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2ª PROVA – MÓDULO 2 – 7º PERÍODO – 2021.

1. Na fisiopatologia da dor neuropática, o fator desencadeante da


sensibilização central medular e cortical é a atividade persistente dos
nervos lesados, ocasionando alterações neuroplásticas nas sinapses.
Cite os dois principais fatores responsáveis pela reorganização da
plasticidade sináptica:
Ativação neuronal aumentada
Perda da entrada aferente
Comentário: Figura 49.2 – mecanismos centrais da dor neuropática.
Tratado SBED 2017.

2. Jenoveva, 53 anos, queixa-se de dor nas mãos e nos punhos, associada


à parestesia e diminuição da sensibilidade na face palmar do polegar,
indicador, dedo médio e metade radial do dedo anelar à direita. Refere
que o quadro se iniciou há três anos e, atualmente, tem acordado
durante a noite com queimação e dor na mão direita, com formigamento
importante, sendo necessário movimentar a mão para obter alívio da dor
e recuperação da sensibilidade.
Qual a principal hipótese diagnóstica para esta paciente?
a) Síndrome do túnel do carpo
b) Dedo em gatilho
c) Tendinite de Quervain
d) Síndrome do túnel cubital
Comentário: paciente com dor neuropática por síndrome compressiva
periférica; dedo em gatilho e tendinite de Quervain não são síndromes
compressivas de nervo periférico; síndrome do túnel cubital ocasiona
parestesia no 4º e 5º dedos, na face ulnar da mão, e dor no cotovelo.

3. Independente de sua etiologia, a dor neuropática de origem central pode


surgir após lesão do trato espino-talámo-cortical. Sobre esse tipo de dor,
julgue as assertivas abaixo em verdadeiras (V) ou falsas (F):
___ AVC e esclerose múltipla são as causas menos comuns, e se
caracterizam por achados infrequentes de alodinia tátil e ao frio. (causas
mais comuns; achados frequentes)
___ Pacientes com dor pós-AVC referem sintomas em todo o
hemicorpo, ipsilateral aos déficits motores, menos comumente afetando
a face.
___ A dor central é quase sempre de caráter disestésico, lancinante e
opressivo.
___ Em geral, a intensidade da dor central é maior que a dor periférica e
que a dor nociceptiva. (menor)

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A sequência correta é:
a) V; V; V; V.
b) V; F; V; F.
c) F; V; V; F.
d) F; F; V; V.

4. Pafúncio, 30 anos, com antecedente de amiloidose sistêmica, procura o


neurologista com queixa de dor em queimação nos MMII, que piora no
período noturno e não o deixa dormir. Relata que, às vezes, até o toque
do cobertor na pele causa dor extremamente desagradável. Já fez uso
de dipirona, paracetamol e AINH, sem melhora do quadro. Ao exame
físico, observa-se perda da sensibilidade tátil e térmica nos MMII, e dor
ao tocar a pele com uma leve picada de agulha.
Nesse caso, a conduta é:
a) Solicitar uma RM do crânio. (o paciente apresenta manifestações de
neuropatia periférica, secundária à amiloidose)
b) Aumentar a dose diária da dipirona. (analgésico comum não é eficaz
para dor neuropática)
c) Associar fenobarbital a um AINH, para potencialização da analgesia.
(fenobarbital não está indicado para dor neuropática)
d) Iniciar gabapentina, em doses baixas, aumentando-se gradativamente.

5. Em algumas situações clínicas, pode-se observar a coexistência das


dores neuropática e nociceptiva, sendo importante a identificação das
características destes tipos de dor. Nesse contexto, pode-se afirmar que:
a) Na dor neuropática, os sintomas se localizam no território da inervação
da via nervosa afetada.
b) A geração ectópica de impulsos nervosos corresponde ao mecanismo
fisiológico da dor nociceptiva. (dor neuropática)
c) O tratamento da dor nociceptiva é parcialmente eficaz, e é feito com
antidepressivos tricíclicos como droga de primeira linha. (é eficaz; feito
com analgesia convencional)
d) A dor neuropática é ocasionada por ativação de nociceptores periféricos.
(dor nociceptiva)

6. No mecanismo de sensibilização periférica da dor neuropática, a lesão


dos nervos periféricos causa redução importante do limiar de ativação
neuronal, ocasionando desencadeamento espontâneo ou por estímulos
normalmente não nocivos dos estímulos elétricos. Esse fenômeno é
denominado de:
a) brotamento neuronal
b) descarga ectópica
c) neuroplasticidade
d) dessensibilização nociceptora

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7. A dor neuropática é a dor causada por uma lesão ou doença que afeta o
sistema somatossensitivo, e pode ser classificada em possível, provável
ou definitiva. Para a dor neuropática ser classificada como “POSSÍVEL”,
as seguintes características devem ser observadas:
I – Distribuição anatômica compatível em pelo menos um teste
confirmatório.
II – Dor com distribuição anatômica compatível.
III – Confirmação de lesão ou doença em pelo menos um teste
confirmatório.
IV – História sugestiva de lesão ou doença que afete o sistema
somatossensitivo.
a) I e II, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e IV, apenas.

8. O diagnóstico da dor neuropática é iminentemente clínico, sendo os


exames complementares úteis para a identificação da lesão ou doença
responsável pelo quadro doloroso. Sobre estes exames, é correto
afirmar:
a) A eletroneuromiografia não evidencia lesão em fibras finas do sistema
nervoso periférico, assim como não identifica lesões do SNC.
b) A microneurografia é um método de rápida execução, indolor, que avalia
a atividade de fibras A-delta de um único nervo. (método demorado,
doloroso; avalia fibras C)
c) O PET-TC, exame neurofuncional de imagem, é bastante utilizado na
prática clínica diária para avaliação de pacientes com lombalgia crônica.
(até o momento, são utilizados em pesquisas clínicas; avaliação de
resposta cerebral à dor espontânea ou evocada)
d) A USG com Doppler vascular é um teste de função autonômica, cuja
validade no diagnóstico da dor neuropática já está bem estabelecida.
(ainda não está bem esclarecida)

9. Salomão, 78 anos, antecedente de diabetes mellitus tipo 2 e tabagismo


crônico, encontra-se internado por reagudização de doença pulmonar
obstrutiva crônica. Durante a visita da enfermagem, para coleta dos
sinais vitais de horário, o paciente se queixa de dor nos MMII, em
queimação, de intensidade 7/10, que o atrapalha a deambular. A
enfermeira nota que não há prescrição de nenhum analgésico, e
questiona o médico plantonista se pode aplicar morfina para a dor. O
médico avalia a papeleta do paciente e informa que não.
Nesse caso, pode-se concluir que o médico plantonista está:

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a) ERRADO, pois não existem efeitos colaterais da morfina relacionados
com a doença pulmonar. (DPOC aumenta o risco de depressão
respiratória induzida por opioides)
b) ERRADO, pois a morfina é um opioide fraco, que apresenta poucos
efeitos adversos, sendo considerada a droga de primeira linha para dor
neuropática. (opioide forte; vários efeitos adversos; não é primeira
linha)
c) CORRETO, pois a morfina age no centro de controle respiratório
bulbar, diminuindo a resposta respiratória ao dióxido de carbono e
causando períodos de apneia.
d) CORRETO, pois a morfina age aumentando o tônus parassimpático, o
que pode ocasionar broncodilatação e piora do paciente. (age
diminuindo o tônus simpático; ativação do parassimpático =
broncoconstrição, piorando o quadro do paciente)

10. Valdomiro, 70 anos, com antecedentes de dislipidemia e fibrilação atrial


crônica, sofreu um acidente vascular encefálico isquêmico há dois
meses e ficou com sequela de diminuição de força muscular no dimidio
esquerdo. Na consulta de retorno com o neurologista, queixa-se de dor
em choque e em queimação no membro inferior esquerdo, com
alteração da sensibilidade ao toque e à vibração local. O médico lhe
explica que o quadro doloroso é secundário ao evento vascular.
Nesse caso, a explicação fisiopatológica é:
a) Aumento do limiar de ativação dos nociceptores periféricos.
(sensibilização periférica = diminuição do limiar)
b) Ocorrência de neuroplasticidade nos neurônios do tálamo e córtex
somatossensorial. (sensibilização central)
c) Aumento da efetividade do sistema inibitório descendente
noradrenérgico. (diminuição ou perda dos mecanismos inibitórios)
d) Presença de descargas ectópicas decorrentes de alterações
fenotípicas por expressão gênica modificada de neurônios do corno
dorsal da medula. (decorrentes de impulsos elétricos anormais
espontâneos evocados e repetitivos, a partir de locais incomuns e
diferentes das terminações nervosas)

11. Dioclésio, 50 anos, está em uso de carbamazepina, 600 mg/dia, para


tratamento de neuropatia diabética. Hoje, retorna para consulta médica
com o geriatra e relata sintomas que podem estar relacionados ao uso
da medicação.
Nesse caso, quais sintomas mais comumente relacionados com o
fármaco em questão, podem ter sido relatados pelo paciente?
a) Sonolência e vertigem.
b) Nistagmo e anorexia.
c) Aumento da secreção salivar e retenção urinária.

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d) Crise de ausência e cefaleia.

12. Jumena, 32 anos, em uso de carbamazepina para tratamento de


neuralgia do trigêmeo, retorna ao médico neurologista para entrega da
USG obstétrica, a qual confirma gestação de 10 semanas.
Nesse caso, a conduta é:
a) Aumentar a dose da carbamazepina, até o final do 1º trimestre.
b) Manter a carbamazepina, pois não representa contraindicação durante a
gravidez.
c) Substituir a carbamazepina, pois não está indicada para tratamento de
neuralgia do trigêmeo.
d) Suspender a carbamazepina, pelo risco de espinha bífida no feto.
Comentário = paciente no 1º trimestre de gestação.

13. Dentre as condições periféricas associadas à dor neuropática


encontram-se as plexopatias dolorosas carcinomatosas secundárias a
metástases. As principais neoplasias relacionadas com estas
plexopatias são:
a) câncer de pulmão e de mama.
b) câncer de esôfago e de pâncreas.
c) linfoma e leucemia.
d) mieloma e câncer de próstata.

14. De acordo com topografia da lesão, qual das condições listadas abaixo
compreende uma etiologia para dor neuropática de origem periférica?
a) Siringomielia
b) Neuralgia pós-herpética
c) Isquemia medular
d) Esclerose múltipla

15. Apesar das diferentes etiologias para a dor neuropática, o quadro clínico
é semelhante entre as mesmas. Com relação ao quadro clínico, pode-se
afirmar que:
I – A alodinia é uma interpretação dolorosa a um estímulo que
normalmente não causa dor. Pode ser decorrente de estímulos
mecânicos e térmicos e de movimentos.
II – Dentre os sinais negativos, destaca-se a hiperpatia, a qual ocasiona
um maior impacto sobre a vida do paciente e está frequentemente
associada à depressão. (hiperpatia é um sinal positivo e não se associa
com depressão)
III – A hipoalgesia pode ser detectada durante o exame físico por meio
da perda da sensação dolorosa perante uma picada de agulha, sendo
comum nas neuropatias periféricas.
Está correto o que se afirma em:

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a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II, e III.

16. A compreensão dos mecanismos propostos para o desencadeamento


da dor neuropática é um passo importante para o desenvolvimento de
tratamentos farmacológicos para esta condição. Nesse contexto, analise
as afirmativas abaixo:

Afirmativa 1: Um dos mecanismos propostos é o acoplamento simpático-


sensitivo.

PORQUE

Afirmativa 2: As fibras dos nociceptores passam a apresentar


quantidades significativas de receptores adrenérgicos, os quais
ocasionam despolarização dos neurônios sensitivos quando as fibras
efetoras simpáticas liberam adrenalina ou noradrenalina.

A análise das afirmativas permite a seguinte conclusão:


a) Ambas as afirmativas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
b) Ambas as afirmativas são verdadeiras, porém a segunda não justifica a
primeira.
c) A primeira afirmativa é verdadeira, e a segunda é falsa.
d) Ambas as afirmativas são falsas.

17. Epaminondas, 78 anos, relata dor em queimação, contínua, na face


lateral do braço esquerdo e no 1º quirodáctilo esquerdo, há seis meses.
Apresentou acidente vascular encefálico isquêmico, há oito meses. Ao
exame físico, apresenta postura em flexão do braço e hipertonia da
musculatura flexora, sem alteração sensitiva da região. A RM do crânio
mostra área de gliose centrada no giro pré-central à direita, se
estendendo para a o giro pós-central.
Considerando as formas de classificação da dor neuropática, pode-se
concluir que o paciente apresenta uma dor:
a) definitiva
b) provável
c) possível
d) indeterminada
Comentários = critério 1 – dor na face lateral do braço e em 1º QRD
esquerdos (distribuição anatômica compatível com raiz de C6-C7);
critério 2 – antecedente de AVEi; critério 3 – ausente, pois o exame
físico não mostra alteração sensitiva (distribuição anatômica

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compatível em um teste confirmatório); critério 4 – RM do crânio
confirmando lesão central = 1 + 2, com confirmação de 4.

18. Quando a lombalgia surge acompanhada de sinais de alerta vermelho,


torna-se necessário realizar a anamnese de outros órgãos e sistemas,
na busca de provável etiologia para o quadro doloroso. Nesse contexto,
o antecedente de drogadição, em um paciente com lombalgia, deve
suscitar a pesquisa de:
a) aneurisma dissecante da aorta
b) obstrução visceral
c) doença articular inflamatória
d) neoplasia

19. Luzimauro, 44 anos, chega à unidade de pronto atendimento com


quadro de lombalgia, de início há dois dias, intensidade 8/10, e manobra
de Romberg positiva.
Esta manobra é considerada positiva se:
a) o movimento compensatório do corpo for necessário para manter os pés
fixos no mesmo lugar.
b) o paciente se queixar de dor na parte inferior das costas após exalar
forçadamente o ar contra os lábios fechados e nariz tapado. (Valsalva)
c) a dor desaparecer após se elevar o membro inferior e flexionar o joelho
correspondente. (Bragard)
d) o paciente não conseguir andar com um dos calcanhares ou com uma
das pontas dos pés. (sinal das pontas)

20. Dentre os exames de imagem listados a seguir, qual permite a


visualização da arquitetura óssea, sendo considerado o melhor método
para tal, permite a visualização dos limites do canal medular, porém não
demonstra com definição a compressão radicular?
a) Densitometria (avaliação da densidade mineral óssea)
b) Tomografia computadorizada
c) Mielografia (não detecta doença foraminal)
d) Ressonância magnética (permite boa visualização da compressão)

21. Em alguns casos de radiculalgia lombar, pode-se observar a evolução


do quadro com a síndrome da cauda equina. Neste grupo de pacientes,
além do exame neurológico, deve-se sempre verificar a existência de:
I – alteração da sensibilidade perineal.
II – acrocianose digital de pododáctilos.
III – alteração do funcionamento esfincteriano.
IV – posição antálgica.
a) I, II, e III, apenas.
b) II, III, e IV, apenas.

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c) II e IV, apenas.
d) I e III, apenas.

22. Virgiene, 35 anos, está em consulta com médico reumatologista,


investigando a possibilidade de fibromialgia para o quadro de dor
generalizada, há 10 anos. Ao ser questionado sobre a intensidade dos
sintomas, a paciente informa fadiga de leve intensidade e dificuldade de
concentração de moderada intensidade. Nega acordar cansada, pela
manhã. No índice de dor generalizada, a pontuação é de 5 pontos.
De acordo com os critérios diagnósticos para fibromialgia, revisados em
2016, esta paciente pode ser diagnosticada com esta condição?
Justifique sua resposta.
Não (0,1)
Como IDG (índice de dor generalizada) está entre 4 e 6 (0,1), a EGS
(escala de gravidade dos sintomas) deveria ser > 9 (0,1), porém a
paciente pontua 3 (fadiga leve = 1; dificuldade de concentração
moderada = 2; acordar cansada = 0) (0,1).

23. Fluvarina, 40 anos, queixa-se de fadiga generalizada, cansaço fácil ao


subir e descer escadas, e dificuldade para levantar-se ao agachar, de
início há duas semanas. Procurou assistência médica no CIAMS
próximo de sua casa, sendo diagnosticada com fibromialgia e medicada
com ciclobenzaprina. Como estava evoluindo com piora da
sintomatologia, resolveu pagar uma consulta com especialista, o qual
percebeu que o quadro clínico poderia estar relacionado com alguns
medicamentos que foram prescritos no último mês, por outros problemas
de saúde, e não com fibromialgia.
Nesse caso, quais medicamentos podem ter sido relatados pela
paciente, que justificam o quadro descrito?
a) Nifedipina e tramadol
b) Ranitidina e captopril
c) Cloroquina e sinvastatina
d) Prednisona e diclofenaco

24. A intervenção não medicamentosa mais empregada e estudada na


fibromialgia é representada pela atividade física, a qual promove neste
grupo de pacientes:
(2) diminuição dos níveis de serotonina. (aumento)
(3) aumento da produção de GH e IGF-1.
(5) diminuição da atividade mitocondrial. (aumento)
(6) regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.
A soma dos itens corretos é igual a:
a) 5
b) 7

8
c) 9
d) 11

25. No tratamento da fibromialgia, a utilização de medicamentos tem como


objetivo principal controlar a dor. Estes medicamentos podem ser
divididos em dois grandes grupos, os quais se diferenciam pelo
mecanismo de ação.
Qual dos medicamentos a seguir tem como mecanismo de ação diminuir
a liberação de substância P e glutamato na sinapse nervosa do corno
posterior, diminuindo a aferência nociceptiva?
a) Zolpidem (hipnótico não benzodiazepínico)
b) Pregabalina
c) Ciclobenzaprina (aumenta a eficácia do sistema descendente inibitório)
d) Amitriptilina (aumenta a eficácia do sistema descendente inibitório)

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