Diapos Aula 07

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Equações Diferenciais Parciais: AULA 07

DITTER YATACO

UERJ

23 de Fevereiro de 2022
SOLUÇÃO GERAL

1 Consideremos o operador linear de primeira ordem

∂ ∂
L = a(x, y ) + b(x, y ) + c(x, y )
∂x ∂y

ou equivalentemente

Lu = a(x, y )ux + b(x, y )uy + c(x, y )u.

2 Vamos estudar a equação

Lu = d(x, y ) (1)

em um aberto Ω ⊆ R2 , com a, b, c, d ∈ C (Ω).


OBJETIVO: Para resolver (1) procuraremos uma MUDANÇA
DE VARIÁVEIS

s = s(x, y ) , t = t(x, y ) (2)

Isto é
v (s, t) = u(x, y ) (3)
que transforme (1) em uma equação onde só apareça a
derivada em relação a uma das variáveis
 
∂v ∂v
ou .
∂s ∂t

Isto nós permitirá resolver como se fosse uma EDO (fixando a


outra variável).
Exemplo (1)
Resolver o problema

x ux + u = x 2 , x > 0. (4)

Solução:

1◦ : A equação (4) é da forma (1) pois

a(x, y ) = x , b(x, y ) = 0 , c(x, y ) = 1 , d(x, y ) = x 2 .

2◦ : Observe que (4) já está na forma desejada, pois não


aparece a derivada em relação a y .
3◦ : Note que

x 2 = u + x ux = (x u) .
∂x
Integrando em relação a x, obtemos

x3
xu= + f (y ).
3
Como x > 0, temos que a solução geral é

x2 1
u(x, y ) = + f (y ), x >0
3 x
Exemplo (2)
Ache a solução geral da equação

−2y ux + uy = y ex , (x, y ) ∈ R2 . (5)

Solução:

1◦ : Equação (5) é da forma (1) pois

a(x, y ) = −2y , b(x, y ) = 1 , c(x, y ) = 0 , d(x, y ) = y ex .

2◦ : Usamos ideias desenvolvidas anteriormente: com o auxílio


das características planas e de uma curva auxiliar que
intersecta transversalmente essas características.
Para isto, observe que as características planas satisfazem
( (
α0 = a(α, β) = −2β, α0 = −2(s + c1 ),

β 0 = b(α, β) = 1. β = s + c1 .
(
x = −(s + c1 )2 + c2 ,

y = s + c1 .

Logo x = −y 2 + c2 . Assim, as curvas características são


parábolas da forma
x = −y 2 + c. (6)
y

caract.

x
curva auxiliar
c = −1 c = 0 c = 1 c = 2 c = 3

Escolhemos então a curva auxiliar dada por

y = 0. (7)
3◦ : Vamos fazer agora uma mudança de variáveis

s = s(x, y ) , t = t(x, y )

de modo a obter uma equação mais simples.

Usando as ideias da demonstração do Teorema de Existência


e Unicidade, como a curva auxiliar (que funciona como curva
inicial) é
t 7−→ (t, 0) , t ∈ R,
tal mudança é dado por
(
xs (s, t) = −2y (s, t), x(0, t) = t
(8)
ys (s, t) = 1, y (0, t) = 0
4◦ : De (8) temos a equação

ys (s, t) = 1,
y (0, t) = 0.

Para t fixo, temos y (s, t) = s + F (t). Logo, para s = 0,


F (t) = 0. Assim
y (s, t) = s. (9)
5◦ : Logo, também de (8)

xs (s, t) = −2s,
x(0, t) = t.

Para t fixo, temos x(s, t) = −s2 + G(t). Logo, para s = 0,


G(t) = t. Assim
x(s, t) = t − s2 . (10)
6◦ : De (9) e (10) temos

x = t − s2 ,
 
s = y,
⇐⇒
y = s. t = x + y 2.

Fazemos
v (s, t) = u(x, y ) = u(x(s, t), y (s, t)).
Então, de (5) temos

∂v ∂x ∂y
= ux (x(s, t), y (s, t)) + uy (x(s, t), y (s, t))
∂s ∂s ∂s
= −2s ux (t − s2 , s) + uy (t − s2 , s)
= −2y ux (x, y ) + uy (x, y )
2
= y ex = set−s . (11)
7◦ : Fixando t, e integrando (11) em relação a s, obtemos

1 2
v (s, t) = − et−s + f (t)
2
1  
= − ex + f x + y 2 .
2
Portanto, a solução é dada por

1
u(x, y ) = − ex + f (x + y 2 )
2
Exemplo (3)
Achar a solução geral de

a ux + b uy + c u = d, (x, y ) ∈ R2 . (12)

Solução:

1◦ : Equação (12) é da forma (1), pois

a(x, y ) = a , b(x, y ) = b , c(x, y ) = c , d(x, y ) = d.

2◦ : Observe que as caract. planas satisfazem


( (
α0 (s) = a, x = a s + c1 ,
0 =⇒ =⇒ bx - ay = k
β (s) = b. y = b s + c2 .
y

caract.
x

Podemos escolher as curvas auxiliares como sendo as retas


de equação
a x + b y = k.
3◦ : Para obter uma mudança de variáveis adequada

s = s(x, y ) , t = t(x, y )

note que as curvas auxiliares são dadas pelas retas


a x + b y = k . Escolhamos

s : constante ao longo das curvas auxiliares,


t : constante ao longo das características planas.

Logo, obtemos a mudança de variáveis.



as + bt
x= 2 ,
( 

a + b2

s = a x + b y, 
⇐⇒
t = b x − a y.  bs − at
 y= 2

 .
a + b2
4◦ : Fazemos
v (s, t) = u(x(s, t), y (s, t)).
Da eq. (12), obtemos

∂v ∂x ∂y
= ux (x(s, t), y (s, t)) + vy (x(s, t), y (s, t))
∂s ∂s ∂s
a b
= 2 2
ux (x, y ) + 2 uy (x, y )
a +b a + b2
1
= 2 [a ux (x, y ) + b uy (x, y )]
a + b2
d − c u(x, y )
=
a2 + b 2
d c
= 2 2
− 2 v (s, t). (13)
a +b a + b2
PRIMEIRO CASO: c = 0.

A equação (13) é dada por:

∂v d
= 2 .
∂s a + b2
Integrando em relação a s, temos

ds
v (s, t) = + f (t).
a2+ b2
Portanto

d (a x + b y )
u(x, y ) = + f (b x − a y )
a2 + b 2
SEGUNDO CASO: c 6= 0.

Eq. (13) pode ser escrito da forma

∂v c d
(s, t) + 2 2
v (s, t) = 2 . (14)
∂s a +b a + b2
Mantendo t fixo, a eq. (14) tem fator integrante
 
cs
µ(s) = exp .
a2 + b 2

Assim
    
∂ cs d cs
v exp = exp
∂s a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2
  
∂ d cs
= exp .
∂s c a2 + b 2
Então
   
cs d cs
v (s, t) exp = exp + f (t).
a + b2
2 c a + b2
2

Assim  
d −c s
v (s, t) = + f (t) exp .
c a2 + b 2
Portanto
 
d c (a x + b y )
u(x, y ) = + f (b x − a y ) exp −
c a2 + b 2
Observação
A ideia usada no Exemplo (3) pode ser aplicada a equação (1)
mesmo que os coeficientes não sejam constantes. Para isto,
observe que podemos considerar (mesmo sendo c(x, y ) 6= 0)
as curvas características planas de (1), que satisfazem
(
α0 (s) = a(α(s), β(s)),
β 0 (s) = b(α(s), β(s)).

Logo, pondo x = α(s), y = β(s), em termos de diferenciais,


temos

b(x, y ) dx − a(x, y ) dy = b(α(s), β(s)) α0 (s) − a(α(s), β(s)) β 0 (s)


= b a(α(s), β(s)) − a b(α(s), β(s))
= 0.
Então, as curvas características planas satisfazem a EDO de
primeira ordem

b(x, y ) dx − a(x, y ) dy = 0. (15)

Note que, a equação (15) é uma equação “muito parecida” com


as das curvas características do Exemplo (3). Logo, se as
soluções da edo (15) forem da forma

t(x, y ) = k ,

será natural escolher t = t(x, y ) como uma de nossas novas


variáveis.
Seguindo as ideias do Exemplo (3), o “ortogonal” da equação
(15) é dado por

a(x, y ) dx + b(x, y ) dy = 0. (16)

Logo, se as soluções da edo (16) forem da forma

s(x, y ) = k ,

será natural escolher também s = s(x, y ) como uma de nossas


novas variáveis.
Por outro lado, observe que

∂(s, t)
= sx ty − sy tx
∂(x, y )
= a(x, y ) (−a(x, y )) − b(x, y ) b(x, y )

= − [a(x, y )]2 − [b(x, y )]2 < 0.

Portanto, podemos fazer a mudança de variáveis

u(x, y ) = v (s(x, y ), t(x, y )).


Exemplo (I)
Ache a solução geral de

x 2 ux − xy uy + y u = xy 2 , x < 0. (17)

Solução:

1◦ : Equação (17) é da forma (1), pois

a(x, y ) = x 2 , b(x, y ) = −xy , c(x, y ) = y , d(x, y ) = x y 2 .

2◦ : Observe que as caract. planas satisfazem

0 = b(x, y ) dx − a(x, y ) dy
= −xy dx − x 2 dy
= −x (y dx + x dy )
= −x d (xy ) .
Logo d(xy ) = 0. Assim, as curvas caract. planas são da forma

xy = c, x < 0.

y y
Fazemos t = xy . Para poder fazer
c = −2 uma mudança de variáveis
c = −1 (s(x, y ), t(x, y )),
c=0
precisamos calcular s(x, y ) tal que
c=1 ∂(s, t)
c=2 6= 0.
∂(x, y )
x Devemos ter que as tangentes das
curvas que definem s(x, y ) = c
não sejam paralelas às tangentes
das curvas xy = c. Logo, baseado
podemos considerar x = c.
Definimos então
s(x, y ) = x.
t
3◦ : Assim x = s e y = . Considerando v (s, t) = u(x, y ), de
s
(17) obtemos

∂v ∂x ∂y
= ux (x, y ) + uy (x, y )
∂s ∂s ∂s
t
= ux (x, y ) − 2 uy (x, y )
s
1  2 
= 2 s ux (x, y ) − t uy (x, y )
s
1  
= 2 x 2 ux (x, y ) − xy uy (x, y )
s
1  
= 2 xy 2 − y u(x, y )
s
1 t2
 
t
= 2 − v (s, t) .
s s s
Logo
t t2
vs (s, t) + v (s, t) = . (18)
s3 s3
4◦ : Mantendo t fixo, a eq. (18) é uma EDO linear de ordem 1,
com fator integrante
Z   
t t
µ(s) = exp ds = exp − 2 .
s3 2s

Assim
t2
    
∂ t t
v (s, t) exp − 2 = 3 exp − 2
∂s 2s s 2s
  
∂ t
= t exp − 2 .
∂s 2s
Então
   
t t
v (s, t) exp − 2 = t exp − 2 + f (t).
2s 2s

Assim  
t
v (s, t) = t + f (t) exp .
2s2
Portanto
y 
u(x, y ) = xy + f (xy ) exp , x <0
2x

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