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Antropologia (Mito) Maccuacua
Antropologia (Mito) Maccuacua
O presente trabalho tem como tema mito. Corresponde a forma que encontramos para discutir o
significado subjacente aos mitos enquanto um elemento justaposto a história da humanidade, já a
mito é tido como uma das mais antigas fontes de conhecimento, ou seja, uma forma primitiva de
narrar e interpretar os fenómenos Antropológicos, Ontológicos assim como cosmológicos.
Em verdade, boa parte dos autores que se ocuparam em discutir a temática em referência entram
em consonância quando se trata de demonstrar relevância dos mitos, mas, em contrapartida,
encontram se divididos em dois grupos: aqueles que acreditam na veracidade do conhecimento e
aqueles que recusam-se, vendo o mito como um apenas conhecimento fictício. Como podemos
construir um caminho único na exploração das duas posições?
Objectivo Geral:
Objectivos específicos:
Metodologia
A elaboração do trabalho que apresentamos terá seus basilares na exploração de diversos
manuais científicos e escritos cuja autoria ocupou-se em discutir profundamente sobre os
mitos.
O mito
A palavra mito provém do vocábulo grego mitos, com o significado de “palavra de afirmação”;
diferente de logos, que significa “palavra ou conceitos abstractos”.
O mito aparece em todas as culturas, antigas e modernas, de grande e de pequena escala, embora
não com a mesma exuberância literária nem com o mesmo valor. O mito aparece nos mais
variados povos de África, no antigo mundo greco-romano, no antigo Egipto e na Babilónia, na
Ásia e nas Américas. Nas culturas modernas contemporâneas aparecem novos mitos (o mito da
raça, o mito do proletariado, da musica, do desporto e da moda).
Definição
Segundo Mircea Eliade, pode-se definir o mito como uma história exemplar que tem por fim
estabelecer normas para o comportamento humano. O mito é pois uma forma literária e ritual
com que os povos absolutizam as normas do seu comportamento com respeito a Deus, aos outros
seres e a toda a realidade cósmica.
Trata-se de uma história sacra, isto é, o mito narra uma história de realidades sobrenaturais. O
mito refere-se a um tempo primordial, relatando acontecimentos das origens. As personagens que
aparecem nos mitos são seres sobrenaturais, protagonistas da actividade criadora, revelando-se
no mito a sacralidade das suas obras, nesta linha, o mito descreve as diversas e dramáticas
irrupções do sagrado no cosmos. E, finalmente, o mito é uma história exemplar, no sentido de
que fornece modelos para a conduta humana, orientado o homem no seu comportamento com
respeito a Deus e aos Outros seres.
Pode-se responder dizendo que nas sociedades em que o mito é actual, distingue-se
cuidadosamente o mito das fábulas:
As fábulas são histórias falsas que contam aventuras; os seus conteúdos são profanos; podem ser
contados por qualquer pessoa; e não são narrados em um contexto ritual.
Para M. Muller, o mito não passa de uma criação fantasiosa da mente. Para W. Cheline, o mito é
resultado de um processo literário. Enquanto para J.G. Frazer se trata de uma expressão religiosa.
E para S. Freud o mito é uma projecção dos problemas do mundo das ilusões. Para K. Marx o
mito é uma alienação, uma projecção. B. Malinowski considera o mito uma formúla literária para
fazer funcionar a sociedade; M. Eliade entende o mito como uma história exemplar. G. Vander
Leeuw disse que mito evoca um acontecimento poderoso e da forma a tal acontecimento. E
finalmente, C. Levi-Strauss considera o mito como uma fórmula classificatória.
Noções gerais
Forma de comunicação
O mito, como hoje é tratado nos estudos antropológicos, é uma forma de comunicação que evoca
acontecimentos poderosos. O mito é antes de tudo “palavra”, uma palavra falada que possui
poder decisivo ao se repetir; pertence a essência do mito o facto de ser relato (… que se diga
sempre de novo!), uma forma de comunicação – um género literário próprio –, que consiste em
projectar na historia de seres sobrenaturais problemas humanos, com a finalidade de estabelecer
normas de vida particular e colectiva. Num segundo momento mito deve ser estudado como uma
linguagem especial, cujos elementos podem ser investigados segundo processos linguísticos
conhecidos, mas mesmo assim deve-se respeitar o seu carácter peculiar, sua estrutura dialéctica
com o mundo e seu profundo significado transcendente.
Valor normativo
O mito é uma história exemplar que emprega símbolos, não com a finalidade de explicar
cientificamente as coisas, nem de criar uma teoria abstracta, mas com o objectivo de estabelecer
normas válidas para a vida do grupo. Tem um sentido normativo pois define o valor dos factos
conhecidos, orientando o homem no seu procedimento com respeito aos seres e realidades
superiores invisíveis, aos outros seres visíveis e as realidades que circundam.
Visão presente
O mito é uma realidade presente e vivida. Não se trata de uma consideração, mas sim de uma
actualização, isto é, expressão repetidora de um acontecimento poderoso para a sociedade. Por
isso, embora se apresente como historia colocada nos primórdios da criação, o mito não tem em
vista o passado, mas o presente, dando a este um sentido pleno.
Ritualidade
Entre o mito e o rito dá-se uma relação íntima: o mito torna acreditáveis os ritos. Dai a frequente
ritualização do mito, cuja finalidade é recordar e actualizar a história exemplar para que actue
dinamicamente no grupo social a que pertence. O mito remonta ao tempo passado, em que
aconteceu a acção extraordinária pela primeira vez. O culto é como a resposta à manifestação
(“epifania”) do Transcendente e contem a história narrada no rito.
Quem elaborou o mito (um determinado individuo, um grupo de pessoas) percebia claramente
que o homem podia satisfazer suas necessidades imediatas, mas nunca as suas aspirações
espirituais; percebia que o homem constituía no mundo um fenómeno a parte, pois ao mesmo
tempo que integrava o mundo, também, transcendia-o: o mito é a expressão deste anseio de
felicidade e de verdade absoluta e de referência ao transcendente do ser humano, mediatizada
pelo símbolo.
Isenção de espírito
No estudo do mito é necessário ter aquela isenção de espírito requerida nos estudos
antropológicos, para não projectar sobre o mito uma interpretação falsa e não lhe fazer dizer o
que de facto ele não diz.
Origem do mito
Como a origem da linguagem, assim também a origem do mito perde-se na noite dos tempos. O
mito é um produto natural, uma fórmula literária para absolutizar as primeiras reflexões humanas
sobre a situação do homem no mundo.
No período Paleolítico não teria havido condições para o mito por causa do imediatismo dos
povos caçadores. Mesmo assim, há indícios de algumas práticas rituais, hierofanias, inumação
dos cadáveres (o que revela a existência de crenças na sobrevivência das almas e no culto aos
antepassados). Não obstante tudo isso, não há vestígios de mitos como os encontramos com certa
abundância no Período Neolítico.
Há autores que pensam que o mito surgiu só no começo do período Neolítico (10.000 a.C.),
quando os homens começaram a organizar-se socialmente em tribos e clãs, para melhor enfrentar
os problemas da subsistência. Pode-se concluir dizendo que os mitos não nascem
espontaneamente, são um produto cultural e a sua origem perde-se na noite dos tempos.
Classificação
Segundo W. O. Piazza. Pode-se classificar os mitos segundo o seu conteúdo doutrinal, segundo a
sua forma cultural e segundo a sua mensagem.
Explicação
Quando à mensagem:
a) Os mitos das mitologias, dos quais se fala nos estudos dos autores clássicos greco-
romanos e que são considerados como relatos fabulosos de origem popular e não
reflectida, nos quais os agentes impessoais (em geral as forças da natureza), são
representados sob a forma de seres pessoais, cujas acções e aventuras têm um sentido
simbólico.
b) Os mitos reveladores, é mítico o modo de representação no qual o que não é do mundo –
o divinos –, aparece como sendo do mundo, humano; e o que é do alto, como de aqui em
baixo. A transcendência de Deus, por exemplo, é imaginada como afastamento espacial.
Trata-se de um modo de representação em virtude do qual o culto é entendido como
acção que comunica por meios naturais bens que não são materiais.
c) Os mitos ontológicos são representações que possuem valores espirituais irrecusáveis e
de forma imaginaria. Estes mitos indicam ao homem os pontos essenciais em ordem a se
situar no mundo, fornecendo-lhes os meios para a sua auto realização pessoal e
comunitária.
Segundo W. Piazza os mitos apresentam cinco funções: social, religiosa, memorial, educativa e
psicológica.
Função religiosa, põem-se de relevo as crenças dum povo, mantendo-se codificadas assim como
foram recebidas das gerações anteriores.
Função memorial o mito renova (e não apenas comemora) uma realidade que sucedeu
antigamente. É uma repetição vivenciada, através dos ritos, de acontecimentos de tempos
antigos.
Função psicológica, leva-nos a considerar o mito como sendo uma resposta tranquilizadora e
concreta das esperanças e dos temores do ser humano; responde aos interrogativos humanos mais
profundos.
A linguagem mítica
Antes de tudo os mitos devem-se estudar tendo em conta todos os outros aspectos culturais de
um determinado povo. E no contexto cultural concreto que se deve situar um determinado mito
em ordem a uma sua adequada compreensão.
É muito importante ter na devida consideração aos gestos, as danças, a musica que acompanham
a narração mítica. Não é suficiente conhecer apenas o texto do mito.
Os mitos um papel preponderante na vidas dos homens, em campos sociais, enquanto promotor
da coesão e solidariedade nas sociedades, no campo religioso devido ao carácter conservador,
memorial enquanto elemento que relembra dos factos antigos, educativo devido a sua função
pedagógica no tange a ética, tranquilizador porque da resposta a anciãs do homem, e ainda, o
consola perante seus temores. Outro elemento que secunda o conservadorismo dos mitos é o
facto de dar ênfase a linguagem simbólica.
Referencias Bibliográficas