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O Estado
Sua História e Desenvolvimento Vistos Sociologicamente
Franz Oppenheimer
1ª Edição
O Estado: Sua História e Desenvolvimento Vistos Sociologicamente
Franz Oppenheimer
Editora Konkin, 1ª Edição
Email: contato@editorakonkin.com.br
Título Original: Der Staat
Título em Inglês: The State: Its History and Development Viewed Sociologically
Coordenação Editorial
Alex Pereira de Souza
Tradução e Revisão
Alex Pereira de Souza, Gabriel Camargo, Hiel Estevão, José Aldemar, Vitor Gomes
Capa
Gabriel Teixeira Pereira
Diagramação
Alex Pereira de Souza
Licença
Domínio Público. Esse livro está livre de restrições de autor e de direitos conexos.
ISBN
978-65-999192-6-8 (versão impressa) | 978-65-999192-7-5 (versão digital)
Sumário
O Homem (1864—1943) ............................................................ 7
O Livro (1908/1929) ................................................................... 7
Prefácio do Autor à Segunda Edição Americana .......................11
Prefácio do Autor à Segunda Edição Alemã ............................. 21
Introdução ................................................................................. 25
(a) As Teorias do Estado ....................................................... 25
(b) A Ideia Sociológica do Estado......................................... 29
I. A Gênese do Estado ............................................................... 33
(a) Meios Políticos e Econômicos ........................................ 34
(b) Povos sem Estado: Caçadores e Agricultores ................. 36
(c) Povos precedendo o Estado: Pastores e Vikings ............. 39
(d) A Gênese do Estado ......................................................... 49
II. O Estado Feudal Primitivo ................................................... 67
(a) A Forma de Domínio ....................................................... 67
(b) A Integração .................................................................... 70
(c) A Diferenciação: Teorias de Grupo e Psicologia de Grupo
.............................................................................................. 72
(d) O Estado Feudal Primitivo de Grau Superior ................. 79
III. O Estado Marítimo.............................................................. 89
(a) Comércio nos Tempos Pré-Históricos ............................. 89
(b) O Comércio e o Estado Primitivo ................................... 97
(c) A Gênese do Estado Marítimo ....................................... 100
(d) A Essência e o Desfecho dos Estados Marítimos .......... 109
IV. O Desenvolvimento do Estado Feudal ...............................119
(a) A Gênese da Propriedade Fundiária ...............................119
(b) O Poder Central no Estado Feudal Primitivo ................ 123
(c) A Desintegração Política e Social do Estado Feudal
Primitivo .............................................................................. 128
(d) A Amalgamação Étnica .................................................. 141
(e) O Estado Feudal Desenvolvido...................................... 145
V. O Desenvolvimento do Estado Constitucional ................... 149
(a) A Emancipação do Campesinato.................................... 150
(b) A Gênese do Estado Industrial ....................................... 152
(c) As Influências da Economia Monetária ......................... 156
(d) O Estado Constitucional Moderno ................................ 163
VI. A Tendência do Desenvolvimento do Estado .................... 173
O Homem (1864—1943)
Franz Oppenheimer, um dos tantos médicos britânicos,
franceses e alemães que abandonaram suas atividades médicas e
ascenderam à fama como economistas políticos, nasceu em Berlim.
Estudou e praticou medicina, tornou-se professor particular de
Economia na Universidade de Berlim em 1909, e Professor de
Sociologia na Universidade de Frankfurt em 1919. Sua visão libertária
o fez, por muitos anos, alvo de perseguições acadêmicas, até que a fama
crescente de sua obra-prima, O Estado, efetivamente silenciou seus
detratores.
7
O Livro (1908/1929)
A história orgânica do estado* é uma longa e fascinante
aventura, geralmente tornada monótona em exposições eruditas. Não é
assim em O Estado, de Oppenheimer, que extrai essa história de uma
maneira estimulante, das necessidades agudas e conflitos homicidas de
todos os tipos e condições dos homens, da Idade da Pedra até a Era de
Henry Ford. O suave fluxo de informações importantes derivadas deste
volume alemão tornou-o altamente receptível aos leitores.
9
Prefácio do Autor à
Segunda Edição Americana
Este pequeno livro encontrou o seu caminho. Além da presente
tradução para o inglês, existem edições autorizadas em francês, húngaro
e sérvio. Também fui informado de que há traduções publicadas em
japonês, russo, hebraico e iídiche; mas estas, é claro, são piratas. O livro
resistiu ao teste da crítica e foi julgado favoravelmente e
desfavoravelmente. Reacendeu, inquestionavelmente, a discussão sobre
a origem e a essência do estado.
11
neste livro) surgiu pela primeira vez e só poderia se originar no período
de migração e conquista”, segundo o qual a subjugação de um povo por
outro foi efetuada.
12
competição que se seguiu. A razão coletiva, produto da sabedoria de
milhares de anos de experiência, não poderia mais guiá-lo ou protegê-
lo. Ficou espalhado. Dessa necessidade de uma razão individual, surgiu
a ideia do nacionalismo. Essa ideia teve sua justificativa a princípio,
como uma linha de desenvolvimento e um método na nascente ciência
do governo social; mas quando mais tarde se tornou o que Rubenstein
(em sua obra Romantic Socialism) chama de uma “tendência”, não se
justificou.
13
Mas estaríamos errados se acreditássemos que esta tese foi
originalmente concebida como um relato histórico. O racionalismo é
essencialmente a-histórico, até mesmo anti-histórico. Pelo contrário, a
tese foi originalmente apresentada como uma “ficção”, uma teoria, uma
suposição conscientemente a-histórica. Nesta forma, adquiriu o nome
de lei natural. Foi sob esse nome que surgiu no pensamento moderno,
tingido estoicamente em Grotius e Puffendorf, e de maneira epicurista
em Hobbes. Tornou-se a arma operativa do pensamento entre o
crescente terceiro estado dos capitalistas.
14
Robert Malthus aplicou essa suposta lei ao futuro, em sua
tentativa de demonstrar que qualquer tipo de socialismo é puramente
utópico. Sua célebre Lei da População nada mais é do que a lei da
acumulação original projetada no futuro. Ele afirma que se qualquer
tentativa fosse feita para restaurar o estado de igualdade econômica, o
funcionamento da lei teria o efeito — por causa da diferença na
eficiência econômica — de restaurar as condições de classe modernas.
Toda sociologia ortodoxa começa com a luta contra essa suposta lei das
formações de classes.
15
As conclusões tiradas dela foram levadas adiante pelo discípulo
de St. Simon, Auguste Comte, em seu Philosophy of History, e pelos
saint-simonistas, Enfantin e Bazard. Esses pensadores tiveram grande
influência no desenvolvimento econômico do século seguinte; mas sua
principal contribuição foi a elaboração da ideia sociológica do estado.
16
despovoado. Ao final do período restavam algumas cidades e pequenos
estados sob o domínio absoluto dos príncipes. Dentro das cidades, os
artesãos estavam unidos em suas ligas de artesanato, e o restante
consistia em atividades educacionais e oficiais acadêmicos.
17
e influenciou gerações de pensadores. Veio para Paris, ainda jovem,
com o propósito de estudar o Socialismo na nascente. Ele conheceu os
homens célebres daquela época heróica — com Enfintin e Bazard, com
Louis Blanc, Reybaud e Proudhon.
18
produto dos processos da lei natural, só poderia ser realizado pela
eliminação de toda “mais-valia”. Embora ambos estivessem em conflito
com relação aos fundamentos, ambos concordavam em ver o “Estado”
como civitas diaboli e a “Sociedade” como civitas dei.
19
Neste pequeno livro, segui a terminologia da Europa Ocidental.
Por “Estado”, não quero dizer a agregação humana que porventura
venha a ser, ou, como deve ser propriamente. Quero dizer com isso
aquela soma de privilégios e posições dominantes que são criadas pelo
poder extraeconômico. E, em contraste com isso, entendo por
Sociedade a totalidade dos conceitos de todas as relações e instituições
puramente naturais entre homem e homem, que não serão plenamente
realizadas até que o último remanescente das criações das bárbaras
“eras de conquista e migração”, tenha sido eliminado da vida em
comunidade.
Franz Oppenheimer
20
Prefácio do Autor à
Segunda Edição Alemã
Este pequeno livro apareceu pela primeira vez em 1909 como
uma versão expandida de um ensaio previamente publicado na “Neuen
Rundschau”. Fez um tanto de sucesso, e não somente em alemão, mas
também apareceu em traduções autorizadas em língua inglesa, francesa
e sérvia. A edição inglesa de 1914 que foi impressa nos EUA teve sua
segunda edição em 1922. O livro foi publicado em húngaro sem minha
autorização, e, até onde sei, foi publicado integralmente ou somente em
partes no japonês, russo, hebraico e iídiche. Somente o editor da versão
em húngaro se prontificou a me enviar um exemplar físico.
21
velho professor quando com ele me encontrei. Eu fui um completo
autodidata na produção de grande parte de minha obra tardia!
Desse modo, como já foi dito, a maior parte dessa pequena edição
foi colocada na edição ampliada de der Staat, com a última edição
chegando a seu fim, considerei seriamente a questão sobre se deveria
sequer publicar o livro em sua antiga forma novamente. Decidi fazer
isso por uma série de motivos: porque a versão maior, com suas 860
páginas, é de um calibre muito pesado para o grande público leitor, e
porque infelizmente é muito cara, pelo menos para muitos leitores
alemães de hoje. Além do mais, também porque algumas partes desta
edição menor de der Staat entraram não na outra edição, mas sim na
primeira parte de meu System, na sociologia geral.
22
desenvolvido: estado servil (Lehenstaat), estado estamental
(Ständenstaat), estado constitucional absoluto e moderno; e,
finalmente, encontra um retrato muito mais detalhado da futura
“sociedade sem classes”, rumo a qual, se minha visão estiver correta, a
tendência social está se impulsionando: todas as coisas as quais somente
neste esboço poderiam ser implicadas.
Franz Oppenheimer
Frankfurt-am-Main, 1º de novembro de 1928
23
Introdução
Este tratado diz respeito somente ao estado histórico. Não fala dos
estados animais, que recaem sob a zoologia e psicologia animal,
tampouco dos assim chamados “estados” do tempo pré-histórico, com
os quais a historiografia pré-histórica e a etnologia têm de lidar. Sobre
essa “organização tribal”, falou Wilhelm Wundt: “Não é nem sequer
uma ordem de estado com desenvolvimento incompleto, mas sim algo
completamente diferente.”1
Este tratado, além do mais, não fala sobre “os” estados — eles
são objeto da história —, mas sim “do” estado: perpassa-o enquanto um
fenômeno social geral em seu surgimento e desenvolvimento até sua
forma de Estado Constitucional Moderno; e visa tentar alcançar, com
isso, uma previsão razoável de seu desenvolvimento futuro. Isso quer
dizer: olhar para o estado do ponto de vista do sociólogo. Não do ponto
de vista do filósofo: pois ele só está interessado em como deveria ser o
estado. Sobre o estado como ele foi e como ele é, o Estado Histórico,
diz, por exemplo, B. Fichte: “Não interessa aos esclarecidos.” Também
não do ponto de vista do jurista: pois ele só está interessado em sua
forma externa, enquanto o sociólogo anseia por entender o conteúdo e
a vida da sociedade de estado.
Por esta razão, toda doutrina de direito público está excluída de
nossa consideração logo de início. Todavia, uma rápida visão geral das
teorias de estado propriamente ditas nos mostra que não deveríamos
esperar esclarecimento algum delas acerca da origem, natureza e
propósito do estado. Elas representam todas as sombras concebíveis
entre os extremos. Se, para Rousseau, o estado se origina de um contrato
social, mas, para Carey, surge de um bando de ladrões; se Platão e os
1
Wilh. Wundt, Elemente der Völkerpsychologie, Leipzig 1912. p. 301.
25
O Estado
26
Introdução
27
O Estado
2
“A história é incapaz de nos mostrar um povo em que os primeiros traços da
divisão do trabalho e da agricultura não coincidissem também com tal
exploração econômica, na qual o fardo do trabalho não recaísse sobre alguns e
o fruto do mesmo recaísse sobre outros, na qual, em outras palavras, a divisão
do trabalho não teria assumido a forma de um se submeter ao outro.”
(Rodbertus-Jagetzow, Beleucht. der soz. Frage. 2ª ed. Berlim 1890, p. 124).
29
O Estado
30
Introdução
31
O Estado
32
I
A Gênese do Estado
33
O Estado
3
Achelis, Die Ekstase in ihrer kulturellen Bedeutung, vol. 1 de Kulturprobleme
der Gegenwart, Berlim, 1902.
34
A Gênese do Estado
35
O Estado
4
Grosse, Formen der Familie. Freiburg e Leipzig, 1896, p. 39.
36
A Gênese do Estado
5
Ratzel, Völkerkunde. 2ª Edition. Leipzig e Viena, 1894-5, II, p. 372.
6
Die Soziale Verfassung des Inkareichs. Stuttgart, 1896, p. 51.
37
O Estado
7
Essa contradição psicológica, embora muitas vezes expressamente declarada,
não é a regra absoluta, Grosse, Forms of the Family, diz (p. 137): “Alguns
historiadores da civilização colocam o camponês em oposição aos nômades
guerreiros, alegando que os camponeses são pessoas amantes da paz. De fato,
não se pode afirmar que sua vida econômica os leve às guerras, ou os eduque
para ela, como se pode dizer dos criadores de gado. No entanto, encontra-se no
âmbito desta forma de cultivo uma massa dos povos mais guerreiros e cruéis
que se encontram em qualquer lugar. Os canibais selvagens do arquipélago de
Bismarck, os vitianos sedentos de sangue, os açougueiros de homens de
Daóme e dos axantes — todos eles cultivam os acres "pacíficos"; e se outros
camponeses não são tão ruins, parece que a disposição gentil da vasta massa
parece ser, no mínimo, questionável.”
38
A Gênese do Estado
39
O Estado
8
Siedlung und Agrarwesen der Westgermanen, etc. Berlim, 1895, I, p. 273.
9
l. c. I, p. 138.
10
Ratzel, l. c. I, p. 702.
40
A Gênese do Estado
11
Além disso, é crucial que em toda parte nessas sociedades os ricos sejam
forçados pela pressão da opinião pública a doar generosamente, e muitas vezes
excessivamente, até a ruína.
12
Ratzel, l. c. II, p. 555.
13
Ratzel, l. c. II, p. 555.
41
O Estado
14
Por exemplo, com os ovambo segundo Ratzel, l. c. II, p. 214, que em parte
“parecem ser encontrados na condição de escravos”, e de acordo com Laveleye
entre os antigos irlandeses (Fuidhirs).
15
Ratzel, l. c. I, p. 648.
16
Ratzel, l. c. II, p. 99.
42
A Gênese do Estado
17
Lippert, Kulturgeschichte der Menschheit. Stuttgart, 1886, II, p. 302.
18
Esta afirmação de Lippert não é totalmente correta. Os caçadores e pescadores
domiciliados mais desenvolvidos do noroeste da América têm nobres e
escravos.
19
Lippert, l. c. II, p. 522.
43
O Estado
20
Römische Geschichte. 6ª edição. Berlim, 1874, I, p. 17.
21
Ratzel, l. c. II, p. 518.
22
Ratzel, l. c. I, p. 425.
44
A Gênese do Estado
23
Ratzel, l. c. II, p. 545.
45
O Estado
24
Ratzel, l. c. II, pp. 390-1.
46
A Gênese do Estado
25
Ratzel, l. c. II, pp. 390-1.
26
Lippert, l. c. I, p. 471.
27
Kulischer, “Zur Entwicklungsgeschichte des Kapitelzinses.” Jahrbücher für
National Ökonomie. parte III, vol. 18, p. 318, Jena, 1899: (Diz Estrabão:
“Saqueadores e ansiosos por ir para terras estrangeiras devido à pobreza de sua
terra natal.”)
47
O Estado
28
Ratzel, l. c. I, p. 123.
48
A Gênese do Estado
29
Ratzel, l. c. I, p. 591.
50
A Gênese do Estado
30
Ratzel, l. c. II, p. 370.
51
O Estado
52
A Gênese do Estado
31
Ratzel, l. c. II, pp. 390-1.
53
O Estado
32
Ratzel, l. c. II, pp. 388-9.
54
A Gênese do Estado
33
Ratzel, l. c. II, pp. 103-04.
34
Thurnwald, Staat und Wirtschaft im altem Ägypten. Zeitschrift für Soz.
Wissenchaft, vol. 4, 1901, pp. 700-01.
55
O Estado
56
A Gênese do Estado
36
Ratzel, l. c. II, p. 393, falando dos árabes diz: “A dificuldade de alimentar os
escravos torna impossível mantê-los. Vastas populações são mantidas em
sujeição e privadas de tudo além do necessário para manter a vida.
Transformam oásis inteiros em terras dominiais, visitados na época da colheita
para roubar os habitantes; uma dominação característica do deserto.”
57
O Estado
58
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59
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37
Há, aparentemente no caso dos fulbe, um estágio de transição entre os três
primeiros estágios e o quarto, em que o domínio é exercido metade
internacionalmente e metade intranacionalmente. Segundo Ratzel (l. c. II, p.
419): “Como uma sépia, a raça conquistadora estende numerosos braços aqui
e ali entre os aborígines apavorados, cuja falta de coesão proporciona muitas
lacunas. Assim, os fulbe estão fluindo lentamente para os países de Benue e
gradualmente os permeando. Observadores posteriores abstiveram-se,
portanto, com razão, de atribuir limites definidos. Existem muitas localidades
dispersas de fulbe que consideram um determinado local como seu centro e
como o centro de seu poder. Assim, Muri é a capital dos numerosos
assentamentos fulbe espalhados pelo Médio Benue, e a posição de Gola é
semelhante no distrito de Adamawa. Ainda não há reinos próprios com
fronteiras definidas uns contra os outros e contra tribos independentes. Mesmo
essas capitais estão, em outros aspectos, ainda longe de serem firmemente
estabelecidas.”
60
A Gênese do Estado
38
Ratzel, l. c. II, p. 165.
39
Ratzel, l. c. II, p. 485.
40
Ratzel, l. c. II, p. 480.
61
O Estado
41
Ratzel, l. c. II, p. 165.
42
Buhl, Soziale Verhältnisse der Israeliten, p. 13.
43
Ratzel, l. c. II, p. 455.
62
A Gênese do Estado
44
Ratzel, l. c. I, p. 628.
45
Ratzel, l. c. I, p. 625.
46
Cieza de Leon, “Seg. parte de la crónica del Peru.” P. 75, cit. por Cunow,
Inkareich (p. 62, nota 1).
63
O Estado
47
Cunow, l. c. p. 61.
48
Ratzel, l. c. II, p. 346.
49
Ratzel, l. c. II, pp. 36-7.
50
Ratzel, l. c. II, p. 221.
64
A Gênese do Estado
65
II
O Estado Feudal Primitivo
67
O Estado
fundiária se espalha por todo o território, cada homem alojado com seus
seguidores em seu castelo fortificado e consumindo, cada um por si, o
produto de seu domínio ou terras. Até agora, esses nobres não se
tornaram senhores de terras, no sentido de administrarem suas
propriedades. Cada um deles recebe tributo pelo trabalho de seus
dependentes, os quais ele não orienta nem supervisiona. Este é o tipo
de domínio medieval nas terras da nobreza germânica. Finalmente, o
cavaleiro se torna dono de propriedade de nobres ou cavaleiros.51 Seus
ex-servos se transformam em trabalhadores de sua plantação, e o tributo
agora aparece como o lucro do empreendedor. Este é o tipo do primeiro
empreendimento capitalista dos tempos modernos, a exploração de
grandes territórios nas terras a leste do Elba, anteriormente ocupadas
por eslavos e depois colonizadas por alemães. Numerosas transições
conduzem de um estágio ao outro.
Mas sempre, em sua essência, o “Estado” é o mesmo. Seu
propósito, em todos os casos, encontra-se sendo o meio político para a
satisfação das necessidades. A princípio, seu método consiste em cobrar
um aluguel sobre a terra, desde que não exista atividade comercial cujos
produtos possam ser apropriados. Sua forma, em todos os casos, é a do
domínio, pela qual a exploração é considerada como “justiça”, mantida
como uma “constituição”, insistida estritamente e, em caso de
necessidade, aplicada com crueldade. E, no entanto, dessa forma, o
direito absoluto do conquistador torna-se restrito dentro dos limites da
lei, a fim de permitir a aquisição contínua de aluguéis de terra. O dever
de fornecimento por parte dos súditos é limitado pelo seu direito de se
manterem em boas condições. O direito de tributar dos senhores é
complementado por seu dever de proteção dentro e fora do estado —
segurança sob a lei e defesa da fronteira.
Neste ponto, o estado primitivo está completamente desenvolvido
em todos os seus aspectos essenciais. Já passou da condição
51
N.T.: Em alemão Rittergutsbesitzer, Besitzer se refere a proprietário ou dono,
e Rittergut ou praedium nobilium sive equestrium a uma propriedade à qual,
através da lei ou do direito consuetudinário, os privilégios do proprietário, em
particular isenções fiscais, capacidade de chancelaria e capacidade
parlamentar, estavam ligados.
68
O Estado Feudal Primitivo
69
O Estado
(b) A Integração
52
“Entre os wahuma, as mulheres ocupam uma posição mais elevada do que
entre os negros, e são cuidadosamente vigiadas por seus homens. Isso dificulta
os casamentos mistos. A massa dos waganda ainda hoje não teria permanecido
uma genuína tribo negra 'de pele cor de chocolate escuro e cabelo curto de lã',
não fosse pelo fato de os dois povos serem estritamente opostos um ao outro
como camponeses e pastores, governantes e súditos, como desprezados e
honrados, apesar das relações mantidas entre as classes superiores. Nessa
posição peculiar, eles representam um fenômeno típico, que se repete em
muitos outros pontos.” — Ratzel, l. c. II, p. 177.
71
O Estado
72
O Estado Feudal Primitivo
73
O Estado
53
Ratzel, l. c. II, p. 178.
74
O Estado Feudal Primitivo
54
Ratzel, l. c. II, p. 198.
55
Ratzel, l. c. II, p. 476.
56
Ratzel, l. c. II, p. 453.
75
O Estado
57
Compare isso com a justificativa predominante de “honest graft” em contratos
municipais ou políticos. — Tradutor da Edição em Inglês.
58
Kopp, Griechische Staatsaltertümer, 2, Aufl. Berlin, 1893, p. 23.
76
O Estado Feudal Primitivo
59
Uhland, Alte hoch und niederdeutsche Volkslieder I (1844), p. 339 citado por
Sombart: Der moderne Kapitalismus, Leipzig, 1902, I, pp. 384-5.
77
O Estado
78
O Estado Feudal Primitivo
61
Assim, por exemplo, nos estados gregos e no Império Romano, os escravos
afluíam em grande número aos invasores germânicos e árabes, e os colonos
aparentemente livres mantinham-se no máximo neutras.
80
O Estado Feudal Primitivo
62
Inama-Sternegg, Deutsche Wirtsch.-Gesch. I, Leipzig, 1879, p. 59.
63
Westermarck, History of Human Marriage, Londres, 1891, p. 368.
64
Similarmente, há tribos de caçadores do norte da Ásia, onde as mulheres são
definitivamente proibidas de tocar no equipamento de caça ou de cruzar uma
trilha de caça. — Ratzel I, página 650.
82
O Estado Feudal Primitivo
65
Cf. Ratzel, l. c. I, p. 81.
83
O Estado
66
Ratzel, l. c. I, p. 156.
67
Ratzel, l. c. I, pp. 259-60.
68
Ratzel, l. c. II, p. 434.
69
Além disso, parece que a rigidez do sistema de castas indiano não é tão severa
na prática. A guilda parece romper com tanta frequência as barreiras das castas
quanto o contrário. — Ratzel II, página 596.
84
O Estado Feudal Primitivo
70
Deixo estas palavras, escritas em 1907, que já se revelaram uma profecia
cumprida, pelo menos no que diz respeito à Turquia. (Dezembro de 1928.)
71
Se tivéssemos espaço, uma exposição detalhada desse desenvolvimento
excepcional de um estado feudal seria tentadora. A China mereceria uma
discussão mais detalhada, pois, em muitos aspectos, ela se aproximou mais da
condição de “cidadania de homens livres” do que qualquer povo da Europa
Ocidental. A China superou as consequências do sistema feudal de forma mais
completa do que nós, europeus; e tornou, no início de seu desenvolvimento, os
grandes interesses de propriedade na terra inofensivos, de modo que seu filho
bastardo, o capitalismo, dificilmente surgiu; enquanto, além disso, resolveu em
grau considerável os problemas da produção cooperativa e da distribuição
cooperativa.
85
O Estado
86
O Estado Feudal Primitivo
desse estágio, pelo menos no que diz respeito aos estados mais
interessantes para nossa cultura, a maioria deles permaneceu
estacionária ou caiu no poder dos estados marítimos; e então, infectados
com o veneno mortal da exploração capitalista através da escravidão,
foram destruídos pela mesma praga.
O progresso posterior dos estados feudais expandidos de grau
superior só poderia ocorrer depois que os estados marítimos tivessem
percorrido seu curso: formas poderosas de dominação e estadismo eles
se tornaram, e subsequentemente influenciaram e promoveram a
conformação dos estados territoriais que cresceram de suas ruínas.
Por essa razão, a história do destino dos estados marítimos deve
ser traçada primeiro, pois eles são a introdução às formas superiores de
vida do estado. Depois de traçar primeiro o ramo lateral, retornaremos
ao ponto de partida, o estado feudal primitivo, seguiremos o tronco
principal até o desenvolvimento do estado constitucional moderno e,
antecipando a história atual, esboçaremos a “cidadania de homens
livres” do futuro.
87
III
O Estado Marítimo
O curso da vida e o caminho do sofrimento do estado fundado
pelos nômades do mar, como já foi dito, é determinado pelo capital
comercial; assim como a do estado territorial é determinada pelo capital
investido em bens imóveis; e, podemos acrescentar, a do estado
constitucional moderno pelo capital produtivo. O nômade do mar,
porém, não inventou o comércio ou a comunidade mercantil, feiras ou
mercados ou cidades; estes preexistiam e, uma vez que serviam a seu
propósito, agora eram desenvolvidos para atender a seus interesses.
Todas essas instituições, servindo aos meios econômicos, à troca por
equivalentes, há muito foram descobertas.
Aqui, pela primeira vez em nossa pesquisa, encontramos o meio
econômico não como objeto de exploração pelos meios políticos, mas
como um agente cooperante na origem do estado, pode-se chamá-lo de
“cadeia” que passa para o “elevador” criado pelo estado feudal para
criar uma estrutura mais elaborada. A gênese do estado marítimo não
seria completamente inteligível, se não tivéssemos como premissa uma
afirmação sobre o tráfego e intercâmbio de mercadorias em tempos pré-
históricos. Além disso, nenhum prognóstico do estado moderno é
completo, o que não leva em conta os meios econômicos formados
independentemente da troca aborígine.
89
O Estado
72
I. Kulischer, I. c., p. 317, onde outros exemplos podem ser encontrados.
73
Westermarck, History of Human Marriage, p. 400, que contém uma série de
exemplos etnográficos.
90
O Estado Marítimo
74
Aliás, existem associações centrais (australianas) cujos grupos individuais
vivem em locais diferentes (por exemplo, costa e floresta) e, portanto, têm
produtos diferentes. Aqui a troca é natural. Mas também estamos lidando aqui
com níveis relativamente altos de cultura. Os australianos são caçadores
superiores!
75
Westermarck, l. c., p. 546.
91
O Estado
76
Cf. Ratzel, l. c. I, pp. 318, 540.
77
Ratzel, l. c. I, p. 335.
78
Ratzel, l. c. I, p. 346.
92
O Estado Marítimo
79
Ratzel, l. c. I, p. 347.
80
Bücher, Entstehung der Volkswirtschaft, segunda edição, Tübingen, 1898, p.
301.
81
Nesta categoria deve ser considerada a saudação, ainda em uso em algumas
partes, “A paz esteja convosco”. É expressivo da perversidade dos últimos anos
de Tolstoi que ele interprete erroneamente essa marca característica de uma
época em que a guerra era o estado normal das coisas, como o remanescente
de uma era de ouro de paz. The Importance of the Russian Revolution (tradução
alemã de A. Hess, p. 17).
82
Veja Ratzel, l. c. I, p. 271, sobre os oceânicos: “A comunicação de tribo para
tribo é confiada a arautos invioláveis, de preferência mulheres idosas. Estes
também medeiam o comércio de escambo.” Cf. p. 317 para os australianos.
93
O Estado
83
Tradução para o alemão por L. Katscher. Leipzig, 1907.
84
Isso pode explicar o uso de mulheres idosas como arautos. Elas estão
duplamente disponíveis para esse fim, pois são inúteis para a guerra e
supostamente dotados de poderes específicos de feitiçaria (Westermarck),
ainda mais do que os velhos, que também são tratados com cautela, pois podem
se tornar “fantasmas” em breve.
94
O Estado Marítimo
85
Ratzel, l. c. I, p. 81.
86
Ratzel, l. c. I, pp. 478-9.
87
A. Vierkandt, Die wirtschaftlichen Verhältnisse der Naturvölker. Zeitschrift für
Sozialwissenschaft, II, pp. 177-8.
88
A espada de Breno frequentemente cai na balança. A troca aparente mascara
“reparações” sensíveis.
95
O Estado
89
Kulischer, l. c. pp. 320-1.
90
Lippert, l. c. I, p. 266, et seq.
91
Cf. Westermarck, History of Human Marriage.
96
O Estado Marítimo
92
Ratzel, l. c. II, p. 27.
97
O Estado
98
O Estado Marítimo
94
Herodotus IV, 23, citado por Lippert, l. c. I, p. 459.
95
Lippert, l. c. II, p. 170.
96
Mommsen, l. c. I, p. 139.
99
O Estado
101
O Estado
99
Mommsen, l. c. I, p. 132.
102
O Estado Marítimo
100
Mommsen, l. c. I, p. 134.
103
O Estado
101
Ratzel, l. c. I, p. 160.
102
Ratzel, l. c. II, p. 558.
103
Buhl, l. c., p. 48.
104
Buhl, l. c., pp. 78-79.
104
O Estado Marítimo
105
Mommsen, l. c. II, p. 406.
105
O Estado
106
Ratzel, l. c. II, p. 191; cf. também pp. 207-8.
107
Ratzel, l. c. I, p. 363.
106
O Estado Marítimo
107
O Estado
108
Mommsen, l. c., p. 46.
108
O Estado Marítimo
109
O Estado
109
Ambos citados por Kulischer, l. c., p. 319, de: Buechsenschuetz, Besitz und
Erwerb im grieschischen Altertum; e Goldschmidt, History of the Law of
Commerce.
110
Quão característico dessas relações é que a Grã-Bretanha, o único “estado
marítimo” da Europa, mesmo nos dias de hoje, não abrirá mão do direito de
armar corsários.
110
O Estado Marítimo
111
O Estado
112
O Estado Marítimo
113
O Estado
114
O Estado Marítimo
115
O Estado
116
O Estado Marítimo
117
O Estado
118
IV
O Desenvolvimento do Estado Feudal
119
O Estado
120
O Desenvolvimento do Estado Feudal
121
O Estado
111
Ratzel, l. c. I, p. 263.
112
F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum und soziale Frage. Livro 2, capítulo I.
Berlim, 1898.
122
O Desenvolvimento do Estado Feudal
113
O nomadismo caracteriza-se excepcionalmente pela facilidade com que, a
partir de condições patriarcais, se desenvolvem funções despóticas com os
mais amplos poderes. Ratzel, l. c. Vol. II, pp. 388-9.
114
“O governo de muitos não é uma coisa boa, sobre muitos deve haver um rei.”
123
O Estado
124
O Desenvolvimento do Estado Feudal
115
Ratzel, l. c. I, p. 408.
116
No Egito encontramos situação semelhante, ao lado do preconceituoso
Amenhotep IV., o majordomus do palácio de Haremheb, que “conseguiu reunir
em suas mãos as mais altas funções militares e administrativas do império, até
exercer os poderes de um regente do estado." Schneider, Civilization and
Thought of the Ancient Egyptians. Leipzig, 1907, p. 22.
117
Cunow, l. c. pp. 66-7. Da mesma forma, entre os habitantes das ilhas malaias,
numerosos exemplos são encontrados em Radak (Ratzel, l. c. I, p. 267).
118
Cf. Acta Imperii, ou Huillard-Breholles, H. D. Fred. II. — Tradutor da Edição
em Inglês.
119
Buhl, l. c., p. 17.
125
O Estado
120
Ratzel, l. c. II, p. 66.
121
Ratzel, l. c. II, p. 118.
122
Ratzel, l. c. II, p. 167.
123
Ratzel, l. c. II, p. 218.
124
Ratzel, l. c. I, p. 125.
126
O Desenvolvimento do Estado Feudal
125
Ratzel, l. c. I, p. 124.
126
Ratzel, l. c. I, p. 118.
127
Ratzel, l. c. I, p. 125.
128
Ratzel, l. c. I, p. 346.
127
O Estado
129
Ratzel, l. c. II, p. 245.
130
Ratzel, l. c. I. pp. 267-8.
128
O Desenvolvimento do Estado Feudal
131
Mommsen, l. c. III, pp. 234-5.
132
Ratzel, l. c. II, p. 167.
129
O Estado
130
O Desenvolvimento do Estado Feudal
133
Ratzel, l. c. II, p. 229.
131
O Estado
134
Ratzel, l. c. I, p. 128.
135
Weber, Weltgeschichte, III, p. 163.
132
O Desenvolvimento do Estado Feudal
136
Thurnwald, l. c., pp. 702-3.
137
Maspero diz, New Light on Ancient Egypt, pp. 218-9: “Até então, de fato, o
sumo sacerdote havia sido escolhido e nomeado pelo rei; desde a época de
Ramsés III. foi sempre escolhido da mesma família, e o filho sucedeu ao pai
no trono pontifício. A partir desse momento os eventos marcharam
rapidamente. O mortmain tebano foi dobrado com um verdadeiro feudo
senhorial, que seus mestres aumentaram por casamentos com os herdeiros de
feudos vizinhos, por legados contínuos de um ramo da família para o outro, e
pela colocação de cadetes de cada geração à frente do clero de certas cidades
secundárias. O protocolo oficial dos cargos ocupados por suas esposas mostra
que um século ou um século e meio depois de Ramsés III, quase toda a Tebaida,
cerca de um terço do território egípcio estava nas mãos do Sumo Sacerdote de
Amon e de sua família.” — Nota (e itálico) do Tradutor da Edição em Inglês.
138
Thurnwald, l. c., p. 712; cf. Schneider, Kultur und Denken der alten Ägypter,
Leipzig, 1907, p. 38.
139
Ratzel, l. c. II, p. 599.
133
O Estado
140
Ratzel, l. c. II, p. 362.
141
Ratzel, l. c. II, p. 344.
142
Meitzen, l. c. II, p. 633.
143
Inama-Sternegg, l. c. I, pp. 140-1.
134
O Desenvolvimento do Estado Feudal
135
O Estado
144
Mommsen, l. c. V, p. 84.
145
Cf. a exposição detalhada disso em F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum und
die soziale Frager, Livro II, cap. 3.
136
O Desenvolvimento do Estado Feudal
146
Mommsen, l. c. III, pp. 234-5.
137
O Estado
147
Thurnwald, l. c., p. 771.
148
Meitzen, l. c. I, pp. 362f.
138
O Desenvolvimento do Estado Feudal
149
Inama-Sternegg, l. c. I, pp. 373, 386.
139
O Estado
150
Cf. F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum, p. 272.
140
O Desenvolvimento do Estado Feudal
141
O Estado
151
Um dos exemplos mais notáveis pode ser encontrado no caso de Markward de
Annweiler, Marquês de Ancona e Duque de Ravenna, senescal de Henrique
VI, que após a morte do imperador Henrique VI. disputou o poder da Regente
Constança agindo por seu filho, Frederico II. (Veja Boehmer-Ficker, Regesta
Imperii, V, vol. 1, N.º 511. v. ad. annum 1197.) — Tradutor da Edição em
Inglês.
152
É nessa conexão que os príncipes gostam de chamar religiões estrangeiras. O
clero, pelo menos inicialmente, são seus aliados naturais e, graças ao medo dos
espíritos, muito eficazes.
142
O Desenvolvimento do Estado Feudal
153
Thurnwald, l. c., p. 706.
154
Ratzel, l. c. II, p. 503.
155
Ratzel, l. c. II, p. 518.
143
O Estado
156
Meitzen, l. c. I, p. 579: “Na época da compilação da Lex Salica, a antiga
nobreza racial havia sido reduzida a homens livres comuns ou então
aniquilada. Os funcionários, por outro lado, são avaliados em triplo wergeld,
600 solidi, e se um for 'puer regis' 300 solidi.
157
Thurnwald, l. c. p. 712.
144
O Desenvolvimento do Estado Feudal
158
Inama-Sterneegg, l. c. II, p. 61.
145
O Estado
146
O Desenvolvimento do Estado Feudal
159
Thurnwald, l. c., p. 705.
147
O Estado
148
V
O Desenvolvimento do Estado
Constitucional
Se entendermos o resultado do estado feudal, no sentido dado
acima, como um desenvolvimento orgânico posterior, para frente ou
para trás, condicionado pelo poder das forças internas, mas não como
uma terminação física, provocada ou condicionada por forças externas,
então podemos dizer que o resultado do estado feudal é determinado
essencialmente pelo desenvolvimento independente das instituições
sociais criadas pelos meios econômicos.
Tais influências podem vir também de fora, de estados
estrangeiros que, graças a um desenvolvimento econômico mais
avançado, possuem um poder centralizado de forma mais tensa, uma
melhor organização militar e um maior avanço. Tocamos em algumas
dessas fases. O desenvolvimento independente dos estados feudais
mediterrâneos foi abruptamente interrompido por sua colisão com os
estados marítimos, que estavam em um plano muito mais alto de
crescimento econômico e riqueza e mais centralizados, como Cartago
e, mais especialmente, Roma.
A destruição do Império Persa por Alexandre, o Grande, pode ser
exemplificada neste contexto, uma vez que a Macedônia havia se
apropriado dos avanços econômicos dos estados marítimos helênicos.
O melhor exemplo nos tempos modernos é a influência estrangeira no
caso do Japão, cujo desenvolvimento foi abreviado de maneira quase
incrível pelos impulsos militares e pacíficos da civilização da Europa
Ocidental. No espaço de apenas uma geração, percorreu o caminho de
um estado feudal totalmente amadurecido para o estado constitucional
moderno completamente desenvolvido.
Parece-me que temos apenas que lidar com uma abreviação do
processo de desenvolvimento. Tanto quanto podemos ver — embora
doravante as evidências históricas se tornem escassas e quase não haja
exemplos de etnografia — pode ser afirmada a regra que as forças de
149
O Estado
150
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
151
O Estado
160
“Os acampamentos maiores do exército do Reno obtiveram seus anexos
municipais em parte por meio de vivandeiros do exército e seguidores do
acampamento, e particularmente por meio dos veteranos, que após a conclusão
de seus serviços permaneceram em seus alojamentos habituais. Assim surgiu
distinta dos quartéis militares propriamente ditos, uma cidade distinta de
cabanas (Canabae). Em todas as partes do Império, e especialmente nas várias
Germânias, surgiram com o passar do tempo, desses acampamentos dos
legionários, e particularmente das estações centrais, cidades no sentido
moderno.” — Mommsen, l. c. V, p. 153.
161
“Todo local de culto reúne ao seu redor as residências dos sacerdotes, escolas
e casas de repouso para os peregrinos.” — Ratzel, l. c. II., p. 575.
153
O Estado
154
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
155
O Estado
157
O Estado
158
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
163
Eisenhardt, Gesch. der National Oekonomie, p. 9: “Auxiliado pelo novo e mais
líquido meio de pagamento em dinheiro, tornou-se possível a constituição de
um novo e mais independente estabelecimento de soldados e de oficiais. Como
eram pagos apenas periodicamente, tornou-se impossível para eles se tornarem
independentes (como os feudatários haviam feito) e depois se voltarem contra
o seu pagador.”
164
Thurnwald, l. c., p. 773.
159
O Estado
165
Thurnwald, l. c., p. 699.
166
Thurnwald, l. c., p. 709.
167
As instruções nos armazéns circulavam como uma forma de papel-dinheiro.
168
Thurnwald, l. c., p. 711.
160
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
161
O Estado
169
Na Alemanha medieval, os camponeses pagam tributos, em muitos casos, não
apenas ao senhor da terra e ao príncipe territorial, mas também ao prefeito e ao
oficial de justiça.
162
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
170
Cf. com isto F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum etc., livro II, cap. 3.
163
O Estado
164
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
165
O Estado
166
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
167
O Estado
168
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
169
O Estado
170
O Desenvolvimento do Estado Constitucional
171
VI
A Tendência do Desenvolvimento do
Estado
Nós nos esforçamos para descobrir o desenvolvimento do estado
de seu passado mais remoto para os tempos presentes, seguindo seu
curso como um explorador, de sua fonte para o fluxo de sua efluência
nas planícies. Amplas e poderosas são suas ondas que passam até
desaparecer na névoa do horizonte, em regiões inexploradas e, para o
observador do dia presente, indetectáveis.
Tão amplas e poderosas quanto, o fluxo da história — e até o dia
presente toda a história tem sido a história de estados — vai além de
nossa visão, e seu curso é encoberto pelas névoas do futuro. Será que
devemos ousar levantar hipóteses acerca do rumo futuro, até que “com
alegria desenfreada ele afunde nos braços de seu pai esperançoso e
expectante”? (Prometheus de Goethe.) É possível estabelecer um
prognóstico alicerçado cientificamente em relação ao futuro
desenvolvimento do estado?
Eu acredito nessa possibilidade. A tendência171 do
desenvolvimento do estado inequivocamente leva a um ponto: visto que
em seus aspectos essenciais, o estado irá deixar de ser os “meios
políticos desenvolvidos” e irá se tornar “uma cidadania de homens
livres”. Em outras palavras, sua casca exterior irá se manter, nos
aspectos essenciais, na forma que foi desenvolvida no estado
constitucional, no qual a administração será exercida por um
funcionalismo. Mas o conteúdo dos estados até agora conhecidos terão
mudado em seu elemento vital pelo desaparecimento da exploração
econômica de uma classe por outra. E uma vez que o estado irá, por
isso, existir sem o interesse das classes ou classe, a burocracia do futuro
irá verdadeiramente ter alcançado o ideal de guardião imparcial do
171
“Tendência, i.e., uma lei que, cuja execução absoluta é controlada por
circunstâncias compensatórias, ou por elas é retardada e enfraquecida.” Marx,
Kapital, vol. III, p. 215.
173
O Estado
174
A Tendência do Desenvolvimento do Estado
172
Cf. a excelente obra de Peter Kropotkin, Mutual Aid in its Development.
175
O Estado
dos limites dessa ilha da paz rugia o tufão dos meios políticos. Mas nós
vimos a expansão cada vez maior dos círculos dos quais as leis de paz
expulsavam seus adversários, e vimos em todos os lugares seu avanço
conectado com o avanço dos meios econômicos, do escambo de grupos
por equivalentes, entre si. A primeira troca talvez tenha sido a troca do
fogo, após isso a troca de mulheres, e finalmente a troca de bens, o
domínio da paz constantemente ampliando suas fronteiras. Ele protegia
os mercados, e então as estradas que levavam a eles, e finalmente
protegia os mercadores que viajavam por essas ruas.
No curso dessa discussão foi mostrado como o “estado” absorveu
e desenvolveu essas organizações para a paz, e como, em consequência,
elas retrocedem cada vez mais o direito com base no mero poder. A lei
dos mercadores se torna a lei da cidade; a cidade industrial, os meios
econômicos desenvolvidos, minam o estado feudal, os meios políticos
desenvolvidos; e finalmente a população cívica, em uma batalha aberta,
aniquila os remanescentes políticos do estado feudal, e reconquista para
toda a população do estado a liberdade e o direito à igualdade, a lei
urbana se torna lei pública e finalmente lei internacional.
Além disso, em nenhum horizonte pode ser avistada qualquer
força capaz de resistir efetivamente a essa tendência até agora eficiente.
Pelo contrário, a interferência do passado, que temporariamente
bloqueou esse processo, está obviamente se tornando cada vez mais
fraca. As relações internacionais de comércio e troca adquiriram entre
as nações uma preponderante importância sobre a diminuição das
relações bélicas e políticas; e na esfera intranacional, em razão do
mesmo processo de desenvolvimento econômico, o capital móvel, a
criação do direito à paz, prepondera cada vez mais sobre os direitos de
propriedade fundiária, a criação do direito de guerra. Ao mesmo tempo,
cada vez mais a superstição perde sua influência. E, portanto, justifica-
se concluir que a tendência assim marcada irá levar ao seu fim lógico,
a exclusão dos meios políticos e todas as suas obras, até que a completa
vitória dos meios econômicos seja atingida.
Mas pode-se objetar que no estado constitucional moderno todos
os resquícios mais proeminentes da antiga lei de guerra já foram
eliminados.
176
A Tendência do Desenvolvimento do Estado
173
Cf. F. Oppenheimer, Die Siedlungsgenossenschaft etc., Berlim, 1896, e seu
Grossgrundeigentum und soziale Frage, Berlim, 1898.
177
O Estado
174
Cf. F. Oppenheimer, Bevölkerungsgesetz des T. R. Malthus. Darstellung and
Kritik, Berlim-Bern, 1901.
175
Cf. F. Oppenheimer, Grundgesetz der Marxschen Gesellschaftslehre,
Darstellung und Kritik, Berlim, 1903.
176
Cf. F. Oppenheimer, Grundgesetz der Marxschen Gesellschaftslehre, Part IV.,
particularmente o capítulo doze: “Die Tendenz der kapitalistischen
Entwicklung.”
178
A Tendência do Desenvolvimento do Estado
177
Hoje, ao ler a prova da nova edição de 1929, esta profecia, impressa pela
primeira vez em 1896, é quase totalmente cumprida. A grande propriedade
fundiária russa desapareceu completamente; na Romênia, na Polônia, no sul da
Eslavinia e na Tchecoslováquia, ela foi massivamente reduzida; na Alemanha,
instalou-se uma crise em que, desta vez, a empobrecida Prússia não poderia
mais implorar, mesmo que quisesse.
178
Cf. F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum und soziale Frage, Berlim, 1898.
Livro I, capítulo 2, seção 3, “Physiologie des sozialen Körpers”, pp. 57 et seq.
179
Cf. F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum, livro II, capítulo 2, seç. 3, p. 322.
180
Cf. F. Oppenheimer, Grossgrundeigentum, livro II, capítulo 3, seç. 4,
especialmente pp. 423 et seq.
179
O Estado
181
Cf. F. Oppenheimer, “Die Utopie als Tatsache”, Zeitschrift für Sozial-
Wissenschaft, 1899, vol. II, pp. 190 et seq. Reimpresso na coleção de meus
discursos e ensaios: Wege zur Gemeinschaft, Jena 1924.
182
Cf. F. Oppenheimer, Siedlungsgenossenschaft, pp. 477 et seq.
183
Cf. André Siegfried, La démocratie en Nouvelle Zelande, Paris, 1904.
184
Isso é dito por ninguém menos que o próprio Karl Marx, no último (25º)
capítulo do primeiro volume de seu Kapital, cujo estudo cuidadoso não pode
ser recomendado o suficiente a todos os marxistas, especialmente aos líderes
dos sovietes russos.
180
A Tendência do Desenvolvimento do Estado
181
O Estado
182
183