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Volumes e Capacidades
Pulmonares | Colunistas
Lucas Queiroz
 8 min • 4 de mai. de 2021

 Índice

1. Volumes pulmonares

2. Capacidades pulmonares

3. Resumo rápido

4. Determinantes dos volumes



pulmonares

5. Limitações da espirometria

6. Leituras relacionadas

Quer saber tudo sobre volumes e capacidades


pulmonares? Continue lendo este post!

A quantidade total de ar presente nas vias


aéreas de um adulto é tipicamente 5 a 6 litros.
Essa quantia pode ser divididos em uma série
de volumes e capacidades. Esses valores
podem ser facilmente medidos em
instrumentos laboratoriais, propiciando
informações úteis para as avaliações clínicas.

Inicialmente, vamos entender o conceito de


cada um desses volumes e capacidades.
Depois vamos entender o que influencia no
seu valor.

Volumes pulmonares
Corrente (VC): volume de ar inspirado ou
expirado em cada respiração normal.
Reserva inspiratória (VRI): volume máximo
de ar que pode ser inspirado após uma
inspiração espontânea. Isso significa
volume extra de ar inspirado além do
volume corrente normal.
Reserva expiratória (VRE): máximo volume
extra de ar que pode ser expirado em uma
expiração forçada após a expiração
espontânea.
Residual (VR): volume de ar que fica nos
pulmões após uma expiração forçada
máxima.

Mesmo tentando ao máximo, é impossível


esvaziar completamente os pulmões em uma
expiração forçada.

Esse volume que permanece é o volume


residual. Fundamental para manter a abertura
dos alvéolos e impedir a tendência de
colabamento alveolar.

Uma situação de colapso alveolar total


demandaria a geração de uma pressão
anormalmente elevada para reinsuflar os
pulmões. De modo que o volume residual
otimiza o gasto energético.

Além disso, a presença do volume residual


garante contato contínuo entre o sangue
venoso misto e o ar alveolar. Permitindo
continuidade das trocas gasosas mesmo
durante a expiração.

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curvas do ventilador

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Capacidades pulmonares
As capacidades pulmonares são sempre
formadas pela soma de 2 ou mais volumes
pulmonares.

Capacidade pulmonar total (CPT): volume


máximo a que os pulmões podem ser
expandidos com o maior esforço. Ou seja,
representa a quantidade total de ar
presente nos pulmões na inspiração
máxima. Corresponde à soma dos quatro
volumes pulmonares.
Capacidade residual funcional (CRF):
quantidade de ar que permanece nos
pulmões ao final da expiração normal.
Corresponde à soma do volume residual
com o volume de reserva expiratória.

    A CRF representa o “ponto de equilíbrio” do


sistema respiratório. Reflete a quantidade de
ar em que a resultante entre as forças de
recolhimento elástico do pulmão anula as
forças de expansão da caixa torácica.

Capacidade inspiratória (CI): volume total


de ar que pode ser inspirado a partir da
CRF. Corresponde à soma do volume
corrente com o volume de reserva
inspiratório.
Capacidade vital (CV): quantidade total de
ar que pode ser mobilizado entre a
inspiração máxima e a expiração máxima.
Reflete a soma entre o volume de reserva
inspiratória, o volume de reserva
expiratória e o volume corrente.

    A CV representa a quantidade máxima de ar


que uma pessoa pode expelir dos pulmões
após enchê-los previamente a sua extensão
máxima. Ela corresponde à amplitude útil de
ar disponível ao sistema respiratório.

A monitoração periódica da CV pode ser


usada para seguir a progressão da doenças
pulmonares (obstrutivas e restritivas,
principalmente).

Resumo rápido
Capacidade inspiratória = Volume de
reserva inspiratória + Volume corrente
Cap. vital = Capacidade inspiratória +
Volume de reserva expiratória
Capacidade residual funcional = Volume de
reserva expiratória + Volume residual
Cap. pulmonar total = Capacidade vital +
Volume residual
Capacidade pulmonar total = Capacidade
inspiratória + Capacidade residual funcional

Figura 1: Diagrama mostrando as excursões respiratórias


durante respiração normal e durante inspiração e
expiração máximas
Fonte: HALL, John E. Guyton & Hall – Tratado de
Fisiologia Médica, 13ª edição, 2013

Determinantes dos volumes


pulmonares
Os volumes pulmonares são determinados
pelas propriedades do parênquima pulmonar
e pela sua interação com a caixa torácica.
Desse modo, a magnitude dos volumes de
reserva inspiratória e expiratória depende de
diversos fatores.

Complacência do pulmão: medida das


propriedades elásticas do pulmão que
representa a pressão necessária para variar
o volume pulmonar. Quanto maior a
complacência, menor a força necessária
para enchimento. Assim, quedas na
complacência pulmonar reduzem o VRI.
Volume pulmonar no instante: o VRI
também sofre influência do volume
pulmonar no instante de medida. Uma vez
que o pulmão apresenta diferentes
complacências de acordo com seu volume.
A complacência pulmonar diminui com o
enchimento do pulmão. De modo que
quanto maior o volume após uma
inspiração, menor o volume que pode ser
inspirado e, consequentemente, menor o
VRI.
Força muscular: o VRI diminui quando a
musculatura respiratória está fraca ou sua
inervação está comprometida.
Conforto: dores e lesões limitam a vontade
ou habilidade do paciente de
desempenhar um esforço máximo durante
a inspiração e a expiração. O que pode
reduzir o VRI e o VRE.
Flexibilidade do esqueleto: a rigidez
articular reduz o volume máximo ao qual
alguém pode inflar os pulmões. O que
reduz o VRI. Isso pode ocorrer em doenças
como artrite e cifoescoliose, por exemplo.
Postura: o VRI diminui em decúbito, porque
o diafragma tem maior dificuldade de
mover os conteúdos abdominais. Isso nos
ajuda a entender por que ocorre ortopneia
em certas condições, como a insuficiência
cardíaca.

Todas essas condições que reduzem o VRI


consequentemente diminuem as capacidades
pulmonares que dependem dele. Como a
capacidade inspiratória, capacidade vital e
capacidade pulmonar total.

Pontuações sobre volumes


pulmonares

Além disso, vale ressaltar que os volumes e


capacidades pulmonares são cerca de 20 a
25% menores em mulheres do que homens. E
são maiores em pessoas atléticas e com
maiores massas corporais.

Considerando esses fatores, podemos


perceber que essas medidas são alteradas em
diversas condições. O que justifica a
importância de sua análise na prática clínica.

Um exemplo clássico é o contraponto entre


fibrose e enfisema. Na fibrose pulmonar, o
processo patológico causa deposição de
tecido fibroso, enrijecendo o pulmão e
dificultando seu enchimento.

Dessa forma, há uma redução da


complacência pulmonar, o que resulta em
redução do VRI, da CRF e da CPT.

Em contraste, no enfisema pulmonar, há


destruição da elastina presente na matriz
extracelular. Tornando os pulmões mais
frouxos, o que aumenta a complacência
pulmonar. Dessa forma, há um aumento do
VRI, que resulta em elevação da CRF e CPT.

Limitações da espirometria
O registro indireto dos volumes pulmonares
pode ser feito pela espirometria. Esse método
é usado para avaliar a função pulmonar.
Sendo útil na avaliação da eficácia do
tratamento ou da avaliação de risco no pré-
operatório de cirurgias pulmonares (no caso
de neoplasias, por exemplo).

O espirômetro mede o volume de ar inspirado


e expirado dos pulmões e, assim, permite
calcular mudanças no volume pulmonar. Em
função disso, esse instrumento não é capaz
de medir o volume de ar que existe nos
pulmões, mas apenas a sua variação.

Dessa forma, o espirômetro não serve para


calcular o volume residual e as capacidades
que dependem dele (CRF e CPT), sendo útil
apenas na avaliação dos volumes e
capacidades contidos na capacidade vital.

O VR, a CRF e a CPT podem ser medidos por


outras técnicas. Entre elas: a diluição de gases
com hélio e a pletismografia.

Autor: Lucas de Mello Queiroz – @lucasmello.q

O texto acima é de total responsabilidade do


autor e não representa a visão da sanar sobre o
assunto.

Referências

WEST, John B. Respiratory physiology: The


essentials. 9ª edição. Lippincott Williams &
Wilkins, 2012
LEVITSKY, Michael G. Pulmonary
Physiology. 9ª edição. McGraw-Hill
Education, 2018
CARVALHO, Carlos R. R. de. Fisiopatologia
Respiratória. 1ª edição. Editora Atheneu,
2005
HALL, John E. Guyton & Hall – Tratado de
Fisiologia Médica. 13ª edição. GEN
Guanabara Koogan, 2013

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residência?

Com relação à síndrome dispéptica do idoso,


podemos afirmar: I - A gastropatia por AINE é muito
frequente; II - A disfagia alta pode ser uma causa
para dispepsia em pacientes idosos com doença de
Alzheimer; III - A endoscopia alta é um exame de
primeira linha na investigação da dispepsia em
idosos; IV - Os idosos dispépticos devem ser
tratados com inibidor de bomba de prótons, sendo
desnecessário investigação específica nessa
população; São CORRETAS apenas as afirmativas:

A I e II.

B I e III.

C II e III.

D II e IV.

E III e IV.

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