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VII Reunião Da Sociedade de Arqueologia Brasileira NE - Caderno de Resumos
VII Reunião Da Sociedade de Arqueologia Brasileira NE - Caderno de Resumos
ISBN: 978-65-87743-62-2
CDD: 930.1
CDU: 902
ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
APRESENTAÇÃO
Este caderno reúne as atividades da VII Reunião da Sociedade de Arqueologia Brasileira/Sessão Nordeste,
de 21 a 24 de setembro de 2022, com sede na cidade de Cachoeira (BA).
O tema principal do evento evoca as agruras do cenário nacional, os enormes desafios do campo
universitário e o agravamento das condições de vida dos brasileiros. “Arqueologia em cenários de fomes",
fomenta o debate da Arqueologia e a realidade social que o Brasil e, especialmente, o Nordeste vive na
atualidade. Ao mesmo tempo, que convida toda a comunidade arqueológica a debater o papel social do
seu ofício e de suas práticas e a troca de conhecimentos e saberes.
Os simpósios temáticos propostos tiveram como baliza os seguintes eixos norteadores: 1. Gestão social
do patrimônio arqueológico e direitos humanos; 2. De onde viemos e para onde vamos: a Arqueologia
nordestina e os desafios contemporâneos; 3. Arqueologia e multiambientes no Nordeste; 4. Arqueologia
preventiva: experiências, aprendizados e rumos; 5. A pesquisa arqueológica: metodologias, tecnologias e
inovações.
O caderno reúne o resumo das comunicações de 11 simpósios temáticos, somando 129 trabalhos aceitos
e 198 autores dos 9 Estados do Nordeste. Além dos simpósios, o evento será composto por conferências
e minicursos, bem como a Assembleia Geral da Sociedade de Arqueologia Brasileira, regional Nordeste -
de forma virtual.
O último dia será dedicado às ações com atividades presenciais em diversos lugares do Nordeste. A
“Arqueologia de canto a canto” tem como proposta atividades práticas com todos os públicos organizadas
pelos sócios com o apoio de instituições parceiras. A programação consta com quatro atividades, que tem
o intuito de socializar e dialogar sobre nosso patrimônio arqueológico e as diversas percepções e fazeres
da Arqueologia no Nordeste.
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................................ 11
1º DIA: 21 DE SETEMBRO DE 2022 ...................................................................................................... 11
SIMPÓSIO TEMÁTICO 01 – Arqueologia como prática social e instrumento político para grupos
marginalizados .......................................................................................................................................... 11
Ensino de arqueologia no Piauí: provocações decoloniais a partir dos cursos de graduação .................... 11
Inventário Participativo do Patrimônio Material de Casa Amarela: por uma Arqueologia Comunitária
como prática sociopolítica ......................................................................................................................... 12
“E agora o que devemos fazer?”: interdisciplinaridade e gestão de acervos ............................................ 12
Patrimônio de quem e para que: inventário participativo do patrimônio cultural de SãoRaimundo Nonato
– PI............................................................................................................................................................. 13
Conservação de arte rupestre em comunidade indígena .......................................................................... 13
O Museu do Antigo Zabelê: Um estudo a partir da Arqueologia Pública e Museologia Social .................. 14
Por uma Arqueologia menos colonizadora: história indígena de longa duração no Vale do Rio Colônia . 14
Sítios da Esperança: O protagonismo do Assentamento Nova Esperança na preservação dos sítios
arqueológicos, Olho D’Água do Casado/AL ............................................................................................... 15
Parque Nacional do Catimbau: um patrimônio. E a comunidade? ............................................................ 15
A invenção de um patrimônio valenciano: um estudo de caso sobre a lavagem da escadaria na Igreja
Nossa Senhora do Amparo em Valença-BA ............................................................................................... 15
O museu já está aqui: arqueologia, paisagem, patrimônio e museologia em Tanque do Piauí ................. 16
A importância da Arqueologia para a efetividade do Direito Territorial de comunidades remanescentes de
Quilombo................................................................................................................................................... 16
Etnomapeamento dos sítios arqueológicos na Terra Indígena Barra do Mundaú, Itapipoca, Ceará. ........ 17
Marcas de tinta: comunidade e representações gráficas em Souto Soares, Bahia.................................... 17
SIMPÓSIO TEMÁTICO 02 – Arqueologia Histórica no Espaço Regional: abordagens, temas e pesquisas
.................................................................................................................................................................. 18
Notas preliminares sobre cachimbos históricos no nordeste: breve panorama em ampla escala ............ 18
A materialidade dos garimpos na formação da Chapada Velha, no estado da Bahia ................................ 19
Materialidade ex-votiva no Piauí: Estudo comparativo das narrativas e objetos da Toca do Cruzeiro
(Coronel José Dias), Cemitério dos Anjos (São Braz do Piauí) e Igreja do Senhor doBomfim (Dirceu
Arcoverde) ................................................................................................................................................. 19
Conexões entre cultura material e memória social no semiárido piauiense: a indumentária dosvaqueiros
da Comunidade de Queimadinha, município de São Raimundo Nonato-PI .............................................. 20
Análise da cerâmica histórica do sítio arqueológico Ramada 02, São Fernando, Rio Grande do Norte .... 20
Análise do material cerâmico do sítio arqueológico Totoró, Currais Novos/RN ........................................ 20
ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Análise da louça dos sítios arqueológicos Santana 01 (Jucurutu-RN), Santa Clara 01 (SãoFernando-R N) e
Oiticica 18 (Jardim de Piranhas-RN) .......................................................................................................... 21
Primeiros engenhos coloniais do litoral norte de pernambuco: uma abordagem da arqueologia de
paisagens ................................................................................................................................................... 21
Pesquisa Arqueológica do Istmo de Olinda, PE: um acidente geográfico que une as terras e a história de
duas cidades irmãs .................................................................................................................................... 22
Estudo Arqueológico de um Sítio Terrestre Submerso na Zona Intertidal da Praia dos Milagres,
Varadouro, Olinda-PE ................................................................................................................................ 22
SIMPÓSIO TEMÁTICO 03 – Gênero e Arqueologia: o que mudamos desde 2020? Perspectivas desde o
Nordeste ................................................................................................................................................... 23
Do binário ao cuir: conversando sobre outras possibilidades de leitura do registro arqueológico ........... 23
Problemas de gênero nos registros rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara: Provocações em
direção a uma ecologia de saberes............................................................................................................ 24
Arqueologia e Gênero nos Espaços Cemiteriais: a representação de indivíduos infantis no Cemitério de
Santo Amaro, Recife (1851-1930).............................................................................................................. 24
Arqueologia no cemitério de Santo Amaro, Recife/PE: Uma análise das representações infantis presentes
na arte funerária dos jazigos (1851 - 1930) ............................................................................................... 25
“Foi Maria pra depois Bonita”: cangaceiras, armas e a imagética do cangaço através da Arqueologia ..... 25
Um olhar feminista sobre a prática arqueológica: o caso dos egressos do curso de bacharelado em
arqueologia da UFPE ................................................................................................................................. 25
SIMPÓSIO TEMÁTICO 07 – Pesquisas Arqueológicas com enfoque ambiental no Nordeste brasileiro:
espaços e saberes ..................................................................................................................................... 26
Lugar, gesto e memória: persistências no fazer das loiças de barro Xokó ................................................. 26
Vasos, cuias, panelas e potes: um olhar sobre a cerâmica tupiguarani da mata sul de Pernambuco ........ 27
Estruturas de obtenção de água pela comunidade de Lagoa de Fora, São Raimundo Nonato, semiárido
piauiense ................................................................................................................................................... 27
Sítios com Arte Rupestre na Bacia Hidrográfica do Rio Grande, Barreiras e São Desidério-BA:Estudos
Geoarqueológicos ..................................................................................................................................... 28
Arqueologia da paisagem na ilha de Cajaiba, Bahia .................................................................................. 28
Os registos rupestres da borda sul da Chapada Diamantina: uma perspectiva ambiental no estudo das
pinturas pré-coloniais ................................................................................................................................ 29
MESA DE ABERTURA .......................................................................................................................... 29
Território de violência, tráfico humano e tráfico arqueológico, o caso de México/Mesoamérica ............ 29
2º DIA: 22 DE SETEMBRO DE 2022 ...................................................................................................... 29
SIMPÓSIO TEMÁTICO 05 – Dos vivos aos mortos: abordagens em Bioarqueologia ............................... 29
Bioarqueologia em foco: um recorte da arqueologia nordestina .............................................................. 30
Arqueologia da morte: estudos de caso sobre a materialidade presente nos registros funerários .......... 30
Análise Bioarqueológica de Contextos Funerários no Piauí....................................................................... 31
ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
A busca por tornar reconhecido o patrimônio arqueológico em localidades de Cairu, Bahia ................... 51
Arqueologia preventiva e gestão do patrimônio arqueológico - reflexão sobre práticas de campo e gestão
dos acervos arqueológicos ........................................................................................................................ 52
Documentação museológica de acervos arqueológicos: uma reflexão acerca das diretrizes para recepção
de acervos no Laboratório de Documentação e Arqueologia (LADA/UFRB) ............................................. 52
SIMPÓSIO TEMÁTICO 10 –Arqueologia, saberes e educação: diálogos e experiências .......................... 53
A experimentação arqueológica como estratégia pedagógica .................................................................. 53
A extroversão do conhecimento arqueológico por mídias sociais: A Arqueologia Pública como
instrumento de divulgação cientifica em tempos de pandemia ................................................................ 54
Cursos de extensão universitária online: a experiência do grupo de estudos Arqueologia do Oeste da
Bahia.......................................................................................................................................................... 54
Audiovisual como ferramenta para a educação patrimonial: a experiência no sítio arqueológico Chácara
Rosane, em São Luís, Maranhão................................................................................................................ 55
Da quadrícula ao quadro: vivências e aprendizados nos Projetos Integrados de Educação Patrimonial no
licenciamento ambiental no Nordeste (2016-2022) .................................................................................. 55
Educação Patrimonial em Tempo de Pandemia: Uma Experiência no Licenciamento Ambiental no
município de Itaparica-Bahia ..................................................................................................................... 56
Férias no Museu da UNICAP: A importância das experimentações lúdicas no Museu para o ensino da
arqueologia e ciências naturais. ................................................................................................................ 56
Coleção, colecionadora, museu: Uma pesquisa acerca do Museu do Sertão Antônio Coelho em Remanso
– BA. .......................................................................................................................................................... 57
Um parque para preservar: levantamento e apontamentos acerca das pesquisas arqueológicas no
Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, Cabo de Santo Agostinho-PE (2015-2022) ....... 57
A comunidade em defesa de um Sítio de Arte Rupestre ameaçado: o caso de Entre Morros na Bahia.... 57
Como e Porquê conservar? Questões sobre a valorização de um sítio arqueológico em Estância/SE. ..... 58
MESA DE ENCERRAMENTO ................................................................................................................. 58
SIMPÓSIO TEMÁTICO 11 –Arqueologia Digital ........................................................................................ 58
SIG aplicado à Arqueologia: Mapeamento Histórico, Modelagem Preditiva e possibilidades de
conhecimento. .......................................................................................................................................... 59
Caracterização arqueológica e geomorfológica do entorno do sítio arqueológico Grota do Morcego,
Salgadinho (PB) através de modelagem tridimensional por aerofotogrametria ....................................... 59
Modelagem Preditiva aplicada à Bacia do Poti: O uso do algoritmo Random Forest. ............................... 60
Preservação patrimonial no Enclave Arqueológico Pedra Ferrada: fotogrametria com software livre na
construção de modelos tridimensionais em sítios arqueológicos com gravuras rupestres no Rio Grande
do Norte .................................................................................................................................................... 60
O Mapa Como Artefato: Georreferenciamento Absoluto Aplicado ao Piauí Colonial ............................... 61
Bancos de Dados Aplicados à Arqueologia. ............................................................................................... 61
Banco de Dados sobre Contextos Funerários do Piauí. ............................................................................. 61
ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
RESUMO
1º DIA: 21 DE SETEMBRO DE 2022
SIMPÓSIO TEMÁTICO 01 – Arqueologia como prática social e instrumento político para grupos
marginalizados
EIXO 1:GESTÃO SOCIAL DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E DIREITOS HUMANOS
ST01: Arqueologia como prática social e instrumento político para grupos marginalizados
Carlos Etchevarne (UFBA)
Carlos Xavier de Azevedo Netto (UFPB)
Nos últimos anos observa-se cada vez mais com maior evidência um novo caminho para a prática
arqueológica: sua dimensão social. O potencial mobilizador que tem o universo arqueológico pela sua
materialidade e facilidade de percepção/ interpretação, permite que ele seja apropriado para elaborar os
fundamentos de ideários reivindicatórios de grupos sociais despossuídos de poder econômico e, por isso,
marginalizados. Em teoria, essa característica essencial do material arqueológico já era preconizada nos
anos 1970, por vários arqueólogos, entre os quais o arqueólogo peruano Luis Lumbreras. No Brasil só
recentemente se abriu um espaço com essa concepção, que hoje parece não parar de se estender,
alcançando resultados, deveras, surpreendentes. Por isso, esse simpósio pretende reunir comunicações
que sejam produtos de experiências de práticas em comunidades, em que os pesquisadores foquem as
condições objetivas de subsistência, as relações estabelecidas entre as pessoas, seus hábitos, seus ideários
e a vinculação com os sítios arqueológicos existentes, no entorno. Ademais, nesse simpósio admitem-se
comunicações que apresentem reflexões conceitualizações, que favoreçam análises de situacionais
regionais ou locais, mas que tenham como foco sítios arqueológicos, mesmo que não tenham sido
estudados, mas que de alguma maneira sejam referenciais para os grupos sociais vizinhos. Dessa forma
com o simpósio “Arqueologia como prática social e instrumento político para grupos marginalizados”
pretende-se por um lado dar voz a essas experiências sociais que usam a Arqueologia como suporte
material ou conceitual para suas reivindicações, e, por outro, instigar aos pesquisadores a se aproveitarem
do potencial mobilizador que subjaze na mesma natureza dessa ciência.
Palavras-chave: Arqueologia e comunidades. Arqueologia colaborativa. Práticas sociais da Arqueologia.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Inventário Participativo do Patrimônio Material de Casa Amarela: por uma Arqueologia Comunitária
como prática sociopolítica
Pollyana Calado de Freitas (UFRJ)
Inserido no debate do direito à cidade, a dimensão pública da Arqueologia deve negociar a atuação do
patrimônio quanto ferramenta política emancipatória. A aplicação do Inventário Participativo pode
instrumentalizar essa negociação. Visando ações de reconhecimento, valorização, preservação e
extroversão, o inventário de Casa Amarela foi elaborado pelo Coletivo @casaamarelaeobairro, sob a luz
da Arqueologia Comunitária para pensar de forma contextual, multivocal, reflexiva e interativa. A
metodologia seguiu a proposta do Iphan, entendendo-o como ação de Educação Patrimonial que visa o
engajamento das comunidades, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, questionários on line e
interação com os moradores através do Instagram. O produto final foi divulgado nas redes sociais e
distribuído nas escolas e nas bibliotecas do bairro. Por ser Casa Amarela um reduto de luta e subversão,
acreditamos que construir novas narrativas acerca de sua história é uma forma de resistir ao atual
processo de apagamento promovido pela disputa territorial e de ampliar a discussão mostrando sua
origem operária e suas conquistas sociais, visando novos futuros.
Palavras-chave: Arqueologia Comunitária. Patrimônio Material. Inventário Participativo. Casa Amarela.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Museu Galdino Bicho, instituição localizada na cidade de Aracaju/SE e vinculado ao Instituto Histórico e
Geográfico de Sergipe – IHGSE, enfatizando a disposição e localização dessas materialidades encontradas
subalternizados, ocultadas em relação as demais tipologias e materialidades. Pretende-se então, a partir
do estudo de caso das materialidades afro-religiosas musealizadas na cidade de Aracaju/SE, evidenciar
como a ocultação dessas peças ferem o direito a representação, ressaltando a necessidade de uma
documentação, registro e divulgação como forma de trazer à tona o que não está presente nos discursos
oficiais. Em bibliografias anteriores eram mencionados três objetos (atabaques), contudo após
investigação nos documentos, bem como na reserva técnica da instituição, foi possível nos direcionar a
mais peças pertencente a essa coleção, como resultado das investigações podemos enfatizar/atrelar as
novas descobertas. Neste sentido, consolidamos nossas colocações a fim de estreitar relações entre as
áreas cientificas, culturais e patrimoniais como arqueologia e museologia, tais concepções podem
contribuir enquanto processo conjunto na engrenagem de gestão dos conjuntos das materialidades
socioculturais e possa contribuir de maneira significativa e reparadora para com as comunidades antes
marginalizadas.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Arqueologia. Memórias. Gestão de Acervo.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Ocupada por indígenas Macuxi. O acesso é feito pelas BR-174 e 433 em período seco. Nos festejos recebe
muitos visitantes. O sítio fica a 200m, contendo um matacão principal e outros secundários. O principal é
um abrigo sob rocha granítica com 10m de comprimento e altura média de 1,5 m, orientado O/S, voltado
para SO. As pinturas são na maioria não- figurativas, serpentiformes, paralelas, círculos alinhados,
pontilhados, cruzes etc. Para os indígenas são morcegos, macacos e jiquí. Têm diferentes tons de vermelho
e uma pintura preta. Sofrem ações naturais e antrópicas. Fez-se um diagnóstico, que orientou as
intervenções para eliminar as alterações naturais e as introduzidas, além de consolidar placas rochosas.
Realizou-seoficina na Escola, participando professores e alunos com o objetivo de discutir a intervenção e
ações futuras. Muito proveitosa e rica a interação com a equipe. As ações sobre as pichações era o
interesse maior, fato esse que se concretizou mediante a eliminação ou mascaramento. O resultado foi
muito positivo para a integridade do sítio rupestre.
Palavras-chaves: Intervenção de conservação. Pedra do Perdiz. Arqueologia social inclusiva.
Por uma Arqueologia menos colonizadora: história indígena de longa duração no Vale do Rio Colônia
Morgana Cavalcante Ribeiro (UFPE)
Rodrigo Lessa Costa (UNIVASF)
Na tentativa de superar práticas arqueológicas que estabelecem a dicotomia entre pré-história e história,
propõe-se uma Arqueologia menos colonizadora que busque entender os processos de continuidade, mas
também de transformação entre o registro arqueológico e os grupos indígenas contemporâneos. Com
esta pesquisa objetivou-se entender a história indígena de longa duração no Vale do Rio Colônia,
localizado no sul da Bahia. Para tanto, a metodologia empregada nesta pesquisa fez uso de fontes
arqueológicas, etno-históricas, linguísticas e etnográficas. A região é tradicionalmente ocupada por grupos
indígenas Jê e Tupi que estão ali interagindo desde há pelo menos 670 antes do presente e isso é
demonstrado através de vários elementos. É palco de inúmeras ocupações indígenas desde o período pré-
colonial até a contemporaneidade, independentemente de questão étnica ou cultural, constata-se a
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
recorrência da presença indígena. Uma Arqueologia menos colonizadora compreende que o passado pré-
colonial – antes dissociado da história dos grupos indígenas – integra todo o continuum histórico dos
genuínos habitantes da terra que hoje conhecemos como Brasil.
Palavras-chave: História indígena. Longa duração. Continuidade. Mudança.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
através da lei 2.524 de 2018. A lei visa conferir reconhecimento a celebração que aparece nos registros
históricos antes mesmo da década de 70, sendo associada a uma diversidade de atores interessados:
operários, poder público e grupos de religião afro- brasileira. A partir da década de 1970, a realização da
lavagem é identificada com grupos praticantes de religião afro-brasileira no município, particularmente
aqueles relacionados com o candomblé. Frente este cenário, o objetivo é analisar o processo de
patrimonialização da lavagem, considerando um recorte particular, as percepções e os discursos
elaborados do ponto de vista dos grupos de candomblé. Através de discussões envolvendo a arqueologia
do presente,patrimônio e memória social, pretende-se construir uma trajetória histórica da lavagem da
escadaria no presente e passado recente. Partindo das discussões envolvendo a arqueologia do presente,
será possível analisar os aspectos sociais desse patrimônio cultural imaterial, e o processo de consolidação
desse patrimônio. A metodologia adotada nesta pesquisa será a aplicação de questionário qualitativo
semiestruturado, a fim de conhecer as percepções e narrativas de pessoas do candomblé envolvidas na
lavagem da escadaria. E, a partir de levantamento documental e imagético, buscar por informações
históricas sobre a lavagem e os grupos envolvidos no festejo. Através dessa pesquisa, será possível analisar
a adesão da prática da lavagem, dentro de um ponto de vista que considere tensões e acordos entre
discursos oficiais e comunitários. Essa pesquisa tem como objetivo enfatizar uma narrativa que parta da
percepção dos grupos de candomblé que recebem do prefeito da época, a responsabilidade de lavar a
escadaria. Considerando as possibilidades de reapropriação de produção de novas memórias, garantindo
a continuidade da prática e espaços públicos para a devoção de uma fé que até os dias atuais sofre com
perseguição e intolerância religiosa.
Palavras-chave: Patrimônio. Patrimonialização. Candomblé. Valença-BA. Arqueologia do presente.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Etnomapeamento dos sítios arqueológicos na Terra Indígena Barra do Mundaú, Itapipoca, Ceará.
Bianca Araújo Freires (UFRB)
Henry Luydy Abraham Fernandes (UFRB)
O povo indígena Tremembé da Terra Indígena (TI) Barra do Mundaú celebra em seu território espaços de
memória que de tempos em tempos são descobertos e recobertos pelas areias de dunas. Esses espaços
referem-se a atividades cotidianas do passado como aldeias, acampamentos de povos antigos, casas de
farinha etc. Alguns desses espaços referem-se a sítios arqueológicos, que para os Tremembé, são provas
concretas da presença de seus antepassados na região. Contudo, esses sítios vêm sendo constantemente
saqueados por não indígenas. Diante de tal situação, os Tremembé vêm demandando medidas que
impeçam a continuidade desses saques. Como uma primeira medida para se pensar em estratégias de
proteção desse patrimônio arqueológico na TI Barra do Mundaú, propõe-se a realização do
Etnomapeamento em conjunto com os Tremembé cuja finalidade é localizar os sítios arqueológicos,
entender como encontram-se distribuídos na área e de que forma se relacionam com os demais espaços
utilizados pelos Tremembé. A relação de pertencimento construída pelos Tremembé em torno dos sítios
arqueológicos é fundamental para a proteção dos mesmos.
Palavras-chave: Etnomapeamento. TI Barra do Mundaú. Tremembé. Sítios arqueológicos.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Notas preliminares sobre cachimbos históricos no nordeste: breve panorama em ampla escala
Sarah de Barros Viana Hissa (UFMG)
Os cachimbos arqueológicos do período histórico brasileiro podem ser classificados em dois grandes
grupos: cachimbos estrangeiros (moldados e feitos, em geral, a partir de argilas brancas cauliníticas) e
cachimbos ditos “de barro” (feitos no território, com argilas variadas com algum teor de ferro). A partir
de um levantamento de peças realizado em coleções e, principalmente, em revisão bibliográfica de
trabalhos acadêmicos, relatórios e artigos, foram observados alguns padrões para ambas as classes. Na
região nordeste do país, os cachimbos estrangeiros estão principalmente associados à ocupação
holandesa (tanto de fatura nos Países Baixos, quanto da cronologia de fatura, remetente ao século 17),
com exceção de Salvador. Já os cachimbos de barro apresentam alguns tipos particulares em diferentes
escalas de dispersão/distribuição. Tendo em vista que ainda há várias questões para as quais não se tem
resposta, serão oferecidos alguns caminhos interpretativos sobre os padrões observados.
Palavras-chave: Cachimbo. Fumo. Cerâmica. Classificação arqueológica. Distribuição.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Materialidade ex-votiva no Piauí: Estudo comparativo das narrativas e objetos da Toca do Cruzeiro
(Coronel José Dias), Cemitério dos Anjos (São Braz do Piauí) e Igreja do Senhor doBomfim (Dirceu
Arcoverde)
Marisa Lima Miranda Sousa (UNIVASF)
Alencar Miranda de Amaral (UNIVASF)
Pensando na necessidade de ampliar as informações sobre os locais onde ocorre a prática ex- votiva no
Piauí é preciso identificar a cultura material presente e os relatos associados a esses espaços e a partir da
perspectiva comparativa fazer o estudo da materialidade e das narrativas sobre esses espaços e objetos.
Defendemos que é de suma importância que se registrem e se valorize práticas e materialidades que
remetam a contextos e narrativas regionais. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar e
comparar os objetos e artefatos presentes na Toca do Cruzeiro (Coronel José Dias), Cemitério dos Anjos
(São Braz do Piauí) e Igreja do Senhor Bomfim (Dirceu Arco Verde),buscaremos analisar os aspectos
técnico-morfológicos e o estado de conservação de artefatos de madeira depositados nestes três locais
no estado do Piauí assim como também compreender sua correlação com o contexto histórico, social e
religioso regional, buscando ainda identificar as similaridades e variabilidades nestes espaços. Com vistas
a problematizar, através do enfoque da arqueologia regional e comunitária, as especificidades dos
contextos simbólicos e materiais associados à espaços sagrados e à pratica ex-votiva sertaneja no Piauí.
Os dados levantados até o momento, referentes ao sítio toca do Cruzeiro, indicam que, numa
perspectiva técnica, predominam o emprego de matérias primas locais; o entalhe manual, como
procedimento para formatação das peças; o predomínio de peças figurativas de partes anatômicas do
corpo cujas formas, majoritariamente, tendem à simplificação e geometrização; a rigidez e frontalidade
nas esculturas de corpo inteiro, com representações de pessoas em pé com os braços paralelos ao corpo.
Por sua vez, os relatos coletados revelam que as esculturas entalhadas na madeira e depositas na Toca
do Cruzeiro dizem respeito aos problemas de saúde vividos pelos moradores da região.
Palavras-chave: Cultura Material. Religiosidade. Ex-voto.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Conexões entre cultura material e memória social no semiárido piauiense: a indumentária dos
vaqueiros da Comunidade de Queimadinha, município de São Raimundo Nonato-PI
Amanda Paes Landim Silva (UNIVASF)
Leandro Elias Canaan Mageste (UNIVASF)
O presente trabalho teve como objetivo identificar de que forma a indumentária do vaqueiro se torna um
objeto importante no cotidiano da Comunidade de Queimadinha, zona rural do município de São
Raimundo Nonato, Piauí. Desse modo, esperamos tecer conexões entre cultura material e memória social
dentro desse contexto, avaliando as narrativas dos vaqueiros a respeito de seu passado e as
materialidades envolvidas no processo. Paralelamente, buscamos construir a história da comunidade e
entender como a indumentária se faz presente nas memórias de nossos colaboradores. Na prática,
aplicamos metodologias pautadas em entrevistas e na construção de uma ficha de análise para a
classificação dos objetos. Com os trabalhos, conseguimos coletar informações que permitiram refletir
sobre a história da comunidade de Queimadinha e sua inserção em um contexto cultural mais amplo no
tocante a vida sertaneja. Por fim, a interface entre arqueologia e comunidade aplicada nessa pesquisa
serviu para evidenciar que forma alguns vaqueiros construíram, interpretaram e narraram as suas
experiências no campo por meio da indumentária.
Palavras-chave: Cultura material. Memória social. Indumentária.Vaqueiro.
Análise da cerâmica histórica do sítio arqueológico Ramada 02, São Fernando, Rio Grande do Norte
Vanessa Dantas Evaristo (UFRN)
Keliane Soares de Macedo (UFRN)
Yasmin Isis Lopes Dantas (UFRN)
A Barragem de Oiticica, corresponde a um projeto hídrico que abrange os municípios de Jardim de
Piranhas, São Fernando e Jucurutu, no Rio Grande do Norte. Na bacia hidráulica dessabarragem foram
resgatados 23 sítios arqueológicos, dos quais, o Ramada 02, em São Fernando/RN, é um deles. Este sítio
arqueológico é multicomponencial, com vestígios pré- históricos e históricos, sendo que, neste trabalho,
abordaremos as cerâmicas históricas. A análise abordou desde as técnicas de confecção e morfologia,
além de aferições métricas. Nos fragmentos analisados observou-se, entre outros aspectos: bordas e
paredes, cujo modo de produção foi acordelado e/ou modelado. Essas peças estão, em sua maioria
fragmentados, apresentando comprimento, largura e espessura pequenos. Quanto à decoração,
percebemos uma variedade de tratamentos de superfície externa e interna. O antiplástico foi composto
principalmente de minerais, sendo o tipo de núcleo mais comum o de cor uniforme escura.
Palavras-chave: Cerâmica. Sítio arqueológico. Período histórico.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
mas também temos a presença de caco moído e carvão. Esta categoria de evidência se destaca
quantitativamente em sítios arqueológicos no Seridó Potiguar, associada a contextos de populações
sertanejas, por meio da análise percebemos que as cerâmicas não divergem de outros sítios presentes na
região.
Palavras-chave: Totoró. Cerâmica. Seridó. Arqueologia.
Análise da louça dos sítios arqueológicos Santana 01 (Jucurutu-RN), Santa Clara 01 (SãoFernando-R N)
e Oiticica 18 (Jardim de Piranhas-RN)
Maria Eduarda Soares Dias de Medeiros (UFRN)
Lourdes Castro Pereira (UFRN)
O projeto de resgate arqueológico de sítios na bacia hidráulica da Barragem de Oiticica, envolveu a
pesquisa em 23 sítios, que estão associados a ocupações históricas e pré-históricas. Os sítios
arqueológicos Santa Clara 01 e Oiticica 18 são multicomponenciais, já o Santana 01 apresentou ocupação
apenas histórica. Busca-se compreender os contextos de ocupação e de cotidiano das populações
sertanejas nos municípios de Jucurutu, São Fernando e Jardim de Piranhas, através da identificação e
análise de fragmentos de louça branca, coletados nos referidos sítios. Foram encontrados em maior
quantidade, fragmentos caracterizados como faianças finas, havendo ainda faianças e porcelanas em
menor número, cuja pasta varia de cor, predominando a branca e a ausência de decoração na maior parte
dos fragmentos. Através dos dados coletados, propõe-se o uso da louça branca como indicador
cronológico dos sítios, em virtude de sua industrialização documentada e com definição cronológica bem
marcada.
Palavras-chave: Oiticica. Sítio arqueológico. Contextos de ocupação. Louça branca.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Pesquisa Arqueológica do Istmo de Olinda, PE: um acidente geográfico que une as terras e ahistória de
duas cidades irmãs
Matheus Gaudêncio de Avelar Vilela (UFPE)
Carlos Celestino Rios e Souza (UFPE)
O Istmo de Olinda é uma estreita faixa de terra, existente entre o rio Beberibe e o oceano Atlântico, que
ligava Olinda ao atual Bairro do Recife. O acidente geográfico era, até o fim doséc. XVI, uma área apenas
de passagem. Já no séc. XVII, sob o domínio holandês, atingiu o seu auge de militarização com
fortificações, como todo o Recife, então Mauritsstad. Do séc. XVIII ao XIX foi perdendo, junto à sua função
de defesa, a de passagem, graças à construção de pontes e estradas carroçáveis. No início do séc. XX,
durante as obras do Porto, foi então seccionado. Apesar de não unir mais as duas cidades, o Istmo
continua sendo um elo de suas histórias, exercendo também importante papel na história de
Pernambuco. Hoje, para a sociedade ondese insere, essa região não passa de um marco paisagístico.
Diante disso, o trabalho possui o objetivo de, por meio de pesquisas bibliográficas, iconográficas,
prospecções arqueológicas não interventivas e satélite, realizar um mapeamento dos dados
arqueológicos da área, com o propósito de saber o que ela tem a oferecer à Arqueologia, sob a ótica de
compreender as transformações sofridas pela sua paisagem ao longo do tempo da presença humana no
local.
Palavras-chave: Istmo de Olinda. PE. Paisagem. Fortificação. Iconografia.
Estudo Arqueológico de um Sítio Terrestre Submerso na Zona Intertidal da Praia dos Milagres,
Varadouro, Olinda-PE
Matheus Gaudêncio de Avelar Vilela (UFPE)
Carlos Celestino Rios e Souza (UFPE)
Na Zona Intertidal (entre marés) do bairro do Varadouro, no espaço localizado entre a Praia dos Milagres
e o início do Istmo de Olinda, foram identificados dois conjuntos de ruínas construtivas próximos entre si,
configurando um Sítio Terrestre Submerso Marinho, categoria de sítio arqueológico ainda não catalogada
em Pernambuco e tema de pesquisa incipiente no Brasil. Diante disso, o trabalho tem o objetivo de
elucidar o surgimento desse sítio, compreendendo as transformações pelas quais passou, assim como
desvendar o histórico das construções que nele resultaram, através de pesquisas bibliográficas,
iconográficas, imagéticas e entrevistas não estruturadas com moradores das redondezas da área
estudada. Neste contexto, foi possível entender que o principal fator causador do arruinamento das
construções foi o avanço do mar sobre o litoral, resultado do desequilíbrio ecológico ocasionado pelos
aterros dos mangues e alagados da região, assim como das obras de dragagem e ampliação do Porto do
Recife. Além disso, a comparação entre imagens de satélites e fotografias aéreas forneceu informações
que permitem estabelecer um corte cronológico das construções.
Palavras-chave: Zona Intertidal. Sítio Terrestre Submerso. Paisagem.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
SIMPÓSIO TEMÁTICO 03 – Gênero e Arqueologia: o que mudamos desde 2020? Perspectivas desde o
Nordeste
EIXO 2: DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS: A ARQUEOLOGIA NORDESTINA E OS DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS
ST03: Gênero e Arqueologia: o que mudamos desde 2020? Perspectivas desde o Nordeste
Viviane Maria Cavalcanti de Castro (UFPE)
Mônica Almeida Araújo Nogueira (IPHAN-AM)
Mariana Zanchetta Otaviano (IPHAN-MA)
A proposta deste simpósio temático é promover uma continuidade do espaço de discussão criado no ano
de 2020, quando da realização da VI SAB-NE. A partir de um movimento de circularidade, procura-se não
somente aprofundar as discussões iniciadas na edição anterior, como também abraçar novos temas de
pesquisas. As normas sexistas, androcêntricas, heteronormativas e coloniais estão em debate e
demonstram que a ciência nunca foi neutra, as construções da arqueologia tradicional, historicamente
patriarcal e colonial, não correspondem mais aos anseios de pesquisa no presente, pois contribuem para
a permanência de realidades únicas e binárias, opressões e violências raciais e de gênero. A arqueologia
passa, portanto, pelo dilema de modificar-se na ação de romper com as estruturas que a ergueram. Negar
esse fato é negar a realidade. Partindo principalmente do movimento crítico feminista da ciência e no
caminho de contestar e romper com as formas de representação que foram construídas sobre o passado,
este simpósio temático convida para participar pessoas cujos trabalhos e temas de pesquisa versem sobre
uma arqueologia que se comunica e se conecta a ideias que denunciem, de alguma forma, as opressões
científicas e as mais diversas violências. Nestes propósitos, o Simpósio “Gênero e Arqueologia: o que
mudamos desde 2020? Perspectivas desde o Nordeste” abarcam dentre tantas, as arqueologias do corpo,
feminista, queer, cuir, decolonial e subalterna, envolvendo ainda demais pesquisas que possam contribuir
para pensar a condição arqueológica, visando discutir tanto a produção científica quanto promover a
militância nos campos dos fazeres arqueológicos, especialmente no Nordeste.
Palavras-chave: Arqueologia Crítica. Conhecimento Científico. Gêneros. Militância.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Estatuetas. Gêneros.
Problemas de gênero nos registros rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara: Provocações em
direção a uma ecologia de saberes
Itelmar de Negreiros Oliveira (UNIVASF)
Leandro Elias Canaan Mageste (UNIVASF)
Nesta pesquisa, proponho uma reflexão acerca das abordagens sobre os registros rupestres do Parque
Nacional Serra da Capivara com atribuições de “sexo” e “gênero”, inspirado nas provocações das teorias
decoloniais e queer. Nesse sentido, buscarei transitar por uma ecologia dos saberes, no intuito de analisar
as diferentes narrativas arqueológicas produzidas nas últimas décadas para a região. Ao mesmo tempo,
tentarei perceber como essas narrativas são assimiladas, interpretadas e desafiadas em outros cenários
de produção de conhecimento, considerando as experiencias dos condutores de turismo da região, bem
como perspectivas etnográficas e etnoarqueológicas que desnaturalizam a questão do gênero. Em termos
práticos, a partir da aplicação de uma arqueologia etnográfica, realizarei uma leitura densa desses
contextos, pautando o estudo em uma revisão bibliográfica crítica e na elaboração de entrevistas
semiestruturadas com os condutores de turismo da região. Com esses esforços, buscarei ampliar o arsenal
de possibilidades interpretativas, comprometidas em entender/romper com a normatização estabelecida
pelo sistema colonial binário de “sexo” e “gênero”.
Palavras-chave: Gênero. Arqueologia. Estudos Decolonial. Ecologia dos Saberes.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Arqueologia no cemitério de Santo Amaro, Recife/PE: Uma análise das representações infantis
presentes na arte funerária dos jazigos (1851 - 1930)
Luís Filipe Marinho Harten de Amorim Nogueira (UFPE)
O objetivo deste trabalho é analisar e comparar frequências nas variáveis de representações infantis (e
suas relações) visivelmente apresentadas nos jazigos do cemitério de Santo Amaro das Salinas, entre
1851 e 1930, comparando Primeira República e Segundo Reinado. Entre os elementos analisados estão
tipo de arte, matéria-prima, tipo de jazigo, categoria de representação infantil, ações representadas, e
associações entre representações. Os resultados indicam que na Primeira República há um reforço na (já
presente) predominância de associações de elementos religiosos às representações infantis,
representações de crianças terrenas se tornam menos frequentes na transição entre os períodos
históricos analisados, enquanto representações de querubins se tornam mais frequentes. Representações
de anjos se apresentaram as mais frequentes nos dois períodos analisados. Por sua vez, ocorreu um
aumento na variedade de associações entre elementos das representações entre o SegundoReinado
e a Primeira República, fato que indica um investimento realizado pela sociedade recifense na cultura
material funerária do primeiro ao segundo período.
Palavras-chave: Arqueologia Histórica. Estudos cemiteriais. Infância. Arte Tumular. Cemitério de Santo
Amaro.
“Foi Maria pra depois Bonita”: cangaceiras, armas e a imagética do cangaço através da Arqueologia
Luciana Alves Costa (USP)
Organizações contra hegemônicas, que desafiaram o poder governamental, foram recorrentesno Brasil,
sobretudo no Nordeste. No contexto da citada região brasileira e ao final do século XVIII, pessoas armadas
e organizadas em bandos transitaram por alguns de seus sertões e iniciaram o que conhecemos por
cangaço. Interpretado como bélico por sua associação com armas e, por esse motivo, antes visto como
exclusivo para o gênero masculino, esse movimento contou com a participação de mulheres sertanejas na
primeira metade do século XX. As cangaceiras, apesar de inseridas numa sociedade com valores morais
patriarcais, confrontaram aordem social vigente, foram partícipes no cotidiano do cangaço, manusearam
armas, influenciaram a organização do movimento e contribuíram para a construção de sua imagética.
Tais interpretações resultam da pesquisa “Acorda Maria Bonita, levanta, vai fazer o café: a relação do
gênero feminino do cangaço com a cultura material bélica” cuja realização se deu mediante a análise
imagética de registros fotográficos, análise de coleção privada associada às cangaceiras, e sob os
pressupostos teóricos da Arqueologia de gênero e feminista.
Palavras-chave: Cangaceiras. Armas. Imagética. Arqueologia de Gênero e Feminista. Arqueologia do
Cangaço.
Um olhar feminista sobre a prática arqueológica: o caso dos egressos do curso de bacharelado em
arqueologia da UFPE
Alessandra Hellen de Lima Oliveira (UFPE)
Viviane Maria Cavalcanti de Castro (UFPE)
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
profissionais da área. O objeto dessa pesquisa são os egressos da UFPE, e lhes foi indagado: existe distinção
de comportamento nas relações de trabalho na prática arqueológica? Se sim, elas são afetadas por
questões de gênero, desde o processo de seleção à sua remuneração? Como ocorrem essas relações?
Como a pandemia do COVID-19 reforçou esses aspectos comportamentais? E como a intersecção de
Orientação Sexual e Identidade Étnico-racial interferem nesses comportamentos? Para responder essas
questões, foi elaborado um questionário distribuído em plataformas online. E a partir dos dados coletados,
foi feita uma análise relacionando os grupos definidos pela identidade de gênero e suas possíveis
intersecções e alguns contextos chave como por exemplo, o assédio moral. Através da metodologia de
análise de dados, foi possível identificar que existem situações que são mais comuns às mulheres e outras
que perpassam as intersecções entre identidade de gênero, Identidade étnico-racial e Orientação Sexual.
Palavras chave: Arqueologia de Gênero. Arqueologia Feminista. Prática Arqueológica.
ST7: Pesquisas Arqueológicas com enfoque ambiental no Nordeste brasileiro: espaços e saberes
Cristiana de Cerqueira Silva Santana (UNEB)
Albérico Nogueira de Queiroz (UFS)
O Simpósio proporciona um espaço para a apresentação e discussão de pesquisas em Arqueologia com
enfoques voltados à compreensão ambiental, no tocante aos processos migratórios, de ocupação e de
utilização do meio, sejam em períodos pré-coloniais e pós-coloniais, nos biomas inseridos no Nordeste
brasileiro: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Interessa-se por debater as estratégias
para obtenção, aproveitamento e processamento de matérias-primas bióticas e abióticas. Também se
interessa por estudos que viabilizam e auxiliam as investigações arqueológicas e ambientais
multifacetadas na região, tais como, experimentações com faunas e vegetais, abordagens paleoecológicas
e ecológicas, inclusive em comunidades tradicionais atuais, as quais possam subsidiar estudos
etnoarqueológicos; além de montagens e manejos de coleções de referência e aplicações de metodologias
interdisciplinares. A relevância de se conhecer, abordar e discutir tais estudos proporciona conhecimento
e aprofundamento nas diversas perspectivas, e em especial ao colaborar com o avanço da Arqueologia
Ambiental, Zooarqueologia, Arqueobotânica, Geoarqueologia, Antropoarqueologia e demais áreas
correlatas. Em suma, espera-se promover uma ampla reflexão sobre as estratégias metodológicas
adotadas nas investigações sobre ocupação e utilização do espaço no decorrer do tempo, a partir dos
estudos de remanescentes orgânicos e inorgânicos provenientes dos contextos arqueológicos, tendo
como subsídio diversas pesquisas, as quais estão sendo desenvolvidas no nordeste brasileiro, abrangendo
a Arqueologia, Biologia, Ecologia Humana e Ciências Ambientais, compreendendo a ocupação humana
como uma complexa tessitura de relações ecológicas e sociais.
Palavras-chave: Ambientes. Contextos. Interfaces. Reflexões
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
se tornou alvo de disputa ainda nas primeiras décadas da invasão do colonizador europeu e a violência
desencadeada desde então está expressa nos séculos de silenciamento e invisibilização do povo indígena.
A loiça de barro contribuiu e viabilizou a ressurgência étnica dos Xokó na década de 1970, período que
marca a retomada da terra no passado recente . A história das loiças é indispensável à memória coletiva
e seu processo de produção acompanha as mudanças e continuidades desta prática ancestral. Neste
sentido, algumas escolhas relacionadas ao fazer das loiças se mostram irredutíveis: o barreiro utilizado, a
dinâmica de ensino-aprendizagem e o contar das histórias das mulheres loiceiras. Do ponto de vista
etnoarqueológico e das arqueologias do passado recente, estes aspectos indicam que as mudanças e as
continuidades observadas na produção das loiças podem ser entendidas como faces de um mesmo
fenômeno: a persistência da identidade Xokó materializada nas suas panelas de barro.
Palavras-chave: Etnoarqueologia. Arqueologia do passado recente. Loiça de barro. Loiceiras Xokó. T.I.
Caiçara/Ilha de São Pedro.
Vasos, cuias, panelas e potes: um olhar sobre a cerâmica tupiguarani da mata sul de Pernambuco
Wirlanny Evelyn Oliveira Barros (UFRPE)
Ana Lucia do Nascimento Oliveira (UFRPE)
Os vestígios materiais deixados pelos povos originários, presentes nos sítios arqueológicos, permitem
reconstituir uma possível interpretação acerca de seu modo de vida e entender os processos de interação
com o meio ambiente à sua volta. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo, apresentar
uma compreensão acerca das dinâmicas culturais dos grupos Tupis que se estabeleceram na região da
Mata Atlântica Sul de Pernambuco, buscando analisar os vestígios cerâmicos da tradição tupi-guarani,
recuperadas pelo “Programa de Salvamento Arqueológico na Área da Refinaria do Nordeste - Abreu e
Lima, Município de Ipojuca-PE". Por meio desse estudo, apresentaremos a variabilidade artefatual desses
vestígios que foram evidenciados nos sítios de ocupação pré-colonial, e os elementos presentes no seu
modo de fabricação e decoração, trazendo à cena principal as populações ceramistas que as produziram
e utilizaram e suas relações com o ambiente. Possibilitando contribuir com novos olhares para o campo
da Arqueologia Pré-colonial e compreender ainda mais a respeito dos grupos Tupis que se estabeleceram
nas matas litorâneas próximas ao mar de Pernambuco.
Palavras-chave: Cerâmica Tupiguarani. Povos Originários. Arqueologia Pré-colonial do Nordeste.
Estruturas de obtenção de água pela comunidade de Lagoa de Fora, São Raimundo Nonato,semiárido
piauiense
Samara Sandra de Negreiros Paes (UNIVASF)
Vanessa Linke (UNISVASF)
Nailton Negreiros Ribeiro (UNIVASF)
A Arqueologia do Presente nos coloca diante da possibilidade de se voltar o olhar arqueológicopara o
tempo recente, ou para o passado contemporâneo, se imiscuindo de suas materialidades, sentidos e
narrativas associadas. O contexto que aqui trabalhamos se refere a uma comunidade rural em São
Raimundo, denominada Lagoa de Fora, e que foi fundada na transição do século XIX para o XX, por
Serapião José de Negreiros e Ana Rosalina de Negreiros. À margem da lagoa que nomeia a comunidade,
foram alocadas as primeiras edificações que, com o crescimento dos descendentes de Serapião e Ana
Rosalina, foram rumando para locais vizinhos conformando o território vasto que detém a comunidade e
que engloba, inclusive, as outras lagoas. Situada no semiárido piauiense a população regional vive com
períodos de longas estiagens. A convivência com seca permitiu que as comunidades do semiárido
desenvolvessem conhecimentos e estratégias coletivas e familiares para a busca e armazenamento de
água, seja com a ajuda de políticas públicas de estado, seja de forma independente do poder público. Este
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
trabalho tem por objetivo caracterizar os distintos processos de acesso (captação e armazenamento) à
agua utilizados na comunidade de Lagoa de Fora desde o início de sua ocupação até os dias atuais. Através
de campos etnográficos e descritivos pode-se perceber a presença de seis processos: barreiro, cacimba,
caldeirão (de pedra), cisterna, poço, barragem. Percebe-se que os seis processos não são excludentes e
coexistem em um mesmo momento, embora se perceba o gradual abandono dos caldeirões (de pedra),
com a instalação de cisternas e mudança no uso da água de diferentes estruturas ao longo do tempo.
Palavras-chave: Arqueologia do presente. Barreiro. Cacimba. Caldeirão. Seca.
Sítios com Arte Rupestre na Bacia Hidrográfica do Rio Grande, Barreiras e São Desidério-BA:Estudos
Geoarqueológicos
Fernanda Martins da Silva Leão (Itgeo consultoria)
Paulo Jobim Campos Mello (UFS)
Os sítios arqueológicos Morro dos Tapuias, Derocal, Seu Camé, Gruta das Pedras Brilhantes e Serra do
Mimo foram estudados em uma perspectiva geoarqueológica, de modo a compreender as interações
humanas e escolhas geoambientais das sociedades produtoras de arte rupestre na região da bacia
hidrográfica do Rio Grande, margem esquerda do rio São Francisco. A diversidade de técnicas e temáticas,
a variedade de cores e combinações das pinturas e as sobreposições e diferenciações de suportes indicam
que os sítios foram intensamente ocupados em momentos distintos. As escolhas dos suportes e a posição
nos painéis foram distintas para gravuras e pinturas, dependendo da disponibilidade de suportes e tipos
de litologia, sendo que algumas escolhas indicam intenções de ocultar ou dar destaque a alguns registros.
Os estudos evidenciaram que a escolha geoambiental de cada sítio independeu da ocorrência de corpos
hídricos, próximos ou mais distantes, e dos locais demandarem maior esforço físico para serem
alcançados. O que há em comum é que foram priorizados locais com grandes afloramentos rochosos e
que dispõem de áreas abrigadas e com bom sombreamento.
Palavras-chave: Arte Rupestre. Geoarqueologia. Arqueologia Ambiental. Barreiras-BA. São Desidério-BA.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Os registos rupestres da borda sul da Chapada Diamantina: uma perspectiva ambiental no estudo das
pinturas pré-coloniais
Róbson Bonfim de Caires (UFS)
Albérico Nogueira de Queiroz (UFS)
Carlos Alberto Santos Costa (UFRB)
O Vale do Riacho dos Poções localiza-se no município de Paramirim, Bahia, apresenta como grande
potencial para o estudo da Arte Rupestre. O espaço é um corredor que separam naturalmente a Serra
Geral da Chapada Diamantina. Dentro da ciência arqueológica, acredita-se que a ‘Arqueologia Ambiental’
seja uma disciplina que forneça subsídios conceituais e metodológicos seguros para a aplicabilidade deste
trabalho. Contextualmente, entende-se o ambiente como um espaço onde as interações naturais e sociais
ocorrem, a partir de uma dinâmica de transformação constante. A aplicabilidade metodológica correta,
somada a uma segura análise laboratorial, que faz da Arqueologia Ambiental um poderoso campo de
estudo das interações humana com os ambientes naturais. O conjunto de pinturas rupestre encontrado
neste ambiente exibe predominância de desenhos geométricos aplicados com os dedos e, por isso, sugere
uma forma específica de representar, que pode ou não estar associada a um determinado contexto
sociocultural e ambiental. Enfim, todo o esforço na elaboração de um protocolo de procedimentos
metodológicos visa, de um lado, pensar em processos que sejam adequados ao universo artefatual
analisado e, de outro, dar consistência e assegurar coesão no levantamento de dados que, ulteriormente,
sustentarão as interpretações arqueológicas.
Palavras-chave: Pintura Rupestre. Arqueologia Ambiental. Bahia.
MESA DE ABERTURA
Território de violência, tráfico humano e tráfico arqueológico, o caso de México/Mesoamérica
Prof. Dr. Pedro Jiménez Lara (UV/México)
A Mesoamérica é reconhecida mundialmente como um ponto originário das Américas. Uma grande parte
do território mexicano faz parte desta área cultural. O território mexicano sempre permaneceu como um
espaço de tráfico de tudo. Atualmente, é um território de muita violência com tráfico de drogas intenso,
migrações humanas centro-americanas e claro roubo de peças arqueológicas impactando fortemente a
sociedade mexicana. Todo o conjunto de tráfico impacta no nosso trabalho de pesquisas arqueológicas,
impedindo avanços importantes.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
da morte, estando ela como um reflexo da prática indígena ou mesmo nos conduzindo em uma narrativa
entre igrejas e cemitérios, oficiais ou clandestinos, os quais permitem entender parte do comportamento
social em geral ou dos indivíduos em particular. Este simpósio tem como objetivo abrir um espaço para
diálogos sobre pesquisas relacionadas a contextos mortuários ou funerários no Nordeste do Brasil
considerando o potencial informativo dos remanescentes orgânicos, ou materiais correlatos, contribuindo
assim para entender parte deste passado e presente. A proposta se justifica pela necessidade deste espaço
de fala, sobretudo considerando o número ainda pouco expressivo de pesquisas sobre o tema na região,
mas com potencialidade de crescimento. Assim, esperamos que seja possível utilizar ambientes como este
para divulgação de pesquisas já realizadas ou ainda em desenvolvimento, permitindo que essas “histórias
escavadas” se cruzem e que contem muito mais do que o próprio contexto ou material tem a nos dizer.
Palavras-chave: Nordeste brasileiro. Bioarqueologia. Arqueologia. Antropologia Forense.
Arqueologia da morte: estudos de caso sobre a materialidade presente nos registros funerários
Melissa Jéssica Beleza Souza (UFPE)
Diógenes Santos Saldanha (UFPE)
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir como diferentes tipos de artefatos são identificados
de forma recorrente no registro arqueológico funerário. Partindo de uma revisão bibliográfica,
exemplificamos diferentes estudos de caso de vestígios materiais evidenciados em associação ao indivíduo
morto. Ao se pensar numa Arqueologia da Morte nos deparamos com elementos socioculturais de
comunicação únicos da cultura material funerária que lançam o desafio de identificar informações
contidas nos sepultamentos e consequentemente aos indivíduos a que foram associados durante o ciclo
funerário. Com base em todos os estudos de caso levantados, representados de forma variável em seus
contextos pré-coloniais e coloniais, a cultura material presente na morte deve ser considerada enquanto
manifestações físicas das práticas funerárias, e, portanto, uma parcela da cultura de uma sociedade que a
constitui.
Palavras-chave: Arqueologia da Morte. Práticas Funerárias. Cultura Material.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
musealização. Este estudo contribui para o estudo de novos métodos no reconhecimento dos danos em
ossos, possibilitando, assim, a continuidade de futuras pesquisas.
Palavras-chave: Conservação Arqueológica. Bioarqueologia. Educação Patrimonial.
Espaços para os vivos e espaços para os mortos: sítios com remanescentes humanos e suas
diversidades artefatuais em Camalaú/PB
Silvana Moreira da Silva (UNIVASF)
Jaciara Andrade Silva (UNIVASF)
O principal objetivo do trabalho é abordar os sítios arqueológicos caracterizados enquanto abrigos, Barra
e Parque das Pedra, na Paraíba, a partir de seu entendimento enquanto espaços funerários. A proposta é
mostrar a relação desse material, suas similaridades, diferenças, estado de conservação, forma de
deposição e suas relações com o contexto. A Arqueotanatologia será utilizada para leitura dos ambientes
funerários e discussões acerca dos mesmos. No sítio Barra não foram identificados indivíduos articulados,
mas uma diversidade artefatual incluindo materiais vegetais. O sítio Parque das Pedras apresenta uma
desorganização nas primeiras camadas, sendo observado um padrão maior de organização nas camadas
mais profundas do abrigo. Os sítios de Camalaú com remanescentes humanos apresentam um papel
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
significativo para decodificar parte do passado do atual território nordestino, corroborando com o
entendimento ligado às práticas funerárias pretéritas.
Palavras-chave: Bioarqueologia. Arqueologia Funerária. Cariri Paraibano.
Análise Bioarqueologica preliminar dos remanescentes ósseos humanos escavados no Forte de Santo
Inácio de Loyola, Tamandaré – PE (SÉC. XVII-XIX)
Celyne Rodrigues Brito dos Santos Davoglio (UFPE)
Sérgio Francisco Serafim Monteiro da Silva (UFPE)
André Laurentino (UFPE)
Este trabalho apresenta os resultados preliminares da análise bioarqueológica dos remanescentes ósseos
humanos escavados no Forte Santo Inácio de Loyola, Tamandaré, Pernambuco, construído em 1645. Dois
conjuntos de materiais ósseos humanos foram localizados: um sepultamento duplo encontrado de modo
fortuito no terrapleno e remanescentes esparsos e incompletos de 7 indivíduos no quartel lateral direito
do forte. Após o uso de técnicas de estabilização óssea, foi feita a estimativa de sexo, idade, estatura,
ancestralidade biogeográfica, produzindo dados osteoarqueológicos e a inferência sobre doenças,
traumas e anomalias presentes em dois esqueletos. Foram usadas técnicas de curadoria minimamente
interventivas e a escavação de blocos contendo ossos articulados em laboratório. Este trabalho contribui
para uma análise inicial dos remanescentes humanos, assim como contribui para a reconstrução e
preservação da memória do forte, incluindo a musealizacão.
Palavras-chave: Forte Santo Inácio de Loyola. Deposições funerárias. Bioarqueologia; Arqueologia
forense. Conservação arqueológica.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Deposições funerárias do engenho Jaguaribe, Abreu e Lima - PE: Resultados preliminares de escavação
arqueológica da campanha de 2018-2019
Sergio Francisco Serafim Monteiro da Silva (UFPE)
Cláudia Alves de Oliveira (UFPE)
No município de Abreu e Lima, antiga Sesmaria Jaguaribe, doada no século XVI, estão alguns dos principais
sítios coloniais do Litoral Norte de Pernambuco. Durante o Projeto Os primeiros engenhos coloniais da
Sesmaria Jaguaribe, foram identificadas ruínas de estruturas do Engenho Jaguaribe, compostas pela casa
grande, engenhoca de cana de açúcar, construção sacra, alicerces de pedra e cemitério. Entre os alicerces,
ocorreram sepultamentos e ossos esparsos, a 20cm - 120cm de profundidade, em solo argiloso, com
fitoturbação, esmagamento e dispersão por exumações e inumações consecutivas. O objetivo da pesquisa
é estudar os sepultamentos do cemitério do engenho. A escavação, realizada por superfícies amplas, com
registro fotogramétrico e drone, tem indicado vestígios dos séculos XVI-XIX: contas de colar, escapulário,
dente com limagem, cravos e um idé. Dados bioculturais de 11 esqueletos humanos de adultos e infantis,
corroboram com a presença de pessoas de ancestralidade biogeográfica africana. Os perfis
bioantropológicos e socioculturais estão em estudo, com ênfase na nas práticas funerárias, dieta, isotopia,
osteoarqueologia e biologia molecular.
Palavras-chave: Engenho Jaguaribe. Bioarqueologia social. Diáspora africana. Sepultamentos.
Que o cemitério nos conta? O desenvolvimento da cidade de São Raimundo Nonato/PI no século XX
sob a ótica cemiterial
Danielle Pinto Viana (UNIVASF)
Jaciara Andrade Silva (UNIVASF)
Ambientes cemiteriais podem possuir várias intepretações e até mesmo definições, fruto do projeto
“Arqueologia da Morte: o desenvolvimento da cidade de São Raimundo Nonato/PI no Século XX através
das ocupações cemiteriais” (PBIC-FAPEPI) buscamos, com a análise de locais mortuários, entender a
dinâmica social e econômica ocorrida sobretudo durante o século XX nesta cidade do sudeste do Piauí. Os
cemitérios de N. Sra. de Lourdes e N. Sra. da Piedade foram utilizados para a coleta de dados sobre os
indivíduos inumados entre o final do século XIX e XX, esses dados viraram fichas autorais das informações
contidas no jazigo e observações baseadas na análise dos signos verbais e não verbais de LIMA (1994) a
fim de dispor um perfil socioeconômico da cidade no recorte temporal. Como base, utilizou-se o trabalho
de Shirlene M. de Matos (2017) onde demonstra o período econômico da extração de borracha da
maniçoba (Manihot glaziowii) na região como essencial, refletido na aglomeração mortuária presente até
hoje. Percebe-se que com o estudo desses locais podemos traçar questões históricas, econômicas e
também englobar paralelos ao comportamento humano na cidade dos vivos.
Palavras-chave: Arqueologia Histórica. Cemitérios. Arqueologia da Morte. São Raimundo Nonato.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 06 – Tecnologia lítica para que? Os rumos dos estudos líticos no Nordeste do
Brasil
EIXO 3: ARQUEOLOGIAS E MULTIAMBIENTES NO NORDESTE
ST06: Tecnologia lítica para que? Os rumos dos estudos líticos no Nordeste do Brasil
Luiz Carlos Medeiros da Rocha (UFPE)
Juliana de Resende Machado (UEMG)
Os materiais líticos se configuram como uma das principais categorias de vestígios arqueológicos,
responsáveis pela caracterização de populações pré-coloniais e de pós-contato com os europeus.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Piragiba é um nome de origem Tupi dado a uma pequena vila rural localizada a 775 quilômetros da capital
baiana, pertencente ao município de Muquém do São Francisco na região Oeste da Bahia, em uma área
de transição entre a caatinga e o cerrado.Nessa região foram desenvolvidas no decorrer de 25 anos uma
série de pesquisas acerca de seu patrimônio arqueológico. Inseridos nesse patrimônio arqueológico estão
os sítios líticos de superfície, ocupações que no passado eram utilizadas por populações indígenas, espaços
esse que muitas das vezes também eram usados para confecção de instrumentos de pedra que serviam
para auxiliar na execução das tarefas cotidianas desses grupos. O presente estudo pretende pesquisar 16
coleções arqueológicas oriundas dessa região que se encontram salvaguardadas no Laboratório de
Documentação e Arqueologia (LADA), vinculado à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Os sítios de origem de tais coleções são palimpsestos arqueológicos, existem indústrias líticas de
caçadores-coletores e de grupos ceramistas Aratu, talvez também Tupi, misturadas nos sítios. Buscando
obter mais informações sobre os possíveis processos de desenvolvimentos tecnológicos pelos quais os
povos caçadores-coletores passaram, além do desejo de identificar quais interpretações as análises desses
sítios líticos permitem, iremos aplicar uma análise tecnomorfológicas nas coleções líticas e cerâmicas
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
citadas acima, advindas dos sítios de superfície. No decorrer dessa análise pretendemos obter o perfil
tecnológico dos sítios, ou seja, os tipos de indústrias, os tipos de peças, as técnicas de percussão, as
tecnologias de lascamento além dos estigmas tecnológicos. Estaremos utilizando como método de
pesquisa a análise tecnológica, na qual “a ideia central é compreender as atividades técnicas líticas e as
intenções culturais dos grupos humanos no que concerne o trabalho na pedra (Tixer, 1978; Inizan et al.,
1995, 2005; etc.)”.
Palavras-chave: Piragiba. Sítios líticos. Análise tecnomorfológica.
Reflexões econômicas sobre a indústria de adornos em caulinita silicificada do sítio Praça de Piragiba
Juliana de Resende Machado (UEMG)
As pesquisas no sítio Praça de Piragiba, localizado no oeste da Bahia, ocorrem há vinte e seis anos de
maneira descontínua e são lideradas pela equipe de arqueologia da UFRB. Este sítio é conhecido pela sua
ocupação cerâmica Aratu, pelas centenas de peças líticas bifaciais utilizadas no trabalho da terra e pelas
centenas de inumações, a grande maioria em urnas funerárias. Em 2012, encontrou-se uma cinquentena
de peças em caulinita silicificada, uma matéria-prima até então desconhecida naquela região. Partindo de
uma abordagem tecnológica, apresentaremos as características desta produção, inserindo-a
posteriormente, numa discussão econômica baseada no conceito de economia da matéria-prima. Essas
peças se relacionam à produção de adornos, principalmente pingentes e contas de colar, e constituem
diferentes classes tecnoeconômica. Ao mesmo tempo, elas são pouco numerosas, quando comparadas à
produção de peças bifaciais, mais frequente na coleção. Dessa forma, pode-se refletir sobre a condição
local ou exógena desta produção, se fariam parte de uma rede de trocas, relativamente plausível ao se
tratar de adornos, e sua relação com a ocupação cerâmica Aratu.
Palavras-chave: Praça de Piragiba. Produção de adornos. Tecnologia lítica. Economia da matéria-prima.
Caulinita silicificada.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Tecnologia lítica no Vale do Açu - RN: uma perspectiva sobre a indústria do sítio Cuó
Anne Caroline Barbosa dos Passos (UFPE)
Daniela Cisneiros (UFPE)
São poucos os estudos sistemáticos a respeito da tecnologia lítica no Rio Grande do Norte, e o
conhecimento acerca da temática no território potiguar ainda está em construção. O presente trabalho
apresenta uma perspectiva sobre as indústrias líticas na microrregião do Vale do Açu a partir da análise
tecnológica da coleção lítica do sítio Cuó. A pesquisa teve por objetivo a caracterização da indústria lítica
do Sítio, identificado e resgatado no âmbito da arqueologia preventiva, localizado no munícipio de
Ipanguaçu/RN. O sítio Cuó, apresenta material lítico do tipo lascado, encontrado em superfície, e faz parte
de um grupo de 21 sítios todos com presença de material lítico lascado, identificados no curso do rio
Piranhas-Açu, com datações em carvão vegetal situadas no contexto do Holoceno recente (3.380 A. P -
980 A. P). A indústria lítica caracteriza-se por apresentar instrumentos em silexito e quartzo, retocados
unifacilamente e bifacialmente sobre lasca.
Palavras-chave: Material Lítico. Tecnologia. Vale do Açu.
Indústrias de líticos lascados no Seridó Potiguar: Análise das cadeias operatórias presente nos sítios
arqueológicos Santa Clara 01, Oiticica 01 e Barra 01
Kayann Gomes Batista (UFPE)
Eduardo Alves do Santos (UFRN)
Pedro Gabriel Dias de Medeiros (UFRN)
Com a premissa de que os sistemas operatórios técnicos são indissociáveis à existência humana,
pretendemos contribuir com a apresentação da análise tecnológica das cadeias operatórias, presentes nas
indústrias líticas dos sítios arqueológicos, Santa Clara 01, Oiticica 01 e Barra 01, localizados no município
de Jucurutu/RN. A partir dos entendimentos de Jacques Tixier e da Abordagem Francesa, as análises das
cadeias operatórias líticas, em seus aspectos tecnológicos, partem dos questionamentos sobre os
comportamentos humanos visíveis através de gestos técnicos e das marcas de confecção, existentes em
cada etapa da cadeia operatória. Entre os principais resultados, têm-se a constatação de processos de
debitagem e façonagem, ou somente de façonagem, produzidos, sobretudo, em seixos rolados de quartzo
e quartzito. Para a região Seridó/RN, visto os poucos trabalhos com essa perspectiva, este estudo pode
ampliar noções sobre: comportamentos atrelados às cadeias de produção lítica, os usos e funções dos
instrumentos líticos e as adequações da confecção às matérias primas disponíveis na paisagem, assim,
ampliando os dados sobre a pré-história seridoense.
Palavras-chave: Tecnologia lítica. Cadeia operatória. Análise Tecnológica. Seridó.
Tecnologia lítica e abordagem tecnofuncional: Estudo dos acervos líticos dos sítios arqueológicos
Boqueirão e Jerusalém, município de Lajes - RN
Maria de Lourdes Oliveira Monteiro (UNIVASF)
Waldimir Maia Leite Neto (UNIVASF)
As pesquisas arqueológicas no estado do Rio Grande do Norte têm demonstrado uma diversidade de
contextos arqueológicos que remotam a ocupações de 10.000 anos AP. Uma recorrência evidenciada na
região são as oficinas líticas a céu aberto. Estudos realizados por meio da abordagem tipológica focaram
na descrição dos instrumentos e sua inclusão em tradições (tradição Potiguar, por exemplo). Por outro
lado, a caracterização dos artefatos por via da abordagem tecnológica aponta para a utilização dos espaços
para a captação de matéria prima, produção e utilização de instrumentos. Com o objetivo de compreender
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
a indústria lítica dos sítios Boqueirão e Jerusalém, oficinas líticas a céu aberto, propõe-se uma análise com
base na abordagem tecnofuncional, assimilando os modos de produção e os potenciais funcionais dos
instrumentos, contribuindo com informações que permitam compreender a variabilidade entre os
objetos, verificando o “como” e “para que” fazer. Entendendo as especificidades da tecnologia lítica,
coloca-se essas indústrias em diálogo com o contexto que a envolve, contribuindo para o conhecimento
das oficinas líticas a céu aberto e do sistema técnico do(s) grupo(s) artesão(s).
Palavras-chave: Tecnologia lítica. Abordagem Tecnofuncional. Ocupações pré-coloniais no Rio Grande do
Norte. Sítios a céu aberto.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
simpósio tem o objetivo de congregar todos aqueles que desenvolvem pesquisa, licenciamento e que
atuam no Ensino e na gestão do patrimônio arqueológico maranhense. Assim, espera-se fazer um balanço
da Arqueologia do Maranhão após as apresentações das comunicações.
Palavras-chave: Maranhão. Pesquisa. Ensino. Licenciamento. Gestão do Patrimônio Arqueológico.
Quando a vida é sobre as águas: balanço de uma década de pesquisa arqueológica nas estearias
Alexandre Guida Navarro (UFMA)
No início da era cristã ou da era comum até o ano 1100 d.C/EC viveram sociedades indígenas em palafitas
no estuário ocidental do que hoje é o estado do Maranhão. Uma vez que esses povos construíram as
aldeias em cima de troncos de árvores fincados no leito dos cursos d’água de rios e lagos, conhecidos
como esteios pela população local, estes lugares ficaram conhecidos como estearias. A existência de farta
alimentação nesses lagos e rios pôde criar uma situação favorável à habitação sedentária destes povos na
região. Nesta comunicação apresentarei os resultados de 10 anos de pesquisa acadêmica desenvolvida
pelo Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal do Maranhão (LARQ-UFMA) do qual sou o
coordenador. Levando em consideração uma abordagem da história de longa duração, mencionarei
aspectos da ecologia histórica, do mapeamento dos assentamentos, da documentação etnohistórica, da
coleta e análise de artefatos cerâmicos e líticos dos povos que moraram nas estearias. Por fim, farei um
balanço das pesquisas apontando os principais resultados e os novos problemas e desafios para a
continuação dos trabalhos arqueológicos.
O Forjar dos Ídolos de Barro: Análise das Estatuetas das Estearias do Maranhão
Rayana Cristina Araujo Diniz (UFMA)
Desde o ano de 2014, o Laboratório de Arqueologia da UFMA, coordenado pelo Prof. Dr. Alexandre
Navarro, tem desenvolvido pesquisas acadêmicas acerca das estearias maranhenses, focalizando no
mapeamento dos sítios arqueológicos, na relação com a documentação etnohistórica e na análise de
material lítico e cerâmico. Nesta comunicação, apresentarei os meus estudos iniciais quanto à análise
cerâmica das estatuetas antropomorfas femininas do acervo LARQ-UFMA, através de 12 exemplares
escolhidos por suas características morfológicas e tecnotipológicas, ou seja, que apresentam elementos
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Éden proibido ou molde do mundo?: análise da construção do corpo indígena a partir de crônicas
sobre o Maranhão
Marilene da Silva Banhos (UFMA)
Nesta comunicação apresentarei os resultados da minha pesquisa de Iniciação Científica que se
transformou na monografia a ser defendida no curso de história da UFMA, intitulada “Éden proibido ou
molde do mundo?: análise da construção do corpo indígena a partir de crônicas sobre o Maranhão”. Com
este tema objetivei identificar como foi construído o corpo indígena com base nas pinturas, adornos e
incisões que faziam em seus corpos para entender como se deu a construção da corporalidade indígena
no início da fundação da França Equinocial. As principais fontes utilizadas foram as crônicas coloniais
escritas por padres capuchinhos no início do século XVII, que ao tentarem converter os indígenas,
descreveram os hábitos e costumes destes povos que viviam no Maranhão. A principal metodologia
utilizada foi a Etnohistória, que consiste no manejo e interpretação das fontes escritas, além de leituras
dirigidas sobre temas e pesquisas sobre os grupos estudados; material este que deu suporte ao
entendimento do pensamento indígena. Como resultado, encontramos informações relevantes sobre
como os povos indígenas relatados pelos cronistas tratavam o seu corpo e como a corporeidade e a
identidade coletiva e individual foram construídas.
Palavras-chave: Indígenas. Crônicas Coloniais. Construção. Corpo.
Cartografia dos povos indígenas na Baixada Maranhense: das habitações lacustres aos assentamentos
coloniais
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma cartografia e as possíveis relações dos povos que se
estabeleceram na Baixada Maranhense no período colonial buscando traçar possíveis relações destes com
os povos da estearias. A intenção justifica-se dentro do panorama da arqueologia Maranhense devido à
presença de restos de uma civilização única datada há mais de mil anos, as estearias. Portanto, diante do
apresentado, esta pesquisa visa a compreensão das populações nativas estabelecidas na baixada
maranhense no período colonial e as suas possíveis relações com os povos das estearias. O método
utilizado nesta pesquisa foi o qualitativo que por meio do levantamento bibliográfico e estudo das fontes
busca apresentar as análises e leitura de crônicas coloniais escritas acerca do Maranhão. A coleta de dados
foi feita de forma reflexiva, levando em consideração que os autores das crônicas estão escrevendo sobre
povos considerados “selvagens” e que não compartilham das mesmas ideologias que eles. Desse modo,
apesar da pouca ou quase nenhuma relações entre a civilização lacustre e os nativos que se assentaram
no período colonial, não somente na região da Baixada Maranhense, mas em todo território dos Estados:
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Maranhão - Pará. Buscamos destacar que os assentamentos destas nações no geral davam-se em locais
estratégicos que forneciam alimentos e proteção.
Palavras-chave: Cartografia. Estearias. Crônicas coloniais. Assentamentos coloniais.
Celebrações etílicas: uma análise da Cauinagem Indígena presente nas crônicas escritas sobre o
Maranhão (1612-1614)
Rafaela Cantarino Soledade (UFMA)
A presença capuchinha no segundo empreendimento francês no Brasil produziu uma documentação
histórica fecunda acerca dos hábitos alimentares dos Tupinambá. Através do estudo sincrônico entre
História, Antropologia e Arqueologia, é possível vislumbrar a função que o cauim, bebida fermentada
produzida por esses grupos, assumia enquanto reflexo de dinâmicas culturais, observando nas trocas
alimentares um código das relações sociais que permeiam e definem o estabelecimento de laços afetivos,
distinções comunitárias e manifestações individuais. Neste simpósio intento explicitar a atuação dessa
bebida-alimento enquanto força ativa significante na construção do mundo social, abrangendo categorias
como gênero, status, idade e religião.
Palavras-chave: Bebida fermentada. Alimentação. Identidades sociais. Identidades culturais.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
8 Unidades de Escavação (UE), 17 Poços-Testes (PT) e coletas de superfície. Como resultado, foram
identificadas 3.545 peças (3.446 cerâmicas e 99 líticos). Junto a isso, os dados alcançados demostram a
alta densidade e dispersão do sítio que engloba uma área de 14.562,821 m². Dessa forma, a execução
desse PGPA mostra que os métodos propostos foram eficazes na conclusão dos seus objetivos.
Palavras-chave: Pericumã. PGPA. Santorini. Salvamento. Monitoramento.
Evolução da paisagem urbana: mapeamento do impacto em sítios arqueológicos da Ilha de São Luís,
Maranhão
Grégoire van Havre (UFPI)
Jordania Mendes de Albuquerque (UFPI)
Paulo Sergio da Paz Filho (UFPI)
Yannara Brennda da Silva Leoncio (UFPI)
Mariana Zanchetta Otaviano (IPHAN)
Ana Elisa da Silva Martinho (IPHAN-MA)
A gestão e o monitoramento do patrimônio arqueológico são uma das funções das instituições públicas.
Estas tarefas, no entanto, implicam uma série de ações que vão desde o registro e, eventualmente, o
tombamento, ao acompanhamento das modificações urbanas no entorno do bem. Nesse trabalho,
apresentamos um método baseado em imagens de satélites e na Declividade de Sen-Theil para avaliar a
evolução da paisagem urbana em 101 sítios arqueológicos da Ilha de São Luís, conhecidos na
Superintendência do IPHAN no Maranhão, entre os anos 2000 e 2020. Os resultados permitem identificar
as áreas que sofreram maior impacto devido ao crescimento urbano. O projeto foi desenvolvido numa
parceria entre a Universidade Federal do Piauí e a Superintendência do IPHAN no Maranhão e contou com
a participação de três discentes do curso de Arqueologia. Resulta num atlas detalhando o contexto de
cada sítio nos últimos 20 anos.
Palavras-chave: Maranhão. Patrimônio Arqueológico. Gestão do impacto urbano.
Achados arqueológicos evidenciam presença humana e eventos na chácara Rosane em São Luís,
Maranhão
Welington Lage (WLAGE)
Heralda Kelis Sousa Bezerra da Silva (WLAGE)
Daniel Ribeiro da Silva (WLAGE)
O salvamento arqueológico do Sítio Chácara Rosane permitiu conhecer um pouco mais sobre a origem da
Ilha de São Luis. Consistiu em um trabalho de Arqueologia de Contrato, iniciado pela Avaliação do Impacto
Arqueológico, seguido do Programa de Gestão ao Patrimônio Arqueológico. Foram realizadas uma
escavação em superfície ampla, duas trincheiras e dez sondagens, onde coletou-se mais de 60.000 peças,
além de dois esqueletos humanos completos, cujas exumações foram feitas de duas formas, uma retirada
em bloco e outra desarticulada. A análise prévia do material indicou o que pesquisadores maranhenses já
haviam observado na Ilha, ou seja, que ela teve ocupações humanas contínuas em diferentes períodos,
com grupos humanos ceramistas, seguidos por sambaquieiros associados a cerâmica Mina, culminando
com a chegada de grupos amazônicos, possivelmente vinculados ao Horizonte ceramista inciso associado
à terra preta, entre 2 mil a 1 mil anos e, finalizando com a presença de povos Tupinambá, entre os séculos
XIV e XVII, já em contato com o colonizador europeu. O material evidenciado encontra-se na Reserva
Técnica da UFMA a fim de ser preservado e futuramente estudado.
Palavras-chave: Arqueologia de Contrato. Sítio Chácara Rosane. Cultura material. Programa de Gestão
Arqueológica. Maranhão.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Paisagens moldadas para guerra: uma proposta de estudo da aplicação da arquitetura militar em terra
em sítios arqueológicos do nordeste do Brasil
Lucas Alves da Rocha (UFPE)
Izabela Pereira de Lima (UFPE)
Henry Sócrates Lavalle Sullali (UFPE)
Quando se imagina uma guerra, as pessoas pensam nas tropas e veículos se locomovendo para o embate
com seus inimigos, contudo, o confronto em si começa bem antes, ao analisar fatores que muitas vezes
as pessoas desconhecem. Durante séculos, o fator de máxima importância foi a paisagem a qual seria
palco para aquele confronto, local aquele que ficaria marcado pelos séculos seguintes com as “cicatrizes”
daquele embate (ou de outros), seja em sua superfície ou abaixo dela. Todavia, o “paisagem” também
tinha uma “funcionabilidade”: Fornecer material construtivo para estruturas defensivas para aqueles
exércitos. Com base neste apontamento, o presente trabalho demonstrar a presença de sítios
arqueológicos ligado a aplicação de técnicas construtivas em terra no aspecto militar, demostrando as
técnicas construtivas, os sítios arqueológicos entre outros apontamentos para os pesquisadores
interessados.
Palavras-chave: Arqueologia histórica. Arqueologia da guerra. Parque Metropolitano Armando de
Holanda Cavalcanti.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
O cemitério dos Ingleses em Salvador, Bahia: documentação e análise tipológica dos atributos
artísticos
Fabiana Comerlato (UFRB)
Laiane Nunes Lima (UFRB)
O objetivo desta comunicação é apresentar a importância do processo de documentação da arte e
arquitetura cemiterial no Cemitério dos Ingleses de Salvador, como forma de manter as informações das
estruturas tumulares, configurando-se como um instrumento para sua preservação. A documentação das
estruturas cemiteriais teve a função de preservar as informações intrínsecas e extrínsecas dos bens,
podendo a partir delas serem geradas análises qualitativas e quantitativas, servirem como base para
projetos de conservação e gestão futuros. Para tal, organizamos as informações coletadas em uma Ficha
de Registro de Sepultura para Arquitetura e Arte Cemiterial, visando a identificação e a descrição artística
e arquitetônica das estruturas estudadas, além do inventário fotográfico. A descrição de todos os
elementos de uma unidade tumular nos permitiu compor uma visão geral do bem cultural e, somado às
demais unidades, estabelecer uma caracterização geral dos aspectos físicos e simbólicos que perpassam
a construção do espaço cemiterial pela comunidade britânica de Salvador nos séculos XIX e XX. Portanto,
a documentação, na forma de inventário, visou permitir a organização e tratamento da informação de
cada unidade tumular, podendo ser utilizada em prol da pesquisa e da gestão do Cemitério dos Ingleses
em Salvador.
Palavras-chave: Documentação. Cemitério dos Ingleses. Patrimônio funerário.
É tijolo, é pedra, é técnica construtiva: uma nova abordagem arqueológica a partir da Igreja Nossa
Senhora dos Prazeres, Paulista/PE
Mariana Freitas da Silva (UFPE)
A pesquisa realizada no presente trabalho teve como objetivo principal desenvolver um método que
auxiliasse nas análises para identificar os motivos para construção da igreja Nossa Senhora dos Prazeres e
sua casa Paroquial, hoje arruinadas, na parte norte da Vila de Olinda no século XVII, focando no
levantamento dos dados, em busca principalmente de qualificar tecnicamente as fases construtivas das
edificações e, por fim, associá-las aos seus contextos históricos e políticos. Para conseguir um resultado
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Arqueologia e arquitetura do espaço escolar do colégio Nossa Senhora das Mercês em São Raimundo
Nonato - Piauí
Shilton Paes Ribeiro Alves (UNIVASF)
Waldimir Maia de Leite Neto (UNIVASF)
Vivian Karla de Sena (UNIVASF)
A presente pesquisa está em seu início, e tem como elemento de estudo a ditadura civil-militar brasileira,
que ocorreu entre as décadas de 1964 a 1985 que foi marcada por milhares de casos de violações aos
direitos humanos e pela violência institucionalizada e sistemática. Com desaparecimentos forçados,
torturas, assassinatos, detenções ilegais, exílios etc. O estado ditatorial tentou instaurar terror e medo na
população para silenciar e oprimir qualquer tipo de descontentamento e oposição ao governo. Partindo
desta perspectiva objetivo desta pesquisa é compreender como os espaços arquitetônicos atuaram no
controle social dos ambientes do Colégio Nossa Senhora das Mercês em São Raimundo Nonato – PI no
período da Ditadura Civil-Militar no Brasil. Pretende- se identificar na observação da arquitetura as
relações de poder na Unidade Escolar Nossa Senhora das Mercês se utilizando como fontes, a história oral,
as memórias de educadores, antigos estudantes que vivenciaram e sentiram as ações repressivas do
período na escola de São Raimundo Nonato-PI. Isto possibilitará o estudo das relações de poder com a
cultura material da repressão, sob a perspectiva da Arqueologia da Arquitetura e Arqueologia da
Repressão e da Resistência dentro de uma perspectiva da arqueologia contextual.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
construtivas descritas pelo viajante. Apresenta-se, portanto, como as informações das fontes escritas
foram relacionadas aos contextos arqueológicos, auxiliando na compreensão a respeito das
transformações ocorridas, nas hipóteses levantadas, no estudo dos vestígios arqueológicos e sobre os
aspectos da vida cotidiana no Engenho Jaguaribe.
Palavras-chave: História do Nordeste. Arqueologia. Arquitetura. Cotidiano.
O objetivo dessa pesquisa é analisar e refletir acerca dos registros parietais feitos pelos presos e presas da
Antiga delegacia pública de Barreiras (Bahia). Foi desenvolvida através de visitas de campo que acabaram
por revelar um universo completamente diverso daquele que fomenta os estereótipos dos indivíduos
marginalizados e encarcerados a respeito da disposição dos elementos visuais, privilegiando as seguintes
técnicas: fotografias, registros descritivos e relatos orais. Dessa forma, a manifestação das relações de
confronto através de símbolos de resistência e ressignificação eram demarcadas espacialmente, indicando
uma organização social própria a partir da distribuição de celas. A realização deste trabalho fez questionar
desde o princípio quem é o “outro” da contemporaneidade, quem é o silenciado pelo documento oficial,
quem pode ser descoberto através de arqueologia histórica. As principais conclusões, resultantes das
interpretações da cultura material do sítio estudado, apontam para uma realidade onde mesmo as
temáticas esperadas, como a dor, a violência e o erotismo ganham significados subjetivos e diferentes dos
comumente imaginados.
Palavras-chave: Delegacia. Arqueologia. Resistência. Encarcerados. Grafismos.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Uma análise sobre as intervenções realizadas por meio do licenciamento arqueológico em São
Cristóvão, Sergipe.
Beatriz da Silva Lima Moreira (UFS)
Este trabalho objetiva construir uma revisão sobre as intervenções arqueológicas já realizadas na cidade
de São Cristóvão, no estado de Sergipe. Em específico o projeto de levantamento e monitoramento do
patrimônio arqueológico da área diretamente afetada pela ampliação do sistema de esgoto e de
abastecimento de água, realizado pela Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) e Departamento de
Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe (DARQ) em 2010. O projeto teve à frente (UFS), através
do núcleo de Arqueologia da UFS, (NAR, atualmente DARQ), Campus de Laranjeiras, DESO, e fundação de
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
apoio e pesquisa e extensão do estado de Sergipe (FAPESE). Este tratava-se de uma obra de instalação de
dutos subterrâneos para o esgoto sanitário da cidade. Afetando diretamente o patrimônio histórico-
cultural tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ( IPHAN), os tombamentos
ocorreram a partir da década de 1940, conjunto completo do centro da cidade (praças, ruas, edifícios).
Ao longo desta pesquisa foi desenvolvido um panorama com alguns conceitos iniciais para estabelecer
um contexto sobre a temática. Inicialmente houve a delimitação do surgimento da arqueologia de
contrato, principais problemas e perspectivas. Também uma breve descrição das pesquisas de arqueologia
de contrato realizadas no nordeste. Foram analisadas as bases metodológicas que nortearam o
desenvolvimento e etapas do projeto. As principais fontes consultadas, Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (IPHAN), banco de dados do Laboratório de Arqueologia da Arquitetura e da Cidade
(LABAAC). Foi possível identificar as escolhas de abordagens metodológicas, processo burocrático,
relatório, pedidos de portaria, todas as requisições solicitadas. Os resultados obtidos foram duas sínteses,
do projeto e de todas as intervenções já realizadas na região. Tais resultados possibilitam a construção de
novas pesquisas sobre a temática, análises dos materiais arqueológicos identificados.
Palavras-chave: Licenciamento ambiental. Intervenções arqueológicas. Patrimônio histórico.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Nível II, foi desenvolvida a proposta de Acompanhamento Arqueológico, aprovada pelo órgão responsável.
As atividades de monitoramento aconteceram ao longo de doze dias, período durante o qual o Arqueólogo
coordenador de campo acompanhou as atividades de escavação de 3073 metros de abertura de valas para
a instalação de tubulação. Ao longo das atividades de pesquisa foram evidenciados 08 materiais
arqueológicos, sendo 05 líticos e 03 fragmentos cerâmicos. Os materiais coletados em campo passaram
pelas seguintes etapas e procedimentos em laboratório: triagem, limpeza, aferição da remontagem,
tombamento, análise e classificação, registro e acondicionamento. Vale ressaltar que pela cidade de
Seabra estar localizada na Chapada Diamantina esta pesquisa colabora para preservação e aumento do
conhecimento dessa área arqueológica importante para o patrimônio cultural regional e brasileiro.
Palavras-chave: Seabra. Licenciamento ambiental. Pesquisa arqueológica. Saneamento Básico.
O rio São Francisco e as ocupações ao longo dos anos: o caso do Sítio Arqueológico Água Fria 01
Sara Toja (Arcadis)
Patricia Fernanda Carvalho de Sousa (Arcadis)
O sítio arqueológico Água Fria 1, na Comunidade homônima (Serra do Ramalho-BA), fora identificado
durante obras realizadas pela CODEVASF. À época, foram identificados no local ossos humanos em
superfície e subsuperfície. A partir destes, solicitaram à consultoria ambiental um Programa de Resgate
Arqueológico e Educação Patrimonial, a fim de compensar os danos causados pelo empreendimento. O
sítio apresentou materiais associados a ocupações pré-coloniais, junto a elementos contemporâneos,
visto que se trata de uma comunidade viva que ocupa o local. Durante as atividades arqueológicas, foram
identificados e analisados fragmentos cerâmicos, líticos, vestígios faunísticos, sementes, restos de
fogueiras e 5 sepultamentos foram resgatados. Após as análises, foi possível considerar que o sítio poderia
ter sido utilizado por grupos caçadores/pescadores-coletores, servindo como ponto estratégico para a
realização das suas atividades. A presença de fogueiras repletas de vestígios alimentares e a grande
quantidade de fragmentos de cachimbos cerâmicos reforça a ideia de que os habitantes se agrupavam
para realizar diversas atividades ao seu redor.
Palavras-chave: Serra do Ramalho. Arqueologia Pré-colonial. Sepultamentos.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Documentação museológica de acervos arqueológicos: uma reflexão acerca das diretrizes para
recepção de acervos no Laboratório de Documentação e Arqueologia (LADA/UFRB)
Cristiano da Silva Araujo (UFRB)
Carlos Alberto Santos Costa (UFRB)
O presente trabalho tem como objetivo analisar a gestão de coleções arqueológicas musealizadas no
Laboratório de Documentação e Arqueologia (LADA-UFRB), para propor um caminho viável de
documentação que possibilite o acesso às coleções. A presente pesquisa utiliza o método qualitativo
aplicado ao estudo de caso, o qual nos permite analisar, no tocante a documentação arqueológica, a
profundidade e o alcance das diferentes pesquisas arqueológicas realizadas. A partir do resultado parcial,
infere-se que a documentação gerada durante o processo de pesquisa arqueológica varia em decorrência
da própria natureza da pesquisa, ocasionando um processo de documentação dinâmico, que deve ser
preservado como parte da informação que possibilita compreender os acervos. Como consideração
prévia, vislumbramos que a elaboração de um dossiê documental museológico, por trabalho arqueológico,
conformaria uma alternativa viável de organização dos dados arqueologicos. Entendemos que isso irá
proporcionar a sistematização das informações arqueológicas, a proteção e a valoração do patrimônio
arqueológico, uma vez que se pretende agrupar os registros documentais arqueológicos que foram
produzidos antes, durante e após a pesquisa, ao acervo que foi depositado na instituição.
Palavras-chave: Musealização. Documentação Museológica. Patrimônio arqueológico. Preservação.
Documentação Arqueológica.
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Férias no Museu da UNICAP: A importância das experimentações lúdicas no Museu para o ensino da
arqueologia e ciências naturais.
Rebecka Borges da Nóbrega Chaves (UNICAP)
Leonardo da Silva Chaves (UNICAP)
Roberta Richard Pinto (UNICAP)
A educação de maneira abrangente tem papel fundamental na construção social, e a preservação de
patrimônios culturais auxilia esse processo formador desde os primeiros contatos educacionais na escola
e principalmente em museus. Percebendo e analisando esse fator educacional dentro de espaços
culturais, e mais ainda, dentro de um espaço museológico e arqueológico. Esse artigo apresentará um
estudo de caso com a descrição detalhada de atividades de oficinas ministradas durante o evento
denominado “Férias no Museu da UNICAP”. Essa atividade é desenvolvida por uma equipe multidisciplinar
e oferecida para um público de cerca de vinte crianças entre quatro e oito anos de idade e objetiva
desenvolver a introdução aos conhecimentos da arqueologia, das ciências naturais e preservação do
patrimônio. No artigo apresentamos uma discussão sobre a importância das experiências formativas em
espaços de educação não-formal, como Museus, apresentando as ferramentas e atividades como meios
de formação educacional, promoção da cultura e preservação do patrimônio, com metodologia associada
aos autores como, GONÇALVES (2005), FUNARI e CARVALHO (2011), BARBOSA (2004, 2009) e COUTINHO
(2009).
Palavras-chave: Educação. Ludicidade. Patrimônio. Arte e inclusão.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Coleção, colecionadora, museu: Uma pesquisa acerca do Museu do Sertão Antônio Coelho em
Remanso – BA.
Andreiza Oliveira Silva (UNIVASF)
Leandro Elias Canaan Mageste (UNIVASF).
Este trabalho refere-se a uma pesquisa monográfica, que tem como finalidade o estudo das categorias
museu, coleção e colecionador, para discutir como essas categorias se relacionam entre si, inferindo nos
discursos impostos aos objetos no que diz respeito ao patrimônio cultural. A partir dessas categorias, tem
como objetivo apresentar o surgimento e trajetória do Museu do Sertão Antônio Coelho de Remanso –
BA, relacionando com os processos de formação das coleções museológicas e a trajetória da colecionadora
Marisa Muniz, proprietária da Instituição. Então, entender como essas categorias se articulam, assim
como, conhecer a realidade da colecionadora e do Museu do Sertão através dos aportes teóricos e
metodológicos, foi possível entender com esse fenômenos relacionam. E a partir disso, estabelecemos
classificação das coleções museológicas seguidas de suas narrativas construídas por dona Marisa, entendo
as mesmas como patrimônios culturais carregadas de significados.
Palavras-chave: Museu. Coleção. Colecionadora. Patrimônio Cultural.
A comunidade em defesa de um Sítio de Arte Rupestre ameaçado: o caso de Entre Morros na Bahia
Alvandyr Dantas Bezerra (Instituto Habilis)
Mirta Kelen Barbosa Bezerra (Vestigium Arqueologia e Patrimônio)
Em Itatim/BA, as pedreiras destroem suportes rochosos com pinturas rupestres, dando lugar a
paralelepípedos. Vários painéis gráficos foram destruídos completamente e outros estavam destinados ao
mesmo fim, como o sítio Entre Morros, que foi salvo pela ação preservacionista da população local. Assim,
o objetivo é demonstrar como os estudos arqueológicos e a participação da comunidade podem garantir
a preservação de um sítio arte rupestre diante do contexto da extração de pedras. Para isso, a metodologia
aplicada foi a realização de atividades educativas, caracterizada por seminários e oficinas no povoado de
Entre Morros. Os trabalhos desenvolvidos com a comunidade e os desdobramentos obtidos dessas ações,
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
extrapolaram as fronteiras do povoado e se expandiram pelo território de Itatim, tendo como efeito a
participação de outras representatividades, como professores, estudantes e o staff municipal. O resultado
dessas práticas foi a iniciativa de lideranças locais, em divulgar a importância de se preservar as pinturas,
mostrando para os proprietários das pedreiras as consequências de sua destruição, tendo como desfecho
a preservação do sítio Entre Morros.
Palavras-chave: Itatim. Entre morros. Comunidade. Arte rupestre.
MESA DE ENCERRAMENTO
Regis Barbosa (STARQ)
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Preservação patrimonial no Enclave Arqueológico Pedra Ferrada: fotogrametria com software livre na
construção de modelos tridimensionais em sítios arqueológicos com gravuras rupestres no Rio Grande
do Norte
Francisco de Assis Soares de Matos
Mizael Manoel da Costa
Valdeci dos Santos Júnior (UERN)
O trabalho apresenta tecnologias adotadas na salvaguarda de imagens simbólicas em 93 sítios
arqueológicos com gravuras rupestres, no Enclave Arqueológico Pedra Ferrada, município de Jucurutu-RN.
Foi utilizada a modelagem digital tridimensional, especificamente a fotogrametria, que tem ganhado
espaço com o surgimento de VANT (Veículo Aéreo não Tripulado), o desenvolvimento de hardwares
potentes e softwares de fácil manipulação. Utilizamos o OpenDroneMap, que se apresenta como uma
alternativa de código aberto na geração de produtos fotogramétricos. O levantamento
aerofotogramétrico foi realizado obedecendo as sobreposições lateral e longitudinal de 80%, a diferentes
alturas. Como resultados, foram gerados modelos tridimensionais texturizados (evidenciando as gravuras
rupestres), Modelos Digitais de Superfícies, Modelos Digitais de Terrenos e Ortomosaicos. A adoção dessa
tecnologia permitiu, de forma digital, reconstituições visuais de todos os painéis gráficos, visando,
principalmente, a preservação patrimonial das imagens simbólicas de 40% desses sítios, que serão
inundados pela construção da barragem de Oiticica.
Palavras-chave: Enclave Arqueológico Pedra Ferrada. Gravuras Rupestres. Preservação Patrimonial.
Modelagem digital tridimensional. OpenDroneMap.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Archaeogaming e arqueologia de ambientes aquáticos: unidas sob uma mesma bandeira no mar
virtual
Vitor Murilo Ferreira Sampaio (UFS)
O objetivo deste trabalho é demonstrar o potencial existente em uma relação entre a área de arqueologia
de ambientes aquáticos e o archaeogaming, vertente da arqueologia responsável por tratar jogos digitais
como sítios arqueológicos. Para tal, foi feito um estudo de caso baseado no artigo de nome Dead en Tell
no Tales, de Leandro Domingues Duran, onde o autor apresenta a complexa rede de simbolismos
envolvendo as bandeiras piratas do século XVIII. A ideia é identificar essa mesma rede nos pavilhões
presentes no jogo chamado Sea of Thieves cuja principal temática é a exploração marítima inspirada em
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
piratas caribenhos, para isso, foi feito um levantamento bibliográfico e uma busca em fóruns e blogs
ligados ao jogo para descobrir os tipos de bandeira existentes no game e quais sentidos a comunidade
atribui a elas. Os resultados atenderam a proposta do trabalho e conseguiram demonstrar como os
jogadores escondem, ou expõem, suas intenções por meio das flâmulas no jogo. Conclui-se que há um
potencial no trabalho conjunto entre as duas disciplinas e que a prática de interpretar bandeiras marítimas
extrapolam os limites reais e são feitas também com suas variantes virtuais.
Palavras-chave: Arqueologia de ambientes aquáticos, Arqueologia marítima, Archaeogaming, Arqueologia
de videogames.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
cadastrais e registro imagético. Neles foi observado seus estados de conservação e a participação de
agentes degradantes que atuam diretamente em sua conservação e se percebeu que dezessete deles se
encontram ainda com a presença de grafismos rupestres ainda visíveis, com a necessidade de medidas
protetivas para que eles continuem presentes na paisagem, e um era um sítio cemitério, onde já ocorreu
diversas interferências de curiosos sem que tenha feito uma pesquisa sistemática. Ao considerarmos a
natureza frágil e efêmera das pinturas rupestres, são necessárias atitudes para tentar amenizar os
impactos que interferem diariamente na integridade do ambiente e do vestígio arqueológico, para que a
proteção deste patrimônio seja fundamentada numa colaboração efetiva entre os especialistas de
diferentes áreas de conhecimento, gestores públicos e do público em geral.
Palavras-chave: Arqueologia. Nordeste. Registro rupestre.
Semelhanças e diferenças das formas gráficas pintadas e gravadas no Parque Nacional Vale do
Catimbau
Anderson Oliveira (UFPE)
Daniela Cisneiros (UFPE)
O trabalho em tela tem por objetivo a análise gráfica das técnicas e cenografias de pinturas e gravuras
rupestres localizadas no Parque Nacional do Catimbau. Essa área dispõe de um acervo gráfico, com
distintas manifestações rupestres que se diferem em técnicas, escolhas temáticas e cenográficas, de
caráter reconhecível e não-reconhecível. Essa pesquisa tem por meta a identificação de semelhanças e
diferenças do significante gráfico dos grafismos puros presentes em 16 sítios arqueológicos. Os grafismos
puros podem ser considerados registros gráficos com características visuais e morfológicas próximas a
elementos abstratos e em tese não relacionados a figuras do mundo sensível, sua presença é identificada
em diferentes sítios arqueológicos e inclui morfologias universais como círculos, setas, pontos. Para essa
pesquisa foram aplicados critérios de ordem cenográfica e técnica na escolha dos descritores entre eles:
tamanho, forma, cor, profundidade, arranjo e disposição. A partir dos dados obtidos foi possível identificar
diferentes composições gráficas, que embora represente um mesmo conjunto de formas, apresentam
tamanho e arranjos diferenciados.
Palavras-chave: Arte rupestre. Grafismos puros. Parque Nacional do Catimbau.
Estudo comparativo entre os sítios com registros rupestres de São Paulo e do Vale do Catimbau (PE)
Kamila Rezende Firmino (USP)
Astolfo Gomes de Mello Araujo (USP)
Marilia Perazzo Valadares do Amaral (USP)
O presente trabalho tem o objetivo apresentar os resultados preliminares das pesquisas efetuadas no
estado de São Paulo, com base na caracterização e análise gráfica de 17 sítios com registros rupestres. O
corpus gráfico está sendo analisado partindo das seguintes variáveis: temática (antropomorfos, zoomorfos
e grafismos não reconhecíveis), técnica (espessura e dimensão do traço) e cenografia (movimento,
projeção, tamanho, preenchimento e cor), visa também realizar um estudo comparativo entre as figuras
reconhecíveis identificadas no Vale do Catimbau (PE). Observou-se, uma dominância de grafismos não
reconhecíveis, caracterizados por figuras circulares, angulares abertas (tridígitos, asteriscos) e angulares
fechadas. Há presença de figuras antropomórficas e zoomórficas, com tamanho modal entre 15 cm e 50
cm. Não foram observadas, até o momento, relação entre antropomorfos e objetos. No que concerne às
semelhanças com as representações do Vale do Catimbau observa-se sobretudo as formas não
reconhecíveis tanto pintados quanto gravados, quanto as figuras zoomórficas observou-se também a
semelhança nas representações de aves e mamíferos.
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ARQUEOLOGIA EM CENÁRIOS DE FOME
Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Mapeamento e distribuição dos sítios com sobreposições gráficas na área arqueológica do Seridó
Nathalia Nogueira (UFPE)
Daniela Cisneiros (UFPE)
Os estudos científicos sobre a arte rupestre na área arqueológica do Seridó têm sido desenvolvidos desde
a década de 1980 através de pesquisas sistemáticas. A região dispõe de um acervo de sítios rupestres e
em alguns casos, com a presença de sobreposições gráficas, no qual comportam distintas manifestações
rupestres que se diferem em relação as técnicas de realização (pinturas e gravuras), as propriedades
formais entre imagens reconhecíveis e não-reconhecíveis, podendo ser indicadores gráficos de levas
ocupacionais ou diferenças funcionais dentro de grupos culturais. Com isto, o presente trabalho tem por
objetivo apresentar as similaridades arqueológicas e ambientais dos sítios com sobreposições gráficas,
avaliando os parâmetros que diferem dos demais sítios rupestres, considerando não ser prática recorrente
na região. Para tanto, considerou-se como ponto inicial, três aspectos diferentes: mapeamento,
caracterização e contextualização. No qual, a partir dos dados obtidos foi possível indicar os fatores que
levaram esses sítios a se apresentar com áreas de palimpsestos gráficos.
Palavras-chave: Arte rupestre. Sobreposição gráfica. Seridó.
Estudos de caso sobre conservação de sítios de arte rupestre de domínios geológicos diferentes no
Vale do Côa e na Chapada Diamantina – BA, Brasil.
Viviane da Silva Santos (UC)
Carlos Alberto Santos Costa (UFRB)
Maria Conceição Lopes (UC)
Os sítios de arte rupestre estão naturalmente expostos ao tempo e, por isso, sofrem agressões que podem
vir a descaracterizá-los. Revelada nos anos 90 do século XX a arte rupestre do Vale do Côa é um importante
patrimônio arqueológico presente no território português. Estes sítios são compostos, em sua grande
maioria, por formação metamórfica em xisto-grauváquico, painéis lisos de inclinação vertical, gerados pelo
gradual encaixe do rio, com tendência natural para a fratura. No contexto brasileiro, o estado da Bahia
apresenta significativa variação geológica, a qual serviu como suporte para a realização de representações
rupestres no período pré-colonial. Essa variação pode ser visualizada através da observação dos diferentes
domínios geológicos encontrados, sendo eles: arenito, granito, calcário e quartzito. Acredita-se que muito
já pode ter sido perdido ao longo do tempo, por consequência das alterações ocasionadas pela ação de
agentes intrínsecos e extrínsecos aos suportes rochosos. O objetivo desta comunicação é refletir sobre a
criação de metodologias para a intervenção indireta sobre os sítios, antecedendo a degradação, quando
possível, e realizando ações reparadoras, quando necessário, a partir das características dos suportes
rochosos.
Palavras-chave: Conservação. Arte rupestre. Domínios geológicos.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Escrito nos ossos: como os isótopos estáveis de δ13C e δ15N inferem paleodieta de populações
pretéritas
Luzia Maria de Sousa Carvalho (UFS)
O presente estudo trata-se da sistematização de dados sobre análises de identificação de paleodieta de
populações humanas pré-coloniais que habitaram o Nordeste do Brasil em períodos pretéritos, nos sítios
arqueológicos Furna do Estrago (11060 ± 90 B.P a 1040 ± 50 B.P.) localizado em Brejo de Madre Deus,
sertão de Pernambuco, e o sítio arqueológico Barra (1120±30 B.P.) localizado no município de Camalaú,
no Estado da Paraíba. A pesquisa buscou compreender os meios alimentares dessas populações em
diferentes aspectos ao longos de milhares de anos. Para isso, foram aplicados métodos arqueométricas
de razões isotópicas como diagnóstico de hábitos culturais destes grupos humanos. Assim, foram
utilizadas análises de isótopos estáveis de carbono (δ 13C) e nitrogênio (δ15N) em amostras de ossos e
dentes dos remanescentes humanos dos sítios supracitados, onde foram analisadas dez (10) amostras
para identificação do nível de isótopos estáveis presentes nas mesmas, a partir da notação δ(‰). A
espectrometria de massa foi realizada através do delta de 13C e 15N, com análises realizadas no
Espectrômetro de Massas de Razão Isotópica (IRMS), Delta V ADVANTAGE Isotope Radio MS, Themo
Scientific. Os dados adquiridos foram similares para os dois sítios, sendo que, para o sítio Furna do Estrago
obtemos informações de presença de δ13C entre -19,52 e -17,65 em δ ‰, apresentando um nível de δ15N
entre 18,31 e 10,39 δ ‰. Enquanto que para o sítio arqueológico Barra, foram identificados δ 13C entre -
18,85 e -18,19 em δ ‰, contendo um nível de δ15N 8,29 e 11,78 em δ ‰. Dessa forma, os resultados
inferem os meios de subsistência comuns entre esses diferentes grupos, assim como a disponibilidade de
recursos e as práticas alimentares que compunham a paleodieta desses povos. Os valores e as proporções
indicam conhecimento e dieta equilibrada entre o mundo das plantas, manejo de vegetais proposital e
consumo de proteína animal, inclusive de predadores da cadeia alimentar, uma vez que o nível de 15N
indica elevadas posições na cadeia trófica, indicando que estes povos, há pelo menos 11060 ± 90 B.P, já
se utilizavam de vegetais junto à caça de animais terrestres como base da sua dieta, associando cada vez
mais, essas populações aos modos de vida de contextos e ocupações sedentárias, com manejo de plantas,
equilibrado a caça de animais, fazendo desses povos, caçadores-coletores-agricultores.
Palavras-chave: Paleodieta. Bioarqueologia. Nordeste do Brasil.
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e com isso realizar troca de informações técnico-cientificas e de ensino com a comunidade de polícia
judiciaria (polícia civil). Como resultado preliminar verificou-se que somente a Policia Civil de São Paulo
implementou a arqueologia na resolução de crimes.
Palavras chave: Arqueologia Forense. Bioarqueologia. Direitos Humanos. Violência.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Arqueologia da cremação: estudo dos processos de queima dos ossos humanos do sepultamento 1,
sítio arqueológico Alcobaça, Buíque – PE.
Celyne Rodrigues Brito dos Santos Davoglio (UFPE)
Sergio Francisco Serafim Monteiro da Silva (UFPE)
Este trabalho teve como foco a análise das características osteobiográficas, assim como a busca pelo
conjunto de ações ou processos concernentes a cremação através do estudo de caso dos remanescentes
humanos do sepultamento 1- Alcobaça (4.851 ± 30 a 888 ± 25 AP), buscando trazer uma discussão sobre
o ciclo funerário das populações que habitaram a região de Buíque- PE. Seguiu-se com a identificação de
dados osteobiográficos a partir dos fragmentos ósseos carbonizados; análise morfológica das alterações
térmicas; estimativa das temperaturas de queima através da análise colorimétrica sob a inspeção ótica
direta e reconstrução da cadeia operatória da cremação. O resultado apresentou a proposta de um
modelo das etapas ocorridas no ato de cremar os corpos: deposição primária, exumação, seleção dos
ossos, queima e deposição final, com base nas informações obtidas. Este estudo contribui para subsidiar
o diálogo sobre a cremação como forma de tratamento funerário no Nordeste Brasileiro e estimular o
debate sobre a arqueologia da cremação no Brasil.
Palavras chave: Arqueologia da Cremação. Bioarqueologia. Arqueologia Funerária. Sitio Alcobaça.
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
desenvolver a ludicidade: “Descobrindo um objeto”, “Monte um painel rupestre”, “Conte uma história
com a arqueologia” e “Fazendo gestos na pedra”.
Público alvo: adolescentes entre 12 a 17 anos.
Vagas: 30.
Recomendações e requisitos: Uso de máscara para a proteção contra o vírus da Covid-19.
Uma tarde no Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão: diálogos entre
Arqueologia, Paleontologia e Etnologia
Proponentes: Deusdédit Carneiro Leite Filho, Mariana Zanchetta Otaviano.
Local: Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão, Rua do Giz Nº59, São Luís,
Maranhão.
Instituição Parceira: Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão. Data: 24 de
setembro de 2022, 15h.
Objetivo: socializar conhecimentos acerca da história de longa duração das populações originárias no
Estado Maranhão por meio dos vestígios arqueológicos e problematizar questões indígenas e étnicas
atuais por meio da sala expositiva de etnologia. Difundir informações sobre a presença de espécies de
animais pré-históricos no Maranhão.
Descrição: Será realizada socialização de conhecimentos por meio de visita aos espaços expositivos do
Centro de Pesquisa e roda de conversa com o arqueólogo Deusdédit Carneiro, coordenador do espaço e
com a arqueóloga Mariana Zanchetta Otaviano, da Superintendência do Iphan no Maranhão.
As exposições temáticas que compõem a visita são:
Sala expositiva de Paleontologia: Fósseis e réplicas de espécies pré-históricas encontradas no Maranhão.
Sala expositiva da Arqueologia: Artefatos de pedra, objetos cerâmicos utilitários e ritualísticos pré-
coloniais e utensílios de louça e artigos de uso pessoal e cotidiano provenientes do período histórico.
Sala expositiva de Etnologia: Objetos de uso diário e cerimonial pertencentes aos grupos indígenas
contemporâneos situados no Maranhão
Vagas: 20.
Recomendações e requisitos: A atividade é aberta ao público em geral, limitada a participação de 20
pessoas, e tem duração estimada de 2h.
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ÍNDICE ONOMÁSTICO
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Líder da
Francisco Marques Oliveira Comunidade
17
dos Santos rural de Souto
Soares
Francisco Rodrigo Parente da
UFC fco.rparente@gmail.com; 61
Ponte
DAHRQ –
DAHMEN
Gabriel Farias Carneiro fariasg@outlook.com 41
ARQUEOLOGI
A
Gabriela Araujo dos Santos UC gas.archaeology@gmail.com 72
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Karine Almeida 74
Letícia Melo 74
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Respeito, dignidade, alimento e conhecimento
Sávio Barbosa 74
31, 34, 69,
Sérgio Francisco Serafim
UFPE sergio.serafim@ufpe.br 70, 71, 72,
Monteiro da Silva
73
Shay de los Santos Rodriguez FURG shayleninrodriquez@gmail.com 23
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