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CENTRO APOSTÓLICO

“COM O PROPÓSITO DE APERFEIÇOAR OS SANTOS


PARA A OBRA DO MINISTÉRIO...” (Efésios 4:12 KJA).

Valinhos / SP.

Brasil
MÓDULO X

PÓS-MODERNIDADE

INTRODUÇÃO

Falar sobre a pós-modernidade é um desafio muito grande,


pelo fato de estarmos vivendo um momento de transformação, em
proporções inimagináveis e não termos vivenciado ainda um final.

Poderíamos dizer a título de ilustração, que estamos apenas no


"epicentro" deste “tornado”, que tem levantado todas as coisas dos
seus cômodos lugares. Quebrado sistemas, arrancado estruturas e
mudado todo um modo de pensar da geração que vive o chamado
século XXI.

Pós-modernidade não é um movimento social do passado,


onde poderíamos analisar o seu pensamento, sua influência e
importância, ao lermos as obras dos pensadores e intelectuais e
principalmente mensurar suas causas e conseqüências, para uma
determinada geração que viveu seu tempo. Pelo contrário, a pós-
modernidade nos alcançou de pronto, quando tomamos
conhecimento e consciência da mesma. Já estávamos vivendo suas
ações e efeitos e "dentro" dela procuramos entender e nos posicionar
como cristãos, povo de Deus que tem a responsabilidade de ser
"instrumento de transformação".

2
A título de definição ficaremos com a de Jair Ferreira dos
Santos, em sua obra: O QUE E PÓS-MODERNO, Editora
Brasiliense, São Paulo, 1991, pág. 8, que segue:

"PÓS-MODERNIDADE É O NOME APLICADO ÀS


MUDANÇAS OCORRIDAS NAS CIÊNCIAS, NAS
ARTES E NAS SOCIEDADES AVANÇADAS DESDE
1950, QUANDO, POR CONVENÇÃO, ENCERRA-SE O
MODERNISMO (1900-1950).”

Para ele, esse fenômeno "nasce com a arquitetura e a


computação nos anos 50, toma corpo com a arte Pop nos anos 60,
cresce ao entrar pela filosofia durante os anos 70, como crítica da
cultura ocidental e amadurece hoje, alastrando-se na moda, no
cinema, na música e no cotidiano programado pela tecnociência
(ciência + tecnologia)- invadindo o cotidiano, desde alimentos
processados até microcomputadores.

3
O QUE É UMA “COSMOVISÃO”?
PRIMEIRA COISA A SE CONSIDERAR-> TODOS TÊM UMA
COSMOVISÃO.

“Toda vez que pensamos sobre qualquer coisa-


desde um pensamento casual (Onde deixei meu relógio?)
até a mais profunda questão (Quem sou eu?) - estamos
operando dentro de um esquema de pensamentos e
ações. Na verdade, isto é apenas a hipótese de uma
cosmovisão- básica ou simples- que nos permite pensar
como um todo.” (SIRE, p. 20)

➢ COSMOVISÃO É…

… UMA COMPOSIÇÃO “DE UM CONJUNTO DE


PRESSUPOSIÇÕES BÁSICAS, MAIS OU MENOS
CONSISTENTES UMAS COM AS OUTRAS, MAIS OU
MENOS CONSCIENTEMENTE ELABORADAS, MAIS
OU MENOS VERDADEIRAS. EM GERAL, NÃO
COSTUMAM SER QUESTIONADAS POR NÓS
MESMOS, RARAMENTE OU NUNCA SÃO
MENCIONADAS POR NOSSOS AMIGOS, E SÃO
APENAS LEMBRADAS QUANDO SOMOS
DESAFIADOS POR UM ESTRANGEIRO DE OUTRO
UNIVERSO IDEOLÓGICO.” (SIRE, p. 21- 22)

4
PODEMOS DIZER QUE:

COSMOVISÃO É “UM ÓCULOS”. ATRAVÉS DELA,


ENXERGAMOS E INTERPRETAMOS O MUNDO.

SETE PERGUNTAS BÁSICAS

(SIRE, p. 22- 23)

Outra maneira de entender com o que uma cosmovisão se parece,


é vê-la, essencialmente, como aquele conjunto de respostas simples
e imediatas que temos na ponta da língua para as sete perguntas
seguintes:

1. Qual é a realidade primordial- o que é realmente


verdadeiro? A isso, podemos responder: Deus, os deuses ou
o cosmo material.
2. Qual é a natureza da realidade externa, isto é, do mundo ao
nosso redor? Aqui nossas respostas sinalizam se vemos o
mundo como criado ou autônomo, como caótico ou ordenado,
como matéria ou espírito; se nossa ênfase é subjetiva e de
relacionamento pessoal com o mundo ou se a sua objetividade
o separa de nós.
3. O que é um ser humano? A essa pergunta, podemos
responder: uma máquina altamente complexa, um deus
adormecido, uma pessoa feita à imagem de Deus, um “gorila
nu”.
4. O que acontece quando uma pessoa morre? Aqui podemos
replicar: com extinção pessoal, ou transformação em estado

5
elevado, ou reencarnação, ou partida para uma existência
obscura “no outro lado”.
5. Por que é possível conhecer alguma coisa? Respostas
simples incluem a ideia de que fomos criados à imagem de um
Deus todo-conhecedor, ou essa consciência e racionalidade
desenvolveram-se sob as contingências de sobrevivência
através de um longo processo evolutivo.
6. Como sabemos o que é certo e errado? Mais uma vez a
resposta: ou fomos criados à imagem de um Deus cujo caráter
é bom, ou o certo e o errado são determinados somente pela
escolha humana ou pelo que nos faz sentir bem, ou as noções
simplesmente se desenvolveram sob um ímpeto orientado à
sobrevivência física ou cultural.
7. Qual o significado da história humana? A isso podemos
responder: compreender os propósitos de Deus ou deuses,
preparar um paraíso na Terra, preparar um povo para uma vida
em comunidade com um Deus amoroso e santo, e assim por
diante.

➔ Se sentimos que as respostas são tão óbvias que nem


merecem nossa consideração, então temos uma cosmovisão,
mas não temos a consciência de que muitos não a
compartilham; deveríamos perceber que vivemos num mundo
pluralista. Se não reconhecermos isso, certamente
passaremos por ingênuos ou provincianos e teremos muito que
aprender sobre viver no mundo de hoje.

6
O PENSAMENTO E OS VALORES DA PÓS-
MODERNIDADE

1. O PENSAMENTO PÓS-MODERNO

1.1. Do Moderno ao Pós-moderno

Todos os autores são concordes em que é preciso conhecer


um pouco da MODERNIDADE para poder entender o que vem a ser
a PÓS-MODERNIDADE.

Por modernidade, entendemos todos os fenômenos sociais que


acontecem decorrentes ao acesso das pessoas aos avanços da
ciência e tecnologia (que envolvem a rápida urbanização e
proliferação de informação e cultura). Os Guinness, teólogo europeu
e profundo estudioso do impacto da modernidade sobre o
Cristianismo, afirma:

“Modernidade é uma terminologia que define um sistema


oriundo das forças da modernização e desenvolvimento
centrado, sobretudo na premissa que toda causa 'de cima
para baixo' vinda de Deus ou do sobrenatural, foi
substituída. Definitivamente por causas 'de baixo para
cima’, frutos dos designos e produtividade humana ".

(GUINNESS, Os; SEEL, John. No God But God. Moody


Press, Chicago, 1992, pág. 160.)

Entendemos ainda o processo de secularização que passa a


cultura ocidental. O relatório da Consulta sobre Evangelização
7
Mundial, realizada em Pattaya, Tailândia, em 1980, definiu assim a
Modernidade:

"A cultura e consciência modernas são o resultado da


interação do homem com os veículos da modernidade".
'Os principais veículos são a economia de mercado
capitalista e o estado burocrático centralizado'.

"Entre os veículos secundários, incluem-se a nova


tecnologia industrial, a urbanização acelerada, o
crescimento da população e os meios de comunicação de
massa, como os mais importantes". (LAUSANNE, 1985)

Para muitas pessoas a era moderna terminou. Em quase todos


os círculos acadêmicos e em outras esferas, os novos fenômenos
sociais, as mudanças tremendas e a grande expectativa, com a
entrada do século XXI, traz uma certeza a todos que, uma nova era
teve início e esta é chamada de "Era pós-moderna".

As mudanças estão acontecendo, se é para melhor ou pior é o


que iremos ver no decorrer desta apostila.

"O exemplo máximo de uma sociedade edificada


sobre o materialismo, o ateísmo e a engenharia social
modernista - a União Soviética - fracassou". Os
tradicionais ideais da economia, baseada no mercado
livre e na liberdade individual, se estende por todo o
globo. O Cristianismo, que não só sobreviveu ao
comunismo, mas foi fator importante em forçar a sua
derrubada, ganha nova credibilidade à medida que as
críticas modernistas perdem força e em todo o mundo

8
multidões descobrem a Palavra de Deus e se voltam para
Cristo.

Por outro lado, a sociedade vem se segmentando


em grupos antagônicos. O tribalismo, o terrorismo e a
purificação étnica fragmentam todo o globo terrestre. Os
ocidentais se empenham em 'guerras culturais' sobre
questões morais tais como o aborto, a eutanásia e
questões intelectuais como educação e diversidade
cultural. Abaladas a respeito do 'politicamente correto', as
universidades não funcionam mais sob a pressuposição
modernista da existência de uma verdade objetiva
racional. Mesmo questões básicas com o valor inerente
da civilização ocidental" são questionadas. Será que a
herança ocidental se define pelas realizações humanas e
a liberdade, ou será que sua herança é antes de tudo o
racismo, o sexismo, o imperialismo e a homofobia?
'Comunidades' diversas - feministas, gays, afro-
americanas, neoconservadoras, grupos pró-vida -
compõem no momento o panorama cultural... Então, é a
era pós-moderna boa ou ruim do ponto de vista cristão?
TaIvez tenhamos que dizer como Dickens: 'Foi o melhor
dos tempos; foi o pior dos tempos'. Ele se referia, em seu
The Tale of Two Cities [Conto de Duas Cidades], a Era da
Revolução Francesa, que de várias maneiras
representou o começo do modernismo, mas suas
palavras parecem se adequar a cada era da história.”

(VEITH, 1999)

9
“Na modernidade as pessoas gritavam: ‘DEUS ESTÁ MORTO’,
na pós-modernidade com sua espiritualidade da Nova Era, a
ordem é outra: ‘NÃO EXISTEM ABSOLUTOS’, tanto tem
importância o Cristianismo, como os cristais, os florais e todo
misticismo e cultos afros, orientais etc.

É difícil testemunhar da verdade a pessoas que não acreditam


que há UMA VERDADE. Como também não é possível falar sobre
o arrependimento de pecados, a pessoas que relativizam tudo,
incluindo a moralidade e não crêem que exista pecado. Tudo é
permitido e cada um é governado por sua própria consciência.”

O desejo enorme de reverter a realidade, aliado ao total


desencanto é o que se tenta denominar de “pós-modernidade”.

Alguns acreditam que a pós-modernidade nasceu com os


movimentos de 1968. Naquele ano, estudantes convulsionaram o
mundo fechando campus em protesto contra a guerra do Vietnã,
montando barricadas em Paris e em outras capitais européias para
mudar o sistema educacional, causando o primeiro baque contra o
império soviético, na Primavera de Praga. Naqueles dias uma nova
geração de intelectuais e eruditos emergiu com a única finalidade de
desmantelar o "establishrnent".

"Surgida no cenário artístico e intelectual no decorrer da


década de 1970 e mesmo não tendo conseguido escapar
inteiramente de ser um efeito da moda, a noção sem
dúvida equivocada de pós-modernismo, apresenta um
interesse maior em relação às declarações sempre
sensacionalistas, a respeito da enésima novidade
decisiva, ao contrário, convida a um retorno prudente às

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nossas origens, a uma visão em perspectiva histórica do
nosso tempo, a uma interpretação em profundidade da
era da qual saímos parcialmente, mas que, de muitas
maneiras, continua agindo, para desagrado dos arautos
ingênuos do rompimento absoluto. Quando se anuncia
uma nova era de arte, de saber e de cultura, impõe-se a
tarefa de determinar o que foi feito do ciclo anterior; o
novo, aqui, exige a memória, a localização cronológica, a
genealogia.

Pós-moderno: no mínimo, a noção não é clara, pois


remete a níveis e esferas de análises às vezes difíceis de
coincidirem. Esgotamento de uma cultura hedonista e
vanguardista ou surgimento de um novo poder
renovador? Decadência de uma época sem tradição ou
revitalização do presente por meio de uma reabilitação do
passado? Novo modo de continuidade na trama
modernista ou descontinuidade? Peripécia na história da
arte ou destino global das socIedades democráticas? Nós
nos recusamos, aqui, a circunscrever o pós-moderno num
quadro regional, estético, epistemológico ou cultural;
caso se trate de pós-modernismo, ele deverá provocar
uma onda profunda e geral na escala do todo social, uma
vez que na verdade vivemos um tempo em que as
oposições rígidas se esfumam, em que as
preponderâncias se tornam fluídas, em que a inteligência
do momento exige que se ressaltem correlações e
homologias". (LIPOVETSKY, 2005)

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Um dos primeiros acadêmicos a usar a expressão pós-
modernidade foi Sir Arnold Toynbee, em 1940, envolvido na pesquisa
sobre a ascensão e queda das grandes civilizações, descobriu que
antes de se desintegrarem, elas sofriam o que chamou de "ruptura
da alma", antes de serem esmagadas por outras civilizações,
cometiam uma espécie de suicídio. Toynbee percebeu alguns
sintomas que anunciavam a desintegração das sociedades.

Primeiro, um senso de abandono, uma espécie de acomodação


que aceita, sem relutar, um fatalismo cínico. Desaparece o idealismo.
Depois há um fluxo, as sociedades se abandonam ao vento das
circunstâncias aos modismos. Acabam-se as mobilizações. Cresce a
culpa pelo abandono moral.

O último estágio é a promiscuidade, não só no sentido sexual,


mas também como aceitação de tudo, um ecletismo e uma tolerância
acrítica da ética.

Há um novo pessimismo que não acredita mais na redenção


humana. Depois de descobrir os limites do crescimento, o vazio da
civilização industrial e os riscos da ciência e da tecnologia, o homem
pós-moderno se questiona se os cínicos não estavam certos quando
"afirmavam que não existe virtude, nem bondade, nem altruísmo;
somente egoísmo, hipocrisia".

O Pastor Ricardo Gondim diz o seguinte:

“O homem pós-moderno não considera que Deus tenha


morrido, mas que enlouqueceu. Tudo para ele falhou, o
método fracassou, os objetivos envelheceram"

12
“Na pós-modernidade, a estética, o belo e a harmonia dos
sons também perderam seus referenciais. Quem pode
definir o belo? Sem um centro, tudo é permitido: o 'rock-
trash', a 'androginia de Prince’ os esquisitismos de
Michael Jackson, e a depravação de Madonna.
Insatisfeitas, as pessoas buscam reinventar o passado'

"A pós-modernidade esvazíou a religião formal, mas não


conseguiu matar a sede de espiritualidade das pessoas.
Novamente, volta-se para o passado, questionando se
não perdeu alguma coisa importante ao varrer o
misticismo do seu conceito de vida. Tenta redescobrir
uma espiritualidade no paganismo medieval, chamado
hoje de Nova Era". (GONDIM, Ricardo, 1996)

2. OS VALORES DA PÓS-MODERNIDADE

2. 1. Construir e Desconstruir a Verdade

Segundo Anderson, no seu livro “Reality lsn't What It Used Be:


Theatrical Politics, Ready-to-Wear Religion, Global Myths, Primitive
Chic, and Other Wonders of the Postmodern World” [A Realidade
não é mais o que era: Política Teatral, Religião de Consumo, Mitos
Globais, o Chique Primitivo e Outras Maravilhas do Mundo Pós-
Moderno], estamos atualmente em meio a uma transição de um
modo de pensar para outro. Ele cita três processos que moldam essa
transição:

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(1). O colapso da fé. Não existe hoje um consenso universal sobre
o que seja verdadeiro. Estamos, diz ele: "num mercado desregulado
de realidade no qual toda sorte de sistema de crença é oferecida ao
consumo público".

(2). O aparecimento de uma cultura global em que "todos os


sistemas de fé se tornam cientes de todos os sistemas de fé".
Como resultado disso, é difícil aceitar qualquer um deles como sendo
absolutamente verdadeiro.

(3). Uma nova polarização. Os conflitos sobre a natureza da


verdade social querem dilacerar nossa sociedade. Temos "guerras
culturais", especialmente batalhas sobre as questões críticas da
educação e instrução moral.

Anderson percebe uma distinção entre os "objetivistas"


(aqueles que crêem que a verdade é objetiva e pode ser conhecida)
e os "construtivistas" (aqueles que crêem que os seres humanos
constroem suas próprias realidades).

Os construtivistas dizem que não temos nunca tivemos e nunca


teremos uma ótica de "olho de Deus" da realidade não-humana.
Dizem que vivemos num mundo simbólico, uma realidade social que
muitas pessoas constroem juntas e, contudo, experimentam como
"mundo real" objetivo. E elas nos dizem que a terra não é um mundo
simbólico único, e sim um universo vasto de "múltiplas realidades",
porque grupos diferentes de pessoas constroem histórias diferentes,
e porque línguas diferentes encarnam maneiras diferentes de
experimentar a vida.

Essa ideologia pós-modernista é mais que um simples


relativismo. Onde o existencialismo moderno ensina que o sentido é
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criado pelo indivíduo, o existencialismo pós-moderno ensina que o
sentido é criado por um grupo social e sua linguagem.

“Aqui está a essência do pensamento moderno: a


autonomia da razão humana. A noção da autonomia da
razão humana liberou a mente humana da autoridade dos
antigos. O progresso tecnológico e científico veio não das
noções reveladas na Bíblia, mas da hipótese de que a
razão humana podia encontrar seu caminho em direção
à verdade. Semelhante conhecimento significa poder,
poder instrumental, poder sobre a natureza, poder de
conseguir tudo o que queremos”. (SlRE, 2001, p.)

2. 2. A Desconstrução da Linguagem

As teorias pós-modernistas começam com o pressuposto de


que a linguagem é incapaz de apresentar verdades sobre o mundo
de maneira objetiva. Os estudiosos contemporâneos partem do
trabalho dos linguistas estruturais, que notaram uma distinção entre
o "significante" (a palavra) e o "significado" (o sentido). Segundo eles,
a ligação entre os dois é arbitrária. Eles dizem que o próprio sentido
das palavras é parte do sistema fechado, tanto é que ao se procurar
o sentido de uma palavra no dicionário, encontra mais palavras, que
apesar de apontar para objetos comuns também podem ser "signos"
que comunicam sentido cultural assim como as palavras, exemplo:
"Qual a diferença entre um ‘cachorro’ e um ‘lobo’"? Um cachorro é
domesticado, está à vontade na nossa cultura; um lobo é selvagem.

As conotações de "cachorro" são de “animal de estimação das


crianças” e "melhor amigo do homem". As conotações de "lobo" são
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“do medo infantil”, do “monstro que devora Chapeuzinho Vermelho"
e da combinação complexa de “fascínio e terror” que temos para com
o mundo natural que está fora do controle humano.

Os críticos contemporâneos estudam e interpretam o sentido


de roupas, construções, e outras "comunicações não-verbais" da
mesma maneira que os críticos clássicos analisaram o sentido de
textos literários.

Todo artefato cultural é assim interpretado como um texto. Isto


é, toda criação humana é análoga à linguagem.

2. 3. Passar Sem a Verdade

Para os desconstrutivistas, todas as reivindicações da verdade


são suspeitas e tratadas corno disfarce para jogos de poder.

Estudiosos da atualidade buscam desmontar os paradigmas do


passado e "trazer o marginal para o centro". Esses novos modelos
tendem a ser adotados sem a demanda de provas rigorosas exigidas
pelos estudos tradicionais. O debate erudito continua, não tanto pelo
argumento racional ou pela coleta de provas objetivas, mas pela
retórica (qual o esquema que promoverá os ideais mais
progressivos?), como admite um pesquisador pós-modernista:

"não é mais a verdade, e sim o desempenho" não é mais


que espécie de pesquisa levará à descoberta de fatos
verificáveis, mas que tipo de pesquisa vai funcionar
melhor - a universidade ou instituição de estudos
superiores não poderá em tais círcunstâncias estar
preocupada com a transmissão de conhecimentos em si,
mas deve estar cada vez mais estreitamente ligada ao

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princípio do desempenho. A pergunta não dever ser: "É
verdade?" e sim "Para quê serve?" e "Quanto vale?".

Onde a educação clássica buscava o verdadeiro, o belo e o


bom, o pós-modernismo acadêmico busca "o que funciona". O
mundo acadêmico tradicional operava pela razão, estudo e pesquisa;
o pós-moderno é governado por agendas ideológicas, correção
política e lutas pelo poder.

17
A SOCIEDADE E CULTURA PÓS-MODERNA

A santidade está em conflito direto com uma cultura desviada.


Somos governados pela noção de que, de um modo ou de outro, a
vida nos concede o direito de termos todos os nossos caprichos e
desejos satisfeitos. Quase todos os países são aparentemente
movidos pela procura de prazer, da autossatisfação, da perversão
sexual e de outros vícios. Vivemos num mundo que acredita
piamente que o prazer físico conduz à felicidade. A ideia da ira de
Deus é descartada pelas pessoas como se ela fosse algo da mente
puritana. Os mandamentos morais são considerados como
complexos psicológicos que precisam ser eliminados.

A característica principal da cultura ocidental é a exacerbação


do narcisismo. A mentalidade liberal da época abalou a fé e deixou
no seu rastro um oceano de ausência de valores.

Hoje vive-se correndo e sem a percepção do que está


acontecendo ao nosso redor. Tudo passa muito depressa e a
incapacidade de se reter o grande número de informações que
recebemos e assimilar as mudanças tão rápidas, não damos conta
que de repente esquecemos e enterramos em nossas memórias,
crimes, escândalos, mudanças políticas etc. Nos acostumamos com
o "urgente" e nem percebemos o que está acontecendo conosco. O
que outrora era destaque nas manchetes dos periódicos, hoje vira
notícia de menor importância.

Tudo o que é antigo passa a ser desprezível. O homem pós-


moderno experimenta hoje algo inimaginável há um passado recente:

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receber o acúmulo de informações e experiências que valem por
centenas de anos de nossos antepassados.

O homem pós-moderno tem hoje acesso a um volume enorme


de informações tecnológicas, científicas, religiosas... como nunca
antes na história. Essa é a primeira geração que dispõe de
computador ligado, via internet, às grandes bibliotecas do mundo,
que pode acessar mais de urna centena de canais de televisão via
cabo. Esta é a primeira geração educada, não pela escrita, mas
pelo áudio visual. Isso tudo promove uma verdadeira revolução.

Esse grande acréscimo das informações tornou o homem pós-


moderno um “viciado em notícias”. Dificilmente as pessoas
conseguem passar um dia sequer sem folhear um jornal, uma revista,
ou assistir o noticiário pela televisão. Para ficar desinformado, basta
perder um dia de notícias do que acontece no mundo. Informação
significa poder atualmente.

Esse processo vertiginoso de acesso ao conhecimento pode


gerar um novo tipo de apatia e falta de interesse por qualquer valor
antigo. Estar em dia com o mundo pode ser mais importante do que
os livros de história, ou mesmo um passado bem recente, pois eles
parecem sempre muito distantes.

A cultura atual, como a arte pós-modernista, é definitivamente


eclética. Rodeados de estilos e culturas diversos, podemos nos dar
ao luxo de escolher entre uma variedade global de ofertas. Somos
avisados de que vivemos numa sociedade pluralista, que
trabalhamos numa economia global e que precisamos desenvolver
uma percepção multicultural.

19
A sociedade está se fragmentando em centenas de subculturas
e seitas ou grupos com projetos próprios.

Essa perda de identidade cultural abrangente tem uma


explicação parcial em termos sociológicos e tecnológicos. O colapso
da família produziu efeitos catastróficos em todos os níveis.

Enquanto as inovações modernas criaram uma certa unidade à


custa da identidade local, as inovações pós-modernas estão
revertendo o processo. A tecnologia que já promoveu a unidade,
agora está sendo levada tão longe que promoveu a diversidade.

A doutrina do multiculturalismo intensifica a segmentação


da sociedade. Os acadêmicos enfocam nosso pluralismo e
promovem a premissa pós-modernista de que a diversidade é algo
bom.

O multiculturalismo, naturalmente, leva ao relativismo, à


impressão de que, como cada cultura pensa de modo diferente,
então nenhuma cultura pode ter o monopólio da verdade.

Mas por outro lado, embora o pós-modernismo promova a


diversidade estilística, ele também reduz estilo a superfícies. Se
todos os valores culturais são relativos, então nenhum precisa ser
levado a sério. O multiculturalismo pós-modernista pode afirmar
todas as culturas, mas ao fazer isso, pode destruir a todas.

20
OS PRINCÍPIOS DA IDEOLOGIA PÓS-MODERNISTA SÃO:

(GENE p.150-154)

1. O Construtivismo Social. Significado, moralidade e


verdade não existem objetivamente; ao contrário, são
construídos pela sociedade.
2. Determinismo Cultural. Os indivíduos são totalmente
moldados por forças culturais. A linguagem em particular
determina o que podemos pensar, prendendo-nos numa
"prisão da linguagem".
3. A Rejeição da Identidade Individual. As pessoas existem
em primeiro lugar como membros de grupos. O fenômeno
do individualismo americano em si já é uma construção da
cultura americana, com seus valores de classe média de
independência e introspecção; mas esse individualismo
permanece uma ilusão. A identidade é antes de tudo
coletiva.
4. A Rejeição do Humanismo. Valores que enfatizam a
criatividade, a autonomia e a prioridade do ser humano são
mal colocados. Não existe humanidade universal, visto que
cada cultura constitui sua própria realidade. Os valores
humanistas tradicionais são cânones de exclusão, opressão
e crimes contra o meio ambiente natural. Os grupos
precisam capacitar-se para sustentar seus próprios valores
e assumir seu lugar com as outras espécies do planeta.
5. A Negação do Transcendente. Não existem absolutos.
Mesmo se existissem, não teríamos acesso a eles porque
estamos limitados à nossa cultura e confinados à nossa
linguagem.

21
6. Reducionismo do Poder. Todas as instituições, todos os
relacionamentos humanos, todos os valores morais e todas
as criações humanas - desde as obras de arte até as
ideologias religiosas - são expressões e máscaras da sede
de poder primordial.
7. A Rejeição da Razão. A razão e o impulso a objetivar a
verdade são máscaras ilusórias para o poder cultural. A
autenticidade e satisfação vêm de se submergir o “eu” num
grupo maior, soltando os impulsos naturais tais como as
emoções honestas e sexualidade, cultivando a subjetividade
e desenvolvendo uma abertura radical à existência pela
recusa de impor à própria vida.
8. A Crítica Revolucionária da Ordem Existente. A
sociedade moderna com seu racionalismo, sua ordem e sua
visão unitária da verdade precisa ser substituída por uma
nova ordem mundial. O conhecimento científico reflete um
modernismo superado, embora a nova tecnologia eletrônica
prometa muito. A segmentação da sociedade em seus
grupos constituintes permitirá um verdadeiro pluralismo
cultural. A velha ordem deve ser eliminada, para ser
substituída por uma nova modalidade de existência
comunitária, que, por enquanto ainda não está claramente
definida.

As implicações destas ideias pode ser uma fórmula para o


totalitarismo. O pós-modernismo minimiza o indivíduo em favor do
grupo. A democracia presume que os indivíduos sejam livres e auto
orientados, saibam governar a si mesmos. O pós-modernismo

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sustenta que os indivíduos não são livres e que são dirigidos pela
sociedade.

Até os negócios estão sendo replanejados segundo a linha pós-


modernista. A fábrica simboliza a economia da era moderna, e esta
cedeu lugar ao computador que representa a economia da era pós-
moderna.

A manufatura está cedendo lugar a "empresas de serviço". A


produção de objetos concretos está cada vez mais automatizada ou
terceirizada para mão-de-obra mais barata.

Também na educação é vista claramente a ênfase pós-


modernista. Os estudantes são incentivados a fazerem seus
trabalhos coletivamente e não individualmente.

A mentalidade pós-moderna vai contra o passado


(modernismo) como um trator destruindo os paradigmas que
sustentavam a sociedade moderna.

Os valores foram mudados, a rapidez das mudanças, as


descobertas científicas, médicas, tecnológicas etc., têm trazido além
de uma longevidade às pessoas (tratamentos médicos, cuidados
higiênicos, vitaminas, a cuidado do corpo), fazem com que a
expectativa de vida tenha aumentado significativamente. As
inovações tecnológicas (as máquinas) têm substituído a mão de
obra; o encurtamento das distâncias, a globalização e o acúmulo de
informações (como já citado anteriormente) têm contribuído com o
desenvolvimento de um grande problema para o “indivíduo pós-
moderno": O HEDONISMO.

23
Lipovetsky (2005) comenta o seguinte:

CONSUMISMO E HEDONISMO:

"Com o término da grande fase do modernismo, houve


uma transformação do público a que se deve ao fato de
que o hedonismo, que na virada do século passado era o
apanágio de um reduzido número de artistas
antiburgueses, tornou-se o valor central da cultura pós-
modernista, em conseqüência do consumo de massa. O
prazer e o estímulo dos sentidos se tornam os valores
dominantes na vida comum. Neste sentido, o pós-
modernismo aparece como a democratização do
hedonismo.”

“... É no decorrer da década de 1960 que o pós-


modernismo revela suas características maiores com seu
radicalismo cultural e político, com seu hedonismo
exacerbado; revolta estudantil, contracultura, voga da
maconha e do LSD, liberação sexual, mas também filmes
e publicações pornôs pop, aumento da violência e da
crueldade nos espetáculos, a cultura comum se
harmoniza com a liberação, com o prazer e com o sexo.
Cultura de massa hedonista e psicodélica que é
revolucionária apenas aparente, ‘na verdade, era
simplesmente uma extensão do hedonismo da década de
1950 e uma democratização da libertinagem que certas
frações da alta sociedade já praticavam há muito
tempo...’”

24
O consumismo aparece nos EUA na década de 1920 e o
hedonismo era propriedade de uma pequena minoria de artistas e
intelectuais; com o tempo vai se tornar o comportamento geral na
vida corrente.

O capitalismo e não o modernismo é que vai ser o construtor


principal da cultura hedonista. Com a difusão em larga escala de
objetos considerados até então “de luxo”, com a publicidade, a moda,
a mídia de massa e, principalmente, o "crédito” - cuja instituição
solapa diretamente o princípio de poupança - a moral puritana cede
lugar aos valores hedonistas encorajando a gastar, a aproveitar a
vida, a ceder aos impulsos: a partir da década de 1950 as sociedades
americanas e européias se tornam fortemente presas ao culto do
consumismo, do ócio e do prazer.

Portanto, estabeleceu-se, sob os efeitos conjugados do


modernismo e do consumismo de massa, uma cultura centrada na
“realização do eu”, na espontaneidade e no desfrute: o hedonismo se
torna o principal eixo da cultura moderna e hoje este pensamento já
é uma norma de vida não mais questionada. O consumismo e o
hedonismo se tornaram na era pós-moderna "um padrão de vida”
status quo, que norteia o pensamento de então.

25
A “RELIGIÃO PÓS-MODERNA”

Desde os tempos do Iluminismo e durante toda a idade


moderna, os estudiosos estavam aguardando que a religião
desaparecesse; isso, de fato, não aconteceu, mas o século XX
presenciou um novo tipo de conflito teológico, entre os chamados
modernistas e os fundamentalistas.

Os modernistas venceram a luta, tomaram conta das estruturas


denominacionais da maioria das igrejas importantes, incluindo
seminários, e desde então, vêm “desmitologizando” a Bíblia no
esforço de tornar o Cristianismo “agradável” à mentalidade do século
XX.

➔ Procura-se viver uma espiritualidade sem verdade.

Os liberais organizaram sua teologia para acomodar o


pensamento e a cultura moderra, tirando a igreja de sua preocupação
com uma salvação extraterrena espiritual levando-a a uma
preocupação com os problemas concretos da sociedade. A
preocupação tradicional com vistas à espiritualidade se alterou para
uma psicologia, usando os mesmos métodos dos cientistas sociais
seculares.

➔ Quando não existem verdades absolutas, o intelecto dá


lugar à vontade. Critérios estéticos substituem critérios
racionais.

Outro fator muito importante a ser destacado é o fato da


moralidade. Para os pós-modernistas, a moralidade, como a religião,

26
é questão de desejo. O que eu quero e o que eu escolho não só é
“verdade” (para mim), mas é “certo” (para mim).

Os pós-modernistas defendem seus direitos de fazer o que


querem como entendem que devem fazer.

AS NOVAS RELIGIÕES

O pós-modernismo gerou novas religiões, e trouxe consigo


urna espécie de reavivamento do paganismo medieval. As religiões
de mistérios hoje são buscadas por um público cada vez maior de
interessados, é uma espécie de volta à "idade das trevas".

No Livro "A AMEAÇA PAGÔ de Peter Jones, Parte I (p. 25-28),


“A ORIGEM E O PROPÓSITO DA NOVA ESPIRITUALIDADE”, tem
o seguinte comentário:

"No dia 3 de novembro de 1992 o povo dos Estados


Unidos elegeu para a posição mais poderosa do planeta
um presidente que havia fumado maconha, fugido do
serviço militar obrigatório, e sustentado a moral sexual da
revolução hippie. Aqueles contra as instituições
governamentais, os filhos do 'flower-power', entraram nos
corredores do poder político nos anos 90. A política nunca
mais seria a mesma...

Místicos da Nova Era como Ferguson e Capra analisam


o impacto dos anos 60 com uma fria exatidão. Ferguson
diz que 'os valores que haviam estimulado o
movimento dos anos 60 não poderiam ser
institucionalizados sem uma mudança nos conceitos
culturais. Assim como a consciência muda, o mundo

27
muda. A mudança ocorreu. Os americanos não somente
toleram, mas institucionalizaram o divórcio, o aborto, o
homossexualismo e o feminismo. Isso ocorreu porque a
consciência religiosa da América mudou.

É A NOSSA VEZ, proclamaram o Presidente e a senhora


Clinton ao entrarem na Casa Branca. Mas é a vez de
quem exatamente?

NOSSA VEZ. Marianne WillIamson é uma seguidora e


propagadora da Nova Era......

NOSSA VEZ. Jean Houston, uma guru feminista da Nova


Era, e a co-fundadora da Fundação para Pesquisa da
Mente. Membro da comissão dos diretores do Templo do
Conhecimento que está conectado com a oculta
Sociedade Teosófica e cujo objetivo é a promoção de
uma religião mundial única.......

NOSSA VEZ. E a indicação de 27 homossexuais


praticantes na administração Clinton; por trás deles está
a subida ao poder da bancada homossexual em todas as
áreas da sociedade, incluindo as principais igrejas....

NOSSA VEZ. São as forças pró-escolha do aborto se


fortalecendo. O movimento assegurou que o presidente
cancelaria um projeto de lei de 1996, declarando ilegais
os horrendos, procedimentos conhecidos como abortos
parciais....

NOSSA VEZ. São as feministas radicais em volta da


primeira dama. A influência delas monopolizou a

28
representação norte-americana tanto na Conferencia das
Nações Unidas sobre a população do Mundo (Cairo
1993), como em Beijing na Conferência sobre as
Mulheres em 1995...

NOSSA VEZ. São os 21 administradores da Casa Branca


que entraram em um programa especial de testes por
causa de recente uso ilegal de drogas. Das deturpadas
margens da sociedade até as minúsculas elites
intelectuais, essa nova visão do mundo tem avançado
nos últimos quatro anos...."

Os efeitos na igreja são nefastos. Há um novo desafio


para o povo de Deus, o nível de guerra espiritual é altíssimo, o
confronto, inevitável; é preciso conhecer este tempo para que
o Cristianismo opere de uma maneira eficaz no
estabelecimento do Reino de Deus.

O pastor Ricardo Gondim, no seu livro: “FIM DE MILÊNIO: Os


Perigos e Desafios da pós-modernidade na Igreja”, no capítulo: “AS
PRESSÕES DA PÓS-MODERNIDADE NA IGREJA”, diz o seguinte:
(p.10)

"Recentemente a rede ABC, uma das três maiores


cadeias de televisão dos Estados Unidos, realizou um
programa especial sobre o crescimento das igrejas na
América. Peter Jennings, âncora do programa, abriu a
reportagem avisando que iria mostrar a luta das igrejas
para 'sobreviverem no mercado’. A reportagem mostrou
duas faces do evangelicalismo norte-americano.
Primeiro, a Willow Creek Commmunity Church,

29
pastoreada pelo amigo do presidente Clinton, Bill Hibeis
e depois a Toronto Airport Vinneyard pastoreada por John
Arnott e pertencente ao movimento das igrejas Vinneyard
lideradas por John Wuimber. A primeira, uma igreja rica e
tradicional, orientada para jovens yuppies e a segunda,
uma comunidade neopentecostal voltada para o
'mercado' místico.

Hibeis adequou sua igreja às necessidades do mercado.


Primeiro, pesquisou na zona mais rica de Chicago para
descobrir qual o tipo de igreja aquele segmento desejaria
freqüentar. Descobriu que a maioria ansiava por um
espaço light, sem legalismos, com uma abordagem bem
descontraída e com muita programação e pouca falação.
Assim, ele começou uma igreja em que o púlpito foi
trocado pelo palco, o sermão virou uma encenação
teatral, o louvor transformou-se em um show. Os bancos
de veludo da Willow Creek Community Church juntam
hoje, mais de 30.000 pessoas dominicalmente, todos em
busca de um ambiente descontraído, que fale de Deus,
mas sem a atitude culpabilizante das igrejas do passado.
Em Toronto, a Airport Vinneyard, tornou-se mundialmente
famosa. O pastor local, inicialmente com a aprovação de
Wimber, (hoje essa Igreja foi expulsa das Igrejas
Vinneyard) começou a teologizar sobre o 'gozo do
Senhor’. Trouxe um sul-africano neopentecostal (estudou
na escola teológica de Kenneth Hagin) chamado de
Rodney Woward-Browne para falar sobre o assunto e
explodiram as manifestações de pessoas rindo, rolando

30
pelo chão, e urrando como animais. A reputação do que
ocorria ali se espalhou pelo mundo todo, principalmente
pela Europa, e de repente, milhares de cristãos
peregrinavam até Toronto para participar e ver com os
próprios olhos o que chamavam de 'Toronto blessing’
conhecida no Brasil como o 'gozo do Senhor":

O PLURALISMO FORÇA AS IGREJAS A SE ADAPTAREM

O pluralismo é uma das principais vertentes da sociedade pós-


moderna. Na pós-modernidade há uma pluralidade de visões, estilos
de vida, valores e credos. A pluralidade força as pessoas a entrar em
contato com outras culturas. Na modernidade, esse contato era
pacífico e se respeitavam as pessoas com diferentes modos de vida.
Na pós-modernidade esse contato passou a ser mais traumático e às
vezes violento.

No pluralismo da pós-modernidade, as igrejas não são mais


toleradas no exercício das funções religiosas de antigamente. A
sociedade plural vem paulatinamente se mostrando restritiva.
Ao mesmo tempo em que ela afirma a liberdade de cada um,
restringe o direito à liberdade daqueles que desejam impor seus
ideais e pensamentos aos outros.

A IGREJA PERDE O MONOPÓLIO DA COSMOVISÃO

A religião detinha há séculos o direito de fornecer à maioria da


humanidade uma visão e explicação do universo. Os homens
buscavam na religião as respostas para as questões da vida.

No contexto atual, a religião é apenas mais uma instituição. No


passado os próprios prédios das igrejas ostentavam grandeza com

31
suas torres e pináculos apontando para os céus, hoje se procura
"empurrar" as igrejas para os lugares mais "neutros" possíveis, para
que o espaço da fé seja um espaço comum como os demais.

A igreja foi afetada pela tendência pós-moderna em termos de


arquitetura, dependendo de gostos e escolhas de cada um.

É GERADA NA RELIGIÃO UMA MENTALIDADE DE MERCADO

Peter Berger (livro do Pr. Ricardo Gondim - p. 69) diz que:

“...onde vários produtos são ofertados obedecendo as leis


de compra e venda... a religião participa do mercado, e
para sobreviver precisa passar por adaptações
constantes. No mercado o cliente sempre tem razão, e
como o gosto dos clientes muda rapidamente, a
mentalidade mercantil da igreja, força que ela se adapte
aos sabores dos novos modismos eclesiásticos e tantos
novos ventos de doutrina: uma necessidade de agradar o
cristão como se fosse um cliente.”

No desejo de agradar o “mercado”, a igreja busca um diálogo


cultural que muitas vezes fere seus princípios e a própria Palavra de
Deus.

Hoje, muitos pastores têm participado de cursos com


executivos para aprenderem as técnicas de marketing, buscando
estratégias mercadológicas para serem aplicadas em seus
"negócios" (ministérios), esse é o resultado da disputa por “clientes”.

O pós-modernismo produziu crentes superficiais que não se


comprometem com uma causa e andam sempre em busca da “última
novidade”.

32
Para “preservarem seus rebanhos da concorrência”, pastores
“lutam”. Quanto mais se disputa os mesmos crentes, mais cai o nível
dos sermões, porque o importante neste tipo de mentalidade é o de
“manter a casa cheia”.

O CRENTE NO MUNDO ATUAL FICA CONDENADO AO


RELATIVISMO

No pluralismo, a cosmovisão religiosa não pode ser imposta,


ela participa da sociedade como mais uma opção entre muitas.
Todas as visões são verdadeiras, desde que nenhuma se imponha
sobre a outra.

Na pós-modernidade impera a indecisão e a dúvida. Ninguém


tem certeza para assumir uma postura ou defender qualquer ideia. O
relativismo assume diferentes formas, mas a idéia central é que "o
que é bom e certo para você, talvez não seja bom e certo para mim".
Pode se manifestar sob a forma de relativismo cultural, relativismo
ético ou relativismo de costumes pessoais.

Não existem padrões objetivos, verdade ou justiça para o


relativismo - tudo é relativo.

O LIBERALISMO É PRESENTE

O liberalismo permite que as pessoas criem seus próprios


padrões e valores e os expressem através de palavras e atos sem
qualquer preocupação com os princípios, mandamentos e regras
convencionais. Tudo o que se tem de fazer é confiar no próprio
discernimento para decidir entre o que é e o que não é eticamente
correto.

33
O EXISTENCIALISMO

Da mesma forma que o liberalismo, o existencialismo repele


tudo o que possa ser considerado como verdades morais abstratas
concedidas por Deus, em favor da existência humana, assim como
os valores éticos resultantes. O existencialismo prega que as
pessoas como indivíduos são absolutamente livres e devem criar
seus próprios valores a seu exclusivo critério. Para que possamos
escolher livremente, devemos ouvir nossa consciência interior
(irracional) e nunca a razão, pois esta conduz apenas a decepções e
controvérsias.

O PRAGMATSMO

O pragmatismo afirma que tudo que traz satisfação e tudo que


funciona é correto e bom. Representa uma das principais inspirações
da cultura ocidental e da era tecnocientífica. Para o pragmático, os
fins justificam os meios.

34
CONTEXTUALIZACÃO: OS DESAFIOS
TEOLÓGICOS DA PÓS- MODERNIDADE

De muitas maneiras, a igreja, não pode deixar de ser apanhada


nas mudanças pós-modernas. Como vimos anteriormente a
sociedade pós-moderna é altamente segmentada, com diferentes
grupos se fragmentando em suas próprias subculturas. Como
exemplo, dentro do próprio meio cristão temos visto que, eles têm
suas próprias escolas, suas próprias faculdades, suas próprias
livrarias, sua própria indústria do entretenimento e sua própria mídia.
Os pós-modernistas reivindicam que, como não pode haver um
consenso universal, as pessoas que compartilham uma mesma
linguagem e visão de mundo devem formar suas próprias
comunidades auto-suficientes. E isso está realmente acontecendo no
Cristianismo contemporâneo.

A pós-modernidade esvaziou a religião formal, mas não


conseguiu matar a sede de espiritualidade das pessoas. Ciente de
que não há céu, nem Deus, o homem pós-moderno não entende por
que não consegue erradicar o vazio espiritual de sua alma.
Novamente volta-se para o passado, questionando-se. perdeu
alguma coisa importante ao varrer o misticismo do seu conceito de
vida. Tenta redescobrir urna espiritualidade no paganismo medieval,
chamada hoje de Nova Era.

Como a pós-modernidade sepultou a religião formal, o pós-


moderno vive a ambigüidade de ter sede no transcendente, sem

35
querer valer-se de valores sobrenaturais, dando ao psicológico,
valores religiosos.

A Modernidade aconteceu também na esfera sociológica,


trazendo como conseqüência a SECULARIZAÇÃO, que segundo
estudiosos, fica descartada a existência de Deus corno ser
transcendente que tem poder para atuar na história e na natureza; a
PRIVATIZAÇÃO, que é o processo pelo qual a modernidade produziu
um abismo entre a esfera pública e privada e a PLURALIZAÇÃO, que
com a sociedade industrial voltada para oferecer o maior numero de
bens e produtos, numa velocidade produtiva elevada, foi responsável
por todas as elevações do padrão e da qualidade de vida nos países
desenvolvidos. Com isto, alterou e esvaziou três pilastras da
sociedade: o convívio, as relações humanas e a percepção da ética.

Quando analisamos a influência do tempo nas relações


humanas, exemplificamos que, entre 1500 e 1840, a melhor média
de velocidade das carruagens e dos barcos a vela era de 16km/h. Já
em 1850 a 1930 as locomotivas a vapor alcançavam em média 100
km/h e os barcos a vapor, 57 km/h. Logo depois, em 1950, os aviões
a propulsão chegavam entre 480 a 640 km/h. Na década de 60, os
jatos de passageiros já atingiam a velocidade de até 1.000 km/h.
Esse avanço espantoso na conquista dos espaços e do tempo fez
parecer que a terra encolhia, as pessoas necessitavam se
redirnensionar para conviver com tamanha rapidez de mudanças;
adaptar-se a relacionamentos fugazes, sem raízes.

Na pós-modernidade as pessoas acreditam que podem mudar


seus relacionamentos na mesma freqüência como se atualiza o
mundo da moda e como oscilam as bolsas de valores de Nova lorque
ou Tóquio. Assim, o homem pós-moderno se encontra com o
36
paradoxo máximo. Está só e não gosta, mas por outro lado não sabe
como desenvolver amizades sólidas. Não confia em ninguém porque
todos querem levar vantagem. Arrasado, joga-se de volta no ciclo
vicioso de tentar fazer novas amizades, simplesmente para descobrir
que à medida que troca de amigos, mais se encontra solitário.

As igrejas do passado funcionavam, mais ou menos, como


centros comunitários nas pequenas cidades e bairros onde se
instalavam. Lá, as pessoas se encontravam, desenvolviam um
ambiente de aconchego. Divertiam-se, tinham sonhos comuns,
namoravam e se casavam.

Hoje, as grandes igrejas agregam pessoas não só do bairro,


mas de toda a cidade. Pessoas habituadas a relacionamentos
fugazes, desacostumadas a um contato mais pessoal, ariscas para
não se exporem.

Para o homem urbano, o encontro sexual não pode ser mais


desprotegido; as negociações precisam de assessoria de um
advogado experiente; não se deve mais contentar com apenas uma
consulta médica, deve-se procurar uma segunda opinião; e, ninguém
deve frequentar uma igreja sem antes se certificar de que seu pastor
não é um oportunista.

As igrejas gradativamente se convertem “de centros


comunitários” em “centros de autoajuda”. O fim disto tudo é que
conseguem produzir momentos, apenas momentos, de júbilo,
alegria e sensações. Quando, porém, despedem as multidões,
jogam as pessoas de volta para a solidão e desespero de suas
vidas.

37
A igreja para ser autenticamente cristã e eficaz precisa
encarnar Cristo. Precisa se ver como a expressão do corpo de
Cristo na terra. Os membros devem desempenhar seus dons, e
Cristo, como cabeça deste corpo, fornece a liderança.

Enquanto as comunidades estiverem centradas nas


institucionalizações, nos programas e em ativismo, a igreja
permanecerá atraindo as pessoas, mas falhará em promover um
ambiente de relacionamentos profundos.

Hoje, o discipulado, é essencial para a própria


sobrevivência do Cristianismo. Fazer discípulos é a própria
preservação dos conteúdos principais da fé. O próprio Jesus calcou
Seu ministério em relacionamentos pessoais. Ele alcançava às
multidões, ministrando às necessidades de todos os que Lhe
procurassem no espaço público e impessoal, porém a grande parte
de Seu tempo foi investido com apenas um punhado de homens
e mulheres a quem chamou de discípulos, e jamais falhou em
procurar no diálogo pessoal estabelecer vínculos mais
permanentes com os indivíduos. Seus métodos evangelísticos
incluíam olhar o fundo dos olhos das pessoas.

Além das ministrações, também chamava seus discípulos


para descansar. Participou de casamentos com eles... Participou
de pescarias...

Para Jesus, o projeto do Reino de Deus, consistia muito em


estar junto, onde fortalecia o laço de submissão e prestação de
contas. Ele sabia que era impossível relacionamentos
duradouros e profundos sem compromissos formais.

38
Para se resgatar o discipulado no cristianismo atual, há
necessidade de se restabelecer nas igrejas, um CONCEITO DE
ALIANÇA. Como a igreja metaforicamente simboliza o
compromisso de uma noiva com o noivo, as pessoas devem
estar conscientes de que, ao se ligarem a qualquer comunidade
local, estão entrando numa aliança tão espiritualmente formal,
quanto um casamento, pois esta união está sendo ligada
também no Céu!

Para Paulo, o estabelecimento de uma liderança


devidamente discipulada, era mais importante do que
incrementar os esforços evangelísticos. Ele sabia que o sucesso
daquele empreendimento só teria continuidade através de
pessoas trabalhadas nos relacionamentos, no caráter e
submissão.

Em II Timóteo 2: 2, vemos que o discipulado deve ser a coluna


vertebral da vida da igreja. "E o que de mim, entre muitas
testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam
idôneos para também ensinarem a outros".

A igreja sofre inúmeras pressões na pós-modernidade,


uma delas, é a de gerar na religião uma mentalidade de mercado,
e para sobreviver, precisa passar por adaptações constantes. No
mercado o cliente sempre tem razão, e como o gosto dos clientes
muda rapidamente, a mentalidade mercantil da igreja, força que ela
se adapte ao sabor dos novos ventos. Entende-se porquê tantos
modismos eclesiásticos e tantos novos ventos de doutrina: uma
necessidade de agradar o cristão como se fosse um cliente e
pior, a concorrência determina o preço. Quanto mais gente

39
disputando os mesmos crentes, menos exigentes se tomam os
sermões. O importante é manter a casa cheia.

O mercado fornecendo a agenda das igrejas; os indivíduos


são ensinados a buscar nas escrituras o que lhes faz bem.
Assim, pode-se compreender por que tantas pessoas viciaram-se
nas "Caixinhas de Promessas"; abrem as suas bíblias por acaso,
buscando, por sorte, tirar uma palavra do Senhor para suas vidas e
pior, correm de monte em monte querendo um toque do sobrenatural.
A falta de firmeza doutrinária faz com que o crente pós-moderno
facilmente sincretize a sua fé.

A igreja deve-se entender como um organismo vivo e,


portanto, único, e não mais uma instituição na disputa do mercado.
Suas afirmações vêm do coração de Deus e não de sua
compreensão dos nichos de mercado.

Com essa identidade firmada em Deus não precisa se sentir


acuada pelas forças do pluralismo e nem do mercado, ela tira a sua
identidade de Deus. O crescimento torna-se fim e não meio, as outras
comunidades não são concorrentes e sim coirmãs e o mundo, lugar
de missão, não de negócios.

A igreja deve recordar que Jesus a fundou com pessoas


diferentes e que nunca forçou uma massificação e homogeneidade
dos Seus discípulos.

O discipulador deve produzir nos crentes convicções


pessoais e solidamente estabelecidas nas escrituras. O perfil dos
cristãos da pós-modernidade é andar “de moda em moda”.

➔ E necessário reavivar a busca da verdade espiritual.

40
O homem pós-moderno tem hoje um acesso a um volume
enorme de informações tecnológicas, científicas, religiosas, como
nunca aconteceu na história. Essa é a primeira geração que dispõe
de computador ligado, via internet, às grandes bibliotecas do mundo,
que pode acessar mais de uma centena de canais de televisão via
cabo. Esta é a primeira geração educada, não pela escrita, mas
pelo áudio visual. Isto tudo promove uma verdadeira revolução.

O grande acesso de informações tornou o homem pós-


moderno num “viciado em notícias”. Dificilmente as pessoas
conseguem passar um dia sequer sem folhear um jornal, uma revista
ou assistir o noticiário pela televisão.

O crente se habituou com evangelistas que assiste na


televisão, com a “diversificação”, exigindo isso da sua comunidade.
Essa busca constante pelo novo faz com que o crente pós-moderno
se frustre ao freqüentar uma igreja comprometida com a bíblia e cujo
pastor tenha a visão de manter sua igreja fiel à doutrina dos
apóstolos. Essa procura de novidades pode gerar uma porção de
efeitos colaterais na igreja. Uma delas é a enorme pressão que gera
sobre o pastor, gera também cristãos sem profundidade e vicia as
pessoas em um conhecimento sensorial.

A igreja deve ter um compromisso com a palavra e com a


verdade. Na busca pelo inédito, não se pode deixar quase dois mil
anos de história para trás. Deve existir um avivamento de amor à
antiga arte de pregar a Palavra de Deus com unção e com poder.

A pressão sofrida pelo Pastor pela pós-modernidade faz


com que ele se sinta acuado, pois exerce uma profissão
considerada irrelevante para a sociedade. Com o avanço científico

41
na busca objetiva da verdade, que podia ser testada e verificada, em
lugar da fé, a religião foi departamentalizada como um esforço dos
fracassados para supersticiosamente controlar o desconhecido.

Assim, o pastor na ótica do pós-moderno é aquele que


'fatura' em cima dessa ignorância. Seu trabalho consiste em
confirmar o obscurantismo dos incautos que dependem do
sobrenatural para sobreviver.

Este corre risco de comparação, competindo com os colegas


pastores; o risco da elitização cultural, que pelo fato de sua formação
teológica não ser aceita pelo ministério da educação, pressiona-o a
querer fazer algum tipo de curso que lhe dê o status para ser aceito
na sociedade; o risco da profissionalização, fazendo com que os
líderes queiram se afirmar utilizando de títulos profissionais, como
executivos e também utilizando literaturas seculares para administrar
a igreja; corre também o risco de se tornar construtor de
monumentos, fazendo das igrejas, verdadeiros palácios; o risco da
política eclesiástica faz com que as igrejas se transformem numa
arena política em que os cargos, as eleições e a responsabilidade de
suas nomeações, farão dele o homem público que poderia ter sido
no mundo secular.

A bíblia é clara quando afirma que os ministérios são presentes


de Deus à sua igreja, deve ser visto como oportunidade de servir e
não de se autoafirmar.

Há uma diferença fundamental entre o evangelho que se


prega no ambiente da pós-modernidade e o da igreja primitiva.
Como nos dias dos apóstolos havia muita perseguição,
converter-se significava colocar a cabeça, a família e os amigos

42
“a prêmio”. Hoje, por mais que se prometa que Deus resolverá
todos os problemas e que as pessoas alcançarão a autêntica
felicidade, as multidões permanecem passivas diante da
pregação do evangelho.

A mensagem da cruz que leva o pecador ao


arrependimento, quebrantamento e salvação estão sendo
substituídos pela mensagem do "conforto". Há uma preocupação
de muitos líderes em não ofenderem “seus rebanhos", ao invés de
uma pregação bíblica profética que chame os pecadores ao
arrependimento, pregam uma mensagem "água com açúcar", para
agradar os seus "clientes" e não trazerem um desconforto aos
mesmos com medo de perdê-los. Isso ocorre porque as pessoas hoje
não estão muito interessadas no céu e sim em saúde e prosperidade
agora, a igreja é vista mais como um lugar de "terapia", que uma
reunião de salvos que adoram a Deus. Muitos teólogos dizem que:
“a teologia da cruz foi substituída pela teologia da glória”. Martinho
Lutero já tinha antevisto este grande problema, e entre os teólogos
modernos, Charles Colson, que inclusive diz: “as teologias da
'religião vida mansa' e a capitulação à cultura popular do Mclgreja,
dilui a mensagem, altera o caráter da igreja, perverte o evangelho e
desfaz a autoridade da igreja”. (COLSON, pp.44-47)

O papel da cruz é mostrar às pessoas o quanto Deus nos ama


e quer que imitemos o amor e compaixão de Cristo. Hoje os valores
foram invertidos e não se perguntam: “Como eu posso ser salvo?” E
sim: “Como eu posso ser feliz?”

O evangelho humanista é sempre limitado. Ele promete o


céu. mas não o reino. Jesus é conhecido como Salvador, mas

43
não como Senhor. Ele gera consumidores de religião e não
servos. Deus é servido pelo que dá e não por quem É.

No tempo dos juízes houve na bíblia um homem chamado Mica


(Juízes 17) cuja história retrata bem o evangelho humanista dos dias
atuais. Ele roubara o dinheiro de sua mãe e quando soube que ela
deitava maldições por aquele dinheiro, procurou devolver. Sua mãe
o abençoou pelo gesto e entregou o dinheiro na mão dos ourives.
Tanto ela como Mica queriam montar uma igreja particular. Para isto,
precisavam de ídolos, de uma estola sacerdotal e de um sacerdote
que os representassem diante de Deus. Depois de montado o templo
particular, chamaram o filho de Mica que desempenhasse o ofício
sacerdotal. O texto silencia o porquê o garoto não deu certo, mas
logo vinha passando por ali um levita, vindo de Belém de Judá, que
fora consagrado como levita.

Mica ofereceu-lhe dez moedas de prata, vestuário e todo o


sustento necessário e o jovem consentiu em ficar com aquele homem
e lhe ter por pai e por sacerdote. A conclusão do capítulo não deixa
dúvidas quanto às intenções de Mica, ele não queria servir a Deus e
sim, ser servido por Ele.

(GENE p. 216)

“Os cristãos pós-modernos não devem esperar se dar


bem nas mãos dos pós-modernistas. Os cristãos
serão denunciados por 'pensar que possuem a única
verdade’. Serão condenados por sua intolerância,
por 'tentarem forçar suas crenças em todo mundo’.
Os cristãos já podem esperar ser excluídos quando
os pós-modernistas clamam por tolerância e

44
pluralismo. Com a cultura se tomando cada vez mais
sem lei e brutal, os cristãos poderão até provar a
perseguição. A igreja poderá crescer ou não em tal
clima.... mas a igreja de Jesus Cristo não pode ser
vencida pelas portas do inferno muito menos por uma
cultura.”

45
CONCLUSÃO
"Quando os fundamentos são destruídos, que pode fazer o
justo?" (Salmos 11:3).

Nossa época vem se ocupando na destruição dos fundamentos


e na tentativa de erguer algum fundamento por cima do entulho do
que foi derrubado.

O que vemos hoje é a rejeição dos Fundamentos divinos, os


princípios estabelecidos por Deus e registrados nas Escrituras
Sagradas.

Embora vivamos na era das "Megaigrejas", e do movimento de


crescimento de igrejas, há um declínio espiritual com relação ao
compromisso cristão com as doutrinas bíblicas.

Este período conhecido como pós-modernidade é um tempo de


"Espiritualidade sem Verdade" (Nova Era).

A Pós-Modernidade é marcada por "muitos deuses", mas,


sem ABSOLUTOS. A Pós-Modernidade é conhecida como uma
COSMOVISÃO DE TOLERÂNCIA, tolera "tudo", principalmente
“o Maligno”!

Quando não existem verdades absolutas, o intelecto (a alma)


dá lugar à vontade humana que está comprometida com a realidade
do tempo presente, que é uma realidade ateísta ou, politeísta, melhor
dizendo.

Como vimos em capítulo anterior, as pessoas não procuram


uma igreja por sua firmeza bíblico-doutrinária, e sim, se ela "resolve
os problemas"

46
Muitas igrejas estão sendo fundamentadas numa mensagem
mercantilista/capitalista (business, prosperidade, riquezas,
abundância etc.).

Em tais igrejas é proibido falar em Céu ou Inferno e muito


menos da CRUZ, pelo fato dela (a cruz) ser um instrumento de
"vergonha", "de morte", "de renúncia", "de humilhação" e "de
consagração". Os clientes (digo, membros) não podem ser
constrangidos com mensagens "pessimistas e condenatórias". Não
importa A VERDADE e sim O DESEJO. Interessante notar que,
Satanás seduz prometendo justamente aquilo de que as pessoas
gostam e o que querem. Ironicamente ele só pode dar o que elas não
querem, ou seja, O INFERNO.

Na Pós-Modernidade não importa a moralidade e sim, O


DESEJO. Para quê o casamento? Basta ficar “um com o outro” (é o
termo usado no momento para um relacionamento sem
compromissos).

A “moralidade do desejo” fez baderna com a sexualidade.

Tudo começou com ataque ao casamento, por exemplo:

• O amor livre;

• O divórcio;

• A pílula anticoncepcional;

• O paganismo tecno-erótico;

• Os relacionamentos sem compromissos;

• O sexo virtual (talvez a maior aberração gerada neste tempo de pós-


modernidade).
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Por conta de tudo isto, o mundo não sabe como fazer com:

• Os doentes contaminados pelos vírus HIV (Aids);

• Os órfãos sem pais e órfãos com os pais vivos, mas que não
conhecem ou não se dão a conhecer;

• O número gritante de meninas grávidas (algumas com 12 anos de


idade);

• O grande problema da pedofilia (neste tempo o prazer não tem


preço nem idade, é “o prazer pelo prazer”, uma das marcas da PÓS-
MODERNIDADE);

• As crianças que perderam a infância;

O grande desafio da Igreja de Jesus Cristo neste tempo de Pós-


modernidade é firmar-se na Palavra de Deus que diz:

"Os que de ti procederem edificarão as ruínas antigas, e tu


levantarás os fundamentos de muitas gerações, e serás
chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para
morar”. (lsaías 59:12).

No passado as pessoas discutiam sobre os temas:

• O que era certo ou errado;

• O que era verdadeiro ou falso etc.

Existe uma tentação que precisa ser vencida, que é chamada


de Hedonismo Espiritual (fábrica de emoções, experiências
místicas em excesso para agradar pessoas), isto é Nova Era,
religião de mistérios.

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Crer também é pensar, a Palavra de Deus orienta a
oferecermos a Deus um Culto Racional (Romanos 12: 1-2).

Restaurar significa, trazer o original de volta, um trabalho que


leva tempo e tem custo e exige paciência.

Para viver uma vida vitoriosa na Cosmovisão da Pós-


modernidade precisamos aplicar a contracultura cristã, que nos
orienta a reconstruirmos as ruínas (o que foi derrubado), com a
cultura do Reino, como por exemplo:

• Vida espiritual sincera (por temor a Deus e não por moeda de troca,
barganha).

• Vida familiar segundo os padrões bíblicos (esposo-esposa, pais e


filhos).

• Viver na íntegra os valores morais do Reino (certo-errado, verdade-


mentira). Ou seja> “sim, sim; não, não”.

• Ser responsável (responsabilidades) civil e socialmente.

• Ser um mordomo fiel com relação à produção e à propriedade


(trabalho e mordomia dos bens).

• Consciência de missão (viver no mundo sem ser mundano, ou seja,


viver no período da pós-modernidade, mas não se contaminando,
pelo contrário, buscando ser sal e luz).

Um trabalho a longo prazo (o tempo de mudança de uma


cosmovisão) por isso precisamos formar nossos filhos e
discípulos para darem prosseguimento. Nunca perder de vista o
Manual (A Palavra de Deus escrita e o Testemunho interior que existe

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dentro do coração de todo aquele que já nasceu de novo em Jesus
Cristo).

Ao estudarmos a História do Cristianismo podemos constatar


que em todas as épocas, nas diversas cosmovisões, sempre a Igreja
enfrentou UM DESAFIO, mas nunca foi vencida.

Cremos que tudo o que estamos vendo nos mostra o


cumprimento das Escrituras Sagradas com relação ao tempo do fim,
carece vigiarmos e como “A Geração Escolhida do Senhor”, devemos
nos levantar e assumir a posição de vencedores e não de vencidos.

Que Deus nos ajude. A Ele toda honra e toda a glória para
sempre, Amém!

Francisco Nicolau, apóstolo.

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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

SIRE, James W. O Universo ao lado. United Press, São Paulo,


2001.

DAMAZIO, Frank. Cruzando Rios Tomando Cidades. Editora


Quadrangular. São Paulo, 1999.

VEITH JR, Gene Edward. Tempos Pós-Modernos. Editora Cultura


Cristã. São Paulo, 1999.

JONES, Peter. A Ameaça Pagã. Editora Cultura Cristã. São Paulo,


2002.

LIPOVETSKY, Gilles. A Era do Vazio. Editora Manole. São Paulo,


2005.

GONDIN, Ricardo. Fim do Milênio: Os perigos e desafios da pós-


modernidade. Abba Press. São Paulo, 1996.

BIBLIA DE ESTUDOS EM CORES - João Ferreira de Almeida -


Versão Revisada. Juerp / Imprensa Bíblica Brasileira. Copyright
desta revisão por Bompastor Editora. EUA, 2000.

LAUSANNE, Série. Evangelho e o Homem Secularizado, ABU


Editora e Visão Mundial, São Paulo, 1985, pág. 11.

COLSON, The Body, p. 44-47. O termo "hot-tub religion" ("religião


vida mansa") vem de J. J. Packer.

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