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O que é exclusão social sob ótica psicológica

What is it Social Exclusion under psychological perspective

Harley Pacheco de Sousa

Harley Pacheco de Sousa


Graduado em Psicologia pela Universidade São Marcos.
Rua Vicente Siebra, 2336 – Itapipoca – Ceará.
E-mail: harleypachecodesousa@hotmail.com

Resumo: O presente artigo pretende demonstrar o conceito de exclusão social e apontar novas compreensões acerca
deste. Para cumprir o objetivo faz uma analítica investigação de autores que tratam especificamente de fatores
inerentes à exclusão. Deseja fomentar estudos mais profundos sobre o tema, além de ser um facilitador no processo
de reflexão e o desenvolvimento de práticas societárias mais amplas.
Palavras Chaves: Exclusão Social. Exploração. Desigualdade Social.

Abstract: This paper aims to demonstrate the concept of social exclusion and point to new understandings about the
phenomenon. To fulfill the objective makes an analytical investigation of authors who deal specifically with factors
inherent in the exclusion and want to encourage further study on the subject, in addition to being a facilitator in the
process of reflection and the development of broader societal practices.
Key Words: Social Exclusion. Exploration. Social inequality.

A questão da exclusão social no Brasil é um tema recorrente na literatura cientifica em


diversas disciplinas. Por conta da sua abrangência territorial e por todas as questões
intimamente ligadas a esse fenômeno como o não acesso a educação, a não
possibilidade de usufruir do consumo, não ter acesso a moradias entre outros, estudos
nesse sentido mostram sua relevância social. O presente artigo de modo geral à medida
que enseja ser um facilitador no processo de reflexão pretende também, fomentar
estudos que culminem em práticas efetivamente mais inclusivas e mais especificamente
se propõe a demonstrar o conceito de exclusão social, além de argumentar sobre o que
se pode fazer para combatê-la.

A pesquisa anual da (PNAD)1 do (IBGE)2 demonstrou que em 2011 o Brasil atingiu o


menor nível de desigualdade social, desde o inicio das séries históricas, em 1960.
Mesmo diante dessa melhoria aparente a desigualdade brasileira está entre as mais altas
do mundo. A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de (GINI) 3 que
passou de 0,594 em 2001, para 0,518 em 2009 e 0,501 em 2011, exibido pelo (IBGE).
Nesse índice quanto mais perto de zero, menor a desigualdade entre os ricos e pobres. É
perceptível uma melhora, mas ainda não uma solução. Em 2011 o (IDH) Índice
Desenvolvimento Humano brasileiro divulgado anualmente através do Relatório Do
Desenvolvimento Humano (RDH) do (PNUD) Programa das Nações Unidas era de
0,719 com isso o Brasil ficou na delicada 84ª posição entre 187 países. Em 2009 o
Brasil alcançou a menos desagradável 75ª posição com 0,813, mas em 2010 o Brasil
regrediu e se situou em 85ª colocação, por isso o Brasil é considerado um país mediano
em desenvolvimento humano.

1
Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios.
2
Instituto Brasileiro De Geografia E Pesquisa.
3
É o método para mensuração das desigualdades sociais que quando aponta um numero
próximo à zero propõe que a desigualdade está próxima de zero.
No Brasil a população mais rica soma-se 10% do todo e a renda média dessa minoria é
de aproximadamente 28 vezes a renda média da população mais pobre, essas
informações colocam o Brasil em situação deselegante no índice de desigualdade de
renda mundial segundo Barros, Henriques e Mendonça, (2001).

Abranches et. col. (1989) defendeu que o conceito de exclusão social é oriundo da
desigualdade de renda existente entre as pessoas de uma sociedade. Sendo assim, o
Brasil pode ser considerado em vias de fato um entre os países mais desiguais do
mundo. O termo exclusão social tem sua gênese na frança em publicações de René
Lenoir (1974 apud Oliveira 2004), ainda que não houvesse fundamentações teóricas
convergentes com atual concepção dos termos.

O Brasil segundo Ribeiro (1995) nasceu e floresceu sob condições de exploração e


espoliação, mas somente na década de 80 segundo Nascimento (1993) por conta do
regime político e os ciclos econômicos recessivos que as questões sociais tiveram seu
eco amplificado. Nascimento (1993) argumentou que foi nessa época que os sinais
evidentes da piora nas condições de vida dos brasileiros chamaram atenção de
estudiosos daí emergiu a necessidade de estudos e soluções acerca desta problemática.
O conceito de exclusão social amplifica as dimensões analíticas da pobreza e
desigualdades, além de amplificar uma diversidade mais ampla de problemas como
violência urbana e demasiada população de rua. Portanto, compreender o conceito de
exclusão social é de suma importância para o desenvolvimento de atuações
efetivamente mais inclusivas e que combatam efusivamente os problemas a esse
fenômeno inerente.

Exclusão Social
Gershman e Irwin (2000, p. 16) defenderam que exclusão social é: “o processo pelo
qual indivíduos ou grupos são total ou parcialmente excluídos de participarem
integralmente da sociedade em que vivem”. Contextualizando tal argumento no presente
cenário brasileiro é possível perceber analisando o mapa da exclusão social elaborado
por Sposati (2000) que mesmo sob alegação dos governantes acerca das soluções para
esse problema a real solução para esse impasse está longe de ser cumprido.

Ribeiro (1995) defendeu que o povo brasileiro sofreu um processo profundo de


degradação do caráter de homem, que esse fenômeno acentuou-se no período de
abolição da escravatura, pois a população antes escravizada foram amargamente
condenados à dignidade de lutadores por melhores condições enquanto os senhores
condenados ao opróbrio de lutadores pela manutenção da desigualdade e da opressão,
sendo essa cultura de povo explorado e espoliado sendo gradativamente legitimada e
naturalizada por isso sobrevivendo até atualidade. Diante desse contexto podemos
perceber que Escorel (1999) enquadra-se com perfeição nos moldes de exclusão
brasileira.

Escorel (1999, p. 75) definiu exclusão como:

Processos de vulnerabilidade, fragilização ou precariedade e até ruptura dos


vínculos sociais em cinco dimensões da existência humana em sociedade:
ocupacionais e de rendimentos, familiares e sociais proximais, políticas ou
cidadania, culturais e no mundo da vida onde se inserem os aspectos
relacionados com a saúde.
No cenário de relações entre pessoas no Brasil notam-se facilmente as desigualdades
entre as classes sociais. Podemos perceber que alguns privilegiados participam de certas
regalias enquanto que a maioria da população vive refém de uma sociedade pobre,
violenta e reprimida muito a quem do que realmente necessita para despojar
minimamente da vida. A exclusão social consiste na ausências de regalias financeiras,
mas tem como uma das questões mais centrais alguns de seus produtos finais como a
concentração de critérios sociais de discriminação, estigmatização e exclusão de certos
grupos cotidianos necessários como a universidade por exemplo.

Popey et. col. (2008, p. 36) argumentou que exclusões sociais:


Produzem uma distribuição injusta de recursos e acessos desiguais a
capacidade e direitos de: criar as condições necessárias para que todas as
populações tenham e possam ir além das necessidades básicas, garantir a paz
e os direitos humanos e sustentar sistemas ambientais.

Portanto, necessitamos pensar em meios para combater a exclusão social.

Como combatê-la
Para tais órgãos e grupos poderiam focar-se em preocupações voltadas a ações em favor
de grupos excluídos em situações extremas, desconsiderando os processos causais e
preconizando políticas focalizadas. Entretanto, sem esquecer-se das causas dos
processos que germinam as exclusões. Popey et. col. (2008, p. 37) argumentou que
podemos nos centrar nas relações de poder, na mediação e intervenção atuando nas
consequências, além de agir sobre a gênese das questões multidimensionais e
intersociais fornecendo novas compreensões sobre as determinantes nos quesitos saúde,
políticas e relações propondo não apenas ações reparadoras, mas também ações focadas
nas causas.

Considerações Finais
Defendemos que os excluídos sejam vistos não apenas como rejeitados física,
geográfica ou materialmente, mas como riquezas espirituais, de experiência e vivência,
de valores e conhecimento. Sejam vistos não como sujeitos excluídos, mas como
pessoas que podem agregar a sociedade com seus saberes e que tenham acesso à
educação, saúde e a todas as condições necessárias para participar das atividades da
sociedade, sem rótulos, estigmas próprios de excluídos, mas como cidadãos donos de
seus próprios destinos e possuidores do direito de usufruir todas as regalias que o capital
e a harmonia das relações podem oferecer.

Referências
ABRACHES, S. H, et. col. (1989). Política Social e Combate a Pobreza. 2ª ed. Zahar.
Rio de Janeiro.

IBGE (2011). Pesquisa Nacional de Amostra de Domicilio 2011, acesso em 13 dez de


2012 em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticias_visualiza.php?
id_noticia=2222&id_pagina=1
.
BARROS, R.P, HENRIQUES, R. E MENDONÇA, R.A, (2001). A Estabilidade
Inaceitável: Desigualdade E Pobreza No Brasil. IPEA.
ESCOREL, S. Vidas Ao Léu: Trajetórias De Exclusão Social. Fiocruz. Rio de
Janeiro.

GERSHMAN, J E IRWIN, A. (1995) Gettinh A Grip On The Global Economy. In


Irwin, A & Gershman, J. Dying For Growth; Global Inequality And The Helth Of The
Poor. Cambridge.

IDH – (2011) Relatório de Desenvolvimento Humano – acessado em:


http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx

OLIVEIRA, A. R, (2004) Sobre o alcance teórico do conceito “exclusão”, Civitas, 4,


nº1, acessado em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/
viewFile/52/1726

POPEY, J. et.col (2008) Understand And Talckling Social Exclsion. Final Report to
the who commission on social determinants of health from the exclusion knowledge.

RIBEIRO, D (1995). Brasis: O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil


in Darcy Ribeiro (orgs.), Classe, Cor e Preconceito. 2º ed. Companhia das letras. São
Paulo.

SPOSATI, A. (2000). Mapa da Exclusão Social, acessado


em:http://www.dpi.inpe.br/geopro/exclusao/oficinas/mapa2000.pdf

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