ 1). ou seja. Q(t) i @n = Ne Gag = +1.
Agora, temos que Q(1) é verdadeira, jé que ambas P(1) : a; = 1 e P(2): ay = 2 sao verdadeiras.
Além disso. se supomos que Q(n) 6 verdadeira para algum n, temos que P(r) : a, = me
P(n +1): day, = m+ 1 sfo verdadeiras, Dai: an42 = 2ay-1 — dn = 2(n +1) -—n = nt 2.
Assim P(n +2) : anya = 4+ 2 6 verdadeira e, em consequéncia, Q(n + 1): P(n + DeP(n + 2)
também o & Logo, pelo Principio da Indugao, Q(m) é valida para todo n € N. Em consequéncia.
P(n):a, =n @ também valida para todo n € N.

Podemos generalizar o que fizemos acima emmnciando a seguinte forma do Principio da Indu-
Gao:

TEOREMA 2.4.
Seja P(n) wma sentenca aberta relativa ao natural n. Suponhamos que:

i) P(1), P(2),...,.P(&) séo verdadeiras.

ii) Para todo n € N, a validez de P(n), P(n + 1),...,P(n + & — 1) implicam a validez de
Pin +k).

Entao, P(n)} é valida para todo n € N.

a sy 28
MPLO LL.
Suponha que um casal de coelhos demore dois meses para procriar. A partir dai. a cada més
produz um novo casal de coelhos. Comegando no més 1 com um tinico casal, qual ¢ 0 ntimero de
casal de coelhos no més n?
Solugao. A sequéucia (F,) que responde a esta pergunta é conhecida como a sequéncia de
Fibonacci, em homenagem ao apelido de Leonardo de Pisa. Os dois primciros termos da sequéncia
sio F, =1e Fy =1, ja que o casal original nao se reproduz até o segundo més. O valor de Fp é 2,
correspondente ao casal original e ao primeiro casal de filhotes que ele gerou. No terceiro més, 0
easal original gera mais um filhote, mas o primeiro casal de filhotes ainda nao esta maduro para
gerar fillotes. Logo, F = 3.
De modo geral. em cada més 7 (com mn > 3), estaréo presentes os casais j4 presentes no
més auterior, mais um nimero de novos filhotes correspondentes aos casais madnros. Mas estes
so os que ja estavam presentes dois meses antes. Logo, para todo n > 3. Fy = Fu-1 + Fh.
Equivalentemente, F429 = Fa41+ Fy. Juntamente com Fy = Fy = 1, isto define o valor de F,
para todo n € N, pela forma generalizada do Principio da Indugdo. dando origem 4 seqnéncia
(1. L, 2, 3, 5. 8, 18, ...). Em algumas situagdes, pode ser conveniente comegar a sequéncia de
Fibonacci com n = 0, definindo-a por meio de Fy = 0, Fi, = 1 e Fy = Fy1+ Fu-2, para todo
n > 2 (note que Fy = 1, dando origem 4 mesma sequéncia anterior, acrescida do termo inicial
igual a 0).
No capitulo 4 veremos como resolver recorréncias de segunda ordem (isto é, em que um termo
clepende dos dois anteriores). Por enquanto. vocé pode ficar surpreso em saber que a expressio

», 28) (9
clo termo geral de F,, é

0 que pode ser verificado por indugao (veja o exercicio 2.14).

Uma outra variante do Principio da Indugdo é muitas vezes chamada de Principio da Indugéo
Completa ou da Indugéo Forte. Nela, a hipotese de inducado é a validez da propriedade para todos
08 naturais menores que ou ignais a wm natural n:
TEOREMA 2.5,
Seja P(n) uma propriedade relativa ao ntimero natural n . Suponhamos que

i) P(1) é valida.

ii) Para todo n € N, a validez de P(k), para todo k < n, implica na validez de P(n + 1).

Entao P(n) é valida para todo n € N.

29 AB
DELILE a

DEMONSTRAGAO.
Consideremos a sentenga aherta QU) : P(k) é€ udlida. para todo natural k <n. Como. por
i}, PQ) é valida, Q(1) também ¢ Suponhaimos agora que Q(n) seja valida. Isto quer dizer que
P(k) 6 valida. para todo & <n. Mas. por ii). isto implica a validez de P(r + 1). que por sua vez
implica em que P(*) seja valida para todo & < r+ 1. Logo, Qin +1) também 6 valida. Portanto,
pela forma original do Principio da Indugéo. Q(n) é valida para todo n € N. de onde decorre a
validez de P(n) para tado n € N.

Naturaliente. o mecanismie da inducgdo completa pode ser adaptado para demonstrar pro-
priedades que valet a partir de um utinero natural ny. Neste caso, a hipdtese de indugaoa é a
validez de P(#) para tode natural & tal que na <& <n.

ENEAPLO L2. n
an 5
Seja a, una sequéucia detinida por ay = 2 e @,-1 = a bara cada natural n. Qual é 0
wre
termo geral de a,,?
Solugao. Os primeiros termes da sequéncia sao:

o que sugere que a, = 1. para todo rn > 1. com ay = 2.


Mostrar que a, esté bem detinido, e é dado pela expressdo acima, requer 0 uso de Lidngéo
Completa, ja que a definigaa de cada term 6 baseada no valor de todos os autecessares. Como
a = 1. Pin): a, = 16 valida para n = 1. Supenhamos, agora, que P(s) seja valida (isto
& a, = &) para todo & tal que tl < k < nv. Usando este fato e o de que ay = 2. ubtemos

” an = 1.0 que mostra que P(e +1) é verdadeira, Logo. o Principio da Indt
Completa assegura que P(n):a, = 1 é valida para todo n > 1.

Uma outra aplicagéo de indugio completa é a prova da Propriedade da Boa Ordenagiio. que
afirma que todo subcoujunto néo vazio de N tem mn menor elemento. Vanios mostrar que um
subconjunto X de N que nao possua um menor elemento é necessariamente vazio, ou seja, que
seu complementar X° € o proprio N,

DEMONSTRAGAO.
Seja P(n) a propriedade n € X°. Comecamos por mostrar que i) P(1) é valida. De fato.
1 ¢ X, ja que se 1 pertencesse a X seria seu menor elemento. Em consequéncia, 1 € X*. Por
outro lado, suponhamos que P(*) seja valida. para tode & <n. Isto quer dizer que todos os
naturais de 1 a 7 estéo em XA‘, ou seja. que nao estaéo ei XY. Mas isto implica em que 7 + 1 nao

30
pode pertencer a X, j4 que, neste caso, seria seu menor elemento e, por hip6tese, X nao possui
menor elemento. Logo. n+1 € X*. 0 que mostra que P(n +1) é valida. Portanto, mostramos que
ii) se P(k) @ valida para todo k < n, entéo P(n + 1) é valida. Logo, pelo Principio da Inducao
Completa. P(n) é valida para todo n € N. isto 6. X°=Ne X =a.

OBSERVAGAO 2.6.
Em lugar de usar o Prinefpio da Indugéo Completa para demonstrar a Propriedade da Boa
Ordenaciio, como fizemos acima, poderiamos ter feito o caminho contrério. demonstrando o
Propriedade da Boa Ordcnagao a partir do Axioma da Indugao e, dai, demonstrando o Principio
da Indugaéo Complcta.

31
Exercicios

2.9. Demoustre, por indugao, as seguintes desigualdades:

a) nl > 2", paran > 4:

b) na! > 3”, para n > 7;


1 1
c) + 44 1 5B aan >2:
nolo nya? Ton 7
d) 2? >14nvV2"-1, para n > 2.

2.10. Dados n (n 2 2) objetos de pesos distintos, prove que é possivel determinar qual o mais
leve e qual o mais pesado fazendo 2n — 3 pesagens em uma balanca de pratos. Mostre,
também, que este é o ntimero minimo de pesagens que permitem, com certeza, determinar
o mais leve e o mais pesado.

2.11. Mostre que existem intciros nio negativos x e y tais que 7z + 8y = n para todo n > 42.
Seria possivel tomar um niimero menor que 42 na afirmativa acima?

2.12. Prove que, qualquer que seja o ntimero natural n maior do que ou igual a 3. existe um
poligono convexe com n lados e exatamente 3 angulos agudos. [Sugestao: Modifique um
dos Angulos agudos de um poligono com n lIados para produzir um angulo agudo e um
obtuso.|

2.13. A sequéncia a;.a2,....d,.... de niimeros é tal que


1 a, = 3. ag = 5 e day, = 3aq — 2ttn_y
para n > 2. Prove que ¢, = 2” + 1 para todos os miimeros naturais n.

2.14. Mostre que o termo geral da sequéncia de Fibonacci é

- v5
ey
2.15. Mostre que a sequéncia de Fibonacci satisfaz 4s seguintes identidades:

(a) Fit Fates


+ Fa = Faye - 1.
(b) Fit Fat--++ Fant = Fan.
Fan = Fong — 1.
(c) Fot Fyt-+++
(d) FR+ FR +---4-F2
= Fy Foot.

Ae Ay 32
1
2.16. Seja (Fn) a sequéncia de Fibonacci. Mostre que F, > (3 2 para todo n € N.

2.17. Use indugao completa para demonstrar o Teorema Fundamental da Aritmética: todo nt-
mero natural n > 2 6 primo ou 6 um produto de nimeros primos.

2.18. Em uma das vers6es do jogo de Nim, dois jogadores se alternam, retirando 1, 2 ou 3 palitos
de um monte de n palitos. O jogador que remove o tltimo palito perde. Mostre que o
primeiro a jogar tem uma estratégia vencedora se, ¢ somente se, o resto da divisao de n por
4 é diferente de 1.

2.19. Considere um conjunto de n pontos. Conecta-se pares desses pontos por segmentos de reta,
até que nado seja possivel acrescentar um novo segmento sem formar um ciclo, isto é, um
caminho fechado percorrendo os segmentos de reta tragados. A figura mostra duas possiveis
situagdes ao final do processo, para n = 6.

1.
_[ VN

a) Mostre que, ao terminar o processo, cada par de pontos esta ligado por um tnico
caminho formado por segmentos.
b) Mostre, por indugdo, que. ao terminar 0 processo, teréo sempre sido tracados n — 1
segmentos.

2.20. Ache o erro na “prova” do seguinte “teorema”: Todos os nimeros naturais sao iguais.
Vamos provar o resultado usanda indugao completa.
(i) P(1) é claramente verdadeira.
(ii) Suponha que P(k) seja verdadeira, para todo k tal que 1 <n. Entéon = n—1.
Somando | a ambos os lados dessa igualdade, obtemosn =n+1. Come n era igual a todos
os naturais anteriores, seque que P(n +1) é verdadeira.

Portanto, P(n) é verdadeira para todon € N.


reer eatin tie Cae |

aA 3A
3.1 Progressoes Aritméticas
Sao comuns na vida real, grandezas que sofrem variacées ignais em intervalos de tempos
iguais. Vejamos algumas situacdes concretas.

EXEMPLo I.
Uma fabrica de autoimdéveis produziu 400 vefculos em janeiro e aumentou mensalmeute sua
produgao de 30 veiculos. Quantus veiculos pruduziu em junho?
Solug&o. Os valores da producaéo mensal, a partir de janeiro, séo 400, 430, 490, 520, 550,....
Em junho, a fabrica produziu 550 veiculos.
Poderfamos ter evitado escrever a producdéo més a més, racionando do modo a segnir. Se a
produgaéo anmenta de 30 veicuios por més, em 5 meses ela aumenta 5 x 30 = 150 vefculos. Em
junho, a Fabrica produziu 400 + 150 = 10 vefculos,

Progressdes ariunéticas séo sequéncias nas quais o aumento de cada termo para o seguiute é
sempre oO meso.

A sequéncia (400, 430, 460, 490, 520. .-+-) € wan exemplo de uma progressdo aritmeética.
O aumento constante de cada termo para o seguinte é chamado de razao de progressio. A
tazao da progressao acima é ignal a 30.
Vanios @ definicao formal.

DEFINIGAO 3.1.
Uma progresséo aritmética (PA) @ uma sequéncia na qual a diferenca entre cada termo e
o termo anterior é constamte. Essa diferenca constante 6 chamada de razdo da progressdo e
representada, pela letra r.

EXEMPLO 2.
As sequéncias (5.8.11. 14....) e (7.5.3. 1....) sao progresses aritméticas enjas razées valem
Tespectivameute 3 e —2.

3.2 Termo geral de uma Progressao Aritmética


Em una progressado ariumética (a,.a9.@y....), para avangar wn termo, basta somar a razio:
para avangar dois termos, basta somar duas vezes a razdo, e assim por diante. Assim. por
exemplo, 13 = @5 + 8r. pois, ao passar de a3 para a)3, avaucgamos 8 termos: @y2 = @7 + 5r. pois

a 36
fen ea ICE Gg wee ocr or

avangamos 5 termos ao passar de az para ayy; ty = a7 — 13r, pois retrocedemos 13 termos ao


passar de @,7 para a, e, de modo geral,

a, =a + (n—1)r,

puis. ao passar de a) para a, avangaiuos 7 — 1 termos.

PAL AULI 3.
Em uma progressao arit:mética, o quinto termo vale 30 e o vigésimo terme vale 50. Quanto
vale o citavo termo dessa progressao?
Solucgdo. ayy = a5 + L5r, pois ao passar do quinto terimo para o vigésimo, avancamos 15 termos.
Logo, 50 = 30+ lbrer= z Analogamente, ag = a5 + 3r = 30 +3. 3 = 34. O oitavo termo vale
3A.

(.NEMPLO 4.
Qual é a razao da progressio aritmética que se obtém inserindo 10 termos entre os utimeros
3 e 25?
Solucao. Temos a, = 3 e a12 = 25. Como ais = @1 + Lr, temos 25 = 3+ Ilr. Dai, r = 2.

PAEMPLO O.
O cometa Halley visita a Terra a cada 76 anos. Sua tltima passagem por aqui foi em 1986.
Quantas vezes ele visitou a Terra desde o nascimeuto de Cristo? Em que ano foi sua primeira
passagem na era crista?
Solugao. Os anos de passagem do cometa foram 1986. 1910. 1834... e formain uma progressdéo
aritunética de razio —76. O termo de ordem n dessa progresséo é Gy = a, +(n— lr, isto é,
a, = 1986 — 76(n — 1) = 2062 —76n. Temos a, > 0 quando n < = 27.13... . Portanto. os
termos positivos dessa progressao sfio os 27 primeiros, a), a2. ay... : ,@z;. Logo, ele nos visitou 27
vezes ua era crista e sua primeira passagem na era crista foi no ano a27 = 2062 — 76 x 27 = 10.
Poderfainos também ter resolvido o problema aproveitando o fate dos termos dessa progressao
seremn iuteiros, Em uma progressao aritmética de termos inteiros ¢ razao nao mula, todos os termos
dav o mesino resto quando divididos pelo méduio da razio. Como 1986 dividido por 76 da resto
10, todos os anos em que 0 cometa por aqui passou dao resto 10 quando divididos por 76. A
primeira visita ocorreu entre os anos 1 e 76, inclusive. Entre esses anos, o tinico que dividido por
76 da resto 10 é 0 ano 10. Para descobrir a ordem desse termo, usamos @, = a +(n— Lr, isto
é 10 = 1986 — 76(n — 1). Dai,
2062 _
n= 5 27.

37
{Na verdade, a primeira passagem do cometa Halley na era cristé ocorreu no ano 12 e nado no
ano 10. A diferencga deve-se ao fato de que o perfodo entre duas passagens cousecutivas nao ser
exatamente de 76 anos e, ua verdade. néo ser coustante. variando de 74 a 79 anos, Portanto. a
progressao aritmética acima fornece um modelo apenas aproximado da situagao real.)

Muitas vezes é conveniente enummerar os termos de uma progressao aritimética a partir de zero,
conforme mostra o exemple a seguir.

ener eeeeeeeee cece


RXEMPLO 6.
O prego de um carro novo é de R$ 15 000,00 e dimiuui de R$1 000.00 a cada ano de uso.
Qual seré o prego com 4 anos de uso?
Solugao. Chamando o preco com n anos de uso de a,, temos 9 = 15000 e queremos caleular
ay. Como a desvalorizacgéo anual é constante, (a,) é uma progressdo aritmética. Logo, ay =
ag + 4r = 15000 + 4 x (—1000) = 11000. O prego sera de R$11 000,00.

EMPLO 1.

Os lados de um triangulo retangulo formam uma progressao aritmética crescente. Mostre que
a razéo dessa progressdo é igual ao raio do circulo inscrito.
Solugaéo. Chamemos os lados do triangulo de r—r.x.x+r. Esse é um bom truque para facilitar
as contas; ao representar uma progressao aritmética com um nimero impar de termos, comecar
pelo termo central.
Como a progressao é crescente. a hipotenusa é 0 tdltimo terimo. Pelo Teorema de Pitagoras,
(r+r)? = (r—r)* +27. Dai, r? = dre e, jf que x #0 pois x é uni dos catetos, r = dr. Os lados
6r?
sao entaéo 3r. 4dr e Sr. O perimetro é 2p = 3r + 4r + 5r = 12r ea dreaé — = . =r.
p 7

EXEMPLO ?
Determine 4 nimeros em progresséo aritmética crescente, conhecendo sua soma 8 e a soma
de seus quadrados 36.
Solugao. Um bom trnque, para representar progressoes arituiéticas com um niimero par de
termos, 6 chamar os dois termos centrais de z— ye x+y. Isso faz com que a razao seja
(ety) — (ey) = 2y.
A progresséo é entdo x — 3y, n-—y, ety. at by.

ai A 38
(x -3y) + (7 —y) + (ety) t+ (et 3y) =8
(@ — By)?+ (2 —y)?
+ (e+ y)? + (2 + 3y)? = 36
dr =8
du? + 204? = 36

r=2
yo=l

Como a progressio é crescente, y > 0. Logo. r = 2 e y = 1. Os nimeros so —1,1.3.5.

Em uma progressao arit mética. o termo geral 6 dado por um polindmio em rn. @_ = ay + (1—
ljr=r.n+(a,—r). Ser # 0, ou seja, se a progressio nao for estacionaria (coustante), esse
polindmio é de grau 1. Se r = 0. isto é. se a progressao for estaciondria, esse polindmio é de grau
menor que 1

Por esse motivo, as progressdes aritméticas de razao r #4 0 sao chamadas de progressdes


aritméticas de primeira ordem.
Reciprocamente. se em uma sequéncia o termo de ordem 7 for dado por um polinémio em n.
de grau menor que ou igual a 1, ela seré uma progressdo aritmética. Com efeito, se x, = an + b,
(x,) € uma progressao aritmética na qual a = reb=a) —r. ou seja.r =aea, =atb.

Como em uma progressao aritmética an = ay + nr. a fungao que associa a cada natural 7 0
valor de a, é simplesmente a restricao aos naturais da fungao afim a(x) = a(0) + rz.
Portanto, pensando em uma progressio aritmética como uma fungao que associa a cada.
niimero natural 2 o valor @,, 0 grafico dessa funcéo é formado por uma sequéncia de pontos
colineares no plano.
Em outras palavras, (@,) 6 wma progressao aritmética se, e somente se, os pontos do plano
que tém coordenadas (1,41), (2.42). (3, a3). ete. estao em linha reta.

3.3. Soma dos Termos de uma Progressao Aritmética


Baseados na ideia de Gauss, usada para calcular a soma 1 + 2+ ---+ 100, podemos calcular
a soma dos n primeiros termos de uma progress&o aritmética qualquer.

TEOREMA 3.2.
A soma dos n primeiros termos da progresséo aritmética (a. a2. a3,...) €

_ (a +a)
Sh z

39 A
wi
x
Figwa 3.1: Grafico de uma progressau arituiética.

DEMONSTRAGAO.
Temos S$, = a, + ag + 3 +++ + yy +a, ©, escrevendo a soma de tris para frente, S, =
Hy, + y—1 + yg boo Fy + ay. Dai.

25, = (ay+ ay) + (ee + ty) + (ay


+ yea) Fo + (tay + Ga) + (ay, + ay).

Observe que, ao passar de ui parcutese para o seguitte. a primeira parcela aumenta de rea
segunda parcela diuinui de r. uo que udo altera a soma. Portanto, todas os parénteses sdo iguais
ad primeiro. (a) + 4),). Como sao n parénteses. (emus

_ (ay taydn
2, an =latadl.n oie §, = 5 .

eee]
beNkcueLO Ud
Qual é 0 valor da soma dos 20 primeiros termos da progressaa aritinética 2.6.10... .?
Solugdo. ay, =a) + Ir =24 19x 4=7%.
(2+ 78)20
= NUH).
2

LAEMiba? 1
A-soma dos 7 priteiros mimeros iuteiros e positives é

n(n 1)
=142434+---4+n= =:

Observe que S,. no exemplo anterior. 6 um polindmio do segundo grau em nm, sem termo
independente.

40
TeaCStEN
Re NESS |
EARMPLO IL.

Asoma dos n primeiros mtineros inpares é

142n—1 ;
1434544 Qn —1) = OF aa

Observe que S,,, no exemplo anterior, é também um polinédmio do segundo grau em n, sem
terino independente. Isto se generaliza como segue.

A soma dos rn primeiros termos de uma progressao arit mética &

ty +a,}n a.t¢a,;t+(n—U)rlp or, r


g, = ean
5 } = lata ! tin
s Dein
J) =F (a1 5).

Observe que, se r # 0. entdo S, é um polinédmio do segundo grau em n. desprovido de termo


independente. Se r = 0, S,, é um polindmio de grau menor que 2, sem termo independente.

Reciprocamente. todo polinémio do segundo grau em n. desprovido de termo independente.


é 0 valor da soma dos n primeiros termos de alguma progressao aritmética. Com efeito Pin J=
ur? + bn 6a soma dos n primeiros termos da progressao aritimética na qual 5 =aeaq— 5 =b,
ou seja, r = 2a
e ay = a+b.

3.4 Progressdes Aritméticas de Ordem Superior

DEFINIGAO 3.3.
Define-se para sequéncias 0 operador A, chamado de operador difcrenga, por Aa, = dp41—@n-

Portanto, da definigao segue imediatamente que uma sequéncia (a@,,) ¢ uma progressao arit-
mética se, e somente se, (Aa,) = (@n41 — Gn) é constante.
O exemplo a seguir estabelece o Teorema Fundamental da Somacéo, que é 0 analogo discreto
de Teorema Fundamental do Caleulo.

EXEMPLO 12.
1"
Mostre que > Aay = Gn41 — a). conhecido como
k=1

Al AB
Solugdo:

S Aay = Aa, + Aaa + Aag +--+ + Atnir + Aa, =


ks1

(ag — a1) + (dy — @2) + (4 — @y) ++ + (a — Qi) + (Gna — Qn) =


On+1 — Q-

De forma andloga ao Teorema Fundamental do Calenlo, que estabelece que o caleulo de


uma integral definida fg f(z)d(x) pode ser feito obtendo uma funcdo F' cuja derivada seja f e
calculando a diferenga F(b) — F(a), o Fundamental da Somagao torua imediato o cdleulo da soma
dos termos de uma sequéncia, desde que se identifique esta sequéncia como sendo obtida pela
aplicagdo do operador diferenga a uma outra sequéucia (veja o exercicio 3.44).

DEFINIGAO 3.4.
Uma progressao aritmética de segunda ordem é uma sequéncia (a,,) na qual as diferencas
Aan = Gn41 — Gq, entre cada termo e o termo anterior, formam uma progressao aritmética
nao-estacionaria.
De modo mais geral, uma progressdo aritmética de ordem k (k > 2) é uma sequéncia na qual
as diferengas entre cada termo e o termo anterior formam uma progresséo aritmética de ordem
k-1.

eens ee rece c reece reece eee


EXEMPLO 13.
A sequéncia (2,) = (1.3.6.10,15.21,...) @ uma progressdo aritmética de segunda ordem
porque a sequéncia das diferencas eutre cada termo e o anterior,

(b,) = (Aan) = (Gai — Qn) = (2.3.4.5.6....}

é uma progressao aritmética nao-estacionaria.

EXEMPLO 14.
A tabela abaixo mostra uma sequéncia (a,) = (n® — n) e suas diferencas
(Aan), (Aan) = (AAa,), (A¥an) = (AA?a,,) ete...

aA 42
n bn
Qa 0 0 6 6
1 0 6 12 6
2 6 #18 18 6
3°24 36 «24 6
4 60 60 30 Oo
§ 120 90 o
6 210 O
7a

Se (Aa,), como parece, for constante, (A®a,) sera uma progressdo aritmética, (Aa,) sera
ua progressdo aritmética de segunda ordem e (a,) seré uma progressdo aritmética de terceira
ordem. Isso é verdade, pois

a, = M—n
Aan Cnt — Gy = (n+ 1)8 — (n+ 1) — [n? — n] = 3n? + 3n,
l

Ata, 3(n + 1)? + 3(n + 1) — [8n? + 3n] = 6n4+ 6,


Ata, = 6(n+1) +6 -[6n+6] =6

v A%q, realmente é constante.

Observe que, nesse quadro, a soma de dois elementos lado a lado é igual ao elemento que
esta emhaixo do primeiro desses clementos. Isso nos permite calcular os elementos que estaéo
assinalados por O na tabela acima. Da direita para a esquerda. eles sao iguais a 6, 30 + 6 = 36.
90 + 36 = 126 e 210+ 126 = 336. Portanto, a7 = 336 e este foi o processo mais exdtico que vocé
ja vin para caleular az = 7? — 7.

OBSERVACAO 3.5.
A sequéncia cujo termo de ordem n é a soma S,, = a, + @2+..,+ a, dos n primeiros termos
de uma progressdo aritmética de ordem p 6 uma progressdo aritmética de ordem p+ 1. Basta
observar que o operador diferenca, aplicado a (S,), fornece AS, = S,4, — Sn = ays; e define,
portanto, uma progress4o aritmética de ordem p.

O teorema a seguir estabelece uma relacgio fundamental entre progressdes aritméticas de


ordem p. onde p é um ntimero natural, e polindmios de grau p.

43 Af
TEOREMA 3.6.
uma progressio
Toda sequéncia ua qual o termo de ordem n ¢ ur polindmio em n, de grau p. é
ca de ordem p, entao
avitinética de ordem p e, reciprocamente. se (a,,) 6 uma pregressao aritméti
(an) @ um polindmio de grau p emi n.

rainos:
Deixamos a demunstracao geral do resultado para a préxiina segao. tas. a seguir, inmost
wn
sna validade para progressdes aritiméticas de segunda ordem {isto 6 para p = 2) © vemos
emplo de sua aplicagae,

DEMO? STRAGAO. PARA PROGRESSOES ARITMETICAS DE SEGUNDA ORDEM

Sea, = an? +bn +c. coma ¥ 0, temos

Ady = And) — Ay = aE + 1)? 4 b(n 41) +e - (an? + bn te) = ant (at bd),

a
que 6 do primeiro grau em nr. Pelo que comeutamos acima. (Aa,) 6 uma progressito aritiuétic
nao-estacionaria.
progressao aritmética de segunda ordem. b, = Aa, = @n+1—@n
Por outry lado. se (a,,) 6 wma
é mma progressio aritinética com razo diferente de zero ¢

by 4 obo + hg tees t+ bye tna =


(az — a1) + (a3 — G2) $ (ag — 3) HH (A Apt) + (Ong — Ua) =
Ayo} 7 EL
do segundo
é wm polindmio do seguude grau em ne. Em cousequénecia, @, também é un polindmio
grau emir.

n
LABMPLO:
Obter uma expressio para a soa 5, = , K(k + 2).
k=l
Solugdo: Pelo teorema acima, a sequéucia definida por a, = (7+ 2) @ wma progressao
S,, de
arilmeética de ordem 2. jA que seu termo geral é um polindmio de grau 2. Logo. a soma
seus n primciros termos define uma progressao aritmética de ordem 2-1 = 3. Portanto. usando
agora a volta no teorema acima, o termo geral de S, é dado por um polinémio de gran 3 em n.
isto 6, podemos escrever Sy = aei+im? ten+d. Atribuindo a nv os valores 1. 2, 3 e 4. obtemos
as equagoes
at+b+etd
Sa +4b4+2%4+d=11
27a +9b4+ 3c+d = 26
Gta + 16b 4 te + d= 0).

A 44
>
wi
x
b= > c= 7
Resolvendo, encoutramos a = r d=0. Entao.

Ss, _ia 33,2 ane 2nd 49n? + 7n n(n t+1)(2n


+7)
a 6 6 - 6 ,

3.5 Somas Polinomiais


Para a demoustragiio do caso geral do teorema que relaciona polindmios e progressdes arit-
miéticas de ordem superior, precisamos estudar somas do tipo J7y_, A? = 17-+2? +--+ + nh e, de
modo mais geral. do tipo S7y_, P(4). onle P(x) é um polindmio em k.
a
EXEMULO 1G,
A soma dos quadrados dos 7» primeiros mimeros inteiros e positivos é

P4ePy ‘=e

© pode ser caleulada do modo a seguir:

Sree 1 -pewsye 430kE OL.


k=1 kel k=l
Os dois primeiros somatorios tém varias pareclas comuns, pois

Set = P44 -- FF + (n+ 1)?


aA=1

a
i ee ee
&
Simplificando as parcelas comuns avs dois membros, obtemos
n n fn
(n+1%= B+3> 43 kt OL
kel k=} ket
Como n
1
Yea Lh24ecgn a Wat)

a
YUlasiti+---+1en,

45 Aw
(n+1) areas st yy,
kel 2
Dai,
we _ In? + 3r+n _ (nt (Qn +1)
6 6 ,
R
Observe que 1? + 2?4.+-- +n? = , ‘° @ um polindmio do terceiro grau em n.

De modo geral:

TEOREMA 3.7.

1P > QP 4 BP+ eee
tp P= Se é um polinémio de grau p+ lem an.
a1

DEMONSTRAGAO.
Vamos proceder por indugao sobre p. Para p = 1, 0 teorema ja foi provado anteriormente.
"
Suponhamos agora que Se seja um polindmio de grau p +1 em n, para todo p €
ke.
{1.200.045 s}, Mostraremos que essa afirmacio é verdadeira para p = 8 + 1, isto é, mostrare-
1
mos que > k**? 6 am polinémio de grau » +2 em n. Observe que
k=l

(Uy? = bet 4 (og 4 QV,


onde os termos qne nao foram escritos explicitamente formam um polinémio de grau s em k.
Temos entao,
n
Vet yr = Soe (642) Ta + P(n),
ke k=1 kak
onde F(n) 6 um polinémio de grau s+1 em n, pela hipdtese da indugéo. Simplificando os termos
comuus aos dois primeiros somatérios, obtemos
n
(m+ 1)? = 1+ (s+ 2) $7 bt + F(n),
k=l
Dai,
Set! _ (n+l)? —1—F(n)
~ s+2
que 6 un polinémio de grau s + 2 em n.

aA 46
COROLARIO 3.8. a
Se F é um polinémio de grau p entao '(k) @ um polinémio de 8 grau p +1 em n.
k=l

Finalmente, demonstramos que (¢,) 6 uma progress&o aritmética de ordem p, (p > 1), se,e
somente se @,, 6 um polinémio de grau p em 7.
DEMONSTRAGAO.
Vamos proceder por inducdo sobre p.
Para p = 1, 0 teorema decorre da expressao do termo geral de uma progressao aritmética ndo
estacionaria.
Suponhamos que o teorema seja verdadeiro para todo p € {1,2..... 8}. Mostraremos que essa
afirmagao 6 verdadeira para p = s+ 1.
Se (a,) é uma progressao aritmeética de ordem $+ 1, 6, = Ady = Gngi—d_ @ uma progressao
aritmética de ordem s e. pela hipdtese da inducio, 6, é um polinomio de grau s em rn. Entao
h
Ss bk = Qn41 — a 6, pelo corolério do teorema anterior, um polinémio de grau s + 1 em n. Se
k=1
a, @ um polinéniio de grau s+ 1 em n, Aa, é um polinémio de grau s em n, conforme vocé
facilmente verificaré. Pela hipotese da indugdo, (Aa,) é uma progressio aritmética de ordem s,
ou seja, (¢p) é uma progress&o aritiuética de ordem s+ 1.

AT
Exercicios
3.1. Formam-se n triangulos com palitos, conforme a figura. Qual 6 o nimero de palitos usados
para construir r tridngulos?

3.2
AL/LA
Os angulos internos de um pentagono couvexo estao em progressao aritmética. Determine
o Angulo mediano.

3.3. Se 3—a. —a, /9 — x, ...é@ uma progressao aritmética. determine z e calcule o quinto termo.

3.4. Caleule a soma dos termos da progressdo aritmética 2. 5, 8. 11.... desde o 25° até o 41°
termo, inclusive.

3.5. Calcule a soma de todos os inteiros que divididos por 11 dao resto 7 e esto compreendidos
entre 200 e 400,

3.6. Quantos sfo os iuteiros, compreendidos entre 100 e 500, que nao sao divisiveis nem por 2.
nem por 3 e nem por 5? Quanto vale a soma desses inteiros?

3.7. Quanto vale o produto (a)(aq)(aq?) (ag)... (ag"=1)?

3.8 Determine o maior valor que pode ter a razio de nma progressao aritmética que admita os
mimeros 32, 227 e 942 como termos da progressao.

3.9, De quantos modos o nimero 100 pode ser representado como uma soma de dois ou mais
inteiros consecutivos? E como soma de dois ou mais naturais consecutivos?

3.10. Um quadrado magico de ordem 7 é uma matriz n x rm, cujos elementos sao os inteirus 1. 2.
. , 7’, sem repetir nenhum, tal que todas as linhas e todas as colunas tenham a mesma
soma. O valor dessa soma é chamado de constante magica. Por exemplo. os quadrados

17 241 8 #15
159 816 23 5 7 14 16
834 3.5 7 e 4 6 13 20 22
6 7 2 49 2 10 12 19 21 3
11 18 25 2 9

as 48
rt]
Bw
sao maégicos, com constantes magicas respectivamente iguais a 15, 15 e 65. Alias, os dois
iiltimos séo hipermagicos, pois as linhas, colunas e também as diagonais tém a mesma
soma. Calcule a constante magica de um quadrado magico de ordem n.

3.11. Os inteiros de 1 a 1000 séo escritos ordenadamente em torno de um circulo. Partindo de


1, riscamos os nimeros de 15 em 15, isto é, riscamos 1. 16. 31.... O processo continua até
se atingir um nimero jA previamente riscado. Quantos nimeros sobram sem riscos?

3.12. Podem os nimeros V2, V3, “5 pertencer a una mesma progressao aritmética?

3.13. Suprimindo um dos elementos do conjunto{1,2,...,7}, a média aritmética dos elementos


restantes é 16,1. Determine o valor de n e qual foi o elemento suprimido.

3.14, Um bem, cujo valor hoje é de R$8 000,00, desvaloriza-se de tal forma que seu valor daqui
a 4 anos serA de R$2 000.00. Supondo constante a desvalorizagaéo anual, qual sera o valor
do bem daqui a 3 anos?

3.15. Um bem, cujo valor hoje é de R$8 000,00, desvaloriza-se de tal forma que sen valor daqui
a 4 anos ser4 de R$2 000.00. Supondo que o valor do bem cai segundo uma linha reta,
determine o valor do bem daqui a 3 anos.

3.16. Calcule a soma de todas as fracdes irredutiveis, da forma 2. que pertencgam ao intervalo
72
(4,7]-

3.17. Qual a maior poténcia de 7 que divide 1000!?

3.18. Em quantos zeros termina o nimero resultante do cAlculo de 1000!?

3.19. Calcule o valor das somas dos n primeiros termos das sequéncias:
a)13, 23, 33...
b)1.4. 3.7, 5.10, 7.13, ...
3.20. Representando por |z| a parte inteira do real x, isto 6, o maior nimero inteiro que é menor
que ou igual a x e por {} 0 inteiro mais proximo do real z, determine:
a) [Vi] + [v2] + [v3] +--+ [v1
b) LW2] + L¥2] + [VB] +--+ [Wee =I]
Ova Wa Wt aan
{Vi} + {v2} + {v3} +--- + {V1000}.
49 &s IN}
2
x
3.21. Prove que a soma de todos os inteiros positivos de n digitos, n > 2, é igual ao mimero
494199...95500...0, no qual ha n — 3 digitos sublinhados que sao iguais a 9 e n — 2 digitos
sublinhados que sao iguais a 0.

3.22, Determine o primeiro terme e a razéo da progressdo aritmética na qual a soma dos n
primeiros termos é, para todo n:
a)S, =2n? +n b)S,=n?tn+1

3.23, (Profimat - MA12 2012) Seja (a,,) uma progressao aritmética e seja (b,) a sequéncia definida
por b, = dy, +@,41, para todo n > 1.

a) Mostre que (6,) também € uma progressao aritmética.


b) Suponha que a soma dos n primeiros termos da sequéncia (a,,) seja igual a 2n? + 5n,
para todo natura] n. Obtenha uma expressdo para a soma dos n primeiros termos de
(bn)-
3.24, Determine no quadro abaixo:

1
3.5
7 9 il
13:15 17 19
21 23 25 27 29

a) o primeiro elemento da 31* linha.


b) a soma dos elementos da 31° linha.

3.25. (Profmat - Exame de Qualificaco 2012) Considere a sequéncia definida camo abaixo
a,=1

@g=142

ag3=24344

a4 =44+5+64+7

a) O termo ajo é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e qual é 0 maior


desses inteiros? Calcule aj.

b} Fornega uma expressio geral para o termo ay.

aA 50
3.26, (Profmat - MA12 2012) A figura abaixo mostra uma linha poligonal que parte da origem
@ passa uma vez por cada ponto do plano cujas coordenadas so nimeros inteiros e na0
negativos.

or

a) O conjunto dos pares de nimeros inteiros e nado negativos tem a mesma cardinalidade
que os niimeros naturais? Por qué?

b) Mostre que o comprimento da linha poligonal da origem até o ponto (n,n) én? +n,
para qualquer inteiro nado negativo n.

c} Qual é o comprimento da linha poligonal da origem até o ponto (10, 13)?

3.27. Considere um jogo entre duas pessoas com as seguintes regras:


i) Na primeira jogada, o primeiro jogador escolhe um ntimero no conjunto 4 = {1,2,3,4.5.6.7
e diz esse ntimero.
ii) As pessoas jogam alternadamente.
iii) Cada pessoa ao jogar. escolhe um elemento de A, soma-o ao ntunero dito pela pessoa
anterior e diz a soma.
iv) Ganha quem disser 63.
Qual dos jogadores tem uma estratégia vencedora e qual é essa estratégia?

3.28. Refaga o exercicio anterior para o caso do vencedor ser quem disser 64.

3.29. Refaca o exercicio 3.27 para o conjunto {3.4.5.6}.

3.30. Mostre que, no exercicio 3.27, se 0 conjunto fosse A = {3, 5, 6, 7}, o segundo jogador tem a
estratégia que impede o primeiro jogador de ganhar.

51 A
4
3.31 . Na primeira fase do campeonato brasileiro de futebol, que é disputado por 20 clubes,
quaisquer dois times jogam entre si uma tinica vez. Quantos jogos ha?

3.32. Uma bobina de papel tem raio interno 5cm, raio externo 10cm e a espessura do papel é
0.01cm. Qual é o comprimento da bobina desenrolada?

3.33. Dividem-se os mimeros naturais em blocos doe modo seguinte: (1), (2.3). (4.5, 6), (7.8.9. 10).
(11.12.13, 14)... Em seguida, suprimem-se os blocos que coutém um ntmero par de ele-
imentos, formando-se o quadro:

1
4 5 6
11 12 13 4 15

Determine:
a) o primeiro elemento da linha k.
b) o elemento central da linha k.
c) a soma dos elementos da linha k.
d) a soma dos elementos das & primeiras linhas.

3.34, . Qual o ntimero maximo de regides em que n retas podem dividir o plano?

3.35, . Prove: se a, ¢ um polinémio de grau p, entao, Aa, é um polimémio de gran p— 1.

3.36, . Quantos sao 0s, termos comuns as progresses aritméticas


{2.5,8.11....,332) e (7,12.17.22...., 157)?

3.37. . Ha dois tipos de anos bissextos: os que séo miiltiplos de 4 mas nao de 100 e os que sao
miultiplos de 400.
a) Quantos s&o os anos bissextos entre 1997 e 2401?
b) Se 1° de janeiro de 1997 foi quarta-feira, que dia ser 1° de janeiro de 2500?
c) Escolhido um ano ao acaso, qual a probabilidade dele ser bissexto?

3.38. . Benjamin comecou a colecionar calendaérios em 1979. Hoje, sua colegdo ja tem algumas
duplicatas - por exemplo. o calendario de 1985 é igual ao de 1991 - mas ainda nado est&
completa.
a) Em que ano Benjamim completaré sua colegio?
b) Quando a colegao estiver completa, quantos calendarios diferentes nela haverd?
an+3
3.39. . A razdo entre as somas dos n primeiros termos de duas progress6es aritméticas é Ino’
no
para todo valor de n. Quanto vale a razao entre seus terinos de ordem n?

a A 52
3.40. O niimero triangular 7, é definido como a soma dos rn primeiros termos da progressdo
aritmética 1,2.3,4,.... O ntimero quadrangular Q, é definido como a soma dos n pri-
meiros termos da progressdo aritmética 1,3, 4,7,.. . Analogamente, sao definidos ntuneros
pentagonais. hexagonais, etc. A figura abaixo justilica essa denominagao.

Determine o nimero j-gonal de ordem n.

3.41. Mostre que Aa, = Ady. entao. ay — dy & constante.

3.42. Se a £1, determine Aa,.

3.43. Se a #1, determine A~a,.

3.44, Use o teorema fundamental da somagio para calcular:

a) Sst; b) ST c) yt
kal =H kal

53
3.6 Progressdes Geométricas

Um problema interessante, que costuma deixar os aluuos intrigados e os professores descoufia-


dos, é 0 problema a seguir, adaptado de um problema do exame nacional da MAA (Mathematical
Association of America).


EXEMPLO 17.
Uma pessoa, comecando com R$ 64,00, faz seis apostas consecutivas. em cada uma das quais
arrisca perder ou gauhar a metade do que possui na ocasiao. Se ela ganha trés ¢ perde trés dessas
apostas, pode-se afirmar que ela:
A) Ganha dinheiro.
B) Nao ganha dinheiro nem perde dinheiro.
C) Perde R$ 27,00.
D) Perde R$ 37.00.
E) Ganha ou perde dinheiro, dependendo da ordem em que ocorreram suas vitérias e derrotas.

Comentdrio. Em geral os alunos escolhem uma ordem para ver o que aconteceu; alias, essa é
até uma boa estratégia. Por exemplo, se ela vence as trés primeiras apostas e perde as tiltimas
trés, 0 seu capital evoluiu de acordo com o esquema: 64 > 96 4 144 > 216 > 108 > 54 - 27.
Se ela comecou com R$ 64.00 e terminou com R$ 27,00, ela perdeu R$ 37,00. Jé houve um
progresso. Sabemos agora que a resposta s6 poderé ser (D) ou (E).
Emseguida os alunos costumam experimentar uma outra ordem: por exemplo. ganhando e
perdendo alternadamente. Obtém-se: 64 > 96 4 48 > 72 > 36 + 54 > 27. Nessa ordem a
pessoa também perdeu R$ 37,00.
Em seguida, experimentam outra ordem. torcendo para que a pessoa nao termine com R$
27,00. o que permitiria conelnir que a resposta é (E). Infelizmente encontram que a pessoa
novamente termina com R$ 27.00 e permanecem na duvida. Alguns se dispGem a tentar todas
as ordens possfveis, mas logo desistem ao perceber que {id 20 ordens possiveis.

Solugao. A melhor maneira de abordar problemas nos quais ha uma grandeza variavel, da qual
é conhecida a taxa (porcentagem) de variagiio, é concentrar a atengdo, nao na taxa de variagao
da grandeza, e sim no valor da grandeza depois da variagao.
. . 1 .
Neste problema, devemos pensar assim: Cada vez que ganha. o capital aumenta 3 (ox seja,
1 3 . . . oa | :
50%) e passa a valer 1+ = = = do que valia; cada vez que perde, o capital diminui de 3 (ou seja.
2 2
1
50%) e passa a valer 1 — : =5 do que valia.

aA 54
Pee Med
Pensando assim, fica claro que se a pessoa vence as trés primeiras apostas e perde as trés
itimas, a evolug&o de seu capital se dé de acordo com o esquema:
3 3.3 3.3 «3 3.3 3 1
64 — 64 _— 778 4.0.2
3°93 64 -564-2-2-
2°3 vio5y64-5-5-5.
3? 64 3°33 =37°

3 3 3 1«421 3.3 3 12121


Shag
at a ag a
. . 3°93 3 1 21~«21 - . a as . a
Ela termina com 64 - 2°2°2°9°3°3 = 27 Reais. Além disso, fica claro também que se as
vilérias e derrotas tivessem ocorrido ém outra ordem, isso apenas mudaria a ordem dos fatores,
sem alterar o produto, e a pessoa também terminaria com R$ 27,00.
Se ela comecou com R$ 64,00 e terminou com R$ 27,00 ela perdeu R$ 37,00. A resposta é
(D).

a
IXEMPLO 13.
Aumentando de 20% 0 raio da base de um cilindro e diminuindo de 30% sua altura, de quanto
variaré seu volume?
O volume é diretamente proporcional ao quadrado do raio e a altura. Portanto, V = kr?h,
oude & é a constante de proporcionalidade. Sabemos que k = 7, mas isso é irrelevante para 0
problema.
Depois da variacdo. os novos valores de r e de h serdo r’ = 1, 2r e h' = 0, 7h, pois o aumento
de 20% passa a valer 120% = 1,2 do que valia e o que diminui de 30% passa a valer 70% = 0,7
do que valia.
O novo volume sera

V’ = k(1,2r)?0, 7h = 1,008 kr7h = 100, S%KV.

O volume aumenta de 0,8%.

O que deve ter ficado claro nesses exemplos é que se uma grandeza tem taxa de crescimento
igual a i, cada valor da grandeza é igual a (1+) vezes o valor anterior. Progressdes geométricas
sau sequéncias nas quais a taxa de crescimento i de cada termo para o seguinte é sempre a mesma.

MPLO 19.
A populacao de um pais é hoje igual a Py e cresce 2% ao ano. Qual seré a populagio desse
pais daqui a n anos?

55 Af
eh
Se a populacdo cresce 2% ao ano. em cada auo a populacéo é de 102% da populacav do ano
anterior. Portanto, a cada ano que passa, a pupulacao sofre uma multiplicagdo de 102% = 1.02.
Depois de n anos. a populacdo sera Py x 1.02".

EXEMPLU 2,
A torcida de certo clube € hoje igual a Py e decresce 5% ao ano. Qual sera a torcida desse
clube daqui a 7 anos?
Se a torcida deeresce 5% ao anv. em cada ano a torcida é de 95%. da torcida anterior. Portanto,
a cada ano que passa. a torcida sofre uma multiplicacdo por 95% = 0.95. Depois de n anos, a
torcida sera Py x 0.95".

EXEMPLU 21.
A sequéncia (1.2.4.8, 16, 32....) € um exemplo de uma progressdo geométrica. Aqui a taxa
de crescimento de cada termo para o seguinte é de 100%, o que faz com que cada termo seja
igual a 200% do termo anterior.

ELXEMPLO 22.
A sequéncia (1000, 800, 640, 512, ...} é um exemplo de uma progressio geométrica. Aqui. cada
termo é 80% do termo anterior. A taxa de crescimento de cada termo para o seguinte 6 de —20%,

E claro entéo que numa progressio geométrica cada termo é igual ao anterior multiplicado
por 1 +i. onde 7 é a taxa de crescimento dos termos. Chamamos 1 + i de razdo da progressiio e
Tepresentamos a razao por q.
Portanto, uma
progresséo geométrica 6 uma sequéncia na qual é constante o quociente da
divisio de cada termo pelo termo anterior. Esse quociente é chamado de razéo da progressao e
é representado pela letra g. A razio q de uma progressao geométrica é simplesmente o valor de
1+ i, onde i é a taxa de crescimento constante de cada termo para o seguinte.

EXEMPLO 23 .
As sequéncias (2.6.18. 54...) e (128,32, 8,2 .) sdo progressGes geométricas cujas razdes
valom, respectivamente, g) = 3 ¢ q@ = 4. Suas taxas de crescimento séo respectivamente i; =
2 = 200% e iy = —3 3 = -75%, pois q=1+i.

as A 56
3.7. Termo Geral de um Progressao Geométrica

En uma progressdo geométrica (1,02. 43... .), Para avancar um termo basta multiplicar pela
razéo; para avancar dois termos, basta multiplicar duas vezes pela razao, ¢ assim por diaute.
Por exemplo, ay3 = asq®, pois avangamos 8 termos ao passar de as para a13; di2 = az’,
pois avancgamos 5 termos ao passar de a7 para a2: a4 = = pois ao passar de ay; para ay,

retrocedemos 13 termos: de modo geral, a, = a19"7}, pois, ao passar de a, para @,, avangamos
n — 1 termos.
muitos casos é mais natural numerar os termos a partir de zero, como foi feito nos
Em
Exemplos 3 e 4; nesse caso, a, = aq". pois avangamos n termos ao passar de dp para an.
TT
LNEMPLO 24.

Em uma progressio geométrica. o quinto termo vale 5 e o oitavo termo vale 135. Quanto vale
o sétimo termo dessa progressdo?
Temos ay = a3q°, pois ao passar do quinto termo para 0 oitavo. avangamos 3 termos. Logo,
135 = 5q% eg = 3. Analogamente. a; = asq? = 5.3? = 45. O sétimo termo vale 45.

Como em uma progressio geométrica a, = ayqg”, a funcao que associa a cada natural no valor
de a, é@ simplesmente a restrigio aos naturais da funcdo exponencial a(r) = a(0)}q*. Portanto,
pensando em uma progressio geométrica como uma fungao que associa a cada mimero natural 7
v valor dn. 0 grafico dessa funcéo é formado por uma scquéncia de pontos pertencentes ao grafico
de uma fungaie exponencial.

2 3

Figura 3.2: Grafico de uma progressao geométrica.

aS
VNEMPLO 2
Qual 6 a razio da progressio geométrica que se obtém inserindo 3 termos entre os ntineros
30 e 480?

57 ae
ee EEE: |
Temos a = 30 e a5 = 480. Como as = aygt. 480 = 3044. g! = 16 e g = +43.

Un resultado importante é a formula que relaciona taxas de crescimento referidas a periodos


de tempo diversos. Eo que abordaremos na proxima secao.

3.8 A Férmula das Taxas Equivalentes

LEMA 3.9.
Se J é a taxa de crescimento de uma grandeza relativamente ao periodo de tempo Tejéa
taxa de crescimento relativamente ao perfodo t. e se T = nt. entao 1+ 7 = (1+i)".

DEMONSTRAGAO.
Seja Gy 0 valor inicial da grandeza. Apés un periody de tempo T, o valor da grandeza sera
Gy(1+2)!. Como um periodo de tempo T equivale a rn perivdus de tempo iguais a t,o valor da
grandeza sera também igual a Go(1 + 7)". Logo. Gu. + i} = Gol +)? el+l = (+4).

EXEMPLO 2.
Se a populagio de um pais cresce 2% ao ano, quanto cresceré em 25 anos?
Temos i = 2% = 0.02 en = 25. Dai l+/ = (14+ i" = (1 + 0.02/95 = 1.6406 e
I = 0.6406 = 64.06%.

BNEMPLO 27,
Uma bomba de vacuo retira. em cada succéo. 2% do gas existente em certo recipiente. Depois
de 50 sucgdes, quanto restara do gas inicialmente existente?
Temos i = —2% = -0.02en = 50. Dai L4+7 = (lL 4A" = (1 0.02)°0 = 0.3642
eT = —0,6358 = —63.58%. A quantidade de gas diminuiré de aproximadamente 63, 58%.
Restarao aproximadamente 36.42% do gas inicialmente existente.

Outro resultado importante é a formula que fornece a soma dus 7 primeiros termos de uma
progressao geométrica. Isto é fornecido na seco seguinte.

a & 58
3.9 A Soma dos Termos de uma Progressao Geométrica
LEMA 3.10.
A soina nos 7 primeiros termos de uma progressao geométrica (a,) de razio g 4 1, é S, =

DEMONSTRAGAO.
S§, = a, + dg $43 +++++4@n-1+G@n. Multiplicando por g. obtemos
GS, = a2 +43 +4 $0++ +n + Ono.
Snbtraindo. temos S,—qS, = ¢;—dnat. isto é& S,(1-q) =a, ag" e. finalmente. S,, = a)

LAEMPLO 2a.

Diz a lenda que 0 inventor do xadrez pediu como recompensa 1 grao de trigo pela primeira
casa. 2 graos pela segunda. 4 pela terceira e assim por diante. sempre dobrando a quantidade
a cada casa nova. Como o tabuleiro de xadrez tem 64 casas, o mtiimero de graos pedidos pelo
inventor do jogo é a soma dos 64 primeiros termos da progresséo geométrica 1.2. 4,.... O valor
dessa soma é

Calculando. obtemos um estupendo niimero de digitos:

18 446 744 073 709 551 615.

Nas propressoes geométricas em que |g] < 1. a soma dos 7 primeiros termos tem um limite
finite quando 1 — 20. Como nesse caso lim g” = 0. temos
nox

1-0
lim S, =a, :
nok 1-@
Isto é&

lim S, = a :
os —@
EXEMPLU 29.
O limite da soma 0,3 + 0,03 + 0,003 +... quando o ntimero de parcelas tende a infinito é
1 eae . .
igual a —~—— = =. O resultado é intuitive pois somando um mimero muito grande de termos
ure Too1 3
da progressio encontraremos aproximadamente a dizima periddica 0, 33333 -+- = z

EXEMPLO SU.
Caleule o limite da soma da progressio geométrica

Ljajaiay
2 4° 8 #1 °°

nH = 2, =1
Temos que lim S, = -—q 1-3
no 1
O resultado admite uma interessante pardfrase. Suponha que Salvador deva correr 1 kin.
Inicialmente ele corre metade dessa distancia. isto é, 3 km; em seguida cle corre metade da
distancia que falta, isto é } kim: depois, metade da distancia restante. isto é. i kan, e assim por
diante.
Depois de n etapas. Salvador tera corrido

tty,
atgr grt a
Se n for grande, essa soma scr4 aproximadamente igual a 1 km.

n
O teorema da somacao, > Aag = Gn41) — a1, também nos permitiria determinar o valor da
k=1
soma dos 7 primeiros termos de wna progressao geométrica. Supondo q # 1 e observando que
Agk} = gk — gk-! A-1 = gig — 1). temos
a " n
b ay i—
A+,
+ Ag t+ +4, = Soa = Saag Te 7 ad '
k=1 ka1 k1
= ay -
n+i—1 0) 1-q" .
qa! g) “Try

Para Saber Mais. A FORMULA DE SOMACAO POR PARTES


Encerramos este capitulo com a chamada formula de somacao por partes. Temos

A(anby) = derby. — nde = Ges (beer — Dic) + Del@ngr — an) = Geer Aby + bp Aay

as A 60
Dai resulta
A541 Aby = A(agby) — by Nag.

Somando, obtemos a formula de somagaéo por partes:


" A
Soap Ad = Gnsidag1 — arb) — Sadan.
it kel

Exemplo: Calcule SS Ar,


k=
Temos A3* = 3*+1 — 3* = 3*(3 — 1) = 2 x 3*. Logo. 3° = sas" e

x k3* = ; SS KAS.
k=1 k=1

Aplicando a formula de somagao por partes


a
Saxby = One bay — aby — So Adak.
kak k=1

com @y41 = k (logo, a, = k — Le Aag = apy — ae = 1) 0 be = 3*, temos

SoAat = LS kast = 3 [n.oret—0- S944}


kai ~ kot kel

Mas
a 1-3" grt 3
Si =3 = - =.
a 1-3 2 2
Dai resulta
- kat = Rant _ 313 2 On 1 att 3
go
2 2° rtp a

61 Awd
Exercicios

3.45. Aumentos sucessivos de 10% e 20% equivalem a um aumento tinico de quanto?

3.46. Descontous sucessivos de 10% e 20% equivalem a um desconto tinico de quanto?

3.47. Um aumento de 10% seguido de um desconto de 20% equivale a um desconto tnico de


quanto?

3.48. Aumentando sua velocidade em 60%, de quanto vocé diminui o tempo de viagem?

3.49. Um decrescimento mensal de 5% gera um decrescimento anual de quanto?

3.50. O perfodo de um péndulo simples é diretamente proporcional 4 raiz quadrada do seu com-
primento. De quanto devemos aumentar 0 comprimento para aumentar de 20% o perfodo?

3.51. Mantida constante a temperatura, a pressao de um gas perfcito é inversamente proporcional


a seu volume. De quanto aumenta a pressdo quando reduzimos de 20% o volume?

3.52. Se a base de um reténgulo aumenta de 10% e a altura diminui de 10%, de quanto aumenta
a area?

3.53. Um carro novo custa R$18 000,00 e. com 4 anos de uso, vale R$12 000,00. Supondo que o
valor decresca a uma taxa anual constante, determine o valor do carro com 1 ano de uso.

3.54. Qs lados de um triangulo retangulo formam uma progresséo geométrica crescente. Deter-
mine a razao dessa progresséo.

3.55. Os lados de um triangulo estéo em progressdéo geométrica. Entre que valores pode variar a
razao?

3.56. Qual o quarto termo da progressao geométrica V2, 72, 2,...7

3.57, Determine trés niimeros em progresséo geométrica, conhecendo sua soma 19 e a soma de
seus quadrados 133.

3.58. A soma de trés nttmeros em progresséo geométrica é 19. Subtraindo-se 1 ao primeiro, eles
passam a formar um progressao aritmética. Calcule-os.

3.59. Quatro nimeros sao tais que os trés primeiros formam uma progressao aritmética de ra-
zéo 6, os trés iltimos uma progresséo geométrica e o primeiro nimero é igual ao quarto.
Determine-os.

A 62
ents}

3.60. Nimero perfeito é aquele que é igual 4 metade da soma dos seus divisores positivos. Por
exemplo, 6 é perfeito pois a soma dos seus divisores é1+2+3+6 = 12. Prove que, se
2” — 1 é um numero primo, entdo, 2°! . (2? — 1) é um niimero perfeito.

3.61. Calcule o valor da soma de n parcelas 1+ 114+---+111...1.

3.62. Mostre que o ntimero 444...488...89, formado por n digitos iguais a 4, n—1 digitos iguais
a 8 e um digito igual a 9, 6 um quadrado perfeito. Determine sua raiz quadrada.

3.63. (Profmat - MA12 2012) Para todo mimero natural n > 2, considere o ntiimero N formado
por n — 1 algarismos iguais a 1. n algarismos iguais a 2 e um algarismo igual a 5, nesta
ordem.

(a) Mostre que N pode ser escrito na forma

A-10"%+ Bl" +e
—_——)
7.

onde A, B e C séo constantes independentes de n. Indique os valores de A, Be C.

(b) Mostre que N é um quadrado perfeito.


(c) Quantos algarismos tem VV? Diga quais séo esses algarismos.

3.64. A espessura de uma folha de estanho é 0.1mm. Forma-se uma pilha de folhas colocando-se
uma folha na primeira vez e, em cada uma das vezes seguintes, tantas quantas j4 houver
sido colocadas anteriormente. Depois de 33 dessas operacées, a altura da pilha sera, apro-
ximadamente:
a) a altura de um poste de luz.
b) a altura de um prédio de 40 andares.
c) 0 comprimento da praia de Copacabana.
d) a distancia Rio-Sdo Paulo.
e) 0 comprimento do equador terrestre.

3.65. Um garrafao contém p litros de vinho. Retira-se um litro de vinho do garrafao e acrescenta-
se um litro de 4gua, obtendo-se uma mistura homogénea; retira-se, a seguir, um litro da
mistura e acrescenta-se um litro de 4gua e assim por diante. Qual a quantidade de vinho
que restarA no garrafao apés n dessas operagées?

3.66. Calcule a soma dos divisores de 12.600 que seja:


a) positivos.
b) impares e positivos.

63 A
E
3.67. (Profmat - MA12 2011) Seja (a,,) progressao geométrica com termo inicial a, positivo e
razao r > 1 e S,, a soma dos rn primciros termos da progressdo. prove, por induco finita,
que S, < =274n, para qualquer n > 1.

3.68. Determine as geratrizes das dizimas periédicas:


a) 0. 141414141...
b) 0, 345454545...
c) 0,999999999...
d) 1,711111111...

3.69. Determine os limites das somas abaixo:


2,2
2+ tit...
a2+eeet

et gtatatatat...
7 7? e
errr
2° 4°83" seeey
16° 320°"
d)14+2r432?44234...,-l<2r<1.
I o1it 1
e) 1-3-gte-ig7

3.70. Larga-se wna bola de uma altura de 5cm. Apés cada choque com o solo, ela recupera
apenas 4,'9 da altura anterior. Determine:
a) a distancia toral percorrida pela bola.
b) o tempo gasto pela bola até parar.

3.71. Na figura abaixo, temes uma linha poligonal, de lados ora perpendiculares a AB, ora
perpendiculares a AC. Sendo a e b. respectivamente, os dois primeiros lados da poligonal,
pede-se para determinar:
a) 0 comprimento da linha poligonal.
b) o comprimento do n-ésimo lado da poligonal.
om
x
3.72. Na figura abaixo, temos uma espiral formada por semicirculos cujos centros pertencem ao
eixo das abcissas. Se o raio do primeiro semicirculo é igual a 1 e o raio de cada semicirculo
é igual 4 metade do raio do semicireulo anterior, determine:
a) o comprimento da espiral.
b) a abcissa do ponto P, ponto assintético da espiral.

3.73. Na figura abaixo, temes uma sequéncia de circulos tangentes a duas retas. O raio do
primeiro circulo é 1 e o raio do segundo é r < 1. cada circulo tangencia externamente o
circulo anterior. Determine a soma dos raios dos rn primeiras circulos.

3.74, Uma faculdade recebe todos os anos 300 alunos novos no primeiro semestre e 200 alunos
novos no segundo semestre. 30% dos alunos so reprovados no primeire periodo e repetem
© perfodo no semestre seguinte. Sendo a, e 6,, respectivamente, o nimero de alunos do
primeiro perfode no primeiro e no segundo semestres do ano n, calcule lima, e lim d,.

3.75. Seja S, a soma das d4reas dos n primeiros quadrados obtidos a partir de um quadrado Q,
de lado 1 pelo seguinte processo: “os vértices do quadrado Q,41 séo 0s pontos médios dos
lados de Q,,”. Determine quais das afirmacdes abaixo sio verdadeiras:
1) E possfvel escolher 5, de modo que S, > 1,9.
2) E possivel escolher S, de modo que S, > 2.
3) E possivel escolher $, de modo que S$, > 2.1.

65 A
wi
x
4) E possivel escolher S,, de modo que S, = 2.
5) E possivel escolher S,, de modo que S, = 1.75.
oo
3.76. Calcule nS 1
n=l

3.77. Sendo x e y positivos, calcule:

a ryeyevr.. — »\fr/u/evr
3.78. Comecando com um seginento de tamanho 1, dividimo-lo em trés partes iguais e retiramos
o interior da parte central, obtendo duis segmentos de comprimento 1,3. Repetimos agora
essa operacéo com cada um desses segmentos e assim por diante. Sendo S, a soma dos
comprimentos dos intervalos que restaram depois de n dessas operagées, determine:
a) O valor de S,.
b) O valor de lim 5,.
c) Certo livro, muito citado em aulas de andlise de erros de livros didaticos. afirma que, ao
final, o conjunto dos pontos nao retirados é vazio. Isso é verdade?

3.79. Se (a,) € uma progresséo geométrica de termos positives, prove que (b,) definida por
b, = log a, 6 uma progressao aritmética.

3.80. Se (a,,) é uma progressao aritmética, prove que (b,) definida por b,; = e* & uma progressao
geométrica.

3.81. O raddio-226 tem meia-vida (periodo de tempo em que metade da massa inicialmente pre-
sente se desintegra) de 1600 anos. A taxa de variacgdo da massa é constante. Em quanto
tempo a terca parte da massa inicialmente presente se desintegrardé?

3.82. Sejam a = 111...1 (n digitos iguais a 1) e b = 100...05 (n — 1 digitos iguais a 0}. Prove
que ab + 1 é um quadrado perfeito e determine sua raiz quadrada.

12
3.83. Scja A= 2 4 I Determine A”.

3.84. A curva de Koch é obtida em estagios pelo processo seguinte:


i) No estagio 0, ela é um triangulo equilatero de lado 1;
ii) O estagio n +1 é obtido a partir do estagio n, dividindo cada lado em trés partes iguais,

a Bs 66
a U7]
construindo externamente sobre a parte central um triangulo equilatero e suprimindo, en-
tao, a parte central (ver figura a seguir). Sendo P,, e A,, respectivamente, o perimetro e a
area do n-ésimo estagio da curva de Koch, determine:
a)P,. b) An. ¢c) lim P,. d) lim A,.

3.85. Pitagoras', que estudou a geragdo dos sons, observou que duas cordas vibrantes, cujos
comprimentos estivessem na razao de 1 para 2, soariam em unissono. Hoje, sabemos que
a razao das frequéncias dos sons emitidos por essas cordas seria a razdo inversa dos seus
comprimentos, isto é, de 2 para 1 e que duas cordas vibram em unissono se. e s6 se, a razao
de seus comprimentos é uma poténcia inteira de 2.

A frequéncia da nota 14 padrao (0 1a central do piano) é 440Hz e a frequéncia do l4 seguinte,


mais agudo, é 880Hz (Hz é a abreviatura de hertz, unidade de frequéncia. que significa ciclo
per segundo).
A escala musical ocidental (de J.S.Bach pra ca), dita cromatica, divide esse intervalo em
doze sernitons iguais, isto é, tais que a razdo das frequéncias de notas consecutivas 6 cons-
tante.
Sabendo que essas notas sio LA - LA - SI- DO - DO# - RE ~- RE# - MI- FA- FA# -
SOL - SOL# - LA, determine:
a) a frequéncia desse DO. primeiro DO seguinte ao 14 padrao.
b) a frequéncia do sinal de discar de um telefone, que é o primeiro SOL anterior ao LA
padrao.
¢) a nota cuja frequéncia é 18GHz.

'Pitagoras, matematico de Samos. cerca de cinco séculos e meio antes de Cristo.


3.86. A lei de Weber (Ernest Heinrich Weber; 1795-1878; fisiologista alemao). para resposta de
seres humanos a estimulos fisicos, declara que diferencas marcantes na resposta a um esti-
mule ocorrem para variagdes de intensidade do estimulo proporcionais ao proprio estimulo.
Por exemplo, um homem, que sai de um ambiente iluminado para outro, s6 percebe uma
variacao da luminosidade se esta for superior a 2%; s6 distingue entre solucdes salinas se a
variacdo da salinidade for superior a 25% etc.
Fechner (Gustav Theodor Fechner; 1801-1887; fisico e filésofo alemao) propés um método
de construcaéo de escalas baseado na lei de Weber. Propés que, enquanto os estimulos
variassem em progressdo geométrica, as medidas das respostas variassem em progressio
aritmética.

a)Mostre que numa escala de Fechner, as medidas da resposta y e do estimulo z se relaci-


onam por y=a-+ blogs.

b)Uma das mais conhecidas escalas de Fechner é a que mede a sensacao de rujdo. Ela é
definida por L = 120+ 10 logy) /, onde £ é a medida da sensagao de ruido em decibéis (4B)
e 1 €a intensidade sonora, medida em I//m?. Duas bandas de “heavy metal” provocam un
ruido quantos decibéis acima de ruide provocado por uma banda?

3.87. Determine o valor de:


1D n
a) b>" ko.
k=l ket
amy
Na Sala de Aula. Sosre o ENsINO DE PROGRESSOES

1. Nao eucha a cabeca de seus alunos com casos particulares desnecessdrios. Isso s6 serve para
obscurecer as ideias gerais e acaba dificultando as coisas. Saber que, numa progressao aritmética,
cada termo é a média aritmética entre seu antecedente e seu consequente nao s6 nao substitui, ou
pelo menos nao substitui de modo eficiente, o conhecimento de que uma progressao aritmética é
ima sequéncia na qual a diferenca entre cada termo e o termo anterior é constante, como é uma
consequéncia imediata disso. Realmente, se zr, y, 2, estao em progressao aritmética, y—2 = 2—y.
2
Dai, quem se interessar em calcular y obter4 y = =
Do mesmo modo sao conhecimentos desnecessarios:
« Em uma progresséo aritmética com um niimero impar de termos. o termo central é a média
aritmética dos extremos.
e Em uma progressao aritmética, a soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual a
soma dos extremos.
« Em uma progressdo geométrica cada termo é a média geométrica entre seu antecedente e seu
consequente. (Seria isso verdadeiro para a progressao 1,—2, 47)
« Em uma progresséo geométrica com um nimero impar de termos. o termo central é a média
gceométrica dos extremos (Seria isso verdadeiro para a progressao 1, —2, 4?)
e Em uma progressaéo geométrica. o produto de dois termos equidistantes dos extremos é igual
ao produto dos extremos.

2. Na maioria dos livros se encontram as formulas a, = a,+(n—1)r, para progressdes aritméticas


© G, = a;q""', para progressées geométricas. Nada contra essas formulas. j4 que usualmente o
que se conhece de uma progressio sao o primeiro termo e a razao.
Entretanto é bom lembrar que o conhecimento apenas dessas formulas costuma atrapalhar
muitos alunos quando a progressao comeca em ap. E certamente mais eficiente saber que para
avancgaT um termo basta somar r ou multiplicar por g. para avancar dois termos basta somar 2r
ou multiplicar q*, etc... Assim, facilmente se conclui que a, = a9 + nr € ap = a, + (n — 1)r, nas
progresses aritméticas. e que @n = apg” € Gn = aiq"—!. nas progressdes geométricas.

3. Em alguns livros se encontram, além da formula a, = a, + (n — 1)r, formulas como a, =


ay — a, —a a ‘ .
a, —(n-l)rr = ,n=1+—*—, supostamente para facilitar o céleulo. Depois nos
n-1 T
queixamos que os alunos nao sabem resolver equacdes do primeiro grau!
Mais cedo ou mais tarde, apareceré um livro com uma férmula para o célculo do 1: 1 =
no
Tr

4, Alguns livros chegam ao ctimulo de trazerem duas versGes da (desnecessaria) formula para 0
3 ay — ay Qn+2 7 A) = gt
cileulo de r: r = + e r = -“* _—, a segunda para ser usada quando a progressdo tiver
1 n+l

69 4 ae
n-+2 termos, isto é, dois termus extremos e mais n termos entre eles, como no Exemplo 4 da
Unidade 5.

5. Alguns livros trazem uma f6rmula para o calculo do produto dos n primeiros termos de uma
progressio geométrica, P, = (/aia, )".
Em primceiro lugar, essa formula esta errada. Por ela, o produto dos trés primeiros termios da
progressfol, —2.4.... seria (V1.4)? = 27 =8.
Eim segundo lugar, se corrigirmos essa formula obteremos P? = (a,a,)" e, nas progressdes
cujos termos nao sao todos positivos. teremos algun trabalho em descobrir se P, = (@1@,)" ou
se P, = —(aian)".
Em terceiro lugar, nao ha o menor interesse. pratico ou tedrico. em determinar o produto dos
termos de uma progressao geométrica.
Em quarto lugar, é muito simples determinar o produto dos termos de uma progressao geo-
métrica, Com efeito, isso ja foi feito no Exercicio 3 da Unidade 5.
6. Moderagao nos problemas. Problemas em que séo dados a soma do 24° termo com o 47° e
é pedida a diferenca entre o 36° e o 11° nao aparecem na vida real, nao sao interessantes e néo
desenvolvem o raciocinio. Uma pergunta que devemos sempre nos fazer é a seguinte: “Se meu
professor de Matematica tivesse feito estes problemas, eu teria gostado de Matematica?”

7. Tenha sempre ei mente que uma progresséo geométrica é uma sequéncia na qual a taxa de
crescimeuto de cada termo para o seguinte é sempre a mesma e esse instrumento matematico
foi criado para descrever grandezas que variam com taxa de crescimento constante. E. absurdo,
mas infelizmente é comum, ensinar progressdes geouétricas e nado relaciond-las a idéia de taxa
de crescimento.

8. A melhor maneira de resolver problemas com progressées com um nimero pequeno de termos
é escrevé-las e esquecer completamente as formulas para calcular termos e somas de termos
conforme fizemos nos Exeniplos 7 e 8 da Unidade 5.
Entretanto. ao contraério do que ocorria com as progressdes aritméticas, néo hd nenhuma
vantagem, ao escrever progressdes geométricas, em comecar pelo termo central. Chamar trés
nitmeros em progressao geométrica de = x, xq em vez de chama-los de z. rq, rq’, 86 serve para
criar desnecessariamente denominadores e complicar as contas.

9. Caleuladoras s&o indispensdveis para a resolugdo de quase todos os problemas de progressdes


geométrica da vida real.

10. Se vocé ensina exponenciais e logaritmos antes de progress6es, nao ha grandes dificuldades
em falar intuitivamente de limite da soma dos termos de uma progressaéo geométrica pois, ao

‘. 70
fazer os graficos das fungdes exponenciais e logaritmicas, vocé jA deve ter comentado quais os
limites de a” quando x tende para +00 ou para —0o. Se a primeira nocao de limite aparece no
limite da soma da progressio geométrica, os Exemplos 13 e 14 de progressdes geométricas sAo
muito bons.

71
b>
ee

aA 72
RECORRENCIAS
4.1 Introdugao
Muitas sequéucias sao definidas recursivamente (isto é, por recorréncia), ou seja, por intermé
dio de uma regra que permite calcular qualquer termo em fungao do(s) antecessor(es) imediato(s).

LNEMPLU L.
A sequéncia (z,,) dos niimeros naturais fmpares 1.3.5, 7.... pode ser definida por 41 = 2)+2
(n 21), com 2, =1.

a
EXEMPLO 2.
Qualquer progress4o aritmética (x,) de razio r e primeiro termo a pode ser definida por
Inap=F_y +r (n 21). com 2, = a.

I
EXEMPLO 2.
Qualquer progressio geométrica (.7,) de razdo q e primeiro termo a@ pode ser definida por
Lat. = 4+ fn (n 21), com xz, =a.

a
EXEMPLO 4.
A sequéncia (F,,), dita de Fibonacci, cujos termes sao 1, 1,2,3,5,... e na qual cada terma
€ a soma dos dois imediatamente anteriores. é definida por Fyso = Fusi + Fa (rn 2 0), com
Fp = Fe=l.

E facil ver que uma recorréucia, por si s6, ndo define a sequéncia. Por exemplo, a recorrénucia
do Exemplo 1, tn41 = tn + 2, é satisfeita néo apenas pela sequéncia dos ntimeros impares,
mas por todas as progress6es aritméticas de razao 2. Para que a sequéncia fique perfeitamente
determinada é necessdrio também o conhecimento do(s) primeiro(s) termo(s).
Observe que. 10s Exemplos 1, 2 e 3 temos recorréncias de primeira ordem, isto 6, nas quais
cada terino é expresso em funcdo do antecessor imediato. ¢ que, no Exemplo 4, temos uma recor-
réncia de segunda ordem, ou seja, na qual cada termo é expresso em funcao dos dois antecessores
imediatos.

$$
EXEMPLO 3.
Quantas sao as sequéncias de 10 termos, pertencentes a {0. 1,2}, que nfo possuem dois termos
consecutivos iguais a 0?

aed 74
Solugao. Chamando zx, 0 nimero de sequéncias com n termos, o valor de 4,49 sera a soma das
seguintes quautidades:
i) O nimero de sequéncias de n+ 2 termos que comecam por 1 e nado possuem dois zeros conse-
cutivos. Isso é precisamente igual a 4,41, pois se o primeiro termo é 1, para formar a sequéncia
basta determinar os termos a partir do primeiro. o que pode ser feito de 1,41 modos.
ii) O ntmero de sequéncias de n + 2 termos que comecam por 2 e nao possuem dois zeros
consecutives. Aualogamente. isso é igual a rp41.
iii} O niimero de sequéncias de n + 2 termos que comegam por 0 e n&o possucm dois zeros
consecutivos. Se o primeiro termo é zero, temos dois modos de escolher o segundo termo (1 ou
2) e. escolhido o segundo termo., temos x, modos de escolher os demais. Ha. pois. 2r,, sequéncias
comecadas em 0.
Logo, tag = 2%n41t2zn. E facil ver que r; = 3 e que ry = 8. Dai obtemos r3 = 2rg+2r) =
22, ry = 60,..,, 219 = 24960.

ENEMPLO G.

Seja D, o nimero de permutacdes cadticas de 1.2..... n, isto é. o ntunero de permutacdes


simples de 1,2,...,2, nas quais nenhum elemento ocupa o seu lugar primitive. Mostre que
Dysg = (2 +1)(Dasi t+ Dn). sen 2 1.
Solugdo. Calculemos D,,2, 0 nimero de permutacdes simples de 1,2....,2+ 2 nas quais
nenlium elemento ocupa o seu lugar primitivo. As permutagdes podem ser divididas em dois
grupos: aquelas nas quais o 1 ocupa o lugar do niimero que ocupa o primeiro lugar e aquelas nas
quais isso ndo ocorre.
Para formar uma permutagao do primeiro grupo, devemos escolher o ntimero que trocaré de
lugar com o 1, o que pode ser feito de n + 1 modos, e, em seguida. devemos arrumar os demais n
elementos nos restantes 7 lugares, sem que nenhum desses elementos ocupe o seu lugar primitivo,
vo que pode ser feito de D, modos. Ha. portanto. (n + 1)- D, permutagées no primeiro grupo.
Para formar uma permutagao do segundo grupo, temos de escolher o lugar que seré ocupado
pelo namero 1 (chamemos esse lugar de #). 0 que pode ser feito de n + 1 modos. e, em seguida
devemos arrumiar os restantes n+ 1 elementos dos demais n + 1 lugares, sem que o elemento k
ocupe 0 primeiro lugar e sem que nenhum dos demais elementos ocupe o seu lugar primitive. 0
que pode ser feito de D4; modos. Ha. portanto. (n+ 1)- Day: permutagdes no segundo grupo.
Consequentemente. D,,+2 = (2 + 1)(Djsi+ D,). como querfamos demonstrar.

7
Exercicios
4.1. Determine zs na sequéncia definida por rp42 = 2%n41 +n: 70 = 71 = 1.

4.2, Seja z, 0 mtimero maximo de regides em que n retas podem dividir o plano. Caracterize
£, recursivamente,

4.3. Prove que uma recorréncia de primeira ordem, Inpv1 = f(z,). com uma condicéo inicial
I) =a, tem senipre uma e uma sé solucao.

4.4, Prove que uma recorréncia de segunda ordem rai2 = f(7n41.2n), com condigées iniciais
£1 = @e@ rg = b, tem sempre solucao tinica.

4.5. Determine z,, dada a sequéncia:

&) Zay1 = 2t, € Ty = 3; b) tn41 =In +3e 2, = 2.

4.6. Seja x, 0 ntimero maximo de regides em que 7 circulos podem dividir o plano. Caracterize
2, recursivamente.

4.7, Determine o niimero de permutacGes caéticas de 5 elementos.

4.8. Prove que o nimero de permutacées cadticas de n elementos é

D,= ny"
k=0 .

a= A 76
4.2 Recorréncias Lineares de Primeira Ordem
Uma recorréncia de primeira ordem expressa x,,,1 em funcao de r,. Ela é dita linear se (e
somente se) essa fungdo for do primciro grau.
a
EXEMPLO 7.
As recorréncias 2441 = 21n — n? € Iy41 1 = Ny 1 sao lineares e a recorréncia 2,4; asl = #2ER nado é
linear. As duas tiltimas sao ditas homogéneas. por nao possuirem termo independente de 2,.

Nao ha grandes dificuldades na resolugéo de uma recorréncia linear homogénea de primeira


ordem. conforme mostram os exemplos a seguir.

EXEMPLO &.
Resolva a recorréncia 941 = NL). 0) = 1.
Solugao. Temos

mm = ly

rg = 2re

ry = 323

Zt, = (n-l)ry-1.

Dai. multiplicando, obtemos x, = (n — 1)!z. Como x, = 1, temos 2, = (n — 1)!

eeeneeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee ere
E IPLO Y.
Resolva a recorréncia tpyi4 = 22y.
Solugao. Temos

Ig = 27;

fy = 2x9

Hy = 223

Qy = 2-4.

Dai. multiplicando, obtemos 7, = 2"~!z,. @ claro que como nao foi prescrito o valor de x}, ba
uma infinidade de solugdes para a recorréncia, x, = C -2"-!, onde C é uma constante arbitraria.

7 Aa
cr
As recorréncias lineares néo-homogéneas de primeira ordem que mais facilmente se resolvem
sao as da forma tay: = 2, + f(n).
Com efcito, temos

rm = n+f(1)
t3 = ret f(2)
Ty = 93+ f(3)

ty = Iatf(n—1).

nat
Somando, obtemos r, = 71 + » S(k).
bal

EXEMPLO LU.
Resolva a recorréncia 4.4 = 2, +2", 41 = 1.

Solugado. Temos

f2 = 242
ty = t9+2?
Is = 242%

tn = Fp $2".

Somando, resulta

By = rt (242498 4...49"-1)
= 1424242 4...4 91

eel
EXEMPLY LI.
Resolva tno) =2n +7, 2) =0.

a & 78
BURR:

Sotugao. Temos

fg = x41
Wz = #42

Ty = 3343

Tr = Faat(n—1).

Somando, resulta

Py = 2 t14+2434+---4+(n-1)
= 1424+3+4+---+(n-])
=_ air—l)
7

O teorema a seguir mostra que qualquer recorréncia linear néo-homogénea de primeira ordem
pode ser transformada em uma da forma fne1 = In + f(r).

TEOREMA 4.1.
Se a, € uma solucao nao nula da recorréncia 1,4) = gin)tn. entdo a substituigado ry = GnYn
transforma a recorréncia rp.) = g(n)a, + A(n) em Yost = Ya + A(n)[g(n) a,)7}.
.

DEMONSTRAGAO.
A substituigdo cp = @nyn transforma

End = Go FAN) eM dystynst = GlManyn + An).


Mas, Gn41 = @(m)an. pois a, é solugdo de 2,4.) = g(n)a,. Portanto. a equacéo se transforma em

GManYns1 = RMan¥n + A(R),

ou seja. Yn41 = Ya + h(n \lg(n) -a,]7).

RNEMPLO 12.

Resolva rn4) = 26, + 1. xy = 2.


Solugdo. Uma solucéo néo nula de ryi1 = 27, 6 por exemplo, x, = 2°7!, conforme vimos
1 = 2"y, + 1. ou seja.
no Exemplo 7. Fazendo a substituigéo z, = 2"-'y,, obtemos 2"yni
Ynet = Yn +27". Dai. se tem

y = wt2
Ys = yt+2?
ye = yyt24

Ya = a t2eO".
Somando, resulta

Yo = wt Dba zPg age 4


g-lya-l
_ 1 {2 1
= a ST
= w-2sel

Como x, = 2"71y, e 2, =2. temos y =2e ya =3—2'-. Daf, r, = 3-211.

Tee
EXEMPLO 13.
Resolva tp41 = 32, + 3", 2) = 2.
Solugdo. Uma solugdo nao nula de ray1 = 32, 6, por exemplo, r_ = 3"~! (ou qualquer outra
progressao geométrica de razao 3). Facamos a substituigdo 2, = 3"-'y,. Obtemos 3"yn41 =
3°yn + 3". ou seja. Yn4t = Yn + 1. Dai, y, @ uma progressio aritmética de razao 1. Logo,
Yn =yit+(n—D1. Como rz, = 3""1y, ex, = 2. temos y) = 2@ Ya =N+1. Dai, ty = (n+1)3"71,

80
Bp
Exercicios

4.9. (De volta a Pizza de Steiner) Encontre a solucao da recorréncia pa+1 = Pa +n, com py = 2,
que expressa o ntimero maximo de regides em que n retas podem dividir o plano.

4.10. Quantas so as sequéncias de n termos, todas pertencentes a {0.1}. que possuem em ntimero
impar de termos iguais a 0?

4.11. Quantas sao as sequéncias de n termos. todos pertencentes a {0.1.2}, que possuem em
nimero impar de termos iguais a 0?

4.12. Sheila e Helena disputam uma série de partidas. Cada partida é iniciada por quem venceu
a partida anterior. Em cada partida. quem iniciou tem probabilidade 0.6 de ganha-la e
probabilidade 0,4 de perdé-la. Se Helena iniciou a primeira partida, qual é a probabilidade
de Sheila ganhar a n-ésima partida?

4,13. Resolva as seguintes recorréncias:

a) Tau) =(n4+-])tytnia =1:

b) (2+ lanai tate = 2n-3, 21 =)

©) fag — My = (N+)! = 1.

4,14, Um circulo foi dividido em n (n 2 2) setores. De quantos modos podemos colori-los, cada
setor com uma sé cor, se dispomos de k (k > 2) cores diferentes e setores adjacentes nao
devem ter a mesma cor?

4.15. A torcida do Fluminense tem hoje pp membros. A taxa anual de natalidade é i, a mortali-
dade é j e, além disso, todo ano um nimero fixo de A torcedores desiste de vez. Se i > j,
determine o mtimero de torcedores daqui a n anos. A torcida esta condenada a extingéo?

4.16. Ache o nimero maximo de regides em que n circulos podem dividir 0 plano, ou seja resolva
a recorréncia do Exercicio 4.6

4.17, (Profmat - MA12 2011) Considere 0 conjunto dos nimeros escritos apenas com os algarismos
1, 2 e 3. em que o algarismo 1 aparece uma quantidade par de vezes (por exemplo, 2322 e
12123). Seja a, a quantidade desses ntimeros contendo exatamente n algarismos.

(a) Liste todos esses ntmeros para n = 1 e n = 2, indicando os valores de a; € a2.


(b) Explique por que a, satisfaz a equacdo de recorréncia
@n+1 = (3" — an) + 2a,, para n > 1.

81 4@
(c) Resolva a equagao de recorréncia em (b)-

4.18. (Profmat - MA12 2011) Seja (z,) a sequéncia definida pela relagao de recorréncia ty44 =
2x, + 1, com termo inicial rp € R.

(a) Encontre xy tal que a sequéncia seja constante e igual a um numero real a.

(b) Resolva a recorréncia com a substituigéo z, = yx +4, em que a é 0 valor encontrado


em (a).
(c) Para que valores de rp a sequéncia é crescente?

82
Bp
wi
4.3 Recorréncias Lineares de Segunda Ordem
Jnicialmente. trataremos das recorréncias lincares de segunda ordem homogéneas com coefi-
cientes constautes, isto 6 recorréncias da forma

Tr-2 + Plas + Gln =

Suporemos senipre q # 0. pois se qg = 0. a recorréncia seria, na realidade. uma recorréncia de


primeira ordem.
A cada recorréncia linear de segunda ordem homogénea, com coeficientes constantes, da
forma acima, associaremos uma equacdo do segundo gran, r? + pr + q = 0, chamada equagéo
caracteristica. A nossa suposicdo preliminar de que g 4 0 implica que 0 nao é raiz da equagéo
caracteristica.

LS
L Ilo Ld.
A recorréncia 2y~2 = Ea+i +t, tem equagao caracteristica r? =r +1. As raizes da equacao
caracteristica sao

e m=
—Vv5
2

O teorema a seguir mostra que se as raizes da equagao caracteristica sao 7, € rg, entdo qualquer
sequéncia da forma a, = Cyr? + Car} é solugao da recorréncia, quaisquer que sejam os valores
das constantes Cy e Co.

TEOREMA 4.2.
Se as raizes de r? + pr + q = 0 sao r) e rp. entao a, = C; rf + Cor} é solucio da recorréncia
na2 + P£n41 + GZ, = 0, quaisquer que sejam os valores das constantes C) e Cy.

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee errr eee eee


DEMONSTRAGAO.
Substituindo a, = Cir? i + Cor? 2 na recorréncia tpz2 + plas + Gln
( = 0. obtemos, agrupando
«olvenientemente os termos,

Cold + pry +4) + Carg(r3 + pre + @)

= Cyr{0+ Corz0 = 0.

83
EXEMPLO LS.
A equacao ty29 4+ 34241 — 4p = 0 tem 1? +37 —4 = 0 como equacao caracteristica. As raizes
da equagao caracteristica sao 1 e —4. De acordo com o Teorema 1, todas as sequéncias da forma
ay W = C1"
I + Ca(—A)”
2 sdo solucdes da recorréncia.

© teorema a seguir mostra que. se ry # re. todas as sulugdes da recorréucia tém a forma
apontada no Toorema 1.

TEOREMA 4.3.
Se as raizes de r? + pr +q = 0 sao 7 e ra. com 7 ¥ 72. entdo todas as solucdes da recorréncia
In42 + PPn41 + g7_ = 0 sio da forma a, = Cyrf + Carf, C, e C2 constantes.

DEMONSTRAGAO.
Soja y, uma solugao qualquer de 7,22 + pry+1 + gf, = 0. Determinemos constantes C, e Cy que
jam solugées do sistemas de ecquacées

Cin + Corz =

12
Ci
isto @
rye?
= Se ee Oe
ryre(r2— 7] > Treltg — 1) 1
Isso € possivel pois 7) # ro er) fF Ve re #0.
Afirmamos que yz = Cyr + Car} para todo n natural, o que provard o teorema. Com efeito,
seja 2y = yn, — Cyr} — Car}. Mostraremos que z, = 0 para todo n. Temos

Sng + Ponti + den = (Yuee + PYner + ayn) — Cart (rt + pri + @) — Cargirg + pret q)-
O primeiro paréntese é igual a zero porque y, € sulugao de ty42+Prnsit qin = 0; os dois filtimos
parénteses sao iguais a zero porque r, e 2 sao raizes de r?+pr+q = 0. Entao tyi¢tptn-1+qQin =
0.
Além disso, como Cyr) + Cars = yy © Cyr? + Cor? = yo. temos z; = 22 = 0. Mas. se
tno? + Pons + Yin = Oe 2] = 2 = 0. entao 3, = 0 para todo n.

LXEAMPLO Lo.
ios determinar as sulugdes da recorréncia

Lp t+ 3rye1 — de, = 0.

84
A equacao caracteristica r? + 3r — 4 = 0, tem raizes 1 e —4. De acordo com os Teoremas
Le 2. as solugGes da recorréncia sio as sequéncias da forma a, = Cyl" + Co(—4)", isto é,
ay, = C, + Co{-4)". onde C, e Cy sio constantes arbitrarias.

a
I: Lo LT.
(Fibonacci revisitado.) Determinemos o ntimero de Fibonacci F, definido por

Fro = Fasit Fa, com Fy = Fy = 1.

A equagao caracteristica é r? = r+ 1 e as suas raizes sio dadas por

Entao,
naa)" (558)
2 2
Para determinar C, e Co, podemos usar F; = Fy = 1, mas é mais conveniente usar Fy = 0 e
Fo=1.
Obtemos o sistema
CL+C,=0

Cyt + C8 =1
Resolvendo o sistema. encontramos C; = —C; = Ee Dai:

F -A(%)"-4(5°Y
"= BR 3 Vv 2 ,

ned) -3(59)
isto &

n V5 2 V5 2 ”

Se as raizes da equacao caracteristica forem complexas, a solucéo @, = Cyr? + Cork, Cy e Ce


constantes arbitrérias pode ser escrita de modo a evitar cAlculos com complexos. Pondo as rafzes
na forma trigonométrica, teremos:

11 = p(cos
@ + isen 8), T2 = p(cos@
— isen@)

TT = p"(cosn@+isenn@), rz = p"(cosnd — isenné).

85 AB
Cyr + Card = p'((Cy + C2) cos nf + i(Cy — C2) sen nd].

E claro que C) =C, + C2 e Cy = i(C, — C2) sao novas constantes ¢ a solucao pode ser escrita

an = p'(Cy cos nd + C3 sen nd].

RXEMPLO LS,

A recorréneia tpy2t Pasi ttn = 0 tem equacado caracteristica r? + r+ 1 = 0, cujas raizes sao

_ 1+iv3
=

> * woe wT
que sao complexas de modulo g = 1 e argumento principal @ = +3
A solugéo é
ne Ra
= p"[Cy cos né + Co sen nf] = Cy cos — + C2 sen —.

O que aconteceria se as raizes da equagao caracteristica fossem iguais? Os teoremas a seguir


responder essa. pergiuita.

TEOREMA 4.4.
Se as raizes de r? + pr + q = 0 sao iguais. r) = rg = r. entdo. dn = Cyr" + Conr” @ solucdo
da recorréncia 2n42 + Pln+1 + G2n = 0, quaisquer que sejam os valores das constantes C) e Cy.

DEMONSTRAGAO.
~ 1, < } wee a
Se as raizes sao ignais, entaéo r = -f. Substituindo a, = Cyr” + Conr” na recorréncia

Ena t Plana + Gtn = 0

obtemos, agrupando convenientemente os termos.

Cyt? + pr +g) + Cane"? + pr +) + Car" r(2r + p)


=Cyr"O + Conr™O + Cor"r0 = 0.

TEOREMA 4.5.
Se as raizes de r? + pr +q =0 sa iguais, r) = re =r. entao todas as solucoes da recorréncia
Byge + plat) + Gta = 0 sao da forma Cyr? + Caner", Cy e C2 constantes.

a 86
sancemere

DEMONSTRAGAO.
Seja y, uma solugdio qualyuer de 2,42 + ptnst + g2n = 0. Determine constantes C, e Cy que
sejam solucdes do sistema de equagdes.

Cyr+ Cor =y

Cyr? + 2Cor

isto é,

Isso é possivel pois r # 0.


Afirmamos que y, = Cyr"+ Cnr” para todo n natural. o que provara o teurema. Com efeito,
seja tn = Ya — Cr” — Cynr”, Mostraremos que z, = 0 para todo n. Temos

raat Pret + Gen = (Yns2 + Ponsa + We)—


—Cyr"(r? + pr +g) — Caner" (r? + pr tq) — Car"r (rt p).

© primeira paréntese 6 igual a zero porque y, ¢ sclugio de 1442 + Plagi + gin = 0: 0 segundo ¢
0 tereeiro paréntes ao igtais a zero porque r é raiz de r? + pr + q = 0: o quarto é igual a zero
p
porque 2r + p = 0 ja que. quando r,; = rz =r, tem-se r= af Entao, 2,42 + Prag. + gin = 0.
Além disso, como Cir + Cor = yy @ Cyr? + 2Car? = yo. temos 2; = 29 = 0. Mas. se
cyea t pans t+ Gta = Oe 2) = ry = 0. entao z, =0 para todo n.

ES
EXEMPLO 10.

A recorréncia I, —Ar,.; +4r, = 0 tem equacao caracteristica —4r+4=0. As raizes


sio ry =72 = 2 © a solugdo da recorréneia € ry, = C,2" + Cgn2”.

O teorema a seguir mostra um processo para resolver algumas recorréncias nao homogéneas.

TEOREMA 4.6.
Se a, é uma solucéo da equacao

Ener t Pl yay ttn = fn),

entao a substituicao ry, = dp + Yn transforma a equacao em

Yn42 + PYnsi + Wn = 0.

87
DEMONSTRAGAO.
Substituindo z, por a, + y, na equacaéo, obtemos

(Qa + penser + Gen) + (Yne2 + Yass + Wn) = f(r).


Mas @n42 + Plnsi t+ dan = f(u), pois a, @ a solucdo da equacao original. Logo, a equagin se
transformou em

Med + DPM + gt =

De acordo com o Teurema 4.6, a solugdo de uma recorréucia ndo homogéuca é constituida de
dnas parcelas: uma solucdo qualquer da nado homogénea e a solugdo homogénea. A solugao da
homog@nea, sabemos achar. Uma solugio da nao homugéuea. procuraremos por tentativas.
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eer
PXEMPLO 2
A recorréncia ty42— 6r,1 +8t,_ = 243" tem equacao caracteristiea r2 — 6r +8 = 0, eujas
raizes sao ry) = 2 ¢ ry = 4. Portanto. a solugao da homogénea. isto é de ty.2 — 6.tn4) + Bry = 0
6 hy = C1 + Cod". Tontaremos agora descobrir uma solucao particular, t,. da recurréncia

Pnv2 — 6£n.) + Br, = +3".

Ora, se substituirmos £, em r,,2 — 6r,.; + 8c, devemos encontrar n + 3”. Que tipo de fungao
deve ser t,,? E bastante razoavel imaginar que f,, seja a soma de um polindémio do primeiro grau
com uma exponencial de base 3. Tentaremos t, = An + B+ C3". Substituindo em

Pn42 — Oth + 8tn = +3".

obtemos 34n + 3B — 44 —C3" = n+ 3". t, terA solucéo se 34 = 1.3B—44=00e-—C=1.


Logo.

Dai.

LL
EKXEMPLO 2].
A recorréncia tn.2—62n41+8£, = 1+2" tem equacdo caracteristica r?—6r+8 = 0. cujas raizes
sao 71 = 2e r2 = 4. Portanto. a solugdo da equacéo homogénea, isto ¢, de Taya — G6Iy41 +82, = 0
@ A, = C2" + Cod". Tentaremos agora descobrir uma solugao particular, ¢, da recorréncia
Tn2~ 6rns + Bry = 1+ 2". Ora. se substituirmos t, ent r,~2 — 62,41 + 82, devemos encontrar

ae 2. 88
1+ 2". Que tipo de fungao deve ser ¢,? 6 bastante razodvel imaginar que t, seja a soma de um
polin6mio constante com uma exponencial de base 2. Tentaremos t, = A + B2". Substituindo
eul

Fn42 — Ging, + 89, = 142",

obtemos 34 = 1+ 2". Essa igualdade é@ impossivel. A recorréncia ndo admite solugdo da forma
t, = A+ B2".
Parando para pensar no que aconteceu, verificamos que era ébvio que a nossa tentativa nao
podia dar certo. O espirito da nossa tentativa era teutar uma constante A para que obtivéssemos
ulua constante que igualariamos a 1 e tentar B2" para gcerar uma exponencial que pudéssemos
igualar a 2". E claro que o termo B2" nado poderia cumprir o seu papel. B2" é solugdo da
homogénea (é a solugéo da homogéuea que é obtida pondo C, = B e C2 = 0) e, substituido da
equagao, daria zero e ndo wma exponencial que pudéssemos igualar a 2".
Vainos corrigir a nossa tentativa para f, = 4+ Bn2". Sempre que ua nossa teutativa em algun
hloco n&éo cumprir o seu papel, fazemos a corregéo “aumentando o grau”, isto é, multiplicando o
bloco por n. Agora, substituinde na recorréucia. obtemos 34 — B4B2" = 14-2".
Se 34 = Le -4B =1, isto é
1 1
A=- B=--.
3° d
temos a solucao
t Lon2"
m3
A solucdo da recorréncia é a soma de fA, com t,. Portanto,

1 Qn
Ty = C2"?
4+ Cod" + 37 >

OBSERVAGAO 4.7.
O teorema 4.6 pode ser utilizado para resolver uma recorréncia linear nio homogénea de qual-
quer grau, toda vez que se conheca a solugao geral y, da recorréncia homogénea correspondente e
uma solugdo particular a(n): a solugéo geral da equacdo nao homogénea é dada por Ey = Gn + Yu-
Ilustramos este fato resolvendo, de um outro modo, a recorréncia linear de primeira ordem vista
no exemplo 13.

EXEMPLO 22.
Resolva a recorréncia Tp41 = 3, +3", 2) = 2, usando o método sugerido pelo teorema 4.6.

89 AB
Loe |
Solugdo: A equacdo homogénea correspondente é rn41 = 3.rq, cuja solucdo geral é y, = C3".
Para encontrar uma solucao particular da recorréncia. poderia parecer natural buscar uma solugéo
da forma a, = k3". Mas. como no exemplo anterior, isto ndo funciona, pois solugdes deste
tipo satisfazem a equagio homogénea. Buscamos, entao, uma solucéo da forma @, = kn3”.
Substituindo na recorréncia, obtemos &(n+1)3"+! = 3kn3"+3", Daf, obtemos 3kn-+3k = 3kn+1,
o que leva ak = 3. Logo, a soluedo geral da recorréncia é x, = C3 + 4n3". Finalneute, usando
a condigao inicial 2, = 2. obtemos 2 = 3C' +1, que fornece C = ¢ Logo, a solucdo da recorréncia
él, = 33" + $n3” = (n + 1)3"~', como encontrado anteriormente.
Exercicios

4.19. Resolva as recorréncias a seguir:

a) Mage + brn + Gr, = 0.

b) tage + 60n41 + 9t, = 0.

¢} Ingo + 2Qtpg + 22, = 0.

d) fa4a — Stag + 62, = 7.

€) In42 — Stay + bry = 143-4".

f) thee — 52nei + 62, = 2”.

2) Tao — Sips + Gz, = 24+ 3".

h) ta42 — 6%n41 + 9Tn = 2 — 3".

i) tate + Tn = 1.

j) fn4o — Gay, + 92, = 1+73".

4.20. Resolva as recorréncias a seguir:

a) Tage + 52n41 +62, =0; ro =3; 7, = -6.

b)rp42 + tng — 62, =6-—8n; to=1; m= 4.

©)tna2 — Ato + 4tn = 2°43, ag = 3, 21 = 6.

4.21. Quantas sao as sequéncias de n termos, todos pertencentes a {0,1,2}, que ndo possuem
dois termos consecutivos iguais a 0?

4.22. Determine 0 ntimero de modos de cobrir um tabuleiro 2 x n com dominds 2 x 1 iguais.

4,23. Uma planta é tal que cada uma de suas sementes produz, um ano apés ter sido plantada,
21 novas sementes e, a partir dai, 44 novas sementes a cada ano. Se plantarmos hoje uma
semente e se, toda vez que uma semente for produzida ela for imediatamente plantada,
quantas sementes serao produzidas daqui a n anos?

91 44
7]
4,24. O saldrio de Carmelino no més n é S, =a+bn. Sua renda mensal é formada pelo salaério e
pelos juros de suas aplicacdes financeiras. Ele poupa anualmente 1/p de sua renda e investe
sua poupanca a juros mensais de taxa ¢. Determine a renda de Carmelino no més n.

4,25, Cinco times de igual forga disputaraéo todo ano um torneio. Uma. taga seré ganha pelo
primeiro time que vencer trés vezes consecutivas. Qual a probabilidade da taga nao ser
ganha nos n primeiros torneios?

4.26. Em um jogo, em cada etapa Olavo. pode fazer 1 ou 2 pontos. De quantos modos ele pode
totalizar n pontos?

4,27. Mostre que


2541
TE
Ye 1 — V5)"a + 2v8—
2vB=
oi hay Vay
é, para todo natural n, um ntimero intciro.

4.28. Mostre que a parte inteira de (1 + V3)?"" é sempre par.

92
Be
y
e)
MATEMATICA
FINANCEIRA
5.1 Introdugao
A versao original deste capitulo foi escrita em 1998. quando o Brasil apenas comecava a se
recuperar, com a introducao do Plano Real. de um longo perfodo de alta iuflagéo e de taxas de
juros muito supcriores as praticadas atualmente. Muitos dos exemplos e exercicios refletem essa
realidade. E importante, porém observar que taxas similares ainda ocorrem em determinados
tipos de financiamento no Brasil. como os relativos a despesas com cartées de crédito.

5.2 Juros Compostos


Uma das importantes aplicagées de progressdes geométricas ¢ a Matematica Financeira. A
operagéo basica da matemiatica finauceira é a operagao de empréstimo.
Alguém que dispde de um capital C (chamado de principal). empresta-o a outrem por um
certo periodo de tempo, e apds esse periodo, recebe o seu capital C’ e volta. acrescido de uma
remuueracao J pelo empréstimo. Essa remuneragao é chamada de juro. A soma C+ J é chamada
de montante ¢ sera represeutada por M. A razio i = = que ¢ a taxa de crescimento do capital,
sera sempre referida ao periodo da operacao e chamada de taxa de juros.
SS
ENEMPLY L.
Liicia tomou um empréstimo de R§ 100.00. Dois meses apds, pagou R$ 140,00. Os juros
pagos por Licia sao de R$ 40,00 | e a taxa de juros é de —~ = 0,40 = 40% ao bimestre. O
principal. que é a divida inicial de Licia. é igual a RS 100.00: 0 montante, que é a divida na
época do pagamento, é de R$ 140.00.

EE
EXEMPLO 2.
Manuel tomou um empréstimo de 100 reais. a juros de taxa 10% ao més. Apés um més.
a divida de Manuel sera acrescida de 0.10 x 100 reais de juros (pois J = iC’), passando a 110
reais. Se Manuel e seu credor concordarem em adiar a liquidagao da divida por mais um més.
mantida a mesma taxa de juros, o empréstimo seré quitado, dois meses depois de contraido. por
121 reais. pois os juros relativos ao segundo més serdo de 0.10 x 110 reais = 11 reais. Esses
juros assim caiculados sio chamados de juros compostos. Mais precisamente, no regime de juros
compostos. os juros em cada periodo sao calculados. conforme é natural. sobre a divida do inicio
desse periodo.

1Este é un exemplo de uma taxa de juros qmuito acitua da registrada atualmeute no Brasil, mas que era razodvel
para a época de alta inflacao.

aA 94
As pessoas menos educadas matematicamente tém teudéncia a achar que juros de 10% ao
més dao em dois meses juros de 20%. Note que juros de 10% au més dav em dois meses de juros
de 21%.

TEOREMA 5.1.
No regime de juros compostos de taxa i. um principal Cp transforma-se. depois de n periodos
de tempo, em um montante C, = Co(1 +4)".

eerrrrrrrrrrrnneneereeeeeeee errr reer reer reece eee


DEMONSTRAGAO.
Basta observar que os valores do capital crescem a wma taxa coustaute 7 e. portanto, formant
uma progressao geométrica de razao 1+ i.

EX EMPLO d.

Pedro investe 150 reais a juros de 12% ao més. Qual sera o montante de Pedro trés meses
depois?
Solugdo. C's = Co(1 + i)? = 15011 + 0. 12)4 = 210. 74 reais.

E importante perceber que o valor de uma quantia depende da época @ qual ela esta referida.
Se eu consigo fazer com que meu dinheiro renda 10% ao més. we é indiferente pagar agora R$
100.00 on pagar R$ 110.00 daqui a um més. E mais vantajoso pagar R$ 105.00 daqui a um més
do que pagar R$ 100.00 agora. E mais vantajoso pagar R$ 100.00 agora do que pagar R$ 120,00
daqui a um més.
No fundo, sé hé um tnico problema de Matemdtica Financeira: deslocar quantias no tempo.
Outro made de ler o Teorema 1. C, = Co(1 + i)". é que uma quantia. hoje igual a Cy,
transformar-se-a. depois de 7 periodos de tempo. em uma quantia igual a Cy(1 + i)". Isto é.
wma quantia, cujo valor atual é A, equivaleré no future. depois de m periodos de tempo, a
F=A(L+i.
Essa é a formula fundamental da equivaléncia de capitais: Pare obter o valor futuro, basta
multiplicar o atual por (1+ 7%)". Para obter o valor atual. busta dividir o futuro por (1+ i)".
O exemplo a segnir é, pode-se dizer. um resumo de todos os probleuias de Matematica Fi-
nanceira.

EAEMPLO 4.
Pedro tomou um empréstimo de 3U0 reais. a juros de 15% ao més. Dois meses apds. Pedro
pagou 150 reais e. um més apdés esse pagamento, Pedro liquidou seu débito. Qual o valor desse
ultimo pagamento?
Solugdo. Os esquemas de pagamento abaixo sdo equivalentes. Logo, 300 reais. na data 0, tem
o mesmo valour de 150 reais dois meses apés, mais um pagamento igual a P. na data 3.

300
a
0 150 =P
0 1 2 3

Figura 5.1: Esquemas de pagamento.

Igualando os valores, na mesma épuca (0, por exemplo), dos pagamentos nos dois esquemas,
obtemos
150 p
300 =
(+0152 (14+0,15)"
Dat, P = 283,76. O tiltimo pagamento foi de R$ 283.76.

$$
EXEMPLO 5.
Pedro tem duas opcées de pagamento na compra de um televisor:
i) trés prestagdes mensais de R$ 160.00 cada;
ii) sete prestacdes mensais de R$ 70.00 cada.
Em ambos os casos, a primeira prestagdo é paga no ato da compra. Se o dinheiro vale 2% ao
iués para Pedro. qual a melhor opcao que Pedro possui?
Solugao. Para comparar, determinaremos o valor dos dois conjuntos de pagamentos na mesma.
€poca, por exemplo na época 2. Os esquemas de pagamentos sav:

160 160 160

Figura 5.2: Esquemas de pagamento.

aA 96
Para comparar. determinaremos o valor dos dois conjuntos de pagamentos na mesma
época. Por
exemplo, na época 2, temos,

a = 60(1+ 0.02)? + 160(1 + 0.02) + 160 = 489. 66


b = 70(1(i++ 0. 0.02)?y++ 70(1
701++ 0.02)
70
0,02) ++7070 ++ ———_
as
70 70 70
Toa + oo ose = 180.77.
(+ 0,02)? * (+0028 * 1 +0.09)
Pedro deve preferir 0 pagamento em scis prestacdes. E um absurdo que miuitas pessoas razoa-
velmente instruidas achem que o primeiro esquema é melhor pois o total pago é de R$ 480,00 ao
passo que no segundo esquema o total pago é de R$ 490,00.

Para fixar, farernos mais alguns exemplos.

SS
EXEMPLO 6.
Pedro tem trés opcdes de pagamento na compra de vestudrio.
i) A vista, com 30% de desconto.
ii} em duas prestacdes mensais iguais, sem desconto, vencendo a primeira um més apés a compra.
iti) em trés prestagdes mensais iguais. sem desconto, vencendo a primeira no ato da compra.
Qual a melhor opgdo para Pedro, se o dinheiro vale. para ele, 25% ao més?*

Solugdo. Fixando o prego do bem em 30, temos os trés esquemas da figura 5.3.

21
tS
0
15 15
—t 7+ _
1 2
10 10 10
tt
—_____+
o 1 2
Figura 5.3: Comparando 3 esquemas de pagamento.

?Nos dias de hoje, tal taxa de retorno para um investimento seria impensavel.

97 AG
Comparando os valores, por exemplo, na época 0, obtemos:

a= 21

b= 15
Py »1b ___nig
140,85| 140.357
1
e = +2140.25 10
* 7140.5)" =d.
A welhor alternativa é a primeira e a pior é a em trés prestacées.

a
EXEMPLO 7.
Uma loja oferece duas opcdes de pagamento:
i) A vista, com 30% de desconto.
ii) em duas prestagdes mensais iguais. sem desconto. a primeira prestacdo sendo paga no ato da
compra.
Qual a taxa mensal dos juros embutidos nas vendas a prazo?
Solucao. Fixando o valor do bem em 100. temos os esquemas de pagamentos da figura 5.4.

70
te
0
50 50
-__+_______
o1
Figura 5.4: Comparando 2 esquemas de pagamento.

Igualando os valores, por exemplo, na época 0 (a data usada nessas comparacgées é chamada de
data focal). obtemos 70 = 50 + Gr Dai, i= 1,5 = 150%. A loja cobra 150% ao més nas
vendas a prazo.

LS
EXEMPLO 8.
Investindo seu capital a juros mensais de 8%, em quanto tempo vocé dobrara o seu capital
inicial?
Solugao. Temos Cy(1 + 0.08)" = 2C. Daf,
log2
1,08°=2en
~ Tog 1.08 ~
Em aproximadamente nove meses vocé dubrara o seu capital inicial.

a A 98
a
5.3. A Férmula das Taxas Equivalentes
Um importante resultado que ja foi obtide na Unidade 6 e sera repetido 6 a

Férmula das taxas equivalentes. Se a taxa de juros relativamente a um determinado periodo


de tempo é igual a i. a taxa de juros relativamente an periodos de tempo é / tal que 1+7 = (1+i)".

[ey MPLO 4).

A taxa annual de juros equivalente a 4% ao més é 7 tal que 1+ 7 = (140.4). Dail,


f = 0,60 = 60% ao ano.

Um erro muito comum é achar que juros de 4% ao més equivalem a juros anuais de 12 x 4% =
48% ao ano. Taxas como 4% ao més e 48% ao ano sdo chamadas de taxas proporcionais, pois a
razao entre elas é igual A razao dos periodos aos quais elas se referem.

Taxas proporcionais nao sao equivalentes. Um (péssimo) habito em Matematica Financeira


é o de anunciar taxas proporcionais como se fossem equivalentes. Uma frase como “48% ao ano,
con. Capitalizagéo mensal” significa que a taxa usada na operacao nao é a taxa de 48% anunciada
e sim a taxa mensal que lhe é proporcional. Portanto. a traducao da expressao “18% ao ano,
com capitalizagdo mensal” é “4% ao més”. As pessoas menos educadas matematicamente podem
pensar que os juros sejam realmente de 48% ao ano, mas isso nao é verdade. Como vimos no
Exemplo 9. os juros séo de 60% ao ano.
A taxa de 48% ao ano é chamada de taxa nominal e a taxa de 48% ao ano é chamada de taxa
efetiva.
et
IEXEMELO LU.
“24% ao auo com capitalizacaéo semestral” significa “12% ao semestre”; “1% ao més com capi-
talizagao trimestral” significa “8% ao trimestre” e “6% ao ano com capitalizacéo mensal” significa
“0.5% ao més”.

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eee errr


LENEMPLO LL.
Veronica investe seu dinheiro a juros de 6% ao ano com capitalizacéo mensal. Qual a taxa
anual de juros 4 qual esta investido o capital de Verénica?
Solugao. O dinheiro de Verénica esta investido a juros de taxa i = 0.5% ao més. A taxa anual
equivalente é J tal que 1 +7 =(1+7}". Dai. J = 0,0617 = 6, 17% ao ano. A taxa de 6% ao ano
é nominal e a taxa de 6.17% ao ano é efetiva.

99 A
we
x
NEPA

EXEAIPLOD 12
A taxa efetiva semestral correspondente a 24% ao semestre com capitalizagao meusal é J tal
que 14+ / =(1+0.04)". Dai, P= 2 3% ao semestre.

5.4 Séries uniformes


Um conjuuto de quantias (chamadas nsnalmente de pagamentos ou termos). referidas a épocas
diversas. @ chamada de série, ou de anuidade (apesar do nome. nada a ver com ano) on, ainda,
renda. Se esses pagamentos forem iguais e ignalmente espagados uo tempo. z ie ¢ dita uniforme.

TEOREMA 5.2.
O valor de uma série uniforme de 2 pagamentos iguais a P. wm tenzpo antes do primeiro
. . . : 1-(14+i7”
pagamento, é, sendo 7 a taxa de juros. igual a A = pics”
i

et
DEMONSTRACAO.

Figura 5.5; Série uniforme.

O valor da série na época 0 é

A=
P + —
P 5 + —
P + + 7
P
+i iP 1 +i8 (l+i"
que @ a soma de rn termos de uma progr ao geométrica, teos

P r= (4
14tio 1l-

O corolario seguinte trata do valor de uma reuda perpétua. Rendas perpétuas aparecein
em locagdes. Com ocfeito. quando se aluga um bem, cede-se a pusse do mesmo em troca de
um aluguel. digamos. mensal. Entao. 0 conjunto dos alugnéis coustitui wma reuda perpétua on
perpetuidade.

100
COROLARIO 5.3.
O valor de uma perpetuidade de termos iguais a P. um tempo antes do primeiro pagamento,
¢, sendo i a taxa de juros, igual a —.
i

DEMONSTRAGAO.
Basta fazer n tender para infinito no Teorema 2.

LNXEMPLO Ls.
Um bem. cujo prego é R$ 120.00, é vendido em 8 prestagdes mensais iguais. a primeira sendo
paga um més apés a compra. Se os juros séo de 8% av més. determine o valor das prestagGes.
Solugao. Um peqneno comentario: essas prestacdes sao ditas pustecipadas, pois a primeira
prestacao s6 é paga um tempo depois da compra.

Figura 5.6: Pagamento em 8 parcelas.

Igualando os valores na época 0 (essa é a escoiha natural da data de comparagao: um tempo


antes do primeiro termo da série), obtemos:

mn = = (1 +0,08)-%
° 0.08
5 0.08 .
P= 120 79 ggaa = 20.88.

As prestagdes sao de R$ 20,88.

IEXEMULO Ld.
Um bem. cujo prego a vista é RS 120.00, é vendido em 6 prestagdes mensais iguais, antecipadas
(isto 6, a primeira é paga no ato da compra). Se os juros sao de 10% ao més, determine o valor
das prestacdes.

101 4a
A]
Figura 5.7: Calculando o valor da prestacao.

Solucao.Igualando os valores na época —1 (essa escolha, que pode parecer exética, é muito
conveniente pois dispomos de uma formula que calcula diretamente o valor da série nessa época),
obtemos:
1200 ~=,1- +0, 1)-6
14+0.1 0.1
Pw 25,05.

errr eee reece cece reece eee


EXEMPLO 15.
Se o dinheiro vale 1% ao més, por quanto deve ser alngado um imével que vale 40 mil reais?
Solugdo. Quando vocé aluga wm imdével, vocé cede a posse do imével em troca de uma reuda
perpétua cujos termos sao iguais ao valor do aluguel. Entao. o valor do imdével deve ser igual ao
valor do conjunto de aluguéis. Temos. de acordo com o Corolario 3.

=>
p_P
=F = x00 = 0.4
ae
mil reais.

a
EXEMPLO 16.
Helena tem duas alternativas para obter uma copiadora:
a) Alugé-la por 35 ao ano. Nesse caso, o locador se responsabiliza pelas despesas de manutencao.
b) Compra-la por 150. Nesse caso, ja que a vida cconémica da copiadora é de 5 anos, Helena
vendera a copiadora apés 5 anos. O valor residual da copiadora apés 5 anos é de 20. As despesas
de manutengao séo de responsahilidade de Helena e sao de 5 por ano, nos dois primeiros anos e
de 8 por ano. nos anos seguintes.
Se o dinheiro vale 7% ao ano. qual a melhor opcio?
Solugdo. Vamos tomar teccitas como positivas e despesas como negativas.
O fluxo de caixa de Helena na segunda alternativa é representado na figura 5.8.
Vamos determinar o fluxo uniforme equivalente. representado na figura 5.9.

aA 102
-150 -5 5 -8 -8 -8-20—-12

0 1 2 3. «4

a
Figura 5.9: Fluxo uniforme equivalente.

Igualando os valores na época 0. obtemos

5 5 8 8 12 1—1,07-5
~150— - - - -=P
1,07 1,077 1,073 1,074 + 1,077 0,07

Dai, P = —39,78. Comprar a copiadora é equivalente a ter um custo anual de 39,78. Como o
aluguel corresponde a um custo anual de 35, a melhor alternativa para Helena é alugar.

103 Aw
Exercicios

5.1. Investindo R$ 450,00 vocé retira, apés 3 meses. R$ 600.00. A que taxa mensal de juros
rendeu secu investimento?

5.2. Determine as taxas mensais equivalentes a 100% ao ano e a 39% ao trimestre,

5.3. Determine as taxas anuais equivalentes a 6% ao més e a 12% ao trimestre.

5.4. Determine as taxas efetivas anuais equivalente a:

a) 30% ao ano, com capitalizacdo mensal.


b) 30% ao ano, com capitalizacdo trimestral.

c) # ao ano, capitalizados k vezes ao ano.

5.5 Qual o limite, quando k tende para infinito, da resposta ao item c) do problema anterior?
Neste caso diz-se que os juros estio sendo capitalizados continuamente e i 6 chamado de
taxa instantanea de juros.

5.6 Use a resposta do problema anterior para dar uma definicdo financeira do mimero e.

5.7. Determine:

a) a taxa efetiva trimestral equivalente a 12% ao trimestre com capitalizacdo continua;

b) a taxa instantanea anual equivalente a taxa efetiva anual de 60%:


c) a taxa instantanea semestral equivalente 4 taxa efetiva anual de 60%.

5.8 A Mesbla3, em varios natais, ofereceu a seus clientes duas alternativas de pagamento:

a) pagamento de uma s6 vez, um més apés a compra.

b) pagamento em trés prestacdes mensais iguais, vencendo a primeira no ato da compra.


Se vocé fosse cliente da Mesbla, qual seria a sua opcao?
SSS
$A Mesbla era uma cadeia de lojas de departamentos brasileira que iniciou suas atividades em 1912,
como filial
de uma firma francesa, e teve sua faléncia decretada em 1999.

az A 104
5.9. O Foto Studio Sonora convidou, em dezembro de 1992, os seus clientes a liquidarem snas
prestagdes mensais vincendas, oferecendo-lhes em troca um desconto. O desconto seria
dado aos que pagassem. de uma sé vez, todas as prestacdes a vencer em mais de 30 dias. e
seria de 30%, 40% ou 50%, conforme fossem pagas uma, duas ou trés prestagdes. Supondo
que o dinheiro valia 27% ao més. a oferta era vantajosa?

5.10. Lucia comprou um exaustor. pagando R$ 180.00, um més apds a compra e R$ 200,00. dois
meses apds a compra. Se os juros sao de 25% sobre o saldo devedor, qual é 0 preco a vista?

5.11. Uma geladeira custa R$ 1 000,00 4 vista e pode ser paga em trés prestagdes mensais iguais.
Se sio cobrados juros de 6% ao més sobre o saldo devedor. determine o valor da prestacgdo,
supondo que a primeira prestaciio é paga:

a) no ato da compra:
b) um més apés a compra:

c) dois meses apdés a compra.

5.12. Angela tomou um empréstimo de R$ 100.00. por dez meses. Os juros foram de 3% ao més
durante os quatro primeiros meses, de 5% ao més durante os cinco meses seguintes e de 9%
ao més no tltimo més. Calcule:

a) a taxa média de juros.


b) o montante pago.

5.13. Leigh investiu 30% do seu capital a juros de 10% ao més e os 70% restantes a 18% ao més.
Qual a taxa média de juros obtidas?

5.14, Laura quer comprar um violao em uma loja que oferece um desconto de 30% nas compras
4 vista ou pagamento em trés prestagdes mensais. sem juros e sem desconto. Determine a
taxa mensal de juros embutida nas vendas a prazo, supondo o primeiro pagamento:

a) no ato da compra.
b) um més apés a compra.
c) dois meses apés a compra.

5.15. Regina tem duas opgoes de pagamento:

a) A vista, com x% de desconto.

105
Bp
5
b) em duas prestagdes mensais iguais, sem juros. vencendo a primeira um més apds a
compra.
Se o dinheiro vale 5% ao més, para que valores de x ela preferiré a segunda alternativa?

Um bauco efetua descontos 4 taxa de 6% ao més. Qual a taxa mensal de juros cobrada
pelo banco nas operacées:
a) de um més?
b) de dois meses?
c) de trés meses?

Um banco efetua descontos 4 taxa de 6% ao més, mas exige que 20% do valor efetivamente
liberado sejam aplicados no préprio banco, a juros de 2% ao més. Essa é a chamada
reciprocidade. Qual a taxa mensal de juros paga pelos tomadores de empréstimo por dois
meses?

« No calculo de juros, considera-se sempre o ano comercial de 360 dias, ou seja, 12 meses de
30 dias. Essa é a chamada “regra dos banqueiros”. Os juros assim calculados sao chamados
de ordinarios, ao passo que os juros calculados com 0 ano de 365 (ou 366) dias séo chamados
de exatos e nao sao usados em lugar nenhum.

a) Mostre que. dados o principal e a taxa anual. os juros ordinarios produzidos em ¢ dias
so maiores que os exatos.

b) Para um principal de R$ 1 000,00 e juros de 12% ao ano, determine os juros simples,


ordindrios e exatos. produzidos em 16 dias.

c) Refaga o item (b) para juros compostos.

Uma conta de R$ 700.00 vencia no dia 25 de outubro de 1996 e foi paga em 5 de novembro
de 1996. Quais os juros pagos, se os juros de mora sao de 12% ao més?

. Determine a melhor e a pior alternativa para tomar um empréstimo por trés meses:

a) juros simples de 16% ao més.


b) juros compostos de 15% ao més.
¢) desconto bancario com taxa de desconto de 12% ao més.

A 106
sl vA
x
5.21. Henrique vai emprestar dinheiro a M4rio, por quatro meses e pretende receber juros com-
postos de 12% ao més. Como Mario sé pretende pagar juros simples, qual a taxa mensal
de juros simples que Henrique deve cobrar?

5.22. Quando uma operacdo é pactuada por um nimero inteiro de perfodos de tempo, ha trés
modos de calcular os juros relatives a fracdes de perfodos:

a) S6 sdo pagos juros nos periodos inteiros de tempo.


b) Sa pagos juros compostos durante todo o perfodo. Essa é a chamada convengao expo-
nencial.

c) Sao pagos juros compostos nos periodos intciras e juros simples nas fracdes de periodos
de tempo. Essa é a chamada convengée linear.

Evidentemente o processo (a) se aplica quaudo os bancos pagam e, o processo (c), quando
recebem.

Em 5 de janeiro de 1996 foi feito um investimento de 300 reais, a juros de 15% ao més.
Determine, pelos trés processos, o montante em 12 de abril de 1996.

5.23. (Profmat - MA12 2013) Jodo precisa comprar uma peca para seu carro. com o qual ele
espera ficar por mais 3 anos. Ele pode comprar, por R$1400,00, uma pega original, que vai
durar todo este periodo, ou. por R$500.00, uma pega alternativa. que dura apenas 1 ano.
Suponha que o valor do dinheiro seja de 10% ao ano.

a) Mostre que, apesar do desembolso total com a pega alternativa ser maior, ela é a mais
vantajosa para Joao.
b) Joao acha que pode conseguir um desconto na peca original. A partir de que valor
vale a pena ele optar por ela?

107
5.5 Sistemas de Amortizacéo
Quando um banco eimpresta dinhciro (crédito pessoal ou desconto de duplicatas). 0 tomador
do empréstimo emite uma nota promissdria. que 6 um papel no qual o tomador se compromete
a pagar ao banco, cm una data fixada, uma certa quantia. que é chamada de valor de face da
promissoria.
O banco entio desconta a promisséria para o cliente. isto é recebe a promisséria de valor de
face F e entrega ao cliente wna quantia A (menor que F, naturalmente). A diferenca F — 4 é
chamada de desconto.
Os bancos efetuam o descouto de acordo com a formula A= F(1 —d.#). onde d é uma taxa
fixada pelo banco e chamada de taxa de desconto bancario (ou taxa de desconto simples por fora)
et 60 prazo da operacadv, medido na unidade de tempo a que se refere a taxa.

EXeMPLo 17.
Pedro desconta uma promisséria de valor 100. com vencinento em 60 dias. em um banco cuja
taxa de desconto é de 12% ao més.
a) Quanto Pedro recebera?
b) Qual a taxa mensal de juros que Pedro esta pagaudo?
Solugao. Ora, A = F(1— dt) = 100(1 — 0,12. 2) = 76.
Logo, Pedro recebera agora 76, para pagar 100 em 60 dias.
Se 7 6 a taxa mensal de juros 4 qual cresce a divida de Pedro, temos 100 = 76(1+ #)?. Dai,
i=0,1471 =14.71%.
Observe que anunciar a taxa de desconto ¢ ndo a taxa de juros é um modo sutil de fazer crer
aos mais ingénuos estarem eles pagando juros menores que os que realmente lhes estao sendo
cobrados.

Quando se paga parceladamente um débito. cada pagamento efetuado tem dupla finalidade.
Uma parte do pagamento quita os juros ¢ outra parte amortiza (abate) a divida.

EXEMPLO Ls.
Pedro tomou um empréstimo de 100. a juros mensais de taxa 10%. Quitou-o em trés meses,
pagando a cada més os juros devidos e amortizando 30% da divida no primeiro més e 30% e 10%
nos dois meses seguintes.
Na planilha abaixo, Ay, Je, Py ¢ Dg sao, respectivamente. a parcela de amortizacao, a parcela
de juros, a prestagdo e o estado da divida (isto é. o valor da divida apés 0 pagamento da prestacao)
na época k.

ae & 108
k Py Ay Sg Dy
o- — = 100
1 40 30 10 70
37 30 7 40

we
Hi 4 -
Para facilitar a compreensao. olhe cada linha na ordem Ax. Dy. Jy e Py.

Os sistemas usuais de amortizagado sao o sistema de amortizacav coustante (SAC) e o sistema


fraucés de amortizacao, também chamado de Tabela Price (Richard Price foi um economista
inglés). O sistema francés é caracterizado por prestagdes constantes.

EXEMPLO 1Yy.
Uma divida de 100 é paga. com juros de 15% ao més, em 5 meses. pelo SAC. Faga a planilha
de amortizagao.
Solugdo. Como as amortizacoes sao iguais. cada amortizacao sera de i da divida inicial.
A planilha é, portanto: °

k Py Ay Jy Dy
o- — — 100
1 35 20 15 80
2 32 20 12 60
3.29 20 9 40
426 20 6 20
593 20 3 -
Para facilitar a compreensao, ole cada linha na ordem Ax, Dy. Jk e Pe.

TEOREMA 5.4.
No SAC, sendo n o ntimero de pagamentos e i a taxa de juros, temos

Ag = Po De="—*py, Je =iDer. Pe= Ant Je.


n

DEMONSTRAGAO.
Se a divida Dp ¢ amortizada em 7 quotas iguais, cada quota é igual a

Ay =.
_ Po

109
NEST iter eg UTETTIN

O estado da divida. apds & amortizacées. é

As duas tltimas formulas sau dbvias.

Sr
LNEMPLG 2U
Uma divida de 150 ¢ paga. em 4 meses, pelo sistema francés. com juros de 8% ao més. Faca
a planitha de amortizacao.
No sistema francés. as prestagdes sio coustantes. Pelo Teorema 4. cada prestacdo vale
i 6.08 -
P= DT iene = 0833
~TLost = 45. 29.

bP, Ar Ai Dy
0 - _ - 150, 00
29 33.29 12,00 116.71
29 35.95 9.34 80.76
3 45.29 38.83 6.46 41.93
4 45.29 41.93 3.35 _
Para mais facil compreensav. olhe cada linha na ordem Py. Jy. ly @ Dy.

TEOREMA 5.5.
No sistema francés de amortizagdo, sendo rn o niimero de pagamentos e i a taxa de juros,
temos

Po =Ta
D '
Dy = Do 1 (+i)
* T= (+a"
Jp = iDg-ir, A=Pe—-—She

A primeira formula é simplesmente o Teoreta 4 e as duas tltimas formulas sao ébvias. Quanto
a segunda formula, observe qne D, é a divida que sera liquidada. postecipadamente, porn —k
pagamentos sucessivos a P,. Portanto, novameute pelo Teorema 4. temos
t-(t4e prem
Dy = prairie

a & 110
s
BTR Fos

Em um
més cuja inflagao foi de 25%, Paulo Jorge investin seu capital a juros de 30% ao
més. Evidentemente, isso do significa que Paulo Jorge tena aumentado seu poder de compra.
em 30%. pois. embora a quantidade de reais de Paulo Jorge tenla crescido 30%. o valor do real
sofreu uma redugao. Dizemos uesse caso que 30% ao més é a taxa nominal de juros mensais de
Paulo Jorge.
Suponhamos que. no inicio do referido més, o capital C de Paulo Jorge pude: se coInprar 2
artigos de prego uuitario igual a p. No tim do més. 0 capital passou a ser 1.3C © 0 preco unitario
passou a ser 1.25p. Logo, Paulo Jorge poderd agora comprar

1.3C
= 1.047 artigos.
1.25p

O poder de compra de Paulo Jorge aumentou de 4% nesse més.


Essa taxa de 4% ao més, A qual cresceu o poder de compra de Paulo Jorge. é chamada de
taza real de juros.

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee errr rere


EXEMPLO 2.
Em algumas situagoes (prazos pequenos, juros de mora) s4o usados juros simples e nado juros
compostos. No regime de juros simples. os juros em cada época sao caleulados sobre o principal e
nao sobre o montante da época anterior. Por exemplo. um principal igual a 100. a juros simples
de 10% ao més evolui de acordo com a tabela ahaixo:

n 0 1 2 3 4
C, 100 110 120 130 140

Nao ha dificuldade em calcular jnros simples pois a taxa incide sempre sobre o capital inicial.
No nosso exemplo, os juros sao sempre de 10% de 100. ou seja. 10.
E claro entao que, C, = CotniCg, 0 que faz com que os valores de C, formem uma progressao
aritmética.
Olhando para os graficos de evolugao de um mesuio principal Cy a juros de taxa i. a juros
simples e a juros compostos. observamios que o montaute a juros compostos é superior ao montante
a juros simples. exceto se o prazo for menor que 1. E por isso que juros simples s6 sao utilizados
em cobrancas de jnros em prazos inferiores av prazo ao qual se refere a taxa de juros combinada.

lll A,
Bi
Mecsrircig
Sl | i cexcinick Focavcemay
montante
juros compostos

juros siaples

tempo

Figura 5.10: Comparando juros.

a 112
Exercicios

5.24, Um televisor, cujo prego a vista é de R$ 400.00, é vendido em dez prestagdes mensais iguais.
Se s&éo pagos juros de 6% ao més sobre o saldo devedor, determine o valor das prestacdes,
supoudo a primeira prestacao paga:

a) no ato da compra.

b) um més apés a compra.

c) dois meses apés a compra.

5.25. Se a taxa corrente de juros é de 0,6% ao més. por quanto se aluga um imével cujo prego a
vista € R$ 50 000,00. supondo:

a) o aluguel mensal pago vencido?

b) o aluguel mensal pago adiantadamente?

5.26. Supondo juros de 0,5% ao més, quanto vocé deve investir mensalmente, durante 30 anos,
para obter ao fim desse prazo, por 30 anos, uma renda mensal de R$ 100,00?

5.27. Supondo juros de 0.5% ao més, quanto vocé deve investir mensalmente, durante 35 anos,
para obter, ao fim desse prazo, uma renda perpétua de R$ 100.00.

5.28. Faga as planilhas de amortizagao de uma divida de R$ 3 000.00, em 8 pagamentos mensais,


com juros de 10% ao més:
a) pela tabela Price.

b) pelo SAC.

5.29. Considere a amortizagéo de uma divida de R$ 35 000,00, em 180 meses, com juros de 1%
ao més, pelo sistema francés. Determine:

a) o valor da centésima prestacao.


b) o estado da divida nessa época.

5.30. Refaga o problema anterior pelo SAC.

113 A
x
5,31. Considere a amortizaciio de uma divida em 150 meses. com juros de 1% ao més. pelo sistema
francés.
a) De quanto se reduzira a prestacaéo, dobrando-se o prazo?

b) Que fragdo da divida jd tera sido amortizada na época do 75° pagamento?

§.32. Considere a amortizacdo de uma divida em 150 meses, com juros de 1% ao més, pelo SAC.

a) De quanto se reduzira a prestacao inicial, dobrando-se 0 prazo?

b) Que fragéo da divida ja tera sido amortizada na época do 75° pagamento?

5.33. Uma lanterna de Gol. original. custa R$ 280.00 e tem vida util de 5 anos. Uma lanterna
alternativa custa R$ 70,00 e tem vida atil de 1 ano. Gilmar precisa trocar a lanterna de
seu Gol. Considere que o dinheiro vale 12% ao ano, que lanterna ele deve preferir?

5.34. Um equipamento pode ser alugado por R$ 75,00 mensais ou comprado por R$ 2 000,00.
A vida util do equipamento é de 30 meses e o valor residual ao fim desse periodo é de R$
300,00. Se o equipamento for comprado, hé um custo mensal de R$ 5,00 de manutengao.
Considere 0 valor do dinheiro de 1% ao més. qual deve ser a decisio: comprar ou alugar?

5.35. As cadernetas de poupanca renderam 1 416% em um ano cuja inflagao foi de 1 109%. Qual
a rentabilidade real?

5.36. {Profmat - MA12 2011) Uma venda imobilidria envolve 0 pagamento de 12 prestacdes
mensais iguais a R$ 10.000,00, a primeira no ato da venda, acrescidas de uma parcela final
de R$ 100.000,.00, 12 meses apés a venda. Suponha que o valor do dinhciro seja de 2% ao
més.

a) Se o comprador preferir efetuar o pagamento da parcela final junto com a ultima


prestacgao. de quanto deverd ser 0 pagamento dessa parcela?

b) Se o comprador preferir efetuar o pagamento A vista, qual deverd ser o valor desse
pagamento tinico?

5.3 7. {Profmat - MA12 2013) Paulo economizou durante muitos anos e tem, hoje, R$ 500.000,00
aplicados em um investimento que rende juros de 1% ao més. A partir do proximo més, ele
pretende fazer uma retirada mensal de R$ 1.000,00.

a) Seja s, 0 saldo que resta da aplicacdo, apés fazer a n-ésima retirada. Exprima $n41
em termes de s,. Dé também a condig&o inicial da recorréncia obtida.

a a A 114
b) Obtenha uma expressdo para s, em funcdo de n.
c) Qual é a retirada mensal maxima que Paulo pode fazer de modo que o saldo da
aplicagéo nunca se torne negativo?

115 &
a
ow
3 ay
| care Sead:
ars | Ss eo Finance

116
<3
»oA
ANALISE
COMBINATORIA
6.1 O Principio Fundamental da Contagem
O principio fundamental da contagem diz que se ha x modos de tomar uma deciséo D, e,
tomada a decisio D,. ha y modos de tomar a decisio D2, entaéo o mimero de modes de tomar
sucessivamente as decisées D, e Dg 6 ry.

EXEMPLO L.
Com 5 homens e 5 mulheres, de quantos modos se pode formar um casal?
Solugao. Formar um casal equivale a tomar as decisdes:
D,: Escolha do homem (5 modos).
Da: Escolha da mulher (5 modos).
Ha 5 x 5 = 25 modos de formar casal.

_eeennnnnrrrnnrneeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
rere errr ee
EXEMELO 2.
Uma bandeira é formada por 7 listras que devem ser coloridas usando apenas as cores verde,
azul e cinza. Se cada listra dove ter apenas uma cor e nao se pode usar cores iguais em listras
adjacentes. de quantos modos se pode colorir a bandeira?
Solugao. Colorir a bandeira equivale a escolher a cor de cada listra. HA 3 modos de escolher a
cor da primeira listra e. a partir daf. 2 modos de escolher a cor de cada uma das outras 6 listras.
A resposta é 3 x 2° = 192.

PLO 4.
Quantos sdo os ntimeros de trés digitos distintos?
Solugao. O primeiro digito pode ser escolliido de 9 mudos. pois ele nao pode ser igual a 0. O
segundo digito pode ser escolhido de 9 modos, pois néo pode ser igual ao primeiro digito. O
terceiro digito pode ser escolhido de 8 modos. pois nado pode ser igual nem ao primeiro nem ao
segundo digito.
A resposta 69 x 9x 8 = G48.

Vocé deve ter percebido nesses exemplos qual é a estratégia para resulver problemas de Corm-
binatoria:

1) Posture. Devemos sempre nos colocar no papel da pessoa que deve fazer a acao solicitada
pelo problema e ver que decisdes devemnos tomar. No Exemplo 3. nés nos colocamos no papel da
pessoa que deveria escrever o ntimero de trés digitos; no Exemplo 2. nés nos colocammos no papel

ae & 118
da pessoa que deveria colorir a bandeira: no Exemplo 1. nés nos colocamos no papel da pessoa
que deveria formar o casal.
2) Divisao. Devemos. sempre que possivel. dividir as decisdes a seren tomadas em decisdes
mais simples. Formar um casal foi dividido em escolher o homem e escolher a mulher; colorir a
bandeira foi dividido em colorir cada listra: formar um ntunero de trés digitos foi dividido em
escolhier cada um dos trés digitos.

Vamos voltar ao exemplo anterior — Quantos sao os niimeros de trés digitos distintos? —
para ver como algumas pessoas conseguem, por erros de estratégia, tornar complicadas as coisas
mais sitmples.
Comecando a escolha dos digitos pelo dltimo digito, ba 10 modos de escolhcr o ultimo digito.
Em seguida. ha 9 modos de escolher o digito central, pois nao podemos repetir o digito ja usado.
Agora temos um impasse: de quautos modos podenos escolher o primeiro digito? A resposta é
“depende”. Se nao tiverinos usado o 0. havera 7 modos de escollier o primeiro digito. pois nao
poderemos usar nem o 0 nem os dois digitos j4 usados nas demais casas: se j4 tivermos usado o
0, haveré 8 modes de escolher o primeiro digito.

Um passo importante na estratégia para resolver problemas de Combinatéria é:

3) Nao adiar dificuldades. Pequenas dificuldades adiadas costumam se transfurmar em imensas


dificuldades. Se uma das decisées a serem tomadas for mais restrita que as demais, essa é a
decisio que deve ser tomada em primeiro Ingar. No Exemplo 3. a escolha do primeiro digito
era uma decisio mais restrita do que as outras, pois o primeiro digito nao pode ser igual a 0.
Essa é portanto a decisao que deve ser tomada em primeiro lugar e. conforme acabamos de ver,
postergé-la s6 serve para causar problemas.
—————————
EXEMPLO 4.
O cédigo Morse usa duas letras, ponte e traco, e as palavras tém de 1 a 4 Ictras. Quantas
sdo as palavras do cédigo Morse?
Solugdo. Ha 2 palavras de uma letra. Hi 2 x 2 = 4 palavras de duas Ietras, pois ha dois
modos de escolher a primeira letra e dois modus de escolher a segunda letra; analogamente, ba
2x 2x 2=8 palavras de trés letras e 2 x 2 x 2 x 2 = 16 palavras de 4 letras. O numero total
de palavras 6 2+ 4+8+416
= 30.

rr
EXEMPLO 3.
Quantos divisores inteiros e positivos possui o mimero 360? Quantos divisores sao pares?
Quantos sdo impares? Quantos sao quadrados perfeitos?

119 Aa
Solugdo. a) 360 = 23 x 3? x 5. Os divisores inteiros ¢ positivos de 360 sao os ntimeros da forma
2? x 37 x BD. com
a@€ {01,23}. Je {01.2} e 4 € {0.1}.
Ha 4 x 3 = 24 maneiras de escolher os expoentes a, 33 ey. HA 24 divisores.
b) Para o divisor ser par, a nao pode ser 0. Ha 3 x 3 x 2 = 18 divisores pares.
c) Para o divisor ser impar, a dever ser 0. Ha
1 x 3 x 2 = G6 divisores fmpares. Claro que
poderiamos ter achado essa resposta subtraindo (a)-(b).
d) Para o divisor ser quadrado perfeito, os expoentes a, 3 e > devem ser pares. Ha 2x 2x 1 = 4
divisores que sao quadrados perfeitos.

SS

Quantos sao os nimeros pares de trés digitos distintos'


Solugdo. Ha 5 modos de escollier o tiltimo digito. Note que comegamos pelo tiltimo digito. que
é 0 mais restrito: o ultimo digito s6 pode ser 0, 2. 4, 6 ou 8.
Em seguida, vamos ao primeiro digito. De quantos niodos se pode escolher o primeiro digito?
A resposta 6 “depende™. se ndo tivermos usado o 0, haverd 8 modos de escolher o primciro digito,
pois uéo poderemos usar nem o 0 nem o digito usado na dltima casa: se tivermos usado o 0.
havera 9 modos de escolher o primeiro digito, pois apenas o 0 ndo pudera ser usado na primeira
casa.

Esse tipo de impasse é comum na resolucdo de problemas e ha dois métodos de vencé-lo.


O primeiro método consiste em voltar atrés e coutar separadamente. Contarcmos separada-
mente os niimeros que terminam em 0 e os que nado terminam em 0.
Para os que terminam em 0. ha 9 modos de eseolier o primeiro digito e 8 modos de escoller
o digito central. Ha 1 x 9 x 8 = 72 ntimeros que terminam em 0.
Para os que nao terminani em 0, ha 4 modos de escolher o tiltimo digito. 8 modos de escolher
0 primeiro e 8 modos de escolher o digito central. Ha 4 x 8 x 8 = 256 ntimeros que nao terminam
em 0.
A resposta € 72 + 256 = 328.
O segundo método consiste em ignorar tana das repetigdes do problema. o que nus faré contar
em demasia. Depois descontaremos o que houver sido contado indevidamente.
Primeiramente fazemos de conta que o 0 pode ser usado na primeira casa do nianero. Pro-
cedendo assim, ha 5 modos de escolher o ultimo digito (s6 pode ser 0, 2, 4, 6 ou 8), 9 modos de
escolher o primeiro digito (nao podemos repetir o digito usado na tiltima casa: note que estamos
permitindo o uso do 0 na primeira casa) e 8 modos de escolher o digito central. HA 5x 9x 8 = 360
miimeros, af inclusos os que comegam por 0.

ae & 120
Agora vamos determinar quantos desses niimeros comecgam por zero; SAO esses os niimeros
que foram contados indevidamente. Ha 1 modo de escolher o primeiro digito (tem que ser 0),
4 modos de escolher o ultima digito (s6 pode ser 2, 4, 6 ou 8 — lembrese que os digitos sio
distintos) e 8 modos de escolher o digito central (néo podemos repetir os digitos j4 usados). Ha
1x 4.x 8 = 32 nimeros comecados por 0.
A tesposta é: 360 — 32 = 328.
E claro que este problema podcria ter sido resolvido com um truque. Para determinar quan-
tos sao os utimeros pares de trés digitos distintos, poderfamos fazer os ntimeros de trés digitos
distintos menos os mimeros impares de trés digitos distintos.
Para os ntuneros de trés digitos distintos, ha 9 modos de escolher o primeiro digito, 9 mados
de escolher o segundo e 8 modos de escolher o ultimo. Ha 9 x 9 x 8 = G48 nimeros de trés digitos
distintos.
Para 0s niimeros impares de trés digitos distintos, ha 5 modos de escolher o ultimo digito, 8
modos de escolher o primeiro e 8 modos de escolher o digito central. Ha 5 x 8 x 8 = 320 nimeros
impares de trés digitos distintos.
A resposta é: 648 — 320 = 328.

121 Af
Exercicios

6.1. Quantos sao os gabaritos possiveis de um teste de 10 questGes de nmiltipla-escolha, com 5


alternativas por questéo?

6.2, Quantos subconjuntos possui um conjunto que tem n elementos?

6.3. De quantos modos 3 pessoas podem se sentar em 5 cadeiras em fila?

6.4. De quantos modos 5 homens e 5 mulheres podem se sentar em 5 bancos de 2 lugares, se


em cada banco deve haver um homem e uma mulher?

6.5. De quantos modos podemos colocar 2 reis diferentes em casas nao-adjacentes de um tabu-
leiro 8 x 8? E se os reis fossem iguai: nn

6.6. De quantos modos podemos colocar 8 torres iguais em umn tabuleiro 8 x 8. de modo que nao
haja duas torres na mesma linha ou na mesma coluna? E se as torres fossem diferentes?

6.7. De um baralho comum de 52 cartas, sacam-se sucessivamente e sem reposigdo duas cartas.
De quantos modos isso pode ser feito se a primeira carta deve ser de copas e a segunda nao
deve ser um rei?

6.8. a) De quantos modos 0 nimere 720 pode ser decomposto em um produto de dois inteiros
positivos? Aqui consideramos, naturalmente, 8 x 90 como sendo o mesmo que 90 x 8.

b) Eo ntimero 144?

6.9. Em um corredor ha 900 armdarios, numerados de 1 a 900, inicialmente todos fechados. 900
pessoas, numeradas de 1 a 900, atravessam o corredor. A pessoa de numero & reverte o
estado de todos os armarios cujos uimeros séo mmiltiplos de k. Por exemplo, a pessoa de
niimero 4 mexe nos armérios de ntimeros 4,8. 12,..., abrindo os que encontra fechados e
fechando os que cncontra abertos. Ao final, quais armérios ficarao abertos?

6.10. Dispomos de 5 cores distintas. De quantos modos podemos colorir os quatro quadrantes de
um circulo, cada quadrante com uma 86 cor, se quadrantes cuja fronteira 6 uma linke nao
podem receber a mesma cor?

6.11. De quantos modos podemos formar uma palavra de 5 letras de um alfabeto de 26 letras,
se a letra A deve figurar na palavra mas nado pode ser a primeira letra da palavra? E se a
palavra devesse ter letras distintas?

& 122
6.12. As placas dos veiculos séo formadas por trés letras (de um alfabeto de 26) seguidas por 4
algarisinos. Quantas placas poderao ser formadas?

6.13. Um vagao do metré tem 10 bancos individuais, sendo 5 de frente e 5 de costas. De 10


passageiros, 4 preferem sentar de frente, 3 preferem sentar de costas e os demais nao tém
preferéncia. De quantos modos eles podem se sentar. respeitadas as preferéncias?

6.14. Escrevem-se os inteiros de ] até 2 222. Quantas vezes o algarismo 0 é escrito?

6.15. Quantos sao as inteiros positivos de 4 digitos nos quais o algarismo 5 figura?

6.16. Em uma banca hé 5 exemplares iguais da “Veja”, 6 exemplares iguais da “Epoca” e 4


exemplares ignais da “Isto é”. Quantas colecdes nao vazias de revistas dessa banca podem
ser formadas?

6.17, Uma turma tem aulas as segundas, quartas e sextas, de 13h as 1dh e de 14h 4s 15h. As
matérias sao Matematica. Fisica e Quimica. cada uma com duas aulas semanais. em dias
diferentes. De quantos modos pode ser feito o hordrio dessa turma?

6.18. O problema do Exemplo 1 da Unidade 11 — Com 5 homens e 5 mulheres, de quantos modos


se pode formar um casal?— foi resolvido por um aluno do modo a seguir: “A primeira pessoa
do casal pode ser escolhida de 10 modos, pois ela pode ser homem ou mulher. Escolhida
a primeira pessoa, a segunda pessoa s6 poderA ser escolhida de 5 modos, pois deve ser de
sexo diferente da primeira pessoa. Ha portanto 10 x 5 = 50 modos de formar um casal”.
Onde esta o erro?

6.19. Escrevem-se niimeros de 5 digitos, inclusive os comegados em 0, em cartdes. Como 0,1 ¢ 8


nao se alteram de cabeca para baixo e como 6, de cabeca para baixo. se transforma em 9 e
vice-versa, um mesmo cartao pode representar dois nimeros (por exemplo, 06198 e 86190).
Qual é o nimero minimo de cart6es para representar todos os niimeros de 5 digitos?

6.20. Qual a soma dos divisores positivos de 360?

123
6.2 Permutagoes e Combinacées
Ha alguns (poucos} problemas de Conibinatéria que. embora sejam aplicagoes do principio
basico. aparecem cow muita frequéncia. Para esses problemas, vale a pena saber de cor as suas
Tespostas. O primeiro desses problenias é 0:

Problema das permutagées simples: De quautos modos podemos ordenar em fila n objetos
cist intos?

A escola do objeto que ocupara o primeiro lugar pode ser feita de n modos; a escolha do
objeto que ocupara o segundo lugar pode ser feita de nm — 1 modos: a escolha do objeto que
ocupara 0 terceiro lugar pode ser feita de n— 2 modos, etc...; a escola do objeto que ocupara o
Ultirno lugar pode ser feita de 1 modo. ~
A resposta é n(n — 1)(n — 2)---l= nl.
Cada ordem que se da aos obejtos 6 chamada de uma permutacao simples dos objetos. Assim,
por exemplo. as permutagées simples das letras a, & e ¢ so (abr), (ach), (bac), (bea). (cab) (cba).
Portanto, 0 utimero de permutacées simples de n objetos distintos é P, = nl.

EXEMPLO 7.
Quantos sfio os anagramas da palavra “calor”? Quantos comegam com consoantes?
Solugdo. cada anagrama corresponde a uma ordem de colocagéo dessas 5 Ietras. O mimero de
anagramas é P; = 5! = 120.
Para formar um anagrama cumecado por consoante devemos primeiramente escolher a con-
soante (3 modos) e, depois, arrumar as quatro letras restantes em seguida a consoante (4! = 24
modos). Ha 3 x 24 = 72 anagramas comecados por consoante.

EXEMPLO 3.
De quantes modos podemos arrumar em fila 5 livros diferentes de Matematica, 3 livros dife
rentes de Estatistica e 2 livros diferentes de Fisica, de modo que livros de uma mesma matéria
permanegain juntos?
Solugdo. Podemos escolher a ordem das matérias de 3! modos. Feito isso, ha 5! modos de
colocar os livros de Matematica nos Iugares que lhe foram destinados, 3! modos para os de
Estatistica e 2! modos para os de Fisica.
A Tesposta é 312! = 6 x 120 x 6x 2= 8640.
p>

124
wi
x
ENEMPLO 4
Quantos sto os anagramas da palavra “BOTAFOGO”?
Solugao. Se as letras fossem diferentes a resposta seria 8!. Como as trés letras O sio iguais,
quando as trocanios entre si obtemos o wesino atlagrama e€ nao nm anagraina distinto, o que
aconteceria se fossem diferentes. Isso faz com que ua nossa contagem de 8! teuhawios contado
© mesino anagrama varias vezes, 3! vezes precisamente. pois ha 3! modos de trocar as letras O
entre si.
8!
A resposta é x= 6720.

De modo geral. o mimero de permutagdes de n objetos. dos quais a sao iguais a A, 3 sio
Re 1
iguais a B. + sao iguais a C. ete, @ PEA = ;
mt
i
EXEMPLO LU.
De quantos modos podemos dividir 8 objetos em um grupo de 5 objetos e um de 3 objetos?
Solugao. Um processo de fazer a divisao é colocar os objetos em fila: os 5 primeiros formam o
grupo de 5 e os 3 ultimos formam o grupo de 3.
Tf4 8! modos de colocar os objetos em fila.
Entretanto, note que filas como abede | fgh e badce | ghf sao filas diferentes e geram a mesma
divisao de grupos. Cada diviséo em grupos foi contada uma vez para cada ordem dos abjetos
dentro de cada grupo. Ha 5!3! modos de arrumar os objetos em cada grupo. Cada divisao em
grupos foi contada 5!3! vezes.
8!
A resposta é

O segundo problema importante é o:


Problema das combinacées simples: De quantus modos podemos selecionar p objetos distintos
entre n objctos distintos dados?
Cada sclegao de p objetos é chamada de uma combinacao simples de classe p dos n objetos.
Assim, por exemplo, as combinagdes simples de classe 3 dos objetus a,6.c.d e sio {a,b,c},
{a.b.d}, {a,b,c}. {a.ed}, {a.c.e}, {a.d.e}.{b, c,d}, {b.c,}, {b.d.e} e {c.d.e}. Representamos
© niimero de combinacées simples de classe p de n elementos por CP ou (7) af m, C3 = (3) = 10.
Para resolver o problema das combinagdes simples hasta uotar que selecionar p entre os n
objetos equivale a dividir os n objetos em um grupo de p objetus, que sao selecionados, e um
grupo de n — p objetos. que sao os nao selccionados.
Esse ¢ o problema de Exemplo 4 e a resposta é
nl
"= Tap
"

125
OBSERVAGAO 6.1.
As notacgées CP e C,,, para denotar o mimero de combinacées simples de n elementos tomados
p 4 p sao mais comuns em livros para o Ensino Médio no Brasil. Em textos mais avangados, a
notagao mais usual é (7) .

EXempLe 1.
Com 5 homens e 4 mulheres. quantas comissGes de 5 pessoas, com exatamente 3 homens,
podem ser formadas?
Solugao. Para formar a comissdo devemos escolher 3 dos homens e 2 das mulheres. Ha C3-C? =
10 x 6 = 60 comissées.
=

earner eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee reece


EXEMPLO Lu.
Com 5 homens e 4 mulheres, quantas comissdes de 5 pessoas, com pelu menos 3 homens,
podem ser formadas?
Solugdo. Hé comissdes com: 3 homens e 2 mulheres, 4 homens e 1 mulher, 5 homens. A resposta
é
C2.C24+C3-C1+C3= 10x 64+5x441=81.

ENEMPLO 13.
Tem-se 5 pontos sobre uma reta R e 8 pontos sobre uma reta A’ paralela a A. Quautos
triangulos e quantos quadrilateros convexos com vértices nesses pontos existem?
Solugdo. Para formar um triangulo ou vocé toma um ponto em FR e dois pontos em A’, ou toma
um ponto em RY e dois pontos em 2. O mitmero de triangulos é 5-C2?+8-C? = 140 +80 = 220.
Também se poderia pensar em tomar 3 dos 13 pontos e excluir dessa coutagem as escolhas
de pontos colineares, o que daria

Ci, — C2 — C3 = 286 — 56 — 10 = 220.

Para formar um quadrilatero convexo, devennos tomar dois pontos em FR e dois pontos em R’.
© que pode ser feito de C3 -C? = 10. 28 = 280 medos.

126
<9
we
a
Exercicios

6.21. Quantos sao os anagramas da palavra “CAPITULO”,

a) possiveis?
b) que comecgam e terminam por vogal?

c) que tém as vogais e as consoantes intercaladas?

d) que tém as letras c, a. p juntas nessa ordem?

e) que téin as letras c, a, p juntas em qualquer ordem?

f) que tém a letra p em primeiro lugar e a letra a em segundo?

g) que tém a letra p em primeiro lugar ou a letra a em segundo?


h) que tém p em primeiro lugar ou a em segundo ou c em terceiro?

i) nos quais a letra a é uma das letras 4 esquerda de p e a letra c é uma das letras 4
direita de p?

6.22. De quantos modos é possivel colocar 8 pessoas em fila de modo que duas dessas pessoas,
Vera e Paulo, nao fiquem juntas?

6.23. De quantos modos é possfvel colocar 8 pessoas em fila de modo que duas dessas pessoas.
Vera e Paulo, nao fiquem juntas e duas outras, Helena e Pedro, permanecam juntas?

6.24. Quantas sao as permutagées simples dos nimeros

nas quais o elemento que ocupa o lugar de ordem &, da esquerda para a direita, é sempre
maior que k — 3?

6.25. De quantos modos é possivel dividir 15 atletas em trés times de 5 atletas, denominados
Esporte, Tupi e Minas?

6.26. De quantos modos é possivel dividir 15 atletas em trés times de 5 atletas?

6.27. De quantos modos é possivel dividir 20 objetos em 4 grupos de 3 ou 2 grupos de 4?

6.28. Um campeonato é disputados por 12 clubes em rodadas de 6 jogos cada. De quantos modos
é possivel selecionar os jogos da primeira rodada?

127 Aa
se
6.29. Permutam-se de todas as formas possiveis os algarismos 1, 2, 4. 6. 7 e escrevem-se os
numeros assim formados em ordem crescente. Determine:

a) que lugar ocupa 62417.

b) que ntimero que ocupa o 66° lugar.


c) qual o 166° algarisino escrito.

d) a soma dos mimeros assim formados.

6.30. De quantos modos é possivel colocar r rapazes e m mogas em fila de modo que as mogas
permanecam juntas?

6.31. Quantos dados diferentes é possivel formar gravando nimeréy de 1 a 6 sobre as faces de
wm cubo?

a) Suponha uma face de cada cor.

b) Suponha faces iguais.

¢) Suponha que as faces sao iguais e que a soma dos pontos de faces opostas deva ser
igual a 7.

6.32. Resolva o problema anterior, no caso b), para os outros 4 poliedros regulares.
n
6.33. Determine n para que Ss k! seja um quadrado perfeito.
kot
6.34. Quantos saéo os anagramas da palavra “ESTRELADA”?

6.35. O conjunto A possui n elementos. Quantos so os seus subconjuntos com p elementos?

6.36. Uma faculdade realiza seu vestibular em dois dias de provas, com 4 matérias em cada
dia. Este ano a diviséo foi: Matematica, Portugués, Bivlogia e Inglés no primeiro dia e
Geografia, Historia, Fisica e Quimica no segundo dia. De quantos modos pode ser feito o
calendario de provas?

6.37. Qual é o erro na solucdo do problema abaixo?

Com 5 homens e 4 mulheres, quantas comissdes de 5 pessoas, com pelo menos 3 homens,
podem ser formadas?

“Solugéo: Primeiramente vamos escolher 3 homens para a comiss4o, 0 que pode ser feito
de C3 = 10 modos. Agora devemos escolher mais duas pessoas para a comissio, homens

A 128
iw
x
ou mulheres, entre as 6 pessoas restantes, o que pode ser feito de C? = 15. A resposta é
10 x 15 = 150.”

6.38. Quantas diagonais possui:

a) um octaedro regular?
b) um icosaedro regular?
c} um dodecaedro regular?
d) um cubo?
e) um prisma hexagonal regular?

6.39. Quantos sao os nimeros naturais de 7 digitos nos quais o digito 4 figura exatamente 3 vezes
eo digito 8 exatamente 2 vezes?

6.40. Quantos sao os subconjuntos de {a1,@2,-... an}, com p elementos, nos quais:

a) ) a; figura;

) @, nao figura;
a

‘) a e a2 figuram;
°

) pelo menos um dos elementos a), a2 figura;


a

e) exatamente um dos elementos @ e a2 figura.

6.41. De um baralho de péquer (7, 8, 9, 10. valete, dama, rei e 4s, cada um desses grupos
aparecendo em 4 naipes: copas, ouros, paus, espadas), sacam-se simultaneamente 5 cartas.

a) Quantas sao as extracdes possiveis?


Quantas sao as extragdes nas quais se forma:

b) um par (duas cartas em um mesmo grupo e as outras trés em trés outros grupos
diferentes)?
c) dois pares (duas cartas em um grupo, duas em outro grupo e uma em um terceiro
grupo)?
d) uma trinca (trés cartas em um grupo é as outras duas em dois outros grupos diferen-
tes)?
e) um “four” (quatro cartas em um grupo e uma em outro grupo)?
f) um “full hand” (trés cartas em um grupo e duas em outro grupo)?

129 bs
ae
»
g) uma sequéncia (5 cartas de grupos consecutivos, nao sendo todas do mesmo naipe)?

h) um “flush” (5 cartas do mesmo naipe, nado sendo elas de 5 grupos consecutivos)?

i) um “straight flush” (5 cartas de grupos consecutivos, todas do mesmo naipe)?

j) um “royal straight flush” (10. valete, dama, rei e 4s de um mesmo naipe)?

6.42. Considere um conjunto C de 20 pontos do espaco que tem wm subconjunto C; formado por
8 pontos coplanares. Sabe-se que toda vez que 4 poutos de C s&o coplanares, entao eles
so pontes de Cy. Quantos sao os planos que contém pelo menos trés pontos de C?

6.43. Uma fila de cadeiras no cinema tem 10 poltronas. De quantos modos 3 casais podem se
sentar nessas poltronas de modo que nenbum marido se sefite separado de sua mulher?

6.44. Quantos sao os anagramas da palavra “PARAGUAIO” que nao possuem consoantes adja-
centes?

6.45. De quantos modos podemos selecionar p elementos, sem selecionar dois nimeros consecu-
tivos, no conjunto {1,2,...,}?

6.46. Onze cientistas trabalham num projeto sigiloso. Por questées de seguranca. os planos so
guardados em um cofre protegido por muitos cadeados de modo que s6 é possivel abri-los
todos se houver pelo menos 5 cientistas presentes.

a) Qual é o niimero minimo possivel de cadeados?

b) Na situagao do item a), quantas chaves cada cientista deve ter?

6.47. Depois de ter dado um curso, um professor resolve se despedir de seus 7 alunos oferecendo,
durante 7 dias consecutivos, 7 jantares para 3 alunos cada. De quantos modos ele pode
fazer os convites se ele nio deseja que um mesmo par de alunos compareca a mais de um
jantar?

6.48. Formam-se as combinagées simples de classe 5 dos elementos a1,@2,--., a2, aS quais sao
escritas com os elementos em ordem crescente de indices. Quantas séo as combinacGes nas
quais o elemento ag ocupa o 3? lugar?

6.49. De quantos modos é possivel colocar em fila A homens e m mulheres, todos de alturas
diferentes, de modo que os homens entre si e as mulheres entre si fiquem cm ordem crescente
de alturas?

A 130
| er
6.50. Em uma escola, x professores se distribuem em 8 bancas examinadoras de modo que cada
professor participa de exatamente duas bancas e cada duas bancas tém exatamente um
professor em comum.
a) Calcule x.

b) Determine quantos professores ha em cada banca.

6.51. A partir de um conjunto de a atletas formam-se ¢ times de k atletas cada. Todos os atletas
participam de um mesmo nimero de times e cada par de atletas fica junto no mesmo time
um mesmo nimero de vezes. Determine:

a) de quantos times cada atleta participa;

b) em quantos times cada par de atletas fica junto.

131 Aw
6.3 Outras formulas combinatérias
O uso do Principio Fundamental da Contagem, com 0 apoio das expressées para o ntimero de
permutagoes e combinagdes simples. permite resolver a maior parte dus problemas de contagem.
que aparecem no Ensino Médio. E convenicnte, no entanto, que o repertério de técnicas do
professor seja ampliado com a resolugao de problemas como os abordados nesta secao.

EAEMPLO 14.
De quantos modos 5 criangas podem formar uma roda de ciranda?

A E

Cc D B Cc

Figura 6.1: Permutacoes circulares.

Solugao. A primeira vista parece que para formar uma reda com as cinco criancas basta escolher
uma orden para elas. o que poderia ser feito de 5! = 120 modos. Entretanto. as rodas ABCDE e
EABCD sao iguais. pois na roda o que importa é a posicao relativa das criatcas eutre si e a roda
ABCDE pode ser “virada” na roda EABCD. Como cada roda pode ser “virada” de cinco modos,
a nossa contageim de 120 rodas conto cada roda. 5 vezes e a resposta é 120/5 = 24.
De modo geral. 0 ntimero de modos de colocar n objetos em circulo. de modo que disposigées
que possam coincidir por rotagio sejam consideradas iguais, isto 6, o utero de permutacdes
t
circulares de n objetos 6 (PC), = "se (n— 1)!
i

O exemplo a seguir mostra um tipo de raciocinio que. apesar de inesperado. pode ser muito
eficiente.
LL
MPLO-

Quantos sdo os anagramas da palavra *BULGARO” que nao possuem duas vogais adjacentes?
Solugao. Vamos primeiramente arrumar as consoantes e. depois. vamos entremear as vogais.
O nimero de modos de arrumar em fila as consoantes B, L, G, R ¢ Py = 4! = 24. Arrumadas
as consoantes, por exemplo na ordem BLGR. devemos colocar as vogais U. A. O nos 5 espacos

ae 132
da figura. Como nao podemos colocar duas vogais no mesmo espacgo, trés dos espacos serAo
ocupados, cada wu com uma vogal e dois dos espacos ficarao vazios. Temos C3 = 10 modes de
escolher os trés espagos que seraéo ocupados e P; = 3! = 6 modos de colocar as vogais nos espacos
escolhidos.
B L G R

A resposta é 24 x 10 x 6 = 1440.


EXEMPLO 16.
Quantas séo as solugdes inteiras e nau-negativas da equagdo 21 + ry 4+--- +a, = p?
Solugao. A resposta deste problema é representada por C2. que é 0 ntimere de combinacdes
completas ou com repetigao dos n objetos tomadus p a p..
Para determinar o valor de C’R?, vamos represeutar cada solugée da equagao por una fila de
sinais + e |. Por exemplo, para a equacdo «+ y +2 = 5, as solugdes (2.2.1) e (5.0.0) seriam
representadas por ++|++|+e++++4||. respectivamente. Nossa representacdo, as barras sao
usadas para separar as incégnitas e a quantidade de sinais + indica 0 valor de cada incégnita.
Para a equacdo 7] + 42-+--- +2, = p. cada solugdo seria representada por uma fila com
n — 1 barras (as barras sao para separar as incégnitas: para separar n incégnitas, usamos n — 1
barras) e p sinais +. Ora. para formar uma fila com n —1 barras e p sinais +. basta escolher dos
n+ p—1 lugares da fila os p lugares onde serao colocados os sinais +, 0 que pode ser feito de
Chip-1 modos. Portanto. CRE = Chay-1-

eee eeeeeeeeeeeee renee reer eee e reer eee eee


EXEMELO 17,
De quantos modos podemos comprar 3 sorvetes em um bar que os oferece em 6 sabores
distintus?
Solugdo. A resposta nado é CZ = 20 (C3 seria o ntimero de modos de comprar trés sorvetes
diferentes). Chamando de rz o nimero de sorvetes do k-ésimo sabor que vamos comprar, devemos
determinar valores inteiros e nao-negativos para ry, kA = 1,2, 3,4,5,6, tais que 71+ 224+---+.25 =
3. Isso pode ser feito de C.R3 = C3 = 56 modos.

133
Exercicios

6.52. De quantos modos podemos formar uma mesa de buraco com 4 jogadores?

6.53. De quantos modos podemos formar uma roda de ciranda com 5 meninos e 5 meninas de
modo que pessoas de mesmo sexo nado fiquem juntas?

6.54. De quantos modos podemos formar uma roda de ciranda com 6 criangas, de modo que duas
delas, Vera e Isadora, nao fiquem juntas?

6.55. Quantas sao as solucdes inteiras e positivas de x + y+ z= 7?

6.56. Quantas sao as solucdes inteiras e nao-negativas de x + y + z < 6?

6.57. Uma indiistria fabrica 5 tipos de balas que sao vendidas em caixas de 20 balas, de um sé
tipo ou sortidas. Quautos tipos de caixas podem ser montados?

A 134
5
6.4 O Triangulo Aritmético
Chamamos de triangulo aritmético de Tartaglia'-Pascal?, ou simplesmente Triangulo de Pas-
cal, ao qnadro abaixo. formado com os diversos valores de C?.

ce 1
aa 11
gad 121
Qaka 133.1
cock crac 14641
Caeaad 1501051
Observe que, entuncraudo as linhas e colunas a partir de zero. CP aparece na linha n e coluna p.
A propriedade que permite coustruir rapidamente o triangulo é a relacdo de Stifel?, que diz
que somande dois elementos lado a lado no triangulo obtém-se o elemento sitnado embaixo da
da direita. Assitn. a prOxiina linha do tridngulo seria

114+5=6, 54+10=15, 104+10=20. 104+5=15. 5+1=6, 1

TEOREMA 6.2. RELAGAO DE STIFEL


CRE CE = CRT
n+tt

A
DEMONSTRAGAO.
Cousidere tum conjunto 4A den +1 elementos, um dos quais 6 r. O niimero de subconjuntos de A
cou p+ 1 elementos 6 C?ne he Esse ntimero é igual a soma do ntimero de subconjuntos nos quais
v udo figura. CP*) . com o ntanero de subconjuntos nos quais x figura. CP.

Outra relagao importante é dada pelo:

TEOREMA 6.3. TEOREMA Das LINHAS


CRC
ACR ++ CR = 2.

DEMONSTRAGAO.
Basta observar que os dois membros sao iguais ao niuucro de subconjuutos de um conjunto com
n elementos.

it, Nicolo Fontana (Li0b 7). matematico italiano.


. Blaise (1623-1662 matematice filosofo e fisico francés.
AStifel. Michael (1487? ). algebrista alemao.

135 A
xi)
Mitius Ls.

Um palacio tem 7 portas, De quantos modes pode ser aberto 0 palacio?


Solugdo. Ha C? modos de abrir o palacio abrinde maa s6 porta. C2 modos de abrir o palaciv
abrindo dias portas. ete. A resposta é

CEtCP +--+ C8 = 2 — C8 = 128-15


17.

Finalmente, temos a relagio que declara que. em cada linha, elementos equidistantes dos
extremos sio ignais.

TEOREMA 6.4.
CRacre,

DEMONSTRAGAO.
Basta observar que o ndimero de modos de escolher, entre n objetos. p objetos para usar é igual
ao de escoller » — p objetos para nao usar.

6.5 O Binémio de Newton


A formula do binéimio de Newton? é a formmla que dé o desenvolvimento de (a + @}". Para
obté-la basta multiplicar

O termo genérico do produto é obtide tomando em p dos fatores. p = 0.1.2..... n, a segunda


parcela ¢ tomando nos restautes n — p fatores a primeira parcela. Como isso pode ser feito de
C? modos. o termo geuérico do produto é Cha’z"? @
"
(eta) = y Chay??
pau
“al — 422 -2 78
= Chatrt + Calter + Cree te Cha D®,

KXEMPLO LY,
Determine 0 cveficicute de .c3 no desenvolvimento de

ae A 136
Solugao. O termo genérico do desenvolvimento é

CP( —VV?
} (at)?yz = CF(—1)P 28-5)7,
rt

O termo em x? é obtide se 28 — 5p = 3. on seja, se p = 5.


O termo procurado é C3(—1)5.23 = —2Lr . O coeficiente 6 —21.

EXEMPLO 20.
Determine o termo maximo do desenvolvimento de

(12)” 1 50

Solugao. O termo genérico do desenvolvimento é


1 BP

& = ChaPr P= ch (4) :

Vamos descobrir para que valores de p os termos crescem. Para isso. caleulamos

1\? fly
ty—tea = ch(3) — CS (3)

50! 50!
ps0 — py" (p— 151 — p)ige4
50! 1 ol
{p—1)(50— p)tar-t 3p = 51-—p
_ 50! 51 — 4p
(p= 1)'(50 — p)!3P-1 \ 3p(51 — p) 7
Temos tp—tp_1 positivo. isto é t, > tp_1 quando 51—4p > Oe temos fp < tyr quando 51—4p < 0.
Portanto, tp > tp-1 quando p < 12 e t, < t), quando p 2 13. Logo, tp < fy < +++ < fu <
ti > tia > ta > --- > to. O termo maximo é
12
Bt
C30
t= 327

137 AB
Exercicios
Com 7 vitaminas diferentes, quantos coquetéis de duas ou mais vitaminas podemos formar?

. Determine p para que seja maximo:

a) Cio b) Ch

Utilize a Relagio de Stifel para demonstrar, por indugio finita, o Teorema das Linhas.

« Prove 0 Teorema das Colunas: C2 + Ch.) + Cog +...+CR= cet.

. Prove o Teorema das Diagonais: C2+C1,,+C2,9+...4+ CP,ntp = CP)


n+ptl
Determine o termo independente de x no desenvolvimento de

(e-3).
1 10
3

Determine o coeficiente de x" no desenvolvimento de (1 — x)? - (x +2)".

Determine o valor da soma C2 + 3C} + 3°C? +--+. 4 3"C7,


» Se (1+ 2427)" = Ay + Air + Age? + +--+ Aor", determine o valor de:
+ Ai + Ag +---+ Aon
a) Ag
b) Ap + Az + Ay +--+ + Aone

Determine o termo maximo do desenvolvimento de


1
100
1l+= :

Prove que 101° > 99 + 100%,

- Conte o niimero de modos de escolher 5 elementos do conjunto com 8 elementos {1,2,..., 8}


de duas maneiras diferentes:

a) diretamente;
b) escolhendo primeiro o elemento central e depois os 2 elementos 4 sua esquerda e os 2
A sua direita.

Obtenha dai a identidade combinatéria:

G= QO +00 +O00+O@.-
Generalize para a escolha de 2k + 1 elementos de um conjunto com n elementos.

A 138
ais
6.6 Revisao
Nas segoes auteriores, vimos as principais técuicas de coutagem utilizadas no Ensino Médio,
juntamente com exercicios ilustrando a aplicagdo destas técnicas. Esta segdo traz uma coletanea
de problemas. propositadamente desordenados, em que o leitor devera selecionar a técnica de
contagem mais adequada.
O exemplo a seguir ilustra o fato de que problemas com enunciados semelliantes podem
requerer métodos de contagem bastante diferentes.
SS
EAEMPLO 21,
Considere os conjuntos A= {1.2.....m}e B= {1.2..... n}. Quantas sao:

a) as funcdes de A em B?

b) as fung6es injetivas de A em B?

c} as fungdes bijetivas de A em B?

d) as funcdes sobrejetivas de A em B?

e) as func6es crescentes de A em B?

{) as fungGes nado decrescentes de A em B?

Solugao:

a) Para formar uma funcao de A em B. é preciso escolher o elemento de B associado a cada


elemento de A. Como nao ha restrigdes sobre a funcao a ser formada, ha n possibilidades
para cada escolha e o ntimero total de possibilidades én x n---n =m".

b) Para que exista funcao injetiva de A em B, deve-se ter n > m. Para escolher o valor de
f(1). hé n possibilidades: para o valor de f(2}. ha n — 1 possibilidades. jé que o valor
escolhido nao pode ser igual a f{1); para o valor de f(3). ha n — 3 possibilidades, e assim
por diante. até que para f(r) restam n —(m— 1) =n —m +1 possibilidades. O nimero
total de possibilidades 6 2 - (7 — 1)-++(n —m-+1).

c) Para que exista funcao bijetiva de A em B, deve-se ter m = 7. Neste caso. uma funcgao de
Aem B é bijetiva se e somente se é injetiva. Logo, o nimero de funcées bijetivas. no caso
em que m =n. é dado pelo resultado do item b) e é igual a n- (n — 1)---1 =n! (ou seja,
é igual ao niimero de permutagées dos elementos de A).

139 AD
JOMBINATORIAG

d) Para que exista fungao sobrejetiva de A em B, deve-se ter m > n. Surpreendemente, o pra-
blema geral de contar o utimero de fungdes sobrejetivas de A em B é muite mais complicado
que os anteriores (pode-se demonstrar que este ntimero é igual a 7Y"_4(—1)"(,",)(n-9)"),
mas é um exercicio acessivel nos casos particulares em que m é igual an +1 ou n+ 2 (veja
0 exercicio 6.83).

e) Para que exista uma funcao estritamente cresceute de A em B, deve-se ter n > m. Para
determinar uma funcao deste tipo, basta escollier os m elementos da imagem. ja que uma
vez escolhidos estes elementos, f(1) deve ser o menor deles, f(2) o segundo menor, e assim
por diante. Logo, o ntunero de funcées crescentes é igual a C7".

f) Para definir uma funcdo nao decrescente de A em B, basta determinar quantas vezes cada
elemento de B é usado como imagem. No total. este ntimero de usos deve ser igual a m,
0 nimero de elementos de 4. Se o menor elemento de B usado como imagem é usado
k vezes, cle deverd ser o valor de f(1), f(2),....f(k), 0 mesmo ocorrendo com os valores
suhsequentes. Portanto. o ntumero de fungdes nao decrescentes é igual ao ntimero de solugdes
intciras nao negativas de ry +12 +...-+r_, = m, onde 2, representa o ntimero de vezes que 7
€ usado como imagem. Portanto. o nimero de fungGes nao decrescentes é CR, = CR, 1-

140
Exercicios

6.70. (OBMEP 2012) Vitor tem 24 cartdes, sendo oito azuis, oito brancos e oite verdes. Para
cada cor, cle numerou os cartées de 1 a 8.

a) De quantas maneiras Vitor pode escolher 2 cartées azuis de modo que a soma de seus
niimeros seja igual a 97

b) De quantas maneiras Vitor pode escolher 2 cartées de modo que a soma de seus
niimeros seja igual a 9?

c) De quantas maneiras Vitor pode escolher 3 cartées de modo que a soma de seus
niimeros seja igual a 9?

6.71. (Profmat - MA12 2011) Uma senha de banco é formada por 4 digitos de 0 a 9.

a) Quantas sao as senhas em que aparecem exatamente trés digitos diferentes?

b) Quantas sao as senhas em que nao hé digitos consecutivos iguais?

6.72. (Profinat - MAI12 2012) Num porta-CDs, cabem 10 CDs colocados um sobre o outro,
formando wma pilha vertical. Tenho 3 CDs de MPB, 5 de rock e 2 de miisica classica.

a) De quantos modos diferentes posso empilld-los de modo que todos os CDs de rock
fiquem juntos?

b) De quantos modos posso escolher 4 CDs para levar em uma viagem, de modo que eu
leve pelo menos um CD de cada tipo de muisica?

6.73. (Profmat - Exame de Acesso 2011) Uma equipe esportiva composta por 6 jogadoras esta
disputando uma partida de 2 tempos. No intervalo do primeiro para o segundo tempo
podem ser feitas até 3 substituicdes e, para isto, o técnico dispde de 4 jogadoras no banco.
Quantas formacées distintas podem iniciar o segundo tempo?

6.74. (OBMEP 2012) Seis amigos, entre eles Alice e Bernardo, vao jantar em uma mesa triangular,
cujos lados tém 2. 3 e 4 lugares. De quantas maneiras esses amigos podem sentar-se & mesa
de modo que Alice e Bernardo fiquem juntos e em um mesmo lado da mesa?

6.75. (OBMEP 2006- adaptado) De quantos modos pode-se preencher um quadrado 4x4 de modo
que em cada linha, cada coluna e cada quadrado 2 x 2 destacado apareca exatamente uma
vez cada um dos nimeros de 1 a 4? A figura abaixo mostra um exemplo de preenchimento
valido.

141 AE
6.76. (Profmat - Exame de Acesso 2013) As placas de automéveis tém 3 letras do alfaheto (de 26
letras) e 4 ntimeros (de 0 a 9). Elas foram inseridas num banco de dados usando a ordem
alfabética para as letras e a ordem habitual para os niimeros. Comegando com AAAOOQNO,
seguem. em ordem crescente dos ntimeros, as placas que iniciam com AAA para, em seguida,
aparecer a placa AABO000. Depois da placa AAZ9999 seguirdo: ABAQ000, ABA0001, etc.
Qual é a inscrigéo da placa que ocupa a posigéo 20.290.754?

(Profiat - Exame de Acesso 2013) Cada uma das cinco regides da figura deve ser pintada
com uma s6 cor, escolhida entre verde, amarelo, azul e branco. De quantas maneiras
distintas podemos colorir a figura, de modo que regides adjacentes nao fiquem com a mesma
cor?

. (Profmat - Exame de Acesso 2011) O niimere 2568 possui digitos em ordem crescente. Os
mimeros 5667 e 3769 nao possuem digitos em ordem crescente. Quantos séo os niimeros
naturais entre 1000 e 9999 que possuem seus digitos em ordem crescente?

(Profmat - Exame de Acesso 2012) Um engenheiro fara uma passarela de 10 metros de


comprimento, ligando a porta da casa ao portéo da rua. A passarela tera 1 metro de
largura e ele, para revesti-la, dispde de 10 pedras quadradas de lado ] metro e 5 pedras
retangulares de 1 metro por 2 metros. Todas as pedras sio da mesma cor, as pedras de
mesmo tamanho sao indistinguiveis umas das outras e o rejunte ficaré aparente, embora
com espessura desprezivel. De quantas maneiras ele pode revestir a passarela?

(Profmat - Exame de Acesso 2013) Cristina e Pedro vao com outros seis amigos, trés mogas
e trés rapazes, para uma excursdo. No énibus que vai fazer a viagem sobraram apenas
quatro bancos vagos, cada, um deles com dois assentos, todos numerados. Ficou acertado
que cada banco vago seré ocupado por uma moca e um rapaz, e que Cristina e Pedro se

A 142
5
sentarao juntos. Respeitando-se esse acerto, de quantas maneiras o grupo de amigos pode
se sentar nos assentos vagos do énibus? Justifique sua resposta.

6.81. (Profmat - MA12 2013) Penélope quer distribuir 6 presentes entre seus sobrinhos Alfredo,
Bruno, Carlos e Daniel, de modo que cada um receba pelo menos um presente. Todos os
presentes devem ser distribufdos.

a) Supondo que todos os presentes sejam iguais, de quantos modos ela pode distribuir os
presentes?
b) Resolva novamente o item a), supondo agora que todos os presentes scjam diferentes.

6.82, (Profmat - Exame de Qualificagéo 2012) Maria tem 10 anéis e quer distribui-los pelos 10
dedos de suas maos. Suponha que seja possivel colocar todos os anéis em qualquer um dos
dedos.

a) Suponha que os anéis sejam idénticos. De quantas maneiras diferentes ela pode
distribui-los em seus dedos?
b) Suponha agora que os 10 anéis sejam todos distintos. De quantas maneiras Maria pode
distribui-los em seus dedos? Admita que a ordem dos anéis nos dedos é relevante.

6.83. O conjunto A possui p elementos e o conjunto B possui n elementos. Determine o niimero


de funcdes f : A > B sobrejetivas para:

a)p=n, b)p=nt+]l, c)p=nt2.


6.84. Um estacionamento, inicialmente vazio, possui n vagas adjacentes. Ao longo do dia, o
estacionamento é ocupado por carros, de modo que cada carro, exceto o primeiro, sempre
estaciona ao lado de um carro jd estacionado. De quantos modos diferentes as vagas podem
ser ocupadas? Em outras palavras quantas sio as permutacoes dos inteiros de 1 a n em que
cada termo (exceto o primeiro) é um niimero adjacente a um termo anterior? Por exemple,
para n = 5, a permutacao 43521 é valida, mas 23514 nao, ja que 5 nao é adjacente a nenhum
dos termos anteriores. [Sugestao: olhe a permutagao do fim para o inicio].

143 fs
wi
x
Na Sala de Aula. Soore 0 ENstNo DE COMBENATORIA

1. Nao faca formulas demais ou casos particulares demais. Isso obscurece as ideias gerais e torna
as coisas mais complicadas. Quem troca o principio bésico da contagem por formulas de arranjos,
permutagSes e combinagées tem dificuldade de resolver até mesmo 0 nosso segundo exemplo (o
das bandeiras).

2. Aprenda e faga com que os alunos aprendam com os erros. E importante, diante de uma
solugéo errada, analisar porque ela esté errada.

3. Vocé quer mostrar que é 0 bom ou quer que seus alunos aprendam? Se vocé prefere a segunda
alternativa, resista 4 tentagao de em cada problema buscar solugdo mais elegante. O que deve
ser procurado é um método que permita resolver muitos problemas e nado um truque que resolva
maravilhosamente um problema. Sendo mais especifico: no exemplo 6, da secio de principios
basicos, foram apresentados dois métodos e um truque. Nao se deve mostrar o truque antes de
mostrar os métodos. A beleza de alguns truques sé pode ser apreciada por quem tem dominio
dos métodos. Combinatéria nao é dificil: impossfvel é aprender alguma coisa apenas com truques
em vez de métodos.

4, Nao dé preferéncia a raciocinivs destrutivos, raciocinios do tipo contar a mais e depois des-
contar o que nao servia e foi contado indevidamente. Os raciocinios que resolvem a maior parte
dos problemas de Couibinatéria sao essencialmente construtivos. Embora em certos casos seja
melhor usar um raciocinio destrutivo, seus alunos s6 se sentirao seguros quando dominarem os
raciocinios construtivos. Por exemplo, no exemplo 7 da parte de combinacées, a primeira solugéo
apresentada é melhor do que a segunda para educar o raciocinio do aluno.

5. Umi processo seguro de tornar as coisas complicadas 6 comegar assim: esse 6 um problema de
arranjos ou de combinagdes? Como se resolveriam, por exemplo, os problemas dos exemplos 2,
3 e 5 da Unidade 11 e os problemas propostos nitmeros 1, 5, 8 e 10 da préxima unidade? Alias,
para que servem arranjos?

144
PROBABILIDADE
7.1 Conceitos Basicos
Experiéncias que repetidas sob as mesmas condigdes produzem geralmente resultados dife-
rentes sao chamadas de aleatérias. Por exemplo, retira-se uma carta de um barallio e verifica-se
se ela 6 ou ndo um curinga: compra-se uma lampada e verifica-se se ela queima ou nao antes de
100h de uso; joga-se um dado até se obter um scis e conta-se o nimero de lancamentos.

DEFINICAO 7.1.
Chamaremos de espacgo amostral o conjunto de todos os resultados possiveis de uma experi-
éncia aleatéria. Representaremos o espaco amostral por S e s6 vamos considerar aqui o caso de
S ser finito ou infinito enumeravel. Os subconjuntos de S$ seréo chamados de eventos. Diremos
que um evento ocorre quando o resultado da experiéncia pertence ao evento.

a
EXEMPLo L.
Langa-se uma moeda e observa-se a face que cai voltada para cima. O espaco amostral é
S = {cara, coroa} e ba 4 eventos:
@. A= {cara}, B = {coroa} e S.
@ & um evento que nao ocorre nunca e é chamado de evento impossivel. O evento A ocorre
se. e somente se. o langamento resulta em cara. S ocorre sempre e é chamado de evento certo.

eeeeeennneeeeeeeeeeeeee eee eeee ener erence


EXEMPLO 2.
Langa-se um dado e observa-se a face que cai voltada para cima. O espaco amostral é
S = {1, 2.3.4.5. 6} e ha 64 eventos. Alguns desses eventos s ; @. que nao ocorre nunca: S$, que
ocorre sempre, A = {2, 4,6}, que ocorre se, e somente se, o resultado do langamento for par. Se
o resultado do lancamento for seis. ocorrem os eventos {6}, {5.6}. {2.4.6}. ete.

oe
EXEMPLU 3.
Se A e B sao eventos em um mesmo espaco amostral S. AU B é 0 evento que ocorre se, €
somente se, ocorre o evento A ou ocorre o evento B, isto 6, ecorre pelo menos um dos eventos A
e B; ANB € 0 evento que ocorre se e somente se ocorrem ambos os eventos Ae B: A\ Béo
evento que ocorre se, ¢ somente se, ocorre o evento 4 mas nao ocorre o evento B; A, chamado
de evento oposto a A. é 0 evento que ocorre se. € sotnente se. 0 evento A nao ocorre.

Associaremos a cada evento um nimero, que chamaremos de probabilidade do evento e que


traduziré nossa confianga na capacidade do evento ocorrer.

ae 2 146
DEFINIGAO 7.2.
Uma probabilidade é uma fungao que associa a cada evento A um mimero P(A) de forma
que:

i} Para todo evento A, 0 < P(A) <1:

ii) P(S)=1;

iii) Se A e B sao eventos mutuamente excludentes, isto 6, eventos que nao podem ocorrer
simultaneamente (isto é, AN B = @) entao

P(AUB) = P(A) + P(B).

_eeeeennenneeeeeeeneeneeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
reer eee ener
EXEMPLO 1.
Langa-se uma moeda e observa-se a face que cai voltada para cima. O espaco amostral é
S = {cara.coroa} ¢ ha + eventos: @ , A = {cara}. B = {coroa}. S. Uma probabilidade que pode
ser definida ¢

P\(@)=0, P(A) = Pi{eara} = 0,5, P,(B) = P\{coroa} =0,5 Pi(S) = 1.

Verifique que as trés condigées da definicado de probabilidade sao satisfeitas.

Outra probabilidade que pede ser definida é

P{@)=0. P(A) = P{cara} =0,3, P2(B) = P,{coroa} =0.7 P2(S) = 1.

Verifique que as trés condicées da definicao de probabilidade sao satisfeitas.


E claro que se desejamos que a probabilidade traduza nossa confianca na capacidade do evento
ocorrer, P,; constitui um modelo adequado quando acreditamos ser o resultado cara tao provavel
quanto o resultado coroa. P), por sua vez seria mais adequado se tivéssemos lancado a moeda
um niimero grande de vezes e obtido o resultado cara em 30% dos lancamentos.
Encerrando o exemplo, um breve comentario a respeito de notagado. Deveriamos ter escrito
P({cara}) e nao P{cara}. Entretanto. quando nao houver risco de confusdo daremos preferéncia
4 notagdo mais simples.

Os modelos probabilisticos que usamos mais frequentemente so exatamente os apresentados


no exemplo anterior.
Um é o modelo equiprobabilistico. Se temos m elementos no espaco amostral e queremos
que todos os eventos unitdrios tenham a mesma probabilidade, devemos atribuir a cada evento

147
a are . .
unitério a probabilidade —. Nao poderia ser de outra forma. pois se S$ = {ay.2y..... zy} e
un
P(x) = P(r2) = +++ = P(r) = &, temos. por iii),

1 = P(S)= P{r.r2...-.2 rab = PUL} U {eo} U--- 0 Len})


Pri} + PUfre}) +--+ PUfea})
Ut
htkt-- thank e bes.

Analogainente. 6 facil ver que. uesse modelo. se um evento X é formado por j elementos,
entdéo P(X) = 2 ou seja. a probabilidade de umt evento é a razdo centre 6 nimero de casos
favoraveis ao evento © o nimero total de casos possiveis. Foi esse o modelo adutado por varios
matematicos como Cardano!. Pascal ¢ Laplace® entre outros. no estudo dos jogos de azar.
Outro é 0 modelo frequencial. Se repetimos a experiéncia n vezes eo eveuto A ocorreu ent j
dessas experiéncias. adotamos para P(A) a frequéncia relativa do evento A. isto é& 0 ntiuero de
vezes que o evento -1 ocorren dividido pelo mimiero total de repetigdes da experiéucia, ou seja.
P(A) = 2.
0 teorema a seguir contém as propriedades das probabilidades.

TEOREMA 7.3.
Se A e B sao eventos, entao:
i) P(A) = 1 - P(A).
ii) P(@) =0.
iii) P(A \ B) = P(A) ~ P(AN B).
iv) P(AU B) = P(A) + P(B) -— P(AM B).
v) Se AD B entéo P(A) > P(B).

|
DEMONSTRAGAO.
i) 1=P(S) = P(AUA) = PCA) + PCA). Dai, PCA) = 1 - PCA).
ii) P(S) = P(SU®) = P(S) + P(2), pois Se S séo mutuamente excludentes. Dai. P(@) = 0.
iii) P(A) = Pi(A\ B)U(ANB)] = PUA\ B)+ PLAN B) pois A\ Be ANB sao mutuamente
excludentes. Dai. P(A \ B) = P(A) -— P(ANB).
iv) P(AU B) = P[(A\ B) UB] = P(A\ B) + P(B) pois A\ Be B so mutuamente exclidentes.
Como P(.A\ B) = P(A) -— P(ANB). resulta P(AU B) = P(A) + P(B) — P(ANB).
'Cardano, Jeronimo (1501-1576). matematico italiano.
*Laplace, Pierre Simon (1749-1827). matematico francés.

ae ds 148
v) Como P(.A\ B) = P(A) — P(AN B), se AC B resulta P(A \ B) = P(A) — P(B). Como
P(A\ B) 20. temos P(A) 2 P(B).

EXEMPLO 5.
Em um grupo de r pessoas, qual é a probabilidade de haver pelo menos duas pessoas que
fagam aniversdrio no mesmo dia?
Solugdo. Vamos determiuar a probabilidade disso nao acontecer. O mimero de casos possiveis
para os aniversarios das r pessoas 6 365". O ntunero de casos favoraveis a que todas aniversariem
em dias diferentes 6 365 x 364 x --- x (366 —r), havendo r fatores nesse produto. Portanto. a
probabilidade de nao haver pelo menos duas pessoas que fagam aniversdrio no mesmo dia é de
365 x 364 x --- x (366
— 7}
365"
ea de haver pelo menos duas pessoas que tenlaim o mesmo dia de aniversario é de
1 305. BO x ---
a x (366 — 7)

A tabela abaixo da. para alguns valores de r, a probabilidade de haver coincidéncia de ani-
versarios.
r | Probabilidade
5 0.03
10 0, 12
15 0.25
20 0,41
23 0.51
25 0, 57
30 0.71
40 0,89
45 0.94
50 0,97

O resultado é surprecndente. Em um grupo de 28 pessoas. é mais provavel haver duas pessoas


com 0 mesmo aniversaério do que todas aniversariarem em dias diferentes.

LXEMPLO 6,
Em uma loteria de niimeros ha um s6 prémio. Salvador compra n (1 <n < N) bilbetes
para uma s6 extracao e Silvio compra n bilhetes, um para cada uma de n extrag6es. Qual dos

149
rere Sian.
dois jogadores tem mais chance de ganhar algum prémio?
Solugao. A probabilidade de Salvador ganhar algum prémio é

nWw

A probabilidade de Silvio nao ganhar nenhum prémio é

(N-D"
oe

Logo. a probabilidade de Silvio ganhar algum prémio é

_ (N -1)"
1 Na

Afirmamos que Salvador tem mais chance de ser premiado. isto é. afirmamos que

n (N-1)"
W >1- TV

ou, equivalentemente, alirmamos que

(N=) n
ye Pl
A prova dessa afirmagio faz-se por indugao.
Para n = 2, temos

Supouhamos que a desigualdade valha para n > 2, ou seja, que

(N-1}" n
Ne >i NC

Multiplicando ambos os lados por N


(N-1)ttl n lon n+1
wer 7+ oy oy ye?
Logo, a desigualdade também é valida para n+ 1. Portanto. por indugdo. é valida para todo
n>2.

150
<
E
DEFINIGAO 7.4.
O valor esperado de um resultade aleatério numérico é definido como sendo a média ponderada
de seus possiveis valores em que os pesos sao as respectivas probabilidades. Isto é, se os possiveis
para o resultado sao x1, 2%2,...,2n, com probabilidades py, po,..., Pn, seu valor esperado é pz, +
Pot + ...-+ Ppt, (note que a soma de todas os pesos é igual a 1).

Em um modelo probabilistico adequado, a probabilidade de cada resultado deve aproximar


a frequéncia (apéds um grande numero de realizagées do experimento aleatério) com que cada
resultado ¢ observado. Deste modo, o valor esperado representa a média aritmética, a longo
prazo. dos resultados observados.
ay
EXEMPLO 7.
Em um jogo muito popular no Brasil. escolle-se uma dentye 25 possibilidades para apostar.
Caso a escolha seja contemplada, o apostador recebe 18 vezes a quantia apostada. Qual é o
ganho esperado de quem aposta R$ 10.00?
Solugao. O ganho é a diferenca entre o valor recebido e o apostado. As possibilidades sao
ganhar 180 — 18 = 162 reais ou perder os 18 reais apostados. o que corresponde a um ganho de
0-10 =—10. As probabilidades desses dois resultados sv, respectivamente, 3; e 33. Logo, o
valor esperado do ganho é $162 - 210 = —R$2. 80. Isto é. quem faz seguidamente esta aposta.
em média perde R$ 2.80 por vez em que a aposta é realizada (nao é surpreendente que o ganho
esperado seja negativo: esta é a base matematica de quem explora tal tipo de negécio).

151 Aw
TT |
Exercicios

7.1. Langam-se dois dados nao tendenciosos. Qual a probabilidade da soma dos pontos ser igual
a7?

7.2. 24 times sao divididos em dois grupos de 12 times cada. Qual é a probabilidade de dois
desses times ficarem no mesmo grupo?

7.3. Mostre que

P(AU BUC) = P(A} + P(B) + P(C)—


P(AN B)— P(ANC)—P(BNC)4+ P(ANBNC).

7A. Se P(A) = 25 e P(B)= *: Mostre que:

a) P(AUB)>
wih

b) 2 < PANB)<
wl

©) 5=<1 < P(ANB)<


PIANB) <5
| ~

7.5. Cinco dados sao jogados simultaneamente. Determine a probabilidade de se obter:

a) um par:
b) dois pares;
c) uma trinca;
d) uma quadra;
e) uma quina;
f) wma sequéncia;
g) um “full hand”, isto 6, uma trinca e um par.

7.6. Um poligono regular de 2n + 1 lados esta inscrito em um circulo. Escolhem-se trés dos
seus vértices, formando um triangulo. Determine a probabilidade do centro do circulo ser
interior ao triangulo.

7.7. Doze pessoas sao divididas em trés grupos de 4. Qual é a probabilidade de duas determi-
nadas dessas pessoas ficarem no mesino grupo?

A 152
7.8. Em um grupo de 4 pessoas, qual é a probabilidade de haver alguma coincidéncia de signos
zodiacais?

7.9. Em um armirio ha 5 pares de sapatos. Escolhem-se 4 pés de sapatos. Qual é a probabilidade


de se formar exatamente um par de sapatos?

7.10. Distribuindo ao acaso 5 sorvetes de creme e 5 de chocolate a 10 pessoas, das quais 3 preferem
creme. 2 preferem chocolate e as demais nao tém preferéncia, qual é a probabilidade de
todas sairem satisfeitas?

7.11, Escolhem-se ao acaso duas pecas de um dominé comum. Qual é a probabilidade delas
possuirem um niunero comum?

7.12. No jogo da quina concorrem 80 dezenas e sao sorteadas 5 dezenas. Clara apostou em 8
dezenas. Qual a probabilidade de Clara acertar:

a) 3 dezenas?
b) 4 dezenas?

c) 5 dezenas?

7.13. Em uma roda sao colocadas n pessoas. Qual é a probabilidade de duas dessas pessoas
ficarem juntas?

7.14, Uma pessoa tem um molho de n chaves, das quais apenas uma abre a porta. Se ela
vai experimentando as chaves até acertar, determine a probabilidade dela s6 acertar na
tentativa de ordem k. supondo:
a) que a cada tentativa frustrada ela toma a sdbia providéncia de descartar a chave que
nao serviu.

b) supondo que ela nao age como no item a).

7.15. Ha 8 carros estacionados em 12 vagas em fila. Determine a probabilidade:

a) das vagas vazias serem consecutivas.


b) de nao haver duas vagas vazias adjacentes.

7.16. Se P(A) = 0,4, P(B) = 0.5, P(C) = P(AN B) = 0.3. P(ANC) =0e P(BNC) = 4.1,
determine:

a) P(AUBUC).
b) P[A-(BUC)].

153 A
x
c) PIAN(BUCY.
d) PAN BUC].
7.17. Em certa escola a probabilidade de um aluno ser torcedor do Flamengo é 0,60, de assistir
novela é 0,70 e de gostar de praia é 0,80. Entre que valores esté compreendida a probabi-
lidade de um aluno dessa escola, simultaneamente: a) assistir novela e gostar de praia. b)
torcer pelo Flamengo.

7.18. Laura e Telma retiram cada uma um bilhete numerado de uma urna que contém bilhetes
numerados de 1 a 100. Determine a probabilidade do nimero de Laura ser maior que o de
Telma, supondo a extracao:
a) sem reposicaio.
b) com reposicao.

7.19. Em uma gaveta ha 10 pilhas, das quais duas estdo descarregadas. Testando-se as pilhas
uma a uma até serem identificadas as duas descarregadas, determine a probabilidade de
serem feitos:
a) cinco testes.
b) mais de cinco testes.
c) menos de cinco testes.

7.20. (Profmat - MA12 2011) Os professores de seis disciplinas (entre as quais Portugués e Mate-
matica) devem escolher um dia. de segunda a sexta, de uma tinica semana para arealizacgao
da prova de sua disciplina. Suponha que cada professor escolha o seu dia de prova ao acaso,
sem combinar com os demais professores.

(a) Qual é a probabilidade de que as provas de Portugués e Matematica sejam realizadas


no mesmo dia?
(b) Qual é a probabilidade de que os alunos fagam provas ei todos os dias da semana?

7.21. (Profmat- Exame de Qualificacao 2012) Uma moeda honesta é lancada sucessivas vezes.

(a) Se a moeda for langada 4 vezes, qual é a probabilidade de que o mimero observado de
caras seja impar? E se a moeda for langada 5 vezes?
(b) Observando o resultado do item (a), formule uma conjectura sobre a probabilidade de
se observar um ntimero impar de caras em n langamentos da moeda.
(c) Demonstre, utilizando inducdo finita, a conjectura do item (b).

154
|isso
7.22. (OBMEP 2011) Em uma caixa ha 10 bolas idénticas, numeradas de 1 a 10. O nimero de
cada bola corresponde a um dos pontos da figura. os quais dividem a circunferéncia em 10
partes iguais. Nos itens a seguir, considere que as bolas sao retiradas ao acaso, uma a uma
€ sem reposicao.

a) Se forem retiradas duas bolas, qual é a probabilidade de que o segmento determinado


pelos pontos correspondentes seja um diametro da circunferéncia?
b) Se forem retiradas trés bolas, qual é a probabilidade de que os pontos correspondentes
sejam vértices de um triangulo retangulo?
c) Se forem retiradas quatro bolas, qual é a probabilidade de que os pontos correspon-
dentes sejam vértices de um retangulo?

7.23. (OBMEP 2013) Homero segura um nimero impar de barbantes idénticos e pede para Sofia
amarrar pares de pontas ao acaso, de cada lado de sua mao, até que sobre somente uma
ponta de cada lado. A figura ilustra o procedimento para trés barbantes.

{a) Com trés barbantes, qual é a probabilidade de que todos os barbantes fiquem unidos
em um unico fio?

(b) Com cinco barbantes, qual é a probabilidade de que um dos pedacos originais de
barbante fique separado dos demais?
(c) Com cinco barbantes, qual é a probabilidade de que um dos pedacos originais de
barbante fique separado dos demais?

155 AB
NN sy
7.24. Uma rifa, com 100 bilhetes, sortearé um prémio de R$ 1000.00 e cinco de R$ 100,00. Se
Pedro comprou wm unico bilhete. qual é o valor esperado do prémio que ele recebera?

7.25. (Profmat - Exame de Acesso 2014) Em um cofre ha seis moedas: duas moedas de 1 real e
quatro moedas de 50 centavos. Retiram-se, simultaneamente e ao acaso, duas moedas do
cofre. Qual é o valor esperado da média aritmética dos valores das duas moedas retiradas
do cofre?

7.26. No tradicional jogo da roleta, ao se apostar uma determinada quantia no “vermelho",


recebe-se o dobro do valor apostado se a bolinha termina em uma casa vermelha, sendo
que, das 38 possiveis posicdes finais para a bolinha, 18 sao vermelhas.

a) Se Pedro aposta R$10.00 na roleta, é mais provavel que ele saia com lucro ou com
prejuizo? Qual é o seu ganho esperado?
b) Suponha que Pedro adote a seguinte estratégia. Inicialmente. ele aposta R$10.00. Se
ele ganhar, ele sai do jogo, com seu lucro de R$ 10,00. Se ele perder, ele faz uma
aposta de R$20.00, saindo do jogo qualquer que seja o resultado. E mais provavel que
ele saia com lucro ou com prejufzo? Qual é o seu ganho esperado?

156
Bp
5
|AeA A foie cole)

7.2 Probabilidade Condicional

EXEMPLO &.
Consideremos a experiéncia que cousiste em jogar um dado nao viciado e observar a face
de cima. Consideremos o evento B = {o resultado é par}. Temos P(B) = — = 0.5. Essa
é a prohabilidade de B @ priori, isto 6, antes que a experiéncia se realize. Suponhamos que,
realizada a experiéncia, alguém nos informe que o resultado nao foi o niimero 1, isto é. que
A = {o resultado é diferente de 1} ocorreu.
Nossa opiniao sobre a ocorréncia de B se modifica com essa informagao pois passamos a ter
apeuas 5 casos possiveis. dos quais 3 sao favoraveis 4 ocorréncia de B. Essa opiniao € quantificada
com a introducae de uma probabilidade a@ posteriori. ou probabilidade de B na certeza de A.
3
= 0.6.
3
Note que os casos possiveis 140 so mais todos os clementos do espaco amostral S e sim os
elementos de A e que os casos favoraveis A ocorréucia de B nao sio mais todos os elementos de
B e sim os elementos de AM B pois s6 os elementos que pertencem a A podem ocorrer.

Se
EXEMPLO Y.
A tabela abaixo da a distribuig&o dos alunos de uma turma. por sexo e por carreira pretendida.

masculino | feminino | total


cientifica 15 5 20
humanistica 3 7 10
total 18 12 30
Escolhe-se ao acaso um aluno. Sejam M, F, C e H os eventos, o aluno selecionado é do
sexo masculino, é do sexo feminino, pretende uma carreira cientifica e pretende uma carreira
humanistica, respectivamente. Temos

pn) =a) 10 1

P(A) = 4 = ®
PUHIF) = at,
PUR)= x.7

157 A
ow
x
EXEMPLO 12.
Escolhe-se uma entre trés moedas. Duas dessas moedas sao nao-viciadas e a outra tem duas
caras. A mocda sclecionada é lancada e é obtida uma cara. Qual é a probabilidade de ter sido
selecionada a moeda de duas caras?

viciada 1
- cara (ce)
4/10 (V)

1/2 ,
6/10 nao-viciada ——~ te)
(¥) VP coroa (@)

Figura 7.2: Moeda de duas caras.

pvyic=2 vo.
PWN) = 5-15 :

O exemplo a seguir mostra um dos mais poderosos métodos de estimacao em Estatistica, 0


método da maxima verossimilhanca.
LO
EXEMPLO 13.
Em certa cidade, os taxis sdo numerados de 1 a N. Para estimar o mimero N de taxis da
cidade. um turista anotou os niimeros de todos os taxis que pegou: 47, 12. 33 e 25. Determine
a probabilidade do turista ter tomado os taxis que tém esses niimeros e determine o valor de N
para o qual essa probabilidade é maxima.
Solugéo. Sejam A = {o primeiro taxi tem mimero 47}, B={o segundo taxi tem numero 12},
ete. A probabilidade pedida é

P(ANBNCND)
= P(A)- P(B\A)- P[CHAN B)]- PIDI(AN BNC]
1111.41
NN NN” N®
Bp
Cr]
x
Essa probabilidade de ocorrer o que efetivamente ocorreu é chamada de verossimilhanga. No
caso, ela é maxima quando NV é minimo. Ora, como N 2 47, 0 valor de N que torna maxima a
verossimilhanga é 47.
A estimativa de maxima verossimilhanga de N é 47.

———————__——————
EEE ————
SMPLO Ld.

Algumas pesquisas estatisticas podem causar constrangimentos aos entrevistados com per-
guutas do tipo “vocé usa drogas?” e correm o risco de nao obter respostas sinceras ou nao obter
respostas de espécie alguma. Para estimar a prupor¢do p de usuarios de drogas em certa commu
nidade. pede-se ao entrevistado que, longe das vistas do entrevistador, jogue uma moeda: se o
resultado for cara, responda a “vocé usa drogas?” e, se o resultado for coroa, responda a “sua
idade é um ntimero par?”, Assim, caso o entrevistado diga sim, o entrevistadur nao saberd se ele
é um usuario de drogas ou se apenas tem idade par.
Se s é a probabilidade de um eutrevistado responder sim, s 6 facilmente estimado pela pro-
porgdo de respostas sim obtidas nas entrevistas. A relacio entre s e p pode ser determinada pela
arvore abaixo.

P sim
0.5 cu ;
l—p nao

i) O50
eo &
sim
coroa
0,57 «nao

Figura 7.3: Método indireto de entrevista.

8 = P(sim) = 0,5p
+ 0,5-0.5.
Dai. p = 25 — 0.5.
Por exemplo. se 30% dos entrevistados respondem sim. vocé pode estimar em 10% a proporgao
de usuarios de drogas.

161
Exercicios

7.27. Joga-se um dado ndo-viciade duas vezes. Determine a probabilidade condicional de obter
3 na primeira jogada, sabendo que a soma dos resultados foi 7.

7.28. Um estudante resolve um teste de miltipla escolha de 10 questdes, com 5 alternativas por
questao. Ele sabe 60% da matéria do teste. Quando ele sabe uma questao, ele acerta,
e, quando nao sabe, escolhe a resposta ao acaso. Se ele acerta uma questao, qual é a
probabilidade de que tenha sido por acaso?

7.29, (Profmat - Exame de Qualificagdo 2012) Em uma caixa ha trés dados aparentemente idén-
ticos. apenas dois deles sio normais, enquanto o terceiro tem trés faces 1 e
Entretanto,
trés faces 6. Um dado é retirado ao acaso da caixa e lancado duas vezes. Se a soma dos
resultados obtidos for igual a 7, qual é a probabilidade condicional de que o dado sorteado
tenha sido um dos dados normais?

7.30, Por definicdo, dois eventos A e B sao independentes, quando ocorre P(ANB) = P(A)-P(B).
Trés eventos 4, B e C séo independentes, por definigdo, quando P(AN B) = P(A)- P(B),
P(BOC) = P(B)- P(C), P(ANC) = P(A): P(C) e P(AN BNC) = P(A)- P(B)- P(C).
Jogue um dado duas vezes. Considere os eventos A = {0 resultado do primeiro langamento
é par}, B = {o resultado do segundo lancamento é par} e C = {a soma dos resultados é
par}.
a) Ae B sao independentes?
b) Ae C sao independentes?
c) Be C sao independentes?
d) A, B eC sao independentes?

7.31. (Profmat - MA12 2012) Uma moeda, com probabilidade + de dar cara, é langada 40 vezes.

(a) Explique por que a probabilidade p, de se obter k caras nos 40 langamentos é dada
por
1\* /2\*
Pe= Crore (3) (3)

para k =0,1,2,...,40.
(b) Calcule para que valores de k tem-se pxy1 > Pe-
(c) Utilize (b) para obter o valor de k para o qual a probabilidade de se obter k caras é
maxima.

A 162
7.32. Determine a probabilidade de obter ao menos

a) um seis em 4 langamentos de wm dado:


b) um duplo seis em 24 langamentos de um par de dados.

7.33. Um exame de laboratério tem eficiéncia de 95% para detectar uma deenca quando ela
de fato existe. Entretanto o teste aponta um resultado falso-positivo para 1% das pessoas
sadias testadas. Se 0,5% da populac&o tem a doenca, qual é a probabilidade de uma pessoa
ter a doenga, dado que o seu exame foi positivo?

7.34. Quantas vezes, no minimo. se deve lancar um dado para que a probabilidade de obter algum
seis scja superior a 0,9?

7.35. Em uma cidade com n+1 habitantes, uma pessoa conta um boato para outra pessoa, a qual,
por sua vez, conta o boato para uma terceira pessoa, e assim por diante. Evidentemente
ninguém € distraido a ponto de contar o boato para quem lhe havia contado o boato.
Determine a probabilidade do boato ser contado k vezes:

a) sem retornar ao inventor do boato.

b) sem repetir nenhuma pessoa.

7.36. Em uma cidade, as pessoas falam a verdade com probabilidade —.1 Suponha que A faz uma
afirmagao e que D diz que C diz que B diz que A falou a verdade. Qual a probabilidade
de A ter falado a verdade?

7.37. Um prisioneiro possui 50 bolas brancas, 50 bolas pretas e duas urnas iguais. O prisioneiro
deve colocar do modo que preferir as bolas nas urnas, desde que nenhuma urna fique vazia.
As urnas seréo embaralhadas e 0 prisionciro devera. de olhos fechados, escolher uma urna
e, nesta urna. escolher uma bola. Se a bola for branca ele sera libertado e, se for preta. seré
condenado. Como deve agir o prisioneiro para maximizar a probabilidade de ser libertado?

7.38. 2" jogadores de igual habilidade disputam um torneio. Eles sio divididos em grupos de 2,
ao acaso. e jogadores de um mesmo grupo jogam entre si. Os perdedores sao eliminados e
os vencedores sao divididos novamente em grupos de 2 e assim por diante até restar apenas
um jogador que é proclamado campeao. Qual é a probabilidade de dois jogadores Ae B
se enfrentarem durante o torneio. Qual é a probabilidade do jogador A jogar exatamente
k partidas?

7.39. Em um torneio como o descrito no exercicio anterior, os 16 jogadores tém habilidades


diferentes e néo ha surpresas nos resultados (se A é melhor que B, A vence B).

163 Aa
or}
etn SELL
a) Qual é a probabilidade do segundo melhor jogador ser vice-campefio do torncio?

b) Qual é a probabilidade do quarto melhor jogador ser vice-campedo do torneio?

c) Qual é o nimero maximo de partidas que o décimo melhor jogador consegue disputar?
Qual é a probabilidade dele disputar esse nfimero maximo de partidas?

7.40. Em um programa da televisao italiana, os candidatos devem escolher uma entre trés portas.
Atras de uma dessas portas ha um prémio e atras de cada uma das outras duas portas ha
um bode. Eseolhida uma porta pelo candidato, 0 apresentador, que sabe onde estao os
bodes. abre uma das outras portas, atras da qual se encontra um bode, e pergunta ao
candidato se ele quer ficar com a porta que escolheu ou se prefcre troci-la pela outra porta
que ainda esta fechada. Admitindo que. quando o candidato escolhe a porta em que esta 0
prémio, o apresentador escolha ao acaso uma porta para abrir, vocé acha que o candidato
deve trocar, nao deve trocar ou que tanto faz?

7.Al, Qual é a probabilidade de serem obtidas exatamente 5 caras em 10 langamentos de uma


moeda ndo-tendenciosa?

7.42. Uma urna contéin 4 bolas brancas e 6 bolas pretas. Sacam-se sucessivamente bolas dessa
urna de acordo com 0 seguinte processo: cada vez que uma bola é sacada. ela é devolvida 4
urna e so acresceutadas mais duas bolas da mesma cor que ela. Determine a probabilidade
de:

a) a segunda bola sacada ser branca.

b) a primeira bola sacada ter sido branca na certeza de que a segunda bola sacada foi preta.

7.43. Um juiz de futebol meio trapalhao tem no bolso um cartao amarelo, um cartaéo vermelho e
um cartao com uma face amarela e wma face vermelha. Depois de uma jogada violenta, o
juiz mostra um cartao, retirado de bolso ao acaso, para um atleta. Se a face que o jogador
vé é amarela, qual é a probabilidade da face voltada para o juiz ser vermelha?

7.44 Ae B disputam uma série de partidas. Ganka wm prémio quem primeiro compietar 10
vitorias. A é mais habilidoso do que B. seudo de 0,6 a probabilidade de A ganhar uma
partida e de 0.4 a probabilidade de B ganhar uma partida. No momento o placar esta 7 x 4
a favor de B. Qual é a probabilidade de A ganhar o prémio?

7.45, Trés jogadores, A. B e C, disputam um torneio. Os trés tém probabilidades iguais de


ganhar o torneio: tém também probabilidades iguais de tirarem o segundo lugar e tém
probabilidades iguais de tirarem o tltimo lugar. E necessariamente verdadeiro que cada

& 164
uma das seis ordens possfveis de classificagéo dos trés jogadores tem probabilidade i de
ocorrer? Justifique.

7.46. (OBMEP 2008) No brinquedo ilustrado na figura, bolinhas sao colocadas nas entradas A,
B ou C e movem-se sempre para baixo, terminando em uma das caixas 1, 2 ou 3. Ao
atingir um dos pontos marcados com um tridngulo, as bolinhas tém chances iguais de ir
para cada um dos dois lados.

a) Se uma bolinha for colocada em C, em quais caixas ela pode parar? E se ela for
colocada em B?
b) Se uma bolinha for colocada em A, qual é a probabilidade de que ela va parar na caixa
2? E se ela for depositada em B, qual é essa probabilidade?
c) Secolocarmos uma bolinha em cada entrada (uma de cada vez), qual é a probabilidade
de que, no final, haja uma bolinha em cada caixa?

165 &
awi
[Paopapiipapeg

7.3 Espaco amostral infinito

Até este momento, somente considcramos situacdes em que 0 espago amostral do experimeuto
aleatorio de interesse fosse finito. Mas o ferramental desenvolvido pode ser aplicado também a
situagGes em que o cspago amostral é infiuito e. mesmo, ndo enumeravel. O exemplo a seguir é
uin interessante exemplo de probabilidade geométrica. Quande selecionamos um ponto ao acaso
em uma parte do plano é razoavel supor que a probabilidade do ponto selecionado pertencer a
uma certa regido seja proporcional 4 area dessa regiao.

EAEMPLO 15.
Selecionam-se ao acaso dois pontos em um segmento de tamanho 1, dividindo-o em trés partes.
Determine a probabilidade de que se possa formar um triangulo com essas trés partes.
Solugdo. Sejam x € [0,1] e y € [0,1] os pontos escolhidos, x < y

0 x y 1

Figura 7.4: Escoliendo dois pontos em um segmento.

Escolher z e y pertencentes a [0.1], com x < y, equivale a escolher um ponto (z,y) no


triaugulo T da figura abaixo.

aH HO
92 1
Figura 7.5: Como escolher os pontos x ¢ y.

Para que exista um triangulo de lados 2, y — © e 1 — y devemos ter r < y-xr+l—ye


yo-r<rt+l—-yel-y<r+y—rioquedie<05ey<274+0.5¢y>0.5. Em suma.o
triangulo existird se. e somente se, o ponto (rc. y) for selecionado na parte sombreada do tridngulo
T.
Senda A o evento “as trés partes formam um tridngulo” e sendo § 0 evento certo. temos que

ass 166
>
i
P(A) @ proporcional 4 area da parte sombreada e P(S) = 1 é proporcional 4 area de T. Logo,
_ P(A) _ dreasombreada 1
PUA) = Brgy = freadeT 4

EXEMPLU Lb.
Ae B lancam sucessivamente wm par de dados até que um deles obtenha soma de pontos 7,
caso em que a disputa termina e o vencedor é 0 jogador que obteve soma 7. Se A é 0 primeiro a
jogar. qual é a probabilidade de ser o vencedor?
Solugao. A probabilidade de obter soma 7 é

ea de nao ser soma 7 é


15
1 6re
Para A ganhar, ou A gauha na primeira mao, ou na segunda, ou ua terceira, etc. A proba-
bilidade de A ganhar na primeira mao é =. Para A ganhar na segunda mao, A néo pode obter
soma 7 na primeira mao e B nao pode obter soma 7 na primeira mao e A deve obter soma 7 na

a
segunda mao. o qne ocorre com probabilidade

Para A gauhar na terccira mo, A ndo pode obter soma 7 nas duas primeiras maos e B nao pode
obter soma 7 nas duas primeiras maos e A deve obter soma 7 na terceira mao, 0 que ovorre com
probabilidade

(3) -&
B\71

etc.
A probabilidade de A ganhar é

vaya fy tg
6° \6/ 6° \6/ 6 ~ \2 ll
(3)

Uma solucdo mais elegante pode ser obtida iguorando as maos sem vencedores. A probabili-
dade de A ganhar uma mao é de é de B ganhar uma mao é de

5. 5
ote

6 36°

167 A
s
6 6 36°
pois, para que ninguém ganhe, A nao pode obter soma 7 e B nao pode obter soma 7.
A probabilidade A gauhar é a probabilidade A ganhar em uma mao em que houve vencedor,
isto 6,
PIAM{AUB)] P(A)
PIAIAU BY = P(AUB) P(AUB)
Como, analogamente,
P(A|AUB) = P(B)
P{AUB)
observe que a razdo entre P(A|AU B) e P(B|AU B) é igual a razdo entre P(A) e P(B), pois
P(AUB) é simplificado. Esse é 0 principio de preservacio das chances relativas. Em um jogo em
que pode haver empates, e é repetido até que alguém venga, a razdo entre as probabilidades de
vitéria dos dois jogadores é igual 4 razdo de suas probabilidades de vitéria em uma tinica partida.
Conhecendo o principio. poderiamos ter resolvido o problema do modo seguinte:
Em uma mao, as probabilidades de vitéria de A e de B sao, respectivamente. de

1 ede
le

A razao dessas probabilidades é de . A razdo das probabilidades de vitoria de A e de B no jogo

é também de 6 e, como um dos dois ganha o jogo. a soma dessas probabilidades é 1. Entao,
6 5
essas probabilidades sao iguais a Te 7 respectivamente.

aA 168
Exercicios

TAT. Selecionam-se ao acaso dois pontos em uma circunferéncia. Qual a probabilidade da corda
determinada por esses pontos ter comprimento maior do que o lado do triangulo equilatero
inscrito na circunferéncia?

7.48. Seleciona-se ao acaso um ponto X em um diametro AB de uma circunferéncia. Qual a


probabilidade da corda que coutém X e é perpendicular a AB ter comprimento maior do
que o lado do triangulo equilatero inscrito na circunferéncia?

7.49. Um ntimero é escolhido ao acaso no intervalo |0, 1]. Caleule a probabilidade de que, na
expansdo decimal deste niimero:

a) o primeiro algarismo (apds a virgula) seja 0:

b)} 0 segundo algarismo (apds a virgula) seja impar,


¢) apareca o algarismo 1.

7.50. Dois mimeros f e y do sortados, ao acaso ¢ independentemente, no intervalo [0. 1] e calcula-


se a sua soma s = 2 +y. A seguir, cada um destes ntimeros € arredondado para 0 inteiro
mais proximo, obtendo-se os ntimeros inteiros 7, 9 e€ 5. Calcule a probabilidade de que §
seja igual a E+ y.

7.51, Cristina e Maria, que nao séo pessoas muito pontuais. marcaram um encontro as 16 horas.
Se cada uma delas chegaré ao encontro em um instante qualquer entre 16 ¢ 17 horas e
se dispe a esperar no maximo 10 minutos pela outra. qual é a probabilidade delas se
encontrarem?

7.52. Dois jogadores langam sucessivamente uma moeda honesta. Ganha o primeiro que obtiver
um resultado igual ao obtido na jogada anterior. Qual é a probabilidade de que o primeiro
a langar a moeda seja o ganhador?

7.53. Arlindo tem 1 real e Bernardo tem 2. Eles combinam apostar 1 real em sucessivas dispustas
de cara e coroa. até que um deles perca todo o seu dinheiro. Qual éa probabilidade de que
Arlindo seja o ganhador?

7.54, Um dado é langado seguidamente. Qual é o ntimero esperado de lancamentos até que se
observe a primeira ocorréncia de um 6?

169 Bs
xwa
eee arse CE

a= A. 170
CAPTTULO

MEDIAS E PRINCIPIO
DAS GAVETAS
8.1 Médias
Uma ideia bastante importante é a ideia de média. Uma média de uma lista de nimeros é um
valor que pode substituir todos os elementos da lista sem alterar uma certa caracteristica da
lista. Se essa caracteristica é a soma dos elementos da lista. obtemos a mais simples de todas as
médias, a média aritmética. A média aritmética (simples) da lista de n mimeros 11,22,...,Ep €
um valor § tal que ry +o +++: +2, = E+E+---4+F = nF, Portanto, temos a seguinte definigao:

DEFINicAo 8.1.
A média aritmética (simples) da lista de n ntimeros £1,22....,2, @ definida por

Ey +tgt---+2y
z= n :

Por exemplo. a média aritmética dos ntimeros 3. 36 e 54 é


3436454 _
3 = 31.

Se a caracteristica a ser considerada for o produto dos elementos da lista. obteremos a média
geométrica. A média geométrica (simples) dos n nimeros positivos 7.79. tT, € um valor
positive g tal que ziz2---t, = 9-9-9 =". Portanto. temos a seguinte definicao:
DEFINIGAO 8.2.
A média geométrica (simples) dos n niimeros positivos 21, 22..... zp, € definida por

g = G(x), 22,...,0n) = Y21t2---


Tn.

Observe que sé definimos a média geométrica para miimeros positivos. Assim evitamos a
possibilidade da média nao existir (por exemplo, qual seria a média geométrica entre 2 e —27).
Por exemplo. a média geométrica dos ntuneros 3, 36 e 54 € 73-36-54 = 18.
Se a caracteristica for a soma dos inversos dos clementos da lista. obteremos a média harind-
nica. A média harménica (simples) dos n niimeros positivos x11. 72,---, z, @ wm valor h tal
que
1 1 yiL®
State t hohe
ry Le
Portanto, temos a seguinte definigdo:
DEFINIGAO 8.3.
A média harménica (simples) dos n nimeros positivos 21, 22,---,2n € definida por
nr
h=aT
ata tots

a & 172
A média harmonic é. pois. o inverso da média aritmé ‘a dos inversos dos utimeros.
Por exemplo, a média harmonica dos mimeros 3, 36 e 54 é
3 3 3x 108 9 324
atge tas a2 a

Observe que s6 definimos a média harménica para nimeros positivos. Assim evitamos a
possibilidade da média nao existir (por exenplo. qual seria a média harmdénica entre 2 e —2?).
[SR
ENEMPLU 1.
Uma empresa produziu, durante o primeiro trimestre do ano passado. 500, 200 e 200 uni
dades, em janeiro, fevereiro e margo, respectivamente. Qual foi a produgio média mensal nesse
trimestre?

Comentario. Resista 4 tentacdo de tirar rapidamente a média aritmética e ponto final. Vocé
sempre corre 0 risco de um alune perguntar porque nao podia ter tirado a média geométrica.

Solugdo. Que média é essa que queremas? Queremos nma média Af tal que. se a producgéo
mensal fosse sempre igual a Af, a producao trimestral seria a mesma. A producéo trimestral foi
de 500 + 200 + 200. Se em todos os meses a producéo fosse igual a M/. a producaéo trimestral
seria igual a 3.\/. Logo, 3A = 500+ 200 + 200 e

A
_ 500 + 200 + 200 = 300.
t 3
A média desejada era a média aritmeética.
Resposta: 300.

A ,
EXEMPLO 2.
Uma empresa aumentou sua producdo durante o primeiro bimestre do ano passado. Em
janeiro e em fevereiro, as taxas de aumento foram de 21% e 8%, respectivamente. Qual foi a taxa
média de aumento mensal nesse bimestre?

Comentario. A resposta nao é (21% + 8%) +2 = 14.5%.


Solucdo. Que média queremos? Queremos uma taxa média / tal que. se em todos os meses a
taxa de aumento fosse igual a i, o aumento bimestral seria o mesmo. O aumento bimestral foi
de 30,68%, conforme mostra o esquema

100 + 100 - 1,21 +> 100- 1,21 - 1,08 = 130, 68.

Se em todos os meses tivéssemos um aumento de taxa i, terfamos

100 —+ 1001 + @) > 100(1 + 7)”.

173
Entao,

100(1 +i)? 100 - 1.21- 1.08


(1+i)? = 1,21-1,08
l+i V1, 21-1, 08 & 1, 1432
i 0. 1432 = 14, 32%.

We
A média procurada era wna média geométrica. Mais precisamente: a taxa média, aumentada
de uma unidade. é a média geométrica das taxas mensais aumentadas de uma unidade.

EXEMELO 3
Um concurso anual distribui igualusente entre os vencedores um prémio total de R$ 1 800.00,
Nos iltimos trés anos houve 2. 1 e 3 premiados. respectivamente. Qual foi o prémio médio desses
ganhadores?
Comentario. Embora o utumero médio de ganhadores tenha sido igual a 2, o prémio médio nao
foi de R$ 1800.00 +2 = R$ 900.00.
Solugdo. Queremos uma média tal que. se todus os prémios fossem iguais a essa média, 0
total distribuido seria o mesmo. Essa é precisameute a meédia arituética. Os prémios foram de
1800+2 = 900. 1800+1 = 1800 e 1800+3 = 600. O prémio médio foi de (900+ 1800
+ 600) +3 =
1100 reais.
Observe que a média aritmética dos rateios é igual a

1800 x $+ 1800 x + +1800 x 4


3
1giygL
=1300x 24145
3
= 1800+ 5 3 i
atits
e que
_— 3
ry
é a média harmonica dos ntimeros de ganhadores.
O rateio médio é o rateio que corresponderia a uma quantidade de ganhadores igual 4 média
harmdénica dos nimeros de ganhadores.

Outra média importante é a média quadratica.

aA 174
Le
DEFINIGAO 8.4.
A média quadrética dos numeros 2,,22,....2n € definida por

git+az3+ +5 2
n
isto 6, a média quadratica é a raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos nimeros.

Por exemplo, a média quadratica dos ntimeros 1 e 7 é

P+?
=6.
2
EXEMPLY 4.
A qualidade de uma aproximagao é medida pelo seu erro, que é a diferenga eutre o valor
da aproximacéo e o valor real da grandeza. Por exemplo. 4 é uma aproximacdo de 3,8 com
erro de 0.2 (também se diz uma aproximagao de 3.8 por excesso, com erro de 0,2) ¢ 5.5 é uma
aproximagao de 5,7 com erro de —0.2 (ou uma aproximacao de 5.7 por falta. com erro de 0,2).
Evidentemente, quanto mais préximo de zero estiver o erro, tanto melhor seré a aproximacdo.
Assim, por exemplo, 39 é uma aproximacao de 40 (erro igual a —1) que é melhor do que a
aproximagao 42 (erro igual a 2).
Mede-se a qualidade de uma lista de aproximacdes pela média quadratica dos seus erros.
Também se usa o erro médio quadrdtico, que é 0 quadrado dessa média quadratica, ou seja. é a
média aritmética dos quadrados dos erros. Abaixo temos duas listas de aproximagdes do nimero
4:

S,:3: 45: 3.6 $o:3,2: 4.8.

Os erros médios quadraticos sio respectivamente iguais a

0.8? +0.8? .
—,—— = 0, 64.
2
S, € uma lista de aproximacées de 4 que é melhor do que So.

Uma importante propriedade da média aritmética é:

TEOREMA 8.5.
Se a média aritmética dos niimeros 21,22,...,2n € igual a 7, pelo menos um dos nimeros
21,22,...,£, € maior que ou igual a Z.

175 A
xoe
DEMONSTRAGAO.
Com efeito, se fosse ry < F. - oda < F, terfamos
yt lete tn
ayptagter try < nt,
n
o que é absurdo.

EXEMPLO 3.
Mostre que, em um grupo de 50 pessoas, ha sempre pelo menos 5 que nasceram no iesmo
més.
Solugéo. O mimero médio de pessoas por més é 50 +12 = 4.1.... Logo. cm algum més o
niimero de nascidos nesse més (que é wm inteiro) 6 maior que ou igual a 4.1..., ou seja, ¢ maior
que ou igual a 5.

Uma conseqnéncia imediata do teorema 8.5 6 0 Principio das Gavetas de Dirichlet’:

TEOREMA 8.6.
Se n+ 1 ou mais objetos sao colocados em n ou menos gavetas, entéo pelo menos uma gaveta
tecebe mais de um objeto.

DEMONSTRAGAO. n
O mimero médio de objetos por gaveta é maior que ou igual a ~ que € maior que 1.
Logo. em algtuma gaveta haveré um nimero de objetos maior que 1.

FAIPLO b.
Mostre que todo inteiro positive m tem wm nuiltiplo que se escreve apenas com os algarismos
Nel.
Solugao. Considere os n + 1 primeiros utimeros da sequéncia 1. 11. 111... . Divida-os por ne
considere os restos dessas divi
Pensando nos nimeros como objetos e nos restos como gavetas, temos mais objetos do que
gavetas. O Principio das Gavetas assegura que alguma gaveta reccbera mais de um objeto, isto
é, ha dois ntimeros na sequéncia que dao o mesmo resto quaudo divididos por nm. digamos 11 ...
1 (palgarismos) e 11... 1 (q algarismos), p < gq. A diferencga desses mimeros é um miltiplo de n
ese esereve 11... 10...0. com p algarismos 0 e q — p algarismos 1.

Peter Gustay Lejeune Diricllet (1805-1859), matemitico alemao.

176
EXEMPLO 7.
Cinco pontos sao tomados sobre a superficie de um quadrado de lado 2. Mostre que ha dois
desses pontos tais que a distancia entre eles 6 menor que ou igual a V2.
Solugao. Divida 0 quadrado de lado 2 em quatro quadrados de lado 1, ligando os pontos médivs
dos lados opostos. Pensando nos pontos como objetos e nos quadrados como gavetas. temos mais
objetos do que gavetas. O Principio das Gavetas assegura que alguma gaveta recebera mais de
um objeto. isto é. haveré dois pontos no mesmo quadrado de lado 1. A di aucia entre esses
pontos 6 no maximo igual ao comprimento da diagonal do quadrado, que é V2.

E} IPL.
Um euxadrista, durante 11 semanas, joga pelos menos uma partida por dia mas nao joga
mais de 12 partidas por semana. Mostre que é possivel achar um conjunto de dias consecutivos
durante os quais ele jogou exatamente 20 partidas.
Solugéo. Em 11 semanas temos 77 dias. Chamemos de S,, k = 1.2..... 77. o namero de
partidas jogadas desde o primeiro até o k-ésimo dia, inclusive. Como ele joga pelo menos uma
partida por dia. temos 1 < 5, < Sy <--+- < Sy. Além disso. 57; < 132 pois ele nao joga mais
de 12 partidas por semana.
Definindo Sy = 0, a quantidade de partidas jogadas do dia p ao dia q. inclusive. é igual a
S,— S,-1. Queremos mostrar que é possivel determinar p e q de modo que Sy — 5,-1 = 20.
Considere os 154 ntimeros

Sy. Sg... -. S77. Sy + 20. So + 20.....557 + 20.

Eles pertencem a {1.2..... 152}. O Principio das Gavetas assegura que dois desses ntimeros
sio iguais. Como S; < Sz < +++ < Sy, os mimeros iguais devem estar em metades diferentes
dessa lista de 154 utimerus. Entao existe m en tais que S,, = S, +20. O enxadrista joga 20
partidas entre os dias 7 + 1 e m, inclusive.

Finalmente, definimos médias ponderadas.

DEFINIGAO 8.7.
A média aritmética ponderada dos niimeros 2, 22,...,2, Com pesos respectivamente iguais a
Dis P2.---+Pn @ definida por
uP Pe p + pote t+ + Pan
Pili
Pit pater + Da

Embora a ideia primitiva seja que a média aritinética ponderada é uma média aritmética

177 AB
simples de uma lista de wimcros dos quais p; sao iguais a 1). pe sao iguais a rz ++: Dn S40 iguais
az,,. nao ha problema em considerar pesos nao inteiros.
Alias. 6 bastante uti) trabalhar com pesos relativos e considerar a média aritmética ponderada
dos nttmeros .Fy.2....- Ia: COM pesos iguais a p,.p2,---, Py. Tespectivamente. como sendo

Pl
TH
ae
P2
$2
Prt pate + Pa
Pa
$e $4 er,
Put patess + Pa
Assim, uma média aritmética ponderada dos mimeros 41.-t2,...,2n @ wa expressdo da forma
Ayr + Agta $+++ + Auth. onde
Mt+dAgter
tan Hl
——
EE ———
—— EE Te ———
EXEMPLO 9.
Em um grupo de pessoas. 70% das pessoas sao adultos e 30% sao criangas. O peso médio dos
adultos 6 70kg e o peso médio das criancas é de 40kg. Qual o peso médio do grupo?
Solugdo. E a média aritmética ponderada dos dois subgrupos, com pesos relativos de 0,7 e 0.3.
A resposta é 0,7 x 70+ 0.3 x 40 = Glkg.

AA 178
>
xev]
Exercicios
8.1. Um carro percorre metade de certa distancia d com velocidade 1, e percorre a outra metade
com velocidade v2. Qual a sua velocidade média?

8.2. Um carro tem velocidade v, durante metade do tempo ¢ de percurso e tem velocidade v2
durante a outra metade do tempo. Qual a sua velocidade média?

8.3. A populagao de um pais cresceu 44% em uma década e cresceu 21% na década seguinte.
Qual é, aproximadamente, a taxa média decenal de crescimento nesses 20 anos?

8.4. No problema anterior. qua] a taxa média anual de crescimento nesses 20 anos?

8.5. A valorizacao mensal das acGes de certa empresa nos quatro primeiros meses do ano foi de
+25%, +25%, —25% e —25%. Qual a valorizacao total e qual a valorizagao média mensal
nesse quadrimestre?

8.6. Em uma cela ha trés rimeis. Um conduz 4 liberdade em 3 horas; outro, em 5 horas, e
o ultimo conduz ao ponto de partida depois de 9 horas. Qual o tempo médio que os
prisioneiros que descobrem os tiineis gastam para escapar?

8.7. Suponha que, no problema anterior, os prisioneiros que entram pelo terceiro tinel, quando
voltam ao ponto de partida, nao se lembram de qual foi o tinel em que entraram e, portanto,
escolhem para @ proxima tentativa um entre os trés timeis.

8.8. Prove que a média aritmética ¥ de uma lista de nitmeros satisfaz m < Z < Mf, onde me
AM sao, respectivamente. o menor e o maior dos nimeros.

8.9. Prove que a média geométrica g de uma lista de n niimeros positivos satisfaz m < g < M,
onde me Af. sio, respectivamente, o menor e o maior dos mimeros.

8.10. Prove que a média harménica h de uma lista de n ntimeros positivos satisfaz m <h < M,
onde m e Af. séo, respectivamente, o menor e o maior dos ntimeros.

8.11. Em um concurso, havia apenas provas de Portugués e Matematica. O resultado do concurso


esta no quadro abaixo.

Candidato } Port. | Mat. | Classificacdo


Joao 5 7 2°
Pedro 6 4 1°
José 2 5 4°
Paulo 4 1 3°

179 A
me
x
Joao achou que havia erro na classificacéo porque fizera mais pontos que Pedro e classificara-
se atras dele. Houve necessariamente erro na classificagéo?

8.12, Pneus novos duram 40 000 km, quando usados nas rodas dianteiras, e durain 60 000 km,
quando usados nas rodas traseiras.

a) Com 4 pneus novos e fazendo um rodizio adequado entre eles, quantos quilémetros
um carro pode rodar? Como?
b) E com 5 pneus novos? Como?
c) A resposta do item a) é uma média entre £0 000 km e 60 000 km. Qual?

8.13. A média aritmética de 50 niimeros é 40. Se dois desses niumeros, 125 e 75. forem suprimidos,
qual seré a média aritmética dos niimeros restantes?

8.14, Qual a caracteristica conservada pela média quadratica?

8.15 Prove que a média quadratica ¢ de uma lista de n ntimeros positivos satisfaz m <q < M,
oude me Af sfo, respectivamente, o menor e o maior dos nimeros.

8.16. Prove que, para dois nimeros positivos z, e 22, suas médias aritmética A, geométrica G,
harménica H e quadratica Q, satisfazem H < G < A < Q. Prove também que duas
quaisquer dessas médias so iguais se, e somente se, r) = 2.

8.17 Qual seria o problema de se medir a qualidade de uma lista de aproximagdes pela média
aritmética dos erros?

8.18. Para determinar uma grandeza desconhecida x, foram feitas varias medicdes. Os resulta-
dos obtidos foram 21,2%2,...,2,- Determine a estimativa de x para a qual o erro médio
quadratico é minimo.

8.19. Para determinar uma grandeza desconhecida x. foram feitas varias medigdes. Os resultados
obtidos foram 41, 12,...,2, tais que £) € t2 +++ < Ty. Determine a estimativa de x para
a qual a média dos valores absolutos dos erros é minima.

8.20 Mostre que em qualquer conjunto de 8 inteiros hé sempre dois deles cuja diferenca é um
miltiplo de 7.

8.21 Em uma festa hé 20 criancas sentadas em toruo de uma mesa circular. Um gargom coloca
diante de cada crianga, sem perguutar qual a sua preferéncia, uma taga de sorvete. Alguns
desses survetes sao de creme e os outros séio de flocos. 10 das criangas preferem creme e

A 180
10 preferem flocos. Mostre que, sem mexer nas criancas e fazendo apenas uma rotacdo da
mesa, é possivel fazer coni que pelo menos 10 criangas tenham suas preferéncias respeitadas.

8.22. Mostre que em toda reuniao de n pessoas ha sermpre duas pessoas com o mesmo mimero
de conhecidos.

8.23. Mostre que existe um mniltiplo de 1997 cujos digitos sio todos iguais a 1.

8.24, Qual é 0 nimero minimo de pessoas que deve haver em wn grupo para que possamos
garantir que nele ha pelo menos 7 pessoas nascidas no mesmo més?

8.25. Sao dados, no plano, cinco pontos de coordenadas inteiras. Mostre que, entre os dez
segmentos determinados por esses pontos, pelo menos um tem como ponto médio um ponto
de coordenadas inteiras.

8.26. Prove que se Nk + 1 objetos sdio colocados em N gavetas, pelo menos uma gaveta recebe
mais de k objetos.

8.27. 40100 candidates estéo fazendo uma prova de 20 questées de miltipla escolha, com 5
alternativas por questéo. Suponha que nenhum candidato deixe de responder a nenhuma
questao. Considere a afirmagao: “Pelo menos & candidatos responderdo de modo idéutico
as 4 primeiras questdées da prova”. Determine o maior valor de & para o qual a afirmagao é
certamente verdadeira.

8.28. 40100 candidatos estaéo fazendo uma prova de 20 questdes de miultipla escolha, com 5
alternativas por questéo. Suponha que nenhum candidato deixe de responder a nenhuma
questéo. Considere a afirmacao: “Pelo menos 4 candidatos responderao de modo idéntico
as k primeiras questdes da prova”. Determine o maior valor de k para o qual a afirmacao
é certamente verdadeira.

8.29, (Profmat - MA12 2011) Uma prova de concurso é formada por questées de miltipla esco-
tha. com 4 alternativas por questéo. Admita que nenhum candidato deixe questées sem
responder.

(a) Qual é o nimero minimo de candidatos para que seja possivel garantir que pelo menos
3 deles darao exatamente as mesmas respostas nas 5 primeiras questdes?
(b) Qual é o valor m4ximo de n para o qual é possivel garantir que, em um concurso com
1000 candidatos. pelo menos 2 dardéo as mesmas respostas nas primeiras n questdes?

8.30. Os pontos de uma reta sao coloridos com 11 cores. Mostre que é possivel achar dois pontos
com a mesma cor tal que a distancia entre eles é um niimero inteiro.

181 Au
8.31. Em um campeonato cada dois times jogam entre si uma tinica vez. Mostre que em qualquer
momento ha sempre dois times que disputaram o mesmo niimero de partidas.

8.32. Sete pontos sao selecionados dentro de um retangulo 3 x 4. Prove que ha dois desses pontos
tais que a distancia entre eles 6 no m&ximo igual a V5.

8.33. Selecionam-se oito niimeros distintos no conjunto {1.2,....15}. Mostre que ha pelo menos
trés pares de niimeros selecionados com a mesma difcrenga entre o maior e 0 menor nitmero
do par.

8.34. Sejam x; e r2 niimeros reais, 7, < ro.

a) Mostre que os mimeros reais x tais que x; < £ < ry podem ser escritos na forma
© = Ax + AvTe com Ay + Az = 1, Ay © Az positivos, isto é, so médias aritméticas
ponderadas. com pesos positivos, de 1) ¢ 2. Essa representagao é tnica?

b) Mostre que os nitmeros reais x da forma x = A,r, + Avre com 4, + Az = 1, Ay € Ag


Positives. pertencem a (x1, £2).

c) Onde estéo os pontos r = 4,2, + Agra. com A, + Ap = Le A; > 1?

d) Ecom
4, +A2=1e A, < 0?

8.35. Sejam 11. 29.-.-. Y_ nimeros reais, FT] << 2g <-+- << Tp, n > 2.

a) Mostre que os ntimeros reais z tais que r; < r < 2, podem ser escritos na forma
r=Apri + Ants t++++ + Ante com

Ay tAgter tan = An > 0.


Die Aa.

Essa representacao é tinica?

b) Mostre que os niimeres reais z da forma

ESA + Agta t ++ +Anta, 2 >2

com Ay + Agt---+An =1, Aq. Ag,..-,An positivos, pertencem 8 (11, 2n)-

8.36. Em um grupo de pessoas hé 30 homens e 10 mulheres. Os homens tém altura média de


1,75m e, as mulheres, de 1,67m. Qual a altura média do grupo?

182
E>
wi
x
8.2 <A Desigualdade das Médias
A desigualdade das médias afirma que a média aritmética de n ntimeros positivos é maior que ou
igual a sua média geométrica e 86 é igual se os uttmeros forem todos iguais. Isto 6 se ry..72..... Ly
sao nameros positives, entio
Hptaetee tax,
———$§$@£@@
_ — 2 Viper thn
n
Além disso,
Ep teat try
= YETa Ep
n

se, e somente se, ry = Fa =--- = Tq.


Varias ¢ interessantes demonstracées dessa desigualdade sao encontradas em “Meu Professor
de Matematica” de Elon Lages Lima. Aqui faremos apenas um eshoco da demonstracgao que foi
feita por Cauchy?.
Provaremos primeiramente a desigualdade no caso n = 2. Seudo A(.ry..re) a média aritiética
dos nttmeros positivos ry € ry e sendo G(r, sua média geométrica. temos

A(ty.t2) —G(ry.t2) = a+23 ~ fits


fytre-2/rite
2

_ (vmi= VRP,
e A(ry. £2) — G(x). 22) 86 é igual a O quando xr; = ze, 0 que prova a desigualdade no caso n = 2.
Para prova-la no caso n = 4, aplicamos o resultado anterior aos utimeros
r+22 Mgt xy
awe, ee
2 2
obtendo
fbn 4 far
2 2
3 2

ou seja,
LptMot rts,
4
a igualdade sé sendo obtida quando
r+ 79 rg+74
2 © @
2Cauchy. Louis (1789 matematico francés.

183
forem iguais. Aplicando agora duas vezes a desigualdade no caso n = 2, primeiramente para ry
e #2, € posteriormente para x3 € 4, obtemos

[ry +ergtst+04
a.3 SS 2 yf Vrite/Taty = Voters.

a igualdade sendo obtida apenas quando wr) = rg ¢ 3 = F4.


Portanto,
Tt+tet tet ry
BS Wr rotary.
4
a igualdade s6 sendo obtida quando z, = ry € 13 = 4, e
Tt, vz +25
a
isto 6, quando 2) = %2 =73 = Ty.
E claro que, repetindo esse argumento, provariamos a desigualdade das médias para 8. 16.
32,... ntimeros positivos.
Esse argumeuto permite provar, por indugdo, a desigualdade para n = 2* ninneros positivos.
Provaremos agora a desigualdade para trés niumeros positivos.
Sejam .c). a2 e zy niimeros positivos e sejam A sua média aritmética ¢ G sua média geométrica.
E claro que
Ty +rg+a3+A _

Aplicando a desigualdade das médias no caso n = 4 aos ntimeros £. 2, £3 & A, obtemos

_titmteyta > é
A 1 2

AY > ryrorgA, ABB ryrer3. AD YI}T2T3 = G a igualdade so se verificando quando x, = r2 =


I3 = A. isto é, quando 1) = 12 = ry. Se desejéssemos provar a desigualdade para cinco ntimeros
positivos 71, £2, £3, 24 € Ts, aplicariamos a desigualdade aos 8 nameros 1, ©. 43. 24 € 15. AA
e A. onde A é a média aritmética dos nimeros #1, £2, £3, 4 @ Z5.
O mesmo raciocinio pode mostrar que, se a desigualdade é verdadeira para n = k. entao ela
é também verdadeira para todo n < k.
—_——=___—_$_=_————————
EXEMPLO LU.
Mostre que. entre todos os retangulos de perimetro 2p, 0 quadrado é 0 de maior area.
Solucdo. Sc os lados do retangulo sao x e y, temos x + y = p. isto é. a média aritmética re y é
igual a f A area do retangulo é A = zy. Temos

VA= ty < aH at

ae A 184
Portanto.

e a igualdade s6 é obtida quando x = y. Portanto, o retangulo de maior area é o quadrado de


area p?/d.

EXEMULY 11.
Mostre que, entre todus os retangulos de area A. o quadrado é o de menor perinetro.
Solugao. Se os lados do retangulo sao x e y. tetnos ry = A, isto 6, a média geométrica de x e y
é igual a VA. O perimetro do retangulo é 2( + y). Temos

ary) =4° 54 > ayag = WA.


Portanto, 2(2 + y) > 4VA e a igualdade s6 6 obtida quando x = y. Portanto. o retangulo de
menor perimetro é o quadrado de perimetro AJA.

A desigualdade das médias pode ser generalizada como segue:


Se 11.£2....,Lp sho mimeras positivos eQ. A, G e H sao suas médias quadritica, aritmética.
geométrica e harmdnica, respectivamente, entdoQ > ASG 2H. Além disso, duas quaisquer
dessas médias sdo iguais se, e somente se, 2) = £9 > +++ = Ly.

185
5
<
Exercicios

8.37. Prove que o produto de dois nimeros de soma constante é méximo quando esses niimeros
sao iguais.

8.38. Prove que a soma de dois nimervs positivos de produto constante € ininima quando esses
ntimeros sao iguais.

8.39. Prove que a média harmonica de n niimeros positivos

é sempre menor que ou igual a sua média geométrica e s6 € igual quando todos os nimeros
sdo iguais.

8.40. Prove que a média quadratica de n mimeros positivos

1, 09,--02En

€ sempre maior que ou igual a sua média aritmética e 56 é igual quando todos os nimeros
séo iguais.

8.41. Prove que se @;.@2...., a, sao niimeros positivos e

by, bo,
.. +s Da

é uma reordenagao de a1, a2,.-.,@,, entao a + * peep Oe Bn.


1 2

8.42. Prove que z? + y? + 2? > ry + yz + 22, para quaisquer x, y e z reais.

8.43. Prove que se a}, @2, a3 S40 positivos, ent&o

a, + 4244 + Got;
ag + 4,03
yy 2 z 2 3 > Yaranas.

8.44. Mostre que se a equacéo x? — az? + bz — ¢ = 0, na qual a, 6 e c sao nimeros positivos


possuir trés raizes reais entdo a® > 276° > 729c?.

8.45. Um magico se apresenta usando um palet6 cintilante e uma calga colorida e nado repete em
suas apresentacdes 0 mesmo conjunto de calca e paleté. Para poder se apresentar em 500
espetaculos, qual o menor niimero de pegas de roupa que pode ter seu guarda-roupa?

8.46. Prove que entre todos os triangulos de perimetro constante, 0 equilatero é 0 de maior Area.

A 186
8.47. (Profmat - MA12 2011) Uma caixa retangular sem tampa tem arestas medindo <, y e 2.

(a) Exprima a rea e 0 volume da caixa em fungio de x, ye z.


(b) Use a desigualdade das médias para mostrar que. se o volume da caixa é igual a 32,
entao sua area é maior ou igual a 48.
(c) Determine as medidas das arestas da caixa de area minima com volume igual a 32.
ae « 1
8.48. a) Prove que, se x é positivo, entao r+ — >

wm
z
b) Qual o valor minimo dex + —, x positivo?
zr
1\"
8.49. Prove que a sequéncia de termo geral a, = (1 + ) é estritamente crescente, isto é, prove
n
1 n 1 n+l
que, para todo n inteiro e positive (1+—] < {1+ — :
n n+l
8.50. Prove que. se 2, y € 2 S40 positivos. entdo
1 oii. 9
-+-+-2——_.
BF y Zz G+ytz2z

8.51. Prove que, se r. y € 2 sao positivos, entao

(Va + Jit V2)? > 9yzyz.


8.52. Se x, y e z sdo mimeros positivos tais que 1 < xy + yz + zz < 3, qual é o conjunto de
valores de ryz? Edex+y+2?

8.53. Se x. y e 2 séo numeros positivos tais que sy + yz + 2x < 3, qual é o conjunto de valores
de ryz? Edex+y+2?

8.54. Se z, y e 2 séo niimeros positivos tais que xy + yz + zr < 1, qual é 0 conjunto de valores
de ryz? Eder+y+2?

8.55. Se z, y e z sdo nimeros positivos tais que 1 < r+y+z < 3, qual é o conjunto de valores
de ryz? E de ry + yz + 22?

8.56. Se x, y e z sao ntimeros positivos tais que 1 < zyz < 3, qual é 0 conjunto de valores de
cy +yztzz? Eder+y+2?

8.57. Se z, y e z sao nimeros positivos tais que yz = 8, qual é o conjunto de valores de


cytyz+22? Edert+y-+
2?

8.58. Prove que, se a desigualdade das médias é valida para m nimeros positivos, m > 2, entdo
ela é valida também para m — 1 nimeros positivos.

187 Aw
pirate sy

aA 188
Bibliografia)

|1] Carvalho, Paulo C. P. AMétodos de Contagem e Probubilidade. Publicacéo da Colegao de


Iniciagao Cientifica da OBMEP. Rio de Janeiro (2006).

{2| Graham. Ronald. L: Knuth. Donald E.: Patashnik. Oren. Matematica Concreta: Fundamen-
tos para a Ciéncia da Computagéo. LTC Editora, Rio de Janeiro (1995).

[3] Hefez, Abramo. Elementos de Aritmética. Editora SBM, Rio de Janeiro (2005).

|4] Hefez, Abramo. Indugéo Matemdtica. Publicagao da Colecdo de Iniciagao Cientifica da OB-
MEP. Rio de Janeiro (2006).

[5] Lima. Elon L: Carvalho, Paulo C. P; Morgado, Augusto C.; Wagner. Eduardo. A Matematica
do Ensino Médio, volume 1. Editora SBM, Rio de Janeiro (1996).

[6] Lima. Elon L: Carvalho, Paulo C. P: Morgado, Augusto C.; Wagner. Eduardo. A Matemética
do Ensino Médio, volume 2. Editora SBM, Rio de Janeiro (1998).

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Rio de Janeiro (2003).

[8] Morgado, Augusto C.; Carvalho, Joao B. P.; Carvalho. Paulo C. P.; Fernandez, Pedro.
Andlise Combinatéria e Probabilidade. Editora SBM, Rio de Janeiro (1992).

{9] Morgado, Augusto C.; Wagner, Eduardo; Zani. Sheila. Progressdes e Matemdtica Financeira.
Editora SBM. Rio de Janeiro (1993).

189
aA 190
finite Remissivo

Axioma da Inducao. 3 ordem. 6


Axiomas de Peano, 3
Permutacgoes
Binémio de Newton, 136 circulares, 132
com repetigao, 125
Cardinalidade, 10
simples, 124
Combinagdes
Pizza de Steiner. 23
com repetigao, 133
Principio da Indugao Finita, 3
completas, 133
Principio das Gavetas. 176
simples, 125
Principio fundamental da contagem, 118
Conjuntos
Probabilidade, 146
enumeraveis, 12
condicional, 158
finitos. 10
modelos equiprovaveis. 148
Definigdes por inducao. 16 propriedades, 148
DemonstragGes por indugao, 17 Produtério. 17
Desigualdade das médias. 183 Progressées aritméticas, 36
de ordem superior. 41
Ensino soma dos termos, 39
de Combinatoria, 144 termo geral. 37
de Progressdes. 69 Progress6es geométricas, 55
Equacao caracteristica, 83
limite da soma dos termos. 59
Equivaléncia de capitais. 95 soma dos termos, 59
Espacgo amostral, 146 termo geral. 57
Inducde completa, 29 Propriedade da Boa Ordenacao, 7, 30

Recorréncias. 74
Juros compostos, 94
de primeira ordem, 77
Média de segunda ordem, 83
aritmética. 172 homogéneas, 77, 83
geométrica, 172 lineares, 77
harmonica. 173 nao homogéneas, 78, 87
quadratica, 175 Relagao de Stifel, 135
Renda perpétua, 100
Nimeros naturais, 2
operagées, 5 Séries uniformes, 100

191
Sequéncia, 16
de Fibonacci, 29. 85
Sistemas de amortizacao, 108
amortizacao constante, 109
tabela Price, 109
Somagao por partes. 60
Somas polinomiais, 45
Somatorio, 17

Taxas
efetivas, 99
equivalentes, 58, 99
proporcionais, 99
Teorema das Linhas, 135
Teorema Fundamental da Somacdo, 41
Torre de Hanoi, 21
Tridngulo de Pascal, 135

Valor esperado. 151

192
|
p>
se
Asem
{continuacde dos titulos publicados}
Matematica Discreta - A, Morgado e PCP. Carvalho

COLECAO INICIACAO CIENTIFICA

Numeros irracionais e Transcendentes - D. G. de Figueiredo


Numeros Racionais e trracionais - |. Niven
Topicos Especiais em Algebra - J.F.S. Andrade

COLECAO TEXTOS UNIVERSITARIOS

introducao a Computacdo Algébrica com o Maple -L.N. de Andrade


Elementos de Aritmética - A. Hefez
Métodos Matemditicos para a Engenharia - E. C. de Oliveira e M. Tygel
Geometria Diferencial de Curvas e Superficies - M. P. do Carmo
Matemdtica Discreta- L Lovasz, J. Pelikan e K. Vesztergombi
Algebra Linear: Um segundo Curso - H. P. Bueno
Introdugdo as Fungées de uma Varidvel Complexa - C. S. Fernandez e N.C. Bernardes Jr.
Elementos de Topologie Geral - E. L. Lima
AConstrugdo dos Numeros - J. Ferreira
Introducdo & Geometria Projetiva - A. Barros e P. Andrade
Andlise Vetorial Classica - F. Acker
Fungoes, Limites e Continuidade- P. Ribenboim
Teoria dos Nimeros Transcendentes - D. Marques
introducdo 4 Geometria Hiperbolica - O modelo de Poincaré - P. Andrade

COLECAO MATEMATICA APLICADA

Introdugdo a Inferéncia Estatistica - H. Bolfarine e M, Sandoval


Discretizacao de Equacées Diferenciais Parciais - J, Cuminato e M. Menequette

COLECAO OLIMPIADAS DE MATEMATICA

Olimpiadas Brasileiras de Matematica, 1a. a 8a - E. Mega e R. Watanabe


Olimpiadas Brasileiras de Matemdtica, 9a a 16a - C. Moreira e E. Motta, E. Tengan, L. Amancio, N.C. Saldanha e P.
Rodrigues
21 Aulas de Matematica Olimpica -C.Y. Sh
iniciagao @ Matemdtica: Um curso com problemas e solucdes- K. |. M. Oliveira e A. J. C. Fernandez
DRQa@
Gratica
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Impresso em Fevereiro de 2014 por
DRQ GRAFICA E EDITORA LTDA.
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* Augusto César de Oliveira
Morgado é carioca,
‘botafoguense, foi professor da:
ee NCR dae
Rsk ea one)
A escaiclr lic tie
epee Poe Clete
'fecionando Estatistica e
- Matematica Financeira:
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