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Caso Clínico - Trab
Caso Clínico - Trab
IDENTIFICAÇÃO
Nome: Rafaela Soares Pires.
Idade: 5 anos.
Escolaridade: Maternal II.
Filiação: Mâe: Ana Soares Pires – 30 anos.
Pai: Luiz Francisco Pires – 32 anos.
Filha única.
Endereço: Rua do Ouvidor, nº 468 – Qd 18; Lote 23
Condomínio – Parque da Flores I – São Carlos/ SP.
QUEIXA
→ Queixa primária.
Em um contexto de clínica-escola, depois dos relatos da mãe, observou-
se um comportamento regredido e rigidez da criança, manifestados em uma
alimentação restrita.
→ Queixa secundária.
Nas primeiras sessões foi relatado pela mãe, que sua filha não ingeria a
maioria dos alimentos sólidos, como arroz, feijão, carnes, pães, legumes,
verduras e frutas, tendo uma alimentação extremamente restrita a bolachas,
doces, biscoito de polvilho e leite. A criança se comportava como se tivesse
repúdio ou aversão em relação à comida, não conseguindo muitas vezes
sequer olhar para o prato ou sentar-se à mesa.
Na escola, local que permanecia em período integral, Rafaela
alimentava-se apenas quando lhe era oferecido alimentos que gostava
(exemplo: leite) e, quando isso não ocorria, ela passava o dia inteiro sem
comer. Ana explicou que a filha também tinha alguns rituais nas refeições, as
comidas da menina não podiam ser misturadas e deviam ser cortadas em tiras.
Rafaela também não conseguia tomar água no mesmo copo em que alguém
tivesse bebido ou usar o mesmo talher que outra pessoa tivesse usado, pois
alegava sentir o gosto do alimento que a pessoa comeu. Um dos alimentos que
Rafaela mais solicitava era o leite, porém queria que este fosse servido na
mamadeira.
Rafaela apresentava forte ansiedade e muita dificuldade para dormir, além de
roer as unhas, tanto das mãos quanto dos pés.
→ Histórico da queixa.
Em função de questões financeiras Ana trocou Rafaela de escola. Na
primeira semana de adaptação, a mãe levou a mamadeira da filha, mas depois
a escola proibiu por questões de higiene. Foi então, nesse período que a
menina começou a se recusar a comer. Depois de 15 dias, a escola chamou a
mãe para avisar que a criança não estava comendo absolutamente nada. Em
casa ela também começou a recusar os alimentos.
A única estratégia adotada por Ana foi a de castigar Rafaela, recusando-
se a comprar algo que a menina pedisse, justificando que ela não estava
“colaborando” em não se alimentar. Pela mesma razão, ela também não levava
a filha para brincar no parquinho. Além disso, havia episódios em que Ana
tentava forçar a filha a comer algumas fatias dos alimentos e fazia com que ela
ficasse sentada, de castigo, até comer algo. Rafaela permanecia sentada,
olhando para a comida, virando-a e mexendo com o garfo, mas não conseguia
comer, então chorava e tinha crises de ânsia de vômito. A mãe acabava
perdendo o controle e gritando muito com Rafaela por conta da alimentação.
Tanto o pai como a mãe faziam chantagem emocional com Rafaela,
dizendo que ela os deixava muito tristes por não comer. Havia momentos,
inclusive, que a mãe dizia que a abandonaria num hospital caso ela ficasse
doente por não comer.
→ Tratamentos realizados.
A mãe contou que quando Rafaela nasceu engasgava e regurgitava em
todas as mamadas. Em uma dessas engasgadas, com 20 dias de vida, houve
um agravamento e a criança teve que ser levada ao hospital por falta de
oxigênio. Realizados alguns exames identificou-se a existência de um desvio
na traqueia e um trato intestinal muito apertado. Por conta disso, Rafaela
passou a fazer uso de medicamentos para aliviar sua dor. Ao completar um
ano, realizou vários exames para verificar como estava seu desvio e seu trato,
e descobriram que ela já estava muito melhor.
Aos três anos de idade, devido à gravidade da situação da criança em
se recusar a comer, Ana levou a filha à pediatra que a orientou a fazer um
acompanhamento com uma nutricionista e com uma psicóloga. Durante o
acompanhamento com a nutricionista, esta disse para Ana suspender o leite da
alimentação para ver se Rafaela comia ou experimentava outros alimentos.
Entretanto, o quadro da criança se agravou já que esta passou a rejeitar
até os alimentos sólidos (bolachas, doces, biscoito de polvilho) e o leite, os
quais habitualmente comia, até que adoeceu e teve que ser internada com
início de desnutrição. Após esse episódio a mãe decidiu abandonar os
acompanhamentos.
HISTÓRIA DE VIDA
No discurso de sua mãe Rafaela é uma criança feliz, mas quer fazer
apenas o que gosta. Ana menciona que a gravidez de Rafaela foi complicada,
pois ela sangrava muito e com isso, sofreu muito.
Seu pai, Luiz Francisco, reside em outra cidade e de acordo com Ana,
este pai não se faz presente na vida da criança, ficando muito tempo sem ver a
menina. Afirma, que Rafaela “é louca pelo pai", mas este não quer saber dela.
A separação do casal aconteceu quando Rafaela tinha dois anos e foi
um pouco conturbada, pois eles brigavam muito.
PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO
COMPREENSÃO DA QUEIXA
REFERÊNCIAS