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Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa 18/04/23, 10:33

Acórdãos TRL Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa


Processo: 18605/16.6T8LSB.L2-2
Relator: NELSON BORGES CARNEIRO
Descritores: FUNDO DE RESOLUÇÃO
Nº do Documento: RL
Data do Acordão: 26-05-2022
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Texto Parcial: N
Meio Processual: APELAÇÃO
Decisão: IMPROCEDENTE
Sumário: I – Fundando-se a responsabilidade do Fundo de Resolução, no
facto de este ser o detentor da totalidade do capital social do Novo
Banco, S.A., em caso de não reconhecimento da responsabilidade
deste, inexiste qualquer fundamento para responsabilizar aquele.
II – Entre o Fundo de Resolução, criado com intencionalidade
específica e própria, direcionada à salvaguarda da solidez
financeira de determinada instituição de crédito, tendo em conta
o grau ou risco de incumprimento desta, e dos interesses dos
depositantes na estabilidade do sistema financeiro e o banco de
transição criado, inexiste qualquer relação semelhante ao
relacionamento privatístico entre sociedades em relação de
grupo, donde decorra a responsabilização de uma alegada
sociedade diretora perante uma sociedade subordinada.
III – Não se configurando o Fundo de Resolução como uma
sociedade anónima, em vez de observância de diretrizes de
natureza comercial privatística, com inscrição no Código das
Sociedades Comerciais, estamos antes perante atos constitutivos,
de relacionamento, de articulação e de vinculação de natureza de
direito público administrativo.;
IV – Do que decorre a inexistência entre o Fundo de Resolução e
o banco de transição, de relações jurídico-comerciais de acionista,
nem lhe sendo aplicável os regimes estabelecidos no Código das
Sociedades Comerciais para o âmbito do relacionamento
acionista para as sociedades de domínio total ou de grupo,
nomeadamente no que concerne à responsabilidade da sociedade
diretora ou dominante perante as obrigações contraídas pela
sociedade subordinada, dominada ou dirigida junto dos seus
credores.
V – No âmbito de tal relacionamento entre o Fundo de Resolução
e o Novo Banco, S.A., não é igualmente aplicável o prescrito no
art. 84º, do CSComerciais, que prevê acerca da unipessoalidade
ou responsabilidade do sócio único.
Decisão Texto Parcial:
Decisão Texto Integral: Acordam os juízes da 2ª secção (cível) do Tribunal da Relação de
Lisboa:
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/c3977fb1d46bbf578025886a003c9a9d?OpenDocument Página 1 de 15
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1. RELATÓRIO
RM, intentou ação declarativa de condenação, com processo
comum contra FUNDO DE RESOLUÇÃO pedindo:
a) - O reconhecimento da responsabilidade civil dos réus[1],
enquanto intermediários financeiros, por violação dos deveres de
informação, diligência e lealdade, nos termos do disposto no
artigo 304º-A do CVM, devendo ser solidariamente condenados a
pagarem a quantia de € 765 707,66, acrescida de € 130 331,70 de
juros de mora vencidos e nos vincendos;
Subsidiariamente,
b) - A nulidade do contrato de intermediação financeira, por vício
de forma, devendo os réus serem, solidariamente, condenados a
restituírem a quantia de € 765 707,66, acrescida de € 130 331,70
de juros de mora vencidos e nos vincendos;
Em qualquer dos casos:
c) Requereu ainda:
i) - a declaração de nulidade do contrato de mútuo bancário
realizado entre o autor e o 1.º réu por inobservância de forma
legalmente exigida;
Ou, caso assim não se entenda,
ii) - a declaração de anulabilidade do contrato de mútuo bancário
realizado entre o autor e o 1.º réu, por ocorrência de erro na
declaração do autor.
d) Mais requereu:
1) – a condenação dos réus a ressarcir solidariamente ao autor os
danos não patrimoniais que lhe foram causados, em valor a ser
calculado em sede de liquidação de sentença.
Foi proferido saneador-sentença que julgou improcedente, por
não provada a ação e, consequentemente, absolveu o réu, Fundo
de Resolução, dos pedidos contra o mesmo formulados.
Inconformado, veio o autor apelar do saneador-sentença, tendo
extraído das alegações[2],[3] que apresentou as seguintes
CONCLUSÕES[4]:
A. Vem o Recorrente apresentar as suas alegações de recurso da
decisão proferida nos presentes autos de processo comum, com a
explanação a este Tribunal Superior do sentido com que, no
entender do Recorrente, as normas jurídicas adequadas ao caso
deveriam ter sido aplicadas pelo Tribunal a quo, tudo em
cumprimento do disposto no artigo 639.º do Código de Processo
Civil.
B. A douta sentença recorrida julgou totalmente improcedente a
pretensão do Recorrente contra o Recorrido Fundo de Resolução,
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considerando o Tribunal a quo que não existe direito à pretensão


indemnizatória do Recorrente, indo o Recorrido absolvido dos
pedidos.
C. E é assim que quanto à matéria de Direito, é o Recorrente levado
a considerar que o Tribunal a quo procedeu a uma incorreta
interpretação e aplicação dos artigos 145.º-D, n.º 1, al. c), do
RGICSF e ainda dos artigos 486.º, n.º 1 e n.º 2, al. a) e 501.º, ambos
do CSC.
D. Em primeiro lugar porque entende o Recorrente, com o devido
respeito, que é muito, que o Tribunal a quo indevidamente
“agregou” a responsabilidade do R. Fundo de Resolução com a
responsabilidade dos demais RR., quando o Recorrente peticionou
a condenação solidária de todos no pagamento de uma
indemnização ao Recorrente pelos danos patrimoniais e não
patrimoniais que lhe foram causados, devendo a responsabilidade
de cada um ser individualmente
considerada.
E. E por outro lado, na fundamentação da sentença, o Tribunal a
quo socorreu-se ainda de outros dois blocos de argumentos que não
merecem o acolhimento do Recorrente, designadamente, que não
restava alternativa ao Banco de Portugal, perante a evidência de
insolvência do BES, que não fosse a aplicação de Medidas de
Resolução Bancária; e que não é aplicável ao Fundo de Resolução
o regime de responsabilidade para com os credores do Novo Banco,
previsto no art. 501.º do CSC.
F. Ora, entende o Apelante, que tal raciocínio não pode ter
colhimento nos presentes autos, uma vez que da mesma decorre
inevitavelmente uma denegação do direito à defesa dos direitos e
interesses legalmente protegidos do Recorrente, e que a discussão
da matéria subjacente aos presentes autos é bem mais ampla e
complexa do que uma mera questão patrimonial, tal como
“resumida” naquela sentença ora recorrida.
G. A decisão do presente pleito não há necessidade de recurso a
qualquer norma de direito administrativo, estando a discussão
centrada no plano puramente privado e civilístico, que recorde-se se
prende com a responsabilização civil do R. por violação dos
princípios orientadores da aplicação de medidas de resolução,
mormente por via do consagrado no artigo 145.º-D do RGICSF, e
ainda a título de único detentor do capital do Novo Banco.
H. O pedido indemnizatório deduzido pelo Apelante não colide, nem
depende, da apreciação jurídico-administrativa dos atos que
conduziram à resolução do Réu Banco BES, pelos RR.
intervenientes naquela decisão.

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I. A apreciação da responsabilidade do Recorrido deve ser


considerada e aferida individualmente, à luz do quadro de
coresponsabilização que vem alegado pelo Recorrente na sua
petição.
J. No que respeita à responsabilidade do R. Fundo de Resolução na
qualidade de único detentor do capital do Novo Banco, nada na lei
impede ou ressalva a aplicação do regime de responsabilidade
previsto no CSC ao R., que tendo legitimidade para figurar como
detentor do capital do Novo Banco, também por maioria de razão
deverá ter legitimidade para, nessa qualidade e à luz do regime
previsto no CSC, ser responsabilizado perante os credores.
K. O pressuposto básico da estatuição do art. 84.º do CSC é a
situação de unipessoalidade, sendo irrelevante a natureza ou as
características pessoais do sócio único, considerando-se
unipessoalidade o caráter absoluto e universal da participação
apenas por referência ao domínio integral do capital, sem a
aferição de quaisquer circunstâncias subjetivas relativas ao sócio,
seja ele quem for.
L. Mas ainda que este argumento não seja de acolher por este
Tribunal Superior, a verdade é que os benefícios e riscos
decorrentes da atividade do Novo banco S.A. se projetam em
exclusivo na esfera do único detentor do seu capital, o Fundo de
Resolução, a quem cabe a efetiva possibilidade de fazer ajustar a
condução dos negócios sociais à sua perspetiva e vontade, tendo
inclusivamente proposto a administração do Novo banco, S.A.,
posteriormente sufragada pelo Banco de Portugal.
M. Pelo que será sempre de constatar a efetiva existência de uma
influência dominante do R. Fundo de Resolução sobre o Novo
Banco, aqui operando, no entendimento do Recorrente, as
presunções previstas no n.º 1 do art. 486.º do CSC, designadamente
aquela que ali se encontra prevista na al. a).
N. Termos em que, deve proceder a pretensão do Recorrente
formulada contra o Recorrido, por forma a operar a conversão em
valor pecuniário do direito indemnizatório do Recorrente.
O. Pois salvo o devido respeito, que é muito, no entendimento do
Recorrente, os artigos 145.º-D, n.º 1, al. c) do RGICSF e bem assim
o art. 486.º, n.º 2, al. a) e 501.º, ambos do CSC, deveriam ter sido
interpretados e aplicados pelo Tribunal a quo no sentido do
reconhecimento da existência da pretensão indemnizatória do
Recorrente, e bem assim da sua condenação a pagar ao Recorrido a
indemnização ora peticionada.
O réu não contra-alegou.
Colhidos os vistos[5], cumpre decidir.

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OBJETO DO RECURSO[6],[7]
Emerge das conclusões de recurso apresentadas por RM, ora
apelante, que o seu objeto está circunscrito às seguintes questões:
1.) Saber se o Fundo de Resolução deverá ser responsabilizado
por ser detentor único do capital social do Novo Banco, S.A e,
como tal, responsável pelas dívidas deste.
2.) Saber se o Fundo de Resolução deve ser responsabilizado por
violação do princípio previsto no art. 145.º D, n.º 1, al. c), do
RGICSF, isto é, se por via da resolução, o crédito do autor ficaria
em pior situação do que ficaria numa insolvência hipotética.
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1. O DIREITO
Importa conhecer o objeto do recurso, circunscrito pelas
respetivas conclusões, salvas as questões cuja decisão esteja
prejudicada pela solução dada a outras, e as que sejam de
conhecimento oficioso[8] (não havendo questões de conhecimento
oficioso são as conclusões de recurso que delimitam o seu objeto).
1.) SABER SE O FUNDO DE RESOLUÇÃO DEVERÁ SER
RESPONSABILIZADO POR SER DETENTOR ÚNICO DO
CAPITAL SOCIAL DO NOVO BANCO E, COMO TAL,
RESPONSÁVEL PELAS DÍVIDAS DESTE.
O apelante alegou que “o Recorrido Fundo de Resolução vem
demandado com base na detenção de 100% do capital social do
Novo Banco, tendo essa titularidade origem na medida de resolução
bancária decretada pelo Banco de Portugal”.
Mais alegou que “no respeitante à aplicação das normas do CSC,
veja-se que nada na lei impede ou ressalva a aplicação do regime de
responsabilidade nele previsto ao Fundo de Resolução”.
Assim, concluiu que “na qualidade de único detentor do capital
social do Novo Banco, deverá necessariamente ser chamado à
(ilegal) relação bancária constituída entre o Recorrente, o R. BES,
o R. Novo Banco S.A. e a R. LP, com a sua consequente
responsabilização a esse título”.
Vejamos a questão.
Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo anterior e também
do disposto quanto a sociedades coligadas, se for declarada falida
uma sociedade reduzida a um único sócio, este responde
ilimitadamente pelas obrigações sociais contraídas no período
posterior à concentração das quotas ou das ações, contanto que se
prove que nesse período não foram observados os preceitos da lei
que estabelecem a afetação do património da sociedade ao
cumprimento das respetivas obrigações – art. 84º, nº 1, do
CSComerciais.
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Presume-se que uma sociedade é dependente de uma outra se esta,


direta ou indiretamente, detém uma participação majoritária no
capital – art. 486º, nº 2, al. a), do CSComerciais.
Uma sociedade pode constituir, mediante escritura por ela
outorgada, uma sociedade anónima de cujas ações ela seja
inicialmente a única titular – art. 488º, nº 1, do CSComerciais.
Devem ser observados todos os demais requisitos da constituição de
sociedades anónimas – art. 488º, nº 2, do CSComerciais.
A sociedade diretora é responsável pelas obrigações da sociedade
subordinada, constituídas antes ou depois da celebração do
contrato de subordinação, até ao termo deste – art. 501º, nº 1, do
CSComerciais.
A sociedade subordinada tem o direito de exigir que a sociedade
diretora compense as perdas anuais que, por qualquer razão, se
verifiquem durante a vigência do contrato de subordinação, sempre
que estas não forem compensadas pelas reservas constituídas
durante o mesmo período – art. 502º, nº 1, do CSComerciais.
O capital social da instituição de transição é subscrito e realizado
total ou parcialmente pelo Fundo de Resolução com recurso aos
seus fundos e, se for o caso, através do exercício do poder previsto
na alínea a) do n.º 2 do artigo 145.º-U, sem prejuízo dos poderes do
Banco de Portugal sobre a instituição de transição – art. 145º-P, nº
3, do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades
Financeiras (RGICSF), aprovado pelo art. 1º, do DL n.º 298/92, de
31-12.
O Fundo de Resolução, adiante designado por Fundo, é uma
pessoa coletiva de direito público, dotada de autonomia
administrativa e financeira e de património próprio – art. 153º-B, nº
1, do RGICSF.
O Fundo rege-se pelo presente diploma e pelos seus regulamentos –
art. 153º-B, nº 3, do RGICSF.
O Fundo tem por objeto prestar apoio financeiro à aplicação de
medidas de resolução adotadas pelo Banco de Portugal, nos termos
do disposto no artigo 145.º-AB, e desempenhar todas as demais
funções que lhe sejam conferidas pela lei no âmbito da execução de
tais medidas – art. 153º-C, do RGICSF.
No caso, fundamento da responsabilização do Fundo de
Resolução reside no facto de este ser o detentor do capital social
do Novo Banco, S.A., no caso, titular do capital social do banco de
transição e, como tal, responsável por dívidas deste.
Porém, “a alegada responsabilidade do Fundo de Resolução vem
associada à responsabilidade dos demais RR., BES, NB, BdP e
CMVM, sendo que relativamente a estes últimos o tribunal

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declarou-se incompetente em razão da matéria para conhece dos


pedidos contra si deduzidos e, quanto ao R., NB decidiu pela sua
ilegitimidade substantiva, por não se ter transmitido para o Novo
Banco qualquer responsabilidade por intermediação financeira em
violação de disposições regulatórias, nem qualquer
responsabilidade por assunção de garantia de restituição de capital
(e juros) investido na aquisição de valores mobiliários do GE”.
Ora, por um lado, mostra-se decidido que “não se transmitiu para
o Novo Banco qualquer responsabilidade por intermediação
financeira em violação de disposições regulatórias, nem qualquer
responsabilidade por assunção de garantia de restituição de capital
(e juros) investido na aquisição de valores mobiliários do GES”[9].
Assim, “Sendo o fundamento da pretensão do autor em relação ao
réu, Novo Banco, SA baseado na responsabilidade por violação de
disposições e determinação regulatória, e sendo a transmissão dessa
responsabilidade expressamente subtraída pela referida subalínea
v), não pode ser imputável ao Novo Banco, SA a responsabilidade
pelo pagamento do crédito do autor, sem prejuízo do mesmo ser
reclamável na instância judicial própria que, no caso, é o processo
de liquidação do BES”[10].
Estando o Fundo de Resolução demandado como devedor
solidário pelo mesmo crédito reclamado do Novo Banco, S.A.,
para o qual, porém, não se transmitiu qualquer responsabilidade
por intermediação financeira, tendo sido absolvido dos pedidos
contra o mesmo formulados, a mesma consequência,
necessariamente, também seria a da absolvição do Fundo de
Resolução relativamente aos pedidos contra si formulados.
Um eventual crédito só poderia ser imputado ao Fundo de
Resolução se o Novo Banco, S.A, fosse devedor, masmostrando-se
decidido que o apelante não é titular do direito de crédito que
invocou contra o Novo Banco,
S.A, então, o Fundo de Resolução apelado também não poderá
ser responsabilizado, por não haver qualquer crédito de que o
apelante seja credor.
Aliás, ”mesmo que se tivesse acolhido a jurisprudência que defere
competência à jurisdição comum para apreciar o pedido formulado
contra o FdR, a responsabilidade civil extracontratual deste réu,
invocada pelo autor, com base na mera detenção do mesmo do
capital do NB, em face da absolvição dos Réus NB e LS dos pedidos
contra eles formulados, sempre determinaria a extensão dessa
absolvição do pedido ao réu FdR”[11].
Ou seja, ainda que se entendesse que o mero facto de ser detentor

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do capital do Novo Banco, S.A, enquanto banco de transição


seria, por si só, suficiente para, por mero efeito consequencial ou
reflexo, determinar a responsabilidade do Fundo de Resolução, o
não reconhecimento da responsabilidade daquele, determinaria,
inexoravelmente, a ausência de responsabilidade deste[12].
Concluindo, não se transmitindo para o Novo Banco qualquer
responsabilidade por intermediação financeira em violação de
disposições regulatórias, nem qualquer responsabilidade por
assunção de garantia de restituição de capital (e juros) investido na
aquisição de valores mobiliários do GES, também não se
transmitiu qualquer responsabilidade para o Fundo de Resolução
com base na mera detenção do mesmo do capital do Novo
Banco[13],[14].
Não havendo responsabilidade por parte do Novo Banco, S.A.,
inexiste qualquer fundamento, por essa via, no sentido de
concluir-se pela própria responsabilidade do Fundo de
Resolução, enquanto detentor da totalidade do capital social
daquele como banco de transição[15],[16].
Por outro lado, o Fundo de Resolução é uma pessoa coletiva, de
direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira
sendo regido por regime especial de direito administrativo,
constante do RGICSF e por Portarias do Ministro das Finanças,
sob proposta da Comissão Diretiva e ouvido o Banco de Portugal
e, subsidiariamente, pela lei-quadro dos institutos públicos, tendo
por objeto prestar apoio financeiro à aplicação das medidas de
resolução bancária que venham a ser adotadas pelo Banco de
Portugal (arts. 153º-B, nºs 1 e 3, 153º-C, 153º-U, todos do
RGICSF).
Entre o Fundo de Resolução, criado com intencionalidade
específica e própria, direcionada à salvaguarda da solidez
financeira de determinada instituição de crédito, tendo em conta
o grau ou risco de incumprimento desta, e dos interesses dos
depositantes na estabilidade do sistema financeiro, e o banco de
transição criado, inexiste qualquer relação semelhante ao
relacionamento privatístico entre sociedades em relação de
grupo, donde decorra a responsabilização de uma alegada
sociedade diretora perante uma sociedade subordinada[17].
Conforme entendimento do tribunal a quo, o que subscrevemos,
“Na verdade, o Fundo de Resolução, não é uma sociedade
anónima, nem está numa relação, com o Novo Banco, configurável
como uma relação de grupo de sociedades; nem foi o Fundo de
Resolução que constituiu o Novo Banco, nem tem poder de nomear

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administradores ao banco de transição, nem de dar ordem ou


diretrizes ao banco de transição, nem consolida contas como o
Novo Banco, nem dele recebe distribuição de dividendos. Tudo
características que materialmente definem o acionista único”.
Com efeito, não se configurando o Fundo de Resolução como uma
sociedade anónima, em vez de observância de diretrizes de
natureza comercial privatística, com inscrição no Código das
Sociedades Comerciais, estamos antes perante atos constitutivos,
de relacionamento, de articulação e de vinculação de natureza de
direito público administrativo[18].
Assim sendo, como entre o Fundo de Resolução e o Novo Banco,
S.A., inexistem relações jurídico-comerciais de acionista, não lhe
será aplicável os regimes estabelecidos no Código das Sociedades
Comerciais para o âmbito do relacionamento acionista para as
sociedades de domínio total ou de grupo, nomeadamente no que
concerne à responsabilidade da sociedade diretora ou dominante
perante as obrigações contraídas pela sociedade subordinada,
dominada ou dirigida junto dos seus credores[19].
Como também entendeu o tribunal a quo, que subscrevemos,
“Não há, entre o Fundo de Resolução e o banco de transição (Novo
Banco), uma relação de domínio/influência dominante a que se
reporta o artº 486º nº 1 do CSC, nem se lhes aplicam as presunções
referidas no nº 2 do mesmo preceito. Nem se pode falar numa
relação de domínio total, para efeitos do artº 488º do CSC, desde
logo porque não foi o Fundo de Resolução quem constituiu o banco
de transição”.
Podemos, pois, concluir, que não é aplicável ao Fundo de
Resolução o regime de responsabilidade para com os credores do
Novo Banco, previsto no artº 501º do CSComerciais.
Não sendo, pois, o Fundo de Resolução uma sociedade comercial,
não se lhe aplica, o CSComerciais, em especial o art. 501º, caso
em que uma sociedade seja integralmente controlada por outra, a
sociedade diretora é responsável pelas obrigações da sociedade
subordinada.
Acresce, ainda, que a unipessoalidade ou responsabilidade do
sócio único prevista no art. 84º, do CSComerciais, em nada afasta
tal conclusão, por ser inaplicável ao caso.
O art. 84º, do CSComerciais funciona quando haja um sócio
único; seja declarada a insolvência da sociedade e, não sejam
cumpridas as regras legais sobre a separação dos
patrimónios[20].
Temos, pois, que a aplicabilidade da norma está dependente da

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prévia declaração de insolvência da sociedade e, mesmo neste


caso, o sócio único só será responsável se as obrigações tiverem
sido contraídas após a concentração da titularidade do capital e,
não tiverem sido observados os preceitos legais que estabelecem a
afetação do património da sociedade ao cumprimento das
respetivas obrigações.
Assim, não só não se preenchem minimamente os pressupostos aí
enunciados – desde logo, inexiste qualquer declaração de
insolvência, ou estado semelhante, por parte do Novo Banco, S.A.,
enquanto alegada sociedade reduzida a um único sócio, como
resulta evidente e claro que o Fundo de Resolução, não possuindo
efetivos poderes de gestão ou administração do banco de
transição que, inclusive, não criou (mas antes financia por
imposição jurídico-administrativa), nunca poderia ser chamado
por direta responsabilização a responder por alegadas obrigações
contraídas diretamente pelo banco de transição junto de um
determinado e concreto credor deste[21].
Concluindo, não mostram verificados os requisitos de que
depende a aplicação do art. 84º, do CSComerciais, pois, por um
lado, o Novo Banco, S.A. não foi declarado insolvente e, por
outro, a eventual responsabilidade reclamada pelo apelante não
foi constituída após a concentração da titularidade do capital no
Fundo de Resolução, mas reporta-se a momento anterior à
própria criação do Novo Banco, S.A..
2.) SABER SE O FUNDO DE RESOLUÇÃO DEVE SER
RESPONSABILIZADO POR VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO
PREVISTO NO ART. 145.º D, N.º 1, AL. C), DO RGICSF, ISTO É,
SE POR VIA DA RESOLUÇÃO, O CRÉDITO DO AUTOR
FICARIA EM PIOR SITUAÇÃO DO QUE FICARIA NUMA
INSOLVÊNCIA HIPOTÉTICA.
O apelante alegou que “o artigo 145.º-D, n.º 1, al. c) do RGICSF,
deveria ter sido interpretado e aplicado pelo Tribunal a quo no
sentido do reconhecimento da existência da sua pretensão
indemnizatória e, bem assim da condenação do Recorrido a pagar
indemnização peticionada”.
Vejamos a questão.
Na aplicação de medidas de resolução, para prossecução das
finalidades previstas no artigo anterior, nenhum acionista ou
credor da instituição de crédito objeto de resolução pode suportar
um prejuízo superior ao que suportaria – art. 145º-D, nº 1, al, c), do
RGICSF.
Ao Banco de Portugal, enquanto entidade de supervisão,
incumbem os poderes constantes dos arts. 139º, 140º e 145º do

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RGICSF.
Conforme entendeu o tribunal a quo, “de acordo com o artº 139º
do RGICSF, o Banco de Portugal pode adotar medidas de
intervenção corretiva, administração provisória e de resolução,
tendo em vista salvaguardar a solidez financeira da instituição de
crédito, os interesses dos depositantes ou a estabilidade do sistema
financeiro. Medidas essas que estão sujeitas aos princípios da
adequação e da
proporcionalidade, tendo em conta o risco ou o grau de
incumprimento por parte da instituição de crédito e a gravidade das
respetivas consequências”.
Tendo em conta a necessidade de salvaguarda do sistema
financeiro, dos interesses dos depositantes e da própria
instituição de crédito, podia a entidade de supervisão, adotar
qualquer das medidas que considerasse mais adequadas ao caso,
nomeadamente a medida de “Resolução”[22],[23],[24], conforme
previsto no art. 144.º b) do RGICSF, atribuindo-se assim plena
liberdade à entidade de supervisão, de forma a atribuir maior
eficácia a esta medida, dispensando-se inclusive qualquer ato de
audiência prévia dos interessados/visados pela referida
medida[25].
Ao Banco de Portugal, enquanto entidade de supervisão, incumbe
expressamente a adoção das medidas necessárias à salvaguarda
da instituição de crédito, dos depositantes e do sistema financeiro,
aplicando medidas consideradas adequadas e proporcionais,
sendo-lhe dada ampla liberdade de decisão na escolha das
medidas mais adequadas e eficazes e, adotando a medida de
resolução, a faculdade de selecionar os ativos, passivos, elementos
extrapatrimoniais e ativos sob gestão a transferir para o banco de
transição no momento da sua constituição, conforme o disposto
no artº 145-H nº1 do RGICSF, bem como a faculdade de
posteriormente retransmitir estes ativos e passivos para a
instituição originária (nº 5)[26].
Nos termos do artigo 139º, nº1, do RGICSF, pode ser adotada,
tendo em vista a solidez financeira de uma instituição de crédito,
os interesses dos depositantes e a estabilidade do sistema
financeiro, uma de três medidas: intervenção corretiva,
administração provisória ou resolução[27].
A transferência de encargos ocorrida com a medida de resolução
foi efetuada sem comprometer o cumprimento do princípio no
creditor worse-off, isto é os credores para os quais são transferidas
as perdas nesta situação, não veem com isso a sofrer perdas mais

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elevadas do que aquelas que teriam numa situação de liquidação,


o que significa que não nos deparamos com um cenário de
eventual violação de confiança dos sujeitos, porque os mesmos, na
crise bancária em questão, não poderiam contar com qualquer
outra alternativa - ou a resolução ou a liquidação[28],[29].
Conforme entendimento do tribunal a quo, o que subscrevemos,
“em face da necessidade e premência da medida de resolução
perante a eminente insolvência do BES e perante as garantias e
salvaguardas de tratamento igualitário dos
credores, não se nos afigura que a medida de resolução do BES
decidida em agosto de 2014, viole o princípio da igualdade entre os
credores. Assim, o autor receberá o mesmo valor que receberia se
não tivesse sido adotada a Medida de Resolução do BES e este
tivesse seguido para a insolvência”.
Concluindo, não se mostra violado o princípio previsto no art.
145º, nº 1, al. c), do RGICSF, pois não resulta que o apelante não
receberia o mesmo valor que receberia se não tivesse sido
adotada a Medida de Resolução do BES e este tivesse seguido
para a insolvência[30].
Destarte, improcedendo as conclusões do recurso de apelação, há
que confirmar a decisão proferida pelo tribunal a quo.
3. DISPOSITIVO
3.1. DECISÃO
Pelo exposto, acordam os juízes desta secção cível (2ª) do
Tribunal da Relação de Lisboa em julgar improcedente o recurso
e, consequentemente, em confirmar-se a decisão recorrida.
3.2. REGIME DE CUSTAS
Custas pelo apelante (na vertente de custas de parte, por outras
não haver[31]), porquanto a elas deu causa por ter ficado
vencido[32].

Lisboa, 2022-05-26[33],[34]
Nelson Borges Carneiro
Paulo Fernandes da Silva
Pedro Martins
_______________________________________________________
[1] - Relativamente ao réu, BANCO ESPÍRITO SANTO, S.A., foi proferida decisão que
julgou extinta a instância, por inutilidade superveniente da lide.
- Quanto aos réus, CMVM e BANCO DE PORTUGAL, foi proferida decisão que julgou
procedente a exceção dilatória de incompetência absoluta em razão da matéria e, declarou
competente a jurisdição administrativa para conhecer dos pedidos contra os mesmos
formulados.
- No que concerne aos réus, NOVO BANCO, S.A. e LP, foi proferida decisão que julgou
improcedente a ação contra os mesmos e, consequentemente, absolveu-os dos pedidos.

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[2] Para além do dever de apresentar a sua alegação, impende sobre o recorrente o ónus de
nela concluir, de forma sintética, pela indicação dos fundamentos por que pede a alteração
ou anulação da decisão – ónus de formular conclusões (art. 639º, nº 1) – FERREIRA DE
ALMEIDA, Direito Processual Civil, volume II, 2ª edição, p. 503.
[3] As conclusões exercem ainda a importante função de delimitação do objeto do recurso,
como clara e inequivocamente resulta do art. 639º, nº 3. Conforme ocorre com o pedido
formulado na petição inicial, as conclusões devem corresponder à identificação clara e
rigorosa daquilo que o recorrente pretende obter do tribunal superior, em contraposição
com aquilo que foi decidido pelo tribunal a quo – ABRANTES GERALDES – PAULO
PIMENTA – PIRES DE SOUSA, Código de Processo Civil Anotado, volume 1º, 2ª ed., p.
795.
[4] O recorrente deve apresentar a sua alegação, na qual conclui, de forma sintética, pela
indicação dos fundamentos por que pede a alteração ou anulação da decisão. Versando o
recurso sobre matéria de direito, as conclusões devem indicar, as normas jurídicas
violadas; o sentido com que, no entender do recorrente, as normas que constituem
fundamento jurídico da decisão deviam ter sido interpretadas e aplicadas, e invocando-se
erro na determinação da norma aplicável, a norma jurídica que, no entendimento do
recorrente, devia ter sido aplicada – art. 639º, nºs 1 e 2, do CPCivil.
[5] Na sessão anterior ao julgamento do recurso, o processo, acompanhado com o projeto
de acórdão, vai com vista simultânea, por meios eletrónicos, aos dois juízes-adjuntos, pelo
prazo de cinco dias, ou, quando tal não for tecnicamente possível, o relator ordena a
extração de cópias do projeto de acórdão e das peças processuais relevantes para a
apreciação do objeto da apelação – art. 657º, n.º 2, do CPCivil.
[6] Todas as questões de mérito que tenham sido objeto de julgamento na sentença
recorrida e que não sejam abordadas nas conclusões do recorrente, mostrando-se objetiva
e materialmente excluídas dessas conclusões, têm de se considerar decididas, não podendo
de elas conhecer o tribunal de recurso.
[7] Vem sendo entendido que o vocábulo “questões” não abrange os argumentos, motivos
ou razões jurídicas invocadas pelas partes, antes se reportando às pretensões deduzidas ou
aos elementos integradores do pedido e da causa de pedir, ou seja, entendendo-se por
“questões” as concretas controvérsias centrais a dirimir.
[8] Relativamente a questões de conhecimento oficioso e que, por isso mesmo, não foram
suscitadas anteriormente, a Relação deve assegurar o contraditório, nos termos gerais do
art. 3º, nº 3. A Relação não pode surpreender as partes com uma decisão que venha contra
a corrente do processo, impondo-se que as ouça previamente – ABRANTES GERALDES –
PAULO PIMENTA – PIRES DE SOUSA, Código de Processo Civil Anotado, volume 1º, 2ª
ed., p. 829.
[9] Saneador-sentença de 2018-12-28.
[10] Ac. Relação de Lisboa de 2019-12-11
[11] Ac. Relação de Lisboa de 2019-12-11
[12] Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2021-11-18, Relator: ARLINDO CRUA,
http://www.dgsi.pt/jtrl.
[13] Face ao teor das deliberações do Banco de Portugal no que respeita à delimitação dos
passivos que transitaram ou não para o Novo Banco, uma eventual obrigação de
indemnização a favor dos autores que se tenha constituído na esfera do BES, S.A, não pode
considerar-se transferida para o Novo Banco – Ac. Tribunal da Relação de Évora de 2018-
02-22, Relator: MANUEL BARGADO, http://www.dgsi.pt/jtre.
[14] Com a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao BES, em que ocorre a
transferência parcial da atividade deste para o Novo Banco, o qual sucedeu ex lege nas
relações jurídicas transmitidas, excluiu dessa transferência o produto financeiro adquirido
pelo A.. O Fundo de Resolução não titula qualquer vinculação originária ou superveniente
com a relação contratual exarada entre o A. e o BES – Ac. Tribunal da Relação de
Guimarães de 2017-06-08, Relator: JOSÉ CRAVO, http://www.dgsi.pt/jtrg.
[15] Face às deliberações relevantes do Banco de Portugal produzidas no âmbito da
resolução decidida no caso BES, qualquer responsabilidade suscetível de ser imputada a
esta instituição de crédito e que se tenha constituído a favor dos recorrentes, enquanto
titulares de ações preferenciais através dela adquiridas, não foi transferida para o Novo

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Banco – Ac. Supremo Tribunal de Justiça de 2020-11-11, Relatora: CATARINA SERRA,


http://www.dgsi.pt/jstj.
[16] Um banco de transição deve ser considerado como sucessor nos direitos e obrigações
da instituição de crédito originária, no caso de os mesmos não terem sido excluídos da
transferência deste para aquele, por Deliberação do Banco de Portugal, entidade
competente para determinar essa medida de resolução. A (não) transferência assim
operada por via das deliberações tomadas, conduz à ilegitimidade substantiva do Réu
Novo Banco, porque não impende sobre si qualquer obrigação de ressarcimento dos
Autores dos créditos provenientes da subscrição do papel comercial havida com o BES –
Ac. Supremo Tribunal de Justiça de 2017-09-26, Relatora: ANA PAULA BOULAROT,
http://www.dgsi.pt/jstj.
[17] Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2021-11-18, Relator: ARLINDO CRUA,
http://www.dgsi.pt/jtrl.
[18] Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2021-11-18, Relator: ARLINDO CRUA,
http://www.dgsi.pt/jtrl.
[19] Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2021-11-18, Relator: ARLINDO CRUA,
http://www.dgsi.pt/jtrl.
[20] Código das Sociedades Comerciais Anotado, Coordenação: António Menezes
Cordeiro, 2009, p. 284.
[21] Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2021-11-18, Relator: ARLINDO CRUA,
http://www.dgsi.pt/jtrl.
[22] A resolução é, a par de outras ― mormente a intervenção corretiva e a administração
provisória―, uma das medidas que o Banco de Portugal pode aplicar tendo em vista a
salvaguarda da solidez financeira da instituição de crédito, dos interesses dos depositantes
ou da estabilidade do sistema financeiro (artigo 139º nº 1 do Regime Geral das Instituições
de Crédito e Sociedades Financeiras) – Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2018-02-08,
Relator: ILÍDIO SACARRÃO MARTINS, http://www.dgsi.pt/jtrl.
[23] A medida de resolução constituiu o meio adequado para a prossecução da tutela da
estabilidade e segurança do sistema financeiro, para prevenir o risco sistémico e a corrida
aos depósitos, valores e princípios constitucionalmente protegidos (Artigo 101º da
Constituição), observando-se o princípio da adequação – Ac. Tribunal da Relação de
Lisboa de 2017-03-07, Relator: PIRES DE SOUSA, http://www.dgsi.pt/jtrl.
[24] A resolução do Banco de Portugal, relativamente ao Banco Espírito Santo, S.A., tendo
em vista “ a prossecução da tutela da estabilidade e segurança do sistema financeiro, para
prevenir o risco sistémico e a corrida aos depósitos, valores e princípios
constitucionalmente protegidos”, não viola, nomeadamente, os princípios constitucionais
da igualdade e da tutela jurisdicional efetiva – Ac. Tribunal da Relação de Évora de 2018-
05-18, Relator: SILVIO SOUSA, http://www.dgsi.pt/jtre.
[25] Ac. Supremo Tribunal de Justiça de 2017-09-26, Relatora: ANA PAULA BOULAROT,
http://www.dgsi.pt/jstj.
[26] Ac. Supremo Tribunal de Justiça de 2017-09-26, Relatora: ANA PAULA BOULAROT,
http://www.dgsi.pt/jstj.
[27] MARIANA DUARTE SILVA, Os novos regimes de intervenção e liquidação aplicáveis
às instituições de crédito Apud Ac. Supremo Tribunal de Justiça de 2017-09-26.
[28] Ac. Supremo Tribunal de Justiça de 2017-09-26, Relatora: ANA PAULA BOULAROT,
http://www.dgsi.pt/jstj.
[29] A transferência de ativos e passivos feita pelo Banco de Portugal para o Novo Banco,
no âmbito da medida de resolução, foi condição sine qua non do êxito da medida
porquanto, sem tal transferência seletiva, o risco sistémico ficaria incólume (princípio da
proporcionalidade em sentido estrito) – Ac. Tribunal da Relação de Lisboa de 2017-03-07,
Relator: PIRES DE SOUSA, http://www. dgsi.pt/jtrl.
[30] Não se vê, ainda, que a deliberação de resolução do Banco, S.A., tenha, por si,
penalizado ou agravado a posição jurídica dos AA., quando comparada com a que se
verificaria perante a liquidação do Banco, S.A., sendo certo que, nos termos do artigo 145º
H, nº 16, do RGICSF competirá ao Fundo de Resolução suportar a diferença caso se venha
a concluir que os Autores tiveram um prejuízo com a resolução superior ao que teriam tido
se o Banco, S.A., entrasse em liquidação (como sucedeu) – Ac. Tribunal da Relação de

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Lisboa de 2017-07-13, Relator: LUÍS ESPÍRITO SANTO, http://www.dgsi.pt/jtrl.


[31] Como o conceito de custas stricto sensu é polissémico, porque é suscetível de envolver,
nos termos do nº 1 do artigo 529º, além da taxa de justiça, que, em regra, não é objeto de
condenação – os encargos e as custas de parte, importa que o juiz, ou o coletivo de juízes,
nos segmentos condenatórios das partes no pagamento de custas, expressem as vertentes a
que a condenação se reporta – SALVADOR DA COSTA, As Custas Processuais, Análise e
Comentário, 7ª ed., p. 8.
[32] A decisão que julgue a ação ou algum dos seus incidentes ou recursos condena em
custas a parte que a elas houver dado causa ou, não havendo vencimento da ação, quem do
processo tirou proveito – art. 527º, nº 1, do CPCivil.
[33] A assinatura eletrónica substitui e dispensa para todos os efeitos a assinatura
autógrafa em suporte de papel dos atos processuais – art. 19º, nº 2, da Portaria n.º 280/2013,
de 26/08, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 267/2018, de 20/09.
[34] Acórdão assinado digitalmente.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/c3977fb1d46bbf578025886a003c9a9d?OpenDocument Página 15 de 15

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